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PLANO MUNICIPAL CONSERVAO
E RECUPERAO DA MATA ATLNTICA
DE ILHUS - BAHIA
DE
Realizao
-
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO
E RECUPERAO DA MATA ATLNTICA
DE ILHUS - BAHIA
Ilhus - 2012
GAMB
Grupo Ambientalista da Bahia
-
Coordenao
Renato Cunha
Ananda Orlando
Consultores
Heloisa Orlando
Marcelo Roncato
Assessoria Administrativa
e Financeira
Cntia Hiplito
Mapas
Ronaldo Gomes (LAPA/UESC)
Harildon Ferreira (Secretaria do Meio Ambiente de Ilhus)
Reviso
Arminda DAlva
Projeto Grfico e Diagramao
Carol Nbrega
Foto area da capa
Jos Nazal
Oficina Participativa do Diagnstico
Coordenao e Moderao: Heloisa Orlando
Articulao e logstica: Marcelo Roncato
Apoio: Prefeitura Municipal de Ilhus e Associao
Comercial de Ilhus
Oficina Participativa do Plano de Ao
Coordenao: Heloisa Orlando
Articulao e logstica: Marcelo Roncato
Moderao: Alexandre Botelho Merrem
Apoio: Prefeitura Municipal de Ilhus e Justia Federal de Ilhus
CRDITOS
GRUPO AMBIENTALISTA DA BAHIA - GAMB
Avenida Juracy Magalhes Junior 768, sala 102
Rio Vermelho - 41.940-060 Salvador - Bahia
Telefone: 71 3240 6822 www.gamba.org.br
PREFEITURA MUNICIPAL DE ILHUS
Praa J.J. Seabra, s/n - Centro
45.653-280 Ilhus - Bahia
Telefone: 73 3234 3500 www.ilheus.ba.gov.br
-
FUNDACI - Fundao Cultural de FUNPAB - Fundao Pau Brasil
Ilhus IHGI - Instituto de Patrimnio
MARAMATA - Fundao Histrico e Geogrfico de Ilhus
Universidade Livre do Mar e da FAMI - Federao das
Mata Associaes de Moradores de
SEMA Secretaria Municipal do Ilhus
Meio Ambiente CREA - Conselho Regional de
SESAU Secretaria Municipal de Engenharia Arquitetura e
Sade Agronomia
SEDUC - Secretaria Municipal de OAB - Ordem dos Advogados do
Educao Brasil - Sub seo de Ilhus
SEPLIN Secretaria Municipal Distrito Industrial de Ilhus
de Planejamento e Infraestrutura ACI - Associao Comercial de
SETUR Secretaria Municipal de Ilhus
Turismo SRI - Sindicato Rural de Ilhus
IESB Instituto de Estudos APC - Associao dos
Socioambientais do Sul da Bahia Produtores de Cacau
Instituto Floresta Viva AMO Amparo Melhor Ong
Associao Ao Ilhus Instituto CABRUCA
CONDEMA
Conselho Municipal
de Meio Ambiente
Adelicio Barbosa Josmar Valadares
Alvimar Valadares Marcelo Monteiro
Ceclia Naiane Makelly Martinhago
Cezar Falco Filho Mariana Machado
Cid Edson Pvoas* Maria do Socorro Mendona*
Cristiane Fernandes Maria Marta Lucas
Dan Lobo Marisqueiras MAMBAPE
Daniela Alarcon Marlene Dantas
Deizemeire Silva Souza Milene Maia
Gideon Farias Dero Nadia Acau
Dina Oliveira Nicolas Melgao
Eliezr Ribeiro Paulo Eduardo S. Figueiredo
Emanuela Spnola Paulo Paiva
Emerson Lucena Raimundo Faneca
Emlio Gusmo Raul Requio
Fabio Massena Romari A Martinez
Fernando Ribeiro* Ronaldo Gomes*
Gabriel Rodrigues dos Santos Ronaldo Sant Anna
Gil Gomes Rui Rocha
Gil Marcelo Reuss Ruiter Vieira
Glria de Castro Wagner Ferreira
Harildon Ferreira*
Jos Luiz Bezerra
* Agradecimentos EspeciaisJos Nazal*
AGRADECIMENTOS
-
SUMRIO
GERAL
I. INTRODUO
II. METODOLOGIA
III. DIAGNSTICO DA SITUAO ATUAL
1 Caracterizao do Municpio
1.1 Localizao e Insero Regional e Microrregional
1.2 Ncleos Urbanos Existentes no Territrio Municipal
1.3 Estrutura Fundiria e Utilizao da Terra no Municpio
1.4 Aspectos Ambientais
2 Principais Atividades Econmicas
3 Avaliao dos Planos e Programas Existentes no Municpio
3.1 Programa de Desenvolvimento do Turismo (PRODETUR)
3.2 Plano Diretor Municipal Participativo (PDMP)
3.3 Saneamento Ambiental
3.4 Programa de Recuperao das Bacias dos Rios Cachoeira e Almada
3.5 Programa Conservao Produtiva da Regio Cacaueira da Bahia
4 Unidades de Conservao e Populaes Locais
4.1 Unidades de Conservao Municipais
4.2 Unidades de Conservao Intermunicipais
4.3 Reserva da Biosfera e Corredores Ecolgicos
4.4 Terras Indgenas
4.5 Comunidades Rurais
5 Avaliao da Capacidade de Gesto do Municpio
5.1 Avaliao do Quadro Legal em Vigor no Municpio
6 Diagnstico Fsico-Ambiental e de Uso e Ocupao do Solo
do municpio de Ilhus
6.1 Aspectos do Substrato Rochoso
6.2 Cobertura Vegetal
6.3 reas de Preservao Permanente
6.4 Presses e Ameaas na Mata Atlntica de Ilhus
6.5 reas de Risco na Sede de Ilhus
6.6 Fragmentos de Mata Atlntica na rea Urbana de Ilhus
e Espcies Silvestres
IV. PROPOSTA DE AO
1 Anlise do Cenrio Atual
2 Definio da Situao Futura Desejada
3 Cenrio de Sustentabilidade Estratgias e Aes
4 Aes Prioritrias
BIBLIOGRAFIA
SIGLAS
ANEXOS
Anexo 1 - Participantes das Oficinas de Diagnstico e Plano de Ao
Anexo 2 - Lista de Organizaes No Governamentais Socioambientais
do municpio de Ilhus
9
127
140
146
148
11
13
13
37
43
60
84
15
18
19
26
49
51
56
59
59
69
76
79
80
88
97
102
105
111
118
123
92
127
148
153
129
131
138
65
-
Figura 1. Fluxograma do Processo de Elaborao do PMMA de Ilhus
Figura 2. Localizao do Municpio de Ilhus
Figura 3. Capitanias Hereditrias
Figura 4. Municpio de Ilhus-1950. Linha amarela: limite atual (adaptao - Jos Nazal)
Figura 5. Territrio de Identidade Litoral Sul - Ba
Figura 6. Bacias Hidrogrficas dos Rios Cachoeira e Almada
Figura 7. Bacias Hidrogrficas no Municpio de Ilhus
Figura 8. Vilas e Povoados do Municpio de Ilhus (adaptao - Jos Nazal)
Figura 9. Mapa dos Solos do Municpio de Ilhus com Nomenclatura
Atualizada Conforme o Sistema Brasileiro de Classificao de Solos (1999)
Figura 10. Mapa do Zoneamento Agroecolgico do Municpio de Ilhus
Figura 11. Estrato do Balano Hdrico Climatolgico Mensal (mdia do
perodo) para a rea de abrangncia do municpio de Ilhus e para uma
capacidade mxima de armazenamento de gua no solo de 50mm
Figura 12. Regies de Planejamento e Gesto das guas - RPGA
Figura 13. RPGA do Leste
Figura 14. Mapa de Vegetao na rea de Influncia Direta e Indireta do Projeto
Porto Sul
Figura 15. Traado da Ferrovia Oeste-Leste
Figura 16. Petrleo e Gs Natural
Figura 17. Macrozoneamento Municipal de Ilhus
Figura 18. Macrozoneamento Urbano de Ilhus
Figura 19. Unidades de Conservao do Municpio de Ilhus
Figura 20. rea Ampliada da APA da Lagoa Encantada e Rio Almada
Figura 21. Projeto Porto Sul em rea da APA Lagoa Encantada e Rio Almada
no Municpio de Ilhus
Figura 22. Parque Estadual do Conduru Inserido nos Municpios Baianos
Figura 23. Localizao do Refgio de Vida Silvestre de Una, Municpio de Una
e Ilhus
Figura 24. Corredor Central da Mata Atlntica - Projeto Corredores Ecolgicos
Figura 25. Assentamentos e Associaes Rurais do Municpio de Ilhus
Figura 26. Base Cartogrfica Utilizada no Trabalho
Figura 27. MDT do Municpio de Ilhus Gerado a Partir da Manipulao dos
Dados Matriciais Disponveis pelo Projeto TOPODATA
Figura 28. Imagem Landsat
Figura 29. Imagens LANDSAT 5TM Utilizadas no Estudo, Datadas de Maio de
2006 e Julho de 2011, nas Bandas 1(R), 2(G) e 3(B) e 5(R), 4(G) e 3(B),
Respectivamente
Figura 30. Mapa do Substrato Rochoso do Municpio de Ilhus
Figura 31. Mapa Hipsomtrico do Municpio de Ilhus
Figura 32. Mapa de Classes de Declividade do Municpio de Ilhus
Figura 33. Cobertura Vegetal e Uso e Ocupao do Solo
Figura 34. reas de Preservao Permanente do Municpio de Ilhus
SUMRIO
DE FIGURAS
11
13
14
14
15
16
17
18
26
26
27
27
28
41
41
42
53
54
64
72
75
69
73
82
94
96
98
95
96
101
108
103
100
77
-
Figura 35. Mapa Falado Presses e Ameaas nos Distritos de Pimenteira e
Rio do Brao
Figura 36. Mapa Falado Presses e Ameaas nos Distritos de Sede, Japu,
Coutos e Olivena
Figura 37. Mapa das Presses ao Meio Ambiente no Municpio de Ilhus
Figura 38. Mapa das Ameaas ao Meio Ambiente no Municpio de Ilhus
Figura 39. Distribuio das Poligonais de reas Requeridas no DNPM no
Municpio de Ilhus com Informaes de Substncia Requerida
Figura 40. Distribuio das Poligonais de reas Requeridas no DNPM no
Municpio de Ilhus com Informaes de Fase do Processo
Figura 41. Distribuio das reas Subnormais no Stio Urbano de Ilhus
Figura 42. Distribuio das reas Consolidadas no Stio Urbano de Ilhus
Figura 43. Distribuio das reas de Risco a Escorregamentos Estudadas
Figura 44. Rodovias Selecionadas em Ilhus para a Pesquisa com Cerdocyon
thous
Figura 45. Mapa de Vegetao e Pontos de Avistagem de Saguis (Callithrix
kuhlii) na zona urbana de Ilhus
Tabela 1. Estabelecimentos Agrcolas, Segundo Categorias de Tamanho em
Ilhus (2011)
Tabela 2. Utilizao das terras dos Estabelecimentos Agropecurios de Ilhus
em 2006
Tabela 3. rea e Utilizao das Terras por Atividade na Regio, no Perodo
entre 1980 e 1985
Tabela 4. Principais Cultivos do Municpio de Ilhus (2011)
Tabela 5. Distribuio Espacial das Zonas Agroecolgicas no Municpio de
Ilhus
Tabela 6. rea Total do Municpio de Ilhus Pertencente s Bacias
Hidrogrficas do Rio Cachoeira e Rio Almada
Tabela 7. Aes Conservacionistas no Municpio de Ilhus
Tabela 8. Categorizao das Unidades de Conservao no Municpio de Ilhus
Legal em Vigor no Municpio de Ilhus
Tabela 9. Quadro legal em vigor no municpio de Ilhus
Tabela 10. Uso e Ocupao do Solo do Municpio de Ilhus
Tabela 11. reas de Preservao Permanente do Municpio de Ilhus
Tabela 12. Classes de Uso e Ocupao do Solo Presentes nas APP do
Municpio de Ilhus
Tabela 13. Matriz de Planejamento - Situao Atual da Mata Atlntica em
Ilhus
Tabela 14. Cenrio de Referncia em 2012
SUMRIO
DE TABELAS
112
112
117
114
115
116
124
125
119
121
121
20
22
22
23
44
62
104
89
109
110
128
130
28
25
-
Apresentao
7PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
O Grupo Ambientalista da Bahia Gamb uma organizao
no governamental, criada em 1982, voltada para a defesa do
meio ambiente da Bahia e do Brasil, buscando sempre um
alinhamento com as questes globais.
