UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA INSTITUTO PÓS …
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOMÉDICAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM IMUNOLOGIA E PARASITOLOGIA
APLICADASSISBI/UFU
1000214393
1 3 -9 3 (2-33 d
£ -4z|
Detecção dos Isotipos IgM, IgA e IgG na Infecção pelo
Vírus do Dengue e sua Reatividade aos Sorotipos Virais
DEN-1, DEN-2 e DEN-3
Cínthia Barbosa de Carvalho
Orientador: Prof. Dr. José Roberto Mineo
Dissertação apresentada ao Colegiado do
Programa de Pós-Graduação em
Imunologia e Parasitologia Aplicadas como
parte de obtenção do título de Mestre
Uberlândia
2004
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM IMUNOLOGIA E PARASITOLOGIA
APLICADAS
Cínthia Barbosa de Carvalho
Orientador: Prof. Dr. José Roberto Mineo
Dissertação apresentada ao Colegiado do
Programa de Pós-Graduação em
Imunologia e Parasitologia Aplicadas como
parte de obtenção do título de Mestre
Uberlândia
2004
Dedico a minha família: aos meus queridos pais e irmã que
sempre me apoiaram emtodas as minhas decisões e fizeram de mim o
que hoje sou: UMA VITORIOSA!
Obrigada por existirem.
Pensamento
" Jamais desanime! Embora sua dor pareça insuportável e sem
remédio, ela há de terminar e a alegria voltará a brilhar em seu
coração. Não há noite eterna a qual não suceda a luz de um dia
radiante.
Dos sofrimentos passados conservamos apenas uma lembrança
quase apagada. Assim acontecerá amanhã com os sofrimentos de hoje.
Entregue tudo ao tempo que, com sua mão compassiva, balsamizará
todas as suas dores."
Agradecimentos
Meus sinceros agradecimentos ao meu orientador, Prof. Dr. José
Roberto Mineo; pela orientação, pelo oferecimento de condições ótimas
para realizar esta pesquisa e por acreditar que eu conseguiría
desenvolver um trabalho brilhante. Obrigada por me ajudar a
conquistar este título.
Agradeço à Doutoranda Deise Aparecida de Oliveira Silva por
sempre me estender a mão em todos os momentos que lhe precisei,
como um orientador.
Agradeço à Bióloga Elisabeth de Oliveira Miranda (Betinha), que
me passou todos os seus conhecimentos sobre a técnica empregada
neste trabalho.
Agradeço à Doutoranda Mônica Camargo Sopelete que me
auxiliou muitas vezes, via telefone, nos programas gráficos.
Agradeço à Engenheira Agrônoma e funcionária da Prefeitura de
Uberlândia, Cristina Ferreira do Carmo, pela companhia e ajuda nos
longos momentos de bancada.
Agradeço à Bióloga e também funcionária da Prefeitura de
Uberlândia, Ana Cláudia de Lima, por estar sempre ao meu lado.
Agradeço aos colegas que sempre me direcionaram palavras
animadoras: Fernanda Santiago, Gaby, Fernanda Caroline e Fernando
Lourenço.
SUMÁRIO
Resumo
Summary
1-Introdução 2
1.1- Epidemiologia 2
1.2- Distribuição geográfica 4
1.3- Etiologia 5
1.4- Ciclo de transmissão do vírus do dengue 6
1.5- Proteínas do vírus do dengue g
1.6- Aspectos clínicos
1.7- Patogênese da DHF ^3
1.8- Fatores de risco para DHF
1.9- Diagnóstico laboratorial 21
1.10- Tratamento 23
1.11- Justificativa 25
2- Objetivos 29
2.1- Objetivo geral 29
2.2- Objetivos específicos 29
3- Material e Métodos 31
3.1 - População de estudo e amostras de soro
3.2- Antígenos do vírus do dengue 31
3.3- ELISA de captura para detecção dos anticorpos IgM, IgA e IgG na infecção
pelo vírus do dengue 32
3.4- Reatividade dos isotipos IgM, IgA e IgG ao epítopo E4 6B6C-1 presente nos
sorotipos do vírus do dengue 34
3.5- Análise Estatística 35
4- Resultados 37
4.1- Positividade para os isotipos IgM, IgA e IgG na infecção pelo vírus do dengue
37
4.2- Níveis dos isotipos IgM, IgA e IgG na infecção pelo vírus do dengue 42
4.3 Correlação entre os níveis dos isotipos IgM, IgA e IgG na infecção pelo vírus
. 44do dengue
4.4- Reatividade dos isotipos IgM, IgA e IgG ao epítopo E4 6B6C-1 presente nos
4R sorotipos do vírus do dengue
4.5- Distribuição das amostras de soro reativas para os isotipos IgM, IgA e IgG na
50 infecção pelo vírus do dengue
535- Discussão
616- Conclusões
637- Apêndice
8- Referências Bibliográficas 66
RESUMO
Dengue é atualmente a mais importante arbovirose que afeta o homem e
constitui sério problema de saúde pública no mundo, principalmente nos países
tropicais. O objetivo deste estudo foi determinar os níveis de anticorpos dos
isotipos IgM, IgA e IgG na infecção pelo vírus do dengue, por reações
imunoenzimáticas de captura (MAC-, AAC- e GAC-ELISA, respectivamente) e
analisar a reatividade destes anticorpos aos sorotipos do vírus do dengue (DEN-
1, DEN-2 e DEN-3). Um total de 504 amostras de soros de pacientes com
sintomas sugestivos de infecção pelo vírus do dengue foi escolhido
aleatoriamente entre as amostras colhidas nos anos de 1997, 2000 e 2003, e
enviadas ao Laboratório de Imunologia, UFU, Uberlândia, MG, Brasil. As
porcentagens de positividade para todos os isotipos estudados aumentaram
significantemente de 1997 a 2003. Níveis de IgM e IgG foram maiores do que os
de IgA em 1997 e 2003, enquanto que os níveis dos três isotipos não foram
significantemente diferentes em 2000, período em que os menores níveis de IgM
e IgG foram encontrados. No geral, os níveis de anticorpos detectados por MAC-,
AAC- e GAC-ELISA mostraram uma forte correlação positiva durante todo o
período estudado, mas quando foram analisadas somente as amostras reativas,
uma correlação positiva significante foi encontrada somente para os isotipos IgG e
IgA. De acordo com o grau de reatividade ao epítopo E4 6B6C-1 presente nos
sorotipos do vírus do dengue, diferenças significativas foram observadas durante
os anos estudados. O epítopo E4 presente no sorotipo DEN-2 foi
predominantemente reconhecido por todos isotipos em 1997, enquanto que este
epítopo presente em DEN-2 e DEN-3 foi mais reconhecido pelos isotipos de
anticorpos em 2000. No entanto, em 2003, uma alteração significativa foi
observada no padrão de reatividade para o epítopo E4 presente nos sorotipos
virais, uma vez que este epítopo presente em DEN-3 foi mais reconhecido por
todos os isotipos estudados. Conclui-se, portanto, que a determinação dos níveis
dos isotipos na infecção pelo vírus do dengue e de suas reatividades ao epítopo
E4 6B6C-1 presente nos sorotipos virais podem fornecer informações úteis sobre
os estágios da infecção, contribuindo para o estabelecimento de uma conduta
clínica mais adequada e diminuindo, dessa maneira, a probabilidade de doença
fatal.
Palavras-chave: Vírus do dengue, sorotipos DEN-1, DEN-2 e DEN-3, isotipos IgM, IgA e
igG.
SUMMARY
Dengue is currently the most important arbovirus disease that affects
humans and it constitutes a serious problem of public health in the world, mainly in
the tropical countries. The aim of this study was to determine dengue-specific IgM,
IgA, and IgG leveis by capture immunoenzymatic assays (MAC-, AAC-, and GAC-
ELISA, respectively) and to analyze their reactivity to dengue serotypes (DEN-1,
DEN-2, DEN-3). A total of 504 serum samples from patients with symptoms
suggestive of dengue vírus infection were randomly chosen among samples
collected and sent to the Immunology Laboratory in 1997, 2000, and 2003, in
Uberlândia, MG, Brazíl. Positivity rates for all isotypes increased significantly from
1997 to 2003. IgM and IgG leveis were higher than IgA in 1997 and 2003, whereas
isotype leveis were not significantly different in 2000, when lower leveis of IgM and
IgG were found. Overall, the antibody leveis detected by MAC-, AAC-, and GAC-
ELISA showed a strong positive correlation in the studied years, but when
analyzing only the reactive samples, a significant positive correlation was solely
found for IgG and IgA. Concerning the degree of reactivity for dengue serotypes,
noteworthy differences were observed during the time of this study. DEN-2 was
the major serotype for all isotypes in 1997, while both DEN-2 and DEN-3 were the
predominant serotypes for all isotypes in 2000. However, in 2003, a significant
modification was observed in the pattern of reactivity to viral serotypes, when
DEN-3 became the predominant one for all studied isotypes. Altogether, it can be
concluded that the measurement of dengue-specific isotype leveis and their
differential reactivity to viral serotypes can supply useful information about the
different stages of infection, contributing to the establishment of appropriate
treatment and decreasing the probability of fatal disease.
Keywords: Dengue virus, DEN-1, DEN-2, DEN-3 serotypes, IgM, IgA, IgG isotypes.
>
I
1
1. INTRODUÇÃO
1.1- Epidemiologia
As infecções por arbovírus têm adquirido grande importância na saúde
pública, internacional nas últimas décadas, principalmente devido a sua
distribuição mundial e as consideráveis taxas de morbidade e mortalidade na
população humana (KORAKA et al., 2002).
Dengue é atualmente a mais importante arbovirose que afeta o homem e
constitui sério problema de saúde pública no mundo, principalmente na maioria
dos países tropicais (BRASIL, 1996; ROCCO et al., 2001). O principal
transmissor do dengue é o mosquito Aedes aegypti, mas existe a possibilidade
da doença também poder ser transmitida por Aedes albopictus (GUZMÀN;
KOURI, 2002).
