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ARTIGO
Rev. digit. bibliotecon. cienc. inf. Campinas, SP v.11 n.2 p.1-20 maio/ago. 2013 ISSN 1678-765X
CDD: 020
A(S) DISCIPLINARIDADE(S) DA CINCIA DA INFORMAO:
APLICAO DAS LEIS DA DIALTICA MARXISTA NO CONTEXTO
PLURI, INTER E TRANSDISCIPLINAR
THE DISCIPLINARITY(S) OF INFORMATION SCIENCE: APPLICATION
OF THE MARXIST DIALECTICS LAWS IN THE MULTI, INTER AND
TRANSDISCIPLINARY CONTEXT
Jonathas Luiz Carvalho Silva 1
Resumo: Discute sobre a construo disciplinar do conhecimento na Cincia da Informao a
partir da aplicao das leis da dialtica marxista. Apresenta como sntese problematizadora a
seguinte pergunta: como possvel aplicar as leis/categorias da dialtica marxista Cincia
da Informao? Tem como objetivo uma reflexo sobre a dialtica marxista (materialista) e as
formas de aplicao das leis da dialtica Cincia da Informao. A metodologia do presente
estudo consiste de uma pesquisa de nvel exploratrio com delineamento bibliogrfico.
Conclumos que h possibilidades diversas de aplicao das leis da dialtica marxista
Cincia da Informao, especialmente no que toca a lei da mudana qualitativa, a lei da ao
recproca e a lei da luta dos contrrios. Porm, essas aplicaes se estabelecem no como uma
verdade, mas como pressupostos para compreender os significados do carter disciplinar da
Cincia da Informao no mbito de suas transformaes epistemolgicas.
Palavras-chave: Cincia da Informao. Dialtica Leis Categorias. Pluridisciplinaridade.
Interdisciplinaridade. Transdisciplinaridade.
Abstract: Discusses the construction of disciplinary knowledge in Information Science from
the application of the Marxist dialectic laws. Presents a synthesis problematizing the
following question: how is it possible to apply the laws / categories of Marxist dialectics to
Information Science? It aims to reflect on Marxist dialectics (materialistic) and forms of
application of dialectics laws to Information Science. The methodology consists of an
exploratory study with bibliographic design. Concludes that there are several possibilities for
the application of the Marxist dialectic laws to Information Science, especially as regard to
qualitative change law, reciprocal action law and struggle of opposites law. However, these
applications are established not as a fact, but as presuppositions for understanding the
meanings of disciplinary information Science within its epistemological transformations.
Keywords: Social Network., Information Flows. Information Science.
1 Professor do curso de Biblioteconomia da Universidade Federal do Cear - Campus Cariri. Mestre em
Cincia da Informao pela Universidade Federal da Paraba (UFPB). E-mail:
Enviado em: 14/09/2012 Aceito em: 03/03/2013.
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INTRODUO
A Cincia da Informao vem se desenvolvendo rpida e amplamente como
campo do conhecimento, mesmo sendo considerada uma cincia jovem. Esse
desenvolvimento ocorre baseado em um constante processo de transformaes,
reflexes e contradies como inerente a qualquer campo do conhecimento.
Um dos principais instrumentos para discusso sobre o desenvolvimento de
um campo cientfico tem sido a sua configurao disciplinar. No caso da Cincia da
Informao essa configurao disciplinar tem sido marcada como caracterstica
natural da rea. As caractersticas disciplinares da Cincia da Informao vem sendo
discutidas de forma acalorada como fenmeno de construo do conhecimento.
Conforme Lnine (1975, p. 123) o conhecimento pode ser definido como:
processo pelo qual o pensamento se aproxima infinita e eternamente do
objeto. O reflexo da Natureza no pensamento humano deve ser
compreendido no de maneira morta, no abstratamente, no sem
movimento, no sem contradio, mas sim no processo eterno do
movimento, do nascimento das contradies e sua resoluo.
O conceito apresentado mostra o conhecimento enquanto elemento dialtico
de intensa movimentao e transformao. O conhecimento deve ser vivo e primar
pelo desenvolvimento das contradies e de suas possveis solues, visando conotar
mudanas de cunho qualitativo.
Assim, entendemos que a dialtica, mais precisamente suas leis e categorias,
podem contribuir para se pensar a construo disciplinar do conhecimento na Cincia
da Informao e suas aplicaes na perspectiva epistemolgica da rea.
O presente trabalho apresenta como sntese problematizadora a seguinte
pergunta: como possvel aplicar as leis/categorias da dialtica marxista Cincia da
Informao? Tem como objetivo uma reflexo sobre a dialtica marxista
(materialista) e as formas de aplicao das leis da dialtica Cincia da Informao.
DAS CONCEPES DE LEIS E CATEGORIAS DIALTICAS: ALGUMAS
CONSIDERAES PRELIMINARES
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As reflexes sobre o(s) conceito(s) de dialtica possuem uma ampla trajetria
no mbito da Histria da Filosofia e das Cincias Humanas e Sociais com
pressuposies e significaes diversas.
