Plantas Usadas na Medicina Popular

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PLANTAS USADAS PLANTAS USADAS NA NA MEDICINA POPULAR MEDICINA POPULAR

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REcolha de plantas usadas na medicina popular na ilha de São Miguel (Açores)

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PLANTAS USADAS PLANTAS USADAS NANA

MEDICINA POPULARMEDICINA POPULAR

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F I C H A T É C N I C A

TextoTeófi lo Braga e Gilda Pontes

Fotografi aGilda Pontes, Teófi lo Braga,

Gilberto Cardoso, Lúcia Ventura,Jorge Cardoso e Emanuel Cordeiro

DesignBlack Tulip

Execução Gráfi caEGA - Empresa Gráfi ca Açoreana, Lda.

Tiragem1 000

Depósito Legal236 146 / 05

ISBN972-8144-25-3

EdiçãoAmigos dos Açores

ApoioSecretaria Regional do Ambiente e do Mar

2ª Edição

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Aquele que estiver doenteVá tomando chá de murtaQue os remédios da boticaPõem a vida mais curta

(S.Miguel)

Cancioneiro Geral dos Açores, 1982 Armando Côrtes Rodrigues

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5PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

ÍndiceÍndice

Alecrim Rosmarinus offi cinalis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9

Alho Allium sativum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

Araçazeiro Psidium littorale . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

Arruda Ruta chalepensis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

Avenca Adiantum capillus-veneris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13

Borragem Borago offi cinalis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14

Celidónia Chelidonium majus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15

Coucelos Umbilicus rupestris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16

Dente-de-leão Taraxacum offi cinale . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

Erva Cidreira Melissa offi cinalis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18

Erva-de-São Roberto Geranium robertianum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

Eucalipto Eucaliptus globulus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

Fava da cova Parietaria judaica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21

Funcho Foeniculum vulgare . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22

Hortelã de Sopa Mentha viridis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Hortelã-Pimenta Mentha x piperita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

Linho Linum usitatissimum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25

Losna Artemisia absinthium . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

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Louro Laurus azorica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

Macela Anthemis nobilis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28

Maria Luísa Lippia citriodora . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29

Milho Zea mays . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30

Morangueiro Fragaria vesca . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31

Nêveda Calamintha sylvatica . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

Ourego Origanum virens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33

Poejo Mentha pulegium . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34

Queiró Calluna vulgaris . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35

Rabo de Asno Equisetum telmateia. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 36

Romã Punica granatum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37

Sabugueiro Sambucus nigra . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38

Salsa Petroselinum sativum . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39

Salva Salvia offi cinalis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

Silva Rubus ulmifolius . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41

Tanchagem Plantago major . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42

Tomilho Th ymus caespititius . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

Usai-dela Chenopodium ambrosioides . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

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7PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

IntroduçãoIntrodução

O esforço do homem para compreender e usar as plantas, na alimentação e como medicamento, é antiquíssimo e perde-se nos tempos.

Terão sido os primeiros povoadores dos Açores a trazer consigo o conhecimento empírico e a grande maioria das plantas usadas na medicina popular. Referindo-se à ilha de S. Maria, Gaspar Frutuoso (1998) menciona um “João Vaz Melão, que se chamava das Virtudes, pela forma como curava, natural de Viseu donde veio à ilha logo no principio, depois de ser achada... onde tinha muita fazenda e uma grande casa que lhe não servia mais do que dos enfermos que de muita parte o buscavam, os quais ele curava, por amor de Deus só com ervas e azeite, sem mais outra mezinha”.

Menosprezada pelos mais “cultos”, durante muito tempo, a importância da medicina popular veio a ser reconhecida em Maio

de 1978, através de uma Resolução da As-sembleia Geral da Organização Mundial de Saúde que deu início a um programa mundial com o fi m de avaliar e utilizar os métodos da medicina popular, nos quais se incluía o recurso à fi toterapia, que é a ciência que se ocupa da utilização das plantas medicinais (ou dos seus extractos) no tratamento de doentes.

Os Amigos dos Açores, com este trabalho, pretendem dar a conhecer algumas plantas que foram usadas pelos nossos antepassa-dos e/ou que ainda são utilizadas na me-dicina popular.

Esta publicação não é, pois, nem pretende ser, uma obra de cariz científi co, muito menos tem a intenção de fornecer um conjunto de receitas para as mais diversas doenças.

Para cada uma das plantas indicamos o seu nome comum, o seu nome científi co,

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algumas características, a sua distribuição e habitat, e a sua utilização na medicina popular, sempre que possível recorrendo a trabalhos publicados e aos resultados de inquéritos efectuados na ilha de São Miguel em 1998 e em 2002.

Para os interessados em aprofundar o tema, aconselha-se a consulta das obras indicadas na bibliografi a.

Como nota fi nal, os Amigos dos Açores advertem que a utilização terapêutica das plantas medicinais não é isenta de riscos e que não se responsabilizam por eventuais problemas resultantes do uso das plantas referidas nesta publicação.

