Altamente n.º 2

8
O que é a coragem? Chorar é sinal de fraqueza? O que significa ser corajoso? pág.3 ALTA ... MENTE Consulte o site de Filosofia em www.altamente.org e o blogue dedicado a Abel Salazar em www.alta _ mente.blogs.sapo.pt N.º 2 0.80 mentes Abril de 2011 Revista de Filosofia, poesia e coisas afins... 1/2 sophia Escola Secundária Abel Salazar Revista de Filosofia, poesia e coisas afins... 1/2 sophia Escola Secundária Abel Salazar Vida e obra de Abel Salazar O médico, o cientista e o artista pág. 4 LÓGICA? veja para que serve e qual a sua importância pág. 6 É corajoso? O que é a Eutanásia? Concorda com a existência de trabalho infantil? pág.2

description

revista de divulgação de trabalhos de Filosofia

Transcript of Altamente n.º 2

Page 1: Altamente n.º 2

O que é a coragem?

Chorar é sinal de fraqueza?

O que significa ser corajoso?

pág.3

ALTA . . . MENTE

Consulte o site de Filosofia em www.altamente.org e o blogue dedicado a Abel Salazar

em www.alta_mente.blogs.sapo.pt N.º 2

0.80 mentes Abril de 2011 Rev

ista

de

Filo

sofi

a, p

oes

ia e

co

isas

afi

ns.

..

1/2

so

ph

ia

Esc

ola

Sec

un

dár

ia A

bel

Sal

azar

Rev

ista

de

Filo

sofi

a, p

oes

ia e

co

isas

afi

ns.

..

1/2

so

ph

ia

Esc

ola

Sec

un

dár

ia A

bel

Sal

azar

Vida e obra de Abel Salazar

O médico, o cientista e o artista

pág. 4

LÓGICA?veja para que serve e qual asua importância

pág. 6

É corajoso?

O que é a Eutanásia?

Concorda com a existência de

trabalho infantil?

pág.2

Page 2: Altamente n.º 2

Alta....mente

Eutanásia.....................................................................2

Trabalho infantil........................................................2

Coragem? ...................................................................3

Abel Salazar morreu há 50 anos .............................4

Abel Salazar ...............................................................5

Matrix e a filosofia de Descartes ............................6

A importância da Lógica .........................................6

Histórias de vida e arrumadores ............................7

Dia internacional da Filosofia ................................8

Colaboradores desta edição:

Beatriz Costa, Cátia Neves, Diogo Caldeira, Fran-

cisca Marques,João Soares, Joana Cunha, Joana

Matos, Márcia Cavaleiro, Maria João Ferreira,

Nelson Santos, Sara Dias e Tatiana Cardoso,

Tiago Ribeiro, além dos alunos do 11º B.

Coordenação: Maria Luísa Valente

EUTANÁSIA

O termo Eutanásia refere-se à prática de dar um fim auma vida de modo a aliviar a dor e o sofrimento. De acordocom a House of Lords Select Committee sobre Ética Médica, adefinição precisa de eutanásia é:”intervenção deliberada feitacom a intenção expressa de acabar com uma vida, para aliviaro sofrimento intratável”.

A eutanásia é classificada de diferentes maneiras,pode ser: voluntária, não-voluntária ou involuntária, e ainda,activa ou passiva. O termo eutanásia é normalmente usadopara se referir à eutanásia activa, neste sentido, a eutanásia égeralmente considerada homicídio culposo, mas a eutanásiavoluntária passiva é vista como não-criminal.

A polémica acerca da eutanásia está envolta emdúvidas, no entanto, a eutanásia voluntária é caracterizada

como “suicídio”. A caracterização do tipo de eutanásia de-pende de alguns factores como o facto de se considerar “fácil”e “indolor” ou “feliz”.

O termo eutanásia parece ter sido usado pela 1ª vezpelo historiador Suetónio, que descreveu a morte do im-perador Augusto como “rápida e sem sofrimento nos braçosda sua mulher, Lívia”, e experimentou, por isso, a “eutanásia”.Mais tarde, Francis Bacon, no séc.XVII, terá usado o termonum contexto médico, para se referir a uma morte fácil, feliz esem dor, durante a qual foi “responsabilidade do médicoaliviar o “sofrimento físico” do corpo.

A morte medicamente assistida sem o consentimentoda pessoa, não é considerada eutanásia.

