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Escola Superior de Saúde
Instituto Politécnico da Guarda
R E L A T Ó R I O D E E S T Á G I O
P R O F I S S I O N A L I
DIANA PATRÍCIA DOS SANTOS CARVALHO
CURSO FARMÁCIA - 1º CICLO
janeiro|2014
Escola Superior de Saúde
Instituto Politécnico da Guarda
CURSO FARMÁCIA - 1º CICLO
4ºANO/1ºSEMESTRE
R E L A T Ó R I O D E E S T Á G I O
P R O F I S S I O N A L I
ESTÁGIO EM FARMÁCIA HOSPITALAR
Trabalho elaborado no âmbito da unidade curricular de Estágio Profissional I.
Diana Patrícia dos Santos Carvalho
Nome do Orientador: Sandra Ventura
Nome do Supervisor: Maria do Carmo
janeiro|2014
II
AGRADECIMENTOS
Este trabalho não ficaria completo sem uma grata referência a todas as pessoas que de forma
mais ou menos direta me ajudaram a realizar este trabalho.
Agradeço,
… À Professora Sandra Ventura, por ter aceite a orientação deste meu trabalho, quero
expressar o meu profundo agradecimento e admiração. O seu rigor e empenho constante, a
sua competência técnico-científica, a recetividade permanente, são valores que espelham o
seu caráter, e que eu retenho como fatores chave e orientadores para o meu futuro.
… Aos Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar de São João, pelas facilidades
concedidas na realização deste estágio bem como pela excelente orientação em Farmácia
Hospitalar. A toda a equipa, pelo companheirismo, união, amizade e conhecimentos
transmitidos.
… Aos meus pais, o pilar da minha vida pessoal e profissional. A vocês, que tanto se
empenham todos os dias para me dar o melhor que a vida tem: amor, saúde e conhecimento.
Obrigada por esta oportunidade de ter o curso de Técnica de Farmácia e pela força que
sempre me deram no decorrer do mesmo.
… Não podia deixar de referir os meus amigos que me acompanharam nesta caminhada que
é a vida e a tornaram mais colorida. Aos meus colegas de curso por todos momentos
inesquecíveis e por todas as conquistas alcançadas.
A todos o meu muito obrigada,
Diana Carvalho
III
"Learn from yesterday, live for today, hope for tomorrow.
The important thing is not to stop questioning."
Albert Einstein (1879-1955)
IV
ÍNDICE
1.INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 1
2.CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO, EPE ............................................................... 3
3.SERVIÇOS FARMACÊUTICOS HOSPITALARES DO CHSJ, EPE ............................ 4
3.1. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO ................................................................................. 6
3.2. RECURSOS HUMANOS ................................................................................................... 6
3.3. SISTEMA INFORMÁTICO ............................................................................................... 7
4. CIRCUITO HOSPITALAR DO MEDICAMENTO......................................................... 7
4.1. APROVISIONAMENTO E GESTÃO DE STOCKS ......................................................... 8
4.1.1. Seleção de medicamentos ............................................................................................... 8
4.1.2. Sistemas e Critérios de Aquisição ................................................................................. 8
4.1.3. Receção e Conferência de Produtos Adquiridos .......................................................... 9
4.1.4. Armazenamento ............................................................................................................ 10
4.2. FARMACOTECNIA ......................................................................................................... 11
4.2.1. Reconstituição de fármacos citotóxicos ...................................................................... 12
4.2.2. Nutrição parentérica e outros manipulados estéreis ................................................. 13
4.2.3. Manipulados não estéreis ............................................................................................. 15
4.2.4. Reembalagem ................................................................................................................ 18
4.3. DISTRIBUIÇÃO ............................................................................................................... 22
4.3.1 Distribuição em Dose Unitária e/ou Individual Diária .............................................. 23
4.3.2. Distribuição Tradicional de Medicamentos ............................................................... 27
4.3.3. Reposição de Stocks por Níveis ................................................................................... 29
4.4. DISTRIBUIÇÃO A DOENTES EM REGIME DE AMBULATÓRIO ............................ 30
4.5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A LEGISLAÇÃO RESTRITIVA ....... 32
4.5.1. Estupefacientes e Psicotrópicos ................................................................................... 32
4.5.2. Medicamentos derivados do plasma humano ............................................................ 34
4.5.3. Medicamentos em Ensaios Clínicos ............................................................................ 35
V
4.5.4. Medicamentos Extra Formulário ................................................................................ 35
5. CONCLUSÃO ..................................................................................................................... 36
6. BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................ 37
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
Ilustração 1 - Logótipo CHSJ, EPE .......................................................................................... 4
Ilustração 2- Planificação dos SF do CHSJ,EPE ...................................................................... 5
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1- Armazéns da Farmácia ............................................................................................ 10
Tabela 2- Vantagens e Desvantagens do Sistema de DIDDU ................................................. 24
Tabela 3- Vantagens e Desvantagens da Distribuição Clássica .............................................. 28
Tabela 4 - Vantagens e Desvantagens da distribuição por Reposição de Stocks Nivelados ... 30
ÍNDICE DE ESQUEMAS
Esquema 1 - Circuito do Medicamento Hospitalar ................................................................... 7
Esquema 2- Esquema da Nutrição Parentérica ........................................................................ 14
Esquema 3- Equipamento necessário na manipulação de não estéreis ................................... 17
Esquema 4 - Sala da UMCMNE ............................................................................................. 17
Esquema 5- Verificação de produtos ZIRS ............................................................................. 21
Esquema 6 - Sistemas de Distribuição .................................................................................... 22
Esquema 7 - Preparação de um serviço com utilização de Sistemas Sem- Automáticos........ 24
Esquema 8 - Processo da DID ................................................................................................. 26
Esquema 9 - Diferentes Tipos de Pedidos ............................................................................... 28
VI
LISTA DE ACRÓNIMOS
AO Assistentes Operacionais
AT Assistentes Técnicos
CAUL Certificado de Autorização de Utilização do Lote de Fabrico
CFLH Câmara de Fluxo Laminar Horizontal
CFLV Câmara de Fluxo Laminar Vertical
CFT Comissão de Farmácia e Terapêutica
CHSJ, EPE Centro Hospitalar São João, Entidade Pública Empresarial
CPCHS Companhia Portuguesa de Computadores – Healthcare Solutions
DC Distribuição Clássica
DCI Denominação Comum Internacional
DID Distribuição Individual Diária
DIDDU Distribuição Individual Diária em Dose Unitária
DL Decreto de Lei
FDS Fast Dispensing System
FHNM Formulário Hospitalar Nacional do Medicamento
INFARMED Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde I. P.
NP Nutrição Parentérica
RSN Reposição de Stocks Nivelados
SC Serviço Clínico
SDM Sistema de Distribuição de Medicamentos
SF Serviço Farmacêutico
SFH Serviços Farmacêuticos Hospitalares
SNC Sistema Nervoso Central
TF Técnico de Farmácia
UCPC Unidade Centralizada de Preparação de Citotóxicos
UFA Unidade Farmácia de Ambulatório
ZIRS Zona de Individualização de Reposição de Stocks
CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO, EPE
Relatório de Estágio Profissional I
1
1.INTRODUÇÃO
Segundo o Decreto-Lei n.º 44 204/1962, de 2 de Fevereiro, designa-se por Farmácia
Hospitalar o “conjunto de atividades farmacêuticas exercidas em organismos hospitalares ou
serviços a eles ligados para colaborar nas funções de assistência que pertencem a esses
organismos e serviços e promover a ação de investigação científica e de ensino que lhes
couber sendo estas atividades exercidas através de Serviços Farmacêuticos Hospitalares”.
Os Serviços Farmacêuticos Hospitalares, regulamentados pelo Decreto-Lei anteriormente
referido, constituem assim uma estrutura importante dos cuidados de saúde dispensados em
meio hospitalar [1]. A Farmácia Hospitalar surge, assim, como um serviço de abrangência
assistencial técnico-científica e administrativa, onde se desenvolvem atividades ligadas à
produção, ao armazenamento, ao controlo, à dispensa e à distribuição de medicamentos e
produtos às unidades hospitalares, bem como à orientação de doentes internados e em
ambulatório visando sempre a eficácia da terapêutica, além da redução dos custos, voltando-
se, também, para o ensino e para a pesquisa, propiciando um vasto campo de aprimoramento
profissional [2].
O perfil profissional do Técnico de Diagnóstico e Terapêutica é regulamentado através do
Decreto-Lei nº 564/99 de 21 de Dezembro [3] e ao qual atribui as seguintes competências na
vertente hospitalar:
Planear, recolher, selecionar, preparar e aplicar os elementos necessários ao
desenvolvimento normal da sua atividade profissional;
Recolher os meios e prestar os serviços e cuidados de saúde necessários à prevenção
da doença, à manutenção, à defesa e à promoção do bem-estar e qualidade de vida do
indivíduo e da comunidade;
Prestar cuidados diretos de saúde, necessário ao tratamento e reabilitação do doente,
por forma a facilitar a sua reintegração no respetivo meio social;
Assegurar, através de métodos e técnicas apropriados, o tratamento e a reabilitação do
doente, procurando obter a participação esclarecida deste no seu processo de
prevenção, cura, reabilitação ou reinserção social;
Assegurar, no âmbito da sua atividade, a oportunidade, a qualidade, o rigor e a
humanização dos cuidados de saúde;
CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO, EPE
Relatório de Estágio Profissional I
2
Assegurar a gestão, aprovisionamento e manutenção dos materiais e equipamentos
com que trabalha, participando nas respetivas comissões de análise e escolha;
Articular a sua atuação com profissionais de saúde, para a prossecução eficaz dos
cuidados de saúde;
Zelar pela formação contínua, pela gestão técnico-científica e pedagógica dos
processos de aprendizagem e aperfeiçoamento profissional, bem como pela conduta
deontológica, tendo em vista a qualidade da prestação dos cuidados de saúde;
Desenvolver e ou participar em projetos multidisciplinares de pesquisa e investigação.