Aedes aegypti é, essencialmente, um mosquito urbano e doméstico, com
hábitos diurnos. Sua presença em áreas rurais é atribuída ao transporte de
recipientes com larvas e ovos e sua ação noturna geralmente ocorre quando
existe luz artificial (FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ - FIOCRUZ, 2002).
De acordo com Da Silva et al. (2001), Aedes albopictus é apontado
como vetor emergente que tem apreciável poder invasivo e compete com
Aedes aegypti em várias regiões do continente americano. Ambas espécies
são ecologicamente homólogas, podendo utilizar os mesmos tipos de
criadouros. No entanto, Aedes albopictus apresenta maior grau de hábitos
silvestres e possui caráter de domiciliação inferior ao apresentado por Aedes
aegypti.
2
De acordo com estudos realizados em Vitória, ES, Aedes albopictus
ainda não pode ser considerado um vetor durante epidemias de dengue no
Brasil, uma vez que não foi possível obter isolamento do vírus de fêmeas dessa
espécie, apesar da circulação ativa do sorotipo DEN-1 (DEGALLIER et al.,
2003).
Dois fatores principais são diretamente responsáveis para a emergência
e re-emergência do dengue: aumento na densidade e distribuição geográfica
do vetor e a alta capacidade de alcance geográfico da transmissão do vírus
(GUZMÁN; KOURI, 2002). O primeiro fator é amplamente influenciado pelas
grandes mudanças demográficas globais, particularmente o crescimento
populacional global e a urbanização não planejada (BRASIL, 1996; BELO
HORIZONTE, 2000), resultando em favelas, fornecimento e sistema de manejo
de água inadequados e debilitados (GIBBONS, VAUGHN, 2002; GUZMÁN;
KOURI, 2002). No entanto, devido à globalização, todas as classes sociais
acabam sendo responsáveis pelo aumento na densidade do vetor (FIOCRUZ,
2002; TEIXEIRA et al„ 2003).
A alta capacidade de alcance geográfico da transmissão do vírus acaba
sendo influenciada pela maior disponibilidade, frequência e rapidez dos meios
de transporte (GUZMÁN; KOURI, 2002), possibilitando uma alternância dos
sorotipos do vírus do dengue de uma região para outra (CAMPBELL-
LENDRUM; REITHINGER, 2002), tornando praticamente impossível a
erradicação a médio prazo do A. aegypti (PIMENTA; DA SILVA, 2001). Além
disso, as mudanças climáticas (CAMPBELL-LENDRUM; REITHINGER, 2002),
a evolução do vírus (GUZMÁN, KOURI, 2002) e a resistência dos ovos de
3
Aedes aegypti mais de um ano fora cfágua, eclodindo quando entram em
contato com ela (FIOCRUZ, 2002), também são fatores que influenciam a
emergência dessa doença.
A situação epidemiológica é piorada pela deterioração dos sistemas de
saúde e pela descontinuidade dos programas de controle ao mosquito em
muitas áreas endêmicas da doença (RIGAU-PÉREZ et al., 1998; GUZMÁN et
al., 1999; GUZMÁN; KOURI, 2002).
1.2- Distribuição geográfica
O dengue tem sido relatado nas Américas há mais de 200 anos. Na
década de 50, a febre hemorrágica do dengue (FHD) foi descrita, pela primeira
vez, nas Filipinas e Tailândia. Após a década de 60, a circulação do vírus do
dengue intensificou-se nas Américas (BRASIL, 2001; FIOCRUZ, 2002).
O acontecimento epidemiológico mais relevante na história do dengue
nas Américas foi a epidemia de dengue hemorrágico e sindrome do choque do
dengue (DHF/DSS) que ocorreu em Cuba, no ano de 1981, quando foram
notificados 344.203 casos, com 116.143 hospitalizações (TEIXEIRA et al.,
1999).No Brasil há referências sobre o dengue desde 1846. Mas a primeira
epidemia documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1981-1982, em
Boa Vista - Roraima, causada pelos sorotipos DEN-1 e DEN-4 (BELO
HORIZONTE, 2000).
Em 1986 ocorreu uma epidemia de grande magnitude no Rio de Janeiro,
onde pelo menos 1 milhão de pessoas foram infectadas pelo sorotipo Den 1
4
(BRASIL, 1996; BRASIL, 2001). Outros estados (Ceará, Alagoas, Pernambuco,
Bahia, Minas Gerais, Tocantins, São Paulo , Mato Grosso e Mato Grosso do
Sul) notificaram surtos no período de 1986/1993 (BRASIL, 2001).
A introdução de sorotipo 2 foi detectada em 1990, no estado do Rio de
Janeiro e posteriormente foi identificado também em Tocantins, Alagoas e
Ceará (BRASIL, 1996; BRASIL, 2001). Atualmente existe transmissão de
dengue em 20 Estados, com circulação simultânea dos sorotipos DEN-1 e
DEN-2 em 14 deles (BRASIL, 2001).
Em 1997, a distribuição global da doença do dengue foi comparada a da
malária e estima-se que 2,5 bilhões de pessoas vivem em áreas de risco para a
transmissão do dengue (CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND
PREVENTION - CDC, 2003).
1.3- EtiologiaO vírus do dengue é um membro da família Flaviviridae (LEBLOIS;
YOUNG, 1995) que também compreende outros agentes causadores de
doença severa como os vírus da febre amarela e os das encefalites Japonesa,
"tick-bome" e St. Louis (WINKLER et al„ 1988; HALL et al„ 1990). Como os
outros flavivírus, o vírus do dengue é esférico, com diâmetro de
aproximadamente 40 a 50 nm e possui um envelope lipidico envolvendo o
capsideo que contém genoma do tipo RNA de fita simples e de polaridade
positiva (HALL et ai. 1990, FEIGHNY et ai. 1994).
Milhões de infecções pelo vírus do dengue ocorrem a cada ano
(GIBBONS; VAUGHN, 2002; GUZMÁN; KOURI, 2002), sendo causadas por
5
quatro sorotipos circulantes: DEN 1 ~ 4 (ROCCO et al., 2001; GIBBONS;
VAUGHN, 2002; GUZMÁN; KOURI, 2002), sendo que o sorotipo DEN-4 ainda
não foi encontrado no Brasil (FIOCRUZ, 2002). A infecção por um sorotipo
produz imunidade duradoura contra reinfecção pelo mesmo sorotipo, mas
somente uma proteção temporária e parcial contra os outros sorotipos (SABIN,
1952; GIBBONS; VAUGHN, 2002).
1.4- Ciclo de Transmissão do Vírus do Dengue
O ciclo de transmissão do vírus do dengue por Aedes aegypti ocorre no
momento da picada, tanto do mosquito contaminado para a pessoa sã (através
da saliva) quanto da pessoa contaminada para um mosquito são (através do
sangue) (FIOCRUZ, 2002; CDC, 2004). Para que isso ocorra, é necessário que
o indivíduo apresente o vírus circulando no sangue - período denominado
viremia e que dura em média cinco dias. Do momento em que picou o doente
até tornar-se vetor permanente, passam-se de oito a 12 dias (PINHEIRO;
ROSA, 1996; CDC, 2004; FERREIRA, 2004).
Após o mosquito contaminado picar uma pessoa sã, o vírus, assim que
penetra em sua corrente sangüinea, passa a se multiplicar em órgãos
específicos como baço, figado e tecidos linfáticos - período denominado
incubação intrínseca, com duração de quatro a sete dias. Após esse período, o
vírus volta à corrente sanguínea gerando a viremia, que tem início antes do
aparecimento dos primeiros sintomas (CDC, 2004, FERREIRA, 2004).
Outra forma possível de contaminação do mosquito é através da
transmissão transovariana (FIGUEIREDO; FONSECA, 1996; FIOCRUZ, 2002 ),
6
que ocorre quando a fêmea transmite o vírus para cerca de 30 ou 40% da sua
prole, cujo ciclo de vida compreende quatro fases: ovo, larva, pupa e adulto
(FIOCRUZ, 2002). A transmissão transovariana, mesmo em baixos níveis,
podería manter os vírus durante estações secas ou frias, quando não existem
mosquitos adultos ou reservatório (FIGUEIREDO; FONSECA, 1996).
O única animal reservatório a participar no ciclo transmissor do dengue é
o próprio homem. Porém, estudos de campo na Malásia documentaram
manutenção de vírus do dengue em florestas, através de ciclos enzoóticos
envolvendo mosquitos da copa de árvores A&d6S oívgus e macacos
(FIGUEIREDO; FONSECA, 1996).
7
Transmissão iraiisoviiriun 11
Ví remiaPeríodo dc incuhacdo intrínseca
Período de
incubácao exlrinscca (K-10 dias) os
Figura 1: Ciclo biológico do vírus do dengue. Adaptado de:
<http:/,correo.bioniedlcas.unan1.mx/~gmp/imagenes/Ciclo_biologico.JPG>
8
1.5-Proteínas do Vírus do Dengue
O RNA viral codifica três proteínas estruturais e sete não estruturais na
ordem 5’ - C - prM - E - NS1 - NS2a - NS2b - NS3 - NS4a - NS4b - NS5 -
3’ (WINKLER et al., 1988; FEIGHNY et al., 1994).
A proteína do capsídeo C é uma proteína viral pequena de peso
molecular de 12-14 kDa. Essa proteína associada com o RNA viral forma o
nucleocapsídeo dos flavivirus (MARKOFF, 1989; PRYOR; WRIGHT, 1994).
Duas formas da proteína M têm sido caracterizadas: a prM, em vírions
imaturos e a proteína M, em vírions maduros extracelulares. A prM (18,1-19,1
kDa) é a precursora da proteína M (7-9 kDa) (VÁZQUEZ et al., 2002) e impede
que a proteína E sofra mudanças conformacionais (PRYOR; WRIGHT, 1994) a
partir da estabilização de certos epítopos sensíveis ao pH (WANG et al., 1999).
