Post on 27-Sep-2020
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Os senhores, que nos quizerem honrar comartigos e desenhos,terãp a bondade de remettél-ds em carta fechada, áredaccão da SEMANAILLUSTRADA, no Imperial Instituto Artis-tico, iargo de S. Francisco de Paula n. 16,onde tambem se assigna.
SÉTIMO ANNO.
N. 315.PUBLICA-SE
TODOS OS DOMINGOS.
PREÇOS.CORTE. PROVÍNCIA.
Trimestre. . 5$000Semestre . . 9$0Ó0Anno .... 16^000
Trimestre. ... '. 6SO0OSemestre .... 11§000Anno 18Ç000
Avulso 500 rs.
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Ah! que regalo ! Não se pôde passar sem banho nesta estação. Ha falta d'agua, moleque? _A agua para beber é difficil, para banhos impossivel a quem não tiver mil réis pop dia so para se lavar, ou então
commodidades, que não ha na casa do pobre.Ma? podia haver banhos publicos. Tiverão-os os Romanos, e os Árabes na Hespanha....Mas nisso nao somos nós Romanos, nem Árabes, posto que sejamos das arábias.You pedil-os á Illma. Câmara. Banhos publicos e grátis.
2514 SEMANA ILLUSTRADA.
SEMANA ILLÜSTEAM
Rio, 23 de Dezembro de 1866.
Carros e carretas.
Quem não conhece a antiga phrase portugueza — dei-xarpassar carros e carretas?
E' o que vou íazer hoje.Novidades da Semana é um titulo já tão conhecido
dos meus leitores, e exprime, ás vezes, tanta cousa velhaque resolvi atiral-as para um canto e offerecer cousa demais fino quilate áquelles, que tem, até hoje, protegidoo meu interessante jornal.
Pontos e vírgulas já tambem mostrão alguns cabelli-nhos brancos, e com medo que venhão a tornar-se deadmiração e reticências, apartei-os para outras occa-siões em que tivessem cabimento em escriptos, que peçãomais virgulação.
Assim, portanto, não se espantarão os meus leitorespor encontrarem hoje carros e carretas.
Ir pelo caminho das carretas é um annexim, acceitopor todos os clássicos, e significa—seguir o fio da gente,fazer como os mais fazem, navegar pelos rumos do povo.E o que mais faz o meu interessante e espirituosojornalzinho ?
Acharáõ, pois, muita razão no titulo que hoje dou ásrevistas da Semana. Seja elle comprehendido e aprecia-do por todos os que me procurão e a minha vaidade dejornalista ficará satisfeita.
Para cavaco, tenho dito.
Fechou-se a Exposição Nacional.Não pôde passar desapercebido o encerramento da
festa brasileira da industria e da agricultura.Lá estiverão os Imperantes e Seus Filhos, a corte e
as pessoas mais distinctas desta capital.Quando qualquer povo civilisado vê abrirem-se as
portas do Palácio de uma exposição, onde vão todos des-putar as glorias, que, por ventura, merecem os traba-
; lhos, a que se entregão, exulta de prazer, porque essecertame é de vantagem civilisadora para o adiantamen-vO &cl pcluVlâ.
Ahi está o exemplo vivo e palpitante na Exposição,que acaba de encerrar-se.
Reconhecerão todos o grande progresso em que vai oBrasil nos seus diversos ramos ; e ninguém poderá fallarnessa Exposição sem encher-se de orgulho, porque dei-
, xará ella, em todos os espirites, uma doce recordação
dessa festa nacional, que servirá de estimulo para osdescrentes, que, como S. Thomé, desejão primeiramentever realisadas as grandes idéas e verificadas as promes-sas, que fazem áquelles que encarão o engrandecimentõdo paiz como a mais bella aspiração de todos os povosmodernos.
A Exposição Nacional, como já tivemos occasião dedizer, foi digna do Império do Cruzeiro, e não é possiveldeixar de dirigir palavras de agradecimento ao Alto Pro-tector, Que a Presidio, e aos distinctos cavalheiros quetanto contribuirão para o seu brilhantismo e aformosea-mento. Um voto de admiração a todos os expositores.Um parabém de coração aos 52,000 visitantes, que pro-curarão animar esse grande torneio, em que desputavãoos bymnos da victoria, a intelligencia, o bom gosto otrabalho e a perseverança. °
'Festas destas sempre são merecedoras dos eloo-ios daminha penna. b
Não se pôde, hoje, negar que a marinha brasileiraestá se tornando imponente e magestosa, digna do res-peito dos povos estrangeiros.
