8/15/2019 Artigo Lutero e o Nazismo
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LUTERO E O NAZISMO – O PERIGO DA ACEPÇÃO.
Luther and Nazism - the danger of meaning.
Edmar dos Santos Pedrosa1
RESUMO
Nazismo e Cristianismo são duas coisas opostas que se repelem. Enquanto um cultiva o ódio e a acepção,
o outro prega o amor incondicional e sacrificial. No entanto, poderia haver alguma similitude entre
ambos? nfelizmente a história moderna comprovou que, pelo menos em um momento, a resposta ! sim.
"utero em suas muitas produç#es escritas influenciou a cultura alemã e a história mundial ao implantar a
$eforma %rotestante. &as em um de seus escritos, ao criticar a postura dura dos 'udeus com relação ao
cristianismo, acabou dei(ando um legado perigoso que, ao cair nas mãos de )itler, serviu de base para
estruturar as ideologias antissemitas do *erceiro $eich que, depois de implantadas, culminaram no
e(term+nio de milh#es de almas, principalmente de 'udeus. verdade do cristianismo foi usada como
mentira destruidora de forma que o mundo nunca ser- capaz de esquecer os eventos ocorridos em torno
da egunda /uerra &undial. "utero não foi, nem um genocida implac-vel, muito menos um santo
impec-vel. 0oi homem pass+vel de falhas, no entanto seu legado positivo para o reino de 1eus foi
infinitamente maior, )itler, por outro lado, se apossou de verdades cristãs que, infelizmente, não foram
capazes de libert-2lo do engano, mas serviram para escravizar seres humanos indefesos.
Palavras-Chave: "utero3 Nazismo3 4udeus3 cepção3
ABSTRACT
Nazism and Christianit5 are t6o opposite things that repel. 7hile cultivates hatred and meaning, the other
preaches unconditional and sacrificial love. )o6ever, there might be some similarit5 bet6een the t6o?
8nfortunatel5 the modern histor5 proved that, at least one time, the ans6er is 5es. "uther in his man5
6ritten productions influenced /erman culture and 6orld histor5 6hen deplo5ing the %rotestant
$eformation. 9ut in one of his 6ritings, in criticizing the hard position of 4e6s in relation to Christianit5,
eventuall5 left a dangerous legac5, that to fall into the hands of )itler, it formed the basis to structure the
anti2semitic ideolog5 of the *hird $eich that, then implanted, the5 culminated in the e(termination of millions of souls, especiall5 4e6s. *he truth of Christianit5 6as used as a lie destructive so that the 6orld
6ill never be able to forget the events surrounding 7orld 7ar . "uther 6as not, not one ruthless
genocidal, much less a fla6less saint. 6as man sub'ect to failure, ho6ever its positive legac5 for the
:ingdom of /od is infinitel5 greater, )itler, on the other hand, he too: possession of Christian truths that,
1 /raduado em Ci;ncias %oliciais e de egurança %hotmail.com
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unfortunatel5, the5 6ere not able to free him of cheating, but the5 served to enslave defenseless human
beings.
e!"#r$s: "uther3 Nazism3 4e6s3 &eaning3
INTRODUÇÃO
Como dito por algu!m certa vez, o papel da história não ! dar certeza das coisas,
mas sim reduzir as d
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da mesma forma que o grande reformador A dolf )itler. 0oi um l+der nato, com
e(celente oratória e poder de convencimento fora do comum. &esmo sendo austr+aco de
nascimento, conhecia da cultura alemã com profundidade, inclusive o amor e devoção
deles por "utero e, soube usar este fator com maestria a seu favor e de suas ideologias
insanas, uma vez que eram totalmente contra a humanidade que via surgir mais um
nome que nunca mais seria esquecido.
pontar os paralelos entre )itler e "utero, se ! que e(istem, ! o ob'etivo do
presente trabalho. B que o grande cristão reformador e servo de 1eus tem de ligação
com o terr+vel nazismo do 0Dhrer? história se encarregou de comprovar. B ponto de
converg;ncia entre as duas biografias, e que pode ter unido a ambos foi a acepção de
pessoas. 8m algoz da humanidade e amante da mentira que aprisiona, por meio de suas
frustaç#es com uma raça, une seu legado histórico com o fiel servo de 1eus, lutador
pela verdade que liberta. *udo em torno dos 'udeus. t! onde a acepção os levou?