A proteína E, que compõe o envelope, é a maior proteína estrutural da
partícula viral com peso molecular de 53 a 58 kDa. É uma proteína importante
na fusão celular, indução de anticorpos neutralizantes (HUNG et al., 1999),
imunidade protetora, produção de anticorpos que inibem a aglutinação de
eritrócitos (GUZMÁN; KOURI, 2002) além de ser um dos antígenos mais
importantes para o diagnóstico da doença (SMITH, WRIGHT, 1985; HEINZ,
1986). A presença de anticorpos contra essa proteína, em infecções naturais
pelo vírus do dengue, parece estar associada com o desenvolvimento da forma
grave da doença, a febre hemorrágica do dengue (KUNO et al., 1990). É a
glicoproteína mais provável para o desenvolvimento de uma vacina (HUNG et
al., 1999; KONISHI; FUJII, 2002).
9
A NS1 (46 kDa), é uma glicoproteína não estrutural encontrada tanto no
meio intracelular, na forma associada à membrana, quanto no meio
extracelular, sob a forma secretada (FALCONAR; YOUNG, 1990; CHANG et al,
2002). Foi primeiramente identificada em extratos cerebrais de camundongos,
sob a forma extracelular e foi referida como antígeno solúvel fixador do
complemento. Sua presença na superfície de células infectadas sugere sua
importância na maturação dos flavivirus, apesar de sua exata função
permanecer desconhecida (FALCONAR; YOUNG, 1990). Dentre as proteínas
não estruturais, a NS1 é a proteína responsável pela fixação de complemento
(FIGUEIREDO; FONSECA, 1996).
A NS5 é a maior proteína viral (103-105 kDa) e é altamente conservada,
não contendo sequência hidrofóbica longa (MANDL et al., 1989). Já a NS3 é a
segunda maior proteína viral (68-70 kDa) e tem importante papel na replicação
viral (SPAUDING et al., 1999).
Já as glicoproteínas NS2a, NS2b, NS4a eNS4b são menos conservadas
e suas funções no vírus ainda não são bem conhecidas (FEIGHNY et al,
1994).
Dentre essas proteínas, a prM, a E e a NS1 têm sido consideradas ser
importantes na imunidade protetora, uma vez que camundongos imunizados
passivamente com anticorpos contra cada uma dessas proteínas ficaram
protegidos contra odesafio letal (KONISHI; FUJII, 2002).
Esse achado é de especial interesse porque demonstra que a proteção
imune à infecção viral pode ser obtida não somente com anticorpos
neutralizantes a proteínas estruturais, como é comumente observado, mas no
10
caso dos flavivirus, também com anticorpos contra proteínas não-estruturais
(WINKLER et al, 1988).
1.6- Aspectos Clínicos
Clinicamente a infecção pode ser assintomática, quando a pessoa
infectada não apresenta sintomas da doença (FIOCRUZ, 2002), ou sintomática,
quando o paciente manifesta uma doença febril indiferenciada, conhecida como
febre do dengue (DF) ou febre hemorrágica do dengue (DHF) que, em sua
manifestação mais grave, pode levar à síndrome de choque do dengue (DSS),
podendo levar à morte (ROCCO et al., 2001).
Na febre do dengue, os sintomas costumam surgir de três a 15 dias
após a picada do mosquito (FIOCRUZ, 2002) e são semelhantes a de um
resfriado como febre, calafrios, dores de cabeça e mialgia (ROCCO et al.,
2001). Manchas pelo corpo, linfadenopatia, artralgia ou mialgia usualmente
2003).Na febre hemorrágica do dengue e na síndrome do choque do dengue
os primeiros sintomassão semelhantes ao da febre do dengue. De três a cinco
entanto, o doente tende a apresentar uma breve e aparentedias depois, no entanto,
anravamento dos sintomas e por sinais de debilidademelhora seguida por agravameniu
extravazamentodo plasma, é considerada a forma grave da doença (GROEN
et al 2000). A manifestação clínica da forma grave do dengue á mais
11
frequente quando uma pessoa se infecta por um sorotipo e se reinfecta por
outro sorotipo, devido à presença de anticorpos heterólogos ou heterotípicos
(ROCCO et al., 2001; MINAS GERAIS, 2002), que agiríam como facilitadores
da infecção de macrófagos, levando à patogênese da doença da DHF
(HALSTEAD, 1970).
A principal característica fisiopatológica da DHF que a diferencia da DF é
o extravasamento do plasma, devido a um aumento da permeabilidade
vascular. Essa efusão de plasma leva à hemoconcentração, que se manifesta
através de valores crescentes do hematócrito (BRASIL, 1996). Evidencia-se
também a trombocitopenia (plaquetas < 100.000/mm ) (BRASIL, 2002a) e
tendências hemorrágicas por pelo menos uma das seguintes manifestações:
prova do laço positiva3, petéquias, equimoses, púrpura, sangramento do trato
gastrointestinal, de mucosas e outros (BRASIL, 2002b).
«Aprovado laçõTrealizada inflando-se o manguito do esfigmomanômetro na pressSo média
entre a pressão arterial máxima e a mínima do paciente, mantendo-se esta pressão por cinco
minutos. Quando positiva, aparecem petéquias sob o aparelho ou abaixo do mesmo. Se o
J .A-.rw fnr de 20 ou mais por polegada (2,3 cm1), essa prova é considerada número de petéquias toi ue
... rt node ser negativo ou levemente positivo durante a fase de choque, fortemente positiva. O teste poue ™ ytornando-se positivo na fase de recuperação do choque (MINAS GERAIS, 2002).
12
Além de preencher os critérios acima, os casos de DHF são
classificados em quatro categorias, segundo a Organização Mundial de Saúde
(BRASIL, 2002b):
Grau I - Febre acompanhada de sintomas inespecíficos em que a única
manifestação hemorrágica é a prova do laço positiva;
Grau II - Grau I e hemorragias espontâneas leves (pele, gengiva e nariz);
Grau III - Pulso fraco e rápido, queda da pressão arterial (PA), pele pegajosa e
fria, e inquietação. Refere-se ao princípio da DHF;
Grau IV - Choque profundo com ausência de PA e pressão de pulso
imperceptível. Mesmo não havendo sangramento aparente ou
generalizado, o paciente corre sério risco de vida.
A emergência do dengue hemorrágico é particularmente evidente no
casos de dengue hemorrágico notificados nasBrasil. Cerca de 80% dos
Américas ocorrem no Brasil,
que mais de 1 milhão de
SANTOS et al., 2002).
e nos últimos anos, dados cumulativos mostraram
casos foram reportados em todo o país (DOS
1.7- Patogênese da DHF
As primeiras células a serem infectadas pelo vírus do dengue são
monócitos sanguíneos/macrófagos tissulares (HALSTEAD, 1970; FEIGHNY et
al 1994' ROTHMAN; ENNIS, 1999). Estas células parecem agir como
carreadores para a disseminação do vírus a diferentes tecidos, fato este que
pode explicar os sintomas sistêmicos observados no dengue bem como o
13
envolvimento de diferentes células na produção de citocinas (ANDERSON et
al., 1997).
Citocinas são secretadas por dois subgrupos diferenciados de células
Thelper CD4+: células Th1 e células Th2. As células Th1 secretam IFN-y, IL-2 e
TNF-p e são responsáveis por reações inflamatórias mediadas por células
hipersensibilidade do tipo tardia, injúria tecidual em infecções e doenças auto-
imune. As células Th2 secretam IL-4, IL-5, IL-6, IL-10 e IL-13 e auxiliam a
produção de anticorpos pelas células B. A regulação de Th1 e Th2 é mediada
por IL-10 e IFN-7, respectivamente (CHATURVEDI et al., 2000; ABBAS et al.,
2002a).
Em infecções virais, como aquelas causadas pelos vírus Herpes simplex
ou Influenza, a resposta do tipo Th1 está relacionada com a recuperação da
infecção, enquanto que a resposta do tipo Th2 tende a levar à patologia severa
e exacerbação da doença (MOSMANN, SAD, 1996). Já no caso de infecções
pelo vírus dodengue, as respostas Th1 estão relacionadas com casos de DF e
as respostas Th2 com o grau IV da DHF (CHATURVEDI et al., 2000).
linfócitos T, os quais rapidamente produzem uma citocina denominada hCF
(fator citotóxicohumano). O hCF induz os macrófagos a produzirem
intermediáriosreativos de oxigênio e nitrogênio, tais como radicais livres, nitrito,
oxigênio reativo, peróxido de hidrogênio e peroxinitrito. Os radicais livres além
14
produção de citocinas proinflamatórias como IL-1 p, TNF-a e IL-8 . A mudança
nos níveis relativos de IL-12 e TGF-p altera o perfil de resposta Th1 para Th2
resultando na exacerbação da doença do dengue e morte dos pacientes
(Figura 2).
Os macrófagos infectados com o vírus do dengue ao apresentarem os
antígenos virais aos linfócitos T também induzem essas células a sintetizarem
citocinas indutoras da proliferação de células B, células precursoras dos
anticorpos IgM e IgG (ABBAS et al., 2002a). Esses anticorpos ao se ligarem
aos antígenos de superfície dos macrófagos infectados, sofrem uma alteração
de forma que permitem a ligação e ativação da proteína do sistema
complemento denominada C1, em duas ou mais porções Fc da imunoglobulina,
processo que inicia a cascata do complemento (ABBAS et al., 2002b). A
ativação deC1 ativa e cliva outras proteínas do complemento, cujos
fragmentosproteolíticos (C5a, C4a, C3a) induzem inflamação aguda ao se
mastócitos, provocando degranulação dessas células com
liberação de mediadores vasoativos como a histamina (ABBAS et al., 2002b).
livres (CHATURVEDI et al., 2000), citocinas proinflamatóriashistamina, radicais
(HALSTEAD, 1970; ROTHMAN; ENNIS, 1999; CHANG et al., 2002) e produtos
do complemento (HALSTEAD, 1970; ROTHMAN; ENNIS, 1999; CHATURVEDI
et al., 2000).
arterial, ao choque hipovolêmico e manifestaçõesqueda da pressão
associadas à plaquetopenia (MINAS GERAIS, 2002). Esseshemorrágicas associaadt.