A profissão de Técnico de Farmácia faz parte integrante da carreira de Técnico de
Diagnóstico e Terapêutica e carateriza-se pelo desenvolvimento de atividade no circuito do
medicamento, tais como análises e ensaios farmacológicos; interpretação da prescrição
terapêutica e de fórmulas farmacêuticas, sua preparação, identificação de medicamentos e
outros produtos, informação e aconselhamento sobre o uso do medicamento [3].
Deste modo a necessidade da vertente prática, aliada ao desenvolvimento de novos
conhecimentos, nomeadamente de índole profissional, circunscreve o perfeito enquadramento
do Estágio Profissional I em Farmácia Hospitalar, no âmbito do Curso de Farmácia 1º Ciclo
da Escola Superior de Saúde, do Instituto Politécnico da Guarda. A finalidade da realização
deste Estágio destaca os seguintes objetivos gerais:
Favorecer, em contexto real, a integração das aprendizagens que vão sendo
desenvolvidas ao longo do curso, de modo a que o perfil do estudante vá ao encontro
das competências necessárias no âmbito da sua formação;
Preparar o estudante para dar resposta às exigências da sociedade, promovendo a
socialização e integração profissional.
Como objetivos específicos destacam-se:
Desenvolvimento de competências científicas e técnicas;
Aplicação de princípios éticos e deontológicos na realização de atividade subjacentes à
profissão do Técnico de Farmácia, no enquadramento das várias áreas de intervenção
profissional;
Desenvolvimento e avaliação de planos de intervenção adequadamente integrados
numa equipa multidisciplinar;
CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO, EPE
Relatório de Estágio Profissional I
3
Responder aos desafios profissionais com inovação, criatividade e flexibilidade.
O relatório apresentado descreve as atividades desenvolvidas no estágio que foi realizado nos
Serviços Farmacêuticos do Centro Hospitalar de São João, E.P.E. no período de 1 de outubro
de 2013 a 17 de janeiro de 2014 com uma totalidade de quatrocentas e noventa horas e sob a
orientação da Dr.ª Maria do Carmo e colegas afetos às diferentes áreas. Pretende ainda
abordar as competências técnico-científicas inerentes a esta atividade hospitalar, a estrutura e
metodologia na sua atividade diária, assim como descrever as tarefas que foram
acompanhadas e efetuadas por toda a equipa da Farmácia do Centro Hospitalar de São João,
E.P.E.
2.CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO, EPE
O Centro Hospitalar de São João, EPE (CHSJ, EPE) carateriza-se por ser um hospital central
e o maior do norte do país. Presta atenção direta à cidade do Porto e concelhos limítrofes,
atuando como centro de referência para os distritos do Porto, Braga e Viana do Castelo.
Criado pelo Decreto-Lei (DL) nº 22917 em 31 de julho de 1973, com a designação de
Hospital Escolar do Porto, ligado á Faculdade Medicina do Porto, o que acontece até aos dias
de hoje. No entanto, a 31 de dezembro de 2005 o hospital passou a entidade pública
empresarial e iniciou um processo de reorganização interna e de investimento em melhorias
nas condições para os seus doentes [4].
No passado abril de 2011, ocorreu a fusão o Hospital de São João e o Hospital Nossa Senhora
da Conceição de Valongo o que conferiu ao hospital o estatuto de Centro Hospitalar São João,
E.P.E. (Ilustração1). Resultante desta fusão, surgiu a necessidade de reestruturar o parque
hospitalar como a finalidade de complementaridade e concentração de recursos que pretende
melhorar a prestação de serviços de saúde, garantindo à população melhor acesso, maior
diversidade, qualidade e eficiência dos mesmos [4].
CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO, EPE
Relatório de Estágio Profissional I
4
Ilustração 1 - Logótipo CHSJ, EPE
O edifício do CHSJ, EPE é constituído por onze pisos, dois dos quais localizados no subsolo.
Com aproximadamente 1200 camas, dispõe de vários serviços, inúmeras especialidades
médicas e cirúrgicas. Todos os Serviços Clínicos (SC) estão agrupados em seis Unidades
Autónomas de Gestão: Medicina; Cirurgia; Mulher e Criança; Meios Complementares de
Diagnóstico e Terapêutica; Urgência e Cuidados Intensivos; e Saúde Mental. Nos edifícios
externos estão localizados: o Centro de Ambulatório, que inclui as Consultas Externas,
Hospitais de Dia e Unidade de Cirurgia do Ambulatório; e também Hospital de Pediatria, que
inclui os serviços de pediatria denominados Joãozinho e a Joaninha [4].
3.SERVIÇOS FARMACÊUTICOS HOSPITALARES DO CHSJ, EPE
Os Serviços Farmacêuticos Hospitalares (SFH) são departamentos com autonomia técnica e
científica1, sujeitos à orientação geral dos Órgãos de Administração dos Hospitais, perante os
quais respondem pelos resultados do seu exercício.
A direção dos SFH é obrigatoriamente assegurada por um farmacêutico hospitalar1.
Os Serviços Farmacêuticos (SF) constituem uma unidade funcional do CHSJ,EPE que
asseguram a terapêutica medicamentosa aos doentes, a qualidade, eficácia e segurança dos
medicamentos, integrando as esquipas de cuidados de saúde e promovendo ações de
investigação científica e de ensaio. Tem como principais objetivos [1]:
Garantir o acesso ao medicamento baseado nos parâmetros de qualidade
farmacoterapêutica (custo/efetividade/segurança)
Promover a utilização eficiente de recursos no âmbito de projetos de melhoria
contínua da qualidade
Promover ganhos de eficiência e eficácia no sistema de gestão integrado do circuito do
medicamento
1 Decreto-Lei n.º 44 204 de 2 de Fevereiro de 1962
CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO, EPE
Relatório de Estágio Profissional I
5
As funções dos Serviços Farmacêuticos Hospitalares (SFH), são [1]:
1. A seleção e aquisição de medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos
médicos;
2. O aprovisionamento, armazenamento e distribuição dos medicamentos experimentais
e dos dispositivos utilizados para a sua administração, bem como os demais
medicamentos já autorizados, eventualmente necessários ou complementares à
realização dos ensaios clínicos;
3. A produção de medicamentos;
4. A análise de matérias-primas e produtos acabados;
5. A distribuição de medicamentos e outros produtos de saúde;
6. A participação em Comissões Técnicas (Farmácia e Terapêutica, Infeção Hospitalar,
Higiene e outras);
7. A Farmácia Clínica, Farmacocinética, Farmacovigilância e a prestação de Cuidados
Farmacêuticos;
8. A colaboração na elaboração de protocolos terapêuticos;
9. A participação nos Ensaios Clínicos;
10. A colaboração na prescrição de Nutrição Parentérica e a sua preparação;
11. A Informação de Medicamentos;
12. O Desenvolvimento de ações de formação.
As unidades que compõem as instalações do SF não se encontram aglomeradas num mesmo
local, situando-se no entanto em pisos distintos mas próximos (Ilustração 2).
Ilustração 2- Planificação dos SF do CHSJ,EPE
CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO, EPE
Relatório de Estágio Profissional I
6
Esta disposição dificulta a interligação das várias unidades dos SF pelo que o trabalho em
equipa não tenha a mesma eficiência e eficácia. Por outro lado esta organização traz
benefícios, tal como o facto de a Unidade Farmácia de Ambulatório (UFA) se situar no
mesmo piso que as consultas externas, facilitando o acesso aos utentes. A mesma lógica se
aplica a Unidade Centralizada de Preparação de Citotóxicos (UCPC) uma vez que se encontra
localizada no mesmo piso que as salas de tratamento oncológico. A zona de carga e descarga
de encomendas situa-se no Piso 02 o que justifica a razão do armazém dos produtos de grande
volume se encontrarem aí situados. Embora haja esta divisão a nível de infraestruturas nos SF,
a adaptação e adequação ao espaço permitiu retirar vantagem, não só para a própria farmácia,
como também para o próprio utente. Desta forma, há facilidades e agilização dos deveres dos
SF e consequentemente maior organização e prestabilidade no cumprimento do dever. Por
outro lado, o facto de a farmácia não ter acesso direto ao exterior dificulta, por vezes, a
entrega de encomendas de grandes dimensões.
3.1. HORÁRIO DE FUNCIONAMENTO
Os SF encontram-se acessíveis vinte e quatro horas por dia. Encontram-se abertos das 8h até
às 20h, encontrando-se de noite um Farmacêutico e um TF a partir das 20h para satisfazer as
necessidades dos SC.
3.2. RECURSOS HUMANOS
Os SFH têm por objeto o conjunto de atividades farmacêuticas, exercidas em
organismos hospitalares ou serviços a eles ligados, que são designados por “atividades
de Farmácia Hospitalar”2
Assim sendo, os SFH têm como responsabilidades a gestão do medicamento e de outros
produtos farmacêuticos, dos medicamentos experimentais e dos dispositivos utilizados para a
sua administração; são responsáveis pela segunda maior rubrica orçamental dos hospitais
sendo também os principais responsáveis pela implementação e monitorização da política de
medicamentos definida no Formulário Hospitalar Nacional de Medicamentos (FHNM) e pela
Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT).
2 Manual da Farmácia Hospitalar, Conselho Executivo da Farmácia Hospitalar, Ministério da Saúde, Março de
2005
CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO, EPE
Relatório de Estágio Profissional I
7
Os recursos humanos são a base essencial dos SFH, pelo que a dotação destes serviços em
meios humanos adequados, quer em número, quer em qualidade, assume especial relevo no
contexto da reorganização da Farmácia Hospitalar.
Para garantir estas premissas, têm de possuir meios humanos adequados em número e em
qualidade, meios estes, que não estão afetos a uma única atividade, como se irá abordar
posteriormente. Assim, a equipa multidisciplinar dos SFH do CHSJ, EPE é constituída pelo
diretor do serviço, por 34 Farmacêuticos, 37 TF (Técnicos de Farmácia), 6 Assistentes
Técnicos (AT) e 15 Assistentes Operacionais (AO).