%. UMA DE&INIÇÃO DE ACEPÇÃO
Briginalmente, essa palavra referia2se a levantar o rosto de uma pessoa ou elev-2
la, mas passou a se referir e(altação de algu!m por motivos superficiais, como
apar;ncia, etnia, riqueza, posição ou classe social.
parece pelo menos FG vezes na9+blia, sendo sete vezes no ntigo *estamento e outras sete vezes no Novo *estamento.H
cepção ! a tradução de uma palavra grega que, literalmente, significa Ireceber o rostoJ. No
Novo *estamento, ela ! usada primeiramente como uma tradução literal da palavra hebraica do
ntigo *estamento correspondente acepção. I$eceber o rostoJ ! fazer 'ulgamentos e
estabelecer diferenças baseadas em consideraç#es e(ternas, tais como apar;ncia f+sica, status
social ou raça. 1eus nunca age assim conforme frequentes afirmaç#es no ntigo *estamento e o
povo de 1eus deve imit-2lo nesta questão.G
Era f-cil ao crente mostrar consideração indevida ao rico em detrimento ao pobre
que era humilhado, assim sendo, acepção ! uma distinção antip-tica a pessoas, uma
2 &C$*)8$, KFK, p.FLFM2FLF.
3 B"OE$, KF, p.P.
4 &BB, FK, p.ML.
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disposição mental manifesta em forma de 'ulgamentos com parcialidade.P ão sempre
movidos por maus pensamentos e baseados em aspectos e(teriores, como vestimentas,
por e(emplo.Q %erde2se com isso o senso de irmandade cristã, pois ricos e pobres são
igualmente preciosos para 1eus. Considerar pessoas assim era infringir diretamente a
"ei de &ois!s.L
Esta palavra encontrou especial uso e significado na carta de *iago, que fez um
uso de preceito do ntigo *estamento em seu argumento, Carson comenta=
Em termos gerais, o argumento de *iago ! claro= contr-rio ao favoritismo, o amor ! apresentado
como ant+tese obrigatória que torna repugnante toda forma de parcialidade R...S. Numa primeira
leitura, o mandamento encontrado em "ev+tico F.FM ocorre no conte(to de uma desconcertante
diversidade de mandamentos R...S função teológica estabelece que o fundamento
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não faz acepção de pessoas T/l. .QU, sendo esta uma virtude a ser imitada por todas as
pessoas. 1eus não e(ige estes aspectos como pr!2requisitos para que as pessoas se'am
recebidas por Ele Tt. FK.HPU.FK
Não obstante, importante mencionar que a canonicidade de *iago nunca foi
un@nime entre os cristãos. *ornaram2se c!lebres as afirmaç#es de "utero acerca de
passagens da carta em seu pref-cio obra de *iago no ano de FP e sua desvalorização
do conte
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comunicar de forma homog;nea atrav!s da l+ngua
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7alter ltmann, da Escola uperior de *eologia de ão "eopoldoW$ foi muito
feliz ao tentar e(plicar as raz#es pelas quais "utero escreveu aquele tratado= *amb!m !
verdade 2 e pode2se observar com nitidez 2 que o IantissemitismoJ de "utero não tem
embasamento em concepç#es raciais, mas religiosas.FL %arece que o $eformador estava
criticando a dureza do coração dos 'udeus que, mesmo diante das verdades b+blicas a
eles revelada, permaneciam fi!is as leis e não aceitavam a graça da salvação de Cristo e
ainda tentavam, ao que tudo indica, o proselitismo, atraindo cristãos para sua religião.