15
fatores explicariam a presença de DHF em crianças menores de um ano de
idade em uma primeira infecção por esse arbovírus, uma vez que os anticorpos
maternos ainda circulantes teriam papel semelhante aos obtidos por uma
infecção natural prévia (HALSTEAD, 1970).
16
CELS. TCD4
Figura 2 Cascata de citocinas induzida pelo vírus do Dengue (Modificado de
CHATURVEDI et al., 2000). VD - vírus do dengue; hCF - fator citotóxico humano; DF -
febre do dengue; DHF - Febre hemorrágica do dengue.
17
1.8- Fatores de Risco para DHF
Algumas teorias têm sido desenvolvidas para explicar a ocorrência das
formas hemorrágicas do dengue (FIOCRUZ, 2002).
A teoria imunológica de Halstead (proposta em 1970) afirma que a
ocorrência de DHF está associada a duas infecções seqüenciais por diferentes
sorotipos, após ter transcorrido um tempo mínimo entre elas de
aproximadamente três anos (TEIXEIRA et al., 1999; FIOCRUZ, 2002). Isso
aconteceria pelo fato da resposta imunológica do indivíduo sensibilizado ser
amplificada pela segunda infecção, devido à existência prévia de anticorpos
heterotípicos (TEIXEIRA et al., 1999; GIBBONS, VAUGHN, 2002).
De acordo com Rigau-Pérez et al. (1998) e Rothman e Ennis (1999),
esses anticorpos heterotípicos formam complexos com o vírus do dengue, os
quais são reconhecidos mais facilmente pelos monócitos e macrófagos do que
as partículas de vírus não complexadas. Esse fenomeno tem sido denominado
resposta amplificada dependente de anticorpo (ADE).
A segunda teoria (proposta em 1977), defendida por Rosen, relaciona as
formas graves da doença a uma maior virulência de determinadas cepas do
vírus (TEIXEIRA et al., 1999; FIOCRUZ, 2002; GIBBONS; VAUGHN, 2002).
Como as teorias de Halstead e de Rosen não explicam de forma isolada
os eventos epidemiológicos que vêm ocorrendo no mundo, uma terceira teoria
propõe, de forma integra), a multicausalidade, segundo a qual se interligam
vários fatores de risco: individuais, virais e epidemiológicos (Figura 3). A
interseção dos três fatores determina a ocorrência da DHF (KOURI et al., 1987,
TEIXEIRA et al., 1999; GUZMÁN; KOURI, 2002).
18
Uma proporção muito variável de casos de DHF pode estar associada à
integração dos três fatores de risco, destacando-se: (1) o número de sorotipos
e o tempo em que estão circulando em cada espaço, (2) a magnitude das
epidemias de DF anteriores e atuais que determinam o estado imunológico das
populações expostas a novas infecções, (3) as diferenças genéticas entre as
cepas, (4) os atributos pessoais como raça e idade dos indivíduos e (5) a
qualidade e cobertura dos sistemas de saúde de cada país (TEIXEIRA et al.,
1999).
19
• Idade
• Sexo
• Raça• Estado nutricional
• Infecção secundária
• Resposta do
hospedeiro
• Sorotipo• Diferença genética
entre as cepas
• N° de susceptíveis
• Alta densidade do vetor
• Ampla circulação viral
• Hiperendemicidade
• Intervalo de tempo entre
as infecções por
diferentes sorotipos
Figura 3. Fatores de risco para DHF: uma hipótese
integrada. (Modificado de Kouri et al., 1987).
20
No geral, os fatores epidemiológicos e virais são determinantes para a
epidemia da doença. Fatores de risco individuais como sexo, raça e doenças
crônicas são fatores que predispõem a doença ser mais frequente em certa
raça ou grupo de idade. No entanto, a pré-existência de anticorpos é o principal
fator de risco individual, mas não o único para a ocorrência da doença severa.
A presença ou ausência dos fatores de risco individuais determina se as
pessoas com infecção secundária apresentam as características clínicas da
DHF (GUZMAN; KOURI, 2002).
Os riscos da DHF são extremamente grandes quando a doença é
hiperendêmica, com circulação simultânea de múltiplos sorotipos do vírus do
dengue dentro da população (BRANCH; LEVE I I , 1999), sendo mais freqüente
em crianças acima de 15 anos de idade (GIBBONS; VAUGHN, 2002).
1.9- Diagnóstico Laboratorial
Métodos de diagnóstico laboratorial são utilizados tanto para a
identificação do vírus do dengue, tais como o isolamento do vírus, detecção do
RNA viral usando a reação em cadeia da polimerase-transcriptase reversa (RT-
PCR), teste de neutralização (NT) como também para a detecção de
anticorpos, tais como oMAC-ELISA e o Western-blotting.
isolamento do vírusOdo dengue é sorotipo-específico, sendo realizado
através da inoculação de sangue e derivados ou tecidos de pacientes em
culturas celulares, camundongos Swiss recém-nascidos e mosquitos adultos ou
larvas Uma vez isolados, os vírus são identificados utilizando-se de anticorpos
monoclonaís sorotipo-específico, pelo teste de imunofluorescência indireta
SISBI/UFU
214393
21
(BRASIL, 1996). No entanto, o isolamento do vírus pode ser comprometido
pela dificuldade no transporte e estocagem apropriados, requisitos para
proteger o vírus RNA, que é extremamente lábil (BALMASEDA et al., 2003).
A detecção do RNA viral pela RT-PCR no soro sanguíneo humano (De
PAULA; FONSECA, 2002), amostras de tecidos e até mesmo no mosquito
vetor (LANCIOTTI et al., 1992), já foi descrita para muitos flavivirus (KORAKA
et al., 2002). De acordo com De Paula e Fonseca (2002), a RT-PCR tem se
mostrado um método de diagnóstico sensível, específico e rápido em detectar
pequenas quantidades de RNA viral em espécimes clínicos.
O NT, apesar de ser a reação de escolha para muitos flavivirus, já que é
tipo- específica, consome tempo (KORAKA et al., 2002).
O ELISA de captura que detecta anticorpos da classe IgM (MAC-ELISA)
tem sido o método de escolha para os testes sorológicos de rotina porque, na
maioria dos casos, é suficiente uma única amostra de soro. Além disso, a
presença de IgM anti-dengue é útil para detectar o número de indivíduos
recentemente infectados durante uma epidemia (BRASIL, 1996).
A detecção de IgA (AAC-ELISA) pode ser útil para determinar as taxas
de infecção durante a epidemia da febre do dengue. Pelo fato do título de IgA
decrescer rapidamente, ao contrário da IgM que pode persistir por 8 meses, há
a indicação somente de indivíduos infectados durante o último mês. Desta
maneira, testes sucessivos podem fornecer a progressão da epidemia
(TALARMIN et al., 1998). Além disso, a detecção de IgA em infecções
secundárias pode ser mais sensível que a detecção de IgM no soro
(BALMASEDA et al., 2003).
22
De acordo com Miagostovich et al. (1999), o ELISA de captura que
detecta anticorpos da classe IgG (GAC-ELISA), juntamente com o MAC-ELISA
são os métodos mais precisos para determinar se o paciente está
desenvolvendo uma infecção primária ou secundária, uma vez que o MAC-
ELISA sozinho não revela a distinção entre essas duas respostas imunes.
A técnica de Western-blotting para caracterização de anticorpos contra
proteínas do dengue é também empregada para determinar o perfil protéico
dos sorotipos DEN-1 e DEN-2 (MENDES, 2000) e detectar respostas contra
proteínas estruturais e não-estruturais simultaneamente (FEIGHNY et al., 1994;
PRYOR; WRIGHT, 1994), apesar de não ser rotineiramente utilizada como
método de diagnóstico laboratoríaí.
1.10- Tratamento
Não há tratamento específico para a dengue, o que o torna
eminentemente sintomático ou preventivo das possíveis complicações. As
drogas anti-virais, o interferon cc e a gamaglobulina, testados até o momento,
não apresentaram resultados satisfatórios que subsidiem sua indicação
terapêutica (BRASIL, 2002a).
De acordo com Minas Gerais (2002), as considerações gerais para o
tratamento incluem:
• Hidratação, devendo ser vigorosa e oral, quando o quadro permitir, ou
venosa, nos casos graves;
23
• Evitar o uso de salicilatos (aspirina) e anti-inflamatórios não hormonais
devido ao risco de sangramento. Opta-se, como medicação sintomática,
pelo paracetamol ou dipirona;
• Caso haja suspeita de dengue hemorrágico, o paciente deverá ser
hospitalizado e submetido, diariamente, à prova do laço, dosagem de
plaquetas e hematócrito para detecção de alterações precocemente;
• Avalia-se necessidade de hemotransfusão, no caso de sangramento
importante ou queda brusca do hematócrito.
Como não há um tratamento específico para o dengue (BRASIL, 2002a),
uma alternativa seria a produção de uma vacina segura e eficaz, o que ainda
não foi possível (MINAS GERAIS, 2002; CDC, 2003; FERREIRA, 2004). Para
ser eficiente, a vacina deverá ser tetravalente, ou seja, deverá proteger contra
os quatro sorotipos de vírus do dengue existentes (FERREIRA, 2004). Uma
vacina contra somente um sorotipo do vírus pode ser perigosa, pois caso o
vacinado seja infectado na natureza por um outro sorotipo, a doença pode se
manifestar de maneira mais severa (FERREIRA, 2004). Apesar de vacinas
atenuadas estarem sendo desenvolvidas na Tailândia (FIGUEIREDO;
FONSECA, 1996; RIGAU-PÉREZ et al., 1998), essas vacinas apresentaram
problemas de imunogenícidade e não podem ser combinadas em uma
preparação tetravalente, pois seus títulos são muito baixos (FIGUEIREDO;
FONSECA 1996). Uma vacina eficaz para o uso público não estará disponível
pelos próximos 5 a 10 anos (RIGAU-PÉREZ et al., 1998; CDC, 2003).
