Troncos missioneiros

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141 ARTIGO Tempo da Ciência volume 20 número 39 1º semestre 2013 OS TRONCOS MISSIONEIROS E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE MISSIONEIRA A PARTIR DA MÚSICA Iuri Daniel Barbosa 1 Resumo: Troncos Missioneiros éo nome de um disco quereúne quatro artistas daRegião Missioneira do Rio Grande do Sul: Jaime Caetano Braun, Noel Guarany, Cenair Maicá e Pedro Ortaça. Além de fomentar umaMúsicaRegional Missioneira, o principal legado dos artistas relacionados como “Troncos Missioneiros” está no pioneirismo da construção de uma identidade missioneira através da música. No que tange a identidade regional, são enfatizadosalgumas temáticas principais: as características deumpassado rural; ainfluência dacultura Guarani; afronteirade integração/repulsão latino-americana. Jáa construção de umaMúsicaRegional Missioneirapartede algumas influências anteriores importantes, mas éconsolidadapelos artistas citados. Depois deles, háumgrandeleque deartistas nascidos naregião que se identificam com a produção musical missioneira, vários destes parentes diretos dos Troncos. Num contexto maior, a partir dos anos 90, a música regional do Rio Grande do Sul se desenvolve por dois caminhos: Música Campeira e a Tchê Music. Em ambos, háregravações daobramusical dos Troncos Missioneiros. Nosso trabalho vincula-se a uma Geografia Cultural Renovada, a partir da inclusão de novos objetos de estudo, em nosso caso amúsicapopular. Palavras-chave: Músicae geografia; fronteira; músicaregional; identidademissioneira. Abstract: Themusicálbumnamed “Troncos Missioneiros”assemblesfour artists fromMissões, aregion of Rio Grandedo Sul, Brazil: JaimeCaetano Braun, Noel Guarany, Cenair Maicáand Pedro Ortaça. Besides encouraging the regional music from Missões, these artists’ main legacy is their pioneerismtowards developing identity to theregion through music. In what concerns regional identity, afewset of themes areemphasized: features of arural past; the influence of the guarani culture; Latin America’s existing border of integration/repulsion. Thedevelopment of theregional music from Missõesbeginsbased on major past influences, though is consolidated by the artists above. After them several artists born in that region identify themselves to the musical production from Missões, alot of those are direct rela- tives from the “Troncos”. In a bigger context, from the 90’on the regional music from Rio Grandedo Sul develops itself in two paths: “MúsicaCampeira”and “TchêMusic”. Thereare remakes of Troncos Missioneiros’ work made by both. This paper subscribes to the New Cultural Geography through including newstudy subjects, in this case, popular music. Key words: Music & Geography; border; regional music; Missões’ identity.

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    OS TRONCOS MISSIONEIROS E A CONSTRUO DAIDENTIDADE MISSIONEIRA A PARTIR DA MSICA

    Iuri Daniel Barbosa1

    Resumo: Troncos Missioneiros o nome de um disco que rene quatro artistas da RegioMissioneira do Rio Grande do Sul: Jaime Caetano Braun, Noel Guarany, Cenair Maic ePedro Ortaa. Alm de fomentar uma Msica Regional Missioneira, o principal legado dosartistas relacionados como Troncos Missioneiros est no pioneirismo da construo deuma identidade missioneira atravs da msica. No que tange a identidade regional, soenfatizados algumas temticas principais: as caractersticas de um passado rural; a influnciada cultura Guarani; a fronteira de integrao/repulso latino-americana. J a construo deuma Msica Regional Missioneira parte de algumas influncias anteriores importantes, mas consolidada pelos artistas citados. Depois deles, h um grande leque de artistas nascidosna regio que se identificam com a produo musical missioneira, vrios destes parentesdiretos dos Troncos. Num contexto maior, a partir dos anos 90, a msica regional do RioGrande do Sul se desenvolve por dois caminhos: Msica Campeira e a Tch Music. Emambos, h regravaes da obra musical dos Troncos Missioneiros. Nosso trabalho vincula-sea uma Geografia Cultural Renovada, a partir da incluso de novos objetos de estudo, emnosso caso a msica popular.

    Palavras-chave: Msica e geografia; fronteira; msica regional; identidade missioneira.

