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O ensino de Ciências Contábeis no Brasil precisa mudar?Este ano a 1ª edição do Exame de Suficiência do Conselho Federal de Contabilidade (CFC), na categoria Bacharel emCiências Contábeis, apresentou um dos maiores índices de aprovação entre as nove edições do Exame já realizadas:54,48%.

postado 21/08/2015 08:26:49 - 2352 acessos

Este ano a 1ª edição do Exame de Suficiência do Conselho Federal de Contabilidade

(CFC), na categoria Bacharel em Ciências Contábeis, apresentou um dos maiores

índices de aprovação entre as nove edições do Exame já realizadas: 54,48%. Apenas a

2ª edição do Exame de Suficiência de 2011 registrou percentual maior de aprovação:

58,29%. A aprovação no exame é condição sine qua non para o exercício profissional do

contador e o índice de aprovação é um reflexo de como as universidades estão

preparando os futuros contadores e da sintonia entre elas, os representantes de classe

e o mercado. Será que a pequena diferença entre o número de aprovados e reprovados

revela que estamos no meio do caminho no ensino de ciências contábeis no Brasil?

CONTADOR

Exame Total

Inscritos

Total

Presentes

Total

Aprovados

(%)

Aprovados

Total

Reprovados

(%)

Reprovados

Total

Ausentes

(%)

Ausentes

1º/2011 14.255 13.383 4.130 30.86% 9.253 69.14% 872 6.12%

2º/2011 19.690 18.675 10.886 58.29% 7.789 41.71% 1.015 5.15%

1º/2012 26.315 24.774 11.705 47.25% 13.069 52.75% 1.541 5.86%

2º/2012 32.003 29.226 7.613 26.05% 21.613 73.95% 2.777 8.68%

1º/2013 37.226 33.706 12.000 35.6% 21.706 64.4% 3.520 9.46%

2º/2013 40.474 36.831 15.891 43.15% 20.940 56.85% 3.643 9.0%

1º/2014 43.144 38.115 18.823 49.38% 19.292 50.62% 5.029 11.66%

2º/2014 37.066 32.568 13.591 41.73% 18.977 58.27% 4.498 12.14%

1º/2015 43.616 38.022 20.713 54.48% 17.309 45.52% 5.594 12.83%

Total: 293.789 265.300 115.352 43.48% 149.948 56.52% 28.489 9.7%

Fonte: Conselho Federal de Contabilidade

O doutor em controladoria e contabilidade pela Universidade de São Paulo e docente do ensino presencial no curso de Ciências Contábeis

da Universidade Estadual de Londrina, Daniel Ramos Nogueira, analisou os resultados dos últimos anos do exame realizado pelo CFC.

Nogueira considera que o resultado da última edição demonstra certa evolução quando comparado com os anos anteriores, afinal nos anos

iniciais os índices foram preocupantes, pois apenas 1/3 era aprovado, o que, segundo ele, causava certa apreensão sobre a qualidade do

ensino. “Por outro lado, a existência do Exame de Suficiência reforça a necessidade de uma boa formação por parte do discente, pois não

bastará ter o diploma, será necessário aprovação no exame para que possa exercer a profissão contábil”, acrescenta.

Para continuar avançando na formação de profissionais cada vez mais competentes, ele acredita que o trabalho deve ser realizado pelas

duas partes do processo de ensino-aprendizagem (alunos e professores/Instituições de Ensino Superior). “Os docentes devem procurar

sempre estar atualizados e os discentes devem estudar com empenho para obter aprovação”, complementa o professor.

Quanto à adequação dos currículos das faculdades à realidade do mercado, Nogueira considera uma discussão longa e complexa que deve

levar em conta fatores como Currículo MEC, Currículo Mundial, Currículo propostos por órgãos internacionais e certificações

internacionais entre outros. Ele acrescenta que a estrutura do currículo parte do objetivo geral do curso, que pode ser de formar

profissionais para o mercado amplo e complexo que abrange setores como escritórios de prestação de serviço contábil, grandes empresas,

perícias, auditorias e controladoria. Por outro lado, continua ele, quando a faculdade procura formar um profissional generalista, tentando

fornecer um pouco de conhecimento em cada uma dessas áreas (afinal, não haverá tempo hábil na graduação para torná-lo especialista em

todas as áreas) é natural que alguns conteúdos sejam preferidos em relação a outros.

Outro ponto levantado pelo professor é que, dentro da Universidade a preocupação principal é formar o contador em sua essência, para quesaiba pensar os processos e auxiliar as empresas na tomada de decisão, assim, ferramentas do dia a dia do trabalho do contador podem ser

ensinadas, mas muitas vezes há outros conteúdos que são mais relevantes, pensando na profissão do contador no médio e longo prazo.

“Dentro da universidade a preocupação deve ser ensinar o 'pensar contábil', pois o mundo em que vivemos hoje é diferente do que tínhamos

anteriormente e está em permanente transformação”.

Nogueira destaca que cada Universidade define seu currículo de acordo com as normas federais de ensino, mas há uma certa flexibilidade

para que elas possam trabalhar conteúdos que entendam como necessários aos alunos, em alguns casos, mesmo que não consigam

trabalhar esses saberes dentro do qua dro de disciplinas poderão oferecer cursos de curta duração (curso de férias, extensão etc.) para

complementar o ensino. “Também é n atural que cada aluno, de acordo com seus interesses pessoais/profissionais, procurem cursos

específicos fora das IES, visando uma formação continuada,” avalia .

