20140107 | Programa de Sala RAFAEL KYRYCHENKO

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07 JAN | 2014 RAFAEL KYRYCHENKO PIANO 21:00 SALA SUGGIA MECENAS CICLO PIANO MECENAS PRINCIPAL CASA DA MÚSICA MECENAS CASA DA MÚSICA APOIO INSTITUCIONAL MECENAS PROGRAMAS DE SALA 1ª Parte Domenico Scarlatti Sonata em Si menor, K.87 [séc. XVIII; c.5min.] Ludwig van Beethoven Sonata em Fá menor op.57, “Appassionata” [1804/05; c.25min.] 1. Allegro assai 2. Andante con moto 3. Allegro ma non troppo 2ª Parte Johannes Brahms Duas rapsódias op.79 [1879; c.15min.] 1. Primeira rapsódia em Si menor: Agitato 2. Segunda rapsódia em Sol menor: Molto passionato, ma non troppo allegro Sergei Rachmaninoff Variações sobre um tema de Corelli, op.42 [1931; c.18min.] Tema: Andante Variação 1. Poco piu mosso Variação 2. L’istesso tempo Variação 3. Tempo di Minuetto Variação 4. Andante Variação 5. Allegro (ma non tanto) Variação 6. L’istesso tempo Variação 7. Vivace Variação 8. Adagio misterioso Variação 9. Un poco piu mosso Variação 10. Allegro scherzando Variação 11. Allegro vivace Variação 12. L’istesso tempo Variação 13. Agitato Intermezzo Variação 14. Andante (come prima) Variação 15. L’istesso tempo Variação 16. Allegro vivace Variação 17. Meno mosso Variação 18. Allegro con brio Variação 19. Piu mosso. Agitato Variação 20. Piu mosso Coda: Andante ciclo piano edp Notas ao programa disponíveis em www.casadamusica.com, na página do concerto ou no separador downloads. Na Fila I nº 5 foi colocada uma obra de João Ferro Martins (Mike, 2014) que integra a exposição do Prémio Novos Artistas da Fundação EDP. Nos espaços da Casa da Música, e no âmbito da colaboração com a Fundação EDP, mostram‑se outras duas obras: do mesmo artista, Composição Conjugal‑Codae, de João Mouro, Ricas Vidas. Os restantes artistas e obras estão patentes a público na Galeria da Fundação EDP (de 3ª a dom., das 13h às 18h até 23 de Março).

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Rafael Kyrychenko piano1ª ParteDomenico Scarlatti Sonata em Si menor, L.33, K.87Ludwig Van Beethoven Sonata para piano nº 23, em Fá menor, op.57, “Appassionata” 2ª ParteJohannes Brahms Duas rapsódias op.79Sergei Rachmaninoff Variações sobre um tema de Corelli, op.42 Com apenas 17 anos de idade, Rafael Kyrychenko é um dos mais premiados pianistas portugueses em concursos nacionais e internacionais. Venceu o seu primeiro certame em Palma de Maiorca, aos 8 anos, altura em que tocou pela primeira vez com orquestra. Na sua estreia na Casa da Música, apresenta grandes obras do repertório pianístico dando a conhecer o lado mais poético e romântico de Scarlatti, grande compositor de tecla do Barroco, e regressando a este universo com as sonoridades sinfónicas com que Rachmaninoff revisita um tema de Corelli.

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  • 07 JAN | 2014

    Rafael KyRychenKo piano21:00 SALA SUGGIA

    mecenas cIcLO PIanO mecenas PRIncIPaLcasa Da msIca

    mecenas casa Da msIca aPOIO InsTITUcIOnaLmecenas PROGRamas De saLa

    1 Parte

    Domenico ScarlattiSonata em Si menor, K.87 [sc.XVIII;c.5min.]

    Ludwig van Beethoven Sonata em F menor op.57, Appassionata [1804/05;c.25min.]1. Allegro assai 2. Andante con moto 3. Allegro ma non troppo

    2 Parte

    Johannes BrahmsDuas rapsdias op.79 [1879;c.15min.]1. Primeira rapsdia em Si menor: Agitato 2. Segunda rapsdia em Sol menor: Molto passionato, ma non troppo allegro

    Sergei RachmaninoffVariaes sobre um tema de Corelli, op.42 [1931;c.18min.]