João Soares, 12º CE.M.R.C

TRABALHO INFANTIL

“As crianças que são forçadas a trabalhar são

despojadas da sua própria infância”

Anónimo

O trabalho infantil, segundo aUNICEF, é toda a forma de trabalho abaixodos 12 anos de idade, em quaisquer activi-dades económicas. Neste sentido, é consi-derado trabalho infantil, todo o que seja realizado por crianças entre os 12 e os 14anos, ainda que seja leve, e todo o tipo detrabalho abaixo dos 18 anos, enquadradopela OIT, nas “piores formas de trabalho in-fantil”.

Este é um problema que afecta asociedade actual e, por mais esforços que osgovernantes e as associações mundiaisfaçam para diminuir este flagelo, ele estálonge de ser colmatado.

Esta prática sempre existiu aolongo da história, tanto em países como o

Reino Unido, como noutros menos desen-volvidos situados, sobretudo, em África. Arazão é sempre a mesma: a pobreza. Asfamílias são obrigadas a travar uma lutadiária pela sobrevivência, contra governosque não dão prioridade à saúde, à edu-cação, nem às camadas sociais mais baixas.

Actualmente, uma das grandespreocupações das associações protectorasdas crianças, como a UNICEF, são ospaíses africanos, onde os pais vendem osseus filhos aos pescadores a troco de algumdinheiro que, muitas vezes, não chega aos30 euros. Um destes países é o Gana, ondea venda de crianças é uma prática habitual.

É vergonhoso que o governo, de-vido ao “desconhecimento dos factos”, nãofaça nada para acabar com este crime hor-rendo, uma vez que estas crianças traba-lham durante anos na pesca e, nesse tempo,são alimentadas com, apenas, uma refeiçãopor dia, não vão ao médico, nem vão à es-

cola e não têm cuidados de higiene.No nosso ponto de vista, além das

medidas que já foram tomadas para com-bater este problema, os governantes dospaíses desenvolvidos deviam estar maisatentos ao que se passa nos países subdesen-volvidos, de modo a ajudarem estas cri-anças, a quem a infância é retirada.Achamos inacreditável que, em plenoséculo XXI, ainda se vendam pessoas, poiscada uma tem um valor intrínseco que nãopode ser comprado.

Acreditamos que, um dia, as or-ganizações mundiais protectoras das cri-anças, irão pôr fim ao trabalho infantil mas,para isso, é necessário que haja mais pes-soas preocupadas com este problema e queestejam dispostas a ajudar.

Joana Cunha e Maria João Ferreira,10º B

E.M.R.C.2

Page 3: Altamente n.º 2

3

Para mim, a coragem, é um espírito que

“nos empurra”, tanto para o “abismo” como para o

“topo da montanha” dos actos. É, várias vezes, a nossa

consciência a “dar-nos um pontapé” e que nos diz para

abrir uma determinada “porta” e entrarmos nela, tal

como “um tiro no escuro”, porque no momento da

acção, não sabemos como é que a coragem que temos

(ou não) vai, ou não, contribuir para a realização de

um acto humano, para o qual, se calhar, não estamos

preparados.

Acho que diria que ter coragem não é apenas

dizer que conseguimos pegar ou tocar em algo de que

temos muito medo, ou que é muito asqueroso para nós,

tal como acontece com uma rapariga que tem medo de

segurar ou de tocar numa aranha peluda e nojenta e

que, ao fazê-lo, mostra aquela cara que nós todos co-

nhecemos. Ter coragem é algo espontâneo, se acredi-

tarmos em nós mesmos, se acreditarmos que con-

seguimos fazer até o impossível e não é, afinal, uma

qualidade que dizemos ter, e que nada tem a ver com

a nossa melhor, ou pior, “aparência” física/psicológica.

Diogo Caldeira, 10ºD

C o r ag e mvem do latim cor quesignifica coração,porque a coragem temmais a ver com ocoração do que com arazão.

A coragem é uma força da alma, é um poder de acção física

e moral, uma causa agente que produz um efeito, é o mesmo que a

bravura e a firmeza, o seu contrário é a cobardia, ou seja, a fraqueza.A coragem é a justa medida acerca dos sentimentos de medo

e de confiança. O medo é a expectativa de algo de mau que está para

acontecer ou que pode acontecer, embora todas as pessoas tenham re-

ceio das coisas más como, por exemplo, a pobreza e a doença, a cor-

agem não está relacionada com esse tipo de coisas, recear a doença ou

a pobreza é uma atitude correcta, tanto para a pessoa corajosa como

para as outras pessoas.