Bcorre que os seres humanos afetam uns aos outros A para o bem ou para o mal.
e quisermos a'udar, e não pre'udicar, deveremos considerar o que afeta os outros para
o bem.FM %arece que este princ+pio escapou ao grande reformador, quando redigiu o
tratado.
B que "utero não poderia prever foi a maneira como suas declaraç#es naquele
ImagoadoJ tratado seriam usadas quatro s!culos mais tarde. afirmação militar romana
Id quod facimus in ita sonat in aeternitate To que fazemos em vida ecoa na eternidadeU
eternizada no !pico cinematogr-fico /ladiador F, se tornou uma dura e cruel realidade
por conta de seu legado, inconscientemente, dei(ado.
Entender o que levou este +cone da f! a não só pronunciar seu infeliz
pensamento, como tamb!m registr-2lo para as pró(imas geraç#es ! tarefa -rdua que
beira, inevitavelmente, a suposição. Yuando escreveu o tratado, "utero estava em sua
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desconfort-veis, que acabou fazendo com que ele promovesse inimigos por onde
passava.K
1e acordo com o senso comum, todos devem tomar cuidado com aquilo que se
falam ou escrevem, pois h- sentimento que não aceita retrataçãoF, pelo menos por parte
dos cerca de seis milh#es de vidas ceifadas pelo nazismo.
*eologicamente, parece que
"utero agia opostamente ao que e(igia sua liderança espiritual, talvez isso tenha
acontecido porque suas doenças, supostamente o dei(aram, temporariamente, Inão
cheio do Esp+rito antoJ, condição fundamental para e(ercer integralmente sua
qualidade de l+der.
liderança espiritual só pode ser e(ercida por homens cheios do Esp+rito anto. Butras
qualificaç#es para a liderança espiritual são dese'-veis. er cheio do Esp+rito anto, !
indispens-vel. R...S t! mesmo aqueles homens cu'as funç#es seriam e(ercidas nos assuntos
temporais da igre'a, deveriam ser homens possu+dos e controlados pelo Esp+rito. R...S fidelidade
no e(erc+cio dos dons naturais e sobrenaturais da graça, prepara o caminho para a promoção a
mais altos n+veis de utilidade e, talvez, multiplicação desses dons.
8m cuidado que qualquer l+der deve observar, e parece que faltou a "utero, !
não olhar para o que se pensa como se fosse a Ia voz do Esp+rito na culturaJ quando
isso vier a contradizer o te(to das escrituras. ntes, deveria ter avaliado as perspectivas
culturais tendo como pano de fundo a verdade b+blica A e não o contr-rio. H *odo l+der
sabe que ! imposs+vel agradar a todas as pessoas o tempo todo3 essa ! uma daquelas
verdades inerentes liderança. %or!m, l+deres tarimbados tamb!m sabem que se deve
evitar a todo custo incitar controv!rsias desnecess-rias.G
comunicação de ideias pela linguagem ! algo fundamental. 1eus mesmo criou
a linguagem para a comunicação. %ara preservação de sua palavra, inspirou pessoas para
escrever sua vontade, assim ela ficaria registrada para toda posteridade A entre outras,20 &E*, KFF, p.FKQ.
21 1ispon+vel em http=WWpensador.uol.com.brWfraseWN'zN'6W. cesso em F 'an. KFQ.
22 N1E$, FMP, p.Q2LK.
23 /E*Z, KKG, p.HF.
24 )[9E", KFP, p.Q.