Usa como estratgias de trabalho a articulao com outras organizaes e movimentos sociais
e o incentivo participao e ao exerccio do controle social. Alm da disseminao de infor-
maes e a execuo de projetos demonstrativos. Tornou-se referncia no Estado e no Pas.
Possui trs grandes reas de atuao: formao da cidadania, conservao de ecossis-
temas e acompanhamento das polticas pblicas.
Todo o trabalho voltado para capacitar lideranas e incentivar a par ticipao cidad, nas
diversas aes desenvolvidas pelo Gamb baseia-se no Tratado de Educao Ambiental
para Sociedades Sustentveis e Responsabilidade Global (ECO-92) e segue de per to a
implantao da Lei de Educao Ambiental do Estado.
O acompanhamento das polticas pblicas tem como objetivos principais o monitoramento
das questes socioambientais emergentes, a par ticipao efetiva em colegiados ambien-
tais e a discusso da legislao.
Um dos seus principais focos de trabalho a recuperao e a conservao da Mata
Atlntica. Instalou o Centro de Pesquisa e Manejo da Vida Silvestre do Gamb CPMVS, na
Reserva Jequitib, situada na Serra da Jibia (Recncavo Sul da Bahia), onde desenvolve
metodologias de recuperao e manejo da fauna, mas tambm aes de reflorestamento e
recuperao de reas degradadas com espcies nativas da Mata Atlntica.
O Gamb foi um dos fundadores da Rede de ONGs da Mata Atlntica, em 1992, e desde
ento tem sido um membro ativo deste coletivo, compondo atualmente seu Conselho de
Coordenao. A Rede foi uma das principais ar ticuladoras da elaborao da Lei da Mata
Atlntica (Lei n 11.428/06) e acompanhou intensamente a sua tramitao no Congresso
Nacional, durante 14 anos. De acordo com esta Lei, todos os municpios que estejam dentro
do domnio da Mata Atlntica devero ter um Plano Municipal de Conservao e Recu-
perao da Mata Atlntica.
Em cumprimento ao disposto na Lei, o Ministrio do Meio Ambiente, atravs do PDA
Projetos Demonstrativos, lanou uma chamada pblica, na qual o Gamb teve aprovado o
Projeto Capacitao para Implementao de Planos Municipais de Conservao e
Recuperao de Mata Atlntica no Nordeste e elaborao de Planos Demonstrativos na
Regio. Esta chamada pblica conta com a colaborao da Cooperao Brasil Alemanha,
no mbito da Iniciativa Internacional de Proteo ao Clima (IKI) do Ministrio do Meio
Ambiente, da Proteo da Natureza e Segurana Nuclear da Alemanha, atravs do apoio
GAMB - Grupo
Ambientalista da Bahia
-
tcnico da Deutsche Gesellschaft fr Internationale Zusammenarbeit (GIZ), e apoio
financeiro do KfW (Banco Alemo de Desenvolvimento). Por sua vez, o Gamb estabeleceu
vrias parcerias para o desenvolvimento do Projeto.
Este documento Plano Municipal de Conservao e Recuperao da Mata Atlntica de
Ilhus , por tanto, um dos produtos deste Projeto.
A execuo deste Plano pode conservar e ampliar a cober tura vegetal do municpio,
aumentando os benefcios advindos da mata em p, que podero ser usufrudos pela
populao local.
Apresentao
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS8
NEWTON LIMA SILVA
Prefeito de Ilhus
Sinto-me bastante honrado em ter contribudo para a
elaborao e aprovao Plano Municipal de Recuperao e
Conservao da Mata Atlntica do Municpio de Ilhus. Como
prefeito de Ilhus, cumpri um dever institucional do mandato
a mim conferido pelos ilheenses; na condio de cidado, par ticipei de um trabalho
democrtico que contou com contribuio de pessoas ilustres e instituies interessadas
no desenvolvimento sustentvel de nosso municpio.
O Plano que ora apresentamos resulta num esforo conjunto para oferecer a Ilhus um
trabalho cientfico de suma impor tncia para a biodiversidade da rica Mata Atlntica que
povoa nosso municpio. Com isso, estamos oferecendo uma vida melhor para as futuras
geraes, que ganham um instrumento de vital impor tncia na regulao da convivncia do
homem em plena harmonia com a natureza.
Ns, na condio de ilheenses que amamos nossa terra, ainda podemos dizer que ajudamos
a legar a Ilhus um trabalho pioneiro na Bahia, por ser o primeiro a ser elaborado e aprovado
no estado. Por isso, agradeo de corao, aos que se debruaram nessa empreitada, a
exemplo do Grupo Ambientalista da Bahia (Gamb), Universidade Estadual de Santa Cruz
(Uesc), Instituto Floresta Viva, Instituto Cabruca, Instituto de Estudos Sociais do Sul da
Bahia, Ceplac, Conselho de Defesa do Meio Ambiente de Ilhus, Instituto Nossa Ilhus e
Secretaria do Meio Ambiente da Prefeitura de Ilhus, alm das pessoas que deram uma
valiosa contribuio tornar esse sonho em realidade.
Todos tero seu nome esculpido em nossa histria.
-
O Plano Municipal de Conservao e Recuperao da Mata Atlntica (PMMA) foi institudo
pela Lei da Mata Atlntica (Lei n 11.428/06) como instrumento de gesto territorial. A
Constituio Federal estabelece que compete ao municpio promover, no que couber, o
adequado ordenamento territorial. Nesse contexto, a administrao municipal tem sua
responsabilidade com a conservao e recuperao da Mata Atlntica e com a qualidade de
vida da populao.
Na Bahia vivem mais de 11,3 milhes de pessoas na rea da Mata Atlntica em 330
municpios, sendo o terceiro estado em nmero de habitantes nessa rea, atrs somente de
So Paulo e Minas Gerais. O municpio de Ilhus tem um papel impor tante, pois, sai na frente
na municipalizao do debate sobre a conservao e recuperao da Mata Atlntica,
elaborando o primeiro Plano Municipal no Estado da Bahia.
O PMMA de Ilhus fruto de
um projeto demonstrativo
elaborado pelo Grupo Ambi-
entalista da Bahia GAMB
com apo io de Pro je tos
Demonstrativos (PDA)/ Minis-
trio do Meio Ambiente-MMA,
em parceria com a Prefeitura
Municipal de Ilhus, o Conse-
lho Municipal de Defesa do
Meio Ambiente (CONDEMA), a
Universidade Estadual de
Santa Cruz (UESC) e organi-
zaes da sociedade civil. Conta ainda com a Cooperao do Governo Alemo, atravs das
instituies GIZ e KfW.
Captulo I
INTRODUO Vinham de outras terras, de outros mares, de prximo de outras matas, mas de matas j conquistadas, rasgadas por
estradas, diminudas pelas queimadas, matas de onde j
haviam desaparecido as onas e onde comeavam a rarear as
cobras. E agora se defrontavam com a mata virgem, jamais
pisada por ps de homens, sem caminhos no cho, sem
estrelas no cu de tempestade.
TERRAS DO SEM FIM - Jorge Amado
9PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
Fonte: Instituto
Brasileiro de
Geografia e
Estatstica -
Diretoria de
Geocincias,
verso 2004
-
O Plano contempla o diagnstico da situao atual da Mata Atlntica e seus ecossistemas
associados do municpio de Ilhus e indica aes prioritrias para a conservao e
recuperao da vegetao nativa e da biodiversidade da Mata Atlntica no municpio.
Essas prioridades tm como objetivo servir de base para a implementao de polticas
pblicas, programas, projetos e atividades correlatas sob a responsabilidade do municpio.
Captulo I - Introduo
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS10
Fonte: rea Prioritrias
para Conservao da
Biodiversidade,
Uso Sustentvel
e Repartio
dos Benefcios da
Biodiversidade
Brasileira.
MMA/SBF 2004
-
O procedimento para a elaborao do Plano Municipal da Mata Atlntica
de Ilhus (PMMA) teve como orientao o Roteiro Metodolgico para
Elaborao dos Planos Municipais de Conservao e Recuperao da
Mata Atlntica produzido no mbito do Projeto Programa da Mata
Atlntica II. Este projeto conta com o apoio do governo alemo atravs
de seu Ministrio do Meio Ambiente, da Proteo da Natureza e da Segurana Nuclear; da
Cooperao Alem para o Desenvolvimento (GIZ), do KfW (Banco Alemo de
Desenvolvimento), do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e do Governo
Federal do Brasil. Nesse sentido, foram observados os objetivos gerais do roteiro
adequado, no entanto, s necessidades e realidade do municpio.
No processo de construo do PMMA de Ilhus observou-se as seguintes etapas:
Organizao do Processo de Elaborao;
Elaborao do PMMA
Diagnstico da Situao Atual
Definio da Viso de Futuro e Formulao do Plano de Ao;
Aprovao do PMMA;
No fluxograma da Figura 1 esto destacados os passos que foram dados neste processo de
construo do Plano.
Etapa 1:
Etapa 2:
Etapa 3:
Captulo II
METODOLOGIA
11PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
Estratgia
de mobilizao
Estratgia
de planejamento
Mapeamento
(SIG)
Interao
Administrao Pblica
Sociedade Civil
CONDEMA
Banco de Dados
UESC / LAPA
IESB
AnliseDiagnstico
Oficina participativa
Situao atual
Plano de ao
Aprovao pelo CONDEMA
Oficina participativa
Diretrizes / Programas / Aes
Levantamento de
dados preliminares
Sistematizao
Comunicao /
Sensibilizao
Entrevistas semi-estruturadas
reunies / eventos / palestras
divulgao em blogs, redes
sociais, jornais e rdios locais FIGURA 1
Fluxograma do processo
de elaborao do
PMMA de Ilhus
-
Em se tratando de um municpio que dispe de relevantes informaes de vrias pesquisas
realizadas por instituies de ensino e organizaes no governamentais, alm de um
CONDEMA bastante atuante, a mobilizao desses diversos atores, incluindo o Poder
Pblico Municipal, foi fundamental para a existncia da maior interao na realizao da
tarefa e do objetivo comum para a elaborao do PMMA.