3.3. SISTEMA INFORMÁTICO
Procurando simplificar e sistematizar procedimentos essenciais ao correto desempenho das
funções dos SF, foi implementado um sistema ajustado à realidade do CHSJ,EPE. Este
sistema, denominado Companhia Portuguesa de Computadores – Healthcare Solutions
(CPCHS) foi desenvolvido com o propósito de gerir de forma integrada os vários serviços do
hospital, articular de forma rápida e eficaz os diferentes profissionais envolvidos no
CHSJ,EPE, como médicos, enfermeiros, farmacêuticos, técnicos e administradores.
4. CIRCUITO HOSPITALAR DO MEDICAMENTO
De forma sucinta, o circuito do medicamento em Farmácia Hospitalar pode ser descrito com o
seguinte esquema (Esquema 1):
Esquema 1 - Circuito do Medicamento Hospitalar
CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO, EPE
Relatório de Estágio Profissional I
8
4.1. APROVISIONAMENTO E GESTÃO DE STOCKS
O setor da logística dos SFH do CHSJ, EPE é responsável por planear, implementar e
controlar, eficiente e economicamente, o circuito e armazenamento quer de matérias-primas
quer de produtos semi-acabados e acabados de qualidade. Tem como objetivo satisfazer as
necessidades dos doentes. As atividades deste setor passam pela seleção de fármacos,
aquisição de produtos farmacêuticos e sua receção, armazenamento e distribuição [5,6].
A gestão de stocks dos produtos farmacêuticos, nomeadamente dos medicamentos, é efetuada
informaticamente, com atualização automática de stocks.
4.1.1. Seleção de medicamentos
O processo de seleção de medicamentos está a cargo da CFT, de cariz obrigatório a nível
hospitalar [7]. Esta seleção tem por base o FHNM e/ou a Adenda de Medicamentos do
Hospital, bem como critérios de eficácia, segurança e custo. Além disso, as necessidades
terapêuticas dos doentes são também tidas em conta pela respetiva comissão.
4.1.2. Sistemas e Critérios de Aquisição
Após a seleção dos medicamentos, produtos farmacêuticos e dispositivos médicos possíveis
de serem utilizados no CHSJ,EPE, inicia-se o processo de aquisição, sendo este da
responsabilidade dos SFH em articulação com o serviço de aprovisionamento.
A aquisição de determinados medicamentos ou produtos, bem como a quantidade a adquirir
destes, é baseada em alguns critérios, nomeadamente: no consumo habitual e esperado do
medicamento, permitindo assim realizar um pedido adequado e razoável para satisfação das
necessidades e sem desperdícios; na classificação ABC do produto, relacionando-se assim
com os custos de aquisição; com os condicionantes inerentes aos fornecedores, como portes
de envio, disponibilidade de entrega e facilidades de pagamento. Assim, para se proceder à
aquisição, emite-se uma lista com os artigos que se encontram abaixo do ponto de encomenda
e procede-se ao “exame” pormenorizado de cada produto.
CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO, EPE
Relatório de Estágio Profissional I
9
4.1.3. Receção e Conferência de Produtos Adquiridos
A receção dos artigos adquiridos é efetuada primeiramente pelo serviço de aprovisionamento
e pode subdividir-se em quatro fases: chegada dos carros de transporte ao cais exterior,
descarga das encomendas, desempacotamento das mesmas e sua conferência.
Atendendo ao Circuito do Medicamento, a receção de produtos é realizada numa zona
específica dos SF (Zona de Receção de Encomendas) por um AO, sendo a sua conferência
revista por um TF e, posteriormente, registada informaticamente pelos Serviços
Administrativos. Aqui conferem-se os produtos recebidos, acompanhados da guia de remessa
(ver Anexo A).
A receção de medicamentos e produtos de saúde implica:
Conferência qualitativa e quantitativa dos medicamentos, produtos farmacêuticos e
dispositivos médicos rececionados (ver Anexo B);
Conferência da guia de remessa com a nota de encomenda;
Assinatura da nota de entrega e entrega de um duplicado ao transportador;
Conferência, registo e arquivo da documentação técnica (certificados de análise);
Registo de entrada do produto;
Envio do original da guia de remessa para o Serviço de Aprovisionamento;
Envio dos produtos para armazenamento, tendo em atenção os critérios técnicos
(condições especiais de armazenagem, segurança especial de medicamentos);
A conferência de hemoderivados exige ainda a conferência dos boletins de análise e
dos certificados de aprovação emitidos pela Autoridade Nacional do Medicamento e
dos Produtos de Saúde I.P (INFARMED), que ficam arquivados junto com a respetiva
fatura.
No ato da receção alguns produtos farmacêuticos são rececionados primariamente em relação
a outros como é o caso de medicamentos termolábeis (armazenados em frigoríficos) ou ainda
de injetáveis de grande volume, uma vez que ocupam mais espaço comparativamente a outros
produtos farmacêuticos.
CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO, EPE
Relatório de Estágio Profissional I
10
No caso de ser detetada uma não conformidade, esta deverá ser registada e deve ser contatado
o fornecedor e notifica-lo da não conformidade existente.
Após receção dos produtos, estes são reencaminhados para o armazém central, onde são
armazenados segundo critérios lógicos e de acordo com a necessidade de condições especiais
de armazenamento, como a necessidade de refrigeração ou de segurança adicional.
4.1.4. Armazenamento
Após serem rececionados os medicamentos são armazenados com base em critérios de
armazenamento nos diferentes armazéns de modo a permitir uma melhor organização dos
mesmos e uma melhor gestão farmacêutica.
Os SFH do CHSJ,EPE possuem diversos armazéns para acondicionamento de produtos
farmacêuticos com diferentes necessidades de conservação e diferentes utilizações (Tabela 1):
Tabela 1- Armazéns da Farmácia
Designação Armazém:
A 13 Armazém de Soros
A 11
Dose Unitária
Distribuição Clássica
A 20 UFA – Farmácia de Ambulatório
A 21 UCPC – Unidade de Citotóxicos
No entanto, depois da receção, os artigos são todos enviados para o Armazém 11. Este possui
diversas áreas de arrumação, designadamente estantes divididas por ordem alfabética de DCI,
armazenados em condições apropriadas, facilmente localizáveis e sempre devidamente
identificados na prateleira com etiqueta que contém para além da DCI, a dosagem, a forma
farmacêutica e código de barras.
Os artigos encontram-se armazenados em prateleiras sem que nenhum esteja em contato
direto com o chão. O armazém apresenta condições ambientais adequadas (temperatura
inferior a 25ºC, proteção da luz solar direta e humidade inferior a 60%).
Devido ao tamanho e consequente espaço que requerem, as soluções de grande volume são
armazenadas no Armazém 13.
CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO, EPE
Relatório de Estágio Profissional I
11
Dentro do mesmo produto farmacêutico, a regra de arrumação denomina-se “first expire, first
out”, o que significa que os artigos de menor prazo de validade devem ser os da linha da
frente e os primeiros a sair.
Por questões de segurança alguns armazenamentos têm determinadas particularidades. Os
inflamáveis encontram-se num local individualizado, com sinalética apropriada. Por sua vez,
os medicamentos que necessitam refrigeração encontram-se em câmaras frigoríficas que têm
um controlo e registo de temperatura permanente e sistema de alarme automático que é
acionado quando as temperaturas ultrapassam os 8ºC.
4.2. FARMACOTECNIA
Apesar da indústria farmacêutica satisfazer grande parte das necessidades encontradas
atualmente no mercado, incluindo na Farmácia Hospitalar, em termos de composição
química, dosagens e formulações de diversos agentes terapêuticos, existe por vezes a
necessidade da adaptação de um determinado tratamento para uma melhor prestação de
cuidados de saúde, tornando assim o serviço prestado mais personalizado. [7]
O setor de farmacotecnia nos SFH do CHSJ,EPE responde a estas falhas, integrando uma
vertente de produção e controlo de preparações farmacêuticas não disponíveis prontamente,
respondendo às necessidades de doentes particulares cujas condições requerem uma
terapêutica individualizada, como recém-nascidos, doentes pediátricos, doentes idosos ou
doentes com patologias especiais. A produção pode ser tanto feita para utilização imediata de
um doente, ou em grandes lotes, garantindo a existência deste para quando necessário [3].
Dentro do setor de farmacotecnia podem ser encontradas as suas subsecções, nomeadamente
as áreas destinadas à preparação de nutrição parentérica e outras preparações estéreis;
preparação de fármacos citotóxicos; preparação de manipulados não estéreis e reembalagem.
A existência do sector de farmacotecnia nos hospitais permite assegurar e garantir [8]:
Maior qualidade e segurança na preparação de medicamentos para administrar aos
doentes;
Resposta às necessidades específicas de determinados doentes, colmatando situações
onde não existe disponibilidade por parte do mercado fornecedor;
CENTRO HOSPITALAR DE SÃO JOÃO, EPE
Relatório de Estágio Profissional I
12
Redução significativa no desperdício relacionado com a preparação de medicamentos;
Uma gestão mais racional de recursos.
4.2.1. Reconstituição de fármacos citotóxicos
O CHSJ, EPE possui uma UCPC no edifício de oncologia. Esta unidade tem uma zona de
preparação de citostáticos, antecedida de uma antecâmara, um armazém para guardar os
citotóxicos que necessitam de manipulação prévia e alguma pré-medicação (tomada pelos
doentes imediatamente antes de iniciar quimioterapia).
Na zona limpa existe uma câmara de fluxo laminar vertical (CFLV) Classe II B2 com pressão
negativa (cuja função é evitar a contaminação do utilizador e das preparações), onde se
executa a manipulação de citotóxicos, e todo o material de apoio que não é poroso e fácil de
limpar para manter as condições de esterilidade. Existe também uma janela de vidro para que
se possa manter contato visual, comunicando quase exclusivamente apenas por gestos com o
exterior e, um transfer por onde ocorrem as transferências com o exterior.
Atualmente verifica-se uma grande preocupação em relação à preparação deste tipo de
medicamentos, devido aos riscos operacionais que podem resultar da exposição a que os
profissionais de saúde envolvidos estão sujeitos. De forma a minimizá-los é fundamental a
existência de condições de trabalho adequadas e regras de conduta que possibilitem uma
maior segurança para o operador e minimizem o risco de contaminação da preparação.