    Tema: AndanteVariao 1. Poco piu mossoVariao 2. Listesso tempoVariao 3. Tempo di MinuettoVariao 4. AndanteVariao 5. Allegro (ma non tanto)Variao 6. Listesso tempoVariao 7. VivaceVariao 8. Adagio misteriosoVariao 9. Un poco piu mossoVariao 10. Allegro scherzandoVariao 11. Allegro vivaceVariao 12. Listesso tempoVariao 13. AgitatoIntermezzoVariao 14. Andante (come prima)Variao 15. Listesso tempoVariao 16. Allegro vivaceVariao 17. Meno mossoVariao 18. Allegro con brioVariao 19. Piu mosso. AgitatoVariao 20. Piu mossoCoda: Andante

    ciclopianoedp

    Notas ao programa disponveis em www.casadamusica.com, na pgina do concerto ou no separador downloads.

    Na Fila I n 5 foi colocada uma obra de Joo Ferro Martins (Mike, 2014) que integra a exposio do Prmio Novos Artistas da Fundao EDP. Nos espaos da Casa da Msica, e no mbito da colaborao com a Fundao EDP, mostram se outras duas obras: do mesmo artista, Composio Conjugal Codae, de Joo Mouro, Ricas Vidas. Os restantes artistas e obras esto patentes a pblico na Galeria da Fundao EDP (de 3 a dom., das 13h s 18h at 23 de Maro).

  • a casa Da msIca memBRO De

    Rafael Kyrychenko piano

    Rafael Kyrychenko nasceu em 1996 na ilha de So Miguel, Aores. aluno finalista do Curso Profissional de Instrumentista no Conservatrio Escola Profissional das Artes da Madeira.Comeou a tocar piano aos 5 anos de idade com a sua

    actual professora Cristina Pliousnina, e 6 meses depois ganhou o 2 Prmio no III Concurso Infantil do CEPAM. Obteve 1os Prmios nas quatro edies seguintes do mesmo concurso, e igualmente no VIII Concurso Internacional Aleksandr Skriabin em Paris (2007) e no IV Concurso Internacional Vila de Capdepera (Palma de Maiorca, 2005). Foi galardoado com 2os Prmios no VI e VIII Concurso Internacional Cidade do Fundo (2005 e 2007), V Concurso Internacional Vila de Capdepera (2006), 13 Concurso Internacional de Piano Evangelia Tjiarri em Larnaca (Chipre, 2008), 3 Concurso Internacional de Piano Allegro Vivo (San Marino, 2008), Bradshaw & Buono International Piano Competition em Nova Iorque (2009) e Concurso Internacional de Piano Frdric Chopin (Narva, Estnia, 2010). Como premiado deste concurso participou em concertos na Sala de Congressos Geneva em Narva e Concert Hall Estnia em Tallinn. Em Maio de 2013 participou no I Concurso Internacional de Jovens Talentos com a Orquestra Citt di Barlassina, em Itlia, vencendo o 3 pr

    mio na categoria de concerto clssico e o 1 prmio na categoria de concerto romntico.Participou em masterclasses orientadas por Grigoriy

    Zhislin, Artur Pizarro, Martino Tirimo, Philippe Entremont, Rosella Clini, Nelson Delle Vigne Fabbri, Marina Scalafiotti, Constantin Sandu, Dmitry Bashkirov e Michel Beroff. No mbito do Curso Superior de Aperfeioamento The Paris International Summer Sessions em Paris, teve oportunidade de tocar na prestigiada Sala Cortot e no Palcio de Fountebleau.Entre as suas apresentaes nos ltimos anos destacam

    se um concerto no Festival de Anghiari em 2013, um recital a solo no Teatro Municipal Baltazar Dias em 2012, a convite da Associao dos Amigos do Conservatrio da Madeira, e a interpretao do 1 andamento do Concerto n 2 de Rachmaninoff com a Orquestra Clssica da Madeira dirigida por Rui Massena, em 2011, no mbito das comemoraes do Dia da Regio Autnoma da Madeira. Com a mesma orquestra, na Sala de Congressos do Casino da Madeira, tocou o Concerto em L menor op.16 de Grieg (2008) e o 1 andamento do Concerto n 23 em L maior de Mozart (2006). Em Dezembro de 2002 participou no Festival Mozart Haydn promovido pela Orquestra Clssica da Madeira.