O conselheiro Pinto Lima, que tão habilmente dirigioo respectivo ministério, foi o primeiro que levantou ogrito para o engrandecimentõ da nossa esquadra. O con-selheiro Silveira Lobo, e actualmente o joven e pátrio-tico ministro, seguirão a esteira luminosa, deixada naságuas brasileiras pelo distincto bahiano.
Seis novos encouraçados irão, dentro em pouco tempo,juntar-se aos outros, que sulcão as águas do Paraguay.
Deus os proteja e torne invulneráveis essas machinasde guerra.
Póde-se, agora, dizer, erguendo a cabeça com altivez:le monde marche.
Durante a semana, que hoje finda, um dos factos, quemais occupou a attenção publica, foi o encerramento daAssembléa Legislativa Provincial do Rio de Janeiro.
Até agora, não tenho querido apresentar >i minhaopinião franca e desinteressada a respeito da vereda queseguio a muito honrada salinha ; mas dizem-me que de-sejão conhecer o meu modo de pensar, e, por isso, vejo-me forçado a dizer alguma cousa para não passar porexquisito.
Eis o que penso a respeito de tudo o que se passou:Dkfmbdjv ugrt sbrzkuqac cxfndju er bfmcztikr, ok-
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SEMANA ILLUSTRADA. 2515
Ouvi tocar, hoDtem, uma linda polka do Sr. JoaquimGonçalves Flores Horta, intitulada: Capengando entraem fôrma.
E' uma bella composição, que honra o joven artista.Continue elle a mostrar talento e terá sempre os meuselogios.
A mão da fatalidade pezou, esta semana, sobre as ta.boas de um dos mais sympathicos theatros do Rio deJaneiro.
A morte — Protheu horroroso— que, para buscar asvictimas,. reveste-se dé tantos sudarios, acaba de trans-formar-se em destruidoras chammas para envolver, emseus braços de extermínio, uma pobre artista e arreba-tal-a para o mundo das sombras e da immortalidade.
Infeliz Chatenay ! Acabaste na primavera da existen-cia, quando a vida aindo te promettia tantas scenas etantos episódios para o coração de vinte e quatro annos!Mal tinhas desabroxado nas matas dos prazeres da ju-ven tu de, tombas te na haste e cahiste carbonisada pelaqueimada, que devora os mais rijos troncos seculares!Quem sabe se não estás gozando mais delicias no Em-pyrio, para onde subiste, metamorphoseada em uma coltimna de espirito, do que neste mundo torpe, e cheio deafflicções, onde te vias exposta aos juizos parciaes e pir-racentos de uma platéa caprichosa, para ganhares oalimento de tua velha mãi e de teus innocentes e tenrosfilhinhos ?!
Morreste, pobre menina, em cima do palco, no thro-no das tuas glorias, envolta nas cinzas das gazes trans-parentes da sylpbide, que imitavas na arte ! Possa o teutriste exemplo lembrar ás tuas companheiras que a arteofferece coroas de triumpho, que encobrem espinhos, queas devem fazer tremer.
Adeus, Chatenay! Descansa o martyrisado corpo noleito do cemitério, e esvoaça, ligeira e subtil, entre osespíritos, que procuraste....Se commetteste peccados em tua curta vida (e quemos não commette?), o martyrio, em que morreste, serábastante para que tua alma suba purificada e angélicaá presença do Supremo Julgador da humanidade.
Bose, elle a vecue ce que vivent les roses,L'espace d'un matin.
0 reclamo da pátria não tem encontrado surdez entreos filhos do Janeiro.
Entre as diversas províncias do Império, a briosa epatriótica província do Rio de Janeiro, o enthusiasta edistincto Município Neutro, derão e continuão a darexuberantes proyas de que sabem presar, no mais altográo. os fóros da livre e independente nação brasileira.
Quantos bravos fluminenses não têm ido, de espingar-d» em punho, regar com seu sangue as estéreis campi-
nas do Paraguay, para .livrar o solo brasileiro das ou-sadastentativas do déspota da Assumpção ?
E' justo, portanto, que esses cidadãos beneméritos re-cebão um prêmio pelos relevantes serviços que prestão ápátria.