Isso significa dizer que ao nos debruarmos sobre a pergunta o que
dialtica? teremos uma multiplicidade de respostas contemplando questes temporais
(a formao dos conceitos a partir das variaes dos pensamentos na Histria da
Filosofia) e temtico-conceituais (estudiosos diversos que pensam a dialtica no
contexto das contradies, das transformaes/movimentos, alm das concepes da
lgica e/ou da metafsica).
Gadotti (2006) destaca que alguns filsofos foram fundamentais para a
elaborao do conceito de dialtica, especialmente na China e na Grcia Antiga, tais
como:
a) Tao Te Ching (primeiro pensador a incorporar o iderio de dialtica no
contexto da contradio); Zeno de Elia (considera a dialtica como filosofia da
aparncia);
b) Herclito de feso (a realidade um constante devir, na qual prevalece a
luta dos opostos); Parmnides de Elia (o movimento era uma iluso);
c) Parmnides (o movimento era uma iluso e tudo era imutvel);
d) Scrates (o maior dialtico da Grcia, pois utilizando a dvida sistemtica,
procedendo por anlises e snteses, reconhecia que a verdade se estabelecia como um
parto em que o mestre era apenas um provocador, enquanto o discpulo seria o
verdadeiro criador);
e) Plato (a dialtica seria um mtodo de ascenso ao inteligvel ou mtodo de
educao racional das ideias);
f) Aristteles (a dialtica era apenas auxiliar a Filosofia, pois no se
configurava como um mtodo para se chegar a verdade, mas como movimento que
conduz o conhecimento disputa, probabilidade ou opinio).
Assim, observamos que a dialtica e suas bases originrias remontam a duas
questes cruciais, sendo a primeira relativa a explicao do movimento e da
transformao da realidade e a segunda os construtos norteados a partir das
contradies (unidade dos opostos) que se constitui como um dos primados das leis
dialticas na contemporaneidade.
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preciso ressaltar que na Idade Mdia e Moderna, a dialtica foi subjugada
como intil ou desnecessria, j que no primeiro perodo, a Filosofia estava ligada aos
processos teolgicos e, no segundo perodo, a dialtica se aproximava do pensamento
aristotlico referente a uma lgica das aparncias.
Conforme Lalande (1996) a partir de Hegel que a dialtica passa a ser
retomada no mbito das reflexes filosficas como uma aplicao cientfica das leis
inerentes a natureza e ao pensamento, assim como a sntese dos opostos em uma
perspectiva eminentemente idealista.
Mas a partir de Marx e Engels que a dialtica restabelece seu status
filosfico e cientfico (no movimento do materialismo dialtico e materialismo
histrico, respectivamente), de sorte que constitui novos fundamentos para construo
do conhecimento a partir de uma crtica a dialtica idealista (da conscincia como
dado primrio) de Hegel.
Marx, ao contrrio de Hegel, no considera que a conscincia um dado
primeiro do movimento que leva compreenso da realidade, mas pondera sobre a
primazia dos contedos materiais e histricos que manifestam formas infinitas da
conscincia. Logo, Marx rejeita a posio pensada posio objetiva, pois para ele
esta segunda transgresso s pode ser efetivada atravs da prtica. (OLIVEIRA, 2004,
p. 23).
Em outras palavras, Marx valoriza a dialtica como mtodo, construto de
conhecimento e, especialmente, na relao entre o ser e o mundo que aproxima a
teoria (conhecimento) da prtica (ao), sendo que a construo de conhecimento
deve ser composta a partir do real ou concreto (das configuraes sociais, materiais e
histricas), com vistas a transformao da realidade.2
Por isso, Marx (1983, p. 233-234) reitera uma percepo muito relevante para
a discusso sobre a dialtica em uma perspectiva materialista quando afirma que No
2 No caso a transformao se evidencia na constante luta entre a burguesia e o proletariado no sistema
capitalista. Esta luta reconhecidamente como luta dos contrrios demanda, na concepo dialtica marxista, um processo de transformao que parte de um pressuposto concreto e real. Isso significa
dizer que a dialtica marxista se institui a partir dos movimentos de dominao e contradio
constitudos por meio das foras produtivas (percepo concreta e real da realidade) quando o prprio
Marx (1978, p. 16) afirma que o homem torna-se cada vez mais pobre enquanto homem, precisa cada vez mais do dinheiro para apossar-se do seu inimigo, e o poder do seu dinheiro diminui em relao
inversa massa da produo.
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a conscincia dos homens que determina seu ser, mas, pelo contrrio, o seu ser
social que determina a sua conscincia.