Qual o estado de carácter de uma pessoa corajosa?Uma pessoa corajosa não procura o perigo, mas é capaz de

o enfrentar quando é necessário, com firmeza, porque é correcto e é

belo fazê-lo, enquanto uma pessoa cobarde é a que receia as coisas er-

radas, da forma incorrecta e na altura imprópria, a um cobarde falta-

lhe confiança, como tem medo de tudo, é uma pessoa pessimista e sem

esperança, enquanto uma pessoa corajosa, pelo contrário, é confiante

e esperançosa.

Quais são as qualidades do homem de coragem?Só a experiência do perigo permite dizer que uma pessoa é

corajosa, é por experiência, com efeito, que se sabe que, em tal lugar,

em tais circunstâncias é capaz de enfrentar o perigo a “sangue frio”,

quem não possui experiência não pode ser chamado de corajoso.É verdade que a coragem não prescinde de um certo im-

pulso e de alguma paixão, mas é necessário que o impulso parta da

parte racional da alma.

Sara Dias, 11º D

CORAGEM?

EU acredito em mim, e tu,

acreditas em ti?

Qualidades de um

Homem de coragem?

Page 4: Altamente n.º 2

ABEL SALAZAR MORREU HÁ 50 ANOS

Era uma vez um jovem universitário. Mandava fazer osfatos na Alfaiataria Londres, no Porto, e usava gravatas caras.Apesar disso, os seus hábitos eram simples e a sua generosidadeimensa. Nas aulas fazia caricaturas dos professores. Simples actos como esses, pequenos sinais de irreverência,depressa deram lugar a outros, de independência e rigor intelec-tual e moral. Intolerado, injustiçado, incompreendido, AbelSalazar foi considerado pelo regime um “revolucionário”. À imagem do homem da Renascença, ora pelas directrizes

do seu pensamento, ora pela sua criatividade, o multifacetadocidadão Abel Salazar destacou-se como professor universitário,ensaísta, filósofo, pintor, escultor, cientista, democrata crítico edemófilo

Os seus valores visavam direcções distintas das visadaspor outro Salazar, o ditador e responsável do regime. Mas, além do nome, os dois homens, e as suas inteligên-cias, eram inteiramente opostas: do lado do ditador a tacanhaobstinação que isolou o país na cauda da Europa civilizada; dolado de Abel Salazar a “open mind” e o total desprendimento -que, aliás, tem vindo a dificultar a inventariação do seu legadocultural -, ao mesmo tempo que uma imensa curiosidade intelectual e uma inteireza moral à prova de todosos sacrifícios.

Abel Salazar tinha também um grande sentido de humor,que funcionava como atenuante aquando das perseguições e doambiente asfixiante e retrógrado que lhe travava os passos e osaber. A sua sede de saber, que olevou a investigar diversos (e, àsvezes, contraditórios) domínios,traduziu-se numa vasta bi -bliografia de temáticas tão diversi-ficadas que fazem dele um dosraros espíritos renascentistas.Além disso, orientou cursos, par-ticipou em inúmeras conferências,apresentou dezenas de comuni-cações científicas e colaborou nosmais importantes jornais e revistas do país, e em muitas publi-cações estrangeiras. O clericalismo foi um dos alvos preferenciais das críticasde Abel Salazar, contra o qual se ergueu a favor da teologiacrítica, do culto do belo e da religião do sentimento. Com argumentos da citologia e da sociologia molecularesem punho, combateu, de igual modo, o dogmatismo e o autori-tarismo da sociedade, a começar pelas instituições de ensino que,em seu entender, deveriam ser centros irradiadores de culturacrítica e de cidadania. “Nunca fui político (...), - afirmou um dia Abel Salazarnum manuscrito -, mas tenho deveres sociais a cumprir, quecumprirei conforme os ditames da ética científica”. Como amaioria dos intelectuais seus contemporâneos, também AbelSalazar distinguiu os conceitos de instrução e educação, asso-ciando o primeiro à reunião mnésica de conhecimentos e o se-gundo ao desenvolvimento intelectual. Encaradas pelos poderes constituídos como “prejudiciais”,

académica e socialmente, as teorias pedagógicas de Abel Salazarchocaram frontalmente com as instituições de ensino que, se-gundo o mestre, continuavam a preferir a instrução à educação,bem como a informação à formação, e nas quais o verdadeirocritério pedagógico - que, para Abel Salazar, “consistia em en-sinar o menos possível e educar o mais possível, isto é, limitar onúmero de noções a adquirir a um mínimo e polarizar todos osesforços no desenvolvimento intelectual do aluno” - era inteira-mente pervertido. O “escândalo” que essas teorias suscitaram nos meios doensino testemunhou à evidência a razão de Abel Salazar. Abel Salazar sempre se mostrou adepto da responsabiliza-