  • 3Domenico Scarlatti

    npoles,26deoutubrode1685

    madrid,23dejulhode1757

    Sonata em Si menor, L.33, K.87

    Nascido no mesmo ano que Johann Sebastian Bach e Georg Friedrich Hndel, numa ilustre famlia de msicos, Domenico Scarlatti distinguiu se como compositor e mestre de capela em Roma, Lisboa e Madrid. Foi autor, entre outras obras, de 555 sonatas (foram quantas nos chegaram), ou Essercizi, para tecla, tendo contribudo de forma determinante para o gnero.Filho do clebre Alessandro Scarlatti (1660 1725), a ac

    tividade inicial de Domenico espalha se por vrias cidades italianas, nomeadamente Veneza e Roma, cidade onde contacta com o embaixador de Portugal junto do Papa Clemente XI, o Marqus de Fontes, que o recomenda corte. A 29 de Novembro de 1719, Scarlatti chega a Lisboa para ocupar o cargo de mestre da Capela Real, para o qual foi nomeado por D. Joo V. Em Lisboa, foi tambm professor da infanta Maria Brbara. Quando esta se casou com o prncipe e futuro rei Fernando VI de Espanha, Scarlatti seguiu a para o pas vizinho, onde viveu o resto da vida.Em 1738 surgia, em Londres, a nica publicao de um

    conjunto de sonatas do compositor em vida, formada por 30 Essercizi dedicados a D. Joo V e cuja disseminao muito contribuiu para a fama de Scarlatti a nvel europeu. A esmagadora maioria das outras sonatas encontram se numa srie de 15 volumes manuscritos (mas no autgrafos, j que nenhum sobreviveu), geralmente conhecidos como os manuscritos de Veneza. Outros 15 volumes, em grande parte idnticos, esto conservados em Parma.A estrutura das sonatas de Scarlatti pouca semelhan

    a tem com a forma fixada posteriormente e caracterstica da sonata clssica (em trs e, depois, quatro andamentos). De facto, a estrutura de todas as sonatas de Scarlatti bipartida (AB), cada seco sendo repetida uma vez. No obstante este enquadramento estrutural rigoroso, a fantasia e inventividade musical do contedo de cada obra de uma riqueza surpreendente a todos os nveis: temtico, harmnico e rtmico. H tambm que referir, aqui, a explcita dimenso pedaggica destes Essercizi, imagem, por exemplo, dos quatro volumes que constituem o Clavierbung de J. S. Bach.A Sonata em Si menor, K.87 foi provavelmente escrita

    ainda antes de Scarlatti se mudar para Portugal. Obra a quatro vozes, trata se, possivelmente, de uma transcrio ou de um arranjo de um moteto polifnico. Assim como sucede em muitas outras sonatas, a primeira parte leva a msica da tonalidade inicial dominante e a segunda tr la de volta tnica. Neste caso, o material temtico da segunda parte similar ao da primeira, sendo esta, assim, na designao de Ralph Kirkpatrick, uma sonata fechada. O ambiente geral melanclico e sereno, sem no entanto ser trgico.

    Ludwig van Beethoven

    bona,16(ou17)dedezembrode1770

    viena,26demarode1827

    Sonata para piano, em F menor, op.57, Appassionata

    A Sonata em F menor, op.57, dita Appassionata, foi escrita entre 1804 e 1805 e publicada dois anos depois. uma das sonatas mais populares de Beethoven e consta que era tambm uma das preferidas do compositor.Difcil imaginar um incio mais enigmtico. Uma fra

