DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE MINAS
Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Gerais
Curso de Especialização em Engenharia de Recursos Minerais
MONOGRAFIA
Utilização, Reúso e Gerenciamento da Água nas Usinas de
Beneficiamento de Minério de Ferro
Aluna: Carol de Freitas Esteves
Orientador: Prof. George Eduardo Sales Valadão
Belo Horizonte
Junho 2013
Carol de Freitas Esteves
Utilização, Reúso e Gerenciamento da Água nas Usinas de
Beneficiamento de Minério de Ferro
Monografia apresentada à Universidade
Federal de Minas Gerais, como requisito
parcial para obtenção do título de Pós-
Graduação em Engenharia de Recursos
Minerais.
Área de concentração: Processamento de
Minérios de Ferro
Professor orientador: George Eduardo
Sales Valadão
Belo Horizonte
Junho 2013
AGRADECIMENTOS
- Aos meus pais e ao meu noivo Mateus Henriques pela motivação e apoio constante.
- Ao George Eduardo Sales Valadão, meu orientador, pela sua atenção e paciência durante
a preparação do trabalho.
- Aos membros da Banca Examinadora, pela leitura do texto e pelas sugestões oferecidas
ao trabalho.
- Aos colegas de sala que dividiram comigo momentos de grande aprendizado.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 10
2. OBJETIVO E RELEVÂNCIA ................................................................................ 11
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................ 12
3.1 Uso da água na mineração do minério de ferro .................................................... 12
3.2 Balanço de massas e metalúrgico ......................................................................... 12
3.3 Balanço de água .................................................................................................... 17
3.4 Água na Moagem ................................................................................................. 19
3.5 Água no Peneiramento.......................................................................................... 22
3.6 Água na Classificação .......................................................................................... 26
3.6.1 Ciclonagem .................................................................................................... 26
3.6.2 Classificação Espiral...................................................................................... 29
3.7 Água na Separação Magnética ............................................................................. 32
3.8 Água na Flotação .................................................................................................. 35
3.9 Sistema de drenagem industrial ............................................................................ 40
3.9.1 Cenário 1 – Paradas de emergência ............................................................... 40
3.9.2 Cenário 2 – Regime contínuo de operação de resíduo .................................. 41
3.9.3 Caixas de retenção de resíduos ...................................................................... 42
3.10 Legislação federal de recursos hídricos .............................................................. 43
3.11 Legislação de reúso de água ............................................................................... 44
3.12 Reutilização/Recirculação da água na mineração .............................................. 46
3.12.1 Recuperação de água dos espessadores ....................................................... 47
3.12.2 Recuperação de água dos filtros .................................................................. 49
3.12.3 Recuperação de água da barragem de rejeitos ............................................. 51
3.13 Efluentes no processamento mineral .................................................................. 54
3.14 Qualidade da água recuperada/reutilizada no processamento mineral ............... 55
3.15 Tratamento da água no beneficiamento mineral................................................. 56
3.15.1 Processos físicos .......................................................................................... 59
3.15.2 Processos químicos ...................................................................................... 59
3.15.3 Processos biológicos .................................................................................... 59
3.16 Gerenciamento de recursos hídricos através da integração de processos ........... 59
4. ESTUDO DE CASO ................................................................................................. 62
4.1 Fluxograma de Processo c/ Balanço de Massas ................................................... 65
4.2 Balanço de Água Macro ....................................................................................... 73
5. CONCLUSÕES ......................................................................................................... 76
6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................. 77
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................... 78
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1: Balanço Macro de Água (ECM, 2012) ........................................................ 18
Figura 3.2: Representação esquemática de um moinho de bolas (SALES, 2009) ......... 20
Figura 3.3: Fluxograma esquemático para circuito fechado de moinho de bolas (SALES,
2009) ............................................................................................................................... 21
Figura 3.4: Sprays de água nas peneiras vibratórias (Arquivo Pessoal, 2011) ............... 23
Figura 3.5: Grelha Fixa (a), Peneira Rotativa (b), Peneira Vibratória Horizontal (c),
Peneira Banana (d) (METSO, 2013) .............................................................................. 24
Figura 3.6: Constituição de uma peneira vibratória inclinada (MSR, 2013) .................. 25
Figura 3.7: Desenho esquemático das seções e/ou partes de um hidrociclone (SALES,
2009) ............................................................................................................................... 27
Figura 3.8: Variáveis operacionais e as forças de atuação no hidrociclone (SALES, 2009)
........................................................................................................................................ 28
Figura 3.9: Fluxograma de engenharia esquemático para alimentação de uma bateria de
hidrociclones (Arquivo Pessoal, 2012) ........................................................................... 29
Figura 3.10: Desenho Esquemático Classificador Espiral (Adaptado Engendrar, 2013) 30
Figura 3.11: Classificador Espiral ITM D Pico (Arquivo pessoal, 2011) ...................... 31
Figura 3.12: Desenho esquemático do concentrador Jones (Adaptado WILLS e NAPIER-
MUNN, 2006) ................................................................................................................. 33
Figura 3.13: Desenho esquemático em perspectiva do concentrador Jones (Adaptado
(WILLS e NAPIER-MUNN, 2006) ............................................................................... 33
Figura 3.14: Desenho esquemático sobre a distribuição de água no concentrado da
separação magnética (ECM, 2012) ................................................................................. 35
Figura 3.15: Desenho esquemático de uma coluna de flotação (VIANA, 2012) ........... 36
Figura 3.16: Coluna de flotação em teste de laboratório para minério de ferro (Arquivo
pessoal, 2009) ................................................................................................................. 37
Figura 3.17: Bancos de Células de Flotação (VIANA, 2012) ........................................ 37
Figura 3.18: Fluxograma de processo – drenagem industrial (ECM, 2012) .................. 42
Figura 3.19: Caixa de contenção de resíduos Casa de Pedra CSN (ECM, 2012) .......... 43
Figura 3.20: Desenho esquemático de um espessador contínuo convencional (LUZ et al.,
2010) ............................................................................................................................... 48
Figura 3.21: Overflow do Espessador de Lamas, Mina de Brucutu (Arquivo Pessoal,
2011) ............................................................................................................................... 48
Figura 3.22: Desenho esquemático do ciclo da filtragem (Adaptado TORR-
ENGENHARIA, 2013) ................................................................................................... 50
Figura 3.23: Desenho esquemático de um conjunto de filtragem (Arquivo Pessoal, 2011)
........................................................................................................................................ 50
Figura 3.24: Método de montante (ALBUQUERQUE FILHO, 2004) .......................... 52
Figura 3.25: Método de jusante (ALBUQUERQUE FILHO, 2004) .............................. 52
Figura 3.26: Método de linha de centro (ALBUQUERQUE FILHO, 2004) ................. 53
Figura 3.27: Integração de Processos (MOREIRA, 2009) ............................................. 60
Figura 4.1: Diagrama de Blocos - Rota de Processo Esquemática ................................ 64
Figura 4.2: Fluxograma de Processo c/ Balanço de Massas ........................................... 65
Figura 4.3: Captação e Distribuição de Água Nova e Recuperada das Barragens de
Rejeitos ........................................................................................................................... 69
Figura 4.4: Gráfico - Captação de Água Nova e Recuperada ........................................ 72
Figura 4.5: Balanço de Água Macro ............................................................................... 73
Figura 4.6: Balanço de Produto ...................................................................................... 75
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1: Fórmulas para elaboração dos cálculos dos balanços de massas e metalúrgico
(VALADÃO, 2007) ........................................................................................................ 14
Tabela 3.2: Fórmulas utilizadas para derivação parcial da equação de recuperação
metalúrgica (VALADÃO, 2007) .................................................................................... 15
Tabela 3.3: Fórmulas utilizadas para o cálculo da variância (VALADÃO, 2007) ........ 16
Tabela 3.4: Perdas de água de utilidades e serviço (ECM, 2012) .................................. 19
Tabela 3.5: Fórmulas utilizadas para o cálculo da vazão de água no peneiramento a úmido
(GALERY et al, 2007) ................................................................................................... 23
Tabela 3.6: Comparação entre os métodos construtivos de barragem de rejeitos (LUZ et
al., 2010) ......................................................................................................................... 54
Tabela 3.7: Contaminantes e respectivas operações/tratamentos para os efluentes
industriais (CIMM, 2013) ............................................................................................... 58
Tabela 4.1: Regime Operacional da Planta .................................................................... 62
Tabela 4.2: Características do ROM (Run of Mine) ....................................................... 63
Tabela 4.3: Água recirculada do overflow dos espessadores.......................................... 66
Tabela 4.4: Captação e distribuição de água nova e recuperada .................................... 68
Tabela 4.5: Caso Base – captação de 70% de água recuperada das barragens............... 70
Tabela 4.6: Caso 1 – captação de 0% de água recuperada das barragens ...................... 71
Tabela 4.7: Caso 2 – captação de 90% de água recuperada das barragens .................... 71
RESUMO
As atividades do processamento mineral estão interligadas ao uso da água na maioria de
suas etapas. O conhecimento sobre as aplicações e recirculação da água é possível através
dos balanços de massas, metalúrgico e de água que quantificam as vazões de água
necessárias para cada circuito de operação. A recuperação da água nas barragens de
rejeitos, no overflow dos espessadores e no filtrado dos filtros, representa diminuição
significativa na captação de água nova, atuando como água de processo em etapas como:
peneiramento, moagem, classificação, separação magnética e flotação, bem como nas
utilidades e serviços da planta. O desenvolvimento de ferramentas que possibilitam o
gerenciamento dos recursos hídricos dentro da indústria está atrelado à legislação
ambiental e a novas tecnologias que priorizam o uso consciente da água. O estudo de caso
apresentado nesse trabalho tornou possível a quantificação da água dentro da usina de
beneficiamento e evidenciou que do total de água requerida às utilizações da mina e usina,
obteve-se a recuperação de 53,07% de água da barragem de rejeitos, a captação de água
nova alcançou 46,93% e a recirculação foi de 87,67% de água do overflow dos
espessadores destinada às aplicações de processo, mostrando que o reúso da água é
imprescindível na indústria mineral. O reúso da água e a diminuição da geração dos
efluentes aquosos, significa a redução dos custos na captação de água nova, no tratamento
de efluentes industriais e no consumo de energia, contribuindo dessa maneira na
otimização de todo o processo de produção e gerando aos produtos finais alto valor
agregado no mercado consumidor.
Palavras-chave: Água, Utilizações, Reúso, Gerenciamento.
ABSTRACT
The activities in mining processes are connected with the use of water in most of its
stages. The knowledge in applying and recycling water is possible through mass,
metallurgical and water balancing in which quantify the water flow needed for each
operation level. The recovery of water at tailing dams, thickener overflow and the water
at the filterer represents a substantial reduction on new water flow acting as process water
in stages like screening, grinding, classification, magnetic separation, flotation and plant
utilities and services. The development of tools that make possible for the administration
of water resources inside the industry is dependent to the legislation concerning this topic
as well as new technologies, in which elevates the priority in the conscious use of water.
The study presented in this work makes the quantifying of water inside the process plant
possible and highlights that the total water required by the mine and plant, 53,07% water
was obtained as recovery in the tailings dam, 46,93% from new water flow and 87,67%
from the recycling of water from the thickener’s overflow, destined to applications in the
process, showing that the reutilization of water is indispensable in the mining industry.
Reutilizing the water and reducing the generation of liquid waste means reduction of costs
acquiring new water, treating industrial waste products, power consumption and
contributes to the optimization of all industrial process tree elevating the overall inherent
value of its products in the consumer market.
Keywords: Water, uses, reutilization, management.
10
1. INTRODUÇÃO
A água é o principal insumo utilizado em quase todas as etapas do processamento mineral,
desde a captação de água nova, destinada ao start up (partida) da usina de beneficiamento
e aplicações para etapas diferenciadas como a preparação de reagentes, selagem das
bombas de polpa e água potável, até a recuperação e/ou recirculação de água na barragem
de rejeitos, no overflow dos espessadores, e no filtrado dos filtros.
Na elaboração de uma rota de processo são desenvolvidos balanços de massas e
metalúrgicos, que usualmente envolvem a quantificação de entradas e saídas de água e do
minério presentes nas usinas de beneficiamento. Estes irão influenciar de maneira
significativa o desenvolvimento dos projetos de mineração.
A quantificação da água necessária nas partidas e paradas da usina de beneficiamento será
realizada através do balanço de água, que possibilita o cálculo sobre a vazão de água que
deverá ser captada, o consumo de água necessária aos locais de utilização na usina
(moagem, peneiramento, classificação, flotação, etc.) e quanto ao seu reúso dentro das
etapas do circuito.
A determinação do balanço hídrico na utilização da água no processamento mineral é
fundamental para o controle da quantidade e qualidade da água que será distribuída na
planta.
O gerenciamento do uso da água será realizado de acordo com as aplicações legais da
constituição brasileira e também através da tecnologia que busca apresentar a realidade
das usinas de beneficiamento referente às utilizações e ao reúso da água no processamento
mineral, com objetivos de maximização do reúso da água e a diminuição da geração dos
efluentes aquosos, contribuindo para o uso racional e eficiente da água, além de agregar
valor econômico aos produtos desenvolvidos a partir de ações que visam a conservação
e racionalização do uso da água.
11
2. OBJETIVO E RELEVÂNCIA
O objetivo deste trabalho visa compreender o desenvolvimento dos balanços de massas e
água, utilizações e reúso da água no beneficiamento do minério de ferro nas diferentes
etapas do circuito, tratamento, monitoramento, gerenciamento da água e apresentar um
estudo de caso baseado em uma situação real, adaptado e modificado, para exemplificar
quantitativamente o consumo de água na indústria mineral.
A relevância deste estudo engloba a importância do conhecimento relativo às utilizações,
reúso e gerenciamento da água, que possibilita a ação de práticas de racionalização e
conservação do uso da água dentro das empresas de mineração.
12
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1 Uso da água na mineração do minério de ferro
A água é um dos insumos mais utilizados nas atividades de mineração e de grande valor
econômico e ambiental. Sua utilização engloba vários processos no beneficiamento de
minérios, que empregam a separação a úmido em operações como: cominuição
(moagem), classificação (ciclonagem), separação magnética, flotação, pelotização e
outras (ANA, 2006).
Por se tratar de um recurso escasso e de extrema importância para o meio ambiente, o uso
da água deve ser racionalizado dentro da indústria. Dessa forma, torna-se importante a
recuperação da água em espessadores, barragens de rejeitos e filtros, que representa a
redução na captação de água nova, minimização na geração de efluentes para o meio
ambiente e redução dos custos operacionais, otimizando a relação entre consumo de água
e uso racional dentro da usina.
O controle da qualidade da água que entra no circuito de beneficiamento deve ser
realizado e especificado de acordo com as aplicações da mesma dentro do processo, bem
como nos efluentes aquosos gerados que serão descartados no meio ambiente após o
devido tratamento físico, químico e biológico.