Vale destacar que na configurao concreta e real que a dialtica, enquanto
mtodo e fenmeno de construo do conhecimento se desenvolve a partir de um
conjunto de leis e categorias. Essas leis foram desenvolvidas considerando os estudos
de Hegel (dialtica idealista), Marx/Engels (materialismo dialtico e histrico) e os
sucessores estudiosos do marxismo. Podemos definir 4 (quatro) leis da dialtica
marxista em oposio metafsica, conforme nos revela Politzer (1970):
a) tudo se relaciona (lei da ao recproca) o mtodo dialtico designa que
nenhum fenmeno da natureza pode ser compreendido, quando encarado
isoladamente;
b) tudo se transforma (lei da transformao universal) o movimento uma
qualidade inerente a realidade, ou seja, a dialtica considera as transformaes da
realidade que se manifesta na natureza e na sociedade de forma inacabada. Esta lei
est ligada a lei da negao da negao formulada por Engels (1976);
c) mudana qualitativa revela a existncia de uma relao entre as mudanas
quantitativas e as mudanas qualitativas e que essa relao uma lei universal da
natureza e da sociedade;
d) luta dos contrrios (contradio) afirma que a contradio interna, de
sorte que revela a essncia da transformao e tambm inovadora, pois tomada
como uma luta entre o velho e o novo, entre o que morre e o que nasce e entre o que
perece e o que se desenvolve. Leva em conta a unidade dos contrrios, pois no h
contradio, se no houver luta entre, pelo menos, duas foras que, embora se
configurem como foras combatentes, so tambm foras inseparveis.
preciso observar que essas leis possuem uma diversidade de aplicaes
sociedade, natureza e a construo do conhecimento que envolve, neste estudo, a
aplicao das leis da dialtica a Cincia da informao e suas percepes
disciplinares.
DA CONTRADIO E MOVIMENTO NA CONSTRUO DO
CONHECIMENTO: AS LEIS DA DIALTICA MARXISTA APLICADAS AS
PERCEPES DISCIPLINARES DA CINCIA DA INFORMAO
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Consideramos que as leis da dialtica supramencionadas no tpico anterior
podem ser aplicadas sociedade e ao conhecimento contemplando fundamentos
histricos, materiais e naturais.
No presente trabalho, enfatizamos a aplicao das leis da dialtica aos
contextos disciplinares da Cincia da Informao podendo ser ratificada como
dialtica do conhecimento que segundo Mandel (1978, p.116) uma dialtica
sujeito-objeto, o resultado de uma interao constante entre os objetos a conhecer e a
ao dos sujeitos que procuram conhec-lo.
Aplicao da lei dialtica da mudana qualitativa Cincia da Informao: da
pluridisciplinaridade interdisciplinaridade
A dialtica em sua mudana da quantidade para qualidade requer um conjunto
de expresses sociais e cognitivas que elucidem as propriedades, caractersticas,
diferenas e semelhanas de uma determinada realidade/objeto/fenmeno.3
Todavia, essa segregao entre quantidade/qualidade no to exata ou
precisa e muito menos simples de ser estabelecida, pois se a qualidade demanda as
diferenas e semelhanas dos indcios da dialtica significa dizer que quantidade e
qualidade so muito mais indissociveis do que opostos/excludentes.
Cheptulin (2004, p. 208), aps uma discusso sobre a temtica, alm de seus
determinantes e propriedades define a qualidade como o conjunto das propriedades
que indicam o que uma coisa dada representa, o que ela , e a quantidade como o
conjunto das propriedades que exprimem suas dimenses, sua grandeza.4 Assim, de
forma recproca, qualidade e quantidade contribuem para compreenso do que
representa uma determinada coisa.
Diante dessa reflexo, como pensar a aplicao da lei dialtica da mudana
qualitativa no mbito da disciplinaridade da Cincia da informao? Em primeira
instncia, pensamos que em uma dialtica disciplinar da Cincia da informao, a
3 Desse modo, possvel superar a ideia de que a qualidade referente apenas aquilo que diferencia
uma coisa das outras, mas tambm inerente as condies de semelhana entre as outras coisas.
(CHEPTULIN, 2004). 4 Cheptulin (2004) mostra essa relao entre quantidade e qualidade quando exemplifica que cada
ngulo uma das propriedades de um tringulo, mas possui uma qualidade e quantidade rigorosamente
definidas, sendo a qualidade o fato desse tringulo ser formado por crculos partindo de um mesmo
ponto e que tenha outras propriedades, enquanto a quantidade representada por sua grandeza
concreta, sua dimenso, expressa em graus.
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quantidade poderia ser representada pela pluridisciplinaridade, enquanto a qualidade
pela interdisciplinaridade da Cincia da Informao.
A pluridisciplinaridade pode ser entendida, conforme Dellatre (1973) como
associao de disciplinas que concorrem para uma realizao comum, mas sem que
cada disciplina tenha que modificar sensivelmente a sua prpria viso das coisas e os
seus mtodos prprios.
J a interdisciplinaridade pode ser entendida aqui a partir de dois conceitos,
sendo o primeiro de Piaget (1972) quando considera a interdisciplinaridade como
intercmbio mtuo e integrao recproca entre disciplinas variadas, visando um
enriquecimento recproco e o segundo de Palmade (1979) quando entende a
interdisciplinaridade como uma integrao interna e de concepo que rompe a
estrutura de cada disciplina para construir novos axiomas com vistas a estabelecer
uma viso unitria do saber.
