Post on 28-Nov-2014
description
CONCEITUANDO POLÍTICAS EDUCACIONAIS
Profa. Dra. Denise Silva Araújo
O que é política?
Que imagem vem a sua cabeça quando você ouve a palavra “política”?
Para muitas pessoas, essa palavra evoca imagens de campanhas eleitorais, partidos, propagandas, poluição visual às vésperas de eleição.
Outros podem lembrar-se da atuação de políticos profissionais, na maioria das vezes, de maus políticos.
Isto faz com que as pessoas tomem aversão a tudo o que diz respeito à política.
Será que política é isso mesmo?Ou melhor, será que política
é só isso?
O que é política? Em sua definição clássica, o termo política emana do
adjetivo politikós, originado de polis, que se refere a tudo que se relaciona com a cidade, portanto ao urbano, público, civil.
Polis - Termo grego que se refere à cidade, compreendida como a comunidade organizada, formada pelos cidadãos, isto é, pelos homens nascidos no solo da Cidade, livres e iguais.
Com o decorrer do tempo, política passou a designar “um campo dedicado ao estudo da esfera de atividades humanas articulada às coisas do Estado”.
Neste sentido, refere-se, hoje, principalmente ao conjunto de atividades, que, de alguma maneira são atribuídas ao Estado moderno, ou que dele emanam.
O que é Estado? Qual sua função? Como surgiu?
Teorias com enfoque liberal: baseam-se numa interpretação feita pela burguesia nos diferentes momentos da história do capitalismo.
Consideram que o Estado é neutro e está acima dos interesses das classes sociais
Objetivo do Estado: a realização do bem comum e o aperfeiçoamento do organismo social no seu conjunto.
Teorias com enfoque marxista: fundamentam-se em uma concepção de sociedade dividida em classes antagônicas, com interesses divergentes.
Negam a idéia de um Estado neutro, voltado para o bem comum.
Estado: instituição política que representa os interesses da classe social dominante, que prevalece sobre o conjunto da sociedade.
Apenas no nível aparente, estes interesses apresentam-se como interesses universais, de todo o corpo social.
Esse enfoque constituí-se, deste modo, uma crítica ao enfoque liberal de Estado.
Estado para Hobbes (1588-1651)
Estado soberano - a realização máxima de uma sociedade civilizada e racional.
No estado natural, sem o jugo político do Estado, os homens viveriam em liberdade e igualdade segundo seus instintos.
Homem: lobo do outro homem O egoísmo, a crueldade,a ambição, naturais dos
indivíduos, gerariam uma luta sem tréguas, levando-os à ruína.
Somente o Estado, um poder acima das individualidades, garantiria segurança a todos.
Para evitar seu fim e promover o bem comum, os homens selariam um pacto, um contrato, que evita a sua destruição.
Hobbes atribui a este contrato social a criação do Estado, de poder absoluto.
O Estado para John Locke(1632-1704)
O homem seria livre no seu estado natural. Para evitar que um homem pudesse
subjulgar o outro a seu poder absoluto, os homens, por meio de um contrato social, delegaram poderes ao Estado, que deveria ter o papel de assegurar seus direitos naturais, assim como, a sua propriedade.
Noção de governo:o consentimento dos governados diante da autoridade constituída.
Enquanto que para Hobbes, o contrato resulta num Estado Absoluto, para Locke, o Estado poderia ser feito e desfeito, como qualquer contrato, caso o Estado ou o Governo não o respeitarem.
O Estado para Jean-Jacques Rousseau (1712-1778)
A sociedade civil nasce por meio de um contrato social.
Os homens são naturalmente bons, sendo a sociabilização a culpada pela sua "degeneração".
O Contrato Social para Rousseau é um acordo entre indivíduos para se criar uma Sociedade, e, só então, um Estado, isto é, o Contrato é um Pacto de associação, não de submissão.
Os homens não podem renunciar aos princípios da liberdade e igualdade, pois ao povo pertence a soberania.
Ele enfatizava que não há liberdade onde não existe igualdade.