3.2 Balanço de massas e metalúrgico
Para o desenvolvimento dos projetos de mineração é fundamental a elaboração do balanço
de massas e metalúrgico, que consistem nos cálculos de entrada (alimentação), saídas
(produtos finais) e erro de fechamento (perdas) no processamento mineral.
A concentração dos minérios envolve uma separação de espécies minerais que
comumente é representada em dois produtos: concentrado e rejeito. O concentrado
apresenta somente o elemento útil, enquanto que o rejeito contém o elemento não útil
(VALADÃO, 2007).
13
As características dos vários fluxos de um processo na usina de beneficiamento
determinam a qualidade dos produtos finais ou intermediários após tempos variados de
operação, são elas: percentagem de sólidos, vazão de água, distribuições granulométricas,
granulo químicas e mineralógicas, dentre outras, essas variáveis podem ser determinadas
continuamente através de amostragens sistemáticas realizadas dentro de um mesmo
período de análise, segundo relatório da CEMI, indisponível para acesso.
Para a elaboração dos balanços de massas e metalúrgico devem ser levados em conta os
critérios de produção e operação da usina, o que torna importante a procura de referências
em processos conhecidos, sendo decisivos para o fechamento e elaboração dos mesmos a
definição das cargas circulantes no circuito e o fechamento do balanço de água (ECM,
2012).
A quantificação da recuperação mássica e metalúrgica é realizada através de equações,
como pode-se analisar na Tabela 3.1, sua determinação está relacionada a uma incerteza,
visto que a avaliação das massas (por pesagem) e dos teores (por análise química) poderá
conter erros inerentes ao processo de coleta de informações (VALADÃO, 2007).
14
Tabela 3.1: Fórmulas para elaboração dos cálculos dos balanços de massas e metalúrgico
(VALADÃO, 2007)
Função do cálculo Fórmula
Determinação das massas de entrada e
saída no balanço
𝐴 = 𝐶 + 𝐸
Determinação das massas e teores de
entrada e saída no balanço
𝐴𝑎 = 𝐶𝑐 + 𝐸𝑒
Recuperação em massa
𝑅𝑚á𝑠𝑠𝑖𝑐𝑎 =𝐶
𝐴 =
(𝑎 − 𝑒)
(𝑐 − 𝑒)
Recuperação metálica
𝑅𝑚𝑒𝑡á𝑙𝑖𝑐𝑎 =𝐶𝑐
𝐴𝑎=
𝑐(𝑎 − 𝑒)
𝑎(𝑐 − 𝑒)
Relação de enriquecimento
𝑅𝑒 =𝑐
𝑎
Razão de concentração
𝑅𝑐 =𝐴
𝐶
Onde
𝐴 = massa da alimentação
𝐶 = massa do concentrado
𝐸 = massa do rejeito
𝑎 = teor de uma determinada espécie i na alimentação
𝑐 = teor da espécie i no concentrado
𝑒 = teor da espécie i no rejeito
As correções dos erros presentes nos cálculos das recuperações são realizadas através da
variação de R em relação aos teores da alimentação, concentrado e rejeito, onde obtém-
se a derivação parcial da equação referente a recuperação metálica (Tabela 3.2), e a
variância presente na determinação de R (VR) será fornecida pela equação na Tabela 3.3,
15
onde Va, Vc e Ve são as variâncias associadas a determinação dos teores a, c, e
(VALADÃO, 2007).
Tabela 3.2: Fórmulas utilizadas para derivação parcial da equação de recuperação
metalúrgica (VALADÃO, 2007)
Função do cálculo Fórmula
Determinação da variação da recuperação
metálica em relação aos teores da
alimentação, concentrado e rejeito
𝜕𝑅
𝜕𝑎=
100 ∙ 𝑐𝑒
𝑎2(𝑐 − 𝑒)
𝜕𝑅
𝜕𝑐=
100 ∙ 𝑒(𝑎 − 𝑒)
𝑎(𝑐 − 𝑒)2
𝜕𝑅
𝜕𝑒=
100. 𝑐(𝑐 − 𝑎)
𝑎(𝑐 − 𝑒)2
Onde
𝑎 = teor de uma determinada espécie i na alimentação
𝑐 = teor da espécie i no concentrado
𝑒 = teor da espécie i no rejeito
𝜕 = derivada parcial
16
Tabela 3.3: Fórmulas utilizadas para o cálculo da variância (VALADÃO, 2007)
Função do cálculo Fórmula
Determinação da variância associada ao
cálculo de R (VR)
𝑉𝑅 =𝜕𝑅
𝜕𝑎
2 ∙ 𝑉𝑎 +
𝜕𝑅
𝜕𝑐
2 ∙ 𝑉𝑐 +
𝜕𝑅
𝜕𝑒
2 ∙ 𝑉𝑒
Onde
𝑎 = teor de uma determinada espécie i na alimentação
𝑐 = teor da espécie i no concentrado
𝑒 = teor da espécie i no rejeito
𝜕 = derivada parcial
𝑉𝑎 = variância associada à determinação do teor de alimentação
𝑉𝑐 = variância associada à determinação do teor do concentrado
𝑉𝑒 = variância associada à determinação do teor do rejeito
O erro será aproximadamente 2σ (σ = desvio padrão), para um intervalo de confiança de
95%, considerando-se uma distribuição normal (VALADÃO, 2007).
A análise de separação refere-se a quantificação da qualidade da separação da operação
de beneficiamento. Essa avaliação pode ser feita através da fórmula de Índice de
Seletividade (IS) proposta por Gaudin (VALADÃO, 2007).
Quando se dispõe de um número maior de dados que o necessário para o fechamento de
um balanço de massas tem-se o balanço redundante. Essa condição possibilita a avaliação
e o monitoramento das etapas de beneficiamento, pois é necessário a redundância de
dados para o ajuste matemático das informações adquiridas, o que reduz o erro inerente
ao processo de amostragem manual ou automática, segundo relatório da CEMI,
indisponível para acesso.
O uso de sistemas inteligentes, através das ferramentas de programação matemática e
softwares, contribui para o desenvolvimento de métodos matemáticos apurados para
ajustes dos dados da planta, simulação e controle das diversas operações unitárias,
adequando o funcionamento e qualidade de produção na usina.
17
3.3 Balanço de água
Para a quantificação da água necessária ao beneficiamento mineral é desenvolvido o
balanço de água macro, onde são identificados os consumos gerais de água da usina,
estando os mesmos correlacionados aos balanços de massas e metalúrgico do minério.
Nos projetos de mineração o balanço de água macro compreende as entradas, que são
representadas, comumente, pela água recuperada da barragem de rejeitos, espessadores e
dos filtros, bem como água nova captada e água contida no ROM (Run of Mine),
representada pela umidade.
As saídas de água, que comumente englobam o underflow dos espessadores de
rejeito/lamas, água contida no produto final, perdas internas e externas, utilidades e
serviços que atendem, por exemplo, a selagem das bombas de polpa da usina, make up
(reposição) nas torres de resfriamento, preparação de reagentes, água potável, aspersão
de pilhas e abatimento de pó.
Um exemplo de balanço de água esquemático é mostrado Figura 3.1, nele estão calculadas
as entradas e saídas de água que devem apresentar o mesmo valor em m3/h de vazão, essa
condição indica o fechamento do balanço de água.
Nesse balanço de água, a recuperação de água da barragem de rejeitos/lamas foi
considerada igual a 55% (ECM, 2012).
18
ENTRADAS (m³/h) SAÍDAS (m³/h)
83
109
1108
613
200
669
Total Entradas: 1.391 ÁGUA NOVA Total Saídas: 1.391
BALANÇO DE ÁGUA MACRO
USINA DE CONCENTRAÇÃO DE
MINÉRIO
Pellet Feed
ROM
UF Espessador de Rejeitos
Perdas
Água recuperada da barragem
USINA DE CONCENTRAÇÃO DE
MINÉRIO
Figura 3.1: Balanço Macro de Água (ECM, 2012)
Para cada tipo de função/aplicação são utilizados critérios que avaliarão a vazão (m3/h) e
a qualidade da água exigidas no circuito requerido (Tabela 3.4).
Na ilustração da Tabela 3.4, utilizada principalmente para o cálculo das perdas de água
de utilidades e serviço, constam informações sobre as aplicações de água, os números de
pontos de distribuição que deverão ser atendidos, a vazão unitária e total requerida para
cada utilização, a simultaneidade, ou seja, quantos pontos de consumo serão utilizados ao
mesmo tempo, a vazão média de consumo, calculada a partir da multiplicação entre a
vazão total e a simultaneidade, a recuperação que existe em cada aplicação, e as perdas
de água durante o processo (ECM, 2012).
19
Tabela 3.4: Perdas de água de utilidades e serviço (ECM, 2012)
Aplicação NúmeroQ unit.
(m3/h)
Q total
(m3/h)
Simultaneidade Q média
(m3/h)
RecuperaçãoPerdas
(m3/h)
Serviço 200,0 6,5 1.300,0 7,5% 97,5 60,0% 39,0
Selagem de bombas de polpa 44,0 2,8 122,8 100,0% 122,8 90,0% 12,3
Reposição de torre de
resfriamento2,0 5,9 11,8 100,0% 11,8 0,0% 11,8
Água potável 1,0 5,2 5,2 100,0% 5,2 0,0% 5,2
Preparação de reagentes 136,8 100,0% 0,0
Aspersão 100,0 100,0% 100,0 0,0% 100,0
Total 474,1 168,3
UTILIDADES E SERVIÇO - USINA
A fonte de água que abastecerá as necessidades da usina é de extrema importância para a
viabilidade do empreendimento mineral, determinando até mesmo a localização da usina
de beneficiamento, dessa forma é fundamental a análise crítica da qualidade e quantidade
da água utilizada nas diferentes operações de processamento mineral.
3.4 Água na Moagem
Dentre as utilizações e distribuições da água destaca-se a etapa da moagem, que será
alimentada com minério e água de diluição e, eventualmente, soda cáustica para aumento
de dispersão da polpa e diminuição das taxas de desgaste dos corpos moedores (ECM,
2012).
A moagem compreende as operações de cominuição na granulometria abaixo de 19,05
mm e é realizada através dos mecanismos de compressão, impacto e abrasão (CHAVES
e PERES, 2012).
Os moinhos de bolas, de barras e de seixos, compreendem os equipamentos mais
importantes e de grande aplicação na etapa de cominuição de minério de ferro. São
constituídos por um corpo cilíndrico que gira em torno de seu eixo, sendo revestidos
internamente por material metálico ou de borracha. Os munhões sustentam todo o moinho
(carcaça, revestimento, tampas, corpos moedores, minério e água contidos no seu interior)
e giram dentro de mancais (Figura 3.2) (CHAVES e PERES, 2012).
20
Figura 3.2: Representação esquemática de um moinho de bolas (SALES, 2009)
A granulometria da alimentação e a percentagem de sólidos requerida no moinho estarão
interligados à quantidade de água de diluição que será acrescentada durante a etapa.
Como várias etapas do processamento mineral, a moagem possui como variáveis de
controle operacional a taxa de alimentação, granulometria da alimentação e do produto
moído, percentagem de carga circulante e de sólidos, grau de enchimento do moinho, que
devem ser muito bem estabelecidas dentro de parâmetros de produção adotados para a
obtenção do produto moído (SALES, 2009).
No caso da moagem de bolas utiliza-se uma percentagem de sólidos, em peso, variando
de 65 a 80%, dependendo do tipo de minério (WILLS e NAPIER-MUNN, 2006). É
notório que a água de diluição tem grande importância para a formação da polpa na etapa
da moagem a úmido, possibilitando também o transporte do produto da moagem para as
etapas subsequentes, através de bombeamento.
A malha de controle do circuito da moagem, conforme esquematizado na Figura 3.3, será
determinada a partir das necessidades de tamanho da alimentação e do produto, sendo
influenciada pelas variáveis operacionais (SALES, 2009):
21
a) taxa de alimentação: normalmente controlada em função da granulometria do
produto moído;
b) granulometria da alimentação (F80): normalmente controlada na operação unitária
que antecede a moagem;
c) granulometria do produto moído (P80): normalmente controlada na operação
unitária subsequente a moagem;
d) % de carga circulante (cc): controlada pela pressão e percentagem de sólidos na
alimentação da ciclonagem que fecha circuito com o moinho;
e) grau de enchimento do moinho: controla o nível de enchimento do moinho
(reposição da carga moedora).
Figura 3.3: Fluxograma esquemático para circuito fechado de moinho de bolas (SALES,
2009)
A água de processo necessária para a diluição da alimentação total do moinho será
adicionada (abertura da válvula) a partir dos dados coletados sobre: as taxas de
22
alimentação nova e da carga circulante (cc) em t/h, as densidades da polpa e percentagens
de sólido correspondente a cada alimentação.
A água de diluição da classificação será acionada na caixa de polpa, que recebe o produto
da moagem, mediante ao controle do nível de polpa na mesma, possibilitando a adequação
da percentagem de sólidos requerida para a alimentação da classificação da moagem de
bolas.
3.5 Água no Peneiramento
O peneiramento é a operação de separação de uma população de partículas em duas
frações de tamanhos diferentes, mediante a sua apresentação a um gabarito de abertura
fixa e predeterminada. Os dois produtos são denominados undersize (passante) e oversize
(retido) (CHAVES e PERES).
O peneiramento pode ser “a seco” quando é realizado com o material na sua umidade
natural, e “a úmido” ou ‘via úmida” quando o material é alimentado na forma de polpa
ou recebe água adicional por meio de sprays (espargidores) convenientemente dispostos
sobre os decks de peneiramento (CHAVES e PERES).
Segundo CORREIA (2010), a adição de água no peneiramento a úmido facilita a
passagem de finos através da tela de peneiramento, colaborando para separar o minério
grosso do fino.
No peneiramento a úmido são utilizados jatos de água através de bicos instalados em
tubos transversais com pressão entre 1 e 3 atm (Figura 3.4).
23
Figura 3.4: Sprays de água nas peneiras vibratórias (Arquivo Pessoal, 2011)
A vazão de água para a peneira (V) pode ser calculada pela equação mostrada na Tabela
3.5:
Tabela 3.5: Fórmulas utilizadas para o cálculo da vazão de água no peneiramento a úmido
(GALERY et al, 2007)
Função do cálculo Fórmula
Determinação da vazão de água no
peneiramento
𝑉 = 𝐾𝑃 ∙ 𝐶
Onde
𝐾𝑃 = fator (1 – 1,5 material limpo, e 1,5 – 3 material com argila
𝐶 = capacidade da peneira em m3/h
Os peneiramentos industriais a seco são realizados, normalmente, em frações
granulométricas até 6 mm, podendo atingir frações granulométricas até 1,7 mm com
eficiência razoável de peneiramento. A úmido, o peneiramento industrial compreende
24
uma granulometria de até 0,4 mm, sendo que recentemente tem sido possível peneirar
partículas mais finas, da ordem de 50 µm (CORREIA, 2010).