    Abstract: The music lbum named Troncos Missioneiros assembles four artists from Misses,a region of Rio Grande do Sul, Brazil: Jaime Caetano Braun, Noel Guarany, Cenair Maic andPedro Ortaa. Besides encouraging the regional music from Misses, these artists mainlegacy is their pioneerism towards developing identity to the region through music. In whatconcerns regional identity, a few set of themes are emphasized: features of a rural past; theinfluence of the guarani culture; Latin Americas existing border of integration/repulsion.The development of the regional music from Misses begins based on major past influences,though is consolidated by the artists above. After them several artists born in that regionidentify themselves to the musical production from Misses, a lot of those are direct rela-tives from the Troncos. In a bigger context, from the 90on the regional music from RioGrande do Sul develops itself in two paths: Msica Campeira and Tch Music. There areremakes of Troncos Missioneiros work made by both. This paper subscribes to the NewCultural Geography through including new study subjects, in this case, popular music.

    Key words: Music & Geography; border; regional music; Misses identity.

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    So quatro cernos de angicoFalquejados na minguante,

    Que vm trazendo por dianteNosso tesouro mais rico,Que h trs sculos e picoOs centauros nos legaram

    Memrias que no gastaramNos entreveiros da infncia;E olfateando na distancia,

    Algumas que se extraviaram.

    Os quatro so missioneiros,Unidos num mesmo abrao;So tentos do mesmo lao,

    Brasas dos mesmos braseiros,Chispas dos mesmos luzeiros,Que onde um vai o outro vai.

    Nenhum pesar os contraiNem desencanto nem mgoa;

    Os quatro beberam guaNos remansos do Uruguai.

    (BRAUN, 1987)

    INTRODUO

    Nosso trabalho vincula-se a uma Geografia Cultural Renovada, a partir daincluso de novos objetos de estudo, como tambm de novas abordagens a objetosque j eram de interesse, onde os estudos geogrficos sobre msica exemplificamessa situao (CASTRO, 2009). Dessa forma, compreendemos a msica comoum texto, um espao multi-dimensional, aberto, fragmentrio, inacabado eincoerente, receptivo a mltiplas interpretaes concorrentes (KONG, 2007, p.155).

    Muitas vezes, o carter e a identidade dos lugares so apreendidos a partirde letras, melodia, instrumentao e da percepo geral ou do impacto sensorialda msica (KONG. 2007, p. 137). Desse modo, os estudos que relacionam Msicae Geografia oferecem ricas evocaes de lugares, de uma forma geralmente ausentenas fontes geogrficas convencionais (KONG. 2007, p. 137).

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    Troncos Missioneiros o nome de um disco (um LP lanado em vinil em1988 e re-lanado em CD na dcada de 2000) que rene quatro artistas da RegioMissioneira do Rio Grande do Sul: Jaime Caetano Braun, Noel Guarany, CenairMaic e Pedro Ortaa. Com registros fonogrficos a partir dos anos 1970, a obradesses artistas est intimamente relacionada construo da identidade missioneirano Rio Grande do Sul, Brasil. Tambm podem ser considerados como troncos deuma Msica Regional Missioneira, que acabou por influenciar uma parcelasignificativa da msica regional produzida nesse estado.

    OS QUATRO TRONCOS MISSIONEIROS

    Em uma rvore, um tronco um tipo de caule lenhoso, resistente, cilndricoou cnico. J em anatomia, tronco a parte central de onde se projetam a cabea eos membros. Fazendo analogia com nossos artistas, podemos dizer que Jayme,Noel, Ortaa e Cenair so a base de onde se projetar a Msica RegionalMissioneira. Como Jayme os define, so quatro cernos de angico. Ainda nos anos60, os quatro artistas se reuniram, objetivados a colocar o territrio missioneirono mapa musical gacho. Conforme as palavras de Pedro Ortaa (2011):

    Em meados de 1966 eu, juntamente com Noel Guarani e Cenair Maic nosreunimos para tocar e cantar e decidimos que iramos criar um novo modo detocar e cantar. A maneira que as coisas do Rio Grande eram colocadas nonos satisfaziam, no era a maneira que queramos para o norte do nossotrabalho. Nos reunimos para tocar e cantar a identidade musical missioneira.

    Alm dos trs artistas citados no trecho acima, Ortaa faz referncia aoutro missioneiro, Jayme Caetano Braun, que nos serviu de fonte e vertente para onosso trabalho (ORTAA, 2011).

    Jayme Caetano Braun nasceu no distrito da Timbava, interior do municpiode Bossoroca2 em 1924. Afirmava ser neto de ndia guarani, chegou a ser tropeiroe curandeiro, tambm trabalhando em profisses urbanas, como radialista, jornalistae funcionrio pblico. Braun morreu em Porto Alegre, em 1999. considerado odifusor da Payada (poesia declamada, de origem platina) no Brasil. Jaime CaetanoBraun lanou nove livros de poesia, alm de dez discos contendo payadas e msicasinstrumentais. Teve poesias musicadas por inmeros artistas, entre eles NoelGuarany, Cenair Maic, Pedro Ortaa e Lus Marenco.