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9PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

AlecrimAlecrim

Utilização na Medicina Popular nos AçoresDe acordo com Acúrcio Ramos (1871), o alecrim, apesar de pouco usado, é tónico e excitante. Por seu turno, Silvano Pereira (1953) afi rma que, embora, antigamente, fosse muito usado para as mais diversas doenças, apenas é aconselhado como tónico e estimulante estomacal.Na Ribeira Seca da Ribeira Grande, o alecrim era usado contra os in-chaços e na Ribeirinha, para combater problemas intestinais (inquérito de 1988). Por seu lado, segundo o inquérito de 2002, nas Sete Cidades, esta planta servia para combater dores de barriga, de cabeça e de es-tômago.

Nome vulgarAlecrim; Alecrim-da-terra

Nome científi coRosmarinus offi cinalis

DescriçãoArbusto erecto, ramoso, com aroma forte. As folhas são persistentes, coriáceas e lanceoladas e as fl ores são de cor azul-pálida (raramente rosada ou branca).

Distribuição Geográfi caÉ uma espécie espontânea na região mediterrânica podendo ser encon-trada até aos 1500 m de altitude. Nos Açores é cultivada em quintais e jardins.

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AlhoAlho

Nome vulgarAlho

Nome científi coAllium sativum

DescriçãoPlanta bolbosa vivaz, com fl ores es-branquiçadas ou avermelhadas. A sua raiz possui um bolbo formado por vários bolbilhos conhecidos como dentes.

Distribuição Geográfi caPossivelmente originário da Ásia Central e Ocidental, o alho é culti-vado em todo o mundo.

Utilização na Medicina Popular nos AçoresA tintura obtida pela maceração dos bolbos em álcool é aconselhável como anti-reumática (Pereira, 1953).De acordo com o inquérito de 1988, o “chá” de alho era usado, no Pico da Pedra, para “fazer bem” à coluna. Por outro lado, de acordo com os inquéritos de 2002, o alho era usado para combater a tosse.

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11PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

AraçazeiroAraçazeiro

Utilização na Medicina Popular nos AçoresA infusão das suas folhas, sobretudo da variedade roxa, é utilizada como anti-diarreico (Pereira, 1953).Em 1988 e em 2002, de acordo com todos os questionários feitos em toda a ilha de São Miguel, o araçazeiro era usado com o mesmo fi m: combater as diarreias.

Nome vulgarAraçazeiro, Araçaleiro

Nome científi coPsidium littorale

DescriçãoPequena árvore ou arbusto, sempre verde, com um tronco acastanhado. As suas folhas são glabras e opos-tas e os seus frutos, que podem ser vermelhos ou amarelos, são muito saborosos.

Distribuição Geográfi caNativo da América do Sul, o araçazei-ro é cultivado nos Açores por causa dos seus apreciados frutos, aparecen-do por vezes naturalizado em ravinas e correntes de lava, abaixo dos 300 m de altitude.

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ArrudaArruda

Nome vulgarArruda

Nome científi coRuta chalepensis

DescriçãoErva vivaz com folhas acinzentadas, segmentadas e fétidas. O caule é len-hoso e ramifi cado, podendo atingir os 60 cm de altura. As suas fl ores são amarelas e pequenas.

Distribuição Geográfi caCresce em terrenos áridos da região mediterrânica. Nos Açores, a arruda é cultivada em quintais como planta medicinal.

Utilização na Medicina Popular nos AçoresNos Açores a arruda é usada na confecção de vários medicamentos caseiros, devido às suas propriedades estimulantes, febrífugas e emenagogas (Pereira, 1953). Por seu lado, Francisco Costa (1952), refere o seu uso para os mais diversos fi ns, desde a cura das dores de cabeça, de ouvidos ou de dentes, até ao estancamento das hemorragias nasais.Em diversas freguesias do concelho da Ribeira Grande, a planta era usada para as dores de estômago e para doenças da bexiga e rins (inquérito de 1988). Nas Sete Cidades, segundo o inquérito de 2002, a arruda era usada com os mesmos fi ns.

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13PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

AvencaAvenca

Utilização na Medicina Popular nos AçoresCândido Abranches (1894) menciona o uso do chá para purifi car o sangue. Por seu turno Silvano Pereira (1954) refere o uso do xarope dos seus rizomas no combate à tosse.Na freguesia de São José, a avenca era usada no tratamento do catarro pulmonar, da rouquidão e da tosse (inquérito de 1988).

Nome vulgarAvenca

Nome científi coAdiantum capillus-veneris

DescriçãoFeto herbáceo de ramifi cações muito fi nas, pretas ou castanho-escuras e lisas. As frondes apresentam folíolos triangulares em forma de leque.

Distribuição Geográfi caNativa da Europa e da América do Norte, a avenca aparece sobretudo em sítios húmidos e sombrios.

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BorragemBorragem

Nome vulgarBorragem

Nome científi coBorago offi cinalis

DescriçãoPlanta anual com caule espesso pelu-do e ramifi cado, com folhas alternas, ásperas e enrugadas e fl ores azuis.