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esta ! uma razão pela qual a 9+blia foi escrita. provisão dos meios para comunicar
essa revelação ! parte essencial da revelação divina e, se 1eus não tomasse a iniciativa
de revelar a si mesmo, o homem não teria meios de conhec;2lo. P %arece certo que,
aquilo que se registra por palavras escritas, pode invadir a história da humanidade por
d!cadas, s!culos e mil;nios, gerando consequ;ncias em longo prazo, consequ;ncias
estas, não dese'adas pelo autor do escrito. t! por isso, era comum entre os cristãos
alemães a crença de que um demVnio sempre reside na palavra escrita e por isso o
verdadeiro cristianismo IalemãoJ deveria ir al!m das palavras.Q
Certo mesmo ! que a vida ! passageira e sua durabilidade como uma neblina. L
Nas palavras do pastor Nilzon 1imarzio, enquanto refletia sobre sua caminhada
ministerial= a vida nos propicia in
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pensamentos que o inquietavam e que vieram a salv-2lo.HK ua formação familiar, talvez
e(plique um pouco de seu car-ter=
Criado sob dura disciplina daquela !poca, "utero contou que uma vez apanhou de sua mãe at!
sangrar por ter roubado uma noz. Certa vez na escola latina de !ansfie$d , ele levou FP
chicotadas. eus pais, particularmente sua mãe, crente, mas supersticiosa, inculcaram nele muito
das superstiç#es próprias dos camponeses. lguns desses fantasmas o perseguiram durante a
longa luta em busca da salvação de sua alma. ua grande capacidade de trabalho, sua força de
vontade e seu conservadorismo pragm-tico acompanharam2no desde cedo.HF
\ natural imaginar que algu!m com esta forte formação, se'a muito e(igente
naquilo que faz. &uito embora seu duro passado, ele foi um homem brilhante como a
história se incumbiu de provar, pois ele mesmo sempre afirmou que tinha nascido
escravo da vontade de 1eus=
"utero era professor, teólogo e tamb!m pastor. Bs membros de sua igre'a sabiam que ele sentia o
que pregava. Ele não era um erudito seco e indiferente, ele sentia a pressão da eternidade cada
vez que pregava, isso o compelia, algumas vezes, a fazer coisas impopulares e, por vezes,
perigosas. Era algu!m disposto a defender a verdade de 1eus, ainda que fosse contra o mundo
inteiro.H
Em seus ensinos, ele dei(a muito claro o respeito ao papel dos 'udeus nas
escrituras e na história humana como povo escolhido por 1eus, tanto que certa vez
afirmou= e fosse poss+vel ao Ilivre2arb+trioJ dos homens descobrir a verdade,
certamente algum 'udeu, em algum lugar, t;2lo2ia feito]HH
"utero, como professor e doutor que era, sabia da import@ncia de registrar suas
conclus#es para preserv-2las as futuras geraç#es, pois afi(ar a tese na porta da igre'a
não era novidade para os eruditos. "utero não só escreve como afi(a muitas das suas
30 0E$$E$, KFG, p.FQ2FL.
31 C$N, KKM, p.P.
32 "8*E$B, F, p.M.
33 "8*E$B, F, p.FG.
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ideias nestes locais p
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Com estas atitudes, "utero não só marcou a cultura alemã como foi o principal
respons-vel por ela. 1esta forma, quem foi "utero então? Ele não foi um homem livre
de falhas, muito pelo contr-rio. ^s vezes, suas falhas eram mais evidentes que as
qualidades. Ele mesmo teve humildade suficiente para reconhecer isso, tanto que suas
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Yuase quinhentos se passaram, e os conflitos, em maior ou menor grau,
continuam e(istindo contemporaneamente entre ateus, cristãos, 'udeus, muçulmanos e,
pessoas adeptas ou não a alguma religião, e, o e(emplo de "utero continua sendo de
grande a'uda. Nos dizeres de %oirier= 0ica evidente, portanto, que ainda e(iste uma
imensa necessidade de desenvolvermos mais a teoria e pr-tica da solução de conflitos a
partir de uma perspectiva cristã que se'a baseada na 9+blia e integrada teologicamente
no corpo mais amplo do pensamento e do ensino cristão.GH
5. ATITUDES GERAM CONSE6U7NCIAS: AÇÃO E REAÇÃO
Bs alemães se sentiam humilhados depois dos acontecimentos advindos da
primeira grande guerra. B famoso tratado de Oersalhes impVs severas condiç#es aos
alemães, considerados culpados e causadores da guerra. Eles perderam territórios,
navios mercantes, poderio militar e ainda tiveram que pagar uma enorme indenização
em dinheiro aos pa+ses vencedores A uma dura vergonha ao povo alemão.GG
B con'unto de decis#es impostas aos alemães provocou, em pouco tempo, uma intensa reação
das forças pol+ticas que se organizavam em seu pa+s. Bs alemães consideravam in'ustas,
vingativas e humilhantes as condiç#es do tratado de Oersalhes. nos mais tarde, o dese'o de
mudar essas condiç#es motivaria o ressurgimento do nacionalismo alemão.GP
1este mau tratamento, vingativo e humilhante, uma verdadeira acepção
preconceituosa, surgiu de fato busca alemã por um 0Dhrer Tl+derU. ssim emergiu o
desastroso princ+pio alemão em que a autoridade do 0Dhrer não se submeteria a nada.