Os equipamentos de peneiramento compreendem: as grelhas (fixas e vibratórias), as
peneiras DSM, rotativas (trommel), vibratórias horizontais, vibratórias inclinadas e de
alta frequência (Figura 3.5).
(a) (b)
(c) (d)
Figura 3.5: Grelha Fixa (a), Peneira Rotativa (b), Peneira Vibratória Horizontal (c),
Peneira Banana (d) (METSO, 2013)
As peneiras vibratórias (Figura 3.6) são constituídas por um chassi robusto, apoiado em
molas, um mecanismo acionador do movimento vibratório e um, dois ou três suportes
para as telas (decks) (CHAVES e PERES).
25
Figura 3.6: Constituição de uma peneira vibratória inclinada (MSR, 2013)
Um dos mecanismos que influenciam no peneiramento é a estratificação da camada de
material, nele as partículas menores tende a escoar pelos espaços vazios existentes entre
as partículas maiores, dessa maneira a ação da vibração deve estratificar o leito de modo
que as partículas maiores fiquem por cima e as maiores por baixo (GALERY et al, 2007).
É importante avaliar os fatores que influenciam no comportamento das partículas, tais
como:
a) a área e a forma da superfície de peneiramento;
b) o tipo de superfície;
c) a inclinação da superfície;
d) a umidade do material;
e) a forma da partícula;
f) a granulometria da alimentação;
26
g) o fluxo da alimentação e a espessura da camada de material sobre a superfície;
h) o ângulo de incidência da alimentação.
Para a escolha do tipo de peneira vibratória convencional, os fabricantes de equipamentos
levam em consideração aspectos como: massa de alimentação; granulometria da
alimentação; densidade aparente do material; tamanho máximo na alimentação (top size);
umidade; forma das partículas; tipo de peneiramento (a seco ou a úmido); layout da usina;
produtos finais (GALERY et al, 2007).
3.6 Água na Classificação
A classificação é a separação de uma população original (denominada “alimentação”) em
duas outras populações, que diferem entre si através da distribuição relativa dos tamanhos
das partículas que as constituem: população grossa (composta por partículas com
dimensões superiores às da alimentação) e fina (composta por partículas com dimensões
menores às da alimentação) (CHAVES, 2007).
A operação de classificação é realizada pela ação do meio fluido em movimento dentro
do aparelho, de forma que a fração grosseira afunde podendo ser retirada por baixo do
equipamento (underflow) e a fração fina seja arrastada pela corrente fluida, sendo
descarregada por cima do aparelho (overflow) (CHAVES, 2007).
Os equipamentos de classificação atuam em faixas granulométricas em que o
peneiramento industrial mostra baixa eficiência e utiliza a gravidade ou a centrifugação,
são representados por equipamentos como: classificadores hidráulicos, os mecânicos e os
hidrociclones (GALERY et al, 2007).
3.6.1 Ciclonagem
Os hidrociclones apresentam vasta aplicação na atividade de tratamento mineral. Dentre
elas podem ser citadas (SAMPAIO, 2007):
a) no circuito fechado de moagem, com a classificação da alimentação da moagem;
27
b) na deslamagem de minérios para alimentação da flotação, para a remoção de
partículas menores que 10 µm;
c) nas operações de desaguamento.
A configuração dos hidrociclones (Figura 3.7), compreende um vaso com parte em
formato cilíndrico e parte em formato cônico, dotado de uma abertura de entrada, onde é
efetuada a alimentação e duas aberturas de saída, sendo que a saída da extremidade
inferior da porção cônica é denominada apex (underflow) e a saída na posição central da
base superior da porção cilíndrica é chamada vortex finder (overflow) (CHAVES, 2007).
Para a classificação de granulometria fina, entre 837 µm e 2 µm, os hidrociclones são
equipamentos muito utilizados na atualidade nas indústrias de mineração (GALERY et
al, 2007).
Figura 3.7: Desenho esquemático das seções e/ou partes de um hidrociclone (SALES,
2009)
As etapas de classificação da moagem de bolas e a deslamagem utilizam comumente água
de diluição na alimentação das baterias de hidrociclones, o overflow dessa classificação é
composto por material muito fino, que poderá ser encaminhado para a barragem de lamas
(ECM, 2012).
28
As variáveis operacionais existentes no funcionamento dos hidrociclones (Figura 3.8)
podem ser estabelecidas pelos seguintes itens:
a) percentagem de sólidos na alimentação: o aumento dessa variável tende a
aumentar o diâmetro de corte. Assim, quanto maior o valor desta variável, as
partículas mais grossas enfrentarão mais obstáculos para atravessar a zona de
centrifugação;
b) distribuição granulométrica na alimentação: determina a relação entre as frações
retida e passante na malha de classificação, ou seja, os sólidos residuais no
overflow, que determinarão o diâmetro de classificação;
c) pressão da alimentação: aumentando a pressão da alimentação significa maior
chance de decantação centrifuga às partículas menores, diminuindo o diâmetro de
corte.
Figura 3.8: Variáveis operacionais e as forças de atuação no hidrociclone (SALES, 2009)
O controle da percentagem de sólidos está correlacionado à adição de água de diluição na
alimentação das baterias de hidrociclones, logo, é de grande interesse estabelecer o
29
melhor parâmetro de execução para essa variável, pois ela irá impactar diretamente a
eficiência do processo.
A malha de controle da operação dos hidrociclones (Figura 3.9) será trabalhada através
da abertura ou fechamento da válvula de adição de água na caixa de bomba, relacionando
a percentagem de sólidos e a densidade da polpa na alimentação do(s) hidrociclones(s)
com o nível de polpa na caixa de bomba.
O set point da malha, geralmente inserido pelo operador de campo, indicará qual será a
posição da válvula de adição de água para diluição da polpa (ARAUJO, 2010).
Figura 3.9: Fluxograma de engenharia esquemático para alimentação de uma bateria de
hidrociclones (Arquivo Pessoal, 2012)
3.6.2 Classificação Espiral
Os classificadores espirais são equipamentos que apresentam grande simplicidade e
robustez, utilizados para separações granulométricas que compreendem a uma faixa de
0,8 mm a 44 µm (GALERY et al, 2007).
30
São constituídos de um tanque, sendo que em seu interior encontra-se um eixo envolvido
por uma ou mais hélices, as quais, girando, mantêm a polpa em suspensão. Essas hélices,
têm a função de remover o material sedimentado do fundo da calha (Figura 3.10)
(CORREIA, 2010).
O conjunto como um todo apresenta vários níveis de inclinação, sendo esta uma variável
de processo. O classificador em espiral é normalmente caracterizado pelo diâmetro da
espiral (CORREIA, 2010).
Figura 3.10: Desenho Esquemático Classificador Espiral (Adaptado Engendrar, 2013)
O material mais fino transborda pelo vertedouro (overflow), ao passo que o material
grosseiro afunda, sendo arrastado calha acima pela espiral e descarregado como
underflow (Figura 3.11). Nas usinas de beneficiamento de ferro é empregado para
controle da moagem e também para a obtenção de Sinter Feed (GALERY et al, 2007).
31
Figura 3.11: Classificador Espiral ITM D Pico (Arquivo pessoal, 2011)
As principais variáveis compreende (SALES, 2009):
a) inclinação: variável de processo, alterando com a mudança da altura dos apoios
das aparas do equipamento de 100 a 200;
b) área de transbordo do classificador: é uma das variáveis que afetam a capacidade.
Pode ser modificada variando-se a inclinação das paredes laterais do tanque;
c) imersão da espiral: variando-se a imersão da espiral no banho, varia a agitação
induzida por ela no volume de polpa imediatamente junto à superfície do banho,
exatamente no ponto onde ela descarrega pelo vertedouro do overflow. Se
aumentada a altura do vertedor, o que propicia maior submergência, resultará um
sistema menos turbulento com classificação mais fina;
d) diluição da polpa: quanto maior a percentagem de sólidos na alimentação mas
grosso será o tamanho do corte.
A adição de água no classificador espiral compreende o ajuste da percentagem de sólidos,
impactando na qualidade do overflow e na recuperação mássica do underflow.
32
3.7 Água na Separação Magnética
A separação magnética é uma técnica que pode ser utilizada tanto a seco como a úmido,
em geral, o método a seco é utilizado para granulometria grossa e o a úmido para mais
finas.
É um método de concentração que trabalha com a propriedade dos minerais que ocorre
em resposta a existência de um campo magnético, denominada susceptibilidade
magnética (LUZ et al., 2010).
De acordo com a susceptibilidade magnética de cada material existem: aqueles que são
atraídos pelo campo magnético, que dividem-se em ferromagnéticos, quando atraídos
fortemente pelo campo e paramagnéticos que são atraídos fracamente e os que são
repelidos por ele, denominados diamagnéticos (LUZ et al., 2010).
A concentração magnética atende amplo campo de aplicação, sendo utilizada em vários
tipos de minerais ferrosos e não ferrosos, na remoção de impurezas magnéticas presentes
nos minerais industriais, na purificação de águas residuais, na reciclagem de metais
contidos em resíduos industriais, dentre outras (LUZ et al., 2010).
No caso do minério de ferro o processo de concentração magnética realizará a separação
entre os minerais paramagnéticos (óxidos de ferro) e minerais diamagnéticos (silicatos),
utilizando a separação magnética a úmido de alta intensidade, o concentrador tipo Jones
(Figura 3.12).
33
Figura 3.12: Desenho esquemático do concentrador Jones (Adaptado WILLS e NAPIER-
MUNN, 2006)
No concentrador tipo Jones (Figura 3.13) existe um anel rotativo (carrossel), que
atravessa um campo magnético, no qual são instaladas as matrizes, a alimentação
atravessará uma região com campo de alta intensidade.
Figura 3.13: Desenho esquemático em perspectiva do concentrador Jones (Adaptado
(WILLS e NAPIER-MUNN, 2006)
34
Mediante a rotação contínua do equipamento as partículas mistas são descartadas da
matriz através de um jato de água de baixa pressão, as não magnéticas são descartadas
por arraste hidráulico e pela gravidade (rejeito) e as partículas magnéticas são atraídas
pelo magnetismo e ficam aderidas às placas de imantação (concentrado), estas serão
desprendidas da matriz após a aplicação de um jato de água de alta pressão em um ponto
onde o campo magnético é praticamente nulo (WILLS e NAPIER-MUNN, 2006).
A seletividade da separação é influenciada pelas variáveis operacionais que auxiliam no
controle do processo, tais como: intensidade de campo magnético, elemento de conversão
de fluxo, taxa de alimentação, percentagem de sólidos na polpa, velocidade do anel
rotativo ou rotor e descarga das partículas magnéticas (LUZ et al., 2010).
Na separação magnética de média e alta intensidade trabalha-se geralmente com a
percentagem de sólidos na alimentação variando de 38 a 48% e a água de lavagem, em
m³/h/t, que será adicionada para desprender o concentrado retido nas placas do separador
magnético, dependerá do controle das variáveis operacionais, bem como a relação do teor
de ferro na alimentação do equipamento, conforme o desenho esquemático Figura 3.14
(ECM, 2012).
35
Figura 3.14: Desenho esquemático sobre a distribuição de água no concentrado da
separação magnética (ECM, 2012)
3.8 Água na Flotação
A flotação é uma etapa de concentração que explora diferenças das propriedades físico-
químicas da superfície dos minerais. Trabalha com misturas heterogêneas de partículas
suspensas em fase aquosa (polpa). A seletividade do processo de flotação é obtida através
de distintos graus de hidrofobicidade (aversão a água) que as espécies minerais possuem
(PERES e ARAUJO, 2009).
A substância hidrofóbica é aquela cuja superfície é essencialmente não polar, o que indica
maior afinidade com o ar que com a água, enquanto que a substância hidrofílica é aquela
cuja superfície é polar, demonstrando maior afinidade com a água que com o ar (PERES
e ARAUJO, 2009).
Como na natureza poucas são as espécies minerais naturalmente hidrofóbicas, torna-se
necessária a adição de reagentes químicos para que ocorra a diferenciabilidade entre as
36
espécies. Isso é possível mediante a capacidade das partículas hidrofóbicas se prenderem
a bolhas de gás e assim a densidade do conjunto partícula-bolha torna-se menor que a do
fluido e o conjunto se desloca verticalmente para a superfície, onde fica retido e é
separado numa espuma, enquanto que as partículas das demais espécies minerais mantém
inalterada a sua rota (LUZ et al., 2010).
Desta maneira, as partículas hidrofobizadas serão arrastadas junto às bolhas de ar ao ponto
mais alto do equipamento (célula mecânica e coluna de flotação), enquanto que as
partículas hidrofílicas afundarão, por gravidade, no fundo do equipamento, de onde
poderão ser retiradas e direcionadas para outros estágios de flotação, conforme Figura
3.15, Figura 3.16 e Figura 3.17 (BALTAR, 2008).
Figura 3.15: Desenho esquemático de uma coluna de flotação (VIANA, 2012)
37
Figura 3.16: Coluna de flotação em teste de laboratório para minério de ferro (Arquivo
pessoal, 2009)
Figura 3.17: Bancos de Células de Flotação (VIANA, 2012)
É extremamente importante a compreensão dos reagentes químicos que são utilizados no
processo de flotação, eles possuem a função de induzir e inibir a afinidade das partículas
38
minerais pelas bolhas de ar, e podem ser denominados como coletores, espumantes,
depressores, ativadores e modificadores de pH (ANA, 2006).
Os coletores são reagentes que agem na interface sólido-líquido, alterando a superfície
mineral, que realiza a modificação do caráter hidrofílico da partícula para hidrofóbico,
sua estrutura molecular é composta de uma porção de natureza apolar (covalente) e de
outra porção de natureza polar (iônica). A parte polar pode apresentar diversas funções e
a parte apolar é sempre uma cadeia orgânica, de comprimento variável, podendo ser
linear, ramificada e até cíclica (LUZ et al., 2010).
Os espumantes são compostos tenso-ativos heteropolares, não ionizáveis, que apresentam
um grupo polar e uma cadeia hidrocarbônica, sendo capazes de se adsorverem na interface
água/ar. Sua principal função na flotação é a redução da tensão superficial na interface
água/ar, aumentando a resistência das bolhas, tornando-as mais dispersas e estáveis,
melhorando as condições para coleta das partículas que foram hidrofobizadas (LUZ et
al., 2010).
Os modificadores são reagentes orgânicos ou inorgânicos que possuem como objetivo
melhorar a seletividade e/ou recuperação durante a flotação, eles apresentam funções
distintas, tais como (PERES e ARAUJO, 2009):
a) modulação do pH: realizada através da adição de ácidos e bases;
b) modulação do Eh: importante na flotação de sulfetos, envolve a adição de
redutores e oxidantes;
c) controle do estado de agregação da polpa: mediante adição de dispersantes e
agregantes (coagulantes e floculantes);
d) ativação: pela adição de reagentes capazes de tornar mais eficaz e/ou seletiva a
ação dos coletores;
39
e) depressão: pela adição de reagentes capazes de inibir a ação do coletor e
hidrofilizar a superfície dos minerais que corresponderão ao material afundado da
flotação.
No caso da flotação de minério de ferro a rota de processo mais utilizada é a catiônica
reversa utilizando como coletor a amina que desenvolve a função de coletor-espumante e
o amido gelatinizado é utilizado como depressor e soda cáustica para controle do pH, que
deve estar em torno de 10,5 para minério de ferro.
A composição química da água é uma variável de controle da flotação, pois a água
utilizada no processo de flotação pode conter alta concentração de íons mediante os
processos de dissolução da polpa, provocando mudanças significativas na concentração
iônica da água, ocorrendo essa situação na água nova e na água recuperada de
espessadores e barragens de rejeitos (ANA, 2006).
Os íons presentes na polpa originados pela dissolução de determinadas espécies minerais
(Fe3+, Ca2+, Al3+), exercem ação depressora indesejável, a remoção desses íons deve ser
realizada antes da ação do coletor, que ocorrerá pela adição de reagentes denominados
sequestradores, que precipitam os íons existentes na polpa (LUZ et al., 2010).
O processo de recirculação da água que contém os reagentes da etapa de flotação
intensifica a presença desses reativos, o que influencia na recuperação no minério nestas
etapas de concentração (ANA, 2006). Deve ser realizado um tratamento adicional antes
da reciclagem da água, com o objetivo de remover a concentração iônica das espécies
minerais constituintes da polpa.
A presença de compostos orgânicos e inorgânicos, e até mesmo de resíduos sólidos
contidos na água de reciclagem podem inviabilizar a flotação, podendo causar sérios
danos no processo, tais como: a formação de complexos entre os metais e os íons dos
coletores, ambos dissolvidos no meio aquoso, o que reduz o efeito coletor dos íons e a
existência de certos cátions no meio aquoso (LUZ et al, 2010).
Assim, é de extrema importância as análises de laboratório para conhecer as
características químicas e físicas da água utilizada na etapa da flotação, através da
40
realização de ensaios com a água que alimentará o circuito e a água que será descartada
na etapa final do processo de flotação. Esse controle evitará futuros transtornos nas
operações industriais e manterá a qualidade de recuperação metalúrgica do minério (LUZ
et al., 2010).
3.9 Sistema de drenagem industrial
O sistema de drenagem industrial é uma rede de canaletas e tubulações que permitem o
escoamento do resíduo sólido gerado em uma planta de beneficiamento, direcionando-o
para um tanque de contenção ou para uma barragem de rejeitos (ECM, 2012).
A drenagem industrial compreende dois cenários de atuação, são eles (ECM, 2012):
a) cenário 1 (um): paradas de emergência (em caso de queda de energia);
b) cenário 2 (dois): regime contínuo de operação de resíduo (sistema de
monitoramento e controle do resíduo gerado na usina por meio de uma rota
definida de processo).
O sistema de drenagem industrial não promove o aumento da recuperação em massa nas
etapas de beneficiamento. Ele atua minimizando as perdas no circuito, contribuindo para
a redução de resíduos sólidos que são encaminhados para as barragens de rejeitos.
3.9.1 Cenário 1 – Paradas de emergência
São paradas não programadas ocasionadas por quedas de energia ou interrupção de um
determinado fluxo correspondendo a um nó do processo, o que acarreta a parada dos
equipamentos pela lógica de controle (intertravamento) (ECM, 2012).
Quando ocorre a parada de emergência as canaletas recebem toda a vazão instantânea
relativa ao nó onde ocorreu o intertravamento e demais nós da usina, estes direcionam os
fluxos de polpa à caixa de contenção de resíduos ou para a barragem de rejeitos.
41
3.9.2 Cenário 2 – Regime contínuo de operação de resíduo
Compreende as vazões instantâneas que são referentes as descargas de caixas de bombas,
tubulações e vazamentos.
O gerenciamento do regime contínuo de operação de resíduo consiste nas seguintes
premissas (ECM, 2012):
a) criar um fluxograma de processo com balanço de massas por área (Figura 3.18),
por exemplo moagem, classificação, flotação, etc;
b) adotar a percentagem de sólidos média de descarga da área;
c) retornar o material grosso não concentrado para o circuito de moagem;
d) dimensionar as bombas de polpa com 10% de overflow das caixas de bomba;
e) direcionar o overflow das caixas de bomba para a caixa de retenção de resíduos;
f) dividir a caixa de resíduo em dois compartimentos;
g) instalar bombas verticais para fazer a limpeza dos compartimentos;
h) direcionar o fluxo das bombas verticais para uma caixa dotada de bombas
horizontais;
i) direcionar os fluxos das bombas horizontais para a caixa de bomba da descarga
dos moinhos quando estes existirem;
j) dimensionar o sistema para uma vazão que não ultrapassa a 80% do volume de
água de repolpagem injetada na caixa de bomba da descarga do moinho;
42
k) partir da premissa que 10% da massa alimentada por área corresponde a perda.
Este valor deverá ser ajustado para atender o volume de 80% da água de
repolpagem da caixa de bomba do moinho primário;
l) o balanço de massas deverá entrar no fluxograma de processo da moagem como
fluxo alternativo (eventual).
Figura 3.18: Fluxograma de processo – drenagem industrial (ECM, 2012)
3.9.3 Caixas de retenção de resíduos
Caixas ou tanques de contenção de resíduos são bacias de concreto ou uma cava em
terreno natural, que tenham capacidade de armazenar até duas vezes e meia o volume de
descarga de uma planta de beneficiamento (Figura 3.19) (ECM, 2012).
43
Figura 3.19: Caixa de contenção de resíduos Casa de Pedra CSN (ECM, 2012)
Para o dimensionamento de uma caixa de contenção de resíduos são adotadas as seguintes
premissas (ECM, 2012):
a) acesso para pá mecânica;
b) inclinação máxima da rampa em 12%;
c) capacidade de armazenamento de 2,5 vezes a descarga da usina;
d) quantificação dos volumes de polpa contidos nas caixas de bombas e tubulações.
3.10 Legislação federal de recursos hídricos
A Política Nacional de Recursos Hídricos pode ser compreendida e estudada na Lei
Federal nº 9.433, de 08/01/1997 (SETTI et al., 2000), essa representa a adequação do uso
da água com relação a real situação desse recurso que é cada vez mais escasso e que
requer etapas de tratamento mais avançadas e onerosas.
44
Segundo SETTI (2000) os aspectos relevantes da Lei nº 9.433 colaboram como
instrumentos essenciais para o gerenciamento do uso da água:
a) plano nacional de recursos hídricos, que desenvolve a atualização e consolidação
dos Planos Diretores de Recursos Hídricos, estes são elaborados por bacia
hidrográfica;
b) outorga de direito de uso dos recursos hídricos, a partir do qual o usuário recebe
autorização, concessão ou permissão para utilização da água, incentiva o uso
racional dos recursos hídricos;
c) cobrança pelo uso da água, promove a racionalização do consumo da água e ações
de reutilização/reciclagem da água em processos que estejam de acordo com a
qualidade da mesma, promovendo a valorização econômica e ambiental do
recurso hídrico;
d) enquadramento dos corpos de água em classes de uso, que possibilita a correlação
entre a gestão da quantidade e a gestão da qualidade da água, indicando as
características químicas, físicas e biológicas do local de captação da água primária
até aos efluentes gerados dos processos que utilizam a água como insumo;
e) sistema nacional de informações sobre recursos hídricos, sistema de banco de
dados que é responsável pela coleta, organização, critica, divulgação de
informações relacionadas aos recursos hídricos e o balanço hídrico realizado para
cada manancial e bacia, sendo fonte de informações para os gestores, usuários e
sociedade sobre a realidade dos recursos hídricos disponíveis no meio ambiente.
3.11 Legislação de reúso de água
A conscientização sobre a escassez dos recursos hídricos prioriza o uso racional da água
reutilizada na indústria, sendo a água insumo que é utilizado na maioria das etapas da
mineração. Os fundamentos jurídicos e condicionantes legais para o reúso de água
possibilitam a determinação da qualidade da água, que é especifica para cada tipo de
atividade (MANCUSO e SANTOS, 2003).
45
A legislação de reúso da água compreende a lei 9433/97: Lei de recursos hídricos;
resolução 54/2005 do CNRH: Critérios sobre reúso e a NBR 13.969/97: Reúso da água.
A lei de recursos hídricos determina a utilização racional e integrada dos recursos
hídricos; a realização de metas de racionalização de uso, enfatizando a melhor qualidade
para os recursos hídricos; o incentivo da racionalização do uso da água através da
cobrança desse insumo.
O regime de outorga de direitos do uso de recursos hídricos aplicado ao reúso da água
possibilita ao usuário a dispensa de qualquer autorização por parte do poder público, visto
que a reutilização desse não está enquadrada na concessão do recurso (MANCUSO e
SANTOS, 2003).
É indiscutível que a reutilização ou reúso é uma das formas de redução da captação de
água, favorecendo o aumento da oferta e colaborando para a preservação ambiental, além
do reaproveitamento dos efluentes industriais no processo produtivo interno da indústria
(MANCUSO e SANTOS, 2003).
A cobrança pelo uso da água utiliza critérios bem particulares para o desenvolvimento do
cálculo do valor a ser cobrado, essa será realizada em dois momentos cumulativamente:
captação e lançamento (MANCUSO e SANTOS, 2003).
Para a determinação dos valores de cobrança na captação leva-se em consideração “o
volume retirado e seus regimes de variação”, enquanto que no lançamento deve-se
considerar “o volume lançado e seu regime de variação e as características físico-
químicas, biológicas e de toxidade do afluente”, visto que a água resultante das utilizações
no processo da indústria certamente possuirá novas características qualitativas
(MANCUSO e SANTOS, 2003).
Assim, na captação o valor será fixado ao metro cubico de água captada, enquanto que
no lançamento será avaliado a qualidade da água, sendo possível que não haja cobrança
ao usuário (MANCUSO e SANTOS, 2003).
46
3.12 Reutilização/Recirculação da água na mineração
O desafio na mineração corresponde a necessidade de recuperação da água utilizada nos
processos de tratamento do minérios. Torna-se de extrema importância o reúso e a
reciclagem da água, mediante a realidade da escassez de água, as limitações ambientais
sobre a utilização das fontes de água e os elevados custos de captação e tratamento desse
insumo indispensável ao processo industrial do beneficiamento de minérios.
Segundo MANCUSO e SANTOS (2003) pode-se identificar as formas de reutilização da
seguinte forma:
a) reúso direto planejado de água: estando os efluentes devidamente tratados, esses
são lançados diretamente do ponto de descarga ao qual correspondem até o local
do reúso, dessa maneira não são descarregados no meio ambiente;
b) reciclagem de água: trata-se do reúso interno da água, antes de ser descarregada
em um sistema de tratamento, sendo utilizada como fonte complementar de
abastecimento do uso original, correspondendo ao caso particular de reúso direto.
O reúso da água na indústria da mineração compreende os benefícios ambientais, tais
como a redução do lançamento de efluentes industriais em cursos d’água e redução da
captação de água nova; econômicos que englobam a adequação das empresas com relação
ao respeito dos padrões e normas ambientais estabelecidos pelos órgãos fiscalizadores.
Dessa forma, torna-se possível a melhor inserção dos produtos brasileiros nos mercados
internacionais, mudanças nos padrões de produção e consumo, redução dos custos de
produção; aumento da competitividade do setor minerário, habilitação para receber
incentivos e coeficientes redutores dos fatores da cobrança pela utilização da água; e
sociais que compreende a ampliação na geração de empregos diretos e indiretos e
melhoria da imagem da empresa perante à sociedade, com reconhecimento de
empreendimentos socialmente responsáveis e conscientemente ambientais
(HESPANHOL et al., 2006).
47
Na atividade da mineração a água que é reutilizada/reciclada retorna ao processo após
tratamento ou não, apresentando características físicas e químicas coerentes as aplicações
em que serão utilizadas. A reciclagem compreende a água dos espessadores, dos filtros,
dos sistemas de recuperação, das bacias de rejeitos, entre outros (ANA, 2006).
3.12.1 Recuperação de água dos espessadores
O espessamento é uma operação do beneficiamento mineral que consiste na separação
sólido-líquido das polpas, que trabalha com sedimentação em grande escala, sendo que a
operação é realizada no equipamento mecânico denominado espessador (CHAVES,
2010).
O espessador recebe uma polpa diluída (entre 5 e 10% de sólidos) e tem como objetivo
adensar (underflow) os produtos da usina, sendo eles: concentrado final, lamas e rejeitos,
com percentagem de sólidos (entre 50 e 75%) que permita o bombeamento para os
respectivos destinos dos mesmos (CHAVES, 2010) e a recuperação/recirculação de água
(VALADÃO, 2007).
Os equipamentos utilizados na indústria da mineração são construídos em aço ou em
concreto armado e são classificados em: espessadores convencionais; espessadores de alta
capacidade; espessadores de lamela; cones de sedimentação (VALADÃO, 2007). Nesse
trabalho será abordado somente o espessador convencional.
O espessador convencional (Figura 3.20), é um tanque circular sendo que a alimentação
do mesmo é feita na área central, em que um dispositivo reduz a energia cinética da polpa,
o que possibilita o espalhamento homogêneo do material e a sedimentação do sólido.
48
Figura 3.20: Desenho esquemático de um espessador contínuo convencional (LUZ et al.,
2010)
Tem-se os componentes do equipamento identificados da seguinte forma: parte superior
cilíndrica, sendo o diâmetro maior que a altura; parte inferior representada por cone raso,
com apex direcionado para baixo; calha interna ou externa ao tanque, com objetivo de
coleta do overflow; calha de alimentação; passarela para mecanismo de giro de braços e
pás; sistema de remoção do underflow (VALADÃO, 2007).
Assim como o underflow do espessador prepara o material adensado para as etapas
subsequentes de operação, o overflow corresponde a água que será recuperada/
recirculada no processo, sendo encaminhada, geralmente, por gravidade para o
reservatório de água recuperada da planta de beneficiamento e deste reservatório a água
poderá ser bombeada para suas utilizações dentro do processo (Figura 3.21).
Figura 3.21: Overflow do Espessador de Lamas, Mina de Brucutu (Arquivo Pessoal,
2011)
49
Objetivando melhorar a qualidade da água recuperada do overflow e a percentagem de
sólidos no underflow do espessamento, realiza-se a adição de coagulantes e floculantes
na alimentação do equipamento, assim as micro partículas serão aglomeradas e possuirão
massa suficiente para afundarem mediante a ação do campo gravitacional, essas micro
partículas são denominadas coloides com tamanho entre 1 µm e 1nm (REIS, 2010).
3.12.2 Recuperação de água dos filtros
A filtragem é uma operação de separação sólido-líquido que é caracterizada pela
passagem de uma determinada polpa através de um meio filtrante, onde ocorrerá a
retenção do sólido, denominada torta, e a passagem do líquido, denominado filtrado, seu
objetivo compreende a retirada de água de concentrados e rejeitos finais, preparando o
produto final para as especificações do mercado (VALADÃO, 2007).
A ação externa aplicada sobre as partículas, através do meio filtrante será obtida através
de: gravidade, vácuo, pressão ou centrifugação (VALADÃO, 2007).
No beneficiamento mineral são comumente utilizados os filtros a vácuo, que realizam o
desaguamento do produto final (concentrados e rejeitos). No caso do minério de ferro a
umidade máxima especificada pelo mercado consumidor corresponde a 10% (90% de
sólidos em peso), sendo esse um parâmetro determinístico na qualidade da filtragem
obtida no processo.
A operação é contínua e sempre cíclica, sendo o ciclo da filtragem composto pelas
seguintes fases (Figura 3.22) (CHAVES, 2010):
a) formação da torta: acumulação de determinado volume de minério junto ao meio
filtrante;
b) secagem: aspiração da água contida na torta pelo meio filtrante;
c) descarga: estando a torta desaguada esta será descarregada através do sistema de
sopro na tela (inversão do fluxo de ar), assim a torta é desprendida da tela e o poro
é desobstruído.
50
Figura 3.22: Desenho esquemático do ciclo da filtragem (Adaptado TORR-
ENGENHARIA, 2013)
São fatores que influenciam a filtragem a viscosidade, temperatura, densidade da polpa,
espessura da torta e velocidade média do ciclo da filtragem (SAMPAIO et al., 2007).
O circuito de filtragem é constituído do filtro, dos sistemas de transporte do filtrado e da
torta (filter cake), da linha de vácuo e da bomba de vácuo (Figura 3.23) (CHAVES, 2010).
Figura 3.23: Desenho esquemático de um conjunto de filtragem (Arquivo Pessoal, 2011)
51
A torta desaguada, comumente, é encaminhada para um transportador de correia e deste
será transferida para o pátio de produtos, enquanto que o filtrado poderá retornar ao
tanque de alimentação da filtragem ou para a alimentação do espessador de concentrado.
3.12.3 Recuperação de água da barragem de rejeitos
Os rejeitos produzidos no beneficiamento mineral, que passaram por todas as etapas de
tratamento, são encaminhados, através de bombeamento ou por gravidade para a
barragem de rejeitos, que é uma construção destinada a contenção dos resíduos gerados
na mineração e possibilita a recirculação de água para a usina.
As barragens podem ser construídas através dos materiais provenientes do solo, estéreis
ou o próprio rejeito (ARAÚJO, 2006). Algumas premissas são adotadas para sua
construção, tais como: separação da fração grossa e fina, mediante diferenças quanto as
propriedades geotectônicas; controle da granulometria; desenvolvimento de sistemas de
drenagem; compactação dos materiais que compõe a estrutura de contenção; proteção
superficial da barragem e outras.
A água recuperada da barragem corresponde a um percentual de água nova que não será
captada, pois a água de recuperação da barragem irá suprir parte das necessidades da água
de processo para a usina.
A construção das barragens compreende sucessivos alteamentos que serão desenvolvidos
ao longo do tempo, com o objetivo de atender o volume de rejeitos que será gerado no
decorrer da vida útil da mina. Além de economicamente atraente, o tipo de construção da
barragem por alteamentos sucessivos demonstra grande flexibilidade construtiva, em
razão da variação de volumes de rejeitos que poderão ser armazenados, favorecendo as
flutuações do mercado que afetam diretamente a produção (LUZ, et al., 2010).
Um dique de partida é construído e a partir desse serão realizados os alteamentos, que são
compostos por materiais compactados originados de áreas de empréstimo, ou com o
próprio rejeito, mediante a utilização de três métodos: montante, jusante ou linha de
centro (ARAÚJO, 2006).
52
O método a montante apresenta-se econômico e de simples aplicação na construção das
barragens de rejeitos e o ponto de partida na execução deste método compreende o
desenvolvimento do dique de partida, comumente de material argiloso ou enrocamento
compactado (Figura 3.24) (ARAÚJO, 2006).
O rejeito é lançado em direção a montante da linha de simetria do dique através de
ciclones ou pequenas tubulações denominadas “spigots”, formando dessa forma a praia
de deposição.
Figura 3.24: Método de montante (ALBUQUERQUE FILHO, 2004)
Na etapa inicial do método a jusante é realizada a construção de um dique de partida,
normalmente de solo ou enrocamento compactado. Após esse procedimento os
alteamentos que serão realizadas ao longo da operação da usina serão realizados a jusante
do dique de partida (Figura 3.25).
Figura 3.25: Método de jusante (ALBUQUERQUE FILHO, 2004)
O método por linha de centro encontra-se intermediário entre o método da linha de
montante e o da linha de jusante, inclusive em relação aos custos. Inicialmente é
construído um dique de partida (dique inicial) e os rejeitos são lançados perifericamente
a montante do mesmo, formando uma praia, conforme Figura 3.26.
53
O alteamento que se segue será realizado lançando-se os rejeitos sobre a praia
anteriormente formada e sobre o talude de jusante do dique de partida. Neste processo, o
eixo da crista do dique inicial e dos diques resultantes dos sucessivos alteamentos são
coincidentes (LUZ et al., 2010).
Figura 3.26: Método de linha de centro (ALBUQUERQUE FILHO, 2004)
A Tabela 3.6 compara as vantagens e desvantagens atribuídas a cada método adotado.
Essa comparação é determinante para a escolha do que poderá ser aplicado na construção
da barragem de rejeitos.
54
Tabela 3.6: Comparação entre os métodos construtivos de barragem de rejeitos (LUZ et
al., 2010)
Método de
Montante
Método de
Jusante
Método de Linha
de Centro
Características
Gerais
É o mais antigo e o
mais empregado na
atualidade.
Lançamento a partir
da crista por spigots
(as frações grossas
se depositam junto
ao corpo da
barragem.
Também podem ser
utilizados
hidrociclones.
Construção de
dique inicial
impermeável e
barragem de pé.
Separação dos
rejeitos na crista do
dique através de
hidrociclones.
Barragem com
dreno interno e
impermeabilização
a montante.
Variação do método
de jusante.
Vantagens Menor custo e maior
velocidade de
alteamento.
Maior segurança.
Compactação de
todo o corpo da
barragem.
Variação do volume
de underflow em
relação ao método a
jusante.
Desvantagens Maior probabilidade
de instabilidade em
virtude da existência
de finos não
adensados próximo
ao corpo da
barragem.
Baixa compacidade
do material.
Possibilidade de
liquefação.
Necessidade de
grandes
quantidades de
underflow
(problemas nas
primeiras etapas).
Deslocamento do
talude de jusante
(proteção
superficial só no
final da
construção).
Pode ser necessário
estender os trabalhos
de compactação a
montante do eixo da
barragem.
3.13 Efluentes no processamento mineral
O beneficiamento mineral gera os efluentes líquidos provenientes de sólidos em
suspensão, resíduos de reagentes químicos utilizados no tratamento de minérios,
principalmente na flotação.
É necessário a realização de análises que avaliem as características e propriedades físico-
químicas das águas residuais geradas nas etapas de beneficiamento, compreendendo
55
sólidos em suspensão e reagentes oriundos dos processos de flotação, a identificação das
condições dos efluentes gerados representa a principal fonte de informação para a escolha
dos tratamentos e monitoramento ideais para cada destinação/aplicação da água de
processo (LUZ et al., 2010).
A toxidade dos reagentes e dos íons é diferenciada havendo classes de muito tóxico, como
os coletores tiólicos (por exemplo, xantatos), sulfonatos, aminas e cianetos, de
moderados, como os espumantes à base de álcool e, de não tóxicos, como o polipropileno
glicol (LUZ et al., 2010).
A utilização de outros reagentes como os floculantes e coagulantes, para auxílio na
sedimentação de sólidos suspensos na etapa de espessamento de concentrado, lamas e
rejeitos, poderão apresentar na água recuperada dos espessadores quantidades residuais
de íons de cobre, zinco, sais solúveis de amina, e outros.
3.14 Qualidade da água recuperada/reutilizada no processamento mineral
São muitas as variáveis e imprevistos existentes nas operações da usina de
beneficiamento, mediante a essa situação é de extrema importância o conhecimento
técnico sobre os elementos mineralógicos dissolvidos na água e a influência destes no
desenvolvimento do processo (ANA, 2006).
Em razão da obtenção de informações sobre a qualidade da água fornecida ao sistema de
operação, torna-se necessária a utilização de métodos de monitoramento da água de
reciclagem e também da água nova.
É fundamental o controle sobre a água no beneficiamento de minérios, principalmente
nos processos de flotação, que conduz a utilização de parâmetros que possibilitarão o
acompanhamento diário através do monitoramento das áreas, como por exemplo: sólidos
em suspensão, variações de Eh e pH, reação e dissolução dos minerais, reagentes residuais
(LUZ et al., 2010).
56
As características da água recuperada/reutilizada ou nova serão definidas conforme a
aplicação da mesma no circuito operacional, tendo como parâmetros de análise o efeito
que será causado na operação de interesse (ANA, 2006).
O conhecimento da composição química da água e dos materiais contidos nela fornecerá
a base de implantação dos sistemas de tratamento e monitoramento da água nova e de
recirculação.
Essa composição química da água varia de acordo com a operação da usina. Em
consequência dessas variações o sistema de análise química deve ser contínuo,
representando maior segurança para o monitoramento das modificações inerentes ao
processo (ANA, 2006).
A utilização de um banco de dados referente a água que alimenta e recircula a planta é
fundamental para a análise sobre os aspectos da qualidade da água de processo que é
diferente em cada etapa da operação industrial.
3.15 Tratamento da água no beneficiamento mineral
Após a utilização da água no processo do tratamento de minérios, ela poderá ser
descartada ou reciclada no circuito da usina para os sistemas de tratamento dos efluentes
industriais, que compreendem a adequação da água para sua aplicação em determinadas
funções na indústria mineral.
Os efluentes gerados na mineração deverão ser analisados nas características físicas,
químicas e biológicas, sendo que a partir dos dados coletados o método de tratamento da
água será determinado.
Haverá casos em que a água recirculada será utilizada para reposição de água nas caixas
de bombas (diluição). Para usos como abatimento de pó nos transportadores de correia,
aspersão nas estradas da mina, lavagem de pisos e máquinas, um simples tratamento
preliminar atenderia às necessidades de aplicação da água reciclada.
57
Em situações como a da água utilizada para preparação de reagentes na etapa de flotação
deverão ser adotados critérios mais específicos de tratamento dos efluentes gerados nessa
etapa de concentração.
Os variados processos de tratamento que poderão ser adotados levam em consideração
fatores como: legislação ambiental regional; clima; cultura local; custos de investimento
e operacionais, características do efluente tratado e possibilidade de reúso dos efluentes
tratados (GIORDANO, 1999).
O lançamento indevido dos efluentes industriais compromete a qualidade da água e do
solo, o que causa a contaminação e poluição do meio ambiente.
A Tabela 3.7 exemplifica os diferentes tipos de contaminantes e seus respectivos
tratamentos, que englobam processos de operação físicos, químicos e biológicos nos
efluentes industriais.
58
Tabela 3.7: Contaminantes e respectivas operações/tratamentos para os efluentes
industriais (CIMM, 2013)
Contaminantes Operação ou Tratamento
Sólidos suspensos - Gradeamento
- Remoção de areia
- Sedimentação
- Filtração
- Flotação
- Adição de polímeros químicos
- Coagulação/Sedimentação
- Sistemas naturais
Orgânicos biodegradáveis - Lodos ativados
- Reatores de filme fixo: filtros biológicos
e contactadores biológicos
Orgânicos voláteis - Striping
- Tratamento de gás pós-striping
- Adsorção por carvão
Patogênicos - Cloração
- Cloreto de bromo
- Ozonação
- Radiação UV
- Sistemas naturais
Nutrientes (Nitrogênio) - Nitrificação e desnitrificação com
culturas em suspensão ou filme fixo
- Stipping de amônia
- Troca iônica
- Cloração
- Sistemas naturais
Fósforo - Adição de sais metálicos
- Coagulação/Sedimentação com cal
- Remoção biológica
- Remoção química-biológica
- Sistemas naturais
Nitrogênio e Fósforo - Remoção de nutrientes biológica
Orgânicos refratários - Adsorção por carvão
- Ozonação
- Sistemas naturais
Metais Pesados - Precipitação química
- Troca iônica
- Sistemas naturais
Sólidos dissolvidos orgânicos - Troca iônica
- Osmose reversa
- Eletrodiálise
59
3.15.1 Processos físicos
Os processos de tratamento classificados como físicos estão relacionados as
características do contaminante, tais como: tamanho das partículas, peso específico,
viscosidade, etc. Esses processos são desenvolvidos pelos seguintes métodos de
tratamento: gradeamento, sedimentação, filtração, flotação, regularização/equalização,
etc (CIMM, 2013).
3.15.2 Processos químicos
Os processos de tratamento químicos estão correlacionados com as características
químicas dos contaminantes e reagentes incorporados nos efluentes. Como exemplos
tem-se: coagulação, precipitação, troca iônica, oxidação, neutralização, osmose reversa,
ultrafiltração (CIMM, 2013).
3.15.3 Processos biológicos
Os processos de tratamento biológicos compreendem reações bioquímicas para
eliminação dos contaminantes solúveis ou coloidais. Estes podem ser anaeróbicos e
aeróbicos, exemplificados pelos seguintes métodos de aplicação: lodos ativados, lagoas
aereadas, biodiscos (RBC), filtro percolador, valas de oxidação, reatores sequenciais
descontínuos (SBR) (CIMM, 2013).
3.16 Gerenciamento de recursos hídricos através da integração de processos
A utilização dos recursos hídricos exige a identificação e correção de ineficiências de seu
uso dentro das etapas do processo industrial e essa necessidade prioriza o gerenciamento
sistemático sobre as várias etapas dos processos de produção.
A complexidade que envolve a minimização de efluentes gerados pela indústria, a
eficiência na utilização da energia, o uso eficiente de matérias-primas e a otimização na
operacionalidade do processo, pode ser resolvida através da Integração de Processos (IP),
60
que apresenta-se como uma ferramenta de análise e controle para a adequação do processo
global e as interações entre as diferentes etapas de trabalho (PESSOA, 2008).
A Integração de Processos compreende o uso de regras heurísticas, fundamentos
termodinâmicos e otimização matemática (PEREIRA, 2007), possibilitando a
sistematização de tomadas de decisão relacionadas a melhora dos processos adotados na
indústria (Figura 3.27).
Os estudos desenvolvidos nessa área englobam técnicas de programação matemática de
considerável complexidade e trabalha ainda com as metodologias sistemáticas
fundamentadas na análise pinch e em regras heurísticas, que apresentam maior facilidade
e simplicidade de cálculos, mostrando-se como vantajosas frente à programação
matemática (MIRRE, 2007).
A “Tecnologia Pinch” surgiu no final da década de 70 como uma ferramenta para projetar
redes de transferência de calor em um momento de crise energética mundial. Utilizando
os seus princípios, os engenheiros podiam controlar as modificações do processo,
direcionando o projeto para soluções que ao mesmo tempo eram termodinamicamente
eficientes como também industrialmente (MOREIRA, 2009).
DIAGRAMA DE
FONTES DE
ÁGUA
INTEGRAÇÃO
DE PROCESSOS
INTEGRAÇÃO
ENERGÉTICA
PROGRAMAÇÃO
LINEAR
PROGRAMAÇÃO
NÃO-LINEAR
TECNOLOGIA
PINCH
OTIMIZAÇÃO
MATEMÁTICA
INTEGRAÇÃO
MÁSSICA
WATER PINCH
Figura 3.27: Integração de Processos (MOREIRA, 2009)
61
A tecnologia “Water Pinch” é uma sistemática para análise de redes de água visando à
redução dos custos no processo, utilizando métodos gráficos para identificar e otimizar
as melhores oportunidades de reúso, regeneração e tratamento de efluentes (MOREIRA,
2009).
Um dos métodos que pode ser utilizado para análise é o Diagrama de Fontes de Água
(DFA), classe oriunda dos métodos de análise pinch, trata-se de um procedimento
algorítmico heurístico que inclui o balanço material e energético do processo, tendo como
objetivos a maximização do reúso da água e a diminuição da geração dos efluentes
aquosos, contribuído para a racionalização do uso da água e na utilização eficiente da
energia empregada para o funcionamento do circuito.
O DFA foi apresentado por Castro et al. (1999) e foi elaborado para sistemas que
apresentam um contaminante. A elaboração para novas situações foi desenvolvida por
Gomes (2002), que envolvia a aplicação da metodologia para a situação de múltiplos
contaminantes. O DFA foi automatizado através da elaboração de um software em
linguagem Excel por Santos (2007), sendo denominado como MINEA (Minimização de
Efluentes Aquosos) (MOREIRA, 2009).
Essa ferramenta possibilita o desenvolvimento da gestão e a melhor adequação do reúso
de água na indústria, tendo como objetivo o consumo mínimo de água de forma
sistemática e o reúso dos efluentes gerados no processo.
Vale ressaltar a importância da utilização de metodologias como o DFA para a
determinação de metas de consumo de água, destacando que a análise e aperfeiçoamento
nos cálculos de custos de investimento (captação de água nova e tratamento de efluentes
gerados) e nos cálculos sobre os custos operacionais atrelados a cada etapa de
desenvolvimento da indústria conferem vantagens para as empresas e para o meio
ambiente (MAGALHÃES et al.,2005).
62
4. ESTUDO DE CASO
Será apresentado como exemplo das aplicações da água dentro das usinas de
beneficiamento de minério de ferro, um estudo de caso baseado em uma situação real,
adaptado e modificado, que compreende a produção de 20 Mtpa (Milhões de toneladas
por ano) de Pellet Feed (base seca).
Na elaboração de projetos de mineração são utilizadas premissas que determinam
principalmente: a capacidade de produção da usina; os balanços de massas, metalúrgico
e de água; considerações sobre a localização dos equipamentos mecânicos dentro da
usina; posicionamento e formação da pilha pulmão, dos pátios de homogeneização e de
produtos; dados sobre dosagem e consumo de reagentes e o tempo de autonomia para o
reservatório de água recirculada.
As premissas de processo englobam os dados do regime operacional da planta que, como
indicado na Tabela 4.1, determinarão a produção anual da planta de beneficiamento.
Tabela 4.1: Regime Operacional da Planta
ItensBritagem Primária e
Secundária em X
Britagem Primária e
Secundária em Y
Britagem Terciária e
QuaternáriaUsina
Dias programados
para produção/ano365 365 365 365
Horas programadas/dia 24 24 24 24
Dias programados
para produção/semana7 7 7 7
Horas programadas/ano 8.760 8.760 8.760 8.760
Rendimento
Operacional (%)68,5 68,5 75 89
Horas efetivas/ano 6.001 6.001 6.570 7.796
As características do ROM (Run of Mine) relacionadas a granulometria e teores do
minério extraído, auxiliam na elaboração de uma distribuição granulométrica, que deverá
ser corrigida e ajustada para compor a alimentação da usina (Tabela 4.2).
63
Tabela 4.2: Características do ROM (Run of Mine)
Fe SiO2 Al2O3 P Mn PPC
-50 + 6,3 mm 33,84 50,24 23,68 0,55 0,059 0,091 2,91
- 6,3 + 1,0 mm 11,52 56,91 14,30 0,83 0,068 0,191 2,97
-1,0 + 0,15 mm 12,27 39,11 40,66 0,67 0,047 0,123 1,95
-0,15 mm 42,37 38,19 41,77 1,31 0,044 0,080 1,97
Global 100,00 44,54 32,35 0,92 0,052 0,102 2,40
TeoresFaixa Granulométrica % Retida
O diagrama de blocos (Figura 4.1) representa a rota de processo esquemática da mina e
usina, utilizada para o processamento de itabiritos provenientes das minas X e Y.
Nele é possível analisar as operações realizadas, identificadas como:
a) peneiramento (primário, secundário, terciário e quaternário);
b) britagem (primária, secundária, terciária e quaternária);
c) moagem (primária, secundária);
d) deslamagem (primeiro, segundo e terceiro estágio);
e) flotação convencional (rougher, cleaner, recleaner, scavenger 1 e scavenger 2);
f) peneiramento de alta frequência (PAF);
g) remoagem;
h) classificação;
i) espessamento (rejeito, lamas e concentrado);
j) filtragem de concentrado.
Como o foco deste trabalho compreende as utilizações/aplicações e
recuperação/recirculação da água nas usinas de beneficiamento de minério de ferro, será
abordado com maior detalhamento a quantificação da água utilizada nas várias etapas de
processamento existentes nesse estudo de caso.
64
MINA
USINA
Peneiramento
PrimárioBritagem
Primária
Peneiramento
Secundário
Britagem
Secundária
Peneiramento
PrimárioBritagem
Primária
Peneiramento
Secundário
Britagem
Secundária
Pilha
Pulmão
ROM X
(Run of Mine)
ROM Y
(Run of Mine)
Peneiramento
Terciário/QuaternárioBritagem
TerciáriaBritagem
Quaternária
Pilha de
Homogeneização
Moagem
Deslamagem
Flotação
Convencional
Rougher
Cleaner
Recleaner
Scavenger 1
Scavenger 2
C
R
CR
R
CR
C
Espessador de
Rejeito
R
C
UF
OF
OF
UF
Remoagem
Classificação
OF
UF
Peneiramento
Alta FrequênciaOS
US
Espessador de
Concentrado
Tanque Pulmão
Mineroduto
UF
Espessador de
Lamas
Reservatório de
Água Recuperada
OF OF
UF
Filtragem
Concentrado
Área A
Filtragem
Concentrado
Área BFiltrado
Filtrado
Pellet Feed Pellet Feed
Terminal de
Carregamento
Caixa de
Recebimento
Barragem de
Rejeitos
Figura 4.1: Diagrama de Blocos - Rota de Processo Esquemática
65
4.1 Fluxograma de Processo c/ Balanço de Massas
Rougher
Cleaner
Scavenger 1
Scavenger 2
Recleaner
1
3
2
5
1
3
2
4
5
6
7
6
7
88
9
10
12 11
14 13
15
4
16
17A1
18
A2
19
20
21
A3
22
23
24
A425
26
27
28
29A530 31
32
34
35
A6
33
3637
38
39
41
42
44
A743
45
4647
48
52
49
50
51
55
53
54
56
A8
57
58
63
65
64
66
A11
67
A12
68
69
70
73
74
75
78
80
81
83
A9
59
61
Vem do UF Esp. Lamas
41
Vai p/ Barragem X
62
A10
71
79
72
82
76
77
Tanque de água
recuperada60
Tanque de água
recuperada
40
Peneiramento
Primário
Peneiramento
Primário
Britagem
Primária
Britagem
Primária
Peneiramento
Secundário
Peneiramento
Secundário
Britagem
SecundáriaBritagem
Secundária
Pilha
Pulmão
Peneiramento
Terciário/
Quaternário
1º deck
2º deck
Britagem
TerciáriaBritagem
Quaternária
Pilha de
Homogeneização
Moagem
Primária
Ciclonagem
1º Estágio
Ciclonagem
2º Estágio
Ciclonagem
3º Estágio
Moagem
Secundária
Deslamagem
1º, 2º e 3º Estágios
Espessador de
Lamas
Condicionadores
da Flotação
C
R
C
C
C
C
R
R
R
R
Espessador de
Rejeitos
Espessador de
Concentrado
Peneiramento
de Alta
Frequência
Classificação
Remoagem
Remoagem
CC
Tanques Pulmão
MinerodutoBarragem de
Rejeitos I
Filtragem
Área A
Filtragem
Área B
Pellet Feed
Pellet Feed
Terminal de Carregamento
Terminal de Carregamento
ROM
MINA XROM
MINA Y
CC
Barragem de
Rejeitos II
Vem da descarga da usina/utilidades
84Reservatório
Elevado
Empilhamento
Retomadora
Amido e
Soda
Amina
Floculante
Floculante
Floculante
Fluxo 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 A1 18 A2 19 20 21 A3 22 23 24 25 A4 26 27 28 29 A5 30 31 32 A6 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42
Descrição ROM Undersize
Grelha
OS Grelha -
Alim.
Britagem 1º
Descarga do
Britagem 1º
Alim Total
Peneiramento
Secundário
OS do
Peneiramento
secundário
US
Peneiramento
secundário
Produto
Britagem 2º e
US da Grelha
Retomada da
pilha Pulmão
Alim. Total
Peneiramento
OS 1ºdeck
Peneiramento
OS 2º deck
Peneiramento
Produto
Britagem 3º
Produto
Britagem 4º
US
Peneiramento
Alimentação
da Usina
Alim Nova
ROM
Água de
diluição na
moagem 1ª
Descarga da
Moagem 1ª
Água de
diluição na
alim. classif.
Alim. Classif
Moagem 1ª
OF Classif.
Moagem 1ª
UF Classif.
Moagem 1ª
Água de
diluição 2º
estágio de
classif.
Alim.
Classif. 2º
estágio
OF 2º estágio
de classif.
UF 2º estágio
de classif.
Descarga do
Moinho 2º
Água de
diluição 3º
estágio de
classif.
Alim.
Classif. 3º
estágio
OF classif 3º
estágio de
classif.
UF Classif 3º
estágio de
classif.
OF total
Moagem 2ª
Água de
diluição 1º
estágio
deslamagem
Alim. 1º
estágio
deslamagem
OF 1º estágio
deslamagem
UF 1º estágio
deslamagem
Água de
diluição 2º
estágio
deslamagem
Alim. 2º
estágio
deslamagem
OF 2º estágio
deslamagem
UF 2º estágio
deslamagem
Alim. 3º
estágio
deslamagem
OF 3º estágio
deslamagem
UF 3º estágio
deslamagem
Alim.
Espessador
de Lamas
OF
Espessador
de Lamas
UF
Espessador
de Lamas
UF total
deslamagem
granulometria (D95 mm) -150 -75 -75 -75 +31,5 -31,5 +10 -10 -10 -10 -1 -1 -0,15 -1 -1 -0,15 -1 -0,84 -0,84 -0,15 -0,84 -0,15
t/h sólidos - base seca 4.850,30 4.365,27 485,03 485,03 4.850,30 582,06 4.268,24 4.850,30 6.814,61 11.694,65 2.100,89 2.779,15 2.100,89 2.779,15 6.814,61 5.740,00 5.740,00 5.740,00 5.740,00 1.746,73 3.993,27 13.175,58 2.082,23 11.093,35 11.093,35 11.093,35 1.894,21 9.199,14 5.723,17 5.723,17 2.230,54 3.492,63 3.492,63 334,39 3.158,24 2.564,93 1.133,03 1.431,90 1.133,03 1.133,03 4.590,14
% sólidos 94,01% 94,01% 94,01% 94,01% 94,01% 94,01% 94,01% 94,01% 94,01% 94,01% 94,01% 94,01% 94,01% 94,01% 94,01% 94,01% 94,01% 75,00% 55,00% 35,19% 72,97% 60,00% 30,33% 73,50% 73,50% 55,00% 24,49% 73,97% 29,25% 25,00% 12,73% 65,00% 30,00% 4,61% 72,00% 10,35% 5,25% 45,00% 5,25% 37,00% 60,65%
t/h sólidos + água 5.159,57 4.643,61 515,96 515,96 5.159,57 619,18 4.540,39 5.159,57 7.249,13 12.440,34 2.234,85 2.956,36 2.234,85 2.956,36 7.249,13 6.106,00 6.106,00 1.547,33 7.653,33 2.783,03 10.436,36 4.963,56 5.472,81 4.066,87 21.959,29 6.866,30 15.092,99 15.092,99 5.076,73 20.169,73 7.733,28 12.436,45 19.563,14 3.329,53 22.892,67 17.519,42 5.373,27 6.268,82 11.642,09 7.255,63 4.386,46 24.775,05 21.593,05 3.182,00 21.593,05 18.530,80 3.062,24 7.568,46
peso específico dos sólidos - t/m3 3,78 3,78 3,78 3,78 3,78 3,78 3,78 3,78 3,78 3,78 3,78 3,78 3,78 3,78 3,78 3,78 3,78 3,78 3,78 3,71 3,82 3,88 3,79 3,90 3,90 3,90 3,85 3,91 3,78 3,78 3,86 3,73 3,73 3,83 3,72 3,86 3,88 3,84 3,88 3,88 3,76
m3/h água 309,27 278,34 30,93 30,93 309,27 37,11 272,16 309,27 434,52 745,69 133,96 177,21 133,96 177,21 434,52 366,00 366,00 1.547,33 1.913,33 2.783,03 4.696,36 3.216,83 1.479,54 4.066,87 8.783,72 4.784,07 3.999,64 3.999,64 5.076,73 9.076,38 5.839,07 3.237,31 13.839,97 3.329,53 17.169,50 15.288,88 1.880,65 6.268,82 8.149,46 6.921,24 1.228,22 22.210,12 20.460,02 1.750,10 20.460,02 18.530,80 1.929,21 2.978,32
m3/h sólidos 1.282,54 1.154,29 128,25 128,25 1.282,54 153,91 1.128,63 1.282,54 1.801,95 3.092,35 555,53 734,88 555,53 734,88 1.801,95 1.517,80 1.517,80 1.517,80 1.517,80 471,29 1.046,50 3.394,57 549,93 2.844,63 2.844,63 2.844,75 492,41 2.352,34 1.513,64 1.513,35 577,14 936,49 936,49 87,22 849,28 664,36 291,95 372,41 291,95 291,95 1.221,69
m3/h sólidos + água 3.224,73 2.902,26 322,47 322,47 3.224,73 386,99 2.837,75 3.224,73 4.530,71 7.775,21 1.396,78 1.847,72 1.396,78 1.847,72 4.530,71 3.816,25 3.816,25 1.547,33 3.431,13 2.783,03 6.214,16 3.688,12 2.526,04 4.066,87 12.178,28 5.334,01 6.844,28 6.844,28 5.076,73 11.921,13 6.331,48 5.589,65 15.353,61 3.329,53 18.682,85 15.866,02 2.817,14 6.268,82 9.085,96 7.008,46 2.077,50 22.874,48 20.751,97 2.122,51 20.751,97 18.530,80 2.221,16 4.200,01
densidade de polpa - t/m3 1,0 2,23 1,0 1,68 1,35 2,17 1,0 1,80 1,29 2,21 2,21 1,0 1,69 1,22 2,22 1,27 1,0 1,23 1,10 1,91 1,0 1,28 1,04 2,11 1,08 1,04 1,50 1,04 1,0 1,38 1,80
densidade aparente do fluxo - t/m3 1,60 1,60 1,60 1,60 1,60 1,60 1,60 1,60 1,60 1,60 1,60 1,60 1,60 1,60 1,60 1,60 1,6
% massa 65,00% 58,50% 6,50% 6,50% 65,00% 7,80% 57,20% 65,00% 100,00% 171,61% 30,83% 40,78% 30,83% 40,78% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 30,43% 69,57% 229,54% 36,28% 193,26% 193,26% 193,26% 33,00% 160,26% 99,71% 99,71% 38,86% 60,85% 60,85% 5,83% 55,02% 44,69% 19,74% 24,95% 19,74% 19,74% 79,97%
% Fe 44,54% 44,54% 44,54% 44,54% 44,54% 44,54% 44,54% 44,54% 44,54% 44,54% 44,54% 44,54% 44,54% 44,54% 44,54% 44,54% 44,54% 44,54% 44,54% 42,41% 45,47% 47,21% 44,66% 47,69% 47,69% 47,69% 46,30% 47,97% 44,52% 44,52% 46,78% 43,07% 43,07% 45,96% 42,77% 46,67% 47,21% 46,25% 47,21% 47,21% 43,85%
% Rec. Fe 100,00% 100,00% 100,00% 28,98% 71,02% 36,38% 99,66% 99,66% 40,82% 58,85% 58,85% 6,01% 52,83% 46,83% 20,92% 25,91% 20,92% 20,92% 78,74%
Fluxo 43 A7 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 A8 58 A9 59 60 61 62 A10 63 64 65 66 A11 67 A12 68 69 70 71 72 73 74 75 76 77 78 79 80 81 82 83 84
DescriçãoAlimentação
nova flotação
Água de
diluição alim.
flotação
Alimentação
nova da
flotação
condicionada
Alimentação
total Rougher
Concentrado
Rougher
Rejeito
Rougher
Concentrado
Cleaner
Rejeito
Cleaner
Concentrado
Recleaner
Rejeito
Recleaner
Alimentação
Scavenger 1
Concentrado
Scavenger 1
Rejeito
Scavenger 1
Concentrado
Scavenger 2
Rejeito
Scavenger 2
Carga
circulante da
flotação
Água de
diluição
carga
circulante
Carga
circulante da
flotação
bombeada
Água de
diluição em
calha
Alim.
Espessador
de Rejeitos
OF
Espessador
de Rejeitos
UF
Espessador
de Rejeitos
Alim.
Barragem de
Rejeitos I
Água de
diluição
PAF
Alimentação
peneiramento
alta
freq.(PAF)
Undersize
PAF
Oversize
PAF
OS PAF +
Carga
circulante
Diluição
Alimentação
Moinho
Vertical
Alimentação
Moinho
Vertical
Água
classificação
moinho
vertical
Alimentação
classificação
moinho
vertical
OF
classificação
moinho
vertical
UF
classificação
moinho
vertical
Alimentação
Espessador
de
concentrado
OF
espessador de
concentrado
UF
espessador de
concentrado
Mineroduto
Área A
Mineroduto
Área B
Alimentação
tanque de
filtragem
Área A
Alimentação
tanque de
filtragem
Área B
Filtrado Área
A
Transbordo
do filtro Área
A
Pellet Feed
Área A
Filtrado Área
B
Transbordo
do filtro Área
B
Pellet Feed
Área B
Descarga da
usina/
utilidades
granulometria (D95 mm) -0,15 -0,15
t/h sólidos - base seca 4.707,89 4.707,89 5.389,30 2.936,58 2.452,72 2.836,89 99,68 2.781,76 55,13 2.552,40 306,99 2.245,42 319,29 1.926,12 681,41 681,41 1.926,12 1.926,12 3.059,15 2.781,76 2.664,01 117,75 421,17 421,17 421,17 117,75 303,42 2.664,01 2.664,01 1.332,01 1.332,01 1.606,44 1.606,44 274,43 1.332,01 274,43 1.332,01
% sólidos 58,84% 53,00% 51,30% 48,57% 55,00% 48,52% 50,00% 48,73% 40,00% 54,79% 42,66% 57,00% 51,63% 58,00% 46,17% 42,00% 52,00% 60,00% 48,77% 43,00% 42,37% 65,00% 71,24% 64,00% 50,00% 27,24% 74,00% 36,47% 67,00% 67,00% 67,00% 65,21% 65,21% 57,74% 90,00% 57,74% 90,00%
t/h sólidos + água 8.000,77 882,03 8.882,81 10.505,21 6.045,73 4.459,49 5.846,37 199,36 5.708,54 137,83 4.658,85 719,53 3.939,32 618,43 3.320,89 1.475,79 146,62 1.622,41 383,19 3.704,08 493,88 3.210,21 6.272,45 760,68 6.469,22 6.288,06 181,15 591,18 66,90 658,08 184,26 842,34 432,31 410,02 7.304,19 3.328,05 3.976,14 1.988,07 1.988,07 2.463,36 2.463,36 508,06 475,29 1.480,01 508,06 475,29 1.480,01 840,40
peso específico dos sólidos - t/m3 3,78 3,78 3,79 4,72 3,07 4,77 3,64 4,79 4,03 3,09 4,08 2,99 3,78 2,89 3,93 3,93 2,89 2,89 3,26 4,79 4,79 4,64 4,58 4,58 4,58 4,64 4,56 4,79 4,79 4,79 4,79 4,79 4,79 4,79 4,79 4,79 4,79
m3/h água 3.292,88 882,03 4.174,92 5.115,92 3.109,15 2.006,76 3.009,47 99,68 2.926,77 82,70 2.106,45 412,54 1.693,90 299,13 1.394,77 794,37 146,62 941,00 383,19 1.777,96 493,88 1.284,08 3.213,30 760,68 3.687,45 3.624,05 63,40 170,01 66,90 236,91 184,26 421,17 314,56 106,60 4.640,18 3.328,05 1.312,13 656,06 656,06 856,92 856,92 508,06 200,86 148,00 508,06 200,86 148,00 840,40
m3/h sólidos 1.247,09 1.247,09 1.420,42 622,42 798,00 595,00 27,42 581,33 13,67 825,41 75,20 750,21 84,46 665,75 173,33 173,33 665,75 665,75 938,68 581,33 555,93 25,40 92,00 91,99 91,99 25,40 66,59 555,93 555,93 277,97 277,97 335,23 335,23 57,27 277,97 57,27 277,97
m3/h sólidos + água 4.539,97 882,03 5.422,01 6.536,33 3.731,57 2.804,76 3.604,47 127,10 3.508,11 96,37 2.931,86 487,75 2.444,11 383,59 2.060,52 967,71 146,62 1.114,33 383,19 2.443,71 493,88 1.949,84 4.151,98 760,68 4.268,79 4.179,98 88,81 262,00 66,90 328,90 184,26 513,16 339,96 173,20 5.196,11 3.328,05 1.868,06 934,03 934,03 1.192,15 1.192,15 508,06 258,12 778,95 508,06 258,12 425,97 840,40
densidade de polpa - t/m3 1,76 1,00 1,6 1,61 1,62 1,59 1,62 1,57 1,63 1,43 1,59 1,48 1,61 1,61 1,61 1,53 1,00 1,5 1,00 1,52 1,00 1,65 1,51 1,00 1,52 1,50 2,04 2,26 1,00 2,00 1,00 1,64 1,27 2,37 1,41 1,00 2,13 2,13 2,13 2,07 2,07 1,00 1,84 1,00 1,84 1,00
densidade aparente do fluxo - t/m3 1,9 1,9
% massa 82,02% 82,02% 93,89% 51,16% 42,73% 49,42% 1,74% 48,46% 0,96% 44,47% 5,35% 39,12% 5,56% 33,56% 11,87% 11,87% 33,56% 33,56% 53,30% 48,46% 46,41% 2,05% 7,34% 7,34% 7,34% 2,05% 5,29% 46,41% 46,41% 23,21% 23,21% 27,99% 27,99% 4,78% 23,21% 4,78% 23,21%
% Fe 44,35% 44,35% 44,88% 65,23% 20,51% 66,10% 40,36% 66,40% 51,02% 21,28% 52,21% 17,05% 44,51% 12,51% 48,50% 48,50% 12,51% 12,51% 25,36% 66,40% 66,52% 63,75% 62,68% 62,68% 62,68% 63,75% 62,26% 66,52% 66,52% 66,52% 66,52% 66,52% 66,52% 66,52% 66,52% 66,52% 66,52%
% Rec. Fe 81,68% 81,68% 94,60% 74,93% 19,67% 73,36% 1,57% 72,26% 1,10% 21,25% 6,27% 14,98% 5,56% 9,42% 12,93% 12,93% 9,42% 9,42% 30,35% 72,26% 69,32% 2,94% 10,33% 10,33% 10,33% 2,94% 7,39% 69,32% 69,32% 34,66% 34,66% 41,80% 41,80% 7,14% 34,66% 7,14% 34,66%
Figura 4.2: Fluxograma de Processo c/ Balanço de Massas
66
O fluxograma de processo com balanço de massas (Figura 4.2) torna possível a
quantificação de água necessária no tratamento de minérios, sendo estabelecidas as
vazões de água de diluição em várias etapas de processamento. A partir de definições
sobre a percentagem de sólidos requerida no circuito, pode-se elaborar o cálculo de adição
de água.
A água recuperada do overflow dos espessadores irá alimentar, através de bombeamento,
a água de serviço, diluição e reposição de nível das caixas de polpa da
moagem/classificação, da deslamagem, da flotação convencional e do peneiramento de
alta frequência.
Na Tabela 4.3 observa-se a quantidade de água requerida para processo e a recirculação
do overflow dos espessadores de lamas, concentrado e rejeito.
Tabela 4.3: Água recirculada do overflow dos espessadores
Etapa
Água de
diluição para
processo (m3/h)
Total requerido de
água de processo
(m3/h)
Origem da água de
processo
Água do overflow
dos espessadores
recirculada (m3/h)
Total de água
recirculada (m3/h)
Água de make up
para processo (m3/h)
% Água recirculada % Água de make up
Moagem e
Classificação13.473,97
Overflow Espessador
de Lamas18.530,80
Deslamagem 9.598,35Overflow Espessador
de Concentrado3.328,05
Flotação
Convencional1.411,85
Overflow Espessador
de Rejeito493,88
Peneiramento de
Alta Frequência1.011,84 - -
87,67 12,3322.352,7325.496,01 3.143,27
A água recirculada do overflow dos espessadores corresponde em percentagem a 87,67%
da água utilizada para as operações de moagem/classificação, deslamagem, flotação e
peneiramento de alta frequência, sendo necessário, para atender a demanda de água de
processo, adição de água de make up (reposição) correspondendo em percentagem a
12,33%, sendo esta proveniente da recuperação das barragens de rejeitos e da captação
de água nova.
Além da água recirculada do overflow dos espessadores tem-se as captações de água nova
e recuperada das barragens de rejeitos que correspondem a água necessária para o
abastecimento da planta de beneficiamento.
67
O underflow do espessador de lamas juntamente com o underflow do espessador de rejeito
serão destinados para a Barragem de Rejeitos I. Já as perdas internas e utilidades da usina
serão direcionadas para a Barragem de Rejeitos II.
Nesse estudo de caso considerou-se a captação de 70% da água enviada para as Barragens
I e II, sendo que a água será captada por meio de bombas verticais apoiadas em
plataformas flutuantes e estação booster com bombas centrifugas horizontais,
direcionando o fluxo das barragens de rejeitos para o reservatório elevado de água
recuperada, que também receberá água nova captada, proveniente dos poços de
rebaixamento de cava.
A captação de água nova, abastecerá o reservatório elevado de água recuperada e atenderá
a distribuição de água potável, make up (reposição) do resfriamento dos moinhos,
selagem das bombas de polpa da usina, preparação de reagentes, reposição do reservatório
de overflow dos espessadores e, eventualmente, o sistema de combate a incêndio das
britagens localizadas nas minas X e Y (Tabela 4.4).
A distribuição da água recuperada das barragens de rejeitos será realizada a partir do
reservatório elevado e atenderá a lavagem de caminhões, aspersão de pilhas, abatimento
de pó, água de serviço para a usina, utilidades das filtragens das áreas A e B, reposição
do reservatório de overflow dos espessadores e, eventualmente, o sistema de combate a
incêndio da usina (Tabela 4.4).
68
Tabela 4.4: Captação e distribuição de água nova e recuperada
Distribuição de Água
Nova Captada
Captação de
água nova (m3/h)
Total requerido de
água nova (m3/h)
Distribuição de Água
Recuperada das
Barragens
Captação de água das
Barragens (m3/h)
Total requerido de
água recuperada (m3/h)
Distribuição de
Água Potável17,00
Lavagem de
Caminhões, Aspersão
de Pilha e Abatimento
de Pó
236,00
Make up
resfriamento dos
moinhos
7,26 Água de Serviço Usina 111,32
Selagem das bombas de
polpa da usina404,70
Utilidades Filtragem
Área A358,39
Preparação de
Reagentes952,10
Utilidades Filtragem
Área B116,40
Make up reservatório
água recuperada (para
processo) - água nova
1.127,80
Make up reservatório
água recuperada (para
processo) - água
recuperada das
barragens
2.015,47
2.508,86 2.837,59
Conforme exemplificado na Figura 4.3 é possível analisar a captação e distribuição de
água nova e recuperada das barragens de rejeitos, com a quantificação das vazões
requeridas para cada aplicação distinta.
69
493,88 3.328,05 2.508,86
2.508,86
2.249,31
18.530,80 3.143,27 588,28
17,00
7,26
13.473,97
404,70
9.598,35
952,10
1.411,85 1.127,80
236,00
1.011,84
111,32
358,39
116,40
2.015,47
DISTRIBUIÇÃO DA ÁGUA DE PROCESSO - RECIRCULAÇÃO CAPTAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DE ÁGUA NOVA E RECUPERADA
TANQUE DE ÁGUA
RECUPERADA
OVERFLOW DOS
ESPESSADORES
OVERFLOW DO
ESPESSADOR DE
CONCENTRADO
OVERFLOW DO ESPESSADOR DE
LAMAS
OVERFLOW DO
ESPESSADOR DE
REJEITOS
ÁGUA DE MAKE UP
MOAGEM PRIMÁRIA E
SECUNDÁRIA
DESLAMAGEM
1º, 2º E 3º ESTÁGIOS
FLOTAÇÃO
PENEIRAMENTO DE
ALTA FREQUÊNCIA
TANQUE DE ÁGUA NOVACAPTADA DE
REBAIXAMENTO DE CAVA
CAPTAÇÃO DE ÁGUA NOVA
(REBAIXAMENTO DE CAVA)
TANQUE BIPARTIDORESERVATÓRIO
ELEVADO
Barragem de
Rejeitos I
DISTRIBUIÇÃO DE
ÁGUA POTÁVEL
MAKE UP
RESFRIAMENTO DOS
MOINHOS
SELAGEM DAS BOMBAS DE POLPA DA
USINA
PREPARAÇÃO DE
REAGENTES
MAKE UP
RESERVATÓRIO ÁGUA
RECUPERADA
LAVAGEM DE
CAMINHÕES,
ASPERSÃO DE PILHA,
ABATIMENTO DE PÓ
ÁGUA DE SERVIÇO
USINA
UTILIDADES
FILTRAGEM ÁREA A
UTILIDADES
FILTRAGEM ÁREA B
MAKE UP
RESERVATÓRIO ÁGUA
RECUPERADA
Barragem de
Rejeitos II
m³/h
m³/h m³/h
m³/h m³/h
m³/h
m³/h
m³/h
m³/h
m³/h
m³/h
m³/h
m³/h
m³/h
m³/h
m³/h
m³/h
m³/h
m³/h
m³/h
m³/h
m³/h
Figura 4.3: Captação e Distribuição de Água Nova e Recuperada das Barragens de Rejeitos
70
Para uma análise simplificada sobre o impacto que a recuperação/recirculação de água
proporciona na usina, considerou-se três situações referentes a captação de água
recuperada das barragens de rejeitos:
a) caso base com 70% de água recuperada, correspondendo ao estudo de caso;
b) caso 1 com 0% de água recuperada;
c) caso 2 com 90% de água recuperada.
Na Tabela 4.5 observa-se no Caso Base, com captação de 70% da água enviada para as
barragens, que do total de água requerida para as utilizações da mina e usina (atendidas
pela captação de água nova e recuperada), com vazão equivalente a 5.346,45 m3/h, será
requerida a percentagem de 46,93% de água nova captada e 53,07% de água recuperada
das Barragens I e II, demonstrando que a água recuperada corresponde a mais que a
metade da vazão total necessária para operação da planta.
Tabela 4.5: Caso Base – captação de 70% de água recuperada das barragens
Origem da água
recuperada das
Barragens
70% de Água
recuperada das
Barragens (m3/h)
Total de água
recuperada das
Barragens (m3/h)
Total requerido de
água nova (m3/h)
Total de água
requerida para todas
as aplicações (m3/h)
% Água nova captada% Água recuperada
das Barragens
Barragem de Rejeitos I 2.249,31
Barragem de Rejeitos II 588,28
53,072.508,86 5.346,45 46,932.837,59
A Tabela 4.6 exemplifica o Caso 1 no intuito de simular a inexistência de captação de
água recuperada das barragens de rejeitos. Com relação ao total de água requerida é
notória a percentagem de 100% de água nova captada, isso representa prejuízos
ambientais e econômicos. Assim, certamente o empreendimento mineiro encontraria
dificuldades de ser concretizado.
71
Tabela 4.6: Caso 1 – captação de 0% de água recuperada das barragens
Origem da água
recuperada das
Barragens
0% de Água
recuperada das
Barragens (m3/h)
Total de água
recuperada das
Barragens (m3/h)
Total requerido de
água nova (m3/h)
Total de água
requerida para todas
as aplicações (m3/h)
% Água nova captada% Água recuperada
das Barragens
Barragem de Rejeitos I 0,00
Barragem de Rejeitos II 0,00
0,00 5.346,45 5.346,45 100,00 0,00
Por fim, na Tabela 4.7 identifica-se o Caso 2, que apresenta-se como a melhor situação
referente a recuperação de 90% da água enviada para as barragens de rejeitos, sendo que
do total de água requerida (atendida pela captação de água nova e recuperada) tem-se a
percentagem de 31,76% de água nova captada e 68,24% de água recuperada das
barragens.
Tabela 4.7: Caso 2 – captação de 90% de água recuperada das barragens
Origem da água
recuperada das
Barragens
90% de Água
recuperada das
Barragens (m3/h)
Total de água
recuperada das
Barragens (m3/h)
Total requerido de
água nova (m3/h)
Total de água
requerida para todas
as aplicações (m3/h)
% Água nova captada% Água recuperada
das Barragens
Barragem de Rejeitos I 2.891,97
Barragem de Rejeitos II 756,36
3.648,33 1.698,12 5.346,45 31,76 68,24
É possível analisar no gráfico de linhas (Figura 4.4) a correlação entre a captação de água
nova e recuperada das barragens de rejeitos e a percentagem de água recuperada.
Conforme aumenta-se o percentual de água recuperada, melhor é o resultado referente a
diminuição na captação de água nova.
72
Figura 4.4: Gráfico - Captação de Água Nova e Recuperada
Esses são dados muito relevantes e que exemplificam como a recuperação da água
proveniente das barragens de rejeitos é essencial para a redução da captação de água nova,
diminuição na geração de efluentes e nos custos operacionais, proporcionando o
equilíbrio ambiental do sistema como um todo.
y = -871,54x + 5974,8
R² = 0,9793
y = 871,54x - 628,32
R² = 0,9793
0,00
1.000,00
2.000,00
3.000,00
4.000,00
5.000,00
6.000,00
0% 35% 50% 70% 90%
Qu
an
tid
ad
e d
e ág
ua c
ap
tad
a m
³/h
Percentagem de água recuperada das Barragens de Rejeitos
Captação de Água Nova e Água Recuperada
73
4.2 Balanço de Água Macro
Total Entradas (m3/h) Total Saídas (m3/h)
Perdas Externas
Aplicação m3/h Simult % Recup
Perdas
(m3/h)
Lavagem de caminhões/veiculos 20 100% 80% 4,00
Abatimento pó estrada 200 50% 0% 100,00
296,00 Aspersão de Pilhas 132 100% 0% 132,00
Água Potável 17 100% 0% 17,00
366,00 Total 369 253,00
1.284,08
1.929,21 Utilidades/Serviços
Aplicação m3/h Simult % Recup
Perdas
(m3/h)
2249,31 253,00 Usina
Serviço 111,32 100% 40% 66,79
Selagem bombas de polpas - Usina 404,7 100% 80% 80,94
358,39 Resfriamento moinhos 242 3% 0,0% 7,26
Preparação de insumos (reagentes) 952,1 100% 95% 47,61
Sub-total 202,60
887,08 Filtragem Área A
588,28 Serviço 13,00 100% 40% 7,80
Selagem bombas de polpas - Filtragem Área A 23,1 100% 80% 4,62
116,40 Resfriamento Bombas Vácuo/compresores 789 3% 0% 23,67
Lavagem filtros 720 8% 0% 59,98
Sub-total 96,06
Outros (20% do total) 59,73
Total 3.255 358,39
Total Entradas (m3/h) Total Saídas (m
3/h)
Utilidades/Serviços
Aplicação m3/h Simult % Recup
Perdas
(m3/h)
Filtragem Área B
Serviço 13,00 100% 40% 7,8
7,8 Selagem bombas de polpas - Filtragem Área B 27,80 100% 80% 5,56
Resfriamento Bombas Vácuo/compresores 789 3% 0% 23,67
5,56 Lavagem filtros 720 8% 0% 59,98
97,0
23,67 Outros (20% do total) 19,40
Total 1.550 116,40
59,98
508,06
19,40
508,06
116,40
5124,2 5124,2
2508,86
624,47 624,47
Sub-total
USINA DE
BENEFICIAMENTO
umidade
6,0%
ROM
Recuperação
Barragem I
Produto - Pellet Feed
UF espessador de rejeitos
UF espessador de lamas
Perdas Externas
Utilidades Filtragem Área A
Perdas internas
Utilidades Filtragem Área B
umidade
10,0%
FILTRAGEM ÁREA B
Água de serviço
Selagem
Make up torre de resfriamento
Lavagem telas filtros
Espessador Usina
de Beneficiamento
Outros
Água filtrado rec. Área B
Captação de água Área B
(Barragem ou Nova)
Captação de água nova
Recuperação
Barragem II
Figura 4.5: Balanço de Água Macro
74
O balanço de água macro (Figura 4.5) é desenvolvido atendendo os dados obtidos nos
balanços de massas da usina, evidenciando as entradas e saídas de água dentro da usina
de concentração.
No estudo de caso apresentado tem-se o balanço de água macro da usina de
beneficiamento e da filtragem da Área B, localizada em lugar distinto da filtragem da
usina (Área A). É interessante destacar que as filtragens das Áreas A e B utilizam o
filtrado dos filtros recuperado durante o processo, isso exemplifica a recirculação e como
esse valor impacta na redução da necessidade de novo abastecimento de água.
Como já abordado nesse trabalho, o balanço de água macro apresenta as vazões de água
(m3/h) necessárias para utilidades e serviços evidenciando: a simultaneidade de utilização
da água em toda a planta de beneficiamento (pontos de consumo que demandam ao
mesmo tempo de água), a recuperação característica de cada tipo de aplicação e as perdas
inerentes ao processo, que está atrelada a percentagem de recuperação obtida na operação
do circuito.
No estudo de caso apresentado, para a produção de 2.644,01 t/h de Pellet Feed, é
necessária a captação de 2.508,86 m3/h de água nova, assim para a produção de 1 t/h
Pellet Feed é requerida uma vazão de 94,17 m3/h/t de minério processado.
O balanço de produto (Figura 4.6) determina a produção anual de Pellet Feed igual a
20.769.711 toneladas por ano. A partir desse dado é possível obter a quantidade de água
que será utilizada para essa produção, sendo a captação de água nova equivalente a
19.560.091,38 m3/ano.
75
Massa de sólidos - t/h Vazão de sólidos - m3/h 5.740,00 1.517,80
Massa de água - m3/h Vazão de água - m
3/h 366,00 366,00
Massa de polpa - t/h Vazão de polpa - m3/h 6.106,00 3.816,25
% de sólidos em peso % de sólidos em volume 94,01% 39,77%
Densidade aparente - t/m3
% Fe 1,60 44,54%
t/a
ROM (Run of Mine ) 44.751.336
Rejeitos 23.850.386 3.059,15 938,68
PF (Pellet Feed ) 20.769.711 3.213,30 3.213,30
6.272,45 4.151,98
48,77% 22,61%
1,51 25,36%
t/a
2.664,01 555,93
296,00 296,00
2.960,01 1.557,90
90,00% 35,68%
1,90 66,52%
t/a
Produção
t/ano
Consumo
água nova m3/ano
20.769.710,82 19.560.091,38
2.664,01 2.508,86Pellet Feed
ROM - Alim. Nova
44.751.336
Rejeitos
23.850.386
20.769.711
Produção Anual - toneladas por ano (t/a)
BALANÇO DE PRODUTO
Consumo
água nova m3/h
Produção t/h
LEGENDA
Produção Anual (t/a)
Usina de Concentração
Estudo de Caso
Produção 20 Mtpa
Figura 4.6: Balanço de Produto
Dessa maneira, o estudo de caso promoveu resultados condizentes com o esperado, que
a recuperação e recirculação de água representam valores expressivos na água utilizada
na mina e usina de beneficiamento e que o reúso reduz consideravelmente a quantidade
necessária de água nova, os custos operacionais da usina e a geração de efluentes
industriais.
76
5. CONCLUSÕES
As várias aplicações/utilizações da água nas etapas do processamento mineral devem ser
muito bem determinadas através do balanço de água, a partir do qual será definida a
melhor rota de processo, levando em consideração as variáveis operacionais de todo o
circuito.
Como comprovado nas pesquisas desenvolvidas e nos números de
recuperação/recirculação obtidos a partir do estudo de caso, a recuperação e o reúso da
água na mineração torna possível a redução da captação de água nova, diminuição da
geração dos efluentes aquosos, redução dos custos operacionais da planta e aumento de
competitividade do setor minerário. Dessa forma, é imprescindível para a indústria
priorizar a maximização do reúso da água e promover a conservação e racionalização de
seu uso, essas ações agregarão, consequentemente, valor econômico e ambiental ao
produto final gerado.
Sem dúvida alguma o gerenciamento dos recursos hídricos é uma ferramenta que visa a
melhor adequação do reúso de água na indústria, tendo como objetivo o consumo mínimo
de água de forma sistemática e o reúso dos efluentes gerados no processo.
Todas essas análises sobre o uso e preservação da água tornam possível o planejamento
consciente e eficaz referente ao consumo dos recursos hídricos, que cada vez mais
representam grandes investimentos ambientais, econômicos e sociais.
77
6. SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Como sugestões para a elaboração de trabalhos futuros destacam-se os itens abaixo.
1. A recuperação dos reagentes na água reutilizada/recirculada no circuito de
beneficiamento de minério de ferro.
2. O investimento em novas tecnologias de otimização para o uso da água na
indústria mineral.
3. A implantação da “pegada hídrica” nas empresas mineradoras para a
quantificação de água utilizada na produção do minério de interesse.
78
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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rejeitos de minério de ferro através de ensaios de piezocone. Ouro Preto: Departamento
de Engenharia Civil, 2004. 191p. (Dissertação, Mestrado, Engenharia Civil).
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Ferro. Ouro Preto: Escola de Minas da UFOP, 2010. 51p. (Monografia, Beneficiamento
Mineral).
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Engineering Science, Lisboa, n. 54, 1999.
CHAVES, A. P. Teoria e Prática do Tratamento de Minérios. 3ª ed., São Paulo: Signus
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79
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GALERY, R.; VALADÃO, G.E.S.; MONTENEGRO, L.C.M. Separação por Tamanho.
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Engenharia Sanitária e do Meio Ambiente. UERJ, 1999.
GOMES, J.F.S. Procedimento para Minimização de Efluentes Aquosos. Rio de Janeiro:
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