Distribuição Geográfi caPlanta mediterrânica mais frequente em terrenos ricos em azoto. Utilização na Medicina Popular nos Açores

Cândido Abranches (1894) menciona o seu uso em “chá” como sudo-rífero e Silvano Pereira (1954) refere o uso da infusão das suas fl ores como sudorífero e diurético.Na Maia, a borragem era usada para combater a tosse e infl amações (in-quérito de 1988).

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15PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

CelidóniaCelidónia

Utilização na Medicina Popular nos AçoresAcúrcio Ramos (1871) refere que o seu suco é “aconselhado nas obstrucções, ulceras antigas, manchas da cornea, verrugas e outras ex-crescencias cutaneas”. Silvano Pereira (1953), por sua vez, menciona o uso do seu látex nos golpes e feridas recentes, como antiséptico e cica-trizante.Em toda a ilha de São Miguel, tanto nos inquéritos feitos em 1988 como em 2002, é referido o uso do látex em “arranhões e feridas ligeiras”.

Nome vulgarCelidónia, Erva-das-verrugas, Erva-de-golpe, Erva-andorinha, Erva-tintureira

Nome científi coChelidonium majus

DescriçãoErva vivaz de caule ramoso e cilín-drico, folhas verde-claras lobadas e fl ores amarelo-douradas, com látex amarelo.

Distribuição Geográfi caEncontra-se na Europa, Ásia Central e Meridional e América, em sebes, muros e entulhos, em lugares húmi-dos. Nos Açores, é espontânea em caminhos, muros e lugares incultos, em areias e cascalhos grosseiros secos e expostos.

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CoucelosCoucelos

Nome vulgarCoucelos, Conchelos

Nome científi coUmbilicus rupestris

DescriçãoPlanta vivaz, com folhas carnudas na base, redondas, formando uma “cra-tera central”. As fl ores são branco-brilhantes ou avermelhadas.

Distribuição Geográfi caExiste na Europa Meridional e na Grã Bretanha, sobretudo em paredes velhas, escarpas abruptas e fendas de rochas.

Utilização na Medicina Popular nos AçoresCândido Abranches (1894) refere a sua aplicação sobre feridas para “tirar a infl amação”.No inquérito de 1998, nos Ginetes e na Ribeira Chã o “chá” das se-mentes era usado para combater a diarreia.

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17PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

Dente-de-LeãoDente-de-Leão

Utilização na Medicina Popular nos AçoresSilvano Pereira (1953) menciona o uso das suas folhas em saladas ou, em infusão, devido às suas propriedades laxativas.

Nome vulgarDente-de-leão, Alfacinha

Nome científi coTaraxacum offi cinale

DescriçãoPlanta herbácea vivaz, com folhas glabras, compridas, fendidas ou par-tidas, dispostas em roseta, com fl ores de um amarelo intenso, formando um capítulo.

Distribuição Geográfi caPlanta do hemisfério Norte que se encontra aclimatada na América do Sul. É uma espécie espontânea nas bermas dos caminhos e em terrenos incultos.

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Erva-CidreiraErva-Cidreira

Nome vulgarErva-Cidreira, Cidreira

Nome científi coMelissa offi cinalis

DescriçãoÉ uma planta vivaz, muito ramifi -cada e aromática, conhecida pelo seu forte e agradável aroma a limão. As suas folhas são ovais, serradas e de nervuras salientes.

Distribuição Geográfi caPlanta das regiões meridionais da Europa, Ásia e Norte de África. No Continente e na Madeira existe em locais sombrios e húmidos. Cultivada nos Açores para fi ns medicinais.

Utilização na Medicina Popular nos AçoresSilvano Pereira (1953) diz-nos que : “a infusão das suas folhas e sumi-dades fl oríferas é muito empregada [...] para aliviar as dores intestinais. Tem propriedades estomáquicas, anti-espasmódicas e carminativas”.Segundo o inquérito de 1988, a erva cidreira era utilizada para diversos fi ns, em quase todas as freguesias da Ribeira Grande. Assim, na Maia era usada para combater as dores de barriga e para o coração, no Porto For-moso e Ribeirinha, para “acalmar os nervos” e no Pico da Pedra, “contra as febres”.

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Erva-de-São-RobertoErva-de-São-Roberto

Utilização na Medicina Popular nos AçoresSegundo o inquérito de 1998, em São Pedro, Ponta Delgada, a infusão era usada para combater os nervos e no Pico da Pedra para controlar a tensão alta e os diabetes.

Nome vulgarErva-de-São-Roberto, Erva-roberta

Nome científi coGeranium robertianum

DescriçãoErva anual, de caule avermelhado, com folhas verde-claras, triangulares, palmadas e fl ores rosadas.

Distribuição Geográfi caNativa da Europa Central e Me-ridional e da Ásia, está aclimatada na América do Norte. Encontra-se em locais húmidos e sombrios, sobre-tudo junto a muros e sebes.