Os profissionais que preparem os citotóxicos deveram estar equipados com vestuário
apropriado. Depois de lavar as mãos com gel desinfetante, entram para a antecâmara e
colocam a proteção nos sapatos. Em seguida vestem a bata esterilizada, põem a touca,
colocam a máscara e o primeiro par de luvas. Depois de devidamente equipado, o TF entra na
zona limpa e coloca o segundo par de luvas, que é estéril. Antes de se iniciar qualquer
processo, procede-se à limpeza da câmara e de todas as bancadas e superfícies de apoio com
gazes embebidas em álcool a 70%. A área de trabalho tem por base um pano descartável,
impermeável e esterilizado, chamado “Campo”, e é em cima deste que se efetuam as
manipulações, sendo mudado sempre que seja necessário, por exemplo no caso de um
derrame.
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Dentro da zona limpa, para além do técnico que manipula na câmara, encontra-se ainda um
outro que tem a função de apoiar o “técnico manipulador” propriamente dito.
A preparação de citotóxicos é sempre precedida por uma prescrição médica e validada por um
Farmacêutico. A prescrição é efetuada num modelo próprio que indica a dose de cada
citostático, tempo previsto para a perfusão, solvente de diluição a utilizar e respetivo volume,
ritmo e via de administração bem como os dados do doente. Após elaboração do rótulo, o TF
prepara o tabuleiro com o medicamento e todo o material necessário para a sua preparação, e
através do transfer passa-o para os TF iniciarem a manipulação. Todo o material necessário à
manipulação é borrifado com álcool pelo técnico de apoio, e só depois pode ser inserido na
CFLV.O rótulo é “colado” no vidro da câmara e o técnico responsável pela manipulação
procede à preparação, consoante o que indica este rótulo.
Em caso de derrame/quebra/contato acidental, devem ser cumpridos os procedimentos
protocolados. Resta ainda salientar que todos estes procedimentos estão descritos no Manual
de Procedimentos de Citostáticos (realizado pelos SF com base em várias bibliografias) e são
rigorosamente seguidos por todos os intervenientes na preparação de citostáticos.
4.2.2. Nutrição parentérica e outros manipulados estéreis
Por vezes, a existência de determinadas circunstâncias clínicas impedem que a alimentação de
um doente se processe oralmente. Nestes casos, o aporte de nutrientes vitais pode ser efetuada
por via parentérica, utilizando-se para o efeito formulações específicas, sendo um requisito
máximo destas a sua esterilidade [9].
Existem também outras formulações, que devido à via de administração em causa constituem
um possível risco microbiológico para o doente, ao que se deve garantir a sua esterilidade,
como é o caso dos colírios.
A nutrição parentérica (NP) consiste no fornecimento de nutrientes vitais (lípidos, proteínas,
hidratos de carbono, oligoelementos e vitaminas) através da via endovenosa, sempre que a
nutrição entérica não é possível, ou em situações em que esta não é suficiente. A definição das
necessidades energéticas diárias totais depende do estado nutricional do doente [10].
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A preparação de medicamentos estéreis necessita de cuidados especiais. Estas preparações
efetuam-se em áreas limpas (salas de preparação com superfícies expostas lisas,
impermeáveis e sem juntas minimizando assim a libertação e acumulação de
microorganismos ou outras partículas, bem como facilitar a limpeza desta área), com
antecâmaras de passagem obrigatória, onde o operador se equipa com o vestuário adequado:
luvas, touca, bata e máscara (Esquema 2). O ar dentro da zona de preparação é condicionado e
filtrado (filtros HEPA3), estando a sala equipada com uma câmara de fluxo de ar laminar
horizontal (CFLH). Por sua vez, verifica-se uma pressão positiva dentro da sala que
salvaguarda o produto da contaminação.
Esquema 2- Esquema da Nutrição Parentérica
Legenda:
Transfer
Câmara
Sala A: Sala de preparação não estéril – área de controlo do produto acabado que comunica com a área de preparação através
de transfer.
Sala B: Zona Negra/ Zona Cinzenta – equipada com cacifos onde se coloca a roupa e se veste a farda para a manipulação, os
protetores de calçado e desinfeção das mãos com a solução alcoólica existente.
Sala C: Zona Cinzenta - Estão armazenadas as bolsas não aditivadas bem como os aditivos para as bolsas padronizadas.
Comunica com a Sala de preparação não estéril e com a Zona Branca através do transfer.
Sala D: Zona Branca - (com pressão positiva) – equipada com câmara de fluxo laminar horizontal (CFLH) com filtros HEPA
que permite proteger a preparação.
3 Filtro HEPA: também designados como filtros absolutos, possuem a capacidade de remover 99,97% de todas
as partículas do ar maiores ou iguais a 0,3 μg.
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Sala E: Antecâmara - (com pressão positiva) – equipada com bancadas e armários de limpeza fácil e lavatório para a
lavagem assética das mãos. Antes da lavagem coloca-se a máscara cirúrgica e após a lavagem veste-se a bata e as luvas
estéreis
As formulações de NP podem ser adquiridas comercialmente, sob a forma de bolsas pré
cheias, bicompartimentadas ou tricompartimentadas para aditivação (ver Anexo C). No CHSJ,
EPE procedi à preparação de algumas bolsas de reconstituição sob supervisão, onde a
preparação é feita a partir de bolsas adquiridas comercialmente, divididas em três
compartimentos (lípidos, proteínas e hidratos de carbono), as quais podem ser suplementadas
com vitaminas, oligoelementos e alanina-glutamina (ver Anexo D).
Para a passagem mútua de material entre a zona cinzenta e a zona branca existe o transfer, um
sistema de dupla porta com duplo encravamento, que apenas permite a um dado momento que
uma porta esteja aberta, impedindo a contaminação da sala com partículas do exterior. Todo o
material que se coloca no transfer é previamente pulverizado com etanol a 70%, ao que o seu
efeito desinfetante garante assim também a manutenção do estado limpo da sala.
4.2.3. Manipulados não estéreis
A preparação de formas farmacêuticas não estéreis é regulada pelos DL nº 90/2004, de 20 de
Abril, e DL nº 95/2004, de 22 de Abril, e deve ser orientada pelas boas práticas a observar na
preparação de medicamentos manipulados em Farmácia de Oficina e Farmácia Hospitalar,
aprovadas por Portaria nº 594/2004, de 2 de Julho.
De modo semelhante com a preparação de formas farmacêuticas estéreis nas áreas de
farmacotecnia, também a preparação de fórmulas farmacêuticas não estéreis constitui uma
forma de personalização ou adaptação de determinadas terapêuticas para doentes muito
específicos, por exemplo, os pediátricos [7].
Os medicamentos manipulados são preparados na sequência de uma prescrição médica com
origem no ambulatório ou na dose unitária em que a entrega é calendarizada ou com origem
no ambulatório de caráter urgente. Para além disso, um determinado serviço pode também
requerer preparações destinadas a fins de diagnóstico. O pedido de aquisição do manipulado é
recebido e avaliado pelo farmacêutico responsável, em relação à segurança do medicamento
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no que respeita às dosagens das substâncias ativas e à inexistência de incompatibilidades e
interações que ponham em causa a ação do medicamento e a segurança do doente.
Posteriormente, este emite a ficha de preparação (ver Anexo E) e o respetivo rótulo (ver
Anexo F). Nesta ficha devem constar:
Data de preparação;
Designação atribuída à preparação a efetuar com a indicação da concentração, se
aplicável;
Quantidade a preparar;
Identificação informática do lote;
Fórmula, onde deverão estar descritas todas as matérias-primas a utilizar e respetivas
quantidades para preparar uma determinada quantidade de produto acabado;
Material e equipamento;
Técnica de preparação;
Ensaios de verificação;
Material de embalagem, com indicação do nº de lote e origem;
Modelo de rótulo;
Prazo de utilização e condições de conservação;
Bibliografia [11].
Todos os manipulados são alvo de registo – “Registo Diário de Produção”, no caso dos papéis
medicamentosos, existe uma folha de registo individual para cada substância ativa.
A manipulação nesta unidade requer a utilização de material de proteção, para conferir um
maior grau de higiene e segurança aos manipulados preparados. O material de proteção
utilizado encontra-se ilustrado no esquema seguinte (Esquema 3):
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Esquema 3- Equipamento necessário na manipulação de não estéreis
O processo de produção e o controlo de qualidade no CHSJ, EPE é desenvolvido por TF,
carecendo sempre de validação farmacêutica. Uma das caraterísticas da organização do
laboratório de manipulação do CHSJ,EPE é a existência de áreas separadas, para se proceder
à preparação das Formas Farmacêuticas (Esquema 4).
Esquema 4 - Sala da UMCMNE
Antes de se proceder à preparação, o manipulador deve assegurar-se que:
Estão reunidas as condições ideais para a manipulação, considerando a natureza do
medicamento a preparar;
Estão disponíveis todas as matérias-primas, corretamente rotuladas e com prazos de
validade em vigor, bem como os equipamentos necessários à preparação, os quais
devem apresentar-se em bom estado de funcionamento e de limpeza;
Estão disponíveis os documentos necessários para a realização da preparação
farmacêutica;
Estão disponíveis os materiais de embalagem destinados ao acondicionamento;
A utilização de matérias-primas e de materiais de embalagem é feita em função do
prazo de validade [12].
O processo de preparação é orientado pelas etapas descritas na ficha de preparação. As
pesagens e medições de volumes devem ser efetuadas com o máximo cuidado, recorrendo a
Uniforme Luvas Protetor de pés
Touca Máscara
Legenda:
A- Preparação Fórmulas Farmacêuticas Orais
Líquidas
B- Preparação Fórmulas Farmacêuticas Orais
Sólidas – Cápsulas
C- Preparação Fórmulas Farmacêuticas Sólidas
e Semi-sólidas
D- Controlo de Qualidade
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métodos e equipamentos de medida apropriados, de modo a obter o rigor exigido para cada
caso.
De acordo com o tipo de manipulado preparado são realizados ensaios de verificação
recomendados e exequíveis, nomeadamente a avaliação das caraterísticas organoléticas que é
de caráter obrigatório (ver Anexo G). É também importante realçar que devem estar descritos
os procedimentos e os programas desenvolvidos para controlo e calibração de todo o
equipamento, a fim de assegurar a qualidade do seu funcionamento.