O diagnstico da situao atual contemplou duas abordagens concomitantes: a
identificao de programas, projetos e atividades no municpio de Ilhus que tm contri-
budo para a conservao da Mata Atlntica no mbito da sociedade civil organizada, do
Poder Pblico Municipal, Estadual e Federal, que resultou na construo de um panorama
de aes positivas em prol da conservao. A outra abordagem foi o mapeamento dos
aspectos fsicos e ambientais e de uso e ocupao do solo do municpio de Ilhus. O
diagnstico das presses e ameaas causadoras de desmatamento e degradao da Mata
Atlntica foi realizado durante oficina par ticipativa com diversos atores.
A avaliao estratgica ocorreu em outra oficina par ticipativa que abordou quatro aspectos:
A. exposio dialogada sobre os dados histricos, sociais e econmicos e os diferentes
vetores das presses e ameaas sobre a Mata Atlntica no municpio de Ilhus;
B. identificao da situao desejada em relao Mata Atlntica nos prximos 10 anos;
C. reflexo sobre o contexto interno relacionado aos pontos fracos/debilidades e aos
pontos for tes/qualidades para a conservao e recuperao da Mata Atlntica e sobre o
contexto externo relacionados s ameaas e opor tunidades em relao Mata Atlntica
no momento atual e, finalmente,
D. definio das diretrizes e estratgias orientadoras do PMMA e aes que iro concre-
tizar e implementar este plano.
O grande destaque para o PMMA refere-se ao conhecimento tcnico cientfico acerca da
Mata Atlntica e ao esforo de um longo processo de mobilizao e organizao na regio
em prol da sua conservao. Hoje o municpio tem uma considervel cober tura vegetal de
66,5% do seu territrio por conta de atividades econmicas que ajudaram na sua conser-
vao como o cacau cabruca e o turismo. A qualidade das informaes, atravs dos mapas
construdos para o PMMA sobre a situao atual do municpio de Ilhus, evidenciou as
for tes presses pelas quais passa a regio e as reais ameaas para um futuro prximo.
A gravidade desse quadro mobilizou os par ticipantes na construo deste plano com um
conjunto de proposies nor teadoras e que, se espera, sejam capazes de fornecer
subsdios ambientais para o Plano Diretor que est em processo de reviso e a outros
planos correlatos ainda no realizados no municpio de Ilhus, como o Plano Municipal de
Saneamento Ambiental e o Plano de Bacias Hidrogrficas dos Rios Cachoeira e Almada.
Captulo II - Metodologia
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS12
-
1. CARACTERIZAO DO MUNICPIO
Ilhus um municpio do Estado da Bahia considerado a capital do
cacau por ter sido o maior produtor de cacau do mundo. Est entre as
sete cidades mais impor tantes da Bahia (Salvador, Feira de Santana,
Vitria da Conquista, Camaari, Itabuna, Juazeiro e Ilhus). Junto
com Itabuna, Ilhus considerada o centro regional de servios. Sedia o Aeropor to Jorge
Amado que por to de entrada para as principais cidades do Sul da Bahia. a cidade com o
mais extenso litoral entre os municpios baianos. A variedade de recursos naturais, o litoral
e a histria conferem a Ilhus uma vocao para a atividade turstica, sendo considerada a
1
quinta cidade com maior fluxo de turismo na Bahia para o turista internacional .
O municpio de Ilhus est localizado na Litoral Sul do Estado da Bahia (Figura 2). Abrange
uma rea de 1.872,92 km, com uma populao de 184.231 habitantes (IBGE, 2010),
sendo 155.300 na zona urbana e 28.931 na zona rural. Desse total, 89.440 so homens e
94.796 so mulheres. Atualmente os limites territoriais do Municpio esto sendo
redimensionados em funo da atualizao das divisas intermunicipais do Estado da Bahia,
em conformidade com a Lei n. 12.057 de 11-01-2011. Assim, a rea considerada neste
trabalho poder ser alterada.
O histrico de ocupao de Ilhus e da regio sudeste da Bahia teve incio no sculo XVI, a
par tir da ocupao do Brasil. Em 1534, quando D. Joo III dividiu o Brasil em capitanias
hereditrias (Figura 3), coube
ao fidalgo por tugus Jorge
Figueiredo Correia, por car ta
rgia, a capitania de So Jorge
dos Ilhus. Esta tinha como
limites, ao sul, a capitania de
Por to Seguro e, ao nor te, o
local atualmente conhecido
por Morro de So Paulo, um
pouco alm da ilha de Tinhar.
Captulo III
DIAGNSTICO DA
SITUAO ATUAL
13PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
1.Secretaria de Turismo do
Governo do Estado da Bahia,
http://www.setur.ba.gov.br/indicadores/
principais-indicadores/fluxo-turistico/
(consulta em 1 de julho de 2012 )
FIGURA 2.
Localizao do Municpio de Ilhus
-
A Vila de So Jorge foi fundada no alto do
morro de So Sebastio, elevada a
municpio em 1535 e categoria de cidade
atravs da Lei Provincial n. 2.187, de 28 de
junho de 1881.
A Figura 4 mostra o mapa do municpio
no ano de 1950, antes da emancipao
dos municpios de Barro Preto, Coaraci,
Itajupe, Itapitanga e Uruuca.
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS14
FIGURA 4. Municpio de Ilhus - 1950. Linha amarela: limite atual ( adaptao - Jos Nazal)
Figura 3.
Capitanias Hereditrias
-
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
15PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
2. Essas divises em meso e microrregies no Estado da
Bahia foram institudas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatstica (IBGE) para fins estatsticos de estudo, agrupando
os municpios conforme aspectos socioeconmicos.
3. TRINDADE, G. A. e FRANA, V. L. A. A rede urbana
no mbito territorial da aglomerao Ilhus Itabuna /BA.
Anais XVI Encontro Nacional dos Gegrafos. Porto Alegre. 2010
4. http://www.territoriolitoralsulbahia.com.br/
?pg=nosso_territorio
1.1 Localizao e Insero Regional e
Micro-Regional
Ilhus est inserida na microrregio Ilhus-
Itabuna que per tence mesorregio do Sul 2
Baiano . Existem sete mesorregies e 32
microrregies no Estado da Bahia.
O municpio de Ilhus, ao lado do vizinho
Itabuna, forma uma aglomerao urbana. Essa
microrregio tem caractersticas peculiares
identificadas como regio cacaueira relacio-
nada produo e expor tao do cacau.
Esta atividade viabilizou o desenvolvimento de
uma rede urbana que gradativamente ar ticulou
as reas produtoras na zona rural com
cidades de pequeno e mdio por tes regio-
nais e, consequentemente, com centros impor-3
tadores em diferentes lugares do mundo .
At meados da dcada de 2000, o Governo da
Bahia agrupava os municpios baianos segun-
do caractersticas econmicas. Atualmente,
essa diviso foi substituda por Territrios de
Identidade (TIs), progra-ma lanado pelo
Governo Federal em 2008. Na Bahia, foram
estabelecidos vinte e sete TIs, estando Ilhus
inserido no Territrio de Identidade Litoral Sul.
(Figura 5). Este territrio abrange uma rea de
14.736,20 km2 com limites extremos em
Mara, ao nor te, e Canavieiras, ao sul. O terri-
trio original foi dividido em trs subterritrios: 4
Camacan, Ilhus e Itabuna .
FIGURA 5. Territrio de Identidade Litoral Sul - BA
-
No contexto de bacias hidro-
grficas, Ilhus banhada
pelas Bacias do Rio Cacho-
eira e do Rio Almada, que
tambm per tencem a outros
15 municpios (Figura 6), e
por pequena parcela da Bacia
do Rio de Contas.
O Rio Cachoeira, desde a sua
juno com o Rio Salgado e o
Rio Colnia, corre no sentido
SW-E, indo desaguar no
Oceano Atlntico na baa de
Pontal, em Coroa Grande, na
sede de Ilhus.
Nos estudos para o Programa 5
de Recuperao das Bacias dos Rios Cachoeira e Almada consta que essas duas bacias
constituem sistemas scio ecolgicos muito impor tantes para o Sul da Bahia. Agrupam os
principais municpios dessa regio e, pelas suas caractersticas fisiogrficas, apresentam
um imenso potencial agroecolgico. Esse sistema possui uma marcante diversidade de
reas agrcolas que se distinguem por diferentes caractersticas naturais e sistemas de
ocupao antrpica.
O municpio de Ilhus cor tado pelos Rio Almada, ao nor te, Rio Cachoeira, no centro, Rios
Santana e Acupe, ao sul, e seus respectivos afluentes, sendo todos de regime permanente
(Figura 7). O Ribeiro do Boqueiro, um dos principais rios da Bacia do Almada, tambm
banha o municpio de Ilhus. Para maior aprofundamento do sistema hdrico de Ilhus, veja
o item 1.4 - Rede Hidrogrfica da seo III.
Outro aspecto que cria uma relao de Ilhus com outros municpios a existncia de
Unidades de Conservao (UCs) que extrapolam os limites do municpio, a exemplo do
Parque Estadual da Serra do Conduru (PESC), a rea de Proteo Ambiental (APA) da Lagoa
Encantada e o Rio Almada, a Reserva Biolgica de Una e a Reserva de Vida Silvestre de Una.
Essas UCs situadas em Ilhus e em municpios limtrofes fazem par te de uma estratgia
nacional de conservao como, por exemplo a Reserva da Biosfera da Mata Atlntica
(RBMA) e o Projeto Corredores Ecolgicos, iniciativas que sero descritas no item 4.2 da
seo III. Neste contexto, a Mata Atlntica da regio onde o municpio de Ilhus est inserido
considerada mundialmente como um hotspot - regies do planeta de maior prioridade para
a conservao da biodiversidade.
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS16
Bacia do Rio Almada
Bacia do Rio Cachoeira
Ilhus
FIGURA 6.
Bacias Hidrogrficas
dos Rios Cachoeira
e Almada
Fonte:
Vide citao 5
5.
Caracterizao Socioeconmica. Volume I - Dezembro 2001
Programa de Recuperao das Bacias dos Rios Cachoeira e Almada - Convnio SRH UESC.
-
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
17PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
FIGURA 7.
Bacias Hidrogrficas no Municpio de Ilhus
Fonte: CEPLAC
-
1.2 Ncleos Urbanos Existentes no Territrio Municipal
O municpio de Ilhus dividido em dez distritos, incluindo sua sede, alm de outros ncleos
urbanos como vilas e povoados caracterizados na Figura 8.
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS18
FIGURA 8.
Vilas e Povoados do
Municpio de Ilhus
Adaptao de
Jose Nazal.