O cofre das graças acaba de abrir-se para os fluminen-ses, e todos os que forão verdadeiros patriotas encontra-ráõ nelle uma remuneração justa e animadora.
O Imperador, Galârdoando os Seus subditos, Mostraaos outros Povos que o exemplo de patriotismo devepartir da Cúpula social.
Viva o Imperador !Vivão os bons e verdadeiros patriotas do Brasil!
Morreu, em terras da Allemanha, um dos descendeu-tes da casa Bragantina.
D. Miguel de Bourbon,o filho de reis portuguezes,ex-pitou longe da pátria e daquelles que ainda hoje lhe vo-tavão amor e dedicação.
Não me é dado, como estrangeiro, tratar dos direitosque legou a seus filhos na dymnastia do throno portu-guez.
Como brasileiro,cabe-me apenas lamentar a morte dessepríncipe desventurado, que era Tio do Chefe da nação.
Seja-lhe leve a terra estrangeira, onde encontrou des-canso.
E não morreu Napoleão.Os novelleiros da meia-noite, aproveitando a chega-
da do paquete de Liverpool, espalharão a morte do Car-los Magno deste século.
Felizmente, para todos os Povos,Luiz Napoleão aindanão foi deitar-se, nos Inválidos, ao Ldo de seu tio.
Não pensem os meus leitores, porém, que pretendealguma cousa desse Bltonaparte quem só tem o costumede admirar os grandes vultos e de assignar-se, comosempre, simples e singelamente, o
Dr. Semana.
Moxinifadas.
Houve um dia um philosopho, que escreveu as se-guintes máximas, e morreu depois. Nada mais se lheencontrou entre os papeis:
I. Quando chove, as ruas ficão molhadas.II. Quem não comer vinte e quatro horas deve ter
fome por força.III. .0 sahio, que só conhecer-a lingua pátria, não
pôde entender as línguas estrangeiras.IV. Na humanidade, ha homens e mulheres; os ho-
mem são homens e as mulheres são mulheres.
^
LA MODE.Religion á part, si Ia famille tout entière est à Ia Benoiton, que deyiendra là peopeiété?
Sou moço; deponho a seus pés muito amor, e dizem aue algum — Se continuas a gritar, Arthur, o Sr. Maia lova"*^a^ „u mod0talento. A vida é fácil para os que pouco desejão. Dou-lhe o" mea co- — E' para isso que me chamou ?1 Pois.minha senno">" "L , des.ração. de vida não é carregar crianças, é carregar fardos, (apane) v.""' _.Sou rico....dou-lhe os meus milhões.Em que peusa D. Anninhas? tes será mais pesado ....ao dono da casa?Na fôrma de addicionarosseus milhões ao coração....do outro.
s». ;va?tt ^í..^ 7-iA.-w;|BÍK Jf- 4X %-^^Br\ :Mátí$fc? Vhr ~ '• - ' ¦' *~-, iBWfifci^'?
Com bom tempoA escola de marinha.
e Com máo tempo."¦—yy-th u. ;'.,—?—;—¦ rir. "vir—fh ^r
A "
A-- •(! ?d íi I "r-:•¦:•• I -* 7- yr v . ¦;« - -.- 7V-- A v « y -¦¦¦¦¦¦ i \l ;. '-.¦: •-, ,.
7' ,=:a-Va-ã^-:';Í1 v* li l UA-' í I J | j- /:¦¦'¦ Vi- 1
^^ -'- ¦* -' *' :",**-íí«^Wjfl!fí<l{.ll lLUMkMaant^.*A ~~l-*taBBj^^^^A '^SI^mJÉBBBBB»SÍ5^C '¦¦ 'SBBí^ ""*¦*
O commendador Mathias Roxo e seus filhos Augusto e Frederico, fazem de seus escravos cidadãos edos cidadãos soldados. . ,r\ , < f\O coração do Imperador e a voz da pátria, os apontão como exemplo a seguir. \J v; -yyy •
2518 SEMANA ILLUSTRADA.
V. Quem dá corda no seu relógio é porque deseja vel-otrabalhando.
VI. A lagrima brota dos olhos como a saliva doslábios.
Depois de bons cincoenta annosVer o demo Jonio quer,Olha pva porta do quarto,E app ce-lhe a mulher.
Conversavão dous médicos a respeito de um doenteem estado grave e melindroso.
Creio, collega, que perco o meu doente Vieira;soffre de mal, que não tem cura.