Dessa maneira, a quantidade disciplinar da Cincia da Informao no
desiderato da dialtica imprime nas relaes diversas que a Cincia da Informao
pode constituir com outros campos do conhecimento e disciplinas sem que ocorram
interferncias diretas (unilaterais ou mtuas) entre essas reas. Por exemplo, a
quantidade da dialtica da Cincia da Informao ocorre em um contexto
pluridisciplinar no que toca a relao com vrias disciplinas/campos do conhecimento
referentes s Cincias Humanas/Sociais, Exatas, Tecnolgicas, Agrrias, Sade, entre
outras e a representao de contedos em comum entre a Cincia da Informao e
essas disciplinas/campos do conhecimento.
J a qualidade disciplinar da Cincia da Informao como fundamento
dialtico, ocorre quando h um fechamento mais efetivo das relaes disciplinares
entre a Cincia da Informao e outras disciplinas/campos do conhecimento havendo
uma interferncia recproca.
Por exemplo, entre a Cincia da Informao e a Lingustica devemos ponderar
como processo de uma mudana dialtica qualitativa a natureza entre informao e
linguagem, alm da Pragmtica que envolve a anlise do discurso que pode ser
agregada no processo de anlise documentria, representao e recuperao da
informao constituindo uma propriedade qualitativa de semelhana e de interferncia
recproca entre estes campos do conhecimento. Como afirma Baranow (1983) os
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enfoques pragmticos permitem novas solues para problemas de ambigidade
semntica e sinttica, que so de importncia crucial na recuperao da informao.
E como se d essa mudana dialtico-disciplinar da quantidade
(pluridisciplinaridade) para a qualidade (interdisciplinaridade) na Cincia da
Informao?
preciso observar o processo da dialtica do conhecimento a partir da relao
entre sujeito-objeto, suas possibilidades de interpretao da realidade, suas
contradies e movimentos na construo do conhecimento, bem como as condies
particulares, institucionais e de construo do conhecimento da pesquisa/pesquisador,
curso/programa em Cincia da Informao. Consideramos preliminarmente que a
dialtica fundamentada a partir de uma mudana qualitativa. Como afirma Luckcs
(1970, p. 260) a dialtica se constitui no mbito da "formao ininterrupta da
novidade qualitativa."
A priori, as condies para uma dialtica quantitativa determinante quando
da insero (no necessariamente recproca) de muitos contedos (atividades de
pesquisa, artigos, projetos e outros textos acadmico-cientficos) envolvendo a
Cincia da Informao e outros campos do conhecimento.
A partir desse determinante quantitativo, possvel observar uma perspectiva
de mudana qualitativa no mbito de uma relao social e institucional mais concreta
entre a Cincia da informao e o(s) campo(s) do conhecimento desejveis para
constituir uma ao recproca e integrao interna.
Logo, possvel perceber que essa mudana dialtica qualitativa da
pluridisciplinaridade para a interdisciplinaridade na Cincia da Informao com
outros campos do conhecimento imanente aos contextos locais e particulares do
pesquisador/pesquisa e curso/programa.
Contudo, essa dialtica da mudana qualitativa s pode ocorrer a partir de uma
negao de que a Cincia da Informao no interdisciplinar com qualquer campo
do conhecimento e em qualquer contexto, pois essa interdisciplinaridade s possvel
atravs de aes recprocas que contribuem para um desenvolvimento coletivo de
conhecimento.
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A negao de uma interdisciplinaridade aleatria ou natural da Cincia da
Informao est sensivelmente debruada em uma justaposio sumria da construo
pluridisciplinar do conhecimento (procedimento sumrio da dialtica quantitativa).
Outrossim, essa negao pode ser constatada na percepo de Bicalho e
Oliveira (2011) quando afirmam que a interdisciplinaridade tem sido lugar comum
quando associado Cincia da Informao, mas, na sua literatura, no est
devidamente colocado o seu significado enquanto caracterstica marcante e identitria
e tambm em Pinheiro (1999, p.175-176) quando destaca que [...] a Cincia da
Informao incorpora muito mais contribuies de outras reas, do que transfere para
essas um corpo de conhecimentos gerados dentro de si mesma.
Assim, a mudana dialtica da qualidade na Cincia da Informao reside na
construo crtica de que a pluridisciplinaridade um fundamento primrio
quantitativo e que a interdisciplinaridade se constitui na negao da
pluridisciplinaridade quantitativa para ser constituda e passvel de efetividade5,
enquanto aspecto dialtico do conhecimento.