Conhecendo Ilhus,
PPS. 2011
Povoado de Santo Antonio
Foto de Jos Nazal
Olivena
Foto de Jos Nazal
-
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
19PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
Os Distritos, Vilas e Povoados so os seguintes:
1.3 Estrutura Fundiria e Utilizao da Terra no Municpio
A situao fundiria do municpio de Ilhus no est totalmente regularizada, uma vez que
no foi realizada ao discriminatria, separando as terras devolutas (aquelas que
6
per tencem Unio, Estado ou Municpio) das terras privadas .
DISTRITO DE
ARITAGU
Sede: Vila de Aritagu
Povoados: Aderno, Juerana, Mamoan, Ponta da Tulha, Ponta do Ramo
(tambm chamado de Queimada), Sambaituba, Retiro, Tibina, Urucutuca.
DISTRITO DE
BANCO CENTRAL
Sede: Vila de Banco Central
Vilarejos: Trs Paus e Visagem.
DISTRITO DE
INEMA
Sede: Vila de Inema
Vilarejos: gua Branca e Serra Verde.
DISTRITO DE
CASTELO NOVO
Sede: Vila de Castelo Novo
Povoado: Areias
Vilarejo: Parafuso
DISTRITO DE
COUTOS
Sede: Vila de Coutos
Povoados: Areia Branca, Bzios, Cururutinga, Rio do Engenho,
Santa Maria e Santo Antnio.
DISTRITO DE
OLIVENA
Sede: Vila de Olivena
Vilarejos: Acupe de Baixo, Acupe de Cima, Acupe do Meio, Jairi,
Santaninha e Sapucaeira.
DISTRITO DE
RIO DO BRAO
Sede: Vila de Rio do Brao
Povoados: Banco do Pedro, Ribeira das Pedras, Vila Campinhos
e Vila Olmpio.
DISTRITO
SEDE
Sede: Cidade de Ilhus
Povoados: Carobeira, Itariri, Lava-Ps, Maria Jape, So Joo e So Jos.
DISTRITO DE
JAPU
Sede: Vila de Japu
Vilarejos: Cascalheira, Cerrado, Santana, Serra das Trempes e Piaaveira.
DISTRITO DE
PIMENTEIRA
Sede: Vila de Pimenteira
Vilarejo: Ribeiro Pimenteira.
6. CDA-Coordenao de Desenvolvimento Agrrio da Bahia - Comunicao pessoal
-
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS20
TAMANHO DOS
ESTABELECIMENTOS
reas at 10 ha
10ha e 20ha
-
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
21PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
A distribuio da terra, baseada nos dados da Tabela 1, revela uma concentrao de terra na
regio. Isto se torna mais visvel quando se consideram as propriedades com menos de 10
ha e as que tm mais de 100 ha. As primeiras representam 32,9% do total de propriedades,
com 3,9% da rea e, no segundo caso, representam 9,4% das propriedades, com 63,3% da
7
rea. Os estudos do Plano de Manejo do Parque Estadual da Serra do Conduru indicam que
8
estatsticas da CEPLAC, utilizadas para a previso de safras de cacau na regio , mostram
uma caracterstica tpica da posse da terra: vrias propriedades de um mesmo dono. Tal
fato agrava ainda mais a concentrao de terras na regio. Embora predominem proprie-
dades de tamanho mdio, do ponto de vista legal, algumas mdias se tornam grandes do
ponto de vista econmico.
9
A dinmica agrria, segundo Germani , influenciada por uma srie de fatores, como a
diviso das terras por herana, as mudanas de residncia por motivos diversos (mais
frequente nas pequenas propriedades) e as dificuldades econmicas advindas tanto da
sustentabilidade financeira do estabelecimento rural, quanto de outros empreendimentos
que o proprietrio possa obter.
Os estudos de Germani tambm confirmam a concentrao fundiria nessa regio como
uma constante no processo de apropriao do espao agrrio. Assinala um crescimento
gradativo da concentrao fundiria em escala temporal, com destaque para a dcada de
70, quando ocorreu uma maior insero de capital no campo brasileiro, direcionado por
uma poltica agroexpor tadora que esfacelou a pequena propriedade sustentada pela
agricultura familiar, impulsionando, consequentemente, a concentrao de terras pelos
grandes latifundirios.
Em Ilhus, as grandes propriedades rurais sempre estiveram envolvidas com o plantio de
cacau no sistema cabruca, enquanto os pequenos estabelecimentos preponderam mais ao
leste, prximos ao mar, onde a cultura do cacau no tem tanta influncia. A expanso da
fronteira agrcola nessas localidades recente (anos 60 e 70) e est mais relacionada
fruticultura, ao extrativismo vegetal (piaava) e produo de mandioca.
O cacau cabruca resultado da evoluo da ocupao do espao agrcola, cuja origem est
10
diretamente relacionada com a colonizao da regio sudeste da Bahia . Regionalmente, o
conceito de cabruca est enraizado na historia e na cultura da regio, significando o ato de
7. Plano de Manejo Parque Estadual do Conduru. Encarte 2. SEMARH-Projeto Corredores Ecolgicos. UCE-BA. 2004
8. Setor de Scio economia do Centro de Pesquisas do Cacau/CEPLAC.
9. GERMANI, G.I; CARVALHO, E.(coords). Pesquisa sobre a Poltica do Banco Mundial para o Meio Rural
com base no Projeto Cdula da Terra Relatrio do Estado da Bahia. Salvador, 2002.
10. LOBO DE, Pinho LM, CARVALHO, D. L & SETENTA, W. C. 1997b. Cacau-Cabruca: um modelo sustentvel de
agricultura tropical. Indcios Veementes, FNDPF, So Paulo. Ano III. p. 10-24
.
-
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS22
brocar as matas para o plantio do cacau, o que foi sendo aprimorado ao longo de mais de
11
250 anos . Alm disso, associado a fatores culturais, gerou um modelo de produo
agrcola com vantagens para a conservao de espcies da Mata Atlntica, o que ser
discutido em detalhe no item 1.4 - Flora.
Com relao utilizao das terras no municpio de Ilhus, o Censo Agropecurio do IBGE,
realizado em 2006 (Tabela 2), mostra que houve uma reduo na rea utilizada com pas-
tagens, matas e florestas em relao ao censo realizado no perodo 1980-1985 (Tabela 3).
3.896Estabelecimentos 1.767 1.681
rea (ha) 104.339 27.558 36.275
UTILIZAO DAS TERRAS DOS
ESTABELECIMENTOS AGROPECURIOS
Lavouras Pastagens Matas e Florestas
Total de estabelecimentos rea total (ha)
3.425 174.708
TABELA 2 | Utilizao das terras dos estabelecimentos agropecurios de Ilhus em 2006
Fonte: Censo Agropecurio de 2006 (IBGE)
TABELA 3 | rea e utilizao das terras por atividade na regio, no perodo de 1980 a 1985
CLASSE DE ATIVIDADE 1980 (ha) 1985 (ha)
TOTAL 212.864 224.616
Lavoura 96.530 112.576
Pastagens 31.625 28.747
Matas e Florestas 49.163 47.254
Terras em descanso e produtivas no utilizadas 35.546 36.039
Fonte: Censo Agropecurio de 1985 (IBGE)
cacau-cabruca e de um fragmento de Mata Atlntica. 40 anos do Curso de Economia (memria).
Ed. Fernando Rios do nascimento. Editora Editus. 605-628 p.
11. SETENTA, W.C, LOBO de, Santos ES & VALLE, R.R. 2005. Avaliao do sistema
-
CULTIVOSTOTAL
rea (ha)
n de esta-
belecimentos
n de
produtores
rea inaproveitvel 356,70
TOTAL - Cacau 54.876,50
Cacau Cabruca 9.522,00
TOTAL - Cacau x Seringueira
129
2.408
578
85
79
2.412
543
39 319,50
Caf 135,20
Capoeira 22.850,70
Coco 590,10
Mandioca
39
2.003
240
562
39
1.803
234
447 560,70
Mata 13.340,30
Pastagem 20.747,40
1.089
1.900
879
1.662
TOTAL REAS DOS CULTIVOS 125.473,409.0338.152
Fonte: CEPLAC-CENEX/NUPRO - SisCENEX
Piaava 258,105454
TABELA 4 | Principais cultivos do municpio de Ilhus (2011)
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
23PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
A Tabela 4 mostra que, apesar da crise que abateu a lavoura cacaueira, o cacau ainda o
carro- chefe em reas de cultivo. As lavouras de cacau junto com o cacau cabruca cobrem
uma extenso de 64.398,5 ha e a pecuria a segunda maior atividade que ocupa reas do
municpio de Ilhus.
12
Segundo dados do Zoneamento Agroecolgico do municpio de Ilhus , os cacaueiros na
sua maior proporo esto com idade superior a cinquenta anos, instalados em solos de
mdia a alta fer tilidade natural e em situao de manejo no condizente com a tecnologia
apropriada para a cultura. Isso ocorre em vir tude da epidemia da vassoura de bruxa,
estiagens prolongadas e descapitalizao dos produtores, com consequncias graves,
como a diminuio expressiva da rea cultivada e decrscimos significativos de produo.
J as reas de pastagens que sustentam a segunda atividade economicamente rentvel do
municpio de Ilhus, em mais de 60% encontram-se degradadas na rea de domnio das
12. Zoneamento Agroecolgico do municpio de Ilhus. CEPLAC/CEPEC. Boletim Tcnico 186. 2003.
-
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS24
gramneas Colonio (Panicum maximum) e Sempre Verde (variedade do Panicum
maximum). Nessas reas, o processo de degradao das pastagens natural, ocasionado
pelo relevo ondulado a for temente ondulado e pela perda de nutrientes do sistema solo-
planta. Na rea de domnio das braquirias (Brachiaria humidicola, B. decumbens),
tambm se encontram pastagens mostrando sintomas de degradao, em funo do
relevo, da baixa fer tilidade e da susceptibilidade desses solos eroso.
Estudos sobre a capacidade de uso das terras foram desenvolvidos para amparar o
Zoneamento Agroecolgico de Ilhus, resultando na identificao de seis classes de 13
capacidade de uso das terras, com a aplicao da metodologia de Lepsch et al. (1983) ,
conforme conceituao a seguir e descrio e distribuio car togrfica na Tabela 5.
Classe III - Terras prprias para culturas anuais e perenes, com problemas complexos
de conservao. Solos profundos, drenagem interna boa a moderada, textura mdia
no horizonte A e argilosa no B e fer tilidade natural mdia e boa. Declives at 35%, com
problemas de inundao e declividade.
Classe IV - Terras usadas para cultivos anuais e perenes, com problemas de textura,
drenagem e fer tilidade natural. Solos profundos, com problemas de declividade e,
consequentemente, srios problemas de eroso.
Classe V - Terras adaptadas em geral para pastagens e/ou reflorestamento, sem
necessidade de prticas especiais de conservao. Solos de textura orgnica,
sujeitos inundao peridica, em relevo plano.
Classe VI - Terras adaptadas em geral para pastagens e ou reflorestamento, com
problemas simples de conservao, cultivveis apenas em casos especiais de
algumas culturas permanentes protetoras do solo (cacau, seringueira, banana).