24
1.11- Justificativa
Apesar de décadas de pesquisa, a patogênese da infecção pelo vírus do
dengue ainda é pouco entendida. Muitas hipóteses têm sido formuladas para
explicar o desenvolvimento da febre hemorrágica do dengue (DHF) e da
síndrome do choque do dengue (DSS) (KORAKA et al. 2001), como o
desenvolvimento de complexos imunes, ativação do sistema complemento e
seus produtos, citocinas, virulência do vírus e uma resposta amplificada por
anticorpo (ADE) (CHATURVEDI et al, 2000). De acordo com Koraka et al.
(2001), a resposta dependente de anticorpo (ADE) é a hipótese mais aceita.
Atualmente, muitos diagnósticos dos flavivirus são baseados em reações
de imunofluorescência e imunoenzimáticas. Os flavivirus possuem epítopos de
reação cruzada, o que constitui um problema nos diagnósticos sorológicos
desses vírus, especialmente em regiões onde muitos flavivirus estão presentes.
Isto sugere que as amostras devem ser testadas contra diferentes flavivirus
para garantir um diagnóstico correto (KORAKA et al, 2002).
Além disso, pelo fato da febre do dengue apresentar sintomas
inespecíficos (febre, dor de cabeça, mialgia, artralgia, manchas na pele e,
ocasionalmente, manifestações hemorrágicas), faz-se necessário testes de
diagnóstico específicos para diferenciar o dengue de outras doenças, como a
leptospirose, rubéola, influenza, malária ou infecção por Rickettsia, que podem
ter apresentações clinicas similares (GROEN et al., 2000, BALMASEDA et al.,
2003).
O uso de duas oumais reações em conjunto fornece informações úteis
para interpretar os resultados da sorologia para o vírus do dengue (TALARMIN
25
et al., 1998). A detecção de IgA e IgG na infecção pelo vírus do dengue no soro
é uma ferramenta valiosa no diagnóstico da infecção pelo vírus do dengue,
juntamente com os métodos tradicionais de detecção de IgM (KORAKA et al.,
2001).
Apesar da necessidade de se desenvolver testes laboratoriais mais
rápidos, específicos, sensíveis e baratos, os métodos de diagnóstico
laboratorial para os vírus dengue são de extrema importância a fim de
monitorar a introdução de novos sorotipos do vírus. Em uma população
susceptível, a introdução de novos sorotipos do vírus é uma ameaça para a
ocorrência de formas severas da doença. Além disso, a identificação dos vírus
dengue, pelos testes laboratoriais já mencionados, é uma ferramenta essencial
para que medidas sejam tomadas para prevenir e controlar novas epidemias
(ROCCO et al, 2001).
Desde 1993, o setor de Vigilância Epidemiológica da Secretaria
Municipal de Saúde, Prefeitura Municipal de Uberlândia, vem monitorando o
aparecimento de casos com suspeita clínica de dengue. Desde então, as
amostras clínicas são investigadas no Laboratório de Imunologia do Instituto de
Ciências Biomédicas (ICBIM) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
mediante implantação de projeto de extensão pelo Prof. Dr. José Roberto
Mineo.
A avaliação da reatividade dos isotipos de anticorpos (IgM, IgA e IgG)
aos sorotipos do vírus do dengue (DEN-1, DEN-2 e DEN-3) em circulação na
cidade de Uberlândia, MG, poderão fornecer informações importantes para
melhor compreender o mecanismo da patogênese desse vírus em humanos.
26
Além disso, não há estudos publicados, até então na literatura, relacionando a
circulação dos sorotipos virais aos isotipos de anticorpos na infecção pelo vírus
do dengue, por meio de ELISA de captura, utilizando o anticorpo monoclonal
E4 6B6C-1 que reconhece um epítopo comum presente nos quatro sorotipos
do vírus.
27
J i írJ'iií
28
2- OBJETIVOS
2.1- Objetivo Geral
Detectar anticorpos de diferentes isotipos na infecção pelo vírus do dengue e
analisar o nível de reatividade desses anticorpos aos sorotipos virais DEN-1,
DEN-2 e DEN-3.
2.2- Objetivos Específicos
- Padronizar reações imunoenzimátícas (ELISA de captura) para a
detecção dos anticorpos das classes IgA e IgG contra três sorotipos do
vírus dengue (DEN-1, DEN-2, DEN-3), em amostras de soros
humanos.
- Validar as reações imunoenzimátícas padronizadas para a presença de
anticorpos dos isotipos IgM, IgA e IgG contra os três sorotipos do vírus
dengue (DEN-1, DEN-2, DEN-3), em amostras de soros de indivíduos
com suspeita clínica da doença, colhidas nos anos de 1997, 2000 e
2003.
Analisar o nível de reatividade dos isotipos IgM, IgA e IgG ao epítopo
E4 6B6C-1 presente nos sorotipos virais DEN-1, DEN-2 e DEN-3.
29
5
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I i
30
3- MATERIAL E MÉTODOS
3.1- População de estudo e amostras de soros
Um total de 504 amostras de soro de pacientes com sinais e sintomas
sugestivos de infecção pelo vírus do dengue, foram escolhidas aleatoriamente
dentre as amostras coletadas entre os meses de janeiro a junho, durante os
anos de 1997, 2000 e 2003, e enviadas para diagnóstico ao Laboratório de
Imunologia, UFU, Uberlândia, MG. Dessa forma, 168 amostras foram
analisadas para cada período estudado. Todas as amostras foram coletadas de
pacientes atendidos em Centros de Saúde e Unidades de Atendimento
Integrado (UAIs) da cidade de Uberlândia, MG, e de municípios vizinhos.
Inicialmente, os espécimes clínicos foram coletados entre cinco dias e um mes
após o aparecimento da sintomatologia clínica da doença, para os anos de
1997 e 2000 Já para o ano de 2003, a coleta das amostras de soros iniciou-se
a partir do nono dia a um mês do surgimento dos sinais clínicos da infecção, de
acordo com o protocolo estabelecido pelo Setor de Vigilância Epidemiológica,
Secretaria Municipal de Saúde, Uberlândia, MG. Para cada amostra, foi
preenchida uma ficha constando, dentre outros, os seguintes dados:
procedência, idade, sexo, endereço, sintomas e início dos sintomas do
paciente e data da notificação.
3.2- Antígenos do vírus do dengue
Os antígenos dos três sorotipos do vírus do dengue (DEN-1, DEN-2 e
DEN-3) foram gentilmente fornecidos pelo Laboratório de Arboviroses do
Instituto Evandro ChagaStBelém, PA, Brasil.
31
3.3- ELISA de captura para detecção dos Isotipos IgM, IgA e IgG na
infecção pelo vírus do dengue
Baseada no método já descrito para a detecção do isotipo IgM dengue-
específico por ELISA de captura (MAC-ELISA), reações imunoenzimáticas de
captura para IgA (AAC-ELISA) e para IgG (GAC-ELISA) foram submetidas à
Otimização, com algumas modificações (KUNO et al., 1990).
Microplacas de poliestireno com 96 poços (Thermo Labsystems,
Franklin, MA, EUA), foram sensibilizadas (SOpl/poço) separadamente com (1)
anticorpos IgG de cabra anti-lgM humana (Kirkegaard & Perry Laboratories,
Gaithersburg, MD, EUA) diluído a 1:500, (2) IgG de cabra anti-lgA humana
(Sigma Chemical Co., St. Louis, MO, EUA) diluído a 1:100 ou (3) IgG de cabra
anti-lgG humana (preparado a partir do antisoro hiperimune purificado em
coluna de afinidade Proteína A-Sepharose; Sigma Chemical Co.) diluído a 1:60
bicarbonato 0,06M (pH 9,6). Após incubação por 18em tampão carbonato-
horas a 4 °C, as placas foram lavadas três vezes com salina tamponada
fosfatada (PBS) contendo 0,05% de Tween 20 (PBST) e bloqueadas
dOOpl/poço) com PBS acrescido de albumina sérica bovina (BSA) a 4% por 30
minutos em temperatura ambiente. Depois de novos ciclos de lavagem com
PBST, as placas foram incubadas com as amostras de soros (50 gl/poço), em
. s ... ,,oc 3 4-40 em PBS acrescido de BSA 0,5% (PBS-BSA) por 2h duplicata, diluídas a l.-w emem temperatura ambiente. Paralelamente, soros controles positivos e negativos
foram adicionados em cada reação. Após esse período, as placas foram
x FrAc VO7RS com PBST e, em seguida, uma mistura dos três lavadas novamente três vezes com ro
. dAnnue (DEN-1, DEN-2 e DEN-3) diluída a 1:40 em PBS sorotipos do vírus do dengue (uun .
32
contendo soro equino normal 20% foi adicionada (50 pl/poço) e incubada por
18 horas a 4 °C. Após novo ciclo de lavagem, o anticorpo monoclonal
direcionado à glicoproteína E do vírus do dengue marcado com peroxidase
(clone E4 6B6C-1; Jackson ímmuno Research Laboratories, Inc., West Grove,
PA, EUA) foi adicionado às placas em uma diluição de 1:2000 em PBS
contendo soro equino normal 20% (25 pl/poço) e incubado por 1 hora a 37 °C.
A reação foi revelada pela adição do substrato enzimático (100pl/poço)
consistindo de ácido sulfônico 2,2’-azino-bis-3-etil-benztiazoline (ABTS
Microwell Peroxidase Substrate System; Kirkegaard & Perry Laboratories). A
densidade óptica (DO) foi determinada a 405 nm em leitor de placas (Titertek
Multiskan, Flow Laboratories, McLean, VA, EUA).
Os níveis dos anticorpos foram arbitraríamente expressos como índice
ELISA (IE) de acordo com a seguinte fórmula: [IE= média das DOs das
amostras de soros / DO do cut off ], onde o cut off da reação foi determinado
como a média das DOs obtidas dos controles negativos acrescida de três
desvios-padrão (SILVA et al., 2002). Todas as amostras de soros com IE
menor que 0,9 foram consideradas como resultado negativo. As amostras cujos
IE permaneceram entre os valores de 0,9 e 1,1 (zona cinza) foram retestadas e
somente as amostras de soros que apresentaram IE superior a 1,1 foram
consideradas como resultado positivo.
UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIABIBLIOTECA
33
3.4- Reatividade dos isotipos IgM, IgA e IgG ao epítopo E4 6B6C-1
presente nos sorotipos do vírus do dengue
As amostras de soros consideradas positivas no ELISA de captura para
os isotipos IgM, IgA e IgG (IE> 1,1) foram retestadas em um tipo alternativo de
ELISA para verificar sua reatividade ao epítopo E4 presente nos sorotipos
virais (DEN-1, DEN-2 e DEN-3), os quais foram adicionados separadamente às
placas. Este ELISA alternativo (ELISA-univalente) permitiu comparações entre
cada sorotipo individualmente, ao contrário da reação anterior que usou uma
mistura dos três sorotipos virais (ELISA-trivalente). Dessa maneira, um
protocolo similar foi adotado como descrito anteriormente, com as seguintes
modificações. As amostras de soros foram adicionadas às placas em
quadruplicata, de maneira que para cada amostra fosse testado; (1) a mistura
dos três sorotipos virais; e os sorotipos isolados (2) DEN-1, (3) DEN-2 e (4)
DEN-3. As etapas seguintes da reação foram realizadas como descrito para o
ELISA-trivalente, com exceção para o conjugado marcado com peroxidase
(mAb E4 6B6C-1), o qual foi diluído 1:1000 em PBS acrescido de soro equino
normal 20% para as reações com os antígenos individuais. Valores da DO
obtidos para cada isotipo de anticorpo foram arbitrariamente expressos como
índice de Reatividade (IR) e foram calculados pela divisão da DO obtida para
cada amostra testada com os sorotipos individualmente pela DO obtida para a
mesma amostra testada com a mistura dos três antígenos.
3.5- Análise estatística
Diferenças entre as porcentagens dos isotipos IgM, IgA e IgG na
infecção pelo vírus do dengue, obtidos pelo teste ELISA de captura nos
diferentes anos, foram analisadas usando o teste de diferenças entre duas
proporções (Statistic for Windows - versão 4.5 A - Statesoft, Inc., 1993). A
média geométrica (mg) e o intervalo de confiança de 95% (IC 95%) dos níveis
dos isotipos foram determinados (GraphPad Prism 3,0, GraphPad Software,
Inc.) e o teste de Mann-Whitney foi usado para comparar a diferença entre as
médias dos níveis dos isotipos na infecção pelo vírus do dengue (GraphPad
Prism 3,0, GraphPad Software, Inc.). Os coeficientes de correlação entre os
níveis dos isotipos foram determinados usando o teste de correlação de
Spearman (GraphPad Prism 3,0, GraphPad Software, Inc.). Valores de P <
0,05 foram considerados como estatisticamente significantes.
35
4- RESULTADOS
4.1- Positividade para os isotipos IgM. IgA e IgG na infecção pelo vírus do
dengueAs taxas de positividade para os isotipos IgM, IgA e IgG na infecção pelo
vírus do dengue, detectados em 168 amostras de soros escolhidas
aleatoriamente para cada ano estudado (1997, 2000 e 2003) estão
demonstradas na Figura 4. Os isotipos IgM, IgA e IgG foram encontrados em
43/168 (26%), 39/168 (23%) e 42/168 (26%), respectivamente, dos soros
analisados em 1997; 69/168 (41%), 57/168 (34%) e 58/168 (35%) em 2000; e
85/168 (50%), 67/168 (40%) e 83/168 (49%) em 2003. As taxas de positividade
para todos os isotipos aumentaram significantemente de 1997 a 2003 (P <
0,001). Amostras positivas para os isotipos IgM e IgA mostraram um aumento
significativo de 1997 a 2000 ( P < 0,05), enquanto que a positividade para IgG
aumentou significantemente de 2000 a 2003 (P < 0,001) (Fig. 4A).
Quando foi analisada a positividade concomitante para dois isotipos de
1997 2000 e 2003 (Fig. 4B), amostras positivas para IgM/lgA
55/168 (33%) 0 67/168 (40%)’ resPectivamente)> IgM/lgG
58/168 (35%) e 80/168 (48%)’ resP0ctivam0nt0) 0 iQG/lgA
53/168 (32%) e 66/168 <39°/o)- resP0Ctivament®) também
perfil crescente de positividade para todos os períodos
estatisticamente significantes foram encontradas entre
amostras positivas para IgM/lgA e IgM/lgG (P < 0,05).
também foram encontradas entre 2000 e 2003 para
(23%),
(23%),
(23%)
í
anticorpos em
(38/168
(39/168
(38/168
apresentaram um
analisados. Diferenças
1997 e 2000 para
Diferenças similares
37
amostras positivas para IgM/lgG (P < 0,05), e entre 1997 e 2003 para todos os
isotipos duplo-positivos analisados (P < 0,01).
Em relação à positividade concomitante para os três isotipos de
anticorpos (Fig. 4C), isotipos triplo-positivos (IgM/lgA/lgG) foram encontrados
em 37/168 (22%), 53/168 (32%) e 66/168 (39%) das amostras analisadas para
os anos de 1997, 2000 e 2003, respectivamente. Neste caso também foi
notado um aumento nas taxas de positividade entre esses períodos, mas
diferença significativa foi encontrada somente quando os anos de 1997 e 2003
foram comparados (P < 0,01).
38
Amostras reativas (%)O O S 8 è 8 8------------- ■ ■ ' I----------- 1
oAmostras reativas (%)
N) U -UO O O
ÚJ CD
CQ Q
CQ
CQ>
2003
Figura 4
A Figura 5 ilustra as amostras reativas que apresentaram positividade
restrita para dois isotipos (Fig. 5A) ou um único isotipo (Fig. 5B) em todos os
períodos estudados. Foi observado que a positividade restrita para os isotipos
de anticorpos é geralmente menos freqüente, mas positividade restrita para os
isotipos IgM/lgG apresentou taxas crescentes [2/168 (1,2%), 5/168 (2,9%) e
14/168 (8,3%)] nos anos estudados. Positividade restrita para os isotipos
IgG/lgA não foi encontrada em 2000 e em 2003 (Fig. 5A). Similarmente, a
positividade restrita para um único isotipo (IgM, IgA ou IgG) é baixa, mas foi
encontrada em taxas maiores para o isotipo IgM [3/168 (1,7%), 9/168 (5,3%) e
4/168 (2,4%) em 1997, 2000 e 2003, respectivamente]. A positividade restrita
para o isotipo IgA não foi detectada em 1997 e 2003 (Fig. 5B).
40
Figura 5. Positividade restrita para os isotinne ■ .P gM, IgA e IgG na infecção pelo
vírus do dengue, detectados por ELISA de caDturaP ura em 168 amostras de soros
humanos escolhidas aleatoriamente parada ano estudado (1997, 2000 e 2003)
na cidade de Uberlândia, MG, Brasil. (A) PositiviriaHIhm/iha I M/. r> ltlVldade restrita para dois isotipos:IgM/lgA, IgM/lgG ou IgG/lgA; (B) Positividade restritaIgA ou IgG ta Para um único isotipo: IgM,
Figura 5
10 n
41
4.2- Níveis dos isotipos IgM, IgA e IgG na infecção pelo vírus do dengue
Os níveis dos isotipos IgM, IgA e IgG na infecção pelo vírus do dengue,
foram expressos em índice ELISA (IE) e analisados durante os anos
selecionados para o presente estudo (Fig. 6). Níveis dos isotipos IgM e IgG
foram significantemente maiores que os de IgA em 1997 (Fig. 6A) e 2003 (Fig.
6C) (P < 0,01), enquanto que os níveis de reatividade para os três isotipos não
foram estatisticamente diferentes em 2000 (Fig. 6B). Além disso, níveis de IgM
e IgG foram sígnincantemente maiores em 1997 e 2003 do que em 2000 (P ,
. n<s níveis de IqA foram os mais baixos e não0,001) (Fig. 6D), enquanto que os níveis ue y
entre os períodos analisados, apresentaram diferença sigmficante enue u H
42
Figura 6. Níveis dos isotipos IgM, IgA e IgG na infecção pelo vírus do dengue*
detectados por ELISA de captura em 168 amostras de soros humanos escolhidas
aleatoriamente para cada ano estudado: 1997 (A), 2000 (B) e 2003 (C), na cidade
de Uberlândia, MG, Brasil. A média geométrica e o intervalo de confiança de 95%
dos níveis dos anticorpos são mostrados em (D). **P < 0.01; ***P < 0 001
Níveis de anticorpos (IE)
o ô
Cl ”4 O o ci o i i i
hJ ci
t
CQ Q
Níveis de anticorpos (1E)
4^W
co o
CO CO -xj
Níveis de anticorpos (IE)
Níveis de anticorpos (1E)O NJ Cl M Oô (J1 O ’<Jl O
I____________ 1____________ L___________ J_________ —J
Figura 6
to Q o
CD
4.3- Correlação entre os níveis dos isotipos IgM, IgA e IgG na infecção
pelo vírus do dengue
As Figuras 7, 8 e 9 demonstram os resultados da correlação entre os
níveis dos isotipos na infecção pelo vfrus do dengue (IgA vs IgM, IgG vs IgM,
IgG vs IgA) detectados por ELISA de captura em amostras de soros humanos
analisadas em 1997, 2000 e 2003, respectivamente. Os níveis de anticorpos
detectados por MAC-ELISA, AAC-ELISA e GAC-ELISA mostraram uma
correlação positiva significante em todos os períodos estudados, quando todas
as amostras de soros foram analisadas (P < 0,0001) (Figs, 7A, 8A, 9A).
~ as amostras reativas (IE > 1,1), umaQuando foram consideradas somente as amo
• rí^onfo foi encontrada somente para IgG e IgA em correlação positiva significante toi enounua
* . m < n 0001) (Figs. 7B, 8B e 9B). Por outro lado, '■todos o períodos estudados (P < u.uuui;. ir.y ,;
todos os isotipos de anticorpo foram signincani
de 2000 (P < 0,05) (Fig. 8B).