    Tambm de Bossoroca Noel Guarany, nascido em 1941 (faleceu em SantaMaria, em 1998). Descendente de guaranis e italianos, trabalhou como balseiro,lenhador, tarefeiro de mate e tambm foi radialista. Ainda na juventude, percorre

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    os pases do Prata, recolhendo canes que chamaria de Cancioneiro Guarantico3

    (SOSA, 2003, p. 25). A esse trabalho, qualifica como Msica de pesquisa,contrapondo-se aos Festivais de Msica Nativista, dos quais no participava(POMMER, 2009, p. 175). A ele creditada, por Pommer (2009), a tarefa dedivulgao e o reconhecimento da regio como missioneira por seus habitantes.Conforme depoimento do prprio autor, quando afirma que na poca que eucomecei a cantar no existia msica missioneira e eu me vi na obrigao de cantare a msica missioneira est a (MANN, 2002, p. 8).

    No fim dos anos 70, passa a ter reconhecimento da intelectualidade.Apresenta-se em universidades pblicas tornando-se conhecido do pblicoestudantil. Em 77 foi convidado a participar de evento no centro do pas, juntamentecom Edu Lobo, Chico Buarque, entre outros artistas da MPB. Por seu contedocrtico, o show acabou cancelado pelo governo ditatorial daquele perodo. Passa ater expresso em jornais do centro do pas, atravs de matrias escrita. Por contadas reportagens, divulga So Luiz Gonzaga, que comea a ficar conhecida comocapital da msica missioneira (POMMER, 2009, p. 176).

    Tambm nascido em Bossoroca, em 1942, Pedro Ortaa aprendeu a tocarcom os pais, que eram msicos de bailantas no interior. Em 2008 recebeu ottulo, pelo Ministrio da Cultura, de Mestre da Cultura Popular Brasileira (BRASIL,2008). Para Ortaa (2011), a diferena da msica missioneira para a produzidaem outras regies do Estado est na maneira de cantar-denunciando, protestando,registrando e levando para o futuro o passado de um povo esquecido, explorado,mas cheio de encanto e essncias, o povo Guarani. Em outro depoimento, Ortaaenfatiza a importncia dos Troncos Missioneiros para a representao histricada regio:

    Atravs do nosso canto, o povo foi conhecendo a verdadeira histria do povomissioneiro, povo de quem foram roubadas as terras, o gado, as riquezas.Mataram velhos, moos e crianas num extermnio brbaro. Mas noconseguiram silenciar a voz da verdade, que era ouvida e esparramada pelovento de coxilha em coxilha, como se fosse um lamento. No conseguiramapagar sua histria de lutas, fraternidade e amor a esse cho colorado!(ORTAA apud JDICE, 2009).

    Missioneiro, do municpio de Tucunduva, Cenair Maic nasceu em 1947.Aos trs anos, cruzou a fronteira com sua famlia para viver em acampamentos deextrao de madeira s margens do Uruguai. Criado em meio aos madeireiros,balseiros e pescadores, absorveu desde cedo musicalidade de suas formas deexpresso: foi com os pees argentinos e paraguaios que trabalhavam com seu paique aprendeu os primeiros acordes da guitarra. Morreu em Porto Alegre emjaneiro de 1989 (MANN, 2002).

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    Suas canes falam da natureza (rios, matas, pssaros, diversidade), retratamos problemas urbanos: o favelado, o louco, os ndios marginalizados, os semterra, o campo devastado (monocultura, poluio). Alm de cantar a histria e aidentidade missioneira, apresentava-se como um artista engajado, valorizando osentido e a utilidade do povo no seu cantar. Nesse depoimento, Cenair fica maisclaro:

    Eu tenho me dedicado a cantar no s a histria que passou, os costumes,mas a realidade do homem da minha regio. Eu acho que o msico, alm decantar as coisa alegres, a paisagem, a histria, tem o dever de ser til ao povocom o qual convive no dia-a-dia. Ento eu procuro, dentro da minha msica,dizer alguma coisa que possa motivar ou sensibilizar pessoas no sentido deresolver certos problemas de nosso povo. Porque ns, os artistas, temosuma fora na mo, que o instrumento, e temos a oportunidade de noscomunicar com o povo atravs dos canais de divulgao. Ento temos o deverde ser til ao povo. Nossa luta no pode ser com armas, mas atravs dapalavra (MANN, 2002, p. 16).