No decorrer do estágio acompanhei todo o processo de validação e registo de saída dos
manipulados, tendo também executado, sob supervisão, a preparação de diversas formulações
para suprir a necessidade dos serviços. Para além disso, contactei com a sinalética de
segurança adotada para os manipulados e preparações farmacêuticas destinadas a fins
laboratoriais preparados no CHSJ,EPE. Estes pictogramas pretendem reforçar o grau de
toxicidade/perigosidade e distinguir as embalagens de acondicionamento.
4.2.4. Reembalagem
A correta identificação da medicação a administrar aos doentes, nomeadamente no que toca à
dose e ao medicamento correto, é um requisito máximo para a segurança e um bom
desenvolvimento clinico do doente. No entanto, a Indústria Farmacêutica nem sempre garante
a correta identificação de cada unidade do medicamento, e mais ainda, a possível
individualização destes. Com isto, cria-se a necessidade de reembalar alguns medicamentos,
para uma nova embalagem, possibilitando assim a individualização de uma dose e incluir
nesta todas as informações necessárias para a sua correta identificação [7].
O processo de reembalagem é realizado em “mangas” adequadas por um equipamento
automático, que salvaguarda a estanquicidade, proteção mecânica, proteção da luz e do ar,
preservando a integridade e a atividade farmacológica da fórmula oral. Para além disso, o
fracionamento e a reembalagem só são permitidos quando não ocorrem alterações nas
propriedades, tanto na formulação, como do fármaco (farmacocinéticas e farmacodinâmicas).
Assim, são reembalados:
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Medicamentos orais sólidos que não se apresentem comercializados pela indústria nas
doses prescritas;
Medicamentos orais sólidos fornecidos pela indústria farmacêutica em embalagens
múltiplas, sendo necessários reembalá-los individualmente;
Outros medicamentos orais sólidos (comprimidos inteiros e cápsulas) não
fotossensíveis e não termolábeis que permitam uma preparação mais rápida da
medicação individual diária em dose unitária.
Esta reembalagem é efetuada nos SF do CHSJ,EPE, tanto para os casos anteriormente
referidos, como para os medicamentos mais comuns na dose unitária e ambulatório,
permitindo assim uma aceleração do processo de dispensa, minimizando erros e garantindo a
boa conservação do medicamento.
Para este processo, os SF do CHSJ,EPE possuem dois sistemas de embalamento: o FDS (Fast
Dispensing System® ) e a Auto Print II®. Ambos os sistemas encontram-se localizados no
mesmo espaço, sendo eles operados por um TF.
Em ambos os casos, remove-se o medicamento da sua embalagem primária original (blister).
Este processo submete os medicamentos a condições que não são as requeridas para a
conservação deste durante o seu tempo de vida, ao que se atribui um prazo de validade de 6
meses após este processo, excecionado quando a validade original é mais curta que esta [1].
Contudo, alguns medicamentos são reembalados na Auto Print II® no seu blister original.
Após este processo, enchem-se as cassetes presentes no FDS, inserindo os dados referentes ao
lote, validade (se inferior, visto o sistema aplicar automaticamente uma validade de 6 meses)
e quantidade a reembalar no software encontrado no sistema. Este sistema destina-se ao
reembalamento de comprimidos inteiros ou cápsulas (não citotóxicos). Na eventualidade de
ocorrer algum erro no enchimento das cassetes, nomeadamente enchimento de uma gaveta
errada, o software emite um alerta que se encontra na cassete em utilização um medicamento
diferente daquele pretendido, visto o sistema se encontrar calibrado para o peso esperado
daquela quantidade de comprimidos do medicamento a reembalar. A impossibilidade de
enchimento de uma gaveta que ainda contém medicamento funciona também como um
controlo, evitando a mistura de diferentes lotes ou prazos de validade. O processo de
reembalamento neste sistema produz uma manga de compartimentos individuais, que para
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além de conterem no seu exterior as informações do medicamento (DCI, dosagem, prazo de
validade, lote e código de barras), protegem-no das condições exteriores. No entanto, a manga
produzida por este sistema não protege contra a luz solar [1].
Apesar de semelhante, o sistema Auto Print II® possui algumas diferenças deste último,
nomeadamente a possibilidade de reembalamento de metades ou quartos de comprimidos, e a
produção de uma manga foto-resistente, possibilitando assim o reembalamento de
medicamentos fotossensíveis.
Após reembalamento, o TF deve então proceder a verificação das mangas produzidas,
atentando a qualquer possível erro. Constitui um indicador de qualidade deste processo o
número de não conformidades na produção da manga ou erros de embalamento que são
registados (ver Anexo H).
De forma a comprovar as informações do medicamento reembalado, as embalagens originais
deste são conservadas, comparando as informações destas com o mapa gerado no final
contendo as informações dos medicamentos reembalados. Todas as satisfações de pedidos que
são realizadas aos serviços clínicos pelo FDS pressupõem um registo diário de preparação
(ver Anexo I).
Nesta seção denominada “Unidade de Reembalagem” integra ainda uma Zona de
Individualização de Reposição de Stocks (ZIRS). A reposição de stocks, como o próprio nome
indica, é uma atividade fundamental em que consiste repor o stock de produtos farmacêuticos,
quer do armazém quer do stock de apoio à DU. Permite ao TF ter a noção e fazer uma gestão
sobre os produtos que são dispensados nas diferentes formas de distribuição. Assim, a
medicação é preparada, com a sua clara, correta e completa identificação, garantindo que as
suas condições especiais de armazenamento são asseguradas. Cabe ao TF e aos AO proceder à
individualização, identificação e proteção da luz os produtos farmacêuticos que necessitam
dessa individualização.
Todas as individualizações realizadas pelos AO, são alvo de registo, num documento
normalizado, denominado Registo Diário de Preparação de Stocks, que é, posteriormente,
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verificado pelo TF responsável (ver Anexo J). Estas preparações estão sujeitas a três
verificações (Esquema 5).
Esquema 5- Verificação de produtos ZIRS
Um meio de alcançar uma eficaz gestão dos stocks e antever as necessidades da distribuição, é
através do método “Kanban”. Este método consiste num cartão que contém as quantidades
mínimas existente do medicamento. Cada cartão indica, na frente, a DCI, dosagem, forma
farmacêutica e a quantidade mínima, enquanto que na parte de trás existem indicações
relativas ao seu acondicionamento. O “Kanban” quando preparado, é colocado num saco de
plástico selado e é colocada a quantidade mínima indicada no “Kanban” juntamente com o
cartão. Ao repor o produto farmacêutico, coloca-se a quantidade a repor mais o saco com o
“Kanban” respetivo do produto. O produto farmacêutico contido no saco só deverá ser
utilizado por último. Quando o saco é aberto, coloca-se o “Kanban” num quadro próprio para
o efeito, para o TF responsável pela gestão de stocks proceda à sua reposição. O “Kanban”
possibilita ao TF saber o stock mínimo disponível e realizar a reposição do produto
farmacêutico antecipadamente.
O sistema Kanban® foi desenvolvido pela Toyota®, tendo como base a absoluta eliminação do
desperdício, sendo o pilar de sustentação o Just-in-Time. Este processo é considerado como
sendo uma revolução no campo da administração e a razão do sucesso das empresas
japonesas, seja em termos de flexibilidade e de competitividade, de qualidade e produtividade
ou, ainda, de lucratividade. Trata-se de um processo de fluxo, onde as partes corretas
necessárias à montagem alcançam a linha de montagem no momento em que são necessárias e
somente na quantidade necessária [11].
• TDT do ZIRS: Desloca produto da DC para UR • TDT da UR: Emite
folha de rótulos
1ª verificação• TDT da UR: Confere
e desloca o produto para a zona de individualização
2º verificação
• AO: Confere e prepara
3º verificação• TDT do ZIRS:
Confere e repõe
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É também responsabilidade do TF repôr o stock do sistema semi-automático Kardex. A sua
reposição é feita antes de se proceder ao seu uso na distribuição individualizada. O próprio
sistema emite uma listagem de produtos o qual informa os produtos que se encontram em
quantidades mínimas e qual o máximo a repor (ver Anexo K).
4.3. DISTRIBUIÇÃO
A distribuição de medicamentos é a atividade dos serviços farmacêuticos onde existe maior
contacto com os serviços clínicos do hospital e restantes profissionais de saúde. A distribuição
só é realizada mediante apresentação prévia de prescrição médica.
A distribuição como fase integrante do circuito do medicamento tem por objetivo garantir o
cumprimento da prescrição, promover a racionalização do medicamento, diminuir os erros
relacionados com a medicação, monitorizar a terapêutica e racionalizar os custos com a
terapêutica. Existem vários sistemas de distribuição (esquema 6), cada um com as suas
características próprias:
Esquema 6 - Sistemas de Distribuição
DISTRIBUIÇÃO
Doentes em Regime de Internamento
- Sistema de Reposição de Stocks Nivelados
- Distribuição em Dose Unitária e/ou Individual
- Distribuição Clássica
Doentes em Regime de Ambulatório
Medicação Sujeita a Legislação Restritiva
- Estupefacientes e Psicotrópicos
- Hemoderivados
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4.3.1 Distribuição em Dose Unitária e/ou Individual Diária
Entre os Sistemas de Distribuição de Medicamentos (SDM) implementados a nível hospitalar,
o Sistema de Distribuição por DU, é o que se tem mostrado mais adequado para um correto
seguimento da terapêutica farmacológica do doente, uma vez que cabe aos SF interpretar e
validar a prescrição médica, dando origem ao perfil farmacoterapêutico do doente.
A dispensa de medicamentos em dose unitária compreende a disponibilização em dose
individualizada e em dose unitária, sendo que a dose individualizada corresponde à
quantidade de medicamento que se encontra numa embalagem individual, devidamente
identificada com informações como DCI, dosagem, prazo de validade, enquanto a dose
unitária corresponde à dose de medicamento prescrita para um determinado doente, para ser
administrada de uma só vez, a determinada hora [8].