Classe VII - Terras adaptadas em geral somente para pastagens e/ou reflorestamento,
com problemas de conservao.
Classe VIII - Terras imprprias para culturas, pastagens ou reflorestamento, podendo
servir como abrigo e proteo da fauna e flora silvestre, como ambiente para recriao
ou para fim de armazenamento de gua.
GRUPO A - Terras cultivveis
GRUPO B - Terras imprprias para cultivos intensivos
GRUPO C - Terras imprprias para cultivos
13. Lepsch, I. F. et al. 1983. Manual para levantamento utilitrio do meio fsico e classificao das terras
no sistema de capacidade de uso. 4 aproximao. Campinas, Sociedade Brasileira de Cincia do Solo. 175p.
-
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
25PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
Utilizando-se de metodologia proposta por Lepsch (1983), foi gerado o mapa de
capacidade de uso das terras, cujas classes resultaram do agrupamento dos atributos
pedolgicos (fer tilidade natural, profundidade, drenagem, textura, pedregosidade, grau de
eroso), aliados a tipos de relevo, reforados por conhecimentos pedogenticos da rea
trabalhada. Consubstanciadas nos dados gerados pelas classes de capacidade de uso,
foram separadas as zonas agroecolgicas, com identificao em mapas (Figura 9).
Com base na identificao das classes de uso das terras e o grau de possibilidade de uso
agrcola e limitaes, fez-se o zoneamento agroecolgico do Municpio (Figura 10),
estimando-se a distribuio espacial e respectivas indicaes de uso (Tabela 5).
As recomendaes do Zoneamento Agroecolgico, considerando os aspectos
relacionados com os ambientes do municpio de Ilhus, visam a manuteno dos
remanescentes da Mata Atlntica, baseadas no eficaz mtodo de preservao florestal
(cabruca ou plantio de cacau sob mata raleada), que deve ser estendido a outros cultivos.
Aes conservacionistas so evidenciadas como necessrias para a preservao da
floresta e consequente combate eroso, um dos fenmenos mais problemticos na
agricultura. dada nfase para os sistemas agroflorestais, destacando-se o cacau + mata
raleada (cabruca); cacau + seringueira; pasto + goiaba; coco + fruteiras; caf + mata,
cacau + pupunha; dend + caf; dend + graviola; e mais cultivos em alamedas (Alley
cropping) e atividade zootcnica intensiva (bovinocultura, piscicultura, equicultura,
minhocultura, avicultura, apicultura).
TABELA 5 | Distribuio espacial das zonas agroecolgicas no municpio de Ilhus.
ZONA ha %
Unidade de Conservao - Lagoa de Itaipe (Encantada) 24.238 14,00
Unidade de Conservao - Mata da Esperana 437 0,25
Preservao Ambiental 14.800 8,50
Cacaueira - Cacau (Theobroma cacao) + Pastagem (Panicum maximum) 68.300 40,00
Diversificao Agropecuria 63.425 37,25
TOTAL 171.200 100,00
Fonte: Zoneamento Agroecolgico do Municpio de Ilhus.
CEPLAC/CEPEC. Boletim Tcnico 186.2003.
-
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS26
FIGURA 9
Mapa de Solos do municpio de Ilhus,
com nomenclatura atualizada conforme o
Sistema Brasileiro de Classificao de Solos (1999)
FIGURA 10
Mapa do Zoneamento Agroecolgico
do Municpio de Ilhus
1.4 Aspectos Ambientais
CLIMA
14
O clima do municpio de Ilhus caracteriza-se pelos tipos midos e sub-midos , segundo
dados da CEPLAC/CEPEC/CLIMATOLOGIA. O perodo chuvoso de dezembro a maro,
salvo variaes. Os resultados de um balano hdrico para uma situao mdia
(climatolgica) de um perodo superior a 65 anos mostram a inexistncia de deficincia
hdrica em qualquer ms do ano (Figura 11), embora existam anos nos quais a quantidade
de chuva inferior ET0 (evapotranspirao de referncia). Mesmo para esta condio, o
dficit hdrico nos anos menos chuvosos no ultrapassou os 100 mm ou quatro meses
consecutivos. As mdias anuais da temperatura oscilam entre 20 e 25 C, com mdias
mensais de 21 a 25 C, mxima entre 26,1 e 30,3 C, mnima de 17,1 a 20,8 C e a ampli-
tude menor ou igual a 10 C. As temperaturas so mais elevadas e com menor amplitude
trmica na faixa litornea.
Apesar da temperatura do ar no apresentar diferena marcante ao longo do ano, especial-
mente quando se considera valor mensal, um elemento que exerce grande influncia na
produo e nos diferentes estgios fisiolgicos dos cultivos tropicais.
14. Texto Extrado do Zoneamento Agroecolgico do municpio de Ilhus. CEPLAC/CEPEC. Boletim Tcnico 186. 2003.
-
REDE HIDROGRAFICA
A Bahia dividida em 25
regies hidrogrficas, cha-
madas de Regies de Plane-
jamento e Gesto das guas
(RPGA). Essas regies (Fi-
gura 12) so macrorregies
delimitadas com a finalidade
de orientar o planejamento e
o gerenciamento dos re-
cursos hdricos no Estado da
Bahia. Assim, cada RPGA
representa o territrio com-
preendido por uma bacia,
grupo de bacias ou sub-
bacias hidrogrficas cont-
guas com caractersticas
naturais, sociais e econ-
micas homogneas ou simi-
15
lares .
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
27PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
15. PERH-BA, Plano Estadual de Recursos Hdricos da Bahia
Relatrio Sntese. Governo do Estado da Bahia. Salvador, Fevereiro, 2004. (Salvador, 2004.)
FIGURA 12
Regies de Planejamento
e Gesto das guas
FIGURA 11. Estrato do balano hdrico climatolgico mensal
(mdia do perodo) para a rea de abrangncia do municpio de
Ilhus e para uma capacidade mxima de armazenamento
de gua no solo de 50 mm.
Curva verde = ETR (mm) = Evapotranspirao Real ou
Efetiva: Soma total da transferncia de vapor para
atmosfera que evaporada pela superfcie e transpirada
pelas plantas nas condies atuais de parmetros
atmosfricos, umidade do solo e condies da cultura.
Curva Azul = P (mm) = Precipitao
Curva Vermelha = Eto (mm) = Evapotranspirao de
referncia: Evapotranspirao para uma dada cultura bem
adaptada e selecionada para propsitos comparativos
sob dadas condies climticas e com adequada bor-
dadura e para um regime de irrigao padronizado e
apropriado para esta cultura e a regio considera.
-
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS28
O municpio de Ilhus est inserido na RPGA do Leste (Figura 13), sua hidrografia (Figura 7)
compor ta, em grande par te, os Rios Cachoeira e Almada e mais trs rios em menor escala:
ao nor te, o Rio Sargi, a leste, o Rio Cururupe e seus afluentes (Ribeiro Curupitanga e
Ribeiro do Cardoso) e, ao sul, o Rio Acupe e seus afluentes e os afluentes do Rio Maroim.
16
O estudo do Programa de Recuperao das Bacias dos Rios Cachoeira e Almada
considerou uma diviso regional para melhor desenvolver as caractersticas dessas bacias
(Figura 6) que so as principais de Ilhus. A Tabela 6 mostra a rea total do municpio
per tencente a cada bacia.
TABELA 6 | rea total do municpio de Ilhus per tencente s bacias hidrogrficas
do Rio Cachoeira e Rio Almada
BACIA HIDROGRFICA REA PERTENCENTE S BACIAS
Rio Cachoeira2
194,6 Km
2
665,1 Km
10,53%
Rio Almada 35,9%
Fonte: IBGE, Censo Agropecurio 1995/96 e malha municipal Digital do Brasil
16. Programa de Recuperao das Bacias dos Rios Cachoeira e Almada.
Convnio SRH UESC. Caracterizao Scia Econmica. Volume I Tomo II. Dezembro 2001.
FIGURA 13
RPGA
do Leste
-
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
29PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
Bacia do Rio Cachoeira
Bacia do Rio Almada
17
O Zoneamento Agroecolgico de Ilhus descreve que o Rio Cachoeira, que compe a
Bacia do Cachoeira, o mais impor tante dos rios da Costa do Cacau, desaguando na cidade
de Ilhus, formado principalmente pelos Rios Colnia e Salgado. O Rio Colnia nasce num
conjunto de serras e vales denominado Cabeceira do Colnia. A altitude neste local de
aproximadamente 600-800m, com muitas nascentes. Outros afluentes dentro do muni-
cpio de Ilhus so formados por rios, riachos e ribeires tais como: Rio Macuco, Rio
Santana, Rio Santaninha, Ribeiro do Jap, Ribeiro do Iguape e Ribeiro Esperana.
A cober tura vegetal dessa bacia, descrita pelo Programa de Recuperao das Bacias dos
Rios Cachoeira e Almada, predominantemente de gramneas, ocorrentes de maneira geral
em pastos limpos (manejados), existindo ainda vrias manchas de matas de mdias
extenses ao sul, isto na metade superior da bacia. J na par te inferior da bacia, encontra-
se concentrao de cultivos de cacau ao lado de formaes de capoeira (vegetao
secundria) e pequenas pastagens. Prximo desembocadura, encontram-se formaes
de mangues em estgios arbustivos e semiarbreos. Ao sul de Ilhus, faz-se notar uma
faixa de restinga, com sua vegetao rasteira. Vale salientar que estes tipos de vegetaes
encontram-se atualmente degradados pela ao humana, sem planejamento, para
localizao de loteamentos e o despejo de efluentes domsticos, industriais e resduos
slidos de modo geral.
Nessa bacia, dentro do municpio de Ilhus, existem dois sistemas de abastecimento
dgua, fonte de captao do Rio Iguape e Rio Santana. Cabe ressaltar que o sistema mais
antigo, Riacho da Esperana (veja seo IV), abasteceu a cidade at o ano de 1973, quando
ento foi inaugurado o novo sistema do Rio Iguape para suprir as necessidades do
consumo, em vir tude deste tornar-se insuficiente para o abastecimento da cidade. H
discusso poltica de reativar este sistema, para que, integrado aos dois sistemas
existentes, venha melhor suprir a populao.
O Rio Almada, de acordo com o Programa de Recuperao das Bacias dos Rios Cachoeira e
18
Almada , o principal formador da bacia com seus afluentes, banhando reas dos
municpios de Almadina, Coaraci, Barro Preto, Itajupe, Uruuca e Ilhus. Esta bacia ocupa
uma superfcie de cerca de 1910 km, mas apenas 665,1 km esto inseridos no municpio
17. SANTANA, S.O de et al.2003. Zoneamento Agroecolgico do municpio de Ilhus, Bahia, Brasil, Ilhus,
CEPLAC/CEPEC. Boletim Tcnico n 186.44p.
18. Texto extrado do Programa de Recuperao das Bacias dos Rios Cachoeira e Almada. Convnio SRH UESC.
Caracterizao Scia Econmica. Volume I Tomo II. Dezembro 2001.
-
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS30
de Ilhus. O Rio Almada em toda sua extenso mede 94 km e suas guas de colorao preta
tm suas origens na Serra do Pereira no municpio de Almadina.