E' triste, porque, nesse caso, perdes essa freguezia-
Annuncio encontrado em um jornal desta corte :" Aluga-se um lindo pardo de 22 annos, robusto e de
bella presença, próprio para ser mandado como substi-tuto para o exercito. Dirijão-se em carta fechada a estatypographia, com as iniciaes Y. Z. "
Cada qual procurava mostrar mais espirito e fazermaior numero de trocadilhos.
Infelizmente o Visconde do Trocadilho não se achavapresente.
Passou um grupo de moças a Benoiton.Sabes o motivo porque todos os cabellos das nos-
sas rigoristas se achão doentes ?Não.Nem eu, e, no entanto, andão de rede pelas ruas.
A resposta foi uma apupada.
Myosotis.
LENDA
EM UMA LAPIDA.
Aqui jaz um bom esposo,Que me deu muita pancada,P'ra não mais erguer o braçoSeja-lhe a terra pesada.
Perguntarão, um dia, a Luiz de Camões se encontrouoitavas difticeis de escrever, apezar do seu grande estropoético.— Encontrei, as de ouro, que nunca pude rithmal-asna minha algibeira.
ADVINHAÇAO.
Domingo, forão á missaDuas mais e duas filhas,Formando só tres pessoas,Cobertas com tres mantilhas.
Quem são essas tres pessoas ?
Dous amigos n'uma esquina:Vês aquella bonita mulher naquelle sobrado ?Vejo.E eu tambem.
Era uma roda de espirituosos na rua do Ouvidor.
Estava eu em Nova Friburgo.Era uma dessas tardes doces e suaves do mez de Maio.Uma brisa, fagueira e suave, soprava, brandamente, e
mal balançava as empallidecidas folhas dos arvoredos,Tinhão de cahir, dentro em pouco, açoutadas pelos ven-tos frios do inverno, que se approximava.
O sol escondera a face de fogo por entre as cinco mon-tanhas, que ornâo, por um lado, a pitoresca villa deFriburgo.
O crepúsculo ainda não havia desdobrado o seu man-to de trevas, mas conhecia-se, pelo silencio da natureza,que se avisinhava a noute.
Uma estrella, guarda avançada de todas as constella-ções, que adiamantão o nosso firmamento, começava adardejar argentinos raios na azulada abobada, que nosservia de docel.
Quanto é magestoso contemplar uma tarde, ao des-cambar, se estamos solitários e propensos á melancolia!
Quantas idéas não se nos cbocâo no cérebro, quantasrecordações saudosas não nos arrebatão oespirito paraum mundo de chimeras e de phantasias !
E ha quem se ria e zombe quando o campanário soa,ao longe, marcando o cahir do dia e o surgir da noute!
Ave-Maria ! E' a saudação de todos os corações, op-primidos pela dor, pela saudade, pela descrença ou peloinfortúnio.
Mas eu não estava só.Sentado em cima de uma pedra, com os braços apoia-
dos nos joelhos e a cabeça cahida nas mãos, pensava epensava, tristemente, diante do quadro angélico, que ti-nha diante dos olhos.
O que tinha eu ido fazer a Friburgo?Nem sei. Buscar saúde talvez, ou procurar uma dis-
tracção para as afflcções, que me confrangtão o coração.Mas eu ahi estava sentado, diante de uma cobre me-
nina de quinze annos, que principiava a respirar a ju-ventude nas bordas do sepulchro.
Coitada!Chamava-se Julia.Pallida, de cabellos negros e espadanados sobre as es-
J
SEMANA ILLUSTRADA.
V
2519
paduas, estava reclinada em uma poltrona, donde a| custo tentaria levantar-se.
De olhos fechados, sorria-se esse anjo como quem se, embriaga com um sonho que lhe amortece o cérebro.1 Estava phtysica.
Infeliz menina, que começava a syllabar a primeira; pagina da vida! A sorte arrancava-lhe o livro das mãos| e nas outras paginas em branco escrevia a sua sentençaj de morte!j Ninguém sabia qual a duração daquella existência.
E, no entanto, se outro fosse o seu destino, poderiagozar tantas venturas na vida....
Eu não ousava perturbar aquelle doce colloquio, quese passava entre esse anjo, que desdobrava as azas paraesvoaçar, e essas recordações, que se desfazião em sor-risos.