A distribuição de medicamentos em sistema de dose unitária surge como um imperativo de
[1]:
Aumentar a segurança no circuito do medicamento;
Conhecer melhor o perfil farmacoterapêutico dos doentes;
Diminuir os riscos de interações;
Racionalizar melhor a terapêutica;
Os enfermeiros dedicarem mais tempo aos cuidados dos doentes e menos nos aspetos
de gestão relacionados com os medicamentos;
Atribuir mais corretamente os custos;
Redução dos desperdícios.
Apesar da importância reconhecida deste SDM existem por vezes situações que complicam a
implementação deste sistema, como por exemplo a necessidade de proteção da luz solar,
medicamentos em embalagens multidose ou sem identificação individualizada, que tornam a
existência de uma prévia reembalagem para posterior utilização no Sistema de Distribuição
por DU; necessidade de manipulação de determinados medicamentos, para suprir
necessidades, como por exemplo em Pediatria, em que não existem no mercado todas as
dosagens e/ou formas farmacêuticas necessárias para a terapêutica desejada. Para além destas
desvantagens expostas, a implementação deste exige um elevado investimento inicial de
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materiais, equipamentos, infraestruturas e recursos humanos e requer uma maior disciplina na
sua implementação e funcionamento além de ser um processo muito moroso [9] (Tabela 2).
Tabela 2- Vantagens e Desvantagens do Sistema de DIDDU
Vantagens Desvantagens
Aumenta a segurança no circuito do medicamento
Aumento dos recursos humanos
Possibilita conhecer melhor o perfil
farmacoterapêutico dos doentes
Diminuição dos erros de medicação, aumento a
qualidade da terapêutica
Dupla conferência da medicação
Aumento das necessidades espaciais
Diminuição dos stocks existentes nas enfermarias
Redução dos desperdícios
Enfermagem dedica mais tempo aos cuidados dos
doentes e menos aos aspetos de gestão relacionados
com o medicamento
No CHSJ, EPE a preparação de medicamentos pelos sistemas de Distribuição Individual
Diária (DID) e Distribuição Individual Diária em Dose Unitária (DIDDU) pode ser efetuada
manualmente ou através de métodos semiautomáticos - Kardex®, FDS®, Kardex® de
Refrigeração (Esquema 7).
Esquema 7 - Preparação de um serviço com utilização de Sistemas Semi - Automáticos
MDM GERADO INFORMÁTICAMENTE
Kardex Refrigeração®
(preparação manual da listagem de
externos)
Kardex®
(preparação manual da listagem de incidências)
FDS®
Destacamento da medicação oral, não fracionável de cada doente na gaveta respetiva
Transmissão dos Dados
Distribuição por PA pedido por gaveta
(doente)
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Atualmente, os SF do CHSJ, EPE suprem as necessidades de 32 serviços clínicos, com cerca
de um total de ocupação de cerca de 1000 camas. Contudo, apenas 2 serviços clínicos estão a
ser alvo de uma dispensa de medicação através do sistema DIDDU: Internamento de
Psiquiatria e Hospital de Dia de Psiquiatria, dado o maior tempo necessário face à DID. Esta
dispensa pode ser feita de forma manual, onde o TF tem a seu cargo a preparação da mala
recorrendo às gavetas onde se encontram as unidoses devidamente individualizadas e todas os
outros locais de armazenamento de medicamentos, disponíveis nos SF, para recolher toda a
medicação necessária de forma a suprir as necessidades de cada doente. Por outro lado, de
forma a facilitar a preparação das malas muitas vezes recorre-se ao auxílio do FDS® e do
Kardex®.
O Kardex® é um sistema semiautomático, uma vez que se trata de uma máquina, mas que
necessita da intervenção do homem para funcionar. Trata-se de um dispositivo rotativo
vertical que movimenta prateleiras, possuindo estas inúmeras gavetas, cada qual contendo um
medicamento diferente. No panorama atual o Kardex® é visto como a ferramenta mais
adequada para reduzir os erros de medicação, os custos associados com a terapêutica
medicamentosa e melhorar a qualidade e segurança do tratamento [9,10].
O FDS® (Fast Dispensing System), permite o reembalamento de todas as formas orais sólidas,
como já referido anteriormente.
A seção da DID do CHSJ, EPE é composta por 14 Farmacêuticos, 8 TF e 3 AO com funções
específicas. As responsabilidades do TF na DID são:
Preparação da terapêutica em DID/DIDDU, através do sistema manual e/ou sistemas
semi-automáticos
Processamento informático do Mapa de Medicamentos
Efetuar as revertências da medicação provenientes dos serviços, com posterior
devolução a nível informático
Acondicionamento devido das revertências nos respetivos locais
Preparação da medicação dos armários de urgência e carros de emergência
Este sistema de distribuição inicia-se com a validação da prescrição médica pelo
farmacêutico, após o médico atribuir uma determinada medicação ao doente internado,
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habitualmente em formato informatizado, sendo esta tarefa executada numa sala própria para
a validação e conferência das gavetas individuais. As prescrições médicas analisadas, como
qualquer outra, devem conter todas as informações necessárias, nomeadamente: a data, a
identificação do doente e do médico, o medicamento prescrito por DCI com a respetiva dose,
forma farmacêutica e via de administração, bem como qualquer outra informação relevante
para o processo de validação, como o diagnóstico do doente, as alergias deste, a duração e o
esquema terapêutico e, quando aplicável, as justificações de prescrição de determinados
medicamentos. A validação efetuada pelo farmacêutico pretende detetar inconsistências na
prescrição, como duplicações terapêuticas, doses ou posologias incorretas ou incoerentes, via
de administração incorreta, interações farmacológicas ou incompatibilidades de
reconstituição, entre outras possíveis situações.
Após a validação do farmacêutico, são impressos os mapas relativos ao perfil
farmacoterapêutico dos doentes internados por SC e enviados para os sistemas
semiautomáticos, iniciando-se assim a fase de preparação das gavetas individualizadas
(Esquema 8). A tarefa de preparação das gavetas é realizada pelos TF. Tanto as gavetas como
os medicamentos que por razões de volume não possam ir nestas, devem ser claramente
identificados, minimizando assim qualquer possível erro de troca de doentes ou de
medicamentos.
Esquema 8 - Processo da DID
As malas com a medicação são enviadas diariamente para os respetivos SC, através dos AO
dos SF, fazendo-se a troca com as malas vazias que regressam dos SC. Até à hora acordada de
envio da medicação para os serviços, a prescrição de um doente específico pode estar sujeita a
alterações, ou o doente pode mesmo receber alta, não sendo assim necessário o envio da
medicação para o dia posterior. Desta forma, o farmacêutico verifica constantemente
quaisquer alterações efetuadas até hora de envio da medicação, procedendo às alterações
necessárias. Caso se verifiquem alterações à terapêutica é impresso o Mapa de Alteradas (ver
Prescrição médica eletrónica - Médico
Recepção, interpretação e validação da prescrição -
Farmacêutico
Processamento informático do MDM -
TDT
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Anexo L). Estas malas com a medicação visam suprir as necessidades dos doentes num
período de 24h, exceto ao sábado que a medicação é preparada para um período de 48h.
Por vezes pode ocorrer a não administração de toda a medicação enviada para os SC, sendo
esta devolvida aquando o retorno das gavetas ao SFH e revertida em stock.
Como já referido anteriormente, também são preparados semanalmente armários de urgência
pelo TF que consiste num pequeno stock variável conforme o serviço e as suas necessidades
ao qual o enfermeiro recorre para satisfazer qualquer prescrição fora do período de
funcionamento da DU. Este stock é definido entre o farmacêutico e o enfermeiro de cada
serviço em função da análise dos consumos habituais do serviço. Relativamente aos carros de
emergência, estes também são preparados pelo TDT e esta medicação como o próprio nome
indica é para situações de emergência (por ex. reanimações). Estes carros encontram-se
fechados e quando esta medicação é utilizada deve ser imediatamente reposta.
4.3.2. Distribuição Tradicional de Medicamentos
A Distribuição Clássica (DC) é o mais antigo SDM, dispondo de diversas condicionantes que
propiciam o erro [12]. Em traços gerais, carateriza-se por uma dispensa de medicamentos por
Serviço Clínico (SC), baseada numa requisição efetuada pela enfermagem, implicando a
formação de um stock. Neste SDM, os SF e SC preconizam previamente todos os
medicamentos que irão constituir o stock fixo e as respetivas quantidades, bem como a
periodicidade com que os pedidos podem ser realizados. Tudo isto é estabelecido tendo em
conta as características dos doentes afetos ao SC em questão.
O circuito da DC inicia-se com a prescrição médica. Para efetuar a administração da
medicação prescrita, o enfermeiro recorre ao stock fixo enviando, posteriormente, um pedido
de reposição eletrónico ou manual, aos SF (Esquema 9). Aqui, o TF procede à validação
informática dessa requisição e dispensa a medicação. Em horário preconizado, o AO realiza o
transporte até ao SC requisitante, onde o enfermeiro responsável pela reposição do stock
confere e armazena a medicação.
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Esquema 9 - Diferentes Tipos de Pedidos
Por ser um sistema centrado nos profissionais de enfermagem, os SF tornam-se meros
“mensageiros” da medicação, o que potencia a ocorrência de erros (Tabela 2). Para além
disso, há um consumo excessivo do tempo da enfermagem em atividades relacionadas com o
medicamento, em detrimento dos cuidados de saúde prestados aos doentes. Os custos para a
instituição tornam-se mais elevados devido a desvios de medicação, reposição inadequada ou
até mesmo prazos expirados. Outra desvantagem é o facto de os medicamentos serem
dispensados sem que os SF tenham conhecimento de para quem e com que finalidade terão
sido utilizados, reduzindo assim a possibilidade de seguir o perfil farmacoterapêutico do
doente, pelos profissionais de farmácia, dificultando, em simultâneo, a integração na equipa
clínica [13]. No CHSJ,EPE a DC permanece ainda implementada em SC como Blocos
Operatórios, Consultas Externas, Urgências, Hospitais de Dia, entre outros. Estas são
unidades onde a diversidade e a quantidade de medicamentos gastos são mínimas, ou então o
curto período de permanência do doente não justifica a dispensa de medicação por outro
sistema de distribuição implementado na instituição, como a DID, em que a medicação é
dispensada para um período de 24 horas, ou Distribuição por Reposição de Stocks Nivelados
– Pyxis®, dado o custo associado à implementação deste sistema semi-automático.