    REPRESENTAES DA IDENTIDADE MISSIONEIRA A PARTIR DOS TRONCOSMISSIONEIROS

    Acreditamos que os textos musicais devem ser entendidos como dilogossociais em andamento, os quais ocorrem em determinadas situaes sociais ehistricas e refletem esses cenrios (KONG, 2007, p. 139). Nesse sentido, a obramusical dos Troncos Missioneiros pode ser contextualizada no bojo dastransformaes que a regio das Misses passava. Nos anos 1960 ganha fora oprocesso de modernizao do campo na regio, atravs da substituio da pecuriae lavoura tradicional pela agricultura de gros4. Neste perodo foi grande o xodorural, sendo que os Troncos Missioneiros vivenciaram esse processo: nasceramno campo e migraram para as cidades. Essa transformao do rural no passoudespercebida pelos artistas, gerando nostalgia de um passado idealizado, de formaanloga a outros trabalhos que relacionam Msica Popular e Geografia, conformepontua Kong (2007, p. 140), como uma consequncia, a paisagem rural e o estilode vida agrrio do passado so idealizados, principalmente entre migrantesdesarraigados. H uma saudade de casa e a nostalgia amarga de um modo de vidaque parece ter sido irremediavelmente perdido, e o passado enevoado passa a serreavaliado como um lugar sagrado.

    Uma das caractersticas em comum a busca por uma aproximao com ahistria indgena da regio. Noel, por exemplo, evitou seus sobrenomes portuguesese italianos como nome artstico, preferindo a alcunha de Guarany. Assim como

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    Noel, todos se definem como descendentes de Guaranis, embora no neguem amestiagem com outras etnias (lusos, espanhis, negros, mouros, italianos ealemes). Isso acabou gerando sincretismos, hibridismos, misturas em suascanes. No texto musical, uma destas misturas est no ritmo chamam, bastanteexecutado pelos missioneiros. Palavra guarani, significa improviso. Sendo assim,seu ponto de difuso estaria no sul e leste do Paraguai e nas provncias argentinasde Corrientes e Misiones. Notamos uma forte relao do chamam com a localizaodos antigos 30 povos das Redues Jesuticas dos Guaranis e com as atuais aldeiasindgenas dos Guaranis.

    A situao geogrfica da regio missioneira, fronteira do Brasil com a Ar-gentina (e nas proximidades do Uruguai e do Paraguai), est presente nas letrasdas canes, nos intercmbios com artistas, e tambm em ritmos. A fronteira vaiaparecer de duas formas: repulso e integrao. Repelindo, conforme pontuaMachado (1998, p. 42), como uma regio de perigo ou ameaa sendo objetopermanente da preocupao dos estados no sentido de controle e vinculao.Tambm como um fator de integrao, na medida em que for uma zona deinterpenetrao mutua e de contante manipulao de estruturas sociais, politicas esociais distintas (MACHADO, 1998, p. 42): Essa preocupao do Estado estpresente nas heranas das batalhas pela demarcao dos limites em que a regiofoi forjada. Exemplo pode ser encontrado na j citada Payada de Jayme: Por maisde trezentos anos/ fui pastor e sentinela/ Na linha verde e amarela/ peleando comcastelhanos/ Gravando com los hermanos/ a epopia do fronteiro!/ Poeta, cantore guerreiro/ da Amrica que nascia/ Na bendita teimosia/ de continuar brasileiro(BRAUN, 1983). Tambm est presente na Milonga das trs bandeiras, de PedroOrtaa e Carlos Cardinal: Palmo a palmo demarcadas/ Nasceram nossas fronteiras/Indiada do queixo roxo/ Escaramuas guerreiras (ORTAA, 2009). Na mesmamsica, a fronteira pode aparecer tambm como integrao: Hoje em dia todosfalam na integrao como emblema/ quando ns os cantadores carregamos estetema/ desde que as ptrias nasceram foi esse o nosso lema (ORTAA, 2009).

    Proximidade da fronteira facilita os contatos culturais entres fronteirios efronteirias. Como nos bailes, fandangos, festividades. Exemplo na letra de Fan-dango da fronteira, de Noel Guarany, onde comungam-se chinocas dos dois pases:Vou te contar bem diretitnho das chinocas missioneiras/ dos olhares feiticeiros,carinhoso e candongueira/ Umas que so argentinas outras que so brasileiras(GUARANY, 1971). Ideia semelhante est presente tambm no Baile do Sapucay,de Cenair Maic: Neste compasso da gaita do sapucay/ Se bailava a noite inteiral na costa do Uruguai/ Luz de candieiro e o cheiro da polvadeira, hermanavacastelhano e brasileiros na fronteira (MAIC, 1980). A integrao entre asfronteiras estar presente como proposta de nome do quarto disco Sem fronteira,quarto da carreira de Noel Guarany. Ou ento em Trs Bandeiras, de Pedro

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    Ortaa, onde os autores prestam homenagem a trs heris nascidos na regio Sep Tiaraju5, Andresito Guacurari6, San Martin7: Os trs tauras que moldaram/Os confins americanos/ Querem ir frente aos demais/ Abraados como hermanos(ORTAA, 2009).