44
Figura 7. Correlação entre os níveis dos isotipos na infecção pelo vírus do dengue
(IgA vs IgM, IgG vs IgM, IgG vs IgA), detectados por ELISA de captura em
amostras de soros humanos escolhidas aleatoriamente para o ano de 1997, na
cidade de Uberlândia, MG, Brasil. (A) Correlação utilizando todas as amostras de
soros; (B) Correlação utilizando somente as amostras positivas (IE > 1 1)
n= 168 r=0,5186
Níveis de IgM antl vírus do dengue (ÍEJ
n= 168
Figura 7
Níveis de IgM antl vírus do dengue (IE)
Níveis de IgM antl vírus do dengue (IE)
Figura 8. Correlação entre os níveis dos isotipos na infecção pelo vírus do
dengue, (IgA vs IgM, IgG vs IgM, IgG vs IgA) detectados por ELISA de captura em
amostras de soros humanos escolhidas aleatoriamente para o ano de 2000, na
cidade de Uberlândia, MG, Brasil. (A) Correlação utilizando todas as amostras de
soros; (B) Correlação utilizando somente as amostras positivas (IE >1,1).
A
Figura 8B
Nív
eis
de Ig
G a
nti v
írus
do
Nív
eis
de Ig
G a
ntl v
írus
do
Nív
eis
de Ig
A a
ntf v
írus
dode
ngue
(IE)
de
ngue
(IE)
de
ngue
(IE)
n®168
Níveis de IgM antl vírus do dengue (IE)
n=160
r= 0,6069
n°168
Níveis de IgM anti vírus do dengue (IE)
Figura 9. Correlação entre os níveis dos isotipos na infecção pelo vírus do
dengue, (IgA vs IgM, IgG vs IgM, IgG vs IgA) detectados por ELISA de captura em
amostras de soros humanos escolhidas aleatoriamente para o ano de 2003, na
cidade de Ubedândia, MG, Brasil. (A) Correlação utilizando todas as amostras de
soros; (B) Correlação utilizando somente as amostras positivas (IE >1,1).
A
Figura 9
B
Nív
eis
de Ig
G an
ti ví
rus
do
Nív
eis
de Ig
G a
nti v
írus
do
Nív
eis
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A a
nti v
írus
dode
ngue
(IE)
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ngue
(IE)
de
ngue
(IE)
6n
■■ : v •
n- 67r- -0.01676P- 0.8929
Níveis de IgM anti vírus o dengue (IE)
n= 80
4.4- Reatividade dos isotipos IgM, IgA e IgG ao epítopo E4 6B6C-1
presente nos sorotipos do vírus do dengue
0 grau de reatividade dos isotipos IgM, IgA e IgG ao epítopo E4
presente nos sorotipos do vírus do dengue (DEN-1, DEN-2 e DEN-3),
analisado pelo ELISA-univalente, para cada ano estudado (1997, 2000 e 2003),
está ilustrado na Figura 10.
Diferenças importantes foram observadas durante os períodos de tempo
estudados. Em 1997, IgM reagiu predominantemente com o epítopo E4
presente no sorotipo DEN-2 quando comparado ao DEN-1 (P < 0,0001) e DEN-
3 (P < 0,001), enquanto que IgA e IgG reagiram principalmente com o epítopo
E4 presente nos sorotipos DEN-2 e DEN-3 em relação ao DEN-1 (P < 0,0001).
Assim, o epítopo E4 presente em DEN-1 apresentou a menor reatividade para
todos os isotipos, enquanto que o mesmo epítopo presente em DEN-2 foi o
mais reativo para IgM, IgA e IgG.
Em 2000, IgM reagiu predominantemente com o epítopo E4 presente no
sorotipo DEN-3 (P < 0,05), enquanto que IgA e IgG continuaram reagindo mais
intensivamente com este epítopo presente nos sorotipos virais DEN-2 e DEN-3
(P < 0,0001). Portanto, o epítopo E4 presente em DEN-2 e DEN-3 foi mais
reconhecido pelos isotipos de anticorpos neste período.
Em 2003, no entanto, uma modificação significante foi observada no
padrão de reatividade para o epítopo E4 presente nos sorotipos virais,
considerando que este epítopo presente em DEN-3 foi mais reconhecido por
todos os isotipos de anticorpos estudados (P < 0,001).
48
Figura 10. Reatividade dos isotipos IgM, IgA e |gG ao epitopo E4 6B6C-1
presente nos sorotipos do vírus do dengue (DEN-1, DEN-2 e DEN-3), detectada
por ELISA de captura em amostras Dosifivaç ™posmvas de soros humanos para cada ano
(1997, 2000 e 2003) na cidade de IJbpriânHi^ r-, a1 ae UDenandia, MG, Brasil. *p < 0.05; **P < 0.01;
***P < 0.001.
Figura 10
4.5- Distribuição das amostras de soro reativas para os isotipos IgM, IgA e
IgG na infecção pelo vírus do dengue
A figura 11 ilustra a distribuição das amostras reativas para IgM (Fig.
11 A), IgA (Fig. 11B) e IgG (Fig. 11C), durante os meses de 1997, 2000 e 2003.
Foi observado que o pico de positividade das amostras ocorreu no mês de
março, para todos os anos analisados, independentemente do isotipo de
anticorpo. Comportamento diferente foi observado no ano de 1997, pois foi o
período que apresentou um maior pico de positividade no mês de março
(aproximadamente 70% para todos os isotipos de anticorpos) e nenhuma
amostra reativa no mês de abril, quando comparado aos anos de 2000 e 2003,
os quais ainda demonstraram altas taxas de positividade neste mês. ;
'i
í
50
Figura 11. Distribuição das amostras de soro reativas (IE> 1,1) para os isotipos
IgM, IgA e IgG na infecção pelo vírus do dengue, durante os meses de janeiro a
junho de 1997, 2000 e 2003. (A) Amostras reativas para o isotipo IgM;
Amostras reativas para o isotipo IgA; (C) Amostras reativas para o isotipo IgG-
Wj
to to toQ O QM bJO O COO o <0w o
Ul
80%
amostras positivas (%)Figura 11
52
5. DISCUSSÃO
Este estudo estabeleceu uma comparação entre os níveis dos isotipos
IgM, IgA e IgG na infecção pelo vírus do dengue e a reatividade desses
anticorpos aos sorotipos do vírus do dengue, DEN-1, DEN-2 e DEN-3.
O ELISA de captura realizado utilizou anticorpo monoclonal direcionado
à glícoproteína E do envelope viral conjugado com peroxidase para revelar as
reações. Foi observado um aumento significante na taxa de positividade para
infecção pelo vírus do dengue de 1997 a 2003 na população estudada De
acordo com as informações fornecidas pelo Setor de Pesquisa e Bioestatística
da Secretaria Municipal de Saúde, Uberlândia, MG (Quadro 1, Apêndice)
esse dado indica que a incidência da doença aumentou no ano de 1997 (94 33
casos/100.000 hab) a 2000 (151,27 casos/100.000 hab) e de 2000 a 2003
(274,02 casos/100.000 hab).
De início, acreditou-se que uma mudança no Setor de Coletas podería
ser um dos fatores responsáveis pelo aumento da taxa de positividade para
infecção pelo vírus do dengue, no ano de 2003 em comparação com os anos
de 1997 e 2000, levando em consideração a cinética da síntese de anticorpos
(Setor de Pesquisa e Bioestatística da Secretaria Municipal de Saúde
Uberlândia, MG). Nos anos de 1997 a 2000, as amostras de soros dos
pacientes foram colhidas a partir do 5o dia a um mês do aparecimento dos
sintomas, enquanto que para 0 ano de 2003, a coleta dos espécimes clínicos
iniciou-se a partir do 9o dia a um mês do surgimento da sintomatologia clínica
Sabe-se que os anticorpos IgM e IgG começam a ser sintetizados a
partir do 6’ e do 9° dia, respectivamente, da evolução da viremia, enquanto que
a produção do anticorpo IgA inicia junto com a síntese de IgM, mas em níveis
bem menores, além de persistir por um curto período de tempo no sangue
(TALARMIN et al. 1998; GROEN et al„ 1999). De acordo com Groen et al.
(1999), o anticorpo IgA sé pode ser detectado até o 113» dia de infecção pelo
vírus do dengue.
No entanto, de acordo com Rocco et al. (2001), a introdução de novos
sorotipos do vírus do dengue em uma população susceptível é uma ameaça
para a ocorrência de um aumento do número de casos positivos da doença,
particularmente de suas formas severas. Portanto, o aumento da taxa de
positividade para infecção pelo vírus do dengue, quando são comparados os
anos de 1997 e 2000, pode ser justificado pela introdução do sorotipo viral
DEN-2 no ano de 2000 (FIOCRUZ, 2002). Enquanto que o aumento do número
de casos positivos entre os anos de 2000 e 2003 pode ser justificado pela
introdução do sorotipo viral DEN-3 no ano de 2003 (Setor de Pesquisa e
Bioestatística da Secretaria Municipal de Saúde, Uberlândia, MG).
Existem outros fatores que, em associação com a introdução de novos
sorotipos virais em uma população (ROCCO et al., 2001), também levam a um
aumento do número de casos positivos, como a descontinuidade dos
programas de controle ao mosquito e a deteorização dos sistemas de saúde,
os quais ocorrem em muitas áreas endêmicas da doença (RIGAU-PEREZ et
al., 1998; GUZMÁN; KOURI, 2002), como em muitas regiões do Brasil
(TEIXEIRA et al., 1999).
z"54
Considerando que nem todas as síndromes semelhantes à febre do
dengue (DF) são necessariamente devido ao vírus do dengue e que a
presença de IgM dengue-específica depois de uma síndrome febril nem
sempre é evidência de infecção recente, uma vez que a DF pode ter ocorrido
há alguns meses, é necessário a utilização de um marcador de infecção mais
recente, como por exemplo, a presença do ísotipo IgA (TALARMIN et al
1998). A presença deste isotipo pode ser um indicador que garante a
ocorrência de replicação mais recente do vírus nas superfícies mucosas para
muitas infecções virais (GROEN et al., 1999).