eria autocr-tica, auto derivada e, por isso, possuiria car-ter messi@nico. GQ nfelizmente
um dos alicerces para esse princ+pio parece ter sido o malfadado IdesabafoJ de "utero.
5.% A h1)lha8,# 9r#v## ae98,#
43 %B$E$, KFF, p.FG.
44 CBN*$&, KKP, p.GF.
45 CBN*$&, KKP, p.GF.
46 &E*, KFF, p.FPP.
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)itler se apossou dos escritos e dando ;nfase a sua pior parte, sem levar em
consideração as intenç#es do autor, faz insistente uso dele, especialmente quanto aos
conselhos em que diz=
E Ro conselhoS ! este, como dito acima= %rimeiro= Yue se incendeiem suas sinagogas, e, quem
puder, 'ogue en(ofre e piche. E quem pudesse tamb!m lançar fogo infernal, seria igualmente
bom. fim de que 1eus possa ver nossa seriedade e todo o mundo tal e(emplo, de modo que se
at! agora temos tolerado em ignor@ncia tais casas Tem que LL os 'udeus t;m blasfemado tão
vergonhosamente contra 1eus, nosso querido criador e pai, com seu 0ilhoU, agora lhes temos
dado sua recompensa. egundo= Yue se lhes tomem todos os seus livros _ livros de oração,
escritos talm
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5.2 A ae98,# 9r#v## $esr)8,#
Yuanto ao povo alemão, tão submisso aos ensinos luteranos, aquela antiga
humilhação precisava ser vingada. quela acepção vergonhosa e humilhante tinha dias
contados e, assim sendo, aguardaram H anos para seu momento triunfante perpetrado
atrav!s das mãos de dolf )itler, então elevado condição de salvador da Nação
lemã. Eric &eta(as dei(a esta circunst@ncia bem clara=
)itler, para quem a misericórdia era um sinal de fraqueza sub2humana, arran'ou a assinatura dos
termos de rendição dos franceses na floresta de Compi`gne, no mesmo lugar onde os alemães
assinaram o armist+cio de FFM. humilhação daquele dia negro manteve2se viva na mente de
)itler, e ele agora aproveitaria ao m-(imo a oportunidade de revert;2la. 0orçar os advers-riosderrotados a retornar ao local da humilhação da lemanha era apenas o começo. )itler escalaria
as alturas isentas de o(ig;nio da mesquinhez ao retirar o mesmo vagão de trem no qual o
armist+cio fora assinado do museu onde estava mantido e reboc-2lo por todo o caminho de volta
clareira da floresta. B vagão foi retirado e transportado para o passado onde a ferida fat+dica
havia sido infligida ao povo alemão. e esse gesto não era suficiente, )itler recebeu a mesma
cadeira que 0och ocupara, e ali se sentou, no interior do vagão, na floresta de Compi`gne.PF
Esse era seu ódio pelos europeus que humilharam sua nação. Em meio a seus
atos vingativos, os 'udeus, em clara acepção, ganharam um cap+tulo parte. palavra
repugn@ncia, apesar de ser gratificante quase tr;s vezes maior que IódioJ, ainda ! muito
pequena para descrever o que )itler realmente sentia pelos 'udeus. E(istem algumas
vers#es que tentam esclarecer a origem e o desenvolvimento deste sentimento.P
B antissemitismo era uma doença em )itler e com ele os alemães chegaram ao
ponto de beirar a insanidade.PH E ele soube usar deste ódio em proveito próprio. Como
e(+mio orador que era, soube convencer o povo alemão, grandemente cristianizado, de
que suas teorias eram as corretas e necess-rias - nação. 8m antigo amigo de escola dele
disse certa vez= Não era o que ele dizia que mais me atra+a, mas a maneira como ele
dizia.PG Criou2se uma empatia perniciosa entre ele e o povo lemão=
51 &E*, KFF, p.HMM2HM.