    A proximidade com os pases vizinhos tambm efetivou um maior contatoentre os Troncos Missioneiros com elementos da msica platina: instrumentistas,compositores (e suas obras musicais) e ritmos. Assim, houve intercmbio musicalcom artistas argentinos, uruguaios e paraguaios. Exemplo desta integrao est nodisco Payador - Pampa Guitarra, de Jayme e Noel, gravado em Buenos Aires,Argentina e em So Paulo. Nas gravaes realizadas em Buenos Aires o disco teveparticipao dos instrumentistas argentinos Raul Barbosa8 e Bartolom Palermo9.

    Outros intercmbios se deram com msicos argentinos que migraram parao Brasil. Trs instrumentistas tiveram profunda importncia nas gravaes dosdiscos dos Troncos Missioneiros: os bandoneonistas Chaloy Jara10 e Ricardo Buri11;e o violonista Lcio Yanel12. Chaloy gravou em trs dos quatro discos de CenairMaic (Rio de minha infncia, Caminhos e Canto dos livres) e no discoPayador, de Jayme. J Ricardo Bury (tambm creditado como Maestro Bury),gravou o disco Meu Canto, de Cenair, e no disco A volta do payador, de Jayme.Lcio Yanel foi o violonista que mais gravou com Jayme, participando dos discosO Payador, Paisagens perdidas e Payadas. Tambm participou do disco MeuCanto, de Cenair, e do disco Galo Missioneiro, de Ortaa.

    No repertrio dos Troncos Missioneiros, encontramos msicas de artistasargentinos, uruguaios e paraguaios. De compositores argentinos, Noel Guaranyregravou trs canes de Atahualpa Yupanqui13: Milonga del peion de campo,Para ele que mira sem ver e Los Ejes de mi carreta. Gravou tambm El ranchoe la cambicha de Mario Millan Medina14; Alma Guarani, de Osvaldo SosaCordero15 e Damsio Esquivel16; Villa Guillermina, de Gregrio Molina17 e ViscontiVallejos18. Alm disso, musicou trechos do pico Martin Fierro, de JosHernandez19, e fez uma verso para Rio Manso, de Cholo Aguirre20. Tambmregravou canes de compositores uruguaios: duas de Anibal Sampayo21 e outrados irmos Carlos e Santiago Soares de Lima; tambm uma de Santiago Chalar22 eClodomiro Perez. E Volve, Volve, composta em parceria pelos paraguaios Pelala,Ascncio, Gabriel e Ramn Rodriguez.

    O disco Payador, de Jayme, contm quatro temas instrumentais decompositores argentinos: El beso aquel, de Francisco Cassis23 e Luiz Mendozza24;La Colonia, de Transito Cocomarola25; El rancho de la cambicha, do j citadoMrio Millan Medina; e Merceditas de Ramon Sixto Rios26. No disco A volta dopayador esto dois temas de Ricardo Buri: Milonga para Don Jaime e SapoRengo.

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    J Cenair Maic comps em parceria com Chaloy Jara e Talo Pereira, fezverso de Zamba para Dicer Adis, de Argentino Luna27 e para Puente Pessoa(de Mario Cocomarola). Tambm de Cocomarola (esta com Constante Aguer28),gravou o chamam Km 11. Tambm em seus discos esto presentes dois temassolados de instrumentistas argentinos que o acompanhavam: Chaloy Jara e RicardoBuri. Ortaa tambm comps em parceria com Talo Pereyra e fez verso da canoTriste partida, de Roberto Galarza29.

    Outra aproximao com os pases vizinhos se deu com a incorporao deritmos de propagao latino-americana (OLIVEIRA; VERONA, 2008) nas canescompostas pelos Troncos Missioneiros. Segundo Oliveira e Verona (2008, p. 81),pelo fato de estar situado em regio de fronteira com dois outros pases (Argen-tina e Uruguai, alm da proximidade com o prprio Paraguai), por fatores histricos(guerras; invases), econmicos (comrcio, contrabando) e sociais (imigraes),assimilou parte da cultura vivenciada pelos povos circunvizinhos. Dos ritmoslatino-americanos, os mais presentes so a milonga e o chamam. Alm destes,encontramos tambm a guarnia, o rasguido doble, a rancheira e a zamba.