Erão os sorrisos dos moribundos.Parece que os que se dirigem para o céo participão.
com antecedência, na terra, dessa luz divina, que illumi-na os escolhidos por Deus.
Julia, conhecia-a eu desde os seus mais tenros annos.Quantas e quantas vezes essa creança não adormeceu
nos meus braços, emquanto eu lhe contava alguma len-da, que aprendera tambem creança!
Estimava-me como se estima a um irmão mais velho,adorava-a eu como se adora uma creança, que poderiaser nossa filha.
Daria a minha vida para ver aquelle pallido arbustovicejar e esgalhar os rebentões, que murchavão.
Fatalidade! Tinha de morrer.Não ousava despertal-a, mas contemplava aquelle
semblante, que o véo da morte tornava opaco e desfigu-rado.
Ninguém tambem ousava vir despertar-nos.Schismavamos ambos. Eu por ella e ella quem
sabe ?De repente, um cavallo, a todo o galope, parou á por-ta do jardim.üm cavalleiro apeiara-se e corria para nós.Ella abrio os olhos.Dir- se-hia que uma sceutelha de existência galvani-
sara aquelle corpo, que jazia prostrado pelo soffrimento.Levantou-se e cahio nos braços do mancebo.
Eduardo!Julia !
Amavâo-se e amavão-se muito.Não é possivel dizer o tempo que durou esse abraço
longo e. muito longo; porém bem curto-para sabe o queé amor.Vieste ver-me afinal! Já era tempo, só esperava
por ti. Não podes avaliar como tenho soffrido; mas nãoas dores da enfermidade, as dores da ausência, as doresdo coração. Chegaste ainda a tempo. Tremia todas asvezes que me lembrava que podias vir muito tarde. MasDeus não qniz, sou feliz, posso ir vêl-o, radiante dealegria, porque já te vi.
Oh ! Julia, para que dizes tantas loucuras ? Tens
ainda muita vida, has de viver muito tempo só paramim, sóNas tuas recordações, não ? Obrigada. Mas escu-
ta: a morte vai-me apertando nos seus braços geladose pardacentos. Sinto o frio do sepulchro porém aindanão no coração. Chegaste a tempo! Bem dito seja Deus...
Julia, o que tens ? Vacillas ? ....Não, é o prazer de ver-te.
Uma golfada de sangue disprendera-se-lhe dos lábiose desenrolara-se no regaço do roupão.
Dir-se-hia um fio de coraes, que rebentava.Não te assustes; já estou acostumada a este mur-
char de esperanças E' o sangue que me foge dasveias, é a vida que se esvae com elle. Amanhã .... Masnãò, quero ainda dar-te uma prova de amor; dá-me obraço, e vem commigo.
E lá se afastarão elles.Fiquei immovel no logar em que assistira a toda essa
scena de amor.i E são tão poucas !
Passados alguns instantes, uma voz sonora e repas-sada de uma ternura como nunca ouvira, cantava o ro-mance melancólico da Martha.
D'onde vinha essa voz ? Da terra? Do céo?Nem eu podia conhecel-a.A lua começava a despontar no horisonte.De repente, ouvi um grito agudo e suffocado.Levantei-me e corri.Julia estava morta nos braços de Eduardo, que so-
luçava, de joelhos.
Levarao-a para o cemitério e eu plantei-lhe uma cruzsobre a sepultura.
Era a expressão da saudade que sentia.
Quando voltei a Friburgo, o ineu primeiro cuidadofoi visitar a única mulher, que amara, santamente, nes-te mundo.
Era noute.Entrei no cemitério e procurei-lhe o jazigo.A ci uz lá estava e ao pé delia um pequenino arbusto
com uma flor,.que se dobrava á brisa.Era uma myosotis.Quiz colhel-a para guardal-a no coração, mas ouvi
uma voz sonora e repassada de ternura como só tinhaouvido uma vez, antes da morte de Julia, repetir—Eduardo.
A alma angélica da infeliz menina se transformaranessa flor mimosa das nossas campinas.
Nunca murchou essa flor; lá existe ainda hoje e nin-guem se anima a colhel-a.
Av.
lens Typ. do Imp. Inst. Artístico — Largo de S. Francisco n. 16.
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Os beneméritos construetores Level e Bbaoonnot offerecem os planos de seis novos encouraçacos
uo Sr. ministro da Marinha, que por seu turno os offerece á pátria. Honra aos tres distinetos brasileiros