Dentro desta bacia no municpio de Ilhus, existe uma nica lagoa de impor tncia, a do
Itape ou Lagoa Encantada. Mede cerca de 7,5 km da costa em linha reta e cerca de 22,5 km
do centro da cidade. Seu espelho dgua apresenta uma rea de 7 km. Essa lagoa tem
como afluentes os riachos Caldeiras, Taguaril, Buranhm, Serrapilheira, Inhape e Ponta
Grossa. A sua atual impor tncia prende-se sua piscosidade, desenvolvendo-se a as
atividades da vila de pescadores.
O Rio Almada, ainda de acordo com a descrio do Programa de Recuperao das Bacias
dos Rios Cachoeira e Almada, tem como principais afluentes no municpio de Ilhus os
seguintes riachos ou ribeires: Itariri, Sete Voltas, do Banco, gua Preta, Mocambo, So
Jos ou do Bicho, Catongo, Jussara e Pimenteiras.
Esta bacia est na sua totalidade a leste da zona de transio, ou seja, na regio da Mata
Litornea. Cerca de 2/3 desta rea so ocupadas com a cultura do cacau. Pode-se notar
ainda a presena de capoeiras vegetao secundria em vrios estgios de
regenerao. J prximo da sua foz, o Rio Almada atravessa uma regio de brejo que se
caracteriza principalmente pela ocorrncia de Ciperceas e de algumas espcies arbreas
como o Olandi (Bymphomia globulifera Linn) e Imbaba (Cecropia sp). Prximo sua
desembocadura, registra-se a presena de pequenas formaes de manguezais e
restingas.
De acordo com o Programa de Recuperao das Bacias dos Rios Cachoeira e Almada, o
nor te do municpio de Ilhus apresenta alguns afluentes da Bacia Hidrogrfica do Rio de
Contas, assim denominados: Ribeiro dos Trs Braos, da Folha Podre, da Pedra Furada, da
Visagem, do Banco Central, do Meio, do Catol e Catolezinho.
A Bacia do Rio de Contas tem uma rea total de 55.483 km, mas apenas 114 km esto no
municpio de Ilhus. Por tanto, uma microbacia sem muita impor tncia para explorao de
gua potvel para a cidade.
Bacia do Rio de Contas
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Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
31PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
FLORA
A vegetao no municpio de Ilhus condicionada pelas caractersticas climticas, do tipo
19
de floresta pereniflia latifoliada higrfila hileana (CEPLAC,1975) , denominada Mata
Atlntica. Esta se mostra bastante ameaada pela prtica do extrativismo vegetal em busca
de madeira e da explorao de terras para a agricultura, alm de empreendimentos que
propem a supresso de vegetao. Trata-se de uma floresta ombrfila densa, carac-
terizada por sua exuberncia, pela riqueza em essncias vegetais, pela grande variedade e
quantidade de lianas e epfitas e pela presena de fetos arbreos e palmceas. Nos cordes
litorneos e nas desembocaduras de rios, h uma vegetao tipicamente litornea com
manguezais e restingas.
Os recursos florestais do municpio so constitudos de comunidades naturais e
20
manejados (Gouvea, Silva e Hori, 1976) . Nas formaes naturais incluem-se o manguezal
ou Floresta Pereniflia Latifoliada Paludosa Martima, onde predominam o mangue
vermelho (Rhizophora sp) e a siriba (Avicenia sp), e as formaes florestais, nas quais
19. FARIA FILHO, A. F. e ARAUJO, Q. R. 2003. Zoneamento do meio fsico do municpio de Ilhus, Bahia,
Brasil,utilizando a tcnica de geoprocessamento. Ilhus, CEPLAC/CEPEC. Boletim Tcnico n 187.20p
20. GOUVEA, J. B. S.; SILVA, L. A. M.; HORI, M. 1976. Fitogeografia. In: Comisso Executiva do
Plano da Lavoura Cacaueira. Recursos Florestais. Ilhus: CEPLAC/IICA. pp.1-7
(Diagnstico Scio-econmico da Regio Cacaueira, v. 7).
Foto de Jos Nazal
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Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS32
predomina a Mata Higrfila
Sul-bahiana ou Floresta Pere-
niflia Latifoliada Higrfila
Hileana, com ocorrncia de
rvores de grande por te,
concentrando grande volume
e variedade de madeira.
Nas formaes florestais,
destacam-se maaranduba
(Manilkara careaceu), bicu-
ba (Virola officinalis), pau d'arco (Gallesia scorododendron Csar) vinhtico (Plathymenia
foliosa Benth), jequitib (Cariaiana legulis), brana (Melanoxylon braunia schott), pequi
(Buchenavia sp.), cobi (Cassia multijuga rish. var. Lindlyana), copaiba (Copaifera sp.),
sucupira (Bowdichia sp.), jacarand (Dalbergia nigra fr. allem) cedro (Cedrela odorata),
sapucaia (Lecythis pisonis, camb), ip (Tabebuia impetiginosa ( Mat ex. D. C.) estandi), pau
paraba (Simarowba amara Aubl), aderno (Roupala sp.), cajazeira (Spondias momlun),
gindiba (Sloanea obtusifolia Schun), louro (Percia aurata Miq.), pau ferro (Caesalpinia
ferreti Nlart.), ara d'gua (Terminalia brasiliensis Eichl), mucitaba (Machaerium
pedicelutum Vog.), jatob (Himenea sp.), jita (Apulei leiocarpa Vog, March), putumuju
(Centrobium robustum Vell, Mart), piti (Macoubea guianensis Aublet) jenipapeiro
(Genipa americana). Devido o grande valor econmico, essas espcies esto em situao
de alto risco de extino.
As reas de manguezais e restingas, que so ecossistemas extremamente sensveis e de
grande impor tncia ambiental, atualmente vm sofrendo srias ameaas, uma vez que
esto sendo transformadas em aterros com fins imobilirios e depsitos de lixos. Estudos
21
desenvolvidos por Reinaldo e Delmira (2007) sobre a situao dos manguezais da cidade
de Ilhus descrevem-nos como um ecossistema costeiro, tpico de regies tropicais e
subtropicais, de solo negro, bem lodoso e profundo, que se propaga nas enseadas,
esturios e lagunas de guas salgadas, sujeito por isso ao regime das mars. constitudo
de espcies vegetais lenhosas tpicas, alm de micro e macroalgas adaptadas flutuao
de salinidade e caracterizadas por colonizarem sedimentos predominantemente lodosos,
22
com baixos teores de oxignio.
21. LEMOS, M. R. e SILVA, C. D. Diagnstico da Degradao dos Manguezais na Cidade de Ilhus-Bahia. Biologia da
Conservao Anais do IX SIMBIO Universidade Estadual de Santa Cruz: Novembro, 2007.
22. SCHAFFER-NOVELLI, Y. Manguezal: ecossistema entre a terra e o mar. So Paulo: Caribbean Ecological Rese-arch,
1995. 64p. (Citado por Lemos e Silva).
A importncia dos manguezais. Ilheuscomamor.wordpress.com
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Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
33PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
Os manguezais do municpio de Ilhus ocupam uma rea de aproximadamente 1.272 ha.
So formados por espcies dos gneros Rhizophora, Avicennia e Laguncularia. As reas
mais representativas esto na zona urbana do municpio e ao longo das margens e ilhas da
23
poro estuarina dos Rios Cachoeira, Santana, Fundo e Almada .
Em decorrncia da ao antrpica nos manguezais da cidade de Ilhus, os mesmos
estudos apontam os seguintes impactos ambientais:
A. O desmatamento: o cor te da vegetao de mangue, que alm de destruir a flora,
expe o sedimento provocando ressecamento e a salinizao do substrato, resul-
tando na mor te de caranguejos e mariscos, bem como, afetando a produtividade e a
pesca de caranguejos, camares e peixes;
B. Os aterros: para dar lugar a ocupaes urbanas com a construo de casas e ruas,
vrios danos ocorreram, resultando principalmente na mor te da maioria dos animais
que ali viviam. Atravs de alteraes na sua estrutura e no padro de circulao
das guas nos manguezais, foi provocada a acelerao da sedimentao e, con-
sequentemente, a mor talidade do bosque. O aumento da taxa de deposio dos
sedimentos pode ainda reduzir a profundidade dos rios, canais e esturios;
C. Os escoamentos de esgotos domsticos e industriais: problemas como poluio e
contaminao das guas; contaminao de animais aquticos; mor te de vegetao de
mangue e reduo da qualidade de oxignio da gua, colocando em risco a sade das
comunidades que se utilizam dessas reas para pesca, recreao e lazer;
D. O lixo: nos manguezais observa- se o crescente depsito e acmulo de lixo que
favorecem a proliferao de animais vetores de doenas transmissveis, a contami-
nao das guas e dos solos, a poluio do ar e a consequente reduo da qualidade
ambiental desses locais;
E. A pesca predatria: a captura de espcimes animais em poca de reproduo tem
resultado na diminuio do nmero de caranguejos e peixes.
Os estudos desenvolvidos em diferentes reas de manguezais da cidade de Ilhus apontam
aspectos semelhantes que levam destruio do manguezal. O desconhecimento das leis
pela populao, a falta de uma poltica de educao ambiental, a carncia de recursos e de
pessoal nos rgos fiscalizadores, e os interesses polticos e econmicos imediatos so
alguns dos fatores que contribuem para a crescente destruio dos manguezais na regio.
23. FIDELMAN, P. I. J. Impactos ambientais: manguezais da zona urbana de Ilhus (Bahia, Brasil).
In: Congresso Latino Americano sobre Cincias Del Mar, 8., Trujillo, Peru. Anais.
Trujillo: Colacmar, 1999. p. 843-844. (Citado por Lemos e Silva).
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Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS34
Em termos de biodiversidade da flora, a rea do Parque Estadual da Serra do Conduru
(PESC) abriga a maior riqueza de espcies vegetais j registrada at o momento. Em um
nico hectare estudado na regio foram encontradas 458 espcies de plantas lenhosas,
acima de 5 cm dap (dimetro a altura do peito), ou 276 espcies acima de 10 cm dap 24
(Thomas et al.1998) .
Estes nmeros colocam essa regio entre as reas com maior riqueza de espcies vegetais
no mundo. Uma outra caracterstica que destaca a impor tncia dessa Unidade de Conser-
vao sua elevada taxa de endemismo botnico, (endmicas so espcies que ocorrem
apenas em uma determinada regio). Das espcies encontradas nessa regio, cerca de
26,5% tm sua ocorrncia restrita s florestas do sul da Bahia e nor te do Esprito Santo
(Thomas et al, 1998).
A Mata Atlntica considerada por alguns autores como um centro de diversificao de 25
espcies para gramneas bambusides herbceas (Soderstrom & Caldern, 1974) e para 26
a famlia Myr taceae (Mori et al. 1983) . Apesar dos estudos sobre centros de diversifi-
cao serem preliminares, a alta riqueza de espcies da famlia Myr taceae observada na 27
regio do PESC (82 espcies em apenas 1 hectare, Thomas et al) indica a impor tncia da
Mata Atlntica para a conservao deste grupo.