Tabela 3- Vantagens e Desvantagens da Distribuição Clássica
Vantagens Desvantagens
Possibilita a administração quase imediata da
medicação prescrita, desde que exista no stock da
enfermaria
Acumulação indevida de medicamentos nas
enfermarias
Economia em recursos humanos e materiais
Ausência de interpretação e validação da prescrição
médica pelos profissionais de farmácia, aumentando o
risco da ocorrência de interações medicamentosas,
erros de dosagem, reações adversas e
incompatibilidades.
Erros de transcrição pela equipa de enfermagem
TIPOS DE PEDIDOS
Pedidos On-line
(eletrónicos)
Pedidos Manuais
(papel)- Modelos próprios: Justificação
Clínica/Receita Médica, Hemoderivados, Psicofármacos, Antimicrobianos
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4.3.3. Reposição de Stocks por Níveis
O conceito de Reposição por Stocks Nivelados (RSN) consiste na existência de um stock da
farmácia num determinado SC, para que todos os procedimentos inerentes à administração do
medicamento e à gestão de stocks por parte da farmácia estejam facilitados. No CHSJ, EPE,
foi, a partir de 2008 implementado o sistema semi-automático Pyxis® – um conjunto de
armários controlados eletronicamente, geridos por um software em comunicação com as
aplicações informáticas existentes – controlado pelos SF, enfermeiro-chefe e diretor do
serviço. Atualmente este sistema está implementado em 16 serviços clínicos com um
determinado número de medicamentos em stock - cada stock foi definido com base nos
medicamentos consumidos nos respetivos serviços clínicos, pelos Serviços Farmacêuticos,
enfermeiro-chefe e diretor de Serviço, tendo sido definidos os valores de stock máximo e
stock mínimo para cada referência de medicamentos com base nos consumos médios anuais.
Estes “armários” possuem ainda sistemas de segurança que lhes permite ter medicamentos
controlados como benzodiazepinas e estupefacientes sem haver a necessidade do
preenchimento do Anexo X, pela deliberação n.º 292/2005 de 17 de fevereiro do
INFARMED.
A utilização destes sistemas tem as seguintes vantagens:
Aumenta a disponibilidade do medicamento
Aumenta a segurança do doente
Elimina a necessidade de entradas manuais de dados (diminui o erro)
Torna o processo de gestão mais eficiente
A grande desvantagem que se pode apontar a estes sistemas é a frequência de reposição de
stocks. Apesar da grande variedade de produtos que permitem armazenar são menores em
tamanho que as estruturas no processo de reposição de stocks por níveis clássico o que
implica que tenha de haver reposição várias vezes por semana (Tabela 4). A existência do
Pyxis® no hospital permite ainda outra forma de distribuição unidose, caso o serviço tenha
este tipo de equipamento.
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Tabela 4 - Vantagens e Desvantagens da distribuição por Reposição de Stocks Nivelados
Vantagens Desvantagens
Gestão conjunta do stock, permite maior controlo
Não há interpretação da prescrição médica
Redução do tempo dedicado pela equipa de
enfermagem à manipulação de medicamentos
Aumento dos erros de transcrição
Aumento dos erros de administração
Diminuição dos erros de medicação Necessidade de mais tempo e recursos humanos para
manutenção de stocks Diminuição da quantidade de medicação nas
enfermarias
4.4. DISTRIBUIÇÃO A DOENTES EM REGIME DE AMBULATÓRIO
“A dispensa de medicamentos a doentes em regime ambulatório, por parte dos Serviços
Farmacêuticos hospitalares, surge da necessidade de se fazer face a situações de emergência
em que o fornecimento dos mesmos não possa ser assegurado pelas farmácias comunitárias,
bem como da necessidade de vigilância e controlo determinadas patologias crónicas, e
terapêuticas prescritas em estabelecimentos de cuidados de saúde diferenciados.” [14]
Atualmente, um número significativo de doentes pode realizar os seus tratamentos em regime
de ambulatório, com as seguintes vantagens:
Redução dos custos relacionados com o internamento hospitalar;
Redução dos riscos inerentes a um internamento (por ex. infeções nosocomiais);
Possibilidade do doente continuar o tratamento no seu ambiente familiar.
A dispensa de medicamentos a doentes em regime ambulatório, por parte dos SF
hospitalares, surge da necessidade de se fazer face a situações de emergência em que o
fornecimento dos mesmos não possa ser assegurado pelas farmácias comunitárias, bem como
da necessidade de vigilância e controlo de determinadas patologias crónicas, e terapêuticas
prescritas em estabelecimentos de cuidados de saúde diferenciados. Esta vigilância e controlo
são exigidos pelas características próprias das patologias, pela carga tóxica potencial dos
fármacos utilizados no seu tratamento e também, muitas vezes, pelo seu elevado valor
económico [1, 2].
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Para que esta distribuição seja feita em condições apropriadas e sejam cumpridos os objetivos
desejados, é da maior importância que estejam disponíveis instalações reservadas (para que a
informação ao doente se possa fazer de modo confidencial) e facilmente acessíveis aos
doentes. No CHSJ,EPE a unidade farmácia ambulatório (UFA) possuiu um pequeno
armazém, assim como, um sistema robotizado de dispensa, o Consis®.
A distribuição em ambulatório é feita numa área reservada, que permite o atendimento do
doente de forma individualizada. A dispensa de medicamentos é realizada por um
Farmacêutico, tendo por base a prescrição médica. Os medicamentos dispensados vão sempre
embalados, se for possível na embalagem de origem ou então em envelopes, devidamente
identificados. No ato da dispensa é confirmado o medicamento a dispensar, verificada a
embalagem, o rótulo, e o prazo de validade.
A prestação de serviços no setor de ambulatório consiste na atividade da dispensa, de forma
gratuita, de medicamentos legislados [15] para: doentes em regime de ambulatório
provenientes do serviço de consulta externa, doentes que requeiram continuidade de um
tratamento após alta não disponível fora do ambiente hospitalar e ainda para casos doentes
atendidos no serviço de urgência, desde que em todos os casos, se cumpram os requisitos de
ser prescrito por um médico do hospital e de especialidade requerida.
A medicação dispensada é a suficiente até à próxima consulta, não devendo ultrapassar os 60
dias. Por vezes os SF não dispõem de medicação suficiente para dispensar ao doente em
ambulatório, sendo assim, pode pedir-se ao doente que volte noutro dia.
Todos os medicamentos dispensados são registados informaticamente, permitindo assim obter
a história e o perfil farmacoterapêutico dos doentes, de modo a controlar a medicação, detetar
interações, duplicação de fármacos e reações adversas.
Na UFA são funções do TF:
Coordenação da preparação/entrega de medicação entre o armazém da UFA e os
restantes armazéns dos SF
Conferência e armazenamento da medicação referente aos pedidos de stock
Receção de encomendas dos produtos de gestão direta da UFA
Preparação dos stocks em prateleiras, ajustada à dispensa mensal de medicação
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Gestão, conferência e armazenamento dos medicamentos reembalados
Reposição do Consis®
Preparação da medicação para o Hospital de Dia de Hemodiálise
Preparação das dietas a fornecer semanalmente à Cinesiterapia
Preparação da entrega domiciliária do medicamento Betaferon®
Controlo de prazos de validade
Contagem diária das epoietinas, nutrições entéricas e hemoderivados
Reposição de alguns produtos nas gavetas do atendimento
Colaboração nos inventários periódicos da UFA
4.5. DISPENSA DE MEDICAMENTOS SUJEITOS A LEGISLAÇÃO RESTRITIVA
4.5.1. Estupefacientes e Psicotrópicos
A distribuição de medicamentos estupefacientes e psicotrópicos exige um tipo de distribuição
especial, dadas as suas características particulares. Neste sentido, por imposição legal e pelas
características do próprio medicamento é necessário um circuito especial de distribuição,
encontrando-se implementada no CHSJ, EPE a distribuição mista.
Os psicofármacos têm propriedades ansiolíticas, sedativas e hipnóticas, uma vez que causam
uma depressão das funções do SNC (Sistema Nervoso Central), sendo o grau da sua ação
depressora dependente da dose administrada. Os estupefacientes utilizados em meio hospitalar
são utilizados como analgésicos para aliviar dores mais intensas, que podem causar tolerância
e dependência, e serem alvo de uso indevido e abusivo. [16]
Neste sentido, por imposição legal e pelas características do próprio medicamento é
necessário um circuito especial de distribuição, encontrando-se implementada a distribuição
mista. A distribuição mista inicia-se com uma prescrição médica por doente, sendo no entanto
a dispensa da medicação feita por SC quando o stock do mesmo se encontra com níveis
mínimos, procurando repor as quantidades que já foram consumidas. Este tipo de distribuição
tem como vantagens permitir a interpretação da prescrição médica por profissionais de
farmácia, não sendo exclusivamente interpretada pela equipa de enfermagem; permite um
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controlo quantitativo e qualitativo mais rigoroso dos stocks dos serviços, de forma a evitar a
acumulação da medicação no serviço e término do prazo de validade da medicação; controlar
a administração da medicação por doente, de modo a evitar a possibilidade de dependência
física e psíquica e habituação; controlar o stock da medicação existente no stock dos SF;
reduzir a possibilidade de atos ilícitos e incutir responsabilidade dos profissionais de saúde no
uso e dispensa deste tipo de medicação.
Apesar da necessidade da implementação deste sistema de distribuição a nível hospitalar, este
revela-se um processo burocrático, exigindo aos profissionais de saúde disponibilizar tempo
para o preenchimento de toda a documentação e controlo diário de stock. Além disso, é
necessário um investimento financeiro para a aquisição do cofre de armazenamento de
estupefacientes e psicotrópicos e não elimina totalmente o risco de consumo indevido.
O “processo” de distribuição inicia-se com uma prescrição médica, onde é identificada a DCI,
dosagem, forma farmacêutica, via de administração e posologia específica para cada doente.