ção do estudante pela sua formação e da interdisciplinaridade- de que ele próprio foi um exemplo -, e sempre condenou a pas-sividade do saber. Na escola, de facto, como Abel Salazar ob-servava, os alunos “passeavam em rebanhos pelos corredores(...) dizendo amem à incompetência, à indiferença, à apatia e aoreaccionarismo dos mandarins togados que em pirâmide lhescavalgavam o lombo”. Para Abel Salazar, o aluno submisso eacomodado levaria inevitavelmente a uma estagnação daprópria ciência Abel Salazar diagnosticou outro mal no sistema de ensinoditatorial: “O catedrático hierático e rígido, olímpico e burocrata,fóssil e pré-histórico, endeusado na sua mediocridade e in-censado pelo sabugismo do estudante (...) que cadaverizava oensino, cadaverizava-se a si mesmo e cadaverizava a moci-dade”.

A solução, parasi, residia na imple-mentação de uma«escola nova», nalinha também parti -lhada por Dewey,Claparède e Kil-patrick. A espon-taneidade e liberdadeassumiam-se, nesta“escola nova”, como critériosdestinados a fomentar o “autodidatismo” e “self government”.Como exemplo de autodidatismo, não há melhor do que opróprio Abel Salazar, cuja formação estética se fez independen-temente de escolas artísticas.Liberdade e rigor técnico caracterizam a sua obra plástica,particularmente no domínio onde se evidencia a realização do

artista como tal: a experimentação.Se, por um lado, o conteúdo dos seus quadros era explícito

- fazendo lembrar Daumier e até mesmo Rafael -, a sua estéticaera silenciosa e muda. Aparentemente, “subrepticiamente”ex-primindo-se em traços, luzes e sombras, rigores e indefinições,mais do que em grandes explanações teóricas. Hoje, a casa de S. Mamede de Infesta, que albergou AbelSalazar durante quase 40 anos, transformadaem Museu, é um símbolo reminescente do legado artístico do

autor de “O que é Arte?” (1940), fazendo parte do património daUniversidade do Porto. Doada pela Fundação Calouste Gul-benkian, a 19 de Julho de 1975, a Casa-Museu foiinaugurada com a exposição “A Mulher no Tra-

balho”, unicamente composta por obras do artista.

Mercado da Ribeira

4

Page 5: Altamente n.º 2

A moradia mantém ainda os móveis e os aposentos nadisposição original, desde as salas com trabalhos científicos, aoquarto repleto de pertences pessoais, passando pelo “atelier”.A complementar todo este espólio, podem ainda ser apreciadasna Casa-Museu de Abel Salazar colecções de pinturas, quadros

e esculturas de bronze cinzelado, um complexo e colorido uni-verso contrastante com a austeridade dos livros da biblioteca.Nesta encontram-se obras doados por Ruy Luís Gomes e livrosdo próprio Abel Salazar como é o caso de “Ensaio de PsicologiaFilosófica” (1915), “Recordações do Minho Arcaico” (1939) e asua obra-prima científica: “Hematologia - Ideias e factos novos”

(1945).Fonte inspiradora de grande parte da sua bibliografia

foram as suas viagens ao estrangeiro, permitindo-lhe edificardissertações sobre artistas por si admirados. Destacando-se“Uma Primavera em Itália” (1935), “Paris em 1934” (1938) e“Um estio na Alemanha” (1935). Literatura de viagens intensa,descritiva e viva.

Trabalho realizado por Joana Matos, 11º A

ABEL SALAZAR

Abel de Lima Salazar nasceu em Guimarães a 19 de Julho de

1889 e morreu em Lisboa em 1946. Foi conhecido como pintor,médico, professor Cate-drático e investigador.Filho de Adolfo BarrosoPereira de Salazar, se-cretário, bibliotecário,professor liceal deFrancês e de Adelaide daLuz Silva Lima Salazar queapenas completou os es-tudos primários.