Por exemplo, em um Programa de Ps-Graduao em Cincia da Informao
que contemple como base as linhas de gesto e tecnologia provvel uma mudana
dialtica da quantidade para a qualidade quando a quantidade determina as diversas
relaes possveis da Cincia da Informao com os campos do conhecimento
(pluridisciplinaridade) e suas representaes conteudsticas dos artigos e projetos
desenvolvidos no Programa (seja relativo Cincia da Informao ou a outros
campos do conhecimento sem uma interferncia direta entre esses campos) e a
qualidade representa o afunilamento dessas concepes pluridisciplinares quando h
um contato concreto/direto entre a Cincia da informao e outros campos do
conhecimento relativos as linhas de gesto e tecnologias, como a Administrao e a
Cincia da Computao, respectivamente, constituindo uma interferncia direta entre
esses campos do conhecimento. Essa aproximao interdisciplinar estabelece no
somente as diferenas, mas tambm as semelhanas e peculiaridades que so marcas
das propriedades da lei dialtica da mudana qualitativa. (CHEPTULIN, 2004).
5 A efetividade interdisciplinar entendida aqui no argumento de Oliveira (2004, p. 68) quando elucida
que a efetividade o fenmeno enquanto fenmeno da essncia, a unidade posta da essncia e do fenmeno. Logo, a interdisciplinaridade da Cincia da informao est situada na essncia de suas aes recprocas com outros campos do conhecimento.
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Aplicao da lei dialtica da ao recproca Cincia da Informao: a
formao do materialismo interdisciplinar do conhecimento
A dialtica, enquanto mtodo e concepo lgica do conhecimento possui
fundamentos efetivos no que tange ao movimento, relao entre os fenmenos,
transformao da realidade, contradio/antinomia, afirmao/negao/negao /
negao da negao. (FAUSTO, 1987).
A lei da ao recproca invoca os fundamentos categoriais dialticos da
transformao ontolgica no que toca ao relacionamento das coisas, alm dos
movimentos e negaes causados por essas relaes. Segundo Engels (1877, p. 392)
a dialtica considera as coisas e os conceitos no seu encadeamento; suas relaes
mtuas, sua ao recproca e as decorrentes modificaes mtuas, seu nascimento,
seu desenvolvimento, sua decadncia.
Consideramos que a ao recproca, como fenmeno dialtico, possui um
significado que se aproxima da percepo conceitual de interdisciplinaridade. Politzer
(1970) afirma que essa lei tem grande importncia prtica, pois quando se analisa
separadamente um fragmento da realidade, deslocado de seu contexto poltico, h um
abandono da dialtica porque, esta, ensina que tudo se relaciona.
Da mesma forma, consideramos que se no h um pensamento, um discurso e
uma ao recproca, a aplicao da interdisciplinaridade abandonada. O comentrio
de Fazenda (1994, p.28-29) identifica uma estreita relao conceitual e aplicativa
entre a lei dialtica da ao recproca e a interdisciplinaridade:
Interdisciplinaridade no categoria de conhecimento, mas de ao; a
interdisciplinaridade nos conduz a um exerccio de conhecimento: o
perguntar e o duvidar; interdisciplinaridade a arte do tecido que nunca
deixa ocorrer o divrcio entre seus elementos, entretanto, de um tecido
bem tranado e flexvel. A interdisciplinaridade se desenvolve a partir do
desenvolvimento das prprias disciplinas.
A interdisciplinaridade tem como finalidade superar a fragmentao e o
carter de especializao do conhecimento, causados por uma epistemologia de
tendncia positivista em cujas razes esto o empirismo, o naturalismo e o
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mecanicismo cientfico do incio da modernidade. A interdisciplinaridade deve ser
vista no somente como fenmeno epistemolgico e pedaggico, mas tambm
poltico e cultural, haja vista que est relacionada aos diversos contextos da
humanidade. (GADOTTI, 1999).
Para tanto, compreendemos que a interdisciplinaridade s pode ser concebida
como instrumento de ao recproca. Essa ao recproca constituinte de um
processo dialtico marxista que vai da prtica a concepo terica de construo do
conhecimento.
Por isso, preciso atentar para o fato de que a interdisciplinaridade na Cincia
da Informao no pode ser simplesmente considerada como fenmeno natural ou
conformista, mas sim como fenmeno a ser constitudo e conquistado da prtica
concepo terica de forma coletiva, integrada e autnoma.
Isso significa dizer que a interdisciplinaridade fruto das configuraes
sociais que vai firmando a conscincia coletiva e constituindo um novo corpus
aplicativo e epistemolgico para a Cincia da Informao por meio de um
reconhecimento mtuo e relegando a um plano inferior a concepo natural,
positivista e/ou metafsica de que a Cincia da Informao possui natureza
interdisciplinar.
Em outras palavras, a interdisciplinaridade na Cincia da Informao
categoria de ao (recproca, de integrao e interao) que nos conduz a construo
do conhecimento ou a formao de uma nova conscincia confirmando o iderio
marxiano de que o ser social engendra a conscincia. (MARX, 1983).
possvel perceber no cotidiano social e epistemolgico da Cincia da
Informao a formao heurstica de um pensamento positivista da
interdisciplinaridade como elemento arbitrariamente imposto, sem considerar essa
interdisciplinaridade como fundamento dialtico de ao recproca que se institui
como afirmao do pensamento lgico do conhecimento na Cincia da Informao.