    Quanto s letras, duas formas poticas encontradas nas obras dos TroncosMissioneiros so de origem platina: a payada e a gauchesca. A payada, principalforma de expresso de Jayme Caetano Braun, encontrada em partes do territriode Argentina, Brasil e Uruguai. uma poesia de origem platina, hbrido do espanholcom o paye (sacerdote indgena), (MANN, 2002, p. 6). Em geral, se trata de umrepente em dcima (estrofe de dez versos) de redondilha maior (versos de seteslabas) e rima entrelaada (todos os versos rimam entre si, alternadamente). J agauchesca, muito presente na obra de Noel Guarany, como afirma Cunha (2011, p.9), uma tradio potico-literria surgida em fins do sculo XVIII, incio doXIX, no que hoje o Uruguai e a Argentina. Com os mais variados objetivospoltico-ideolgicos teve sempre sua temtica ligada a vida rural nesses pases.

    Entendemos que a anlise das letras no corresponde totalidade para acompreenso de significados do texto musical. Por isso, outros materiaisintertextuais devem ser includos como os visuais, uma vez que tambm comunicamsignificados e falam de identidades que as pessoas desejam desenvolver e apresentar.(KONG, 2007). Na formao dessa identidade missioneira articulada pelo grupo,algumas imagens expressam evidncia disso. o caso da imagem das Runas deSo Miguel30 como pode ser visto nas figuras 1 e 3, iconografia bastante utilizadana representao da regio missioneira, presente nos discos dos TroncosMissioneiros, como tambm de inmeros outros artistas identificados com a regio.Outras iconografias bastante presentes so o Rio Uruguai (Fig. 2) e a Cruz deLorena (ou Cruz Missioneira, fig. 4).

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    FIGURA 1 - Capa do disco Sem Fronteira, de Noel Guarany, 1975.

    FIGURA 2 Capa do disco Canto dos Livres, de Cenair Maic, 1983.

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    FIGURA 3 Capa do disco Ptria Colorada, de Pedro Ortaa, 2007.

    FIGURA 4 - Capa do disco Payador, pampa e guitarra, de Noel Guarany e JaymeCatano Braun, 1976.

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    MSICA REGIONAL MISSIONEIRA

    Segundo Brum (2005, p. 124), o termo Msica Missioneira compreendedois significados distintos: no primeiro histrico uma msica executada nosSete Povos, ensinada pelos padres jesutas, reproduzida e (re)inventada pelosndios Guaranis; j no segundo, a Msica Missioneira refere-se ao regionalismo,feita como possibilidade de nomeao e de classificao do passado missioneirono presente, no sentido de apologiz-lo para reviv-lo. Chamaremos esta deMsica Regional Missioneira, na qual a obras obras de Jayme, Noel, Ortaa eCenair so legtimos troncos. Segundo Pommer (2009, p. 164), as caractersticasprincipais desta Msica Regional Missioneira, produto da cultura especfica deuma parte da regio das Misses eram a denncia e o protesto. Ainda segundo aautora, a msica dos Troncos Missioneiros pode ser compreendida como arecriao de um passado especfico, procurando conect-lo ao presente. Segundoa autora, esse passado est relacionado ao perodo das Redues Jesuticas dosndios Guaranis.

    Os Troncos Missioneiros possuem grande importncia na construo deuma Msica Regional Missioneira. Podemos dizer que esses artistas foram o cerne,como bem sugere a analogia ao tronco de uma rvore, de onde partiram asramificaes que preservam, reconstroem e atualizam a identidade musicalmissioneira. A construo de uma Msica Regional Missioneira parte de algumasinfluncias anteriores importantes, como razes que deram sustentao aos cernes.Muitos dos quais citamos anteriormente, como os argentinos Atahualpa,Cocomarola, Osvaldo Sosa Cordeiro, entre outros. Outros, so artistas popularesdas misses: Reduzino Malaquias31, que gravou no primeiro disco de Ortaa, eTio Bilia32, ao qual Cenair presta homenagem na sua Rancheira do Tio Bilia.Seguindo a linhagem dos Troncos Missioneiros, hoje so ramagens seusdescendentes e parentes diretos: os irmos Alberto, Gabriel e Marianita Ortaa33;Valdomiro Maic34 e seu filho Atahualpa, Patrcio Maic35, e por fim, LauraGuarany36.

    Alm dos familiares, outros artistas tambm se identificam comomissioneiros, mesmo que abrangendo outras temticas e propostas estticasmusicais. Em uma vertente mais relacionada a uma msica de luta e protesto, estJorge Guedes37 e a Famlia Guedes (seus filhos Ana e Karay Guedes). Noutra,mais ligada aos festivais de cano nativa38, tem como expoentes os msicos LuizCarlos Borges39, rlon Pricles40 e ngelo Franco41. Tambm h uma ramificaomais popularesca, inspirada em trovadores, geralmente associada a temticasirnicas ou letras de duplo sentido, onde os expoentes so Xir Missioneiro42 eBaitaca43.