Abel Salazar completaa escola primária e parte do liceu no Seminário – Liceu deGuimarães em 1903, altura em que vem para o Porto e ingressa noLiceu Central, em S. Bento da Vitória, onde conclui a 7ª classe deCiências. É nesta altura que, junto com um pequeno grupo de cole-gas publica um jornal escolar republicano, chamado “Arquivo”, quejá deixava transparecer quer o interesse pelos novos ideais políticos,quer a sua capacidade para a arte, através das caricaturas de estu-dantes e professores.

Depois de completar o seu curso liceal, prepara-se para entrar naescola Médico-Cirúrgica do Porto, onde, em 1915, termina o cursode Medicina com uma nota final de 20 valores e uma tese intitulada“Ensaio de Psicologia Filosófica”.

Com apenas 30 anos é nomeado Professor Catedrática de Histolo-gia e Embriologia, ano também em que funda e dirige o Instituto deHistologia e Embriologia da Faculdade de Medicina da Universidadedo Porto, que apesar de modesto, devido à falta de recursos, AbelSalazar consegue realizar uma série de notáveis trabalhos de investi-gação.

Como investigador desenvolve pesquisas sobre a estrutura eevolução do ovário criando o célebre método de coloração tano-fér-rico, de análise microscópica. Éentre os anos de 1919 e 1925que o seu trabalho passa a teruma visão internacional e é pub-licado em várias revistas científi-cas internacionais. Ao fim de 10anos de um trabalho árduo, AbelSalazar é obrigado a parar, dev-ido a um esgotamento. Esta par-agem teve uma duração dequatro anos.

Em 1935 é afastado da vidaacadémica à semelhança de out-ros professores académicos.

Nesta altura desenvolve umaprodução artística variada tantona temática como na expressão plástica, como gravuras, pinturas,pin-

tura mural, aguarelas, desenhos, caricaturas, escultura e cobresmartelados. A sua obra plástica atingiu grande reconhecimento a partir das suas exposições realizadas em 1938 em Lisboa e Porto.Além da sua aptidão para a Medicina era também um homem ligadoà Filosofia.

Em 1941, a convite do Ministro da Educação Nacional da alturaProf. Mário de Figueiredo, é chamado para assumir a direcção deum Centro de Estudos Microscópios. Um ano depois vai trabalharpara o Instituto Português de Oncologia, onde publicou vários tra-balhos científicos.

Foi considerado porNuno Grande (Directordo Instituto de CiênciasBiomédicas AbelSalazar) como “Person-alidade mais plurifac-etada da culturaportuguesa” e de “Es-pírito original, imagina-tivo e rigoroso, comonão há paralelo nahistória cultural por-tuguesa”.

Durante a sua vidaAbel Salazar escreveuvários livros científicose de outras temáticas,como Hematologia -

Ideias e factos novos

,Ensaio de Psicologia

Filosófica , O Que é Arte? , Notas de Filosofia de Arte. Após a suamorte, vários trabalhos foram publicados sobre a sua vida pessoal eprofissional, como por exemplo, Abel Salazar – Retrato em movi-mento, de Luísa Garcia Fernandes, Porto, 1998 e Abel Salazar, de Al-berto Saavedra, Porto, 1956.

Cátia Neves, 11ºD, n.º5

5

E...

O pai de Abel Salazar desempenhou funções de

bibliotecário na Sociedade Martins Sarmento, foi professorde francês, na Escola Industrial de Holanda, e escrevia na“Revista Guimarães” e no Jornal “O Entusiasta” e desen-volveu, também, a actividade política autárquica.

Abel Salazar, quando veio para o Porto, ingressouno Liceu Central na área de ciências. Neste Liceu, junta-mente com outros colegas e pensando no novo espíritopolítico em curso, publica um jornal de escola republicano,“O Arquivo”, revelando já as suas aptidões artísticas, ao apresentar caricaturas de professores e de alunos. Participana representação de estudantes contra a lei que limita aliberdade de imprensa, acabando por aderir à greveacadémica.