A equipa de enfermagem procede à preparação e administração da medicação ao doente e
posteriormente deve registar o produto consumido no impresso de requisição. Este modelo
possui vários campos de preenchimento obrigatório, entre os quais, nome do serviço
requisitante, nome do doente, cama, número de processo do doente, quantidade administrada,
enfermeiro responsável pela administração, data e assinatura do diretor do serviço ou. No
canto superior direito existe um espaço, que permite numerar o impresso, de forma
sequencial, conforme a ordem de chegada dos impressos aos SF. O impresso de requisição
vem em duplicado (original e duplicado). Cada impresso de pedido de requisição diz respeito
a um único medicamento, onde é identificado com DCI, forma farmacêutica, dosagem e
código, podendo conter o registo desse medicamento a vários doentes. Em cada SC existe um
stock pré-definido de estupefacientes/ psicotrópicos, estabelecido por prévio acordo entre os
SF e o SC.
Este stock sempre que chega a níveis mínimos, a equipa de enfermagem efetua o pedido de
requisição segundo os consumos efetuados pelos doentes, ou seja, é feita uma dispensa e
reposição de um stock de medicamentos que já foram consumidos. O impresso devidamente
preenchido é entregue nos SF, através dos Estafetas ou pelo AO do SC. O impresso é entregue
no centro de validação, onde o Farmacêutico interpreta e valida o pedido de reposição,
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verificando se não existe nenhuma inconformidade. De seguida, é impressa uma Guia de
Satisfação de Pedidos, onde constam as quantidades a dispensar dos diferentes medicamentos,
sendo anexados à Guia os diversos impressos de requisição do serviço. A medicação com a
mesma DCI, dosagem e forma farmacêutica é individualizada por serviço, acondicionada em
sacos opacos e identificada com uma etiqueta cor-de-rosa com a designação de
“Estupefacientes” e com a indicação do serviço a que se destina. A medicação é transportada
até ao serviço pelo AO da Farmácia, que deve assinar no impresso de requisição como
responsável pela entrega. A partir das 15 horas da tarde se for necessário proceder a alguma
dispensa de estupefacientes/psicotrópicos deve ser o AO do serviço requisitante a deslocar-se
até aos SF para proceder ao levantamento do pedido.
Diariamente, ao final do dia, é feita uma contagem do stock existente no cofre, comparando o
stock existente e o stock registado como entradas e saídas. Esta tarefa da responsabilidade de
um Farmacêutico que pode ser acompanhado pelo TF, e tem por objetivo controlar o stock e
detetar qualquer discrepância na quantidade de stock, para proceder à sua correção.
4.5.2. Medicamentos derivados do plasma humano
Este grupo engloba todas as substâncias derivadas do sangue ou plasma humano, estão
sujeitas a um elevado risco de contaminação e pelas suas características à consequente
transmissão de doenças infeciosas. Assim, impõe-se a este tipo de produtos um controlo
apertado que é determinado por legislação específica e adequada [17,18].Esta regulamentação
objetiva a rastreabilidade, possibilitando investigar a possível relação de causalidade entre a
administração terapêutica destes medicamentos e a deteção de doenças infeciosas
transmissíveis pelo sangue.
Como forma de garantir este controlo, antes do seu fornecimento, os hemoderivados são
submetidos a estudos por lote pelo INFARMED que emite o Certificado de Autorização de
Utilização do Lote de Fabrico (CAUL). Deste documento constam: o número do lote, o nome
comercial, a dose, as substâncias ativas, o número de unidades do lote, o prazo de validade, o
numero de Autorização Introdução no Mercado e o laboratório que aprova, analiticamente, a
qualidade e a segurança do lote, em conformidade com as especificações aprovadas.
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A sua prescrição é realizada em impresso legalizado (ver Anexo Q), sendo o original do
modelo de dispensa arquivado nos SF e o duplicado no processo clínico do doente. Portanto,
cada requisição é exclusiva de cada doente e serviço clínico, sendo entregue pelo AO
enfermeiro do serviço em questão. No que respeita ao farmacêutico, este verifica se o
impresso está devidamente preenchido, principalmente a assinatura do médico, a identificação
do doente e a justificação clínica. Deve ainda ser completada a parte relativa aos SF,
assinalando a quantidade de fármaco dispensada, a identificação do CAUL e o número
atribuído à requisição no arquivo [18].
4.5.3. Medicamentos em Ensaios Clínicos
O Farmacêutico Hospitalar, é o responsável pelo armazenamento e dispensa dos
medicamentos experimentais, de acordo com a Lei n.º 46/2004, de 19 de agosto, que transpõe
para a ordem jurídica nacional, a Diretiva Europeia sobre Ensaios Clínicos, Diretiva n.º
2001/20/CE [1].
4.5.4. Medicamentos Extra Formulário
Alguns medicamentos extra formulário necessitam de Autorização de Utilização Especial.
Existem casos que obrigam a utilizar medicamentos que não estão autorizados ou não
possuem registos válidos em Portugal. Assim sendo para estes casos, e nos termos do DL n.º
176/2006, de 30 de agosto, está previsto o pedido de autorização para a utilização em Portugal
de medicamentos não autorizados, pedido regulado pela Deliberação n.º 105/CA/2007, de 1
de março.
Cabe à CFT estudar a situação e emitir a sua apreciação em impresso próprio. Se o parecer for
positivo, cabe ao hospital enviar ao INFARMED toda a documentação necessária, para que
esta entidade possa tomar a decisão de conceder [19].
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5. CONCLUSÃO
Durante o meu estágio curricular em Farmácia Hospitalar tive a oportunidade, como referido
ao longo do relatório, de observar e participar ativamente em todas as áreas e atividades
desenvolvidas pelos SFH do CHSJ,EPE tendo desta forma contribuído enormemente para a
minha formação como futura profissional de saúde.
Para além do enriquecimento curricular, toda a empatia e espírito de união apresentado pela
equipa aqui presente, bem como o contato direto com a realidade profissional da Farmácia
Hospitalar, permitiu-me amadurecer tanto a nível pessoal como profissional, bem como
constatar o importantíssimo papel do TF na promoção da prestação de melhores cuidados de
saúde, que primam pela qualidade e segurança, mesmo quando o seu empenho por vezes
passe despercebido.
Participei de forma informada, ativa e motivada em todo o processo que envolve o circuito do
medicamento e sinto que esta foi uma experiência enriquecedora que me permitiu conhecer
uma nova realidade. Este desafio foi muito gratificante para mim contribuindo para o meu
desenvolvimento profissional e pessoal.
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6. BIBLIOGRAFIA
[1] – Manual da Farmácia Hospitalar, Conselho Executivo da Farmácia Hospitalar,
Ministério da Saúde, Março de 2005
[2] – Gomes, M., et al., Ciências Farmacêuticas - Uma abordagem em Farmácia Hospitalar.
1 ed 2006, São Paulo.
[3] – Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), [Internet]. Obtido em 27 de
Dezembro de 2013, Disponível em: http://www.acss.min-saude.pt
[4] - Centro Hospitalar de São João, EPE [Internet]. Ministério da Saúde. Consultado a 27
Dezembro 2013. Disponível em: http//:www.hsjoao.min-saude.pt
[5] - Conselho Executivo do Plano de Reestruturação da Farmácia Hospitalar: Brou MHL,
Feio JAL, Mesquita E, Ribeiro RMPF, Brito MCM, Cravo C, Pinheiro E. Manual da
Farmácia Hospitalar. INFARMED, 2005.
[6] - Parra A, Melo B. Boas Práticas de Farmácia Hospitalar. Lisboa: Ordem dos
Farmacêuticos, 1999.
[7] - Manual de Apoio ao Estágio de Licenciatura - Farmácia Comunitária e Farmácia
Hospitalar, Universidade de Lisboa - Faculdade de Farmácia, Lisboa, 2002.
[8] - Boas Práticas na Área do Medicamento Hospitalar. Administração Central do Sistema de
Saúde. Disponível em:
http://www.acss.minsaude.pt/Portals/0/Projectos/Programa_Medicamento_Hospitalar;
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[10] - Kabi, F., Nutrição Parentérica, 2011-2012.
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[11] - OHNO, Taiichi. “O Sistema Toyota de Produção: Além da Produção em Larga
Escala”; Porto Alegre : Bookman, 1997.
[12] - Ribeiro E. Dose unitária: sistema de distribuição de medicamentos em hospitais. São
Paulo: Revista de administração de empresas. 1993;33(6):62-73.
[13] - Coordenação de Controle de Infecção Hospitalar do Ministério Da Saúde. Guia básico
para a farmácia hospitalar. Brasília: Ministério da Saúde. 1994.
[14] - Boas Práticas de Farmácia Hospitalar, 1999, Conselho do Colégio da Especialidade
em Farmácia Hospitalar, Ordem dos Farmacêuticos.
[15] - Dispensa em Farmácia Hospitalar. INFARMED. Disponível em:
http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/MEDICAMENTOS_USO_HUMAN
O/AVALIACAO_ECONOMICA_E_COMPARTICIPACAO/MEDICAMENTOS_USO_AM
BULATORIO/MEDICAMENTOS_COMPARTICIPADOS/Dispensa_exclusiva_em_Farmaci
a_Hospitalar, consultado a 15 de janeiro de 2014.
[16] - Instituto Nacional do Medicamento, Formulário Hospitalar Nacional do Medicamento,
Ministério da Saúde 2006, 9º Edição;
[17] - Despacho nº5/95, 25 de Janeiro, consultado em www.infarmed.pt (acedido em
04/01/2014)
[18] - Despacho Conjunto nº 1051/2000, 14 de Setembro, dos Ministérios da Defesa Nacional
e da Saúde, consultado em www.infarmed.pt (acedido em 04/01/2014)
[19] - Disponível em linha em: <http://www.infarmed.pt/portal/page/portal/INFARMED/
MEDICAMENTOS_USO_HUMANO/AUTORIZACAO_DE_INTRODUCAO_NO_MERC
ADO/AUTORIZACAO_DE_UTILIZACAO_ESPECIAL>. (acedido em 04/01/2014)