Post on 08-Feb-2017
Educação e diversidades: questões para o diálogo...
Alzira Nogueira da Silva
Assistente Social Mestre em Sociologia
O significado do diálogo...
É preciso compromisso e disposição para se dispor a refletir sobre questão da DIVERSIDADE
– DIFERENÇA NA EDUCAÇÃO que, no meu ponto de vista, conforma o substrato material do fazer pedagógico no contexto contemporâneo.
A complexidade do temática.
Essa é uma temática complexa, daí a necessidade de evitarmos as abordagens simplistas de senso
comum.
É preciso também inserir a temática na dinâmica das relações sociais, politicas, econômicas e
culturais do nosso tempo.
A complexidade do temática.
A Professora Alba Maria Pinho de Carvalho lembra que para desenhar percursos de análise é preciso inserir a temática da educação e diversidade no contexto do MUNDO SOCIAL CONTEMPORÂNEO,
nos marcos do que se denomina CIVILIZAÇÃO DO CAPITAL, buscando desvendar seus
ENQUADRAMENTOS SOCIAIS.
A complexidade do temática.
Segundo Carvalho (2014), vivemos em um mundo de PROFUNDAS MUDANÇAS, DESLOCAMENTOS E
REVIRAVOLTAS, alavancado na EXTREMA TECNOLOGIZAÇÃO DA VIDA SOCIAL.
E na difusão incontrolável de um volumes, cada vez maiores, de informação e de imagem.
A complexidade do temática.
Este é, de fato, um “MUNDO SOCIAL REGIDO PELA LÓGICA DE EXPANSÃO ILIMITADA DO CAPITAL, EM
DETRIMENTO DAS NECESSIDADES HUMANAS, DESCONSIDERANDO A PERSPECTIVA DO BEM
VIVER”.
A complexidade do temática.
Esta ordem contemporânea do capital tem como característica a ampliação do grande contingente de indivíduos que não conseguem se encaixar nos
parâmetros desta civilização do Capital
A complexidade do temática.
Assim, “há produção de não - existência sempre que um indivíduo, grupo ou segmento é
desqualificado e tornado invisível, ininteligível ou descartável, no sentido da hierarquização
subordinada ”. Boaventura de Souza Santos
A complexidade do temática.
A chamada CIVILIZAÇÃO DO CAPITAL do capital começa a se desenhar nas duas últimas décadas
do século XX.
A queda do Muro de Berlim – 1989 e a emergência da chamada globalização
anunciavam, no discursos de alguns, que o mundo se tornaria mais progressistas, mas
receptivo a acolher as demandas dos “novos sujeito políticos” que emergem na cena global.
A complexidade do temática.
Contudo, a promessa de um cenário mais progressista não se confirma, revelando que não é
só nos regimes totalitários que a violência por motivos étnicos/culturais assume grandes
dimensões.
Isso se realizar, também, nos REGIMES LIBERAIS democráticos que convivem,
historicamente, com formas extremas de violências políticas contra populações civis.
A complexidade do temática.
Na verdade, o fenômeno da globalização, que muito acreditavam representava o fim do Estado-nação, vai se revelar com um instrumento de sua
(re)significa, produzindo novos discursos e praticas sobre a importância do Estado-nação.
A complexidade do temática.
Por que isso é relevante para o debate?
É preciso entender que o Estado-nação se forja sob a ideia de um “ethnos nacional”
Também ligado a ideário moderno liberal burguês de igualdade que, na verdade, prioriza O
COMUM, O UNIFORME, O HOMOGÊNEO.
A complexidade do temática.
Esse “ethnos nacional” que conforma o Estado-nação se sustenta com exaustivas regras de
uniformização educacional e linguística.
É nesse contexto que se radicaliza o paradoxo “nós” – “eles”
A complexidade do temática.
Esse paradoxo cria uma ansiedade intolerável com o relacionamento de muitos indivíduos com
os bens proporcionado pelo Estado.(cotas raciais na educação superior no Brasil)
Gera o lugar da incerteza permanente na vida social
(corpo sob suspeita)
A complexidade do temática.
Nesse cenário de acirramento do paradoxo “nós” – “eles”, profundamente gerador de incertezas, a
“VIOLÊNCIA É UMA MACABRA FORMA DE CERTEZA”.
Um exemplo é o movimento neonazista que atribui a minorias culturais a responsabilidade por problemas sociais (criminalidade,
aumento do desemprego, entre outros)
A complexidade do temática.
Essa é uma questão muito séria, pois a força dos movimentos sociais de caráter identitário (negros,
feministas, LGBT, indígenas dentre outros) que ganham a cena política internacionalmente, na segunda metade do século XX, passam a ser duramente desqualificados nos discursos e
agenda politicas apresentadas à sociedade.
A complexidade do temática.
Aí é preciso reconhecer que há uma questão de fundo, pois esse grupos sociais são
primeiramente identificado com “minorias”
Vale lembrar que “maioria” – “minorias” são categorias liberais que remetem ao “ethnos” puro
– limpo.
A complexidade do temática.
A violência está, portanto, na origem. Violência da ilusão das identidades fixas e plenas produzida
pela ideologia liberal.
De fato, a “minoria” é o sintoma, mas a DIFERENÇA é que é o problema em si.
A complexidade do temática.
Forjamos uma sociabilidade, dominante, que não suporta a DIFERENÇA e que institui as múltiplas formas de violência materiais e simbólicas como
medida se a ela se contrapor.
A complexidade do temática.
É fato, que o debate sobre Direitos Humanos tem uma papel de mobilizar uma ampla luta, no plano
jurídico e político, por justiça, cidadania e participação política
Contudo, parece que vemos emergir no mundo contemporâneo “um medo ao pequeno número”,
às “minorias”.
A complexidade do temática.
Nesse contexto a educação tem papel de centralidade, pois se constitui espaço privilegiado
para reconversão do olhar sobre a questão da diversidade que devem ser “compreendida como construção histórica, social, cultural e política das diferenças, que se realiza em meio às relações de
poder e as desigualdades”