Sara Dias, 11º D

Page 6: Altamente n.º 2

6

MATRIX e a filosofia cartesiana

Matrix é o filme que retrata o mundo no final do pró-ximo século. Neste filme parece haver uma certa confusão entre osonho e a realidade.Durante a visualização do filme percebe-se que a realidade, doponto de vista de Morpheus, um dos personagens principais, é bas-tante diferente da realidade, do “real” para a maioria das pessoas.O real, para Morpheus, é a vida nas navese o imaginário, o sonho, é

o controlado pelo sistemainformático, pelo Matrix.Tal como na perspectiva deR. Descartes, torna-se difí-

cil para Neo, o herói do filme,distinguir o sonho da realidade. Neoprecisa de compreender como é possível ser baleado e não morrer,saborear a comida sabendo que não está a comer ou, até, ressusci-tar depois de baleado. Se o conseguir, tornar-se-á “The one”, o tal,o salvador da humanidade, à semelhança de Jesus Cristo.Neste filme coloca-se em dúvida a existência do mundo real, àsemelhança do filósofo René Descartes quando, num dos níveis deaplicação da dúvida, afirma que não podemos ter a certeza da in-formação proveniente dos sentidos.Eu penso que o mundo imaginário é melhor do que o real, tudo émais bonito, mais simples e, apesar de ser controlado pormáquinas, eu preferia viver com o “veú da ignorância”, a viver ador e a provação do mundo real.

Tatiana Cardoso, 11º A

A importância da Lógica

A lógica é um “instrumento do pensar”.

Uma vez que o pensamento é a manifestação do conhecimento, e que o conhecimento busca

a verdade, é preciso estabelecer algumas regras para que esta possa ser encontrada. Assim, a lógica é

uma área da filosofia que tem como objectivo o estudo de processos válidos e gerais pelos quais atingi-

mos a verdade.

Em relação à filosofia a lógica tem grande importância, uma vez que os filósofos

procuram a verdade e apenas consideram certo aquilo que é verdadeiro universalmente.

Assim, como a lógica procura encontrar a verdade há uma relação estreita entre lógica e

filosofia. Apesar desta relação, os lógicos são, geralmente matemáticos, dada a elevada

tecnicidade e precisão de que se serve a lógica para encontrar conhecimentos ver-

dadeiros. Existe, por isso, uma relação estreita entre a lógica e a matemática.

Para encontrar a verdade a lógica utiliza raciocínios. Em relação a estes são

dispensáveis quaisquer considerações psicológicas acerca do ato de raciocinar, aos

lógicos apenas interessa a forma dos raciocínios.

Um raciocínio é formado por três proposições, duas premissas e uma

conclusão.

Segundo a lógica os raciocínios ou argumentos são válidos se as premissas estiverem de

acordo com a conclusão, caso contrário, o raciocínio é inválido e não tem qualquer tipo de significado.

“A lógica oferece-nos métodos de crítica para a avaliação das inferências. (…) completada uma inferência,

é possível transformá-la num argumento e a lógica pode ser utilizada para determinar se o argumento é

válido ou não”. W.C Salmon

Além da procura da verdade a lógica apresenta outras aplicações como a análise da consciên-

cia de sistemas, a análise das sentenças, a fundamentação da aritmética e os testes de raciocínio.

Joana Matos 11º A

Page 7: Altamente n.º 2

7

HISTÓRIAS DE VIDA E ARRUMADORES

Num destes dias, no decurso de uma semana mais descansada, umavez que não havia testes para os quais tinha que estudar, vi uma notí-

cia no jornal que me deixou apensar. Permitam-me que aparti-lhe convosco:

“Rui Rio tinha um sonho. Elequeria ser o Presidente de Câ-mara de uma cidade com ruasimaculadas, livres de arru-madores de automóveis. Que-ria e dizia que podia: "Não

posso acabar com a prostituição, porque é um problema que dura háséculos. Mas com os arrumadores de carros, sim", disse Rio em 2002,quando o programa Porto Feliz, que pretendia retirar os arrumadoresdas ruas enquanto lhes oferecia tratamento para a toxicodependência,já começava a desenhar-se. Dois anos depois, em Lisboa, SantanaLopes apresentou uma estratégia diferente: propôs que os arru-madores passassem a precisar de uma licença, celebrando com elescontratos de prestação de serviços. O objectivo era confinar a áreade acção ao mesmo tempo que controlava o número de pessoasnesta actividade.