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EucaliptoEucalipto

Nome vulgarEucalipto, Eucalipto-comum

Nome científi coEucalyptus globulus

DescriçãoÁrvore que pode atingir mais de 30 m de altura, as folhas jovens são ovais e glaucas e as mais velhas são lanceo-ladas e em forma de foice. As fl ores, grandes e solitárias, são amarelo- -esbranquiçadas.

Distribuição Geográfi caOriginário da Austrália, o eucalipto é cultivado em regiões temperadas, subtropicais e tropicais, preferindo terrenos com alguma humidade.

Utilização na Medicina Popular nos AçoresSegundo Cândido Abranches (1894) a infusão das suas folhas em álcool era usada “em fricções para a cura do rheumatismo”.No Pico da Pedra, as folhas de eucalipto fervidas em água eram usadas para combater a gripe (inquérito de 1988). Por seu lado, segundo o in-quérito de 2002, nas Sete Cidades a fricção das folhas no corpo era usada para combater o reumatismo.

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21PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

Fava da CovaFava da Cova

Utilização na Medicina Popular nos AçoresCândido Abranches (1894) menciona a sua utilização “em banhos em semicupio para padecimentos hemorrhoidaes”. Segundo Silvano Pereira (1953), “o decocto das suas folhas é usado externamente em loções, como emoliente, nas hemorroides”.Nos inquéritos efectuados em 1988 e em 2002, todos os respondentes referiram o uso da fava-da-cova no tratamento das hemorróidas.

Nome vulgarFava-da-cova, Alfavaca-da-cova, Fava-da-cobra, Alfavaca-da-cobra

Nome científi coParietaria judaica

DescriçãoErva vivaz, de caules sub-erectos, len-hosos e avermelhados, folhas em for-ma de coração e desprovidas de pêlos e fl ores pequenas e esverdeadas.

Distribuição Geográfi caNativa da região mediterrânica, SW e W da Europa, encontra-se naturali-zada em todo o mundo, nas regiões temperadas. Nos Açores é comum em muros e em locais incultos, abaixo dos 100 m.

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FunchoFuncho

Nome vulgarFuncho

Nome científi coFoeniculum vulgare

DescriçãoPlanta perene ou bienal, podendo atingir 1,5 m de altura. De cor verde brilhante, com folhas profunda-mente recortadas e reduzidas, por assim dizer, às nervuras, as suas fl ores são amarelas e estão dispostas em umbela.

Distribuição Geográfi caNativo da região mediterrânica, aparece em terrenos baldios, nas ber-mas dos caminhos. Nos Açores surge abaixo dos 500 m, nas bermas de caminhos e em terrenos incultos.

Utilização na Medicina Popular nos AçoresDe acordo com Cândido Abranches (1894), a água da infusão do funcho é usada para combater a infl amação dos olhos. Segundo Silvano Pereira (1953), a infusão das suas sementes é usada como estimulante estomacal nas dispepsias.Na Ribeirinha, segundo o inquérito 1988, a planta era usada para com-bater “a prisão de ventre e as dores de barriga”. Nas Sete Cidades, era usada para diversos fi ns, como para tratamento da constipação, rou-quidão, dores de barriga e de cabeça (inquérito de 2002).

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23PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

HortelãHortelã

Utilização na Medicina Popular nos AçoresDe acordo com Silvano Pereira (1953), a infusão das suas folhas é usada como vermífugo, sendo também utilizada em culinária.Na Maia, segundo o inquérito de 1988, a hortelã-de-sopa era usada para combater as lombrigas e nas Sete Cidades, em 2002, era usada para de-belar as dores de barriga.

Nome vulgarHortelã, Hortelã-de-sopa

Nome científi coMentha viridis

DescriçãoErva vivaz, rizomatosa, de caules semi-prostrados, folhas sub-lanceo-ladas, serradas e aromáticas.

Distribuição Geográfi caPlanta nativa da região mediter-rânica, muito cultivada em Portugal, incluindo nos Açores

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Hortelã-PimentaHortelã-Pimenta

Nome vulgarHortelã-pimenta

Nome científi coMentha x piperita

DescriçãoErva vivaz, estolhosa, com aroma bastante forte, de caules avermel-hados e folhas pecioladas e lanceo-ladas.

Distribuição Geográfi caPor se tratar de um híbrido estável e infecundo da hortelã-aquática e da hortelã comum, é cultivada na Eu-ropa, Ásia e América do Norte por via vegetativa.

Utilização na Medicina Popular nos AçoresDe acordo com Cândido Abranches (1894), a hortelã-pimenta era usada “em licor ou em chá para expelir o ar do estomago”, por seu lado Silvano Pereira (1953) refere o uso da infusão das suas folhas como estimulante da digestão.De acordo com o inquérito efectuado em 1988, a planta era usada na Ribeirinha no combate à tosse, e na Ribeira Seca da Ribeira Grande e nas Sete Cidades, no combate às dores de barriga (inquérito de 2002).