    se hesitante que, aos solavancos, desce um degrau, para depois subir dois: o arpejo do acorde de F menor com as duas mos em unssono e em pianissimo, seguido de um trilo e de um acorde na dominante. A mesma frase repetida, logo aps um curto silncio, meio tom acima. Depois de se ouvir o final da frase uma outra vez (a ideia de obsesso no estranha aqui), surge um murmrio ameaador no registo grave: quatro notas, trs r bemis e um d, que se ouviro, de uma forma ou de outra, ao longo do andamento e que ecoam a famosssima clula rtmica que d inicio Sinfonia n 5, cuja composio havia sido iniciada na mesma altura (1804). Embora estejamos j em pleno Allegro assai, a inerente sensao de mpeto e energia surge apenas alguns compassos depois. E que mpeto! Se verdade que o ttulo de Appassionata no de Beethoven e s surgiu em 1838 num arranjo da obra para piano a quatro mos, no menos verdade que lhe assenta na perfeio. Os contrastes deste incio, o ambiente sombrio e trgico da msica, as repentinas alteraes de dinmica, os trilos, a repetio de notas, os acordes insistentes, a sucesso vertiginosa de semicolcheias, ou as quilteras (e a sua inerente instabilidade e sensao de urgncia) contribuem para a extrema tenso dramtica deste primeiro andamento. O segundo tema (que surgiu a Beethoven depois de muita procura, como demonstram os inmeros esquios), em L bemol maior e feito de arpejos, traz alguma acalmia, mas nunca chega a ganhar espao. Pelo contrrio, desmorona se, o maior passa a menor, e a intensidade volta carga. O desenvolvimento (note se que a exposio no repetida, o que j de si excepcional) traz harmonias novas, mantendo sempre a urgncia impetuosa. De realar, tambm, o motivo ameaador de quatro notas que surge por diversas vezes. Para concluir, volta a ouvir se o arpejo inicial, como se de o fecho de um ciclo se tratasse.O Andante con moto intermdio traz de volta a paz e o

    lirismo. um osis emocional entre tempestades, nas palavras de Lewis Lockwood, com os seus acordes solenes e as variaes que levam a msica do registo grave para o agudo.A respirao , todavia, curta e o andamento final, Alle

    gro ma non troppo, consegue transportar a energia do primeiro para um nvel ainda mais elevado. A insistncia obsessiva no acorde, instvel, de stima diminuda (repetido 13 vezes) no incio abre o caminho a uma msica vertiginosa, ofegante ( justificando plenamente o ttulo da sonata). No h espao, aqui, para uma qualquer respirao, tudo trgico e fulgurante at ao fim. A Appas

  • 4sionata, como escreveu Andr Tubeuf, seria suficiente para nos dizer tudo sobre um Beethoven de 36 anos. A turbulncia prometeana. E o controle, hercleo, sobre essa turbulncia.

    Johannes Brahms

    hamburgo,7demaiode1833

    viena,3deabrilde1897

    Duas Rapsdias, op.79

    A obra para piano de Brahms pode ser dividida em trs grandes reas: as sonatas da juventude, em que o esprito de Beethoven se entrev a cada canto; as variaes, tendo Bach como modelo supremo; e os vrios conjuntos de Klavierstcke, escritos entre 1878 (op.76) e 1893 (opp.118 e 119), provavelmente o Brahms mais pessoal e verdadeiro, j nos ltimos anos de vida. verdade que o estilo de Brahms, como escreve Denis Matthews, mudaria pouco durante toda uma vida. Iria atravessar refinamentos subtis de tcnica, textura e harmonia. Mas o vocabulrio manterse ia. , no entanto, inegvel que a linguagem musical do compositor ao piano se foi depurando, tornando mais transparente; as peas mais curtas, mais ntimas.As duas Rapsdias, op.79, so um preldio a essa l

    tima fase. De certo modo, esto num perodo de transio. Depois da melancolia dos oito Capriccio e Intermezzi que compem o magnfico op.76, as rapsdias trazem de volta algum mpeto mais caracterstico das obras de juventude. Escritas no Vero de 1879, estreadas pelo compositor no dia 20 de Janeiro de 1880 e publicadas nesse mesmo ano, so obras ambiciosas que tanto revelam o Brahms lrico e inventivo, como o Brahms mais clssico, fiel forma, de certo modo mais rgido. Sendo rapsdias, por definio peas de estrutura mais livre e, at, com algo de imprevisvel, curioso que ambas sejam baseadas em estruturas rigorosas: a primeira em rond e a segunda em forma sonata.Marcada Agitato e na tonalidade de Si menor, a primei