Foi no Porto e em Lisboa que surgiram os primeiros arrumadores deautomóveis do país, os inventores da fórmula, no início da década de90. E é lá que continuam a notar-se mais, porque são os sítios ondeo tráfico de heroína e cocaína é mais expandido. Mas o "fenómeno"foi-se estendendo um pouco por todo o país e hoje, os homens damoedinha, são uma preocupação para quase todas as autarquias eganham dimensão de problema social aos olhos de muitos automo-bilistas.Luís Fernandes, psicólogo e estudioso do assunto, acabou agora umestudo para a Câmara de Guimarães. Pediram-lhe que fizesse umaanálise aos consumos problemáticos de drogas na cidade, e o inves-tigador esbarrou nos arrumadores de carros. Não quer dizer que ostoxicodependentes sejam todos arrumadores, mas grande parte dosarrumadores são toxicodependentes. Esmagadoramente homens,portugueses e imigrantes clandestinos, oriundos de famílias deses-truturadas, com passagens por vários empregos precários.É este o perfil que o psicólogo traça. A droga é quase sempre a vidadeles e a heroína e a cocaína não se coadunam com um emprego -"As ressacas são fortes, um indivíduo não acorda a horas para ir tra-balhar", explica Luís Fernandes. Um dia, já sem saída, "perdem a ver-gonha e dizem que precisam fazer-se à vida. É uma forma de obterdinheiro para as drogas por uma via pacífica”, nota.O que ninguém sabe explicar é onde termina a liberdade de estar narua a arrumar carros e começa a liberdade do automobilista de re-cusar a ajuda. Em Portugal não há uma estratégia global para con-viver com este fenómeno, para além do Decreto-Lei n.º 310/2002, quetenta disciplinar a actividade, atribuindo às autarquias a competênciade licenciar os arrumadores, dando-lhes dísticos anuais e definindozonas de trabalho. A eficácia da medida não está provada - e estálonge de gerar consenso.

A cidade do Porto Feliz

No Porto não há um único arrumador licenciado. Com o programaPorto Feliz, em parceria com o Ministério da Saúde, Rio deu um vere-dicto aos arrumadores. Falou em acção social, em tratamento contra

a toxicodependência e oportunidades de emprego, mas avisou: "Nãopodemé andar na rua a perturbar os outros." Foram cerca de cincoanos de programa, entre 2002 e 2007. Houve quem falasse em re-pressão - "Foi um despesismo e uma perseguição a estas pessoas",diz Luís Fernandes -, mas a autarquia reclama ter conseguido retirarcerca de 500 pessoas da rua.”

Ora, esta notícia deixou-me a pensar: afinal, quem são estes“homens da moedinha”? A acreditar no que é relatado neste excerto,os “homens da moedinha”, a grande preocupação dos automobilistas,normalmente são pessoas oriundas de famílias desintegradas, muitasvezes, excluídos das relações sociais, da sociedade. Têm uma história de vida que os levou a seguir este caminho de to-xicodependência, este modo de viver com o que lhe colocam na mão.Os arrumadores de carros, de facto, não têm ninguém que lhes ar-rume a vida. Vivem sem nunca ter esperança de vingar na vida, deviver de novo os dias em que beijavam a sua mulher e acariciavamos filhos. Por trás daquele ar carregado, esconde-se, muitas vezes,um homem sensível e frágil que quer, de novo, VIVER de verdade.Há quem viva na rua por opção, gostam de não saber o que vai acon-tecer a seguir, onde vão dormir, se vão comer… dizem que preferemviver livres, sem obrigações, sem deveres… Mas, como é óbvio, esteinteresse pela liberdade ou, noutros casos, pela adrenalina, vai es-casseando à medida que se torna difícil sobreviver neste meio.

Também existem mulheres, todavia, como parecem não vingar comoarrumadoras, tomam outros caminhos, como a prostituição. Este é oúltimo recurso a que estas pobres mulheres recorrem, pois as opçõesescasseiam e, desta maneira, “lutam” pela vida. Este “trabalho” é acoisa mais suja, vergonhosa e assustadora que alguém pode fazer.De certeza que estas mulheres também se sentem assim…No entanto já existem soluções para ajudar estas “pessoas da rua”,o projecto “A cidade do Porto feliz”, é um deles. Do meu ponto de vistaestes projectos deviam ser aclamados e apoiados por todos a nível

nacional, ou mesmo internacional, pois este parece ser um problemade todas as regiões. Deviam existir leis que delineassem de formaclara e evidente, quando é que um arrumador está a invadir a privaci-dade dos cidadãos; e, com a implementação de leis, estes arru-madores estariam legalizados. Projectos como o “A cidade do Porto feliz” são um bom começo, epodem ter vantagens, quer a nível económico, quer a nível social, ouainda político ou mesmo a nível estético, se pensarmos na con-tribuição para a ”arrumação” das áreas cosmopolitas.