Todavia, preciso superar esta percepo negando-a como subsdio vivel
para o amadurecimento social e epistemolgico da Cincia da Informao. A dialtica
interdisciplinar do conhecimento na Cincia da Informao deve ser respaldada na
conquista prtica atravs da formao relacional cotidiana com outros campos do
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conhecimento, visando a sua constatao de elemento de ao e no simplesmente de
um conhecimento discursivo.
Essa relao recproca e direto-concreta com outros campos do conhecimento,
buscando uma contribuio mtua entre as reas que poder promover Cincia da
Informao um status real de interdisciplinar reconhecendo na mutualidade
ontolgica e de adequao recproca a formao de um corpus epistemolgico
dinmico e conquistado da prtica teoria e no apenas no discurso interno da rea.
Para detalhar de forma mais efetiva esse desiderato dialtico-interdisciplinar
da Cincia da Informao como instrumento de ao recproca nos remete a baila a
reflexo sobre a dialtica.
Aplicao da lei dialtica da luta dos contrrios Cincia da Informao: a
trade afirmao pluridisciplinar/negao interdisciplinar/negao da negao
transdisciplinar
A luta dos contrrios constantemente discutida no mbito das teorias
marxianas e marxistas. A contradio o motor da luta dos contrrios que se
configura no eterno devir social e cognitivo e que se institui na formulao da
diferena (constituem a forma geral do ser a partir da qual as contradies so
desenvolvidas) e da identidade (a interpenetrao dos contrrios um no outro).
Isso significa dizer que a luta dos contrrios no se resume apenas ao que
diferente ou contraditrio, mas tambm a uma unidade dos contrrios (passagem dos
contrrios um no outro) que se assume como fundamento de sustentao da dialtica.
No a toa que Lnine (1989, p.107) afirma ser a dialtica uma teoria que mostra
como os contrrios podem ser e so habitualmente (e tornam-se) idnticos ao
converterem-se um no outro , por que razo o entendimento humano no deve
tomar esses contrrios por mortos, petrificados, mas sim por vivos, condicionados,
mveis, convertendo-se um no outro.
Observamos que nesse conceito, os processos conteudsticos da dialtica so
revelados considerando as perspectivas da contradio enquanto fenmeno da
dinamicidade lgica e ontolgica do carter prtico e terico do conhecimento.
possvel dizer ainda que nessa concepo dialtica a luta dos contrrios amadurecem
no apenas pela sua perspectiva de contradio (oposio), mas especialmente pelas
suas (in)tensas interpenetraes que torna os contrrios idnticos.
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Essa passagem constante na luta dos contrrios (conotao de identidade no
sentido de coincidncia da natureza) que permite pensar a realidade dos fenmenos
como viva, transformadora e atribuir procedimentos de diferena (que levam a
efetivao das contradies) constituindo a unidade dos contrrios. A unidade dos
contrrios definida por Cheptulin (2004, p.287) como seu estabelecimento
recproco, isto , os aspectos ou tendncias contrrios no podem existir uns sem os
outros.
E qual a relao dessa luta dos contrrios e unidade dos contrrios com uma
dialtica disciplinar na Cincia da Informao? Em primeira instncia, essa relao
reside na trade disciplinar da pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade,
transdisciplinaridade. A pluridisciplinaridade reconhecida como momento de
afirmao na Cincia da Informao e alegaes sociais para construo do
conhecimento. A interdisciplinaridade reconhecida como momento de negao na
Cincia da informao, de modo que se manifesta como elemento contrrio a
pluridisciplinaridade.
Dessa maneira, a eterna luta dos contrrios na Cincia da Informao ocorre
entre a pluridisciplinaridade (afirmao) e a interdiscipinaridade (negao). Essa luta
de contrrios permite pensar as contradies epistemolgicas da Cincia da
Informao que se circunscreve em seu mbito de atuao acadmica, cientfica,
social e profissional.
Essa luta dos contrrios ocorre quando a afirmao dialtica pluridisciplinar
reconhece a Cincia da Informao relacionada a uma multiplicidade de
campos/disciplinas sem ligaes ou interferncias diretas. A negao dialtica
interdisciplinar ocorre quando rejeita essa ligao aleatria, sem perspectivas mais
slidas e de interferncias diretas considerando que uma relao interdisciplinar exige
reciprocidade.
Contudo, essa negao dialtica interdisciplinar na Cincia da Informao no
tem como objetivo simplesmente destruir ou menosprezar a afirmao dialtica
pluridisciplinar. A negao dialtica, sendo uma conseqncia da evoluo e da
resoluo das contradies prprias a formao material negada, no uma simples
destruio de um determinismo qualitativo, mas representa uma negao no curso da
qual tudo o que havia de positivo no estado negado (em nosso caso a
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pluridisciplinaridade) est retido para um estado qualitativo novo (em nosso caso a
transdisciplinaridade). (CHEPTULIN, 2004).
Essa mudana qualitativa entre a afirmao dialtica pluridisciplinar e a
negao dialtica interdisciplinar se configura na passagem de uma luta dos contrrios
para uma unidade dos contrrios quando h uma transformao recproca entre
pluridisciplinaridade e interdisciplinaridade reconhecendo seus potenciais de
transformao para uma nova qualidade.