    ra rapsdia comea de forma turbulenta e solene. Um segundo tema lrico e melanclico surge depois, mas rapidamente engolido pelos acordes e escalas cada vez mais prementes da msica inicial. Mais tarde, num magistral momento de acalmia, o tema melanclico volta de novo com espao para se desenvolver, trazendo com ele laivos de luminosidade revigorantes. Depois de retomada a primeira parte, a pea acaba com o lirismo do tema intermdio, embora com um registo grave sombrio e inquietante.A segunda rapsdia, Molto passionato, ma non troppo

    allegro em Sol menor, comea de forma majestosa e lrica. Brahms baseia toda a fluidez do discurso musical na figura rtmica da tercina (utilizao de trs notas no espao normalmente ocupado por duas), criando assim uma certa sensao de instabilidade e de obsesso. Tudo aqui mais sombrio do que na pea anterior, mesmo se o andamento geral chega a fazer lembrar uma balada (como refere Guy Sacre). Este ambiente levado a extremos quase trgicos na seco mais calma da pea: um lamento

    que se vai transformando num murmrio introspectivo e tenebroso. No h espao, aqui, para a luz.

    Sergei Rachmaninoff

    semyonovo,1deabrilde1873

    beverlyhills,28demarode1943

    Variaes sobre um tema de Corelli, op.42

    Tendo sido um dos maiores e mais respeitados pianistas de sempre, com uma carreira fulgurante, no admira que a faceta de compositor de Sergei Rachmaninoff tenha o piano como centro gravitacional. H tambm, claro, obras sinfnicas, outras corais, uma dzia de peras (geralmente pouco conhecidas) e um punhado de peas de msica de cmara, algumas magistrais, mas foi o piano que mais mereceu a ateno de Rachmaninoff.Muitas vezes criticada por ser antiquada, demasiado

    sculo XIX, sobretudo quando comparada com a dos seus contemporneos Scriabin, Bartk, Schnberg ou Stravinski, a msica de Rachmaninoff nunca teve a ambio da modernidade e inscreve se na rica tradio psromntica. Tal no impediu, ou provavelmente at ajudou a que fosse celebrada pelo pblico.As Variaes sobre um tema de Corelli so, na realida

    de, baseadas no antigo e famoso tema da Folia, que Arcangelo Corelli (1653 1713) utilizou, mas que tambm inspirou largas dezenas de outros compositores. Escritas em 1931, foram estreadas no dia 12 de Outubro desse mesmo ano, em Montral, pelo prprio compositor e dedicadas a Fritz Kreisler. Se exceptuarmos um trio de parfrases, esta foi a ltima obra para piano solo escrita por Rachmaninoff.Depois do tema ser exposto de forma depurada, num

    arranjo a quatro vozes tipo coral, a 1 variao evoca a sua origem de dana; a 2 destaca se pelos cromatismos; a terceira pelo Tempo di Minuetto; a 4, mais melanclica, marcada por inmeras appoggiaturas que lhe conferem um certo mistrio; as 5, 6 e 7 variaes so mais impetuosas, com o andamento a ser marcado primeiro pelas tercinas e, depois, pela rpida sucesso de semicolcheias; na 8, o tema avana aos tropees (com certo humor, diga se), dando uma sensao algo inquietante; esse sentimento adensa se na misteriosa e sombria 9 variao, com a sua procisso de acordes fnebres; a 10 e a 11 so irrequietas; a 12 e a 13 variaes trazem de volta a dana, embora pesada e tosca. Segue se um intermezzo em jeito de cadenza improvisada, seguido da luminosidade da 14 variao em que o tema volta a ser enunciado de forma depurada, num misto de esperana e resignao; a 15 sonhadora; a 16 e a 17 mais agitadas; e as trs ltimas variaes vo elevando os nimos at uma violenta sucesso de oitavas no registo grave. Em vez de terminar em estrondo, Rachmaninoff traz de volta a serenidade, embora misteriosa, e evoca o tema uma ltima vez no meio de uma neblina vaporosa.

    franciscosassetti(2014)