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25PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

LinhoLinho

Utilização na Medicina Popular nos AçoresSegundo Silvano Pereira (1953) a infusão das suas sementes era usada no tratamento da prisão de ventre e a farinha das sementes para fazer as “papas de linhaça” usadas em cataplasma quente, como analgésico e emoliente, em feridas, dores de barriga, etc.

Nome vulgarLinho

Nome científi coLinum usitatissimum

DescriçãoPlanta anual, de caule erecto, folhas alongadas e estreitas com fl ores de cor azul clara. O fruto é uma cáp-sula globulosa com sementes de cor castanha.

Distribuição Geográfi caPlanta nativa das zonas temperadas da Europa e da Ásia e cultivada em todo o mundo.

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LosnaLosna

Nome vulgarLosna

Nome científi coArtemisia absinthium

DescriçãoPlanta vivaz, de caule verde-prateado e erecto. As folhas são cinzento- -esverdeadas na página superior e brancas na inferior e as fl ores são amarelas.

Distribuição Geográfi caNativa da Europa Central e do Sul, Ásia e Norte de África. Prefere zonas pedregosas de montanha e terrenos baldios, secos. Nos Açores, embora rara, é cultivada.

Utilização na Medicina Popular nos AçoresEm chá para debelar o fastio e doenças de estômago (Abranches, 1894). Silvano Pereira (1953) refere que esta planta entra em diferentes receitas caseiras e que possui propriedades estimulantes e aperitivas.No concelho da Ribeira Grande, de acordo com os inquéritos realizados em 1988 e 2002, a losna era utilizada essencialmente para combater as dores de estômago e de intestinos.

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27PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

LouroLouro

Utilização na Medicina Popular nos AçoresCândido Abranches (1894) menciona o uso do louro na culinária como tempero e queimado como desinfectante.

Nome vulgarLouro, Louro-macho, Louro-da-terra, Louro-bravo, Louro-manso, Louro-de-cheiro, Loureiro

Nome científi coLaurus azorica

DescriçãoÁrvore de folhas persistentes e aromáti-cas, que pode atingir 20 m de altura. As folhas são verde-escuras e são utili-zadas na culinária. Os frutos são bagas que quando estão maduras tornam-se negras.

Distribuição Geográfi caEspécie endémica dos Açores, exis-tente em todas as ilhas, excepto na Graciosa, que aparece geral-mente acima dos 500 m de altitude, podendo encontrar-se quer em sítios húmidos quer em correntes de lava quase secas.

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MacelaMacela

Nome vulgarMacela, Marcela

Nome científi coAnthemis nobilis

DescriçãoErva vivaz, rasteira, com folhas ver-des-esbranquiçadas, em roseta e fl ores amarelas reunidas em capítu-los.

Distribuição Geográfi caNativa da Europa Ocidental, a ma-cela aparece em campos cultivados, relvados, margens arenosas de rios e nas bermas de caminhos.

Utilização na Medicina Popular nos AçoresCândido Abranches (1894) menciona o uso da macela para “amargos de boca e doenças do estomago”. Silvano Pereira (1953) refere que a infusão das suas fl ores é usada como tónico para estômagos dispépticos.No concelho da Ribeira Grande, de acordo com o inquérito realizado em 1988, a macela era utilizada essencialmente para combater as dores de estômago e intestinos bem como nas doenças da pele e dos olhos.

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29PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

Maria-LuísaMaria-Luísa

Utilização na Medicina Popular nos AçoresSegundo Cândido Abranches (1894) era usada para tratar “doenças es-tericas” e Silvano Pereira (1953) refere que a infusão das suas folhas e fl ores é usada como calmante.De acordo com o inquérito de 1988, no Pico da Pedra, na Maia, na Lomba da Maia e na Ribeira Seca da Ribeira Grande, era usada “para o coração” e nas Sete Cidades, em 2002, era considerada “boa para a tosse e canseira, estômago e sistema nervoso”

Nome vulgarMaria-luísa, Limonete, Erva-limão

Nome científi coLippia citriodora

DescriçãoArbusto ramoso, com folhas lanceo-ladas e muito aromáticas.

Distribuição Geográfi caOriginária da Argentina, do Peru e do Chile, é espontânea na América do Norte. Nos Açores é cultivada em quintais e jardins.

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MilhoMilho

Nome vulgarMilho

Nome científi coZea mays

DescriçãoPlanta anual, com fl ores masculinas e femininas separadas, estas últimas agrupam-se numa espiga, que se transforma em maçaroca. As suas folhas são oblongas e lanceoladas.

Distribuição Geográfi caOriundo do México e da América Central o milho é cultivado em todo o mundo.

Utilização na Medicina Popular nos AçoresDe acordo com Silvano Pereira (1953), “os longos estiletes das suas infl o-rescências femininas – as barbas de milho – são empregadas em decocto, como um enérgico diurético”.No Pico da Pedra, as “barbas” do milho eram usadas para combater problemas dos rins e bexiga (inquérito de 1988).