24. THOMAS, W. W., A. M. V. CARVALHO, A. M. A. AMORIM, J. Garrison & A. L. Arbelez. 1998.
Plant endemism in two forests in southern Bahia, Brazil.Biodiversity and Conservation 7: 311-322.
25. SODERSTROM, T. R. & C. E. CALDERN. 1974. Primitive forest grasses and evolution of the bambusoideae.
Biotropica 6: 141-153.
26. MORI, S. A., B. M. Boom, A. M. V. CARVALHO & T. S. Santos. 1983b. Ecological importance of Myrtaceae in an
eastern brazilian wet forest. Biotropica 15: 68-70.
27. LOBO, D. E., SETENTA, W. C. e VALLE, R. R. Sistema Agrossivicultural Cacaueiro-modelo de agricultura
sustentvel. Agrossilvicultura, v. 1, n. 2, p. 163-173, 2004
Vista de mata ombrfila densa (Mata Atlntica) Fonte: Ednaldo Ribeiro Bispo, Eng Agrnomo,
Chefe do Ncleo de Extenso da Ceplac, Itabuna
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Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
35PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
Grande par te dos remanescentes de Mata Atlntica no Sudeste da Bahia, foi preservada por
conta do sistema cacau cabruca, que manteve, para sombreamento, espcies seculares,
como o Pau dalho (Gallesia gorazema Moq), Gameleira (Ficcus sp), Louro (Nectandra spp.
Ocotea spp), Caobi (Cassia multijuga Rich. C. verrucosa), Cedro (Cedrela glaziovii DC),
Vinhtico (Plathymenia foliculosa Bebth), Jequitib (Carinoiana spp), Sapucaia (Lecytis
spp), Embiriu (Bombax macrophilum K. Schum), Maaranduba (Didymopanax morotoni
Decne Planch), Gindiba (Sloania obtusifolia Schum). Alm do mais, esse sistema propiciou
condies microclimticas favorveis conservao e aumento da densidade de plantas
ornamentais de grande valor, a exemplo de helicnias, orqudeas, bromlias e epfitas 28
variadas (Lobo et al. 2004) .
A paisagem original sofreu poucas alteraes com a lavoura cacaueira, tendo a vantagem
de no produzir paisagens contnuas e homogneas, sendo que essas alteraes
ocorreram na sua estrutura ver tical. O cacau (Theobroma cacao) plantando no interior da
floresta, em pequenos espaos aber tos ou entre as rvores, mantidas durante a preparao
das reas de plantio. Os procedimentos de preparao da floresta para o plantio do cacau
denominado regionalmente de cabrocamento. Com relao vegetao natural e suas
interrelaes existentes, o processo de plantio do cacau em cabruca tem apresentado
efeitos menos danosos que a
derruba total das rvores,
prtica tambm utilizada na
regio para plantio do cacau
(Lobo et al. 2002).
Alguns trabalhos indicam a
impor tncia das cabrucas, j
comprovada para alguns
grupos biolgicos, principal-
mente mamferos (Alves,
1990, Moura, 1999; Raboy, et 29
al., 2004) . Algumas espcies
de interesse para conservao
28. LOBO, P.S.P.; Oliveira, A.S.; Lobo, E.S. 2002. O cacau-cabruca como modelo agroflorestal sustentvel:
externalidades positivas e negativas do sistema. In IV Congresso Brasileiro de Sistemas Agroflorestais, Ilhus, Ba,
21 a 26/OUT/2002. 4p.
29. ALVES, M.C. 1990. The role of cacao plantation in the conservation of the Atlantic forest of southern Bahia,
Brazil. Tese de mestrado, University of Florida, Gainesville. pp.MOURA, R.T.M., 1999. Anlise comparativa da
estrutura de comunidades de pequenos mamferos em remanescente de Mata Atlntica e em plantio de cacau em
sistema de cabruca no sul da Bahia. Dissertao de mestrado, PG-ECMVS, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte.RABOY, B.E., CHRISTMAN, M.C., Dietz, J.M. The use of degraded and shade cocoa forests by endangered
golden-headed lion tamarins Leontopithecus chrysomelas Oryx. Vol. 38(1), 2004, Pgs. 75-83.
Vista de um remanescente de Mata Atlntica com o plantio
de cacau em cabruca
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Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS36
como o roedor Callistomys pictus (saru-beju), endmico da Mata Atlntica do Sul da
Bahia, est estritamente associado a essas reas de cabruca, sendo encontrado tambm
em fragmentos florestais (Moura). Outro exemplo do primata Leontopithecus crysomelas
(mico-leo-da-cara-dourada), ameaado de extino, endmico da Mata Atlntica do Sul
da Bahia, que utiliza as reas de cabruca no entorno da REBIO de Una (Raboy, et al., 2004).
De uma forma geral, as informaes biolgicas organizadas e disponibilizadas nesses
ltimos anos para o sul da Bahia concentram-se em uma regio restrita (Prado et al., 30
2003) . Esse quadro demonstra que ainda se conhece muito pouco sobre a diversidade
biolgica na Mata Atlntica. Na regio de Ilhus impor tante investir em pesquisas,
principalmente nas Unidades de Conservao (UC).
A riqueza especfica de quelnios, crocodilianos, lagar tos e anfisbenas no chega a
destacar a regio no contexto nacional. Entretanto, Ilhus , at o momento, a localidade da 31
Mata Atlntica com a maior riqueza especfica de serpentes (54 espcies) (Arglo, 2004) , 32
abrigando 70% das formas assinaladas no bioma (Dixon, 1979) . Considerando apenas
serpentes tpicas de florestas, o nmero de espcies em Ilhus equiparvel ao de Manaus 33
(Mar tins e Oliveira, 1998) , apesar das diferenas de latitude. Os graus de par ticipao de
elementos amaznicos e de outras regies na composio da ofidiofauna da regio
explicam, em par te, os nveis de diversidade ofidiofaunstica ali encontrados.
34
A grande riqueza de anfbios verificada na regio do Parque Estadual da Serra do Conduru e
entorno deve-se provavelmente aos vrios tipos de paisagens antrpicas ali representadas.
Alm da elevada diversidade, esto presentes nessa regio espcies de distribuio muito
restrita, como Adelophryne pachydactyla (rzinha), conhecida apenas do holtipo
(exemplar utilizado como representante do nome da espcie), e espcies endmicas das
florestas de tabuleiro do sul da Bahia, como Hylomantis aspera (perereca-verde) e
Eleutherodactylus bilineatus (rzinha-da-mata). Alm disso, o Parque Estadual da Serra do
Conduru a nica Unidade de Conservao onde se encontra o Cycloramphus migueli (r),
FAUNA
30. PRADO P. I.; Landau E. C.; MOURA R. T.; Pinto L. P. S.; FONSECA G. A. B.; ALGER, K. Corredor de biodiversidade na
Mata Atlntica do Sul da Bahia. (Orgs.). 2003. CD-ROM I. Ilhus: IESB/CI/ CABS/UFMG/UNICAMP
31. ARGLO, A.J.S. As serpentes dos cacauais do sudeste da Bahia. Ilhus, Ba : Editus. 259p. : Il. 2004
32. DIXON, J.R. 1979. Origin e distribution of reptiles in lowland tropical rainforests of South America. In: The South
America herpetofauna: its origin, evolution and dispersal. W.E.Duellman (ed.). Monograph of the Museum of Natural
History, the University of Kansas 7:217-240.
33. MARTINS, M. e OLIVEIRA, M. E. 1998. Natural history of snakes in forests of the Manaus region, central
Amazonian, Brazil. Herpetological Natural History 6:78-150.
34. Plano de Manejo do Parque Estadual do Conduru. INEMA/BA . Dezembro 2005.
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Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
37PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
espcie tambm conhecida apenas do holtipo, coletado em Una BA, e Hyla sibilata
(perereca-verde), forma endmica do sul da Bahia. O Parque tambm a nica UC onde
conhecida a ocorrncia de uma espcie de Hyalinobatrachium (perereca-de-vidro) ainda
no identificada, que constitui o primeiro registro da Famlia Centrolenidae para o Nordeste
do Brasil.
O crescente desmatamento tem levado muitas espcies ao risco de extino. Hoje existem
mais de 110 espcies ameaadas nesse bioma, sendo 29 listadas na categoria de critica-35
mente ameaadas . A regio abriga vrias espcies de mamferos endmicas e ameaa-
das de extino, como o mico-leo-da-cara-dourada (Leontopithecus chrysomelas),
macaco-prego-do-peito-amarelo (Cebus xanthosternos) e o ourio-preto (Chaetomys 36
subspinosus) . A avifauna bastante diversificada, incluindo o gnero monotpico 37
Acrobatornis fonsecai (graveteiro acrobata) .
A base econmica do territrio de Ilhus desde o sculo XVIII essencialmente agrcola, 38
atrelada lavoura cacaueira. Segundo a CEPLAC a histria do sistema de produo da
lavoura cacaueira passou por trs fases distintas. O sistema tradicional cabruca era o
predominante e contribuiu em grande par te para a conservao da cober tura vegetal
existente no municpio e pela conservao da sua biodiversidade. Porm, por fora dos
interesses econmicos progressivos, inclusive pela competitividade no mercado
internacional, os produtores desejavam maior produo e, para isto, a orientao tcnica
da CEPLAC era diminuir a cober tura vegetal, ou seja, intensificar o nmero de ps de cacau
e diminuir as rvores nativas, chegando assim monocultura de cacau. claro que este
processo de transio no pode ser chamado de evoluo!
O sistema de monocultura no se mostrou sustentvel, com a perda do ambiente natural da
floresta. As plantaes ficaram suscetveis a doenas, como a vassoura de bruxa e a
podrido parda, levando inmeras propriedades falncia.
2. PRINCIPAIS ATIVIDADES ECONMICAS*
35. GALINDO-Leal, C. & I.G. CMARA. 2003. The Atlantic Forest of South America: biodiversity status,threats, and outlook.
pp. 3-11. Center for Applied Biodiversity Science e Island Press, Washington, D.C. Citado por Plano de Manejo do PESC,
36. OLIVER, W. L. R.; SANTOS, I. B. Threatened endemic mammals of the Atlntic Forest region of South-east Brazil. Wildlife
Preservation Trust, Specil Scientific Report, 4:21-31, 1991. Citado por Plano de Manejo do PESC,
37. PACHECO, J.P.; WHITNEY, B.M. e GONZAGa, L.P. 1996. A new genus and species of furnariid (Aves: Furnariidae) from the
cocoa-growing region of southeastern Bahia, Brazil. The Wilson Bulletin 108(3): 397-433. Citado por Plano de Manejo do
PESC.
38. BISPO, E. R. Desenvolvimento Sustentvel da Regio Cacaueira. A conservao produtiva do agroecossitema
regional. CEPLAC, 21 de outubro de 2011. Apresentao PPPs.
*As atividades econmicas do municpio de Ilhus aqui descritas no so detalhadas, mas indicadas como elementos
potencialmente indutores de processos de degradao ambiental.
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Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS38
Fonte: A conservao produtiva do agroecossistema regional.