O Estado para Karl Marx (1818-1883) Rejeição categórica à concepção de Estado como agente da "sociedade como um todo", bem como da possibilidade da existência de um "interesse nacional".base da sociedade, da sua formação, das instituições e regras de funcionamento, das idéias e dos valores são as condições materiais, ou seja, as relações sociais de produção. Estado -compreendido como uma estrutura de poder que aglutina, sintetiza e coloca em movimento a força política da classe dominante. Estado moderno: um comitê para administrar os assuntos comuns da burguesia, o que o torna um mecanismo destinado a reprimir a classe oprimida e explorada.
O Estado para Karl Marx (1818-1883)
O Estado consiste, também, numa organização burocrática, isto é, um conjunto de instituições e organismos, ramos e sub-ramos, com suas respectivas burocracias, que exerce a dominação das classes exploradas, por meio do jogo institucional de seus aparelhos.
Deste modo, em condições historicamente determinadas, o Estado desempenha a função de reprodutor das relações econômicas e políticas de classe.
No pensamento marxista, o Estado molda a sociedade. Visto que não existe organização social sem Estado, pelo
menos após a divisão da sociedade em classes antagônicas, esse Estado é sempre aquele que traduz o pensamento dos dominantes, ou seja, aquele que constrói as condições para o máximo desenvolvimento daquelas classes.
Estado para Antonio Gramsci (1891-1937)
Impossibilidade, exceto nas ditaduras, da existência do domínio bruto de uma classe social sobre a outra, por meio, apenas, do Estado-coerção.
Uma classe dominante, para assegurar-se como dirigente, deve construir um conjunto de alianças e obter o consenso passivo das classes e camadas dirigidas.
A classe dominante, muitas vezes, sacrifica parte dos seus interesses imediatos e supera o horizonte corporativo, na busca de articular alianças e construir uma hegemonia ética e política.
Para Antonio Gramsci (1891-1937)
Conceito de Estado ampliado: composto por dois segmentos distintos, a sociedade política e a sociedade civil.
Ambos atuam com a mesma finalidade: manter e reproduzir a dominação da classe hegemônica.
O conceito de sociedade civil e sociedade política é fundamental para compreendermos o que vem a ser políticas educacionais e para situá-las interior das políticas públicas
Nas sociedades de tipo ocidental, a hegemonia (que se realiza nas diversas instâncias da sociedade civil) não pode ser negligenciada pelos grupos sociais dominados, que pretendem modificar sua condição e a assumir o comando do conjunto da sociedade.
Para Antonio Gramsci (1891-1937)
É importante para as classes subalternas construir uma contra hegemonia, articulando-se para interferir nos sindicatos, partidos políticos, meios de comunicação, escolas e demais instituições que constroem a hegemonia ética e política.
É neste processo que as políticas educacionais são produzidas.
As políticas educacionais situam-se no âmbito das políticas públicas de caráter social e, como tal, não são estáticas, mas dinâmicas, ou seja, estão em constante transformação.
Para compreendê-las, é necessário entender o projeto político do Estado, em seu conjunto, e as contradições do momento histórico em questão.
Políticas públicas Se política fosse a arte de administrar o bem público, toda política
deveria ser considrada pública ou social. Entretanto, nas sociedades em que os meios de produção são
apropriados por uma determinada classe social, o Estado acaba por ser apropriado, também, por esta classe, a fim de gerir seus interesse econômicos.
Na sociedade capitalista, o Estado assume a função de impulsionar a política econômica, tendo em vista a consolidação e a expansão do capital, favorecendo, assim, interesses privados, em detrimento dos interesses da coletividade.
O que carateriza a política econômica é seu carater anti-social. Os efeitos gerados por esta polítca econômica concentradora de
riqueza, contraditoriamente, ameçam a continuidade do sitema econômico capitalista.
Para contrabalancear estes efeitos, o Estado precisa promover políticas públicas ou políticas sociais, nas áreas de saúde, habitação, assitência e previdência social, cultura e educação.
Políticas educacionais São emanadas do Estado, como qualquer outra política
pública. Implicam em escolhas e decisões, que envolvem indivíduos,
grupos e instituições. Não são fruto de iniciativas abstratas, mas constroem-se na
correlação entre as forças sociais, que se articulam para defender seus interesses.
Para entender como se elaboram as políticas públicas, em uma determinada sociedade, é preciso analisar seus significados históricos.
Embora, nas sociedades capitalistas, o Estado esteja submetido aos interesses do capital, na organização e na administração do público, as políticas públicas são produto das lutas, pressões e conflitos entre os grupos e classes que constituem a sociedade.