Em suma, na minha opinião, os ideais do projecto “A cidade do PortoFeliz”, deviam expandir-se por todo o país, pois a miséria e a des-graça, os “sem-abrigo” e os problemas que conduzem a esta formade vida, não são exclusivos das grandes cidades.

Beatriz Costa, 11º A

Page 8: Altamente n.º 2

8

Dia Internacional de Filosofia

– situação problema analisado

Existem situações altruístas como observámos

na reportagem realizada no metro de Nova Iorque, onde

Mr. Wesley, veterano da marinha, acompanhado pelas

suas duas filhas pequenas se deparou com uma situação

controversa. Um homem de 20 anos caíra nas linhas do

metro e desmaiara nesse momento. Sem tempo para

pensar, Wesley salta para a linha e coloca-se sobre o

jovem inconsciente na tentativa de o salvar, sem pensar

nos riscos que corria, naquele espaço mínimo de ape-

nas 60 centímetros de altura.

Fica debaixo daquele metro cerca de 20 min-

utos, ouve as filhas a chorar e consegue dizer-lhes que

está bem.Depois de analisar o sucedido, apoiamos a teoria de Kant, o princí-

pio formal do querer, pois, neste caso, o senhor não se interessa com o

propósito da acção, mas apenas na máxima que a determina.

Será que num momento de vida ou de morte temos tempo para

pensar em recompensas? Será que o herói salvou a vítima com segundas

intenções? Ou será que o fez pelo dever?

Uma das hipóteses que vocês poderão pôr, para que Wesley tenha pensado

na maior felicidade para o maior número possível de pessoas, é o facto de ter

salvado o jovem com segundas intenções, pois não queria que as filhas vis-

sem um acidente tão trágico. Outra é tê-lo feito para receber uma qualquer

recompensa ou pelo desejo de obter fama.

Na nossa opinião, o Mr. Wesley não agiu por nenhum desses mo-

tivos. Será que alguém iria arriscar a sua vida só para, no caso de sobreviver,

ter algo em troca? Não. Numa altura tão desesperante quanto esta, ninguém

pára para pensar em tirar benefícios ou partido próprio ao salvar a vida de al-

guém pois, ao fazê-lo, a nossa vida também está em jogo.

Podemos também pensar, como já referimos, que o nosso herói

pensou nas suas duas filhas porém, ele admitiu que só pensou nelas após o

salvamento; portanto, será pouco provável que ele tenha salvado o jovem

para as filhas não verem.

Muita gente poderá pensar que o homem mentiu, no entanto, não

há provas, logo, tal como aprendemos em filosofia, estaríamos a cometer uma

falácia da ignorância: "Ninguém provou que o homem está a dizer a verdade.

Logo, está mentir" ou "Ninguém provou que o homem está a mentir. Logo,

está a dizer a verdade".

Contudo, em nosso entender, ele age inicialmente por dever, como

afirmava Kant, sem segundas intenções, sem avaliar realmente a acção que

ia fazer e, posteriormente, quando lhe pedem uma explicação para a acção

que é, para todos, inclusive para ele próprio, incompreensível, quase injusti-

ficável, ele apresenta uma justificação que não nos parece muito credível, mas

que vai de encontro ao princípio da maior felicidade de Stuart Mill.

Por tudo isto, consideramos que, tal como já afirmámos, Mr. Wesley

agiu apenas determinado pelo princípio do cumprimento do dever.

Trabalho desenvolvido pelos alunos do 11º B que, após selecção,

foi publicado no site da Associação de Professores de Filosofia.

Relatores: Francisca Marques, Márcia Cavaleiro, Nelson Santos e Tiago

Ribeiro.

A Associação de Profes-sores de Filosofia propõe,habitualmente, a realiza-çao de um trabalho no diaInternacional da Filosofia(na terceira 5ª feira domês de Novembro). Esteano propôs a realizaçãode um trabalho reflexivosobre um prob lema ético.

O trabalho do 11º B foi umdos seleccionados, porisso, foi publicado no siteda referida associação.Pode vê-lo em:http://www.apfilosofia.org