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31PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

MorangueiroMorangueiro

Utilização na Medicina Popular nos AçoresSilvano Pereira (1953) menciona o uso da infusão dos rizomas e folhas como anti-diarréico.Nos Ginetes e em Santo António (Além-Capelas), de acordo com o in-quérito de 1988, a infusão das folhas era usada para combater problemas urinários.

Nome vulgarMorangueiro

Nome científi coFragaria vesca

DescriçãoPlanta vivaz, rasteira, com folhas tri-foliadas mais claras na face inferior. As fl ores são brancas e têm cinco pétalas.

Distribuição Geográfi caPlanta comum nas bermas de camin-hos, sebes e bosques das zonas mon-tanhosas de regiões temperadas de toda a Europa. Muito cultivada em quase todo o mundo.

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PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR32

NêvedaNêveda

Nome vulgarNêveda, Erva-névea

Nome científi coCalamintha offi cinalis

DescriçãoErva vivaz, ramifi cada, de folhas pequenas, pecioladas, ovadas e aromáticas. As suas fl ores são tam-bém pequenas e arroxeadas.

Distribuição Geográfi caPlanta do Sul de Inglaterra e Europa Central, existindo em Portugal em locais secos e áridos até aos 1500 m de altitude. Nos Açores, é espontânea aparecendo sobretudo em terrenos incultos.

Utilização na Medicina Popular nos AçoresSilvano Pereira (1953) refere que as suas folhas eram usadas como es-timulante do aparelho digestivo.No Pico da Pedra, a neveda era usada para dar às pessoas “boa disposição” (inquérito de 1988).

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OuregoOurego

Utilização na Medicina Popular nos AçoresPereira (1953), refere que o ourego possui propriedades estimulantes e carminativas e menciona o uso da infusão das folhas e sumidades fl oríferas para combater a tosse.No inquérito realizado em 1988, na Ribeira Seca da Ribeira Grande, o ourego era usado para combater a tosse. Por seu lado, nas Sete Cidades era usado para combater as dores de barriga e estômago (inquérito de 2002).

Nome vulgarOurego, Ouregão

Nome científi coOriganum vulgare ssp. virens

DescriçãoErva vivaz com caule erecto, por vezes avermelhado, com pequenas folhas ovais, pontiagudas e fl ores brancas.

Distribuição Geográfi caNativo da Europa e da Macaronésia o ourego prefere solos pedregosos em zonas de montanha. Encontra-se em vertentes rochosas e escarpas abaixo dos 300 m.

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PoejoPoejo

Nome vulgarPoejo, Hortelã-pimenta-mansa

Nome científi coMentha pulegium

DescriçãoErva vivaz, robusta, com folhas opos-tas, pecioladas, elípticas ou ovadas, de cor acinzentada. Apresenta um cheiro agradável.

Distribuição Geográfi caNativo da Europa e Ásia Ocidental, o poejo naturalizou-se na América. Nos Açores é comum em pastagens, atalhos de gravilha e bermas de caminhos até aos 1000 m

Utilização na Medicina Popular nos AçoresCândido Abranches (1894) diz que em licor a planta é estomacal. Silvano Pereira (1953) escreve que a infusão das suas folhas é utilizada como estimulante e tónico estomacal.De acordo com o inquérito de 1988, na freguesia de Rabo de Peixe, o poejo era usado “para acalmar os nervos”. Por seu turno, na Maia servia “para aliviar as dores de barriga” e, sob a forma de cigarro, para combater as dores de dentes.

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35PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

QueiróQueiró

Utilização na Medicina Popular nos AçoresNos Ginetes, de acordo com o inquérito de 1988, era usada uma infusão do seu caule e folhas para fazer baixar a tensão arterial.

Nome vulgarQueiró, Rapa

Nome científi coCalluna vulgaris

DescriçãoSubarbusto lenhoso, com folhas per-sistentes, opostas e lineares e fl ores cor-de-rosa.

Distribuição Geográfi caPlanta nativa da Macaronésia, Eu-ropa, NW de África e América do Norte. Nos Açores é comum em vertentes secas e correntes de lava re-cente, até aos 2300 m de altitude.

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Rabo d’AsnoRabo d’Asno

Nome vulgarRabo d’Asno; Cavalinha

Nome científi coEquisetum telmateia

DescriçãoPlanta vivaz, rizomatosa, com caules aéreos, muito ramifi cados, que po-dem atingir 1m de altura..

Distribuição Geográfi caExiste na Europa, exceptuando o extremo Norte e em grande parte da ex-União Soviética. Aparece em locais muito húmidos e geralmente sombrios, onde a água se encon-tra permanentemente disponível e, também, nas margens das lagoas e ribeiras.

Utilização na Medicina Popular nos AçoresSilvano Pereira (1953) refere o uso da infusão dos caules como diurética e externamente em cataplasmas, nas cistites e litiase renal. No inquérito de 1988 era referido o uso do rabo d’asno, no Pico da Pedra e na Lomba da Maia, no tratamento das “dores dos rins e bexiga”.