Ednaldo Ribeiro Bispo. CEPLAC, 21 / 10 / 2011
Hoje o processo inverso, a orientao da CEPLAC promover a conservao produtiva do
agroecosistema que traz benefcios no s econmico, como ambiental e social.
39
Segundo descrio do diagnstico regional , por causa do desempenho da lavoura
cacaueira, no auge da sua produo, o municpio passou a se equipar para atender s
necessidades regionais. Graas s suas facilidades por turias e localizao estratgica na
maior zona produtora de cacau, Ilhus passou a concentrar as funes comerciais,
industriais e de servios. Assim, durante o apogeu da cacauicultura, observa-se o maior
crescimento do municpio, com expanso urbana de diversas construes.
Entretanto, no final da dcada de 80, essa lavoura entra em crise devido a associao de
dois fatores principais: a queda de preo do cacau no mercado internacional e o apareci-
mento da praga Vassoura-de-Bruxa (Crinipellis perniciosa). A principal consequncia foi o
desemprego dos trabalhadores rurais, o que provocou fluxos migratrios para a cidade.
No campo comea ento a converso de novas formas de uso da terra, a substituio do
cacau cabruca pela pecuria extensiva, caf, seringa, pupunha e a explorao madeireira,
com implicaes na degradao da Mata Atlntica.
39. Programa de Recuperao das Bacias dos Rios Cachoeira e Almada. Diagnstico regional. Caracterizao scio
econmica. Vol. I Tomo II. Convnio SRH e UESC. Dezembro de 2000.
A suspenso da atividade madeireira e dos Planos de Manejo
Florestal, obtidos pela Resoluo 240 do Conselho Nacional
de Meio Ambiente, dez anos atrs, iniciaram um novo tempo
de esperana para a proteo da Mata Atlntica. Nesse
processo, o IESB e o GAMBA tiveram participao decisiva e o
IBAMA cumpriu com sua misso.
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Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
39PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
Na cidade se intensificou a demanda de espao para moradias e emprego. A sede de Ilhus,
por apresentar funo por turia, comercial e industrial, tornou-se o local de direciona-
mento da populao do campo. O espao urbano ocupado de forma desordenada provocou
desmatamento em reas de preservao permanente e fragmentao da vegetao.
Nos ltimos vinte anos foram empreendidos esforos para a superao da crise do ca-
cau na regio. Organizaes governamentais e no governamentais vm aumentando o
supor te tcnico agrcola, a assistncia agricultura familiar, a renda econmica, o
processamento do cacau e outros produtos. O incremento da atividade turstica pelo
Programa de Desenvolvimento do Turismo (PRODETUR) na regio da Costa do Cacau
tambm contribuiu para compensar as perdas socioeconmicas em Ilhus.
Atualmente o turismo e a produo cacaueira so as atividades econmicas que mais se
destacam em Ilhus, mas ainda no se consolidaram como as vias de desenvolvimento do
municpio. Ambas as atividades podem ser pautadas na conservao da Mata Atlntica
mas, apesar de investimentos estatais e internacionais na regio, para a criao de
mecanismos indutores de novos negcios e a assessoria intensiva de organizaes no
governamentais com aes conservacionistas e pesquisas, essas vocaes no se
tornaram prioridade na poltica municipal e estadual.
Em Ilhus o enfraquecimento na poltica do turismo torna-se evidente com a falta de
objetividade da gesto turstica local. No existe controle sobre a qualidade ambiental, a
expanso de ncleos residenciais periurbanos informais exerce presso sobre os atrativos
naturais e, consequentemente, degradao ambiental e paisagstica. Quanto ao cultivo de
cacau, ainda baixa a incorporao tecnolgica no seu manejo e o produto de qualidade
limitada, alm da cadeia produtiva ser pouco consolidada e diversificada.
Essas principais atividades econmicas esto em baixa prioridade na gesto
governamental. Tal situao favorece mudanas no atual quadro econmico do municpio
de Ilhus, direcionada a uma poltica de crescimento econmico atrelada implantao do
Complexo Intermodal Por to Sul. Este projeto, caso venha a ser implantado, pode alterar
radicalmente a base econmica da regio. O empreendimento est em processo de anlise
e licenciamento por par te do IBAMA.
Trabalhadores manejando o cacau www.valcabral.blogspot.com www.ilheusamado.com.br
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Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS40
40. Desenvolvimento no Sul da Bahia e o Projeto Porto Sul. Publicao independente Rede Sul da Bahia. 2011
41 - Relatrio de Impacto Ambiental Porto Sul. Hydros\Orienta\Derba. 2011
O projeto do Complexo Intermodal Por to Sul prev a implantao de um por to pblico, de
um terminal por turio privado, de um provvel aeropor to e de uma base siderrgica na
regio de Aritagu, ao nor te do litoral de Ilhus. Alm disso, est prevista a construo da
Ferrovia da Integrao Oeste - Leste (FIOL). um projeto liderado pelo Governo do Estado
da Bahia e est diretamente vinculado a outro empreendimento, o projeto Pedra de Ferro,
que envolve a explorao de minrio na regio de Caetit, no sudoeste baiano, a cerca de 40
500 Km de Ilhus .
Na Figura 14, pode-se conhecer o mapa de vegetao na rea de influncia direta e indi-
reta do Projeto Por to Sul, sendo que em mais da metade da rea predomina o sistema
cabruca. Nessa rea o bioma Mata Atlntica apresenta oito diferentes tipologias de cober-41
tura vegetal , com os seguintes percentuais: floresta ombrfila correspondente a 4,9%;
rea antropizada (afetada pela atividade humana) 32,47%, rea de vegetao herbcea
14,52%, vegetao arbreo arbustiva 17,95%, restinga 0,72%, manguezais 0,05%, reas
alagveis 5,68, e cabruca 55,1%. Todos esses ambientes naturais esto relativamente
conservados e teoricamente protegidos por lei, fazendo par te de programas nacionais e
internacionais de conservao da biodiversidade, como o Projeto Corredores Ecolgicos,
Reserva da Biosfera da Mata Atlntica e Hotspots. Essa rea do Projeto Por to Sul est
inserida no minicorredor Conduru-Boa Esperana que tem o potencial de conectividade
entre as duas unidades de conservao - Parque Estadual Serra do Conduru e Parque
Municipal Boa Esperana, atravs das suas diferentes tipologias de cober tura vegetal.
Segundo o RIMA Por to Sul, a cabruca, na rea de influncia indireta, especialmente na
regio mais a oeste (interior), abriga significativa parcela de espcies da Mata Atlntica e
as famlias botnicas de maior ocorrncia indicam que essas so reas de cabruca
antiga com elevada impor tncia para a manuteno da biodiversidade.
fotos: www.pimenta.blog.br
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A ferrovia Oeste-Leste (FIOL), em fase
inicial de construo (Figura 15), est
inserida na estratgia logstica nacional e
estabelece um eixo logstico transversal que
ar ticula o por to martimo no municpio de
Ilhus com a regio do Brasil Central. Essa
obra apresenta irregularidades e tem
causado impactos ambientais, tendo sido
alvo de embargo pelo IBAMA e de ao civil
pblica impetrada pelo Ministrio Pblico
Federal de Ilhus e de Tocantins. Devido as
falhas do plano de gesto e do planeja-
mento, o Tribunal de Contas da Unio (TCU)
recomendou a paralisao do projeto.
Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
41PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
FIGURA 14
Mapa de vegetao na rea de influncia direta e indireta do Projeto Porto Sul
Fonte: Hydros\Orienta, 2011.
FIGURA 15
Traado da Ferrovia Oeste-Leste
Fonte: Hydros\Orienta, 2011.
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Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS42
42. Ecodesenvolvimento no Sul da Bahia. Uma viso de Futuro Muito Alm do Porto Sul. Rede Sul da Bahia. 2011
43.Desenvolvimento no Sul da Bahia e o Projeto Porto Sul. Publicao independente Rede Sul da Bahia. 2011
Outro vetor de crescimento para a regio a
explorao de petrleo e de gs natural na
bacia sedimentar de Camamu-Almada
(Figura 16). O bloco BM-CAL-6 na regio de
Ilhus j obteve as licenas de perfurao.
O Gasoduto do Nordeste (GASENE), com a
estao de compresso e distribuio em
Itabuna, viabilizar a disponibilizao de
gs natural na regio.
O destino da regio est entre o debate de
duas vises de desenvolvimento econ-
mico. Uma defende a qualificao e valori-
zao da convivncia entre proteo da
Mata Atlntica e empreendimentos de turis-
mo, produo de cacau e pesca. A outra
viso a perspectiva econmica de perfil
industrial baseada no Complexo Intermodal
do Por to Sul, que pode ter xito do ponto de
vista econmico, mas desastroso do ponto
de vista ambiental, social e cultural, alm de
desconectado das atuais linhas de desen-42
volvimento do Sul da Bahia .
Atualmente, apesar da infraestrutura e gesto do municpio de Ilhus serem precrias, a
regio vem sendo preparada nos ltimos 20 anos para aproveitar essas vocaes de
desenvolvimento econmico. Com isso, garante a coexistncia e as possveis sinergias
entre as atividades de turismo, agricultura, industriais de baixo impacto e produo de
servios, mantendo a qualidade ambiental, preservando a biodiversidade e a dinmica dos 43
ecossistemas .
FIGURA 16
Petrleo e Gs Natural
Fonte: ANP Agncia Nacional do Petrleo
fotos:
http://acorda meupovo.
blogspot.com/2011/11/
sem planejamento e
fiscalizao.html
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Captulo III - Diagnstico da Situao Atual
43PLANO MUNICIPAL DE CONSERVAO E
RECUPERAO DA MATA ATLNTICA DE ILHUS
3. AVALIAO DOS PLANOS E PROGRAMAS EXISTENTES NO MUNICPIO
Os planos, programas e projetos em desenvol-
vimento ou previstos para o municpio de Ilhus
so de interesse para o Plano Municipal de
Conservao e Recuperao da Mata Atlntica,
desde que convergentes e complementares aos
seus objetivos.
A fim de identificar quais aes tm uma inter-
face de conservao com a Mata Atlntica
em Ilhus, foram realizadas, durante o perodo
de estudos para este diagnstico, entrevistas
semiestruturadas com organizaes no
governamentais, instituies de ensino e com o
Poder Pblico Municipal, Estadual e Federal,
alm de pesquisas bibliogrficas e em stios
eletrnicos.
Para melhor entendimento do seu alcance de conservao, essas aes foram classifi-
cadas com base nos seguintes requisitos:
O conceito de conservao definido no documento World Conservation Strategy
(Estratgia de Conservao Mundial, comissionado pelo Programa Ambiental das Naes
Unidas IUCN, em 1980) como o manejo da biosfera pelo ser humano para rendimento
sustentvel. Assim, conservao abrange preservao, restaurao e aprimoramento do
ambiente natural. Nessa perspectiva, foram identificadas as aes em Ilhus que se enqua-
dram ou pelo menos, se aproximam daqueles requisitos de conservao, classificados na
Tabela 7.
Entre as aes conservacionistas mencionadas no municpio, destaca-se a maior atuao
da sociedade civil, especialmente as atividades voltadas para educao ambiental e
projetos de uso sustentvel dos recur