A identificação de IgG dengue-específica em pacientes com provável
infecção pelo vírus do dengue também tem sido utilizada para diferenciar
infecções primária e secundária (MIAGOSTOVICH et al., 1999). Amostras de
soros positivas para IgM e negativas para IgG caracterizam infecção primária
enquanto que amostras negativas para IgM e positivas para IgG caracterizam
infecção secundária (BRASIL, 2002b). Alternativamente, amostras de soros
positivas para IgM e para IgG podem caracterizar infecção relativamente
recente, primária ou secundária, dependendo do momento da coleta do sangue
depois do início dos sintomas: até o 8° dia - infecção primária; depois do 15°
dia - não é possível distinguir entre infecção primária e secundária (BRASIL,
2002b). Portanto, a predominância dos níveis de IgM e de IgG sobre os de IgA
em 1997 e 2003, encontrados no presente estudo, sugere a ocorrência de
números maiores de pacientes com infecções relativamente recentes nesses
anos, as quais podem ser primária ou secundária, dependendo do momento da
coleta das amostras. Além disso, a ausência de diferença estatisticamente
significante entre os níveis dos isotipos, em 2000, em associação com a maior
positividade restrita encontrada para IgM e IgA, também sugerem quadros de
infecção recente neste período.
No geral, MAC-ELISA, AAC-ELISA e GAC-ELISA apresentaram boa
reatividade, o que reflete a presença de altos níveis desses anticorpos nas
amostras e/ou uma alta sensibilidade das reações (TARDEI et al., 2000).
Quando analisando a correlação entre os três isotipos na infecção pelo
vírus do dengue em todas as amostras de soros, os níveis de anticorpos
detectados pelos testes ELISA de captura mostraram correlação positiva
significante em todos os períodos analisados. No entanto, quando são
consideradas somente as amostras reativas, correlação positiva significante foi
encontrada somente para IgG e IgA embora todos os isotipos foram
correlacionados significantemente no ano de 2000.
O sistema complemento tem sido associado com a febre hemorrágica do
dengue (DHF) e com a síndrome do choque do dengue (DSS), uma vez que
sua ativação induz coagulação e, portanto, pode estar implicada na coagulação
intravascular, complicação observada na DHF e no DSS . Além disso, sabe-se
que a imunoglobulina mais eficiente em fixar o complemento é a IgG (KORAKA
et al., 2001).
A ocorrência de doença severa também tem sido relacionada a sorotipos
específicos, particularmente o DEN-3 (LOURENÇO-DE-OLIVEIRA et al., 2002).
Apesar dos quatro sorotipos do vírus do dengue serem capazes de produzir
DHF (GIBBONS, VAUGHN, 2002), DEN-2 e DEN-3 estão mais frequentemente
associados à doença severa (GUZMÁN; KOURI. 2002). Uma alta reatividade
56
ao epítopo E4 presente nos sorotipos DEN-3 e/ou DEN-2 nos anos estudados
os quais foram significantemente reconhecidos pela IgG, pode sugerir a
presença de casos de doença severa, já que nesse período ocorreu casos de
DHF.
No entanto, faz-se necessário um estudo mais detalhado desta questão
uma vez que a ocorrência de DHF está relacionada não só com os fatores de
risco virais, mas também com os fatores de risco individuais e epidemiológicos
(GUZMÁN; KOURI, 2002).
Neste presente estudo, foi determinado a reatividade dos isotipos de
anticorpos ao epítopo E4 6B6C-1 presente nos sorotipos do vírus do dengue
em cada período estudado, que variou desde a predominância desse epítopo
em DEN-2 para todos os isotipos em 1997, passando à predominância do
mesmo epítopo em DEN-2 e DEN-3 para todos os isotipos em 2000, chegando
à predominância do mesmo epítopo presente no sorotipo DEN-3, também para
todos os isotipos estudados, em 2003,
Já foi descrito em estudos anteriores que a presença de epítopos
. onrnfinos estão mais relacionados à glicoproteína E, a única comuns nesses sorotipos esidu
glicoproteína no envelope viral e o maior componente estrutura! do vírus
(ROEHRIG et al., 1983). Entre os vários anticorpos monoclonais (mAbs)
a nlicooroteína E, o mAb denominado E4 isolados e caracterizados contra a giicoproreii
Hpssa dlicoproteína presente no vírus do dengue. 6B6C-1, detectou epítopos dessa gncup
... p. . hoiho realizado foi o único mAb que apresentou reatividadeAlém disso, no trabalho reaiizau ,
cruzada a esses epítopos (ROEHRIG, et al„ 1983).
57/
iA reatividade cruzada ocorre com muitos epitopos do vírus do dengue,
assim como em outros membros da família Flaviviridae. Este fenômeno pode
ser justificado pelo pequeno tamanho desses epitopos e pelo fato deles
conterem somente um polipeptídeo, o que pode realçar a "steric hidrance" entre
os anticorpos específicos para diferentes epitopos (ROEHRIG, et al., 1983).
Em estudos realizados recentemente, achados importantes mostraram a
avaliação da reatividade cruzada de sete anticorpos monoclonais, inclusive o
mAb E4 6B6C-1 e outros, contra quatro flavivirus de espécies de aves
(BLITVICH et al., 2003). Além do mAb E4 reagir com todos os flavivirus
testados, foi o único que apresentou resultados mais signiflcantes devido a sua
eficiência em detectar todos os flavivirus em questão. No entanto, contrariando
toda esta informação, foi observado que não há dados até agora na literatura
que avaliasse a utííizaçáo do mAb E4 6B6C-1 para determinar o padrão de
distribuição dos epitopos presentes nos sorotipos do virus do dengue. Neste
presente estudo, contudo, baseado nos resuítados obtidos pe.o teste ELISA-
univalente nas amostras estudadas em 1997, 2000 6 2003, foi demonstrado,
pela primeira vez, que uma distribuição diferencial dos epftopos reconhecidos
pelo mAb E4 pode estar presente entre os sorotipos DEN-1, DEN-2 e DEN-3.
Considerando a dinâmica do processo epidêmico de infecção pelo vírus
do dengue nesta região do Brasil Central que começou com DEN-1, mudando
para DEN-2 e DEN-3 em 1997, 2000 e 2003, respectivamente, os resultados
aqui apresentados em relação a reatividade de isotipos de anticorpos ao
epítopo E4 presente nos sorotipos virais, nos permite levantar a hipótese de
que a expressão desse epítopo viral reconhecido pelos diferentes isotipos de
58
anticorpos parece ser heterogênea entre os sorotipos do vírus do dengue,
sendo menos frequente em DENd, quando comparado aos sorotipos DEN-2 e
DEN-3 que apresentam padrões similares de expressão.
Em conclusão, a medida dos níveis dos isotipos de anticorpos na
infecção pelo vírus do dengue pelo uso de GAC-ELISA e AAC-ELISA
juntamente com o MAC-ELISA e a determinação de suas reatividades
diferenciais ao epítopo E4 presente nos sorotipos virais, podem fornecer
informações mais seguras sobre os estágios iniciais da infecção, contribuindo
para o estabelecimento de uma conduta clínica mais adequada e diminuindo
dessa maneira, a probabilidade de doença fatal.
60
6. CONCLUSÕES
- Os testes MAC-ELISA, AAC-ELISA e GAC-ELISA apresentaram-se como
ferramentas úteis para a detecção dos isotipos IgM, IgA e IgG na infecção
pelo vírus do dengue, respectivamente, nas amostras de soros de pacientes
com suspeita clínica da doença.
Houve um aumento significativo na taxa de positividade para infecção pelo
vírus do dengue de 1997 a 2003 na população estudada, que pode ser
atribuído pela introdução do sorotipo viral DEN-3 no ano de 2003 e por uma
mudança no Setor de Coletas.
A predominância dos níveis de IgM e de IgG sobre os de IgA encontrados
em 1997 e 2003 sugere a ocorrência de quadros de infecções relativamente
recentes, as quais podem ser primária ou secundária, dependendo do
momento da coleta das amostras.
Os níveis similares dos isotipos IgM, IgA e IgG na infecção pelo vírus do
dengue determinados, em 2000 em associação com a maior positividade
restrita de IgM e IgA neste período sugere a ocorrência de quadros de
infecção recente.
61
Considerando somente as amostras reativas, uma correlação positiva
significante foi encontrada apenas para os isotipos IgG e IgA, embora todos
os isotipos foram correlacionados signíficantemente no ano de 2000.
- Uma alta reatividade ao epítopo E4 6B6C-1 presente nos sorotipos DEN-3
e/ou DEN-2, o qual foi reconhecido signíficantemente pelo isotipo IgG, pode
indicar a presença de casos de doença severa.
- A determinação simultânea dos níveis dos isotipos na infecção pelo vírus do
dengue pelo uso de GAC-ELISA e AAC-ELISA juntamente com o MAC-
ELISA podem permitir um diagnóstico mais seguro e confiável quanto aos
diferentes estágios da infecção.
A avaliação das reatividades diferenciais dos isotipos na infecção pelo vírus
do dengue aos sorotipos virais podem fornecer informações úteis sobre os
sorotipos virais predominantes na população estudada, contribuindo para o
• l uma conduta clínica mais adequada e diminuindo a estabelecimento de uma conuuw w
probabilidade de doença fatal.
62
63
Quadro 1. Incidência dos prováveis casos de dengue, ocorridos em
Uberlândia, MG, nos anos de 1993 a 2003.
Fonte. Setor de Pesquisa e Bioestatística, Vigilância Epidemiológica, Secretaria Municipal de Saúde,
Uberlândia, MG.
I Ano Incidência (100.000 hab) I
1993 635,29
1994 69,23
1995 519,69
1996 334,63
1997 94,33
1998 64,23
1999 1206,61
2000 151,27
2001-
393,48
2002 693,84
2003 274,62
64
65
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