ATRESARTSTAS TARN ARRDA, · 2016. 12. 22. · atresartstas tarn arrda, s, jl csar carera medna,...

12

Transcript of ATRESARTSTAS TARN ARRDA, · 2016. 12. 22. · atresartstas tarn arrda, s, jl csar carera medna,...

Page 1: ATRESARTSTAS TARN ARRDA, · 2016. 12. 22. · atresartstas tarn arrda, s, jl csar carera medna, rnald mnte, pedr rss, mara valra reende, jar cear, sal mendna, mlena meders, pedr nnes
Page 2: ATRESARTSTAS TARN ARRDA, · 2016. 12. 22. · atresartstas tarn arrda, s, jl csar carera medna, rnald mnte, pedr rss, mara valra reende, jar cear, sal mendna, mlena meders, pedr nnes

AUTORES&ARTISTAS: THAYRONI ARRUDA, SHIKO, JÚLIO CÉSAR CABRERA MEDINA, RONALDO MONTE, PEDRO ROSSI, MARIA VALÉRIA REZENDE, JAIRO CEZAR, SAULO MENDONÇA, MILENA MEDEIROS, PEDRO NUNES FILHO, LAURITA DIAS E ALEXANDRE SANTOS. PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO DE JOÃO FAISSAL/IMAGINÁRIA. REVISÃO DE ANDRÉ AGUIAR. CONTATO POR [email protected]

ARTE DA CAPAShiko é ilustrador, grafiteiro, roteirista de cinema e autor de quadrinhos. Já expôs em Portugal, Itália, Holanda e França. Produziu nos quadrinhos - Marginal Zine, Blue Note e O Quinze - adaptação do Romance de Rachel de Queiroz. Com Lavagem (Editora Mino), foi premiado pela HQ Mix com melhor álbum de Terror, Aventura e Ficção, em 2016 .

GovernadorRicardo Vieira Coutinho

Vice GovernadoraAna Ligia Costa Feliciano

Secretário de Estado da Cultura da ParaíbaLau Siqueira

Secretária Executiva de Estado da Cultura da ParaíbaFernanda Norat

Conselho EditorialLau Siqueira, Milton Dornellas, Gregório Medeiros e Kennya Queiroz..Jornalista ResponsávelGregório MedeirosDRT 0003669/PB

Secretaria de Estado da CulturaCNPJ: 05.830.824/0001-02Espaço Cultural José Lins do RêgoRua Abdias Gomes de Almeida, 800, Rampa 3.Tambauzinho, João Pessoa/PB - CEP: 58042-100Telefones: (83) 3218-4167Periodicidade: Semestral

ISSN: 2448-0711

4

Page 3: ATRESARTSTAS TARN ARRDA, · 2016. 12. 22. · atresartstas tarn arrda, s, jl csar carera medna, rnald mnte, pedr rss, mara valra reende, jar cear, sal mendna, mlena meders, pedr nnes

6PRODUÇÃO, CONSERVAÇÃO, ARMAZENAMENTO E COMPARTILHAMENTO DA MEMÓRIA EM TEMPOS DE

PEDR

O N

UN

ES

Text

o

Page 4: ATRESARTSTAS TARN ARRDA, · 2016. 12. 22. · atresartstas tarn arrda, s, jl csar carera medna, rnald mnte, pedr rss, mara valra reende, jar cear, sal mendna, mlena meders, pedr nnes

7ivemos e experienciamos, na atu-al sociedade do conhecimento, uma lógica marcada pela predo-minância da dimensão imaterial dos sistemas digitais. Segundo o pensador Zygmunt Bauman,

trata-se de uma contemporaneidade en-trecortada por tempos líquidos, vida lí-quida e afetos líquidos, onde as práticas culturais e comunicacionais são tecidas

pela velocidade dos fluxos de textos, imagens, sons, gráficos e documentos di-versos compartilhados em tempo real (via rede), arma-zenamentos públicos ou de natureza privada. Por meio dos dispositivos tecnológi-

cos digitais, típicos da sociedade em rede, expandimos a nossa memória cultural graças ao aumento da capacidade de pro-dução de signos, construção de narrativas, registros, documentação dos acontecimen-tos e, consequentemente, a ampliação da nossa capacidade de armazenamento do conhecimento por meio dos cérebros di-gitais, arquivos inteligentes, plataformas livres, repositórios com acervos públicos

integrados, memórias paralelas, com esto-cagem de analógicos convertidos em digi-tal, dentre outras possibilidades. Há nesse contexto da contemporaneidade líquida um crescimento da inteligência artificial que, de certo modo, favorece o processo de produção, tratamento, conservação e com-partilhamento da nossa memória cultural.