O nome dessa nova qualidade a transdisciplinaridade que se estabelece como
terceiro fenmeno intitulado negao da negao (novo estado) dos dois primeiros
fenmenos (em eterna luta dos contrrios). Pombo (1994, p. 13) permite pensar na
passagem para o novo estado qualitativo da transdisciplinaridade quando a conceitua
como:
[...] unificao de duas ou mais disciplinas tendo por base a explicitao
dos seus fundamentos comuns, a construo de uma linguagem comum, a
identificao de estruturas e mecanismos comuns de compreenso do real,
a formulao de uma viso unitria e sistemtica de um setor mais ou
menos alargado do saber.
Percebemos que ocorre na transdisciplinaridade a consolidao da unidade dos
contrrios em face da unificao de duas ou mais disciplinas com fundamentos e
linguagens em comum.
No que toca a Cincia da Informao possvel atentar que em termos de uma
afirmao pluridisciplinar pode estar ligada a qualquer campo do conhecimento por
meio de relaes indiretas, como a leitura de textos de outras reas do conhecimento e
o uso dos textos de outras reas para construo dos contedos de pesquisa em
Cincia da Informao. Essa ligao pode ocorrer com diversas reas do
conhecimento de forma mais expressiva no mbito da pesquisa, como as Cincias da
Sade, Cincias Exatas, Tecnologias (Computao, Engenharia de Produo, etc.),
entre outras.
J a negao dialtica interdisciplinar demanda uma ao recproca mais
efetiva, tanto no mbito dos contedos de pesquisa, quanto de ensino e das prticas
cotidianas, como, por exemplo, entre a Cincia da Informao e a: Psicologia (Estudo
de usurios (comportamento do usurio, necessidades e usos da informao);
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Lingustica (anlise documentria; representao e recuperao da informao);
Cincia da Computao (Representao da informao; Sistemas de recuperao da
informao; Inteligncia Artificial e Tecnologias da informao e comunicao);
Comunicao (Tecnologias da informao e comunicao e Comunicao da
informao cientfica e tecnolgica); Filosofia (Filosofia da informao,
epistemologia e representao da informao; Sociologia (fundamentos sociais, a
sociedade da informao, sociologia da cincia, sociologia do conhecimento,
Comunicao da informao cientfica e tecnolgica e Estudos mtricos da
informao); Histria (estudos sobre arquivo, museu e preservao da memria);
Administrao (Gesto da Informao; Gesto do Conhecimento; Inteligncia
Competitiva; Planejamento e administrao de unidades de informao; Tecnologias
de Informao e Comunicao e Economia da informao); Economia (Gesto da
Informao; Gesto do Conhecimento; Inteligncia Competitiva; Economia da
informao e Avaliao de custo/benefcio); Cincias da Sade (estudos sobre metrias
de informao (bibliometria, cienciometria, informetria e webometria) aplicados a
produo na rea da Sade; competncia em informao na rea de Sade; polticas
de informao cientfica e tecnolgica no mbito da Sade). (PINHEIRO, 2006;
MIKHAILOV, CHERNYI E GILYAREVSKYI 1969; SARACEVIC 1992).
possvel perceber que algumas disciplinas podem estabelecer relaes pluri
e interdisciplinares com a Cincia da Informao a depender dos seus estados de
mudana quantitativa/qualitativa, assim como das condies gerais e particulares que
norteiam cada continente, pas, regio, estado e municpio. O fato que em uma
relao pluridisciplinar com a Cincia da Informao as ligaes so mais indiretas
e/ou unilaterais, enquanto na relao interdisciplinar h o primado da reciprocidade.
Com efeito, para uma consolidao dialtico-transdisciplinar da Cincia da
Informao entendemos que se efetiva com a Biblioteconomia, de sorte que ambas
possuem a construo de pressupostos tericos, epistemolgicos, histricos e
materiais em comum que se estabelecem em um constante processo de movimento e
contradio. Esse movimento dialtico-transdisciplinar pode ser constatado nas
condies de ensino, pesquisa, extenso das universidades e nas prticas profissionais
de bibliotecrios, alm dos aparatos institucionais (vinculaes departamentais).
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Essa percepo dialtico-transdisciplinar entre Cincia da Informao e
Biblioteconomia pode ser explicitada como a efetividade da unidade dos contrrios
(uma fuso unificadora) por meio de Pombo (2003, p. 3) que afirma:
quanto transdisciplinaridade, ela remeteria para qualquer coisa da ordem
da fuso unificadora, soluo final que, conforme as circunstncias
concretas e o campo especfico de aplicao.
Vale ressaltar que essa configurao dialtico-transdisciplinar pode ser
percebida de forma menos intensa entre a Cincia da Informao e a
Arquivologia/Museologia, de modo que h muitas polmicas poltico-institucionais e
acadmico-cientficas que tornam essa dialtica disciplinar, uma lgica do provvel
como designado por Aristteles (ABBAGNANO, 2003) ou uma eterna luta dos
contrrios que fundamenta a dialtica do conhecimento e que se desenvolve a partir
de diversas heursticas afirmativas/negativas, gerais/particulares, singulares/plurais,
conscientes/inconscientes, diretas/indiretas e individuais/coletivas.