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    Devemos ressaltar a influncia dos Troncos Missioneiros na Msica Popu-lar do Rio Grande do Sul, como tambm em outros estados brasileiros e em pasesvizinhos. A partir dos anos 90, conforme DIAS (2008, p. 52), a msica regionaldo Rio Grande do Sul tornou-se uma rea de afirmao de disputas simblicas eafirmaes de legitimidade por dois grupos: a Msica Campeira, oriunda donativista, e a Tch Music, provinda de bailes em CTGs. Em ambos grupos, hregravaes da obra musical dos Troncos Missioneiros.

    Na Msica Campeira, onde prevalece o uso de violo, gaita e contrabaixo(s vezes acrescido de percusso), onde o grande expoente Luiz Marenco. Marencogravou um disco s com canes de Noel Guarany (Lus Marenco canta NoelGuarany, de 1996) e outro musicando letras de Jayme Caetano Braun, intituladoLus Marenco canta Jayme Caetano Braun, de 1991. Alm disso, durante sua carreira,regravou a cano Mgoas de Posteiro, de autoria de Cenair Maic, no discoFilosofia de Andejo de 1993. Tambm na msica campeira, a dupla Csar Oliveira& Rogrio Mello, fs de Pedro Ortaa, homenageiam o missioneiro com o ttulo deum tema instrumental no disco Cantigas para o meu cho, de 2010. Por sua vez,o artista Juliano Amaral42 apresenta um espetculo somente com canes de NoelGuarany e Cenair Maic.

    Nas bandas43 de Tch Music e nos conjuntos de baile tambm h refernciaaos Troncos Missioneiros. Embora no seja to presente como na msica campeira,h vrias regravaes por alguns dos mais importantes grupos. Os Serranos, porexemplo, grupo mais bem sucedido da msica regional gacha (DIAS, 2008),regravou canes de Pedro Ortaa em duas ocasies: Bailanta do Tibrcio (Nodisco Bandeira dos Fortes, de 1987) e Timbre de Galo (no disco Os Serranosinterpretam sucessos Gachos). J o grupo Os Nativos (do Oeste de Santa Catarina)cantam dois temas recolhidos por Noel Guarany: Na Baixada do Manduca eChimarrita sem Fronteira, ambas presentes no disco 18 Grandes Sucessos, de1991. Tambm regravaram Baile da Cola Atada, de Ortaa, no disco Canta Catrina1997. Por sua vez, a dupla de interpretes Oswaldir & Carlos Magro, regravou osquatro troncos missioneiros: de Ortaa, Surungo no campo fundo, no discoVersos, Guitarra e Caminho, de 1989, e Velha Gaita, no disco de mesmo nome,em 1993. Tambm do disco Velha Gaita, h uma gravao da cano Canto dosLivres, de Cenair Maic. Homem Rural, tambm de Cenair, est no disco GachoAmigo de 2003. Prece, poesia de Jayme Caetano Braun, est no disco QuernciaAmada, de 1997, enquanto Destino de Peo, de Noel Guarany, est no discoChina Atrevida, de 2004.

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    ALGUMAS CONSIDERAES

    Alm de fomentar uma Msica (Regional) Missioneira, outro legado dosartistas relacionados como Troncos Missioneiros est no pioneirismo da construode uma identidade missioneira atravs da msica. Como pontua Kong (2007, p.153), a msica , portanto, um meio pelo qual identidades so (des)construdase como Castro (2009, p. 15) complementa [evidencia] a importncia dessa arte naformao de comunidades imaginadas.

    Como afirma Pommer (2009, p. 163), ao analisar a produo da identidademissioneira na cidade de So Luiz Gonzaga, que desde fins dos anos 60 as obrasde Jayme Caetano Braun e Noel Guarany, podem ser consideradas um dos pontosde partida na estruturao e na divulgao do que se acreditava ser a identidademissioneira. Alm de ser um dos pontos de partida, para a autora a Msica Re-gional Missioneira (2009, p. 178), continua sendo um dos principais elementosde divulgao do que chamamos aqui de gacho missioneiro.