52 0")B, KKG, p.PHG.
53 0")B, KKG, p.PHP2PHQ.
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Bs lemães clamavam por ordem e liderança. &as, no murm
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'udeus contra as demais pessoas, por eles denominadas de gentias. B evangelista e
apóstolo 4oão, um 'udeu '- bem idoso, com cerca de cem anos de idade, tinha um
comportamento e(emplar quanto ao correto tratamento a ser dispensado s pessoas.
Conta a tradição, repassada a frente por 4erVnimo que=
Yuando o apóstolo '- se encontrava evidentemente muito idoso em \feso era necess-rio que seus
disc+pulos o tomassem nos braços e o carregassem at! a igre'a. Nas reuni#es, 4oão '- não
costumava pregar nada al!m disso= I0ilhinhos, amai2vos uns aos outrosJ. 1epois de certo tempo,
entretanto, seus disc+pulos, enfastiados de ouvirem sempre aquelas mesmas palavras,
perguntaram2lhe= I&estre, por que sempre nos dizes isso?J. 4oão, por sua vez, replicou= I\
mandamento do enhor. demais, se só isso for feito, ter- sido o bastanteJ.Q
;.2 arl Barh
Yuando os nazistas declararam publicamente que o nacional socialismo lemão
era uma continuação natural da obra de &artinho "utero e que a f! cristã era o oposto
instranspon+vel do 'uda+smo, 9arth escreveu um manifesto em que repudiava a ideia de
que raça, identidade nacional ou origem !tnica tivessem relação com a f! cristã real,
sendo contundente ao afirmar que o evangelho de 4esus Cristo ! o cumprimento da
esperança 'udaica e a igre'a cristã, inclusive a alemã, regozi'ava2se com a manutenção
da comunhão com os da raça 'udaica que aceitaram o evangelho.QH
%ara 9arth, a teologia não pode ser uma ci;ncia ob'etiva e desapai(onada.
firmou que o pr!2requisito para a teologia correta ! uma vida de f!, e sua marca ! o
dese'o de 'amais contradizer e(plicitamente a 9+blia.QG
9arth envolveu2se no movimento de resist;ncia s tentativas nazistas de
controlar as igre'as evang!licas alemãs, afirmando que 1eus est- ao lado do ser
humano. E(erceu com afinco o of+cio de pregador sem acepção de pessoas, chegando a
pregar em pres+dios com pai(ão evang!lica e interesse social, ;nfases quecaracterizaram toda a sua vida.QP
62 1E9$$B, KKQ, p.HGM.
63 &E*, KFF, p.HGL.
64 0E$$E$, KFG, p.HLM.
65 0E$$E$, KFG, p.HMG2HML.
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;.5 D)er)h B#3h#e==er
Como um alemão aristocrata, 9onhoeffer foi criado sob os rigores de uma
educação conservadora.QQ 4- adulto, sua visão muda completamente quando assiste ao
filme Nada de novo no front e nota a trag!dia causada pela separação entre naç#es com
o consequente arrependimento do herói ali encenado, que, ao matar um oponente
0ranc;s, chora aos p!s do finado pedindo perdão ao cad-ver por t;2lo matado.