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RomãRomã

Utilização na Medicina Popular nos AçoresNa Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, segundo o inquérito reali-zado em 1988, usava-se a casca do fruto seco para aliviar doentes que sofriam de falta de ar.

Nome vulgarRomã, Romãzeira

Nome científi coPunica granatum

DescriçãoArbusto erecto muito ramoso, de casca avermelhada nos ramos novos podendo atingir de 2 a 5 m. As suas fl ores são de cor vermelha forte e o fruto é esférico, com casca coriácea, amarela ou avermelhada.

Distribuição Geográfi caPlanta nativa do Sudoeste da Ásia, muito cultivada na Europa e Améri-ca do Sul.

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SabugueiroSabugueiro

Nome vulgarSabugueiro, Sabugo, Rosa-de-bem-fazer

Nome científi coSambucus nigra

DescriçãoArbusto com os ramos cheios de medula branca, com folhas peciola-das, com 5 a 7 foliolos serrados. As suas fl ores são branco-amareladas e as suas bagas negras, apresentando de três a cinco sementes.

Distribuição Geográfi caNativo da Europa, Ásia Ocidental e Central e Norte de África, cresce em bosques e terrenos incultos. Nos Açores é utilizado em sebes.

Utilização na Medicina Popular nos AçoresCândido Abranches (1894) menciona o seu uso em chá, como sudo-rífero. Por seu turno Silvano Pereira (1954) menciona o uso da infusão das suas fl ores como diurético e sudorífero.No inquérito de 1988, na Lomba da Maia, era feita referência ao uso da fl or do sabugueiro para debelar a febre, enquanto que na Lombinha da Maia usavam-se as bagas para combater a diarreia.

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39PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

SalsaSalsa

Utilização na Medicina Popular nos AçoresCândido Abranches (1894) menciona o uso do sumo desta planta como diurético. Por seu turno Silvano Pereira (1954) menciona o uso da in-fusão das suas raízes como febrífuga, tónica e depurativa.Na Ribeirinha, a salsa era utilizada como diurética, segundo o inquérito de 1988. Nas Sete Cidades, a salsa era considerada boa para as dores de estômago, vesícula e para memória (inquérito de 2002).

Nome vulgarSalsa

Nome científi coPetroselinum sativum

DescriçãoPlanta herbácea anual, de folhas com contornos triangulares e fl ores amarelo-esverdeadas, dispostas em umbela.

Distribuição Geográfi caPossivelmente originária da região mediterrânica, esta planta é culti-vada em todo o mundo como planta condimentar.

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SalvaSalva

Nome vulgarSalva

Nome científi coSalvia offi cinalis

DescriçãoSubarbusto aromático, de caules quadrangulares, folhas lanceoladas, verde-escuras, apresentando o verso acinzentado. As fl ores são pequenas e arroxeadas.

Distribuição Geográfi caOriginária da região mediterrânica oriental é cultivada em todo o mun-do.

Utilização na Medicina Popular nos AçoresSilvano Pereira (1954) menciona o uso da infusão das suas folhas como “panaceia universal”, acrescentando que o seu uso principal é como tónico e depurativo.De acordo com o inquérito de 1988, a salva era utilizada, em quase todas as freguesias do concelho da Ribeira Grande, para diversos fi ns dos quais se destacam: aliviar as dores de estômago, combater os nervos e acalmar a tosse.

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SilvaSilva

Utilização na Medicina Popular nos AçoresCândido Abranches (1894) afi rma que os rebentos novos mastigados são bons contra a infl amação da garganta, os frutos em calda de açúcar no combate à desinteria e em licor para acalmar as dores de dentes. Por seu turno Silvano Pereira (1954) menciona o uso das extremidades das folhas tenras, em decocto, como antidiarreico.Segundo o inquérito de 1988, na Ribeira Chã era usado o chá no trata-mento da diarreia e o “mastigar o caule do olho da silva” nas as infecções da boca.

Nome vulgarSilva, Silva-brava, Silvado-bravo

Nome científi coRubus ulmifolius

DescriçãoSubarbusto sarmentoso, prostrado ou trepador, com fl ores brancas e fruto globoso.

Distribuição Geográfi caOriginária da Europa a silva aparece sobretudo em matas e sebes. Nos Açores é espontânea, aparecendo sobretudo em sebes e terrenos in-cultos.

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PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR42

TanchagemTanchagem

Nome vulgarTanchagem, Língua-de-vaca

Nome científi coPlantago major

DescriçãoPlanta herbácea vivaz, com folhas lanceoladas, pecíolos delgados e corola esbranquiçada e fl ores dispos-tas em espiga.

Distribuição Geográfi caNativa da Europa e regiões tempera-das da Ásia e do Norte de África, aparece sobretudo em planícies e ter-renos incultos e húmidos.

Utilização na Medicina Popular nos AçoresCândido Abranches (1894), afi rma que o cozimento da planta é apli-cado para infl amações da vista. Por seu turno, Silvano Pereira (1954) menciona o uso da infusão das suas folhas em infl amações e o sumo das folhas como cicatrizante de feridas.Na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo era usada para cicatrizar feri-das (inquérito de 1988).

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TomilhoTomilho

Utilização na Medicina Popular nos AçoresDe acordo com o inquérito de 1988, no Porto Formoso, o tomilho era usado para debelar a tosse e a rouquidão. Nas Sete Cidades era usada, em infusão, no tratamento das dores do estômago (inquérito de 2002).

Nome vulgarTomilho, Erva-úrsula

Nome científi coTh ymus caespititius

DescriçãoPlanta rasteira, de caules lenhosos, de folhas curtas, em forma de agulha e fl ores branco-arroxeadas.

Distribuição Geográfi caExiste em todas as ilhas dos Açores, na Madeira, em Portugal Conti-nental e Nordeste de Espanha. Nos Açores pode ser vista desde a costa até altitudes muito elevadas, como na ilha do Pico.

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Usai-delaUsai-dela

Nome vulgarUsai-dela, Erva-formigueira, Erva-lombrigueira

Nome científi coChenopodium ambrosioides

DescriçãoErva anual, de caule erecto com es-trias verdes, frequentemente verme-lho, com folhas obovadas, inteiras ou com dentes irregulares e compridos e fl ores esverdeadas.

Distribuição Geográfi caExiste em zonas temperadas da Eu-ropa do Sul, preferindo solos areno-sos e entulhos.

Utilização na Medicina Popular nos AçoresCândido Abranches (1894) refere que o chá era aplicado contra vermes intestinais. Segundo Silvano Pereira (1954) o suco das sumidades fl oríferas, diluído em água açucarada, era usado como vermífugo.De acordo com os inquéritos realizados, nas Feteiras (1988) e Sete Ci-dades (2002) a usai-dela era, também, usada como vermífuga.

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45PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

BibliografiaBibliografia

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PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR46

GlossárioGlossário

Anti-espasmódica- que impede os espasmos dos órgãos ocos, como o estômago e a bex-iga, evitando assim as cólicas.

Antiséptico- que impede o desenvolvimento ou destrói os germes localizados na pele ou nas mucosas.

Capítulo- infl orescência densa, formada por um conjunto do fl ores geralmente sésseis (sem pecíolo).

Cápsula- fruto seco que abre na altura da ma-turação.

Carminativa- que favorece a expulsão dos gases produzidos pelas fermentações intestinais.

Coriáceo- duro (como couro).

Decocção (decocto)- consiste em colocar a planta em água fria, deixando-a ferver du-rante algum tempo.

Depurativa- que favorece a eliminação de subs-tâncias tóxicas que circulam no sangue.

Diurético- que faz aumentar a produção e o volume de urina produzida nos rins.

Emenagoga- que provoca ou facilita o apareci-mento da menstruação.

Estimulante- que activa ou melhora as funções, especialmente do sistema nervoso.

Estolhosa- que apresenta estolhos (caules raste-jantes que formam raízes nos nós).

Estomáquica- ajuda a digestão no estômago.

Excitante- que estimula ou aumenta a activi-dade do sistema nervoso (por vezes é usado como sinónimo de estimulante).

Febrífugas- que produz uma descida da tem-peratura corporal.

Folíolos- parte de uma folha composta; folha secundária.

Fronde- folha de feto.

Glabra- sem pêlos.

Glauca- coberta de matéria pulverulenta, ou por substância esbranquiçada, que se pode limpar esfregando.

Globoso- em forma de globo, arredondado.

Infusão- Processo que consiste em deitar água a ferver sobre a planta, conservando-a em contacto durante cinco a dez minutos (e por vezes mais).

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47PLANTAS USADAS NA MEDICINA POPULAR

Lanceolada- em forma de lança, afi ada nas ex-tremidades e mais larga na parte média.

Lobada- folha cujo recorte não atinge metade da aba.

Maceração- processo que consiste em mergul-har a planta em água fria, conservando-se assim durante 24h ou mais. Também se pode usar vinho ou outro líquido.

Oblonga- mais comprida do que larga e arre-dondada nas extremidades.

Obovada- que tem a forma de um ovo inver-tido. Numa folha a parte superior é mais larga do que a que está próxima do pé.

Palmada- recortada em segmentos divergentes, dispostos como os dedos de uma mão aberta.

Peciolada- que possui pecíolo.

Pecíolo- o pé de uma folha.

Rizomatosa- formando ou possuindo rizomas.

Sarmentoso- que produz estolhos longos e sinuosos.

Subarbusto- planta vivaz, geralmente com menos de 1m de altura, lenhosa apenas na base e sempre herbácea na parte restante.

Sudorífero- que estimula a sudação (acto de suar).

Tónico- que fortalece e incrementa as funções do organismo.

Umbela- infl orescência indefi nida em que os pedúnculos se inserem no eixo principal todos à mesma altura.

Vermífugo- que provoca a expulsão de vermes.

Vivaz- planta cuja parte subterrânea vive vári-os anos, fl orescendo em cada um deles, mesmo que as partes aéreas morram anual-mente.

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