    NOTAS

    1 Mestrando do Programa de Ps-Graduao em Geografia da UFRGS. Endereo: Av. BentoGonalves, 9500, Prdio 43136, sala 218, Porto Alegre-RS. CEP: 91509-900. E-mail:[email protected] Na poca, o municpio de Bossoroca pertencia a So Luiz Gonzaga.3 Desse trabalho folclorstico, registra canes como Baixada do Manduca, Adeus Morena,Dcima do potro baio, Chamarrita sem fronteira.4 Especialmente pelo binmio trigo-soja.5 Guarani missioneiro, santo popular, declarado heri guarani missioneiro rio-grandense pelaLei n 12.366.6 Guarani missioneiro, heri na provncia de argentina de Misiones.7 Nascido em Yapeju, provncia de Corrientes, heri da independncia argentina.8 Acordeonista, natural de Buenos Aires, Argentina. Descendente de guaranis, atualmentereside na Frana, onde chamado o Embaixador do Chamam.9 Violonista, nascido em Villa Guillermina, provincia de Santa Fe, Argentina.10 Bandoneonista e compositor nasceu en Posadas, capital da provincia argentina de Misiones,em 1931. Morou por mais de 20 anos no Rio Grande do Sul, onde ficou conhecido como o Reido Chamam.

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    11 Bandoneonista e compositor. Nasceu na Finlndia em 1943, mas se mudoucom seus pais para Ober, Provincia de Misiones, aos dois anos de idade.

    12 Violonistas, nascido em Corrientes, em 1946, radicado no Brasil h mais de 30 anos, violonistacom maior produo na histria do violo gacho.13 Natural de Buenos Aires, considerado um dos mais importantes expoentes da MsicaFolclrica Argentina.14 Apelidado de el cantor chamamecero, nasceu provncia de Goya, em 25 de maio de 1913 efaleceu na cidade de Rosario em 6 de novembro de 1977.15 Compositor de inmeros temas correntino. Nasceu em Concepcion, provincia de Corrientes,Argentina, em 1906. Foi mundialmente regravada sua cano Anah.16 Bandoneonista e compositor, filho de correntinos. Nasceu em 1919 em Rosario, Provincia deSanta Fe, Argentina.17 Cantor, violonista e compositor, nasceu em Puerto Libertad, Provincia de Misiones em 1937.18 Jornalista, poeta, e escritor, Nascido 1927 em Villa Guillermina, provincia de Santa Fe,Argentina.19 Poeta, poltico e jornalista argentino, conhecido, principalmente, pelo livro Martin Fierroconsiderado o livro ptrio da Argentina.20 Cantor, violonista e compositor, nasceu em San Lorenzo, Provincia de Santa Fe, em 1928.21 Cantor, poeta, violonista, arpista e compositor, nascido em Paysandu, Uruguai, em 1926.22 Poeta e cantor, nascido em Montevideo, em 1938.23 Bandoneonista e compositor, nasceu em 1922 na cidade de La Paz, Provincia de Entre Ros,Argentina.24 Ator, poeta, jornalista, e compositor, nasceu em Bella Vista, Provincia de Corrientes, Argen-tina, em 1914.25 Bandoneonista e compositor, nascido em Corrientes, Argentina em 1918. Conhecido comoEl Taita del chamam.26 Cantor, violonista e compositor, nasceu em 1913, em Federacin, Provincia de Entre Ros.27 Cantor e compositor argentino, nasceu na provncia de Buenos Aires, em 1941.28 Poeta, cantor, violonista, escritor que nasceu em 1918, em Buenos Aires.29 Cantor, violonista, contrabaixista e compositor, nasceu em 1932 no Distriro Alto Verde,Provincia de Santa Fe.30 Stio arqueolgico localizado na cidade de So Miguel das Misses, o mais preservado detodos os situados em territrio brasileiro.31 Gaiteiro, nascido no interior de So Nicolau, gravou os primeiros discos de Pedro Ortaa,

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    alm de um disco solo instrumental, no fim da vida.32 Expoente da gaita ponto, nascido em Santo ngelo.33 Filhos de Pedro Ortaa, comumente se apresentam junto ao pai, formando a Famlia Ortaa.34 Irmo de Cenair Maic, com inmeros discos lanados.35 Filho de Cenair Maic, gravou um CD.36 Interpreta as canes do seu pai, Noel Guarany.37 Natural de So Luiz Gonzaga, gravou o ltimo disco de Noel Guarany: A volta do missioneiro.38 Onde o principal meio de difuso e consumo est nos festivais de cano nativa.39 Acordeonista nascido no interior de Santo ngelo que trouxe para a Msica RegionalMissioneira elementos de sua formao formal em Msica na UFSM.40 Cantor e compositor nascido em So Luiz Gonzaga, faz parte do grupo Buenas e MEspalho. sobrinho de Luiz Carlos Borges.41 Cantor e compositor nascido em So Luiz Gonzaga, faz parte do grupo Buenas e MEspalho.42 O espetculo chama-se Prosa Galponeira, pode ser visto em: 43 Grupos e conjuntos musicais.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

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