9onhoeffer fica inconsol-vel com as cenas de um alemão arrependido e mais ainda por
ver crianças americanas sorrindo e aplaudindo a cena sem ter a menor noção daquilo.QL
B amor ao pró(imo o transforma definitivamente. Em uma de suas pregaç#es,
ele se refere a "utero como um morto que usavam de suporte para propósitos ego+stas,
chamando a atitude deles de arrog@ncia e leviandade imperdo-veis de se apropriarem
alegremente das palavras de "utero de forma indevida.QM Yuando chamado a e(plicar o
papel da igre'a lemã com relação aos 'udeus, ele declara que a igre'a tem a obrigação
incondicional para com as v+timas de qualquer ordem da sociedade, mesmo que elas não
pertençam comunidade cristã.Q
eu lema de vida passa torna2se ser mais zeloso ao agradar a 1eus do que ao
evitar o pecado sendo necess-rio sacrificar a si mesmo por completo aos propósitos de
1eus, at! mesmo a ponto de, eventualmente, cometer erros morais.LK %ara ele zelo e
sacrif+cio eram duas coisas que deviam andar 'untas, caso contr-rio os cristãos seriam
meros pietistas. %or estas qualidades e pela resist;ncia pol+tica total ao nazismo, suas
atitudes o tornaram
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B amor ! paciente, o amor ! bondoso. Não inve'a, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
B amor não se alegra com a in'ustiça, mas se alegra com a verdade.
*udo sofre, tudo cr;, tudo espera, tudo suporta.ssim, permanecem agora estes tr;s= a f!, a esperança e o amor. B maior deles, por!m, ! o
amor .L
No entanto, amor e(ige aç#es reais em prol do outro. &artin Niemller, pastor
da paróquia de 1ahlem, em 9erlim e fiel parceiro de 9onhoeffer em sua luta contra a
cruel acepção nazista, sentiu o peso de não agir quando deveria ter feito. 1epois de
passar quase uma d!cada preso em campos de concentração ele desabafou=
%rimeiro vieram atr-s dos socialistas, e nada falei A pois eu não era um socialista.
1epois vieram atr-s dos sindicalistas, e nada falei A pois eu não era um sindicalista.
1epois vieram atr-s dos 'udeus, e nada falei A pois eu não era um 'udeu.
E então eles vieram atr-s de mim A e não havia ningu!m para falar por mim. LH
%or fim, se'a 4esus Cristo, seus apóstolos, os pais da igre'a ou teólogos modernos
de outrora, o ensino b+blico sempre foi o mesmo quanto ao trato com as pessoas= o amor
indistinto. B paradigma quanto s diferenças entre seres humanos sempre deve ser o
amor, e onde reina o amor, nunca poder- haver acepção.
CONCLUSÃO
ncr+vel como as palavras perpetuam no tempo. &uitas vezes seu significado se
altera com o passar dos s!culos, sendo por vezes moldada segundo a cultura ou costume
de algum lugar. ssim sendo, palavras com significado negativo, de acordo com
regionalismos pode se tornar positivas, no entanto, o oposto tamb!m ! verdadeiro= belas palavras ganharam terr+veis significados, como ocorreu com a acepção.
eguindo par@metros b+blicos, os seres humanos, at! por quest#es de
consci;ncia, deveriam a'udar2se uns aos outros, levantar o ca+do, socorrer o necessitado,
72 B'(l)a Sa*ra$a. +ers,# Rev)sa e Aal)/a$a $e 0#,# &erre)ra $e Al1e)$a. 9arueri=ociedade 9+blica do 9rasil. F Cor+ntios Cap. FH.
73 &E*, KFF, p.K.
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8/15/2019 Artigo Lutero e o Nazismo
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