V

Pedro Nunes é professor titular do Departamento de Comunicação da Universidade Federal da Para-

íba, Pós-Dou-torado. Trabalha

com cinema, vídeo fotografia

e pesquisa sobre a memória do

audiovisual brasileiro.

Page 5: ATRESARTSTAS TARN ARRDA, · 2016. 12. 22. · atresartstas tarn arrda, s, jl csar carera medna, rnald mnte, pedr rss, mara valra reende, jar cear, sal mendna, mlena meders, pedr nnes

8Através dos sistemas digitais, de políti-

cas públicas e programas direcionados à cultura, podemos ampliar a nossa capa-cidade de produzir cultura, documentar os acontecimentos da realidade, elaborar conhecimento e, por conseguinte, conse-quentemente, dar complexidade a nossa capacidade de guardar e acessar a nossa memória cultural.

Em tempo das tecnologias móveis, con-vergência das mídias, acesso aos equipa-mentos miniaturizados, existência dos ava-tares, realização de imersões interativas, viralizações de memes, adoção de fakes, distribuição excessiva de emojis, cultura dos autoretratos em forma de selfies, auto-exposição em ambientes virtuais fechados ou abertos, envios de nudes, construção de mundos assépticos, hiper-realidades, câ-meras de vigilância, circuitos internos no campo das artes, banalização da informa-ção, ‘gamificação da vida’, liberação do polo de produção de informações e ubi-quidades da rede, conseguimos, então, de forma concreta, transitar de uma era da cultura material de base analógica e ele-trônica para um universo com a predomi-nância do digital. Essa marca do digital, que absorve outras temporalidades, au-menta a nossa capacidade de comunica-ção instantânea e de armazenamento de conhecimentos, por meio das memórias digitais. Paradoxalmente, essa memória digital expandida, que imita a capacidade

L I K E

3 3S E M A N A SA T R Á S

Page 6: ATRESARTSTAS TARN ARRDA, · 2016. 12. 22. · atresartstas tarn arrda, s, jl csar carera medna, rnald mnte, pedr rss, mara valra reende, jar cear, sal mendna, mlena meders, pedr nnes

9de nosso cérebro, torna-se muito mais vo-látil com indícios bem visíveis que pode ser apagada, perdida ou simplesmente deletada.

Mesmo com os avanços e aproxima-ções intensas entre os campos da Arte, Ciência e Tecnologia e, deslocamentos do próprio conhecimento, constatamos que há múltiplas dimensões de precariedades quanto ao armazenamento da memória no âmbito dos sistemas digitais, frente à própria obsolescência dos artefatos tecno-lógicos que funcionam enquanto disposi-tivos de memória. Esses dispositivos, por vezes, possuem uma vida útil programada: envelhecem e se tornam incompatíveis diante das descobertas que se transfor-mam em novos artefatos tecnológicos que, entre si, não mais se comunicam.

Nesse contexto de um mundo dinâmi-co cada vez mais povoado pela complexi-dade, a memória torna-se frágil, tendo em vista as reconfigurações e avanços do conhecimento que deságuam em mu-danças operadas no seio dos próprios dispositivos tecnológicos de captação, armazenamento e disponibilização de diferentes informações e expressões ar-tísticas que compõem a nossa diversida-de cultural.

Os novos inventos tecnológicos são decorrentes dessa materialização do co-nhecimento, ou seja, fruto dessa lógica inerente à nossa própria cultura. Produ-

S H A R E

3 3S E M A N A SA T R Á S

Page 7: ATRESARTSTAS TARN ARRDA, · 2016. 12. 22. · atresartstas tarn arrda, s, jl csar carera medna, rnald mnte, pedr rss, mara valra reende, jar cear, sal mendna, mlena meders, pedr nnes

10zimos conhecimento. Produzimos cultura. A cultura é expressão plena de nosso co-nhecimento. Cultura e conhecimento são capazes de influenciar os produtores de cultura que, por sua vez, são afluentes de nossa cultura.

As manifestações de nossa cultura no presente, passado ou futuro são expressões de um determinado tempo, no qual cria-dores se apropriam (ou se apropriaram) de dispositivos e linguagens (artesanais ou de ordem técnica), para produção de conhecimentos. Essas manifestações cultu-rais podem ser expressões de uma ordem técnica (ou pré-técnica) que envolvem me-diações, reprodutibilidades, transmissões, exibições, distribuições em rede e que tam-bém encampam lógicas artesanais.

A oralidade é um dispositivo prove-niente da cultura oral que precede a escri-ta e encampa a atualidade. Uma narrativa oral verbal pode ser registrada em disposi-tivos artesanais que envolvem o código da memória escrita. O código da cultura da oralidade associado à fala pode ser conver-tido ao sistema de codificação da escrita manuscrita, por vezes em cópias únicas, em papiro. Livros inteiros foram reprodu-zidos de forma manuscrita pelos copistas. Esses livros manuscritos, ou enciclopédias, da época, se transformaram em verdadei-ros suportes da memória que implicavam em cuidados quanto ao acesso e métodos de conservação. Determinadas obras lite-

rárias, romances, contos da cultura oral e escrita que sobreviveram, de geração em geração, ganharam forças graças a pu-blicação em forma de livros a partir de meados século XV com a imprensa, que inaugura a cultura do reprodutível. Alguns poucos livros dessa cultura do reprodutí-vel só sobreviveram, até a nossa atuali-dade, face aos métodos de conservação e mais tarde, o processo de digitalização para o acesso público. Vale salientar que essa dinâmica de produção, editoração e veiculação de livros e jornais, que per-tencem a uma lógica da cultura impressa, se transformou (literalmente) ao longo de décadas e séculos.

Com o surgimento da imprensa, dos livros, dos jornais, folhetins e revistas, a própria cultura se desenvolveu enquanto mercadoria abstrata com fortes vincula-ções aos interesses políticos e econômicos explícitos da época, tendo como foco um público letrado. Nessa época distante, o acesso a esse contingente de informações por parte dos não letrados só foi possível mediante as “rodas de leituras” por letra-dos, que tiveram acesso às escolas e tam-bém o domínio da escrita. Percebemos que cultura de diferentes épocas é um bem social que sempre necessita do movimen-to de interpretação. Enquanto referência de um tempo necessita ser preservada, ar-mazenada e disseminada para que possa ser conhecida por gerações futuras.

Page 8: ATRESARTSTAS TARN ARRDA, · 2016. 12. 22. · atresartstas tarn arrda, s, jl csar carera medna, rnald mnte, pedr rss, mara valra reende, jar cear, sal mendna, mlena meders, pedr nnes

11A edificação da cultura nesse período

do surgimento da imprensa foi então sus-tentada, dentre outros fatores, pela predo-minância de uma cultura oral ainda com poucos alfabetizados, e a explosão da im-prensa, livros e, mais adiante, folhetins, jor-nais e revistas. A emergência de produtos culturais que valorizaram o supérfluo, os clichês, as fantasias e a indução ao consumo foi o principal elemento dessa longa fase da cultura impressa que começa em meados do século XV. Muitas obras raras dessa cul-tura livresca atravessaram outras modalida-des de culturas com seus outros dispositivos próprios. A imprensa, os livros, as revistas incorporaram as ilustrações, os desenhos e a própria fotografia – a qual nasceu e se de-senvolveu enquanto dispositivo de registro e eternização da memória que prioriza o co-nhecimento visual. A imprensa encampa a fotografia e a própria fotografia avança en-quanto dispositivo de captação de aspectos da realidade ou com a possibilidade de se recriar a própria realidade.

Assim, a fotografia inaugura um novo paradigma exclusivamente das imagens técnicas, denominado de paradigma foto-gráfico que amplia o conceito de cultura visual incluindo as imagens de natureza técnica, obtidas através da fotografia. Os dispositivos de produção de memória vi-sual que sucedem a fotografia, no caso, o cinema e a holografia, também integram o paradigma fotográfico. O cinema, en-

quanto dispositivo de produção, criação e documentação da memória, incorpora a fotografia e acrescenta um novo elemento que é a ilusão do movimento.

O cinema, enquanto modalidade de produção de narrativas audiovisuais, pro-vocou encantamento, fascinação e desejo. Avançou em relação aos sistemas de produ-ção de memória predecessores e caminhou através de seus realizadores, principalmen-te do ponto de vista comercial, para a pro-dução de narrativas ficcionais e, em menor grau, desenvolvimento de produtos cultu-rais que valorizaram o processo de docu-mentação de situações da realidade.

Tanto o rádio como cinema, e mais adiante a televisão, mobilizaram um grande público que necessariamente não precisava ser alfabetizado. Trata-se de um contexto, cuja produção de memória está circunscrita a uma cultura das mídias, vis-to que envolve um grande público com características distintas para o cinema, o rádio e a televisão.

Todos esses dispositivos de poder e memória se transformaram ao longo do tempo. Estabeleceram conversações entre si. Cada um deles ganhou autonomia de construção narrativa e especificidades téc-nicas. Cada um desses dispositivos técnicos de produção de arte, cultura e memória vivenciaram transformações endógenas e exógenas. Ou seja, se tomarmos como exemplo as transformações tecnológicas

Page 9: ATRESARTSTAS TARN ARRDA, · 2016. 12. 22. · atresartstas tarn arrda, s, jl csar carera medna, rnald mnte, pedr rss, mara valra reende, jar cear, sal mendna, mlena meders, pedr nnes

12endógenas vivenciadas pelo cinema, ob-servaremos que se tratam das mudanças decorrentes dos avanços do conhecimento e que se materializaram no seio do pró-prio dispositivo tecnológico, a exemplo da existência do cinerama, cinema em preto e branco, incorporação do som e da cor, bitolas 70mm, 35mm, 16mm e super-8. Trata-se do aperfeiçoamento desses dispo-sitivos de produção de memórias quanto à sua capacidade de registro, documentação, edição, armazenamento e transmissão de mensagens, que mobilizam nossos sentidos e a nossa capacidade de interpretação.

Da cultura das mídias onde identifica-mos a emergência de diferentes dispositi-vos tecnológicos de produção da memória a exemplo do livro, jornal, fotografia, ci-nema, rádio, televisão, holografia e vídeo, passamos à cultura digital onde todas es-sas mídias converteram em sistemas di-gitais com a possibilidade e se operar no universo das redes.

Assim, respiramos um tempo em que identificamos os avanços do conhecimento associados às conquistas tecnológicas, dinâ-micas da cultura e, como já afirmamos, in-terações entre Arte, Ciência e Tecnologia. Trata-se de um tempo em que se configura o derretimento dos sólidos e que metafo-ricamente possibilita a vazão dos líquidos. Observamos que cada novo paradigma trouxe consigo conflitos, contradições e situações inusitadas que reclamam dimen-

sionamentos. A cultura e os processos co-municacionais perpassam todos esses para-digmas que estão associados às dinâmicas da sociedade com seus dispositivos técnicos de produção de memória. O paradigma pós-fotográfico amplia a nossa de memória pela natureza do processamento das infor-mações disponibilizadas em forma de flu-xos interconectados em sistemas de redes.

Essa lógica do paradigma digital - das temporalidades líquidas – proeminen-te nas quase duas primeiras décadas do século XXI é também atravessada pela existência de processos culturais cada vez fluidos, transterritoriais, com dinâmicas móveis e interativas que ainda convivem com ordens de natureza material (foto-química, analógica e eletrônica). Dizemos que essa passagem de uma lógica de base material para uma lógica com a predo-minância do paradigma digital pós-foto-gráfico revela uma temporalidade em que brota a cultura digital e que se apresenta de forma literalmente descentrada.

Ainda nesse contexto complexo de nos-sa contemporaneidade nitidamente marca-da pelos sistemas digitais, a cultura digital é então fruto de entremesclas, hibridismos, conectividades e recombinações de dife-rentes ordens de signos. Conforme obser-vamos, as práticas sociais nesse cenário da cultura digital são habitualmente fugazes, contraditórias, por natureza supérfluas, guiadas por acontecimentos efêmeros que

Page 10: ATRESARTSTAS TARN ARRDA, · 2016. 12. 22. · atresartstas tarn arrda, s, jl csar carera medna, rnald mnte, pedr rss, mara valra reende, jar cear, sal mendna, mlena meders, pedr nnes

13evidenciam exposições narcísicas. Esse baú digital movente denominado ciberespaço é também um lugar de memória, de produ-ção de experiências de arte colaborativa e de armazenamento de conteúdos culturais digitais provenientes de lógicas predecesso-ras vinculadas à cultura da oralidade, cultu-ra da escrita, cultura da imprensa, cultura das mídias e culturas híbridas.

Diante dessa cultura digital que reflete a atual sociedade em rede com seus vínculos voláteis, práticas sociais efêmeras, usuários ávidos pelo “novo” que atuam enquanto produtores dos próprios conteúdos e rear-ranjadores de modos de expressão, como pensar a memória da cultura nesse contex-to das diferentes lógicas digitais com os seus paradoxos? Como conservar documentos digitais desatualizados e torná-los com-patíveis com as plataformas livres? Como converter e produzir documentos digitais em formatos livres? Todas essas questões e várias outras permeiam todo processo de produção, conservação, armazenamento e compartilhamento da memória em tempos de CULTURA DIGITAL.

PASSADO E PRESENTE: MEMÓRIA

E DOCUMENTOS CULTURAIS PARA O

FUTURO

Determinados produtos culturais que tiveram importância em um passado recente não são acessíveis devido à na-tureza do suporte ou dispositivo tecno-

lógico em que foi produzido. Documen-tos fotográficos, negativos de filmes, textos, livros, filmes em super-8, vídeos em diferentes formatos, mapas, dese-nhos, cartas, registros privados, slides, áudios em fitas, vinis, cartas, manuscri-tos... que integram o nosso patrimônio cultural estão deteriorados e reclamam por processos conservação. Essas obras e produtos abandonados ou entulhados precisam ser recuperados e restaurados para depois serem digitalizados, remas-terizados e disponibilizados por meio de política de democratização do con-teúdo digitalizado.

Esse quadro serve para evidenciar que esforços empreendidos para pre-servação da memória cultural em meios digitais ainda são extremamente inci-pientes enquanto política pública. Faz-se necessário a materialização de uma política pública nacional de digitaliza-ção de documentos culturais e acervos artísticos articulada com todos estados brasileiros como forma de garantir a digitalização, o tratamento e a disse-minação de nossa memória cultural. É interessante alertar para que essas ini-ciativas macro em forma de programas de governo não deságuem na constru-ção de meros repositórios de conteúdos culturais em plataformas digitais. A nossa cultura reclama conservações de documentos e adoção de políticas de di-

Page 11: ATRESARTSTAS TARN ARRDA, · 2016. 12. 22. · atresartstas tarn arrda, s, jl csar carera medna, rnald mnte, pedr rss, mara valra reende, jar cear, sal mendna, mlena meders, pedr nnes

14gitalização e remasterização de diferen-tes acervos audiovisuais: filmes, vídeos, programas de TV, documentações insti-tucionais, registros em diferentes supor-tes, material fotográfico, entre outros.

É imperativo que essas políticas públicas de conversão de documentos atendam critérios internacionais quan-to a existência de uma infraestrutura tecnológica, recursos humanos especia-lizados que dominem profissionalmen-te os procedimentos que norteiam todo processo de digitalização envolvendo estratégias de preservação de longo prazo, catalogação, indexação e meta-dados. É importante que essas políticas públicas para recuperar memórias pas-sadas priorizem sistemas abertos, ar-quiteturas livres e adoção de softwares livres.

Em escala micro, tem se ampliado o interesse de artistas, pesquisadores, his-toriadores, profissionais da arquivolo-gia e grupos organizados preocupados em recuperar digitalmente documentos culturais de diferentes ordens. As ferra-mentas digitais, o ciberespaço com sua dinâmica fluida articulado com as re-des sociais, a existência de diferentes aplicativos, espaço armazenamento de dados, armazenamentos em nuvens, existência de repositórios abertos, e a existência de processos colaborati-vos e de compartilhamento no âmbito

rede tem possibilitado o crescimento não só da memória digital que docu-menta essa dinâmica do cotidiano das redes como também tem propiciado que cidadãos digitalizem seus próprios acervos de arte, restauração de fotos familiares e documentos privados com co-resultados que apresentam níveis de qualidade.

Essa prática de digitalização por ini-ciativa própria vem se ampliando na rede face às potencialidades inerentes as ferramentas digitais e formas distin-tas de armazenamento em rede. Essa compreensão deriva da perspectiva de cada cidadão poder delegar ao futuro documentos e registros da cultura de temporalidades passadas. Os documen-tos digitais que migraram de um sis-tema para outro através da conversão digital e os documentos construídos no próprio ambiente digital neste tempo presente também serão transmutados em documentos do passado.

A nossa memória cultural deve permanecer viva através da existência documentos e acervos abertos do pre-sente e passado como legado ao futu-ro. Compete principalmente ao Poder Público garantir, aperfeiçoar e executar políticas públicas voltadas para aperfei-çoamento do processo de digitalização e tratamento de documentos culturais nas diferentes regiões brasileiras.

Page 12: ATRESARTSTAS TARN ARRDA, · 2016. 12. 22. · atresartstas tarn arrda, s, jl csar carera medna, rnald mnte, pedr rss, mara valra reende, jar cear, sal mendna, mlena meders, pedr nnes

15