Formação além do mercado

Ao analisar o índice de aprovação o Ph.D. e professor titular da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da

Universidade de São Paulo (FEA/USP), Edgard Cornacchione, considera que o resultado em si (54% de aprovação) se analisado

isoladamente não oferece muita informação. Ele continua a análise dizendo que o que se pode afirmar imediatamente é que

aproximadamente metade dos formados em contabilidade no Brasil não é bem sucedida no exame. “É assim com qualquer experiência de

avaliação: uma turma que tem 30% de aproveitamento em uma disciplina (estudantes que concluem com sucesso) enseja uma série de

interpretações: há algo de errado com os alunos, com o professor, com o conteúdo, com os instrumentos de avaliação? Quais os critérios

para sucesso? Houve algum fenômeno fora de controle que afetou tais avaliações?”, questiona.

O professor sugere uma comparação com exames similares em outras áreas profissionais, ou mesmo em nossa área em outras jurisdições,

países. Ele lembra que o exame visa ser balizador para oferta de licença profissional, adota um formato de múltipla escolha com exigência

de acerto mínimo de 50% das questões e possui uma dispersão, em termos de resultado de aprovação, ainda muito alta se compararmos

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regiões, estados e instituições de ensino. “Ou seja, minha preocupação é maior conforme nos aproximamos dos detalhes, das instituições,

dos programas, dos docentes e dos estudantes”, conclui.

Cornacchione considera que, qualquer exame que tem por finalidade configurar evidências para apoiar a decisão de licença profissional,

necessita ser muito bem desenhado (à luz dos objetivos de formação e profissionais da área), bem como ter sua lógica amplamente

divulgada e difundida perante os envolvidos o que, segundo ele, permite maior equilíbrio entre os esforços de formação e demandas

profissionais. “Todos os envolvidos, instituição de ensino, professores, estudantes, avaliadores, mercado profissional, entre outros,

possuem responsabilidade na garantia da eficiência e eficácia deste processo” sentencia.

Para o professor, as faculdades assim como os demais envolvidos podem colaborar para melhorar esses índices. Porém, ele adverte que não

é uma questão de ensinar para passar no exame. “Isso tende a ser uma reação imediata aos resultados baixos de aprovação, no entanto,

reduz o papel da instituição de ensino de formador de cidadãos e profissionais.” Cornacchione, continua a análise dizendo que ensinar para

passar no exame é visão reducionista e que encorpar o curriculum e o método para garantir um cidadão melhor preparado para o sucesso

em sua carreira representa bem mais do que o conteúdo do exame (e não poderia ser diferente). “Mas, as faculdades podem sim reforçar

temas e processos que são explorados no exame,” considera.

Quanto aos currículos das faculdades de ciências contábeis, Cornacchione lembra que em educação o curriculum é algo vivo e di nâmico.

Para ele, não é diferente para a contabilidade. O professor diz ainda que, independentemente da qualidade do curso ou programa em

questão, uma instituição de ensino, um programa, um docente deve sempre estar avaliando e implementando ajustes curriculares. “Nossa

área é de ciências sociais aplicadas. A dinâmica social requer que se jam contemplados elementos que estão em constante modificação.

Como disse, a parceria entre academia e mercado é adotada em vários países do mundo e faz todo o sentido em áreas com recorte

profissional como a nossa”, conclui.

Docentes mais preparados

Sob o ponto de vista do vice-presidente de Desenvolvimento Profissional e Institucional do CFC, Zulmir Breda, o índice de aprovação pode

melhorar, embora não se possa dizer que seja ruim, porque está acima da média das nove edições anteriores que foi de 43,4 pontos

percentuais.

A elevação do percentual de aprovação, para Breda, depende fundamentalmente da melhoria na qualidade do ensino e, por via de

consequência, da melhor formação do aluno. Ele lembra que a última ava liação dos cursos de ciências contábeis feita pelo MEC em 2012,quando da realização do ENADE, 865 cursos foram avaliados, sendo que apenas 31 (3,6%) obtiveram o conceito máximo (nota 5). “Isto

mostra o quanto podemos ainda avançar na qualificação do ensino superior na nossa área”, acrescenta.

Ele afirma que a evolução passa por investimentos que precisam ser feitos pelas instituições de ensino superior, seja na melhoria das

instalações físicas, na qualificação do corpo docente e na organização didático-pedagógica. Preocupado com a formação de docentes para

o ensino contábil no país, o Conselho Federal de Contabilidade tem projeto específico nesse sentido, visando apoiar a instalação e

funcionamento de novos cursos de mestrado em ciências contábeis, especialmente em regiões onde não há oferta desses cursos, com o

objetivo de propiciar a formação de mais mestres para o ensino das ciências contábeis, contribuindo assim para o atendimento das

diretrizes do MEC. “Atualmente temos apenas cerca de três dezenas de cursos de mestrado e doutorado em ciências contábeis em todo o

Brasil o que é insuficiente se compararmos com o número de cursos de graduação, que ultrapassa 1,2 mil cursos em todo o país”, revela

Breda.

Quanto à necessidade de mudanças no currículo das universidades, o vice-presidente revela que o CFC elaborou uma proposta de currículo

que será sugerida às instituições de ensino. “Essa proposta nacional está em fase de revisão e deverá ser divulgada em breve” promete.

Por: Elizete Schazmann

Fonte: Contabilidade na TV

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