Vale ressaltar que essa dialtica como instrumento de uma lgica do provvel
concebida por Aristteles tambm pode ocorrer na relao entre a Cincia da
Informao e outros campos do conhecimento, assim como ser estendida as outras leis
da dialtica, pois a construo de uma dialtica disciplinar no discursiva, mas
depende de aes inerentes aos contextos acadmicos, cientficos e institucionais,
como a relao entre Programas de Ps-Graduao, entre pesquisadores, etc.
CONSIDERAES FINAIS
A Cincia da Informao se constitui como campo do conhecimento em
constante processo de transformao histrica, material, terica, epistemolgica e
prtica. Vale ressaltar que essas transformaes so repletas de contradies
(afirmaes/negaes) que podem ser elucidadas por meio de uma construo
dialtica e de princpios, leis e categorias dessa dialtica do conhecimento que se
configuram na relao entre a Cincia da Informao (pesquisa, ensino, eventos,
peridicos) e os seus componentes humanos (pesquisadores), materiais/institucionais
(programas de ps-graduaes, departamentos, associaes, entre outros).
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Observamos que um dos grandes trunfos para se pensar a dialtica do
conhecimento na Cincia da Informao est em sua concepo disciplinar amparada
pelo contexto tridico da pluridisciplinaridade, interdisciplinaridade e
transdisciplinaridade e que essa construo disciplinar do conhecimento pode ser
compreendida no mbito de aplicao das leis/categorias da dialtica marxista.
Assim, percebemos que a pluridisciplinaridade e a interdisciplinaridade esto
inseridas em um intenso espectro dialtico do conhecimento da Cincia da
Informao no que tange a aplicao da lei da mudana qualitativa em que a
pluridisciplinaridade se estabelece como aparato dialtico quantitativo e a
interdisciplinaridade como aparato dialtico qualitativo.
Verificamos tambm a aplicao da lei dialtica da ao recproca no que toca
a interdisciplinaridade da Cincia da Informao se constituindo como ncleo
materializante de sua configurao epistemolgica de pesquisa, ensino e ao
institucional com outras reas do conhecimento.
Entendemos que o pice da dialtica do conhecimento da Cincia da
Informao pode ser concebido em uma (in)tensa luta dos contrrio na Cincia da
Informao entre pluridisciplinaridade que se caracteriza como uma afirmao, a
interdisciplinaridade que se identifica como negao. A eterna luta desses contrrios
no deve ser vista apenas como uma oposio, mas tambm como um processo de
diferenciao e semelhana ocorrendo uma interpenetrao desses dois elementos e
criando um terceiro estgio qualitativo (nova mudana da qualidade dialtico-
disciplinar). Essa mudana qualitativa pode ser constituda como a postulao
transdisciplinar da Cincia da Informao.
possvel constatar que a pluridisciplinaridade da Cincia da Informao
enquanto afirmao pode ocorrer em diversos contextos particulares e gerais. J a
interdisciplinaridade se d em um contexto mais especfico com outros campos do
conhecimento constituindo um movimento dinmico de ao recproca em que tanto a
Cincia da Informao deve contribuir para uma determinada rea do conhecimento
como essa rea deve contribuir para o desenvolvimento terico-epistemolgico e
prtico da Cincia da Informao. Essa percepo dialtico-interdisciplinar pode
ocorrer entre a Cincia da informao e Psicologia; Lingustica; Cincia da
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Computao; Comunicao; Filosofia; Sociologia; Histria; Administrao;
Economia; Cincias da Sade.
A transdisciplinaridade ocorre em um momento muito particular da Cincia da
Informao com a Biblioteconomia, pois o seu carter de unidade dos contrrios, seja
no ensino, pesquisa, nas questes institucionais e das prticas do cotidiano
resultante de um amplo processo de luta e movimentao disciplinar.
Finalmente, acreditamos que a dialtica disciplinar do conhecimento na
Cincia da Informao apresentada no presente trabalho no busca estabelecer uma
verdade, mas conceber elementos para a discusso sobre o que pode ser (ou vir a ser)
a disciplinaridade na Cincia da Informao, atentando que a dialtica enquanto
construto do conhecimento e mtodo pode contribuir, sobretudo a partir de suas
leis/categorias, para aguar e amadurecer as percepes disciplinares da Cincia da
informao em suas diversas nuances.
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Como citar este artigo:
CARVALHO SILVA, Jonathas Luiz. A(s) disciplinaridade(s) da Cincia da Informao: aplicao das leis da dialtica marxista no contexto pluri, inter e transdisciplinar. Rev. digit. bibliotecon. cienc. inf., Campinas, SP, v. 11, n. 2, p.1-20, maio/ago. 2013. ISSN 1678-765X. Disponvel em: