MANUAL PRAacuteTICOPARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA
EdUnichristusEditora do Centro Universitaacuterio Christus
Clarisse Mouratildeo Melo PonteMaria Helane Costa GurgelLaura da Silva Giratildeo Lopes
Clarisse Mouratildeo Melo PonteMaria Helane Costa Gurgel Laura da Silva Giratildeo Lopes
MANUAL PRAacuteTICOPARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA
Unichristus
Fortaleza2021
Manual praacutetico para a produccedilatildeo acadecircmica copy 2021 by Clarisse Mouratildeo Melo Ponte Maria Helane Costa Gurgel Laura da Silva Giratildeo Lopes
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Editora do Centro Universitaacuterio ChristusR Joatildeo Adolfo Gurgel 133 ndash Cocoacute ndash Fortaleza ndash Cearaacute
CEP 60190 ndash 180 ndash Tel (85) 3265-8100 (Diretoria)Internet httpsunichristusedubreditora
E-mail editora01unichristusedubr
Editora filiada agrave
Revisatildeo de TextoElzenir Coelho Rolim Antocircnio Niacutelson Rodrigues e Edson de Alencar Liboacuterio
Normalizaccedilatildeo BibliograacuteficaDhanielle Sales Evangelista ndash CRB 3854
Programaccedilatildeo Visual e Editoraccedilatildeo GraacuteficaJefferson Silva Ferreira Mesquita
Ficha CatalograacuteficaDayane Paula Ferreira Mota ndash Bibliotecaacuteria ndash CRB31310
P813m Ponte Clarisse Mouratildeo Melo
Manual praacutetico para a produccedilatildeo acadecircmica [recurso eletrocircnico] Clarisse Mouratildeo Melo Ponte Maria Helane Costa Gurgel Laura daSilva Giratildeo Lopes - Fortaleza EdUnichristus 2021
170 p il color4207 Kb e-book - pdfISBN 978-65-990315-9-5
1 Pesquisa cientiacutefica 2 Escrita cientiacutefica 3 Redaccedilatildeoacadecircmica I Gurgel Maria Helane Costa II Lopes Laura da SilvaGiratildeo III Tiacutetulo
CDD 00142
Centro Universitaacuterio Christus
ReitorJoseacute Lima de Carvalho Rocha
EdUnichristus
Diretor ExecutivoEstevatildeo Lima de Carvalho Rocha
Conselho EditorialCarla Monique Lopes Mouratildeo
Edson Lopes da PonteElnivan Moreira de Souza
Fayga Silveira BedecircFrancisco Artur Forte Oliveira
Marcos KubruslyMaria Bernadette Frota Amora Silva
Reacutegis Barroso Silva
COLABORADORES (DOCENTES)
Antocircnio Brazil Viana JuniorPossui graduaccedilatildeo em Estatiacutestica pela Universidade Federal do Cearaacute (2001-
2005) poacutes-graduaccedilatildeoMBA em Gestatildeo Puacuteblica (2013-2014) pela Universidade Estaacutecio de Saacute e mestrado em Pesquisa Cliacutenica pelo Hospital de Cliacutenicas de Porto AlegreUniversidade Federal do Rio Grande do Sul Atualmente eacute estatiacutestico da Gerecircncia de Ensino e Pesquisa e estatiacutestico do Nuacutecleo de Apoio ao Pesquisador da Unidade de Pesquisa Cliacutenica do Complexo de Hospitais Universitaacuterios da UFCEBSERH Tem experiecircncia na aacuterea de Probabilidade e Estatiacutestica com ecircnfase em Bioestatiacutestica
Clarisse Mouratildeo Melo PontePossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute - UFC
(2002) residecircncia em Cliacutenica Meacutedica (2003 - 2005) e em Endocrinologia pela UFC (2005 - 2007) Tem Tiacutetulo de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2008) mestrado em Sauacutede Puacuteblica pela UFC (2010) e doutorado em Ciecircncias Meacutedicas pela UFC (2016) Atua como meacutedica pesquisadora do Instituto Cearense de Endocrinologia do Grupo Brasileiro para o Estudo de Lipodistrofias Herdadas e Adquiridas (BrazLipo) e do Grupo ENDOCRINOR no Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute Professora da Faculdade de Medicina UNICHRISTUS
Maria Helane Costa GurgelPossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2003)
poacutes-graduaccedilatildeo em cliacutenica meacutedica e endocrinologia pela Universidade Federal do Cearaacute (2008) mestra em Farmacologia pela Universidade Federal do Cearaacute (2010) e Doutora em Ciecircncias Meacutedicas pela Universidade do estado de Satildeo Paulo (USP -2015) Tiacutetulo de especialista em endocrinologia e Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Professora da Faculdade de Medicina Christus Endocrinologista da Unidade de Cardiometabolismo do Hospital do Coraccedilatildeo e Pulmatildeo de Messejana da SESA Meacutedica pesquisadora do Instituto Cearense de Endocrinologia e do grupo de pesquisa em diabetes e metabolismo do hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da UFC Diretora Meacutedica do laboratoacuterio LabPasteur-DASA
Maacutercia Maria Pinheiro DantasPossui graduaccedilatildeo em Fisioterapia pela Universidade de Fortaleza (1985)
Professora do curso de Fisioterapia do Centro Universitaacuterio Christus e fisioterapeuta intensivista do Instituto Dr Joseacute Frota Fortaleza CE Tem experiecircncia na aacuterea de
fisioterapia com ecircnfase em fisioterapia respiratoacuteria e hospitalar Mestra em Sauacutede da Crianccedila e do Adolescente pela Universidade Estadual do Cearaacute Coordenadora do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do Instituo Dr Joseacute Frota e Preceptora da Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede da Escola de Sauacutede Puacuteblica do Estado do Cearaacute ecircnfase em Urgecircncia e Emergecircncia
Patriacutecia Rolim Mendonccedila LocircboPossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2007)
residecircncia em Cliacutenica Meacutedica (2011) e Reumatologia (2013) pelo Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina de Ribeiratildeo Preto Universidade de Satildeo Paulo- USP e doutorado em Medicina (Cliacutenica Meacutedica) pela USP (2018) Especialista em Reumatologia pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (2013) Atualmente professora adjunta da graduaccedilatildeo do curso de Medicina da Universidade Federal do Cearaacute (2018-atual) e meacutedica assistente no Instituto Dr Joseacute Frota (2016-atual)
Laura da Silva Giratildeo LopesMeacutedica graduada pela Universidade Federal do Cearaacute (1998-2003)
complementando sua formaccedilatildeo profissional com residecircncia meacutedica em Cliacutenica Meacutedica (2004-2005) realizaccedilatildeo de mais um ano complementar em cliacutenica Meacutedica (R3 em Cliacutenica Meacutedica) e residecircncia meacutedica em Endocrinologia e Metabologia (PUC-SP) concluiacuteda em 2009 Doutorado em Ciecircncias concluiacutedo em 2014 pela Universidade de Satildeo Paulo na aacuterea de Metabolismo Oacutesseo e Diabetes Atua como professora da graduaccedilatildeo da faculdade de Medicina do Centro Universitaacuterio Unichristus desenvolvendo projetos relacionados aos temas Educaccedilatildeo Meacutedica e Endocrinologia Cliacutenica incluindo orientaccedilatildeo de monitoria em Endocrinologia de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica e da Liga de Endocrinologia e Metabologia (LEME)
Lilian Loureiro Albuquerque CavalcantePossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2005)
Realizou residecircncia em Cliacutenica meacutedica (2007-2009) e residecircncia em Endocrinologia e Metabologia (2010-2012) no Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio - Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Tem Tiacutetulo de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2013) Mestrado em Ciecircncias Cliacutenico-Ciruacutergicas pela UFC Poacutes-graduaccedilatildeo em Nutrolgia pela Associaccedilatildeo Brasileira de Nutrologia em 2016 (ABRAN) Endocrinologista da Empresa Diagnoacutestico das Ameacutericas (DASA) desde 2015 Meacutedica do Instituto Dr Joseacute Frota desde 2016 Professora do curso de medicina da Faculdade Christus desde 2018 Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (Biecircnio 2018-19)
COLABORADORES (DISCENTES)
Elias Silveira de Brito - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Eacuterika Suyane Freire Silva - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Juliana Ferreira Paraacute - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Matheus Mendonccedila Leal Janja - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Roberta Lopes Ribeiro - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
Taynara Falkenstins Gois Mendes - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Veyda Lourdes Ferreira Martins - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Victor Gomes Pitombeira - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Victor Hugo Lima Jacinto - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
Victoacuteria Costa Lima - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Wellison Gil Magalhatildees de Almeida - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
PREFAacuteCIO
A produccedilatildeo acadecircmica eacute importante para a formaccedilatildeo dos estudantes tendo em vista que com a praacutetica da redaccedilatildeo cientiacutefica os alunos passam a organizar pensamentos e decodificaacute-los por meio de palavras Esse conteuacutedo acaba natildeo sendo de acesso exclusivo do autor mas servindo de base conceitual para outros estudantes Dessa forma os trabalhos acadecircmicos satildeo responsaacuteveis pela formaccedilatildeo em excelecircncia do profissional que atua nessa aacuterea
No universo acadecircmico fazer ciecircncia eacute importante para todos pois eacute por meio dela que se descobrem e se formulam novas teorias que aliadas a um meacutetodo adequado representam uma nova forma de pensar e de se chegar agrave natureza dos problemas seja para estudaacute-los seja para explicaacute-los
Eacute por isso que somente com base em meacutetodos e teacutecnicas adequadas o estudante deveraacute obter condiccedilotildees de identificar problemaacuteticas e buscar soluccedilotildees Assim a atividade e o pensamento cientiacutefico satildeo antes de tudo o resultado da atitude dos seres humanos diante do mundo que os cerca
Dessa forma fica o questionamento como desenvolver nos estudantes competecircncias e habilidades que possibilitem habilitaacute-los agrave praacutetica da produccedilatildeo acadecircmica dentro dos padrotildees atuais Esse eacute um dos desafios para alcanccedilar a excelecircncia na pesquisa cientiacutefica e assim gerar conhecimento
Nesse cenaacuterio o livro MANUAL PRAacuteTICO PARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA surge como mais uma ferramenta para auxiliar no aperfeiccediloamento dos estudantes A obra eacute fruto da experiecircncia didaacutetica e da competecircncia de um conjunto de professores atuantes na aacuterea e tambeacutem da iniciativa da professora Clarisse Mouratildeo Melo Ponte responsaacutevel por sua estruturaccedilatildeo
A obra de forma clara concisa e objetiva estaacute dividida em duas partes uma delas explorando a execuccedilatildeo da redaccedilatildeo cientiacutefica e a outra contemplando a preparaccedilatildeo para esse processo Seguindo essas orientaccedilotildees os alunos certamente conseguiratildeo agregar contribuiccedilotildees relevantes agrave ciecircncia Dessa forma toda a comunidade acadecircmica ganha no processo tendo em vista que os resultados seratildeo o alicerce para a construccedilatildeo de novos conhecimentos
Marcos Kubrusly
Aos meus filhosFelipe Henrique e Vinicius
APRESENTACcedilAtildeO
Ao longo da formaccedilatildeo dos estudantes de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo eles se deparam diante do grande desafio da elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa artigos resumos relatoacuterios trabalhos de conclusatildeo de curso entre outras produccedilotildees que demandam o entendimento sobre o conhecimento cientiacutefico aleacutem das habilidades em escrita
Assim partindo dessa premissa a proposta inicial para a elaboraccedilatildeo deste manual voltado para jovens pesquisadores partiu do interesse de um grupo de estudos composto por estudantes de graduaccedilatildeo e professores do Curso de Medicina do Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus cuja funccedilatildeo era ser um ldquoberccedilordquo para a geraccedilatildeo de projetos de pesquisa a serem elaborados e encaminhados para os editais de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica da referida Instituiccedilatildeo
Agrave eacutepoca em meados de 2018 esses estudantes reuniam-se quinzenalmente a fim de discutir possiacuteveis projetos e produccedilotildees teacutecnicas No entanto nesses encontros inuacutemeras dificuldades atuavam como barreiras para um melhor desempenho do grupo pouco domiacutenio sobre conceitos baacutesicos relacionados agrave realizaccedilatildeo de uma pesquisa cientiacutefica falta de habilidade para a escrita falta de tempo dos estudantes e dos proacuteprios orientadores para se dedicarem agraves inuacutemeras atividades curriculares e extracurriculares entre outras
Todas essas questotildees nos evidenciaram um dos muitos paradoxos atualmente existentes em nosso meio acadecircmico a cobranccedila que existe sobre o aluno de graduaccedilatildeo para uma participaccedilatildeo efetiva em atividades de extensatildeo e pesquisa visando agrave melhoria de seus curriacuteculos e suas chances de aprovaccedilatildeo em concursos de residecircncia ou outros versus a pouca capacitaccedilatildeo oferecida a esses alunos para que produzam conteuacutedo relevante ao contexto no qual estatildeo imersos
Desse modo temos um ciclo no qual o aluno se obriga a produzir sem que esteja adequadamente qualificado para tal resultando em trabalhos que natildeo satildeo modificadores ou impactantes dentro de sua realidade Agraves vezes a funccedilatildeo se resume a atender a uma exigecircncia para sua formaccedilatildeo ou melhorar os curriacuteculos pessoais No entanto embora essas sejam motivaccedilotildees vaacutelidas elas natildeo devem ser as mais importantes mas prossigamos pois esse eacute um tema para um debate mais amplo que foge ao escopo deste manual
Parece-nos que atuar como um facilitador nesse processo e ao mesmo tempo pontuar para o aluno o significado e a relevacircncia da pesquisa enquanto condiccedilatildeo sine qua non para o desenvolvimento cientiacutefico eacute uma maneira de ldquoquebrarrdquo esse ciclo Assim a pequena contribuiccedilatildeo deste manual elaborado por estudantes de graduaccedilatildeo e revisado por diferentes orientadores eacute trazer um pouco dessa reflexatildeo para o jovem pesquisador
Para isso dividimos este manual em duas partes na primeira abordamos temas essenciais para a elaboraccedilatildeo de uma produccedilatildeo cientiacutefica tentando elucidar como pocircr ldquoa matildeo na massardquo e iniciar a escrita propriamente dita Buscamos escrever esses capiacutetulos de forma clara e acessiacutevel trabalhando com exemplos fluxogramas links e outras ferramentas Na segunda parte do manual pontuamos alguns temas que podem ser considerados como alicerces de uma boa produccedilatildeo acadecircmica como revisatildeo de literatura escrita acadecircmica traduccedilatildeo para o inglecircs noccedilotildees de estatiacutestica eacutetica na ciecircncia curriacuteculo Lattes e uso da tecnologia para a produccedilatildeo acadecircmica
Por meio deste manual esperamos facilitar a aquisiccedilatildeo de conhecimentos sobre pesquisa auxiliando no desenvolvimento de uma consciecircncia cientiacutefica e no desenvolvimento de habilidades como a da escrita que permitam ao jovem aluno aventurar-se nesse meio desafiador com maior seguranccedila e quiccedilaacute minimizar o desgaste tatildeo frequente que os assola durante essa jornada Por fim nosso objetivo eacute tentar demonstrar que com estudo teacutecnica e treino o processo da produccedilatildeo cientiacutefica e da redaccedilatildeo em si pode ser prazeroso resultando em produccedilotildees de qualidade e relevacircncia
Os autores
SUMAacuteRIO1 A ESCOLHA DO TEMA 17
2 A INTRODUCcedilAtildeO DE UM TRABALHO ACADEcircMICO 25
3 OBJETIVOS GERAL E ESPECIacuteFICOS 33
4 MEacuteTODOS 37
5 RESULTADOS 49
6 ESCREVENDO A DISCUSSAtildeO E A CONCLUSAtildeO 59
7 COMO DEFINIR O TIacuteTULO 67
8 COMO REDIGIR O RESUMO 71
9 CRONOGRAMA E ORCcedilAMENTO 79
10 APEcircNDICES E ANEXOS 89
11 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 93
12 COMO REALIZAR UMA BOA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 101
13 A REDACcedilAtildeO ACADEcircMICA DICAS PARA UMA BOA ESCRITA 109
14 TRADUCcedilAtildeO DE TRABALHOS ACADEcircMICOS PARA O INGLEcircS 117
15 NOCcedilOtildeES BAacuteSICAS DE ESTATIacuteSTICA 125
16 EacuteTICA NA CIEcircNCIA CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE AUTORIA PLAacuteGIO ACADEcircMICO E TRABALHO EM EQUIPE 137
17 ASPECTOS EacuteTICOS DAS PESQUISAS COM SERES HUMANOS 147
18 COMO CRIAR O SEU CURRIacuteCULO NA PLATAFORMA LATTES 157
19 COMO UTILIZAR A TECNOLOGIA A FAVOR DA PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA 165
17
1A ESCOLHA DO TEMA
Veyda Lourdes Ferreira MartinsMaria Helane Costa Gurgel
ldquoA mente que abre uma nova janela jamais volta ao seu tamanho originalrdquo
Albert Einstein
A escolha adequada de um tema interessante para o pesquisador eacute o ponto de partida para o sucesso de uma produccedilatildeo acadecircmica Embora pareccedila ser uma tarefa faacutecil geralmente os jovens pesquisadores encontram muita dificuldade para a delimitaccedilatildeo de um tema entre as inuacutemeras possibilidades A ideia para um tema de pesquisa pode surgir por meio de diferentes fontes como as experiecircncias individuais a leitura de livros e artigos a observaccedilatildeo de acontecimentos e fatos a participaccedilatildeo em aulas seminaacuterios e congressos bem como a reflexatildeo criacutetica do proacuteprio aluno Assim tal escolha demanda poder de decisatildeo e foco
Eacute a partir da definiccedilatildeo do tema da pesquisa que a elaboraccedilatildeo do projeto seraacute iniciada e quando o assunto a ser estudado eacute familiar ou faz parte das aacutereas de interesse do pesquisador torna-se muito mais faacutecil manter-se motivado para ler a literatura existente sobre a temaacutetica ter curiosidade para pesquisar novidades da aacuterea e redigir um texto (MATIAS-PEREIRA 2012) Aleacutem disso se o aluno tem propriedade sobre o tema a investigaccedilatildeo cientiacutefica provavelmente seraacute de maior relevacircncia pois o pesquisador teraacute maior capacidade para elaborar questionamentos relevantes e ineacuteditos O aluno deve lembrar-se de que a temaacutetica escolhida o acompanharaacute por longos meses portanto recomenda-se de fato uma afinidade com o tema escolhido (CAVALCANTI amp FONTENELE 2015)
Geralmente essa escolha tambeacutem dependeraacute do orientador e das fontes de financiamento nas diferentes linhas de pesquisa Para conciliar essa realidade com os interesses do jovem pesquisador eacute recomendado que ele se informe acerca de quais satildeo os professores que fazem pesquisa na instituiccedilatildeo de ensino e em quais temas eles estatildeo dispostos a investir Sabendo disso o aluno poderaacute procurar aquele que mais se aproxima de suas preferecircncias ou mesmo decidir pesquisar sobre algum dos diferentes temas disponiacuteveis o qual ele natildeo tenha tido ainda a oportunidade de conhecer
18 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Adicionalmente a produccedilatildeo cientiacutefica para o jovem pesquisador deve ser acessiacutevel pois sua execuccedilatildeo depende de tempo e orccedilamento do pesquisador Portanto a pesquisa deve ter viabilidade ser factiacutevel Ao delimitar seu tema de pesquisa o aluno deveraacute prever as dificuldades para a realizaccedilatildeo de seu trabalho Para isso recomenda-se uma conversa com pesquisadores mais experientes para auxiliaacute-lo na visualizaccedilatildeo de possiacuteveis dificuldades para a execuccedilatildeo do projeto que ele por inexperiecircncia natildeo consegue prever
Embora possa ocorrer sempre que possiacutevel eacute desaconselhaacutevel a mudanccedila de tema durante o transcorrer da pesquisa Eacute importante que o aluno faccedila uma reflexatildeo antes de ingressar em uma pesquisa acerca de sua disponibilidade qualificaccedilatildeo e objetivos profissionais a fim de que possa realizar um bom trabalho que agregue valor significativo para sua carreira e experiecircncia
As seguintes perguntas podem guiar os pesquisadores durante o processo de escolha do tema de uma pesquisa (quadro 11)
Quadro 11 mdash Perguntas-chave que podem ajudar na escolha do tema de pesquisa (Adaptado de CAVALCANTI amp FONTENELE 2015)
bull A pesquisa bibliograacutefica eacute do interesse do pesquisadorbull Quem vai se interessar pelo artigobull Vai contribuir para a praacutetica profissional nessa aacutereabull Vai contribuir para o curriacuteculo acadecircmico profissional do pesquisadorbull Qual a abrangecircncia do tema Local Regional Nacional Internacionalbull Em quais congressos o trabalho poderaacute ser apresentado E em quais
revistas poderaacute ser publicado
11 ANALISANDO A VALIDADE DO TEMA DA PESQUISA
Uma maneira simples de se avaliar a validade do tema de pesquisa escolhido eacute aplicar o acrocircnimo FINER em que cada letra representa um quesito a ser atendido pelo objeto de estudo
A Escolha do Tema 19
Na figura 11 evidencia-se que um bom tema de pesquisa deve ser
Figura 11 mdash Requisitos para um bom tema de pesquisa
O tema deve ser relevante natildeo soacute para o aluno mas tambeacutem para outros pesquisadores e profissionais da aacuterea Um projeto pouco relevante teraacute pouco impacto sobre a comunidade cientiacutefica bem como traraacute pouco impacto social (MEDEIROS 2016) Aleacutem disso o tema da pesquisa e os meacutetodos propostos para seu estudo devem atender aos requisitos eacuteticos para pesquisas em seres humanos conforme seraacute detalhado em capiacutetulo especiacutefico
12 DEFININDO O PROBLEMA DA PESQUISA
Toda pesquisa cientiacutefica envolve a formulaccedilatildeo de um problema e objetiva a sua soluccedilatildeo Assim apoacutes a escolha do tema o aluno deveraacute definir qual o problema de sua pesquisa Formular o problema consiste em dizer de maneira expliacutecita e compreensiacutevel qual a lacuna do conhecimento a que se pretende responder limitando o seu campo e apresentando suas caracteriacutesticas por meio do rigor do meacutetodo cientiacutefico (MARCONI amp LAKATOS 2003) Algo que ainda natildeo esteja respondido e que precise de investigaccedilatildeo portanto algo novo ainda natildeo saturado de informaccedilotildees na literatura Por isso o pesquisador deve estar atento agrave novidade e agrave significacircncia que seu o projeto traz pois investigar um problema jaacute elucidado e documentado natildeo iraacute contribuir para o avanccedilo da aacuterea
20 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ldquo() o pesquisador acabaraacute identificando uma lacuna no conhecimento ou uma diferenccedila de opiniatildeo com estudos anteriores o que lhe permitiraacute finalmente a formulaccedilatildeo de um tema preciso de pesquisa ()rdquo
Uma Introduccedilatildeo agrave Histoacuteria ndash Ciro Flamarion Cardoso 1986
Uma boa revisatildeo de literatura ajudaraacute a obter conhecimentos especiacuteficos sobre o tema proposto possibilitando uma melhor delimitaccedilatildeo do objeto de estudo Eacute durante essa fase que o pesquisador poderaacute identificar as lacunas existentes na aacuterea e assim elaborar uma pesquisa que vise preencher tais lacunas cientiacuteficas ou sociais mesmo que elas sejam relacionadas a aspectos locais ou menos abrangentes do ponto de vista espacial ou geograacutefico Na verdade o desenho do estudo eacute quem definiraacute a sua abrangecircncia se eacute local regional nacional ou internacional
Quanto mais o pesquisador estiver familiarizado com o tema com o qual ele quer trabalhar mais facilmente ele identificaraacute o problema Um trabalho concebido por meio de um problema mal formulado natildeo chegaraacute a lugar nenhum Portanto eacute crucial determinaacute-lo de forma adequada Para isso o problema de uma pesquisa deveraacute ser elaborado como pergunta e ser (GIL 2008)
bull claro e preciso que natildeo causa ambiguidade ou duacutevidas
bull empiacuterico ou seja que pode ser estudado pela observaccedilatildeo do cientista por meio de teacutecnicas e meacutetodos adequados
bull passiacutevel de soluccedilatildeo testaacutevel pelo meacutetodo cientiacutefico
bull ter uma delimitaccedilatildeo viaacutevel no tempo e no espaccedilo
A Escolha do Tema 21
No quadro 12 um exemplo de como se pode formular um problema de pesquisa
Quadro 12 mdash Exemplo de como delimitar o problema da pesquisa
Em um hospital terciaacuterio de Fortaleza observou-se que existia uma falta de registros sobre o perfil de pacientes com hiperglicemia intra-hospitalar (HIH) internados em unidades de pacientes natildeo criticamente enfermos e que natildeo havia uma padronizaccedilatildeo de condutas no manejo desses indiviacuteduos Aleacutem disso natildeo havia dados na literatura que respondessem a essas lacunas Por isso resolveu-se pesquisar sobre as caracteriacutesticas dos pacientes internados com HIH e avaliar o manejo desses pacientes em tais hospitais com o intuito de procurar estabelecer quem eram aqueles susceptiacuteveis a esse tipo de agravo conhecer como era feito o manejo e medir os indicadores de desfechos relacionados
Outra forma de determinar o problema da pesquisa eacute identificar uma pergunta condutora Por exemplo
Frequecircncia com que frequecircncia a dislipidemia ocorre
Diagnoacutestico qual a acuraacutecia dos testes utilizados para diagnosticar o hipertireoidismo
Causa que condiccedilotildees levam agrave siacutendrome de Cushing Quais satildeo as origens dessa doenccedila
Risco quais satildeo os fatores que estatildeo associados a um maior risco de desenvolver siacutendrome metaboacutelica
Prognoacutestico quais satildeo as consequecircncias de se ter hiperparatireoidismo
Tratamento como o tratamento altera o curso da nefropatia diabeacutetica
22 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
De maneira geral a definiccedilatildeo adequada do problema da pesquisa ainda seraacute uacutetil para permitir que o pesquisador escolha o delineamento do seu estudo (quadro 13)
Quadro 13 mdash Problema da pesquisa e o desenho do estudo sugerido
PROBLEMA DESENHOLevantar hipoacuteteses Seacuterie de casosFrequecircncia Transversal CoorteFatores de risco causa Caso-controle CoorteTeste diagnoacutestico TransversalTratamento Ensaio cliacutenicoPrognoacutestico Coorte
13 A ELABORACcedilAtildeO DAS HIPOacuteTESES
Uma vez delimitado o problema surgiratildeo suposiccedilotildees ou respostas provaacuteveis e provisoacuterias que poderatildeo ser testadas por meio do meacutetodo cientiacutefico o que permitiraacute que tais suposiccedilotildees ou respostas sejam validadas ou refutadas Portanto a hipoacutetese de uma pesquisa eacute a afirmaccedilatildeo positiva negativa ou condicional (ainda natildeo testada) sobre determinado problema ou fenocircmeno (MATIAS-PEREIRA 2012) Eacute uma resposta provisoacuteria e plausiacutevel para determinado problema cientiacutefico
Para a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses para estudos da aacuterea da sauacutede os pesquisadores podem-se basear em diferentes fontes (MARCONI amp LAKATOS 2003)
(1) Observaccedilatildeo uma fonte rica para a construccedilatildeo de hipoacuteteses eacute a observaccedilatildeo que se realiza dos fatos ou da correlaccedilatildeo existente entre eles
(2) Comparaccedilatildeo com outros estudos nesse caso o pesquisador baseia-se na averiguaccedilatildeo de outros estudos na perspectiva de que as conexotildees similares entre duas ou mais variaacuteveis prevaleccedilam no estudo presente
(3) Conhecimento familiar o conhecimento familiar ou as intuiccedilotildees derivadas do senso comum perante situaccedilotildees vivenciadas podem levar a correlaccedilotildees entre fenocircmenos notados e ao desejo de verificar a real correspondecircncia existente entre eles Nesse caso a experiecircncia de vida pode ser um fator colaborador
Eacute importante ressaltar que a despeito de a hipoacutetese ser comprovada ou refutada ela ainda seraacute uma fonte de conhecimentos acerca do problema estudado Tais respostas obtidas atraveacutes do meacutetodo cientiacutefico seratildeo importantes para o avanccedilo
A Escolha do Tema 23
do conhecimento naquela aacuterea
Deve ser lembrado que alguns estudos com abordagem mais exploratoacuteria natildeo possuem hipoacuteteses Eles satildeo desenvolvidos para que os pesquisadores adquiram alguma expertise sobre o objeto de estudo permitindo a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses a serem testadas posteriormente por meio de desenhos adequados Como exemplo podem-se citar alguns estudos observacionais ou seacuterie de casos que descrevem determinadas caracteriacutesticas de uma amostra ou populaccedilatildeo
Na figura 12 apresenta-se um algoritmo que tenta demonstrar o processo de produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico que poderaacute servir de guia para os jovens pesquisadores sobre como ldquopensarrdquo cientificamente
Figura 12 mdash Algoritmo sobre a produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico
Assunto principal do projeto revisatildeo eestudo do estado da arte
Lacuna no conhecimento sobre o temaescolhido
Possiacuteveis respostas plausiacuteveis eprovisoacuterias que respondam ao problema
Busca por respostas por meio do meacutetodocientiacutefico que comprovem ou refutem ahipoacutetese
Descobertas oriundas da aplicaccedilatildeo domeacutetodo cientiacutefico em busca de respostas aproblemas decorrentes de lacunas noconhecimento vigente
Tema
Problema
Hipoacutetese
Pesquisa
Conhecimentocientiacutefico
24 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015
GIL A C Formulaccedilatildeo do problema In GIL A C Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa social 6 ed Satildeo Paulo Atlas 2008 cap 4 p 33-40
MARCONI M A LAKATOS E M Fundamentos de metodologia cientiacutefica 5 ed Satildeo Paulo Atlas 2003
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B Da Pesquisa agrave Redaccedilatildeo do Artigo Cientiacutefico In MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de Artigos Cientiacuteficos Meacutetodos de Realizaccedilatildeo Seleccedilatildeo de Perioacutedicos Publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2016 cap 4 p 53-88
25
2A INTRODUCcedilAtildeO DE UM TRABALHO ACADEcircMICO
Eacuterika Suyane Freire SilvaTaynara Falkenstins Gois Mendes
Vitoacuteria Costa LimaMaria Helane Costa Gurgel
ldquoNenhum vento sopra a favor de quem natildeo sabe pra onde irrdquo
Secircneca
A introduccedilatildeo de um projeto ou artigo cientiacutefico apresenta as primeiras ideias sobre o tema da pesquisa Durante a sua elaboraccedilatildeo o autor deveraacute discorrer sobre o tema de interesse trazendo ao leitor o que jaacute existe na literatura sobre o assunto Esse conhecimento deveraacute ser oriundo de uma soacutelida revisatildeo bibliograacutefica e estudo do estado da arte ou seja o que jaacute foi evidenciado de maneira cientificamente validada ateacute o momento sobre determinado assunto (MEDEIROS 2017) Ao redigir a introduccedilatildeo o pesquisador deveraacute contextualizar o problema da pesquisa agrave sua realidade sob a luz do conhecimento cientiacutefico disponiacutevel
Este capiacutetulo visa apresentar alguns aspectos relacionados agrave redaccedilatildeo do texto introdutoacuterio de um projeto ou artigo cientiacutefico
21 REDIGINDO A INTRODUCcedilAtildeO
Um possiacutevel modo para a organizaccedilatildeo da introduccedilatildeo eacute iniciar com uma abordagem geral informando ao leitor os conceitos claacutessicos sobre o tema de interesse A partir do segundo ou terceiro paraacutegrafo as particularidades mais diretamente relacionadas ao tema da pesquisa em questatildeo podem ser apresentadas (REIZ 2013) Deve-se escrever sobre o que jaacute fora demonstrado em estudos anteriores pontuando-se as carecircncias ou lacunas de conhecimento sobre aquela aacuterea este seraacute o problema da pesquisa Nesse momento a hipoacutetese tambeacutem poderaacute ser apresentada e confrontada com a literatura vigente
Aleacutem de apresentar o tema e o problema da pesquisa aos leitores na introduccedilatildeo o autor deveraacute incluir a justificativa para a realizaccedilatildeo do seu projeto e
26 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ou publicaccedilatildeo dos seus achados apontando qual o avanccedilo teoacuterico a ser alcanccedilado eou qual o potencial impacto sobre a praacutetica profissional Para finalizar o autor poderaacute ainda redigir sobre o que pretende fazer (qual o seu objetivo) para testar a sua hipoacutetese e resolver o problema da pesquisa
Algumas perguntas poderatildeo ajudar na elaboraccedilatildeo de uma introduccedilatildeo (figura21)
Figura 21 mdash Elaborando o texto introdutoacuterio de uma produccedilatildeo acadecircmica
1 Quais os conceitos e as definiccedilotildees claacutessicas sobre o assunto escolhido (apresentaccedilatildeo geral do tema)
2 Qual o embasamento teoacuterico sobre o assunto O que jaacute existe na literatura sobre isso
3 Qual a lacuna do conhecimento ou seja o problema da pesquisa
4 Qual a sua hipoacutetese
5 Por que foi escolhido tal tema Qual a sua relevacircncia e impacto
6 O que o pesquisador pretende fazer para responder ao problema da pesquisa Qual o objetivo
O tamanho ou a extensatildeo do texto introdutoacuterio iraacute depender do tipo de produccedilatildeo a ser elaborada Em geral artigos publicados em jornais ou perioacutedicos cientiacuteficos apresentam introduccedilatildeo curta de poucos paraacutegrafos (trecircs ou quatro) tendo em vista que o foco estaacute nos meacutetodos e resultados encontrados na pesquisa Nesse caso uma sugestatildeo para a redaccedilatildeo da introduccedilatildeo poderia ser conforme abaixo (quadro 21)
Quadro 21 mdash A redaccedilatildeo da introduccedilatildeo de artigos cientiacuteficos
Paraacutegrafo(s) inicial(is) (um ou dois no maacuteximo)Apresentaccedilatildeo do tema conceitos e definiccedilotildees (breve revisatildeo da literatura)Paraacutegrafos centraisProblema da pesquisa e justificativaParaacutegrafo finalHipoacutetese e objetivo
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 27
A seguir segue um texto que ilustra a sugestatildeo apresentada na figura acima Optou-se por manter a liacutengua inglesa pois se trata de um trecho de um artigo previamente publicado pelos autores (quadro 22)
Quadro 22 mdash Exemplo de introduccedilatildeo de artigo cientiacutefico
REVISAtildeO DA LITERATURA
Congenital generalized lipodystrophy (CGL) is a rare disorder of autonomic recessive inheritance with an estimated prevalence of 110000000 live births There are approximately 500 cases described worldwide with 100 cases described in Brazil This disease is characterized by the absence of subcutaneous adipose tissue leptin deficiency deposition of ectopic fat due to impairs of the metabolic activity and storage capacity of the subcutaneous adipose tissue hypertriglyceridemia insulin resistance and a poorly controlled diabetes mellitus (DM)
In addition to metabolic disorders cardiac abnormalities have also been described in patients with CGL especially left ventricular hypertrophy (LVH) left ventricular systolic and diastolic dysfunction systemic arterial hypertension QT interval enlargement cardiac arrhythmias and atherosclerosis Some cases of hypertrophic cardiomyopathy also were previously described Among the potential mechanisms involved in the development of these cardiac changes are insulin resistance and myocardial accumulation of triglycerides
PROBLEMA DA PESQUISA
However the pathophysiology of cardiomyopathy observed in CGL is not entirely elucidated
JUSTIFICATIVA
We previously reported that CGL patients present early microvascular complications including cardiovascular autonomic neuropathy (CAN) Several studies have observed an association between CAN and myocardial dysfunction in patients with DM including LVH and diastolic dysfunction which may occur even in the absence of coronary artery disease (CAD) and hypertension
HIPOacuteTESE E OBJETIVO
These observations allow us to speculate that CAN could be a potential mechanism associated with the early development of LVH in patients exposed to severe metabolic abnormalities early in life Thus the present study aimed to evaluate the association between cardiac abnormalities and CAN parameters in CGL patients
28 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por outro lado os projetos de pesquisa ou trabalhos de conclusatildeo de curso monografias dissertaccedilotildees e teses em geral apresentam textos introdutoacuterios mais longos pois deveratildeo convencer o leitor de que tal projeto deveraacute ser aprovado em uma seleccedilatildeo ou financiado por algum edital ou ainda mostraraacute o preparo do aluno sob avaliaccedilatildeo
Nesses casos a introduccedilatildeo poderaacute ser subdividida em seccedilotildees Mais uma vez as definiccedilotildees claacutessicas e uma apresentaccedilatildeo geral sobre o tema ao iniacutecio no texto seguida do desenvolvimento das ideais secundaacuterias ao longo do texto nos paraacutegrafos seguintes poderatildeo ser uma boa estrateacutegia
Nesses casos a justificativa e a relevacircncia do projeto normalmente satildeo apresentadas agrave parte O pesquisador deveraacute deixar claro para os potenciais leitores qual a importacircncia de sua pesquisa e qual a contribuiccedilatildeo que ela conferiraacute agrave Ciecircncia Para elaborar a justificativa algumas indagaccedilotildees poderatildeo ajudar O conteuacutedo dessas respostas seratildeo a justificativa de seu projeto No quadro 23 segue um exemplo
Quadro 23 mdash Exemplo de justificativa de um projeto de pesquisa
Meu tema eacute relevante para o contexto atual da
ciecircncia
Por quecirc
A hiperglicemia e a hipoglicemia aumentam a mortalidade de pacientes internados criacuteticos e natildeo criacuteticos com ou sem DM A falta de padronizaccedilatildeo de condutas no manejo da hiperglicemia e hipoglicemia pode ter impacto sobre o desfecho dos paracircmetros relacionados ao internamento hospitalar tais como tempo de permanecircncia no hospital risco de readmissatildeo hospitalar precoce complicaccedilotildees cardiovasculares ciruacutergicas renais e infecciosas e sobre a taxa de mortalidade No entanto a despeito da sua importacircncia desconhece-se a sua epidemiologia nos principais hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute
Continua
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 29
Quadro 23 mdash Exemplo de justificativa de um projeto de pesquisa
O que jaacute existe sobre isso na literatura
Dados nacionais tambeacutem satildeo escassos Estudo realizado no HC-FMUSP em 2013 demonstrou que ateacute 25 dos pacientes internados tinham diagnoacutestico preacutevio de DM Independentemente do diagnoacutestico ou natildeo de DM aproximadamente 70 dos pacientes natildeo tiveram a glicemia capilar medida na admissatildeo Entre os pacientes com DM 30 a 45 dos pacientes natildeo tiveram a glicemia capilar medida nas primeiras 24 horas de admissatildeo e 20 a 30 natildeo tiveram a glicemia capilar aferida durante todo o periacuteodo do internamento Nos pacientes em que o monitoramento glicecircmico foi realizado este foi feito sem padronizaccedilatildeo Com relaccedilatildeo ao tratamento da HIH os consensos em controle da HIH recomendam o esquema de insulinizaccedilatildeo basal-bolus como terapia de escolha desencorajando o uso de insulina raacutepida em doses escalonadas (slinding-scale) Apesar disso o levantamento previamente citado mostrou que quase a totalidade dos pacientes teve o esquema de escalonamento de doses de insulina regular como o tratamento de escolha da HIH
Quais as potenciais vantagens e os benefiacutecios
que este estudo pode trazer
Tem sido proposto que a implementaccedilatildeo de comissotildees especiacuteficas treinadas para o controle da glicemia de pacientes internados aos moldes das comissotildees de controle de infecccedilatildeo hospitalar seja uma alternativa interessante para a padronizaccedilatildeo de condutas e prevenccedilatildeo da hiperglicemia e hipoglicemia intra-hospitalar Assim considerando-se a carecircncia de leitos em hospitais terciaacuterios e as limitaccedilotildees relacionadas aos custos com despesas em sauacutede em nosso estado estudos nessa aacuterea podem permitir um melhor entendimento e manejo dessa condiccedilatildeo de alta morbidade podendo ter impacto sobre a disponibilidade de leitos e reduccedilatildeo dos custos em sauacutede que em uacuteltima anaacutelise agregaratildeo benefiacutecios ao paciente e a todo o sistema de sauacutede
30 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
22 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apesar de parecer uma tarefa simples escrever a introduccedilatildeo de uma produccedilatildeo acadecircmica muitas vezes eacute uma grande barreira para os pesquisadores iniciantes fazendo que a redaccedilatildeo seja postergada ateacute que um suposto momento ideal ou de ldquoinspiraccedilatildeordquo sirva como pontapeacute para o iniacutecio da redaccedilatildeo propriamente dita No entanto no caso da redaccedilatildeo cientiacutefica nada seraacute mais ldquoinspiradorrdquo para a elaboraccedilatildeo de uma boa introduccedilatildeo que uma boa leitura Isso serviraacute de base para que o aluno se aproprie (tome posse) do tema de estudo pois tendo um bom referencial teoacuterico conseguido por meio de muita ldquotranspiraccedilatildeordquo ou seja estudo e leitura o processo da escrita ocorreraacute com maior naturalidade Aleacutem disso nada como o tempo e o treino
Tempo tempo mano velho falta tanto ainda eu sei Pra vocecirc correr macio
Joatildeo Daniel Uchoa (Sobre o Tempo)
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 31
REFEREcircNCIAS
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
33
3OBJETIVOS GERAL E ESPECIacuteFICOS
Taynara Falkenstins Gois MendesPatriacutecia Rolim Mendonccedila Locircbo
ldquoVocecirc natildeo escreve porque quer dizer algo Vocecirc escreve porque tem algo a dizerrdquo
(Scot Fitzgerald)
O termo objetivo significa ldquoo fim que se deseja atingir a meta que se pretende alcanccedilar ou o que eacute relativo ao objeto que eacute concreto e existe independentemente do pensamentordquo (FERREIRA 2014) No contexto acadecircmico os objetivos ldquoconstituem a finalidade de um trabalho cientiacutefico ou seja a meta que se pretende atingir a partir de uma pesquisa cientiacuteficardquo (CAVALCANTI 2015)
A elaboraccedilatildeo dos objetivos de uma pesquisa surge a partir dos questionamentos que o investigador se propotildee a desvendar e visa responder aos problemas da pesquisa identificados apoacutes uma ampla revisatildeo de estudos preacutevios sobre o tema (MEO ELDAWLATLY 2019) Essa revisatildeo da literatura tanto auxilia o pesquisador a fomentar ideias como contribui com exemplos de objetivos jaacute alcanccedilados por outros pesquisadores
Em geral podem-se dividir os objetivos em dois tipos o objetivo geral ou principal e os objetivos especiacuteficos ou secundaacuterios O objetivo geral eacute uacutenico tem um caraacuteter mais amplo e representa o eixo central da pesquisa Ele se relaciona diretamente com o problema da pesquisa e visa responder a ele Deve ser escrito em uma uacutenica frase sendo iniciado por um verbo no infinitivo (CAVALCANTI 2015)
Por sua vez os objetivos especiacuteficos tecircm caraacuteter mais delimitado e pontual Visa responder a questotildees especiacuteficas que quando analisadas em conjunto permitem responder ao objetivo geral Natildeo existe um nuacutemero limite para os objetivos especiacuteficos variando de acordo com o tipo de pesquisa No entanto independentemente do nuacutemero todos devem ser passiacuteveis de serem atingidos devendo-se explicitar os meacutetodos para o alcance de cada um deles na seccedilatildeo especiacutefica Todos os objetivos especiacuteficos devem ser respondidos ao final da pesquisa (MATIAS-PEREIRA 2012)
Assim como o objetivo geral os objetivos especiacuteficos tambeacutem satildeo expressos por meio de verbos no infinitivo como verificar conhecer analisar compreender aplicar sintetizar avaliar entre outros verbos de accedilatildeo sendo recomendado que o pesquisador domine uma grande variedade de verbos para evitar repeticcedilotildees (CAVALCANTI
34 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
2015)
Segue uma lista de verbos no infinitivo com a ideia da accedilatildeo que lhes eacute conferida e que pode auxiliar na formulaccedilatildeo dos objetivos
bull Compreensatildeo compreender deduzir demonstrar determinar diferenciar discutir explanar encontrar interpretar localizar reafirmar
bull Relato eou siacutentese apontar citar classificar definir descrever identificar relatar compor documentar especificar delinear esquematizar formular produzir propor reconhecer construir reunir resumir sintetizar
bull Construccedilatildeo aplicar desenvolver estruturar operar organizar praticar selecionar delinear traccedilar
bull Avaliaccedilatildeo ou Anaacutelise argumentar avaliar contrastar definir escolher estimar julgar medir selecionar comparar conferir criticar debater diferenciar discriminar examinar investigar provar aferir monitorar experimentar
Quando se pensa em estruturaccedilatildeo da escrita cientiacutefica eacute necessaacuterio adequar a apresentaccedilatildeo dos objetivos de acordo com o tipo de produccedilatildeo a ser elaborada Assim em artigos cientiacuteficos os objetivos costumam ser inseridos de forma sucinta no final da introduccedilatildeo Em geral podem ser vistos da seguinte maneira ldquoO objetivo do nosso estudo foirdquo ldquoNoacutes relatamosrdquo ou ldquoNoacutes revisamosrdquo (MEO ELDAWLATLY 2019 SHARMA 2019) Geralmente apenas o objetivo geral eacute apresentado No entanto por vezes alguns objetivos secundaacuterios tambeacutem podem ser incluiacutedos
Ao contraacuterio quando falamos de projetos de pesquisa e trabalhos de conclusatildeo de curso ou poacutes-graduaccedilotildees os objetivos satildeo expressos em uma seccedilatildeo especiacutefica destinada para tal sendo primeiramente apresentado o toacutepico ldquoObjetivo geralrdquo seguido dos ldquoObjetivos especiacuteficosrdquo conforme exemplificado no quadro 31
Quadro 31 mdash Exemplo de objetivos geral e especiacuteficos (dados proacuteprios)
Objetivo Geral Avaliar as caracteriacutesticas cliacutenicas e epidemioloacutegicas de pacientes idosos internados por fraturas em decorrecircncia de quedas em um hospital terciaacuterio referecircncia em trauma no estado do Cearaacute
Objetivos Especiacuteficos1 Descrever o perfil cliacutenico e epidemioloacutegico dos pacientes idosos internados com fraturas em decorrecircncia de quedas2 Identificar os fatores de risco para quedas e fraturas nesta amostra de pacientes idosos internados3 Relatar o internamento dos pacientes idosos com fraturas incluindo tratamentos cliacutenicos eou ciruacutergicos recebidos e complicaccedilotildees durante o internamento
Objetivos Geral e Especiacuteficos 35
Eacute fundamental para o jovem pesquisador saber como redigir os objetivos de suas pesquisas Esse passo eacute crucial durante a avaliaccedilatildeo de projetos de pesquisas e artigos pois os pesquisadores devem demonstrar que satildeo capazes de responder a todos os objetivos propostos no iniacutecio de seu trabalho Assim aleacutem de serem apresentados de forma clara e coerente com a justificativa e problema propostos devem permitir que o leitor consiga identificar ao final da pesquisa as respostas para todos os objetivos inicialmente estabelecidos Sendo os objetivos da pesquisa bem elaborados torna-se mais faacutecil decidir os meacutetodos que seratildeo utilizados na pesquisa e o quanto a sua realizaccedilatildeo eacute factiacutevel respeitando tempo custo e realidade envolvidos (SANTOS 2004)
36 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P PINTO J BEZERRA M Como definir melhor o objetivo geral e especiacutefico(s) In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 8 p 53-57
FERREIRA A B H Mini Aureacutelio o dicionaacuterio da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Positivo 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de Metodologia da Pesquisa Cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEO S A ELDAWLATLY A A Pathophysiology of a scientific paper Saudi J Anaesth Mumbai v 13 n 5 p S9-S11 2019 Disponiacutevel em httpwwwsaudijaorgarticleaspissn=1658-354Xyear=2019volume=13issue=5spage=9epage=11aulast=Meo Acesso em 09 abr 2020
SANTOS H H Manual Praacutetico Para Elaboraccedilatildeo de Projetos Monografia Dissertaccedilotildees e Teses na Aacuterea de Sauacutede 2 ed Joatildeo Pessoa UFPBEditora Universitaacuteria 2004
SHARMA A How to write an article an introduction to basic scientific medical writing J Min Access Surg Mumbai v 15 n 3 242-248 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed29974882 Acesso em 09 abr 2020
37
4MEacuteTODOS
Matheus Mendonccedila Leal JanjaAntocircnio Brazil Viana Junior
Patriacutecia Rolim Mendonccedila Locircbo
ldquoSe vocecirc natildeo consegue explicar de maneira simples vocecirc natildeo o entende suficientemente bemrdquo
Albert Einstein
A seccedilatildeo ldquoMeacutetodosrdquo ou ldquoSujeitos e Meacutetodosrdquo ou ainda ldquoMateriais e Meacutetodosrdquo corresponde agrave parte do trabalho que demonstra como a pesquisa foi planejada e conduzida sendo uma das seccedilotildees mais importantes de uma produccedilatildeo cientiacutefica na qual a excelecircncia do artigo eacute fundamentada (MEO ELDAWLATLY 2019) Os meacutetodos respondem a questotildees que satildeo capazes de fazer o leitor entender ldquoo que foi feito onde foi feito e como foi feitordquo (MEO ELDAWLATLY 2019) Deve-se evitar a terminologia ldquoMetodologiardquo que significa ldquoo estudo dos meacutetodosrdquo portanto termo natildeo adequado para descrever tal seccedilatildeo
O termo ldquoMateriaisrdquo se refere aos elementos por exemplo instrumentos equipamentos e tratamentos empregados no estudo para a obtenccedilatildeo dos dados O termo ldquoSujeitosrdquo se refere agrave populaccedilatildeo do estudo Por sua vez o termo ldquoMeacutetodosrdquo faz referecircncia agrave forma como os materiais e os sujeitos foram utilizados dentro da pesquisa (MOORE 2006)
Eacute fundamental que os meacutetodos da pesquisa sejam planejados adequadamente antes do iniacutecio de um estudo a fim de evitar vieses durante a coleta e anaacutelise dos dados o que poderia implicar o empobrecimento dos resultados A confiabilidade e reprodutibilidade dos resultados obtidos durante um estudo dependem dos meacutetodos empregados e portanto estes devem ser descritos de forma clara e detalhada Quando bem aplicados os meacutetodos da pesquisa sustentam e datildeo credibilidade agraves conclusotildees do estudo
No caso de estudos experimentais nos quais o pesquisador natildeo estaacute plenamente familiarizado com o meacutetodo a ser aplicado um estudo piloto pode ser elaborado com o objetivo de avaliar a viabilidade do experimento antes da coleta definitiva dos dados
Para a redaccedilatildeo dessa seccedilatildeo recomenda-se que a descriccedilatildeo dos meacutetodos da
38 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
pesquisa siga uma estrutura baacutesica (quadro 41) como sugerido por Sa (2019)
Quadro 41 mdash Toacutepicos para elaboraccedilatildeo e apresentaccedilatildeo da seccedilatildeo ldquoMeacutetodosrdquo em produccedilotildees cientiacuteficas
Desenho da pesquisa Apresentaccedilatildeo do desenho e das caracteriacutesticas do estudo (local tempo)
Populaccedilatildeo do estudoCaracterizaccedilatildeo da amostra Tamanho e caacutelculo amostralCriteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo
Coleta de dadosInstrumentos de coleta questionaacuterios etcMateriais equipamentos e experimentosDiscriminaccedilatildeo das variaacuteveis estudadas
Anaacutelise dos dadosOrganizaccedilatildeo e tabulaccedilatildeo dos dadosTratamento e testes estatiacutesticos utilizadosPrograma(s) utilizados para tabulaccedilatildeo e anaacutelise
Aspectos eacuteticos Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
Fonte Adaptado de Sa (2019)
41 DESENHOS DE PESQUISA
Nesse toacutepico os pesquisadores devem informar qual o delineamento ou o tipo de estudo utilizado Os estudos podem ser classificados com base em diversos criteacuterios sendo comumente divididos em estudos observacionais e experimentais (BLOCH amp COUTINHO 2004)
Estudos observacionais os sujeitos satildeo apenas observados e natildeo satildeo submetidos a intervenccedilotildees Esses estudos podem ser analiacuteticos e descritivos (GREENHALGH 2013)
a Descritivos satildeo estudos que se limitam a descrever a ocorrecircncia de uma doenccedila em uma populaccedilatildeo eles podem ser divididos em
i Relato de caso descriccedilatildeo detalhada de um caso cliacutenico contendo caracteriacutesticas importantes sobre sinais sintomas e outras caracteriacutesticas do paciente relatando os procedimentos terapecircuticos utilizados bem como o desfecho do caso
ii Seacuterie de casos tem o mesmo objetivo do relato de caso apresentando um
Meacutetodos 39
nuacutemero maior de participantes Consiste em uma compilaccedilatildeo de relatos de casos
b Analiacuteticos satildeo estudos que abordam as relaccedilotildees entre o estado de sauacutede e outras variaacuteveis presentes em uma populaccedilatildeo Costumam avaliar os fatores de risco associados a uma doenccedila Podem ser divididos em
i Estudo transversal tambeacutem denominados estudos seccionais ou de prevalecircncia satildeo caracterizados pela observaccedilatildeo direta de uma quantidade planejada de indiviacuteduos (amostra) selecionados aleatoriamente em uma uacutenica ocasiatildeo Nesses estudos a observaccedilatildeo da existecircncia de associaccedilatildeo entre as possiacuteveis variaacuteveis preditoras e o desfecho eacute feita em um uacutenico momento Eacute uma espeacutecie de fotografia de uma determinada situaccedilatildeo na qual eacute realizado um levantamento de dados sobre uma condiccedilatildeo atual ou do passado como ocorre na revisatildeo de dados de prontuaacuterios Tais estudos satildeo uacuteteis para descrever as caracteriacutesticas de determinada populaccedilatildeo determinar a prevalecircncia e avaliar associaccedilotildees entre variaacuteveis sem permitir contudo estabelecer relaccedilotildees de causalidade Tem como principais vantagens o baixo custo e a rapidez (KLEIN amp BLOCH 2004)
As principais medidas calculadas pelos estudos transversais satildeo a TAXA DE PREVALEcircNCIA dada pela divisatildeo entre o nuacutemero de indiviacuteduos com o evento de interesse (comorbidade doenccedila etc) e a populaccedilatildeo sob risco de apresentar o evento de interesse em determinado tempo e a RAZAtildeO DE PREVALEcircNCIA (RP) dada pelo quociente do nuacutemero de evento em expostos e natildeo expostosExemplo ldquoQual a prevalecircncia de fraturas de colo do fecircmur em homens idosos atendidos em um hospital terciaacuteriordquo
Fratura
SIM
Fratura
NAtildeOTOTAL
Queda SIM 20 30 50Queda NAtildeO 10 40 50TOTAL 30 70 100
TAXA DE PREVALEcircNCIA 30100 = 30 ou seja de cada 100 homens idosos atendidos nesse periacuteodo e local 30 casos satildeo de fraturas de colo de fecircmur
RP 20 10 = 20 ou seja fratura de colo de fecircmur em homens idosos eacute DUAS vezes mais prevalente entre aqueles que sofreram queda (existe associaccedilatildeo entre quedas e fraturas nessa populaccedilatildeo poreacutem natildeo se pode
40 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
afirmar que haacute causalidade)
Obs deve-se ainda calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute a unidade e o valor de p seraacute gt 005
ii Estudo caso-controle compara uma determinada exposiccedilatildeo em um grupo de sujeitos que possuem a condiccedilatildeo de interesse (doenccedila caso) com um grupo de sujeitos que natildeo apresentam tal condiccedilatildeo (controle) Nesses estudos os controles devem ser vistos como uma amostra da populaccedilatildeo que originou os casos Como o seu desenho eacute retrospectivo os estudos caso-controle satildeo preferiacuteveis para condiccedilotildees ou doenccedilas raras nas quais a seleccedilatildeo dos participantes partiraacute de casos previamente identificados Esses estudos permitem avaliar a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis de exposiccedilatildeo (exposto ou natildeo exposto) e o desfecho (casodoente ou controlesadio)
A principal medida de associaccedilatildeo calculada em estudos caso-controle eacute a RAZAtildeO DE CHANCES ou ODDS-RATIO (OR) Um odds ratio de com valor igual a 1 significa que a chance de apresentar o desfecho eacute a mesma entre expostos e natildeo expostos Um odds ratio acima de 1 significa que a chance de apresentar o desfecho eacute maior entre os expostos O valor de OR menor que 1 revela que a exposiccedilatildeo eacute um fator de proteccedilatildeo para o desfecho Segue um exemplo de questatildeo cliacutenica que pode ser abordada por esse tipo de estudo ldquoO uso de alpargatas (exposiccedilatildeorisco) estaacute associado a maior risco de fraturas em idosos (desfechodoenccedila)rdquo
FraturaSIM
FraturaNAtildeO
Uso de alpargatas SIM 20 30Uso de alpargatas NAtildeO 10 40
OR = (20 x 40) (10 x 30) OR = 266 ou seja o uso de alpargatas aumenta em 26 vezes a chance de fratura em idosos Obs Deve-se tambeacutem calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute o ldquozerordquo e o valor de p seraacute gt 005
iii Estudo de coorte trata-se de um estudo longitudinal que avalia os participantes ao longo do tempo permitindo avaliar a incidecircncia das doenccedilas ou de outros desfechos de interesse sendo uacutetil para se avaliar os fatores de riscos para tais condiccedilotildees Nesse tipo de estudo dois ou mais
Meacutetodos 41
grupos de pessoas satildeo selecionados com base nas diferenccedilas em sua exposiccedilatildeo a um agente especiacutefico e satildeo acompanhados para observar quantos apresentaratildeo o desfecho em questatildeo Satildeo uacuteteis para avaliaccedilatildeo da histoacuteria natural das doenccedilas etiologia prognoacutestico intervenccedilotildees terapecircuticas e sobrevida A coorte pode ser prospectiva quando se inicia no presente e os sujeitos satildeo seguidos a partir desse momento (o desfecho ainda natildeo ocorreu e a exposiccedilatildeo pode ou natildeo ter ocorrido) ou retrospectiva quando se examinam dados e amostras coletados no passado (exposiccedilatildeo ocorreu antes do iniacutecio do estudo) Os principais indicadores dos estudos de coorte satildeo as TAXAS DE INCIDEcircNCIA e o RISCO RELATIVO (RR) (COELI amp FAERSTEIN 2004)
Exemplo de questatildeo cliacutenica que pode ser abordada por esse tipo de estudo ldquoQual a incidecircncia de fraturas por fragilidade em idosos que praticam exerciacutecios resistidos acompanhados pelo periacuteodo de cinco anos A praacutetica de exerciacutecios fiacutesicos resistidos protegeu contra fraturas por fragilidaderdquo
Fratura SIM
Fratura NAtildeO
TOTAL
Exerciacutecio fiacutesico SIM 10 30 40Exerciacutecio fiacutesico NAtildeO 20 40 60TOTAL 30 70 100
TAXA DE INCIDEcircNCIA ACUMULADA 30100 = 30
RR = (1040) (2060) RR = 075 ou seja o risco de fratura por fragilidade foi menor no grupo que praticou exerciacutecio fiacutesico resistido (fator de proteccedilatildeo) Nesse caso pode-se calcular a reduccedilatildeo do risco relativo (RRR) = 25 (ou seja 1 ndash RR = 1 ndash 075 = 025)
Se o RR fosse maior que 1 por exemplo RR = 25 poder-se-ia afirmar que o risco de fratura seria 25 vezes maior no grupo que praticou exerciacutecio (fator de risco)
Obs Da mesma maneira que nos demais estudos deve-se calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute a unidade e o valor de p seraacute gt 005
iv Estudo ecoloacutegico compara grupos de indiviacuteduos ou comunidades Nesses estudos a unidade de observaccedilatildeo e anaacutelise eacute uma populaccedilatildeo ou um grupo de pessoas que pertencem a uma aacuterea geograacutefica definida Por exemplo comparaccedilatildeo entre determinada exposiccedilatildeo e as taxas de uma doenccedila de interesse em uma seacuterie de populaccedilotildees de diferentes paiacuteses Em geral
42 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
satildeo mais baratos e raacutepidos que estudos que avaliam indiviacuteduos e se prestam a avaliar como os contextos sociais e ambientais influenciam a sauacutede dos grupos populacionais Satildeo indicados para gerar e testar hipoacuteteses etioloacutegicas a respeito da ocorrecircncia de uma doenccedila e avaliar a efetividade de intervenccedilotildees em uma populaccedilatildeo (MEDRONHO 2004)
Estudos experimentais satildeo estudos em que os pesquisadores manipulam o fator de exposiccedilatildeo ou seja realizam intervenccedilotildees profilaacuteticas ou terapecircuticas sobre os participantes e analisam os seus efeitos (GREENHALGH 2013) Podem ser divididos em
a Ensaios cliacutenicos randomizados Um ensaio cliacutenico randomizado eacute um estudo prospectivo em humanos comparando o efeito e o valor de uma intervenccedilatildeo contra um controle A alocaccedilatildeo dos participantes no grupo que receberaacute a intervenccedilatildeo ou no grupo controle eacute feita de forma aleatoacuteria ou seja randomizada Idealmente os ensaios cliacutenicos devem ser controlados por placebo podendo ser abertos ou blindados (cegos) ndash em que simples-cego (o participante desconhece se foi exposto agrave intervenccedilatildeodroga ou placebo) e duplo-cego (participante e pesquisador desconhecem o grupo exposto agrave intervenccedilatildeo ou placebo) Os ensaios cliacutenicos randomizados duplo-cegos controlados por placebo satildeo considerados como estudos de escolha para avaliar a eficaacutecia de drogas ou outras intervenccedilotildees
Exemplo de questatildeo cliacutenica que deve ser abordada por esse tipo de estudo ldquoOs bisfosfonatos reduzem o risco de nova fratura por fragilidaderdquo ldquoO uso de liraglutida reduz o risco cardiovascular em indiviacuteduos diabeacuteticosrdquo
b Ensaio comunitaacuterio satildeo avaliadas e comparadas intervenccedilotildees feitas em comunidades Podem ser de profilaxia ou tratamento
Aqui apresentamos brevemente algumas caracteriacutesticas dos diferentes tipos de estudos a fim de que os jovens pesquisadores se familiarizem com os conceitos baacutesicos a respeito desse amplo tema pois natildeo haacute como redigir bem sem conhecer minimamente tais conceitos Recomenda-se uma leitura mais aprofundada em Rouquayrol (2013) e Medronho (2004)
Meacutetodos 43
42 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO
A caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo do estudo eacute fundamental para permitir que os leitores avaliem para qual(is) puacuteblico(s) os resultados de determinada pesquisa poderatildeo ser extrapolados Assim escolher a populaccedilatildeo ou amostra de uma pesquisa de forma adequada visa evitar vieses que comprometam a validade e aplicabilidade de seus resultados para a ldquopopulaccedilatildeo de interesserdquo
Inicialmente deve-se definir se a populaccedilatildeo seraacute representada por um censo ou uma amostra Censo eacute o exame de todos os elementos de uma populaccedilatildeo ou universo Jaacute a amostra eacute uma parte do universo ou populaccedilatildeo escolhida de modo a representar o grupo inteiro da forma mais fidedigna possiacutevel (ROUQUAYROL 2013)
O censo eacute a representaccedilatildeo perfeita da populaccedilatildeo No entanto utilizar o censo eacute mais dispendioso do ponto de vista financeiro e de tempo sendo difiacutecil de ser realizado Deve ser reservado para populaccedilotildees pequenas ou quando se necessita de uma precisatildeo completa dos dados Assim a utilizaccedilatildeo de amostras que representem a populaccedilatildeo apresenta vantagens sobre o censo sendo a amostragem um meacutetodo bastante utilizado nas pesquisas cientiacuteficas (PINHEIRO JUNIOR 2015)
Para que a amostra represente a populaccedilatildeo do estudo ela deveraacute ser calculada adequadamente A depender do tipo de estudo diferentes caacutelculos de tamanho amostral satildeo indicados Existem ferramentas disponiacuteveis on-line que auxiliam na determinaccedilatildeo do tamanho da amostra Como exemplo cita-se httpclincalccomstatssamplesizeaspx
Depois da definiccedilatildeo de seu tamanho eacute importante informar como a amostra seraacute recrutada Recomenda-se que a seleccedilatildeo dos participantes ocorra de maneira aleatoacuteria para natildeo favorecer sua inclusatildeo com caracteriacutesticas individuais que promovam vieses sobre os resultados (GREENHALGH2013) Para minimizar tais vieses de seleccedilatildeo os participantes do estudo deveratildeo ser selecionados por meio de criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo preacute-estabelecidos que deveratildeo ser descritos e apresentados aos leitores
Os criteacuterios de inclusatildeo informam caracteriacutesticas da populaccedilatildeo-alvo que satildeo de interesse para o estudo Esses criteacuterios servem ainda para deixar a populaccedilatildeo mais homogecircnea Os criteacuterios de exclusatildeo por sua vez se referem aos participantes que possuem caracteriacutesticas que podem confundir ou enviesar os dados distorcendo os resultados e portanto natildeo deveratildeo participar do estudo (LUNA 1998 apud PINHEIRO JUNIOR 2015)
Deve-se lembrar de que soacute poderatildeo ser excluiacutedos indiviacuteduos que atenderam aos criteacuterios de inclusatildeo do estudo Comumente os pesquisadores discriminam de maneira inadequada como criteacuterios de exclusatildeo caracteriacutesticas que natildeo estatildeo presentes na amostra selecionada exatamente por natildeo preencherem os criteacuterios de inclusatildeo para o estudo Exemplo
44 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull criteacuterios de inclusatildeo
Seratildeo incluiacutedos indiviacuteduos com mais de 18 anos de ambos os sexos com diagnoacutestico de diabetes mellitus tipo 2
bull criteacuterios de exclusatildeo
Seratildeo excluiacutedos indiviacuteduos com menos de 18 anos de ambos os sexos sem diagnoacutestico de diabetes mellitus tipo 2
43 COLETA DE DADOS
Nessa etapa devem ser descritas todas as informaccedilotildees relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos dados da pesquisa A depender do delineamento do estudo podem-se utilizar entrevistas estruturadas exame fiacutesico questionaacuterios revisotildees de prontuaacuterio revisotildees de outros estudos observaccedilotildees experimentos etc Os pesquisadores devem informar a origem dos instrumentos de coleta se satildeo de autoria proacutepria ou natildeo Em se tratando de questionaacuterios ou escalas padronizadas eacute necessaacuterio informar se eles foram previamente validados para a populaccedilatildeo a ser estudada (PINHEIRO JUNIOR 2015)
No caso da elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa ou trabalhos de conclusatildeo de curso os questionaacuterios ou outros instrumentos de coleta devem ser apresentados na iacutentegra como elementos poacutes-textuais ndash ldquoApecircndicesrdquo Isso eacute importante tanto para que a comissatildeo avaliadora do projeto e os membros do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa possam analisar tais instrumentos No caso de artigos cientiacuteficos na maioria das vezes isso natildeo eacute necessaacuterio e os instrumentos devem apenas ser referenciados caso natildeo sejam de autoria proacutepria
Ao se utilizar materiais deve-se descrever a marca o modelo o nome e a origem do fabricante dos equipamentos bem como o nome cientiacutefico o fabricante a dosagem e o meacutetodo de administraccedilatildeo dos medicamentos No caso de aparelhos ou teacutecnicas incomuns sugere-se incluir imagens para facilitar a compreensatildeo do leitor
Outro ponto a destacar eacute a natureza dos dados coletados se satildeo primaacuterios ou secundaacuterios Dados primaacuterios satildeo aqueles obtidos pelos proacuteprios pesquisadores Por outro lado dados secundaacuterios satildeo aqueles provenientes de outras fontes como banco de dados prontuaacuterios etc Ambos os tipos de dados apresentam vantagens e desvantagens e o tipo de estudo eacute que determinaraacute quais deles seratildeo mais adequados para a pesquisa
Para finalizar esse toacutepico devem-se ainda descrever todos os procedimentos utilizados no estudo ou seja o ldquopasso-a-passordquo da pesquisa que deve ser apresentado em ordem cronoloacutegica desde a seleccedilatildeo e o convite aos participantes ateacute a coleta dos dados propriamente dita
Meacutetodos 45
44 VARIAacuteVEIS DO ESTUDO
Ao final da coleta de dados os pesquisadores devem identificar as variaacuteveis do estudo que seratildeo utilizadas para a anaacutelise dos dados Uma criteriosa seleccedilatildeo e tratamento das variaacuteveis eacute passo fundamental para garantir a qualidade dos resultados obtidos
Aleacutem disso todas as variaacuteveis devem ser devidamente explicadas ou conceituadas para que os leitores tenham o entendimento adequado sobre aquilo que estaacute sendo analisado Por exemplo para a variaacutevel ldquodiagnoacutestico de diabetes mellitusrdquo cujas respostas seriam SIM ou NAtildeO deve estar claro quais os criteacuterios que o pesquisador utilizou para definir diabetes (ldquoglicemia de jejum gt ou igual a 126 mgdL em duas ou mais ocasiotildees eou glicemia 2 horas apoacutes teste de sobrecarga com 75 gramas de glicose oral gt ou igual a 200 mgdL etcrdquo ou ainda ldquoO diagnoacutestico de diabetes mellitus foi realizado de acordo com as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SDB 2018)rdquo
No caso de projetos de pesquisas ou trabalhos de conclusatildeo de cursos de graduaccedilatildeo ou poacutes-graduaccedilatildeo os autores destinam um toacutepico da seccedilatildeo meacutetodo para apresentar todas as variaacuteveis a serem analisadas Em artigos cientiacuteficos cuja redaccedilatildeo eacute mais objetiva e curta podem-se indicar de forma sucinta em um uacutenico paraacutegrafo as variaacuteveis usadas no estudo
Os pesquisadores devem conhecer a natureza de suas variaacuteveis para definir os testes estatiacutesticos a serem utilizados Os diversos tipos de variaacuteveis satildeo discutidos no capiacutetulo Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica apresentado adiante
45 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DOS DADOS
Apoacutes a coleta dos dados os pesquisadores devem iniciar o processo de organizaccedilatildeo e tabulaccedilatildeo dos dados coletados normalmente feito em planilhas eletrocircnicas contento tabelas divididas em linhas e colunas (exemplo Microsoft Office Excelreg e LibreOffice Calcreg ndash disponiacutevel gratuitamente para download em httpspt-brlibreofficeorg) As linhas devem conter os participantes e as colunas as variaacuteveis do estudo Nos campos que possam denunciar a identidade do participante tal informaccedilatildeo pode ser substituiacuteda por nuacutemeros ou siglas de forma a assegurar a privacidade do candidato aleacutem de facilitar a anaacutelise estatiacutestica no cruzamento de variaacuteveis
Essas tabelas natildeo devem estar no corpo do trabalho elas satildeo os meios pelos quais os dados seratildeo guardados e preparados para a obtenccedilatildeo dos resultados sendo portanto uma etapa preciosa de toda pesquisa cliacutenica da qual dependeraacute a qualidade das anaacutelises e dos resultados
46 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
No toacutepico ldquoAnaacutelise estatiacutesticardquo os pesquisadores deveratildeo informar ainda que ferramentas ou softwares satildeo utilizados para a tabulaccedilatildeo dos dados Os testes estatiacutesticos utilizados tambeacutem precisam ser citados mas natildeo detalhados sendo boa praacutetica informar se o teste eacute parameacutetrico ou natildeo parameacutetrico sendo indicados de acordo com as variaacuteveis analisadas A significacircncia estatiacutestica se baseia nos caacutelculos de variaacuteveis como o valor p e o intervalo de confianccedila por exemplo O nome do programa utilizado para as anaacutelises tambeacutem deve ser descrito seguido pelo nuacutemero da versatildeo e ano Para mais detalhes sobre esse tema deve-se consultar o capiacutetulo Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica adiante
46 ASPECTOS EacuteTICOS
A confidencialidade a proteccedilatildeo dos direitos e o bem-estar dos sujeitos da pesquisa natildeo podem ser ignorados Dessa forma todo trabalho cientiacutefico que envolva humanos ou animais precisa passar pela apreciaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da instituiccedilatildeo na qual a pesquisa seraacute realizada
No caso de pesquisas com seres humanos os pesquisadores devem informar que conhecem as normas vigentes e que atenderatildeo a elas nas pesquisas com seres humanos de acordo com o estabelecido pela Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede 4662012 Aleacutem disso devem indicar que todos os participantes concordaram em participar do estudo apoacutes assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
No caso de projetos de pesquisa que ainda seratildeo submetidos agrave apreciaccedilatildeo do CEP esse campo deveraacute descrever os riscos e benefiacutecios da pesquisa as medidas a serem adotadas pelos pesquisadores para minimizar tais riscos e garantir a confidencialidade e anonimato dos participantes Deve-se informar que a pesquisa iniciaraacute apenas apoacutes a aprovaccedilatildeo do CEP e somente seratildeo incluiacutedos participantes que concordarem em participar e assinarem o TCLE o qual deveraacute ser anexado como elemento poacutes-textual nos ldquoApecircndicesrdquo Para mais detalhes consultar o capiacutetulo ldquoApecircndices e Anexosrdquo
Meacutetodos 47
REFEREcircNCIAS
BLOCH K V COUTINHO E S F Fundamentos da pesquisa epidemioloacutegica In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 7 p 107-114
COELI C M FAERSTEIN E Estudos de coorte In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 11 p 161-174
GREENHALGH T Como ler artigos cientiacuteficos fundamentos da medicina baseada em evidecircncias 4 ed Porto Alegre Artmed 2013
KLEIN C H BLOCH K V Estudos seccionais In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 9 p 125-150
MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004
MEO S A Anatomy and physiology of a scientific paper Saudi J Biol Sci Riyadh v 25 n 7 p 1278-1283 2018Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6252020pdfmainpdf Acesso em 09 abr 2020
MEO S A ELDAWLATLY A A Pathophysiology of a scientific paper Saudi Journal Of Anaesthesia India v 13 p 9-11 abr 2019 Supl 1 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6398299__ffn_sectitle Acesso em 09 abr 2020
MOORE N How to do research a practical guide to designing and managing research projects 3rd ed London Facet 2006
PINHEIRO JUNIOR F M L et al Como construir a seccedilatildeo de meacutetodos In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 10 p 65-75
RODRIGUES L C WERNECK G L Estudos caso-controle In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 12 p 175-190
ROUQUAYROL M Z Epidemiologia e sauacutede 7 ed Rio de Janeiro MedBook 2013
49
5RESULTADOS
Laura da Silva Giratildeo LopesClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoNa seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico o autor deveria relatar o mesmo que as testemunhas nas cortes judiciaacuterias falar apenas a verdade toda a verdade e
nada mais que a verdaderdquo
Thomas M Annesley
51 INTRODUCcedilAtildeO
A frase acima faz uma comparaccedilatildeo bem pertinente entre a seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico e as cortes judiciaacuterias Nessa analogia a verdade cientiacutefica se refere aos dados e aos resultados que compreendem o produto do experimento dos autores ldquoFalar toda a verdaderdquo por sua vez significa escrever sobre os resultados positivos ou negativos de uma pesquisa isto eacute que confirmem ou que refutem a hipoacutetese alternativa Tal fato eacute fundamental para o desenvolvimento cientiacutefico embora muitas vezes os pesquisadores acreditem que a hipoacutetese alternativa seja o uacutenico caminho propiacutecio para a publicaccedilatildeo E por uacuteltimo ldquofalar nada mais que a verdaderdquo significa apresentar os dados e resultados sem interpretaccedilatildeo o que deveraacute ser feito adequadamente na seccedilatildeo discussatildeo (ANNESLEY 2010) conforme veremos adiante
52 ESCREVENDO OS RESULTADOS ESTRUTURA GERAL E MODO DE ORGANIZACcedilAtildeO DA SECcedilAtildeO
A seccedilatildeo resultados tem a funccedilatildeo de apresentar a(s) resposta(s) ao problema da pesquisa (CAMPOS 2016) Os resultados podem ser expressos por meio de diversos elementos como textos tabelas ou figuras (BAHADORAN et al 2019) A escolha da forma de apresentaccedilatildeo seraacute feita conforme a natureza do resultado que se deseja apresentar (MEO 2018) De maneira geral achados que satildeo muito importantes e que respondem agrave pergunta principal da pesquisa devem ser descritos na forma de texto As tabelas por sua vez sumarizam grandes quantidades de dados Quando adequadamente confeccionadas tabelas e figuras podem fornecer mais informaccedilotildees do que textos (KOTZ CALS 2013) Assim para essa escolha deve-se lembrar que a
50 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
comunicaccedilatildeo eficaz eacute o que se deseja primordialmente na escrita cientiacutefica
Natildeo haacute um padratildeo formal riacutegido para a apresentaccedilatildeo dos resultados em um artigo cientiacutefico o que determina sua estrutura e seus elementos eacute o contexto de cada pesquisa (VOLPATO 2007) O modo de organizaccedilatildeo pode ser um dos seguintes do resultado mais geral para o mais especiacutefico do mais importante para o menos importante ordem cronoloacutegica ou agrupamento por variaacuteveis ou por grupos Subtiacutetulos podem ser utilizados sempre que necessaacuterio (BAHADORAN et al 2019) Outra recomendaccedilatildeo seria alinhar o modo de apresentaccedilatildeo dos resultados com o modo de apresentaccedilatildeo da seccedilatildeo materialmeacutetodos para que a leitura seja de faacutecil compreensatildeo
Um modelo geral que pode ser individualizado de acordo com as necessidades de cada artigo eou recomendaccedilotildees de cada perioacutedico seraacute descrito abaixo (BAHADORAN et al 2019 ARAUacuteJO 2014)
bull Primeiro paraacutegrafo o autor pode fornecer uma visatildeo geral do estudo informando o fluxo de seleccedilatildeo dos pacientes e a descriccedilatildeo da amostra
bull Segundo e terceiro paraacutegrafos apresentar os resultados e os dados principais que devem estar relacionados ao objetivo principal do estudo
bull Quarto paraacutegrafo em diante (em geral a seccedilatildeo resultados pode conter de quatro a nove paraacutegrafos) apresentaccedilatildeo dos resultados secundaacuterios
Aleacutem disso deve-se ter atenccedilatildeo para as regras do perioacutedico ao qual seraacute submetido o artigo Na maioria deles a seccedilatildeo resultados estaacute separada da discussatildeo mas em outros tais seccedilotildees poderatildeo estar juntas (SNYDER 2019) Algumas vezes haacute limites para o nuacutemero de tabelas eou figuras
Aqui devemos tecer algumas diferenccedilas entre o termo dados e resultados Dados se referem aos fatos ou agraves observaccedilotildees ldquobrutasrdquo obtidas a partir da coleta de dados Por outro lado o termo resultado se refere agraves observaccedilotildees provenientes do ldquotratamentordquo ou agrave anaacutelise de tais dados Portanto os resultados consistem em informaccedilotildees que sumarizam e explicam o que os dados coletados mostraram dando significado a eles (BAHADORAN et al 2019)
Por fim observa-se que frequentemente nem todos os achados da pesquisa satildeo descritos na seccedilatildeo resultados Muitas vezes priorizam-se aqueles que respondem aos objetivos do estudo Alguns achados ou resultados secundaacuterios para o estudo em questatildeo podem ser apresentados na seccedilatildeo apecircndice ou material suplementar em prol da fluidez e concisatildeo do texto cientiacutefico (BAHADORAN et al 2019)
Resultados 51
53 DICAS PARA A REDACcedilAtildeO PROPRIAMENTE DITA
Idealmente a redaccedilatildeo da seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico deve ser clara precisa e concisa evitando-se a repeticcedilatildeo desnecessaacuteria dos mesmos resultados em diferentes partes da seccedilatildeo Exceccedilatildeo feita agraves mensagens principais que podem ser apresentadas na forma de texto e estar contidas em tabelas ou figuras (BAHADORAN et al 2019) Os pesquisadores devem discernir qual a melhor opccedilatildeo entre texto tabelas ou figuras para a apresentaccedilatildeo de cada um de seus resultados Na realidade todos esses elementos satildeo importantes e se complementam devendo interagir de modo dinacircmico a fim de que se produza um texto adequado agrave escrita cientiacutefica
Visando a alcanccedilar a precisatildeo deve-se evitar o uso de expressotildees vagas como ldquocerca derdquo ou ldquoaproximadamenterdquo Os pesquisadores devem informar os valores exatos ou numeacutericos para transmitirem ao leitor uma dimensatildeo precisa de quantidade
As variaacuteveis numeacutericas podem ser apresentadas por meio de medidas de tendecircncia central (meacutedia ou mediana em geral) e medidas de dispersatildeo (desvio-padratildeo ou intervalo interquartil) ou ainda por meio de seus valores absolutos ou percentuais (VOLPATO 2007) Para uma amostra com nuacutemeros de sujeitos menor do que 20 natildeo se recomenda apresentar os dados percentuais e sim apenas o nuacutemero absoluto (BAHADORAN et al 2019)
Nuacutemeros no iniacutecio das sentenccedilas ou menores do que dez devem ser escritos em sua forma por extenso O nuacutemero de diacutegitos e suas casas decimais devem ser escolhidos a partir da variaacutevel reportada Por exemplo para o pH a utilizaccedilatildeo de trecircs casas decimais apoacutes a viacutergula eacute necessaacuteria mas para a variaacutevel pressatildeo arterial natildeo se deve empregar mais do que trecircs diacutegitos sem casas decimais As unidades de medidas das variaacuteveis numeacutericas tambeacutem devem estar especificadas devendo haver um espaccedilo entre o numeral e sua unidade com exceccedilatildeo do siacutembolo que deve estar junto ao nuacutemero (BAHADORAN et al 2019 MEO 2018)
Outro ponto importante eacute a utilizaccedilatildeo adequada do tempo verbal Em geral na seccedilatildeo resultados utiliza-se o tempo no passado por exemplo ldquoA meacutedia de idade foirdquo No entanto quando os autores fazem referecircncia a tabelas graacuteficos ou figuras o tempo verbal permanece no presente como no exemplo ldquoAbaixo demonstramos as caracteriacutesticas demograacuteficas e cliacutenicas dos pacientesrdquo (MEO 2018)
Deve-se ainda utilizar a mesma nomenclatura ao longo de todo o artigo Por exemplo os nomes dos grupos de pacientes ou o nome de alguma variaacutevel devem ser os mesmos em todas as seccedilotildees do manuscrito O leitor natildeo deve ter duacutevidas a esse respeito (KOTZ CALS 2013)
Ao final da redaccedilatildeo sugere-se a releitura do material escrito para avaliar a fluidez do texto e a existecircncia de alinhamento entre a seccedilatildeo meacutetodos e a seccedilatildeo resultados
52 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
54 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS EM TABELAS E FIGURAS
Alguns autores recomendam que os pesquisadores devam iniciar a redaccedilatildeo da seccedilatildeo resultados apoacutes a confecccedilatildeo das tabelas e figuras Para eles isso tornaraacute mais faacutecil a integraccedilatildeo de todos os elementos no texto (BAHADORAN et al 2019) No entanto natildeo haacute uma foacutermula ou roteiro certo para todos Se o pesquisador jaacute tiver um estilo de escrita no qual ele inicie pelo texto e que culmine em resultados bem apresentados natildeo haacute motivo para mudar sua teacutecnica
Em geral as tabelas contecircm os seguintes elementos baacutesicos nuacutemero e tiacutetulo da tabela cabeccedilalho das linhas e colunas espaccedilo para os dados e rodapeacute Entre esses elementos destaca-se a importacircncia do tiacutetulo que deve ser atrativo e informar o toacutepico estudado e natildeo apenas repetir as variaacuteveis descritas (BAHADORAN et al 2019 KOTZ CALS 2013) Por exemplo em um graacutefico utilizado para demonstrar a reduccedilatildeo da hemoglobina glicada em pacientes diabeacuteticos submetidos a um tratamento com o medicamento X em vez de colocar o tiacutetulo ldquoMudanccedila da hemoglobina glicadardquo o tiacutetulo mais adequado seria ldquoEfeito do tratamento do medicamento X sobre a hemoglobina glicada de diabeacuteticosrdquo
Uma caracteriacutestica deve ser comum a todas as tabelas e figuras ambas devem ser autoexplicativas sendo o leitor capaz de compreendecirc-las sem recorrer ao texto Para isso o autor pode realizar um teste para identificar a adequaccedilatildeo delas solicitando que um colega que natildeo conheccedila o estudo leia as tabelas e os graacuteficos verificando se a compreensatildeo de seu conteuacutedo eacute possiacutevel sem a leitura do texto (KOTZ CALS 2013)
Outra caracteriacutestica comum de tabelas e figuras eacute a de que ambas devem estar relacionadas com o texto natildeo devendo ser inseridas sem que tenham relaccedilatildeo com os resultados apresentados textualmente Isso torna a leitura fluida e facilita a compreensatildeo (KOTZ CALS 2013)
As tabelas podem apresentar os seguintes tipos de dados caracteriacutesticas cliacutenicas e soacutecio-demograacuteficas dos grupos do estudo resultados de exames laboratoriais comparaccedilatildeo entre grupos entre outros Nenhuma ceacutelula da tabela pode estar vazia Caso o dado natildeo esteja disponiacutevel utiliza-se o preenchimento com alguma sigla cujo significado deveraacute estar especificado nas abreviaccedilotildees da tabela por exemplo ldquoND natildeo disponiacutevelrdquo (BAHADORAN et al 2019 MEO 2018)
As figuras devem reforccedilar visualmente os achados do estudo facilitando a interpretaccedilatildeo das anaacutelises estatiacutesticas e dos resultados encontrados (PEREIRA 2013) Para isso os pesquisadores podem utilizar graacuteficos fotografias diagramas fluxogramas entre outros
Os graacuteficos podem ser empregados para demonstrar tendecircncias ou relaccedilotildees entre as variaacuteveis (BAHADORAN et al 2019 KOTZ CALS 2013) A escolha do tipo de graacutefico tambeacutem eacute de fundamental importacircncia e novamente depende da natureza
Resultados 53
do que se deseja apresentar (PEREIRA 2013 VOLPATO 2007) Os graacuteficos de linha satildeo utilizados para mostrar tendecircncias e natildeo devem ser utilizados se a sequecircncia de ordenaccedilatildeo do eixo da abscissa puder ser aleatoacuteria (DURBIN 2014 VOLPATO 2007) os graacuteficos de barras para comparaccedilatildeo de variaacuteveis numeacutericas de diferentes grupos ao longo do tempo por exemplo Os graacuteficos de pizzas podem ser utilizados quando a intenccedilatildeo for de comparar proporccedilotildees de diferentes variaacuteveis nominais em relaccedilatildeo ao todo mas devem ser empregados com parcimocircnia (KOTZ CALS 2013) Com relaccedilatildeo ao layout das figuras recomendam-se cores mais fortes para se referir aos resultados principais por exemplo cores mais escuras para o grupo tratamento e cores mais fracas para o grupo controle em graacuteficos de barras
Em estudos cliacutenicos os fluxogramas satildeo muito empregados com a intenccedilatildeo de demonstrar o processo de seleccedilatildeo da amostra incluindo o nuacutemero e o motivo de exclusatildeo dos sujeitos ao longo da pesquisa bem como seus motivos e a caracterizaccedilatildeo dos grupos controle e de tratamento (BAHADORAN et al 2019) Em relatos de casos ou seacuteries de casos em doenccedilas raras fotografias dos pacientes ou dos exames de imagem tambeacutem podem ser utilizadas sempre respeitando os aspectos eacuteticos que envolvem a utilizaccedilatildeo de imagens de pacientes (KOTZ CALS 2013) Por fim eacute importante lembrar que os pesquisadores devem elaborar as tabelas e as figuras com esmero sob o risco de recusa para a aceitaccedilatildeo de artigos caso tais elementos sejam mal elaborados (BAHADORAN et al 2019)
Deve-se enfatizar que o design das tabelas e das figuras deve estar adequado Isso confere credibilidade aos resultados do estudo (BAHADORAN et al 2019) Abaixo segue um quadro com dicas a serem utilizadas na confecccedilatildeo de tabelas e figuras (quadro 51)
Quadro 51 mdash Dicas para a elaboraccedilatildeo de tabelas em textos cientiacuteficos
Enumere e decirc tiacutetulos para todas as tabelas e figuras Evite usar figuras abreviaccedilotildees nos tiacutetulos das tabelasInclua legendas curtas que expliquem os dados incluiacutedosNatildeo sobrecarregue o tiacutetulo com detalhesInclua as tabelas e as figuras o mais proacuteximo possiacutevel do local em que ele foi citado pela primeira vez no textoContextualize os resultados das tabelas e figuras ao longo do textoUniformize a aparecircncia de todas as tabelas e figuras Use notas de rodapeacute para explicar quaisquer dados incertosConfira se a tabela eacute autoexplicativa
Nota Adaptado de Bahadoran et al 2019
54 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por fim apresentamos abaixo exemplos de tabelas e graacuteficos utilizados em outras produccedilotildees dos editores (figuras 51 e 52)
Figura 51 mdash Exemplo de tabela e seus elementos baacutesicos publicados em um artigo cientiacutefico (adaptado de Ponte et al 2018)
Resultados 55
Figura 52 mdash Exemplo de figura publicada em um artigo cientiacutefico (adaptado de Ponte et al 2019)
55 ERROS FREQUENTES DA SECcedilAtildeO RESULTADOS
Abaixo elencamos os principais erros cometidos pelos pesquisadores ao longo da escrita dos resultados de uma pesquisa (BAHADORAN et al 2019 FOOTE 2009)
bull discutir os resultados ainda na seccedilatildeo resultados e natildeo na seccedilatildeo discussatildeo
bull natildeo apresentar resultados que respondam a todos os objetivos da pesquisardquo
bull fornecer apenas os dados mas natildeo os resultados da pesquisa (ou seja a interpretaccedilatildeo ou a anaacutelise desses dados) ou o contraacuterio
bull desalinhamento organizacional e de conteuacutedo entre a seccedilatildeo material e meacutetodos e a seccedilatildeo resultados
bull escolha inadequada da forma de apresentaccedilatildeo dos resultados e dados ou
56 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
seja empregar texto quando deveria utilizar tabelas ou figuras ou o contraacuterio
bull repeticcedilatildeo inadequada nos achados na forma de texto e tabelas ou figuras (embora a apresentaccedilatildeo do mesmo achado seja possiacutevel a partir de texto e tabela desde que seja de uma forma natildeo repetitiva e com o objetivo de ressaltar um achado muito importante do estudo)
bullutilizaccedilatildeo de tabelas e figuras mal elaboradas
56 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A escrita adequada da seccedilatildeo resultados tem como elementos fundamentais a precisatildeo concisatildeo e clareza sendo a criatividade dos autores o elemento fundamental no julgamento da melhor maneira de apresentaccedilatildeo dos achados O objetivo maior deve ser o de uma comunicaccedilatildeo cientiacutefica eficaz para outros pesquisadores e estudiosos Para isso algumas formalidades satildeo necessaacuterias e devem estar presentes nesta seccedilatildeo da produccedilatildeo cientiacutefica com o intuito de aumentar a confiabilidade dos achados apresentados
Resultados 57
REFEREcircNCIAS
ANNESLEY TM Clinical Chemistry Guide to Scientific Writing Clinical Chemistry [S l] v 56 n 3 p 331-497 2010 Disponiacutevel em httpspdfssemanticscholarorg191845a1da9dc1c376bddd3744ba30197d4a88a3pdf_ga=21642126024123063401603328335-14644782561603328335 Acesso em 19 out 2020
ARAUacuteJO C G S Detailing the writing of scientific manuscripts 25-30 paragraphs Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v 102 n 2 p e21-e23 fev 2014Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC3987331 Acesso em 09 abr 2020
BAHADORAN Z et al The principles of biomedical scientific writings results Int J Endocrinol Metab Tehran v 17 n 2 p e92113 abr 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31372173 Acesso em 09 abr 2020
CAMPOS JM et al Manual praacutetico de pesquisa cliacutenica da graduaccedilatildeo agrave poacutes-graduaccedilatildeo Satildeo Paulo Thieme Revinter 2016
DURBIN JR CG Effective use of tables and figures in abstracts presentations and papers Respir Care Philadelphia v 49 n 10 p 1233-1237 out 2004Disponiacutevel em httpwwwrcjournalcomcontents100410041233pdf Acesso em 09 abr 2020
FOOTE M The proof of the pudding how to report results and write a good discussion Chest Chicago v 135 n 3 p 866-868 2009 Disponiacutevel em httpronbunjpchestpdf34pdf Acesso em 09 abr 2020
KOTZ D CALS J W L Effective writing and publishing scientific papers part VII tables and figures J Clin Epidemiol New York v 66 n 11 1197 2013 Disponiacutevel em httpswwwjclinepicomactionshowPdfpii=S0895-435628132900192-3 Acesso em 09 abr 2020
58 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
MEO S A Anatomy and physiology of a scientific paper Saudi J Biol Sci Riyadh v 25 n 7 p 1278-1283 nov 2018 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6252020 Acesso em 09 abr 2020
PEREIRA MG A seccedilatildeo de resultados de um artigo cientiacutefico Epidemiol Serv Sauacutede Brasiacutelia v 22 n 3 p 537-538 abrjun 2013Disponiacutevel em httpscieloiecgovbrpdfessv22n2v22n2a17pdf Acesso em 09 abr 2020
PONTE C M M et al Early commitment of cardiovascular autonomic modulation in Brazilian patients with congenital generalized lipodystrophy BMC Cardiovasc Disord [S l] v 18 n 1 p 6 jan 2018
PONTE C M M et al Association between cardiovascular autonomic neuropathy and left ventricular hypertrophy in young patients with congenital generalized lipodystrophy Diabetol Metab Syndr [S l] v 11 n 53 p 1-10 jul 2019
SNYDER N et al How to write an effective results section Clin Spine Surg Hagerstown v 32 n 7 p 295-296 ago 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31145152 Acesso em 09 abr 2020
VOLPATO GL Como escrever um artigo cientiacutefico Anais da Academia Pernambucana de Ciecircncia Agronocircmica Recife v 4 p 97-115 2007Disponiacutevel em httpwwwjournalsufrpebrindexphpapcaarticleview9390 Acesso em 09 abr 2020
59
6ESCREVENDO A DISCUSSAtildeO E A CONCLUSAtildeO
Vitoacuteria Costa LimaLaura da Silva Giratildeo Lopes
ldquoA razatildeo natildeo eacute toda poderosa eacute uma trabalhadora tenaz opinativa cautelosa criacutetica implacaacutevel disposta a ouvir e a discutir arriscadardquo
Karl Popper
61 INTRODUCcedilAtildeO
Essa frase de Karl Popper considerado um dos maiores filoacutesofos da ciecircncia do seacuteculo XX eacute bem apropriada para se iniciar o debate acerca da seccedilatildeo de discussatildeo dos artigos cientiacuteficos Nela o filoacutesofo nega o poder como uma caracteriacutestica da razatildeo cientiacutefica e delimita algumas caracteriacutesticas fundamentais ao cientista disposiccedilatildeo ao trabalho aacuterduo criticidade e acima de tudo capacidade de discutir ideias que consiste na principal atividade do pesquisador durante a elaboraccedilatildeo da discussatildeo de seus manuscritos
62 ELABORANDO A DISCUSSAtildeO
Ao se chegar agrave discussatildeo chega-se quase ao final do artigo Trata-se da parte do texto que mais identifica os autores chamada por alguns como o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo (REYES 2019) uma vez que nessa seccedilatildeo os pesquisadores podem e devem elaborar teorias a partir dos resultados encontrados em suas pesquisas Portanto a discussatildeo eacute a parte ldquovivardquo do artigo em que a partir dos resultados obtidos e jaacute apresentados os autores descreveratildeo os seus argumentos considerando a sua expertise no assunto A argumentaccedilatildeo cientiacutefica portanto parte de uma experiecircncia ampla sobre o objeto de estudo o que permite a interpretaccedilatildeo dos resultados encontrados e por conseguinte a escrita da discussatildeo do artigo
Ao escrever a discussatildeo os autores devem responder agraves perguntas feitas por muitos revisores de revistas cientiacuteficas ldquoQual a relevacircncia dos achados para aquela aacuterea especiacuteficardquo ou ldquoQual o ganho para a comunidade cientiacutefica da publicaccedilatildeo do
60 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
seu artigordquo (BALCH 2018) Sendo capaz de responder a elas de maneira adequada o pesquisador estaraacute apto a escrevecirc-la
Apesar de ser o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo a discussatildeo natildeo deve conter opiniotildees pessoais dos autores e sim argumentos loacutegicos e contundentes acerca do tema Natildeo cabe aos autores convencer os leitores de que suas ideias satildeo verdades absolutas mas sim transmitir seus argumentos loacutegicos promovendo um debate cientiacutefico (BALCH 2018) Uma discussatildeo bem redigida permitiraacute que o pesquisador atinja o principal objetivo de uma produccedilatildeo cientiacutefica que eacute a comunicaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo dos resultados de sua pesquisa para a comunidade cientiacutefica
63 ESCREVENDO A CONCLUSAtildeO
A conclusatildeo sucede a discussatildeo sendo uma parte breve que finaliza o artigo poreacutem de extrema importacircncia Nela os autores retomam os objetivos e respondem de maneira clara e sucinta agraves perguntas elaboradas no iniacutecio do estudo (REYES 2019)
A depender da revista cientiacutefica a conclusatildeo pode estar incorporada na discussatildeo devendo o seu uacuteltimo paraacutegrafo ser reservado para isso Esse paraacutegrafo final deve responder ao objetivo principal do estudo A lacuna de conhecimento contida na pergunta inicial motivadora do estudo deveraacute ser devidamente esclarecida neste momento por meio de um texto sinteacutetico e claro Natildeo se recomenda a mera repeticcedilatildeo de frases anteriormente utilizadas no texto
64 ALGUMAS FORMALIDADES NECESSAacuteRIAS
Como todas as demais seccedilotildees do artigo cabem aqui algumas formalidades necessaacuterias agrave redaccedilatildeo da discussatildeo e da conclusatildeo do seu manuscrito as quais conferem a caracteriacutestica de artigo cientiacutefico a esse gecircnero textual
bull Organize a discussatildeo como uma piracircmide invertida inicie os argumentos acerca dos resultados mais gerais e soacute depois comece a discutir os mais especiacuteficos (VOLPATO 2019)
bull Observe a distribuiccedilatildeo dos tamanhos de cada seccedilatildeo do seu artigo A discussatildeo natildeo deve exceder o tamanho da soma das outras seccedilotildees (introduccedilatildeo meacutetodos resultados) Recomendam-se no maacuteximo seis ou sete paraacutegrafos no seu total (NATHA 2014)
bull Evite frases que se iniciem por ldquoNoacutesrdquo Isso pode ser justificado pelo princiacutepio de que se devem evitar palavras desnecessaacuterias no artigo cientiacutefico (NATHA 2014) Apesar de o uso da primeira pessoa ter o objetivo de enfatizar um argumento do ponto de vista gramatical a frase ldquoNoacutes demonstramos querdquo poderia ser substituiacuteda por ldquoDemonstramos querdquo sem nenhum prejuiacutezo de significado
Resultados 61
bull Utilize o tempo verbal no presente quando estiver expondo os dados de seu estudo bem como seus argumentos Somente utilize o tempo verbal no passado quando estiver comentando os dados de outros autores (VOLPATO 2019)
bull Embora se utilize bastante a voz passiva ou impessoal como ldquodemonstrou-se querdquo a tendecircncia atual eacute utilizar a voz ativa na primeira pessoa do plural (REYES 2019) como ldquodemonstramos querdquo Isso tornaraacute a leitura de seu texto mais fluida A voz ativa traz uma mensagem direta e de mais faacutecil leitura
bull Natildeo seja repetitivo Os resultados de seu estudo jaacute foram apresentados na seccedilatildeo destinada para tal portanto apesar de retomar os principais achados do estudo a discussatildeo natildeo deve promover uma repeticcedilatildeo de resultados (HONG 2014)
bull Elabore sua discussatildeo respeitando a ordem dos achados apresentados na seccedilatildeo ldquoResultadosrdquo ou seja discuta-os utilizando a ordem em que eles aparecem Evite discutir no mesmo paraacutegrafo diferentes resultados a natildeo ser que eles estejam correlacionados entre si Isso facilitaraacute o entendimento pelo leitor Lembre-se nem sempre o leitor tem ampla experiecircncia no assunto O artigo deve estar direcionado a pessoas interessadas em seu conteuacutedo e natildeo necessariamente a experts (VOLPATO 2019)
bull Evite frases e paraacutegrafos longos A frase natildeo deve conter mais do que 25 a 30 palavras em prol da fluidez do texto (NATHA 2014)
bull Utilize palavras que faccedilam conexotildees entre os paraacutegrafos Isso tornaraacute o texto mais fluido (OSHIRO 2020)
bull Evite o uso de jargotildees que muitas vezes restringem a comunicaccedilatildeo a um grupo especiacutefico de leitores Lembre-se de que o objetivo eacute a comunicaccedilatildeo tornando seus argumentos disponiacuteveis a diferentes indiviacuteduos interessados no assunto (VOLPATO 2019)
bull Natildeo utilize linguagem informal Apesar de a discussatildeo ser o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo contendo assim argumentos dos autores trata-se de um artigo cientiacutefico (REYES 2019)
bull Evite frases que possam ser interpretadas pelo leitor como pretensiosas Afinal toda conclusatildeo cientiacutefica eacute necessariamente provisoacuteria embora deva ser aceita se natildeo puder rejeitaacute-la A leitura agradaacutevel natildeo apresenta demonstraccedilotildees de autoridade (BALCH 2014) Seu estudo inclui uma amostra e mesmo que seja substancial em termos numeacutericos seus achados natildeo necessariamente podem ser extrapolados para toda a populaccedilatildeo (RUIZ 2016)
62 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
65 ORGANIZANDO A DISCUSSAtildeO DO COMECcedilO AO FIM
Segundo Volpato (2019) caso a conclusatildeo esteja alocada em uma seccedilatildeo separada sugere-se estruturar a discussatildeo em cinco paraacutegrafos conforme apresentado adiante Mas natildeo se deve esquecer eacute fundamental o planejamento da escrita antes de sua execuccedilatildeo Isso facilitaraacute a conectividade entre os paraacutegrafos aspecto fundamental jaacute descrito aqui
Para esse autor a discussatildeo deve ser iniciada com a retomada para o leitor da lacuna de conhecimento que seu manuscrito deseja preencher Deve-se relembrar ao leitor a pergunta que motivou seu estudo No entanto conveacutem evitar a repeticcedilatildeo de frases jaacute utilizadas na introduccedilatildeo do artigo
Logo apoacutes no segundo paraacutegrafo os resultados principais devem ser apresentados de maneira sumaacuteria bem como seu significado e implicaccedilotildees com o intuito de demonstrar o quanto o manuscrito seraacute capaz de fazer o conhecimento avanccedilar Natildeo devem ser repetidos os detalhes que podem ser encontrados na seccedilatildeo ldquoresultadosrdquo Deve-se evitar a repeticcedilatildeo dos dados quantitativos a natildeo ser que isso aumente seu poder argumentativo A contraposiccedilatildeo com os dados da literatura pode ser feita para cada resultado discutido facilitando assim a construccedilatildeo do argumento em torno das diferenccedilas ou semelhanccedilas entre seus achados e os dos demais autores
Eacute importante que dados da literatura que satildeo discordantes sejam tambeacutem apresentados (SANLI 2013) Pouco ou nenhum conhecimento cientiacutefico tem unanimidade ou homogeneidade em seus aspectos o que faz que os editores das revistas natildeo vejam com ldquobons olhosrdquo discussotildees que contenham apenas dados concordantes citados pelos autores
No terceiro paraacutegrafo eacute importante discutir os resultados mais especiacuteficos As especulaccedilotildees devem ser feitas e esperadas pelo leitor interessado em ampliar seu conhecimento sobre o assunto Natildeo se deve limitar apenas ao oacutebvio Os resultados devem ser explorados de maneira adequada caso contraacuterio mesmo que dados interessantes estejam presentes no estudo natildeo levaratildeo a uma ampliaccedilatildeo adequada do conhecimento
As limitaccedilotildees do estudo devem estar apontadas no quarto paraacutegrafo inclusive em tamanho amostral capacidade de generalizaccedilatildeo dos resultados e possiacuteveis vieses presentes Aleacutem das limitaccedilotildees deve-se refletir o quanto isso pode ter alterado os resultados encontrados Os pontos positivos tambeacutem podem ser ressaltados e geralmente satildeo descritos em relaccedilatildeo a outros estudos da literatura sobre o mesmo tema
A discussatildeo eacute frequentemente encerrada com um paraacutegrafo uacuteltimo que costuma destacar as direccedilotildees futuras sobre o tema bem como a necessidade de outros estudos ou mesmo inovaccedilotildees em evoluccedilatildeo Dificilmente as lacunas do conhecimento
Resultados 63
satildeo esgotadas com os estudos existentes e agrave medida que se avanccedila no conhecimento novas lacunas satildeo criadas havendo a necessidade constante de continuaccedilatildeo daquela linha de pesquisa Abaixo eacute sintetizada uma sugestatildeo para a estrutura da discussatildeo (quadro 61)
Quadro 61 mdash A estrutura da discussatildeo em cinco paraacutegrafos
1deg paraacutegrafo Retome a lacuna do conhecimento que se relaciona com o objetivo principal do estudo
2deg paraacutegrafo Interprete o resultado principal compare com os dados da literatura e elabore justificativas para as semelhanccedilasdiferenccedilas
3deg paraacutegrafo Comente os outros resultados respeitando a ordem em que eles estatildeo dispostos na seccedilatildeo especiacutefica
4deg paraacutegrafo Aponte as limitaccedilotildees e os dados positivos do estudo
5deg paraacutegrafo Especule as possiacuteveis inovaccedilotildees no futuro bem como a necessidade de outros estudos acerca do tema
66 ERROS FREQUENTEMENTE ENCONTRADOS NA DISCUSSAtildeO
Diante da dificuldade da escrita da discussatildeo seratildeo descritos os erros mais frequentemente encontrados nessa seccedilatildeo
bull Pobreza de argumentaccedilatildeo loacutegica e de especulaccedilotildees com conteuacutedo focado apenas em comparaccedilotildees com os dados de outros estudos da literatura
bull Discussatildeo de resultados em ordem diferente e aleatoacuteria sem seguir a sequecircncia apresentada nos resultados dificultando o entendimento
bull Abordagem de aspectos importantes relacionados ao tema mas que natildeo foram pesquisados no estudo em questatildeo (natildeo se trata de um artigo de revisatildeo)
bull Pouca relaccedilatildeo de conectividade da discussatildeo com as demais partes do manuscrito
bull Falta de alinhamento da discussatildeo com os objetivos do estudo
64 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
67 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A escrita da discussatildeo pressupotildee uma larga experiecircncia sobre o tema estudado um cenaacuterio pouco provaacutevel entre jovens pesquisadores especialmente entre alunos de graduaccedilatildeo Isso justifica a dificuldade para a redaccedilatildeo da discussatildeo comumente observada nesse grupo Assim a leitura abundante sobre o tema e a vivecircncia com o assunto ao longo da coleta dos dados do estudo tornam-se fundamentais para a elaboraccedilatildeo da discussatildeo do manuscrito
Resultados 65
REFEREcircNCIAS
BALCH C M et al Steps to getting your manuscript published in a high-quality medical journal Ann Surg Oncol New York v 25 n 4 p 850-855 2018 Disponiacutevel em httpslinkspringercomcontentpdf1012452Fs10434-017-6320-6pdf Acesso em 09 abr 2020
HONG S T Ten tips for authors of scientific articles J Korean Med Sci Seoul v 29 n 8 p 1035-1037 ago 2014 Disponiacutevel em httpswwwresearchgatenetpublication264793318_Ten_Tips_for_Authors_of_Scientific_Articles Acesso em 09 abr 2020
NATHA R How to write a strong discussion in scientific manuscripts BioScience [S l] maio 2014 Disponiacutevel em httpswwwbiosciencewriterscomHow-to-Write-a-Strong-Discussion-in-Scientific-Manuscriptsaspx Acesso em 09 abr 2020
OSHIRO J et al Going beyond ldquonot enough timerdquo barriers to preparing manuscripts for Academic Medical Journals Teach Learn Med Philadelphia v 32 n 1 p 71-81 janmar 2020 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31530189 Acesso em 09 abr 2020
REYES B H Coacutemo tener eacutexito al empezar a publicar en revistas meacutedicas Consideraciones para autores inexpertos que podriacutean interesar tambieacuten a los expertos Rev Med Chile Santiago v 147 n 2 p 238-242 2019 Disponiacutevel em httpsscieloconicytclpdfrmcv147n20717-6163-rmc-147-02-0238pdf Acesso em 09 abr 2020
RUIZ A G et al Manual praacutetico de pesquisa cientiacutefica da graduaccedilatildeo agrave poacutes graduaccedilatildeo Rio de Janeiro Revinter 2016
SANLI O ERDEM S TEFIK T How to write a discussion section Turk J Urol Istanbul v 39 p 20-24 2013 Supl 1 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC4548568pdftju-39-supp-20pdf Acesso em 09 abr 2020
VOLPATO G L Meacutetodo loacutegico da redaccedilatildeo cientiacutefica 2 ed Satildeo Paulo Best Wrintiing 2017
67
7COMO DEFINIR O TIacuteTULO
Eacuterika Suyane Freire SilvaClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoSe nem o tiacutetulo estimula a leitura imagine o restante do textordquo
Medeiros amp Tomasi
71 COMO DEFINIR O TIacuteTULO
O tiacutetulo eacute a primeira impressatildeo de um projeto de pesquisa ou artigo cientiacutefico Eacute a parte da produccedilatildeo acadecircmica mais lida e difundida e por isso haacute a necessidade de esmero para sua elaboraccedilatildeo Nota-se uma grande tendecircncia da sociedade cientiacutefica em otimizar o seu tempo na triagem de seus objetos de estudo em face da grande quantidade de publicaccedilotildees na literatura cientiacutefica Logo eacute por meio do tiacutetulo que se ldquoconquistardquo a atenccedilatildeo do leitor Eacute por ele que se comeccedila a convencer o parecerista o revisor ou o editor a aceitaram determinado projeto ou artigo
Natildeo eacute incomum que a preocupaccedilatildeo dos pesquisadores se volte principalmente agrave elaboraccedilatildeo de outros elementos do trabalho em detrimento da seleccedilatildeo e maturaccedilatildeo de um bom tiacutetulo No entanto o tiacutetulo eacute um elemento fundamental sendo um grande diferencial para a posterior adesatildeo agrave leitura integral de determinada produccedilatildeo
72 ESCREVENDO O TIacuteTULO
O tiacutetulo tem como principal atribuiccedilatildeo revelar de maneira precoce clara e concisa a ideia central da produccedilatildeo devendo ser pensado de maneira a despertar a curiosidade sem causar impressatildeo de prolixidade ou rebuscamento (MEDEIROS amp TOMASI 2017) Para isso idealmente deve conter o tema da pesquisa (o que foi investigado) a abrangecircncia (populaccedilatildeo local e tempo) e o delineamento do estudo (meacutetodo da pesquisa) (quadro 71) Opcionalmente tiacutetulos de artigos cientiacuteficos podem conter os resultados encontrados na pesquisa (CAVALCANTI 2015) Essa estrateacutegia pode poupar tempo dos leitores e direcionaacute-los para a leitura completa do trabalho
68 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 71 mdash Elementos que devem estar presentes no tiacutetulo
bull Tema bull Populaccedilatildeobull Localbull Tempo (opcional)
bull Meacutetodobull Resultado (sua presenccedila
no tiacutetulo ainda eacute discutida por alguns autores)
O tiacutetulo deve ser curto e informar exatamente o conteuacutedo do trabalho atendo-se agraves variaacuteveis teoacutericas Deve-se evitar a utilizaccedilatildeo excessiva de adjetivos adveacuterbios abreviaturas jargotildees teacutecnicos ou palavras muito especiacuteficas de determinada aacuterea (VOLPATO 2007) Eacute preferiacutevel usar tiacutetulos simples e concisos a tiacutetulos figurados e elegantes mas pouco esclarecedores Devem ser excluiacutedas informaccedilotildees que natildeo sejam fundamentais para tal feito
Algumas perguntas podem ajudar os escritores para a elaboraccedilatildeo dos tiacutetulos de seus trabalhos acadecircmicos (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
bull O tiacutetulo traduz o conteuacutedo exposto no texto Informa sobre a sua originalidade e destaca os pontos importantes
bull Eacute possiacutevel escrevecirc-lo em outras palavras deixando-o mais claro mais preciso
bull Eacute possiacutevel eliminar alguma palavra e tornaacute-lo mais enxuto mas conciso
bull Eacute possiacutevel tornaacute-lo mais contundente mais interessante
O tiacutetulo pode ser escrito como uma frase em que se mostra o objetivo da pesquisa ou a conclusatildeo principal Pode tambeacutem ser em forma de pergunta indicando o problema da pesquisa A construccedilatildeo de tiacutetulos na qual aparecem apenas as variaacuteveis investigadas natildeo eacute muito recomendada pois tem conteuacutedo explicativo menor que as outras formas (VOLPATO 2007)
Embora seja a parte inicial de um trabalho acadecircmico o momento mais oportuno para a elaboraccedilatildeo do tiacutetulo eacute ao final da escrita de todas as demais partes do texto No entanto caso o tiacutetulo seja escolhido nas fases iniciais da redaccedilatildeo este deve ser visto como provisoacuterio que pode ser alterado de acordo com o andamento e o conteuacutedo do estudo quantas vezes forem necessaacuterias ateacute que se atinja um resultado satisfatoacuterio (KOLLER COUTO HOHENDORFF 2014)
Como Definir o Tiacutetulo 69
A seguir alguns exemplos de tiacutetulos (dados proacuteprios)
PROJETOS
bull Controle glicecircmico intra-hospitalar em pacientes natildeo criticamente enfermos internados em hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute
bull Estudo ecocadiograacutefico da funccedilatildeo ventricular esquerda de pacientes com lipodistrofia generalizada congecircnita por meio da teacutecnica de speckle tracking bidimensional
bull Caracteriacutesticas cliacutenicas e epidemioloacutegicas de idosos com fraturas internados em um hospital de referecircncia em trauma em Fortaleza
ARTIGOS
bull Thyroid Stimulating Hormone Reference Interval in Healthy Adults from Fortaleza-CE Population
bull Early Commitment of Cardiovascular Autonomic Modulation in Brazilian Patients with Congenital Generalized Lipodystrophy
bull Association between Cardiovascular Autonomic Neuropathy and Left Ventricular Hypertrophy in Young Patients with Congenital Generalized Lipodystrophy
Finalmente conveacutem lembrar que a maioria dos artigos natildeo eacute sequer lida porque os leitores os rejeitam a partir do tiacutetulo (VOLPATO 2007) Eacute pelo tiacutetulo que se comeccedila a convencer o editor a publicar seu artigo ou o parecerista a aprovar o seu projeto Eacute importante natildeo esquecer que raramente haacute uma segunda oportunidade de causar boa impressatildeo e a primeira boa impressatildeo sobre um trabalho pode estar justamente no tiacutetulo de seu texto (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
70 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G et al Definindo o tiacutetulo de um projetoIn CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015cap 3 p 35-37
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
VOLPATO G L Como escrever um artigo cientiacutefico Anais da Academia Pernambucana de Ciecircncia Agronocircmica Recife v 4 p 97-115 2007 Disponiacutevel em httpwwwjournalsufrpebrindexphpapcaarticleview9390 Acesso em 20 set 2019
71
8COMO REDIGIR O RESUMO
Roberta Lopes RibeiroClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoPor vezes um bom resumo pode dizer mais sobre um
romance do que um livro de duzentas paacuteginasrdquo
Umberto Eco
A elaboraccedilatildeo do resumo de uma produccedilatildeo cientiacutefica eacute uma fase extremamente relevante pois eacute ele que fornece os pontos mais importantes abordados no desenvolvimento do trabalho e provecirc juntamente com o tiacutetulo a primeira impressatildeo do estudo apresentado Depois do tiacutetulo o resumo eacute a parte do artigo que seraacute mais lida e consiste em uma exposiccedilatildeo integral e concisa de todos os elementos da produccedilatildeo Desse modo precisa ser escrito de maneira objetiva sem deixar de ressaltar os detalhes essenciais do estudo (REIZ 2013)
O resumo deve permitir que os leitores tenham uma ideia geral sobre o estudo e possam escolher por meio dessas informaccedilotildees baacutesicas se leratildeo ou natildeo o trabalho na iacutentegra Aleacutem da funccedilatildeo de despertar o interesse das pessoas o resumo eacute utilizado para a indexaccedilatildeo dos artigos nas bases de dados eletrocircnicas por meio das palavras-chave ou descritores Assim o resumo deve refletir de maneira acurada o conteuacutedo do artigo e ser fundamental para o atual processo de busca e seleccedilatildeo de literatura cientiacutefica nas bases de dados cientiacuteficas disponiacuteveis (KOLLER COUTO HOHENDORFF 2014)
De modo habitual o resumo eacute o uacutenico elemento recuperado eou revisado nas bases de dados o que determina a sua importacircncia para a difusatildeo do conhecimento no meio acadecircmico e para a seleccedilatildeo dos trabalhos pelos pareceristas de agecircncias de fomento ou revistas cientiacuteficas bem como pelos demais pesquisadores interessados em determinado tema (ALENCAR 2015) Desse modo quando ele eacute bem redigido iraacute cativar os leitores para obter a coacutepia integral do manuscrito Caso o resumo seja mal escrito a pesquisa poderaacute ser banalizada e esquecida pelo leitor que logo iraacute agrave procura de outro trabalho com melhor apresentaccedilatildeo (SOUSA DRIESSNACK
72 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
FLOacuteRIA-SANTOS 2006)
O tamanho do resumo eacute uma decisatildeo que cabe ao editor ou conselho editorial do perioacutedico ou agecircncia de fomento De maneira geral existe uma limitaccedilatildeo para o uso de 200 a 300 palavras escritas em um uacutenico paraacutegrafo No texto devem-se incluir de forma sucinta as informaccedilotildees relacionadas agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica agrave justificativa ao objetivo e aos meacutetodos da pesquisa No caso de resumos de artigos cientiacuteficos satildeo acrescidos ainda os resultados e as conclusotildees ou consideraccedilotildees finais
O quadro 81 apresenta as etapas para a preparaccedilatildeo de resumos de artigos cientiacuteficos originais Os quadros 81 e 82 mostram exemplos de resumos na liacutengua portuguesa e inglesa respectivamente
Figura 81 mdash Etapas para a preparaccedilatildeo de resumos de artigos cientiacuteficos originais (Adaptado de Reiz 2013)
Como Redigir o Resumo 73
Quadro 81 mdash Exemplo de resumo em liacutengua portuguesa (dados proacuteprios)
CONTROLE GLICEcircMICO INTRA-HOSPITALAR EM PACIENTES NAtildeO CRITICAMENTE ENFERMOS INTERNADOS EM HOSPITAIS TERCIAacuteRIOS DO ESTADO DO CEARAacute
INTRODUCcedilAtildeO a hiperglicemia intra-hospitalar (HIH) agrava a evoluccedilatildeo das doenccedilas coexistentes e aumenta a mortalidade No entanto a importacircncia da HIH eacute frequentemente subestimada O objetivo deste estudo foi avaliar o manejo do controle glicecircmico intra-hospitalar em pacientes natildeo criticamente enfermos internados em hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute MEacuteTODOS trata-se de um estudo transversal realizado em trecircs hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute Foram avaliados os pacientes internados nas unidades de enfermarias com idade acima de 18 anos que apresentaram hiperglicemia (glicemia plasmaacutetica aleatoacuteria gt 140 mgdL) ou diagnoacutestico preacutevio de diabetes mellitus (DM) (autorrelato) RESULTADOS foram avaliados 124 pacientes com idade 571 plusmn 167 anos sendo 84 (677) do sexo masculino Setenta e oito pacientes (629) apresentavam diagnoacutestico preacutevio de DM O monitoramento da glicemia capilar foi realizado na maioria dos pacientes (122 984) sendo mais frequentemente realizadas as medidas de glicemias preacute-prandiais 4xdia (75 605) Suporte nutricional para DMhiperglicemia foi prescrito para 73 (589) pacientes Quanto ao tratamento em 34 casos (274) natildeo havia qualquer medida prescrita para o manejo da HIH 20 (161) estavam em uso de antidiabeacuteticos orais (ADOs) e 86 (694) em uso de insulina Entre os usuaacuterios de insulina 46 (534) estavam em uso de insulina regular sob demanda 14 (163) em esquema basal prandial 21 (244) em esquema basal plus e 5 (58) apenas com insulina basal Hipoglicemia foi observada em 29 (238) pacientes e o protocolo para manejo da hipoglicemia estava prescrito em 92 (742) pacientes Medidas de educaccedilatildeo em DM durante o internamento foram relatadas por 37 (308) pacientes CONCLUSAtildeO o manejo da HIH natildeo seguiu protocolos padronizados o monitoramento da glicemia foi heterogecircneo e o uso de insulina regular sob demanda foi a principal forma de manejo Observou-se falta de suporte nutricional especiacutefico para o manejo da hipoglicemia e para medidas de educaccedilatildeo em diabetes Por meio desses achados pode-se especular que a implantaccedilatildeo de protocolos e de uma equipe especiacutefica para o manejo da HIH poderaacute melhorar este cenaacuterio
PALAVRAS-CHAVE Diabetes Mellitus Hiperglicemia de Estresse Controle Glicecircmico
74 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 82 mdash Exemplo de resumo (abstract) em liacutengua inglesa (dados proacuteprios)
ASSOCIATION BETWEEN CARDIOVASCULAR AUTONOMIC NEUROPATHY AND LEFT VENTRICULAR HYPERTROPHY IN YOUNG PATIENTS WITH CONGENITAL GENERALIZED LIPODYSTROPHY
BACKGROUND Congenital generalized lipodystrophy (CGL) is a rare disorder characterized by the absence of subcutaneous adipose tissue severe insulin resistance diabetes mellitus and cardiovascular complications including cardiac autonomic neuropathy (CAN) left ventricular hypertrophy (LVH) and atherosclerosis The present study aimed to access the association between CAN parameters and cardiovascular abnormalities in CGL patients METHODS A cross-sectional study was conducted with 10 CGL patients and 20 healthy controls matched for age sex BMI and pubertal stage We evaluated clinical laboratory and cardiovascular parameters including left ventricular mass index (LVMI) interventricular septum thickness (IVS) systolic and diastolic function determined using two-dimensional transthoracic echocardiographycarotid intimal media thickness (cIMT) cQT interval and heart rate variability (HRV) studyby spectral analysis components ndash high frequency (HF) low frequency (LF) very low frequency (VLF) LFHF ratio and total amplitude spectrum (TAS) ndash and cardiovascular reflexes tests (postural hypotension test respiratory orthostatic and Valsalva coefficients) RESULTS In CGL group four patients (40) had LVH and diastolic dysfunction CGL patients presented higher values of cIMT and cQT interval In CGL patients with LVH lower values of the HF component were observed indicating autonomic parasympathetic modulation impairment The LVMI correlated directly with systolic blood pressure (BP) drop in the postural test (r = 0835 p = 0002) and inversely with Valsalva (r = -0632 p = 0049) HF (r = -0887 p = 0001) and TAS (r = -0827 p = 0003) The IVS presented positive correlation with systolic BP drop in the postural test (r = 0764 p = 0010) and inverse correlation with HF (r = -0794 p = 0013) and TAS (r = -0656 p = 0039) There was a positive correlation between cIMT and LFHF ratio (r = 0707 p = 0022) CONCLUSION The association between increased LV mass and parameters of HRV provides possible speculations about the involvement of CAN in the pathophysiology of the cardiac complications including LVH in CGL patients
81 TEacuteCNICAS PARA A ESCRITA DE UM BOM RESUMO
Elaborar resumos eacute uma atividade essencial no universo acadecircmico-cientiacutefico e o conhecimento de alguns recursos literaacuterios pode ajudar nesse processo Resumir natildeo eacute meramente copiar as palavras do texto original reproduzindo trechos de um texto para outro por meio da simples substituiccedilatildeo de palavras (REIZ 2013) Durante a redaccedilatildeo de um resumo devem-se selecionar as ideias centrais dos paraacutegrafos eliminando conceitos repetidos e detalhados Preparar resumos envolve a capacidade de elaborar paraacutefrases ndash um recurso de interpretaccedilatildeo textual que consiste na reformulaccedilatildeo de um texto trocando as palavras e expressotildees originais mas mantendo a ideia central da informaccedilatildeo (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
O texto deve ser escrito utilizando-se a norma-padratildeo mantendo-se o argumento e o encadeamento das ideais apresentadas no texto original Segundo Reiz (2013) as principais recomendaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo de um resumo cientiacutefico
Como Redigir o Resumo 75
satildeo
bull resguardar fidelidade ao texto original
bull evitar redundacircncia de ideias ou palavras trazendo clareza e precisatildeo
bull apresentar os pontos principais da pesquisa dividindo-os nos toacutepicos introduccedilatildeo (tema e objetivo) meacutetodos resultados principais e conclusotildees
bull harmonizar objetivos e resultados encontrados
bull apresentar vocabulaacuterio amplo e diversificado
bull preferir frases curtas e uso de verbos na voz ativa
bull evitar o uso de adjetivos e adveacuterbios restringindo-os aos necessaacuterios
bull natildeo fazer citaccedilotildees diretas ou referecircncias a outros autores
bull revisar o texto repetidamente para se evitar incoerecircncias ortograacuteficas e gramaticais
bull seguir as orientaccedilotildees dos perioacutedicos ou agecircncias de fomento quanto agrave organizaccedilatildeo extensatildeo e nuacutemero de palavras-chave
Na construccedilatildeo do texto do resumo podem ser repetidas frases contidas em outras seccedilotildees do artigo No entanto essas informaccedilotildees devem ser reformuladas de forma concisa enquanto no corpo do manuscrito elas podem ser apresentadas de maneira mais detalhada
Durante a escrita eacute possiacutevel utilizar outros resumos como modelo com a finalidade de tentar reproduzir sistematicamente quais as informaccedilotildees que devem estar presentes e o que habitualmente os autores priorizam em suas redaccedilotildees Poreacutem eacute importante sempre manter o senso criacutetico para saber julgar se o resumo utilizado como modelo eacute realmente bem estruturado e redigido com a finalidade de natildeo tomar como base uma redaccedilatildeo de maacute qualidade
Geralmente o resumo deve ser escrito apoacutes a finalizaccedilatildeo de todo o manuscrito mas eacute comum alguns orientadores recomendarem a escrita de um resumo preliminar antes de se iniciar a redaccedilatildeo final uma vez que esse texto pode servir como um esboccedilo auxiliando na definiccedilatildeo da ideia central do trabalho a ser escrito e que deveraacute ser revisado ao final
O resumo deve ser escrito na liacutengua vernaacutecula devendo haver tambeacutem um resumo em liacutengua estrangeira geralmente o inglecircs A traduccedilatildeo do resumo para a liacutengua inglesa eacute um elemento essencial para permitir o maior alcance do trabalho a leitores que natildeo possuem domiacutenio do idioma no qual o trabalho foi escrito originalmente (MATIAS-PEREIRA 2012) Dessa maneira a probabilidade de o artigo ser utilizado por leitores diversos e consequentemente de ser citado eacute ampliada o que daraacute maior notoriedade e credibilidade ao trabalho
76 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Ao final do resumo devem ser indicadas as palavras-chave que descrevem o conteuacutedo do trabalho Normalmente satildeo utilizadas trecircs a seis descritores contudo esse nuacutemero varia de acordo com as normas dos perioacutedicos ou editais de pesquisa Tais termos permitem a seleccedilatildeo dos artigos nas bases de dados eletrocircnicas (PubMed SciELO LILACS entre outras) e devem ser selecionadas em bancos de dados especiacuteficos
Os Descritores em Ciecircncias da Sauacutede (DeCS) consistem em um banco de palavras-chave estruturado que se utiliza de trecircs idiomas (inglecircs portuguecircs e espanhol) criado para unificar os termos na indexaccedilatildeo de artigos livros relatoacuterios e outros materiais acadecircmicos O site para acesso a esse banco de dados eacute wwwdecsbvsbr O DeCS foi elaborado a partir do Medical Subject Heading (MeSH) da US National Library of Medicine um importante banco de descritores em sauacutede utilizado para a indexaccedilatildeo de artigos do sistema MEDLINE-PubMed que pode ser acessado no site wwwncbinlmnihgovmesh
82 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Eacute notaacutevel a importacircncia do resumo no universo acadecircmico-cientiacutefico e o segredo para escrever um resumo claro curto objetivo criativo e cativante eacute sem duacutevidas ter domiacutenio do assunto abordado e clareza para a transmissatildeo das ideias centrais da pesquisa Diante disso eacute fundamental que no resumo sejam apresentadas informaccedilotildees relevantes com uma linguagem que favoreccedila o envolvimento do leitor a fim de convencecirc-lo quanto agrave importacircncia da temaacutetica abordada e agrave relevacircncia dos resultados obtidos na pesquisa fazendo que ele se sinta estimulado a continuar a leitura do artigo e quem sabe utilizaacute-lo como uma fonte de pesquisa para outros trabalhos
Como Redigir o Resumo 77
REFEREcircNCIAS
SOUSA V D DRIESSNACK M FLOacuteRIA-SANTOS M Como escrever o resumo de um artigo para publicaccedilatildeo Acta Paul Enferm Satildeo Paulo v 19 n 3 p 5-8 julset 2006 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0103-21002006000300001 Acesso em 09 abr 2020
ALENCAR C H M et al Como redigir o resumo de um projeto e definir as palavras-chave In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 5 p 41-46
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
79
9CRONOGRAMA E ORCcedilAMENTO
Juliana Ferreira ParaacuteMatheus Mendonccedila Leal Janja
ldquoCom organizaccedilatildeo e tempo acha-se o segredo de se fazer tudo e bem feitordquo
Pitaacutegoras
Realizar uma pesquisa cientiacutefica eacute uma aacuterdua tarefa e para que se possa finalizaacute-la a contento deve ser planejada de forma a permitir a execuccedilatildeo de todas as suas etapas em um tempo aceitaacutevel previamente definido aleacutem de ser financeiramente viaacutevel Listar todas as fases da pesquisa definir prazos exequiacuteveis captar e aplicar os recursos adequadamente satildeo passos fundamentais para todos os atores envolvidos em pesquisas consistindo em grandes desafios para jovens pesquisadores bem como para aqueles mais experientes
91 CRONOGRAMA
O cronograma consiste no planejamento temporal das atividades que seratildeo realizadas pelo pesquisador para a obtenccedilatildeo dos resultados da sua pesquisa Ele serve como um guia para que o pesquisador se organize durante a execuccedilatildeo da pesquisa Aleacutem disso serve para demonstrar se o pesquisador tem conhecimento sobre as etapas do seu estudo e sobre o tempo necessaacuterio para executaacute-lo
Eacute importante salientar que o cronograma traz informaccedilotildees sobre algo que ainda seraacute realizado Portanto ele dever conter os dados das atividades que seratildeo realizadas no futuro e natildeo as que jaacute foram desenvolvidas na elaboraccedilatildeo do projeto
Recomenda-se que esses itens devem estar presentes
bull tempo de execuccedilatildeo determina o tempo necessaacuterio para realizar cada atividade proposta
bull divisatildeo em etapas dividir o projeto em fases ajuda o pesquisador a se organizar e preparar todo o projeto
bull atribuiccedilatildeo de responsabilidades ndash essa parte natildeo eacute obrigatoacuteria mas ajuda a
80 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
otimizar o tempo dos elaboradores do projeto ainda mais se o grupo de pesquisadores for grande e os responsaacuteveis por cada etapa jaacute forem conhecidos
bull Preferencialmente o cronograma deve ser elaborado de forma graacutefica por meio de uma tabela levando-se em consideraccedilatildeo as fases da pesquisa Possiacuteveis contratempos devem ser contemplados Deve-se deixar um tempo adequado para a submissatildeo e aprovaccedilatildeo do projeto pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
bull Para a elaboraccedilatildeo do cronograma devem-se utilizar palavras objetivas e claras em adequaccedilatildeo especiacutefica com o trabalho executado Aleacutem disso avaliaccedilatildeo criacutetica e bom-senso satildeo necessaacuterios a fim de que se estipulem prazos exequiacuteveis para que o projeto seja executado adequadamente De acordo com HADDAD (2004) os projetos de pesquisa em geral tecircm cinco fases apresentadas no quadro 91
Quadro 91 mdash Fases de um projeto de pesquisa
Fase preliminar Levantamento de bibliografia obtenccedilatildeo de equipamentos necessaacuterios convocaccedilatildeo de pesquisadores submissatildeo ao comitecirc de eacutetica em pesquisa
Fase preparatoacuteria Preparaccedilatildeo de meacutetodos treinamento de todos os pesquisadores elaboraccedilatildeo de meacutetodos de coleta (fichas questionaacuterios formulaacuterios) ajuste de instrumentos de coleta sorteio de amostras
Fase de coleta de dados Coleta em campo supervisatildeo e controle da qualidade da execuccedilatildeo
Fase de computaccedilatildeo e anaacutelise de dados Anaacutelise de dados caacutelculo de variaacuteveis intervalo de confianccedila testes de significacircncia estatiacutestica confecccedilatildeo de tabelas e graacuteficos
Fase de redaccedilatildeo do trabalho cientiacutefico Escrever o trabalho de acordo com as adequaccedilotildees para onde quer submetecirc-lo
Fonte HADDAD 2004
Em relaccedilatildeo agrave forma de apresentaccedilatildeo das tabelas haacute a opccedilatildeo de que se utilize o cabeccedilalho mecircsano (quadro 92) o formato mais tradicional ou pode-se optar por cabeccedilalho em nuacutemeros sequenciais (quadro 93) Neste uacuteltimo caso caso haja algum contratempo decorrente de atraso na liberaccedilatildeo dos recursos financeiros ou da aprovaccedilatildeo pelo CEP a tabela continuaraacute atualizada como exemplificado abaixo (tabela 3) Em pesquisas de menor duraccedilatildeo o tempo poderaacute ser delimitado por dias
Cronograma e Orccedilamento 81
semanas ou quinzenas Ao contraacuterio pesquisas de maior duraccedilatildeo podem ser divididas em bimestres ou trimestres
Quadro 92 mdash Modelo de cronograma com cabeccedilalho mecircsano
ETAPAS JAN2019 FEV2019 MAR2019Revisatildeo bibliograacutefica X
Elaboraccedilatildeo de questionaacuterio
X X
Coleta de dados em campo
X
Quadro 93 mdash Modelo de cronograma com cabeccedilalho com numeraccedilatildeo sequencial
ETAPAS MEcircS 1 MEcircS 2 MEcircS 3Revisatildeo bibliograacutefica X
Elaboraccedilatildeo de questionaacuterio
X X
Coleta de dados em campo
X
Obs O mecircs 1 se refere ao tempo decorrido imediatamente apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo CEP
82 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Abaixo outros exemplos de cronogramas que obedecem agraves diferentes maneiras de organizaccedilatildeo (quadros 94 e 95)
Quadro 94 mdash Modelo de cronograma de projeto de pesquisa com cabeccedilalho
numerado (dados proacuteprios)
Periacuteodo (ANOMEcircS) Ano 1 Ano 2 Ano 3
Procedimentos 1-4 5-8 9-12 1-4 5-8 9-12 1-4 5-8 9-12
Revisatildeo de literatura X X X X X X X X X
Levantamento dos prontuaacuterios X
Aquisiccedilatildeo do material X
Agendamento das consultas X
Recrutamento do grupo controle X
Atendimento dos pacientescoleta de dados X X X
Anaacutelise laboratorial X X X
Anaacutelise e elaboraccedilatildeo dos laudos de neuropatia autonocircmica
X X X
Anaacutelise e elaboraccedilatildeo dos laudos do ecocardiograma X X X
Confecccedilatildeo do banco de dados X
Anaacutelise estatiacutestica dos dados X
Elaboraccedilatildeo do artigopublicaccedilotildees Apresentaccedilatildeo em congressos
X X
Obs Mecircs 1 ndash Ano 1 seraacute considerado a partir da aprovaccedilatildeo do projeto pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da instituiccedilatildeo
Cronograma e Orccedilamento 83
Quadro 95 mdash Modelo de cronograma de projeto de pesquisa com cabeccedilalho
mecircsano (dados proacuteprios)
JanJun 2018
OutDez 2017
JanMar 2018
AbrJun 2018
JulSet
2018
OutDez 2018
JanMar 2019
MarJun 2019
Revisatildeo de literatura X X X X X X X X
Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio em pacientes internados em unidades de enfermaria
X
Revisatildeo de prontuaacuterios X
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos resultados X
Apresentaccedilatildeo dos resultados para equipe multidisciplinar corpo cliacutenico e gestores das referidas instituiccedilotildees
X
Implantaccedilatildeo do protocolo X X
Avaliaccedilatildeo da implementaccedilatildeo do protocolo X X
Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio em pacientes internados em unidades de enfermaria
X
Revisatildeo de prontuaacuterios X
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos resultados X
Reapresentaccedilatildeo dos resultados para equipe multidisciplinar corpo cliacutenico e gestores das referidas instituiccedilotildees
X
Elaboraccedilatildeo do artigopublicaccedilotildees Apresentaccedilatildeo em congressos
X
Por fim deve-se ter em mente que respeito aos prazos eacute sempre algo a ser buscado embora nem sempre seja conseguido Por mais que o cronograma seja bem planejado podem ocorrer imprevistos ou falhas Nesses casos readequaacute-lo poderaacute ser necessaacuterio sempre visando manter a qualidade da pesquisa e evitando comprometer as suas fases finais como a elaboraccedilatildeo dos relatoacuterios finais ou a redaccedilatildeo dos artigos cientiacuteficos (MACENA PINHEIRO CARNEIRO JUacuteNIOR 2015)
84 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
92 ORCcedilAMENTO
Toda pesquisa tem custos que precisam ser considerados por ocasiatildeo da elaboraccedilatildeo do projeto Os editais de financiamento de pesquisas lanccedilados pelas agecircncias de fomento e os Comitecircs de Eacutetica em Pesquisa sempre avaliam os orccedilamentos dos projetos enviados para apreciaccedilatildeo Portanto essa etapa deve ser elaborada de maneira apropriada evitando que projetos adequados do ponto de vista eacutetico e metodoloacutegico incorram em equiacutevocos relacionados a esse quesito
Os itens do orccedilamento podem ser divididos em itens de custeio e itens de capital As despesas de custeio satildeo aquelas decorrentes da aquisiccedilatildeo de materiais de consumo serviccedilos de terceiros diaacuterias passagens e bolsas As despesas de capital por sua vez satildeo aquelas que se traduzem em investimento que poderatildeo ser incorporados ao patrimocircnio da instituiccedilatildeo de pesquisa como equipamentos material bibliograacutefico computadores impressoras obras etc Uma grande parte dos editais de financiamento das agecircncias de fomento determina uma proporccedilatildeo entre despesas de custeio e despesas de capital (GIL 2002)
Outro item que pode ser adicionado ao orccedilamento eacute a contrapartida ou seja quais seratildeo as despesas a serem assumidas pela instituiccedilatildeo onde a pesquisa seraacute realizada como exemplo podem-se citar os gastos com despesas habituais como alimentaccedilatildeo energia aacutegua e transporte (CAVALCANTI amp MACENA 2015)
Geralmente apresenta-se o orccedilamento sob a forma de uma tabela Devem ser especificados de forma detalhada os seguintes itens materiais permanentes (como impressoras computadores armaacuterios mesas bancadas equipamentos de laboratoacuterio etc) material de consumo (papel cartuchos de tinta luvas pastas-arquivo canetas etc) serviccedilos de terceiros (estatiacutestico tradutor revisor ortograacutefico etc) e recursos humanos (bolsas para pesquisadores estudantes etc) Devem ser indicados a quantidade de cada item o valor unitaacuterio e o valor total Abaixo segue exemplo de uma tabela de orccedilamento (quadro 96)
Cronograma e Orccedilamento 85
Quadro 96 mdash Modelo de orccedilamento de projeto de pesquisa (dados proacuteprios)
ITENS DE CUSTEIO
Materiais de consumo
Item QuantidadeValor
R$ TotalPapel A4 (resmas) 4 10000 10000Cartuchos de tinta 5 50000 50000Pastas-arquivo 10 50000 50000Canetas 20 5000 5000Subtotal R$ 115000
Serviccedilos de terceiros
Item QuantidadeValor
R$ TotalTradutor para liacutengua inglesa 1 80000 80000Revisor ortograacutefico 1 50000 50000Estatiacutestico 1 100000 100000Subtotal R$ 230000
Recursos humanos
Item QuantidadeValor
R$ TotalBolsa mensal para aluno de graduaccedilatildeo 24 50000 1200000
Subtotal R$ 1200000
86 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ITENS DE CAPITAL
Item QuantidadeValor
R$ TotalAparelho de ultrassonografia Sonoace R3 2 port BRA V20 + Transdutor linear de 5 a 12 Mhz
1 4000000 4000000
Notebook LG IntelCore 16 1 150000 150000Impressora jato de tinta 1 100000 100000Subtotal R$ 4250000
ORCcedilAMENTO FINAL
CUSTEIO R$ 1545000CAPITAL R$ 4250000TOTAL R$ 5795000
Em adiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo de todos os itens e custos eacute importante informar quem seraacute o provedor desses recursos A caracterizaccedilatildeo das fontes de financiamento visa dar transparecircncia agrave participaccedilatildeo e agrave forma de aplicaccedilatildeo das diferentes fontes de recursos aplicados em determinada pesquisa Qualquer forma de remuneraccedilatildeo dos indiviacuteduos pesquisados que natildeo se caracterize como ressarcimento de despesas ou remuneraccedilatildeo dos pesquisadores ou funcionaacuterios puacuteblicos com verbas oriundas de recursos de agecircncias de fomento natildeo eacute permitido
Cronograma e Orccedilamento 87
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G MACENA RHM Como fazer um orccedilamento honesto In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 13 p 85-88
GIL A C Como calcular o tempo e o custo do projeto In GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 cap 15 p 155-160
HADDAD N Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho cientiacutefico Satildeo Paulo Roca 2004
MACENA RHM PINHEIRO MA CARNEIRO JUacuteNIOR EC Como elaborar um cronograma claro e objetivo In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 12 p 81-83
89
10APEcircNDICES E ANEXOS
Vitoacuteria Costa Lima
ldquoParte anexa acreacutescimo ou prolongamento de uma parte principal
suplemento no fim de uma obrardquo
diciocombr
Ao final do texto de um projeto de pesquisa ou trabalho acadecircmico podem ser adicionados elementos poacutes-textuais opcionais que complementam o texto principal satildeo os apecircndices e anexos
O apecircndice consiste em um texto ou documento elaborado pelo autor em que satildeo expostas informaccedilotildees complementares sobre o desenvolvimento do trabalho Na maioria das vezes os apecircndices consistem em documentos que complementam informaccedilotildees sobre os meacutetodos da pesquisa como instrumentos para coleta de dados ou documentos relacionados agrave anaacutelise regulatoacuteria e eacutetica como solicitaccedilatildeo de autorizaccedilatildeo para a pesquisa termos de consentimento livre e esclarecido etc Caso o autor julgue pertinente ao produzir o artigo cientiacutefico alguns apecircndices podem ser apresentados como material suplementar
O anexo por sua vez consiste em um texto ou documento natildeo elaborado pelo autor mas que em seu julgamento acrescenta informaccedilotildees importantes relacionadas ao seu trabalho Os anexos servem de apoio para a estrutura do texto pois permitem organizaacute-lo de forma a evitar a inclusatildeo de muitos documentos adicionais facilitando a leitura do texto principal Assim como os apecircndices os anexos podem ser parte da anaacutelise regulatoacuteria e eacutetica (carta de aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa carta de anuecircncia do local onde a pesquisa seraacute realizada) bem como metodoloacutegica (instruccedilotildees e teacutecnicas para realizaccedilatildeo de um exame descriccedilatildeo de um equipamento valores de referecircncia de determinado analito ou meacutetodo etc)
Segundo as normas da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) os apecircndices e anexos devem ser elaborados de acordo com as seguintes instruccedilotildees
bull identificaccedilatildeo por uma letra do alfabeto em caixa alta
bull tiacutetulo centralizado em negrito separado por hiacutefen
bull fonte Arial 10 ou Times New Roman 12
90 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull paacuteginas enumeradas seguindo a ordem do texto discriminadas no sumaacuterio
Seguem exemplos
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio sobre o perfil dos pacientes internados por quedas e fraturas em hospital terciaacuterio de trauma em Fortaleza ndash CE
APEcircNDICE B ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
APEcircNDICE C ndash Carta de anuecircncia da chefia do setor onde a pesquisa seraacute realizada
ANEXO A ndash Parecer de aprovaccedilatildeo do projeto no Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
ANEXO B ndash Valores de referecircncia para os testes autonocircmicos cardiovasculares
Apecircndices e Anexos 91
REFEREcircNCIAS
NORMAS Teacutecnicas Anexos [S l s n] [20--] Disponiacutevel em httpswwwnormastecnicascomabnttrabalhos-academicosanexos Acesso em 16 maio 2019
93
11REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Victor Gomes PitombeiraClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoA leitura traz ao homem plenitude ao discurso seguranccedila e agrave escrita precisatildeordquo
Francis Bacon
As referecircncias bibliograacuteficas satildeo elemento obrigatoacuterio na estrutura de uma produccedilatildeo acadecircmica satildeo constituiacutedas por todo material impresso eletrocircnico ou audiovisual que eacute utilizado na elaboraccedilatildeo de um texto cientiacutefico (EVANGELISTA et al 2015) O processo de referenciar tais materiais eacute de extrema importacircncia para a demonstraccedilatildeo da validade e confiabilidade de uma produccedilatildeo acadecircmica
As referecircncias satildeo o testemunho das fontes que o pesquisador se valeu para construir as citaccedilotildees de seu trabalho formando a base de conhecimento sobre o qual foi elaborada determinada pesquisa Apesar de o processo de ajuste de referecircncias quase sempre desgastante e monoacutetono parecer apenas puramente mecacircnico ele tem seu valor porque contribui para a formaccedilatildeo intelectual do pesquisador (REIZ 2013)
Muitas vezes antes de iniciar a redaccedilatildeo de um trabalho cientiacutefico o pesquisador jaacute tem em mente quais as principais referecircncias para seu projeto ou artigo tendo em vista que o processo de delimitaccedilatildeo de um tema de pesquisa eacute oriundo de vasta leitura sobre o assunto No entanto muitos autores natildeo se preparam adequadamente para essa etapa da escrita dificultando o ajuste das referecircncias por ocasiatildeo da finalizaccedilatildeo do texto
Neste capiacutetulo seratildeo apresentados aspectos relevantes a serem considerados durante a seleccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo das referecircncias bibliograacuteficas de um trabalho acadecircmico
111 ASPECTOS RELEVANTES DURANTE A SELECcedilAtildeO DAS REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
O primeiro aspecto a ser ressaltado eacute que natildeo se deve confundir quantidade de referecircncias com qualidade Uma produccedilatildeo com muitas referecircncias nem sempre eacute a de melhor qualidade Na verdade eacute preferiacutevel que um artigo tenha boas referecircncias a ter numerosas visto que muitas revistas e perioacutedicos limitam o seu nuacutemero Mas
94 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
como selecionar boas referecircncias
Deve-se sempre que possiacutevel buscar revistas com alto fator de impacto Esse fator mede a importacircncia de determinado perioacutedico para a comunidade cientiacutefica Normalmente aqueles que tecircm maior fator de impacto tambeacutem tendem a ter melhores publicaccedilotildees transmitindo maior credibilidade ao leitor (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
Deve-se levar em consideraccedilatildeo ainda o grau de evidecircncia das referecircncias citadas Eacute preferiacutevel que se incluam referecircncias que forneccedilam um maior grau de evidecircncia cientiacutefica Deve-se avaliar criticamente o grau de evidecircncia das fontes citadas dando prioridade para incluir artigos com desenhos adequados para o tema sob estudo Por exemplo para pesquisas sobre faacutermacos eacute melhor que sejam priorizadas as citaccedilotildees de ensaios cliacutenicos em detrimento de citaccedilotildees de relatos de caso Para pesquisas sobre fatores de risco para doenccedilas satildeo preferiacuteveis estudos de coorte com nuacutemero adequado de pacientes a estudos transversais A piracircmide ilustrada abaixo classifica as evidecircncias de acordo com o grau de hierarquia (figura 111) e pode ser uacutetil por ocasiatildeo da seleccedilatildeo das fontes bibliograacuteficas de uma produccedilatildeo acadecircmica
Figura 111 mdash Hierarquia do grau de evidecircncia para estudos sobre tratamento (intervenccedilotildees)
Onde RS ndash revisotildees sistemaacuteticas ECR ndash ensaio cliacutenico randomizado Nota para estudos de diagnoacutestico ou prognoacutestico devem-se considerar as revisotildees sistemaacuteticas de coortes e estudos de coorte validados como o topo da piracircmide (Adaptado de MELNYK 2011)
Apecircndices e Anexos 95
A data da publicaccedilatildeo do material bibliograacutefico eacute outro aspecto relevante Eacute sempre bom manter suas fontes bem atualizadas procurando artigos recentes incluindo publicaccedilotildees dos uacuteltimos cinco anos em meacutedia Entretanto deve-se ressaltar que nem sempre eacute indicado referenciar apenas os textos mais recentes sobre determinado assunto Faz parte do trabalho do autor saber balancear a idade da publicaccedilatildeo agrave sua importacircncia
Existem diversos trabalhos antigos que trouxeram conceitos importantes e edificaram o conhecimento sobre determinado assunto ou seja artigos de grande impacto inovadores para sua eacutepoca sendo imprescindiacutevel que sejam citados Em contrapartida haacute diversos artigos mais recentes que apesar de estarem anos agrave frente pouco acrescentam agrave aacuterea ou trazem meacutetodos duvidosos ou natildeo passaram por criteriosa avaliaccedilatildeo antes de serem publicados Nesse caso pode ser mais saudaacutevel para a produccedilatildeo cientiacutefica que o autor priorize o artigo mais antigo do que opte por um mais novo mas que talvez natildeo traga tanto embasamento e fundamentaccedilatildeo Assim sempre que possiacutevel ao citar conceitos claacutessicos deve-se identificar os primeiros autores a descrevecirc-los
Outro fator que deve ser levado em consideraccedilatildeo eacute a disponibilidade da referecircncia O material referenciado precisa ser acessiacutevel Quanto agrave acessibilidade entende-se como ser acessado pela internet para a realidade do seacuteculo XXI Os mais radicais defendem que atualmente se um artigo natildeo existir na internet por qualquer que seja a razatildeo ele simplesmente natildeo existe (REIZ 2013)
112 NORMAS PARA A ELABORACcedilAtildeO DAS REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Cada veiacuteculo tem normas determinadas que regem o modo como devem ser diagramados organizados e redigidos os artigos submetidos para publicaccedilatildeo O referenciamento bibliograacutefico pode seguir diversos padrotildees No Brasil a construccedilatildeo das referecircncias eacute regida sob a Norma NBR6023 da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) que teve sua uacuteltima atualizaccedilatildeo feita em 2018 (wwwabntorgbr httpswwwyoutubecomwatchv=-lhwOCKE-N4) Outros padrotildees no entanto podem ser utilizados
Dentro da aacuterea da sauacutede e especialmente fora do Brasil o estilo Vancouver eacute o mais utilizado e pode ser acessado no endereccedilo wwwncbinlmnihgovbooksnbk7256 A lista de abreviaturas dos tiacutetulos de perioacutedicos que deve ser padronizada nas referecircncias pode ser acessada em wwwnlmnihgovtsdserialsljihtml
Eacute imprescindiacutevel que o autor se informe acerca de quais satildeo as normas do veiacuteculo em que pretende publicar seu artigo para que adapte a bibliografia ao modelo requerido Foge ao escopo deste capiacutetulo discriminar as regras de cada uma desses padrotildees Sugerimos acessar as normas de acordo com o indicado pela agecircncia
96 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
de fomento ou perioacutedico cientiacutefico ou ainda utilizar ferramentas ou programas especiacuteficos para a elaboraccedilatildeo de referecircncias bibliograacuteficas
113 FERRAMENTAS E LINKS UacuteTEIS
O processo de elaboraccedilatildeo e escrita das referecircncias bibliograacuteficas eacute para a maioria dos autores monoacutetono e cansativo Devido agrave grande quantidade de detalhes muitas pessoas recorrem a ferramentas de referenciaccedilatildeo desenvolvidas especificamente para esse propoacutesito Existem diversas opccedilotildees algumas pagas e outras gratuitas
Entre as opccedilotildees gratuitas existem o Docear (wwwdocearorg) desenvolvido em universidades o Zotero (wwwzoteroorg) criado em um centro de miacutedias o Facilis (httpfacilisuesbbr) e por fim o MORE criado pela Universidade Federal de Santa Catarina (httpwwwmoreufscbr) Esses dois uacuteltimos foram desenvolvidos para que pudessem gerar referecircncias de acordo com as normas da ABNT
Geralmente os softwares pagos possuem mais ferramentas e funccedilotildees sendo otimizados em relaccedilatildeo aos gratuitos Entre as opccedilotildees pagas estatildeo o Biblioscape (wwwbiblioscapecom) desenvolvido pela CG Informationreg o EndNote (wwwendnotecom) da Clarivate Analyticsreg e o Mendeley (wwwmendeleycom) da Elsevierreg Esses softwares foram desenvolvidos por empresas estrangeiras
Aleacutem das opccedilotildees citadas acima alguns editores de texto como o proacuteprio Microsoft Wordreg possuem ferramentas proacuteprias de referenciamento de texto No entanto ateacute o momento natildeo foi implementado junto ao Word nenhum modelo de norma da ABNT (httpssupportofficecompt-brarticlecriar-uma-bibliografia-citaC3A7C3B5es-e-referC3AAncias-17686589-4824-4940-9c69-342c289fa2a5)
Apecircndices e Anexos 97
REFEREcircNCIAS
ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referecircncias elaboraccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro ABNT 2018
EVANGELISTA D S et al Como preparar minhas referecircncias bibliograacuteficas In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 15 p 91-110
MEDEIROS J B TOMASI C Normas para apresentar referecircncias In MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017 cap 9 p 203-224
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
MELNYK B M Evidence-based practice in nursing amp healthcare a guide to best practice 2nd ed Philadelphia Wolters KluwerLippincott Williams amp Wilkin 2011
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
PARTE II Os bastidores da elaboraccedilatildeo de uma produccedilatildeo cientiacutefica (ou Os alicercesretaguarda de uma
boa produccedilatildeo acadecircmica)
101
12COMO REALIZAR UMA BOA REVISAtildeO
BIBLIOGRAacuteFICA
Victor Hugo Lima JacintoVeyda Lourdes Ferreira Martins
Lilian Loureiro Albuquerque Cavalcante
ldquoCada investigador analisa minuciosamente os trabalhos dos investigadores que o precederam e soacute entatildeo compreendido o testemunho que lhe foi confiado parte
equipado para a sua proacutepria aventurardquo
(CARDOSO et al 2010)
121 INTRODUCcedilAtildeO
A revisatildeo bibliograacutefica ou revisatildeo de literatura corresponde ao compilado de conhecimentos que fundamentam a base teoacuterica da pesquisa Eacute indispensaacutevel para definir o problema ou questionamento bem como para obter uma ideia precisa do panorama atual sobre algum tema as suas lacunas e a contribuiccedilatildeo da investigaccedilatildeo para o desenvolvimento do conhecimento (BENTO2012)
Segundo Pereira (2012) ldquoa revisatildeo da literatura diz respeito agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica que seraacute adotada para tratar do tema e do problema da pesquisa Por meio da anaacutelise da literatura publicada eacute possiacutevel traccedilar um quadro teoacuterico e conceitual que daraacute sustentaccedilatildeo ao desenvolvimento da pesquisardquo
122 INICIANDO A REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Como prerrogativa para o iniacutecio da busca bibliograacutefica o pesquisador necessita delinear o problemapergunta da pesquisa Deve estar ciente de qual eacute a finalidade do projeto (MOREIRA 2004 CARDOSO ALARCAtildeO CELORICO 2010) A leitura preacutevia de alguns textos para a seleccedilatildeo adequada do objetivo central e para o estabelecimento de possiacuteveis questionamentos eacute o primeiro passo para o direcionamento da revisatildeo da literatura Bem executada embasa uma produccedilatildeo cientiacutefica relevante que contribuiraacute para a evoluccedilatildeo do conhecimento
Muitos estudos apresentam falhas devido a natildeo delimitaccedilatildeo correta do problema A revisatildeo bibliograacutefica auxilia nessa compreensatildeo como tambeacutem evita
102 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
recorrer a pontos jaacute bem discutidos (BARROS 2011) Nesse contexto eacute vaacutelido acrescentar que novos campos investigativos podem ser evidenciados tanto em temas jaacute bem abordados quanto em aacutereas pouco desenvolvidas (BENTO 2012)
Uma estrateacutegia difundida no meio acadecircmico para iniciar uma revisatildeo de literatura eacute a estrateacutegia PICO A sigla representa um acrocircnimo para populaccedilatildeo Intervenccedilatildeo Comparaccedilatildeo e Outcomes (desfechos) pontos essenciais para a construccedilatildeo da pesquisa e do questionamento para a busca bibliograacutefica
A estrateacutegia PICO pode ser utilizada para construir questotildees de pesquisa de naturezas diversas oriundas da cliacutenica do gerenciamento de recursos humanos e materiais da busca de ferramentas para avaliaccedilatildeo de sintomas entre outras Se a pergunta da pesquisa estiver bem delineada pode-se direcionar de forma mais assertiva a busca da literatura relacionada nas bases de dados O MEDLINEPubMed uma das plataformas de pesquisa bem reconhecida disponibiliza uma interface para inserccedilatildeo direta dos quatro componentes da estrateacutegia PICO citada anteriormente podendo ser acessada por meio do endereccedilo eletrocircnico httpaskmedlinenlmnihgovaskpicophp
123 TIPOS DE REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A revisatildeo da literatura pode ser de trecircs tipos narrativa integrativa e sistemaacutetica Independentemente da metodologia todas buscam conhecer o panorama atual do tema em investigaccedilatildeo
A revisatildeo do tipo narrativa tambeacutem conhecida como exploratoacuteria ou tradicional natildeo apresenta criteacuterios sistemaacuteticos nem utiliza estrateacutegias rebuscadas para filtrar os estudos publicados O pesquisador seleciona a bibliografia sem exaurir toda a literatura disponiacutevel (CORDEIRO et al 2007)
A revisatildeo integrativa eacute um meacutetodo que proporciona a siacutentese de conhecimento e a incorporaccedilatildeo da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na praacutetica apresentando maior planejamento com criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo bem desenhados e maior rigor metodoloacutegico (SOUZA 2010)
A revisatildeo sistemaacutetica por sua vez eacute realizada sob planejamento estruturado baseada em um tema especiacutefico bem delimitado com a inclusatildeo de estudos com meacutetodos semelhantes (ERCOLE MELO ALCOFORDA 2014) Busca-se com esse controle metodoloacutegico para a seleccedilatildeo dos estudos evitar vieses e erros aleatoacuterios Trata-se portanto de um meacutetodo de revisatildeo reprodutiacutevel que combina resultados de diferentes estudos com criteacuterios de seleccedilatildeo claros Nesse processo diferentemente da revisatildeo tipo narrativa e integrativa faz-se necessaacuteria a participaccedilatildeo de pelo menos dois pesquisadores que trabalham de forma independente para a definiccedilatildeo de quais dados coletados faratildeo parte da anaacutelise final (CORDEIRO et al 2007)
Os dados obtidos a partir de revisotildees sistemaacuteticas podem ser analisados
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 103
atraveacutes da aplicaccedilatildeo da teacutecnica de metanaacutelise que consiste em um meacutetodo de anaacutelise estatiacutestica especialmente desenvolvido para integrar os resultados de dois ou mais estudos independentes sobre uma mesma questatildeo de pesquisa combinando em uma medida resumo os resultados de tais estudos (EGGER SMITH 1997) As metanaacutelises funcionam como uma ldquoextensatildeordquo da pesquisa bibliograacutefica sistemaacutetica fornecendo estimativas mais precisas e maior generalizaccedilatildeo dos resultados
124 PONTOS CRIacuteTICOS QUANTIDADE VERSUS QUALIDADE DAS FONTES BIBLIOGRAacuteFICAS
No processo de construccedilatildeo do trabalho uma duacutevida frequente se refere agrave quantidade de fontes necessaacuterias para o sucesso de uma boa produccedilatildeo Agrave medida que se observam informaccedilotildees repetidas durante a pesquisa bibliograacutefica entende-se que a busca estaacute em finalizaccedilatildeo Eacute o que se denomina ldquoponto de saturaccedilatildeordquo (BENTO 2012) O foco deve ser direcionado agrave qualidade das informaccedilotildees coletadas enfatizando-se a relevacircncia dos dados obtidos bem como sua anaacutelise criacutetica
Outro ponto de duacutevida eacute como avaliar a qualidade da fonte a ser utilizada Recomenda-se iniciar a busca por meio de publicaccedilotildees com maior niacutevel de evidecircncia e se possiacutevel mais recentes (CARDOSO 2010)
Eacute imprescindiacutevel esclarecer que a revisatildeo bibliograacutefica natildeo consiste apenas em conhecer outras pesquisas e filtrar alguns dados Representa em sua essecircncia estabelecer uma visatildeo criacutetica acerca dos objetos de pesquisa sendo primordial a comparaccedilatildeoconfronto entre os trabalhos analisados Requer preparo e maturidade dos pesquisadores que vatildeo aprimorando-se ao longo das atividades acadecircmicas
Eacute importante estar atento para possiacuteveis erros na busca bibliograacutefica Devem ser evitados estudos com desenhos questionaacuteveis Natildeo se deve desprezar nenhuma obra importante acerca do tema abordado (CARDOSO 2010) O aprofundamento da revisatildeo cientiacutefica melhora a credibilidade da pesquisa Sugere-se realizar a pesquisa bibliograacutefica na seguinte ordem (ANDRADE 2009)
bull artigos publicados em perioacutedicos internacionais de alto impacto
bull artigos publicados em perioacutedicos nacionais reconhecidos
bull livros publicados por bons editores
bull teses e dissertaccedilotildees
bull anais de conferecircncias internacionais
bull anais de conferecircncias nacionais
104 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
125 ELABORANDO UM RESUMO DAS REFEREcircNCIAS SELECIONADAS
De uma maneira geral sugere-se que os pesquisadores devam selecionar as partes mais relevantes de cada texto e registrar as ideias oriundas a partir do estudo de todas as fontes selecionadas Apoacutes a finalizaccedilatildeo dessa leitura pode-se escrever um resumo enfatizando os dados mais importantes referenciando-os de forma adequada Para otimizar o tempo dispensado para a elaboraccedilatildeo das referecircncias bibliograacuteficas deve-se estar atento agraves citaccedilotildees que podem ser utilizadas posteriormente
126 FONTES DE PESQUISA
A pesquisa bibliograacutefica pode ser realizada em diferentes fontes sendo as principais artigos cientiacuteficos livros teses dissertaccedilotildees manuais normas teacutecnicas entre outras
Atualmente a internet representa a principal fonte de busca literaacuteria com vasto acervo bibliograacutefico Haacute diversos sites atualmente disponiacuteveis Alguns artigos natildeo estatildeo disponiacuteveis de forma gratuita devendo ser adquiridos por meio de taxas direcionadas agraves revistas cientiacuteficas ou por meio de centros universitaacuterios que as disponibilizam para os acadecircmicos e pesquisadores Seguem no quadro 121 abaixo os principais sites de pesquisa bibliograacutefica
Quadro 121 mdash Links para sites de pesquisa bibliograacutefica
Base Caracteriacutestica da Base de Dados
MEDLINE
Dados bibliograacuteficos da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos Ameacuterica (EUA) com artigos de jornais cientiacuteficos da aacuterea meacutedica dos EUA e de outros paiacuteses (PUBMED
MEDLINEPubMed Literatura biomeacutedica Conteacutem textos completos
LILACS Dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede
Perioacutedicos CAPES Disponibiliza produccedilatildeo cientiacutefica internacional
SciELO Perioacutedicos cientiacuteficos de base multidisciplinar do Brasil Ameacuterica Latina e Caribe
Google Scholar Pesquisa de materiais acadecircmicos variadosCochrane Database of Systematic Review Tratamentos de sauacutede e intervenccedilotildees sociais
ERICEducaccedilatildeo e temas relacionados Indexa artigos resumos de congressos teses Dissertaccedilotildees monografias dentre outros materiais
Continua
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 105
Base Caracteriacutestica da Base de DadosScience Direct Multidisciplinar
Web of Science Multidisciplinar Indexa apenas os perioacutedicos mais citados em seus respectivos campos
Banco de teses da CAPES Multidisciplinar Reuacutene teses e dissertaccedilotildees brasileiras
BVS
Permite realizar uma busca integrada nas bases de dados da BIREME Informaccedilotildees em sauacutede na Ameacuterica Latina com resumos e referecircncias de artigos na aacuterea da sauacutede
ClinicalKey Site de pesquisa meacutedica que com acesso a publicaccedilotildees da editora Elsevier
SAGE Foco nas aacutereas de ciecircncias humanas e ciecircncias sociais aplicadas
Research Evidence in Education Library Intervenccedilotildees educacionaisThe Campbell Collaboration Intervenccedilotildees sociais e poliacuteticas puacuteblicasThe Evidence for Policy and Practice Information and Co-ordinating Centre (EPPI-Centre) Sauacutede sociais e poliacuteticas puacuteblicas
Para facilitar as pesquisas em tais bases eletrocircnicas alguns instrumentos de refinamento da busca bibliograacutefica podem ser utilizados Satildeo filtros que podem ser associados agraves palavras-chave para delimitar a busca tais como data de publicaccedilatildeo idioma tipo de artigo (revisatildeo sistemaacutetica metanaacutelise ensaio cliacutenico etc)
Aleacutem disso podem ser utilizados operadores de busca que auxiliam a pesquisa nas bases de dados No quadro 122 estatildeo citados os principais operadores utilizados
Quadro 122 mdash Operadores de busca para pesquisa bibliograacutefica em bases de dados cientiacuteficos
Operadores de buscaOperadores loacutegicos ou Booleanos
AND Recupera apenas os registros que contecircm ambos os termos da busca Ex diabetes AND dyslipidemia
OR Recupera registros tanto de um termo da busca quanto do outro Ex gestation OR pregnancy
NOTRecupera os registros relacionados ao primeiro termo da busca que natildeo conteacutem o segundo termo Ex dyslipidemia NOT child
Operador de mascaramentoContinua
106 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Operadores de busca
Substitui uma letra da palavra da busca por para possiacuteveis variaccedilotildees na escrita Ex Brail (dados com Brasil e Brazil)
Operador de truncamento
Substitui a finalizaccedilatildeo de uma palavra Ex diabet (dados com diabetes diabetic diabetology)
Obs 1 Os operadores Booleanos devem ser sempre escritos em letra maiuacutescula e podem ser inseridos entre qualquer termo que esteja sendo pesquisadoObs 2 Diante de um termo composto haacute a necessidade do uso das aspas para a especificaccedilatildeo dos termos Ex ldquotype 1 diabetes mellitusrdquo AND ldquophysical exerciserdquoObs 3 Para a combinaccedilatildeo e orientaccedilatildeo de buscas pode-se usar a ferramenta parecircnteses As informaccedilotildees entre parecircnteses satildeo consideradas primeiro Ex (Type 1 OR Type 2 diabetes) AND ldquophysical exercicerdquo
As palavras-chave ou descritores devem estar inseridos na plataforma de busca previamente Natildeo podem ser criadas de forma aleatoacuteria No PubMed pode-se utilizar a ferramenta MesH para a visualizaccedilatildeo dos termos mais adequados Para isso deve-se acessar o link MeSH no filtro Search na primeira paacutegina de acesso ao site Caso a palavra-chave natildeo esteja na lista da plataforma o sistema sugeriraacute o termo mais adequado
127 PASSOS PARA A REVISAtildeO DA LITERATURA
A compreensatildeo das etapas envolvidas na busca bibliograacutefica representa o alicerce baacutesico para a confecccedilatildeo de uma redaccedilatildeo cientiacutefica de qualidade De acordo com Bento (2012) uma boa revisatildeo bibliograacutefica eacute composta principalmente por quatro etapas conforme segue abaixo
bull Identificar palavras-chave ou descritores deve ser criada uma seacuterie de palavras-chave acerca do tema em investigaccedilatildeo para que seja realizada a pesquisa nas bases de dados
bull Rever fontes secundaacuterias representam redaccedilotildees de autores que interpretam trabalhos de outros estudiosos
bull Recolher fontes primaacuterias corresponde ao estudo dos trabalhos originais de autores e investigadores sendo coletados principalmente por meio de artigos em perioacutedicos cientiacuteficos Uma estrateacutegia recomendada nessa etapa eacute classificar cada fonte como ldquomuito importanterdquo ldquomoderadamente importanterdquo e ldquoalgo importanterdquo
bull Ler criticamente e resumir a literatura esse passo envolve questionar especular avaliar repensar e sintetizar de forma criacutetica a literatura recolhida Eacute importante avaliar nesse toacutepico aspectos relevantes do seu estudo pontos em comum entre os autores e questotildees natildeo abordadas ateacute o momento
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 107
No quadro 123 seguem algumas orientaccedilotildees para a sistematizaccedilatildeo do processo de revisatildeo de literatura
Quadro 123 mdash Sugestatildeo de roteiro para a realizaccedilatildeo da revisatildeo de literatura e estudo do estado da arte de um tema
Defina o tema da pesquisaLeia trabalhos relacionadosDelimite o problemaSelecione palavras-chave ou descritoresInicie a busca nas bases de dados para pesquisa bibliograacuteficaSelecione os tiacutetulos relacionados leia os resumos e toacutepicos principaisRealize a leitura completa das obras selecionadasFaccedila resumos com anaacutelise criacuteticaArquive os dados para reanaacutelise posteriorUtilize a sua revisatildeo para embasar seu projeto ou artigo ou ainda para elaborar uma revisatildeo de literatura
128 CONCLUSAtildeO
Conhecer os passos para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa bibliograacutefica de qualidade representa uma etapa importante para a vida acadecircmica Atualmente estatildeo disponiacuteveis diversas bases de dados eletrocircnicas que vieram para facilitar esse processo permitindo o acesso dos pesquisadores a amplo conteuacutedo cientiacutefico Ser capaz de identificar entre esse vasto universo de publicaccedilotildees aquelas que satildeo relevantes para o desenvolvimento cientiacutefico consiste em condiccedilatildeo essencial para a elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa e artigos cientiacuteficos de qualidade
108 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
BENTO A Como fazer uma revisatildeo da literatura consideraccedilotildees teoacutericas e praacuteticas Madeira [s n] 201- Disponiacutevel em httpwww3umaptbentoRepositorioRevisaodaliteraturapdf Acesso em 22 nov 2020
MOREIRA W Revisatildeo de Literatura e Desenvolvimento Cientiacutefico conceitos e estrateacutegias para confecccedilatildeo [S l s n] 2004 Disponiacutevel em httpsfilescercompufgbrwebyup19oRevis__o_de_Literatura_e_desenvolvimento_cient__ficopdf Acesso em 09 jul 2020
CORDEIRO A M et al Revisatildeo sistemaacutetica uma revisatildeo narrativa Rev Col Bras Cir Rio de Janeiro v 34 n 6 p 428-431 dez 2007
SOUZA M T SILVA M D CARVALHO R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein [S l] v 8 n1 p 102-6 2010
ERCOLE F F MELO L S ALCOFORADO C L G C Revisatildeo integrativa versus revisatildeo sistemaacutetica REME - Rev Min Enferm Belo Horizonte v 18 n 1 janmar 2014 Disponiacutevel em httpwwwdxdoiorg1059351415-276220140001 Acesso em 11 jul 2020
ANDRADE MM Introduccedilatildeo agrave metodologia do trabalho cientiacutefico elaboraccedilatildeo de trabalhos na graduaccedilatildeo9 ed Satildeo Paulo Atlas 2009
EGGER M SMITH G D Meta-analysis potentials and promise BMJ Londres v 315 n 7119 p 1371-4 nov 1997
BARROS J A A Revisatildeo Bibliograacutefica - Dimensatildeo fundamental para o planejamento da Pesquisa Instrumento R Est Pesq Educ Juiacutez de Fora v 13 n 1 2011
109
13A REDACcedilAtildeO ACADEcircMICA DICAS PARA UMA BOA
ESCRITA
Veyda Lourdes Ferreira MartinsClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoO gosto pela escrita cresce agrave medida que se escreverdquo
Erasmo de Rotherdam
A evoluccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico somente eacute possiacutevel por meio da transmissatildeo das descobertas oriundas de pesquisas nas mais diversas aacutereas e para que isso ocorra o exerciacutecio da escrita se faz fundamental O sucesso de uma produccedilatildeo acadecircmica passa pela qualidade da escrita ao final do processo Saber escrever um bom texto cientiacutefico eacute tatildeo importante quanto saber executar as demais fases da pesquisa Poreacutem escrever bem natildeo eacute uma tarefa simples Mesmo com vocaccedilatildeo e habilidades inatas eacute necessaacuteria a praacutetica constante da redaccedilatildeo visando a seu aperfeiccediloamento contiacutenuo por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades teacutecnicas
Aleacutem disso escrever bem envolve conhecer o puacuteblico para o qual se destina o seu produto De uma maneira geral a escrita cientiacutefica apresenta particularidades especiacuteficas que visam agrave transmissatildeo de informaccedilatildeo e conhecimento com objetividade exatidatildeo ldquoimparcialidaderdquo e eacutetica como deseja o leitor de um trabalho cientiacutefico Segundo Reiz (2012) eacute essencial distinguir redaccedilatildeo cientiacutefica e redaccedilatildeo literaacuteria (quadro 131)
Assim o objetivo deste capiacutetulo eacute apresentar algumas consideraccedilotildees sobre a escrita acadecircmica discutindo alguns viacutecios comumente observados e como evitaacute-los
131 A ESCRITA ACADEcircMICA
Redigir um texto geralmente eacute uma das partes mais difiacuteceis de um trabalho acadecircmico gerando diferentes graus de inseguranccedila no aluno Esse fenocircmeno contudo eacute algo frequente e esperado que tende a melhorar ao longo da redaccedilatildeo Agrave medida que o aluno vai escrevendo o bloqueio e a inseguranccedila inicial tendem a diminuir e as ideias comeccedilam a surgir
110 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 131 mdash Diferenccedilas entre a redaccedilatildeo cientiacutefica e literaacuteria
Redaccedilatildeo cientiacutefica Redaccedilatildeo literaacuteriaInformaccedilatildeo e conhecimento Sentimento e emoccedilatildeoTeacutecnica EsteacuteticaObjetividade SubjetividadeExatidatildeo Adorno na expressatildeoNormas de uso obrigatoacuterio Livre escolhaPrecisatildeo Interpretaccedilotildees diversas (estiacutemulo agrave imaginaccedilatildeo)Denotaccedilatildeo ConotaccedilatildeoEspecificaccedilatildeo GeneralizaccedilatildeoModeacutestia e sobriedade Requinte e refinamentoImparcialidade Juiacutezo de valor
Adaptado de Reiz 2012
Entatildeo a primeira dica eacute COMECE Mesmo que o texto seja reformulado depois comece a escrever Natildeo importa se a primeira versatildeo natildeo ficou adequada o texto sempre poderaacute ser reformulado com a ajuda do orientador ou de pesquisadores mais experientes No entanto cuidado natildeo inicie a redaccedilatildeo antes de conhecer muito bem a histoacuteria que iraacute contar (VOLPATO 2015)
Ao iniciar eacute importante que o aluno calcule adequadamente o tempo necessaacuterio para finalizar a versatildeo inicial de sua produccedilatildeo planejando tempo haacutebil para a sua proacutepria revisatildeo para a revisatildeo do orientador e para que o texto seja reformulado caso precise
Eacute necessaacuterio ainda dedicar tempo para uma boa revisatildeo ortograacutefica e gramatical Quando uma produccedilatildeo cientiacutefica conteacutem erros de escrita os pareceristas e revisores das agecircncias de fomentos e de revistas cientiacuteficas podem recusar projetos ou artigos por entenderem tais erros como desleixo E se existe desleixo na escrita do trabalho eacute de se esperar que as outras etapas da pesquisa tambeacutem possam ter sido realizadas sem zelo Portanto um texto que natildeo segue a norma-padratildeo da liacutengua pode comprometer a credibilidade do estudo e dos pesquisadores (KOLLER 2014)
Aleacutem de respeitar a norma-padratildeo da liacutengua o texto cientiacutefico deve atender a alguns requisitos baacutesicos desse tipo de gecircnero literaacuterio ndash CLAREZA COESAtildeO CONCISAtildeO e PRECISAtildeO satildeo imprescindiacuteveis para uma boa produccedilatildeo acadecircmica (REIZ 2013) Isso natildeo significa no entanto que a redaccedilatildeo cientiacutefica deva ser monoacutetona e cansativa
CRIATIVIDADE ORIGINALIDADE e INSPIRACcedilAtildeO tambeacutem satildeo desejaacuteveis na redaccedilatildeo cientiacutefica O escritor deve buscar elaborar um texto que ao mesmo tempo em que transmite a ideia central da pesquisa consiga chamar a atenccedilatildeo e promover entusiasmo no leitor E este sim eacute um grande desafio para o autor de textos cientiacuteficos
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 111
ldquoinformar o indispensaacutevel sem perder a harmoniardquo (REIZ 2013) Desafio este que poderaacute ser alcanccedilado agrave custa do estudo das teacutecnicas da redaccedilatildeo cientiacutefica moderna e de muita dedicaccedilatildeo (MEDEIROS 2017)
132 A REDACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA O QUE FAZER E O QUE NAtildeO FAZER AO REDIGIR UM TEXTO ACADEcircMICO
Nesse toacutepico seratildeo apresentadas algumas recomendaccedilotildees que visam conduzir o pesquisador na elaboraccedilatildeo de um texto que atenda aos princiacutepios baacutesicos da escrita cientiacutefica Vejamos
bull Planeje o texto em toacutepicos faccedila um esboccedilo ou sumaacuterio provisoacuterio de como pretende expor as ideias ao longo do texto Em geral as revistas cientiacuteficas tradicionais sugerem a divisatildeo do manuscrito em INTRODUCcedilAtildeO MEacuteTODOS RESULTADOS e DISCUSSAtildeO Entretanto atualmente alguns perioacutedicos de alto impacto tecircm proposto diferente disposiccedilatildeo para essa divisatildeo
bull Apresente uma ideia por paraacutegrafo evite paraacutegrafos muito longos O paraacutegrafo deve ser construiacutedo com planejamento Em geral cada paraacutegrafo deve conter uma ideia central que deve ser exposta na(s) primeira(s) frase(s) e que seraacute a base para o desenvolvimento das ideias secundaacuterias Deve haver articulaccedilatildeo entre os paraacutegrafos O paraacutegrafo seguinte deve abordar uma nova ideia relacionada agrave que fora previamente apresentada
bull Escreva sentenccedilas em ordem direta sempre que possiacutevel utilize sujeito + verbo + objeto No entanto dependendo do contexto a voz passiva tambeacutem poderaacute ser utilizada visando facilitar o encadeamento das ideias Aleacutem disso autores de textos cientiacuteficos na liacutengua inglesa frequentemente utilizam a voz passiva
bull Seja claro transmita as ideias de maneira compreensiacutevel Para isso prefira sentenccedilas afirmativas e frases curtas que facilitam a concatenaccedilatildeo das ideias Frases simples satildeo mais eficazes no entendimento e na memorizaccedilatildeo das informaccedilotildees Quando o autor tem maior autoridade sobre determinado assunto o conteuacutedo poderaacute ser escrito e transmitido de maneira mais simples Quando o pesquisador estaacute confuso seu texto tambeacutem pareceraacute confuso portanto aproprie-se do tema
bull Seja preciso todos os leitores devem ter o mesmo entendimento da informaccedilatildeo
bull Seja conciso elimine termos que natildeo tenham significado especiacutefico e que natildeo acrescentem sentido agrave informaccedilatildeo Exclua adjetivos adveacuterbios numerais e outros elementos que natildeo sejam essenciais para o entendimento
bull Seja original muitas vezes a originalidade natildeo se refere apenas ao ineacutedito Pode ser uma maneira diferente de transmitir a ideia em apresentar uma nova
112 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
teacutecnica de comunicar os achados e detectar novas possibilidades ou interpretaccedilotildees
bull Respeite o gecircnero literaacuterio a linguagem cientiacutefica deve seguir as normas da liacutengua padratildeo Em textos acadecircmicos a exatidatildeo e o rigor formal satildeo primordiais No entanto lembre-se deque o texto deve destinar-se agravecompreensatildeo dos cientistas nas diferentes aacutereas do conhecimento e natildeo apenas aos especialistas
bull Respeite o Novo Acordo Ortograacutefico da Liacutengua Portuguesa para textos na liacutengua portuguesa recomenda-se consultar as normas vigentes no link httpwwwacademiaorgbrnossa-linguabusca-no-vocabulario e no aplicativo VOLPreg disponiacutevel para iOS e Android
Apesar de parecer algo simples atender a todos os requisitos acima expostos natildeo eacute uma constante em todos os textos acadecircmicos atualmente produzidos Ainda eacute frequente depararmo-nos com textos que apresentam viacutecios que comprometem a qualidade da escrita A seguir alguns exemplos que devem ser evitados
bull Escrever em linguagem oral (escrever como se fala) deve-se empregar a norma-padratildeo
bull Repeticcedilotildees de palavras e expressotildees busque diversidade de vocabulaacuterio Utilize os sinocircnimos mantendo a articulaccedilatildeo de ideias e a exposiccedilatildeo dos pensamentos de forma coerente
bull Frases rebuscadas Palavras abstratas expressotildees vagas adjetivos e adveacuterbios natildeo agregam valor agrave informaccedilatildeo
bull Ambiguidades demonstra incerteza sobre o que se fala e compromete a clareza
bull Paraacutegrafos sem conectores sempre que possiacutevel utilize conectores entre paraacutegrafos e entre um periacuteodo e outro No entanto lembre-se de que a simples presenccedila de um conector natildeo garante fluidez ou coerecircncia Outra forma de melhorar a fluidez da leitura eacute iniciar a frase seguinte com alguma informaccedilatildeo apresentada no periacuteodo anterior Isso facilita o processo de encadeamento e progressatildeo de ideias trazendo coesatildeo ao texto
bull Frases muito longas mais uma vez divida as sentenccedilas em frases menores
bull Queiacutesmo (utilizar muitas vezes a palavra ldquoquerdquo) Quando necessaacuterio substitua-o pelas palavras agraves quais ele se refere (caso tal palavra jaacute tenha aparecido muitas vezes no texto opte pelos sinocircnimos) Outra opccedilatildeo eacute dividir periacuteodos longos interligados pelo ldquoquerdquo em frases mais curtas
bull Estrangeirismos sem aspas ou itaacutelicos Sempre que incluir algum termo de outra liacutengua destaque-o por meio de aspas ou da letra em itaacutelico
bull Abreviaturas e siglas natildeo identificadas Todas devem ser explicadas na primeira vez em que forem citadas no texto
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 113
bull Erros ortograacuteficos e de pontuaccedilatildeo revise o texto quantas vezes forem necessaacuterias Atenccedilatildeo especial para as viacutergulas natildeo se separa sujeito de verbo e verbo de complemento Atenccedilatildeo ainda para o posicionamento dentro de uma sentenccedila Viacutergulas mal colocadas podem alterar o sentido da frase
bull Figuras e viacutecios de linguagem elimine possiacuteveis metaacuteforas ecos e pleonasmos
bull Desvio de sintaxe atenccedilatildeo para as regras de concordacircncia e regecircncia verbal
bull Utilizaccedilatildeo excessiva de jargotildees teacutecnicos palavras complexas truncam a leitura e afastam o leitor
133 A QUESTAtildeO DO TEMPO VERBAL
Existem opiniotildees divergentes entre os pesquisadores sobre a escolha de uma redaccedilatildeo pessoal ou impessoal para o texto cientiacutefico Tradicionalmente utiliza-se a redaccedilatildeo impessoal visando a uma suposta ldquoimparcialidaderdquo do texto cientiacutefico ou seja os meus resultados e conclusotildees seratildeo repetidos por outros autores que conduzam a mesma pesquisa Nesse caso poderiacuteamos afirmar ldquoconclui-se querdquo pois natildeo se trata de uma conclusatildeo pessoal e sim de um achado baseado em fatos (VOLPATO 2015)
No entanto os defensores do uso da primeira pessoa alegam que os pesquisadores devem apropriar-se dos seus achados e conclusotildees Segundo tais autores ser impessoal eacute
ldquo retomar a uma ciecircncia jaacute ultrapassada que assumia que o conhecimento eacute objetivo porque as conclusotildees satildeo determinadas por dados objetivos que natildeo dependem da vontade do cientistardquo (VOLPATO 2015)
E ainda
ldquo essa postura eacute prepotente na medida em que supotildee que a anaacutelise do autor eacute verdadeira lsquoconclui-sersquo significa que todos concluiratildeo a mesma coisa pois independe da pessoa que a expressardquo (VOLPATO 2015)
De fato atualmente haacute uma tendecircncia para o uso da primeira pessoa Em muitas revistas de alto impacto os artigos satildeo escritos com redaccedilatildeo na primeira pessoa Poreacutem tambeacutem existem revistas de prestiacutegio que mantecircm a redaccedilatildeo impessoal talvez em funccedilatildeo da manutenccedilatildeo do que eacute o mais tradicional Na verdade natildeo haacute certo ou errado nesse quesito e a maioria das revistas natildeo impotildee regras nesse sentido A leitura de bons perioacutedicos ajudaraacute que os autores definam suas preferecircncias e a utilizem de acordo com o seu estilo
114 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
134 POR ONDE COMECcedilAR
Aleacutem de tentar atender agraves teacutecnicas de escrita acima apresentadas o autor de textos cientiacuteficos deve procurar sistematizar o processo da redaccedilatildeo Seguir uma ordem que facilite a exposiccedilatildeo das ideias dentro de um artigo cientiacutefico pode ser uma dica valiosa que ajuda a responder a outra duacutevida que frequentemente aflige o jovem pesquisador ldquoPOR ONDE COMECcedilARrdquo
Para responder a essa duacutevida vaacuterios autores sugerem teacutecnicas diversas Aqui iremos apresentar uma sugestatildeo de Volpato (2015) que desenvolveu o que ele denomina de Meacutetodo Loacutegico para a Redaccedilatildeo Cientiacutefica Segundo esse autor o artigo cientiacutefico eacute uma histoacuteria que deve ser narrada com precisatildeo e que pode ser escrito na seguinte sequecircncia
CONCLUSAtildeO RESULTADOS MEacuteTODOS DISCUSSAtildeO INTRODUCcedilAtildeO RESUMO TIacuteTULO
Para isso o pesquisador deveraacute
bull entender com clareza o final da histoacuteria ndash resultados e conclusatildeo
bull descrever todos os meios e procedimentos para alcanccedilaacute-los ndash meacutetodos
bull explicar os resultados que ele alcanccedilou e comparaacute-lo com o que diz outros autores ndash discussatildeo
bull explicar o cenaacuterio onde tal histoacuteria se desenvolveu e o porquecirc de desenvolvecirc-la ndash introduccedilatildeo
bull e finalmente somente apoacutes a construccedilatildeo completa da histoacuteria o escritor deveraacute resumi-la (resumo) e dar-lhe um nome (tiacutetulo)
Essa sequecircncia pode facilitar o processo da redaccedilatildeo No entanto ressalta-se que cada pesquisador deve ter liberdade para utilizar a teacutecnica que lhe apraz e que domina O cientista natildeo deve ser riacutegido perante as regras preacute-concebidas a criatividade eacute essencial agrave ciecircncia
135 REVISAtildeO DO TEXTO
Programar tempo para a revisatildeo eacute fundamental Revisar o proacuteprio texto exaustivamente eacute altamente recomendado Revise-o do iniacutecio ao fim quantas vezes forem necessaacuterias Preferentemente leia-o em voz alta A escuta poderaacute auxiliar no processo de reformulaccedilatildeo de frases Muitas vezes ao ler o texto em voz alta
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 115
percebemos trechos da escrita que natildeo estatildeo claros ou coerentes Se algum trecho soar estranho reformule-o
Outra dica peccedila ajuda Submeta seu texto agrave apreciaccedilatildeo de colegas mais experientes ou amigos que tenham um bom domiacutenio da liacutengua portuguesa mesmo que natildeo sejam da aacuterea Esse eacute um bom teste para avaliar a clareza de sua produccedilatildeo
Durante a revisatildeo eacute importante ainda natildeo confundir estrutura e apresentaccedilatildeo visual do trabalho com redaccedilatildeo cientiacutefica Atender agraves diretrizes para formataccedilatildeo e normalizaccedilatildeo dos elementos preacute-textuais textuais e poacutes-textuais de uma produccedilatildeo acadecircmica embora necessaacuterio natildeo acrescentam qualidade agrave essecircncia do texto cientiacutefico (REIZ 2012)
136 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Como demonstrado acima o texto cientiacutefico demanda uma seacuterie de requisitos para que seja produzido de maneira adequada Portanto natildeo deixe para escrever na uacuteltima hora Aleacutem disso o tempo destinado para estudar o tema antes de escrever interfere diretamente na qualidade da informaccedilatildeo que seraacute redigida Lembre-se o autor deve ter pleno domiacutenio do tema abordado a fim de que possa escrever e transmitir as ideias de maneira simples e de faacutecil compreensatildeo para os seus futuros leitores Portanto dedique tempo para a leitura preacutevia e tambeacutem concomitante agrave escrita Muitas vezes as ideias natildeo vecircm todas de uma vez Caso vocecirc comece a redigir seu texto com antecedecircncia provavelmente as ideias iratildeo surgindo e vocecirc teraacute tempo para enriquececirc-lo agregando ainda mais valor agrave informaccedilatildeo produzida
Recomenda-se ainda para todo jovem pesquisador a leitura de manuais especiacuteficos sobre a redaccedilatildeo cientiacutefica Muitos desses livros e manuais abordam diversos aspectos da escrita acadecircmica em profundidade e satildeo de grande valia nesse processo Aleacutem disso a academia tem um papel fundamental em enfatizar a importacircncia da escrita estimulando e capacitando os alunos para tal Muitas vezes a inseguranccedila eacute falta de conhecimento e teacutecnica
Finalizamos com um trecho transcrito de um manual sobre a redaccedilatildeo cientiacutefica moderna que pode ser de grande valia para pesquisadores jovens bem como para aqueles mais experientes ldquoA redaccedilatildeo cientiacutefica eacute o ato de escrever que consiste em transformar a leitura especializada observaccedilatildeo investigaccedilatildeo e capacidade de refletir em comunicaccedilatildeo escrita com clareza precisatildeo concisatildeo e simplicidaderdquo e ldquoQuando se transforma esse ofiacutecio em arte isto eacute em prazer ou trabalho criativo o estudo ganha outra dimensatildeo torna-se mais criacutevel e haacute menos desgaste emocionalrdquo (REIZ 2013)
116 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
VOLPATO G L O meacutetodo loacutegico para redaccedilatildeo cientiacutefica Rev Eletron Comun Inf Inov Sauacutede Rio de Janeiro v 9 n 1 p 1-14 2015 Disponiacutevel em httpswwwarcafiocruzbrbitstreamicict17013210pdf Acesso em09 abr 2020
117
14TRADUCcedilAtildeO DE TRABALHOS
ACADEcircMICOS PARA O INGLEcircS
Wellison Gil Magalhatildees de Almeida
ldquoThe limits of my language are the limits of my worldrdquo
(Os limites do meu idioma satildeo os limites do meu mundo)
Ludwig Wittgenstein
No uacuteltimo seacuteculo o inglecircs tornou-se a liacutengua da ciecircncia Haacute uma tendecircncia progressiva para a publicaccedilatildeo de trabalhos cientiacuteficos em inglecircs Publicaccedilotildees em outras liacutenguas que natildeo seja o inglecircs satildeo menos valorizadas pela comunidade cientiacutefica internacional Desse modo eacute preciso privilegiar a utilizaccedilatildeo do inglecircs na redaccedilatildeo dos artigos de modo a aumentar a visibilidade da publicaccedilatildeo e permitir seu acesso de forma mais ampla agrave comunidade cientiacutefica nacional e internacional
Assim como o objetivo principal de um pesquisador eacute transmitir seus achados para a comunidade cientiacutefica se quisermos que nossos trabalhos acadecircmicos escritos em portuguecircs tenham maior poder de alcance e visibilidade teremos que escrevecirc-los em inglecircs ou traduzi-los para essa liacutengua No entanto traduzir natildeo constitui uma tarefa faacutecil A maior dificuldade em traduccedilatildeo eacute que para fazecirc-la eacute preciso ter um excelente conhecimento da liacutengua o que soacute se obteacutem depois de muitos anos de estudo do idioma Para traduzir o acadecircmico natildeo precisa escrever em inglecircs ou compreender o inglecircs falado mas precisa conhecer muito bem a estrutura gramatical da liacutengua
Ademais existe uma diferenccedila significativa entre escrever em inglecircs e escrever bem em inglecircs A verdade eacute que assim como existe diferenccedila entre escrever em portuguecircs e escrever bem em portuguecircs o mesmo se aplica agrave escrita em inglecircs Aleacutem disso nem todo falante nativo de inglecircs que escreve bem em inglecircs pode escrever bem para a literatura cientiacutefica (MARLOW 2014) A escrita cientiacutefica em inglecircs possui estilo e ritmo proacuteprios Por exemplo destaca-se o uso da voz passiva que eacute considerada uma forma de inglecircs pobre para a maioria das formas de escrita fora da ciecircncia (notiacutecias romances etc) Todavia em textos cientiacuteficos o uso da voz passiva eacute aceitaacutevel e incentivado pois com uso da voz passiva pode-se enfatizar a accedilatildeo e natildeo quem a praticou (MARLOW 2014)
O texto a ser traduzido deve estar bem escrito na liacutengua nativa caso contraacuterio
118 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
a traduccedilatildeo seguiraacute os erros do texto original tornando-o por vezes incompreensiacutevel Conveacutem revisar todo o texto antes de iniciar a traduccedilatildeo
Ao iniciar o processo de traduccedilatildeo recomenda-se manter-se sempre fiel ao texto original pois um miacutenimo erro de traduccedilatildeo pode prejudicar todo o trabalho tornando a ideia-chave ou os achados da pesquisa confusos
Geralmente na aacuterea da sauacutede os termos utilizados satildeo muito especiacuteficos e natildeo fazem parte do vocabulaacuterio cotidiano Portanto deve-se pesquisar cada uma das palavras expressotildees abreviaccedilotildees e acrocircnimos para saber se os termos estatildeo adequados
Deve-se evitar uma linguagem muito rebuscada tanto em inglecircs quanto em portuguecircs Eacute necessaacuterio considerar o puacuteblico que iraacute ler A liacutengua portuguesa natildeo eacute tatildeo objetiva quanto a inglesa por isso eacute mais faacutecil colocar palavras desnecessaacuterias e ser redundante entretanto o mesmo natildeo acontece no inglecircs o que poderaacute tornar a traduccedilatildeo bem menor que o texto original
Por fim o texto traduzido deve ser revisado procurando deixaacute-lo de acordo com a linguagem acadecircmica Para isso abaixo satildeo apresentadas algumas dicas para escrever bem em inglecircs acadecircmico publicadas originalmente por Marlow (2014) ndash httpwwwdxdoiorg106061clinics2014(03)01 ndash traduzidas e apresentadas neste capiacutetulo com autorizaccedilatildeo
141 DICAS PARA ESCREVER BEM EM INGLEcircS ACADEcircMICO
1 Evite frases iniciais com lsquorsquoIt isrdquo
Em portuguecircs quando se quer enfatizar ou expressar um relevo argumentativo geralmente se utilizam frases como
ldquoEacute conveniente destacar quehelliprdquo ldquoEacute importantehelliprdquo ldquoEacute muito comumhelliprdquo
Muitas traduccedilotildees satildeo feitas assim
ldquoIt should be noted thathelliprdquo rsquorsquoIt is importanthelliprsquorsquo ldquoIt is very commonhelliprdquo
Essas frases satildeo gramaticalmente corretas mas satildeo fracas e tecircm uma estrutura gramatical de iniciante no idioma Uma ou duas por paraacutegrafo pode ser bom mas o uso repetido dessa estrutura de frases pode diminuir a maturidade percebida do seu trabalho
Essas frases devem ser reformuladas
Frase original lsquolsquoEacute importante destacar as pesquisas mais recentes quersquorsquo
Frase em inglecircs lsquolsquoIt is important to highlight the most recent researches thathelliprsquorsquo
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 119
Frase em inglecircs acadecircmico lsquoThe most recent researches that () are important to highlightrsquorsquo
2 Evite ocultar o sujeito das sentenccedilas
Em portuguecircs para evitar repeticcedilatildeo omitimos o sujeito ao longo do paraacutegrafo se ele jaacute tiver sido mencionado anteriormente Entretanto em inglecircs eacute necessaacuterio continuar explicando a quem estamos nos referindo mesmo que isso implique repeticcedilatildeo Em inglecircs eacute melhor ter paralelismo do que natildeo ser repetitivo
Frase original ldquoNesta pesquisa 418 estudantes responderam a um questionaacuterio Destes 95 (2273) eram do quinto semestrerdquo
Frase em inglecircs ldquoIn this study 418 students answered a questionnaire Of these 95 (2273) were from the fifth semesterrdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquoIn this study 418 students answered a questionnaire Of these 95 (2273) students were from the fifth semesterrdquo
3 Tente usar a primeira pessoa (lsquoIrsquo e lsquowersquo) o miacutenimo possiacutevel e troque-a pela voz passiva
A sugestatildeo de usar a voz passiva estaacute diretamente relacionada agrave traduccedilatildeo do portuguecircs-inglecircs na qual a primeira pessoa do plural eacute comumente usada de forma excessiva Quando se utiliza a voz passiva o objeto fica sempre no iniacutecio da frase enquanto o autor da accedilatildeo pode ou natildeo estar presente na sentenccedila Mas caso esteja deve sempre estar ao final dela Outro aspecto relevante em relaccedilatildeo agrave voz passiva eacute o tempo verbal da frase Ao se realizar a inversatildeo de voz ativa para passiva a construccedilatildeo precisa ser adaptada de acordo com cada tipo de tempo verbal
Frase original lsquolsquoEncontramos 50 artigos acerca do assuntohelliprsquorsquo
Frase em inglecircs ldquoWe found 50 articles about the subjecthelliprdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquo50 articles about this subject were foundrdquo
Usando a frase com o noacutes vocecirc estaraacute enfatizando que encontrou os resultados Agora se vocecirc colocar a frase em voz passiva ldquo50 artigos acerca do assunto foram encontradosrdquo Aqui vocecirc enfatiza que vaacuterios artigos foram encontrados e natildeo eacute mais tatildeo importante que vocecirc os encontrou Nesse caso vocecirc enfatiza queem seu estudo bem elaboradoo qual pode ser repetido por qualquer outro pesquisador 50 artigos acerca do assunto seratildeo encontrados Afinal natildeo satildeo resultados reprodutiacuteveis o que eacute realmente importante enfatizar ao comunicar a pesquisa
No entanto apesar disso alguns pesquisadores defendem o uso da primeira pessoa por ocasiatildeo da escrita de textos cientiacuteficos Para eles a principal argumentaccedilatildeo
120 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
eacute a de que o pesquisador deve-se apropriar de seus achados e apresentaacute-los como sujeitos ativos no processo da descoberta cientiacutefica sob questatildeo Aleacutem desse debate recomenda-se que a utilizaccedilatildeo da primeira pessoa (lsquoIrsquo e lsquowersquo) natildeo seja excessiva podendo ser reservado seu uso para a apresentaccedilatildeo dos resultados originais de uma pesquisa e das consideraccedilotildees dos autores acerca de tais achados
4 Em suas tabelas ou figuras os tiacutetulos devem sempre ser singulares e natildeo se deve usar o termo lsquorsquovariaacuteveisrsquorsquo (variable) como cabeccedilalho
Caracteristic (Natildeo usar ldquoVariablerdquo)SexMale (Natildeo usar ldquoMalesrdquo)Female (Natildeo usar ldquoFemalesrdquo)
5 Remova palavras e adjetivos desnecessaacuterios
Antes de traduzir para o inglecircs identifique frases que podem ser expressas com uma uacutenica palavra Evite repetir uma ideia que jaacute estaacute expliacutecita no discurso fazendo que ele fique cansativo e comprometa a qualidade da mensagem
6 Frases preposicionais transiccedilotildees e adveacuterbios no iniacutecio das frases devem ser separados por viacutergula
Frase original lsquolsquoNeste estudo encontramos este resultadorsquorsquo
Frase traduzida lsquolsquoIn this study this result was foundrsquorsquo
Outras expressotildees que satildeo comumente usadas
bull therefore
bull currently
bull of these
bull however
bull as previously reported
bull in Brazil
Uma frase que contiver mais de duas viacutergulas sem a inclusatildeo de listas deveraacute ser dividida em mais de uma para melhor entendimento
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 121
7 Aprenda quando usar the Busque removecirc-lo do iniacutecio da frase e incluiacute-lo apenas quando se referir a eventos objetos ou pessoas especiacuteficas
Em portuguecircs uma frase que comeccedila com ldquoOrdquo ldquoOsrdquo ldquoArdquo ou ldquoAsrdquo ao ser traduzida perde o the Este soacute deve ser usado quando se refere a pessoas lugares eventos ou populaccedilotildees especiacuteficas
bull Quando se fala de algo que jaacute foi mencionado
bull Quando estiver evidente o elemento a que se refere
bull Com substantivos proacuteprios
bull Com lugares em uma cidade
bull Com adjetivo superlativo
Frase original ldquoAs ceacutelulas foram coradashelliprdquo
Frase em inglecircs ldquoThe cells were stainedhelliprdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquoCells were stainedhelliprdquo
8 Somente coloque letra maiuacutescula nas palavras se elas se referirem ao nome formal de um lugar departamento ou cargo
Um dos erros mais comuns eacute com o uso de ldquoestadordquo Essa palavra soacute eacute maiuacutescula quando vem depois do nome de um estado como parte de seu tiacutetulo formal
Exemplo lsquolsquoThe study was conducted at the University Hospital of the Federal University of Cearaacute (FORMAL) in Cearaacute State
Regiotildees especiacuteficas devem ser iniciadas com letra maiuacutescula mas a direccedilatildeo ou localizaccedilatildeo devem ser grafadas com minuacutescula Exemplos
ldquoThe research was conducted in Northeastern Brazilrdquo (Regiatildeo especiacutefica)
ldquoThe research was conducted in the northeast region of Brazilrdquo (Localizaccedilatildeo geral)
9 Remova o that
O that deve ser usado apenas no iniacutecio de uma frase dependente ou ao descrever um sujeitosubstantivo
Frase original lsquolsquoOs resultados mostraram que muitos alunos querem o material impressorsquorsquo
Frase em inglecircs lsquolsquoThe results showed that many students want printed
122 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
materialrsquorsquo
Frase em inglecircs acadecircmico lsquoThe results showed many students want printed materialrsquorsquo
No exemplo acima caso vocecirc remova o that o significado da frase natildeo mudaraacute
Contudo em outras situaccedilotildees eacute necessaacuterio o uso do that
lsquolsquoOs resultados que foram encontrados nesse estudo mostraram que muitos alunos querem o material impressorsquorsquo
lsquolsquoThe results that were found in this study showed many students want printed materialrsquorsquo
Abaixo seguem alguns exemplos de palavras frequentemente usadas na literatura cientiacutefica que geralmente natildeo precisam ser seguidas por that
bull suggest or suggested
bull observed
bull found or was found
bull show or shown
bull is important
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 123
REFEREcircNCIAS
MARLOW M A Writing scientific articles like a native English speaker top ten tips for Portuguese speakers Clinics Satildeo Paulo v 69 n 3 p153-157 2014 Mar Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC3935133 Acesso em 02 set 2019
MURPHY R English grammar in use 3rd ed Cambridge CUP 2004
125
15NOCcedilOtildeES BAacuteSICAS DE ESTATIacuteSTICA
Antocircnio Brazil Viana Junior
ldquoConhecimento incerto + conhecimento sobre a incerteza =
conhecimento uacutetil Isso eacute estatiacutesticardquo
Rao
151 INTRODUCcedilAtildeO
Neste capiacutetulo o conhecimento seraacute abordado de forma simples e direta de modo a fornecer uma base teacutecnica para que seja possiacutevel ao pesquisador iniciar uma pesquisa quantitativa Dessa forma para que uma pesquisa possa alcanccedilar um resultado metodologicamente correto minimizando os possiacuteveis vieses eacute necessaacuterio planejaacute-la tendo como base a pergunta a ser respondida pelo estudo Definido o problema da pesquisa apoacutes a revisatildeo da literatura o planejamento segue uma sequecircncia loacutegica composta por
152 COLETA DE DADOS
A coleta de dados para uma pesquisa por vezes tem sua importacircncia diminuiacuteda sendo feita sem o devido cuidado levando a seacuterios problemas que podem inviabilizar seus resultados No quadro 151 satildeo expostos os principais erros cometidos durante a etapa de coleta de dados
126 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 151 - Principais erros ou vieses na coleta de dados
bull Diferenccedilas devidas a fatores pessoais passageiros ou de situaccedilatildeo Caso em que o participante estaacute estressado ansioso ou cansado e a entrevista eacute longa Nesse caso o objetivo do participante passa a ser acabar a entrevista e natildeo a verdade
bull Diferenccedilas devidas agraves variaccedilotildees na aplicaccedilatildeo O entrevistador pode abordar o participante de forma a influenciaacute-lo na resposta
bull Maacute adequaccedilatildeo das perguntas ao niacutevel cognitivo dos entrevistados
bull Falta de clareza do instrumento de medida
Abaixo apresentaremos algumas consideraccedilotildees para a realizaccedilatildeo adequada de uma coleta de dados
Tamanho da amostra
Um dos principais questionamentos durante o planejamento de um estudo eacute a definiccedilatildeo do quantitativo de participantes para que se obtenham resultados vaacutelidos tambeacutem conhecido como tamanho amostral A definiccedilatildeo desse tamanho depende do niacutevel de significacircncia adotado ( =005) do poder da amostra (1 - = 80) do tipo de variaacuteveis que seratildeo analisadas e dos meacutetodos estatiacutesticos a serem utilizados existindo diversos meacutetodos para seu caacutelculo
A definiccedilatildeo do tamanho da amostra requer um conhecimento preacutevio sobre o assunto a ser pesquisado visto que o caacutelculo necessita de paracircmetros como o desvio-padratildeo da populaccedilatildeo ou proporccedilatildeo de indiviacuteduos com certa caracteriacutestica ou risco relativo etc
Na internet existem diversas paacuteginas com calculadoras de tamanho amostral No site httpclincalccomstatssamplesizeaspxeacute possiacutevel calcular o tamanho amostral para diversos tipos de estudo O site eacute bem didaacutetico e possui exemplos para orientar o pesquisador Outra possibilidade eacute usar o programa GPower Totalmente gratuito embora mais complexo esse software eacute completo e fornece diversas opccedilotildees para o caacutelculo da amostra
Desenho do Estudo
Outro ponto a ser observado para a coleta de dados eacute o desenho do estudo Aqui se deve atentar para quantos momentos ocorreraacute a coleta das informaccedilotildees dos participantes Por exemplo em ensaios cliacutenicos existe no miacutenimo uma coleta no baseline momento inicial e uma segunda coleta apoacutes a intervenccedilatildeo visando investigar o efeito da intervenccedilatildeo sobre o desfecho Caso os dados sejam coletados em apenas um momento seraacute impossiacutevel inferir o eventual efeito da intervenccedilatildeo
Em estudos transversais por outro lado a coleta ocorre em apenas um momento e os resultados refletem um retrato estaacutetico da amostra naquele momento Tais diferenccedilas satildeo cruciais para a interpretaccedilatildeo dos resultados No caso dos estudos
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 127
transversais natildeo eacute possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de causalidade pois a anaacutelise estatiacutestica consiste em principalmente uma anaacutelise de descriccedilatildeo e de associaccedilatildeo entre variaacuteveis
Tipos de variaacuteveis
As variaacuteveis em um banco de dados satildeo classificadas conforme a sua natureza Isso define a forma de apresentaccedilatildeo e os testes estatiacutesticos a serem aplicados na anaacutelise As variaacuteveis podem ser
bull Categoacutericas
nominais raccedila sexo naturalidade
ordinais escolaridade gravidade do paciente
dicotocircmicas fumante simnatildeo portador de diabetes simnatildeo
bull Escalares
contiacutenuas peso circunferecircncia abdominal
discretas nordm de filhos nordm de endoscopias
153 TABULACcedilAtildeO DOS DADOS
Tabular os dados natildeo eacute uma tarefa divertida poreacutem eacute de suma importacircncia para o sucesso da anaacutelise estatiacutestica do trabalho Em geral essa tarefa eacute realizada por meio da utilizaccedilatildeo de softwares de planilhas eletrocircnicas Os principais satildeo
bull Excel tradicional software de planilhas eletrocircnicas da Microsoftreg Permite a transferecircncia direta de dados para outros diversos programas de anaacutelise estatiacutestica como Statareg SPSSreg Prismareg Rreg Jamovireg
bull Google forms (recomendo) formulaacuterio eletrocircnico do Googlereg que permite a criaccedilatildeo de questionaacuterios que podem ser enviados aos participantes da pesquisa de modo que os mesmos possam preencher Fornece resumos automaacuteticos das variaacuteveis e uma planilha com todos os dados das respostas
bull Epi Inforeg oacutetimo software que aleacutem da tabulaccedilatildeo permite anaacutelise de dados
Como tabular
Algumas regras que devem ser seguidas para que a tabulaccedilatildeo seja realizada adequadamente
bull Cada linha um paciente
bull Cada coluna uma informaccedilatildeo (variaacutevel do estudo) de cada paciente
bull As informaccedilotildees de uma mesma coluna devem ter a mesma unidade de medida
128 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Se o dado for numeacuterico deve-se preencher apenas com nuacutemeros Deve-se lembrar de que alguns softwares natildeo consideram as viacutergulas () como caractere adequado para a demarcaccedilatildeo das casas decimais e sim o ponto () conveacutem checar o software antes de iniciar a tabulaccedilatildeo para evitar retrabalho desnecessaacuterio
bull Se a variaacutevel for categoacuterica devem-se padronizar todas as respostas A codificaccedilatildeo eacute uma opccedilatildeo para a padronizaccedilatildeo
Principais erros durante a tabulaccedilatildeo de dados
Analisando a tabela 151 podemos identificar os seguintes erros
Tabela 151 mdash Exemplo de tabulaccedilatildeo de dados
Paciente Sexo Altura Glicemia Oacutebito1 Masculino 163 m 90 Sim marccedilo de 2015 sepse2 Feminino 170 cm gt 300 Natildeo alta3 f 180 cm 100120 Sim falecircncia hepaacutetica4 m 182 m 120-130 Sim 150720155 H 175 m 500 Sim transferecircncia
bull Na coluna ldquoSexordquo a variaacutevel foi preenchida de forma natildeo padronizada O ldquoMasculinordquo tornou-se ldquomrdquo e depois ldquoHrdquo Perceba que esse fato aleacutem de ser incompreensiacutevel para os programas estatiacutesticos levanta duacutevidas quanto agrave veracidade da informaccedilatildeo o ldquomrdquo poderaacute ser masculino em oposiccedilatildeo ao feminino ou mulher em oposiccedilatildeo a homem Assim mantenha o padratildeo no preenchimento dos dados A codificaccedilatildeo das variaacuteveis eacute bastante uacutetil para assegurar a padronizaccedilatildeo (ex masculino = 1 e feminino = 2)
bull Na coluna ldquoAlturardquo vemos dois erros de preenchimento a utilizaccedilatildeo de letras em dados numeacutericos escalares e a utilizaccedilatildeo de diferentes unidades de medidas (metros e centiacutemetros) Quando a variaacutevel for numeacuterica (escalar) deveraacute ser preenchida exclusivamente com nuacutemeros e na mesma unidade de medida No exemplo todos os valores deveriam estar em metros ou todos os valores deveriam estar em centiacutemetros
bull Na coluna ldquoGlicemiardquo a semelhanccedila da variaacutevel ldquoAlturardquo deve-se manter apenas nos nuacutemeros retirando-se todos e quaisquer siacutembolos (gt -)
bull Na coluna ldquoOacutebitordquo haacute mais de uma informaccedilatildeo por linha (ex sim marccedilo de 2015 sepse) o que inviabiliza as anaacutelises estatiacutesticas Esse modelo de tabulaccedilatildeo somente deve ser utilizado no caso de informaccedilotildees complementares e natildeo mensuraacuteveis
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 129
O modo correto de tabulaccedilatildeo dos dados apresentados na tabela 151 estaacute apresentado abaixo (tabela 152)
Tabela 152 mdash Tabulaccedilatildeo de dados corrigida
Paciente Sexo Altura (cm) Oacutebito Glicemia
(mgdL)Data do
oacutebitoCausa do
oacutebito1 M 163 Sim 90 01032015 Sepse2 M 170 Natildeo 300
3 F 180 Sim 100 01122015 Falecircncia Hepaacutetica
4 M 182 Sim 130 15072015 Natildeo informado
154 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA
Apoacutes a coleta e a tabulaccedilatildeo adequada dos dados inicia-se a anaacutelise estatiacutestica propriamente dita O primeiro passo para a anaacutelise de dados eacute apresentar as caracteriacutesticas da amostra em estudo o que em geral ocorre por meio de uma tabela descritiva Essa tabela traz os dados descritivos das variaacuteveis expressos em nuacutemeros absolutos porcentagens medidas de tendecircncia central e medidas de dispersatildeo
Dados descritivos da amostra
1 Medidas de tendecircncia central
bull Meacutedia eacute igual agrave soma de todos os valores divididos pelo nuacutemero de valores no conjunto de dados Eacute usado para descrever dados contiacutenuos Eacute uma estimativa teoacuterica do ldquovalor tiacutepicordquo No entanto pode ser fortemente influenciado por valores extremos ou outliers
bull Mediana eacute o valor central de um conjunto de dados que foi ordenado do menor para o maior valor A mediana eacute uma medida normalmente usada para dados contiacutenuos ordinais ou natildeo parameacutetricos sendo menos sensiacutevel a outliers e dados distorcidos
bull Moda eacute o valor mais frequente da amostra aquele que mais se repete
2 Medidas de dispersatildeo enquanto nas medidas de tendecircncia central tratamos sobre os valores centrais ou que mais se repetem por meio das medidas de dispersatildeo observamos a variabilidade dos dados isto eacute o quatildeo ldquoespalhadosrdquo estatildeo os dados o quatildeo ldquodistantesrdquo estatildeo da meacutedia
bull Range ou amplitude de faacutecil entendimento e caacutelculo a amplitude eacute a diferenccedila entre o valor maacuteximo e o valor miacutenimo Eacute extremamente afetada pela existecircncia de valores atiacutepicos o que por vezes pode passar uma impressatildeo errada
130 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
da variabilidade dos dados Por exemplo no conjunto de dados abaixo formado por valores de glicemia (mgdL) o range ou amplitude eacute 520 (600 menos 80) mas se tirarmos o valor 600 (outlier) a amplitude passaraacute a ser para 52 (132 menos 80)
Ex 809295100106110132600
bull Intervalo Interquartiacutelico (IQ) Agrave semelhanccedila do range essa medida eacute calculada por meio de uma diferenccedila de valores poreacutem aqui seraacute a diferenccedila entre o 75ordm percentil (p75) e 25ordm percentil (p25) O IQ tem uma maior aplicabilidade praacutetica quando os dados natildeo seguem a distribuiccedilatildeo normal (assunto que seraacute tratado a posteriori) sendo menos sensiacutevel a valores atiacutepicos
bull Desvio-padratildeo (DP) eacute usado para quantificar a quantidade de dispersatildeo de valores de dados em torno da meacutedia Um DP baixo indica que os valores estatildeo proacuteximos da meacutedia enquanto um DP alto indica que os valores estatildeo dispersos em uma faixa mais ampla O DP eacute a raiz quadrada de outra medida estatiacutestica a variacircncia a qual natildeo eacute interpretaacutevel nos termos da variaacutevel real e portanto foge ao objetivo deste capiacutetulo que trata de noccedilotildees baacutesicas poreacutem eacute de suma importacircncia teoacuterica para o estudo da anaacutelise estatiacutestica como um todo
bull Percentil eacute uma medida de posiccedilatildeo e eacute compreendida da seguinte forma o 10ordm percentil eacute o nuacutemero do banco de dados em que 10 dos valores estatildeo abaixo dele Assim o 25ordm percentil eacute nuacutemero em que 25 dos valores do banco de dados satildeo menores que ele1
Teste de Hipoacuteteses
Os testes de hipoacuteteses satildeo teacutecnicas estatiacutesticas que tecircm por objetivo verificar a validade da hipoacutetese experimental (hipoacutetese alternativa) em face de uma hipoacutetese nula isto eacute uma hipoacutetese de igualdade O teste de hipoacutetese visa permitir por meio da anaacutelise dos dados amostrais que se demonstrem evidecircncias estatiacutesticas que confirmem ou refutem a hipoacutetese formulada no estudo
Os testes estatiacutesticos fornecem uma medida para a tomada de decisatildeo o p-valor Caso o p do teste estatiacutestico seja menor que 5 (plt005) rejeitamos a hipoacutetese nula caso contraacuterio natildeo podemos rejeitar a hipoacutetese nula ou seja refutamos a hipoacutetese alternativa ou experimental Por exemplo
Estudo para avaliar o niacutevel de ansiedade entre homens e mulheres
bull Hipoacutetese experimental ou alternativa (H1) haacute diferenccedila do niacutevel de ansiedade entre os sexos
1 Percentil eacute uma medida de posiccedilatildeo e eacute compreendida da seguinte forma o 10ordm percentil eacute o nuacutemero do banco de dados em que 10 dos valores estatildeo abaixo dele Assim o 25ordm percentil eacute nuacutemero em que 25 dos valores do banco de dados satildeo menores que ele
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 131
bull Hipoacutetese nula (H0) natildeo haacute diferenccedila do niacutevel de ansiedade entre os sexos
Se o p resultante do teste for 003 (3) (plt005 5) aceitamos a H1 (refutamos H0) ou seja a chance ou probabilidade de que a diferenccedila observada entre os sexos nesse estudo seja em decorrecircncia do acaso eacute menor que 5 (chance previamente definida como aceitaacutevel pelo pesquisador)
Se o p resultante do teste for 01 (10) (pgt005 5) aceitamos a H0 (refutamos H1) ou seja a chance ou probabilidade de que a diferenccedila observada entre os sexos nesse estudo seja em decorrecircncia do acaso eacute maior que 5 (chance previamente definida como natildeo aceitaacutevel pelo pesquisador)
Consideraccedilotildees sobre o p-valor
Valor de p niacutevel descritivo niacutevel de significacircncia ou p-value pode ser definido como sendo a probabilidade de que ser considerado extremo ou improvaacutevel se considerarmos a hipoacutetese nula verdadeira ou como sendo a probabilidade de o valor encontrado ter sido por acaso (FIELD 2009)
Sir Ronald Fisher definiu um valor significativo para que a diferenccedila seja decorrente do acaso como menor que 5 ou 005 Tal valor eacute padratildeo na estatiacutestica e nos estudos na aacuterea da sauacutede ateacute os dias de hoje poreacutem natildeo eacute uma unanimidade Recentemente 72 pesquisadores propuseram um novo p-valor significativo passando de 005 para 0005 (BENJAMIN et al 2018) e no ano seguinte mais 800 pesquisadores assinaram o artigo Retire statistical significance publicado na revista Nature em que criticava o uso do valor de p como balizador daquilo que era ou natildeo relevante (RETIRE STATISTICAL SIGNIFICANCE 2019)
No trecho abaixo o autor Andy Field fala sobre significacircncia estatiacutestica e a importacircncia do efeito de modo simples que ajuda a compreender o motivo dessas duas visotildees
A importacircncia de um efeito Jaacute vimos que a ideia baacutesica por traacutes do teste de hipoacuteteses envolve a geraccedilatildeo de uma hipoacutetese experimental e de uma hipoacutetese nula ajustar um modelo estatiacutestico e avaliar aquele modelo com uma estatiacutestica teste Se a probabilidade de obter o valor da nossa estatiacutestica teste por acaso for menor do que 005 entatildeo geralmente aceitamos a hipoacutetese experimental como verdadeira haacute um efeito na populaccedilatildeo Normalmente dizemos ldquoexiste um efeito significativo dehelliprdquo Contudo natildeo seja enganado pela palavra ldquosignificativordquo porque mesmo que a probabilidade do nosso efeito ter
132 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ocorrido por acaso seja pequena (menor do que 005) isso natildeo quer dizer que o efeito eacute importante Efeitos muito pequenos natildeo importantes podem-se tornar estatisticamente significativos somente porque um grande nuacutemero de pessoas foi usado no experimento (FIELD 2009)
Ressalta-se tambeacutem que o fato de o p ser natildeo significativo ou seja maior que 005 natildeo implica que a hipoacutetese nula seja verdadeira
Testes para comparaccedilatildeo das variaacuteveis entre os grupos
TESTES ESTATIacuteSTICOS PARA VARIAacuteVEIS NUMEacuteRICAS
O primeiro passo para a aplicaccedilatildeo dos testes estatiacutesticos eacute a aplicaccedilatildeo dos testes de normalidade essenciais para a determinaccedilatildeo dos tipos de testes a serem empregados na anaacutelise Caso os dados apresentem distribuiccedilatildeo normal os meacutetodos parameacutetricos poderatildeo ser utilizados caso contraacuterio far-se-aacute opccedilatildeo pelos meacutetodos natildeo parameacutetricos Os principais testes de normalidade utilizados satildeo Kolmogorov-Smirnoff indicados para amostras maiores que 50 e Shapiro-Wilk este tem maior precisatildeo (TORMAN COSTER RIBOLDI 2012)
Apoacutes a aplicaccedilatildeo dos testes de normalidade os demais testes estatiacutesticos deveratildeo ser escolhidos de acordo com o tipo de populaccedilatildeoamostra Na figura 151 encontra-se um algoritmo para apoio na seleccedilatildeo dos testes estatiacutesticos a serem utilizados de acordo com as caracteriacutesticas das variaacuteveis do estudo
Testes parameacutetricos
bull Teste t de Student utilizado quando o objetivo eacute a comparaccedilatildeo de uma medida ou variaacutevel numeacuterica entre dois grupos Exemplos a) comparaccedilatildeo da glicemia entre os participantes do grupo eutroacutefico e do grupo obesidade b) comparaccedilatildeo do peso ao nascer entre os neonatos que nasceram de parto abdominal e parto normal
bull ANOVA utilizado quando o objetivo eacute a comparaccedilatildeo de uma medida numeacuterica entre trecircs ou mais grupos Exemplo verificar se existe diferenccedila entre as medidas de circunferecircncia abdominal entre grupos de pessoas que fazem dieta vegana dieta low carb e aqueles que natildeo fazem dieta
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 133
Testes natildeo parameacutetricos
1 Mann-Whitney Equivalente natildeo parameacutetrico do Teste t de Student
2 Kruskal-Wallis Equivalente natildeo parameacutetrico da ANOVA
Figura 151 mdash Principais testes estatiacutesticos para variaacuteveis numeacutericas
TESTES ESTATIacuteSTICOS PARA VARIAacuteVEIS CATEGOacuteRICAS
bull Teste qui-quadrado de Pearson utilizado para a investigaccedilatildeo da existecircncia de associaccedilatildeo entre duas ou mais variaacuteveis categoacutericas e para a comparaccedilatildeo de mais de dois grupos independentes
bull Teste exato de Fisher indicado para comparaccedilatildeo de grupos com variacircncias diferentes e para investigaccedilatildeo da associaccedilatildeo entre variaacuteveis categoacutericas quando natildeo for possiacutevel a utilizaccedilatildeo do teste qui-quadrado de Pearson por exemplo n de alguma casela da tabela 2 x 2 for menor ou igual a 5
bull Teste de McNeumar utilizado para a comparaccedilatildeo de dois grupos pareados
134 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Anaacutelises de correlaccedilatildeo
Utilizadas para avaliar a interaccedilatildeo entre duas variaacuteveis contiacutenuas O coeficiente de correlaccedilatildeo (r) varia de -1 a 1 em que -1 seria a existecircncia de uma correlaccedilatildeo negativa perfeita ou seja agrave medida que o valor de uma variaacutevel cresce o valor da outra decresce e 1 seria a correlaccedilatildeo perfeita positiva agrave medida que uma variaacutevel cresce a outra cresce da mesma forma Diz-se perfeita pois toda a variabilidade de uma variaacutevel eacute explicada pela outra Por outro lado um coeficiente de correlaccedilatildeo proacuteximo de ldquo0rdquo denota uma pobre correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis Em geral para a anaacutelise de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis de distribuiccedilatildeo normal utiliza-se o teste de correlaccedilatildeo de Pearson enquanto para variaacuteveis que natildeo apresentam distribuiccedilatildeo normal utiliza-se o teste de correlaccedilatildeo de Spearman
Anaacutelises de regressatildeo
Enquanto os testes de comparaccedilatildeo entre grupos e de correlaccedilatildeo satildeo usados para investigar associaccedilotildees entre variaacuteveis os testes de regressatildeo permitem uma anaacutelise preditiva ou seja permitem predizer o desfecho de uma variaacutevel dependente baseado em uma (regressatildeo simples) ou mais (regressatildeo muacuteltipla) variaacuteveis preditoras independentes Para uma leitura complementar mais aprofundada sobre anaacutelises de regressatildeo sugere-se o livro Estatiacutetica Baacutesica dos professores Pedro Morettin e Wilton Bussab (2017)
155 CONCLUSAtildeO
Este capiacutetulo natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o tema da anaacutelise estatiacutestica mas sim fornecer informaccedilotildees para que o pesquisador especialmente aquele iniciante tenha noccedilotildees para montar o banco de dados de sua pesquisa de forma adequada e para que ele possa responder agraves perguntas formuladas no estudo por meio do entendimento de conceitos baacutesicos da anaacutelise estatiacutestica
Deve-se lembrar que a qualidade de toda pesquisa depende dos dados se eles forem de maacute qualidade o mesmo aconteceraacute com o resultado Caso o pesquisador tenha um banco bem ajustado e com dados de boa qualidade seraacute possiacutevel realizar inferecircncias e anaacutelises estatiacutesticas mais sofisticadas e precisas
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 135
REFEREcircNCIAS
AMRHEIN V GREELAND S McSHANE B Retire statistical significance Nature London v 567 p 305-307 mar 2019 Disponiacutevel em httpwwwigienistionlineitdocs201910naturepdf Acesso em 09 abr 2020
BENJAMIN D J et al Redefine statistical significance Nat Hum Behav London v2 n 1 p 6-10 2018 Disponiacutevel emhttpswwwnaturecomarticless41562-017-0189-zpdf Acesso em 09 abr 2020
FIELD A Descobrindo a estatiacutestica usando o SPSS-2 2 ed Porto Alegre Artmed 2009
MORETTIN P A BUSSAB W O Estatiacutestica baacutesica 6 ed Satildeo Paulo Saraiva 2017
TORMAN V B L COSTER R RIBOLDI J Normalidade de variaacuteveis meacutetodos de veificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de alguns testes natildeo-parameacutetricos por simulaccedilatildeo Rev HCPA Porto Alegre v 32 n 2 p 227-234 Disponiacutevel emhttpwwwseerufrgsbrindexphphcpaarticleview2987419186 Acesso em 7 out 2017
137
16EacuteTICA NA CIEcircNCIA CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE AUTORIA
PLAacuteGIO ACADEcircMICO E TRABALHO EM EQUIPE
Elias Silveira de BritoClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoLer muito eacute um dos caminhos para a originalidade uma pessoa eacute tatildeo mais original e peculiar quanto mais conhecer o que disseram os outrosrdquo
Miguel Unamuno
Quando se trata de eacutetica acadecircmica ou cientiacutefica a discussatildeo requer aleacutem dos essenciais aspectos relacionados agrave pesquisa com seres humanos uma reflexatildeo sobre autoria originalidade e trabalho em equipe uma vez que estes estatildeo interligados entre si Seraacute sobre esses itens que discorreremos neste capiacutetulo A posteriori em um capiacutetulo agrave parte seratildeo abordados os aspectos eacuteticos sobre pesquisas com seres humanos
161 AUTORIA
ldquoEm cada homem de talento existe escondido um poeta
ele manifesta-se no escrever no ler no falar ou no ouvirrdquo
Marie von Ebner-Eschenbach
Definir a autoria de um artigo cientiacutefico eacute uma etapa importante de toda pesquisa pois tem consequecircncias acadecircmicas e sociais relevantes Atualmente a maioria dos perioacutedicos cientiacuteficos solicita que sejam descritas as contribuiccedilotildees de todos os autores envolvidos no trabalho Recomenda-se que o grupo responsaacutevel pela pesquisa desenvolva poliacuteticas de autoria as quais atendam agrave questatildeo da quantidade e do tipo de contribuiccedilatildeo que iraacute qualificar aquele indiviacuteduo como autor (FERRAZ 2016)
De uma forma geral a principal atribuiccedilatildeo que caracteriza o participante como autor eacute a sua contribuiccedilatildeo intelectual para a pesquisa e para o manuscrito e incluem (a) participaccedilatildeo na concepccedilatildeo ou delineamento do estudo participaccedilatildeo na
138 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados ou ambos (b) redaccedilatildeo do manuscrito ou sua revisatildeo incluindo criacutetica intelectual importante de seu conteuacutedo A simples participaccedilatildeo na coleta de dados natildeo justifica autoria (MONTENEGRO amp ALVES 1997) Todos os autores de um manuscrito devem fornecer a aprovaccedilatildeo final da versatildeo a ser publicada e devem ter participado suficientemente do trabalho para poder assumir publicamente a responsabilidade pelo seu conteuacutedo (INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS 2019)
Para auxiliar no processo de definiccedilatildeo de autoria algumas entidades desenvolveram criteacuterios como a International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) que passaram a ser adotados por parcela importante dos perioacutedicos cientiacuteficos da aacuterea meacutedica As principais recomendaccedilotildees desse comitecirc podem ser acessadas no documento disponiacutevel em httpwwwicmjeorgicmje-recommendationspdf
Segundo o INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS (2019)
bull Obtenccedilatildeo de financiamento coleta de dados ou supervisatildeo geral de um grupo de pesquisa natildeo satildeo por si soacute criteacuterios para autoria ou coautoria
bull Todas as pessoas designadas como autoras ou coautoras deveratildeo ser qualificadas e listadas
bull Cada autor ou coautor deveraacute ter participado suficientemente do trabalho para ter responsabilidade puacuteblica sobre segmentos apropriados do conteuacutedo
bull Em estudos multicecircntricos com grande nuacutemero de participantes o grupo deveraacute identificar os indiviacuteduos que aceitam a responsabilidade direta pelo manuscrito
bull A ordem dos autores e coautores seraacute decidida pelo grupo que deveraacute estar apto a explicaacute-la
bull Pessoas que colaboraram com o estudo mas cuja contribuiccedilatildeo natildeo justifica autoria ou coautoria podem ser listadas nos Agradecimentos como ldquoinvestigadores cliacutenicosrdquo ou ldquoinvestigadores participantesrdquo seguidas de sua funccedilatildeo ou contribuiccedilatildeo por exemplo ldquocoleta de dadosrdquo ldquoencaminhamento e cuidados aos pacientes do estudordquo etc
bull Outras pessoas que tenham dado contribuiccedilotildees substanciais e diretas para o trabalho mas que natildeo possam ser consideradas autores podem ser citadas na seccedilatildeo Agradecimentos se possiacutevel suas contribuiccedilotildees especiacuteficas devem ser descritas Apoio financeiro tambeacutem deveraacute ser mencionado nesta seccedilatildeo
bull Considerando-se que os leitores podem inferir que as pessoas listadas em agradecimentos endossam os resultados e as conclusotildees todas devem dar permissatildeo por escrito para serem agradecidas
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 139
Outra maneira de determinar criteacuterios de autoria eacute atribuir pontos para as diferentes atividades da pesquisa Petroianu (2002) sugere a seguinte pontuaccedilatildeo de acordo com a participaccedilatildeo no trabalho (quadro 161) Tais escores podem ser adaptados de acordo com criteacuterios proacuteprios de cada grupo de pesquisa
Quadro 161 mdash Pontuaccedilatildeo de autoria de acordo com a participaccedilatildeo na pesquisa
Participaccedilatildeo PontosCriar a ideia que originou o trabalho e elaborar hipoacuteteses 6
Estruturar o meacutetodo de trabalho 6Orientar ou coordenar o trabalho 5Escrever o manuscrito 5Coordenar o grupo que escreveu o manuscrito 4Rever a literatura 4Apresentar sugestotildees importantes incorporadas ao trabalho 4
Resolver problemas fundamentais do trabalho 4Criar aparelhos para a realizaccedilatildeo do trabalho 3Coletar dados 3Analisar os resultados estatisticamente 3Orientar a redaccedilatildeo do manuscrito 3Preparar a apresentaccedilatildeo do trabalho para evento cientiacutefico 3
Apresentar o trabalho em evento cientiacutefico 2Chefiar o local onde o trabalho foi realizado 2Fornecer pacientes ou materiais para o trabalho 2Conseguir verbas para a realizaccedilatildeo da pesquisa 2Apresentar sugestotildees menores incorporadas ao trabalho 1
Trabalhar na rotina da funccedilatildeo sem contribuiccedilatildeo intelectual 1
Teratildeo direito agrave autoria os colaboradores que tiverem alcanccedilado 7 pontos A sequecircncia dos autores poderaacute ser em ordem decrescente de pontuaccedilatildeo Adaptado de Petroianu (2002)
Finalmente apoacutes a preparaccedilatildeo do manuscrito quem assume a responsabilidade pela comunicaccedilatildeo com os editores do perioacutedico eacute o autor correspondente Na maioria das vezes ele tambeacutem eacute responsaacutevel pela revisatildeo final aleacutem de atender agraves normas do processo editorial entre outras No entanto essas funccedilotildees podem ser delegadas a um ou mais coautores
140 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
162 PLAacuteGIO ACADEcircMICO CONHECER PARA EVITAR
Segundo o Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa plaacutegio vem do verbo plagiar o mesmo que imitar reproduzir copiar ou como dizem Diniz e Terra (2014) ldquouma apropriaccedilatildeo indevida e natildeo autorizada na criaccedilatildeo literaacuteriardquo Partindo dessa ideia eacute necessaacuterio apresentar que no contexto acadecircmico existem diversos conceitos referentes agrave utilizaccedilatildeo desse recurso na produccedilatildeo cientiacutefica e seratildeo esses os aspectos a serem abordados neste toacutepico
O plaacutegio eacute um tema comum na atualidade principalmente quando se trata da esfera acadecircmica mas tambeacutem da esfera social e profissional visto que o ato de plagiar vai muito aleacutem do famoso Ctrl C + Ctrl V Plagia-se tudo por exemplo capiacutetulos de livros monografias teses de doutorado artigos fotos letras de muacutesica obras de arte o que varia nessas modalidades de plaacutegio eacute o tipo caso seja parcial ou integral (DINIZ TERRA 2014)
A questatildeo principal que deve ser debatida acerca dessa temaacutetica eacute como ficou acessiacutevel por meio da internet o acesso a todo tipo de material principalmente acadecircmico muitas vezes de forma gratuita e sem a identificaccedilatildeo correta dos autores o que pode propiciar a praacutetica do plaacutegio A riqueza de dados nas diferentes paacuteginas eletrocircnicas facilita e enriquece a escrita cientiacutefica no entanto esta deve ocorrer seguindo princiacutepios eacuteticos que resguardem o direito autoral (BISCALCHIM amp ALMEIDA 2011)
Infelizmente apesar da existecircncia de legislaccedilatildeo que condene o plaacutegio ainda haacute um nuacutemero substancial de coacutepias indevidas de trabalhos situaccedilatildeo bastante evidenciada em teses dissertaccedilotildees e artigos cientiacuteficos Vaacuterios motivos contribuem para isso e alguns deles satildeo demonstrados no quadro 162
Quadro 162 mdash Motivos para o uso frequente da praacutetica do plaacutegio acadecircmico
bull Facilidade de acesso agrave informaccedilatildeo
bull Falta de capacidade para parafrasear
bull Pouco valor agrave produccedilatildeo proacutepria
bull Falta de anaacutelise criacutetica dos trabalhos pesquisados
bull Confusatildeo quanto agrave autoria dos trabalhos
bull Incentivo ao plaacutegio nos niacuteveis fundamental e meacutedio
bull Facilidade de acesso a programas de traduccedilatildeo
bull Desconhecimento de regulamentaccedilotildees de escrita cientifica
Fonte RODRIacuteGUEZ 2012
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 141
Diante disso eacute importante mencionar a Lei de Regulamentaccedilatildeo dos Direitos Autorais (disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl9610htm) Esse ato eacute regulado pelo conjunto de prerrogativas conferidas pela legislaccedilatildeo a qualquer pessoa fiacutesica ou juriacutedica que tenha criado uma obra intelectual para que esta possa gozar dos benefiacutecios que resultem de sua criaccedilatildeo original Ou seja apropriar-se dessas criaccedilotildees sem que se faccedila a devida referecircncia fere questotildees eacuteticas e morais uma vez que quando se assume a autoria de algo deve-se compreender a responsabilidade inerente a esse ato
Como identificar e evitar o plaacutegio
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) define que plaacutegio consiste na apresentaccedilatildeo de resultados e conclusotildees obtidos por outros autores como se fosse de sua autoria caracterizando dessa forma como fraude ou maacute conduta Dessa forma eacute importante avaliar a intenccedilatildeo dos autores diante dessa situaccedilatildeo pois o autor tendo consciecircncia plena do ato ou seja de utilizar o texto como proacuteprio de forma intencional pode ser considerado fraudulento e responder criminalmente
No entanto vale ressaltar que existe a possibilidade do plaacutegio por ocasiatildeo ou plaacutegio ocasional o qual utiliza trechos de diferentes fontes sem a devida citaccedilatildeo ou o plaacutegio atribuiacutedo ao desconhecimento das regras de citaccedilatildeo que por natildeo ter intenccedilatildeo consciente torna-se ldquomenosrdquo fraudulento (DEMO 2011)
Uma pesquisa realizada no Paranaacute em 2008 mostrou que muitos estudantes recorrem agrave praacutetica do plaacutegio pela dificuldade de identificar e fazer citaccedilotildees indiretas e de referenciar de maneira correta as citaccedilotildees diretas o que leva a muitos acadecircmicos cometerem plaacutegio natildeo intencional (SILVA 2008)
Diversas ferramentas digitais podem ajudar os pesquisadores a identificar qual o grau de similaridade do seu trabalho com outros materiais previamente publicados Softwares antiplaacutegio estatildeo disponiacuteveis para download e satildeo de grande apoio para a produccedilatildeo acadecircmica atual Como exemplos httpwwwplagiumcom e httpplagiarismanet
Tipos de plaacutegio acadecircmico
Segundo Rodriacuteguez (2012) o plaacutegio pode ser categorizado em trecircs diferentes agrupamentos
bull plaacutegios de forma pode ser subdividido em autoplaacutegio falsa autoria envio duplo roubo de material
bull plaacutegios de meacutetodos correspondem ao famoso ldquocopiar-colarrdquo uso de paraacutefrases inadequadas referecircncia perdida referecircncia falsa fabricaccedilatildeo de dados e roubo de ideias
bull plaacutegios de propoacutesitos podem ser intencionais natildeo intencionais ou acidentais
142 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Aleacutem dessa categorizaccedilatildeo existem outras classificaccedilotildees para a praacutetica do plaacutegio Os autores do blog de viacutedeo TCC Monografias Artigos httpswwwyoutubecomwatchv=NryG4H_-Eo4 apresentam por meio de uma seacuterie de sete viacutedeos uma diferente abordagem do plaacutegio acadecircmico e maneiras para se evitar a praacutetica natildeo intencional do recurso
Consideraccedilotildees finais acerca do plaacutegio
A academia deve estimular que os jovens pesquisadores natildeo sejam apenas reprodutores de informaccedilotildees Eles devem por sua vez ser capazes de gerar conhecimento e produzir conteuacutedo relevante para a ciecircncia A internet deve ser utilizada apenas como um meio de acesso a uma vasta fonte bibliograacutefica facilitando a elaboraccedilatildeo de conteuacutedo cientiacutefico novo e eacutetico estimulando uma formaccedilatildeo acadecircmica consciente no que diz respeito agrave construccedilatildeo do conhecimento (DEMO 2011)
Partindo dessa ideia as universidades deveriam enfatizar as consequecircncias da praacutetica de plaacutegio na vida do aluno ldquoa impossibilidade de inovar de pensar e criar algo novo para o desenvolvimento da ciecircnciardquo (IMAYUIKI 2008)
163 TRABALHO EM EQUIPE
O trabalho em equipe eacute essencial agrave Ciecircncia A maioria das grandes descobertas cientiacuteficas da humanidade somente foram possiacuteveis devido ao trabalho de grupos de pesquisadores Trabalhar em equipe permite economia de tempo e dinheiro troca de expertises entre diversas aacutereas multidisciplinares complementares com incremento na qualidade final do estudo
Apesar da importacircncia a formaccedilatildeo de grupos de pesquisa ou a participaccedilatildeo em tais atividades podem ser tarefas aacuterduas que demandam persistecircncia e organizaccedilatildeo Partindo dessa ideia faz-se necessaacuteria uma reflexatildeo sobre as aptidotildees pessoais para a atuaccedilatildeo como pesquisador vocaccedilatildeo que exige motivaccedilatildeo persistente responsabilidade renuacutencia e comprometimento
Como o puacuteblico-alvo desse e-book eacute o estudante que ainda estaacute a se iniciar na vida acadecircmica ou o jovem pesquisador seratildeo abordados brevemente alguns aspectos sobre a participaccedilatildeo dos estudantes em grupos de pesquisa
Um dos principais motivadores dos alunos de graduaccedilatildeo para a participaccedilatildeo em pesquisas sem duacutevida eacute a melhora do curriacuteculo visando a melhores pontuaccedilotildees em concursos e seleccedilotildees apoacutes a graduaccedilatildeo No entanto embora este seja um gatilho inicial vaacutelido e necessaacuterio participar do meio acadecircmico-cientiacutefico propriamente dito vai muito aleacutem disso Enfatiza-se que a experiecircncia inicial do aluno nesses primeiros anos de vida acadecircmica poderaacute ser crucial para sua efetivaccedilatildeo enquanto pesquisador no futuro
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 143
Para a participaccedilatildeo em grupos de pesquisa ou mesmo para a contribuiccedilatildeo isolada em um estudo pontual os alunos devem considerar alguns aspectos a fim de evitar problemas ao longo de sua vivecircncia mesmo que breves enquanto pesquisadores Satildeo eles
bull Quanto tempo disponiacutevel tenho para dedicar-me agrave pesquisa
bull Quanto tempo a pesquisa vai durar Em quanto tempo vou concluir o curso Como a minha ausecircncia antecipada repercutiraacute sobre o grupo
bull Qual a minha melhor aptidatildeo Comunicaccedilatildeo Relacionamentos Escrita Lideranccedila
bull Quais satildeo os meus objetivos enquanto acadecircmico E os objetivos pessoais
Feito isso o aluno estaraacute apto a dar os primeiros passos nesse universo desafiador e cativante para quiccedilaacute transformar a motivaccedilatildeo inicial em apenas melhorar o seu curriacuteculo em um interesse genuiacuteno para a vida acadecircmica
144 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
BISCALCHIM A C S ALMEIDA M A Direitos autorais informaccedilatildeo e tecnologia impasses e potencialidades Liinc em Revista Rio de Janeiro v 7 n 2 p 638-652 2011 Disponiacutevel em httpsrepositoriouspbritem002247739 Acesso em 09 abr 2020
DEMO P Remix pastiche plaacutegio autorias da nova geraccedilatildeo Meta Avaliaccedilatildeo v 3 n 8 p 125-144 maioago 2011 Disponiacutevel em httprevistascesgranrioorgbrindexphpmetaavaliacaoarticleview119150 Acesso em 09 abr 2020
MARULANDA L C S PLAacuteGIO PALAVRAS ESCONDIDAS Diniz D Terra A Brasiacutelia Letras LivresRio de Janeiro Editora Fiocruz 2014 195p ISBN 978-85-98070-36-0 (Letras Livres) ISBN 978-85-98070-37-7 (Editora Fiocruz) Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 31 n 2 p 439-440 Fev 2015 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2015000200439 Acesso em 09 abr 2020
IMAYUKI G Eacutetica do direito autoral Uma breve anaacutelise eacutetica-juriacutedica Kerygma Satildeo Paulo v 4 n 2 p 17-41 out 2008 Disponiacutevel em httpsrevistasunaspedubrkerygmaarticleview231 Acesso em 09 abr 2020
INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS Recommendations for the conduct reporting editing and publication of scholarly Work in medical journals[S l] ICMJE 2019 Disponiacutevel em httpwwwicmjeorgicmje-recommendationspdf Acesso em 09 abr 2020
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MONTENEGRO M R ALVES V A F Criteacuterios de autoria e co-autoria em trabalhos cientiacuteficos Acta bot bras Feira de Santana v 11 n 2 p 273-276 1997 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfabbv11n2v11n2a14pdf Acesso em 09 abr 2020
PETROIANU A Autoria de um trabalho cientiacutefico Rev Assoc Med Bras Satildeo Paulo v 48 n 1 p 60-65 2002 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdframbv48n1a31v48n1pdf Acesso em 09 abr 2020
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 145
RODRIacuteGUEZ A S El plagio y su impacto a niacutevel acadecircmico y professional E-Ciencias de la Informaciacuteon San Joseacute v 2 n 1 p 1-13 enerojun 2012 Disponiacutevel em httpswwwredalycorgpdf4768476848735003pdf Acesso em 09 abr 2020
SILVA O S F Entre plagio e a autoria qual o papel da universidade Rev Bras Educ Rio de Janeiro v 13 n 38 p 357-414 maioago 2008 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrbeduv13n3812pdf Acesso em 09 abr 2020
147
17ASPECTOS EacuteTICOS DAS PESQUISAS COM
SERES HUMANOS
Juliana Ferreira ParaacuteMaacutercia Maria Pinheiro Dantas
Clarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoA eacutetica eacute a esteacutetica de dentrordquo
Pierre Reverdy
171 INTRODUCcedilAtildeO
Para um melhor entendimento sobre os aspectos eacuteticos das pesquisas envolvendo seres humanos eacute importante refletir um pouco sobre o conceito de eacutetica A eacutetica eacute um segmento da filosofia que se dedica agrave anaacutelise das razotildees que ocasionam alteram ou orientam a maneira de agir do ser humano geralmente levando em consideraccedilatildeo seus valores morais (ARAUacuteJO 2012)
Os princiacutepios baacutesicos da eacutetica em pesquisa consistem em permitir a autonomia dos pacientes praticar a beneficecircncia e a natildeo maleficecircncia respeitando a equidade e a justiccedila Para que uma pesquisa com seres humanos em qualquer aacuterea do conhecimento seja considerada eacutetica deveraacute atender aos seguintes requisitos miacutenimos (1) ter uma justificativa cientiacutefica e poder responder agraves incertezas levantadas (2) somente pesquisar em humanos se natildeo houver outros meios de se obter o conhecimento buscado (3) a probabilidade de os benefiacutecios serem maiores que a dos riscos previsiacuteveis (4) natildeo utilizar seres humanos em experimentos natildeo previamente testados em laboratoacuterios animais ou por fatos cientiacuteficos (ARAUacuteJO 2012)
O objetivo deste capiacutetulo seraacute demonstrar resumidamente os princiacutepios que norteiam a eacutetica em pesquisa com seres humanos tecendo um breve histoacuterico sobre a evoluccedilatildeo do processo de regulamentaccedilatildeo eacutetica no Brasil e no mundo permitindo que os jovens pesquisadores adquiram uma melhor compreensatildeo sobre o tema
148 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
172 HISTOacuteRIA DA REGULAMENTACcedilAtildeO DA PESQUISA COM SERES HUMANOS
Segundo Arauacutejo (2012) ldquoa busca por novos conhecimentos ocorre desde os primoacuterdios da humanidaderdquo No entanto ao longo dos anos a busca pelo saber nem sempre respeitou a condiccedilatildeo humana e vaacuterios exemplos atestam esse fato
Na Escola de Alexandria no secIII aC Heroacutefilo de Capadoacutecia (325-280 aC) e Erassistrato de Cleo (304-205 aC) fizeram grandes descobertas anatocircmicas e fisioloacutegicas utilizando a teacutecnica de vivisseccedilotildees em criminosos condenados agrave morte No periacuteodo do Renascimento os meacutedicos Andreacute Versalio (1514-1564) e Ambroacutesio Pareacute (1510-1590) dissecaram o cracircnio de condenados agrave morte para conhecer a trajetoacuteria exata de uma lanccedila no olho para poder tratar o rei da Franccedila Henrique II ferido em uma batalha Na Inglaterra em 1721 o cirurgiatildeo inglecircs Charles Maitland inoculou variacuteola em seis prisioneiros com a promessa de liberdade para estudar o curso natural da doenccedila Entre 1931 e 1945 na ocupaccedilatildeo japonesa na China prisioneiros de guerra e integrantes da populaccedilatildeo civil foram cobaias em experiecircncias com armas quiacutemicas e bacterioloacutegicas Durante a Segunda Guerra Mundial os nazistas desenvolveram diversas pesquisas com seres humanos sem nenhuma limitaccedilatildeo moral (ARAUacuteJO 2012)
Foi justamente apoacutes o final da Segunda Guerra Mundial que as maiores discussotildees acerca dos limites eacuteticos das pesquisas envolvendo seres humanos foram intensificadas Apesar dos avanccedilos nas aacutereas tecnoloacutegica e meacutedica obtidos agrave custa de pesquisas sem regulamentaccedilatildeo financiadas pelo regime nazista e naccedilotildees simpatizantes (ou como descrito por Miguel Kottow ldquotorturas disfarccediladas de pesquisardquo) durante o Julgamento de Nuremberg que ocorreu ao teacutermino do conflito diversos indiviacuteduos (incluindo meacutedicos e pesquisadores) foram acusados e condenados por crimes de guerra
Esse julgamento gerou uma intensa discussatildeo sobre a forma de se fazer pesquisas em todo o mundo sendo considerado um marco para a regulamentaccedilatildeo da praacutetica de pesquisas com seres humanos Culminou em 1947 na criaccedilatildeo de um documento denominado Coacutedigo de Nuremberg (WORLD MEDICAL ASSOCIATION 1964) Esse coacutedigo versava sobre a individualidade do ser e sobre a autonomia para decidir se um potencial voluntaacuterio de uma pesquisa tinha interesse em participar de determinado estudo ou natildeo Aleacutem disso o Coacutedigo de Nuremberg trazia agrave tona outras questotildees importantes como transparecircncia relevacircncia social do estudo e proteccedilatildeo aos participantes
No ano seguinte em 1948 foi publicada pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) a Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem Trata-se do primeiro documento juriacutedico internacional que apresenta um cataacutelogo completo dos direitos humanos (disponiacutevel em httpswwwunorgenuniversal-declaration-human-
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 149
rights) Esse documento que delineia os direitos humanos baacutesicos foi idealizado principalmente pelo canadense John Peters Humphrey e foi aprovado por 48 paiacuteses membros das Naccedilotildees Unidas (ONU 1948)
Em 1964 foi promulgada pela Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial (World Medical Association WMA) a Declaraccedilatildeo de Helsinque aprimorando e reafirmando premissas eacuteticas jaacute estabelecidas previamente e incorporando outros aspectos que satildeo adotados ateacute os dias atuais como o ldquoConsentimento Informadordquo Tal ldquoconsentimentordquo ratifica a importacircncia do entendimento do paciente sobre a pesquisa e inclui situaccedilotildees que natildeo haviam sido previstas como incapacidade mental ou reclusatildeo A Declaraccedilatildeo de Helsinque tambeacutem foi um marco jaacute que eacute o iniacutecio do que hoje se conhece como bioeacutetica Ao longo dos anos essa declaraccedilatildeo foi atualizada oito vezes sendo a uacuteltima delas durante a Assembleia Geral da WMA realizada em outubro de 2013 em Fortaleza (httpswwwwmanetwp-contentuploads201611491535001395167888_DoHBrazilianPortugueseVersionRevpdf)
173 PESQUISA COM SERES HUMANOS NO BRASIL
A regulamentaccedilatildeo da eacutetica em pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil teve seu iniacutecio com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 poreacutem apenas em 1996 apoacutes a aprovaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo 196 do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) um dos principais marcos da pesquisa cliacutenica em acircmbito nacional foi criado um sistema nacional soacutelido de apreciaccedilatildeo eacutetica essencial para o desenvolvimento da pesquisa com seres humanos no Brasil
Essa resoluccedilatildeo aprovou as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos no paiacutes criando e normatizando o sistema de apreciaccedilatildeo eacutetica constituiacutedo por instacircncias regionais ndash os Comitecircs de Eacutetica em Pesquisa (CEP) ndash e uma instacircncia federativa ndash a Comissatildeo Nacional de Eacutetica em Pesquisa (CONEP) ndash oacutergatildeo nacional de controle de pesquisas envolvendo seres humanos e que juntos constituem o Sistema CEPCONEP Foi essa resoluccedilatildeo que no Brasil instituiu pela primeira vez a necessidade do ldquoConsentimento Livre e Esclarecidordquo que daria origem futuramente ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) tal qual se conhece hoje
Apoacutes 15 anos de vigecircncia a Resoluccedilatildeo CNS 1961996 foi revogada sendo substituiacuteda pela Resoluccedilatildeo CNS 4662012 documento atualmente vigente e de leitura recomendada para todo jovem pesquisador no paiacutes (httpconselhosaudegovbrresolucoes2012Reso466pdf) Outro documento importante e atualmente em vigor eacute a Norma Operacional Nordm 0012013 (httpwwwhgbrjsaudegovbrceapNorma_Operacional_001-2013pdf) que versa sobre a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema CEPCONEP e sobre os procedimentos para submissatildeo avaliaccedilatildeo e acompanhamento
150 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
da pesquisa e de desenvolvimento envolvendo seres humanos no Brasil
Adicionalmente resoluccedilotildees complementares e de temas especiacuteficos foram implementados e podem ser encontradas na Plataforma Brasil que disponibiliza links para todas as resoluccedilotildees em vigecircncia no Paiacutes
Ainda como leitura adicional sugerimos o capiacutetulo XII do Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica que versa sobre Ensino e Pesquisa Meacutedica (CFM 2019)
174 Sistema CEPCONEP no Brasil o que eacute e como funciona
Como mencionado anteriormente o Sistema CEPCONEP regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil avaliando a viabilidade a seguranccedila e o respeito aos requisitos eacuteticos normatizados pela Resoluccedilatildeo 4662012 e complementares De uma forma descentralizada tais comitecircs satildeo responsaacuteveis por aprovar os projetos de pesquisa antes de seu iniacutecio e acompanhar a sua execuccedilatildeo e teacutermino
O CEP eacute constituiacutedo por um comitecirc local e idealmente deve estar presente em todas as instituiccedilotildees que pretendem investir em pesquisas com seres humanos Aleacutem de avaliarem os aspectos eacuteticos da pesquisa e emitirem pareceres de anaacutelise os CEPs tecircm papel educativo e consultivo para pesquisadores comunidade institucional participantes da pesquisa e comunidade em geral funcionando como agente corresponsaacutevel pelo desenvolvimento do estudo
A CONEP por sua vez aleacutem de ser responsaacutevel por aspectos eacuteticos emissatildeo de pareceres e encarregar-se do aspecto normativo coordena e supervisiona todos os CEPs cabendo a ela a acreditaccedilatildeo o registro e a capacitaccedilatildeo contiacutenua desses comitecircs Aleacutem disso alguns estudos de aacutereas temaacuteticas especiais precisam de apreciaccedilatildeo e aprovaccedilatildeo do CEP e da CONEP (quadro 171)
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 151
Quadro 171 mdash Pesquisas em aacutereas temaacuteticas especiais que necessitam de apreciaccedilatildeo pela CONEP
1Geneacutetica humana quando o projeto envolver11envio para o exterior de material geneacutetico ou qualquer material bioloacutegico humano para obtenccedilatildeo de material geneacutetico salvo nos casos em que houver cooperaccedilatildeo com o Governo Brasileiro12armazenamento do material bioloacutegico ou dos dados geneacuteticos humanos no exterior e no Paiacutes quando estiver conveniada com instituiccedilotildees estrangeiras ou em instituiccedilotildees comerciais13alteraccedilotildees da estrutura geneacutetica de ceacutelulas humanas para utilizaccedilatildeo in vivo14pesquisas na aacuterea da geneacutetica da reproduccedilatildeo humana (reprogeneacutetica)15pesquisas em geneacutetica do comportamento e16pesquisas nas quais esteja prevista a dissociaccedilatildeo irreversiacutevel dos dados dos participantes de pesquisa2Reproduccedilatildeo humana pesquisas que se ocupam com o funcionamento do aparelho reprodutor procriaccedilatildeo e fatores que afetam a sauacutede reprodutiva de humanos sendo que nessas pesquisas seratildeo considerados ldquoparticipantes da pesquisardquo todos os que forem afetados pelos procedimentos delasCaberaacute anaacutelise da CONEP quando o projeto envolver21reproduccedilatildeo assistida 22manipulaccedilatildeo de gametas preacute-embriotildees embriotildees e feto e23medicina fetal quando envolver procedimentos invasivos3 Equipamentos e dispositivos terapecircuticos novos ou natildeo registrados no Paiacutes 4 Novos procedimentos terapecircuticos invasivos5 Estudos com populaccedilotildees indiacutegenas 6 Projetos de pesquisa que envolvam organismos geneticamente modificados (OGM) ceacutelulas-tronco embrionaacuterias e organismos que representem alto risco coletivo incluindo organismos relacionados a eles nos acircmbitos de experimentaccedilatildeo construccedilatildeo cultivo manipulaccedilatildeo transporte transferecircncia importaccedilatildeo exportaccedilatildeo armazenamento liberaccedilatildeo no meio ambiente e descarte 7 Protocolos de constituiccedilatildeo e funcionamento de biobancos para fins de pesquisa8 Pesquisas com coordenaccedilatildeo eou patrociacutenio originados fora do Brasil excetuadas aquelas com copatrociacutenio do Governo Brasileiro e9 Projetos que a criteacuterio do CEP e devidamente justificados sejam julgados merecedores de anaacutelise pela CONEP
175 O que eacute necessaacuterio para submeter um projeto de pesquisa na Plataforma Brasil
Todas as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil devem ser submetidas ao Sistema CEPCONEP via Plataforma Brasil Uma pesquisa soacute poderaacute ser iniciada apoacutes a apreciaccedilatildeo eacutetica e a aprovaccedilatildeo concedida por esse sistema
Todo projeto de pesquisa que seja submetido agrave apreciaccedilatildeo pelo Sistema CEPConep precisa de um ldquoprotocolo de pesquisardquo que eacute um conjunto de documentos que contemplam a descriccedilatildeo do estudo em seus aspectos fundamentais e as informaccedilotildees relativas ao participante da pesquisa agrave qualificaccedilatildeo dos pesquisadores e a todas as instacircncias responsaacuteveis Partindo dessa definiccedilatildeo espera-se que o protocolo de pesquisa a ser enviado para anaacutelise via Plataforma Brasil contenha
152 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull folha de rosto
bull declaraccedilotildees pertinentes
bull declaraccedilatildeo de compromisso do pesquisador responsaacutevel
bull garantia de que os benefiacutecios resultantes do projeto retornem aos participantes da pesquisa seja em termos de retorno social acesso aos procedimentos produtos seja como agentes da pesquisa
bull orccedilamento financeiro
bull cronograma
bull Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
bull demonstrativo da existecircncia de infraestrutura necessaacuteria e apta ao desenvolvimento da pesquisa e para atender eventuais problemas dela resultantes com documento que expresse a concordacircncia da instituiccedilatildeo eou organizaccedilatildeo por meio de seu responsaacutevel maior com competecircncia
bull outros documentos que se fizerem necessaacuterios de acordo com a especificidade da pesquisa
bull projeto de pesquisa original na iacutentegra incluindo embasamento teoacuterico justificativa objetivos meacutetodos e anaacutelise dos riscos e benefiacutecios da pesquisa
176 O TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Entre os documentos de um protocolo de pesquisa especial atenccedilatildeo deve ser dispensada ao TCLE motivo frequente de equiacutevocos na documentaccedilatildeo submetida agrave apreciaccedilatildeo eacutetica pelo Sistema CEPCONEP gerando pareceres que sinalizam pendecircncias para os pesquisadores e possiacutevel atraso no iniacutecio da pesquisa
Este documento deve ser elaborado sob a forma de convite e visa explicar para o participante por meio de uma linguagem clara e compreensiacutevel as seguintes questotildees relacionadas agrave pesquisa
bull objetivos justificativa e meacutetodos de pesquisa
bull garantia de esclarecimento (antes e durante todo o curso da pesquisa) sobre o estudo
bull duraccedilatildeo esperada da participaccedilatildeo do sujeito
bull modo como se daraacute o estudo
bull responsaacutevel pelo acompanhamento e pela assistecircncia
bull liberdade do sujeito para desistir a qualquer momento
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 153
bull sigilo de dados confidenciais coletados
bull benefiacutecios e malefiacutecios que possam acometer o sujeito
bull informaccedilatildeo da possibilidade da inclusatildeo em grupo controle ou placebo
bull cobertura pelos pesquisadores de quaisquer problemas provenientes da intervenccedilatildeo da pesquisa gastos meacutedicos incapacidade do falecimento e de como se daraacute a cobertura financeira (formas de ressarcimento) nos casos citados
O TCLE precisa ser assinado pelo participante da pesquisa e pelo pesquisador em duas vias sendo uma retida pelo sujeito da pesquisa ou por seu representante legal e uma arquivada pelo pesquisador Nos casos em que seja impossiacutevel registrar o consentimento livre e esclarecido tal fato deve ser devidamente documentado com a explicaccedilatildeo das causas da impossibilidade e parecer do CEP No caso de um indiviacuteduo que natildeo seja capaz precisa haver um consentimento por delegaccedilatildeo de um representante legal adequadamente autorizado Espaccedilos datiloscoacutepicos devem estar presentes para o caso de participantes natildeo alfabetizados
Situaccedilotildees especiais na obtenccedilatildeo do Consentimento Livre e Esclarecido
bull Pacientes menores de 16 anos o consentimento deveraacute ser dado por um dos pais ou na inexistecircncia deles pelo parente mais proacuteximo ou responsaacutevel legal Nos indiviacuteduos na faixa etaacuteria pediaacutetrica mas com idade suficiente para compreensatildeo sobre a sua participaccedilatildeo em uma pesquisa (em geral acima de 10 anos) o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido tambeacutem deveraacute ser obtido (TALE) Este deveraacute ser elaborado em uma linguagem ainda mais acessiacutevel para o leitor pediaacutetrico
bull Paciente maior de 16 e menor de 18 anos consentimento obtido com a assistecircncia de um dos pais ou responsaacutevel
bull Paciente eou responsaacutevel analfabeto o presente documento deveraacute ser lido em voz alta para o paciente e seu responsaacutevel na presenccedila de duas testemunhas que firmaratildeo tambeacutem o documento
bull Paciente deficiente mental incapaz de manifestaccedilatildeo de vontade suprimento necessaacuterio da manifestaccedilatildeo de vontade por seu representante legal
Existem modelos de TCLE disponiacuteveis na internet que podem ajudar o pesquisador (httpwwwaccgorgbruploadsarquivos1572ef4c10ee090e9fb7513f3055ddb4pdf) bem como roteiros para a sua elaboraccedilatildeo (httpwwwincoruspbrsitesincor2013docscomissao-cientificadocsTCLE-Versao_Marco2015pdf)
154 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
177 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Frequentemente os projetos de pesquisa submetidos agrave apreciaccedilatildeo eacutetica pelo Sistema CEPCONEP retornam para o pesquisador responsaacutevel com pareceres que apontam pendecircncias oriundas do desconhecimento e descumprimento dos requisitos miacutenimos exigidos pela regulamentaccedilatildeo eacutetica das pesquisas envolvendo seres humanos no paiacutes
Um ponto comum de inadequaccedilatildeo eacutetica presente em muitos projetos enviados para anaacutelise eacute afirmar que as pesquisas observacionais que natildeo promovam intervenccedilotildees natildeo apresentam riscos para os participantes No entanto a Resoluccedilatildeo do CNS 4662012 no paraacutegrafo V que trata dos ldquoRiscos e Benefiacuteciosrdquo afirma que ldquoToda pesquisa com seres humanos envolve risco em tipos e gradaccedilotildees variados Quanto maiores e mais evidentes os riscos maiores devem ser os cuidados para minimizaacute-los e a proteccedilatildeo oferecida pelo Sistema CEPCONEP aos participantes Devem ser analisadas possibilidades de danos imediatos ou posteriores no plano individual ou coletivordquo
Assim faz-se necessaacuterio que os pesquisadores sempre identifiquem quais os riscos envolvidos na pesquisa ainda que miacutenimos (quebra do sigilo de dados desconforto durante a entrevista etc) e quais medidas seratildeo adotadas para evitaacute-los e sanaacute-los
Por fim tais pendecircncias seriam reduzidas melhorando a eficiecircncia do sistema por meio de uma postura de busca ativa por parte dos proacuteprios pesquisadores antes da submissatildeo de seus projetos acerca da regulamentaccedilatildeo eacutetica a ser atendida bem como por meio de uma postura educativa de cada CEP local divulgando material consultivo visando ao alcance dos potenciais pesquisadores dentro da instituiccedilatildeo onde o comitecirc estaacute instalado
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 155
REFEREcircNCIAS
ARAUacuteJO L Z S Breve histoacuterico da bioeacutetica da eacutetica em pesquisa agrave bioeacutetica In REGO S PALAacuteCIOS M Comitecircs de eacutetica em pesquisa teoria e praacutetica Rio de Janeiro FioCruz 2012 cap 03 p 71-84
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA Coacutedigo de eacutetica meacutedica Brasiacutelia CFM 2019 Disponiacutevel em httpsportalcfmorgbrimagesPDFcem2019pdf Acesso em 10 abr 2020
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Resoluccedilatildeo nordm 466 de 12 de dezembro de 2012 Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasiacutelia CNS 2012 Disponiacutevel em httpconselhosaudegovbrresolucoes2012Reso466pdf Acesso em 01 dez 2019
SOUZA G G M Prefaacutecio In SANTOS P C NASCIMENTO E G C (org) Comitecirc de eacutetica em pesquisa com seres humanos o que eacute necessaacuterio saber para aprovar um projeto de pesquisa Mossoroacute UERN 2018 p 6-10 Disponiacutevel emhttpwwwuernbrcontroledepaginaspropeg-comissoes-ceparquivos3121livropdf Acesso em 10 abr 2020
WORLD MEDICAL ASSOCIATION DECLARATION OF HELSINKI Recommendations guiding physicians in biomedical research involving human subjects Somerset West [sn] 1996 Disponiacutevel em httpswwwwmanetwp-contentuploads201611DoH-Oct1996pdf Acesso em Acesso em 07 jan 2021
UNIVERSAL Declaration of Human Rights [Sl ] United Nations [201-] Disponiacutevel em httpswwwunorgenuniversal-declaration-human-rights Acesso em 07 jan 2021
157
18COMO CRIAR O SEU CURRIacuteCULO NA
PLATAFORMA LATTES
Victor Gomes Pitombeira
ldquoDecidir o que natildeo fazer eacute tatildeo importante quanto decidir o que fazerrdquo
Steve Jobs
A Plataforma Lattes eacute uma ferramenta on-line de unificaccedilatildeo de curriacuteculos grupos de pesquisas e outras iniciativas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq 1999) No Brasil eacute de extrema importacircncia a criaccedilatildeo de um curriacuteculo Lattes uma vez que este tem sido o modelo de curriculum vitae utilizado pela maioria dos centros acadecircmicos e de pesquisa e seraacute o seu ldquocartatildeo de visitardquo no ambiente acadecircmico (MORETTI 2020 LOCATELLI 2013)
Ao se inscrever na Plataforma Lattes vocecirc se compromete a apresentar apenas informaccedilotildees compatiacuteveis com a realidade Natildeo insira nenhuma formaccedilatildeo que vocecirc natildeo possa provar ou inexistente sob pena de puniccedilatildeo criminal
181 PASSO A PASSO
Para iniciar a criaccedilatildeo do seu curriacuteculo Lattes acesse httplattescnpqbr
158 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Clique em ldquoCadastrar novo curriacuteculordquo Isso redirecionaraacute vocecirc a uma nova paacutegina
bull Nesta paacutegina vocecirc deve preencher os seus dados Certifique-se de ler os Termos de Adesatildeo e Compromisso disponibilizados em um link Os termos tambeacutem podem ser conferidos em httpswwwscnpqbrcvlatteswebpkg_cv_estrtermo
bull Clique na barra de opccedilotildees em ldquoPaiacutes de Nacionalidaderdquo e selecione seu paiacutes Apoacutes isso coloque seu e-mail e senha nas barras de digitaccedilatildeo apropriadas
bull Na paacutegina seguinte preencha os seus dados pessoais e clique em ldquoProacuteximardquo para prosseguir adiante
OBS Para fazer upload de uma foto clique no iacutecone pequeno ao lado do rosto azul que estaacute marcado com uma circunferecircncia vermelha na imagem acima Uma janela de busca do sistema abriraacute para que vocecirc possa selecionar um arquivo de imagem Evite imagens por demais informais Vocecirc pode utilizar as imagens de outros documentos de identificaccedilatildeo como RG ou Passaporte
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 159
bull Clique na barra de seleccedilatildeo referente a ldquoPaiacutesrdquo e selecione o paiacutes de sua residecircncia A barra de digitaccedilatildeo referente a CEP seraacute disponibilizada insira-o e o endereccedilo seraacute completado automaticamente pelo sistema Termine informando o telefone e celular Clique em ldquoProacuteximardquo para finalizar
OBS Caso for utilizar endereccedilo institucional selecione a opccedilatildeo Profissional e clique posteriormente na lupa na barra de seleccedilatildeo da instituiccedilatildeo para procurar a instituiccedilatildeo agrave qual vocecirc eacute filiado
bull Uma nova paacutegina abriraacute Clique na barra de opccedilotildees referente agrave ldquoFormaccedilatildeo acadecircmica concluiacutedardquo e selecione o niacutevel acadecircmico que quer referenciar adicionando-o ao seu curriacuteculo Apoacutes selecionar clique na lupa na barra de digitaccedilatildeo abaixo Um bloco apareceraacute para que vocecirc pesquise pela instituiccedilatildeo na qual vocecirc fez o niacutevel referenciado Digite o nome e clique em ldquoPesquisarrdquo o sistema apresentaraacute resultados semelhantes clique sobre o resultado ao qual vocecirc quer referenciar
OBS Caso sua instituiccedilatildeo natildeo esteja cadastrada no banco de dados o bloco sugeriraacute que vocecirc cadastre oferecendo um acesso com um ldquoclique aquirdquo Um novo bloco apareceraacute insira o nome da instituiccedilatildeo uma sigla e o paiacutes de origem
bull Apoacutes isso insira o ano de iniacutecio e de conclusatildeo do atual niacutevel que vocecirc estaacute referenciando no seu curriacuteculo Existe dois espaccedilos especiacuteficos para isso Apoacutes isso repita o mesmo processo para ldquoFormaccedilatildeo acadecircmica em conclusatildeordquo poreacutem desta vez referenciando a atual formaccedilatildeo em curso Clique em ldquoProacuteximardquo para prosseguir
bull Uma nova paacutegina apareceraacute Selecione ldquoSimrdquo se tiver algum viacutenculo profissional vigente Clique nas lupas e um novo bloco vai aparecer para pesquisar a instituiccedilatildeo agrave qual vocecirc estaacute vinculado Funciona da mesma forma explicada anteriormente para instituiccedilatildeo acadecircmica Quanto ao viacutenculo um novo bloco apareceraacute com uma barra de opccedilotildees para selecionar o tipo de viacutenculo selecione e clique em ldquoConfirmarrdquo Digite o cargo e iniacutecio do viacutenculo nas barras de digitaccedilatildeo Quando tudo estiver terminado clique em ldquoProacuteximordquo
160 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Na paacutegina seguinte clique na lupa no quadro de aacuterea de atuaccedilatildeo Um bloco com aacutervore esquemaacutetica das aacutereas cientiacuteficas apareceraacute Selecione a aacuterea em que vocecirc atua (as aacutereas selecionaacuteveis estatildeo em azul) Abaixo selecione os idiomas que vocecirc fala e apresente suas habilidades quando a compreensatildeo leitura fala e escrita Inclua o idioma nativo (ex portuguecircs) aleacutem dos natildeo nativos Clique em ldquoProacuteximardquo para terminar
bull Pronto Caso seu curriacuteculo tenha alguma pendecircncia um quadro do navegador abriraacute informando o que estaacute faltando Vocecirc poderaacute voltar agraves paacuteginas anteriores selecionando a barra de paacuteginas no topo da tela
182 Como alterar e atualizar o seu curriacuteculo Lattes
Entre na paacutegina do Portal Lattes em httplattescnpqbr
Apoacutes isso clique em ldquoAtualizar curriacuteculordquo conforme a imagem abaixo destaca
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 161
bull Faccedila seu login utilizando seu CPFe-mail e senha
bull Vocecirc seraacute redirecionado para uma nova paacutegina que permite a ediccedilatildeo de seu curriacuteculo Lattes
bull Ao posicionar o nome sobre cada nome deste como ldquoDados geraisrdquo ldquoFormaccedilatildeordquo ldquoAtuaccedilatildeordquo entre outros um pequeno pop-up como este mostrado na tela apareceraacute Ao clicar em uma das opccedilotildees do pop-up novos quadros apareceratildeo para inserir a formaccedilatildeo o artigo o projeto a formaccedilatildeo o viacutenculo empregatiacutecio ou a patente que vocecirc quer
A plataforma Lattes permite que vocecirc adicione vaacuterias atividades Escolha uma das opccedilotildees que mais se adeque ao que vocecirc estaacute querendo e insira a informaccedilatildeo
Aleacutem disso mantenha seu curriacuteculo sempre atualizado Deixar acumular os diplomas e certificados para inserir no curriacuteculo Lattes depois pode dificultar o processo Aleacutem disso quanto mais atual for seu curriacuteculo melhor seraacute sua imagem mostrando que vocecirc permanece interessado e atuante na aacuterea da pesquisa
162 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por fim lembre-se um curriacuteculo rico eacute um curriacuteculo que causa mais impacto Entretanto um curriacuteculo por demais extenso cheio de atividades com pouca relevacircncia natildeo eacute sinocircnimo de uma boa qualificaccedilatildeo profissional Priorize as competecircncias de maior impacto que tenham importacircncia para sua apresentaccedilatildeo como pesquisador em sauacutede
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 163
REFEREcircNCIAS
MORETTI I Como fazer curriacuteculo Lattes CNPQ Aprenda passo a passo tudo que vocecirc precisa saber para fazer o preenchimento correto do documento digital [S l s n] 2020 Disponiacutevel em httpsviacarreiracomcomo-fazer-curriculo-lattes-cnpq Acesso em 30 maio 2019
LOCATELLI P A Como preencher o curriacuteculo Lattes [Porto Alegre] UFRGS [2013] 103 Slides Disponiacutevel em httpposarqufscbrfiles201301comopreencherocurriculolattespdf Acesso em 30 maio 2019
165
19COMO UTILIZAR A TECNOLOGIA A FAVOR DA
PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA
Elias Silveira de BritoTaynara Falkenstins Gois Mendes
O intenso desenvolvimento tecnoloacutegico das uacuteltimas deacutecadas trouxe para todas as atividades humanas meios mais faacuteceis e raacutepidos de produccedilatildeo A busca por soluccedilotildees aacutegeis de baixo custo e praacuteticas tem acontecido em todos as aacutereas e meios da vida humana e a produccedilatildeo cientiacutefica natildeo poderia ficar de fora Desde softwares para escrita de textos ateacute bancos de dados a um clique novas ferramentas aparecem todos os dias para permitir que o desenvolvimento de um artigo se torne mais simples dinacircmico e eficiente
Este capiacutetulo busca apresentar algumas ferramentas uacuteteis para a produccedilatildeo e como utilizaacute-las ao seu favor na hora de escrever um material de qualidade Todo o conteuacutedo aqui apresentado foi obtido a partir dos endereccedilos eletrocircnicos durante o processo de levantamento dessas informaccedilotildees entre 2019 e 2020 Ressalta-se que natildeo haacute quaisquer conflitos de interesse envolvidos na elaboraccedilatildeo desse capiacutetulo
191 ESCRITA
Ateacute o iniacutecio dos anos 2000 escrever digitalmente era uma tarefa aacuterdua Os computadores eram lentos as plataformas de escrita arcaicas e a correccedilatildeo de gramaacutetica e ortografia ficava a cargo do proacuteprio autor ou revisores Para isso um artigo precisava passar por vaacuterias correccedilotildees e por vezes ser reescrito diversas vezes Hoje novos aplicativos e softwares apareceram para facilitar a escrita
Outro grande problema dos editores de texto comuns era a impossibilidade de fazer o texto simultaneamente com outros autores Essa barreira jaacute foi ultrapassada e vaacuterias pessoas podem contribuir em um mesmo texto atraveacutes de plataformas
bull Atlas ndash eacute uma plataforma inteligente para escrever estilizar e publicar seu artigo Permite colaboraccedilatildeo entre autores exportaccedilatildeo em vaacuterios formatos interatividade com imagens e viacutedeos aleacutem de permitir programaccedilatildeo digital para melhorar o desempenho do seu artigo Acompanhe mais em httpsatlasoreillycom
166 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Write ndash eacute um app minimalista que promete poucas distraccedilotildees visuais sincronizaccedilatildeo em vaacuterias maacutequinas e facilidade no uso Apesar de natildeo ser um aplicativo especializado na aacuterea cientiacutefica pode ser uacutetil para muitos autores Acesso em httpswriteappco
bull F1000 Workspace ndash uma ferramenta completa para reunir discutir e ler referecircncias aleacutem de permitir a escrita de novos artigos Eacute uma plataforma especializada em produccedilatildeo cientiacutefica que busca novos meacutetodos diariamente Veja em httpsf1000workspacecom
bull Authorea ndash um espaccedilo grandioso para escrever editar publicar e ler artigos cientiacuteficos Aleacutem disso permite a escrita colaborativa com os co-autores Busque em httpswwwauthoreacom
192 REFERENCIAMENTO
Elaborar as referecircncias bibliograacuteficas de uma produccedilatildeo acadecircmica demanda tempo e paciecircncia Trata-se de uma etapa essencial do trabalho cientiacutefico poreacutem passa longe de ser a mais empolgante Ferramentas que auxiliem nesse processo satildeo de importante valia para os pesquisadores
A maioria dos aplicativos de apoio agrave escrita apresentados acima tambeacutem fornecem apoio ao referenciamento Poreacutem existem outras plataformas mais especiacuteficas que ajudam o pesquisador a pesquisar armazenar e formatar as referecircncias literaacuterias entre elas
bull Mendeley ndash eacute um aplicativo que permite o arquivamento de vaacuterias referecircncias a um soacute clique Aleacutem disso proporciona citaccedilotildees faacuteceis e raacutepidas a criaccedilatildeo de redes de pesquisadores conectados e sincronizaccedilatildeo em vaacuterias plataformas de acesso Acesse em httpswwwmendeleycom
bull Papers ndash conhecido em universidades renomadas como Harvard e Duke o Papers eacute um aplicativo inteligente de busca leitura citaccedilatildeo organizaccedilatildeo compartilhamento colaboraccedilatildeo e sincronizaccedilatildeo de referecircncias Veja mais em httpswwwpapersappcom
bull Zotero ndash o diferencial do Zotero eacute sua facilidade em manuseio a um clique para arquivar e organizar suas referecircncias Vocecirc pode ver mais em httpswwwzoteroorg
bull Citavi ndash oferece as mesmas funccedilotildees dos concorrentes Aleacutem disso permite que vocecirc guarde seus pensamentos sobre suas referecircncias para ajudar na organizaccedilatildeo dos seus projetos Veja em httpswwwcitavicompt
bull Wizdom ndash promete soluccedilotildees em estatiacutesticas sobre artigos mostrando impacto
Como Utilizar a Tecnologia a Favor da Produccedilatildeo Acadecircmica 167
disponibilidade e relevacircncia cientiacutefica Aleacutem disso provecirc um grande banco de dados repleto de referecircncias para compor sua produccedilatildeo Acesse em httpswwwwizdomai
193 PESQUISA BIBLIOGRAacuteFICA
Muitos autores apresentam dificuldades para iniciar seu projeto no momento da pesquisa sobre os assuntos relacionados ao seu trabalho As bibliotecas apesar de seu grande acervo nem sempre possuem as mais novas atualizaccedilotildees acerca do assunto sendo fundamental saber como buscar boas referecircncias nas mais diferentes plataformas atentando-se para o fato de que nem todos os sites disponiacuteveis possuem produccedilotildees relevantes ou de qualidade e assim identificar as plataformas que concentram os melhores artigos contribui para a qualidade da sua pesquisa e para economia de tempo Alguns deles satildeo citados abaixo
bull PubMed ndash essa plataforma bastante conhecida como a biblioteca nacional de medicina dos EUA tambeacutem apresenta acesso livre a vaacuterios textos completos de perioacutedicos biomeacutedicos e de ciecircncias da vida Acesse em httpswwwncbinlmnihgovpubmed
bull Cochrane ndash A Cochrane tem sido comparada com o Projeto Genoma Humano pela importacircncia que tem e teraacute nas futuras geraccedilotildees em relaccedilatildeo agrave atenccedilatildeo agrave sauacutede Trata-se de uma rede global independente de pesquisadores profissionais pacientes cuidadores e pessoas interessadas em sauacutede Atualmente mais de 9 mil revisotildees sistemaacuteticas Cochrane jaacute foram publicadas na Biblioteca Cochrane (httpwwwcochranelibrarycom) Esta biblioteca tambeacutem possui a maior base de dados de ensaios cliacutenicos publicados conhecida como CENTRAL
bull Embase ndash eacute uma base de dados biomeacutedico muito versaacutetil e atualizado para diversos objetivos Ele abrange a mais importante literatura biomeacutedica internacional desde 1947 ateacute os dias de hoje e todos os seus artigos satildeo indexados com precisatildeo com o uso do Embase Indexing e Emtreereg da Elsevier O banco de dados completo tambeacutem encontra se convenientemente disponiacutevel em vaacuterias plataformas Acesse em httpsembasecomlogin
bull Scielo ndash A Coleccedilatildeo SciELO indexa disponibiliza e dissemina on-line em acesso aberto os textos completos de perioacutedicos cientiacuteficos de todas as aacutereas do conhecimento que publicam predominantemente artigos resultantes de pesquisa cientiacutefica que utilizam o procedimento de avaliaccedilatildeo por pares dos manuscritos que recebem ou encomendam e que apresentam desempenho crescente nos indicadores de cumprimento dos criteacuterios de indexaccedilatildeo A coleccedilatildeo privilegia a admissatildeo e permanecircncia dos perioacutedicos que em sua operaccedilatildeo avanccedilam na profissionalizaccedilatildeo internacionalizaccedilatildeo e modelos de financiamento sustentaacutevel Acesso em https
168 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
scieloorg
bull ScienceDirect ndash possui publicaccedilotildees confiaacuteveis de textos completos mantendo os usuaacuterios informados em suas aacutereas trabalhando com eficiecircncia e efetividade Aleacutem de apresentar muitas funccedilotildees inteligentes que contribuem para tal proposta Acesse em httpswwwsciencedirectcom
bull Scopus ndash eacute um banco de dados que possui resumos e citaccedilotildees de literatura com revisatildeo de revistas cientiacuteficas livros resumos de congressos e publicaccedilotildees em geral Eacute uma plataforma que mostra importantes pesquisas Acesse em httpswwwscopuscomhomeuri
bull Paperity ndash tem como principal objetivo oferecer acesso livre aos conteuacutedos com licenccedila fornecida para qualquer pessoa Acesse em httpspaperityorg
bull Sparrho ndash promete unir a inteligecircncia humana e artificial para manter os usuaacuterios atualizados sobre novas publicaccedilotildees e patentes Acesse em httpswwwsparrhocom
Dentre as ferramentas jaacute citados para outros fins o F1000 prime o Mendeley e o Zotero satildeo exemplos que podem ser utilizados tambeacutem com essa finalidade
194 PUBLICACcedilAtildeO
Apoacutes utilizar as principais plataformas oferecidas para buscar na literatura os temas relacionados agrave sua pesquisa encontrar as melhores referecircncias para enriquececirc-la e trabalhar na sua escrita podemos passar para o uacuteltimo passo da pesquisa cientiacutefica
A publicaccedilatildeo do artigo pode ser realizada por meio de plataformas criadas pela comunidade cientiacutefica com intuito de gerar oportunidades para os autores em mostrar o seu trabalho e para os leitores ao oferecer conhecimento sobre pesquisas atualizadas acerca dos mais diversos assuntos
BioMed Central (BMC) ndash parte da editora Springer Nature a BMC eacute uma das pioneiras no processo de publicaccedilatildeo de conteuacutedo de acesso aberto a BMC tem um amplo portfoacutelio de jornais de alta qualidade revisados por pares incluindo tiacutetulos de interesse como Biologia e Medicina Consulte em BMC Series
PLOSOne ndash a PLOS eacute uma editora de acesso aberto sem fins lucrativos que visa difundir e acelerar o progresso da ciecircncia e da medicina modificando o processo de comunicaccedilatildeo de pesquisas e impulsionando o movimento por alternativas de acesso aberto desde 2001 Acesse em httpsjournalsplosorgplosone
ScienceOpen ndash eacute uma plataforma interativa que publica pesquisas de acesso aberto oferecendo um canal de comunicaccedilatildeo para os pesquisadores podendo gerar
Como Utilizar a Tecnologia a Favor da Produccedilatildeo Acadecircmica 169
discussotildees acerca do assunto e aprimorando o estudo Acesse em httpswwwscienceopencom
eLife ndash ele publica trabalhos com grande relevacircncia em aacutereas da vida e ciecircncias biomeacutedicas e somente apoacutes avaliaccedilatildeo de cientistas que trabalham na plataforma disponibiliza gratuitamente aos leitores apesar de cobrar uma taxa de publicaccedilatildeo aos autores Acesse em httpselifesciencesorg
Cureus ndash eacute uma revista que possui um padratildeo editorial e promove a publicaccedilatildeo gratuita mantendo os direitos autorais e principalmente destacando os pesquisadores por meio de um curriacuteculo digital ancorado em seus artigos Veja em httpswwwcureuscom
Winnower ndash assim como a ScienceOpen a Winnower promove publicaccedilotildees on-line de acesso aberto incentivando a comunicaccedilatildeo cientiacutefica para debate Nesta plataforma eacute necessaacuterio o pagamento de uma taxa de publicaccedilatildeo Acesse em httpsthewinnowercom
195 OUTROS LINKS E APLICATIVOS UacuteTEIS
LISTA DE ldquoSOBREVIVEcircNCIArdquo PARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA (Adaptado de Nathaacutelia Ronfini Disponiacutevel em httpsedisciplinasuspbr
pluginfilephp5555503mod_resourcecontent1sobrevivencia_academicapdf)
ESCRITAContador de palavras repetidas httplinguisticainsitecombrcorpusphphttpptwordcounter360comhttpwwwwritewordsorgukword_countaspDicionaacuterio de sinocircnimos httpswwwsinonimoscombrDicionaacuterio de antocircnimos httpswwwantonimoscombrdorConferir se eacute plaacutegio httpwwwplagiumcomhttpplagiarismanetCurso de Escrita e Publicaccedilatildeo de Artigos Cientiacuteficos httpwwwcnengovbrimagesCINCursosCurso_Escrita_Publicao_
Artigo_Cientfico_Junho2017pdf9 elementos essenciais no artigo cientiacutefico httpsandrezalopescombr9-elementos-essenciais-no-artigo-cientifico
170 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
PESQUISA BIBLIOGRAacuteFICABase de perioacutedicos da Capes httpwwwperiodicoscapesgovbrBibliotecas digitais gratuitashttpsptscribdcomhttpsarchiveorgdetailsamericanahttpgenlibrusechttpswwwpdfdrivenethttpswwwpasseidiretocom
REFERENCIAMENTOGerenciadores de referecircncia bibliotecas digitaiswwwmyendnotewebcomhttpswwwzoteroorghttpswwwmendeleycomManual Mendeleyh t t p s w w w s l i d e s h a r e n e t T h a i s M o r a e s 7 m e n d e l e y - 2 0 1 7 -
73612874from_m_app=android
TRADUCcedilAtildeOFerramenta para escrita e correccedilatildeo de textos em inglecircs httpswriteandimprovecomhttpslanguagetoolorghttpswwwgrammarlycomDicionaacuterio de sinocircnimos em inglecircs httpswwwthesauruscom
OUTROSConferir o Qualis de um perioacutedico https sucupiracapesgovbrsucupirapublic consultascoleta
veiculoPublicacaoQualislistaConsultaGeralPeriodicosjsfRedes sociais para pesquisadores httpswwwresearchgatenethttpswwwacademiaeduhttpsbrlinkedincomPlataforma Brasil httpplataformabrasilsaudegovbrloginjsfComo utilizar o meacutetodo FISHQTCR5SS para ler artigos cientiacuteficos httpposgraduandocomfish-qtcr-5ss-leitura-artigosO Guia Completo das Ferramentas de Pesquisa httpsblogeven3combrguia-completo-das-ferramentas-de-pesquisa
Clarisse Mouratildeo Melo PonteMaria Helane Costa Gurgel Laura da Silva Giratildeo Lopes
MANUAL PRAacuteTICOPARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA
Unichristus
Fortaleza2021
Manual praacutetico para a produccedilatildeo acadecircmica copy 2021 by Clarisse Mouratildeo Melo Ponte Maria Helane Costa Gurgel Laura da Silva Giratildeo Lopes
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Editora do Centro Universitaacuterio ChristusR Joatildeo Adolfo Gurgel 133 ndash Cocoacute ndash Fortaleza ndash Cearaacute
CEP 60190 ndash 180 ndash Tel (85) 3265-8100 (Diretoria)Internet httpsunichristusedubreditora
E-mail editora01unichristusedubr
Editora filiada agrave
Revisatildeo de TextoElzenir Coelho Rolim Antocircnio Niacutelson Rodrigues e Edson de Alencar Liboacuterio
Normalizaccedilatildeo BibliograacuteficaDhanielle Sales Evangelista ndash CRB 3854
Programaccedilatildeo Visual e Editoraccedilatildeo GraacuteficaJefferson Silva Ferreira Mesquita
Ficha CatalograacuteficaDayane Paula Ferreira Mota ndash Bibliotecaacuteria ndash CRB31310
P813m Ponte Clarisse Mouratildeo Melo
Manual praacutetico para a produccedilatildeo acadecircmica [recurso eletrocircnico] Clarisse Mouratildeo Melo Ponte Maria Helane Costa Gurgel Laura daSilva Giratildeo Lopes - Fortaleza EdUnichristus 2021
170 p il color4207 Kb e-book - pdfISBN 978-65-990315-9-5
1 Pesquisa cientiacutefica 2 Escrita cientiacutefica 3 Redaccedilatildeoacadecircmica I Gurgel Maria Helane Costa II Lopes Laura da SilvaGiratildeo III Tiacutetulo
CDD 00142
Centro Universitaacuterio Christus
ReitorJoseacute Lima de Carvalho Rocha
EdUnichristus
Diretor ExecutivoEstevatildeo Lima de Carvalho Rocha
Conselho EditorialCarla Monique Lopes Mouratildeo
Edson Lopes da PonteElnivan Moreira de Souza
Fayga Silveira BedecircFrancisco Artur Forte Oliveira
Marcos KubruslyMaria Bernadette Frota Amora Silva
Reacutegis Barroso Silva
COLABORADORES (DOCENTES)
Antocircnio Brazil Viana JuniorPossui graduaccedilatildeo em Estatiacutestica pela Universidade Federal do Cearaacute (2001-
2005) poacutes-graduaccedilatildeoMBA em Gestatildeo Puacuteblica (2013-2014) pela Universidade Estaacutecio de Saacute e mestrado em Pesquisa Cliacutenica pelo Hospital de Cliacutenicas de Porto AlegreUniversidade Federal do Rio Grande do Sul Atualmente eacute estatiacutestico da Gerecircncia de Ensino e Pesquisa e estatiacutestico do Nuacutecleo de Apoio ao Pesquisador da Unidade de Pesquisa Cliacutenica do Complexo de Hospitais Universitaacuterios da UFCEBSERH Tem experiecircncia na aacuterea de Probabilidade e Estatiacutestica com ecircnfase em Bioestatiacutestica
Clarisse Mouratildeo Melo PontePossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute - UFC
(2002) residecircncia em Cliacutenica Meacutedica (2003 - 2005) e em Endocrinologia pela UFC (2005 - 2007) Tem Tiacutetulo de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2008) mestrado em Sauacutede Puacuteblica pela UFC (2010) e doutorado em Ciecircncias Meacutedicas pela UFC (2016) Atua como meacutedica pesquisadora do Instituto Cearense de Endocrinologia do Grupo Brasileiro para o Estudo de Lipodistrofias Herdadas e Adquiridas (BrazLipo) e do Grupo ENDOCRINOR no Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute Professora da Faculdade de Medicina UNICHRISTUS
Maria Helane Costa GurgelPossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2003)
poacutes-graduaccedilatildeo em cliacutenica meacutedica e endocrinologia pela Universidade Federal do Cearaacute (2008) mestra em Farmacologia pela Universidade Federal do Cearaacute (2010) e Doutora em Ciecircncias Meacutedicas pela Universidade do estado de Satildeo Paulo (USP -2015) Tiacutetulo de especialista em endocrinologia e Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Professora da Faculdade de Medicina Christus Endocrinologista da Unidade de Cardiometabolismo do Hospital do Coraccedilatildeo e Pulmatildeo de Messejana da SESA Meacutedica pesquisadora do Instituto Cearense de Endocrinologia e do grupo de pesquisa em diabetes e metabolismo do hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da UFC Diretora Meacutedica do laboratoacuterio LabPasteur-DASA
Maacutercia Maria Pinheiro DantasPossui graduaccedilatildeo em Fisioterapia pela Universidade de Fortaleza (1985)
Professora do curso de Fisioterapia do Centro Universitaacuterio Christus e fisioterapeuta intensivista do Instituto Dr Joseacute Frota Fortaleza CE Tem experiecircncia na aacuterea de
fisioterapia com ecircnfase em fisioterapia respiratoacuteria e hospitalar Mestra em Sauacutede da Crianccedila e do Adolescente pela Universidade Estadual do Cearaacute Coordenadora do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do Instituo Dr Joseacute Frota e Preceptora da Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede da Escola de Sauacutede Puacuteblica do Estado do Cearaacute ecircnfase em Urgecircncia e Emergecircncia
Patriacutecia Rolim Mendonccedila LocircboPossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2007)
residecircncia em Cliacutenica Meacutedica (2011) e Reumatologia (2013) pelo Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina de Ribeiratildeo Preto Universidade de Satildeo Paulo- USP e doutorado em Medicina (Cliacutenica Meacutedica) pela USP (2018) Especialista em Reumatologia pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (2013) Atualmente professora adjunta da graduaccedilatildeo do curso de Medicina da Universidade Federal do Cearaacute (2018-atual) e meacutedica assistente no Instituto Dr Joseacute Frota (2016-atual)
Laura da Silva Giratildeo LopesMeacutedica graduada pela Universidade Federal do Cearaacute (1998-2003)
complementando sua formaccedilatildeo profissional com residecircncia meacutedica em Cliacutenica Meacutedica (2004-2005) realizaccedilatildeo de mais um ano complementar em cliacutenica Meacutedica (R3 em Cliacutenica Meacutedica) e residecircncia meacutedica em Endocrinologia e Metabologia (PUC-SP) concluiacuteda em 2009 Doutorado em Ciecircncias concluiacutedo em 2014 pela Universidade de Satildeo Paulo na aacuterea de Metabolismo Oacutesseo e Diabetes Atua como professora da graduaccedilatildeo da faculdade de Medicina do Centro Universitaacuterio Unichristus desenvolvendo projetos relacionados aos temas Educaccedilatildeo Meacutedica e Endocrinologia Cliacutenica incluindo orientaccedilatildeo de monitoria em Endocrinologia de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica e da Liga de Endocrinologia e Metabologia (LEME)
Lilian Loureiro Albuquerque CavalcantePossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2005)
Realizou residecircncia em Cliacutenica meacutedica (2007-2009) e residecircncia em Endocrinologia e Metabologia (2010-2012) no Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio - Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Tem Tiacutetulo de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2013) Mestrado em Ciecircncias Cliacutenico-Ciruacutergicas pela UFC Poacutes-graduaccedilatildeo em Nutrolgia pela Associaccedilatildeo Brasileira de Nutrologia em 2016 (ABRAN) Endocrinologista da Empresa Diagnoacutestico das Ameacutericas (DASA) desde 2015 Meacutedica do Instituto Dr Joseacute Frota desde 2016 Professora do curso de medicina da Faculdade Christus desde 2018 Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (Biecircnio 2018-19)
COLABORADORES (DISCENTES)
Elias Silveira de Brito - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Eacuterika Suyane Freire Silva - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Juliana Ferreira Paraacute - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Matheus Mendonccedila Leal Janja - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Roberta Lopes Ribeiro - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
Taynara Falkenstins Gois Mendes - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Veyda Lourdes Ferreira Martins - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Victor Gomes Pitombeira - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Victor Hugo Lima Jacinto - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
Victoacuteria Costa Lima - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Wellison Gil Magalhatildees de Almeida - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
PREFAacuteCIO
A produccedilatildeo acadecircmica eacute importante para a formaccedilatildeo dos estudantes tendo em vista que com a praacutetica da redaccedilatildeo cientiacutefica os alunos passam a organizar pensamentos e decodificaacute-los por meio de palavras Esse conteuacutedo acaba natildeo sendo de acesso exclusivo do autor mas servindo de base conceitual para outros estudantes Dessa forma os trabalhos acadecircmicos satildeo responsaacuteveis pela formaccedilatildeo em excelecircncia do profissional que atua nessa aacuterea
No universo acadecircmico fazer ciecircncia eacute importante para todos pois eacute por meio dela que se descobrem e se formulam novas teorias que aliadas a um meacutetodo adequado representam uma nova forma de pensar e de se chegar agrave natureza dos problemas seja para estudaacute-los seja para explicaacute-los
Eacute por isso que somente com base em meacutetodos e teacutecnicas adequadas o estudante deveraacute obter condiccedilotildees de identificar problemaacuteticas e buscar soluccedilotildees Assim a atividade e o pensamento cientiacutefico satildeo antes de tudo o resultado da atitude dos seres humanos diante do mundo que os cerca
Dessa forma fica o questionamento como desenvolver nos estudantes competecircncias e habilidades que possibilitem habilitaacute-los agrave praacutetica da produccedilatildeo acadecircmica dentro dos padrotildees atuais Esse eacute um dos desafios para alcanccedilar a excelecircncia na pesquisa cientiacutefica e assim gerar conhecimento
Nesse cenaacuterio o livro MANUAL PRAacuteTICO PARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA surge como mais uma ferramenta para auxiliar no aperfeiccediloamento dos estudantes A obra eacute fruto da experiecircncia didaacutetica e da competecircncia de um conjunto de professores atuantes na aacuterea e tambeacutem da iniciativa da professora Clarisse Mouratildeo Melo Ponte responsaacutevel por sua estruturaccedilatildeo
A obra de forma clara concisa e objetiva estaacute dividida em duas partes uma delas explorando a execuccedilatildeo da redaccedilatildeo cientiacutefica e a outra contemplando a preparaccedilatildeo para esse processo Seguindo essas orientaccedilotildees os alunos certamente conseguiratildeo agregar contribuiccedilotildees relevantes agrave ciecircncia Dessa forma toda a comunidade acadecircmica ganha no processo tendo em vista que os resultados seratildeo o alicerce para a construccedilatildeo de novos conhecimentos
Marcos Kubrusly
Aos meus filhosFelipe Henrique e Vinicius
APRESENTACcedilAtildeO
Ao longo da formaccedilatildeo dos estudantes de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo eles se deparam diante do grande desafio da elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa artigos resumos relatoacuterios trabalhos de conclusatildeo de curso entre outras produccedilotildees que demandam o entendimento sobre o conhecimento cientiacutefico aleacutem das habilidades em escrita
Assim partindo dessa premissa a proposta inicial para a elaboraccedilatildeo deste manual voltado para jovens pesquisadores partiu do interesse de um grupo de estudos composto por estudantes de graduaccedilatildeo e professores do Curso de Medicina do Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus cuja funccedilatildeo era ser um ldquoberccedilordquo para a geraccedilatildeo de projetos de pesquisa a serem elaborados e encaminhados para os editais de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica da referida Instituiccedilatildeo
Agrave eacutepoca em meados de 2018 esses estudantes reuniam-se quinzenalmente a fim de discutir possiacuteveis projetos e produccedilotildees teacutecnicas No entanto nesses encontros inuacutemeras dificuldades atuavam como barreiras para um melhor desempenho do grupo pouco domiacutenio sobre conceitos baacutesicos relacionados agrave realizaccedilatildeo de uma pesquisa cientiacutefica falta de habilidade para a escrita falta de tempo dos estudantes e dos proacuteprios orientadores para se dedicarem agraves inuacutemeras atividades curriculares e extracurriculares entre outras
Todas essas questotildees nos evidenciaram um dos muitos paradoxos atualmente existentes em nosso meio acadecircmico a cobranccedila que existe sobre o aluno de graduaccedilatildeo para uma participaccedilatildeo efetiva em atividades de extensatildeo e pesquisa visando agrave melhoria de seus curriacuteculos e suas chances de aprovaccedilatildeo em concursos de residecircncia ou outros versus a pouca capacitaccedilatildeo oferecida a esses alunos para que produzam conteuacutedo relevante ao contexto no qual estatildeo imersos
Desse modo temos um ciclo no qual o aluno se obriga a produzir sem que esteja adequadamente qualificado para tal resultando em trabalhos que natildeo satildeo modificadores ou impactantes dentro de sua realidade Agraves vezes a funccedilatildeo se resume a atender a uma exigecircncia para sua formaccedilatildeo ou melhorar os curriacuteculos pessoais No entanto embora essas sejam motivaccedilotildees vaacutelidas elas natildeo devem ser as mais importantes mas prossigamos pois esse eacute um tema para um debate mais amplo que foge ao escopo deste manual
Parece-nos que atuar como um facilitador nesse processo e ao mesmo tempo pontuar para o aluno o significado e a relevacircncia da pesquisa enquanto condiccedilatildeo sine qua non para o desenvolvimento cientiacutefico eacute uma maneira de ldquoquebrarrdquo esse ciclo Assim a pequena contribuiccedilatildeo deste manual elaborado por estudantes de graduaccedilatildeo e revisado por diferentes orientadores eacute trazer um pouco dessa reflexatildeo para o jovem pesquisador
Para isso dividimos este manual em duas partes na primeira abordamos temas essenciais para a elaboraccedilatildeo de uma produccedilatildeo cientiacutefica tentando elucidar como pocircr ldquoa matildeo na massardquo e iniciar a escrita propriamente dita Buscamos escrever esses capiacutetulos de forma clara e acessiacutevel trabalhando com exemplos fluxogramas links e outras ferramentas Na segunda parte do manual pontuamos alguns temas que podem ser considerados como alicerces de uma boa produccedilatildeo acadecircmica como revisatildeo de literatura escrita acadecircmica traduccedilatildeo para o inglecircs noccedilotildees de estatiacutestica eacutetica na ciecircncia curriacuteculo Lattes e uso da tecnologia para a produccedilatildeo acadecircmica
Por meio deste manual esperamos facilitar a aquisiccedilatildeo de conhecimentos sobre pesquisa auxiliando no desenvolvimento de uma consciecircncia cientiacutefica e no desenvolvimento de habilidades como a da escrita que permitam ao jovem aluno aventurar-se nesse meio desafiador com maior seguranccedila e quiccedilaacute minimizar o desgaste tatildeo frequente que os assola durante essa jornada Por fim nosso objetivo eacute tentar demonstrar que com estudo teacutecnica e treino o processo da produccedilatildeo cientiacutefica e da redaccedilatildeo em si pode ser prazeroso resultando em produccedilotildees de qualidade e relevacircncia
Os autores
SUMAacuteRIO1 A ESCOLHA DO TEMA 17
2 A INTRODUCcedilAtildeO DE UM TRABALHO ACADEcircMICO 25
3 OBJETIVOS GERAL E ESPECIacuteFICOS 33
4 MEacuteTODOS 37
5 RESULTADOS 49
6 ESCREVENDO A DISCUSSAtildeO E A CONCLUSAtildeO 59
7 COMO DEFINIR O TIacuteTULO 67
8 COMO REDIGIR O RESUMO 71
9 CRONOGRAMA E ORCcedilAMENTO 79
10 APEcircNDICES E ANEXOS 89
11 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 93
12 COMO REALIZAR UMA BOA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 101
13 A REDACcedilAtildeO ACADEcircMICA DICAS PARA UMA BOA ESCRITA 109
14 TRADUCcedilAtildeO DE TRABALHOS ACADEcircMICOS PARA O INGLEcircS 117
15 NOCcedilOtildeES BAacuteSICAS DE ESTATIacuteSTICA 125
16 EacuteTICA NA CIEcircNCIA CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE AUTORIA PLAacuteGIO ACADEcircMICO E TRABALHO EM EQUIPE 137
17 ASPECTOS EacuteTICOS DAS PESQUISAS COM SERES HUMANOS 147
18 COMO CRIAR O SEU CURRIacuteCULO NA PLATAFORMA LATTES 157
19 COMO UTILIZAR A TECNOLOGIA A FAVOR DA PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA 165
17
1A ESCOLHA DO TEMA
Veyda Lourdes Ferreira MartinsMaria Helane Costa Gurgel
ldquoA mente que abre uma nova janela jamais volta ao seu tamanho originalrdquo
Albert Einstein
A escolha adequada de um tema interessante para o pesquisador eacute o ponto de partida para o sucesso de uma produccedilatildeo acadecircmica Embora pareccedila ser uma tarefa faacutecil geralmente os jovens pesquisadores encontram muita dificuldade para a delimitaccedilatildeo de um tema entre as inuacutemeras possibilidades A ideia para um tema de pesquisa pode surgir por meio de diferentes fontes como as experiecircncias individuais a leitura de livros e artigos a observaccedilatildeo de acontecimentos e fatos a participaccedilatildeo em aulas seminaacuterios e congressos bem como a reflexatildeo criacutetica do proacuteprio aluno Assim tal escolha demanda poder de decisatildeo e foco
Eacute a partir da definiccedilatildeo do tema da pesquisa que a elaboraccedilatildeo do projeto seraacute iniciada e quando o assunto a ser estudado eacute familiar ou faz parte das aacutereas de interesse do pesquisador torna-se muito mais faacutecil manter-se motivado para ler a literatura existente sobre a temaacutetica ter curiosidade para pesquisar novidades da aacuterea e redigir um texto (MATIAS-PEREIRA 2012) Aleacutem disso se o aluno tem propriedade sobre o tema a investigaccedilatildeo cientiacutefica provavelmente seraacute de maior relevacircncia pois o pesquisador teraacute maior capacidade para elaborar questionamentos relevantes e ineacuteditos O aluno deve lembrar-se de que a temaacutetica escolhida o acompanharaacute por longos meses portanto recomenda-se de fato uma afinidade com o tema escolhido (CAVALCANTI amp FONTENELE 2015)
Geralmente essa escolha tambeacutem dependeraacute do orientador e das fontes de financiamento nas diferentes linhas de pesquisa Para conciliar essa realidade com os interesses do jovem pesquisador eacute recomendado que ele se informe acerca de quais satildeo os professores que fazem pesquisa na instituiccedilatildeo de ensino e em quais temas eles estatildeo dispostos a investir Sabendo disso o aluno poderaacute procurar aquele que mais se aproxima de suas preferecircncias ou mesmo decidir pesquisar sobre algum dos diferentes temas disponiacuteveis o qual ele natildeo tenha tido ainda a oportunidade de conhecer
18 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Adicionalmente a produccedilatildeo cientiacutefica para o jovem pesquisador deve ser acessiacutevel pois sua execuccedilatildeo depende de tempo e orccedilamento do pesquisador Portanto a pesquisa deve ter viabilidade ser factiacutevel Ao delimitar seu tema de pesquisa o aluno deveraacute prever as dificuldades para a realizaccedilatildeo de seu trabalho Para isso recomenda-se uma conversa com pesquisadores mais experientes para auxiliaacute-lo na visualizaccedilatildeo de possiacuteveis dificuldades para a execuccedilatildeo do projeto que ele por inexperiecircncia natildeo consegue prever
Embora possa ocorrer sempre que possiacutevel eacute desaconselhaacutevel a mudanccedila de tema durante o transcorrer da pesquisa Eacute importante que o aluno faccedila uma reflexatildeo antes de ingressar em uma pesquisa acerca de sua disponibilidade qualificaccedilatildeo e objetivos profissionais a fim de que possa realizar um bom trabalho que agregue valor significativo para sua carreira e experiecircncia
As seguintes perguntas podem guiar os pesquisadores durante o processo de escolha do tema de uma pesquisa (quadro 11)
Quadro 11 mdash Perguntas-chave que podem ajudar na escolha do tema de pesquisa (Adaptado de CAVALCANTI amp FONTENELE 2015)
bull A pesquisa bibliograacutefica eacute do interesse do pesquisadorbull Quem vai se interessar pelo artigobull Vai contribuir para a praacutetica profissional nessa aacutereabull Vai contribuir para o curriacuteculo acadecircmico profissional do pesquisadorbull Qual a abrangecircncia do tema Local Regional Nacional Internacionalbull Em quais congressos o trabalho poderaacute ser apresentado E em quais
revistas poderaacute ser publicado
11 ANALISANDO A VALIDADE DO TEMA DA PESQUISA
Uma maneira simples de se avaliar a validade do tema de pesquisa escolhido eacute aplicar o acrocircnimo FINER em que cada letra representa um quesito a ser atendido pelo objeto de estudo
A Escolha do Tema 19
Na figura 11 evidencia-se que um bom tema de pesquisa deve ser
Figura 11 mdash Requisitos para um bom tema de pesquisa
O tema deve ser relevante natildeo soacute para o aluno mas tambeacutem para outros pesquisadores e profissionais da aacuterea Um projeto pouco relevante teraacute pouco impacto sobre a comunidade cientiacutefica bem como traraacute pouco impacto social (MEDEIROS 2016) Aleacutem disso o tema da pesquisa e os meacutetodos propostos para seu estudo devem atender aos requisitos eacuteticos para pesquisas em seres humanos conforme seraacute detalhado em capiacutetulo especiacutefico
12 DEFININDO O PROBLEMA DA PESQUISA
Toda pesquisa cientiacutefica envolve a formulaccedilatildeo de um problema e objetiva a sua soluccedilatildeo Assim apoacutes a escolha do tema o aluno deveraacute definir qual o problema de sua pesquisa Formular o problema consiste em dizer de maneira expliacutecita e compreensiacutevel qual a lacuna do conhecimento a que se pretende responder limitando o seu campo e apresentando suas caracteriacutesticas por meio do rigor do meacutetodo cientiacutefico (MARCONI amp LAKATOS 2003) Algo que ainda natildeo esteja respondido e que precise de investigaccedilatildeo portanto algo novo ainda natildeo saturado de informaccedilotildees na literatura Por isso o pesquisador deve estar atento agrave novidade e agrave significacircncia que seu o projeto traz pois investigar um problema jaacute elucidado e documentado natildeo iraacute contribuir para o avanccedilo da aacuterea
20 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ldquo() o pesquisador acabaraacute identificando uma lacuna no conhecimento ou uma diferenccedila de opiniatildeo com estudos anteriores o que lhe permitiraacute finalmente a formulaccedilatildeo de um tema preciso de pesquisa ()rdquo
Uma Introduccedilatildeo agrave Histoacuteria ndash Ciro Flamarion Cardoso 1986
Uma boa revisatildeo de literatura ajudaraacute a obter conhecimentos especiacuteficos sobre o tema proposto possibilitando uma melhor delimitaccedilatildeo do objeto de estudo Eacute durante essa fase que o pesquisador poderaacute identificar as lacunas existentes na aacuterea e assim elaborar uma pesquisa que vise preencher tais lacunas cientiacuteficas ou sociais mesmo que elas sejam relacionadas a aspectos locais ou menos abrangentes do ponto de vista espacial ou geograacutefico Na verdade o desenho do estudo eacute quem definiraacute a sua abrangecircncia se eacute local regional nacional ou internacional
Quanto mais o pesquisador estiver familiarizado com o tema com o qual ele quer trabalhar mais facilmente ele identificaraacute o problema Um trabalho concebido por meio de um problema mal formulado natildeo chegaraacute a lugar nenhum Portanto eacute crucial determinaacute-lo de forma adequada Para isso o problema de uma pesquisa deveraacute ser elaborado como pergunta e ser (GIL 2008)
bull claro e preciso que natildeo causa ambiguidade ou duacutevidas
bull empiacuterico ou seja que pode ser estudado pela observaccedilatildeo do cientista por meio de teacutecnicas e meacutetodos adequados
bull passiacutevel de soluccedilatildeo testaacutevel pelo meacutetodo cientiacutefico
bull ter uma delimitaccedilatildeo viaacutevel no tempo e no espaccedilo
A Escolha do Tema 21
No quadro 12 um exemplo de como se pode formular um problema de pesquisa
Quadro 12 mdash Exemplo de como delimitar o problema da pesquisa
Em um hospital terciaacuterio de Fortaleza observou-se que existia uma falta de registros sobre o perfil de pacientes com hiperglicemia intra-hospitalar (HIH) internados em unidades de pacientes natildeo criticamente enfermos e que natildeo havia uma padronizaccedilatildeo de condutas no manejo desses indiviacuteduos Aleacutem disso natildeo havia dados na literatura que respondessem a essas lacunas Por isso resolveu-se pesquisar sobre as caracteriacutesticas dos pacientes internados com HIH e avaliar o manejo desses pacientes em tais hospitais com o intuito de procurar estabelecer quem eram aqueles susceptiacuteveis a esse tipo de agravo conhecer como era feito o manejo e medir os indicadores de desfechos relacionados
Outra forma de determinar o problema da pesquisa eacute identificar uma pergunta condutora Por exemplo
Frequecircncia com que frequecircncia a dislipidemia ocorre
Diagnoacutestico qual a acuraacutecia dos testes utilizados para diagnosticar o hipertireoidismo
Causa que condiccedilotildees levam agrave siacutendrome de Cushing Quais satildeo as origens dessa doenccedila
Risco quais satildeo os fatores que estatildeo associados a um maior risco de desenvolver siacutendrome metaboacutelica
Prognoacutestico quais satildeo as consequecircncias de se ter hiperparatireoidismo
Tratamento como o tratamento altera o curso da nefropatia diabeacutetica
22 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
De maneira geral a definiccedilatildeo adequada do problema da pesquisa ainda seraacute uacutetil para permitir que o pesquisador escolha o delineamento do seu estudo (quadro 13)
Quadro 13 mdash Problema da pesquisa e o desenho do estudo sugerido
PROBLEMA DESENHOLevantar hipoacuteteses Seacuterie de casosFrequecircncia Transversal CoorteFatores de risco causa Caso-controle CoorteTeste diagnoacutestico TransversalTratamento Ensaio cliacutenicoPrognoacutestico Coorte
13 A ELABORACcedilAtildeO DAS HIPOacuteTESES
Uma vez delimitado o problema surgiratildeo suposiccedilotildees ou respostas provaacuteveis e provisoacuterias que poderatildeo ser testadas por meio do meacutetodo cientiacutefico o que permitiraacute que tais suposiccedilotildees ou respostas sejam validadas ou refutadas Portanto a hipoacutetese de uma pesquisa eacute a afirmaccedilatildeo positiva negativa ou condicional (ainda natildeo testada) sobre determinado problema ou fenocircmeno (MATIAS-PEREIRA 2012) Eacute uma resposta provisoacuteria e plausiacutevel para determinado problema cientiacutefico
Para a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses para estudos da aacuterea da sauacutede os pesquisadores podem-se basear em diferentes fontes (MARCONI amp LAKATOS 2003)
(1) Observaccedilatildeo uma fonte rica para a construccedilatildeo de hipoacuteteses eacute a observaccedilatildeo que se realiza dos fatos ou da correlaccedilatildeo existente entre eles
(2) Comparaccedilatildeo com outros estudos nesse caso o pesquisador baseia-se na averiguaccedilatildeo de outros estudos na perspectiva de que as conexotildees similares entre duas ou mais variaacuteveis prevaleccedilam no estudo presente
(3) Conhecimento familiar o conhecimento familiar ou as intuiccedilotildees derivadas do senso comum perante situaccedilotildees vivenciadas podem levar a correlaccedilotildees entre fenocircmenos notados e ao desejo de verificar a real correspondecircncia existente entre eles Nesse caso a experiecircncia de vida pode ser um fator colaborador
Eacute importante ressaltar que a despeito de a hipoacutetese ser comprovada ou refutada ela ainda seraacute uma fonte de conhecimentos acerca do problema estudado Tais respostas obtidas atraveacutes do meacutetodo cientiacutefico seratildeo importantes para o avanccedilo
A Escolha do Tema 23
do conhecimento naquela aacuterea
Deve ser lembrado que alguns estudos com abordagem mais exploratoacuteria natildeo possuem hipoacuteteses Eles satildeo desenvolvidos para que os pesquisadores adquiram alguma expertise sobre o objeto de estudo permitindo a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses a serem testadas posteriormente por meio de desenhos adequados Como exemplo podem-se citar alguns estudos observacionais ou seacuterie de casos que descrevem determinadas caracteriacutesticas de uma amostra ou populaccedilatildeo
Na figura 12 apresenta-se um algoritmo que tenta demonstrar o processo de produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico que poderaacute servir de guia para os jovens pesquisadores sobre como ldquopensarrdquo cientificamente
Figura 12 mdash Algoritmo sobre a produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico
Assunto principal do projeto revisatildeo eestudo do estado da arte
Lacuna no conhecimento sobre o temaescolhido
Possiacuteveis respostas plausiacuteveis eprovisoacuterias que respondam ao problema
Busca por respostas por meio do meacutetodocientiacutefico que comprovem ou refutem ahipoacutetese
Descobertas oriundas da aplicaccedilatildeo domeacutetodo cientiacutefico em busca de respostas aproblemas decorrentes de lacunas noconhecimento vigente
Tema
Problema
Hipoacutetese
Pesquisa
Conhecimentocientiacutefico
24 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015
GIL A C Formulaccedilatildeo do problema In GIL A C Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa social 6 ed Satildeo Paulo Atlas 2008 cap 4 p 33-40
MARCONI M A LAKATOS E M Fundamentos de metodologia cientiacutefica 5 ed Satildeo Paulo Atlas 2003
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B Da Pesquisa agrave Redaccedilatildeo do Artigo Cientiacutefico In MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de Artigos Cientiacuteficos Meacutetodos de Realizaccedilatildeo Seleccedilatildeo de Perioacutedicos Publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2016 cap 4 p 53-88
25
2A INTRODUCcedilAtildeO DE UM TRABALHO ACADEcircMICO
Eacuterika Suyane Freire SilvaTaynara Falkenstins Gois Mendes
Vitoacuteria Costa LimaMaria Helane Costa Gurgel
ldquoNenhum vento sopra a favor de quem natildeo sabe pra onde irrdquo
Secircneca
A introduccedilatildeo de um projeto ou artigo cientiacutefico apresenta as primeiras ideias sobre o tema da pesquisa Durante a sua elaboraccedilatildeo o autor deveraacute discorrer sobre o tema de interesse trazendo ao leitor o que jaacute existe na literatura sobre o assunto Esse conhecimento deveraacute ser oriundo de uma soacutelida revisatildeo bibliograacutefica e estudo do estado da arte ou seja o que jaacute foi evidenciado de maneira cientificamente validada ateacute o momento sobre determinado assunto (MEDEIROS 2017) Ao redigir a introduccedilatildeo o pesquisador deveraacute contextualizar o problema da pesquisa agrave sua realidade sob a luz do conhecimento cientiacutefico disponiacutevel
Este capiacutetulo visa apresentar alguns aspectos relacionados agrave redaccedilatildeo do texto introdutoacuterio de um projeto ou artigo cientiacutefico
21 REDIGINDO A INTRODUCcedilAtildeO
Um possiacutevel modo para a organizaccedilatildeo da introduccedilatildeo eacute iniciar com uma abordagem geral informando ao leitor os conceitos claacutessicos sobre o tema de interesse A partir do segundo ou terceiro paraacutegrafo as particularidades mais diretamente relacionadas ao tema da pesquisa em questatildeo podem ser apresentadas (REIZ 2013) Deve-se escrever sobre o que jaacute fora demonstrado em estudos anteriores pontuando-se as carecircncias ou lacunas de conhecimento sobre aquela aacuterea este seraacute o problema da pesquisa Nesse momento a hipoacutetese tambeacutem poderaacute ser apresentada e confrontada com a literatura vigente
Aleacutem de apresentar o tema e o problema da pesquisa aos leitores na introduccedilatildeo o autor deveraacute incluir a justificativa para a realizaccedilatildeo do seu projeto e
26 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ou publicaccedilatildeo dos seus achados apontando qual o avanccedilo teoacuterico a ser alcanccedilado eou qual o potencial impacto sobre a praacutetica profissional Para finalizar o autor poderaacute ainda redigir sobre o que pretende fazer (qual o seu objetivo) para testar a sua hipoacutetese e resolver o problema da pesquisa
Algumas perguntas poderatildeo ajudar na elaboraccedilatildeo de uma introduccedilatildeo (figura21)
Figura 21 mdash Elaborando o texto introdutoacuterio de uma produccedilatildeo acadecircmica
1 Quais os conceitos e as definiccedilotildees claacutessicas sobre o assunto escolhido (apresentaccedilatildeo geral do tema)
2 Qual o embasamento teoacuterico sobre o assunto O que jaacute existe na literatura sobre isso
3 Qual a lacuna do conhecimento ou seja o problema da pesquisa
4 Qual a sua hipoacutetese
5 Por que foi escolhido tal tema Qual a sua relevacircncia e impacto
6 O que o pesquisador pretende fazer para responder ao problema da pesquisa Qual o objetivo
O tamanho ou a extensatildeo do texto introdutoacuterio iraacute depender do tipo de produccedilatildeo a ser elaborada Em geral artigos publicados em jornais ou perioacutedicos cientiacuteficos apresentam introduccedilatildeo curta de poucos paraacutegrafos (trecircs ou quatro) tendo em vista que o foco estaacute nos meacutetodos e resultados encontrados na pesquisa Nesse caso uma sugestatildeo para a redaccedilatildeo da introduccedilatildeo poderia ser conforme abaixo (quadro 21)
Quadro 21 mdash A redaccedilatildeo da introduccedilatildeo de artigos cientiacuteficos
Paraacutegrafo(s) inicial(is) (um ou dois no maacuteximo)Apresentaccedilatildeo do tema conceitos e definiccedilotildees (breve revisatildeo da literatura)Paraacutegrafos centraisProblema da pesquisa e justificativaParaacutegrafo finalHipoacutetese e objetivo
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 27
A seguir segue um texto que ilustra a sugestatildeo apresentada na figura acima Optou-se por manter a liacutengua inglesa pois se trata de um trecho de um artigo previamente publicado pelos autores (quadro 22)
Quadro 22 mdash Exemplo de introduccedilatildeo de artigo cientiacutefico
REVISAtildeO DA LITERATURA
Congenital generalized lipodystrophy (CGL) is a rare disorder of autonomic recessive inheritance with an estimated prevalence of 110000000 live births There are approximately 500 cases described worldwide with 100 cases described in Brazil This disease is characterized by the absence of subcutaneous adipose tissue leptin deficiency deposition of ectopic fat due to impairs of the metabolic activity and storage capacity of the subcutaneous adipose tissue hypertriglyceridemia insulin resistance and a poorly controlled diabetes mellitus (DM)
In addition to metabolic disorders cardiac abnormalities have also been described in patients with CGL especially left ventricular hypertrophy (LVH) left ventricular systolic and diastolic dysfunction systemic arterial hypertension QT interval enlargement cardiac arrhythmias and atherosclerosis Some cases of hypertrophic cardiomyopathy also were previously described Among the potential mechanisms involved in the development of these cardiac changes are insulin resistance and myocardial accumulation of triglycerides
PROBLEMA DA PESQUISA
However the pathophysiology of cardiomyopathy observed in CGL is not entirely elucidated
JUSTIFICATIVA
We previously reported that CGL patients present early microvascular complications including cardiovascular autonomic neuropathy (CAN) Several studies have observed an association between CAN and myocardial dysfunction in patients with DM including LVH and diastolic dysfunction which may occur even in the absence of coronary artery disease (CAD) and hypertension
HIPOacuteTESE E OBJETIVO
These observations allow us to speculate that CAN could be a potential mechanism associated with the early development of LVH in patients exposed to severe metabolic abnormalities early in life Thus the present study aimed to evaluate the association between cardiac abnormalities and CAN parameters in CGL patients
28 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por outro lado os projetos de pesquisa ou trabalhos de conclusatildeo de curso monografias dissertaccedilotildees e teses em geral apresentam textos introdutoacuterios mais longos pois deveratildeo convencer o leitor de que tal projeto deveraacute ser aprovado em uma seleccedilatildeo ou financiado por algum edital ou ainda mostraraacute o preparo do aluno sob avaliaccedilatildeo
Nesses casos a introduccedilatildeo poderaacute ser subdividida em seccedilotildees Mais uma vez as definiccedilotildees claacutessicas e uma apresentaccedilatildeo geral sobre o tema ao iniacutecio no texto seguida do desenvolvimento das ideais secundaacuterias ao longo do texto nos paraacutegrafos seguintes poderatildeo ser uma boa estrateacutegia
Nesses casos a justificativa e a relevacircncia do projeto normalmente satildeo apresentadas agrave parte O pesquisador deveraacute deixar claro para os potenciais leitores qual a importacircncia de sua pesquisa e qual a contribuiccedilatildeo que ela conferiraacute agrave Ciecircncia Para elaborar a justificativa algumas indagaccedilotildees poderatildeo ajudar O conteuacutedo dessas respostas seratildeo a justificativa de seu projeto No quadro 23 segue um exemplo
Quadro 23 mdash Exemplo de justificativa de um projeto de pesquisa
Meu tema eacute relevante para o contexto atual da
ciecircncia
Por quecirc
A hiperglicemia e a hipoglicemia aumentam a mortalidade de pacientes internados criacuteticos e natildeo criacuteticos com ou sem DM A falta de padronizaccedilatildeo de condutas no manejo da hiperglicemia e hipoglicemia pode ter impacto sobre o desfecho dos paracircmetros relacionados ao internamento hospitalar tais como tempo de permanecircncia no hospital risco de readmissatildeo hospitalar precoce complicaccedilotildees cardiovasculares ciruacutergicas renais e infecciosas e sobre a taxa de mortalidade No entanto a despeito da sua importacircncia desconhece-se a sua epidemiologia nos principais hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute
Continua
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 29
Quadro 23 mdash Exemplo de justificativa de um projeto de pesquisa
O que jaacute existe sobre isso na literatura
Dados nacionais tambeacutem satildeo escassos Estudo realizado no HC-FMUSP em 2013 demonstrou que ateacute 25 dos pacientes internados tinham diagnoacutestico preacutevio de DM Independentemente do diagnoacutestico ou natildeo de DM aproximadamente 70 dos pacientes natildeo tiveram a glicemia capilar medida na admissatildeo Entre os pacientes com DM 30 a 45 dos pacientes natildeo tiveram a glicemia capilar medida nas primeiras 24 horas de admissatildeo e 20 a 30 natildeo tiveram a glicemia capilar aferida durante todo o periacuteodo do internamento Nos pacientes em que o monitoramento glicecircmico foi realizado este foi feito sem padronizaccedilatildeo Com relaccedilatildeo ao tratamento da HIH os consensos em controle da HIH recomendam o esquema de insulinizaccedilatildeo basal-bolus como terapia de escolha desencorajando o uso de insulina raacutepida em doses escalonadas (slinding-scale) Apesar disso o levantamento previamente citado mostrou que quase a totalidade dos pacientes teve o esquema de escalonamento de doses de insulina regular como o tratamento de escolha da HIH
Quais as potenciais vantagens e os benefiacutecios
que este estudo pode trazer
Tem sido proposto que a implementaccedilatildeo de comissotildees especiacuteficas treinadas para o controle da glicemia de pacientes internados aos moldes das comissotildees de controle de infecccedilatildeo hospitalar seja uma alternativa interessante para a padronizaccedilatildeo de condutas e prevenccedilatildeo da hiperglicemia e hipoglicemia intra-hospitalar Assim considerando-se a carecircncia de leitos em hospitais terciaacuterios e as limitaccedilotildees relacionadas aos custos com despesas em sauacutede em nosso estado estudos nessa aacuterea podem permitir um melhor entendimento e manejo dessa condiccedilatildeo de alta morbidade podendo ter impacto sobre a disponibilidade de leitos e reduccedilatildeo dos custos em sauacutede que em uacuteltima anaacutelise agregaratildeo benefiacutecios ao paciente e a todo o sistema de sauacutede
30 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
22 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apesar de parecer uma tarefa simples escrever a introduccedilatildeo de uma produccedilatildeo acadecircmica muitas vezes eacute uma grande barreira para os pesquisadores iniciantes fazendo que a redaccedilatildeo seja postergada ateacute que um suposto momento ideal ou de ldquoinspiraccedilatildeordquo sirva como pontapeacute para o iniacutecio da redaccedilatildeo propriamente dita No entanto no caso da redaccedilatildeo cientiacutefica nada seraacute mais ldquoinspiradorrdquo para a elaboraccedilatildeo de uma boa introduccedilatildeo que uma boa leitura Isso serviraacute de base para que o aluno se aproprie (tome posse) do tema de estudo pois tendo um bom referencial teoacuterico conseguido por meio de muita ldquotranspiraccedilatildeordquo ou seja estudo e leitura o processo da escrita ocorreraacute com maior naturalidade Aleacutem disso nada como o tempo e o treino
Tempo tempo mano velho falta tanto ainda eu sei Pra vocecirc correr macio
Joatildeo Daniel Uchoa (Sobre o Tempo)
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 31
REFEREcircNCIAS
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
33
3OBJETIVOS GERAL E ESPECIacuteFICOS
Taynara Falkenstins Gois MendesPatriacutecia Rolim Mendonccedila Locircbo
ldquoVocecirc natildeo escreve porque quer dizer algo Vocecirc escreve porque tem algo a dizerrdquo
(Scot Fitzgerald)
O termo objetivo significa ldquoo fim que se deseja atingir a meta que se pretende alcanccedilar ou o que eacute relativo ao objeto que eacute concreto e existe independentemente do pensamentordquo (FERREIRA 2014) No contexto acadecircmico os objetivos ldquoconstituem a finalidade de um trabalho cientiacutefico ou seja a meta que se pretende atingir a partir de uma pesquisa cientiacuteficardquo (CAVALCANTI 2015)
A elaboraccedilatildeo dos objetivos de uma pesquisa surge a partir dos questionamentos que o investigador se propotildee a desvendar e visa responder aos problemas da pesquisa identificados apoacutes uma ampla revisatildeo de estudos preacutevios sobre o tema (MEO ELDAWLATLY 2019) Essa revisatildeo da literatura tanto auxilia o pesquisador a fomentar ideias como contribui com exemplos de objetivos jaacute alcanccedilados por outros pesquisadores
Em geral podem-se dividir os objetivos em dois tipos o objetivo geral ou principal e os objetivos especiacuteficos ou secundaacuterios O objetivo geral eacute uacutenico tem um caraacuteter mais amplo e representa o eixo central da pesquisa Ele se relaciona diretamente com o problema da pesquisa e visa responder a ele Deve ser escrito em uma uacutenica frase sendo iniciado por um verbo no infinitivo (CAVALCANTI 2015)
Por sua vez os objetivos especiacuteficos tecircm caraacuteter mais delimitado e pontual Visa responder a questotildees especiacuteficas que quando analisadas em conjunto permitem responder ao objetivo geral Natildeo existe um nuacutemero limite para os objetivos especiacuteficos variando de acordo com o tipo de pesquisa No entanto independentemente do nuacutemero todos devem ser passiacuteveis de serem atingidos devendo-se explicitar os meacutetodos para o alcance de cada um deles na seccedilatildeo especiacutefica Todos os objetivos especiacuteficos devem ser respondidos ao final da pesquisa (MATIAS-PEREIRA 2012)
Assim como o objetivo geral os objetivos especiacuteficos tambeacutem satildeo expressos por meio de verbos no infinitivo como verificar conhecer analisar compreender aplicar sintetizar avaliar entre outros verbos de accedilatildeo sendo recomendado que o pesquisador domine uma grande variedade de verbos para evitar repeticcedilotildees (CAVALCANTI
34 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
2015)
Segue uma lista de verbos no infinitivo com a ideia da accedilatildeo que lhes eacute conferida e que pode auxiliar na formulaccedilatildeo dos objetivos
bull Compreensatildeo compreender deduzir demonstrar determinar diferenciar discutir explanar encontrar interpretar localizar reafirmar
bull Relato eou siacutentese apontar citar classificar definir descrever identificar relatar compor documentar especificar delinear esquematizar formular produzir propor reconhecer construir reunir resumir sintetizar
bull Construccedilatildeo aplicar desenvolver estruturar operar organizar praticar selecionar delinear traccedilar
bull Avaliaccedilatildeo ou Anaacutelise argumentar avaliar contrastar definir escolher estimar julgar medir selecionar comparar conferir criticar debater diferenciar discriminar examinar investigar provar aferir monitorar experimentar
Quando se pensa em estruturaccedilatildeo da escrita cientiacutefica eacute necessaacuterio adequar a apresentaccedilatildeo dos objetivos de acordo com o tipo de produccedilatildeo a ser elaborada Assim em artigos cientiacuteficos os objetivos costumam ser inseridos de forma sucinta no final da introduccedilatildeo Em geral podem ser vistos da seguinte maneira ldquoO objetivo do nosso estudo foirdquo ldquoNoacutes relatamosrdquo ou ldquoNoacutes revisamosrdquo (MEO ELDAWLATLY 2019 SHARMA 2019) Geralmente apenas o objetivo geral eacute apresentado No entanto por vezes alguns objetivos secundaacuterios tambeacutem podem ser incluiacutedos
Ao contraacuterio quando falamos de projetos de pesquisa e trabalhos de conclusatildeo de curso ou poacutes-graduaccedilotildees os objetivos satildeo expressos em uma seccedilatildeo especiacutefica destinada para tal sendo primeiramente apresentado o toacutepico ldquoObjetivo geralrdquo seguido dos ldquoObjetivos especiacuteficosrdquo conforme exemplificado no quadro 31
Quadro 31 mdash Exemplo de objetivos geral e especiacuteficos (dados proacuteprios)
Objetivo Geral Avaliar as caracteriacutesticas cliacutenicas e epidemioloacutegicas de pacientes idosos internados por fraturas em decorrecircncia de quedas em um hospital terciaacuterio referecircncia em trauma no estado do Cearaacute
Objetivos Especiacuteficos1 Descrever o perfil cliacutenico e epidemioloacutegico dos pacientes idosos internados com fraturas em decorrecircncia de quedas2 Identificar os fatores de risco para quedas e fraturas nesta amostra de pacientes idosos internados3 Relatar o internamento dos pacientes idosos com fraturas incluindo tratamentos cliacutenicos eou ciruacutergicos recebidos e complicaccedilotildees durante o internamento
Objetivos Geral e Especiacuteficos 35
Eacute fundamental para o jovem pesquisador saber como redigir os objetivos de suas pesquisas Esse passo eacute crucial durante a avaliaccedilatildeo de projetos de pesquisas e artigos pois os pesquisadores devem demonstrar que satildeo capazes de responder a todos os objetivos propostos no iniacutecio de seu trabalho Assim aleacutem de serem apresentados de forma clara e coerente com a justificativa e problema propostos devem permitir que o leitor consiga identificar ao final da pesquisa as respostas para todos os objetivos inicialmente estabelecidos Sendo os objetivos da pesquisa bem elaborados torna-se mais faacutecil decidir os meacutetodos que seratildeo utilizados na pesquisa e o quanto a sua realizaccedilatildeo eacute factiacutevel respeitando tempo custo e realidade envolvidos (SANTOS 2004)
36 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P PINTO J BEZERRA M Como definir melhor o objetivo geral e especiacutefico(s) In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 8 p 53-57
FERREIRA A B H Mini Aureacutelio o dicionaacuterio da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Positivo 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de Metodologia da Pesquisa Cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEO S A ELDAWLATLY A A Pathophysiology of a scientific paper Saudi J Anaesth Mumbai v 13 n 5 p S9-S11 2019 Disponiacutevel em httpwwwsaudijaorgarticleaspissn=1658-354Xyear=2019volume=13issue=5spage=9epage=11aulast=Meo Acesso em 09 abr 2020
SANTOS H H Manual Praacutetico Para Elaboraccedilatildeo de Projetos Monografia Dissertaccedilotildees e Teses na Aacuterea de Sauacutede 2 ed Joatildeo Pessoa UFPBEditora Universitaacuteria 2004
SHARMA A How to write an article an introduction to basic scientific medical writing J Min Access Surg Mumbai v 15 n 3 242-248 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed29974882 Acesso em 09 abr 2020
37
4MEacuteTODOS
Matheus Mendonccedila Leal JanjaAntocircnio Brazil Viana Junior
Patriacutecia Rolim Mendonccedila Locircbo
ldquoSe vocecirc natildeo consegue explicar de maneira simples vocecirc natildeo o entende suficientemente bemrdquo
Albert Einstein
A seccedilatildeo ldquoMeacutetodosrdquo ou ldquoSujeitos e Meacutetodosrdquo ou ainda ldquoMateriais e Meacutetodosrdquo corresponde agrave parte do trabalho que demonstra como a pesquisa foi planejada e conduzida sendo uma das seccedilotildees mais importantes de uma produccedilatildeo cientiacutefica na qual a excelecircncia do artigo eacute fundamentada (MEO ELDAWLATLY 2019) Os meacutetodos respondem a questotildees que satildeo capazes de fazer o leitor entender ldquoo que foi feito onde foi feito e como foi feitordquo (MEO ELDAWLATLY 2019) Deve-se evitar a terminologia ldquoMetodologiardquo que significa ldquoo estudo dos meacutetodosrdquo portanto termo natildeo adequado para descrever tal seccedilatildeo
O termo ldquoMateriaisrdquo se refere aos elementos por exemplo instrumentos equipamentos e tratamentos empregados no estudo para a obtenccedilatildeo dos dados O termo ldquoSujeitosrdquo se refere agrave populaccedilatildeo do estudo Por sua vez o termo ldquoMeacutetodosrdquo faz referecircncia agrave forma como os materiais e os sujeitos foram utilizados dentro da pesquisa (MOORE 2006)
Eacute fundamental que os meacutetodos da pesquisa sejam planejados adequadamente antes do iniacutecio de um estudo a fim de evitar vieses durante a coleta e anaacutelise dos dados o que poderia implicar o empobrecimento dos resultados A confiabilidade e reprodutibilidade dos resultados obtidos durante um estudo dependem dos meacutetodos empregados e portanto estes devem ser descritos de forma clara e detalhada Quando bem aplicados os meacutetodos da pesquisa sustentam e datildeo credibilidade agraves conclusotildees do estudo
No caso de estudos experimentais nos quais o pesquisador natildeo estaacute plenamente familiarizado com o meacutetodo a ser aplicado um estudo piloto pode ser elaborado com o objetivo de avaliar a viabilidade do experimento antes da coleta definitiva dos dados
Para a redaccedilatildeo dessa seccedilatildeo recomenda-se que a descriccedilatildeo dos meacutetodos da
38 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
pesquisa siga uma estrutura baacutesica (quadro 41) como sugerido por Sa (2019)
Quadro 41 mdash Toacutepicos para elaboraccedilatildeo e apresentaccedilatildeo da seccedilatildeo ldquoMeacutetodosrdquo em produccedilotildees cientiacuteficas
Desenho da pesquisa Apresentaccedilatildeo do desenho e das caracteriacutesticas do estudo (local tempo)
Populaccedilatildeo do estudoCaracterizaccedilatildeo da amostra Tamanho e caacutelculo amostralCriteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo
Coleta de dadosInstrumentos de coleta questionaacuterios etcMateriais equipamentos e experimentosDiscriminaccedilatildeo das variaacuteveis estudadas
Anaacutelise dos dadosOrganizaccedilatildeo e tabulaccedilatildeo dos dadosTratamento e testes estatiacutesticos utilizadosPrograma(s) utilizados para tabulaccedilatildeo e anaacutelise
Aspectos eacuteticos Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
Fonte Adaptado de Sa (2019)
41 DESENHOS DE PESQUISA
Nesse toacutepico os pesquisadores devem informar qual o delineamento ou o tipo de estudo utilizado Os estudos podem ser classificados com base em diversos criteacuterios sendo comumente divididos em estudos observacionais e experimentais (BLOCH amp COUTINHO 2004)
Estudos observacionais os sujeitos satildeo apenas observados e natildeo satildeo submetidos a intervenccedilotildees Esses estudos podem ser analiacuteticos e descritivos (GREENHALGH 2013)
a Descritivos satildeo estudos que se limitam a descrever a ocorrecircncia de uma doenccedila em uma populaccedilatildeo eles podem ser divididos em
i Relato de caso descriccedilatildeo detalhada de um caso cliacutenico contendo caracteriacutesticas importantes sobre sinais sintomas e outras caracteriacutesticas do paciente relatando os procedimentos terapecircuticos utilizados bem como o desfecho do caso
ii Seacuterie de casos tem o mesmo objetivo do relato de caso apresentando um
Meacutetodos 39
nuacutemero maior de participantes Consiste em uma compilaccedilatildeo de relatos de casos
b Analiacuteticos satildeo estudos que abordam as relaccedilotildees entre o estado de sauacutede e outras variaacuteveis presentes em uma populaccedilatildeo Costumam avaliar os fatores de risco associados a uma doenccedila Podem ser divididos em
i Estudo transversal tambeacutem denominados estudos seccionais ou de prevalecircncia satildeo caracterizados pela observaccedilatildeo direta de uma quantidade planejada de indiviacuteduos (amostra) selecionados aleatoriamente em uma uacutenica ocasiatildeo Nesses estudos a observaccedilatildeo da existecircncia de associaccedilatildeo entre as possiacuteveis variaacuteveis preditoras e o desfecho eacute feita em um uacutenico momento Eacute uma espeacutecie de fotografia de uma determinada situaccedilatildeo na qual eacute realizado um levantamento de dados sobre uma condiccedilatildeo atual ou do passado como ocorre na revisatildeo de dados de prontuaacuterios Tais estudos satildeo uacuteteis para descrever as caracteriacutesticas de determinada populaccedilatildeo determinar a prevalecircncia e avaliar associaccedilotildees entre variaacuteveis sem permitir contudo estabelecer relaccedilotildees de causalidade Tem como principais vantagens o baixo custo e a rapidez (KLEIN amp BLOCH 2004)
As principais medidas calculadas pelos estudos transversais satildeo a TAXA DE PREVALEcircNCIA dada pela divisatildeo entre o nuacutemero de indiviacuteduos com o evento de interesse (comorbidade doenccedila etc) e a populaccedilatildeo sob risco de apresentar o evento de interesse em determinado tempo e a RAZAtildeO DE PREVALEcircNCIA (RP) dada pelo quociente do nuacutemero de evento em expostos e natildeo expostosExemplo ldquoQual a prevalecircncia de fraturas de colo do fecircmur em homens idosos atendidos em um hospital terciaacuteriordquo
Fratura
SIM
Fratura
NAtildeOTOTAL
Queda SIM 20 30 50Queda NAtildeO 10 40 50TOTAL 30 70 100
TAXA DE PREVALEcircNCIA 30100 = 30 ou seja de cada 100 homens idosos atendidos nesse periacuteodo e local 30 casos satildeo de fraturas de colo de fecircmur
RP 20 10 = 20 ou seja fratura de colo de fecircmur em homens idosos eacute DUAS vezes mais prevalente entre aqueles que sofreram queda (existe associaccedilatildeo entre quedas e fraturas nessa populaccedilatildeo poreacutem natildeo se pode
40 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
afirmar que haacute causalidade)
Obs deve-se ainda calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute a unidade e o valor de p seraacute gt 005
ii Estudo caso-controle compara uma determinada exposiccedilatildeo em um grupo de sujeitos que possuem a condiccedilatildeo de interesse (doenccedila caso) com um grupo de sujeitos que natildeo apresentam tal condiccedilatildeo (controle) Nesses estudos os controles devem ser vistos como uma amostra da populaccedilatildeo que originou os casos Como o seu desenho eacute retrospectivo os estudos caso-controle satildeo preferiacuteveis para condiccedilotildees ou doenccedilas raras nas quais a seleccedilatildeo dos participantes partiraacute de casos previamente identificados Esses estudos permitem avaliar a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis de exposiccedilatildeo (exposto ou natildeo exposto) e o desfecho (casodoente ou controlesadio)
A principal medida de associaccedilatildeo calculada em estudos caso-controle eacute a RAZAtildeO DE CHANCES ou ODDS-RATIO (OR) Um odds ratio de com valor igual a 1 significa que a chance de apresentar o desfecho eacute a mesma entre expostos e natildeo expostos Um odds ratio acima de 1 significa que a chance de apresentar o desfecho eacute maior entre os expostos O valor de OR menor que 1 revela que a exposiccedilatildeo eacute um fator de proteccedilatildeo para o desfecho Segue um exemplo de questatildeo cliacutenica que pode ser abordada por esse tipo de estudo ldquoO uso de alpargatas (exposiccedilatildeorisco) estaacute associado a maior risco de fraturas em idosos (desfechodoenccedila)rdquo
FraturaSIM
FraturaNAtildeO
Uso de alpargatas SIM 20 30Uso de alpargatas NAtildeO 10 40
OR = (20 x 40) (10 x 30) OR = 266 ou seja o uso de alpargatas aumenta em 26 vezes a chance de fratura em idosos Obs Deve-se tambeacutem calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute o ldquozerordquo e o valor de p seraacute gt 005
iii Estudo de coorte trata-se de um estudo longitudinal que avalia os participantes ao longo do tempo permitindo avaliar a incidecircncia das doenccedilas ou de outros desfechos de interesse sendo uacutetil para se avaliar os fatores de riscos para tais condiccedilotildees Nesse tipo de estudo dois ou mais
Meacutetodos 41
grupos de pessoas satildeo selecionados com base nas diferenccedilas em sua exposiccedilatildeo a um agente especiacutefico e satildeo acompanhados para observar quantos apresentaratildeo o desfecho em questatildeo Satildeo uacuteteis para avaliaccedilatildeo da histoacuteria natural das doenccedilas etiologia prognoacutestico intervenccedilotildees terapecircuticas e sobrevida A coorte pode ser prospectiva quando se inicia no presente e os sujeitos satildeo seguidos a partir desse momento (o desfecho ainda natildeo ocorreu e a exposiccedilatildeo pode ou natildeo ter ocorrido) ou retrospectiva quando se examinam dados e amostras coletados no passado (exposiccedilatildeo ocorreu antes do iniacutecio do estudo) Os principais indicadores dos estudos de coorte satildeo as TAXAS DE INCIDEcircNCIA e o RISCO RELATIVO (RR) (COELI amp FAERSTEIN 2004)
Exemplo de questatildeo cliacutenica que pode ser abordada por esse tipo de estudo ldquoQual a incidecircncia de fraturas por fragilidade em idosos que praticam exerciacutecios resistidos acompanhados pelo periacuteodo de cinco anos A praacutetica de exerciacutecios fiacutesicos resistidos protegeu contra fraturas por fragilidaderdquo
Fratura SIM
Fratura NAtildeO
TOTAL
Exerciacutecio fiacutesico SIM 10 30 40Exerciacutecio fiacutesico NAtildeO 20 40 60TOTAL 30 70 100
TAXA DE INCIDEcircNCIA ACUMULADA 30100 = 30
RR = (1040) (2060) RR = 075 ou seja o risco de fratura por fragilidade foi menor no grupo que praticou exerciacutecio fiacutesico resistido (fator de proteccedilatildeo) Nesse caso pode-se calcular a reduccedilatildeo do risco relativo (RRR) = 25 (ou seja 1 ndash RR = 1 ndash 075 = 025)
Se o RR fosse maior que 1 por exemplo RR = 25 poder-se-ia afirmar que o risco de fratura seria 25 vezes maior no grupo que praticou exerciacutecio (fator de risco)
Obs Da mesma maneira que nos demais estudos deve-se calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute a unidade e o valor de p seraacute gt 005
iv Estudo ecoloacutegico compara grupos de indiviacuteduos ou comunidades Nesses estudos a unidade de observaccedilatildeo e anaacutelise eacute uma populaccedilatildeo ou um grupo de pessoas que pertencem a uma aacuterea geograacutefica definida Por exemplo comparaccedilatildeo entre determinada exposiccedilatildeo e as taxas de uma doenccedila de interesse em uma seacuterie de populaccedilotildees de diferentes paiacuteses Em geral
42 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
satildeo mais baratos e raacutepidos que estudos que avaliam indiviacuteduos e se prestam a avaliar como os contextos sociais e ambientais influenciam a sauacutede dos grupos populacionais Satildeo indicados para gerar e testar hipoacuteteses etioloacutegicas a respeito da ocorrecircncia de uma doenccedila e avaliar a efetividade de intervenccedilotildees em uma populaccedilatildeo (MEDRONHO 2004)
Estudos experimentais satildeo estudos em que os pesquisadores manipulam o fator de exposiccedilatildeo ou seja realizam intervenccedilotildees profilaacuteticas ou terapecircuticas sobre os participantes e analisam os seus efeitos (GREENHALGH 2013) Podem ser divididos em
a Ensaios cliacutenicos randomizados Um ensaio cliacutenico randomizado eacute um estudo prospectivo em humanos comparando o efeito e o valor de uma intervenccedilatildeo contra um controle A alocaccedilatildeo dos participantes no grupo que receberaacute a intervenccedilatildeo ou no grupo controle eacute feita de forma aleatoacuteria ou seja randomizada Idealmente os ensaios cliacutenicos devem ser controlados por placebo podendo ser abertos ou blindados (cegos) ndash em que simples-cego (o participante desconhece se foi exposto agrave intervenccedilatildeodroga ou placebo) e duplo-cego (participante e pesquisador desconhecem o grupo exposto agrave intervenccedilatildeo ou placebo) Os ensaios cliacutenicos randomizados duplo-cegos controlados por placebo satildeo considerados como estudos de escolha para avaliar a eficaacutecia de drogas ou outras intervenccedilotildees
Exemplo de questatildeo cliacutenica que deve ser abordada por esse tipo de estudo ldquoOs bisfosfonatos reduzem o risco de nova fratura por fragilidaderdquo ldquoO uso de liraglutida reduz o risco cardiovascular em indiviacuteduos diabeacuteticosrdquo
b Ensaio comunitaacuterio satildeo avaliadas e comparadas intervenccedilotildees feitas em comunidades Podem ser de profilaxia ou tratamento
Aqui apresentamos brevemente algumas caracteriacutesticas dos diferentes tipos de estudos a fim de que os jovens pesquisadores se familiarizem com os conceitos baacutesicos a respeito desse amplo tema pois natildeo haacute como redigir bem sem conhecer minimamente tais conceitos Recomenda-se uma leitura mais aprofundada em Rouquayrol (2013) e Medronho (2004)
Meacutetodos 43
42 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO
A caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo do estudo eacute fundamental para permitir que os leitores avaliem para qual(is) puacuteblico(s) os resultados de determinada pesquisa poderatildeo ser extrapolados Assim escolher a populaccedilatildeo ou amostra de uma pesquisa de forma adequada visa evitar vieses que comprometam a validade e aplicabilidade de seus resultados para a ldquopopulaccedilatildeo de interesserdquo
Inicialmente deve-se definir se a populaccedilatildeo seraacute representada por um censo ou uma amostra Censo eacute o exame de todos os elementos de uma populaccedilatildeo ou universo Jaacute a amostra eacute uma parte do universo ou populaccedilatildeo escolhida de modo a representar o grupo inteiro da forma mais fidedigna possiacutevel (ROUQUAYROL 2013)
O censo eacute a representaccedilatildeo perfeita da populaccedilatildeo No entanto utilizar o censo eacute mais dispendioso do ponto de vista financeiro e de tempo sendo difiacutecil de ser realizado Deve ser reservado para populaccedilotildees pequenas ou quando se necessita de uma precisatildeo completa dos dados Assim a utilizaccedilatildeo de amostras que representem a populaccedilatildeo apresenta vantagens sobre o censo sendo a amostragem um meacutetodo bastante utilizado nas pesquisas cientiacuteficas (PINHEIRO JUNIOR 2015)
Para que a amostra represente a populaccedilatildeo do estudo ela deveraacute ser calculada adequadamente A depender do tipo de estudo diferentes caacutelculos de tamanho amostral satildeo indicados Existem ferramentas disponiacuteveis on-line que auxiliam na determinaccedilatildeo do tamanho da amostra Como exemplo cita-se httpclincalccomstatssamplesizeaspx
Depois da definiccedilatildeo de seu tamanho eacute importante informar como a amostra seraacute recrutada Recomenda-se que a seleccedilatildeo dos participantes ocorra de maneira aleatoacuteria para natildeo favorecer sua inclusatildeo com caracteriacutesticas individuais que promovam vieses sobre os resultados (GREENHALGH2013) Para minimizar tais vieses de seleccedilatildeo os participantes do estudo deveratildeo ser selecionados por meio de criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo preacute-estabelecidos que deveratildeo ser descritos e apresentados aos leitores
Os criteacuterios de inclusatildeo informam caracteriacutesticas da populaccedilatildeo-alvo que satildeo de interesse para o estudo Esses criteacuterios servem ainda para deixar a populaccedilatildeo mais homogecircnea Os criteacuterios de exclusatildeo por sua vez se referem aos participantes que possuem caracteriacutesticas que podem confundir ou enviesar os dados distorcendo os resultados e portanto natildeo deveratildeo participar do estudo (LUNA 1998 apud PINHEIRO JUNIOR 2015)
Deve-se lembrar de que soacute poderatildeo ser excluiacutedos indiviacuteduos que atenderam aos criteacuterios de inclusatildeo do estudo Comumente os pesquisadores discriminam de maneira inadequada como criteacuterios de exclusatildeo caracteriacutesticas que natildeo estatildeo presentes na amostra selecionada exatamente por natildeo preencherem os criteacuterios de inclusatildeo para o estudo Exemplo
44 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull criteacuterios de inclusatildeo
Seratildeo incluiacutedos indiviacuteduos com mais de 18 anos de ambos os sexos com diagnoacutestico de diabetes mellitus tipo 2
bull criteacuterios de exclusatildeo
Seratildeo excluiacutedos indiviacuteduos com menos de 18 anos de ambos os sexos sem diagnoacutestico de diabetes mellitus tipo 2
43 COLETA DE DADOS
Nessa etapa devem ser descritas todas as informaccedilotildees relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos dados da pesquisa A depender do delineamento do estudo podem-se utilizar entrevistas estruturadas exame fiacutesico questionaacuterios revisotildees de prontuaacuterio revisotildees de outros estudos observaccedilotildees experimentos etc Os pesquisadores devem informar a origem dos instrumentos de coleta se satildeo de autoria proacutepria ou natildeo Em se tratando de questionaacuterios ou escalas padronizadas eacute necessaacuterio informar se eles foram previamente validados para a populaccedilatildeo a ser estudada (PINHEIRO JUNIOR 2015)
No caso da elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa ou trabalhos de conclusatildeo de curso os questionaacuterios ou outros instrumentos de coleta devem ser apresentados na iacutentegra como elementos poacutes-textuais ndash ldquoApecircndicesrdquo Isso eacute importante tanto para que a comissatildeo avaliadora do projeto e os membros do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa possam analisar tais instrumentos No caso de artigos cientiacuteficos na maioria das vezes isso natildeo eacute necessaacuterio e os instrumentos devem apenas ser referenciados caso natildeo sejam de autoria proacutepria
Ao se utilizar materiais deve-se descrever a marca o modelo o nome e a origem do fabricante dos equipamentos bem como o nome cientiacutefico o fabricante a dosagem e o meacutetodo de administraccedilatildeo dos medicamentos No caso de aparelhos ou teacutecnicas incomuns sugere-se incluir imagens para facilitar a compreensatildeo do leitor
Outro ponto a destacar eacute a natureza dos dados coletados se satildeo primaacuterios ou secundaacuterios Dados primaacuterios satildeo aqueles obtidos pelos proacuteprios pesquisadores Por outro lado dados secundaacuterios satildeo aqueles provenientes de outras fontes como banco de dados prontuaacuterios etc Ambos os tipos de dados apresentam vantagens e desvantagens e o tipo de estudo eacute que determinaraacute quais deles seratildeo mais adequados para a pesquisa
Para finalizar esse toacutepico devem-se ainda descrever todos os procedimentos utilizados no estudo ou seja o ldquopasso-a-passordquo da pesquisa que deve ser apresentado em ordem cronoloacutegica desde a seleccedilatildeo e o convite aos participantes ateacute a coleta dos dados propriamente dita
Meacutetodos 45
44 VARIAacuteVEIS DO ESTUDO
Ao final da coleta de dados os pesquisadores devem identificar as variaacuteveis do estudo que seratildeo utilizadas para a anaacutelise dos dados Uma criteriosa seleccedilatildeo e tratamento das variaacuteveis eacute passo fundamental para garantir a qualidade dos resultados obtidos
Aleacutem disso todas as variaacuteveis devem ser devidamente explicadas ou conceituadas para que os leitores tenham o entendimento adequado sobre aquilo que estaacute sendo analisado Por exemplo para a variaacutevel ldquodiagnoacutestico de diabetes mellitusrdquo cujas respostas seriam SIM ou NAtildeO deve estar claro quais os criteacuterios que o pesquisador utilizou para definir diabetes (ldquoglicemia de jejum gt ou igual a 126 mgdL em duas ou mais ocasiotildees eou glicemia 2 horas apoacutes teste de sobrecarga com 75 gramas de glicose oral gt ou igual a 200 mgdL etcrdquo ou ainda ldquoO diagnoacutestico de diabetes mellitus foi realizado de acordo com as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SDB 2018)rdquo
No caso de projetos de pesquisas ou trabalhos de conclusatildeo de cursos de graduaccedilatildeo ou poacutes-graduaccedilatildeo os autores destinam um toacutepico da seccedilatildeo meacutetodo para apresentar todas as variaacuteveis a serem analisadas Em artigos cientiacuteficos cuja redaccedilatildeo eacute mais objetiva e curta podem-se indicar de forma sucinta em um uacutenico paraacutegrafo as variaacuteveis usadas no estudo
Os pesquisadores devem conhecer a natureza de suas variaacuteveis para definir os testes estatiacutesticos a serem utilizados Os diversos tipos de variaacuteveis satildeo discutidos no capiacutetulo Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica apresentado adiante
45 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DOS DADOS
Apoacutes a coleta dos dados os pesquisadores devem iniciar o processo de organizaccedilatildeo e tabulaccedilatildeo dos dados coletados normalmente feito em planilhas eletrocircnicas contento tabelas divididas em linhas e colunas (exemplo Microsoft Office Excelreg e LibreOffice Calcreg ndash disponiacutevel gratuitamente para download em httpspt-brlibreofficeorg) As linhas devem conter os participantes e as colunas as variaacuteveis do estudo Nos campos que possam denunciar a identidade do participante tal informaccedilatildeo pode ser substituiacuteda por nuacutemeros ou siglas de forma a assegurar a privacidade do candidato aleacutem de facilitar a anaacutelise estatiacutestica no cruzamento de variaacuteveis
Essas tabelas natildeo devem estar no corpo do trabalho elas satildeo os meios pelos quais os dados seratildeo guardados e preparados para a obtenccedilatildeo dos resultados sendo portanto uma etapa preciosa de toda pesquisa cliacutenica da qual dependeraacute a qualidade das anaacutelises e dos resultados
46 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
No toacutepico ldquoAnaacutelise estatiacutesticardquo os pesquisadores deveratildeo informar ainda que ferramentas ou softwares satildeo utilizados para a tabulaccedilatildeo dos dados Os testes estatiacutesticos utilizados tambeacutem precisam ser citados mas natildeo detalhados sendo boa praacutetica informar se o teste eacute parameacutetrico ou natildeo parameacutetrico sendo indicados de acordo com as variaacuteveis analisadas A significacircncia estatiacutestica se baseia nos caacutelculos de variaacuteveis como o valor p e o intervalo de confianccedila por exemplo O nome do programa utilizado para as anaacutelises tambeacutem deve ser descrito seguido pelo nuacutemero da versatildeo e ano Para mais detalhes sobre esse tema deve-se consultar o capiacutetulo Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica adiante
46 ASPECTOS EacuteTICOS
A confidencialidade a proteccedilatildeo dos direitos e o bem-estar dos sujeitos da pesquisa natildeo podem ser ignorados Dessa forma todo trabalho cientiacutefico que envolva humanos ou animais precisa passar pela apreciaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da instituiccedilatildeo na qual a pesquisa seraacute realizada
No caso de pesquisas com seres humanos os pesquisadores devem informar que conhecem as normas vigentes e que atenderatildeo a elas nas pesquisas com seres humanos de acordo com o estabelecido pela Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede 4662012 Aleacutem disso devem indicar que todos os participantes concordaram em participar do estudo apoacutes assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
No caso de projetos de pesquisa que ainda seratildeo submetidos agrave apreciaccedilatildeo do CEP esse campo deveraacute descrever os riscos e benefiacutecios da pesquisa as medidas a serem adotadas pelos pesquisadores para minimizar tais riscos e garantir a confidencialidade e anonimato dos participantes Deve-se informar que a pesquisa iniciaraacute apenas apoacutes a aprovaccedilatildeo do CEP e somente seratildeo incluiacutedos participantes que concordarem em participar e assinarem o TCLE o qual deveraacute ser anexado como elemento poacutes-textual nos ldquoApecircndicesrdquo Para mais detalhes consultar o capiacutetulo ldquoApecircndices e Anexosrdquo
Meacutetodos 47
REFEREcircNCIAS
BLOCH K V COUTINHO E S F Fundamentos da pesquisa epidemioloacutegica In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 7 p 107-114
COELI C M FAERSTEIN E Estudos de coorte In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 11 p 161-174
GREENHALGH T Como ler artigos cientiacuteficos fundamentos da medicina baseada em evidecircncias 4 ed Porto Alegre Artmed 2013
KLEIN C H BLOCH K V Estudos seccionais In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 9 p 125-150
MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004
MEO S A Anatomy and physiology of a scientific paper Saudi J Biol Sci Riyadh v 25 n 7 p 1278-1283 2018Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6252020pdfmainpdf Acesso em 09 abr 2020
MEO S A ELDAWLATLY A A Pathophysiology of a scientific paper Saudi Journal Of Anaesthesia India v 13 p 9-11 abr 2019 Supl 1 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6398299__ffn_sectitle Acesso em 09 abr 2020
MOORE N How to do research a practical guide to designing and managing research projects 3rd ed London Facet 2006
PINHEIRO JUNIOR F M L et al Como construir a seccedilatildeo de meacutetodos In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 10 p 65-75
RODRIGUES L C WERNECK G L Estudos caso-controle In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 12 p 175-190
ROUQUAYROL M Z Epidemiologia e sauacutede 7 ed Rio de Janeiro MedBook 2013
49
5RESULTADOS
Laura da Silva Giratildeo LopesClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoNa seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico o autor deveria relatar o mesmo que as testemunhas nas cortes judiciaacuterias falar apenas a verdade toda a verdade e
nada mais que a verdaderdquo
Thomas M Annesley
51 INTRODUCcedilAtildeO
A frase acima faz uma comparaccedilatildeo bem pertinente entre a seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico e as cortes judiciaacuterias Nessa analogia a verdade cientiacutefica se refere aos dados e aos resultados que compreendem o produto do experimento dos autores ldquoFalar toda a verdaderdquo por sua vez significa escrever sobre os resultados positivos ou negativos de uma pesquisa isto eacute que confirmem ou que refutem a hipoacutetese alternativa Tal fato eacute fundamental para o desenvolvimento cientiacutefico embora muitas vezes os pesquisadores acreditem que a hipoacutetese alternativa seja o uacutenico caminho propiacutecio para a publicaccedilatildeo E por uacuteltimo ldquofalar nada mais que a verdaderdquo significa apresentar os dados e resultados sem interpretaccedilatildeo o que deveraacute ser feito adequadamente na seccedilatildeo discussatildeo (ANNESLEY 2010) conforme veremos adiante
52 ESCREVENDO OS RESULTADOS ESTRUTURA GERAL E MODO DE ORGANIZACcedilAtildeO DA SECcedilAtildeO
A seccedilatildeo resultados tem a funccedilatildeo de apresentar a(s) resposta(s) ao problema da pesquisa (CAMPOS 2016) Os resultados podem ser expressos por meio de diversos elementos como textos tabelas ou figuras (BAHADORAN et al 2019) A escolha da forma de apresentaccedilatildeo seraacute feita conforme a natureza do resultado que se deseja apresentar (MEO 2018) De maneira geral achados que satildeo muito importantes e que respondem agrave pergunta principal da pesquisa devem ser descritos na forma de texto As tabelas por sua vez sumarizam grandes quantidades de dados Quando adequadamente confeccionadas tabelas e figuras podem fornecer mais informaccedilotildees do que textos (KOTZ CALS 2013) Assim para essa escolha deve-se lembrar que a
50 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
comunicaccedilatildeo eficaz eacute o que se deseja primordialmente na escrita cientiacutefica
Natildeo haacute um padratildeo formal riacutegido para a apresentaccedilatildeo dos resultados em um artigo cientiacutefico o que determina sua estrutura e seus elementos eacute o contexto de cada pesquisa (VOLPATO 2007) O modo de organizaccedilatildeo pode ser um dos seguintes do resultado mais geral para o mais especiacutefico do mais importante para o menos importante ordem cronoloacutegica ou agrupamento por variaacuteveis ou por grupos Subtiacutetulos podem ser utilizados sempre que necessaacuterio (BAHADORAN et al 2019) Outra recomendaccedilatildeo seria alinhar o modo de apresentaccedilatildeo dos resultados com o modo de apresentaccedilatildeo da seccedilatildeo materialmeacutetodos para que a leitura seja de faacutecil compreensatildeo
Um modelo geral que pode ser individualizado de acordo com as necessidades de cada artigo eou recomendaccedilotildees de cada perioacutedico seraacute descrito abaixo (BAHADORAN et al 2019 ARAUacuteJO 2014)
bull Primeiro paraacutegrafo o autor pode fornecer uma visatildeo geral do estudo informando o fluxo de seleccedilatildeo dos pacientes e a descriccedilatildeo da amostra
bull Segundo e terceiro paraacutegrafos apresentar os resultados e os dados principais que devem estar relacionados ao objetivo principal do estudo
bull Quarto paraacutegrafo em diante (em geral a seccedilatildeo resultados pode conter de quatro a nove paraacutegrafos) apresentaccedilatildeo dos resultados secundaacuterios
Aleacutem disso deve-se ter atenccedilatildeo para as regras do perioacutedico ao qual seraacute submetido o artigo Na maioria deles a seccedilatildeo resultados estaacute separada da discussatildeo mas em outros tais seccedilotildees poderatildeo estar juntas (SNYDER 2019) Algumas vezes haacute limites para o nuacutemero de tabelas eou figuras
Aqui devemos tecer algumas diferenccedilas entre o termo dados e resultados Dados se referem aos fatos ou agraves observaccedilotildees ldquobrutasrdquo obtidas a partir da coleta de dados Por outro lado o termo resultado se refere agraves observaccedilotildees provenientes do ldquotratamentordquo ou agrave anaacutelise de tais dados Portanto os resultados consistem em informaccedilotildees que sumarizam e explicam o que os dados coletados mostraram dando significado a eles (BAHADORAN et al 2019)
Por fim observa-se que frequentemente nem todos os achados da pesquisa satildeo descritos na seccedilatildeo resultados Muitas vezes priorizam-se aqueles que respondem aos objetivos do estudo Alguns achados ou resultados secundaacuterios para o estudo em questatildeo podem ser apresentados na seccedilatildeo apecircndice ou material suplementar em prol da fluidez e concisatildeo do texto cientiacutefico (BAHADORAN et al 2019)
Resultados 51
53 DICAS PARA A REDACcedilAtildeO PROPRIAMENTE DITA
Idealmente a redaccedilatildeo da seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico deve ser clara precisa e concisa evitando-se a repeticcedilatildeo desnecessaacuteria dos mesmos resultados em diferentes partes da seccedilatildeo Exceccedilatildeo feita agraves mensagens principais que podem ser apresentadas na forma de texto e estar contidas em tabelas ou figuras (BAHADORAN et al 2019) Os pesquisadores devem discernir qual a melhor opccedilatildeo entre texto tabelas ou figuras para a apresentaccedilatildeo de cada um de seus resultados Na realidade todos esses elementos satildeo importantes e se complementam devendo interagir de modo dinacircmico a fim de que se produza um texto adequado agrave escrita cientiacutefica
Visando a alcanccedilar a precisatildeo deve-se evitar o uso de expressotildees vagas como ldquocerca derdquo ou ldquoaproximadamenterdquo Os pesquisadores devem informar os valores exatos ou numeacutericos para transmitirem ao leitor uma dimensatildeo precisa de quantidade
As variaacuteveis numeacutericas podem ser apresentadas por meio de medidas de tendecircncia central (meacutedia ou mediana em geral) e medidas de dispersatildeo (desvio-padratildeo ou intervalo interquartil) ou ainda por meio de seus valores absolutos ou percentuais (VOLPATO 2007) Para uma amostra com nuacutemeros de sujeitos menor do que 20 natildeo se recomenda apresentar os dados percentuais e sim apenas o nuacutemero absoluto (BAHADORAN et al 2019)
Nuacutemeros no iniacutecio das sentenccedilas ou menores do que dez devem ser escritos em sua forma por extenso O nuacutemero de diacutegitos e suas casas decimais devem ser escolhidos a partir da variaacutevel reportada Por exemplo para o pH a utilizaccedilatildeo de trecircs casas decimais apoacutes a viacutergula eacute necessaacuteria mas para a variaacutevel pressatildeo arterial natildeo se deve empregar mais do que trecircs diacutegitos sem casas decimais As unidades de medidas das variaacuteveis numeacutericas tambeacutem devem estar especificadas devendo haver um espaccedilo entre o numeral e sua unidade com exceccedilatildeo do siacutembolo que deve estar junto ao nuacutemero (BAHADORAN et al 2019 MEO 2018)
Outro ponto importante eacute a utilizaccedilatildeo adequada do tempo verbal Em geral na seccedilatildeo resultados utiliza-se o tempo no passado por exemplo ldquoA meacutedia de idade foirdquo No entanto quando os autores fazem referecircncia a tabelas graacuteficos ou figuras o tempo verbal permanece no presente como no exemplo ldquoAbaixo demonstramos as caracteriacutesticas demograacuteficas e cliacutenicas dos pacientesrdquo (MEO 2018)
Deve-se ainda utilizar a mesma nomenclatura ao longo de todo o artigo Por exemplo os nomes dos grupos de pacientes ou o nome de alguma variaacutevel devem ser os mesmos em todas as seccedilotildees do manuscrito O leitor natildeo deve ter duacutevidas a esse respeito (KOTZ CALS 2013)
Ao final da redaccedilatildeo sugere-se a releitura do material escrito para avaliar a fluidez do texto e a existecircncia de alinhamento entre a seccedilatildeo meacutetodos e a seccedilatildeo resultados
52 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
54 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS EM TABELAS E FIGURAS
Alguns autores recomendam que os pesquisadores devam iniciar a redaccedilatildeo da seccedilatildeo resultados apoacutes a confecccedilatildeo das tabelas e figuras Para eles isso tornaraacute mais faacutecil a integraccedilatildeo de todos os elementos no texto (BAHADORAN et al 2019) No entanto natildeo haacute uma foacutermula ou roteiro certo para todos Se o pesquisador jaacute tiver um estilo de escrita no qual ele inicie pelo texto e que culmine em resultados bem apresentados natildeo haacute motivo para mudar sua teacutecnica
Em geral as tabelas contecircm os seguintes elementos baacutesicos nuacutemero e tiacutetulo da tabela cabeccedilalho das linhas e colunas espaccedilo para os dados e rodapeacute Entre esses elementos destaca-se a importacircncia do tiacutetulo que deve ser atrativo e informar o toacutepico estudado e natildeo apenas repetir as variaacuteveis descritas (BAHADORAN et al 2019 KOTZ CALS 2013) Por exemplo em um graacutefico utilizado para demonstrar a reduccedilatildeo da hemoglobina glicada em pacientes diabeacuteticos submetidos a um tratamento com o medicamento X em vez de colocar o tiacutetulo ldquoMudanccedila da hemoglobina glicadardquo o tiacutetulo mais adequado seria ldquoEfeito do tratamento do medicamento X sobre a hemoglobina glicada de diabeacuteticosrdquo
Uma caracteriacutestica deve ser comum a todas as tabelas e figuras ambas devem ser autoexplicativas sendo o leitor capaz de compreendecirc-las sem recorrer ao texto Para isso o autor pode realizar um teste para identificar a adequaccedilatildeo delas solicitando que um colega que natildeo conheccedila o estudo leia as tabelas e os graacuteficos verificando se a compreensatildeo de seu conteuacutedo eacute possiacutevel sem a leitura do texto (KOTZ CALS 2013)
Outra caracteriacutestica comum de tabelas e figuras eacute a de que ambas devem estar relacionadas com o texto natildeo devendo ser inseridas sem que tenham relaccedilatildeo com os resultados apresentados textualmente Isso torna a leitura fluida e facilita a compreensatildeo (KOTZ CALS 2013)
As tabelas podem apresentar os seguintes tipos de dados caracteriacutesticas cliacutenicas e soacutecio-demograacuteficas dos grupos do estudo resultados de exames laboratoriais comparaccedilatildeo entre grupos entre outros Nenhuma ceacutelula da tabela pode estar vazia Caso o dado natildeo esteja disponiacutevel utiliza-se o preenchimento com alguma sigla cujo significado deveraacute estar especificado nas abreviaccedilotildees da tabela por exemplo ldquoND natildeo disponiacutevelrdquo (BAHADORAN et al 2019 MEO 2018)
As figuras devem reforccedilar visualmente os achados do estudo facilitando a interpretaccedilatildeo das anaacutelises estatiacutesticas e dos resultados encontrados (PEREIRA 2013) Para isso os pesquisadores podem utilizar graacuteficos fotografias diagramas fluxogramas entre outros
Os graacuteficos podem ser empregados para demonstrar tendecircncias ou relaccedilotildees entre as variaacuteveis (BAHADORAN et al 2019 KOTZ CALS 2013) A escolha do tipo de graacutefico tambeacutem eacute de fundamental importacircncia e novamente depende da natureza
Resultados 53
do que se deseja apresentar (PEREIRA 2013 VOLPATO 2007) Os graacuteficos de linha satildeo utilizados para mostrar tendecircncias e natildeo devem ser utilizados se a sequecircncia de ordenaccedilatildeo do eixo da abscissa puder ser aleatoacuteria (DURBIN 2014 VOLPATO 2007) os graacuteficos de barras para comparaccedilatildeo de variaacuteveis numeacutericas de diferentes grupos ao longo do tempo por exemplo Os graacuteficos de pizzas podem ser utilizados quando a intenccedilatildeo for de comparar proporccedilotildees de diferentes variaacuteveis nominais em relaccedilatildeo ao todo mas devem ser empregados com parcimocircnia (KOTZ CALS 2013) Com relaccedilatildeo ao layout das figuras recomendam-se cores mais fortes para se referir aos resultados principais por exemplo cores mais escuras para o grupo tratamento e cores mais fracas para o grupo controle em graacuteficos de barras
Em estudos cliacutenicos os fluxogramas satildeo muito empregados com a intenccedilatildeo de demonstrar o processo de seleccedilatildeo da amostra incluindo o nuacutemero e o motivo de exclusatildeo dos sujeitos ao longo da pesquisa bem como seus motivos e a caracterizaccedilatildeo dos grupos controle e de tratamento (BAHADORAN et al 2019) Em relatos de casos ou seacuteries de casos em doenccedilas raras fotografias dos pacientes ou dos exames de imagem tambeacutem podem ser utilizadas sempre respeitando os aspectos eacuteticos que envolvem a utilizaccedilatildeo de imagens de pacientes (KOTZ CALS 2013) Por fim eacute importante lembrar que os pesquisadores devem elaborar as tabelas e as figuras com esmero sob o risco de recusa para a aceitaccedilatildeo de artigos caso tais elementos sejam mal elaborados (BAHADORAN et al 2019)
Deve-se enfatizar que o design das tabelas e das figuras deve estar adequado Isso confere credibilidade aos resultados do estudo (BAHADORAN et al 2019) Abaixo segue um quadro com dicas a serem utilizadas na confecccedilatildeo de tabelas e figuras (quadro 51)
Quadro 51 mdash Dicas para a elaboraccedilatildeo de tabelas em textos cientiacuteficos
Enumere e decirc tiacutetulos para todas as tabelas e figuras Evite usar figuras abreviaccedilotildees nos tiacutetulos das tabelasInclua legendas curtas que expliquem os dados incluiacutedosNatildeo sobrecarregue o tiacutetulo com detalhesInclua as tabelas e as figuras o mais proacuteximo possiacutevel do local em que ele foi citado pela primeira vez no textoContextualize os resultados das tabelas e figuras ao longo do textoUniformize a aparecircncia de todas as tabelas e figuras Use notas de rodapeacute para explicar quaisquer dados incertosConfira se a tabela eacute autoexplicativa
Nota Adaptado de Bahadoran et al 2019
54 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por fim apresentamos abaixo exemplos de tabelas e graacuteficos utilizados em outras produccedilotildees dos editores (figuras 51 e 52)
Figura 51 mdash Exemplo de tabela e seus elementos baacutesicos publicados em um artigo cientiacutefico (adaptado de Ponte et al 2018)
Resultados 55
Figura 52 mdash Exemplo de figura publicada em um artigo cientiacutefico (adaptado de Ponte et al 2019)
55 ERROS FREQUENTES DA SECcedilAtildeO RESULTADOS
Abaixo elencamos os principais erros cometidos pelos pesquisadores ao longo da escrita dos resultados de uma pesquisa (BAHADORAN et al 2019 FOOTE 2009)
bull discutir os resultados ainda na seccedilatildeo resultados e natildeo na seccedilatildeo discussatildeo
bull natildeo apresentar resultados que respondam a todos os objetivos da pesquisardquo
bull fornecer apenas os dados mas natildeo os resultados da pesquisa (ou seja a interpretaccedilatildeo ou a anaacutelise desses dados) ou o contraacuterio
bull desalinhamento organizacional e de conteuacutedo entre a seccedilatildeo material e meacutetodos e a seccedilatildeo resultados
bull escolha inadequada da forma de apresentaccedilatildeo dos resultados e dados ou
56 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
seja empregar texto quando deveria utilizar tabelas ou figuras ou o contraacuterio
bull repeticcedilatildeo inadequada nos achados na forma de texto e tabelas ou figuras (embora a apresentaccedilatildeo do mesmo achado seja possiacutevel a partir de texto e tabela desde que seja de uma forma natildeo repetitiva e com o objetivo de ressaltar um achado muito importante do estudo)
bullutilizaccedilatildeo de tabelas e figuras mal elaboradas
56 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A escrita adequada da seccedilatildeo resultados tem como elementos fundamentais a precisatildeo concisatildeo e clareza sendo a criatividade dos autores o elemento fundamental no julgamento da melhor maneira de apresentaccedilatildeo dos achados O objetivo maior deve ser o de uma comunicaccedilatildeo cientiacutefica eficaz para outros pesquisadores e estudiosos Para isso algumas formalidades satildeo necessaacuterias e devem estar presentes nesta seccedilatildeo da produccedilatildeo cientiacutefica com o intuito de aumentar a confiabilidade dos achados apresentados
Resultados 57
REFEREcircNCIAS
ANNESLEY TM Clinical Chemistry Guide to Scientific Writing Clinical Chemistry [S l] v 56 n 3 p 331-497 2010 Disponiacutevel em httpspdfssemanticscholarorg191845a1da9dc1c376bddd3744ba30197d4a88a3pdf_ga=21642126024123063401603328335-14644782561603328335 Acesso em 19 out 2020
ARAUacuteJO C G S Detailing the writing of scientific manuscripts 25-30 paragraphs Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v 102 n 2 p e21-e23 fev 2014Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC3987331 Acesso em 09 abr 2020
BAHADORAN Z et al The principles of biomedical scientific writings results Int J Endocrinol Metab Tehran v 17 n 2 p e92113 abr 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31372173 Acesso em 09 abr 2020
CAMPOS JM et al Manual praacutetico de pesquisa cliacutenica da graduaccedilatildeo agrave poacutes-graduaccedilatildeo Satildeo Paulo Thieme Revinter 2016
DURBIN JR CG Effective use of tables and figures in abstracts presentations and papers Respir Care Philadelphia v 49 n 10 p 1233-1237 out 2004Disponiacutevel em httpwwwrcjournalcomcontents100410041233pdf Acesso em 09 abr 2020
FOOTE M The proof of the pudding how to report results and write a good discussion Chest Chicago v 135 n 3 p 866-868 2009 Disponiacutevel em httpronbunjpchestpdf34pdf Acesso em 09 abr 2020
KOTZ D CALS J W L Effective writing and publishing scientific papers part VII tables and figures J Clin Epidemiol New York v 66 n 11 1197 2013 Disponiacutevel em httpswwwjclinepicomactionshowPdfpii=S0895-435628132900192-3 Acesso em 09 abr 2020
58 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
MEO S A Anatomy and physiology of a scientific paper Saudi J Biol Sci Riyadh v 25 n 7 p 1278-1283 nov 2018 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6252020 Acesso em 09 abr 2020
PEREIRA MG A seccedilatildeo de resultados de um artigo cientiacutefico Epidemiol Serv Sauacutede Brasiacutelia v 22 n 3 p 537-538 abrjun 2013Disponiacutevel em httpscieloiecgovbrpdfessv22n2v22n2a17pdf Acesso em 09 abr 2020
PONTE C M M et al Early commitment of cardiovascular autonomic modulation in Brazilian patients with congenital generalized lipodystrophy BMC Cardiovasc Disord [S l] v 18 n 1 p 6 jan 2018
PONTE C M M et al Association between cardiovascular autonomic neuropathy and left ventricular hypertrophy in young patients with congenital generalized lipodystrophy Diabetol Metab Syndr [S l] v 11 n 53 p 1-10 jul 2019
SNYDER N et al How to write an effective results section Clin Spine Surg Hagerstown v 32 n 7 p 295-296 ago 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31145152 Acesso em 09 abr 2020
VOLPATO GL Como escrever um artigo cientiacutefico Anais da Academia Pernambucana de Ciecircncia Agronocircmica Recife v 4 p 97-115 2007Disponiacutevel em httpwwwjournalsufrpebrindexphpapcaarticleview9390 Acesso em 09 abr 2020
59
6ESCREVENDO A DISCUSSAtildeO E A CONCLUSAtildeO
Vitoacuteria Costa LimaLaura da Silva Giratildeo Lopes
ldquoA razatildeo natildeo eacute toda poderosa eacute uma trabalhadora tenaz opinativa cautelosa criacutetica implacaacutevel disposta a ouvir e a discutir arriscadardquo
Karl Popper
61 INTRODUCcedilAtildeO
Essa frase de Karl Popper considerado um dos maiores filoacutesofos da ciecircncia do seacuteculo XX eacute bem apropriada para se iniciar o debate acerca da seccedilatildeo de discussatildeo dos artigos cientiacuteficos Nela o filoacutesofo nega o poder como uma caracteriacutestica da razatildeo cientiacutefica e delimita algumas caracteriacutesticas fundamentais ao cientista disposiccedilatildeo ao trabalho aacuterduo criticidade e acima de tudo capacidade de discutir ideias que consiste na principal atividade do pesquisador durante a elaboraccedilatildeo da discussatildeo de seus manuscritos
62 ELABORANDO A DISCUSSAtildeO
Ao se chegar agrave discussatildeo chega-se quase ao final do artigo Trata-se da parte do texto que mais identifica os autores chamada por alguns como o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo (REYES 2019) uma vez que nessa seccedilatildeo os pesquisadores podem e devem elaborar teorias a partir dos resultados encontrados em suas pesquisas Portanto a discussatildeo eacute a parte ldquovivardquo do artigo em que a partir dos resultados obtidos e jaacute apresentados os autores descreveratildeo os seus argumentos considerando a sua expertise no assunto A argumentaccedilatildeo cientiacutefica portanto parte de uma experiecircncia ampla sobre o objeto de estudo o que permite a interpretaccedilatildeo dos resultados encontrados e por conseguinte a escrita da discussatildeo do artigo
Ao escrever a discussatildeo os autores devem responder agraves perguntas feitas por muitos revisores de revistas cientiacuteficas ldquoQual a relevacircncia dos achados para aquela aacuterea especiacuteficardquo ou ldquoQual o ganho para a comunidade cientiacutefica da publicaccedilatildeo do
60 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
seu artigordquo (BALCH 2018) Sendo capaz de responder a elas de maneira adequada o pesquisador estaraacute apto a escrevecirc-la
Apesar de ser o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo a discussatildeo natildeo deve conter opiniotildees pessoais dos autores e sim argumentos loacutegicos e contundentes acerca do tema Natildeo cabe aos autores convencer os leitores de que suas ideias satildeo verdades absolutas mas sim transmitir seus argumentos loacutegicos promovendo um debate cientiacutefico (BALCH 2018) Uma discussatildeo bem redigida permitiraacute que o pesquisador atinja o principal objetivo de uma produccedilatildeo cientiacutefica que eacute a comunicaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo dos resultados de sua pesquisa para a comunidade cientiacutefica
63 ESCREVENDO A CONCLUSAtildeO
A conclusatildeo sucede a discussatildeo sendo uma parte breve que finaliza o artigo poreacutem de extrema importacircncia Nela os autores retomam os objetivos e respondem de maneira clara e sucinta agraves perguntas elaboradas no iniacutecio do estudo (REYES 2019)
A depender da revista cientiacutefica a conclusatildeo pode estar incorporada na discussatildeo devendo o seu uacuteltimo paraacutegrafo ser reservado para isso Esse paraacutegrafo final deve responder ao objetivo principal do estudo A lacuna de conhecimento contida na pergunta inicial motivadora do estudo deveraacute ser devidamente esclarecida neste momento por meio de um texto sinteacutetico e claro Natildeo se recomenda a mera repeticcedilatildeo de frases anteriormente utilizadas no texto
64 ALGUMAS FORMALIDADES NECESSAacuteRIAS
Como todas as demais seccedilotildees do artigo cabem aqui algumas formalidades necessaacuterias agrave redaccedilatildeo da discussatildeo e da conclusatildeo do seu manuscrito as quais conferem a caracteriacutestica de artigo cientiacutefico a esse gecircnero textual
bull Organize a discussatildeo como uma piracircmide invertida inicie os argumentos acerca dos resultados mais gerais e soacute depois comece a discutir os mais especiacuteficos (VOLPATO 2019)
bull Observe a distribuiccedilatildeo dos tamanhos de cada seccedilatildeo do seu artigo A discussatildeo natildeo deve exceder o tamanho da soma das outras seccedilotildees (introduccedilatildeo meacutetodos resultados) Recomendam-se no maacuteximo seis ou sete paraacutegrafos no seu total (NATHA 2014)
bull Evite frases que se iniciem por ldquoNoacutesrdquo Isso pode ser justificado pelo princiacutepio de que se devem evitar palavras desnecessaacuterias no artigo cientiacutefico (NATHA 2014) Apesar de o uso da primeira pessoa ter o objetivo de enfatizar um argumento do ponto de vista gramatical a frase ldquoNoacutes demonstramos querdquo poderia ser substituiacuteda por ldquoDemonstramos querdquo sem nenhum prejuiacutezo de significado
Resultados 61
bull Utilize o tempo verbal no presente quando estiver expondo os dados de seu estudo bem como seus argumentos Somente utilize o tempo verbal no passado quando estiver comentando os dados de outros autores (VOLPATO 2019)
bull Embora se utilize bastante a voz passiva ou impessoal como ldquodemonstrou-se querdquo a tendecircncia atual eacute utilizar a voz ativa na primeira pessoa do plural (REYES 2019) como ldquodemonstramos querdquo Isso tornaraacute a leitura de seu texto mais fluida A voz ativa traz uma mensagem direta e de mais faacutecil leitura
bull Natildeo seja repetitivo Os resultados de seu estudo jaacute foram apresentados na seccedilatildeo destinada para tal portanto apesar de retomar os principais achados do estudo a discussatildeo natildeo deve promover uma repeticcedilatildeo de resultados (HONG 2014)
bull Elabore sua discussatildeo respeitando a ordem dos achados apresentados na seccedilatildeo ldquoResultadosrdquo ou seja discuta-os utilizando a ordem em que eles aparecem Evite discutir no mesmo paraacutegrafo diferentes resultados a natildeo ser que eles estejam correlacionados entre si Isso facilitaraacute o entendimento pelo leitor Lembre-se nem sempre o leitor tem ampla experiecircncia no assunto O artigo deve estar direcionado a pessoas interessadas em seu conteuacutedo e natildeo necessariamente a experts (VOLPATO 2019)
bull Evite frases e paraacutegrafos longos A frase natildeo deve conter mais do que 25 a 30 palavras em prol da fluidez do texto (NATHA 2014)
bull Utilize palavras que faccedilam conexotildees entre os paraacutegrafos Isso tornaraacute o texto mais fluido (OSHIRO 2020)
bull Evite o uso de jargotildees que muitas vezes restringem a comunicaccedilatildeo a um grupo especiacutefico de leitores Lembre-se de que o objetivo eacute a comunicaccedilatildeo tornando seus argumentos disponiacuteveis a diferentes indiviacuteduos interessados no assunto (VOLPATO 2019)
bull Natildeo utilize linguagem informal Apesar de a discussatildeo ser o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo contendo assim argumentos dos autores trata-se de um artigo cientiacutefico (REYES 2019)
bull Evite frases que possam ser interpretadas pelo leitor como pretensiosas Afinal toda conclusatildeo cientiacutefica eacute necessariamente provisoacuteria embora deva ser aceita se natildeo puder rejeitaacute-la A leitura agradaacutevel natildeo apresenta demonstraccedilotildees de autoridade (BALCH 2014) Seu estudo inclui uma amostra e mesmo que seja substancial em termos numeacutericos seus achados natildeo necessariamente podem ser extrapolados para toda a populaccedilatildeo (RUIZ 2016)
62 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
65 ORGANIZANDO A DISCUSSAtildeO DO COMECcedilO AO FIM
Segundo Volpato (2019) caso a conclusatildeo esteja alocada em uma seccedilatildeo separada sugere-se estruturar a discussatildeo em cinco paraacutegrafos conforme apresentado adiante Mas natildeo se deve esquecer eacute fundamental o planejamento da escrita antes de sua execuccedilatildeo Isso facilitaraacute a conectividade entre os paraacutegrafos aspecto fundamental jaacute descrito aqui
Para esse autor a discussatildeo deve ser iniciada com a retomada para o leitor da lacuna de conhecimento que seu manuscrito deseja preencher Deve-se relembrar ao leitor a pergunta que motivou seu estudo No entanto conveacutem evitar a repeticcedilatildeo de frases jaacute utilizadas na introduccedilatildeo do artigo
Logo apoacutes no segundo paraacutegrafo os resultados principais devem ser apresentados de maneira sumaacuteria bem como seu significado e implicaccedilotildees com o intuito de demonstrar o quanto o manuscrito seraacute capaz de fazer o conhecimento avanccedilar Natildeo devem ser repetidos os detalhes que podem ser encontrados na seccedilatildeo ldquoresultadosrdquo Deve-se evitar a repeticcedilatildeo dos dados quantitativos a natildeo ser que isso aumente seu poder argumentativo A contraposiccedilatildeo com os dados da literatura pode ser feita para cada resultado discutido facilitando assim a construccedilatildeo do argumento em torno das diferenccedilas ou semelhanccedilas entre seus achados e os dos demais autores
Eacute importante que dados da literatura que satildeo discordantes sejam tambeacutem apresentados (SANLI 2013) Pouco ou nenhum conhecimento cientiacutefico tem unanimidade ou homogeneidade em seus aspectos o que faz que os editores das revistas natildeo vejam com ldquobons olhosrdquo discussotildees que contenham apenas dados concordantes citados pelos autores
No terceiro paraacutegrafo eacute importante discutir os resultados mais especiacuteficos As especulaccedilotildees devem ser feitas e esperadas pelo leitor interessado em ampliar seu conhecimento sobre o assunto Natildeo se deve limitar apenas ao oacutebvio Os resultados devem ser explorados de maneira adequada caso contraacuterio mesmo que dados interessantes estejam presentes no estudo natildeo levaratildeo a uma ampliaccedilatildeo adequada do conhecimento
As limitaccedilotildees do estudo devem estar apontadas no quarto paraacutegrafo inclusive em tamanho amostral capacidade de generalizaccedilatildeo dos resultados e possiacuteveis vieses presentes Aleacutem das limitaccedilotildees deve-se refletir o quanto isso pode ter alterado os resultados encontrados Os pontos positivos tambeacutem podem ser ressaltados e geralmente satildeo descritos em relaccedilatildeo a outros estudos da literatura sobre o mesmo tema
A discussatildeo eacute frequentemente encerrada com um paraacutegrafo uacuteltimo que costuma destacar as direccedilotildees futuras sobre o tema bem como a necessidade de outros estudos ou mesmo inovaccedilotildees em evoluccedilatildeo Dificilmente as lacunas do conhecimento
Resultados 63
satildeo esgotadas com os estudos existentes e agrave medida que se avanccedila no conhecimento novas lacunas satildeo criadas havendo a necessidade constante de continuaccedilatildeo daquela linha de pesquisa Abaixo eacute sintetizada uma sugestatildeo para a estrutura da discussatildeo (quadro 61)
Quadro 61 mdash A estrutura da discussatildeo em cinco paraacutegrafos
1deg paraacutegrafo Retome a lacuna do conhecimento que se relaciona com o objetivo principal do estudo
2deg paraacutegrafo Interprete o resultado principal compare com os dados da literatura e elabore justificativas para as semelhanccedilasdiferenccedilas
3deg paraacutegrafo Comente os outros resultados respeitando a ordem em que eles estatildeo dispostos na seccedilatildeo especiacutefica
4deg paraacutegrafo Aponte as limitaccedilotildees e os dados positivos do estudo
5deg paraacutegrafo Especule as possiacuteveis inovaccedilotildees no futuro bem como a necessidade de outros estudos acerca do tema
66 ERROS FREQUENTEMENTE ENCONTRADOS NA DISCUSSAtildeO
Diante da dificuldade da escrita da discussatildeo seratildeo descritos os erros mais frequentemente encontrados nessa seccedilatildeo
bull Pobreza de argumentaccedilatildeo loacutegica e de especulaccedilotildees com conteuacutedo focado apenas em comparaccedilotildees com os dados de outros estudos da literatura
bull Discussatildeo de resultados em ordem diferente e aleatoacuteria sem seguir a sequecircncia apresentada nos resultados dificultando o entendimento
bull Abordagem de aspectos importantes relacionados ao tema mas que natildeo foram pesquisados no estudo em questatildeo (natildeo se trata de um artigo de revisatildeo)
bull Pouca relaccedilatildeo de conectividade da discussatildeo com as demais partes do manuscrito
bull Falta de alinhamento da discussatildeo com os objetivos do estudo
64 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
67 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A escrita da discussatildeo pressupotildee uma larga experiecircncia sobre o tema estudado um cenaacuterio pouco provaacutevel entre jovens pesquisadores especialmente entre alunos de graduaccedilatildeo Isso justifica a dificuldade para a redaccedilatildeo da discussatildeo comumente observada nesse grupo Assim a leitura abundante sobre o tema e a vivecircncia com o assunto ao longo da coleta dos dados do estudo tornam-se fundamentais para a elaboraccedilatildeo da discussatildeo do manuscrito
Resultados 65
REFEREcircNCIAS
BALCH C M et al Steps to getting your manuscript published in a high-quality medical journal Ann Surg Oncol New York v 25 n 4 p 850-855 2018 Disponiacutevel em httpslinkspringercomcontentpdf1012452Fs10434-017-6320-6pdf Acesso em 09 abr 2020
HONG S T Ten tips for authors of scientific articles J Korean Med Sci Seoul v 29 n 8 p 1035-1037 ago 2014 Disponiacutevel em httpswwwresearchgatenetpublication264793318_Ten_Tips_for_Authors_of_Scientific_Articles Acesso em 09 abr 2020
NATHA R How to write a strong discussion in scientific manuscripts BioScience [S l] maio 2014 Disponiacutevel em httpswwwbiosciencewriterscomHow-to-Write-a-Strong-Discussion-in-Scientific-Manuscriptsaspx Acesso em 09 abr 2020
OSHIRO J et al Going beyond ldquonot enough timerdquo barriers to preparing manuscripts for Academic Medical Journals Teach Learn Med Philadelphia v 32 n 1 p 71-81 janmar 2020 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31530189 Acesso em 09 abr 2020
REYES B H Coacutemo tener eacutexito al empezar a publicar en revistas meacutedicas Consideraciones para autores inexpertos que podriacutean interesar tambieacuten a los expertos Rev Med Chile Santiago v 147 n 2 p 238-242 2019 Disponiacutevel em httpsscieloconicytclpdfrmcv147n20717-6163-rmc-147-02-0238pdf Acesso em 09 abr 2020
RUIZ A G et al Manual praacutetico de pesquisa cientiacutefica da graduaccedilatildeo agrave poacutes graduaccedilatildeo Rio de Janeiro Revinter 2016
SANLI O ERDEM S TEFIK T How to write a discussion section Turk J Urol Istanbul v 39 p 20-24 2013 Supl 1 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC4548568pdftju-39-supp-20pdf Acesso em 09 abr 2020
VOLPATO G L Meacutetodo loacutegico da redaccedilatildeo cientiacutefica 2 ed Satildeo Paulo Best Wrintiing 2017
67
7COMO DEFINIR O TIacuteTULO
Eacuterika Suyane Freire SilvaClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoSe nem o tiacutetulo estimula a leitura imagine o restante do textordquo
Medeiros amp Tomasi
71 COMO DEFINIR O TIacuteTULO
O tiacutetulo eacute a primeira impressatildeo de um projeto de pesquisa ou artigo cientiacutefico Eacute a parte da produccedilatildeo acadecircmica mais lida e difundida e por isso haacute a necessidade de esmero para sua elaboraccedilatildeo Nota-se uma grande tendecircncia da sociedade cientiacutefica em otimizar o seu tempo na triagem de seus objetos de estudo em face da grande quantidade de publicaccedilotildees na literatura cientiacutefica Logo eacute por meio do tiacutetulo que se ldquoconquistardquo a atenccedilatildeo do leitor Eacute por ele que se comeccedila a convencer o parecerista o revisor ou o editor a aceitaram determinado projeto ou artigo
Natildeo eacute incomum que a preocupaccedilatildeo dos pesquisadores se volte principalmente agrave elaboraccedilatildeo de outros elementos do trabalho em detrimento da seleccedilatildeo e maturaccedilatildeo de um bom tiacutetulo No entanto o tiacutetulo eacute um elemento fundamental sendo um grande diferencial para a posterior adesatildeo agrave leitura integral de determinada produccedilatildeo
72 ESCREVENDO O TIacuteTULO
O tiacutetulo tem como principal atribuiccedilatildeo revelar de maneira precoce clara e concisa a ideia central da produccedilatildeo devendo ser pensado de maneira a despertar a curiosidade sem causar impressatildeo de prolixidade ou rebuscamento (MEDEIROS amp TOMASI 2017) Para isso idealmente deve conter o tema da pesquisa (o que foi investigado) a abrangecircncia (populaccedilatildeo local e tempo) e o delineamento do estudo (meacutetodo da pesquisa) (quadro 71) Opcionalmente tiacutetulos de artigos cientiacuteficos podem conter os resultados encontrados na pesquisa (CAVALCANTI 2015) Essa estrateacutegia pode poupar tempo dos leitores e direcionaacute-los para a leitura completa do trabalho
68 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 71 mdash Elementos que devem estar presentes no tiacutetulo
bull Tema bull Populaccedilatildeobull Localbull Tempo (opcional)
bull Meacutetodobull Resultado (sua presenccedila
no tiacutetulo ainda eacute discutida por alguns autores)
O tiacutetulo deve ser curto e informar exatamente o conteuacutedo do trabalho atendo-se agraves variaacuteveis teoacutericas Deve-se evitar a utilizaccedilatildeo excessiva de adjetivos adveacuterbios abreviaturas jargotildees teacutecnicos ou palavras muito especiacuteficas de determinada aacuterea (VOLPATO 2007) Eacute preferiacutevel usar tiacutetulos simples e concisos a tiacutetulos figurados e elegantes mas pouco esclarecedores Devem ser excluiacutedas informaccedilotildees que natildeo sejam fundamentais para tal feito
Algumas perguntas podem ajudar os escritores para a elaboraccedilatildeo dos tiacutetulos de seus trabalhos acadecircmicos (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
bull O tiacutetulo traduz o conteuacutedo exposto no texto Informa sobre a sua originalidade e destaca os pontos importantes
bull Eacute possiacutevel escrevecirc-lo em outras palavras deixando-o mais claro mais preciso
bull Eacute possiacutevel eliminar alguma palavra e tornaacute-lo mais enxuto mas conciso
bull Eacute possiacutevel tornaacute-lo mais contundente mais interessante
O tiacutetulo pode ser escrito como uma frase em que se mostra o objetivo da pesquisa ou a conclusatildeo principal Pode tambeacutem ser em forma de pergunta indicando o problema da pesquisa A construccedilatildeo de tiacutetulos na qual aparecem apenas as variaacuteveis investigadas natildeo eacute muito recomendada pois tem conteuacutedo explicativo menor que as outras formas (VOLPATO 2007)
Embora seja a parte inicial de um trabalho acadecircmico o momento mais oportuno para a elaboraccedilatildeo do tiacutetulo eacute ao final da escrita de todas as demais partes do texto No entanto caso o tiacutetulo seja escolhido nas fases iniciais da redaccedilatildeo este deve ser visto como provisoacuterio que pode ser alterado de acordo com o andamento e o conteuacutedo do estudo quantas vezes forem necessaacuterias ateacute que se atinja um resultado satisfatoacuterio (KOLLER COUTO HOHENDORFF 2014)
Como Definir o Tiacutetulo 69
A seguir alguns exemplos de tiacutetulos (dados proacuteprios)
PROJETOS
bull Controle glicecircmico intra-hospitalar em pacientes natildeo criticamente enfermos internados em hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute
bull Estudo ecocadiograacutefico da funccedilatildeo ventricular esquerda de pacientes com lipodistrofia generalizada congecircnita por meio da teacutecnica de speckle tracking bidimensional
bull Caracteriacutesticas cliacutenicas e epidemioloacutegicas de idosos com fraturas internados em um hospital de referecircncia em trauma em Fortaleza
ARTIGOS
bull Thyroid Stimulating Hormone Reference Interval in Healthy Adults from Fortaleza-CE Population
bull Early Commitment of Cardiovascular Autonomic Modulation in Brazilian Patients with Congenital Generalized Lipodystrophy
bull Association between Cardiovascular Autonomic Neuropathy and Left Ventricular Hypertrophy in Young Patients with Congenital Generalized Lipodystrophy
Finalmente conveacutem lembrar que a maioria dos artigos natildeo eacute sequer lida porque os leitores os rejeitam a partir do tiacutetulo (VOLPATO 2007) Eacute pelo tiacutetulo que se comeccedila a convencer o editor a publicar seu artigo ou o parecerista a aprovar o seu projeto Eacute importante natildeo esquecer que raramente haacute uma segunda oportunidade de causar boa impressatildeo e a primeira boa impressatildeo sobre um trabalho pode estar justamente no tiacutetulo de seu texto (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
70 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G et al Definindo o tiacutetulo de um projetoIn CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015cap 3 p 35-37
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
VOLPATO G L Como escrever um artigo cientiacutefico Anais da Academia Pernambucana de Ciecircncia Agronocircmica Recife v 4 p 97-115 2007 Disponiacutevel em httpwwwjournalsufrpebrindexphpapcaarticleview9390 Acesso em 20 set 2019
71
8COMO REDIGIR O RESUMO
Roberta Lopes RibeiroClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoPor vezes um bom resumo pode dizer mais sobre um
romance do que um livro de duzentas paacuteginasrdquo
Umberto Eco
A elaboraccedilatildeo do resumo de uma produccedilatildeo cientiacutefica eacute uma fase extremamente relevante pois eacute ele que fornece os pontos mais importantes abordados no desenvolvimento do trabalho e provecirc juntamente com o tiacutetulo a primeira impressatildeo do estudo apresentado Depois do tiacutetulo o resumo eacute a parte do artigo que seraacute mais lida e consiste em uma exposiccedilatildeo integral e concisa de todos os elementos da produccedilatildeo Desse modo precisa ser escrito de maneira objetiva sem deixar de ressaltar os detalhes essenciais do estudo (REIZ 2013)
O resumo deve permitir que os leitores tenham uma ideia geral sobre o estudo e possam escolher por meio dessas informaccedilotildees baacutesicas se leratildeo ou natildeo o trabalho na iacutentegra Aleacutem da funccedilatildeo de despertar o interesse das pessoas o resumo eacute utilizado para a indexaccedilatildeo dos artigos nas bases de dados eletrocircnicas por meio das palavras-chave ou descritores Assim o resumo deve refletir de maneira acurada o conteuacutedo do artigo e ser fundamental para o atual processo de busca e seleccedilatildeo de literatura cientiacutefica nas bases de dados cientiacuteficas disponiacuteveis (KOLLER COUTO HOHENDORFF 2014)
De modo habitual o resumo eacute o uacutenico elemento recuperado eou revisado nas bases de dados o que determina a sua importacircncia para a difusatildeo do conhecimento no meio acadecircmico e para a seleccedilatildeo dos trabalhos pelos pareceristas de agecircncias de fomento ou revistas cientiacuteficas bem como pelos demais pesquisadores interessados em determinado tema (ALENCAR 2015) Desse modo quando ele eacute bem redigido iraacute cativar os leitores para obter a coacutepia integral do manuscrito Caso o resumo seja mal escrito a pesquisa poderaacute ser banalizada e esquecida pelo leitor que logo iraacute agrave procura de outro trabalho com melhor apresentaccedilatildeo (SOUSA DRIESSNACK
72 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
FLOacuteRIA-SANTOS 2006)
O tamanho do resumo eacute uma decisatildeo que cabe ao editor ou conselho editorial do perioacutedico ou agecircncia de fomento De maneira geral existe uma limitaccedilatildeo para o uso de 200 a 300 palavras escritas em um uacutenico paraacutegrafo No texto devem-se incluir de forma sucinta as informaccedilotildees relacionadas agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica agrave justificativa ao objetivo e aos meacutetodos da pesquisa No caso de resumos de artigos cientiacuteficos satildeo acrescidos ainda os resultados e as conclusotildees ou consideraccedilotildees finais
O quadro 81 apresenta as etapas para a preparaccedilatildeo de resumos de artigos cientiacuteficos originais Os quadros 81 e 82 mostram exemplos de resumos na liacutengua portuguesa e inglesa respectivamente
Figura 81 mdash Etapas para a preparaccedilatildeo de resumos de artigos cientiacuteficos originais (Adaptado de Reiz 2013)
Como Redigir o Resumo 73
Quadro 81 mdash Exemplo de resumo em liacutengua portuguesa (dados proacuteprios)
CONTROLE GLICEcircMICO INTRA-HOSPITALAR EM PACIENTES NAtildeO CRITICAMENTE ENFERMOS INTERNADOS EM HOSPITAIS TERCIAacuteRIOS DO ESTADO DO CEARAacute
INTRODUCcedilAtildeO a hiperglicemia intra-hospitalar (HIH) agrava a evoluccedilatildeo das doenccedilas coexistentes e aumenta a mortalidade No entanto a importacircncia da HIH eacute frequentemente subestimada O objetivo deste estudo foi avaliar o manejo do controle glicecircmico intra-hospitalar em pacientes natildeo criticamente enfermos internados em hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute MEacuteTODOS trata-se de um estudo transversal realizado em trecircs hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute Foram avaliados os pacientes internados nas unidades de enfermarias com idade acima de 18 anos que apresentaram hiperglicemia (glicemia plasmaacutetica aleatoacuteria gt 140 mgdL) ou diagnoacutestico preacutevio de diabetes mellitus (DM) (autorrelato) RESULTADOS foram avaliados 124 pacientes com idade 571 plusmn 167 anos sendo 84 (677) do sexo masculino Setenta e oito pacientes (629) apresentavam diagnoacutestico preacutevio de DM O monitoramento da glicemia capilar foi realizado na maioria dos pacientes (122 984) sendo mais frequentemente realizadas as medidas de glicemias preacute-prandiais 4xdia (75 605) Suporte nutricional para DMhiperglicemia foi prescrito para 73 (589) pacientes Quanto ao tratamento em 34 casos (274) natildeo havia qualquer medida prescrita para o manejo da HIH 20 (161) estavam em uso de antidiabeacuteticos orais (ADOs) e 86 (694) em uso de insulina Entre os usuaacuterios de insulina 46 (534) estavam em uso de insulina regular sob demanda 14 (163) em esquema basal prandial 21 (244) em esquema basal plus e 5 (58) apenas com insulina basal Hipoglicemia foi observada em 29 (238) pacientes e o protocolo para manejo da hipoglicemia estava prescrito em 92 (742) pacientes Medidas de educaccedilatildeo em DM durante o internamento foram relatadas por 37 (308) pacientes CONCLUSAtildeO o manejo da HIH natildeo seguiu protocolos padronizados o monitoramento da glicemia foi heterogecircneo e o uso de insulina regular sob demanda foi a principal forma de manejo Observou-se falta de suporte nutricional especiacutefico para o manejo da hipoglicemia e para medidas de educaccedilatildeo em diabetes Por meio desses achados pode-se especular que a implantaccedilatildeo de protocolos e de uma equipe especiacutefica para o manejo da HIH poderaacute melhorar este cenaacuterio
PALAVRAS-CHAVE Diabetes Mellitus Hiperglicemia de Estresse Controle Glicecircmico
74 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 82 mdash Exemplo de resumo (abstract) em liacutengua inglesa (dados proacuteprios)
ASSOCIATION BETWEEN CARDIOVASCULAR AUTONOMIC NEUROPATHY AND LEFT VENTRICULAR HYPERTROPHY IN YOUNG PATIENTS WITH CONGENITAL GENERALIZED LIPODYSTROPHY
BACKGROUND Congenital generalized lipodystrophy (CGL) is a rare disorder characterized by the absence of subcutaneous adipose tissue severe insulin resistance diabetes mellitus and cardiovascular complications including cardiac autonomic neuropathy (CAN) left ventricular hypertrophy (LVH) and atherosclerosis The present study aimed to access the association between CAN parameters and cardiovascular abnormalities in CGL patients METHODS A cross-sectional study was conducted with 10 CGL patients and 20 healthy controls matched for age sex BMI and pubertal stage We evaluated clinical laboratory and cardiovascular parameters including left ventricular mass index (LVMI) interventricular septum thickness (IVS) systolic and diastolic function determined using two-dimensional transthoracic echocardiographycarotid intimal media thickness (cIMT) cQT interval and heart rate variability (HRV) studyby spectral analysis components ndash high frequency (HF) low frequency (LF) very low frequency (VLF) LFHF ratio and total amplitude spectrum (TAS) ndash and cardiovascular reflexes tests (postural hypotension test respiratory orthostatic and Valsalva coefficients) RESULTS In CGL group four patients (40) had LVH and diastolic dysfunction CGL patients presented higher values of cIMT and cQT interval In CGL patients with LVH lower values of the HF component were observed indicating autonomic parasympathetic modulation impairment The LVMI correlated directly with systolic blood pressure (BP) drop in the postural test (r = 0835 p = 0002) and inversely with Valsalva (r = -0632 p = 0049) HF (r = -0887 p = 0001) and TAS (r = -0827 p = 0003) The IVS presented positive correlation with systolic BP drop in the postural test (r = 0764 p = 0010) and inverse correlation with HF (r = -0794 p = 0013) and TAS (r = -0656 p = 0039) There was a positive correlation between cIMT and LFHF ratio (r = 0707 p = 0022) CONCLUSION The association between increased LV mass and parameters of HRV provides possible speculations about the involvement of CAN in the pathophysiology of the cardiac complications including LVH in CGL patients
81 TEacuteCNICAS PARA A ESCRITA DE UM BOM RESUMO
Elaborar resumos eacute uma atividade essencial no universo acadecircmico-cientiacutefico e o conhecimento de alguns recursos literaacuterios pode ajudar nesse processo Resumir natildeo eacute meramente copiar as palavras do texto original reproduzindo trechos de um texto para outro por meio da simples substituiccedilatildeo de palavras (REIZ 2013) Durante a redaccedilatildeo de um resumo devem-se selecionar as ideias centrais dos paraacutegrafos eliminando conceitos repetidos e detalhados Preparar resumos envolve a capacidade de elaborar paraacutefrases ndash um recurso de interpretaccedilatildeo textual que consiste na reformulaccedilatildeo de um texto trocando as palavras e expressotildees originais mas mantendo a ideia central da informaccedilatildeo (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
O texto deve ser escrito utilizando-se a norma-padratildeo mantendo-se o argumento e o encadeamento das ideais apresentadas no texto original Segundo Reiz (2013) as principais recomendaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo de um resumo cientiacutefico
Como Redigir o Resumo 75
satildeo
bull resguardar fidelidade ao texto original
bull evitar redundacircncia de ideias ou palavras trazendo clareza e precisatildeo
bull apresentar os pontos principais da pesquisa dividindo-os nos toacutepicos introduccedilatildeo (tema e objetivo) meacutetodos resultados principais e conclusotildees
bull harmonizar objetivos e resultados encontrados
bull apresentar vocabulaacuterio amplo e diversificado
bull preferir frases curtas e uso de verbos na voz ativa
bull evitar o uso de adjetivos e adveacuterbios restringindo-os aos necessaacuterios
bull natildeo fazer citaccedilotildees diretas ou referecircncias a outros autores
bull revisar o texto repetidamente para se evitar incoerecircncias ortograacuteficas e gramaticais
bull seguir as orientaccedilotildees dos perioacutedicos ou agecircncias de fomento quanto agrave organizaccedilatildeo extensatildeo e nuacutemero de palavras-chave
Na construccedilatildeo do texto do resumo podem ser repetidas frases contidas em outras seccedilotildees do artigo No entanto essas informaccedilotildees devem ser reformuladas de forma concisa enquanto no corpo do manuscrito elas podem ser apresentadas de maneira mais detalhada
Durante a escrita eacute possiacutevel utilizar outros resumos como modelo com a finalidade de tentar reproduzir sistematicamente quais as informaccedilotildees que devem estar presentes e o que habitualmente os autores priorizam em suas redaccedilotildees Poreacutem eacute importante sempre manter o senso criacutetico para saber julgar se o resumo utilizado como modelo eacute realmente bem estruturado e redigido com a finalidade de natildeo tomar como base uma redaccedilatildeo de maacute qualidade
Geralmente o resumo deve ser escrito apoacutes a finalizaccedilatildeo de todo o manuscrito mas eacute comum alguns orientadores recomendarem a escrita de um resumo preliminar antes de se iniciar a redaccedilatildeo final uma vez que esse texto pode servir como um esboccedilo auxiliando na definiccedilatildeo da ideia central do trabalho a ser escrito e que deveraacute ser revisado ao final
O resumo deve ser escrito na liacutengua vernaacutecula devendo haver tambeacutem um resumo em liacutengua estrangeira geralmente o inglecircs A traduccedilatildeo do resumo para a liacutengua inglesa eacute um elemento essencial para permitir o maior alcance do trabalho a leitores que natildeo possuem domiacutenio do idioma no qual o trabalho foi escrito originalmente (MATIAS-PEREIRA 2012) Dessa maneira a probabilidade de o artigo ser utilizado por leitores diversos e consequentemente de ser citado eacute ampliada o que daraacute maior notoriedade e credibilidade ao trabalho
76 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Ao final do resumo devem ser indicadas as palavras-chave que descrevem o conteuacutedo do trabalho Normalmente satildeo utilizadas trecircs a seis descritores contudo esse nuacutemero varia de acordo com as normas dos perioacutedicos ou editais de pesquisa Tais termos permitem a seleccedilatildeo dos artigos nas bases de dados eletrocircnicas (PubMed SciELO LILACS entre outras) e devem ser selecionadas em bancos de dados especiacuteficos
Os Descritores em Ciecircncias da Sauacutede (DeCS) consistem em um banco de palavras-chave estruturado que se utiliza de trecircs idiomas (inglecircs portuguecircs e espanhol) criado para unificar os termos na indexaccedilatildeo de artigos livros relatoacuterios e outros materiais acadecircmicos O site para acesso a esse banco de dados eacute wwwdecsbvsbr O DeCS foi elaborado a partir do Medical Subject Heading (MeSH) da US National Library of Medicine um importante banco de descritores em sauacutede utilizado para a indexaccedilatildeo de artigos do sistema MEDLINE-PubMed que pode ser acessado no site wwwncbinlmnihgovmesh
82 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Eacute notaacutevel a importacircncia do resumo no universo acadecircmico-cientiacutefico e o segredo para escrever um resumo claro curto objetivo criativo e cativante eacute sem duacutevidas ter domiacutenio do assunto abordado e clareza para a transmissatildeo das ideias centrais da pesquisa Diante disso eacute fundamental que no resumo sejam apresentadas informaccedilotildees relevantes com uma linguagem que favoreccedila o envolvimento do leitor a fim de convencecirc-lo quanto agrave importacircncia da temaacutetica abordada e agrave relevacircncia dos resultados obtidos na pesquisa fazendo que ele se sinta estimulado a continuar a leitura do artigo e quem sabe utilizaacute-lo como uma fonte de pesquisa para outros trabalhos
Como Redigir o Resumo 77
REFEREcircNCIAS
SOUSA V D DRIESSNACK M FLOacuteRIA-SANTOS M Como escrever o resumo de um artigo para publicaccedilatildeo Acta Paul Enferm Satildeo Paulo v 19 n 3 p 5-8 julset 2006 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0103-21002006000300001 Acesso em 09 abr 2020
ALENCAR C H M et al Como redigir o resumo de um projeto e definir as palavras-chave In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 5 p 41-46
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
79
9CRONOGRAMA E ORCcedilAMENTO
Juliana Ferreira ParaacuteMatheus Mendonccedila Leal Janja
ldquoCom organizaccedilatildeo e tempo acha-se o segredo de se fazer tudo e bem feitordquo
Pitaacutegoras
Realizar uma pesquisa cientiacutefica eacute uma aacuterdua tarefa e para que se possa finalizaacute-la a contento deve ser planejada de forma a permitir a execuccedilatildeo de todas as suas etapas em um tempo aceitaacutevel previamente definido aleacutem de ser financeiramente viaacutevel Listar todas as fases da pesquisa definir prazos exequiacuteveis captar e aplicar os recursos adequadamente satildeo passos fundamentais para todos os atores envolvidos em pesquisas consistindo em grandes desafios para jovens pesquisadores bem como para aqueles mais experientes
91 CRONOGRAMA
O cronograma consiste no planejamento temporal das atividades que seratildeo realizadas pelo pesquisador para a obtenccedilatildeo dos resultados da sua pesquisa Ele serve como um guia para que o pesquisador se organize durante a execuccedilatildeo da pesquisa Aleacutem disso serve para demonstrar se o pesquisador tem conhecimento sobre as etapas do seu estudo e sobre o tempo necessaacuterio para executaacute-lo
Eacute importante salientar que o cronograma traz informaccedilotildees sobre algo que ainda seraacute realizado Portanto ele dever conter os dados das atividades que seratildeo realizadas no futuro e natildeo as que jaacute foram desenvolvidas na elaboraccedilatildeo do projeto
Recomenda-se que esses itens devem estar presentes
bull tempo de execuccedilatildeo determina o tempo necessaacuterio para realizar cada atividade proposta
bull divisatildeo em etapas dividir o projeto em fases ajuda o pesquisador a se organizar e preparar todo o projeto
bull atribuiccedilatildeo de responsabilidades ndash essa parte natildeo eacute obrigatoacuteria mas ajuda a
80 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
otimizar o tempo dos elaboradores do projeto ainda mais se o grupo de pesquisadores for grande e os responsaacuteveis por cada etapa jaacute forem conhecidos
bull Preferencialmente o cronograma deve ser elaborado de forma graacutefica por meio de uma tabela levando-se em consideraccedilatildeo as fases da pesquisa Possiacuteveis contratempos devem ser contemplados Deve-se deixar um tempo adequado para a submissatildeo e aprovaccedilatildeo do projeto pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
bull Para a elaboraccedilatildeo do cronograma devem-se utilizar palavras objetivas e claras em adequaccedilatildeo especiacutefica com o trabalho executado Aleacutem disso avaliaccedilatildeo criacutetica e bom-senso satildeo necessaacuterios a fim de que se estipulem prazos exequiacuteveis para que o projeto seja executado adequadamente De acordo com HADDAD (2004) os projetos de pesquisa em geral tecircm cinco fases apresentadas no quadro 91
Quadro 91 mdash Fases de um projeto de pesquisa
Fase preliminar Levantamento de bibliografia obtenccedilatildeo de equipamentos necessaacuterios convocaccedilatildeo de pesquisadores submissatildeo ao comitecirc de eacutetica em pesquisa
Fase preparatoacuteria Preparaccedilatildeo de meacutetodos treinamento de todos os pesquisadores elaboraccedilatildeo de meacutetodos de coleta (fichas questionaacuterios formulaacuterios) ajuste de instrumentos de coleta sorteio de amostras
Fase de coleta de dados Coleta em campo supervisatildeo e controle da qualidade da execuccedilatildeo
Fase de computaccedilatildeo e anaacutelise de dados Anaacutelise de dados caacutelculo de variaacuteveis intervalo de confianccedila testes de significacircncia estatiacutestica confecccedilatildeo de tabelas e graacuteficos
Fase de redaccedilatildeo do trabalho cientiacutefico Escrever o trabalho de acordo com as adequaccedilotildees para onde quer submetecirc-lo
Fonte HADDAD 2004
Em relaccedilatildeo agrave forma de apresentaccedilatildeo das tabelas haacute a opccedilatildeo de que se utilize o cabeccedilalho mecircsano (quadro 92) o formato mais tradicional ou pode-se optar por cabeccedilalho em nuacutemeros sequenciais (quadro 93) Neste uacuteltimo caso caso haja algum contratempo decorrente de atraso na liberaccedilatildeo dos recursos financeiros ou da aprovaccedilatildeo pelo CEP a tabela continuaraacute atualizada como exemplificado abaixo (tabela 3) Em pesquisas de menor duraccedilatildeo o tempo poderaacute ser delimitado por dias
Cronograma e Orccedilamento 81
semanas ou quinzenas Ao contraacuterio pesquisas de maior duraccedilatildeo podem ser divididas em bimestres ou trimestres
Quadro 92 mdash Modelo de cronograma com cabeccedilalho mecircsano
ETAPAS JAN2019 FEV2019 MAR2019Revisatildeo bibliograacutefica X
Elaboraccedilatildeo de questionaacuterio
X X
Coleta de dados em campo
X
Quadro 93 mdash Modelo de cronograma com cabeccedilalho com numeraccedilatildeo sequencial
ETAPAS MEcircS 1 MEcircS 2 MEcircS 3Revisatildeo bibliograacutefica X
Elaboraccedilatildeo de questionaacuterio
X X
Coleta de dados em campo
X
Obs O mecircs 1 se refere ao tempo decorrido imediatamente apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo CEP
82 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Abaixo outros exemplos de cronogramas que obedecem agraves diferentes maneiras de organizaccedilatildeo (quadros 94 e 95)
Quadro 94 mdash Modelo de cronograma de projeto de pesquisa com cabeccedilalho
numerado (dados proacuteprios)
Periacuteodo (ANOMEcircS) Ano 1 Ano 2 Ano 3
Procedimentos 1-4 5-8 9-12 1-4 5-8 9-12 1-4 5-8 9-12
Revisatildeo de literatura X X X X X X X X X
Levantamento dos prontuaacuterios X
Aquisiccedilatildeo do material X
Agendamento das consultas X
Recrutamento do grupo controle X
Atendimento dos pacientescoleta de dados X X X
Anaacutelise laboratorial X X X
Anaacutelise e elaboraccedilatildeo dos laudos de neuropatia autonocircmica
X X X
Anaacutelise e elaboraccedilatildeo dos laudos do ecocardiograma X X X
Confecccedilatildeo do banco de dados X
Anaacutelise estatiacutestica dos dados X
Elaboraccedilatildeo do artigopublicaccedilotildees Apresentaccedilatildeo em congressos
X X
Obs Mecircs 1 ndash Ano 1 seraacute considerado a partir da aprovaccedilatildeo do projeto pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da instituiccedilatildeo
Cronograma e Orccedilamento 83
Quadro 95 mdash Modelo de cronograma de projeto de pesquisa com cabeccedilalho
mecircsano (dados proacuteprios)
JanJun 2018
OutDez 2017
JanMar 2018
AbrJun 2018
JulSet
2018
OutDez 2018
JanMar 2019
MarJun 2019
Revisatildeo de literatura X X X X X X X X
Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio em pacientes internados em unidades de enfermaria
X
Revisatildeo de prontuaacuterios X
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos resultados X
Apresentaccedilatildeo dos resultados para equipe multidisciplinar corpo cliacutenico e gestores das referidas instituiccedilotildees
X
Implantaccedilatildeo do protocolo X X
Avaliaccedilatildeo da implementaccedilatildeo do protocolo X X
Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio em pacientes internados em unidades de enfermaria
X
Revisatildeo de prontuaacuterios X
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos resultados X
Reapresentaccedilatildeo dos resultados para equipe multidisciplinar corpo cliacutenico e gestores das referidas instituiccedilotildees
X
Elaboraccedilatildeo do artigopublicaccedilotildees Apresentaccedilatildeo em congressos
X
Por fim deve-se ter em mente que respeito aos prazos eacute sempre algo a ser buscado embora nem sempre seja conseguido Por mais que o cronograma seja bem planejado podem ocorrer imprevistos ou falhas Nesses casos readequaacute-lo poderaacute ser necessaacuterio sempre visando manter a qualidade da pesquisa e evitando comprometer as suas fases finais como a elaboraccedilatildeo dos relatoacuterios finais ou a redaccedilatildeo dos artigos cientiacuteficos (MACENA PINHEIRO CARNEIRO JUacuteNIOR 2015)
84 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
92 ORCcedilAMENTO
Toda pesquisa tem custos que precisam ser considerados por ocasiatildeo da elaboraccedilatildeo do projeto Os editais de financiamento de pesquisas lanccedilados pelas agecircncias de fomento e os Comitecircs de Eacutetica em Pesquisa sempre avaliam os orccedilamentos dos projetos enviados para apreciaccedilatildeo Portanto essa etapa deve ser elaborada de maneira apropriada evitando que projetos adequados do ponto de vista eacutetico e metodoloacutegico incorram em equiacutevocos relacionados a esse quesito
Os itens do orccedilamento podem ser divididos em itens de custeio e itens de capital As despesas de custeio satildeo aquelas decorrentes da aquisiccedilatildeo de materiais de consumo serviccedilos de terceiros diaacuterias passagens e bolsas As despesas de capital por sua vez satildeo aquelas que se traduzem em investimento que poderatildeo ser incorporados ao patrimocircnio da instituiccedilatildeo de pesquisa como equipamentos material bibliograacutefico computadores impressoras obras etc Uma grande parte dos editais de financiamento das agecircncias de fomento determina uma proporccedilatildeo entre despesas de custeio e despesas de capital (GIL 2002)
Outro item que pode ser adicionado ao orccedilamento eacute a contrapartida ou seja quais seratildeo as despesas a serem assumidas pela instituiccedilatildeo onde a pesquisa seraacute realizada como exemplo podem-se citar os gastos com despesas habituais como alimentaccedilatildeo energia aacutegua e transporte (CAVALCANTI amp MACENA 2015)
Geralmente apresenta-se o orccedilamento sob a forma de uma tabela Devem ser especificados de forma detalhada os seguintes itens materiais permanentes (como impressoras computadores armaacuterios mesas bancadas equipamentos de laboratoacuterio etc) material de consumo (papel cartuchos de tinta luvas pastas-arquivo canetas etc) serviccedilos de terceiros (estatiacutestico tradutor revisor ortograacutefico etc) e recursos humanos (bolsas para pesquisadores estudantes etc) Devem ser indicados a quantidade de cada item o valor unitaacuterio e o valor total Abaixo segue exemplo de uma tabela de orccedilamento (quadro 96)
Cronograma e Orccedilamento 85
Quadro 96 mdash Modelo de orccedilamento de projeto de pesquisa (dados proacuteprios)
ITENS DE CUSTEIO
Materiais de consumo
Item QuantidadeValor
R$ TotalPapel A4 (resmas) 4 10000 10000Cartuchos de tinta 5 50000 50000Pastas-arquivo 10 50000 50000Canetas 20 5000 5000Subtotal R$ 115000
Serviccedilos de terceiros
Item QuantidadeValor
R$ TotalTradutor para liacutengua inglesa 1 80000 80000Revisor ortograacutefico 1 50000 50000Estatiacutestico 1 100000 100000Subtotal R$ 230000
Recursos humanos
Item QuantidadeValor
R$ TotalBolsa mensal para aluno de graduaccedilatildeo 24 50000 1200000
Subtotal R$ 1200000
86 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ITENS DE CAPITAL
Item QuantidadeValor
R$ TotalAparelho de ultrassonografia Sonoace R3 2 port BRA V20 + Transdutor linear de 5 a 12 Mhz
1 4000000 4000000
Notebook LG IntelCore 16 1 150000 150000Impressora jato de tinta 1 100000 100000Subtotal R$ 4250000
ORCcedilAMENTO FINAL
CUSTEIO R$ 1545000CAPITAL R$ 4250000TOTAL R$ 5795000
Em adiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo de todos os itens e custos eacute importante informar quem seraacute o provedor desses recursos A caracterizaccedilatildeo das fontes de financiamento visa dar transparecircncia agrave participaccedilatildeo e agrave forma de aplicaccedilatildeo das diferentes fontes de recursos aplicados em determinada pesquisa Qualquer forma de remuneraccedilatildeo dos indiviacuteduos pesquisados que natildeo se caracterize como ressarcimento de despesas ou remuneraccedilatildeo dos pesquisadores ou funcionaacuterios puacuteblicos com verbas oriundas de recursos de agecircncias de fomento natildeo eacute permitido
Cronograma e Orccedilamento 87
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G MACENA RHM Como fazer um orccedilamento honesto In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 13 p 85-88
GIL A C Como calcular o tempo e o custo do projeto In GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 cap 15 p 155-160
HADDAD N Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho cientiacutefico Satildeo Paulo Roca 2004
MACENA RHM PINHEIRO MA CARNEIRO JUacuteNIOR EC Como elaborar um cronograma claro e objetivo In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 12 p 81-83
89
10APEcircNDICES E ANEXOS
Vitoacuteria Costa Lima
ldquoParte anexa acreacutescimo ou prolongamento de uma parte principal
suplemento no fim de uma obrardquo
diciocombr
Ao final do texto de um projeto de pesquisa ou trabalho acadecircmico podem ser adicionados elementos poacutes-textuais opcionais que complementam o texto principal satildeo os apecircndices e anexos
O apecircndice consiste em um texto ou documento elaborado pelo autor em que satildeo expostas informaccedilotildees complementares sobre o desenvolvimento do trabalho Na maioria das vezes os apecircndices consistem em documentos que complementam informaccedilotildees sobre os meacutetodos da pesquisa como instrumentos para coleta de dados ou documentos relacionados agrave anaacutelise regulatoacuteria e eacutetica como solicitaccedilatildeo de autorizaccedilatildeo para a pesquisa termos de consentimento livre e esclarecido etc Caso o autor julgue pertinente ao produzir o artigo cientiacutefico alguns apecircndices podem ser apresentados como material suplementar
O anexo por sua vez consiste em um texto ou documento natildeo elaborado pelo autor mas que em seu julgamento acrescenta informaccedilotildees importantes relacionadas ao seu trabalho Os anexos servem de apoio para a estrutura do texto pois permitem organizaacute-lo de forma a evitar a inclusatildeo de muitos documentos adicionais facilitando a leitura do texto principal Assim como os apecircndices os anexos podem ser parte da anaacutelise regulatoacuteria e eacutetica (carta de aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa carta de anuecircncia do local onde a pesquisa seraacute realizada) bem como metodoloacutegica (instruccedilotildees e teacutecnicas para realizaccedilatildeo de um exame descriccedilatildeo de um equipamento valores de referecircncia de determinado analito ou meacutetodo etc)
Segundo as normas da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) os apecircndices e anexos devem ser elaborados de acordo com as seguintes instruccedilotildees
bull identificaccedilatildeo por uma letra do alfabeto em caixa alta
bull tiacutetulo centralizado em negrito separado por hiacutefen
bull fonte Arial 10 ou Times New Roman 12
90 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull paacuteginas enumeradas seguindo a ordem do texto discriminadas no sumaacuterio
Seguem exemplos
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio sobre o perfil dos pacientes internados por quedas e fraturas em hospital terciaacuterio de trauma em Fortaleza ndash CE
APEcircNDICE B ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
APEcircNDICE C ndash Carta de anuecircncia da chefia do setor onde a pesquisa seraacute realizada
ANEXO A ndash Parecer de aprovaccedilatildeo do projeto no Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
ANEXO B ndash Valores de referecircncia para os testes autonocircmicos cardiovasculares
Apecircndices e Anexos 91
REFEREcircNCIAS
NORMAS Teacutecnicas Anexos [S l s n] [20--] Disponiacutevel em httpswwwnormastecnicascomabnttrabalhos-academicosanexos Acesso em 16 maio 2019
93
11REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Victor Gomes PitombeiraClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoA leitura traz ao homem plenitude ao discurso seguranccedila e agrave escrita precisatildeordquo
Francis Bacon
As referecircncias bibliograacuteficas satildeo elemento obrigatoacuterio na estrutura de uma produccedilatildeo acadecircmica satildeo constituiacutedas por todo material impresso eletrocircnico ou audiovisual que eacute utilizado na elaboraccedilatildeo de um texto cientiacutefico (EVANGELISTA et al 2015) O processo de referenciar tais materiais eacute de extrema importacircncia para a demonstraccedilatildeo da validade e confiabilidade de uma produccedilatildeo acadecircmica
As referecircncias satildeo o testemunho das fontes que o pesquisador se valeu para construir as citaccedilotildees de seu trabalho formando a base de conhecimento sobre o qual foi elaborada determinada pesquisa Apesar de o processo de ajuste de referecircncias quase sempre desgastante e monoacutetono parecer apenas puramente mecacircnico ele tem seu valor porque contribui para a formaccedilatildeo intelectual do pesquisador (REIZ 2013)
Muitas vezes antes de iniciar a redaccedilatildeo de um trabalho cientiacutefico o pesquisador jaacute tem em mente quais as principais referecircncias para seu projeto ou artigo tendo em vista que o processo de delimitaccedilatildeo de um tema de pesquisa eacute oriundo de vasta leitura sobre o assunto No entanto muitos autores natildeo se preparam adequadamente para essa etapa da escrita dificultando o ajuste das referecircncias por ocasiatildeo da finalizaccedilatildeo do texto
Neste capiacutetulo seratildeo apresentados aspectos relevantes a serem considerados durante a seleccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo das referecircncias bibliograacuteficas de um trabalho acadecircmico
111 ASPECTOS RELEVANTES DURANTE A SELECcedilAtildeO DAS REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
O primeiro aspecto a ser ressaltado eacute que natildeo se deve confundir quantidade de referecircncias com qualidade Uma produccedilatildeo com muitas referecircncias nem sempre eacute a de melhor qualidade Na verdade eacute preferiacutevel que um artigo tenha boas referecircncias a ter numerosas visto que muitas revistas e perioacutedicos limitam o seu nuacutemero Mas
94 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
como selecionar boas referecircncias
Deve-se sempre que possiacutevel buscar revistas com alto fator de impacto Esse fator mede a importacircncia de determinado perioacutedico para a comunidade cientiacutefica Normalmente aqueles que tecircm maior fator de impacto tambeacutem tendem a ter melhores publicaccedilotildees transmitindo maior credibilidade ao leitor (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
Deve-se levar em consideraccedilatildeo ainda o grau de evidecircncia das referecircncias citadas Eacute preferiacutevel que se incluam referecircncias que forneccedilam um maior grau de evidecircncia cientiacutefica Deve-se avaliar criticamente o grau de evidecircncia das fontes citadas dando prioridade para incluir artigos com desenhos adequados para o tema sob estudo Por exemplo para pesquisas sobre faacutermacos eacute melhor que sejam priorizadas as citaccedilotildees de ensaios cliacutenicos em detrimento de citaccedilotildees de relatos de caso Para pesquisas sobre fatores de risco para doenccedilas satildeo preferiacuteveis estudos de coorte com nuacutemero adequado de pacientes a estudos transversais A piracircmide ilustrada abaixo classifica as evidecircncias de acordo com o grau de hierarquia (figura 111) e pode ser uacutetil por ocasiatildeo da seleccedilatildeo das fontes bibliograacuteficas de uma produccedilatildeo acadecircmica
Figura 111 mdash Hierarquia do grau de evidecircncia para estudos sobre tratamento (intervenccedilotildees)
Onde RS ndash revisotildees sistemaacuteticas ECR ndash ensaio cliacutenico randomizado Nota para estudos de diagnoacutestico ou prognoacutestico devem-se considerar as revisotildees sistemaacuteticas de coortes e estudos de coorte validados como o topo da piracircmide (Adaptado de MELNYK 2011)
Apecircndices e Anexos 95
A data da publicaccedilatildeo do material bibliograacutefico eacute outro aspecto relevante Eacute sempre bom manter suas fontes bem atualizadas procurando artigos recentes incluindo publicaccedilotildees dos uacuteltimos cinco anos em meacutedia Entretanto deve-se ressaltar que nem sempre eacute indicado referenciar apenas os textos mais recentes sobre determinado assunto Faz parte do trabalho do autor saber balancear a idade da publicaccedilatildeo agrave sua importacircncia
Existem diversos trabalhos antigos que trouxeram conceitos importantes e edificaram o conhecimento sobre determinado assunto ou seja artigos de grande impacto inovadores para sua eacutepoca sendo imprescindiacutevel que sejam citados Em contrapartida haacute diversos artigos mais recentes que apesar de estarem anos agrave frente pouco acrescentam agrave aacuterea ou trazem meacutetodos duvidosos ou natildeo passaram por criteriosa avaliaccedilatildeo antes de serem publicados Nesse caso pode ser mais saudaacutevel para a produccedilatildeo cientiacutefica que o autor priorize o artigo mais antigo do que opte por um mais novo mas que talvez natildeo traga tanto embasamento e fundamentaccedilatildeo Assim sempre que possiacutevel ao citar conceitos claacutessicos deve-se identificar os primeiros autores a descrevecirc-los
Outro fator que deve ser levado em consideraccedilatildeo eacute a disponibilidade da referecircncia O material referenciado precisa ser acessiacutevel Quanto agrave acessibilidade entende-se como ser acessado pela internet para a realidade do seacuteculo XXI Os mais radicais defendem que atualmente se um artigo natildeo existir na internet por qualquer que seja a razatildeo ele simplesmente natildeo existe (REIZ 2013)
112 NORMAS PARA A ELABORACcedilAtildeO DAS REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Cada veiacuteculo tem normas determinadas que regem o modo como devem ser diagramados organizados e redigidos os artigos submetidos para publicaccedilatildeo O referenciamento bibliograacutefico pode seguir diversos padrotildees No Brasil a construccedilatildeo das referecircncias eacute regida sob a Norma NBR6023 da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) que teve sua uacuteltima atualizaccedilatildeo feita em 2018 (wwwabntorgbr httpswwwyoutubecomwatchv=-lhwOCKE-N4) Outros padrotildees no entanto podem ser utilizados
Dentro da aacuterea da sauacutede e especialmente fora do Brasil o estilo Vancouver eacute o mais utilizado e pode ser acessado no endereccedilo wwwncbinlmnihgovbooksnbk7256 A lista de abreviaturas dos tiacutetulos de perioacutedicos que deve ser padronizada nas referecircncias pode ser acessada em wwwnlmnihgovtsdserialsljihtml
Eacute imprescindiacutevel que o autor se informe acerca de quais satildeo as normas do veiacuteculo em que pretende publicar seu artigo para que adapte a bibliografia ao modelo requerido Foge ao escopo deste capiacutetulo discriminar as regras de cada uma desses padrotildees Sugerimos acessar as normas de acordo com o indicado pela agecircncia
96 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
de fomento ou perioacutedico cientiacutefico ou ainda utilizar ferramentas ou programas especiacuteficos para a elaboraccedilatildeo de referecircncias bibliograacuteficas
113 FERRAMENTAS E LINKS UacuteTEIS
O processo de elaboraccedilatildeo e escrita das referecircncias bibliograacuteficas eacute para a maioria dos autores monoacutetono e cansativo Devido agrave grande quantidade de detalhes muitas pessoas recorrem a ferramentas de referenciaccedilatildeo desenvolvidas especificamente para esse propoacutesito Existem diversas opccedilotildees algumas pagas e outras gratuitas
Entre as opccedilotildees gratuitas existem o Docear (wwwdocearorg) desenvolvido em universidades o Zotero (wwwzoteroorg) criado em um centro de miacutedias o Facilis (httpfacilisuesbbr) e por fim o MORE criado pela Universidade Federal de Santa Catarina (httpwwwmoreufscbr) Esses dois uacuteltimos foram desenvolvidos para que pudessem gerar referecircncias de acordo com as normas da ABNT
Geralmente os softwares pagos possuem mais ferramentas e funccedilotildees sendo otimizados em relaccedilatildeo aos gratuitos Entre as opccedilotildees pagas estatildeo o Biblioscape (wwwbiblioscapecom) desenvolvido pela CG Informationreg o EndNote (wwwendnotecom) da Clarivate Analyticsreg e o Mendeley (wwwmendeleycom) da Elsevierreg Esses softwares foram desenvolvidos por empresas estrangeiras
Aleacutem das opccedilotildees citadas acima alguns editores de texto como o proacuteprio Microsoft Wordreg possuem ferramentas proacuteprias de referenciamento de texto No entanto ateacute o momento natildeo foi implementado junto ao Word nenhum modelo de norma da ABNT (httpssupportofficecompt-brarticlecriar-uma-bibliografia-citaC3A7C3B5es-e-referC3AAncias-17686589-4824-4940-9c69-342c289fa2a5)
Apecircndices e Anexos 97
REFEREcircNCIAS
ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referecircncias elaboraccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro ABNT 2018
EVANGELISTA D S et al Como preparar minhas referecircncias bibliograacuteficas In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 15 p 91-110
MEDEIROS J B TOMASI C Normas para apresentar referecircncias In MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017 cap 9 p 203-224
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
MELNYK B M Evidence-based practice in nursing amp healthcare a guide to best practice 2nd ed Philadelphia Wolters KluwerLippincott Williams amp Wilkin 2011
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
PARTE II Os bastidores da elaboraccedilatildeo de uma produccedilatildeo cientiacutefica (ou Os alicercesretaguarda de uma
boa produccedilatildeo acadecircmica)
101
12COMO REALIZAR UMA BOA REVISAtildeO
BIBLIOGRAacuteFICA
Victor Hugo Lima JacintoVeyda Lourdes Ferreira Martins
Lilian Loureiro Albuquerque Cavalcante
ldquoCada investigador analisa minuciosamente os trabalhos dos investigadores que o precederam e soacute entatildeo compreendido o testemunho que lhe foi confiado parte
equipado para a sua proacutepria aventurardquo
(CARDOSO et al 2010)
121 INTRODUCcedilAtildeO
A revisatildeo bibliograacutefica ou revisatildeo de literatura corresponde ao compilado de conhecimentos que fundamentam a base teoacuterica da pesquisa Eacute indispensaacutevel para definir o problema ou questionamento bem como para obter uma ideia precisa do panorama atual sobre algum tema as suas lacunas e a contribuiccedilatildeo da investigaccedilatildeo para o desenvolvimento do conhecimento (BENTO2012)
Segundo Pereira (2012) ldquoa revisatildeo da literatura diz respeito agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica que seraacute adotada para tratar do tema e do problema da pesquisa Por meio da anaacutelise da literatura publicada eacute possiacutevel traccedilar um quadro teoacuterico e conceitual que daraacute sustentaccedilatildeo ao desenvolvimento da pesquisardquo
122 INICIANDO A REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Como prerrogativa para o iniacutecio da busca bibliograacutefica o pesquisador necessita delinear o problemapergunta da pesquisa Deve estar ciente de qual eacute a finalidade do projeto (MOREIRA 2004 CARDOSO ALARCAtildeO CELORICO 2010) A leitura preacutevia de alguns textos para a seleccedilatildeo adequada do objetivo central e para o estabelecimento de possiacuteveis questionamentos eacute o primeiro passo para o direcionamento da revisatildeo da literatura Bem executada embasa uma produccedilatildeo cientiacutefica relevante que contribuiraacute para a evoluccedilatildeo do conhecimento
Muitos estudos apresentam falhas devido a natildeo delimitaccedilatildeo correta do problema A revisatildeo bibliograacutefica auxilia nessa compreensatildeo como tambeacutem evita
102 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
recorrer a pontos jaacute bem discutidos (BARROS 2011) Nesse contexto eacute vaacutelido acrescentar que novos campos investigativos podem ser evidenciados tanto em temas jaacute bem abordados quanto em aacutereas pouco desenvolvidas (BENTO 2012)
Uma estrateacutegia difundida no meio acadecircmico para iniciar uma revisatildeo de literatura eacute a estrateacutegia PICO A sigla representa um acrocircnimo para populaccedilatildeo Intervenccedilatildeo Comparaccedilatildeo e Outcomes (desfechos) pontos essenciais para a construccedilatildeo da pesquisa e do questionamento para a busca bibliograacutefica
A estrateacutegia PICO pode ser utilizada para construir questotildees de pesquisa de naturezas diversas oriundas da cliacutenica do gerenciamento de recursos humanos e materiais da busca de ferramentas para avaliaccedilatildeo de sintomas entre outras Se a pergunta da pesquisa estiver bem delineada pode-se direcionar de forma mais assertiva a busca da literatura relacionada nas bases de dados O MEDLINEPubMed uma das plataformas de pesquisa bem reconhecida disponibiliza uma interface para inserccedilatildeo direta dos quatro componentes da estrateacutegia PICO citada anteriormente podendo ser acessada por meio do endereccedilo eletrocircnico httpaskmedlinenlmnihgovaskpicophp
123 TIPOS DE REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A revisatildeo da literatura pode ser de trecircs tipos narrativa integrativa e sistemaacutetica Independentemente da metodologia todas buscam conhecer o panorama atual do tema em investigaccedilatildeo
A revisatildeo do tipo narrativa tambeacutem conhecida como exploratoacuteria ou tradicional natildeo apresenta criteacuterios sistemaacuteticos nem utiliza estrateacutegias rebuscadas para filtrar os estudos publicados O pesquisador seleciona a bibliografia sem exaurir toda a literatura disponiacutevel (CORDEIRO et al 2007)
A revisatildeo integrativa eacute um meacutetodo que proporciona a siacutentese de conhecimento e a incorporaccedilatildeo da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na praacutetica apresentando maior planejamento com criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo bem desenhados e maior rigor metodoloacutegico (SOUZA 2010)
A revisatildeo sistemaacutetica por sua vez eacute realizada sob planejamento estruturado baseada em um tema especiacutefico bem delimitado com a inclusatildeo de estudos com meacutetodos semelhantes (ERCOLE MELO ALCOFORDA 2014) Busca-se com esse controle metodoloacutegico para a seleccedilatildeo dos estudos evitar vieses e erros aleatoacuterios Trata-se portanto de um meacutetodo de revisatildeo reprodutiacutevel que combina resultados de diferentes estudos com criteacuterios de seleccedilatildeo claros Nesse processo diferentemente da revisatildeo tipo narrativa e integrativa faz-se necessaacuteria a participaccedilatildeo de pelo menos dois pesquisadores que trabalham de forma independente para a definiccedilatildeo de quais dados coletados faratildeo parte da anaacutelise final (CORDEIRO et al 2007)
Os dados obtidos a partir de revisotildees sistemaacuteticas podem ser analisados
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 103
atraveacutes da aplicaccedilatildeo da teacutecnica de metanaacutelise que consiste em um meacutetodo de anaacutelise estatiacutestica especialmente desenvolvido para integrar os resultados de dois ou mais estudos independentes sobre uma mesma questatildeo de pesquisa combinando em uma medida resumo os resultados de tais estudos (EGGER SMITH 1997) As metanaacutelises funcionam como uma ldquoextensatildeordquo da pesquisa bibliograacutefica sistemaacutetica fornecendo estimativas mais precisas e maior generalizaccedilatildeo dos resultados
124 PONTOS CRIacuteTICOS QUANTIDADE VERSUS QUALIDADE DAS FONTES BIBLIOGRAacuteFICAS
No processo de construccedilatildeo do trabalho uma duacutevida frequente se refere agrave quantidade de fontes necessaacuterias para o sucesso de uma boa produccedilatildeo Agrave medida que se observam informaccedilotildees repetidas durante a pesquisa bibliograacutefica entende-se que a busca estaacute em finalizaccedilatildeo Eacute o que se denomina ldquoponto de saturaccedilatildeordquo (BENTO 2012) O foco deve ser direcionado agrave qualidade das informaccedilotildees coletadas enfatizando-se a relevacircncia dos dados obtidos bem como sua anaacutelise criacutetica
Outro ponto de duacutevida eacute como avaliar a qualidade da fonte a ser utilizada Recomenda-se iniciar a busca por meio de publicaccedilotildees com maior niacutevel de evidecircncia e se possiacutevel mais recentes (CARDOSO 2010)
Eacute imprescindiacutevel esclarecer que a revisatildeo bibliograacutefica natildeo consiste apenas em conhecer outras pesquisas e filtrar alguns dados Representa em sua essecircncia estabelecer uma visatildeo criacutetica acerca dos objetos de pesquisa sendo primordial a comparaccedilatildeoconfronto entre os trabalhos analisados Requer preparo e maturidade dos pesquisadores que vatildeo aprimorando-se ao longo das atividades acadecircmicas
Eacute importante estar atento para possiacuteveis erros na busca bibliograacutefica Devem ser evitados estudos com desenhos questionaacuteveis Natildeo se deve desprezar nenhuma obra importante acerca do tema abordado (CARDOSO 2010) O aprofundamento da revisatildeo cientiacutefica melhora a credibilidade da pesquisa Sugere-se realizar a pesquisa bibliograacutefica na seguinte ordem (ANDRADE 2009)
bull artigos publicados em perioacutedicos internacionais de alto impacto
bull artigos publicados em perioacutedicos nacionais reconhecidos
bull livros publicados por bons editores
bull teses e dissertaccedilotildees
bull anais de conferecircncias internacionais
bull anais de conferecircncias nacionais
104 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
125 ELABORANDO UM RESUMO DAS REFEREcircNCIAS SELECIONADAS
De uma maneira geral sugere-se que os pesquisadores devam selecionar as partes mais relevantes de cada texto e registrar as ideias oriundas a partir do estudo de todas as fontes selecionadas Apoacutes a finalizaccedilatildeo dessa leitura pode-se escrever um resumo enfatizando os dados mais importantes referenciando-os de forma adequada Para otimizar o tempo dispensado para a elaboraccedilatildeo das referecircncias bibliograacuteficas deve-se estar atento agraves citaccedilotildees que podem ser utilizadas posteriormente
126 FONTES DE PESQUISA
A pesquisa bibliograacutefica pode ser realizada em diferentes fontes sendo as principais artigos cientiacuteficos livros teses dissertaccedilotildees manuais normas teacutecnicas entre outras
Atualmente a internet representa a principal fonte de busca literaacuteria com vasto acervo bibliograacutefico Haacute diversos sites atualmente disponiacuteveis Alguns artigos natildeo estatildeo disponiacuteveis de forma gratuita devendo ser adquiridos por meio de taxas direcionadas agraves revistas cientiacuteficas ou por meio de centros universitaacuterios que as disponibilizam para os acadecircmicos e pesquisadores Seguem no quadro 121 abaixo os principais sites de pesquisa bibliograacutefica
Quadro 121 mdash Links para sites de pesquisa bibliograacutefica
Base Caracteriacutestica da Base de Dados
MEDLINE
Dados bibliograacuteficos da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos Ameacuterica (EUA) com artigos de jornais cientiacuteficos da aacuterea meacutedica dos EUA e de outros paiacuteses (PUBMED
MEDLINEPubMed Literatura biomeacutedica Conteacutem textos completos
LILACS Dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede
Perioacutedicos CAPES Disponibiliza produccedilatildeo cientiacutefica internacional
SciELO Perioacutedicos cientiacuteficos de base multidisciplinar do Brasil Ameacuterica Latina e Caribe
Google Scholar Pesquisa de materiais acadecircmicos variadosCochrane Database of Systematic Review Tratamentos de sauacutede e intervenccedilotildees sociais
ERICEducaccedilatildeo e temas relacionados Indexa artigos resumos de congressos teses Dissertaccedilotildees monografias dentre outros materiais
Continua
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 105
Base Caracteriacutestica da Base de DadosScience Direct Multidisciplinar
Web of Science Multidisciplinar Indexa apenas os perioacutedicos mais citados em seus respectivos campos
Banco de teses da CAPES Multidisciplinar Reuacutene teses e dissertaccedilotildees brasileiras
BVS
Permite realizar uma busca integrada nas bases de dados da BIREME Informaccedilotildees em sauacutede na Ameacuterica Latina com resumos e referecircncias de artigos na aacuterea da sauacutede
ClinicalKey Site de pesquisa meacutedica que com acesso a publicaccedilotildees da editora Elsevier
SAGE Foco nas aacutereas de ciecircncias humanas e ciecircncias sociais aplicadas
Research Evidence in Education Library Intervenccedilotildees educacionaisThe Campbell Collaboration Intervenccedilotildees sociais e poliacuteticas puacuteblicasThe Evidence for Policy and Practice Information and Co-ordinating Centre (EPPI-Centre) Sauacutede sociais e poliacuteticas puacuteblicas
Para facilitar as pesquisas em tais bases eletrocircnicas alguns instrumentos de refinamento da busca bibliograacutefica podem ser utilizados Satildeo filtros que podem ser associados agraves palavras-chave para delimitar a busca tais como data de publicaccedilatildeo idioma tipo de artigo (revisatildeo sistemaacutetica metanaacutelise ensaio cliacutenico etc)
Aleacutem disso podem ser utilizados operadores de busca que auxiliam a pesquisa nas bases de dados No quadro 122 estatildeo citados os principais operadores utilizados
Quadro 122 mdash Operadores de busca para pesquisa bibliograacutefica em bases de dados cientiacuteficos
Operadores de buscaOperadores loacutegicos ou Booleanos
AND Recupera apenas os registros que contecircm ambos os termos da busca Ex diabetes AND dyslipidemia
OR Recupera registros tanto de um termo da busca quanto do outro Ex gestation OR pregnancy
NOTRecupera os registros relacionados ao primeiro termo da busca que natildeo conteacutem o segundo termo Ex dyslipidemia NOT child
Operador de mascaramentoContinua
106 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Operadores de busca
Substitui uma letra da palavra da busca por para possiacuteveis variaccedilotildees na escrita Ex Brail (dados com Brasil e Brazil)
Operador de truncamento
Substitui a finalizaccedilatildeo de uma palavra Ex diabet (dados com diabetes diabetic diabetology)
Obs 1 Os operadores Booleanos devem ser sempre escritos em letra maiuacutescula e podem ser inseridos entre qualquer termo que esteja sendo pesquisadoObs 2 Diante de um termo composto haacute a necessidade do uso das aspas para a especificaccedilatildeo dos termos Ex ldquotype 1 diabetes mellitusrdquo AND ldquophysical exerciserdquoObs 3 Para a combinaccedilatildeo e orientaccedilatildeo de buscas pode-se usar a ferramenta parecircnteses As informaccedilotildees entre parecircnteses satildeo consideradas primeiro Ex (Type 1 OR Type 2 diabetes) AND ldquophysical exercicerdquo
As palavras-chave ou descritores devem estar inseridos na plataforma de busca previamente Natildeo podem ser criadas de forma aleatoacuteria No PubMed pode-se utilizar a ferramenta MesH para a visualizaccedilatildeo dos termos mais adequados Para isso deve-se acessar o link MeSH no filtro Search na primeira paacutegina de acesso ao site Caso a palavra-chave natildeo esteja na lista da plataforma o sistema sugeriraacute o termo mais adequado
127 PASSOS PARA A REVISAtildeO DA LITERATURA
A compreensatildeo das etapas envolvidas na busca bibliograacutefica representa o alicerce baacutesico para a confecccedilatildeo de uma redaccedilatildeo cientiacutefica de qualidade De acordo com Bento (2012) uma boa revisatildeo bibliograacutefica eacute composta principalmente por quatro etapas conforme segue abaixo
bull Identificar palavras-chave ou descritores deve ser criada uma seacuterie de palavras-chave acerca do tema em investigaccedilatildeo para que seja realizada a pesquisa nas bases de dados
bull Rever fontes secundaacuterias representam redaccedilotildees de autores que interpretam trabalhos de outros estudiosos
bull Recolher fontes primaacuterias corresponde ao estudo dos trabalhos originais de autores e investigadores sendo coletados principalmente por meio de artigos em perioacutedicos cientiacuteficos Uma estrateacutegia recomendada nessa etapa eacute classificar cada fonte como ldquomuito importanterdquo ldquomoderadamente importanterdquo e ldquoalgo importanterdquo
bull Ler criticamente e resumir a literatura esse passo envolve questionar especular avaliar repensar e sintetizar de forma criacutetica a literatura recolhida Eacute importante avaliar nesse toacutepico aspectos relevantes do seu estudo pontos em comum entre os autores e questotildees natildeo abordadas ateacute o momento
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 107
No quadro 123 seguem algumas orientaccedilotildees para a sistematizaccedilatildeo do processo de revisatildeo de literatura
Quadro 123 mdash Sugestatildeo de roteiro para a realizaccedilatildeo da revisatildeo de literatura e estudo do estado da arte de um tema
Defina o tema da pesquisaLeia trabalhos relacionadosDelimite o problemaSelecione palavras-chave ou descritoresInicie a busca nas bases de dados para pesquisa bibliograacuteficaSelecione os tiacutetulos relacionados leia os resumos e toacutepicos principaisRealize a leitura completa das obras selecionadasFaccedila resumos com anaacutelise criacuteticaArquive os dados para reanaacutelise posteriorUtilize a sua revisatildeo para embasar seu projeto ou artigo ou ainda para elaborar uma revisatildeo de literatura
128 CONCLUSAtildeO
Conhecer os passos para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa bibliograacutefica de qualidade representa uma etapa importante para a vida acadecircmica Atualmente estatildeo disponiacuteveis diversas bases de dados eletrocircnicas que vieram para facilitar esse processo permitindo o acesso dos pesquisadores a amplo conteuacutedo cientiacutefico Ser capaz de identificar entre esse vasto universo de publicaccedilotildees aquelas que satildeo relevantes para o desenvolvimento cientiacutefico consiste em condiccedilatildeo essencial para a elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa e artigos cientiacuteficos de qualidade
108 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
BENTO A Como fazer uma revisatildeo da literatura consideraccedilotildees teoacutericas e praacuteticas Madeira [s n] 201- Disponiacutevel em httpwww3umaptbentoRepositorioRevisaodaliteraturapdf Acesso em 22 nov 2020
MOREIRA W Revisatildeo de Literatura e Desenvolvimento Cientiacutefico conceitos e estrateacutegias para confecccedilatildeo [S l s n] 2004 Disponiacutevel em httpsfilescercompufgbrwebyup19oRevis__o_de_Literatura_e_desenvolvimento_cient__ficopdf Acesso em 09 jul 2020
CORDEIRO A M et al Revisatildeo sistemaacutetica uma revisatildeo narrativa Rev Col Bras Cir Rio de Janeiro v 34 n 6 p 428-431 dez 2007
SOUZA M T SILVA M D CARVALHO R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein [S l] v 8 n1 p 102-6 2010
ERCOLE F F MELO L S ALCOFORADO C L G C Revisatildeo integrativa versus revisatildeo sistemaacutetica REME - Rev Min Enferm Belo Horizonte v 18 n 1 janmar 2014 Disponiacutevel em httpwwwdxdoiorg1059351415-276220140001 Acesso em 11 jul 2020
ANDRADE MM Introduccedilatildeo agrave metodologia do trabalho cientiacutefico elaboraccedilatildeo de trabalhos na graduaccedilatildeo9 ed Satildeo Paulo Atlas 2009
EGGER M SMITH G D Meta-analysis potentials and promise BMJ Londres v 315 n 7119 p 1371-4 nov 1997
BARROS J A A Revisatildeo Bibliograacutefica - Dimensatildeo fundamental para o planejamento da Pesquisa Instrumento R Est Pesq Educ Juiacutez de Fora v 13 n 1 2011
109
13A REDACcedilAtildeO ACADEcircMICA DICAS PARA UMA BOA
ESCRITA
Veyda Lourdes Ferreira MartinsClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoO gosto pela escrita cresce agrave medida que se escreverdquo
Erasmo de Rotherdam
A evoluccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico somente eacute possiacutevel por meio da transmissatildeo das descobertas oriundas de pesquisas nas mais diversas aacutereas e para que isso ocorra o exerciacutecio da escrita se faz fundamental O sucesso de uma produccedilatildeo acadecircmica passa pela qualidade da escrita ao final do processo Saber escrever um bom texto cientiacutefico eacute tatildeo importante quanto saber executar as demais fases da pesquisa Poreacutem escrever bem natildeo eacute uma tarefa simples Mesmo com vocaccedilatildeo e habilidades inatas eacute necessaacuteria a praacutetica constante da redaccedilatildeo visando a seu aperfeiccediloamento contiacutenuo por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades teacutecnicas
Aleacutem disso escrever bem envolve conhecer o puacuteblico para o qual se destina o seu produto De uma maneira geral a escrita cientiacutefica apresenta particularidades especiacuteficas que visam agrave transmissatildeo de informaccedilatildeo e conhecimento com objetividade exatidatildeo ldquoimparcialidaderdquo e eacutetica como deseja o leitor de um trabalho cientiacutefico Segundo Reiz (2012) eacute essencial distinguir redaccedilatildeo cientiacutefica e redaccedilatildeo literaacuteria (quadro 131)
Assim o objetivo deste capiacutetulo eacute apresentar algumas consideraccedilotildees sobre a escrita acadecircmica discutindo alguns viacutecios comumente observados e como evitaacute-los
131 A ESCRITA ACADEcircMICA
Redigir um texto geralmente eacute uma das partes mais difiacuteceis de um trabalho acadecircmico gerando diferentes graus de inseguranccedila no aluno Esse fenocircmeno contudo eacute algo frequente e esperado que tende a melhorar ao longo da redaccedilatildeo Agrave medida que o aluno vai escrevendo o bloqueio e a inseguranccedila inicial tendem a diminuir e as ideias comeccedilam a surgir
110 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 131 mdash Diferenccedilas entre a redaccedilatildeo cientiacutefica e literaacuteria
Redaccedilatildeo cientiacutefica Redaccedilatildeo literaacuteriaInformaccedilatildeo e conhecimento Sentimento e emoccedilatildeoTeacutecnica EsteacuteticaObjetividade SubjetividadeExatidatildeo Adorno na expressatildeoNormas de uso obrigatoacuterio Livre escolhaPrecisatildeo Interpretaccedilotildees diversas (estiacutemulo agrave imaginaccedilatildeo)Denotaccedilatildeo ConotaccedilatildeoEspecificaccedilatildeo GeneralizaccedilatildeoModeacutestia e sobriedade Requinte e refinamentoImparcialidade Juiacutezo de valor
Adaptado de Reiz 2012
Entatildeo a primeira dica eacute COMECE Mesmo que o texto seja reformulado depois comece a escrever Natildeo importa se a primeira versatildeo natildeo ficou adequada o texto sempre poderaacute ser reformulado com a ajuda do orientador ou de pesquisadores mais experientes No entanto cuidado natildeo inicie a redaccedilatildeo antes de conhecer muito bem a histoacuteria que iraacute contar (VOLPATO 2015)
Ao iniciar eacute importante que o aluno calcule adequadamente o tempo necessaacuterio para finalizar a versatildeo inicial de sua produccedilatildeo planejando tempo haacutebil para a sua proacutepria revisatildeo para a revisatildeo do orientador e para que o texto seja reformulado caso precise
Eacute necessaacuterio ainda dedicar tempo para uma boa revisatildeo ortograacutefica e gramatical Quando uma produccedilatildeo cientiacutefica conteacutem erros de escrita os pareceristas e revisores das agecircncias de fomentos e de revistas cientiacuteficas podem recusar projetos ou artigos por entenderem tais erros como desleixo E se existe desleixo na escrita do trabalho eacute de se esperar que as outras etapas da pesquisa tambeacutem possam ter sido realizadas sem zelo Portanto um texto que natildeo segue a norma-padratildeo da liacutengua pode comprometer a credibilidade do estudo e dos pesquisadores (KOLLER 2014)
Aleacutem de respeitar a norma-padratildeo da liacutengua o texto cientiacutefico deve atender a alguns requisitos baacutesicos desse tipo de gecircnero literaacuterio ndash CLAREZA COESAtildeO CONCISAtildeO e PRECISAtildeO satildeo imprescindiacuteveis para uma boa produccedilatildeo acadecircmica (REIZ 2013) Isso natildeo significa no entanto que a redaccedilatildeo cientiacutefica deva ser monoacutetona e cansativa
CRIATIVIDADE ORIGINALIDADE e INSPIRACcedilAtildeO tambeacutem satildeo desejaacuteveis na redaccedilatildeo cientiacutefica O escritor deve buscar elaborar um texto que ao mesmo tempo em que transmite a ideia central da pesquisa consiga chamar a atenccedilatildeo e promover entusiasmo no leitor E este sim eacute um grande desafio para o autor de textos cientiacuteficos
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 111
ldquoinformar o indispensaacutevel sem perder a harmoniardquo (REIZ 2013) Desafio este que poderaacute ser alcanccedilado agrave custa do estudo das teacutecnicas da redaccedilatildeo cientiacutefica moderna e de muita dedicaccedilatildeo (MEDEIROS 2017)
132 A REDACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA O QUE FAZER E O QUE NAtildeO FAZER AO REDIGIR UM TEXTO ACADEcircMICO
Nesse toacutepico seratildeo apresentadas algumas recomendaccedilotildees que visam conduzir o pesquisador na elaboraccedilatildeo de um texto que atenda aos princiacutepios baacutesicos da escrita cientiacutefica Vejamos
bull Planeje o texto em toacutepicos faccedila um esboccedilo ou sumaacuterio provisoacuterio de como pretende expor as ideias ao longo do texto Em geral as revistas cientiacuteficas tradicionais sugerem a divisatildeo do manuscrito em INTRODUCcedilAtildeO MEacuteTODOS RESULTADOS e DISCUSSAtildeO Entretanto atualmente alguns perioacutedicos de alto impacto tecircm proposto diferente disposiccedilatildeo para essa divisatildeo
bull Apresente uma ideia por paraacutegrafo evite paraacutegrafos muito longos O paraacutegrafo deve ser construiacutedo com planejamento Em geral cada paraacutegrafo deve conter uma ideia central que deve ser exposta na(s) primeira(s) frase(s) e que seraacute a base para o desenvolvimento das ideias secundaacuterias Deve haver articulaccedilatildeo entre os paraacutegrafos O paraacutegrafo seguinte deve abordar uma nova ideia relacionada agrave que fora previamente apresentada
bull Escreva sentenccedilas em ordem direta sempre que possiacutevel utilize sujeito + verbo + objeto No entanto dependendo do contexto a voz passiva tambeacutem poderaacute ser utilizada visando facilitar o encadeamento das ideias Aleacutem disso autores de textos cientiacuteficos na liacutengua inglesa frequentemente utilizam a voz passiva
bull Seja claro transmita as ideias de maneira compreensiacutevel Para isso prefira sentenccedilas afirmativas e frases curtas que facilitam a concatenaccedilatildeo das ideias Frases simples satildeo mais eficazes no entendimento e na memorizaccedilatildeo das informaccedilotildees Quando o autor tem maior autoridade sobre determinado assunto o conteuacutedo poderaacute ser escrito e transmitido de maneira mais simples Quando o pesquisador estaacute confuso seu texto tambeacutem pareceraacute confuso portanto aproprie-se do tema
bull Seja preciso todos os leitores devem ter o mesmo entendimento da informaccedilatildeo
bull Seja conciso elimine termos que natildeo tenham significado especiacutefico e que natildeo acrescentem sentido agrave informaccedilatildeo Exclua adjetivos adveacuterbios numerais e outros elementos que natildeo sejam essenciais para o entendimento
bull Seja original muitas vezes a originalidade natildeo se refere apenas ao ineacutedito Pode ser uma maneira diferente de transmitir a ideia em apresentar uma nova
112 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
teacutecnica de comunicar os achados e detectar novas possibilidades ou interpretaccedilotildees
bull Respeite o gecircnero literaacuterio a linguagem cientiacutefica deve seguir as normas da liacutengua padratildeo Em textos acadecircmicos a exatidatildeo e o rigor formal satildeo primordiais No entanto lembre-se deque o texto deve destinar-se agravecompreensatildeo dos cientistas nas diferentes aacutereas do conhecimento e natildeo apenas aos especialistas
bull Respeite o Novo Acordo Ortograacutefico da Liacutengua Portuguesa para textos na liacutengua portuguesa recomenda-se consultar as normas vigentes no link httpwwwacademiaorgbrnossa-linguabusca-no-vocabulario e no aplicativo VOLPreg disponiacutevel para iOS e Android
Apesar de parecer algo simples atender a todos os requisitos acima expostos natildeo eacute uma constante em todos os textos acadecircmicos atualmente produzidos Ainda eacute frequente depararmo-nos com textos que apresentam viacutecios que comprometem a qualidade da escrita A seguir alguns exemplos que devem ser evitados
bull Escrever em linguagem oral (escrever como se fala) deve-se empregar a norma-padratildeo
bull Repeticcedilotildees de palavras e expressotildees busque diversidade de vocabulaacuterio Utilize os sinocircnimos mantendo a articulaccedilatildeo de ideias e a exposiccedilatildeo dos pensamentos de forma coerente
bull Frases rebuscadas Palavras abstratas expressotildees vagas adjetivos e adveacuterbios natildeo agregam valor agrave informaccedilatildeo
bull Ambiguidades demonstra incerteza sobre o que se fala e compromete a clareza
bull Paraacutegrafos sem conectores sempre que possiacutevel utilize conectores entre paraacutegrafos e entre um periacuteodo e outro No entanto lembre-se de que a simples presenccedila de um conector natildeo garante fluidez ou coerecircncia Outra forma de melhorar a fluidez da leitura eacute iniciar a frase seguinte com alguma informaccedilatildeo apresentada no periacuteodo anterior Isso facilita o processo de encadeamento e progressatildeo de ideias trazendo coesatildeo ao texto
bull Frases muito longas mais uma vez divida as sentenccedilas em frases menores
bull Queiacutesmo (utilizar muitas vezes a palavra ldquoquerdquo) Quando necessaacuterio substitua-o pelas palavras agraves quais ele se refere (caso tal palavra jaacute tenha aparecido muitas vezes no texto opte pelos sinocircnimos) Outra opccedilatildeo eacute dividir periacuteodos longos interligados pelo ldquoquerdquo em frases mais curtas
bull Estrangeirismos sem aspas ou itaacutelicos Sempre que incluir algum termo de outra liacutengua destaque-o por meio de aspas ou da letra em itaacutelico
bull Abreviaturas e siglas natildeo identificadas Todas devem ser explicadas na primeira vez em que forem citadas no texto
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 113
bull Erros ortograacuteficos e de pontuaccedilatildeo revise o texto quantas vezes forem necessaacuterias Atenccedilatildeo especial para as viacutergulas natildeo se separa sujeito de verbo e verbo de complemento Atenccedilatildeo ainda para o posicionamento dentro de uma sentenccedila Viacutergulas mal colocadas podem alterar o sentido da frase
bull Figuras e viacutecios de linguagem elimine possiacuteveis metaacuteforas ecos e pleonasmos
bull Desvio de sintaxe atenccedilatildeo para as regras de concordacircncia e regecircncia verbal
bull Utilizaccedilatildeo excessiva de jargotildees teacutecnicos palavras complexas truncam a leitura e afastam o leitor
133 A QUESTAtildeO DO TEMPO VERBAL
Existem opiniotildees divergentes entre os pesquisadores sobre a escolha de uma redaccedilatildeo pessoal ou impessoal para o texto cientiacutefico Tradicionalmente utiliza-se a redaccedilatildeo impessoal visando a uma suposta ldquoimparcialidaderdquo do texto cientiacutefico ou seja os meus resultados e conclusotildees seratildeo repetidos por outros autores que conduzam a mesma pesquisa Nesse caso poderiacuteamos afirmar ldquoconclui-se querdquo pois natildeo se trata de uma conclusatildeo pessoal e sim de um achado baseado em fatos (VOLPATO 2015)
No entanto os defensores do uso da primeira pessoa alegam que os pesquisadores devem apropriar-se dos seus achados e conclusotildees Segundo tais autores ser impessoal eacute
ldquo retomar a uma ciecircncia jaacute ultrapassada que assumia que o conhecimento eacute objetivo porque as conclusotildees satildeo determinadas por dados objetivos que natildeo dependem da vontade do cientistardquo (VOLPATO 2015)
E ainda
ldquo essa postura eacute prepotente na medida em que supotildee que a anaacutelise do autor eacute verdadeira lsquoconclui-sersquo significa que todos concluiratildeo a mesma coisa pois independe da pessoa que a expressardquo (VOLPATO 2015)
De fato atualmente haacute uma tendecircncia para o uso da primeira pessoa Em muitas revistas de alto impacto os artigos satildeo escritos com redaccedilatildeo na primeira pessoa Poreacutem tambeacutem existem revistas de prestiacutegio que mantecircm a redaccedilatildeo impessoal talvez em funccedilatildeo da manutenccedilatildeo do que eacute o mais tradicional Na verdade natildeo haacute certo ou errado nesse quesito e a maioria das revistas natildeo impotildee regras nesse sentido A leitura de bons perioacutedicos ajudaraacute que os autores definam suas preferecircncias e a utilizem de acordo com o seu estilo
114 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
134 POR ONDE COMECcedilAR
Aleacutem de tentar atender agraves teacutecnicas de escrita acima apresentadas o autor de textos cientiacuteficos deve procurar sistematizar o processo da redaccedilatildeo Seguir uma ordem que facilite a exposiccedilatildeo das ideias dentro de um artigo cientiacutefico pode ser uma dica valiosa que ajuda a responder a outra duacutevida que frequentemente aflige o jovem pesquisador ldquoPOR ONDE COMECcedilARrdquo
Para responder a essa duacutevida vaacuterios autores sugerem teacutecnicas diversas Aqui iremos apresentar uma sugestatildeo de Volpato (2015) que desenvolveu o que ele denomina de Meacutetodo Loacutegico para a Redaccedilatildeo Cientiacutefica Segundo esse autor o artigo cientiacutefico eacute uma histoacuteria que deve ser narrada com precisatildeo e que pode ser escrito na seguinte sequecircncia
CONCLUSAtildeO RESULTADOS MEacuteTODOS DISCUSSAtildeO INTRODUCcedilAtildeO RESUMO TIacuteTULO
Para isso o pesquisador deveraacute
bull entender com clareza o final da histoacuteria ndash resultados e conclusatildeo
bull descrever todos os meios e procedimentos para alcanccedilaacute-los ndash meacutetodos
bull explicar os resultados que ele alcanccedilou e comparaacute-lo com o que diz outros autores ndash discussatildeo
bull explicar o cenaacuterio onde tal histoacuteria se desenvolveu e o porquecirc de desenvolvecirc-la ndash introduccedilatildeo
bull e finalmente somente apoacutes a construccedilatildeo completa da histoacuteria o escritor deveraacute resumi-la (resumo) e dar-lhe um nome (tiacutetulo)
Essa sequecircncia pode facilitar o processo da redaccedilatildeo No entanto ressalta-se que cada pesquisador deve ter liberdade para utilizar a teacutecnica que lhe apraz e que domina O cientista natildeo deve ser riacutegido perante as regras preacute-concebidas a criatividade eacute essencial agrave ciecircncia
135 REVISAtildeO DO TEXTO
Programar tempo para a revisatildeo eacute fundamental Revisar o proacuteprio texto exaustivamente eacute altamente recomendado Revise-o do iniacutecio ao fim quantas vezes forem necessaacuterias Preferentemente leia-o em voz alta A escuta poderaacute auxiliar no processo de reformulaccedilatildeo de frases Muitas vezes ao ler o texto em voz alta
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 115
percebemos trechos da escrita que natildeo estatildeo claros ou coerentes Se algum trecho soar estranho reformule-o
Outra dica peccedila ajuda Submeta seu texto agrave apreciaccedilatildeo de colegas mais experientes ou amigos que tenham um bom domiacutenio da liacutengua portuguesa mesmo que natildeo sejam da aacuterea Esse eacute um bom teste para avaliar a clareza de sua produccedilatildeo
Durante a revisatildeo eacute importante ainda natildeo confundir estrutura e apresentaccedilatildeo visual do trabalho com redaccedilatildeo cientiacutefica Atender agraves diretrizes para formataccedilatildeo e normalizaccedilatildeo dos elementos preacute-textuais textuais e poacutes-textuais de uma produccedilatildeo acadecircmica embora necessaacuterio natildeo acrescentam qualidade agrave essecircncia do texto cientiacutefico (REIZ 2012)
136 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Como demonstrado acima o texto cientiacutefico demanda uma seacuterie de requisitos para que seja produzido de maneira adequada Portanto natildeo deixe para escrever na uacuteltima hora Aleacutem disso o tempo destinado para estudar o tema antes de escrever interfere diretamente na qualidade da informaccedilatildeo que seraacute redigida Lembre-se o autor deve ter pleno domiacutenio do tema abordado a fim de que possa escrever e transmitir as ideias de maneira simples e de faacutecil compreensatildeo para os seus futuros leitores Portanto dedique tempo para a leitura preacutevia e tambeacutem concomitante agrave escrita Muitas vezes as ideias natildeo vecircm todas de uma vez Caso vocecirc comece a redigir seu texto com antecedecircncia provavelmente as ideias iratildeo surgindo e vocecirc teraacute tempo para enriquececirc-lo agregando ainda mais valor agrave informaccedilatildeo produzida
Recomenda-se ainda para todo jovem pesquisador a leitura de manuais especiacuteficos sobre a redaccedilatildeo cientiacutefica Muitos desses livros e manuais abordam diversos aspectos da escrita acadecircmica em profundidade e satildeo de grande valia nesse processo Aleacutem disso a academia tem um papel fundamental em enfatizar a importacircncia da escrita estimulando e capacitando os alunos para tal Muitas vezes a inseguranccedila eacute falta de conhecimento e teacutecnica
Finalizamos com um trecho transcrito de um manual sobre a redaccedilatildeo cientiacutefica moderna que pode ser de grande valia para pesquisadores jovens bem como para aqueles mais experientes ldquoA redaccedilatildeo cientiacutefica eacute o ato de escrever que consiste em transformar a leitura especializada observaccedilatildeo investigaccedilatildeo e capacidade de refletir em comunicaccedilatildeo escrita com clareza precisatildeo concisatildeo e simplicidaderdquo e ldquoQuando se transforma esse ofiacutecio em arte isto eacute em prazer ou trabalho criativo o estudo ganha outra dimensatildeo torna-se mais criacutevel e haacute menos desgaste emocionalrdquo (REIZ 2013)
116 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
VOLPATO G L O meacutetodo loacutegico para redaccedilatildeo cientiacutefica Rev Eletron Comun Inf Inov Sauacutede Rio de Janeiro v 9 n 1 p 1-14 2015 Disponiacutevel em httpswwwarcafiocruzbrbitstreamicict17013210pdf Acesso em09 abr 2020
117
14TRADUCcedilAtildeO DE TRABALHOS
ACADEcircMICOS PARA O INGLEcircS
Wellison Gil Magalhatildees de Almeida
ldquoThe limits of my language are the limits of my worldrdquo
(Os limites do meu idioma satildeo os limites do meu mundo)
Ludwig Wittgenstein
No uacuteltimo seacuteculo o inglecircs tornou-se a liacutengua da ciecircncia Haacute uma tendecircncia progressiva para a publicaccedilatildeo de trabalhos cientiacuteficos em inglecircs Publicaccedilotildees em outras liacutenguas que natildeo seja o inglecircs satildeo menos valorizadas pela comunidade cientiacutefica internacional Desse modo eacute preciso privilegiar a utilizaccedilatildeo do inglecircs na redaccedilatildeo dos artigos de modo a aumentar a visibilidade da publicaccedilatildeo e permitir seu acesso de forma mais ampla agrave comunidade cientiacutefica nacional e internacional
Assim como o objetivo principal de um pesquisador eacute transmitir seus achados para a comunidade cientiacutefica se quisermos que nossos trabalhos acadecircmicos escritos em portuguecircs tenham maior poder de alcance e visibilidade teremos que escrevecirc-los em inglecircs ou traduzi-los para essa liacutengua No entanto traduzir natildeo constitui uma tarefa faacutecil A maior dificuldade em traduccedilatildeo eacute que para fazecirc-la eacute preciso ter um excelente conhecimento da liacutengua o que soacute se obteacutem depois de muitos anos de estudo do idioma Para traduzir o acadecircmico natildeo precisa escrever em inglecircs ou compreender o inglecircs falado mas precisa conhecer muito bem a estrutura gramatical da liacutengua
Ademais existe uma diferenccedila significativa entre escrever em inglecircs e escrever bem em inglecircs A verdade eacute que assim como existe diferenccedila entre escrever em portuguecircs e escrever bem em portuguecircs o mesmo se aplica agrave escrita em inglecircs Aleacutem disso nem todo falante nativo de inglecircs que escreve bem em inglecircs pode escrever bem para a literatura cientiacutefica (MARLOW 2014) A escrita cientiacutefica em inglecircs possui estilo e ritmo proacuteprios Por exemplo destaca-se o uso da voz passiva que eacute considerada uma forma de inglecircs pobre para a maioria das formas de escrita fora da ciecircncia (notiacutecias romances etc) Todavia em textos cientiacuteficos o uso da voz passiva eacute aceitaacutevel e incentivado pois com uso da voz passiva pode-se enfatizar a accedilatildeo e natildeo quem a praticou (MARLOW 2014)
O texto a ser traduzido deve estar bem escrito na liacutengua nativa caso contraacuterio
118 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
a traduccedilatildeo seguiraacute os erros do texto original tornando-o por vezes incompreensiacutevel Conveacutem revisar todo o texto antes de iniciar a traduccedilatildeo
Ao iniciar o processo de traduccedilatildeo recomenda-se manter-se sempre fiel ao texto original pois um miacutenimo erro de traduccedilatildeo pode prejudicar todo o trabalho tornando a ideia-chave ou os achados da pesquisa confusos
Geralmente na aacuterea da sauacutede os termos utilizados satildeo muito especiacuteficos e natildeo fazem parte do vocabulaacuterio cotidiano Portanto deve-se pesquisar cada uma das palavras expressotildees abreviaccedilotildees e acrocircnimos para saber se os termos estatildeo adequados
Deve-se evitar uma linguagem muito rebuscada tanto em inglecircs quanto em portuguecircs Eacute necessaacuterio considerar o puacuteblico que iraacute ler A liacutengua portuguesa natildeo eacute tatildeo objetiva quanto a inglesa por isso eacute mais faacutecil colocar palavras desnecessaacuterias e ser redundante entretanto o mesmo natildeo acontece no inglecircs o que poderaacute tornar a traduccedilatildeo bem menor que o texto original
Por fim o texto traduzido deve ser revisado procurando deixaacute-lo de acordo com a linguagem acadecircmica Para isso abaixo satildeo apresentadas algumas dicas para escrever bem em inglecircs acadecircmico publicadas originalmente por Marlow (2014) ndash httpwwwdxdoiorg106061clinics2014(03)01 ndash traduzidas e apresentadas neste capiacutetulo com autorizaccedilatildeo
141 DICAS PARA ESCREVER BEM EM INGLEcircS ACADEcircMICO
1 Evite frases iniciais com lsquorsquoIt isrdquo
Em portuguecircs quando se quer enfatizar ou expressar um relevo argumentativo geralmente se utilizam frases como
ldquoEacute conveniente destacar quehelliprdquo ldquoEacute importantehelliprdquo ldquoEacute muito comumhelliprdquo
Muitas traduccedilotildees satildeo feitas assim
ldquoIt should be noted thathelliprdquo rsquorsquoIt is importanthelliprsquorsquo ldquoIt is very commonhelliprdquo
Essas frases satildeo gramaticalmente corretas mas satildeo fracas e tecircm uma estrutura gramatical de iniciante no idioma Uma ou duas por paraacutegrafo pode ser bom mas o uso repetido dessa estrutura de frases pode diminuir a maturidade percebida do seu trabalho
Essas frases devem ser reformuladas
Frase original lsquolsquoEacute importante destacar as pesquisas mais recentes quersquorsquo
Frase em inglecircs lsquolsquoIt is important to highlight the most recent researches thathelliprsquorsquo
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 119
Frase em inglecircs acadecircmico lsquoThe most recent researches that () are important to highlightrsquorsquo
2 Evite ocultar o sujeito das sentenccedilas
Em portuguecircs para evitar repeticcedilatildeo omitimos o sujeito ao longo do paraacutegrafo se ele jaacute tiver sido mencionado anteriormente Entretanto em inglecircs eacute necessaacuterio continuar explicando a quem estamos nos referindo mesmo que isso implique repeticcedilatildeo Em inglecircs eacute melhor ter paralelismo do que natildeo ser repetitivo
Frase original ldquoNesta pesquisa 418 estudantes responderam a um questionaacuterio Destes 95 (2273) eram do quinto semestrerdquo
Frase em inglecircs ldquoIn this study 418 students answered a questionnaire Of these 95 (2273) were from the fifth semesterrdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquoIn this study 418 students answered a questionnaire Of these 95 (2273) students were from the fifth semesterrdquo
3 Tente usar a primeira pessoa (lsquoIrsquo e lsquowersquo) o miacutenimo possiacutevel e troque-a pela voz passiva
A sugestatildeo de usar a voz passiva estaacute diretamente relacionada agrave traduccedilatildeo do portuguecircs-inglecircs na qual a primeira pessoa do plural eacute comumente usada de forma excessiva Quando se utiliza a voz passiva o objeto fica sempre no iniacutecio da frase enquanto o autor da accedilatildeo pode ou natildeo estar presente na sentenccedila Mas caso esteja deve sempre estar ao final dela Outro aspecto relevante em relaccedilatildeo agrave voz passiva eacute o tempo verbal da frase Ao se realizar a inversatildeo de voz ativa para passiva a construccedilatildeo precisa ser adaptada de acordo com cada tipo de tempo verbal
Frase original lsquolsquoEncontramos 50 artigos acerca do assuntohelliprsquorsquo
Frase em inglecircs ldquoWe found 50 articles about the subjecthelliprdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquo50 articles about this subject were foundrdquo
Usando a frase com o noacutes vocecirc estaraacute enfatizando que encontrou os resultados Agora se vocecirc colocar a frase em voz passiva ldquo50 artigos acerca do assunto foram encontradosrdquo Aqui vocecirc enfatiza que vaacuterios artigos foram encontrados e natildeo eacute mais tatildeo importante que vocecirc os encontrou Nesse caso vocecirc enfatiza queem seu estudo bem elaboradoo qual pode ser repetido por qualquer outro pesquisador 50 artigos acerca do assunto seratildeo encontrados Afinal natildeo satildeo resultados reprodutiacuteveis o que eacute realmente importante enfatizar ao comunicar a pesquisa
No entanto apesar disso alguns pesquisadores defendem o uso da primeira pessoa por ocasiatildeo da escrita de textos cientiacuteficos Para eles a principal argumentaccedilatildeo
120 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
eacute a de que o pesquisador deve-se apropriar de seus achados e apresentaacute-los como sujeitos ativos no processo da descoberta cientiacutefica sob questatildeo Aleacutem desse debate recomenda-se que a utilizaccedilatildeo da primeira pessoa (lsquoIrsquo e lsquowersquo) natildeo seja excessiva podendo ser reservado seu uso para a apresentaccedilatildeo dos resultados originais de uma pesquisa e das consideraccedilotildees dos autores acerca de tais achados
4 Em suas tabelas ou figuras os tiacutetulos devem sempre ser singulares e natildeo se deve usar o termo lsquorsquovariaacuteveisrsquorsquo (variable) como cabeccedilalho
Caracteristic (Natildeo usar ldquoVariablerdquo)SexMale (Natildeo usar ldquoMalesrdquo)Female (Natildeo usar ldquoFemalesrdquo)
5 Remova palavras e adjetivos desnecessaacuterios
Antes de traduzir para o inglecircs identifique frases que podem ser expressas com uma uacutenica palavra Evite repetir uma ideia que jaacute estaacute expliacutecita no discurso fazendo que ele fique cansativo e comprometa a qualidade da mensagem
6 Frases preposicionais transiccedilotildees e adveacuterbios no iniacutecio das frases devem ser separados por viacutergula
Frase original lsquolsquoNeste estudo encontramos este resultadorsquorsquo
Frase traduzida lsquolsquoIn this study this result was foundrsquorsquo
Outras expressotildees que satildeo comumente usadas
bull therefore
bull currently
bull of these
bull however
bull as previously reported
bull in Brazil
Uma frase que contiver mais de duas viacutergulas sem a inclusatildeo de listas deveraacute ser dividida em mais de uma para melhor entendimento
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 121
7 Aprenda quando usar the Busque removecirc-lo do iniacutecio da frase e incluiacute-lo apenas quando se referir a eventos objetos ou pessoas especiacuteficas
Em portuguecircs uma frase que comeccedila com ldquoOrdquo ldquoOsrdquo ldquoArdquo ou ldquoAsrdquo ao ser traduzida perde o the Este soacute deve ser usado quando se refere a pessoas lugares eventos ou populaccedilotildees especiacuteficas
bull Quando se fala de algo que jaacute foi mencionado
bull Quando estiver evidente o elemento a que se refere
bull Com substantivos proacuteprios
bull Com lugares em uma cidade
bull Com adjetivo superlativo
Frase original ldquoAs ceacutelulas foram coradashelliprdquo
Frase em inglecircs ldquoThe cells were stainedhelliprdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquoCells were stainedhelliprdquo
8 Somente coloque letra maiuacutescula nas palavras se elas se referirem ao nome formal de um lugar departamento ou cargo
Um dos erros mais comuns eacute com o uso de ldquoestadordquo Essa palavra soacute eacute maiuacutescula quando vem depois do nome de um estado como parte de seu tiacutetulo formal
Exemplo lsquolsquoThe study was conducted at the University Hospital of the Federal University of Cearaacute (FORMAL) in Cearaacute State
Regiotildees especiacuteficas devem ser iniciadas com letra maiuacutescula mas a direccedilatildeo ou localizaccedilatildeo devem ser grafadas com minuacutescula Exemplos
ldquoThe research was conducted in Northeastern Brazilrdquo (Regiatildeo especiacutefica)
ldquoThe research was conducted in the northeast region of Brazilrdquo (Localizaccedilatildeo geral)
9 Remova o that
O that deve ser usado apenas no iniacutecio de uma frase dependente ou ao descrever um sujeitosubstantivo
Frase original lsquolsquoOs resultados mostraram que muitos alunos querem o material impressorsquorsquo
Frase em inglecircs lsquolsquoThe results showed that many students want printed
122 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
materialrsquorsquo
Frase em inglecircs acadecircmico lsquoThe results showed many students want printed materialrsquorsquo
No exemplo acima caso vocecirc remova o that o significado da frase natildeo mudaraacute
Contudo em outras situaccedilotildees eacute necessaacuterio o uso do that
lsquolsquoOs resultados que foram encontrados nesse estudo mostraram que muitos alunos querem o material impressorsquorsquo
lsquolsquoThe results that were found in this study showed many students want printed materialrsquorsquo
Abaixo seguem alguns exemplos de palavras frequentemente usadas na literatura cientiacutefica que geralmente natildeo precisam ser seguidas por that
bull suggest or suggested
bull observed
bull found or was found
bull show or shown
bull is important
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 123
REFEREcircNCIAS
MARLOW M A Writing scientific articles like a native English speaker top ten tips for Portuguese speakers Clinics Satildeo Paulo v 69 n 3 p153-157 2014 Mar Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC3935133 Acesso em 02 set 2019
MURPHY R English grammar in use 3rd ed Cambridge CUP 2004
125
15NOCcedilOtildeES BAacuteSICAS DE ESTATIacuteSTICA
Antocircnio Brazil Viana Junior
ldquoConhecimento incerto + conhecimento sobre a incerteza =
conhecimento uacutetil Isso eacute estatiacutesticardquo
Rao
151 INTRODUCcedilAtildeO
Neste capiacutetulo o conhecimento seraacute abordado de forma simples e direta de modo a fornecer uma base teacutecnica para que seja possiacutevel ao pesquisador iniciar uma pesquisa quantitativa Dessa forma para que uma pesquisa possa alcanccedilar um resultado metodologicamente correto minimizando os possiacuteveis vieses eacute necessaacuterio planejaacute-la tendo como base a pergunta a ser respondida pelo estudo Definido o problema da pesquisa apoacutes a revisatildeo da literatura o planejamento segue uma sequecircncia loacutegica composta por
152 COLETA DE DADOS
A coleta de dados para uma pesquisa por vezes tem sua importacircncia diminuiacuteda sendo feita sem o devido cuidado levando a seacuterios problemas que podem inviabilizar seus resultados No quadro 151 satildeo expostos os principais erros cometidos durante a etapa de coleta de dados
126 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 151 - Principais erros ou vieses na coleta de dados
bull Diferenccedilas devidas a fatores pessoais passageiros ou de situaccedilatildeo Caso em que o participante estaacute estressado ansioso ou cansado e a entrevista eacute longa Nesse caso o objetivo do participante passa a ser acabar a entrevista e natildeo a verdade
bull Diferenccedilas devidas agraves variaccedilotildees na aplicaccedilatildeo O entrevistador pode abordar o participante de forma a influenciaacute-lo na resposta
bull Maacute adequaccedilatildeo das perguntas ao niacutevel cognitivo dos entrevistados
bull Falta de clareza do instrumento de medida
Abaixo apresentaremos algumas consideraccedilotildees para a realizaccedilatildeo adequada de uma coleta de dados
Tamanho da amostra
Um dos principais questionamentos durante o planejamento de um estudo eacute a definiccedilatildeo do quantitativo de participantes para que se obtenham resultados vaacutelidos tambeacutem conhecido como tamanho amostral A definiccedilatildeo desse tamanho depende do niacutevel de significacircncia adotado ( =005) do poder da amostra (1 - = 80) do tipo de variaacuteveis que seratildeo analisadas e dos meacutetodos estatiacutesticos a serem utilizados existindo diversos meacutetodos para seu caacutelculo
A definiccedilatildeo do tamanho da amostra requer um conhecimento preacutevio sobre o assunto a ser pesquisado visto que o caacutelculo necessita de paracircmetros como o desvio-padratildeo da populaccedilatildeo ou proporccedilatildeo de indiviacuteduos com certa caracteriacutestica ou risco relativo etc
Na internet existem diversas paacuteginas com calculadoras de tamanho amostral No site httpclincalccomstatssamplesizeaspxeacute possiacutevel calcular o tamanho amostral para diversos tipos de estudo O site eacute bem didaacutetico e possui exemplos para orientar o pesquisador Outra possibilidade eacute usar o programa GPower Totalmente gratuito embora mais complexo esse software eacute completo e fornece diversas opccedilotildees para o caacutelculo da amostra
Desenho do Estudo
Outro ponto a ser observado para a coleta de dados eacute o desenho do estudo Aqui se deve atentar para quantos momentos ocorreraacute a coleta das informaccedilotildees dos participantes Por exemplo em ensaios cliacutenicos existe no miacutenimo uma coleta no baseline momento inicial e uma segunda coleta apoacutes a intervenccedilatildeo visando investigar o efeito da intervenccedilatildeo sobre o desfecho Caso os dados sejam coletados em apenas um momento seraacute impossiacutevel inferir o eventual efeito da intervenccedilatildeo
Em estudos transversais por outro lado a coleta ocorre em apenas um momento e os resultados refletem um retrato estaacutetico da amostra naquele momento Tais diferenccedilas satildeo cruciais para a interpretaccedilatildeo dos resultados No caso dos estudos
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 127
transversais natildeo eacute possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de causalidade pois a anaacutelise estatiacutestica consiste em principalmente uma anaacutelise de descriccedilatildeo e de associaccedilatildeo entre variaacuteveis
Tipos de variaacuteveis
As variaacuteveis em um banco de dados satildeo classificadas conforme a sua natureza Isso define a forma de apresentaccedilatildeo e os testes estatiacutesticos a serem aplicados na anaacutelise As variaacuteveis podem ser
bull Categoacutericas
nominais raccedila sexo naturalidade
ordinais escolaridade gravidade do paciente
dicotocircmicas fumante simnatildeo portador de diabetes simnatildeo
bull Escalares
contiacutenuas peso circunferecircncia abdominal
discretas nordm de filhos nordm de endoscopias
153 TABULACcedilAtildeO DOS DADOS
Tabular os dados natildeo eacute uma tarefa divertida poreacutem eacute de suma importacircncia para o sucesso da anaacutelise estatiacutestica do trabalho Em geral essa tarefa eacute realizada por meio da utilizaccedilatildeo de softwares de planilhas eletrocircnicas Os principais satildeo
bull Excel tradicional software de planilhas eletrocircnicas da Microsoftreg Permite a transferecircncia direta de dados para outros diversos programas de anaacutelise estatiacutestica como Statareg SPSSreg Prismareg Rreg Jamovireg
bull Google forms (recomendo) formulaacuterio eletrocircnico do Googlereg que permite a criaccedilatildeo de questionaacuterios que podem ser enviados aos participantes da pesquisa de modo que os mesmos possam preencher Fornece resumos automaacuteticos das variaacuteveis e uma planilha com todos os dados das respostas
bull Epi Inforeg oacutetimo software que aleacutem da tabulaccedilatildeo permite anaacutelise de dados
Como tabular
Algumas regras que devem ser seguidas para que a tabulaccedilatildeo seja realizada adequadamente
bull Cada linha um paciente
bull Cada coluna uma informaccedilatildeo (variaacutevel do estudo) de cada paciente
bull As informaccedilotildees de uma mesma coluna devem ter a mesma unidade de medida
128 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Se o dado for numeacuterico deve-se preencher apenas com nuacutemeros Deve-se lembrar de que alguns softwares natildeo consideram as viacutergulas () como caractere adequado para a demarcaccedilatildeo das casas decimais e sim o ponto () conveacutem checar o software antes de iniciar a tabulaccedilatildeo para evitar retrabalho desnecessaacuterio
bull Se a variaacutevel for categoacuterica devem-se padronizar todas as respostas A codificaccedilatildeo eacute uma opccedilatildeo para a padronizaccedilatildeo
Principais erros durante a tabulaccedilatildeo de dados
Analisando a tabela 151 podemos identificar os seguintes erros
Tabela 151 mdash Exemplo de tabulaccedilatildeo de dados
Paciente Sexo Altura Glicemia Oacutebito1 Masculino 163 m 90 Sim marccedilo de 2015 sepse2 Feminino 170 cm gt 300 Natildeo alta3 f 180 cm 100120 Sim falecircncia hepaacutetica4 m 182 m 120-130 Sim 150720155 H 175 m 500 Sim transferecircncia
bull Na coluna ldquoSexordquo a variaacutevel foi preenchida de forma natildeo padronizada O ldquoMasculinordquo tornou-se ldquomrdquo e depois ldquoHrdquo Perceba que esse fato aleacutem de ser incompreensiacutevel para os programas estatiacutesticos levanta duacutevidas quanto agrave veracidade da informaccedilatildeo o ldquomrdquo poderaacute ser masculino em oposiccedilatildeo ao feminino ou mulher em oposiccedilatildeo a homem Assim mantenha o padratildeo no preenchimento dos dados A codificaccedilatildeo das variaacuteveis eacute bastante uacutetil para assegurar a padronizaccedilatildeo (ex masculino = 1 e feminino = 2)
bull Na coluna ldquoAlturardquo vemos dois erros de preenchimento a utilizaccedilatildeo de letras em dados numeacutericos escalares e a utilizaccedilatildeo de diferentes unidades de medidas (metros e centiacutemetros) Quando a variaacutevel for numeacuterica (escalar) deveraacute ser preenchida exclusivamente com nuacutemeros e na mesma unidade de medida No exemplo todos os valores deveriam estar em metros ou todos os valores deveriam estar em centiacutemetros
bull Na coluna ldquoGlicemiardquo a semelhanccedila da variaacutevel ldquoAlturardquo deve-se manter apenas nos nuacutemeros retirando-se todos e quaisquer siacutembolos (gt -)
bull Na coluna ldquoOacutebitordquo haacute mais de uma informaccedilatildeo por linha (ex sim marccedilo de 2015 sepse) o que inviabiliza as anaacutelises estatiacutesticas Esse modelo de tabulaccedilatildeo somente deve ser utilizado no caso de informaccedilotildees complementares e natildeo mensuraacuteveis
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 129
O modo correto de tabulaccedilatildeo dos dados apresentados na tabela 151 estaacute apresentado abaixo (tabela 152)
Tabela 152 mdash Tabulaccedilatildeo de dados corrigida
Paciente Sexo Altura (cm) Oacutebito Glicemia
(mgdL)Data do
oacutebitoCausa do
oacutebito1 M 163 Sim 90 01032015 Sepse2 M 170 Natildeo 300
3 F 180 Sim 100 01122015 Falecircncia Hepaacutetica
4 M 182 Sim 130 15072015 Natildeo informado
154 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA
Apoacutes a coleta e a tabulaccedilatildeo adequada dos dados inicia-se a anaacutelise estatiacutestica propriamente dita O primeiro passo para a anaacutelise de dados eacute apresentar as caracteriacutesticas da amostra em estudo o que em geral ocorre por meio de uma tabela descritiva Essa tabela traz os dados descritivos das variaacuteveis expressos em nuacutemeros absolutos porcentagens medidas de tendecircncia central e medidas de dispersatildeo
Dados descritivos da amostra
1 Medidas de tendecircncia central
bull Meacutedia eacute igual agrave soma de todos os valores divididos pelo nuacutemero de valores no conjunto de dados Eacute usado para descrever dados contiacutenuos Eacute uma estimativa teoacuterica do ldquovalor tiacutepicordquo No entanto pode ser fortemente influenciado por valores extremos ou outliers
bull Mediana eacute o valor central de um conjunto de dados que foi ordenado do menor para o maior valor A mediana eacute uma medida normalmente usada para dados contiacutenuos ordinais ou natildeo parameacutetricos sendo menos sensiacutevel a outliers e dados distorcidos
bull Moda eacute o valor mais frequente da amostra aquele que mais se repete
2 Medidas de dispersatildeo enquanto nas medidas de tendecircncia central tratamos sobre os valores centrais ou que mais se repetem por meio das medidas de dispersatildeo observamos a variabilidade dos dados isto eacute o quatildeo ldquoespalhadosrdquo estatildeo os dados o quatildeo ldquodistantesrdquo estatildeo da meacutedia
bull Range ou amplitude de faacutecil entendimento e caacutelculo a amplitude eacute a diferenccedila entre o valor maacuteximo e o valor miacutenimo Eacute extremamente afetada pela existecircncia de valores atiacutepicos o que por vezes pode passar uma impressatildeo errada
130 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
da variabilidade dos dados Por exemplo no conjunto de dados abaixo formado por valores de glicemia (mgdL) o range ou amplitude eacute 520 (600 menos 80) mas se tirarmos o valor 600 (outlier) a amplitude passaraacute a ser para 52 (132 menos 80)
Ex 809295100106110132600
bull Intervalo Interquartiacutelico (IQ) Agrave semelhanccedila do range essa medida eacute calculada por meio de uma diferenccedila de valores poreacutem aqui seraacute a diferenccedila entre o 75ordm percentil (p75) e 25ordm percentil (p25) O IQ tem uma maior aplicabilidade praacutetica quando os dados natildeo seguem a distribuiccedilatildeo normal (assunto que seraacute tratado a posteriori) sendo menos sensiacutevel a valores atiacutepicos
bull Desvio-padratildeo (DP) eacute usado para quantificar a quantidade de dispersatildeo de valores de dados em torno da meacutedia Um DP baixo indica que os valores estatildeo proacuteximos da meacutedia enquanto um DP alto indica que os valores estatildeo dispersos em uma faixa mais ampla O DP eacute a raiz quadrada de outra medida estatiacutestica a variacircncia a qual natildeo eacute interpretaacutevel nos termos da variaacutevel real e portanto foge ao objetivo deste capiacutetulo que trata de noccedilotildees baacutesicas poreacutem eacute de suma importacircncia teoacuterica para o estudo da anaacutelise estatiacutestica como um todo
bull Percentil eacute uma medida de posiccedilatildeo e eacute compreendida da seguinte forma o 10ordm percentil eacute o nuacutemero do banco de dados em que 10 dos valores estatildeo abaixo dele Assim o 25ordm percentil eacute nuacutemero em que 25 dos valores do banco de dados satildeo menores que ele1
Teste de Hipoacuteteses
Os testes de hipoacuteteses satildeo teacutecnicas estatiacutesticas que tecircm por objetivo verificar a validade da hipoacutetese experimental (hipoacutetese alternativa) em face de uma hipoacutetese nula isto eacute uma hipoacutetese de igualdade O teste de hipoacutetese visa permitir por meio da anaacutelise dos dados amostrais que se demonstrem evidecircncias estatiacutesticas que confirmem ou refutem a hipoacutetese formulada no estudo
Os testes estatiacutesticos fornecem uma medida para a tomada de decisatildeo o p-valor Caso o p do teste estatiacutestico seja menor que 5 (plt005) rejeitamos a hipoacutetese nula caso contraacuterio natildeo podemos rejeitar a hipoacutetese nula ou seja refutamos a hipoacutetese alternativa ou experimental Por exemplo
Estudo para avaliar o niacutevel de ansiedade entre homens e mulheres
bull Hipoacutetese experimental ou alternativa (H1) haacute diferenccedila do niacutevel de ansiedade entre os sexos
1 Percentil eacute uma medida de posiccedilatildeo e eacute compreendida da seguinte forma o 10ordm percentil eacute o nuacutemero do banco de dados em que 10 dos valores estatildeo abaixo dele Assim o 25ordm percentil eacute nuacutemero em que 25 dos valores do banco de dados satildeo menores que ele
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 131
bull Hipoacutetese nula (H0) natildeo haacute diferenccedila do niacutevel de ansiedade entre os sexos
Se o p resultante do teste for 003 (3) (plt005 5) aceitamos a H1 (refutamos H0) ou seja a chance ou probabilidade de que a diferenccedila observada entre os sexos nesse estudo seja em decorrecircncia do acaso eacute menor que 5 (chance previamente definida como aceitaacutevel pelo pesquisador)
Se o p resultante do teste for 01 (10) (pgt005 5) aceitamos a H0 (refutamos H1) ou seja a chance ou probabilidade de que a diferenccedila observada entre os sexos nesse estudo seja em decorrecircncia do acaso eacute maior que 5 (chance previamente definida como natildeo aceitaacutevel pelo pesquisador)
Consideraccedilotildees sobre o p-valor
Valor de p niacutevel descritivo niacutevel de significacircncia ou p-value pode ser definido como sendo a probabilidade de que ser considerado extremo ou improvaacutevel se considerarmos a hipoacutetese nula verdadeira ou como sendo a probabilidade de o valor encontrado ter sido por acaso (FIELD 2009)
Sir Ronald Fisher definiu um valor significativo para que a diferenccedila seja decorrente do acaso como menor que 5 ou 005 Tal valor eacute padratildeo na estatiacutestica e nos estudos na aacuterea da sauacutede ateacute os dias de hoje poreacutem natildeo eacute uma unanimidade Recentemente 72 pesquisadores propuseram um novo p-valor significativo passando de 005 para 0005 (BENJAMIN et al 2018) e no ano seguinte mais 800 pesquisadores assinaram o artigo Retire statistical significance publicado na revista Nature em que criticava o uso do valor de p como balizador daquilo que era ou natildeo relevante (RETIRE STATISTICAL SIGNIFICANCE 2019)
No trecho abaixo o autor Andy Field fala sobre significacircncia estatiacutestica e a importacircncia do efeito de modo simples que ajuda a compreender o motivo dessas duas visotildees
A importacircncia de um efeito Jaacute vimos que a ideia baacutesica por traacutes do teste de hipoacuteteses envolve a geraccedilatildeo de uma hipoacutetese experimental e de uma hipoacutetese nula ajustar um modelo estatiacutestico e avaliar aquele modelo com uma estatiacutestica teste Se a probabilidade de obter o valor da nossa estatiacutestica teste por acaso for menor do que 005 entatildeo geralmente aceitamos a hipoacutetese experimental como verdadeira haacute um efeito na populaccedilatildeo Normalmente dizemos ldquoexiste um efeito significativo dehelliprdquo Contudo natildeo seja enganado pela palavra ldquosignificativordquo porque mesmo que a probabilidade do nosso efeito ter
132 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ocorrido por acaso seja pequena (menor do que 005) isso natildeo quer dizer que o efeito eacute importante Efeitos muito pequenos natildeo importantes podem-se tornar estatisticamente significativos somente porque um grande nuacutemero de pessoas foi usado no experimento (FIELD 2009)
Ressalta-se tambeacutem que o fato de o p ser natildeo significativo ou seja maior que 005 natildeo implica que a hipoacutetese nula seja verdadeira
Testes para comparaccedilatildeo das variaacuteveis entre os grupos
TESTES ESTATIacuteSTICOS PARA VARIAacuteVEIS NUMEacuteRICAS
O primeiro passo para a aplicaccedilatildeo dos testes estatiacutesticos eacute a aplicaccedilatildeo dos testes de normalidade essenciais para a determinaccedilatildeo dos tipos de testes a serem empregados na anaacutelise Caso os dados apresentem distribuiccedilatildeo normal os meacutetodos parameacutetricos poderatildeo ser utilizados caso contraacuterio far-se-aacute opccedilatildeo pelos meacutetodos natildeo parameacutetricos Os principais testes de normalidade utilizados satildeo Kolmogorov-Smirnoff indicados para amostras maiores que 50 e Shapiro-Wilk este tem maior precisatildeo (TORMAN COSTER RIBOLDI 2012)
Apoacutes a aplicaccedilatildeo dos testes de normalidade os demais testes estatiacutesticos deveratildeo ser escolhidos de acordo com o tipo de populaccedilatildeoamostra Na figura 151 encontra-se um algoritmo para apoio na seleccedilatildeo dos testes estatiacutesticos a serem utilizados de acordo com as caracteriacutesticas das variaacuteveis do estudo
Testes parameacutetricos
bull Teste t de Student utilizado quando o objetivo eacute a comparaccedilatildeo de uma medida ou variaacutevel numeacuterica entre dois grupos Exemplos a) comparaccedilatildeo da glicemia entre os participantes do grupo eutroacutefico e do grupo obesidade b) comparaccedilatildeo do peso ao nascer entre os neonatos que nasceram de parto abdominal e parto normal
bull ANOVA utilizado quando o objetivo eacute a comparaccedilatildeo de uma medida numeacuterica entre trecircs ou mais grupos Exemplo verificar se existe diferenccedila entre as medidas de circunferecircncia abdominal entre grupos de pessoas que fazem dieta vegana dieta low carb e aqueles que natildeo fazem dieta
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 133
Testes natildeo parameacutetricos
1 Mann-Whitney Equivalente natildeo parameacutetrico do Teste t de Student
2 Kruskal-Wallis Equivalente natildeo parameacutetrico da ANOVA
Figura 151 mdash Principais testes estatiacutesticos para variaacuteveis numeacutericas
TESTES ESTATIacuteSTICOS PARA VARIAacuteVEIS CATEGOacuteRICAS
bull Teste qui-quadrado de Pearson utilizado para a investigaccedilatildeo da existecircncia de associaccedilatildeo entre duas ou mais variaacuteveis categoacutericas e para a comparaccedilatildeo de mais de dois grupos independentes
bull Teste exato de Fisher indicado para comparaccedilatildeo de grupos com variacircncias diferentes e para investigaccedilatildeo da associaccedilatildeo entre variaacuteveis categoacutericas quando natildeo for possiacutevel a utilizaccedilatildeo do teste qui-quadrado de Pearson por exemplo n de alguma casela da tabela 2 x 2 for menor ou igual a 5
bull Teste de McNeumar utilizado para a comparaccedilatildeo de dois grupos pareados
134 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Anaacutelises de correlaccedilatildeo
Utilizadas para avaliar a interaccedilatildeo entre duas variaacuteveis contiacutenuas O coeficiente de correlaccedilatildeo (r) varia de -1 a 1 em que -1 seria a existecircncia de uma correlaccedilatildeo negativa perfeita ou seja agrave medida que o valor de uma variaacutevel cresce o valor da outra decresce e 1 seria a correlaccedilatildeo perfeita positiva agrave medida que uma variaacutevel cresce a outra cresce da mesma forma Diz-se perfeita pois toda a variabilidade de uma variaacutevel eacute explicada pela outra Por outro lado um coeficiente de correlaccedilatildeo proacuteximo de ldquo0rdquo denota uma pobre correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis Em geral para a anaacutelise de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis de distribuiccedilatildeo normal utiliza-se o teste de correlaccedilatildeo de Pearson enquanto para variaacuteveis que natildeo apresentam distribuiccedilatildeo normal utiliza-se o teste de correlaccedilatildeo de Spearman
Anaacutelises de regressatildeo
Enquanto os testes de comparaccedilatildeo entre grupos e de correlaccedilatildeo satildeo usados para investigar associaccedilotildees entre variaacuteveis os testes de regressatildeo permitem uma anaacutelise preditiva ou seja permitem predizer o desfecho de uma variaacutevel dependente baseado em uma (regressatildeo simples) ou mais (regressatildeo muacuteltipla) variaacuteveis preditoras independentes Para uma leitura complementar mais aprofundada sobre anaacutelises de regressatildeo sugere-se o livro Estatiacutetica Baacutesica dos professores Pedro Morettin e Wilton Bussab (2017)
155 CONCLUSAtildeO
Este capiacutetulo natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o tema da anaacutelise estatiacutestica mas sim fornecer informaccedilotildees para que o pesquisador especialmente aquele iniciante tenha noccedilotildees para montar o banco de dados de sua pesquisa de forma adequada e para que ele possa responder agraves perguntas formuladas no estudo por meio do entendimento de conceitos baacutesicos da anaacutelise estatiacutestica
Deve-se lembrar que a qualidade de toda pesquisa depende dos dados se eles forem de maacute qualidade o mesmo aconteceraacute com o resultado Caso o pesquisador tenha um banco bem ajustado e com dados de boa qualidade seraacute possiacutevel realizar inferecircncias e anaacutelises estatiacutesticas mais sofisticadas e precisas
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 135
REFEREcircNCIAS
AMRHEIN V GREELAND S McSHANE B Retire statistical significance Nature London v 567 p 305-307 mar 2019 Disponiacutevel em httpwwwigienistionlineitdocs201910naturepdf Acesso em 09 abr 2020
BENJAMIN D J et al Redefine statistical significance Nat Hum Behav London v2 n 1 p 6-10 2018 Disponiacutevel emhttpswwwnaturecomarticless41562-017-0189-zpdf Acesso em 09 abr 2020
FIELD A Descobrindo a estatiacutestica usando o SPSS-2 2 ed Porto Alegre Artmed 2009
MORETTIN P A BUSSAB W O Estatiacutestica baacutesica 6 ed Satildeo Paulo Saraiva 2017
TORMAN V B L COSTER R RIBOLDI J Normalidade de variaacuteveis meacutetodos de veificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de alguns testes natildeo-parameacutetricos por simulaccedilatildeo Rev HCPA Porto Alegre v 32 n 2 p 227-234 Disponiacutevel emhttpwwwseerufrgsbrindexphphcpaarticleview2987419186 Acesso em 7 out 2017
137
16EacuteTICA NA CIEcircNCIA CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE AUTORIA
PLAacuteGIO ACADEcircMICO E TRABALHO EM EQUIPE
Elias Silveira de BritoClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoLer muito eacute um dos caminhos para a originalidade uma pessoa eacute tatildeo mais original e peculiar quanto mais conhecer o que disseram os outrosrdquo
Miguel Unamuno
Quando se trata de eacutetica acadecircmica ou cientiacutefica a discussatildeo requer aleacutem dos essenciais aspectos relacionados agrave pesquisa com seres humanos uma reflexatildeo sobre autoria originalidade e trabalho em equipe uma vez que estes estatildeo interligados entre si Seraacute sobre esses itens que discorreremos neste capiacutetulo A posteriori em um capiacutetulo agrave parte seratildeo abordados os aspectos eacuteticos sobre pesquisas com seres humanos
161 AUTORIA
ldquoEm cada homem de talento existe escondido um poeta
ele manifesta-se no escrever no ler no falar ou no ouvirrdquo
Marie von Ebner-Eschenbach
Definir a autoria de um artigo cientiacutefico eacute uma etapa importante de toda pesquisa pois tem consequecircncias acadecircmicas e sociais relevantes Atualmente a maioria dos perioacutedicos cientiacuteficos solicita que sejam descritas as contribuiccedilotildees de todos os autores envolvidos no trabalho Recomenda-se que o grupo responsaacutevel pela pesquisa desenvolva poliacuteticas de autoria as quais atendam agrave questatildeo da quantidade e do tipo de contribuiccedilatildeo que iraacute qualificar aquele indiviacuteduo como autor (FERRAZ 2016)
De uma forma geral a principal atribuiccedilatildeo que caracteriza o participante como autor eacute a sua contribuiccedilatildeo intelectual para a pesquisa e para o manuscrito e incluem (a) participaccedilatildeo na concepccedilatildeo ou delineamento do estudo participaccedilatildeo na
138 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados ou ambos (b) redaccedilatildeo do manuscrito ou sua revisatildeo incluindo criacutetica intelectual importante de seu conteuacutedo A simples participaccedilatildeo na coleta de dados natildeo justifica autoria (MONTENEGRO amp ALVES 1997) Todos os autores de um manuscrito devem fornecer a aprovaccedilatildeo final da versatildeo a ser publicada e devem ter participado suficientemente do trabalho para poder assumir publicamente a responsabilidade pelo seu conteuacutedo (INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS 2019)
Para auxiliar no processo de definiccedilatildeo de autoria algumas entidades desenvolveram criteacuterios como a International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) que passaram a ser adotados por parcela importante dos perioacutedicos cientiacuteficos da aacuterea meacutedica As principais recomendaccedilotildees desse comitecirc podem ser acessadas no documento disponiacutevel em httpwwwicmjeorgicmje-recommendationspdf
Segundo o INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS (2019)
bull Obtenccedilatildeo de financiamento coleta de dados ou supervisatildeo geral de um grupo de pesquisa natildeo satildeo por si soacute criteacuterios para autoria ou coautoria
bull Todas as pessoas designadas como autoras ou coautoras deveratildeo ser qualificadas e listadas
bull Cada autor ou coautor deveraacute ter participado suficientemente do trabalho para ter responsabilidade puacuteblica sobre segmentos apropriados do conteuacutedo
bull Em estudos multicecircntricos com grande nuacutemero de participantes o grupo deveraacute identificar os indiviacuteduos que aceitam a responsabilidade direta pelo manuscrito
bull A ordem dos autores e coautores seraacute decidida pelo grupo que deveraacute estar apto a explicaacute-la
bull Pessoas que colaboraram com o estudo mas cuja contribuiccedilatildeo natildeo justifica autoria ou coautoria podem ser listadas nos Agradecimentos como ldquoinvestigadores cliacutenicosrdquo ou ldquoinvestigadores participantesrdquo seguidas de sua funccedilatildeo ou contribuiccedilatildeo por exemplo ldquocoleta de dadosrdquo ldquoencaminhamento e cuidados aos pacientes do estudordquo etc
bull Outras pessoas que tenham dado contribuiccedilotildees substanciais e diretas para o trabalho mas que natildeo possam ser consideradas autores podem ser citadas na seccedilatildeo Agradecimentos se possiacutevel suas contribuiccedilotildees especiacuteficas devem ser descritas Apoio financeiro tambeacutem deveraacute ser mencionado nesta seccedilatildeo
bull Considerando-se que os leitores podem inferir que as pessoas listadas em agradecimentos endossam os resultados e as conclusotildees todas devem dar permissatildeo por escrito para serem agradecidas
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 139
Outra maneira de determinar criteacuterios de autoria eacute atribuir pontos para as diferentes atividades da pesquisa Petroianu (2002) sugere a seguinte pontuaccedilatildeo de acordo com a participaccedilatildeo no trabalho (quadro 161) Tais escores podem ser adaptados de acordo com criteacuterios proacuteprios de cada grupo de pesquisa
Quadro 161 mdash Pontuaccedilatildeo de autoria de acordo com a participaccedilatildeo na pesquisa
Participaccedilatildeo PontosCriar a ideia que originou o trabalho e elaborar hipoacuteteses 6
Estruturar o meacutetodo de trabalho 6Orientar ou coordenar o trabalho 5Escrever o manuscrito 5Coordenar o grupo que escreveu o manuscrito 4Rever a literatura 4Apresentar sugestotildees importantes incorporadas ao trabalho 4
Resolver problemas fundamentais do trabalho 4Criar aparelhos para a realizaccedilatildeo do trabalho 3Coletar dados 3Analisar os resultados estatisticamente 3Orientar a redaccedilatildeo do manuscrito 3Preparar a apresentaccedilatildeo do trabalho para evento cientiacutefico 3
Apresentar o trabalho em evento cientiacutefico 2Chefiar o local onde o trabalho foi realizado 2Fornecer pacientes ou materiais para o trabalho 2Conseguir verbas para a realizaccedilatildeo da pesquisa 2Apresentar sugestotildees menores incorporadas ao trabalho 1
Trabalhar na rotina da funccedilatildeo sem contribuiccedilatildeo intelectual 1
Teratildeo direito agrave autoria os colaboradores que tiverem alcanccedilado 7 pontos A sequecircncia dos autores poderaacute ser em ordem decrescente de pontuaccedilatildeo Adaptado de Petroianu (2002)
Finalmente apoacutes a preparaccedilatildeo do manuscrito quem assume a responsabilidade pela comunicaccedilatildeo com os editores do perioacutedico eacute o autor correspondente Na maioria das vezes ele tambeacutem eacute responsaacutevel pela revisatildeo final aleacutem de atender agraves normas do processo editorial entre outras No entanto essas funccedilotildees podem ser delegadas a um ou mais coautores
140 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
162 PLAacuteGIO ACADEcircMICO CONHECER PARA EVITAR
Segundo o Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa plaacutegio vem do verbo plagiar o mesmo que imitar reproduzir copiar ou como dizem Diniz e Terra (2014) ldquouma apropriaccedilatildeo indevida e natildeo autorizada na criaccedilatildeo literaacuteriardquo Partindo dessa ideia eacute necessaacuterio apresentar que no contexto acadecircmico existem diversos conceitos referentes agrave utilizaccedilatildeo desse recurso na produccedilatildeo cientiacutefica e seratildeo esses os aspectos a serem abordados neste toacutepico
O plaacutegio eacute um tema comum na atualidade principalmente quando se trata da esfera acadecircmica mas tambeacutem da esfera social e profissional visto que o ato de plagiar vai muito aleacutem do famoso Ctrl C + Ctrl V Plagia-se tudo por exemplo capiacutetulos de livros monografias teses de doutorado artigos fotos letras de muacutesica obras de arte o que varia nessas modalidades de plaacutegio eacute o tipo caso seja parcial ou integral (DINIZ TERRA 2014)
A questatildeo principal que deve ser debatida acerca dessa temaacutetica eacute como ficou acessiacutevel por meio da internet o acesso a todo tipo de material principalmente acadecircmico muitas vezes de forma gratuita e sem a identificaccedilatildeo correta dos autores o que pode propiciar a praacutetica do plaacutegio A riqueza de dados nas diferentes paacuteginas eletrocircnicas facilita e enriquece a escrita cientiacutefica no entanto esta deve ocorrer seguindo princiacutepios eacuteticos que resguardem o direito autoral (BISCALCHIM amp ALMEIDA 2011)
Infelizmente apesar da existecircncia de legislaccedilatildeo que condene o plaacutegio ainda haacute um nuacutemero substancial de coacutepias indevidas de trabalhos situaccedilatildeo bastante evidenciada em teses dissertaccedilotildees e artigos cientiacuteficos Vaacuterios motivos contribuem para isso e alguns deles satildeo demonstrados no quadro 162
Quadro 162 mdash Motivos para o uso frequente da praacutetica do plaacutegio acadecircmico
bull Facilidade de acesso agrave informaccedilatildeo
bull Falta de capacidade para parafrasear
bull Pouco valor agrave produccedilatildeo proacutepria
bull Falta de anaacutelise criacutetica dos trabalhos pesquisados
bull Confusatildeo quanto agrave autoria dos trabalhos
bull Incentivo ao plaacutegio nos niacuteveis fundamental e meacutedio
bull Facilidade de acesso a programas de traduccedilatildeo
bull Desconhecimento de regulamentaccedilotildees de escrita cientifica
Fonte RODRIacuteGUEZ 2012
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 141
Diante disso eacute importante mencionar a Lei de Regulamentaccedilatildeo dos Direitos Autorais (disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl9610htm) Esse ato eacute regulado pelo conjunto de prerrogativas conferidas pela legislaccedilatildeo a qualquer pessoa fiacutesica ou juriacutedica que tenha criado uma obra intelectual para que esta possa gozar dos benefiacutecios que resultem de sua criaccedilatildeo original Ou seja apropriar-se dessas criaccedilotildees sem que se faccedila a devida referecircncia fere questotildees eacuteticas e morais uma vez que quando se assume a autoria de algo deve-se compreender a responsabilidade inerente a esse ato
Como identificar e evitar o plaacutegio
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) define que plaacutegio consiste na apresentaccedilatildeo de resultados e conclusotildees obtidos por outros autores como se fosse de sua autoria caracterizando dessa forma como fraude ou maacute conduta Dessa forma eacute importante avaliar a intenccedilatildeo dos autores diante dessa situaccedilatildeo pois o autor tendo consciecircncia plena do ato ou seja de utilizar o texto como proacuteprio de forma intencional pode ser considerado fraudulento e responder criminalmente
No entanto vale ressaltar que existe a possibilidade do plaacutegio por ocasiatildeo ou plaacutegio ocasional o qual utiliza trechos de diferentes fontes sem a devida citaccedilatildeo ou o plaacutegio atribuiacutedo ao desconhecimento das regras de citaccedilatildeo que por natildeo ter intenccedilatildeo consciente torna-se ldquomenosrdquo fraudulento (DEMO 2011)
Uma pesquisa realizada no Paranaacute em 2008 mostrou que muitos estudantes recorrem agrave praacutetica do plaacutegio pela dificuldade de identificar e fazer citaccedilotildees indiretas e de referenciar de maneira correta as citaccedilotildees diretas o que leva a muitos acadecircmicos cometerem plaacutegio natildeo intencional (SILVA 2008)
Diversas ferramentas digitais podem ajudar os pesquisadores a identificar qual o grau de similaridade do seu trabalho com outros materiais previamente publicados Softwares antiplaacutegio estatildeo disponiacuteveis para download e satildeo de grande apoio para a produccedilatildeo acadecircmica atual Como exemplos httpwwwplagiumcom e httpplagiarismanet
Tipos de plaacutegio acadecircmico
Segundo Rodriacuteguez (2012) o plaacutegio pode ser categorizado em trecircs diferentes agrupamentos
bull plaacutegios de forma pode ser subdividido em autoplaacutegio falsa autoria envio duplo roubo de material
bull plaacutegios de meacutetodos correspondem ao famoso ldquocopiar-colarrdquo uso de paraacutefrases inadequadas referecircncia perdida referecircncia falsa fabricaccedilatildeo de dados e roubo de ideias
bull plaacutegios de propoacutesitos podem ser intencionais natildeo intencionais ou acidentais
142 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Aleacutem dessa categorizaccedilatildeo existem outras classificaccedilotildees para a praacutetica do plaacutegio Os autores do blog de viacutedeo TCC Monografias Artigos httpswwwyoutubecomwatchv=NryG4H_-Eo4 apresentam por meio de uma seacuterie de sete viacutedeos uma diferente abordagem do plaacutegio acadecircmico e maneiras para se evitar a praacutetica natildeo intencional do recurso
Consideraccedilotildees finais acerca do plaacutegio
A academia deve estimular que os jovens pesquisadores natildeo sejam apenas reprodutores de informaccedilotildees Eles devem por sua vez ser capazes de gerar conhecimento e produzir conteuacutedo relevante para a ciecircncia A internet deve ser utilizada apenas como um meio de acesso a uma vasta fonte bibliograacutefica facilitando a elaboraccedilatildeo de conteuacutedo cientiacutefico novo e eacutetico estimulando uma formaccedilatildeo acadecircmica consciente no que diz respeito agrave construccedilatildeo do conhecimento (DEMO 2011)
Partindo dessa ideia as universidades deveriam enfatizar as consequecircncias da praacutetica de plaacutegio na vida do aluno ldquoa impossibilidade de inovar de pensar e criar algo novo para o desenvolvimento da ciecircnciardquo (IMAYUIKI 2008)
163 TRABALHO EM EQUIPE
O trabalho em equipe eacute essencial agrave Ciecircncia A maioria das grandes descobertas cientiacuteficas da humanidade somente foram possiacuteveis devido ao trabalho de grupos de pesquisadores Trabalhar em equipe permite economia de tempo e dinheiro troca de expertises entre diversas aacutereas multidisciplinares complementares com incremento na qualidade final do estudo
Apesar da importacircncia a formaccedilatildeo de grupos de pesquisa ou a participaccedilatildeo em tais atividades podem ser tarefas aacuterduas que demandam persistecircncia e organizaccedilatildeo Partindo dessa ideia faz-se necessaacuteria uma reflexatildeo sobre as aptidotildees pessoais para a atuaccedilatildeo como pesquisador vocaccedilatildeo que exige motivaccedilatildeo persistente responsabilidade renuacutencia e comprometimento
Como o puacuteblico-alvo desse e-book eacute o estudante que ainda estaacute a se iniciar na vida acadecircmica ou o jovem pesquisador seratildeo abordados brevemente alguns aspectos sobre a participaccedilatildeo dos estudantes em grupos de pesquisa
Um dos principais motivadores dos alunos de graduaccedilatildeo para a participaccedilatildeo em pesquisas sem duacutevida eacute a melhora do curriacuteculo visando a melhores pontuaccedilotildees em concursos e seleccedilotildees apoacutes a graduaccedilatildeo No entanto embora este seja um gatilho inicial vaacutelido e necessaacuterio participar do meio acadecircmico-cientiacutefico propriamente dito vai muito aleacutem disso Enfatiza-se que a experiecircncia inicial do aluno nesses primeiros anos de vida acadecircmica poderaacute ser crucial para sua efetivaccedilatildeo enquanto pesquisador no futuro
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 143
Para a participaccedilatildeo em grupos de pesquisa ou mesmo para a contribuiccedilatildeo isolada em um estudo pontual os alunos devem considerar alguns aspectos a fim de evitar problemas ao longo de sua vivecircncia mesmo que breves enquanto pesquisadores Satildeo eles
bull Quanto tempo disponiacutevel tenho para dedicar-me agrave pesquisa
bull Quanto tempo a pesquisa vai durar Em quanto tempo vou concluir o curso Como a minha ausecircncia antecipada repercutiraacute sobre o grupo
bull Qual a minha melhor aptidatildeo Comunicaccedilatildeo Relacionamentos Escrita Lideranccedila
bull Quais satildeo os meus objetivos enquanto acadecircmico E os objetivos pessoais
Feito isso o aluno estaraacute apto a dar os primeiros passos nesse universo desafiador e cativante para quiccedilaacute transformar a motivaccedilatildeo inicial em apenas melhorar o seu curriacuteculo em um interesse genuiacuteno para a vida acadecircmica
144 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
BISCALCHIM A C S ALMEIDA M A Direitos autorais informaccedilatildeo e tecnologia impasses e potencialidades Liinc em Revista Rio de Janeiro v 7 n 2 p 638-652 2011 Disponiacutevel em httpsrepositoriouspbritem002247739 Acesso em 09 abr 2020
DEMO P Remix pastiche plaacutegio autorias da nova geraccedilatildeo Meta Avaliaccedilatildeo v 3 n 8 p 125-144 maioago 2011 Disponiacutevel em httprevistascesgranrioorgbrindexphpmetaavaliacaoarticleview119150 Acesso em 09 abr 2020
MARULANDA L C S PLAacuteGIO PALAVRAS ESCONDIDAS Diniz D Terra A Brasiacutelia Letras LivresRio de Janeiro Editora Fiocruz 2014 195p ISBN 978-85-98070-36-0 (Letras Livres) ISBN 978-85-98070-37-7 (Editora Fiocruz) Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 31 n 2 p 439-440 Fev 2015 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2015000200439 Acesso em 09 abr 2020
IMAYUKI G Eacutetica do direito autoral Uma breve anaacutelise eacutetica-juriacutedica Kerygma Satildeo Paulo v 4 n 2 p 17-41 out 2008 Disponiacutevel em httpsrevistasunaspedubrkerygmaarticleview231 Acesso em 09 abr 2020
INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS Recommendations for the conduct reporting editing and publication of scholarly Work in medical journals[S l] ICMJE 2019 Disponiacutevel em httpwwwicmjeorgicmje-recommendationspdf Acesso em 09 abr 2020
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MONTENEGRO M R ALVES V A F Criteacuterios de autoria e co-autoria em trabalhos cientiacuteficos Acta bot bras Feira de Santana v 11 n 2 p 273-276 1997 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfabbv11n2v11n2a14pdf Acesso em 09 abr 2020
PETROIANU A Autoria de um trabalho cientiacutefico Rev Assoc Med Bras Satildeo Paulo v 48 n 1 p 60-65 2002 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdframbv48n1a31v48n1pdf Acesso em 09 abr 2020
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 145
RODRIacuteGUEZ A S El plagio y su impacto a niacutevel acadecircmico y professional E-Ciencias de la Informaciacuteon San Joseacute v 2 n 1 p 1-13 enerojun 2012 Disponiacutevel em httpswwwredalycorgpdf4768476848735003pdf Acesso em 09 abr 2020
SILVA O S F Entre plagio e a autoria qual o papel da universidade Rev Bras Educ Rio de Janeiro v 13 n 38 p 357-414 maioago 2008 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrbeduv13n3812pdf Acesso em 09 abr 2020
147
17ASPECTOS EacuteTICOS DAS PESQUISAS COM
SERES HUMANOS
Juliana Ferreira ParaacuteMaacutercia Maria Pinheiro Dantas
Clarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoA eacutetica eacute a esteacutetica de dentrordquo
Pierre Reverdy
171 INTRODUCcedilAtildeO
Para um melhor entendimento sobre os aspectos eacuteticos das pesquisas envolvendo seres humanos eacute importante refletir um pouco sobre o conceito de eacutetica A eacutetica eacute um segmento da filosofia que se dedica agrave anaacutelise das razotildees que ocasionam alteram ou orientam a maneira de agir do ser humano geralmente levando em consideraccedilatildeo seus valores morais (ARAUacuteJO 2012)
Os princiacutepios baacutesicos da eacutetica em pesquisa consistem em permitir a autonomia dos pacientes praticar a beneficecircncia e a natildeo maleficecircncia respeitando a equidade e a justiccedila Para que uma pesquisa com seres humanos em qualquer aacuterea do conhecimento seja considerada eacutetica deveraacute atender aos seguintes requisitos miacutenimos (1) ter uma justificativa cientiacutefica e poder responder agraves incertezas levantadas (2) somente pesquisar em humanos se natildeo houver outros meios de se obter o conhecimento buscado (3) a probabilidade de os benefiacutecios serem maiores que a dos riscos previsiacuteveis (4) natildeo utilizar seres humanos em experimentos natildeo previamente testados em laboratoacuterios animais ou por fatos cientiacuteficos (ARAUacuteJO 2012)
O objetivo deste capiacutetulo seraacute demonstrar resumidamente os princiacutepios que norteiam a eacutetica em pesquisa com seres humanos tecendo um breve histoacuterico sobre a evoluccedilatildeo do processo de regulamentaccedilatildeo eacutetica no Brasil e no mundo permitindo que os jovens pesquisadores adquiram uma melhor compreensatildeo sobre o tema
148 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
172 HISTOacuteRIA DA REGULAMENTACcedilAtildeO DA PESQUISA COM SERES HUMANOS
Segundo Arauacutejo (2012) ldquoa busca por novos conhecimentos ocorre desde os primoacuterdios da humanidaderdquo No entanto ao longo dos anos a busca pelo saber nem sempre respeitou a condiccedilatildeo humana e vaacuterios exemplos atestam esse fato
Na Escola de Alexandria no secIII aC Heroacutefilo de Capadoacutecia (325-280 aC) e Erassistrato de Cleo (304-205 aC) fizeram grandes descobertas anatocircmicas e fisioloacutegicas utilizando a teacutecnica de vivisseccedilotildees em criminosos condenados agrave morte No periacuteodo do Renascimento os meacutedicos Andreacute Versalio (1514-1564) e Ambroacutesio Pareacute (1510-1590) dissecaram o cracircnio de condenados agrave morte para conhecer a trajetoacuteria exata de uma lanccedila no olho para poder tratar o rei da Franccedila Henrique II ferido em uma batalha Na Inglaterra em 1721 o cirurgiatildeo inglecircs Charles Maitland inoculou variacuteola em seis prisioneiros com a promessa de liberdade para estudar o curso natural da doenccedila Entre 1931 e 1945 na ocupaccedilatildeo japonesa na China prisioneiros de guerra e integrantes da populaccedilatildeo civil foram cobaias em experiecircncias com armas quiacutemicas e bacterioloacutegicas Durante a Segunda Guerra Mundial os nazistas desenvolveram diversas pesquisas com seres humanos sem nenhuma limitaccedilatildeo moral (ARAUacuteJO 2012)
Foi justamente apoacutes o final da Segunda Guerra Mundial que as maiores discussotildees acerca dos limites eacuteticos das pesquisas envolvendo seres humanos foram intensificadas Apesar dos avanccedilos nas aacutereas tecnoloacutegica e meacutedica obtidos agrave custa de pesquisas sem regulamentaccedilatildeo financiadas pelo regime nazista e naccedilotildees simpatizantes (ou como descrito por Miguel Kottow ldquotorturas disfarccediladas de pesquisardquo) durante o Julgamento de Nuremberg que ocorreu ao teacutermino do conflito diversos indiviacuteduos (incluindo meacutedicos e pesquisadores) foram acusados e condenados por crimes de guerra
Esse julgamento gerou uma intensa discussatildeo sobre a forma de se fazer pesquisas em todo o mundo sendo considerado um marco para a regulamentaccedilatildeo da praacutetica de pesquisas com seres humanos Culminou em 1947 na criaccedilatildeo de um documento denominado Coacutedigo de Nuremberg (WORLD MEDICAL ASSOCIATION 1964) Esse coacutedigo versava sobre a individualidade do ser e sobre a autonomia para decidir se um potencial voluntaacuterio de uma pesquisa tinha interesse em participar de determinado estudo ou natildeo Aleacutem disso o Coacutedigo de Nuremberg trazia agrave tona outras questotildees importantes como transparecircncia relevacircncia social do estudo e proteccedilatildeo aos participantes
No ano seguinte em 1948 foi publicada pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) a Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem Trata-se do primeiro documento juriacutedico internacional que apresenta um cataacutelogo completo dos direitos humanos (disponiacutevel em httpswwwunorgenuniversal-declaration-human-
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 149
rights) Esse documento que delineia os direitos humanos baacutesicos foi idealizado principalmente pelo canadense John Peters Humphrey e foi aprovado por 48 paiacuteses membros das Naccedilotildees Unidas (ONU 1948)
Em 1964 foi promulgada pela Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial (World Medical Association WMA) a Declaraccedilatildeo de Helsinque aprimorando e reafirmando premissas eacuteticas jaacute estabelecidas previamente e incorporando outros aspectos que satildeo adotados ateacute os dias atuais como o ldquoConsentimento Informadordquo Tal ldquoconsentimentordquo ratifica a importacircncia do entendimento do paciente sobre a pesquisa e inclui situaccedilotildees que natildeo haviam sido previstas como incapacidade mental ou reclusatildeo A Declaraccedilatildeo de Helsinque tambeacutem foi um marco jaacute que eacute o iniacutecio do que hoje se conhece como bioeacutetica Ao longo dos anos essa declaraccedilatildeo foi atualizada oito vezes sendo a uacuteltima delas durante a Assembleia Geral da WMA realizada em outubro de 2013 em Fortaleza (httpswwwwmanetwp-contentuploads201611491535001395167888_DoHBrazilianPortugueseVersionRevpdf)
173 PESQUISA COM SERES HUMANOS NO BRASIL
A regulamentaccedilatildeo da eacutetica em pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil teve seu iniacutecio com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 poreacutem apenas em 1996 apoacutes a aprovaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo 196 do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) um dos principais marcos da pesquisa cliacutenica em acircmbito nacional foi criado um sistema nacional soacutelido de apreciaccedilatildeo eacutetica essencial para o desenvolvimento da pesquisa com seres humanos no Brasil
Essa resoluccedilatildeo aprovou as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos no paiacutes criando e normatizando o sistema de apreciaccedilatildeo eacutetica constituiacutedo por instacircncias regionais ndash os Comitecircs de Eacutetica em Pesquisa (CEP) ndash e uma instacircncia federativa ndash a Comissatildeo Nacional de Eacutetica em Pesquisa (CONEP) ndash oacutergatildeo nacional de controle de pesquisas envolvendo seres humanos e que juntos constituem o Sistema CEPCONEP Foi essa resoluccedilatildeo que no Brasil instituiu pela primeira vez a necessidade do ldquoConsentimento Livre e Esclarecidordquo que daria origem futuramente ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) tal qual se conhece hoje
Apoacutes 15 anos de vigecircncia a Resoluccedilatildeo CNS 1961996 foi revogada sendo substituiacuteda pela Resoluccedilatildeo CNS 4662012 documento atualmente vigente e de leitura recomendada para todo jovem pesquisador no paiacutes (httpconselhosaudegovbrresolucoes2012Reso466pdf) Outro documento importante e atualmente em vigor eacute a Norma Operacional Nordm 0012013 (httpwwwhgbrjsaudegovbrceapNorma_Operacional_001-2013pdf) que versa sobre a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema CEPCONEP e sobre os procedimentos para submissatildeo avaliaccedilatildeo e acompanhamento
150 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
da pesquisa e de desenvolvimento envolvendo seres humanos no Brasil
Adicionalmente resoluccedilotildees complementares e de temas especiacuteficos foram implementados e podem ser encontradas na Plataforma Brasil que disponibiliza links para todas as resoluccedilotildees em vigecircncia no Paiacutes
Ainda como leitura adicional sugerimos o capiacutetulo XII do Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica que versa sobre Ensino e Pesquisa Meacutedica (CFM 2019)
174 Sistema CEPCONEP no Brasil o que eacute e como funciona
Como mencionado anteriormente o Sistema CEPCONEP regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil avaliando a viabilidade a seguranccedila e o respeito aos requisitos eacuteticos normatizados pela Resoluccedilatildeo 4662012 e complementares De uma forma descentralizada tais comitecircs satildeo responsaacuteveis por aprovar os projetos de pesquisa antes de seu iniacutecio e acompanhar a sua execuccedilatildeo e teacutermino
O CEP eacute constituiacutedo por um comitecirc local e idealmente deve estar presente em todas as instituiccedilotildees que pretendem investir em pesquisas com seres humanos Aleacutem de avaliarem os aspectos eacuteticos da pesquisa e emitirem pareceres de anaacutelise os CEPs tecircm papel educativo e consultivo para pesquisadores comunidade institucional participantes da pesquisa e comunidade em geral funcionando como agente corresponsaacutevel pelo desenvolvimento do estudo
A CONEP por sua vez aleacutem de ser responsaacutevel por aspectos eacuteticos emissatildeo de pareceres e encarregar-se do aspecto normativo coordena e supervisiona todos os CEPs cabendo a ela a acreditaccedilatildeo o registro e a capacitaccedilatildeo contiacutenua desses comitecircs Aleacutem disso alguns estudos de aacutereas temaacuteticas especiais precisam de apreciaccedilatildeo e aprovaccedilatildeo do CEP e da CONEP (quadro 171)
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 151
Quadro 171 mdash Pesquisas em aacutereas temaacuteticas especiais que necessitam de apreciaccedilatildeo pela CONEP
1Geneacutetica humana quando o projeto envolver11envio para o exterior de material geneacutetico ou qualquer material bioloacutegico humano para obtenccedilatildeo de material geneacutetico salvo nos casos em que houver cooperaccedilatildeo com o Governo Brasileiro12armazenamento do material bioloacutegico ou dos dados geneacuteticos humanos no exterior e no Paiacutes quando estiver conveniada com instituiccedilotildees estrangeiras ou em instituiccedilotildees comerciais13alteraccedilotildees da estrutura geneacutetica de ceacutelulas humanas para utilizaccedilatildeo in vivo14pesquisas na aacuterea da geneacutetica da reproduccedilatildeo humana (reprogeneacutetica)15pesquisas em geneacutetica do comportamento e16pesquisas nas quais esteja prevista a dissociaccedilatildeo irreversiacutevel dos dados dos participantes de pesquisa2Reproduccedilatildeo humana pesquisas que se ocupam com o funcionamento do aparelho reprodutor procriaccedilatildeo e fatores que afetam a sauacutede reprodutiva de humanos sendo que nessas pesquisas seratildeo considerados ldquoparticipantes da pesquisardquo todos os que forem afetados pelos procedimentos delasCaberaacute anaacutelise da CONEP quando o projeto envolver21reproduccedilatildeo assistida 22manipulaccedilatildeo de gametas preacute-embriotildees embriotildees e feto e23medicina fetal quando envolver procedimentos invasivos3 Equipamentos e dispositivos terapecircuticos novos ou natildeo registrados no Paiacutes 4 Novos procedimentos terapecircuticos invasivos5 Estudos com populaccedilotildees indiacutegenas 6 Projetos de pesquisa que envolvam organismos geneticamente modificados (OGM) ceacutelulas-tronco embrionaacuterias e organismos que representem alto risco coletivo incluindo organismos relacionados a eles nos acircmbitos de experimentaccedilatildeo construccedilatildeo cultivo manipulaccedilatildeo transporte transferecircncia importaccedilatildeo exportaccedilatildeo armazenamento liberaccedilatildeo no meio ambiente e descarte 7 Protocolos de constituiccedilatildeo e funcionamento de biobancos para fins de pesquisa8 Pesquisas com coordenaccedilatildeo eou patrociacutenio originados fora do Brasil excetuadas aquelas com copatrociacutenio do Governo Brasileiro e9 Projetos que a criteacuterio do CEP e devidamente justificados sejam julgados merecedores de anaacutelise pela CONEP
175 O que eacute necessaacuterio para submeter um projeto de pesquisa na Plataforma Brasil
Todas as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil devem ser submetidas ao Sistema CEPCONEP via Plataforma Brasil Uma pesquisa soacute poderaacute ser iniciada apoacutes a apreciaccedilatildeo eacutetica e a aprovaccedilatildeo concedida por esse sistema
Todo projeto de pesquisa que seja submetido agrave apreciaccedilatildeo pelo Sistema CEPConep precisa de um ldquoprotocolo de pesquisardquo que eacute um conjunto de documentos que contemplam a descriccedilatildeo do estudo em seus aspectos fundamentais e as informaccedilotildees relativas ao participante da pesquisa agrave qualificaccedilatildeo dos pesquisadores e a todas as instacircncias responsaacuteveis Partindo dessa definiccedilatildeo espera-se que o protocolo de pesquisa a ser enviado para anaacutelise via Plataforma Brasil contenha
152 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull folha de rosto
bull declaraccedilotildees pertinentes
bull declaraccedilatildeo de compromisso do pesquisador responsaacutevel
bull garantia de que os benefiacutecios resultantes do projeto retornem aos participantes da pesquisa seja em termos de retorno social acesso aos procedimentos produtos seja como agentes da pesquisa
bull orccedilamento financeiro
bull cronograma
bull Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
bull demonstrativo da existecircncia de infraestrutura necessaacuteria e apta ao desenvolvimento da pesquisa e para atender eventuais problemas dela resultantes com documento que expresse a concordacircncia da instituiccedilatildeo eou organizaccedilatildeo por meio de seu responsaacutevel maior com competecircncia
bull outros documentos que se fizerem necessaacuterios de acordo com a especificidade da pesquisa
bull projeto de pesquisa original na iacutentegra incluindo embasamento teoacuterico justificativa objetivos meacutetodos e anaacutelise dos riscos e benefiacutecios da pesquisa
176 O TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Entre os documentos de um protocolo de pesquisa especial atenccedilatildeo deve ser dispensada ao TCLE motivo frequente de equiacutevocos na documentaccedilatildeo submetida agrave apreciaccedilatildeo eacutetica pelo Sistema CEPCONEP gerando pareceres que sinalizam pendecircncias para os pesquisadores e possiacutevel atraso no iniacutecio da pesquisa
Este documento deve ser elaborado sob a forma de convite e visa explicar para o participante por meio de uma linguagem clara e compreensiacutevel as seguintes questotildees relacionadas agrave pesquisa
bull objetivos justificativa e meacutetodos de pesquisa
bull garantia de esclarecimento (antes e durante todo o curso da pesquisa) sobre o estudo
bull duraccedilatildeo esperada da participaccedilatildeo do sujeito
bull modo como se daraacute o estudo
bull responsaacutevel pelo acompanhamento e pela assistecircncia
bull liberdade do sujeito para desistir a qualquer momento
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 153
bull sigilo de dados confidenciais coletados
bull benefiacutecios e malefiacutecios que possam acometer o sujeito
bull informaccedilatildeo da possibilidade da inclusatildeo em grupo controle ou placebo
bull cobertura pelos pesquisadores de quaisquer problemas provenientes da intervenccedilatildeo da pesquisa gastos meacutedicos incapacidade do falecimento e de como se daraacute a cobertura financeira (formas de ressarcimento) nos casos citados
O TCLE precisa ser assinado pelo participante da pesquisa e pelo pesquisador em duas vias sendo uma retida pelo sujeito da pesquisa ou por seu representante legal e uma arquivada pelo pesquisador Nos casos em que seja impossiacutevel registrar o consentimento livre e esclarecido tal fato deve ser devidamente documentado com a explicaccedilatildeo das causas da impossibilidade e parecer do CEP No caso de um indiviacuteduo que natildeo seja capaz precisa haver um consentimento por delegaccedilatildeo de um representante legal adequadamente autorizado Espaccedilos datiloscoacutepicos devem estar presentes para o caso de participantes natildeo alfabetizados
Situaccedilotildees especiais na obtenccedilatildeo do Consentimento Livre e Esclarecido
bull Pacientes menores de 16 anos o consentimento deveraacute ser dado por um dos pais ou na inexistecircncia deles pelo parente mais proacuteximo ou responsaacutevel legal Nos indiviacuteduos na faixa etaacuteria pediaacutetrica mas com idade suficiente para compreensatildeo sobre a sua participaccedilatildeo em uma pesquisa (em geral acima de 10 anos) o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido tambeacutem deveraacute ser obtido (TALE) Este deveraacute ser elaborado em uma linguagem ainda mais acessiacutevel para o leitor pediaacutetrico
bull Paciente maior de 16 e menor de 18 anos consentimento obtido com a assistecircncia de um dos pais ou responsaacutevel
bull Paciente eou responsaacutevel analfabeto o presente documento deveraacute ser lido em voz alta para o paciente e seu responsaacutevel na presenccedila de duas testemunhas que firmaratildeo tambeacutem o documento
bull Paciente deficiente mental incapaz de manifestaccedilatildeo de vontade suprimento necessaacuterio da manifestaccedilatildeo de vontade por seu representante legal
Existem modelos de TCLE disponiacuteveis na internet que podem ajudar o pesquisador (httpwwwaccgorgbruploadsarquivos1572ef4c10ee090e9fb7513f3055ddb4pdf) bem como roteiros para a sua elaboraccedilatildeo (httpwwwincoruspbrsitesincor2013docscomissao-cientificadocsTCLE-Versao_Marco2015pdf)
154 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
177 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Frequentemente os projetos de pesquisa submetidos agrave apreciaccedilatildeo eacutetica pelo Sistema CEPCONEP retornam para o pesquisador responsaacutevel com pareceres que apontam pendecircncias oriundas do desconhecimento e descumprimento dos requisitos miacutenimos exigidos pela regulamentaccedilatildeo eacutetica das pesquisas envolvendo seres humanos no paiacutes
Um ponto comum de inadequaccedilatildeo eacutetica presente em muitos projetos enviados para anaacutelise eacute afirmar que as pesquisas observacionais que natildeo promovam intervenccedilotildees natildeo apresentam riscos para os participantes No entanto a Resoluccedilatildeo do CNS 4662012 no paraacutegrafo V que trata dos ldquoRiscos e Benefiacuteciosrdquo afirma que ldquoToda pesquisa com seres humanos envolve risco em tipos e gradaccedilotildees variados Quanto maiores e mais evidentes os riscos maiores devem ser os cuidados para minimizaacute-los e a proteccedilatildeo oferecida pelo Sistema CEPCONEP aos participantes Devem ser analisadas possibilidades de danos imediatos ou posteriores no plano individual ou coletivordquo
Assim faz-se necessaacuterio que os pesquisadores sempre identifiquem quais os riscos envolvidos na pesquisa ainda que miacutenimos (quebra do sigilo de dados desconforto durante a entrevista etc) e quais medidas seratildeo adotadas para evitaacute-los e sanaacute-los
Por fim tais pendecircncias seriam reduzidas melhorando a eficiecircncia do sistema por meio de uma postura de busca ativa por parte dos proacuteprios pesquisadores antes da submissatildeo de seus projetos acerca da regulamentaccedilatildeo eacutetica a ser atendida bem como por meio de uma postura educativa de cada CEP local divulgando material consultivo visando ao alcance dos potenciais pesquisadores dentro da instituiccedilatildeo onde o comitecirc estaacute instalado
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 155
REFEREcircNCIAS
ARAUacuteJO L Z S Breve histoacuterico da bioeacutetica da eacutetica em pesquisa agrave bioeacutetica In REGO S PALAacuteCIOS M Comitecircs de eacutetica em pesquisa teoria e praacutetica Rio de Janeiro FioCruz 2012 cap 03 p 71-84
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA Coacutedigo de eacutetica meacutedica Brasiacutelia CFM 2019 Disponiacutevel em httpsportalcfmorgbrimagesPDFcem2019pdf Acesso em 10 abr 2020
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Resoluccedilatildeo nordm 466 de 12 de dezembro de 2012 Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasiacutelia CNS 2012 Disponiacutevel em httpconselhosaudegovbrresolucoes2012Reso466pdf Acesso em 01 dez 2019
SOUZA G G M Prefaacutecio In SANTOS P C NASCIMENTO E G C (org) Comitecirc de eacutetica em pesquisa com seres humanos o que eacute necessaacuterio saber para aprovar um projeto de pesquisa Mossoroacute UERN 2018 p 6-10 Disponiacutevel emhttpwwwuernbrcontroledepaginaspropeg-comissoes-ceparquivos3121livropdf Acesso em 10 abr 2020
WORLD MEDICAL ASSOCIATION DECLARATION OF HELSINKI Recommendations guiding physicians in biomedical research involving human subjects Somerset West [sn] 1996 Disponiacutevel em httpswwwwmanetwp-contentuploads201611DoH-Oct1996pdf Acesso em Acesso em 07 jan 2021
UNIVERSAL Declaration of Human Rights [Sl ] United Nations [201-] Disponiacutevel em httpswwwunorgenuniversal-declaration-human-rights Acesso em 07 jan 2021
157
18COMO CRIAR O SEU CURRIacuteCULO NA
PLATAFORMA LATTES
Victor Gomes Pitombeira
ldquoDecidir o que natildeo fazer eacute tatildeo importante quanto decidir o que fazerrdquo
Steve Jobs
A Plataforma Lattes eacute uma ferramenta on-line de unificaccedilatildeo de curriacuteculos grupos de pesquisas e outras iniciativas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq 1999) No Brasil eacute de extrema importacircncia a criaccedilatildeo de um curriacuteculo Lattes uma vez que este tem sido o modelo de curriculum vitae utilizado pela maioria dos centros acadecircmicos e de pesquisa e seraacute o seu ldquocartatildeo de visitardquo no ambiente acadecircmico (MORETTI 2020 LOCATELLI 2013)
Ao se inscrever na Plataforma Lattes vocecirc se compromete a apresentar apenas informaccedilotildees compatiacuteveis com a realidade Natildeo insira nenhuma formaccedilatildeo que vocecirc natildeo possa provar ou inexistente sob pena de puniccedilatildeo criminal
181 PASSO A PASSO
Para iniciar a criaccedilatildeo do seu curriacuteculo Lattes acesse httplattescnpqbr
158 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Clique em ldquoCadastrar novo curriacuteculordquo Isso redirecionaraacute vocecirc a uma nova paacutegina
bull Nesta paacutegina vocecirc deve preencher os seus dados Certifique-se de ler os Termos de Adesatildeo e Compromisso disponibilizados em um link Os termos tambeacutem podem ser conferidos em httpswwwscnpqbrcvlatteswebpkg_cv_estrtermo
bull Clique na barra de opccedilotildees em ldquoPaiacutes de Nacionalidaderdquo e selecione seu paiacutes Apoacutes isso coloque seu e-mail e senha nas barras de digitaccedilatildeo apropriadas
bull Na paacutegina seguinte preencha os seus dados pessoais e clique em ldquoProacuteximardquo para prosseguir adiante
OBS Para fazer upload de uma foto clique no iacutecone pequeno ao lado do rosto azul que estaacute marcado com uma circunferecircncia vermelha na imagem acima Uma janela de busca do sistema abriraacute para que vocecirc possa selecionar um arquivo de imagem Evite imagens por demais informais Vocecirc pode utilizar as imagens de outros documentos de identificaccedilatildeo como RG ou Passaporte
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 159
bull Clique na barra de seleccedilatildeo referente a ldquoPaiacutesrdquo e selecione o paiacutes de sua residecircncia A barra de digitaccedilatildeo referente a CEP seraacute disponibilizada insira-o e o endereccedilo seraacute completado automaticamente pelo sistema Termine informando o telefone e celular Clique em ldquoProacuteximardquo para finalizar
OBS Caso for utilizar endereccedilo institucional selecione a opccedilatildeo Profissional e clique posteriormente na lupa na barra de seleccedilatildeo da instituiccedilatildeo para procurar a instituiccedilatildeo agrave qual vocecirc eacute filiado
bull Uma nova paacutegina abriraacute Clique na barra de opccedilotildees referente agrave ldquoFormaccedilatildeo acadecircmica concluiacutedardquo e selecione o niacutevel acadecircmico que quer referenciar adicionando-o ao seu curriacuteculo Apoacutes selecionar clique na lupa na barra de digitaccedilatildeo abaixo Um bloco apareceraacute para que vocecirc pesquise pela instituiccedilatildeo na qual vocecirc fez o niacutevel referenciado Digite o nome e clique em ldquoPesquisarrdquo o sistema apresentaraacute resultados semelhantes clique sobre o resultado ao qual vocecirc quer referenciar
OBS Caso sua instituiccedilatildeo natildeo esteja cadastrada no banco de dados o bloco sugeriraacute que vocecirc cadastre oferecendo um acesso com um ldquoclique aquirdquo Um novo bloco apareceraacute insira o nome da instituiccedilatildeo uma sigla e o paiacutes de origem
bull Apoacutes isso insira o ano de iniacutecio e de conclusatildeo do atual niacutevel que vocecirc estaacute referenciando no seu curriacuteculo Existe dois espaccedilos especiacuteficos para isso Apoacutes isso repita o mesmo processo para ldquoFormaccedilatildeo acadecircmica em conclusatildeordquo poreacutem desta vez referenciando a atual formaccedilatildeo em curso Clique em ldquoProacuteximardquo para prosseguir
bull Uma nova paacutegina apareceraacute Selecione ldquoSimrdquo se tiver algum viacutenculo profissional vigente Clique nas lupas e um novo bloco vai aparecer para pesquisar a instituiccedilatildeo agrave qual vocecirc estaacute vinculado Funciona da mesma forma explicada anteriormente para instituiccedilatildeo acadecircmica Quanto ao viacutenculo um novo bloco apareceraacute com uma barra de opccedilotildees para selecionar o tipo de viacutenculo selecione e clique em ldquoConfirmarrdquo Digite o cargo e iniacutecio do viacutenculo nas barras de digitaccedilatildeo Quando tudo estiver terminado clique em ldquoProacuteximordquo
160 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Na paacutegina seguinte clique na lupa no quadro de aacuterea de atuaccedilatildeo Um bloco com aacutervore esquemaacutetica das aacutereas cientiacuteficas apareceraacute Selecione a aacuterea em que vocecirc atua (as aacutereas selecionaacuteveis estatildeo em azul) Abaixo selecione os idiomas que vocecirc fala e apresente suas habilidades quando a compreensatildeo leitura fala e escrita Inclua o idioma nativo (ex portuguecircs) aleacutem dos natildeo nativos Clique em ldquoProacuteximardquo para terminar
bull Pronto Caso seu curriacuteculo tenha alguma pendecircncia um quadro do navegador abriraacute informando o que estaacute faltando Vocecirc poderaacute voltar agraves paacuteginas anteriores selecionando a barra de paacuteginas no topo da tela
182 Como alterar e atualizar o seu curriacuteculo Lattes
Entre na paacutegina do Portal Lattes em httplattescnpqbr
Apoacutes isso clique em ldquoAtualizar curriacuteculordquo conforme a imagem abaixo destaca
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 161
bull Faccedila seu login utilizando seu CPFe-mail e senha
bull Vocecirc seraacute redirecionado para uma nova paacutegina que permite a ediccedilatildeo de seu curriacuteculo Lattes
bull Ao posicionar o nome sobre cada nome deste como ldquoDados geraisrdquo ldquoFormaccedilatildeordquo ldquoAtuaccedilatildeordquo entre outros um pequeno pop-up como este mostrado na tela apareceraacute Ao clicar em uma das opccedilotildees do pop-up novos quadros apareceratildeo para inserir a formaccedilatildeo o artigo o projeto a formaccedilatildeo o viacutenculo empregatiacutecio ou a patente que vocecirc quer
A plataforma Lattes permite que vocecirc adicione vaacuterias atividades Escolha uma das opccedilotildees que mais se adeque ao que vocecirc estaacute querendo e insira a informaccedilatildeo
Aleacutem disso mantenha seu curriacuteculo sempre atualizado Deixar acumular os diplomas e certificados para inserir no curriacuteculo Lattes depois pode dificultar o processo Aleacutem disso quanto mais atual for seu curriacuteculo melhor seraacute sua imagem mostrando que vocecirc permanece interessado e atuante na aacuterea da pesquisa
162 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por fim lembre-se um curriacuteculo rico eacute um curriacuteculo que causa mais impacto Entretanto um curriacuteculo por demais extenso cheio de atividades com pouca relevacircncia natildeo eacute sinocircnimo de uma boa qualificaccedilatildeo profissional Priorize as competecircncias de maior impacto que tenham importacircncia para sua apresentaccedilatildeo como pesquisador em sauacutede
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 163
REFEREcircNCIAS
MORETTI I Como fazer curriacuteculo Lattes CNPQ Aprenda passo a passo tudo que vocecirc precisa saber para fazer o preenchimento correto do documento digital [S l s n] 2020 Disponiacutevel em httpsviacarreiracomcomo-fazer-curriculo-lattes-cnpq Acesso em 30 maio 2019
LOCATELLI P A Como preencher o curriacuteculo Lattes [Porto Alegre] UFRGS [2013] 103 Slides Disponiacutevel em httpposarqufscbrfiles201301comopreencherocurriculolattespdf Acesso em 30 maio 2019
165
19COMO UTILIZAR A TECNOLOGIA A FAVOR DA
PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA
Elias Silveira de BritoTaynara Falkenstins Gois Mendes
O intenso desenvolvimento tecnoloacutegico das uacuteltimas deacutecadas trouxe para todas as atividades humanas meios mais faacuteceis e raacutepidos de produccedilatildeo A busca por soluccedilotildees aacutegeis de baixo custo e praacuteticas tem acontecido em todos as aacutereas e meios da vida humana e a produccedilatildeo cientiacutefica natildeo poderia ficar de fora Desde softwares para escrita de textos ateacute bancos de dados a um clique novas ferramentas aparecem todos os dias para permitir que o desenvolvimento de um artigo se torne mais simples dinacircmico e eficiente
Este capiacutetulo busca apresentar algumas ferramentas uacuteteis para a produccedilatildeo e como utilizaacute-las ao seu favor na hora de escrever um material de qualidade Todo o conteuacutedo aqui apresentado foi obtido a partir dos endereccedilos eletrocircnicos durante o processo de levantamento dessas informaccedilotildees entre 2019 e 2020 Ressalta-se que natildeo haacute quaisquer conflitos de interesse envolvidos na elaboraccedilatildeo desse capiacutetulo
191 ESCRITA
Ateacute o iniacutecio dos anos 2000 escrever digitalmente era uma tarefa aacuterdua Os computadores eram lentos as plataformas de escrita arcaicas e a correccedilatildeo de gramaacutetica e ortografia ficava a cargo do proacuteprio autor ou revisores Para isso um artigo precisava passar por vaacuterias correccedilotildees e por vezes ser reescrito diversas vezes Hoje novos aplicativos e softwares apareceram para facilitar a escrita
Outro grande problema dos editores de texto comuns era a impossibilidade de fazer o texto simultaneamente com outros autores Essa barreira jaacute foi ultrapassada e vaacuterias pessoas podem contribuir em um mesmo texto atraveacutes de plataformas
bull Atlas ndash eacute uma plataforma inteligente para escrever estilizar e publicar seu artigo Permite colaboraccedilatildeo entre autores exportaccedilatildeo em vaacuterios formatos interatividade com imagens e viacutedeos aleacutem de permitir programaccedilatildeo digital para melhorar o desempenho do seu artigo Acompanhe mais em httpsatlasoreillycom
166 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Write ndash eacute um app minimalista que promete poucas distraccedilotildees visuais sincronizaccedilatildeo em vaacuterias maacutequinas e facilidade no uso Apesar de natildeo ser um aplicativo especializado na aacuterea cientiacutefica pode ser uacutetil para muitos autores Acesso em httpswriteappco
bull F1000 Workspace ndash uma ferramenta completa para reunir discutir e ler referecircncias aleacutem de permitir a escrita de novos artigos Eacute uma plataforma especializada em produccedilatildeo cientiacutefica que busca novos meacutetodos diariamente Veja em httpsf1000workspacecom
bull Authorea ndash um espaccedilo grandioso para escrever editar publicar e ler artigos cientiacuteficos Aleacutem disso permite a escrita colaborativa com os co-autores Busque em httpswwwauthoreacom
192 REFERENCIAMENTO
Elaborar as referecircncias bibliograacuteficas de uma produccedilatildeo acadecircmica demanda tempo e paciecircncia Trata-se de uma etapa essencial do trabalho cientiacutefico poreacutem passa longe de ser a mais empolgante Ferramentas que auxiliem nesse processo satildeo de importante valia para os pesquisadores
A maioria dos aplicativos de apoio agrave escrita apresentados acima tambeacutem fornecem apoio ao referenciamento Poreacutem existem outras plataformas mais especiacuteficas que ajudam o pesquisador a pesquisar armazenar e formatar as referecircncias literaacuterias entre elas
bull Mendeley ndash eacute um aplicativo que permite o arquivamento de vaacuterias referecircncias a um soacute clique Aleacutem disso proporciona citaccedilotildees faacuteceis e raacutepidas a criaccedilatildeo de redes de pesquisadores conectados e sincronizaccedilatildeo em vaacuterias plataformas de acesso Acesse em httpswwwmendeleycom
bull Papers ndash conhecido em universidades renomadas como Harvard e Duke o Papers eacute um aplicativo inteligente de busca leitura citaccedilatildeo organizaccedilatildeo compartilhamento colaboraccedilatildeo e sincronizaccedilatildeo de referecircncias Veja mais em httpswwwpapersappcom
bull Zotero ndash o diferencial do Zotero eacute sua facilidade em manuseio a um clique para arquivar e organizar suas referecircncias Vocecirc pode ver mais em httpswwwzoteroorg
bull Citavi ndash oferece as mesmas funccedilotildees dos concorrentes Aleacutem disso permite que vocecirc guarde seus pensamentos sobre suas referecircncias para ajudar na organizaccedilatildeo dos seus projetos Veja em httpswwwcitavicompt
bull Wizdom ndash promete soluccedilotildees em estatiacutesticas sobre artigos mostrando impacto
Como Utilizar a Tecnologia a Favor da Produccedilatildeo Acadecircmica 167
disponibilidade e relevacircncia cientiacutefica Aleacutem disso provecirc um grande banco de dados repleto de referecircncias para compor sua produccedilatildeo Acesse em httpswwwwizdomai
193 PESQUISA BIBLIOGRAacuteFICA
Muitos autores apresentam dificuldades para iniciar seu projeto no momento da pesquisa sobre os assuntos relacionados ao seu trabalho As bibliotecas apesar de seu grande acervo nem sempre possuem as mais novas atualizaccedilotildees acerca do assunto sendo fundamental saber como buscar boas referecircncias nas mais diferentes plataformas atentando-se para o fato de que nem todos os sites disponiacuteveis possuem produccedilotildees relevantes ou de qualidade e assim identificar as plataformas que concentram os melhores artigos contribui para a qualidade da sua pesquisa e para economia de tempo Alguns deles satildeo citados abaixo
bull PubMed ndash essa plataforma bastante conhecida como a biblioteca nacional de medicina dos EUA tambeacutem apresenta acesso livre a vaacuterios textos completos de perioacutedicos biomeacutedicos e de ciecircncias da vida Acesse em httpswwwncbinlmnihgovpubmed
bull Cochrane ndash A Cochrane tem sido comparada com o Projeto Genoma Humano pela importacircncia que tem e teraacute nas futuras geraccedilotildees em relaccedilatildeo agrave atenccedilatildeo agrave sauacutede Trata-se de uma rede global independente de pesquisadores profissionais pacientes cuidadores e pessoas interessadas em sauacutede Atualmente mais de 9 mil revisotildees sistemaacuteticas Cochrane jaacute foram publicadas na Biblioteca Cochrane (httpwwwcochranelibrarycom) Esta biblioteca tambeacutem possui a maior base de dados de ensaios cliacutenicos publicados conhecida como CENTRAL
bull Embase ndash eacute uma base de dados biomeacutedico muito versaacutetil e atualizado para diversos objetivos Ele abrange a mais importante literatura biomeacutedica internacional desde 1947 ateacute os dias de hoje e todos os seus artigos satildeo indexados com precisatildeo com o uso do Embase Indexing e Emtreereg da Elsevier O banco de dados completo tambeacutem encontra se convenientemente disponiacutevel em vaacuterias plataformas Acesse em httpsembasecomlogin
bull Scielo ndash A Coleccedilatildeo SciELO indexa disponibiliza e dissemina on-line em acesso aberto os textos completos de perioacutedicos cientiacuteficos de todas as aacutereas do conhecimento que publicam predominantemente artigos resultantes de pesquisa cientiacutefica que utilizam o procedimento de avaliaccedilatildeo por pares dos manuscritos que recebem ou encomendam e que apresentam desempenho crescente nos indicadores de cumprimento dos criteacuterios de indexaccedilatildeo A coleccedilatildeo privilegia a admissatildeo e permanecircncia dos perioacutedicos que em sua operaccedilatildeo avanccedilam na profissionalizaccedilatildeo internacionalizaccedilatildeo e modelos de financiamento sustentaacutevel Acesso em https
168 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
scieloorg
bull ScienceDirect ndash possui publicaccedilotildees confiaacuteveis de textos completos mantendo os usuaacuterios informados em suas aacutereas trabalhando com eficiecircncia e efetividade Aleacutem de apresentar muitas funccedilotildees inteligentes que contribuem para tal proposta Acesse em httpswwwsciencedirectcom
bull Scopus ndash eacute um banco de dados que possui resumos e citaccedilotildees de literatura com revisatildeo de revistas cientiacuteficas livros resumos de congressos e publicaccedilotildees em geral Eacute uma plataforma que mostra importantes pesquisas Acesse em httpswwwscopuscomhomeuri
bull Paperity ndash tem como principal objetivo oferecer acesso livre aos conteuacutedos com licenccedila fornecida para qualquer pessoa Acesse em httpspaperityorg
bull Sparrho ndash promete unir a inteligecircncia humana e artificial para manter os usuaacuterios atualizados sobre novas publicaccedilotildees e patentes Acesse em httpswwwsparrhocom
Dentre as ferramentas jaacute citados para outros fins o F1000 prime o Mendeley e o Zotero satildeo exemplos que podem ser utilizados tambeacutem com essa finalidade
194 PUBLICACcedilAtildeO
Apoacutes utilizar as principais plataformas oferecidas para buscar na literatura os temas relacionados agrave sua pesquisa encontrar as melhores referecircncias para enriquececirc-la e trabalhar na sua escrita podemos passar para o uacuteltimo passo da pesquisa cientiacutefica
A publicaccedilatildeo do artigo pode ser realizada por meio de plataformas criadas pela comunidade cientiacutefica com intuito de gerar oportunidades para os autores em mostrar o seu trabalho e para os leitores ao oferecer conhecimento sobre pesquisas atualizadas acerca dos mais diversos assuntos
BioMed Central (BMC) ndash parte da editora Springer Nature a BMC eacute uma das pioneiras no processo de publicaccedilatildeo de conteuacutedo de acesso aberto a BMC tem um amplo portfoacutelio de jornais de alta qualidade revisados por pares incluindo tiacutetulos de interesse como Biologia e Medicina Consulte em BMC Series
PLOSOne ndash a PLOS eacute uma editora de acesso aberto sem fins lucrativos que visa difundir e acelerar o progresso da ciecircncia e da medicina modificando o processo de comunicaccedilatildeo de pesquisas e impulsionando o movimento por alternativas de acesso aberto desde 2001 Acesse em httpsjournalsplosorgplosone
ScienceOpen ndash eacute uma plataforma interativa que publica pesquisas de acesso aberto oferecendo um canal de comunicaccedilatildeo para os pesquisadores podendo gerar
Como Utilizar a Tecnologia a Favor da Produccedilatildeo Acadecircmica 169
discussotildees acerca do assunto e aprimorando o estudo Acesse em httpswwwscienceopencom
eLife ndash ele publica trabalhos com grande relevacircncia em aacutereas da vida e ciecircncias biomeacutedicas e somente apoacutes avaliaccedilatildeo de cientistas que trabalham na plataforma disponibiliza gratuitamente aos leitores apesar de cobrar uma taxa de publicaccedilatildeo aos autores Acesse em httpselifesciencesorg
Cureus ndash eacute uma revista que possui um padratildeo editorial e promove a publicaccedilatildeo gratuita mantendo os direitos autorais e principalmente destacando os pesquisadores por meio de um curriacuteculo digital ancorado em seus artigos Veja em httpswwwcureuscom
Winnower ndash assim como a ScienceOpen a Winnower promove publicaccedilotildees on-line de acesso aberto incentivando a comunicaccedilatildeo cientiacutefica para debate Nesta plataforma eacute necessaacuterio o pagamento de uma taxa de publicaccedilatildeo Acesse em httpsthewinnowercom
195 OUTROS LINKS E APLICATIVOS UacuteTEIS
LISTA DE ldquoSOBREVIVEcircNCIArdquo PARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA (Adaptado de Nathaacutelia Ronfini Disponiacutevel em httpsedisciplinasuspbr
pluginfilephp5555503mod_resourcecontent1sobrevivencia_academicapdf)
ESCRITAContador de palavras repetidas httplinguisticainsitecombrcorpusphphttpptwordcounter360comhttpwwwwritewordsorgukword_countaspDicionaacuterio de sinocircnimos httpswwwsinonimoscombrDicionaacuterio de antocircnimos httpswwwantonimoscombrdorConferir se eacute plaacutegio httpwwwplagiumcomhttpplagiarismanetCurso de Escrita e Publicaccedilatildeo de Artigos Cientiacuteficos httpwwwcnengovbrimagesCINCursosCurso_Escrita_Publicao_
Artigo_Cientfico_Junho2017pdf9 elementos essenciais no artigo cientiacutefico httpsandrezalopescombr9-elementos-essenciais-no-artigo-cientifico
170 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
PESQUISA BIBLIOGRAacuteFICABase de perioacutedicos da Capes httpwwwperiodicoscapesgovbrBibliotecas digitais gratuitashttpsptscribdcomhttpsarchiveorgdetailsamericanahttpgenlibrusechttpswwwpdfdrivenethttpswwwpasseidiretocom
REFERENCIAMENTOGerenciadores de referecircncia bibliotecas digitaiswwwmyendnotewebcomhttpswwwzoteroorghttpswwwmendeleycomManual Mendeleyh t t p s w w w s l i d e s h a r e n e t T h a i s M o r a e s 7 m e n d e l e y - 2 0 1 7 -
73612874from_m_app=android
TRADUCcedilAtildeOFerramenta para escrita e correccedilatildeo de textos em inglecircs httpswriteandimprovecomhttpslanguagetoolorghttpswwwgrammarlycomDicionaacuterio de sinocircnimos em inglecircs httpswwwthesauruscom
OUTROSConferir o Qualis de um perioacutedico https sucupiracapesgovbrsucupirapublic consultascoleta
veiculoPublicacaoQualislistaConsultaGeralPeriodicosjsfRedes sociais para pesquisadores httpswwwresearchgatenethttpswwwacademiaeduhttpsbrlinkedincomPlataforma Brasil httpplataformabrasilsaudegovbrloginjsfComo utilizar o meacutetodo FISHQTCR5SS para ler artigos cientiacuteficos httpposgraduandocomfish-qtcr-5ss-leitura-artigosO Guia Completo das Ferramentas de Pesquisa httpsblogeven3combrguia-completo-das-ferramentas-de-pesquisa
Manual praacutetico para a produccedilatildeo acadecircmica copy 2021 by Clarisse Mouratildeo Melo Ponte Maria Helane Costa Gurgel Laura da Silva Giratildeo Lopes
TODOS OS DIREITOS RESERVADOS
Editora do Centro Universitaacuterio ChristusR Joatildeo Adolfo Gurgel 133 ndash Cocoacute ndash Fortaleza ndash Cearaacute
CEP 60190 ndash 180 ndash Tel (85) 3265-8100 (Diretoria)Internet httpsunichristusedubreditora
E-mail editora01unichristusedubr
Editora filiada agrave
Revisatildeo de TextoElzenir Coelho Rolim Antocircnio Niacutelson Rodrigues e Edson de Alencar Liboacuterio
Normalizaccedilatildeo BibliograacuteficaDhanielle Sales Evangelista ndash CRB 3854
Programaccedilatildeo Visual e Editoraccedilatildeo GraacuteficaJefferson Silva Ferreira Mesquita
Ficha CatalograacuteficaDayane Paula Ferreira Mota ndash Bibliotecaacuteria ndash CRB31310
P813m Ponte Clarisse Mouratildeo Melo
Manual praacutetico para a produccedilatildeo acadecircmica [recurso eletrocircnico] Clarisse Mouratildeo Melo Ponte Maria Helane Costa Gurgel Laura daSilva Giratildeo Lopes - Fortaleza EdUnichristus 2021
170 p il color4207 Kb e-book - pdfISBN 978-65-990315-9-5
1 Pesquisa cientiacutefica 2 Escrita cientiacutefica 3 Redaccedilatildeoacadecircmica I Gurgel Maria Helane Costa II Lopes Laura da SilvaGiratildeo III Tiacutetulo
CDD 00142
Centro Universitaacuterio Christus
ReitorJoseacute Lima de Carvalho Rocha
EdUnichristus
Diretor ExecutivoEstevatildeo Lima de Carvalho Rocha
Conselho EditorialCarla Monique Lopes Mouratildeo
Edson Lopes da PonteElnivan Moreira de Souza
Fayga Silveira BedecircFrancisco Artur Forte Oliveira
Marcos KubruslyMaria Bernadette Frota Amora Silva
Reacutegis Barroso Silva
COLABORADORES (DOCENTES)
Antocircnio Brazil Viana JuniorPossui graduaccedilatildeo em Estatiacutestica pela Universidade Federal do Cearaacute (2001-
2005) poacutes-graduaccedilatildeoMBA em Gestatildeo Puacuteblica (2013-2014) pela Universidade Estaacutecio de Saacute e mestrado em Pesquisa Cliacutenica pelo Hospital de Cliacutenicas de Porto AlegreUniversidade Federal do Rio Grande do Sul Atualmente eacute estatiacutestico da Gerecircncia de Ensino e Pesquisa e estatiacutestico do Nuacutecleo de Apoio ao Pesquisador da Unidade de Pesquisa Cliacutenica do Complexo de Hospitais Universitaacuterios da UFCEBSERH Tem experiecircncia na aacuterea de Probabilidade e Estatiacutestica com ecircnfase em Bioestatiacutestica
Clarisse Mouratildeo Melo PontePossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute - UFC
(2002) residecircncia em Cliacutenica Meacutedica (2003 - 2005) e em Endocrinologia pela UFC (2005 - 2007) Tem Tiacutetulo de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2008) mestrado em Sauacutede Puacuteblica pela UFC (2010) e doutorado em Ciecircncias Meacutedicas pela UFC (2016) Atua como meacutedica pesquisadora do Instituto Cearense de Endocrinologia do Grupo Brasileiro para o Estudo de Lipodistrofias Herdadas e Adquiridas (BrazLipo) e do Grupo ENDOCRINOR no Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute Professora da Faculdade de Medicina UNICHRISTUS
Maria Helane Costa GurgelPossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2003)
poacutes-graduaccedilatildeo em cliacutenica meacutedica e endocrinologia pela Universidade Federal do Cearaacute (2008) mestra em Farmacologia pela Universidade Federal do Cearaacute (2010) e Doutora em Ciecircncias Meacutedicas pela Universidade do estado de Satildeo Paulo (USP -2015) Tiacutetulo de especialista em endocrinologia e Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Professora da Faculdade de Medicina Christus Endocrinologista da Unidade de Cardiometabolismo do Hospital do Coraccedilatildeo e Pulmatildeo de Messejana da SESA Meacutedica pesquisadora do Instituto Cearense de Endocrinologia e do grupo de pesquisa em diabetes e metabolismo do hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da UFC Diretora Meacutedica do laboratoacuterio LabPasteur-DASA
Maacutercia Maria Pinheiro DantasPossui graduaccedilatildeo em Fisioterapia pela Universidade de Fortaleza (1985)
Professora do curso de Fisioterapia do Centro Universitaacuterio Christus e fisioterapeuta intensivista do Instituto Dr Joseacute Frota Fortaleza CE Tem experiecircncia na aacuterea de
fisioterapia com ecircnfase em fisioterapia respiratoacuteria e hospitalar Mestra em Sauacutede da Crianccedila e do Adolescente pela Universidade Estadual do Cearaacute Coordenadora do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do Instituo Dr Joseacute Frota e Preceptora da Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede da Escola de Sauacutede Puacuteblica do Estado do Cearaacute ecircnfase em Urgecircncia e Emergecircncia
Patriacutecia Rolim Mendonccedila LocircboPossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2007)
residecircncia em Cliacutenica Meacutedica (2011) e Reumatologia (2013) pelo Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina de Ribeiratildeo Preto Universidade de Satildeo Paulo- USP e doutorado em Medicina (Cliacutenica Meacutedica) pela USP (2018) Especialista em Reumatologia pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (2013) Atualmente professora adjunta da graduaccedilatildeo do curso de Medicina da Universidade Federal do Cearaacute (2018-atual) e meacutedica assistente no Instituto Dr Joseacute Frota (2016-atual)
Laura da Silva Giratildeo LopesMeacutedica graduada pela Universidade Federal do Cearaacute (1998-2003)
complementando sua formaccedilatildeo profissional com residecircncia meacutedica em Cliacutenica Meacutedica (2004-2005) realizaccedilatildeo de mais um ano complementar em cliacutenica Meacutedica (R3 em Cliacutenica Meacutedica) e residecircncia meacutedica em Endocrinologia e Metabologia (PUC-SP) concluiacuteda em 2009 Doutorado em Ciecircncias concluiacutedo em 2014 pela Universidade de Satildeo Paulo na aacuterea de Metabolismo Oacutesseo e Diabetes Atua como professora da graduaccedilatildeo da faculdade de Medicina do Centro Universitaacuterio Unichristus desenvolvendo projetos relacionados aos temas Educaccedilatildeo Meacutedica e Endocrinologia Cliacutenica incluindo orientaccedilatildeo de monitoria em Endocrinologia de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica e da Liga de Endocrinologia e Metabologia (LEME)
Lilian Loureiro Albuquerque CavalcantePossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2005)
Realizou residecircncia em Cliacutenica meacutedica (2007-2009) e residecircncia em Endocrinologia e Metabologia (2010-2012) no Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio - Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Tem Tiacutetulo de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2013) Mestrado em Ciecircncias Cliacutenico-Ciruacutergicas pela UFC Poacutes-graduaccedilatildeo em Nutrolgia pela Associaccedilatildeo Brasileira de Nutrologia em 2016 (ABRAN) Endocrinologista da Empresa Diagnoacutestico das Ameacutericas (DASA) desde 2015 Meacutedica do Instituto Dr Joseacute Frota desde 2016 Professora do curso de medicina da Faculdade Christus desde 2018 Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (Biecircnio 2018-19)
COLABORADORES (DISCENTES)
Elias Silveira de Brito - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Eacuterika Suyane Freire Silva - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Juliana Ferreira Paraacute - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Matheus Mendonccedila Leal Janja - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Roberta Lopes Ribeiro - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
Taynara Falkenstins Gois Mendes - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Veyda Lourdes Ferreira Martins - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Victor Gomes Pitombeira - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Victor Hugo Lima Jacinto - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
Victoacuteria Costa Lima - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Wellison Gil Magalhatildees de Almeida - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
PREFAacuteCIO
A produccedilatildeo acadecircmica eacute importante para a formaccedilatildeo dos estudantes tendo em vista que com a praacutetica da redaccedilatildeo cientiacutefica os alunos passam a organizar pensamentos e decodificaacute-los por meio de palavras Esse conteuacutedo acaba natildeo sendo de acesso exclusivo do autor mas servindo de base conceitual para outros estudantes Dessa forma os trabalhos acadecircmicos satildeo responsaacuteveis pela formaccedilatildeo em excelecircncia do profissional que atua nessa aacuterea
No universo acadecircmico fazer ciecircncia eacute importante para todos pois eacute por meio dela que se descobrem e se formulam novas teorias que aliadas a um meacutetodo adequado representam uma nova forma de pensar e de se chegar agrave natureza dos problemas seja para estudaacute-los seja para explicaacute-los
Eacute por isso que somente com base em meacutetodos e teacutecnicas adequadas o estudante deveraacute obter condiccedilotildees de identificar problemaacuteticas e buscar soluccedilotildees Assim a atividade e o pensamento cientiacutefico satildeo antes de tudo o resultado da atitude dos seres humanos diante do mundo que os cerca
Dessa forma fica o questionamento como desenvolver nos estudantes competecircncias e habilidades que possibilitem habilitaacute-los agrave praacutetica da produccedilatildeo acadecircmica dentro dos padrotildees atuais Esse eacute um dos desafios para alcanccedilar a excelecircncia na pesquisa cientiacutefica e assim gerar conhecimento
Nesse cenaacuterio o livro MANUAL PRAacuteTICO PARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA surge como mais uma ferramenta para auxiliar no aperfeiccediloamento dos estudantes A obra eacute fruto da experiecircncia didaacutetica e da competecircncia de um conjunto de professores atuantes na aacuterea e tambeacutem da iniciativa da professora Clarisse Mouratildeo Melo Ponte responsaacutevel por sua estruturaccedilatildeo
A obra de forma clara concisa e objetiva estaacute dividida em duas partes uma delas explorando a execuccedilatildeo da redaccedilatildeo cientiacutefica e a outra contemplando a preparaccedilatildeo para esse processo Seguindo essas orientaccedilotildees os alunos certamente conseguiratildeo agregar contribuiccedilotildees relevantes agrave ciecircncia Dessa forma toda a comunidade acadecircmica ganha no processo tendo em vista que os resultados seratildeo o alicerce para a construccedilatildeo de novos conhecimentos
Marcos Kubrusly
Aos meus filhosFelipe Henrique e Vinicius
APRESENTACcedilAtildeO
Ao longo da formaccedilatildeo dos estudantes de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo eles se deparam diante do grande desafio da elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa artigos resumos relatoacuterios trabalhos de conclusatildeo de curso entre outras produccedilotildees que demandam o entendimento sobre o conhecimento cientiacutefico aleacutem das habilidades em escrita
Assim partindo dessa premissa a proposta inicial para a elaboraccedilatildeo deste manual voltado para jovens pesquisadores partiu do interesse de um grupo de estudos composto por estudantes de graduaccedilatildeo e professores do Curso de Medicina do Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus cuja funccedilatildeo era ser um ldquoberccedilordquo para a geraccedilatildeo de projetos de pesquisa a serem elaborados e encaminhados para os editais de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica da referida Instituiccedilatildeo
Agrave eacutepoca em meados de 2018 esses estudantes reuniam-se quinzenalmente a fim de discutir possiacuteveis projetos e produccedilotildees teacutecnicas No entanto nesses encontros inuacutemeras dificuldades atuavam como barreiras para um melhor desempenho do grupo pouco domiacutenio sobre conceitos baacutesicos relacionados agrave realizaccedilatildeo de uma pesquisa cientiacutefica falta de habilidade para a escrita falta de tempo dos estudantes e dos proacuteprios orientadores para se dedicarem agraves inuacutemeras atividades curriculares e extracurriculares entre outras
Todas essas questotildees nos evidenciaram um dos muitos paradoxos atualmente existentes em nosso meio acadecircmico a cobranccedila que existe sobre o aluno de graduaccedilatildeo para uma participaccedilatildeo efetiva em atividades de extensatildeo e pesquisa visando agrave melhoria de seus curriacuteculos e suas chances de aprovaccedilatildeo em concursos de residecircncia ou outros versus a pouca capacitaccedilatildeo oferecida a esses alunos para que produzam conteuacutedo relevante ao contexto no qual estatildeo imersos
Desse modo temos um ciclo no qual o aluno se obriga a produzir sem que esteja adequadamente qualificado para tal resultando em trabalhos que natildeo satildeo modificadores ou impactantes dentro de sua realidade Agraves vezes a funccedilatildeo se resume a atender a uma exigecircncia para sua formaccedilatildeo ou melhorar os curriacuteculos pessoais No entanto embora essas sejam motivaccedilotildees vaacutelidas elas natildeo devem ser as mais importantes mas prossigamos pois esse eacute um tema para um debate mais amplo que foge ao escopo deste manual
Parece-nos que atuar como um facilitador nesse processo e ao mesmo tempo pontuar para o aluno o significado e a relevacircncia da pesquisa enquanto condiccedilatildeo sine qua non para o desenvolvimento cientiacutefico eacute uma maneira de ldquoquebrarrdquo esse ciclo Assim a pequena contribuiccedilatildeo deste manual elaborado por estudantes de graduaccedilatildeo e revisado por diferentes orientadores eacute trazer um pouco dessa reflexatildeo para o jovem pesquisador
Para isso dividimos este manual em duas partes na primeira abordamos temas essenciais para a elaboraccedilatildeo de uma produccedilatildeo cientiacutefica tentando elucidar como pocircr ldquoa matildeo na massardquo e iniciar a escrita propriamente dita Buscamos escrever esses capiacutetulos de forma clara e acessiacutevel trabalhando com exemplos fluxogramas links e outras ferramentas Na segunda parte do manual pontuamos alguns temas que podem ser considerados como alicerces de uma boa produccedilatildeo acadecircmica como revisatildeo de literatura escrita acadecircmica traduccedilatildeo para o inglecircs noccedilotildees de estatiacutestica eacutetica na ciecircncia curriacuteculo Lattes e uso da tecnologia para a produccedilatildeo acadecircmica
Por meio deste manual esperamos facilitar a aquisiccedilatildeo de conhecimentos sobre pesquisa auxiliando no desenvolvimento de uma consciecircncia cientiacutefica e no desenvolvimento de habilidades como a da escrita que permitam ao jovem aluno aventurar-se nesse meio desafiador com maior seguranccedila e quiccedilaacute minimizar o desgaste tatildeo frequente que os assola durante essa jornada Por fim nosso objetivo eacute tentar demonstrar que com estudo teacutecnica e treino o processo da produccedilatildeo cientiacutefica e da redaccedilatildeo em si pode ser prazeroso resultando em produccedilotildees de qualidade e relevacircncia
Os autores
SUMAacuteRIO1 A ESCOLHA DO TEMA 17
2 A INTRODUCcedilAtildeO DE UM TRABALHO ACADEcircMICO 25
3 OBJETIVOS GERAL E ESPECIacuteFICOS 33
4 MEacuteTODOS 37
5 RESULTADOS 49
6 ESCREVENDO A DISCUSSAtildeO E A CONCLUSAtildeO 59
7 COMO DEFINIR O TIacuteTULO 67
8 COMO REDIGIR O RESUMO 71
9 CRONOGRAMA E ORCcedilAMENTO 79
10 APEcircNDICES E ANEXOS 89
11 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 93
12 COMO REALIZAR UMA BOA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 101
13 A REDACcedilAtildeO ACADEcircMICA DICAS PARA UMA BOA ESCRITA 109
14 TRADUCcedilAtildeO DE TRABALHOS ACADEcircMICOS PARA O INGLEcircS 117
15 NOCcedilOtildeES BAacuteSICAS DE ESTATIacuteSTICA 125
16 EacuteTICA NA CIEcircNCIA CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE AUTORIA PLAacuteGIO ACADEcircMICO E TRABALHO EM EQUIPE 137
17 ASPECTOS EacuteTICOS DAS PESQUISAS COM SERES HUMANOS 147
18 COMO CRIAR O SEU CURRIacuteCULO NA PLATAFORMA LATTES 157
19 COMO UTILIZAR A TECNOLOGIA A FAVOR DA PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA 165
17
1A ESCOLHA DO TEMA
Veyda Lourdes Ferreira MartinsMaria Helane Costa Gurgel
ldquoA mente que abre uma nova janela jamais volta ao seu tamanho originalrdquo
Albert Einstein
A escolha adequada de um tema interessante para o pesquisador eacute o ponto de partida para o sucesso de uma produccedilatildeo acadecircmica Embora pareccedila ser uma tarefa faacutecil geralmente os jovens pesquisadores encontram muita dificuldade para a delimitaccedilatildeo de um tema entre as inuacutemeras possibilidades A ideia para um tema de pesquisa pode surgir por meio de diferentes fontes como as experiecircncias individuais a leitura de livros e artigos a observaccedilatildeo de acontecimentos e fatos a participaccedilatildeo em aulas seminaacuterios e congressos bem como a reflexatildeo criacutetica do proacuteprio aluno Assim tal escolha demanda poder de decisatildeo e foco
Eacute a partir da definiccedilatildeo do tema da pesquisa que a elaboraccedilatildeo do projeto seraacute iniciada e quando o assunto a ser estudado eacute familiar ou faz parte das aacutereas de interesse do pesquisador torna-se muito mais faacutecil manter-se motivado para ler a literatura existente sobre a temaacutetica ter curiosidade para pesquisar novidades da aacuterea e redigir um texto (MATIAS-PEREIRA 2012) Aleacutem disso se o aluno tem propriedade sobre o tema a investigaccedilatildeo cientiacutefica provavelmente seraacute de maior relevacircncia pois o pesquisador teraacute maior capacidade para elaborar questionamentos relevantes e ineacuteditos O aluno deve lembrar-se de que a temaacutetica escolhida o acompanharaacute por longos meses portanto recomenda-se de fato uma afinidade com o tema escolhido (CAVALCANTI amp FONTENELE 2015)
Geralmente essa escolha tambeacutem dependeraacute do orientador e das fontes de financiamento nas diferentes linhas de pesquisa Para conciliar essa realidade com os interesses do jovem pesquisador eacute recomendado que ele se informe acerca de quais satildeo os professores que fazem pesquisa na instituiccedilatildeo de ensino e em quais temas eles estatildeo dispostos a investir Sabendo disso o aluno poderaacute procurar aquele que mais se aproxima de suas preferecircncias ou mesmo decidir pesquisar sobre algum dos diferentes temas disponiacuteveis o qual ele natildeo tenha tido ainda a oportunidade de conhecer
18 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Adicionalmente a produccedilatildeo cientiacutefica para o jovem pesquisador deve ser acessiacutevel pois sua execuccedilatildeo depende de tempo e orccedilamento do pesquisador Portanto a pesquisa deve ter viabilidade ser factiacutevel Ao delimitar seu tema de pesquisa o aluno deveraacute prever as dificuldades para a realizaccedilatildeo de seu trabalho Para isso recomenda-se uma conversa com pesquisadores mais experientes para auxiliaacute-lo na visualizaccedilatildeo de possiacuteveis dificuldades para a execuccedilatildeo do projeto que ele por inexperiecircncia natildeo consegue prever
Embora possa ocorrer sempre que possiacutevel eacute desaconselhaacutevel a mudanccedila de tema durante o transcorrer da pesquisa Eacute importante que o aluno faccedila uma reflexatildeo antes de ingressar em uma pesquisa acerca de sua disponibilidade qualificaccedilatildeo e objetivos profissionais a fim de que possa realizar um bom trabalho que agregue valor significativo para sua carreira e experiecircncia
As seguintes perguntas podem guiar os pesquisadores durante o processo de escolha do tema de uma pesquisa (quadro 11)
Quadro 11 mdash Perguntas-chave que podem ajudar na escolha do tema de pesquisa (Adaptado de CAVALCANTI amp FONTENELE 2015)
bull A pesquisa bibliograacutefica eacute do interesse do pesquisadorbull Quem vai se interessar pelo artigobull Vai contribuir para a praacutetica profissional nessa aacutereabull Vai contribuir para o curriacuteculo acadecircmico profissional do pesquisadorbull Qual a abrangecircncia do tema Local Regional Nacional Internacionalbull Em quais congressos o trabalho poderaacute ser apresentado E em quais
revistas poderaacute ser publicado
11 ANALISANDO A VALIDADE DO TEMA DA PESQUISA
Uma maneira simples de se avaliar a validade do tema de pesquisa escolhido eacute aplicar o acrocircnimo FINER em que cada letra representa um quesito a ser atendido pelo objeto de estudo
A Escolha do Tema 19
Na figura 11 evidencia-se que um bom tema de pesquisa deve ser
Figura 11 mdash Requisitos para um bom tema de pesquisa
O tema deve ser relevante natildeo soacute para o aluno mas tambeacutem para outros pesquisadores e profissionais da aacuterea Um projeto pouco relevante teraacute pouco impacto sobre a comunidade cientiacutefica bem como traraacute pouco impacto social (MEDEIROS 2016) Aleacutem disso o tema da pesquisa e os meacutetodos propostos para seu estudo devem atender aos requisitos eacuteticos para pesquisas em seres humanos conforme seraacute detalhado em capiacutetulo especiacutefico
12 DEFININDO O PROBLEMA DA PESQUISA
Toda pesquisa cientiacutefica envolve a formulaccedilatildeo de um problema e objetiva a sua soluccedilatildeo Assim apoacutes a escolha do tema o aluno deveraacute definir qual o problema de sua pesquisa Formular o problema consiste em dizer de maneira expliacutecita e compreensiacutevel qual a lacuna do conhecimento a que se pretende responder limitando o seu campo e apresentando suas caracteriacutesticas por meio do rigor do meacutetodo cientiacutefico (MARCONI amp LAKATOS 2003) Algo que ainda natildeo esteja respondido e que precise de investigaccedilatildeo portanto algo novo ainda natildeo saturado de informaccedilotildees na literatura Por isso o pesquisador deve estar atento agrave novidade e agrave significacircncia que seu o projeto traz pois investigar um problema jaacute elucidado e documentado natildeo iraacute contribuir para o avanccedilo da aacuterea
20 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ldquo() o pesquisador acabaraacute identificando uma lacuna no conhecimento ou uma diferenccedila de opiniatildeo com estudos anteriores o que lhe permitiraacute finalmente a formulaccedilatildeo de um tema preciso de pesquisa ()rdquo
Uma Introduccedilatildeo agrave Histoacuteria ndash Ciro Flamarion Cardoso 1986
Uma boa revisatildeo de literatura ajudaraacute a obter conhecimentos especiacuteficos sobre o tema proposto possibilitando uma melhor delimitaccedilatildeo do objeto de estudo Eacute durante essa fase que o pesquisador poderaacute identificar as lacunas existentes na aacuterea e assim elaborar uma pesquisa que vise preencher tais lacunas cientiacuteficas ou sociais mesmo que elas sejam relacionadas a aspectos locais ou menos abrangentes do ponto de vista espacial ou geograacutefico Na verdade o desenho do estudo eacute quem definiraacute a sua abrangecircncia se eacute local regional nacional ou internacional
Quanto mais o pesquisador estiver familiarizado com o tema com o qual ele quer trabalhar mais facilmente ele identificaraacute o problema Um trabalho concebido por meio de um problema mal formulado natildeo chegaraacute a lugar nenhum Portanto eacute crucial determinaacute-lo de forma adequada Para isso o problema de uma pesquisa deveraacute ser elaborado como pergunta e ser (GIL 2008)
bull claro e preciso que natildeo causa ambiguidade ou duacutevidas
bull empiacuterico ou seja que pode ser estudado pela observaccedilatildeo do cientista por meio de teacutecnicas e meacutetodos adequados
bull passiacutevel de soluccedilatildeo testaacutevel pelo meacutetodo cientiacutefico
bull ter uma delimitaccedilatildeo viaacutevel no tempo e no espaccedilo
A Escolha do Tema 21
No quadro 12 um exemplo de como se pode formular um problema de pesquisa
Quadro 12 mdash Exemplo de como delimitar o problema da pesquisa
Em um hospital terciaacuterio de Fortaleza observou-se que existia uma falta de registros sobre o perfil de pacientes com hiperglicemia intra-hospitalar (HIH) internados em unidades de pacientes natildeo criticamente enfermos e que natildeo havia uma padronizaccedilatildeo de condutas no manejo desses indiviacuteduos Aleacutem disso natildeo havia dados na literatura que respondessem a essas lacunas Por isso resolveu-se pesquisar sobre as caracteriacutesticas dos pacientes internados com HIH e avaliar o manejo desses pacientes em tais hospitais com o intuito de procurar estabelecer quem eram aqueles susceptiacuteveis a esse tipo de agravo conhecer como era feito o manejo e medir os indicadores de desfechos relacionados
Outra forma de determinar o problema da pesquisa eacute identificar uma pergunta condutora Por exemplo
Frequecircncia com que frequecircncia a dislipidemia ocorre
Diagnoacutestico qual a acuraacutecia dos testes utilizados para diagnosticar o hipertireoidismo
Causa que condiccedilotildees levam agrave siacutendrome de Cushing Quais satildeo as origens dessa doenccedila
Risco quais satildeo os fatores que estatildeo associados a um maior risco de desenvolver siacutendrome metaboacutelica
Prognoacutestico quais satildeo as consequecircncias de se ter hiperparatireoidismo
Tratamento como o tratamento altera o curso da nefropatia diabeacutetica
22 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
De maneira geral a definiccedilatildeo adequada do problema da pesquisa ainda seraacute uacutetil para permitir que o pesquisador escolha o delineamento do seu estudo (quadro 13)
Quadro 13 mdash Problema da pesquisa e o desenho do estudo sugerido
PROBLEMA DESENHOLevantar hipoacuteteses Seacuterie de casosFrequecircncia Transversal CoorteFatores de risco causa Caso-controle CoorteTeste diagnoacutestico TransversalTratamento Ensaio cliacutenicoPrognoacutestico Coorte
13 A ELABORACcedilAtildeO DAS HIPOacuteTESES
Uma vez delimitado o problema surgiratildeo suposiccedilotildees ou respostas provaacuteveis e provisoacuterias que poderatildeo ser testadas por meio do meacutetodo cientiacutefico o que permitiraacute que tais suposiccedilotildees ou respostas sejam validadas ou refutadas Portanto a hipoacutetese de uma pesquisa eacute a afirmaccedilatildeo positiva negativa ou condicional (ainda natildeo testada) sobre determinado problema ou fenocircmeno (MATIAS-PEREIRA 2012) Eacute uma resposta provisoacuteria e plausiacutevel para determinado problema cientiacutefico
Para a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses para estudos da aacuterea da sauacutede os pesquisadores podem-se basear em diferentes fontes (MARCONI amp LAKATOS 2003)
(1) Observaccedilatildeo uma fonte rica para a construccedilatildeo de hipoacuteteses eacute a observaccedilatildeo que se realiza dos fatos ou da correlaccedilatildeo existente entre eles
(2) Comparaccedilatildeo com outros estudos nesse caso o pesquisador baseia-se na averiguaccedilatildeo de outros estudos na perspectiva de que as conexotildees similares entre duas ou mais variaacuteveis prevaleccedilam no estudo presente
(3) Conhecimento familiar o conhecimento familiar ou as intuiccedilotildees derivadas do senso comum perante situaccedilotildees vivenciadas podem levar a correlaccedilotildees entre fenocircmenos notados e ao desejo de verificar a real correspondecircncia existente entre eles Nesse caso a experiecircncia de vida pode ser um fator colaborador
Eacute importante ressaltar que a despeito de a hipoacutetese ser comprovada ou refutada ela ainda seraacute uma fonte de conhecimentos acerca do problema estudado Tais respostas obtidas atraveacutes do meacutetodo cientiacutefico seratildeo importantes para o avanccedilo
A Escolha do Tema 23
do conhecimento naquela aacuterea
Deve ser lembrado que alguns estudos com abordagem mais exploratoacuteria natildeo possuem hipoacuteteses Eles satildeo desenvolvidos para que os pesquisadores adquiram alguma expertise sobre o objeto de estudo permitindo a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses a serem testadas posteriormente por meio de desenhos adequados Como exemplo podem-se citar alguns estudos observacionais ou seacuterie de casos que descrevem determinadas caracteriacutesticas de uma amostra ou populaccedilatildeo
Na figura 12 apresenta-se um algoritmo que tenta demonstrar o processo de produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico que poderaacute servir de guia para os jovens pesquisadores sobre como ldquopensarrdquo cientificamente
Figura 12 mdash Algoritmo sobre a produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico
Assunto principal do projeto revisatildeo eestudo do estado da arte
Lacuna no conhecimento sobre o temaescolhido
Possiacuteveis respostas plausiacuteveis eprovisoacuterias que respondam ao problema
Busca por respostas por meio do meacutetodocientiacutefico que comprovem ou refutem ahipoacutetese
Descobertas oriundas da aplicaccedilatildeo domeacutetodo cientiacutefico em busca de respostas aproblemas decorrentes de lacunas noconhecimento vigente
Tema
Problema
Hipoacutetese
Pesquisa
Conhecimentocientiacutefico
24 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015
GIL A C Formulaccedilatildeo do problema In GIL A C Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa social 6 ed Satildeo Paulo Atlas 2008 cap 4 p 33-40
MARCONI M A LAKATOS E M Fundamentos de metodologia cientiacutefica 5 ed Satildeo Paulo Atlas 2003
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B Da Pesquisa agrave Redaccedilatildeo do Artigo Cientiacutefico In MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de Artigos Cientiacuteficos Meacutetodos de Realizaccedilatildeo Seleccedilatildeo de Perioacutedicos Publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2016 cap 4 p 53-88
25
2A INTRODUCcedilAtildeO DE UM TRABALHO ACADEcircMICO
Eacuterika Suyane Freire SilvaTaynara Falkenstins Gois Mendes
Vitoacuteria Costa LimaMaria Helane Costa Gurgel
ldquoNenhum vento sopra a favor de quem natildeo sabe pra onde irrdquo
Secircneca
A introduccedilatildeo de um projeto ou artigo cientiacutefico apresenta as primeiras ideias sobre o tema da pesquisa Durante a sua elaboraccedilatildeo o autor deveraacute discorrer sobre o tema de interesse trazendo ao leitor o que jaacute existe na literatura sobre o assunto Esse conhecimento deveraacute ser oriundo de uma soacutelida revisatildeo bibliograacutefica e estudo do estado da arte ou seja o que jaacute foi evidenciado de maneira cientificamente validada ateacute o momento sobre determinado assunto (MEDEIROS 2017) Ao redigir a introduccedilatildeo o pesquisador deveraacute contextualizar o problema da pesquisa agrave sua realidade sob a luz do conhecimento cientiacutefico disponiacutevel
Este capiacutetulo visa apresentar alguns aspectos relacionados agrave redaccedilatildeo do texto introdutoacuterio de um projeto ou artigo cientiacutefico
21 REDIGINDO A INTRODUCcedilAtildeO
Um possiacutevel modo para a organizaccedilatildeo da introduccedilatildeo eacute iniciar com uma abordagem geral informando ao leitor os conceitos claacutessicos sobre o tema de interesse A partir do segundo ou terceiro paraacutegrafo as particularidades mais diretamente relacionadas ao tema da pesquisa em questatildeo podem ser apresentadas (REIZ 2013) Deve-se escrever sobre o que jaacute fora demonstrado em estudos anteriores pontuando-se as carecircncias ou lacunas de conhecimento sobre aquela aacuterea este seraacute o problema da pesquisa Nesse momento a hipoacutetese tambeacutem poderaacute ser apresentada e confrontada com a literatura vigente
Aleacutem de apresentar o tema e o problema da pesquisa aos leitores na introduccedilatildeo o autor deveraacute incluir a justificativa para a realizaccedilatildeo do seu projeto e
26 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ou publicaccedilatildeo dos seus achados apontando qual o avanccedilo teoacuterico a ser alcanccedilado eou qual o potencial impacto sobre a praacutetica profissional Para finalizar o autor poderaacute ainda redigir sobre o que pretende fazer (qual o seu objetivo) para testar a sua hipoacutetese e resolver o problema da pesquisa
Algumas perguntas poderatildeo ajudar na elaboraccedilatildeo de uma introduccedilatildeo (figura21)
Figura 21 mdash Elaborando o texto introdutoacuterio de uma produccedilatildeo acadecircmica
1 Quais os conceitos e as definiccedilotildees claacutessicas sobre o assunto escolhido (apresentaccedilatildeo geral do tema)
2 Qual o embasamento teoacuterico sobre o assunto O que jaacute existe na literatura sobre isso
3 Qual a lacuna do conhecimento ou seja o problema da pesquisa
4 Qual a sua hipoacutetese
5 Por que foi escolhido tal tema Qual a sua relevacircncia e impacto
6 O que o pesquisador pretende fazer para responder ao problema da pesquisa Qual o objetivo
O tamanho ou a extensatildeo do texto introdutoacuterio iraacute depender do tipo de produccedilatildeo a ser elaborada Em geral artigos publicados em jornais ou perioacutedicos cientiacuteficos apresentam introduccedilatildeo curta de poucos paraacutegrafos (trecircs ou quatro) tendo em vista que o foco estaacute nos meacutetodos e resultados encontrados na pesquisa Nesse caso uma sugestatildeo para a redaccedilatildeo da introduccedilatildeo poderia ser conforme abaixo (quadro 21)
Quadro 21 mdash A redaccedilatildeo da introduccedilatildeo de artigos cientiacuteficos
Paraacutegrafo(s) inicial(is) (um ou dois no maacuteximo)Apresentaccedilatildeo do tema conceitos e definiccedilotildees (breve revisatildeo da literatura)Paraacutegrafos centraisProblema da pesquisa e justificativaParaacutegrafo finalHipoacutetese e objetivo
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 27
A seguir segue um texto que ilustra a sugestatildeo apresentada na figura acima Optou-se por manter a liacutengua inglesa pois se trata de um trecho de um artigo previamente publicado pelos autores (quadro 22)
Quadro 22 mdash Exemplo de introduccedilatildeo de artigo cientiacutefico
REVISAtildeO DA LITERATURA
Congenital generalized lipodystrophy (CGL) is a rare disorder of autonomic recessive inheritance with an estimated prevalence of 110000000 live births There are approximately 500 cases described worldwide with 100 cases described in Brazil This disease is characterized by the absence of subcutaneous adipose tissue leptin deficiency deposition of ectopic fat due to impairs of the metabolic activity and storage capacity of the subcutaneous adipose tissue hypertriglyceridemia insulin resistance and a poorly controlled diabetes mellitus (DM)
In addition to metabolic disorders cardiac abnormalities have also been described in patients with CGL especially left ventricular hypertrophy (LVH) left ventricular systolic and diastolic dysfunction systemic arterial hypertension QT interval enlargement cardiac arrhythmias and atherosclerosis Some cases of hypertrophic cardiomyopathy also were previously described Among the potential mechanisms involved in the development of these cardiac changes are insulin resistance and myocardial accumulation of triglycerides
PROBLEMA DA PESQUISA
However the pathophysiology of cardiomyopathy observed in CGL is not entirely elucidated
JUSTIFICATIVA
We previously reported that CGL patients present early microvascular complications including cardiovascular autonomic neuropathy (CAN) Several studies have observed an association between CAN and myocardial dysfunction in patients with DM including LVH and diastolic dysfunction which may occur even in the absence of coronary artery disease (CAD) and hypertension
HIPOacuteTESE E OBJETIVO
These observations allow us to speculate that CAN could be a potential mechanism associated with the early development of LVH in patients exposed to severe metabolic abnormalities early in life Thus the present study aimed to evaluate the association between cardiac abnormalities and CAN parameters in CGL patients
28 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por outro lado os projetos de pesquisa ou trabalhos de conclusatildeo de curso monografias dissertaccedilotildees e teses em geral apresentam textos introdutoacuterios mais longos pois deveratildeo convencer o leitor de que tal projeto deveraacute ser aprovado em uma seleccedilatildeo ou financiado por algum edital ou ainda mostraraacute o preparo do aluno sob avaliaccedilatildeo
Nesses casos a introduccedilatildeo poderaacute ser subdividida em seccedilotildees Mais uma vez as definiccedilotildees claacutessicas e uma apresentaccedilatildeo geral sobre o tema ao iniacutecio no texto seguida do desenvolvimento das ideais secundaacuterias ao longo do texto nos paraacutegrafos seguintes poderatildeo ser uma boa estrateacutegia
Nesses casos a justificativa e a relevacircncia do projeto normalmente satildeo apresentadas agrave parte O pesquisador deveraacute deixar claro para os potenciais leitores qual a importacircncia de sua pesquisa e qual a contribuiccedilatildeo que ela conferiraacute agrave Ciecircncia Para elaborar a justificativa algumas indagaccedilotildees poderatildeo ajudar O conteuacutedo dessas respostas seratildeo a justificativa de seu projeto No quadro 23 segue um exemplo
Quadro 23 mdash Exemplo de justificativa de um projeto de pesquisa
Meu tema eacute relevante para o contexto atual da
ciecircncia
Por quecirc
A hiperglicemia e a hipoglicemia aumentam a mortalidade de pacientes internados criacuteticos e natildeo criacuteticos com ou sem DM A falta de padronizaccedilatildeo de condutas no manejo da hiperglicemia e hipoglicemia pode ter impacto sobre o desfecho dos paracircmetros relacionados ao internamento hospitalar tais como tempo de permanecircncia no hospital risco de readmissatildeo hospitalar precoce complicaccedilotildees cardiovasculares ciruacutergicas renais e infecciosas e sobre a taxa de mortalidade No entanto a despeito da sua importacircncia desconhece-se a sua epidemiologia nos principais hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute
Continua
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 29
Quadro 23 mdash Exemplo de justificativa de um projeto de pesquisa
O que jaacute existe sobre isso na literatura
Dados nacionais tambeacutem satildeo escassos Estudo realizado no HC-FMUSP em 2013 demonstrou que ateacute 25 dos pacientes internados tinham diagnoacutestico preacutevio de DM Independentemente do diagnoacutestico ou natildeo de DM aproximadamente 70 dos pacientes natildeo tiveram a glicemia capilar medida na admissatildeo Entre os pacientes com DM 30 a 45 dos pacientes natildeo tiveram a glicemia capilar medida nas primeiras 24 horas de admissatildeo e 20 a 30 natildeo tiveram a glicemia capilar aferida durante todo o periacuteodo do internamento Nos pacientes em que o monitoramento glicecircmico foi realizado este foi feito sem padronizaccedilatildeo Com relaccedilatildeo ao tratamento da HIH os consensos em controle da HIH recomendam o esquema de insulinizaccedilatildeo basal-bolus como terapia de escolha desencorajando o uso de insulina raacutepida em doses escalonadas (slinding-scale) Apesar disso o levantamento previamente citado mostrou que quase a totalidade dos pacientes teve o esquema de escalonamento de doses de insulina regular como o tratamento de escolha da HIH
Quais as potenciais vantagens e os benefiacutecios
que este estudo pode trazer
Tem sido proposto que a implementaccedilatildeo de comissotildees especiacuteficas treinadas para o controle da glicemia de pacientes internados aos moldes das comissotildees de controle de infecccedilatildeo hospitalar seja uma alternativa interessante para a padronizaccedilatildeo de condutas e prevenccedilatildeo da hiperglicemia e hipoglicemia intra-hospitalar Assim considerando-se a carecircncia de leitos em hospitais terciaacuterios e as limitaccedilotildees relacionadas aos custos com despesas em sauacutede em nosso estado estudos nessa aacuterea podem permitir um melhor entendimento e manejo dessa condiccedilatildeo de alta morbidade podendo ter impacto sobre a disponibilidade de leitos e reduccedilatildeo dos custos em sauacutede que em uacuteltima anaacutelise agregaratildeo benefiacutecios ao paciente e a todo o sistema de sauacutede
30 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
22 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apesar de parecer uma tarefa simples escrever a introduccedilatildeo de uma produccedilatildeo acadecircmica muitas vezes eacute uma grande barreira para os pesquisadores iniciantes fazendo que a redaccedilatildeo seja postergada ateacute que um suposto momento ideal ou de ldquoinspiraccedilatildeordquo sirva como pontapeacute para o iniacutecio da redaccedilatildeo propriamente dita No entanto no caso da redaccedilatildeo cientiacutefica nada seraacute mais ldquoinspiradorrdquo para a elaboraccedilatildeo de uma boa introduccedilatildeo que uma boa leitura Isso serviraacute de base para que o aluno se aproprie (tome posse) do tema de estudo pois tendo um bom referencial teoacuterico conseguido por meio de muita ldquotranspiraccedilatildeordquo ou seja estudo e leitura o processo da escrita ocorreraacute com maior naturalidade Aleacutem disso nada como o tempo e o treino
Tempo tempo mano velho falta tanto ainda eu sei Pra vocecirc correr macio
Joatildeo Daniel Uchoa (Sobre o Tempo)
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 31
REFEREcircNCIAS
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
33
3OBJETIVOS GERAL E ESPECIacuteFICOS
Taynara Falkenstins Gois MendesPatriacutecia Rolim Mendonccedila Locircbo
ldquoVocecirc natildeo escreve porque quer dizer algo Vocecirc escreve porque tem algo a dizerrdquo
(Scot Fitzgerald)
O termo objetivo significa ldquoo fim que se deseja atingir a meta que se pretende alcanccedilar ou o que eacute relativo ao objeto que eacute concreto e existe independentemente do pensamentordquo (FERREIRA 2014) No contexto acadecircmico os objetivos ldquoconstituem a finalidade de um trabalho cientiacutefico ou seja a meta que se pretende atingir a partir de uma pesquisa cientiacuteficardquo (CAVALCANTI 2015)
A elaboraccedilatildeo dos objetivos de uma pesquisa surge a partir dos questionamentos que o investigador se propotildee a desvendar e visa responder aos problemas da pesquisa identificados apoacutes uma ampla revisatildeo de estudos preacutevios sobre o tema (MEO ELDAWLATLY 2019) Essa revisatildeo da literatura tanto auxilia o pesquisador a fomentar ideias como contribui com exemplos de objetivos jaacute alcanccedilados por outros pesquisadores
Em geral podem-se dividir os objetivos em dois tipos o objetivo geral ou principal e os objetivos especiacuteficos ou secundaacuterios O objetivo geral eacute uacutenico tem um caraacuteter mais amplo e representa o eixo central da pesquisa Ele se relaciona diretamente com o problema da pesquisa e visa responder a ele Deve ser escrito em uma uacutenica frase sendo iniciado por um verbo no infinitivo (CAVALCANTI 2015)
Por sua vez os objetivos especiacuteficos tecircm caraacuteter mais delimitado e pontual Visa responder a questotildees especiacuteficas que quando analisadas em conjunto permitem responder ao objetivo geral Natildeo existe um nuacutemero limite para os objetivos especiacuteficos variando de acordo com o tipo de pesquisa No entanto independentemente do nuacutemero todos devem ser passiacuteveis de serem atingidos devendo-se explicitar os meacutetodos para o alcance de cada um deles na seccedilatildeo especiacutefica Todos os objetivos especiacuteficos devem ser respondidos ao final da pesquisa (MATIAS-PEREIRA 2012)
Assim como o objetivo geral os objetivos especiacuteficos tambeacutem satildeo expressos por meio de verbos no infinitivo como verificar conhecer analisar compreender aplicar sintetizar avaliar entre outros verbos de accedilatildeo sendo recomendado que o pesquisador domine uma grande variedade de verbos para evitar repeticcedilotildees (CAVALCANTI
34 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
2015)
Segue uma lista de verbos no infinitivo com a ideia da accedilatildeo que lhes eacute conferida e que pode auxiliar na formulaccedilatildeo dos objetivos
bull Compreensatildeo compreender deduzir demonstrar determinar diferenciar discutir explanar encontrar interpretar localizar reafirmar
bull Relato eou siacutentese apontar citar classificar definir descrever identificar relatar compor documentar especificar delinear esquematizar formular produzir propor reconhecer construir reunir resumir sintetizar
bull Construccedilatildeo aplicar desenvolver estruturar operar organizar praticar selecionar delinear traccedilar
bull Avaliaccedilatildeo ou Anaacutelise argumentar avaliar contrastar definir escolher estimar julgar medir selecionar comparar conferir criticar debater diferenciar discriminar examinar investigar provar aferir monitorar experimentar
Quando se pensa em estruturaccedilatildeo da escrita cientiacutefica eacute necessaacuterio adequar a apresentaccedilatildeo dos objetivos de acordo com o tipo de produccedilatildeo a ser elaborada Assim em artigos cientiacuteficos os objetivos costumam ser inseridos de forma sucinta no final da introduccedilatildeo Em geral podem ser vistos da seguinte maneira ldquoO objetivo do nosso estudo foirdquo ldquoNoacutes relatamosrdquo ou ldquoNoacutes revisamosrdquo (MEO ELDAWLATLY 2019 SHARMA 2019) Geralmente apenas o objetivo geral eacute apresentado No entanto por vezes alguns objetivos secundaacuterios tambeacutem podem ser incluiacutedos
Ao contraacuterio quando falamos de projetos de pesquisa e trabalhos de conclusatildeo de curso ou poacutes-graduaccedilotildees os objetivos satildeo expressos em uma seccedilatildeo especiacutefica destinada para tal sendo primeiramente apresentado o toacutepico ldquoObjetivo geralrdquo seguido dos ldquoObjetivos especiacuteficosrdquo conforme exemplificado no quadro 31
Quadro 31 mdash Exemplo de objetivos geral e especiacuteficos (dados proacuteprios)
Objetivo Geral Avaliar as caracteriacutesticas cliacutenicas e epidemioloacutegicas de pacientes idosos internados por fraturas em decorrecircncia de quedas em um hospital terciaacuterio referecircncia em trauma no estado do Cearaacute
Objetivos Especiacuteficos1 Descrever o perfil cliacutenico e epidemioloacutegico dos pacientes idosos internados com fraturas em decorrecircncia de quedas2 Identificar os fatores de risco para quedas e fraturas nesta amostra de pacientes idosos internados3 Relatar o internamento dos pacientes idosos com fraturas incluindo tratamentos cliacutenicos eou ciruacutergicos recebidos e complicaccedilotildees durante o internamento
Objetivos Geral e Especiacuteficos 35
Eacute fundamental para o jovem pesquisador saber como redigir os objetivos de suas pesquisas Esse passo eacute crucial durante a avaliaccedilatildeo de projetos de pesquisas e artigos pois os pesquisadores devem demonstrar que satildeo capazes de responder a todos os objetivos propostos no iniacutecio de seu trabalho Assim aleacutem de serem apresentados de forma clara e coerente com a justificativa e problema propostos devem permitir que o leitor consiga identificar ao final da pesquisa as respostas para todos os objetivos inicialmente estabelecidos Sendo os objetivos da pesquisa bem elaborados torna-se mais faacutecil decidir os meacutetodos que seratildeo utilizados na pesquisa e o quanto a sua realizaccedilatildeo eacute factiacutevel respeitando tempo custo e realidade envolvidos (SANTOS 2004)
36 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P PINTO J BEZERRA M Como definir melhor o objetivo geral e especiacutefico(s) In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 8 p 53-57
FERREIRA A B H Mini Aureacutelio o dicionaacuterio da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Positivo 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de Metodologia da Pesquisa Cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEO S A ELDAWLATLY A A Pathophysiology of a scientific paper Saudi J Anaesth Mumbai v 13 n 5 p S9-S11 2019 Disponiacutevel em httpwwwsaudijaorgarticleaspissn=1658-354Xyear=2019volume=13issue=5spage=9epage=11aulast=Meo Acesso em 09 abr 2020
SANTOS H H Manual Praacutetico Para Elaboraccedilatildeo de Projetos Monografia Dissertaccedilotildees e Teses na Aacuterea de Sauacutede 2 ed Joatildeo Pessoa UFPBEditora Universitaacuteria 2004
SHARMA A How to write an article an introduction to basic scientific medical writing J Min Access Surg Mumbai v 15 n 3 242-248 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed29974882 Acesso em 09 abr 2020
37
4MEacuteTODOS
Matheus Mendonccedila Leal JanjaAntocircnio Brazil Viana Junior
Patriacutecia Rolim Mendonccedila Locircbo
ldquoSe vocecirc natildeo consegue explicar de maneira simples vocecirc natildeo o entende suficientemente bemrdquo
Albert Einstein
A seccedilatildeo ldquoMeacutetodosrdquo ou ldquoSujeitos e Meacutetodosrdquo ou ainda ldquoMateriais e Meacutetodosrdquo corresponde agrave parte do trabalho que demonstra como a pesquisa foi planejada e conduzida sendo uma das seccedilotildees mais importantes de uma produccedilatildeo cientiacutefica na qual a excelecircncia do artigo eacute fundamentada (MEO ELDAWLATLY 2019) Os meacutetodos respondem a questotildees que satildeo capazes de fazer o leitor entender ldquoo que foi feito onde foi feito e como foi feitordquo (MEO ELDAWLATLY 2019) Deve-se evitar a terminologia ldquoMetodologiardquo que significa ldquoo estudo dos meacutetodosrdquo portanto termo natildeo adequado para descrever tal seccedilatildeo
O termo ldquoMateriaisrdquo se refere aos elementos por exemplo instrumentos equipamentos e tratamentos empregados no estudo para a obtenccedilatildeo dos dados O termo ldquoSujeitosrdquo se refere agrave populaccedilatildeo do estudo Por sua vez o termo ldquoMeacutetodosrdquo faz referecircncia agrave forma como os materiais e os sujeitos foram utilizados dentro da pesquisa (MOORE 2006)
Eacute fundamental que os meacutetodos da pesquisa sejam planejados adequadamente antes do iniacutecio de um estudo a fim de evitar vieses durante a coleta e anaacutelise dos dados o que poderia implicar o empobrecimento dos resultados A confiabilidade e reprodutibilidade dos resultados obtidos durante um estudo dependem dos meacutetodos empregados e portanto estes devem ser descritos de forma clara e detalhada Quando bem aplicados os meacutetodos da pesquisa sustentam e datildeo credibilidade agraves conclusotildees do estudo
No caso de estudos experimentais nos quais o pesquisador natildeo estaacute plenamente familiarizado com o meacutetodo a ser aplicado um estudo piloto pode ser elaborado com o objetivo de avaliar a viabilidade do experimento antes da coleta definitiva dos dados
Para a redaccedilatildeo dessa seccedilatildeo recomenda-se que a descriccedilatildeo dos meacutetodos da
38 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
pesquisa siga uma estrutura baacutesica (quadro 41) como sugerido por Sa (2019)
Quadro 41 mdash Toacutepicos para elaboraccedilatildeo e apresentaccedilatildeo da seccedilatildeo ldquoMeacutetodosrdquo em produccedilotildees cientiacuteficas
Desenho da pesquisa Apresentaccedilatildeo do desenho e das caracteriacutesticas do estudo (local tempo)
Populaccedilatildeo do estudoCaracterizaccedilatildeo da amostra Tamanho e caacutelculo amostralCriteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo
Coleta de dadosInstrumentos de coleta questionaacuterios etcMateriais equipamentos e experimentosDiscriminaccedilatildeo das variaacuteveis estudadas
Anaacutelise dos dadosOrganizaccedilatildeo e tabulaccedilatildeo dos dadosTratamento e testes estatiacutesticos utilizadosPrograma(s) utilizados para tabulaccedilatildeo e anaacutelise
Aspectos eacuteticos Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
Fonte Adaptado de Sa (2019)
41 DESENHOS DE PESQUISA
Nesse toacutepico os pesquisadores devem informar qual o delineamento ou o tipo de estudo utilizado Os estudos podem ser classificados com base em diversos criteacuterios sendo comumente divididos em estudos observacionais e experimentais (BLOCH amp COUTINHO 2004)
Estudos observacionais os sujeitos satildeo apenas observados e natildeo satildeo submetidos a intervenccedilotildees Esses estudos podem ser analiacuteticos e descritivos (GREENHALGH 2013)
a Descritivos satildeo estudos que se limitam a descrever a ocorrecircncia de uma doenccedila em uma populaccedilatildeo eles podem ser divididos em
i Relato de caso descriccedilatildeo detalhada de um caso cliacutenico contendo caracteriacutesticas importantes sobre sinais sintomas e outras caracteriacutesticas do paciente relatando os procedimentos terapecircuticos utilizados bem como o desfecho do caso
ii Seacuterie de casos tem o mesmo objetivo do relato de caso apresentando um
Meacutetodos 39
nuacutemero maior de participantes Consiste em uma compilaccedilatildeo de relatos de casos
b Analiacuteticos satildeo estudos que abordam as relaccedilotildees entre o estado de sauacutede e outras variaacuteveis presentes em uma populaccedilatildeo Costumam avaliar os fatores de risco associados a uma doenccedila Podem ser divididos em
i Estudo transversal tambeacutem denominados estudos seccionais ou de prevalecircncia satildeo caracterizados pela observaccedilatildeo direta de uma quantidade planejada de indiviacuteduos (amostra) selecionados aleatoriamente em uma uacutenica ocasiatildeo Nesses estudos a observaccedilatildeo da existecircncia de associaccedilatildeo entre as possiacuteveis variaacuteveis preditoras e o desfecho eacute feita em um uacutenico momento Eacute uma espeacutecie de fotografia de uma determinada situaccedilatildeo na qual eacute realizado um levantamento de dados sobre uma condiccedilatildeo atual ou do passado como ocorre na revisatildeo de dados de prontuaacuterios Tais estudos satildeo uacuteteis para descrever as caracteriacutesticas de determinada populaccedilatildeo determinar a prevalecircncia e avaliar associaccedilotildees entre variaacuteveis sem permitir contudo estabelecer relaccedilotildees de causalidade Tem como principais vantagens o baixo custo e a rapidez (KLEIN amp BLOCH 2004)
As principais medidas calculadas pelos estudos transversais satildeo a TAXA DE PREVALEcircNCIA dada pela divisatildeo entre o nuacutemero de indiviacuteduos com o evento de interesse (comorbidade doenccedila etc) e a populaccedilatildeo sob risco de apresentar o evento de interesse em determinado tempo e a RAZAtildeO DE PREVALEcircNCIA (RP) dada pelo quociente do nuacutemero de evento em expostos e natildeo expostosExemplo ldquoQual a prevalecircncia de fraturas de colo do fecircmur em homens idosos atendidos em um hospital terciaacuteriordquo
Fratura
SIM
Fratura
NAtildeOTOTAL
Queda SIM 20 30 50Queda NAtildeO 10 40 50TOTAL 30 70 100
TAXA DE PREVALEcircNCIA 30100 = 30 ou seja de cada 100 homens idosos atendidos nesse periacuteodo e local 30 casos satildeo de fraturas de colo de fecircmur
RP 20 10 = 20 ou seja fratura de colo de fecircmur em homens idosos eacute DUAS vezes mais prevalente entre aqueles que sofreram queda (existe associaccedilatildeo entre quedas e fraturas nessa populaccedilatildeo poreacutem natildeo se pode
40 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
afirmar que haacute causalidade)
Obs deve-se ainda calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute a unidade e o valor de p seraacute gt 005
ii Estudo caso-controle compara uma determinada exposiccedilatildeo em um grupo de sujeitos que possuem a condiccedilatildeo de interesse (doenccedila caso) com um grupo de sujeitos que natildeo apresentam tal condiccedilatildeo (controle) Nesses estudos os controles devem ser vistos como uma amostra da populaccedilatildeo que originou os casos Como o seu desenho eacute retrospectivo os estudos caso-controle satildeo preferiacuteveis para condiccedilotildees ou doenccedilas raras nas quais a seleccedilatildeo dos participantes partiraacute de casos previamente identificados Esses estudos permitem avaliar a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis de exposiccedilatildeo (exposto ou natildeo exposto) e o desfecho (casodoente ou controlesadio)
A principal medida de associaccedilatildeo calculada em estudos caso-controle eacute a RAZAtildeO DE CHANCES ou ODDS-RATIO (OR) Um odds ratio de com valor igual a 1 significa que a chance de apresentar o desfecho eacute a mesma entre expostos e natildeo expostos Um odds ratio acima de 1 significa que a chance de apresentar o desfecho eacute maior entre os expostos O valor de OR menor que 1 revela que a exposiccedilatildeo eacute um fator de proteccedilatildeo para o desfecho Segue um exemplo de questatildeo cliacutenica que pode ser abordada por esse tipo de estudo ldquoO uso de alpargatas (exposiccedilatildeorisco) estaacute associado a maior risco de fraturas em idosos (desfechodoenccedila)rdquo
FraturaSIM
FraturaNAtildeO
Uso de alpargatas SIM 20 30Uso de alpargatas NAtildeO 10 40
OR = (20 x 40) (10 x 30) OR = 266 ou seja o uso de alpargatas aumenta em 26 vezes a chance de fratura em idosos Obs Deve-se tambeacutem calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute o ldquozerordquo e o valor de p seraacute gt 005
iii Estudo de coorte trata-se de um estudo longitudinal que avalia os participantes ao longo do tempo permitindo avaliar a incidecircncia das doenccedilas ou de outros desfechos de interesse sendo uacutetil para se avaliar os fatores de riscos para tais condiccedilotildees Nesse tipo de estudo dois ou mais
Meacutetodos 41
grupos de pessoas satildeo selecionados com base nas diferenccedilas em sua exposiccedilatildeo a um agente especiacutefico e satildeo acompanhados para observar quantos apresentaratildeo o desfecho em questatildeo Satildeo uacuteteis para avaliaccedilatildeo da histoacuteria natural das doenccedilas etiologia prognoacutestico intervenccedilotildees terapecircuticas e sobrevida A coorte pode ser prospectiva quando se inicia no presente e os sujeitos satildeo seguidos a partir desse momento (o desfecho ainda natildeo ocorreu e a exposiccedilatildeo pode ou natildeo ter ocorrido) ou retrospectiva quando se examinam dados e amostras coletados no passado (exposiccedilatildeo ocorreu antes do iniacutecio do estudo) Os principais indicadores dos estudos de coorte satildeo as TAXAS DE INCIDEcircNCIA e o RISCO RELATIVO (RR) (COELI amp FAERSTEIN 2004)
Exemplo de questatildeo cliacutenica que pode ser abordada por esse tipo de estudo ldquoQual a incidecircncia de fraturas por fragilidade em idosos que praticam exerciacutecios resistidos acompanhados pelo periacuteodo de cinco anos A praacutetica de exerciacutecios fiacutesicos resistidos protegeu contra fraturas por fragilidaderdquo
Fratura SIM
Fratura NAtildeO
TOTAL
Exerciacutecio fiacutesico SIM 10 30 40Exerciacutecio fiacutesico NAtildeO 20 40 60TOTAL 30 70 100
TAXA DE INCIDEcircNCIA ACUMULADA 30100 = 30
RR = (1040) (2060) RR = 075 ou seja o risco de fratura por fragilidade foi menor no grupo que praticou exerciacutecio fiacutesico resistido (fator de proteccedilatildeo) Nesse caso pode-se calcular a reduccedilatildeo do risco relativo (RRR) = 25 (ou seja 1 ndash RR = 1 ndash 075 = 025)
Se o RR fosse maior que 1 por exemplo RR = 25 poder-se-ia afirmar que o risco de fratura seria 25 vezes maior no grupo que praticou exerciacutecio (fator de risco)
Obs Da mesma maneira que nos demais estudos deve-se calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute a unidade e o valor de p seraacute gt 005
iv Estudo ecoloacutegico compara grupos de indiviacuteduos ou comunidades Nesses estudos a unidade de observaccedilatildeo e anaacutelise eacute uma populaccedilatildeo ou um grupo de pessoas que pertencem a uma aacuterea geograacutefica definida Por exemplo comparaccedilatildeo entre determinada exposiccedilatildeo e as taxas de uma doenccedila de interesse em uma seacuterie de populaccedilotildees de diferentes paiacuteses Em geral
42 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
satildeo mais baratos e raacutepidos que estudos que avaliam indiviacuteduos e se prestam a avaliar como os contextos sociais e ambientais influenciam a sauacutede dos grupos populacionais Satildeo indicados para gerar e testar hipoacuteteses etioloacutegicas a respeito da ocorrecircncia de uma doenccedila e avaliar a efetividade de intervenccedilotildees em uma populaccedilatildeo (MEDRONHO 2004)
Estudos experimentais satildeo estudos em que os pesquisadores manipulam o fator de exposiccedilatildeo ou seja realizam intervenccedilotildees profilaacuteticas ou terapecircuticas sobre os participantes e analisam os seus efeitos (GREENHALGH 2013) Podem ser divididos em
a Ensaios cliacutenicos randomizados Um ensaio cliacutenico randomizado eacute um estudo prospectivo em humanos comparando o efeito e o valor de uma intervenccedilatildeo contra um controle A alocaccedilatildeo dos participantes no grupo que receberaacute a intervenccedilatildeo ou no grupo controle eacute feita de forma aleatoacuteria ou seja randomizada Idealmente os ensaios cliacutenicos devem ser controlados por placebo podendo ser abertos ou blindados (cegos) ndash em que simples-cego (o participante desconhece se foi exposto agrave intervenccedilatildeodroga ou placebo) e duplo-cego (participante e pesquisador desconhecem o grupo exposto agrave intervenccedilatildeo ou placebo) Os ensaios cliacutenicos randomizados duplo-cegos controlados por placebo satildeo considerados como estudos de escolha para avaliar a eficaacutecia de drogas ou outras intervenccedilotildees
Exemplo de questatildeo cliacutenica que deve ser abordada por esse tipo de estudo ldquoOs bisfosfonatos reduzem o risco de nova fratura por fragilidaderdquo ldquoO uso de liraglutida reduz o risco cardiovascular em indiviacuteduos diabeacuteticosrdquo
b Ensaio comunitaacuterio satildeo avaliadas e comparadas intervenccedilotildees feitas em comunidades Podem ser de profilaxia ou tratamento
Aqui apresentamos brevemente algumas caracteriacutesticas dos diferentes tipos de estudos a fim de que os jovens pesquisadores se familiarizem com os conceitos baacutesicos a respeito desse amplo tema pois natildeo haacute como redigir bem sem conhecer minimamente tais conceitos Recomenda-se uma leitura mais aprofundada em Rouquayrol (2013) e Medronho (2004)
Meacutetodos 43
42 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO
A caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo do estudo eacute fundamental para permitir que os leitores avaliem para qual(is) puacuteblico(s) os resultados de determinada pesquisa poderatildeo ser extrapolados Assim escolher a populaccedilatildeo ou amostra de uma pesquisa de forma adequada visa evitar vieses que comprometam a validade e aplicabilidade de seus resultados para a ldquopopulaccedilatildeo de interesserdquo
Inicialmente deve-se definir se a populaccedilatildeo seraacute representada por um censo ou uma amostra Censo eacute o exame de todos os elementos de uma populaccedilatildeo ou universo Jaacute a amostra eacute uma parte do universo ou populaccedilatildeo escolhida de modo a representar o grupo inteiro da forma mais fidedigna possiacutevel (ROUQUAYROL 2013)
O censo eacute a representaccedilatildeo perfeita da populaccedilatildeo No entanto utilizar o censo eacute mais dispendioso do ponto de vista financeiro e de tempo sendo difiacutecil de ser realizado Deve ser reservado para populaccedilotildees pequenas ou quando se necessita de uma precisatildeo completa dos dados Assim a utilizaccedilatildeo de amostras que representem a populaccedilatildeo apresenta vantagens sobre o censo sendo a amostragem um meacutetodo bastante utilizado nas pesquisas cientiacuteficas (PINHEIRO JUNIOR 2015)
Para que a amostra represente a populaccedilatildeo do estudo ela deveraacute ser calculada adequadamente A depender do tipo de estudo diferentes caacutelculos de tamanho amostral satildeo indicados Existem ferramentas disponiacuteveis on-line que auxiliam na determinaccedilatildeo do tamanho da amostra Como exemplo cita-se httpclincalccomstatssamplesizeaspx
Depois da definiccedilatildeo de seu tamanho eacute importante informar como a amostra seraacute recrutada Recomenda-se que a seleccedilatildeo dos participantes ocorra de maneira aleatoacuteria para natildeo favorecer sua inclusatildeo com caracteriacutesticas individuais que promovam vieses sobre os resultados (GREENHALGH2013) Para minimizar tais vieses de seleccedilatildeo os participantes do estudo deveratildeo ser selecionados por meio de criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo preacute-estabelecidos que deveratildeo ser descritos e apresentados aos leitores
Os criteacuterios de inclusatildeo informam caracteriacutesticas da populaccedilatildeo-alvo que satildeo de interesse para o estudo Esses criteacuterios servem ainda para deixar a populaccedilatildeo mais homogecircnea Os criteacuterios de exclusatildeo por sua vez se referem aos participantes que possuem caracteriacutesticas que podem confundir ou enviesar os dados distorcendo os resultados e portanto natildeo deveratildeo participar do estudo (LUNA 1998 apud PINHEIRO JUNIOR 2015)
Deve-se lembrar de que soacute poderatildeo ser excluiacutedos indiviacuteduos que atenderam aos criteacuterios de inclusatildeo do estudo Comumente os pesquisadores discriminam de maneira inadequada como criteacuterios de exclusatildeo caracteriacutesticas que natildeo estatildeo presentes na amostra selecionada exatamente por natildeo preencherem os criteacuterios de inclusatildeo para o estudo Exemplo
44 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull criteacuterios de inclusatildeo
Seratildeo incluiacutedos indiviacuteduos com mais de 18 anos de ambos os sexos com diagnoacutestico de diabetes mellitus tipo 2
bull criteacuterios de exclusatildeo
Seratildeo excluiacutedos indiviacuteduos com menos de 18 anos de ambos os sexos sem diagnoacutestico de diabetes mellitus tipo 2
43 COLETA DE DADOS
Nessa etapa devem ser descritas todas as informaccedilotildees relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos dados da pesquisa A depender do delineamento do estudo podem-se utilizar entrevistas estruturadas exame fiacutesico questionaacuterios revisotildees de prontuaacuterio revisotildees de outros estudos observaccedilotildees experimentos etc Os pesquisadores devem informar a origem dos instrumentos de coleta se satildeo de autoria proacutepria ou natildeo Em se tratando de questionaacuterios ou escalas padronizadas eacute necessaacuterio informar se eles foram previamente validados para a populaccedilatildeo a ser estudada (PINHEIRO JUNIOR 2015)
No caso da elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa ou trabalhos de conclusatildeo de curso os questionaacuterios ou outros instrumentos de coleta devem ser apresentados na iacutentegra como elementos poacutes-textuais ndash ldquoApecircndicesrdquo Isso eacute importante tanto para que a comissatildeo avaliadora do projeto e os membros do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa possam analisar tais instrumentos No caso de artigos cientiacuteficos na maioria das vezes isso natildeo eacute necessaacuterio e os instrumentos devem apenas ser referenciados caso natildeo sejam de autoria proacutepria
Ao se utilizar materiais deve-se descrever a marca o modelo o nome e a origem do fabricante dos equipamentos bem como o nome cientiacutefico o fabricante a dosagem e o meacutetodo de administraccedilatildeo dos medicamentos No caso de aparelhos ou teacutecnicas incomuns sugere-se incluir imagens para facilitar a compreensatildeo do leitor
Outro ponto a destacar eacute a natureza dos dados coletados se satildeo primaacuterios ou secundaacuterios Dados primaacuterios satildeo aqueles obtidos pelos proacuteprios pesquisadores Por outro lado dados secundaacuterios satildeo aqueles provenientes de outras fontes como banco de dados prontuaacuterios etc Ambos os tipos de dados apresentam vantagens e desvantagens e o tipo de estudo eacute que determinaraacute quais deles seratildeo mais adequados para a pesquisa
Para finalizar esse toacutepico devem-se ainda descrever todos os procedimentos utilizados no estudo ou seja o ldquopasso-a-passordquo da pesquisa que deve ser apresentado em ordem cronoloacutegica desde a seleccedilatildeo e o convite aos participantes ateacute a coleta dos dados propriamente dita
Meacutetodos 45
44 VARIAacuteVEIS DO ESTUDO
Ao final da coleta de dados os pesquisadores devem identificar as variaacuteveis do estudo que seratildeo utilizadas para a anaacutelise dos dados Uma criteriosa seleccedilatildeo e tratamento das variaacuteveis eacute passo fundamental para garantir a qualidade dos resultados obtidos
Aleacutem disso todas as variaacuteveis devem ser devidamente explicadas ou conceituadas para que os leitores tenham o entendimento adequado sobre aquilo que estaacute sendo analisado Por exemplo para a variaacutevel ldquodiagnoacutestico de diabetes mellitusrdquo cujas respostas seriam SIM ou NAtildeO deve estar claro quais os criteacuterios que o pesquisador utilizou para definir diabetes (ldquoglicemia de jejum gt ou igual a 126 mgdL em duas ou mais ocasiotildees eou glicemia 2 horas apoacutes teste de sobrecarga com 75 gramas de glicose oral gt ou igual a 200 mgdL etcrdquo ou ainda ldquoO diagnoacutestico de diabetes mellitus foi realizado de acordo com as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SDB 2018)rdquo
No caso de projetos de pesquisas ou trabalhos de conclusatildeo de cursos de graduaccedilatildeo ou poacutes-graduaccedilatildeo os autores destinam um toacutepico da seccedilatildeo meacutetodo para apresentar todas as variaacuteveis a serem analisadas Em artigos cientiacuteficos cuja redaccedilatildeo eacute mais objetiva e curta podem-se indicar de forma sucinta em um uacutenico paraacutegrafo as variaacuteveis usadas no estudo
Os pesquisadores devem conhecer a natureza de suas variaacuteveis para definir os testes estatiacutesticos a serem utilizados Os diversos tipos de variaacuteveis satildeo discutidos no capiacutetulo Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica apresentado adiante
45 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DOS DADOS
Apoacutes a coleta dos dados os pesquisadores devem iniciar o processo de organizaccedilatildeo e tabulaccedilatildeo dos dados coletados normalmente feito em planilhas eletrocircnicas contento tabelas divididas em linhas e colunas (exemplo Microsoft Office Excelreg e LibreOffice Calcreg ndash disponiacutevel gratuitamente para download em httpspt-brlibreofficeorg) As linhas devem conter os participantes e as colunas as variaacuteveis do estudo Nos campos que possam denunciar a identidade do participante tal informaccedilatildeo pode ser substituiacuteda por nuacutemeros ou siglas de forma a assegurar a privacidade do candidato aleacutem de facilitar a anaacutelise estatiacutestica no cruzamento de variaacuteveis
Essas tabelas natildeo devem estar no corpo do trabalho elas satildeo os meios pelos quais os dados seratildeo guardados e preparados para a obtenccedilatildeo dos resultados sendo portanto uma etapa preciosa de toda pesquisa cliacutenica da qual dependeraacute a qualidade das anaacutelises e dos resultados
46 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
No toacutepico ldquoAnaacutelise estatiacutesticardquo os pesquisadores deveratildeo informar ainda que ferramentas ou softwares satildeo utilizados para a tabulaccedilatildeo dos dados Os testes estatiacutesticos utilizados tambeacutem precisam ser citados mas natildeo detalhados sendo boa praacutetica informar se o teste eacute parameacutetrico ou natildeo parameacutetrico sendo indicados de acordo com as variaacuteveis analisadas A significacircncia estatiacutestica se baseia nos caacutelculos de variaacuteveis como o valor p e o intervalo de confianccedila por exemplo O nome do programa utilizado para as anaacutelises tambeacutem deve ser descrito seguido pelo nuacutemero da versatildeo e ano Para mais detalhes sobre esse tema deve-se consultar o capiacutetulo Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica adiante
46 ASPECTOS EacuteTICOS
A confidencialidade a proteccedilatildeo dos direitos e o bem-estar dos sujeitos da pesquisa natildeo podem ser ignorados Dessa forma todo trabalho cientiacutefico que envolva humanos ou animais precisa passar pela apreciaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da instituiccedilatildeo na qual a pesquisa seraacute realizada
No caso de pesquisas com seres humanos os pesquisadores devem informar que conhecem as normas vigentes e que atenderatildeo a elas nas pesquisas com seres humanos de acordo com o estabelecido pela Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede 4662012 Aleacutem disso devem indicar que todos os participantes concordaram em participar do estudo apoacutes assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
No caso de projetos de pesquisa que ainda seratildeo submetidos agrave apreciaccedilatildeo do CEP esse campo deveraacute descrever os riscos e benefiacutecios da pesquisa as medidas a serem adotadas pelos pesquisadores para minimizar tais riscos e garantir a confidencialidade e anonimato dos participantes Deve-se informar que a pesquisa iniciaraacute apenas apoacutes a aprovaccedilatildeo do CEP e somente seratildeo incluiacutedos participantes que concordarem em participar e assinarem o TCLE o qual deveraacute ser anexado como elemento poacutes-textual nos ldquoApecircndicesrdquo Para mais detalhes consultar o capiacutetulo ldquoApecircndices e Anexosrdquo
Meacutetodos 47
REFEREcircNCIAS
BLOCH K V COUTINHO E S F Fundamentos da pesquisa epidemioloacutegica In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 7 p 107-114
COELI C M FAERSTEIN E Estudos de coorte In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 11 p 161-174
GREENHALGH T Como ler artigos cientiacuteficos fundamentos da medicina baseada em evidecircncias 4 ed Porto Alegre Artmed 2013
KLEIN C H BLOCH K V Estudos seccionais In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 9 p 125-150
MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004
MEO S A Anatomy and physiology of a scientific paper Saudi J Biol Sci Riyadh v 25 n 7 p 1278-1283 2018Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6252020pdfmainpdf Acesso em 09 abr 2020
MEO S A ELDAWLATLY A A Pathophysiology of a scientific paper Saudi Journal Of Anaesthesia India v 13 p 9-11 abr 2019 Supl 1 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6398299__ffn_sectitle Acesso em 09 abr 2020
MOORE N How to do research a practical guide to designing and managing research projects 3rd ed London Facet 2006
PINHEIRO JUNIOR F M L et al Como construir a seccedilatildeo de meacutetodos In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 10 p 65-75
RODRIGUES L C WERNECK G L Estudos caso-controle In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 12 p 175-190
ROUQUAYROL M Z Epidemiologia e sauacutede 7 ed Rio de Janeiro MedBook 2013
49
5RESULTADOS
Laura da Silva Giratildeo LopesClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoNa seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico o autor deveria relatar o mesmo que as testemunhas nas cortes judiciaacuterias falar apenas a verdade toda a verdade e
nada mais que a verdaderdquo
Thomas M Annesley
51 INTRODUCcedilAtildeO
A frase acima faz uma comparaccedilatildeo bem pertinente entre a seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico e as cortes judiciaacuterias Nessa analogia a verdade cientiacutefica se refere aos dados e aos resultados que compreendem o produto do experimento dos autores ldquoFalar toda a verdaderdquo por sua vez significa escrever sobre os resultados positivos ou negativos de uma pesquisa isto eacute que confirmem ou que refutem a hipoacutetese alternativa Tal fato eacute fundamental para o desenvolvimento cientiacutefico embora muitas vezes os pesquisadores acreditem que a hipoacutetese alternativa seja o uacutenico caminho propiacutecio para a publicaccedilatildeo E por uacuteltimo ldquofalar nada mais que a verdaderdquo significa apresentar os dados e resultados sem interpretaccedilatildeo o que deveraacute ser feito adequadamente na seccedilatildeo discussatildeo (ANNESLEY 2010) conforme veremos adiante
52 ESCREVENDO OS RESULTADOS ESTRUTURA GERAL E MODO DE ORGANIZACcedilAtildeO DA SECcedilAtildeO
A seccedilatildeo resultados tem a funccedilatildeo de apresentar a(s) resposta(s) ao problema da pesquisa (CAMPOS 2016) Os resultados podem ser expressos por meio de diversos elementos como textos tabelas ou figuras (BAHADORAN et al 2019) A escolha da forma de apresentaccedilatildeo seraacute feita conforme a natureza do resultado que se deseja apresentar (MEO 2018) De maneira geral achados que satildeo muito importantes e que respondem agrave pergunta principal da pesquisa devem ser descritos na forma de texto As tabelas por sua vez sumarizam grandes quantidades de dados Quando adequadamente confeccionadas tabelas e figuras podem fornecer mais informaccedilotildees do que textos (KOTZ CALS 2013) Assim para essa escolha deve-se lembrar que a
50 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
comunicaccedilatildeo eficaz eacute o que se deseja primordialmente na escrita cientiacutefica
Natildeo haacute um padratildeo formal riacutegido para a apresentaccedilatildeo dos resultados em um artigo cientiacutefico o que determina sua estrutura e seus elementos eacute o contexto de cada pesquisa (VOLPATO 2007) O modo de organizaccedilatildeo pode ser um dos seguintes do resultado mais geral para o mais especiacutefico do mais importante para o menos importante ordem cronoloacutegica ou agrupamento por variaacuteveis ou por grupos Subtiacutetulos podem ser utilizados sempre que necessaacuterio (BAHADORAN et al 2019) Outra recomendaccedilatildeo seria alinhar o modo de apresentaccedilatildeo dos resultados com o modo de apresentaccedilatildeo da seccedilatildeo materialmeacutetodos para que a leitura seja de faacutecil compreensatildeo
Um modelo geral que pode ser individualizado de acordo com as necessidades de cada artigo eou recomendaccedilotildees de cada perioacutedico seraacute descrito abaixo (BAHADORAN et al 2019 ARAUacuteJO 2014)
bull Primeiro paraacutegrafo o autor pode fornecer uma visatildeo geral do estudo informando o fluxo de seleccedilatildeo dos pacientes e a descriccedilatildeo da amostra
bull Segundo e terceiro paraacutegrafos apresentar os resultados e os dados principais que devem estar relacionados ao objetivo principal do estudo
bull Quarto paraacutegrafo em diante (em geral a seccedilatildeo resultados pode conter de quatro a nove paraacutegrafos) apresentaccedilatildeo dos resultados secundaacuterios
Aleacutem disso deve-se ter atenccedilatildeo para as regras do perioacutedico ao qual seraacute submetido o artigo Na maioria deles a seccedilatildeo resultados estaacute separada da discussatildeo mas em outros tais seccedilotildees poderatildeo estar juntas (SNYDER 2019) Algumas vezes haacute limites para o nuacutemero de tabelas eou figuras
Aqui devemos tecer algumas diferenccedilas entre o termo dados e resultados Dados se referem aos fatos ou agraves observaccedilotildees ldquobrutasrdquo obtidas a partir da coleta de dados Por outro lado o termo resultado se refere agraves observaccedilotildees provenientes do ldquotratamentordquo ou agrave anaacutelise de tais dados Portanto os resultados consistem em informaccedilotildees que sumarizam e explicam o que os dados coletados mostraram dando significado a eles (BAHADORAN et al 2019)
Por fim observa-se que frequentemente nem todos os achados da pesquisa satildeo descritos na seccedilatildeo resultados Muitas vezes priorizam-se aqueles que respondem aos objetivos do estudo Alguns achados ou resultados secundaacuterios para o estudo em questatildeo podem ser apresentados na seccedilatildeo apecircndice ou material suplementar em prol da fluidez e concisatildeo do texto cientiacutefico (BAHADORAN et al 2019)
Resultados 51
53 DICAS PARA A REDACcedilAtildeO PROPRIAMENTE DITA
Idealmente a redaccedilatildeo da seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico deve ser clara precisa e concisa evitando-se a repeticcedilatildeo desnecessaacuteria dos mesmos resultados em diferentes partes da seccedilatildeo Exceccedilatildeo feita agraves mensagens principais que podem ser apresentadas na forma de texto e estar contidas em tabelas ou figuras (BAHADORAN et al 2019) Os pesquisadores devem discernir qual a melhor opccedilatildeo entre texto tabelas ou figuras para a apresentaccedilatildeo de cada um de seus resultados Na realidade todos esses elementos satildeo importantes e se complementam devendo interagir de modo dinacircmico a fim de que se produza um texto adequado agrave escrita cientiacutefica
Visando a alcanccedilar a precisatildeo deve-se evitar o uso de expressotildees vagas como ldquocerca derdquo ou ldquoaproximadamenterdquo Os pesquisadores devem informar os valores exatos ou numeacutericos para transmitirem ao leitor uma dimensatildeo precisa de quantidade
As variaacuteveis numeacutericas podem ser apresentadas por meio de medidas de tendecircncia central (meacutedia ou mediana em geral) e medidas de dispersatildeo (desvio-padratildeo ou intervalo interquartil) ou ainda por meio de seus valores absolutos ou percentuais (VOLPATO 2007) Para uma amostra com nuacutemeros de sujeitos menor do que 20 natildeo se recomenda apresentar os dados percentuais e sim apenas o nuacutemero absoluto (BAHADORAN et al 2019)
Nuacutemeros no iniacutecio das sentenccedilas ou menores do que dez devem ser escritos em sua forma por extenso O nuacutemero de diacutegitos e suas casas decimais devem ser escolhidos a partir da variaacutevel reportada Por exemplo para o pH a utilizaccedilatildeo de trecircs casas decimais apoacutes a viacutergula eacute necessaacuteria mas para a variaacutevel pressatildeo arterial natildeo se deve empregar mais do que trecircs diacutegitos sem casas decimais As unidades de medidas das variaacuteveis numeacutericas tambeacutem devem estar especificadas devendo haver um espaccedilo entre o numeral e sua unidade com exceccedilatildeo do siacutembolo que deve estar junto ao nuacutemero (BAHADORAN et al 2019 MEO 2018)
Outro ponto importante eacute a utilizaccedilatildeo adequada do tempo verbal Em geral na seccedilatildeo resultados utiliza-se o tempo no passado por exemplo ldquoA meacutedia de idade foirdquo No entanto quando os autores fazem referecircncia a tabelas graacuteficos ou figuras o tempo verbal permanece no presente como no exemplo ldquoAbaixo demonstramos as caracteriacutesticas demograacuteficas e cliacutenicas dos pacientesrdquo (MEO 2018)
Deve-se ainda utilizar a mesma nomenclatura ao longo de todo o artigo Por exemplo os nomes dos grupos de pacientes ou o nome de alguma variaacutevel devem ser os mesmos em todas as seccedilotildees do manuscrito O leitor natildeo deve ter duacutevidas a esse respeito (KOTZ CALS 2013)
Ao final da redaccedilatildeo sugere-se a releitura do material escrito para avaliar a fluidez do texto e a existecircncia de alinhamento entre a seccedilatildeo meacutetodos e a seccedilatildeo resultados
52 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
54 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS EM TABELAS E FIGURAS
Alguns autores recomendam que os pesquisadores devam iniciar a redaccedilatildeo da seccedilatildeo resultados apoacutes a confecccedilatildeo das tabelas e figuras Para eles isso tornaraacute mais faacutecil a integraccedilatildeo de todos os elementos no texto (BAHADORAN et al 2019) No entanto natildeo haacute uma foacutermula ou roteiro certo para todos Se o pesquisador jaacute tiver um estilo de escrita no qual ele inicie pelo texto e que culmine em resultados bem apresentados natildeo haacute motivo para mudar sua teacutecnica
Em geral as tabelas contecircm os seguintes elementos baacutesicos nuacutemero e tiacutetulo da tabela cabeccedilalho das linhas e colunas espaccedilo para os dados e rodapeacute Entre esses elementos destaca-se a importacircncia do tiacutetulo que deve ser atrativo e informar o toacutepico estudado e natildeo apenas repetir as variaacuteveis descritas (BAHADORAN et al 2019 KOTZ CALS 2013) Por exemplo em um graacutefico utilizado para demonstrar a reduccedilatildeo da hemoglobina glicada em pacientes diabeacuteticos submetidos a um tratamento com o medicamento X em vez de colocar o tiacutetulo ldquoMudanccedila da hemoglobina glicadardquo o tiacutetulo mais adequado seria ldquoEfeito do tratamento do medicamento X sobre a hemoglobina glicada de diabeacuteticosrdquo
Uma caracteriacutestica deve ser comum a todas as tabelas e figuras ambas devem ser autoexplicativas sendo o leitor capaz de compreendecirc-las sem recorrer ao texto Para isso o autor pode realizar um teste para identificar a adequaccedilatildeo delas solicitando que um colega que natildeo conheccedila o estudo leia as tabelas e os graacuteficos verificando se a compreensatildeo de seu conteuacutedo eacute possiacutevel sem a leitura do texto (KOTZ CALS 2013)
Outra caracteriacutestica comum de tabelas e figuras eacute a de que ambas devem estar relacionadas com o texto natildeo devendo ser inseridas sem que tenham relaccedilatildeo com os resultados apresentados textualmente Isso torna a leitura fluida e facilita a compreensatildeo (KOTZ CALS 2013)
As tabelas podem apresentar os seguintes tipos de dados caracteriacutesticas cliacutenicas e soacutecio-demograacuteficas dos grupos do estudo resultados de exames laboratoriais comparaccedilatildeo entre grupos entre outros Nenhuma ceacutelula da tabela pode estar vazia Caso o dado natildeo esteja disponiacutevel utiliza-se o preenchimento com alguma sigla cujo significado deveraacute estar especificado nas abreviaccedilotildees da tabela por exemplo ldquoND natildeo disponiacutevelrdquo (BAHADORAN et al 2019 MEO 2018)
As figuras devem reforccedilar visualmente os achados do estudo facilitando a interpretaccedilatildeo das anaacutelises estatiacutesticas e dos resultados encontrados (PEREIRA 2013) Para isso os pesquisadores podem utilizar graacuteficos fotografias diagramas fluxogramas entre outros
Os graacuteficos podem ser empregados para demonstrar tendecircncias ou relaccedilotildees entre as variaacuteveis (BAHADORAN et al 2019 KOTZ CALS 2013) A escolha do tipo de graacutefico tambeacutem eacute de fundamental importacircncia e novamente depende da natureza
Resultados 53
do que se deseja apresentar (PEREIRA 2013 VOLPATO 2007) Os graacuteficos de linha satildeo utilizados para mostrar tendecircncias e natildeo devem ser utilizados se a sequecircncia de ordenaccedilatildeo do eixo da abscissa puder ser aleatoacuteria (DURBIN 2014 VOLPATO 2007) os graacuteficos de barras para comparaccedilatildeo de variaacuteveis numeacutericas de diferentes grupos ao longo do tempo por exemplo Os graacuteficos de pizzas podem ser utilizados quando a intenccedilatildeo for de comparar proporccedilotildees de diferentes variaacuteveis nominais em relaccedilatildeo ao todo mas devem ser empregados com parcimocircnia (KOTZ CALS 2013) Com relaccedilatildeo ao layout das figuras recomendam-se cores mais fortes para se referir aos resultados principais por exemplo cores mais escuras para o grupo tratamento e cores mais fracas para o grupo controle em graacuteficos de barras
Em estudos cliacutenicos os fluxogramas satildeo muito empregados com a intenccedilatildeo de demonstrar o processo de seleccedilatildeo da amostra incluindo o nuacutemero e o motivo de exclusatildeo dos sujeitos ao longo da pesquisa bem como seus motivos e a caracterizaccedilatildeo dos grupos controle e de tratamento (BAHADORAN et al 2019) Em relatos de casos ou seacuteries de casos em doenccedilas raras fotografias dos pacientes ou dos exames de imagem tambeacutem podem ser utilizadas sempre respeitando os aspectos eacuteticos que envolvem a utilizaccedilatildeo de imagens de pacientes (KOTZ CALS 2013) Por fim eacute importante lembrar que os pesquisadores devem elaborar as tabelas e as figuras com esmero sob o risco de recusa para a aceitaccedilatildeo de artigos caso tais elementos sejam mal elaborados (BAHADORAN et al 2019)
Deve-se enfatizar que o design das tabelas e das figuras deve estar adequado Isso confere credibilidade aos resultados do estudo (BAHADORAN et al 2019) Abaixo segue um quadro com dicas a serem utilizadas na confecccedilatildeo de tabelas e figuras (quadro 51)
Quadro 51 mdash Dicas para a elaboraccedilatildeo de tabelas em textos cientiacuteficos
Enumere e decirc tiacutetulos para todas as tabelas e figuras Evite usar figuras abreviaccedilotildees nos tiacutetulos das tabelasInclua legendas curtas que expliquem os dados incluiacutedosNatildeo sobrecarregue o tiacutetulo com detalhesInclua as tabelas e as figuras o mais proacuteximo possiacutevel do local em que ele foi citado pela primeira vez no textoContextualize os resultados das tabelas e figuras ao longo do textoUniformize a aparecircncia de todas as tabelas e figuras Use notas de rodapeacute para explicar quaisquer dados incertosConfira se a tabela eacute autoexplicativa
Nota Adaptado de Bahadoran et al 2019
54 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por fim apresentamos abaixo exemplos de tabelas e graacuteficos utilizados em outras produccedilotildees dos editores (figuras 51 e 52)
Figura 51 mdash Exemplo de tabela e seus elementos baacutesicos publicados em um artigo cientiacutefico (adaptado de Ponte et al 2018)
Resultados 55
Figura 52 mdash Exemplo de figura publicada em um artigo cientiacutefico (adaptado de Ponte et al 2019)
55 ERROS FREQUENTES DA SECcedilAtildeO RESULTADOS
Abaixo elencamos os principais erros cometidos pelos pesquisadores ao longo da escrita dos resultados de uma pesquisa (BAHADORAN et al 2019 FOOTE 2009)
bull discutir os resultados ainda na seccedilatildeo resultados e natildeo na seccedilatildeo discussatildeo
bull natildeo apresentar resultados que respondam a todos os objetivos da pesquisardquo
bull fornecer apenas os dados mas natildeo os resultados da pesquisa (ou seja a interpretaccedilatildeo ou a anaacutelise desses dados) ou o contraacuterio
bull desalinhamento organizacional e de conteuacutedo entre a seccedilatildeo material e meacutetodos e a seccedilatildeo resultados
bull escolha inadequada da forma de apresentaccedilatildeo dos resultados e dados ou
56 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
seja empregar texto quando deveria utilizar tabelas ou figuras ou o contraacuterio
bull repeticcedilatildeo inadequada nos achados na forma de texto e tabelas ou figuras (embora a apresentaccedilatildeo do mesmo achado seja possiacutevel a partir de texto e tabela desde que seja de uma forma natildeo repetitiva e com o objetivo de ressaltar um achado muito importante do estudo)
bullutilizaccedilatildeo de tabelas e figuras mal elaboradas
56 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A escrita adequada da seccedilatildeo resultados tem como elementos fundamentais a precisatildeo concisatildeo e clareza sendo a criatividade dos autores o elemento fundamental no julgamento da melhor maneira de apresentaccedilatildeo dos achados O objetivo maior deve ser o de uma comunicaccedilatildeo cientiacutefica eficaz para outros pesquisadores e estudiosos Para isso algumas formalidades satildeo necessaacuterias e devem estar presentes nesta seccedilatildeo da produccedilatildeo cientiacutefica com o intuito de aumentar a confiabilidade dos achados apresentados
Resultados 57
REFEREcircNCIAS
ANNESLEY TM Clinical Chemistry Guide to Scientific Writing Clinical Chemistry [S l] v 56 n 3 p 331-497 2010 Disponiacutevel em httpspdfssemanticscholarorg191845a1da9dc1c376bddd3744ba30197d4a88a3pdf_ga=21642126024123063401603328335-14644782561603328335 Acesso em 19 out 2020
ARAUacuteJO C G S Detailing the writing of scientific manuscripts 25-30 paragraphs Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v 102 n 2 p e21-e23 fev 2014Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC3987331 Acesso em 09 abr 2020
BAHADORAN Z et al The principles of biomedical scientific writings results Int J Endocrinol Metab Tehran v 17 n 2 p e92113 abr 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31372173 Acesso em 09 abr 2020
CAMPOS JM et al Manual praacutetico de pesquisa cliacutenica da graduaccedilatildeo agrave poacutes-graduaccedilatildeo Satildeo Paulo Thieme Revinter 2016
DURBIN JR CG Effective use of tables and figures in abstracts presentations and papers Respir Care Philadelphia v 49 n 10 p 1233-1237 out 2004Disponiacutevel em httpwwwrcjournalcomcontents100410041233pdf Acesso em 09 abr 2020
FOOTE M The proof of the pudding how to report results and write a good discussion Chest Chicago v 135 n 3 p 866-868 2009 Disponiacutevel em httpronbunjpchestpdf34pdf Acesso em 09 abr 2020
KOTZ D CALS J W L Effective writing and publishing scientific papers part VII tables and figures J Clin Epidemiol New York v 66 n 11 1197 2013 Disponiacutevel em httpswwwjclinepicomactionshowPdfpii=S0895-435628132900192-3 Acesso em 09 abr 2020
58 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
MEO S A Anatomy and physiology of a scientific paper Saudi J Biol Sci Riyadh v 25 n 7 p 1278-1283 nov 2018 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6252020 Acesso em 09 abr 2020
PEREIRA MG A seccedilatildeo de resultados de um artigo cientiacutefico Epidemiol Serv Sauacutede Brasiacutelia v 22 n 3 p 537-538 abrjun 2013Disponiacutevel em httpscieloiecgovbrpdfessv22n2v22n2a17pdf Acesso em 09 abr 2020
PONTE C M M et al Early commitment of cardiovascular autonomic modulation in Brazilian patients with congenital generalized lipodystrophy BMC Cardiovasc Disord [S l] v 18 n 1 p 6 jan 2018
PONTE C M M et al Association between cardiovascular autonomic neuropathy and left ventricular hypertrophy in young patients with congenital generalized lipodystrophy Diabetol Metab Syndr [S l] v 11 n 53 p 1-10 jul 2019
SNYDER N et al How to write an effective results section Clin Spine Surg Hagerstown v 32 n 7 p 295-296 ago 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31145152 Acesso em 09 abr 2020
VOLPATO GL Como escrever um artigo cientiacutefico Anais da Academia Pernambucana de Ciecircncia Agronocircmica Recife v 4 p 97-115 2007Disponiacutevel em httpwwwjournalsufrpebrindexphpapcaarticleview9390 Acesso em 09 abr 2020
59
6ESCREVENDO A DISCUSSAtildeO E A CONCLUSAtildeO
Vitoacuteria Costa LimaLaura da Silva Giratildeo Lopes
ldquoA razatildeo natildeo eacute toda poderosa eacute uma trabalhadora tenaz opinativa cautelosa criacutetica implacaacutevel disposta a ouvir e a discutir arriscadardquo
Karl Popper
61 INTRODUCcedilAtildeO
Essa frase de Karl Popper considerado um dos maiores filoacutesofos da ciecircncia do seacuteculo XX eacute bem apropriada para se iniciar o debate acerca da seccedilatildeo de discussatildeo dos artigos cientiacuteficos Nela o filoacutesofo nega o poder como uma caracteriacutestica da razatildeo cientiacutefica e delimita algumas caracteriacutesticas fundamentais ao cientista disposiccedilatildeo ao trabalho aacuterduo criticidade e acima de tudo capacidade de discutir ideias que consiste na principal atividade do pesquisador durante a elaboraccedilatildeo da discussatildeo de seus manuscritos
62 ELABORANDO A DISCUSSAtildeO
Ao se chegar agrave discussatildeo chega-se quase ao final do artigo Trata-se da parte do texto que mais identifica os autores chamada por alguns como o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo (REYES 2019) uma vez que nessa seccedilatildeo os pesquisadores podem e devem elaborar teorias a partir dos resultados encontrados em suas pesquisas Portanto a discussatildeo eacute a parte ldquovivardquo do artigo em que a partir dos resultados obtidos e jaacute apresentados os autores descreveratildeo os seus argumentos considerando a sua expertise no assunto A argumentaccedilatildeo cientiacutefica portanto parte de uma experiecircncia ampla sobre o objeto de estudo o que permite a interpretaccedilatildeo dos resultados encontrados e por conseguinte a escrita da discussatildeo do artigo
Ao escrever a discussatildeo os autores devem responder agraves perguntas feitas por muitos revisores de revistas cientiacuteficas ldquoQual a relevacircncia dos achados para aquela aacuterea especiacuteficardquo ou ldquoQual o ganho para a comunidade cientiacutefica da publicaccedilatildeo do
60 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
seu artigordquo (BALCH 2018) Sendo capaz de responder a elas de maneira adequada o pesquisador estaraacute apto a escrevecirc-la
Apesar de ser o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo a discussatildeo natildeo deve conter opiniotildees pessoais dos autores e sim argumentos loacutegicos e contundentes acerca do tema Natildeo cabe aos autores convencer os leitores de que suas ideias satildeo verdades absolutas mas sim transmitir seus argumentos loacutegicos promovendo um debate cientiacutefico (BALCH 2018) Uma discussatildeo bem redigida permitiraacute que o pesquisador atinja o principal objetivo de uma produccedilatildeo cientiacutefica que eacute a comunicaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo dos resultados de sua pesquisa para a comunidade cientiacutefica
63 ESCREVENDO A CONCLUSAtildeO
A conclusatildeo sucede a discussatildeo sendo uma parte breve que finaliza o artigo poreacutem de extrema importacircncia Nela os autores retomam os objetivos e respondem de maneira clara e sucinta agraves perguntas elaboradas no iniacutecio do estudo (REYES 2019)
A depender da revista cientiacutefica a conclusatildeo pode estar incorporada na discussatildeo devendo o seu uacuteltimo paraacutegrafo ser reservado para isso Esse paraacutegrafo final deve responder ao objetivo principal do estudo A lacuna de conhecimento contida na pergunta inicial motivadora do estudo deveraacute ser devidamente esclarecida neste momento por meio de um texto sinteacutetico e claro Natildeo se recomenda a mera repeticcedilatildeo de frases anteriormente utilizadas no texto
64 ALGUMAS FORMALIDADES NECESSAacuteRIAS
Como todas as demais seccedilotildees do artigo cabem aqui algumas formalidades necessaacuterias agrave redaccedilatildeo da discussatildeo e da conclusatildeo do seu manuscrito as quais conferem a caracteriacutestica de artigo cientiacutefico a esse gecircnero textual
bull Organize a discussatildeo como uma piracircmide invertida inicie os argumentos acerca dos resultados mais gerais e soacute depois comece a discutir os mais especiacuteficos (VOLPATO 2019)
bull Observe a distribuiccedilatildeo dos tamanhos de cada seccedilatildeo do seu artigo A discussatildeo natildeo deve exceder o tamanho da soma das outras seccedilotildees (introduccedilatildeo meacutetodos resultados) Recomendam-se no maacuteximo seis ou sete paraacutegrafos no seu total (NATHA 2014)
bull Evite frases que se iniciem por ldquoNoacutesrdquo Isso pode ser justificado pelo princiacutepio de que se devem evitar palavras desnecessaacuterias no artigo cientiacutefico (NATHA 2014) Apesar de o uso da primeira pessoa ter o objetivo de enfatizar um argumento do ponto de vista gramatical a frase ldquoNoacutes demonstramos querdquo poderia ser substituiacuteda por ldquoDemonstramos querdquo sem nenhum prejuiacutezo de significado
Resultados 61
bull Utilize o tempo verbal no presente quando estiver expondo os dados de seu estudo bem como seus argumentos Somente utilize o tempo verbal no passado quando estiver comentando os dados de outros autores (VOLPATO 2019)
bull Embora se utilize bastante a voz passiva ou impessoal como ldquodemonstrou-se querdquo a tendecircncia atual eacute utilizar a voz ativa na primeira pessoa do plural (REYES 2019) como ldquodemonstramos querdquo Isso tornaraacute a leitura de seu texto mais fluida A voz ativa traz uma mensagem direta e de mais faacutecil leitura
bull Natildeo seja repetitivo Os resultados de seu estudo jaacute foram apresentados na seccedilatildeo destinada para tal portanto apesar de retomar os principais achados do estudo a discussatildeo natildeo deve promover uma repeticcedilatildeo de resultados (HONG 2014)
bull Elabore sua discussatildeo respeitando a ordem dos achados apresentados na seccedilatildeo ldquoResultadosrdquo ou seja discuta-os utilizando a ordem em que eles aparecem Evite discutir no mesmo paraacutegrafo diferentes resultados a natildeo ser que eles estejam correlacionados entre si Isso facilitaraacute o entendimento pelo leitor Lembre-se nem sempre o leitor tem ampla experiecircncia no assunto O artigo deve estar direcionado a pessoas interessadas em seu conteuacutedo e natildeo necessariamente a experts (VOLPATO 2019)
bull Evite frases e paraacutegrafos longos A frase natildeo deve conter mais do que 25 a 30 palavras em prol da fluidez do texto (NATHA 2014)
bull Utilize palavras que faccedilam conexotildees entre os paraacutegrafos Isso tornaraacute o texto mais fluido (OSHIRO 2020)
bull Evite o uso de jargotildees que muitas vezes restringem a comunicaccedilatildeo a um grupo especiacutefico de leitores Lembre-se de que o objetivo eacute a comunicaccedilatildeo tornando seus argumentos disponiacuteveis a diferentes indiviacuteduos interessados no assunto (VOLPATO 2019)
bull Natildeo utilize linguagem informal Apesar de a discussatildeo ser o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo contendo assim argumentos dos autores trata-se de um artigo cientiacutefico (REYES 2019)
bull Evite frases que possam ser interpretadas pelo leitor como pretensiosas Afinal toda conclusatildeo cientiacutefica eacute necessariamente provisoacuteria embora deva ser aceita se natildeo puder rejeitaacute-la A leitura agradaacutevel natildeo apresenta demonstraccedilotildees de autoridade (BALCH 2014) Seu estudo inclui uma amostra e mesmo que seja substancial em termos numeacutericos seus achados natildeo necessariamente podem ser extrapolados para toda a populaccedilatildeo (RUIZ 2016)
62 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
65 ORGANIZANDO A DISCUSSAtildeO DO COMECcedilO AO FIM
Segundo Volpato (2019) caso a conclusatildeo esteja alocada em uma seccedilatildeo separada sugere-se estruturar a discussatildeo em cinco paraacutegrafos conforme apresentado adiante Mas natildeo se deve esquecer eacute fundamental o planejamento da escrita antes de sua execuccedilatildeo Isso facilitaraacute a conectividade entre os paraacutegrafos aspecto fundamental jaacute descrito aqui
Para esse autor a discussatildeo deve ser iniciada com a retomada para o leitor da lacuna de conhecimento que seu manuscrito deseja preencher Deve-se relembrar ao leitor a pergunta que motivou seu estudo No entanto conveacutem evitar a repeticcedilatildeo de frases jaacute utilizadas na introduccedilatildeo do artigo
Logo apoacutes no segundo paraacutegrafo os resultados principais devem ser apresentados de maneira sumaacuteria bem como seu significado e implicaccedilotildees com o intuito de demonstrar o quanto o manuscrito seraacute capaz de fazer o conhecimento avanccedilar Natildeo devem ser repetidos os detalhes que podem ser encontrados na seccedilatildeo ldquoresultadosrdquo Deve-se evitar a repeticcedilatildeo dos dados quantitativos a natildeo ser que isso aumente seu poder argumentativo A contraposiccedilatildeo com os dados da literatura pode ser feita para cada resultado discutido facilitando assim a construccedilatildeo do argumento em torno das diferenccedilas ou semelhanccedilas entre seus achados e os dos demais autores
Eacute importante que dados da literatura que satildeo discordantes sejam tambeacutem apresentados (SANLI 2013) Pouco ou nenhum conhecimento cientiacutefico tem unanimidade ou homogeneidade em seus aspectos o que faz que os editores das revistas natildeo vejam com ldquobons olhosrdquo discussotildees que contenham apenas dados concordantes citados pelos autores
No terceiro paraacutegrafo eacute importante discutir os resultados mais especiacuteficos As especulaccedilotildees devem ser feitas e esperadas pelo leitor interessado em ampliar seu conhecimento sobre o assunto Natildeo se deve limitar apenas ao oacutebvio Os resultados devem ser explorados de maneira adequada caso contraacuterio mesmo que dados interessantes estejam presentes no estudo natildeo levaratildeo a uma ampliaccedilatildeo adequada do conhecimento
As limitaccedilotildees do estudo devem estar apontadas no quarto paraacutegrafo inclusive em tamanho amostral capacidade de generalizaccedilatildeo dos resultados e possiacuteveis vieses presentes Aleacutem das limitaccedilotildees deve-se refletir o quanto isso pode ter alterado os resultados encontrados Os pontos positivos tambeacutem podem ser ressaltados e geralmente satildeo descritos em relaccedilatildeo a outros estudos da literatura sobre o mesmo tema
A discussatildeo eacute frequentemente encerrada com um paraacutegrafo uacuteltimo que costuma destacar as direccedilotildees futuras sobre o tema bem como a necessidade de outros estudos ou mesmo inovaccedilotildees em evoluccedilatildeo Dificilmente as lacunas do conhecimento
Resultados 63
satildeo esgotadas com os estudos existentes e agrave medida que se avanccedila no conhecimento novas lacunas satildeo criadas havendo a necessidade constante de continuaccedilatildeo daquela linha de pesquisa Abaixo eacute sintetizada uma sugestatildeo para a estrutura da discussatildeo (quadro 61)
Quadro 61 mdash A estrutura da discussatildeo em cinco paraacutegrafos
1deg paraacutegrafo Retome a lacuna do conhecimento que se relaciona com o objetivo principal do estudo
2deg paraacutegrafo Interprete o resultado principal compare com os dados da literatura e elabore justificativas para as semelhanccedilasdiferenccedilas
3deg paraacutegrafo Comente os outros resultados respeitando a ordem em que eles estatildeo dispostos na seccedilatildeo especiacutefica
4deg paraacutegrafo Aponte as limitaccedilotildees e os dados positivos do estudo
5deg paraacutegrafo Especule as possiacuteveis inovaccedilotildees no futuro bem como a necessidade de outros estudos acerca do tema
66 ERROS FREQUENTEMENTE ENCONTRADOS NA DISCUSSAtildeO
Diante da dificuldade da escrita da discussatildeo seratildeo descritos os erros mais frequentemente encontrados nessa seccedilatildeo
bull Pobreza de argumentaccedilatildeo loacutegica e de especulaccedilotildees com conteuacutedo focado apenas em comparaccedilotildees com os dados de outros estudos da literatura
bull Discussatildeo de resultados em ordem diferente e aleatoacuteria sem seguir a sequecircncia apresentada nos resultados dificultando o entendimento
bull Abordagem de aspectos importantes relacionados ao tema mas que natildeo foram pesquisados no estudo em questatildeo (natildeo se trata de um artigo de revisatildeo)
bull Pouca relaccedilatildeo de conectividade da discussatildeo com as demais partes do manuscrito
bull Falta de alinhamento da discussatildeo com os objetivos do estudo
64 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
67 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A escrita da discussatildeo pressupotildee uma larga experiecircncia sobre o tema estudado um cenaacuterio pouco provaacutevel entre jovens pesquisadores especialmente entre alunos de graduaccedilatildeo Isso justifica a dificuldade para a redaccedilatildeo da discussatildeo comumente observada nesse grupo Assim a leitura abundante sobre o tema e a vivecircncia com o assunto ao longo da coleta dos dados do estudo tornam-se fundamentais para a elaboraccedilatildeo da discussatildeo do manuscrito
Resultados 65
REFEREcircNCIAS
BALCH C M et al Steps to getting your manuscript published in a high-quality medical journal Ann Surg Oncol New York v 25 n 4 p 850-855 2018 Disponiacutevel em httpslinkspringercomcontentpdf1012452Fs10434-017-6320-6pdf Acesso em 09 abr 2020
HONG S T Ten tips for authors of scientific articles J Korean Med Sci Seoul v 29 n 8 p 1035-1037 ago 2014 Disponiacutevel em httpswwwresearchgatenetpublication264793318_Ten_Tips_for_Authors_of_Scientific_Articles Acesso em 09 abr 2020
NATHA R How to write a strong discussion in scientific manuscripts BioScience [S l] maio 2014 Disponiacutevel em httpswwwbiosciencewriterscomHow-to-Write-a-Strong-Discussion-in-Scientific-Manuscriptsaspx Acesso em 09 abr 2020
OSHIRO J et al Going beyond ldquonot enough timerdquo barriers to preparing manuscripts for Academic Medical Journals Teach Learn Med Philadelphia v 32 n 1 p 71-81 janmar 2020 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31530189 Acesso em 09 abr 2020
REYES B H Coacutemo tener eacutexito al empezar a publicar en revistas meacutedicas Consideraciones para autores inexpertos que podriacutean interesar tambieacuten a los expertos Rev Med Chile Santiago v 147 n 2 p 238-242 2019 Disponiacutevel em httpsscieloconicytclpdfrmcv147n20717-6163-rmc-147-02-0238pdf Acesso em 09 abr 2020
RUIZ A G et al Manual praacutetico de pesquisa cientiacutefica da graduaccedilatildeo agrave poacutes graduaccedilatildeo Rio de Janeiro Revinter 2016
SANLI O ERDEM S TEFIK T How to write a discussion section Turk J Urol Istanbul v 39 p 20-24 2013 Supl 1 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC4548568pdftju-39-supp-20pdf Acesso em 09 abr 2020
VOLPATO G L Meacutetodo loacutegico da redaccedilatildeo cientiacutefica 2 ed Satildeo Paulo Best Wrintiing 2017
67
7COMO DEFINIR O TIacuteTULO
Eacuterika Suyane Freire SilvaClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoSe nem o tiacutetulo estimula a leitura imagine o restante do textordquo
Medeiros amp Tomasi
71 COMO DEFINIR O TIacuteTULO
O tiacutetulo eacute a primeira impressatildeo de um projeto de pesquisa ou artigo cientiacutefico Eacute a parte da produccedilatildeo acadecircmica mais lida e difundida e por isso haacute a necessidade de esmero para sua elaboraccedilatildeo Nota-se uma grande tendecircncia da sociedade cientiacutefica em otimizar o seu tempo na triagem de seus objetos de estudo em face da grande quantidade de publicaccedilotildees na literatura cientiacutefica Logo eacute por meio do tiacutetulo que se ldquoconquistardquo a atenccedilatildeo do leitor Eacute por ele que se comeccedila a convencer o parecerista o revisor ou o editor a aceitaram determinado projeto ou artigo
Natildeo eacute incomum que a preocupaccedilatildeo dos pesquisadores se volte principalmente agrave elaboraccedilatildeo de outros elementos do trabalho em detrimento da seleccedilatildeo e maturaccedilatildeo de um bom tiacutetulo No entanto o tiacutetulo eacute um elemento fundamental sendo um grande diferencial para a posterior adesatildeo agrave leitura integral de determinada produccedilatildeo
72 ESCREVENDO O TIacuteTULO
O tiacutetulo tem como principal atribuiccedilatildeo revelar de maneira precoce clara e concisa a ideia central da produccedilatildeo devendo ser pensado de maneira a despertar a curiosidade sem causar impressatildeo de prolixidade ou rebuscamento (MEDEIROS amp TOMASI 2017) Para isso idealmente deve conter o tema da pesquisa (o que foi investigado) a abrangecircncia (populaccedilatildeo local e tempo) e o delineamento do estudo (meacutetodo da pesquisa) (quadro 71) Opcionalmente tiacutetulos de artigos cientiacuteficos podem conter os resultados encontrados na pesquisa (CAVALCANTI 2015) Essa estrateacutegia pode poupar tempo dos leitores e direcionaacute-los para a leitura completa do trabalho
68 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 71 mdash Elementos que devem estar presentes no tiacutetulo
bull Tema bull Populaccedilatildeobull Localbull Tempo (opcional)
bull Meacutetodobull Resultado (sua presenccedila
no tiacutetulo ainda eacute discutida por alguns autores)
O tiacutetulo deve ser curto e informar exatamente o conteuacutedo do trabalho atendo-se agraves variaacuteveis teoacutericas Deve-se evitar a utilizaccedilatildeo excessiva de adjetivos adveacuterbios abreviaturas jargotildees teacutecnicos ou palavras muito especiacuteficas de determinada aacuterea (VOLPATO 2007) Eacute preferiacutevel usar tiacutetulos simples e concisos a tiacutetulos figurados e elegantes mas pouco esclarecedores Devem ser excluiacutedas informaccedilotildees que natildeo sejam fundamentais para tal feito
Algumas perguntas podem ajudar os escritores para a elaboraccedilatildeo dos tiacutetulos de seus trabalhos acadecircmicos (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
bull O tiacutetulo traduz o conteuacutedo exposto no texto Informa sobre a sua originalidade e destaca os pontos importantes
bull Eacute possiacutevel escrevecirc-lo em outras palavras deixando-o mais claro mais preciso
bull Eacute possiacutevel eliminar alguma palavra e tornaacute-lo mais enxuto mas conciso
bull Eacute possiacutevel tornaacute-lo mais contundente mais interessante
O tiacutetulo pode ser escrito como uma frase em que se mostra o objetivo da pesquisa ou a conclusatildeo principal Pode tambeacutem ser em forma de pergunta indicando o problema da pesquisa A construccedilatildeo de tiacutetulos na qual aparecem apenas as variaacuteveis investigadas natildeo eacute muito recomendada pois tem conteuacutedo explicativo menor que as outras formas (VOLPATO 2007)
Embora seja a parte inicial de um trabalho acadecircmico o momento mais oportuno para a elaboraccedilatildeo do tiacutetulo eacute ao final da escrita de todas as demais partes do texto No entanto caso o tiacutetulo seja escolhido nas fases iniciais da redaccedilatildeo este deve ser visto como provisoacuterio que pode ser alterado de acordo com o andamento e o conteuacutedo do estudo quantas vezes forem necessaacuterias ateacute que se atinja um resultado satisfatoacuterio (KOLLER COUTO HOHENDORFF 2014)
Como Definir o Tiacutetulo 69
A seguir alguns exemplos de tiacutetulos (dados proacuteprios)
PROJETOS
bull Controle glicecircmico intra-hospitalar em pacientes natildeo criticamente enfermos internados em hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute
bull Estudo ecocadiograacutefico da funccedilatildeo ventricular esquerda de pacientes com lipodistrofia generalizada congecircnita por meio da teacutecnica de speckle tracking bidimensional
bull Caracteriacutesticas cliacutenicas e epidemioloacutegicas de idosos com fraturas internados em um hospital de referecircncia em trauma em Fortaleza
ARTIGOS
bull Thyroid Stimulating Hormone Reference Interval in Healthy Adults from Fortaleza-CE Population
bull Early Commitment of Cardiovascular Autonomic Modulation in Brazilian Patients with Congenital Generalized Lipodystrophy
bull Association between Cardiovascular Autonomic Neuropathy and Left Ventricular Hypertrophy in Young Patients with Congenital Generalized Lipodystrophy
Finalmente conveacutem lembrar que a maioria dos artigos natildeo eacute sequer lida porque os leitores os rejeitam a partir do tiacutetulo (VOLPATO 2007) Eacute pelo tiacutetulo que se comeccedila a convencer o editor a publicar seu artigo ou o parecerista a aprovar o seu projeto Eacute importante natildeo esquecer que raramente haacute uma segunda oportunidade de causar boa impressatildeo e a primeira boa impressatildeo sobre um trabalho pode estar justamente no tiacutetulo de seu texto (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
70 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G et al Definindo o tiacutetulo de um projetoIn CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015cap 3 p 35-37
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
VOLPATO G L Como escrever um artigo cientiacutefico Anais da Academia Pernambucana de Ciecircncia Agronocircmica Recife v 4 p 97-115 2007 Disponiacutevel em httpwwwjournalsufrpebrindexphpapcaarticleview9390 Acesso em 20 set 2019
71
8COMO REDIGIR O RESUMO
Roberta Lopes RibeiroClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoPor vezes um bom resumo pode dizer mais sobre um
romance do que um livro de duzentas paacuteginasrdquo
Umberto Eco
A elaboraccedilatildeo do resumo de uma produccedilatildeo cientiacutefica eacute uma fase extremamente relevante pois eacute ele que fornece os pontos mais importantes abordados no desenvolvimento do trabalho e provecirc juntamente com o tiacutetulo a primeira impressatildeo do estudo apresentado Depois do tiacutetulo o resumo eacute a parte do artigo que seraacute mais lida e consiste em uma exposiccedilatildeo integral e concisa de todos os elementos da produccedilatildeo Desse modo precisa ser escrito de maneira objetiva sem deixar de ressaltar os detalhes essenciais do estudo (REIZ 2013)
O resumo deve permitir que os leitores tenham uma ideia geral sobre o estudo e possam escolher por meio dessas informaccedilotildees baacutesicas se leratildeo ou natildeo o trabalho na iacutentegra Aleacutem da funccedilatildeo de despertar o interesse das pessoas o resumo eacute utilizado para a indexaccedilatildeo dos artigos nas bases de dados eletrocircnicas por meio das palavras-chave ou descritores Assim o resumo deve refletir de maneira acurada o conteuacutedo do artigo e ser fundamental para o atual processo de busca e seleccedilatildeo de literatura cientiacutefica nas bases de dados cientiacuteficas disponiacuteveis (KOLLER COUTO HOHENDORFF 2014)
De modo habitual o resumo eacute o uacutenico elemento recuperado eou revisado nas bases de dados o que determina a sua importacircncia para a difusatildeo do conhecimento no meio acadecircmico e para a seleccedilatildeo dos trabalhos pelos pareceristas de agecircncias de fomento ou revistas cientiacuteficas bem como pelos demais pesquisadores interessados em determinado tema (ALENCAR 2015) Desse modo quando ele eacute bem redigido iraacute cativar os leitores para obter a coacutepia integral do manuscrito Caso o resumo seja mal escrito a pesquisa poderaacute ser banalizada e esquecida pelo leitor que logo iraacute agrave procura de outro trabalho com melhor apresentaccedilatildeo (SOUSA DRIESSNACK
72 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
FLOacuteRIA-SANTOS 2006)
O tamanho do resumo eacute uma decisatildeo que cabe ao editor ou conselho editorial do perioacutedico ou agecircncia de fomento De maneira geral existe uma limitaccedilatildeo para o uso de 200 a 300 palavras escritas em um uacutenico paraacutegrafo No texto devem-se incluir de forma sucinta as informaccedilotildees relacionadas agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica agrave justificativa ao objetivo e aos meacutetodos da pesquisa No caso de resumos de artigos cientiacuteficos satildeo acrescidos ainda os resultados e as conclusotildees ou consideraccedilotildees finais
O quadro 81 apresenta as etapas para a preparaccedilatildeo de resumos de artigos cientiacuteficos originais Os quadros 81 e 82 mostram exemplos de resumos na liacutengua portuguesa e inglesa respectivamente
Figura 81 mdash Etapas para a preparaccedilatildeo de resumos de artigos cientiacuteficos originais (Adaptado de Reiz 2013)
Como Redigir o Resumo 73
Quadro 81 mdash Exemplo de resumo em liacutengua portuguesa (dados proacuteprios)
CONTROLE GLICEcircMICO INTRA-HOSPITALAR EM PACIENTES NAtildeO CRITICAMENTE ENFERMOS INTERNADOS EM HOSPITAIS TERCIAacuteRIOS DO ESTADO DO CEARAacute
INTRODUCcedilAtildeO a hiperglicemia intra-hospitalar (HIH) agrava a evoluccedilatildeo das doenccedilas coexistentes e aumenta a mortalidade No entanto a importacircncia da HIH eacute frequentemente subestimada O objetivo deste estudo foi avaliar o manejo do controle glicecircmico intra-hospitalar em pacientes natildeo criticamente enfermos internados em hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute MEacuteTODOS trata-se de um estudo transversal realizado em trecircs hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute Foram avaliados os pacientes internados nas unidades de enfermarias com idade acima de 18 anos que apresentaram hiperglicemia (glicemia plasmaacutetica aleatoacuteria gt 140 mgdL) ou diagnoacutestico preacutevio de diabetes mellitus (DM) (autorrelato) RESULTADOS foram avaliados 124 pacientes com idade 571 plusmn 167 anos sendo 84 (677) do sexo masculino Setenta e oito pacientes (629) apresentavam diagnoacutestico preacutevio de DM O monitoramento da glicemia capilar foi realizado na maioria dos pacientes (122 984) sendo mais frequentemente realizadas as medidas de glicemias preacute-prandiais 4xdia (75 605) Suporte nutricional para DMhiperglicemia foi prescrito para 73 (589) pacientes Quanto ao tratamento em 34 casos (274) natildeo havia qualquer medida prescrita para o manejo da HIH 20 (161) estavam em uso de antidiabeacuteticos orais (ADOs) e 86 (694) em uso de insulina Entre os usuaacuterios de insulina 46 (534) estavam em uso de insulina regular sob demanda 14 (163) em esquema basal prandial 21 (244) em esquema basal plus e 5 (58) apenas com insulina basal Hipoglicemia foi observada em 29 (238) pacientes e o protocolo para manejo da hipoglicemia estava prescrito em 92 (742) pacientes Medidas de educaccedilatildeo em DM durante o internamento foram relatadas por 37 (308) pacientes CONCLUSAtildeO o manejo da HIH natildeo seguiu protocolos padronizados o monitoramento da glicemia foi heterogecircneo e o uso de insulina regular sob demanda foi a principal forma de manejo Observou-se falta de suporte nutricional especiacutefico para o manejo da hipoglicemia e para medidas de educaccedilatildeo em diabetes Por meio desses achados pode-se especular que a implantaccedilatildeo de protocolos e de uma equipe especiacutefica para o manejo da HIH poderaacute melhorar este cenaacuterio
PALAVRAS-CHAVE Diabetes Mellitus Hiperglicemia de Estresse Controle Glicecircmico
74 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 82 mdash Exemplo de resumo (abstract) em liacutengua inglesa (dados proacuteprios)
ASSOCIATION BETWEEN CARDIOVASCULAR AUTONOMIC NEUROPATHY AND LEFT VENTRICULAR HYPERTROPHY IN YOUNG PATIENTS WITH CONGENITAL GENERALIZED LIPODYSTROPHY
BACKGROUND Congenital generalized lipodystrophy (CGL) is a rare disorder characterized by the absence of subcutaneous adipose tissue severe insulin resistance diabetes mellitus and cardiovascular complications including cardiac autonomic neuropathy (CAN) left ventricular hypertrophy (LVH) and atherosclerosis The present study aimed to access the association between CAN parameters and cardiovascular abnormalities in CGL patients METHODS A cross-sectional study was conducted with 10 CGL patients and 20 healthy controls matched for age sex BMI and pubertal stage We evaluated clinical laboratory and cardiovascular parameters including left ventricular mass index (LVMI) interventricular septum thickness (IVS) systolic and diastolic function determined using two-dimensional transthoracic echocardiographycarotid intimal media thickness (cIMT) cQT interval and heart rate variability (HRV) studyby spectral analysis components ndash high frequency (HF) low frequency (LF) very low frequency (VLF) LFHF ratio and total amplitude spectrum (TAS) ndash and cardiovascular reflexes tests (postural hypotension test respiratory orthostatic and Valsalva coefficients) RESULTS In CGL group four patients (40) had LVH and diastolic dysfunction CGL patients presented higher values of cIMT and cQT interval In CGL patients with LVH lower values of the HF component were observed indicating autonomic parasympathetic modulation impairment The LVMI correlated directly with systolic blood pressure (BP) drop in the postural test (r = 0835 p = 0002) and inversely with Valsalva (r = -0632 p = 0049) HF (r = -0887 p = 0001) and TAS (r = -0827 p = 0003) The IVS presented positive correlation with systolic BP drop in the postural test (r = 0764 p = 0010) and inverse correlation with HF (r = -0794 p = 0013) and TAS (r = -0656 p = 0039) There was a positive correlation between cIMT and LFHF ratio (r = 0707 p = 0022) CONCLUSION The association between increased LV mass and parameters of HRV provides possible speculations about the involvement of CAN in the pathophysiology of the cardiac complications including LVH in CGL patients
81 TEacuteCNICAS PARA A ESCRITA DE UM BOM RESUMO
Elaborar resumos eacute uma atividade essencial no universo acadecircmico-cientiacutefico e o conhecimento de alguns recursos literaacuterios pode ajudar nesse processo Resumir natildeo eacute meramente copiar as palavras do texto original reproduzindo trechos de um texto para outro por meio da simples substituiccedilatildeo de palavras (REIZ 2013) Durante a redaccedilatildeo de um resumo devem-se selecionar as ideias centrais dos paraacutegrafos eliminando conceitos repetidos e detalhados Preparar resumos envolve a capacidade de elaborar paraacutefrases ndash um recurso de interpretaccedilatildeo textual que consiste na reformulaccedilatildeo de um texto trocando as palavras e expressotildees originais mas mantendo a ideia central da informaccedilatildeo (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
O texto deve ser escrito utilizando-se a norma-padratildeo mantendo-se o argumento e o encadeamento das ideais apresentadas no texto original Segundo Reiz (2013) as principais recomendaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo de um resumo cientiacutefico
Como Redigir o Resumo 75
satildeo
bull resguardar fidelidade ao texto original
bull evitar redundacircncia de ideias ou palavras trazendo clareza e precisatildeo
bull apresentar os pontos principais da pesquisa dividindo-os nos toacutepicos introduccedilatildeo (tema e objetivo) meacutetodos resultados principais e conclusotildees
bull harmonizar objetivos e resultados encontrados
bull apresentar vocabulaacuterio amplo e diversificado
bull preferir frases curtas e uso de verbos na voz ativa
bull evitar o uso de adjetivos e adveacuterbios restringindo-os aos necessaacuterios
bull natildeo fazer citaccedilotildees diretas ou referecircncias a outros autores
bull revisar o texto repetidamente para se evitar incoerecircncias ortograacuteficas e gramaticais
bull seguir as orientaccedilotildees dos perioacutedicos ou agecircncias de fomento quanto agrave organizaccedilatildeo extensatildeo e nuacutemero de palavras-chave
Na construccedilatildeo do texto do resumo podem ser repetidas frases contidas em outras seccedilotildees do artigo No entanto essas informaccedilotildees devem ser reformuladas de forma concisa enquanto no corpo do manuscrito elas podem ser apresentadas de maneira mais detalhada
Durante a escrita eacute possiacutevel utilizar outros resumos como modelo com a finalidade de tentar reproduzir sistematicamente quais as informaccedilotildees que devem estar presentes e o que habitualmente os autores priorizam em suas redaccedilotildees Poreacutem eacute importante sempre manter o senso criacutetico para saber julgar se o resumo utilizado como modelo eacute realmente bem estruturado e redigido com a finalidade de natildeo tomar como base uma redaccedilatildeo de maacute qualidade
Geralmente o resumo deve ser escrito apoacutes a finalizaccedilatildeo de todo o manuscrito mas eacute comum alguns orientadores recomendarem a escrita de um resumo preliminar antes de se iniciar a redaccedilatildeo final uma vez que esse texto pode servir como um esboccedilo auxiliando na definiccedilatildeo da ideia central do trabalho a ser escrito e que deveraacute ser revisado ao final
O resumo deve ser escrito na liacutengua vernaacutecula devendo haver tambeacutem um resumo em liacutengua estrangeira geralmente o inglecircs A traduccedilatildeo do resumo para a liacutengua inglesa eacute um elemento essencial para permitir o maior alcance do trabalho a leitores que natildeo possuem domiacutenio do idioma no qual o trabalho foi escrito originalmente (MATIAS-PEREIRA 2012) Dessa maneira a probabilidade de o artigo ser utilizado por leitores diversos e consequentemente de ser citado eacute ampliada o que daraacute maior notoriedade e credibilidade ao trabalho
76 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Ao final do resumo devem ser indicadas as palavras-chave que descrevem o conteuacutedo do trabalho Normalmente satildeo utilizadas trecircs a seis descritores contudo esse nuacutemero varia de acordo com as normas dos perioacutedicos ou editais de pesquisa Tais termos permitem a seleccedilatildeo dos artigos nas bases de dados eletrocircnicas (PubMed SciELO LILACS entre outras) e devem ser selecionadas em bancos de dados especiacuteficos
Os Descritores em Ciecircncias da Sauacutede (DeCS) consistem em um banco de palavras-chave estruturado que se utiliza de trecircs idiomas (inglecircs portuguecircs e espanhol) criado para unificar os termos na indexaccedilatildeo de artigos livros relatoacuterios e outros materiais acadecircmicos O site para acesso a esse banco de dados eacute wwwdecsbvsbr O DeCS foi elaborado a partir do Medical Subject Heading (MeSH) da US National Library of Medicine um importante banco de descritores em sauacutede utilizado para a indexaccedilatildeo de artigos do sistema MEDLINE-PubMed que pode ser acessado no site wwwncbinlmnihgovmesh
82 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Eacute notaacutevel a importacircncia do resumo no universo acadecircmico-cientiacutefico e o segredo para escrever um resumo claro curto objetivo criativo e cativante eacute sem duacutevidas ter domiacutenio do assunto abordado e clareza para a transmissatildeo das ideias centrais da pesquisa Diante disso eacute fundamental que no resumo sejam apresentadas informaccedilotildees relevantes com uma linguagem que favoreccedila o envolvimento do leitor a fim de convencecirc-lo quanto agrave importacircncia da temaacutetica abordada e agrave relevacircncia dos resultados obtidos na pesquisa fazendo que ele se sinta estimulado a continuar a leitura do artigo e quem sabe utilizaacute-lo como uma fonte de pesquisa para outros trabalhos
Como Redigir o Resumo 77
REFEREcircNCIAS
SOUSA V D DRIESSNACK M FLOacuteRIA-SANTOS M Como escrever o resumo de um artigo para publicaccedilatildeo Acta Paul Enferm Satildeo Paulo v 19 n 3 p 5-8 julset 2006 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0103-21002006000300001 Acesso em 09 abr 2020
ALENCAR C H M et al Como redigir o resumo de um projeto e definir as palavras-chave In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 5 p 41-46
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
79
9CRONOGRAMA E ORCcedilAMENTO
Juliana Ferreira ParaacuteMatheus Mendonccedila Leal Janja
ldquoCom organizaccedilatildeo e tempo acha-se o segredo de se fazer tudo e bem feitordquo
Pitaacutegoras
Realizar uma pesquisa cientiacutefica eacute uma aacuterdua tarefa e para que se possa finalizaacute-la a contento deve ser planejada de forma a permitir a execuccedilatildeo de todas as suas etapas em um tempo aceitaacutevel previamente definido aleacutem de ser financeiramente viaacutevel Listar todas as fases da pesquisa definir prazos exequiacuteveis captar e aplicar os recursos adequadamente satildeo passos fundamentais para todos os atores envolvidos em pesquisas consistindo em grandes desafios para jovens pesquisadores bem como para aqueles mais experientes
91 CRONOGRAMA
O cronograma consiste no planejamento temporal das atividades que seratildeo realizadas pelo pesquisador para a obtenccedilatildeo dos resultados da sua pesquisa Ele serve como um guia para que o pesquisador se organize durante a execuccedilatildeo da pesquisa Aleacutem disso serve para demonstrar se o pesquisador tem conhecimento sobre as etapas do seu estudo e sobre o tempo necessaacuterio para executaacute-lo
Eacute importante salientar que o cronograma traz informaccedilotildees sobre algo que ainda seraacute realizado Portanto ele dever conter os dados das atividades que seratildeo realizadas no futuro e natildeo as que jaacute foram desenvolvidas na elaboraccedilatildeo do projeto
Recomenda-se que esses itens devem estar presentes
bull tempo de execuccedilatildeo determina o tempo necessaacuterio para realizar cada atividade proposta
bull divisatildeo em etapas dividir o projeto em fases ajuda o pesquisador a se organizar e preparar todo o projeto
bull atribuiccedilatildeo de responsabilidades ndash essa parte natildeo eacute obrigatoacuteria mas ajuda a
80 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
otimizar o tempo dos elaboradores do projeto ainda mais se o grupo de pesquisadores for grande e os responsaacuteveis por cada etapa jaacute forem conhecidos
bull Preferencialmente o cronograma deve ser elaborado de forma graacutefica por meio de uma tabela levando-se em consideraccedilatildeo as fases da pesquisa Possiacuteveis contratempos devem ser contemplados Deve-se deixar um tempo adequado para a submissatildeo e aprovaccedilatildeo do projeto pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
bull Para a elaboraccedilatildeo do cronograma devem-se utilizar palavras objetivas e claras em adequaccedilatildeo especiacutefica com o trabalho executado Aleacutem disso avaliaccedilatildeo criacutetica e bom-senso satildeo necessaacuterios a fim de que se estipulem prazos exequiacuteveis para que o projeto seja executado adequadamente De acordo com HADDAD (2004) os projetos de pesquisa em geral tecircm cinco fases apresentadas no quadro 91
Quadro 91 mdash Fases de um projeto de pesquisa
Fase preliminar Levantamento de bibliografia obtenccedilatildeo de equipamentos necessaacuterios convocaccedilatildeo de pesquisadores submissatildeo ao comitecirc de eacutetica em pesquisa
Fase preparatoacuteria Preparaccedilatildeo de meacutetodos treinamento de todos os pesquisadores elaboraccedilatildeo de meacutetodos de coleta (fichas questionaacuterios formulaacuterios) ajuste de instrumentos de coleta sorteio de amostras
Fase de coleta de dados Coleta em campo supervisatildeo e controle da qualidade da execuccedilatildeo
Fase de computaccedilatildeo e anaacutelise de dados Anaacutelise de dados caacutelculo de variaacuteveis intervalo de confianccedila testes de significacircncia estatiacutestica confecccedilatildeo de tabelas e graacuteficos
Fase de redaccedilatildeo do trabalho cientiacutefico Escrever o trabalho de acordo com as adequaccedilotildees para onde quer submetecirc-lo
Fonte HADDAD 2004
Em relaccedilatildeo agrave forma de apresentaccedilatildeo das tabelas haacute a opccedilatildeo de que se utilize o cabeccedilalho mecircsano (quadro 92) o formato mais tradicional ou pode-se optar por cabeccedilalho em nuacutemeros sequenciais (quadro 93) Neste uacuteltimo caso caso haja algum contratempo decorrente de atraso na liberaccedilatildeo dos recursos financeiros ou da aprovaccedilatildeo pelo CEP a tabela continuaraacute atualizada como exemplificado abaixo (tabela 3) Em pesquisas de menor duraccedilatildeo o tempo poderaacute ser delimitado por dias
Cronograma e Orccedilamento 81
semanas ou quinzenas Ao contraacuterio pesquisas de maior duraccedilatildeo podem ser divididas em bimestres ou trimestres
Quadro 92 mdash Modelo de cronograma com cabeccedilalho mecircsano
ETAPAS JAN2019 FEV2019 MAR2019Revisatildeo bibliograacutefica X
Elaboraccedilatildeo de questionaacuterio
X X
Coleta de dados em campo
X
Quadro 93 mdash Modelo de cronograma com cabeccedilalho com numeraccedilatildeo sequencial
ETAPAS MEcircS 1 MEcircS 2 MEcircS 3Revisatildeo bibliograacutefica X
Elaboraccedilatildeo de questionaacuterio
X X
Coleta de dados em campo
X
Obs O mecircs 1 se refere ao tempo decorrido imediatamente apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo CEP
82 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Abaixo outros exemplos de cronogramas que obedecem agraves diferentes maneiras de organizaccedilatildeo (quadros 94 e 95)
Quadro 94 mdash Modelo de cronograma de projeto de pesquisa com cabeccedilalho
numerado (dados proacuteprios)
Periacuteodo (ANOMEcircS) Ano 1 Ano 2 Ano 3
Procedimentos 1-4 5-8 9-12 1-4 5-8 9-12 1-4 5-8 9-12
Revisatildeo de literatura X X X X X X X X X
Levantamento dos prontuaacuterios X
Aquisiccedilatildeo do material X
Agendamento das consultas X
Recrutamento do grupo controle X
Atendimento dos pacientescoleta de dados X X X
Anaacutelise laboratorial X X X
Anaacutelise e elaboraccedilatildeo dos laudos de neuropatia autonocircmica
X X X
Anaacutelise e elaboraccedilatildeo dos laudos do ecocardiograma X X X
Confecccedilatildeo do banco de dados X
Anaacutelise estatiacutestica dos dados X
Elaboraccedilatildeo do artigopublicaccedilotildees Apresentaccedilatildeo em congressos
X X
Obs Mecircs 1 ndash Ano 1 seraacute considerado a partir da aprovaccedilatildeo do projeto pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da instituiccedilatildeo
Cronograma e Orccedilamento 83
Quadro 95 mdash Modelo de cronograma de projeto de pesquisa com cabeccedilalho
mecircsano (dados proacuteprios)
JanJun 2018
OutDez 2017
JanMar 2018
AbrJun 2018
JulSet
2018
OutDez 2018
JanMar 2019
MarJun 2019
Revisatildeo de literatura X X X X X X X X
Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio em pacientes internados em unidades de enfermaria
X
Revisatildeo de prontuaacuterios X
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos resultados X
Apresentaccedilatildeo dos resultados para equipe multidisciplinar corpo cliacutenico e gestores das referidas instituiccedilotildees
X
Implantaccedilatildeo do protocolo X X
Avaliaccedilatildeo da implementaccedilatildeo do protocolo X X
Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio em pacientes internados em unidades de enfermaria
X
Revisatildeo de prontuaacuterios X
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos resultados X
Reapresentaccedilatildeo dos resultados para equipe multidisciplinar corpo cliacutenico e gestores das referidas instituiccedilotildees
X
Elaboraccedilatildeo do artigopublicaccedilotildees Apresentaccedilatildeo em congressos
X
Por fim deve-se ter em mente que respeito aos prazos eacute sempre algo a ser buscado embora nem sempre seja conseguido Por mais que o cronograma seja bem planejado podem ocorrer imprevistos ou falhas Nesses casos readequaacute-lo poderaacute ser necessaacuterio sempre visando manter a qualidade da pesquisa e evitando comprometer as suas fases finais como a elaboraccedilatildeo dos relatoacuterios finais ou a redaccedilatildeo dos artigos cientiacuteficos (MACENA PINHEIRO CARNEIRO JUacuteNIOR 2015)
84 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
92 ORCcedilAMENTO
Toda pesquisa tem custos que precisam ser considerados por ocasiatildeo da elaboraccedilatildeo do projeto Os editais de financiamento de pesquisas lanccedilados pelas agecircncias de fomento e os Comitecircs de Eacutetica em Pesquisa sempre avaliam os orccedilamentos dos projetos enviados para apreciaccedilatildeo Portanto essa etapa deve ser elaborada de maneira apropriada evitando que projetos adequados do ponto de vista eacutetico e metodoloacutegico incorram em equiacutevocos relacionados a esse quesito
Os itens do orccedilamento podem ser divididos em itens de custeio e itens de capital As despesas de custeio satildeo aquelas decorrentes da aquisiccedilatildeo de materiais de consumo serviccedilos de terceiros diaacuterias passagens e bolsas As despesas de capital por sua vez satildeo aquelas que se traduzem em investimento que poderatildeo ser incorporados ao patrimocircnio da instituiccedilatildeo de pesquisa como equipamentos material bibliograacutefico computadores impressoras obras etc Uma grande parte dos editais de financiamento das agecircncias de fomento determina uma proporccedilatildeo entre despesas de custeio e despesas de capital (GIL 2002)
Outro item que pode ser adicionado ao orccedilamento eacute a contrapartida ou seja quais seratildeo as despesas a serem assumidas pela instituiccedilatildeo onde a pesquisa seraacute realizada como exemplo podem-se citar os gastos com despesas habituais como alimentaccedilatildeo energia aacutegua e transporte (CAVALCANTI amp MACENA 2015)
Geralmente apresenta-se o orccedilamento sob a forma de uma tabela Devem ser especificados de forma detalhada os seguintes itens materiais permanentes (como impressoras computadores armaacuterios mesas bancadas equipamentos de laboratoacuterio etc) material de consumo (papel cartuchos de tinta luvas pastas-arquivo canetas etc) serviccedilos de terceiros (estatiacutestico tradutor revisor ortograacutefico etc) e recursos humanos (bolsas para pesquisadores estudantes etc) Devem ser indicados a quantidade de cada item o valor unitaacuterio e o valor total Abaixo segue exemplo de uma tabela de orccedilamento (quadro 96)
Cronograma e Orccedilamento 85
Quadro 96 mdash Modelo de orccedilamento de projeto de pesquisa (dados proacuteprios)
ITENS DE CUSTEIO
Materiais de consumo
Item QuantidadeValor
R$ TotalPapel A4 (resmas) 4 10000 10000Cartuchos de tinta 5 50000 50000Pastas-arquivo 10 50000 50000Canetas 20 5000 5000Subtotal R$ 115000
Serviccedilos de terceiros
Item QuantidadeValor
R$ TotalTradutor para liacutengua inglesa 1 80000 80000Revisor ortograacutefico 1 50000 50000Estatiacutestico 1 100000 100000Subtotal R$ 230000
Recursos humanos
Item QuantidadeValor
R$ TotalBolsa mensal para aluno de graduaccedilatildeo 24 50000 1200000
Subtotal R$ 1200000
86 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ITENS DE CAPITAL
Item QuantidadeValor
R$ TotalAparelho de ultrassonografia Sonoace R3 2 port BRA V20 + Transdutor linear de 5 a 12 Mhz
1 4000000 4000000
Notebook LG IntelCore 16 1 150000 150000Impressora jato de tinta 1 100000 100000Subtotal R$ 4250000
ORCcedilAMENTO FINAL
CUSTEIO R$ 1545000CAPITAL R$ 4250000TOTAL R$ 5795000
Em adiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo de todos os itens e custos eacute importante informar quem seraacute o provedor desses recursos A caracterizaccedilatildeo das fontes de financiamento visa dar transparecircncia agrave participaccedilatildeo e agrave forma de aplicaccedilatildeo das diferentes fontes de recursos aplicados em determinada pesquisa Qualquer forma de remuneraccedilatildeo dos indiviacuteduos pesquisados que natildeo se caracterize como ressarcimento de despesas ou remuneraccedilatildeo dos pesquisadores ou funcionaacuterios puacuteblicos com verbas oriundas de recursos de agecircncias de fomento natildeo eacute permitido
Cronograma e Orccedilamento 87
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G MACENA RHM Como fazer um orccedilamento honesto In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 13 p 85-88
GIL A C Como calcular o tempo e o custo do projeto In GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 cap 15 p 155-160
HADDAD N Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho cientiacutefico Satildeo Paulo Roca 2004
MACENA RHM PINHEIRO MA CARNEIRO JUacuteNIOR EC Como elaborar um cronograma claro e objetivo In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 12 p 81-83
89
10APEcircNDICES E ANEXOS
Vitoacuteria Costa Lima
ldquoParte anexa acreacutescimo ou prolongamento de uma parte principal
suplemento no fim de uma obrardquo
diciocombr
Ao final do texto de um projeto de pesquisa ou trabalho acadecircmico podem ser adicionados elementos poacutes-textuais opcionais que complementam o texto principal satildeo os apecircndices e anexos
O apecircndice consiste em um texto ou documento elaborado pelo autor em que satildeo expostas informaccedilotildees complementares sobre o desenvolvimento do trabalho Na maioria das vezes os apecircndices consistem em documentos que complementam informaccedilotildees sobre os meacutetodos da pesquisa como instrumentos para coleta de dados ou documentos relacionados agrave anaacutelise regulatoacuteria e eacutetica como solicitaccedilatildeo de autorizaccedilatildeo para a pesquisa termos de consentimento livre e esclarecido etc Caso o autor julgue pertinente ao produzir o artigo cientiacutefico alguns apecircndices podem ser apresentados como material suplementar
O anexo por sua vez consiste em um texto ou documento natildeo elaborado pelo autor mas que em seu julgamento acrescenta informaccedilotildees importantes relacionadas ao seu trabalho Os anexos servem de apoio para a estrutura do texto pois permitem organizaacute-lo de forma a evitar a inclusatildeo de muitos documentos adicionais facilitando a leitura do texto principal Assim como os apecircndices os anexos podem ser parte da anaacutelise regulatoacuteria e eacutetica (carta de aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa carta de anuecircncia do local onde a pesquisa seraacute realizada) bem como metodoloacutegica (instruccedilotildees e teacutecnicas para realizaccedilatildeo de um exame descriccedilatildeo de um equipamento valores de referecircncia de determinado analito ou meacutetodo etc)
Segundo as normas da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) os apecircndices e anexos devem ser elaborados de acordo com as seguintes instruccedilotildees
bull identificaccedilatildeo por uma letra do alfabeto em caixa alta
bull tiacutetulo centralizado em negrito separado por hiacutefen
bull fonte Arial 10 ou Times New Roman 12
90 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull paacuteginas enumeradas seguindo a ordem do texto discriminadas no sumaacuterio
Seguem exemplos
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio sobre o perfil dos pacientes internados por quedas e fraturas em hospital terciaacuterio de trauma em Fortaleza ndash CE
APEcircNDICE B ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
APEcircNDICE C ndash Carta de anuecircncia da chefia do setor onde a pesquisa seraacute realizada
ANEXO A ndash Parecer de aprovaccedilatildeo do projeto no Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
ANEXO B ndash Valores de referecircncia para os testes autonocircmicos cardiovasculares
Apecircndices e Anexos 91
REFEREcircNCIAS
NORMAS Teacutecnicas Anexos [S l s n] [20--] Disponiacutevel em httpswwwnormastecnicascomabnttrabalhos-academicosanexos Acesso em 16 maio 2019
93
11REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Victor Gomes PitombeiraClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoA leitura traz ao homem plenitude ao discurso seguranccedila e agrave escrita precisatildeordquo
Francis Bacon
As referecircncias bibliograacuteficas satildeo elemento obrigatoacuterio na estrutura de uma produccedilatildeo acadecircmica satildeo constituiacutedas por todo material impresso eletrocircnico ou audiovisual que eacute utilizado na elaboraccedilatildeo de um texto cientiacutefico (EVANGELISTA et al 2015) O processo de referenciar tais materiais eacute de extrema importacircncia para a demonstraccedilatildeo da validade e confiabilidade de uma produccedilatildeo acadecircmica
As referecircncias satildeo o testemunho das fontes que o pesquisador se valeu para construir as citaccedilotildees de seu trabalho formando a base de conhecimento sobre o qual foi elaborada determinada pesquisa Apesar de o processo de ajuste de referecircncias quase sempre desgastante e monoacutetono parecer apenas puramente mecacircnico ele tem seu valor porque contribui para a formaccedilatildeo intelectual do pesquisador (REIZ 2013)
Muitas vezes antes de iniciar a redaccedilatildeo de um trabalho cientiacutefico o pesquisador jaacute tem em mente quais as principais referecircncias para seu projeto ou artigo tendo em vista que o processo de delimitaccedilatildeo de um tema de pesquisa eacute oriundo de vasta leitura sobre o assunto No entanto muitos autores natildeo se preparam adequadamente para essa etapa da escrita dificultando o ajuste das referecircncias por ocasiatildeo da finalizaccedilatildeo do texto
Neste capiacutetulo seratildeo apresentados aspectos relevantes a serem considerados durante a seleccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo das referecircncias bibliograacuteficas de um trabalho acadecircmico
111 ASPECTOS RELEVANTES DURANTE A SELECcedilAtildeO DAS REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
O primeiro aspecto a ser ressaltado eacute que natildeo se deve confundir quantidade de referecircncias com qualidade Uma produccedilatildeo com muitas referecircncias nem sempre eacute a de melhor qualidade Na verdade eacute preferiacutevel que um artigo tenha boas referecircncias a ter numerosas visto que muitas revistas e perioacutedicos limitam o seu nuacutemero Mas
94 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
como selecionar boas referecircncias
Deve-se sempre que possiacutevel buscar revistas com alto fator de impacto Esse fator mede a importacircncia de determinado perioacutedico para a comunidade cientiacutefica Normalmente aqueles que tecircm maior fator de impacto tambeacutem tendem a ter melhores publicaccedilotildees transmitindo maior credibilidade ao leitor (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
Deve-se levar em consideraccedilatildeo ainda o grau de evidecircncia das referecircncias citadas Eacute preferiacutevel que se incluam referecircncias que forneccedilam um maior grau de evidecircncia cientiacutefica Deve-se avaliar criticamente o grau de evidecircncia das fontes citadas dando prioridade para incluir artigos com desenhos adequados para o tema sob estudo Por exemplo para pesquisas sobre faacutermacos eacute melhor que sejam priorizadas as citaccedilotildees de ensaios cliacutenicos em detrimento de citaccedilotildees de relatos de caso Para pesquisas sobre fatores de risco para doenccedilas satildeo preferiacuteveis estudos de coorte com nuacutemero adequado de pacientes a estudos transversais A piracircmide ilustrada abaixo classifica as evidecircncias de acordo com o grau de hierarquia (figura 111) e pode ser uacutetil por ocasiatildeo da seleccedilatildeo das fontes bibliograacuteficas de uma produccedilatildeo acadecircmica
Figura 111 mdash Hierarquia do grau de evidecircncia para estudos sobre tratamento (intervenccedilotildees)
Onde RS ndash revisotildees sistemaacuteticas ECR ndash ensaio cliacutenico randomizado Nota para estudos de diagnoacutestico ou prognoacutestico devem-se considerar as revisotildees sistemaacuteticas de coortes e estudos de coorte validados como o topo da piracircmide (Adaptado de MELNYK 2011)
Apecircndices e Anexos 95
A data da publicaccedilatildeo do material bibliograacutefico eacute outro aspecto relevante Eacute sempre bom manter suas fontes bem atualizadas procurando artigos recentes incluindo publicaccedilotildees dos uacuteltimos cinco anos em meacutedia Entretanto deve-se ressaltar que nem sempre eacute indicado referenciar apenas os textos mais recentes sobre determinado assunto Faz parte do trabalho do autor saber balancear a idade da publicaccedilatildeo agrave sua importacircncia
Existem diversos trabalhos antigos que trouxeram conceitos importantes e edificaram o conhecimento sobre determinado assunto ou seja artigos de grande impacto inovadores para sua eacutepoca sendo imprescindiacutevel que sejam citados Em contrapartida haacute diversos artigos mais recentes que apesar de estarem anos agrave frente pouco acrescentam agrave aacuterea ou trazem meacutetodos duvidosos ou natildeo passaram por criteriosa avaliaccedilatildeo antes de serem publicados Nesse caso pode ser mais saudaacutevel para a produccedilatildeo cientiacutefica que o autor priorize o artigo mais antigo do que opte por um mais novo mas que talvez natildeo traga tanto embasamento e fundamentaccedilatildeo Assim sempre que possiacutevel ao citar conceitos claacutessicos deve-se identificar os primeiros autores a descrevecirc-los
Outro fator que deve ser levado em consideraccedilatildeo eacute a disponibilidade da referecircncia O material referenciado precisa ser acessiacutevel Quanto agrave acessibilidade entende-se como ser acessado pela internet para a realidade do seacuteculo XXI Os mais radicais defendem que atualmente se um artigo natildeo existir na internet por qualquer que seja a razatildeo ele simplesmente natildeo existe (REIZ 2013)
112 NORMAS PARA A ELABORACcedilAtildeO DAS REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Cada veiacuteculo tem normas determinadas que regem o modo como devem ser diagramados organizados e redigidos os artigos submetidos para publicaccedilatildeo O referenciamento bibliograacutefico pode seguir diversos padrotildees No Brasil a construccedilatildeo das referecircncias eacute regida sob a Norma NBR6023 da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) que teve sua uacuteltima atualizaccedilatildeo feita em 2018 (wwwabntorgbr httpswwwyoutubecomwatchv=-lhwOCKE-N4) Outros padrotildees no entanto podem ser utilizados
Dentro da aacuterea da sauacutede e especialmente fora do Brasil o estilo Vancouver eacute o mais utilizado e pode ser acessado no endereccedilo wwwncbinlmnihgovbooksnbk7256 A lista de abreviaturas dos tiacutetulos de perioacutedicos que deve ser padronizada nas referecircncias pode ser acessada em wwwnlmnihgovtsdserialsljihtml
Eacute imprescindiacutevel que o autor se informe acerca de quais satildeo as normas do veiacuteculo em que pretende publicar seu artigo para que adapte a bibliografia ao modelo requerido Foge ao escopo deste capiacutetulo discriminar as regras de cada uma desses padrotildees Sugerimos acessar as normas de acordo com o indicado pela agecircncia
96 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
de fomento ou perioacutedico cientiacutefico ou ainda utilizar ferramentas ou programas especiacuteficos para a elaboraccedilatildeo de referecircncias bibliograacuteficas
113 FERRAMENTAS E LINKS UacuteTEIS
O processo de elaboraccedilatildeo e escrita das referecircncias bibliograacuteficas eacute para a maioria dos autores monoacutetono e cansativo Devido agrave grande quantidade de detalhes muitas pessoas recorrem a ferramentas de referenciaccedilatildeo desenvolvidas especificamente para esse propoacutesito Existem diversas opccedilotildees algumas pagas e outras gratuitas
Entre as opccedilotildees gratuitas existem o Docear (wwwdocearorg) desenvolvido em universidades o Zotero (wwwzoteroorg) criado em um centro de miacutedias o Facilis (httpfacilisuesbbr) e por fim o MORE criado pela Universidade Federal de Santa Catarina (httpwwwmoreufscbr) Esses dois uacuteltimos foram desenvolvidos para que pudessem gerar referecircncias de acordo com as normas da ABNT
Geralmente os softwares pagos possuem mais ferramentas e funccedilotildees sendo otimizados em relaccedilatildeo aos gratuitos Entre as opccedilotildees pagas estatildeo o Biblioscape (wwwbiblioscapecom) desenvolvido pela CG Informationreg o EndNote (wwwendnotecom) da Clarivate Analyticsreg e o Mendeley (wwwmendeleycom) da Elsevierreg Esses softwares foram desenvolvidos por empresas estrangeiras
Aleacutem das opccedilotildees citadas acima alguns editores de texto como o proacuteprio Microsoft Wordreg possuem ferramentas proacuteprias de referenciamento de texto No entanto ateacute o momento natildeo foi implementado junto ao Word nenhum modelo de norma da ABNT (httpssupportofficecompt-brarticlecriar-uma-bibliografia-citaC3A7C3B5es-e-referC3AAncias-17686589-4824-4940-9c69-342c289fa2a5)
Apecircndices e Anexos 97
REFEREcircNCIAS
ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referecircncias elaboraccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro ABNT 2018
EVANGELISTA D S et al Como preparar minhas referecircncias bibliograacuteficas In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 15 p 91-110
MEDEIROS J B TOMASI C Normas para apresentar referecircncias In MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017 cap 9 p 203-224
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
MELNYK B M Evidence-based practice in nursing amp healthcare a guide to best practice 2nd ed Philadelphia Wolters KluwerLippincott Williams amp Wilkin 2011
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
PARTE II Os bastidores da elaboraccedilatildeo de uma produccedilatildeo cientiacutefica (ou Os alicercesretaguarda de uma
boa produccedilatildeo acadecircmica)
101
12COMO REALIZAR UMA BOA REVISAtildeO
BIBLIOGRAacuteFICA
Victor Hugo Lima JacintoVeyda Lourdes Ferreira Martins
Lilian Loureiro Albuquerque Cavalcante
ldquoCada investigador analisa minuciosamente os trabalhos dos investigadores que o precederam e soacute entatildeo compreendido o testemunho que lhe foi confiado parte
equipado para a sua proacutepria aventurardquo
(CARDOSO et al 2010)
121 INTRODUCcedilAtildeO
A revisatildeo bibliograacutefica ou revisatildeo de literatura corresponde ao compilado de conhecimentos que fundamentam a base teoacuterica da pesquisa Eacute indispensaacutevel para definir o problema ou questionamento bem como para obter uma ideia precisa do panorama atual sobre algum tema as suas lacunas e a contribuiccedilatildeo da investigaccedilatildeo para o desenvolvimento do conhecimento (BENTO2012)
Segundo Pereira (2012) ldquoa revisatildeo da literatura diz respeito agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica que seraacute adotada para tratar do tema e do problema da pesquisa Por meio da anaacutelise da literatura publicada eacute possiacutevel traccedilar um quadro teoacuterico e conceitual que daraacute sustentaccedilatildeo ao desenvolvimento da pesquisardquo
122 INICIANDO A REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Como prerrogativa para o iniacutecio da busca bibliograacutefica o pesquisador necessita delinear o problemapergunta da pesquisa Deve estar ciente de qual eacute a finalidade do projeto (MOREIRA 2004 CARDOSO ALARCAtildeO CELORICO 2010) A leitura preacutevia de alguns textos para a seleccedilatildeo adequada do objetivo central e para o estabelecimento de possiacuteveis questionamentos eacute o primeiro passo para o direcionamento da revisatildeo da literatura Bem executada embasa uma produccedilatildeo cientiacutefica relevante que contribuiraacute para a evoluccedilatildeo do conhecimento
Muitos estudos apresentam falhas devido a natildeo delimitaccedilatildeo correta do problema A revisatildeo bibliograacutefica auxilia nessa compreensatildeo como tambeacutem evita
102 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
recorrer a pontos jaacute bem discutidos (BARROS 2011) Nesse contexto eacute vaacutelido acrescentar que novos campos investigativos podem ser evidenciados tanto em temas jaacute bem abordados quanto em aacutereas pouco desenvolvidas (BENTO 2012)
Uma estrateacutegia difundida no meio acadecircmico para iniciar uma revisatildeo de literatura eacute a estrateacutegia PICO A sigla representa um acrocircnimo para populaccedilatildeo Intervenccedilatildeo Comparaccedilatildeo e Outcomes (desfechos) pontos essenciais para a construccedilatildeo da pesquisa e do questionamento para a busca bibliograacutefica
A estrateacutegia PICO pode ser utilizada para construir questotildees de pesquisa de naturezas diversas oriundas da cliacutenica do gerenciamento de recursos humanos e materiais da busca de ferramentas para avaliaccedilatildeo de sintomas entre outras Se a pergunta da pesquisa estiver bem delineada pode-se direcionar de forma mais assertiva a busca da literatura relacionada nas bases de dados O MEDLINEPubMed uma das plataformas de pesquisa bem reconhecida disponibiliza uma interface para inserccedilatildeo direta dos quatro componentes da estrateacutegia PICO citada anteriormente podendo ser acessada por meio do endereccedilo eletrocircnico httpaskmedlinenlmnihgovaskpicophp
123 TIPOS DE REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A revisatildeo da literatura pode ser de trecircs tipos narrativa integrativa e sistemaacutetica Independentemente da metodologia todas buscam conhecer o panorama atual do tema em investigaccedilatildeo
A revisatildeo do tipo narrativa tambeacutem conhecida como exploratoacuteria ou tradicional natildeo apresenta criteacuterios sistemaacuteticos nem utiliza estrateacutegias rebuscadas para filtrar os estudos publicados O pesquisador seleciona a bibliografia sem exaurir toda a literatura disponiacutevel (CORDEIRO et al 2007)
A revisatildeo integrativa eacute um meacutetodo que proporciona a siacutentese de conhecimento e a incorporaccedilatildeo da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na praacutetica apresentando maior planejamento com criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo bem desenhados e maior rigor metodoloacutegico (SOUZA 2010)
A revisatildeo sistemaacutetica por sua vez eacute realizada sob planejamento estruturado baseada em um tema especiacutefico bem delimitado com a inclusatildeo de estudos com meacutetodos semelhantes (ERCOLE MELO ALCOFORDA 2014) Busca-se com esse controle metodoloacutegico para a seleccedilatildeo dos estudos evitar vieses e erros aleatoacuterios Trata-se portanto de um meacutetodo de revisatildeo reprodutiacutevel que combina resultados de diferentes estudos com criteacuterios de seleccedilatildeo claros Nesse processo diferentemente da revisatildeo tipo narrativa e integrativa faz-se necessaacuteria a participaccedilatildeo de pelo menos dois pesquisadores que trabalham de forma independente para a definiccedilatildeo de quais dados coletados faratildeo parte da anaacutelise final (CORDEIRO et al 2007)
Os dados obtidos a partir de revisotildees sistemaacuteticas podem ser analisados
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 103
atraveacutes da aplicaccedilatildeo da teacutecnica de metanaacutelise que consiste em um meacutetodo de anaacutelise estatiacutestica especialmente desenvolvido para integrar os resultados de dois ou mais estudos independentes sobre uma mesma questatildeo de pesquisa combinando em uma medida resumo os resultados de tais estudos (EGGER SMITH 1997) As metanaacutelises funcionam como uma ldquoextensatildeordquo da pesquisa bibliograacutefica sistemaacutetica fornecendo estimativas mais precisas e maior generalizaccedilatildeo dos resultados
124 PONTOS CRIacuteTICOS QUANTIDADE VERSUS QUALIDADE DAS FONTES BIBLIOGRAacuteFICAS
No processo de construccedilatildeo do trabalho uma duacutevida frequente se refere agrave quantidade de fontes necessaacuterias para o sucesso de uma boa produccedilatildeo Agrave medida que se observam informaccedilotildees repetidas durante a pesquisa bibliograacutefica entende-se que a busca estaacute em finalizaccedilatildeo Eacute o que se denomina ldquoponto de saturaccedilatildeordquo (BENTO 2012) O foco deve ser direcionado agrave qualidade das informaccedilotildees coletadas enfatizando-se a relevacircncia dos dados obtidos bem como sua anaacutelise criacutetica
Outro ponto de duacutevida eacute como avaliar a qualidade da fonte a ser utilizada Recomenda-se iniciar a busca por meio de publicaccedilotildees com maior niacutevel de evidecircncia e se possiacutevel mais recentes (CARDOSO 2010)
Eacute imprescindiacutevel esclarecer que a revisatildeo bibliograacutefica natildeo consiste apenas em conhecer outras pesquisas e filtrar alguns dados Representa em sua essecircncia estabelecer uma visatildeo criacutetica acerca dos objetos de pesquisa sendo primordial a comparaccedilatildeoconfronto entre os trabalhos analisados Requer preparo e maturidade dos pesquisadores que vatildeo aprimorando-se ao longo das atividades acadecircmicas
Eacute importante estar atento para possiacuteveis erros na busca bibliograacutefica Devem ser evitados estudos com desenhos questionaacuteveis Natildeo se deve desprezar nenhuma obra importante acerca do tema abordado (CARDOSO 2010) O aprofundamento da revisatildeo cientiacutefica melhora a credibilidade da pesquisa Sugere-se realizar a pesquisa bibliograacutefica na seguinte ordem (ANDRADE 2009)
bull artigos publicados em perioacutedicos internacionais de alto impacto
bull artigos publicados em perioacutedicos nacionais reconhecidos
bull livros publicados por bons editores
bull teses e dissertaccedilotildees
bull anais de conferecircncias internacionais
bull anais de conferecircncias nacionais
104 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
125 ELABORANDO UM RESUMO DAS REFEREcircNCIAS SELECIONADAS
De uma maneira geral sugere-se que os pesquisadores devam selecionar as partes mais relevantes de cada texto e registrar as ideias oriundas a partir do estudo de todas as fontes selecionadas Apoacutes a finalizaccedilatildeo dessa leitura pode-se escrever um resumo enfatizando os dados mais importantes referenciando-os de forma adequada Para otimizar o tempo dispensado para a elaboraccedilatildeo das referecircncias bibliograacuteficas deve-se estar atento agraves citaccedilotildees que podem ser utilizadas posteriormente
126 FONTES DE PESQUISA
A pesquisa bibliograacutefica pode ser realizada em diferentes fontes sendo as principais artigos cientiacuteficos livros teses dissertaccedilotildees manuais normas teacutecnicas entre outras
Atualmente a internet representa a principal fonte de busca literaacuteria com vasto acervo bibliograacutefico Haacute diversos sites atualmente disponiacuteveis Alguns artigos natildeo estatildeo disponiacuteveis de forma gratuita devendo ser adquiridos por meio de taxas direcionadas agraves revistas cientiacuteficas ou por meio de centros universitaacuterios que as disponibilizam para os acadecircmicos e pesquisadores Seguem no quadro 121 abaixo os principais sites de pesquisa bibliograacutefica
Quadro 121 mdash Links para sites de pesquisa bibliograacutefica
Base Caracteriacutestica da Base de Dados
MEDLINE
Dados bibliograacuteficos da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos Ameacuterica (EUA) com artigos de jornais cientiacuteficos da aacuterea meacutedica dos EUA e de outros paiacuteses (PUBMED
MEDLINEPubMed Literatura biomeacutedica Conteacutem textos completos
LILACS Dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede
Perioacutedicos CAPES Disponibiliza produccedilatildeo cientiacutefica internacional
SciELO Perioacutedicos cientiacuteficos de base multidisciplinar do Brasil Ameacuterica Latina e Caribe
Google Scholar Pesquisa de materiais acadecircmicos variadosCochrane Database of Systematic Review Tratamentos de sauacutede e intervenccedilotildees sociais
ERICEducaccedilatildeo e temas relacionados Indexa artigos resumos de congressos teses Dissertaccedilotildees monografias dentre outros materiais
Continua
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 105
Base Caracteriacutestica da Base de DadosScience Direct Multidisciplinar
Web of Science Multidisciplinar Indexa apenas os perioacutedicos mais citados em seus respectivos campos
Banco de teses da CAPES Multidisciplinar Reuacutene teses e dissertaccedilotildees brasileiras
BVS
Permite realizar uma busca integrada nas bases de dados da BIREME Informaccedilotildees em sauacutede na Ameacuterica Latina com resumos e referecircncias de artigos na aacuterea da sauacutede
ClinicalKey Site de pesquisa meacutedica que com acesso a publicaccedilotildees da editora Elsevier
SAGE Foco nas aacutereas de ciecircncias humanas e ciecircncias sociais aplicadas
Research Evidence in Education Library Intervenccedilotildees educacionaisThe Campbell Collaboration Intervenccedilotildees sociais e poliacuteticas puacuteblicasThe Evidence for Policy and Practice Information and Co-ordinating Centre (EPPI-Centre) Sauacutede sociais e poliacuteticas puacuteblicas
Para facilitar as pesquisas em tais bases eletrocircnicas alguns instrumentos de refinamento da busca bibliograacutefica podem ser utilizados Satildeo filtros que podem ser associados agraves palavras-chave para delimitar a busca tais como data de publicaccedilatildeo idioma tipo de artigo (revisatildeo sistemaacutetica metanaacutelise ensaio cliacutenico etc)
Aleacutem disso podem ser utilizados operadores de busca que auxiliam a pesquisa nas bases de dados No quadro 122 estatildeo citados os principais operadores utilizados
Quadro 122 mdash Operadores de busca para pesquisa bibliograacutefica em bases de dados cientiacuteficos
Operadores de buscaOperadores loacutegicos ou Booleanos
AND Recupera apenas os registros que contecircm ambos os termos da busca Ex diabetes AND dyslipidemia
OR Recupera registros tanto de um termo da busca quanto do outro Ex gestation OR pregnancy
NOTRecupera os registros relacionados ao primeiro termo da busca que natildeo conteacutem o segundo termo Ex dyslipidemia NOT child
Operador de mascaramentoContinua
106 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Operadores de busca
Substitui uma letra da palavra da busca por para possiacuteveis variaccedilotildees na escrita Ex Brail (dados com Brasil e Brazil)
Operador de truncamento
Substitui a finalizaccedilatildeo de uma palavra Ex diabet (dados com diabetes diabetic diabetology)
Obs 1 Os operadores Booleanos devem ser sempre escritos em letra maiuacutescula e podem ser inseridos entre qualquer termo que esteja sendo pesquisadoObs 2 Diante de um termo composto haacute a necessidade do uso das aspas para a especificaccedilatildeo dos termos Ex ldquotype 1 diabetes mellitusrdquo AND ldquophysical exerciserdquoObs 3 Para a combinaccedilatildeo e orientaccedilatildeo de buscas pode-se usar a ferramenta parecircnteses As informaccedilotildees entre parecircnteses satildeo consideradas primeiro Ex (Type 1 OR Type 2 diabetes) AND ldquophysical exercicerdquo
As palavras-chave ou descritores devem estar inseridos na plataforma de busca previamente Natildeo podem ser criadas de forma aleatoacuteria No PubMed pode-se utilizar a ferramenta MesH para a visualizaccedilatildeo dos termos mais adequados Para isso deve-se acessar o link MeSH no filtro Search na primeira paacutegina de acesso ao site Caso a palavra-chave natildeo esteja na lista da plataforma o sistema sugeriraacute o termo mais adequado
127 PASSOS PARA A REVISAtildeO DA LITERATURA
A compreensatildeo das etapas envolvidas na busca bibliograacutefica representa o alicerce baacutesico para a confecccedilatildeo de uma redaccedilatildeo cientiacutefica de qualidade De acordo com Bento (2012) uma boa revisatildeo bibliograacutefica eacute composta principalmente por quatro etapas conforme segue abaixo
bull Identificar palavras-chave ou descritores deve ser criada uma seacuterie de palavras-chave acerca do tema em investigaccedilatildeo para que seja realizada a pesquisa nas bases de dados
bull Rever fontes secundaacuterias representam redaccedilotildees de autores que interpretam trabalhos de outros estudiosos
bull Recolher fontes primaacuterias corresponde ao estudo dos trabalhos originais de autores e investigadores sendo coletados principalmente por meio de artigos em perioacutedicos cientiacuteficos Uma estrateacutegia recomendada nessa etapa eacute classificar cada fonte como ldquomuito importanterdquo ldquomoderadamente importanterdquo e ldquoalgo importanterdquo
bull Ler criticamente e resumir a literatura esse passo envolve questionar especular avaliar repensar e sintetizar de forma criacutetica a literatura recolhida Eacute importante avaliar nesse toacutepico aspectos relevantes do seu estudo pontos em comum entre os autores e questotildees natildeo abordadas ateacute o momento
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 107
No quadro 123 seguem algumas orientaccedilotildees para a sistematizaccedilatildeo do processo de revisatildeo de literatura
Quadro 123 mdash Sugestatildeo de roteiro para a realizaccedilatildeo da revisatildeo de literatura e estudo do estado da arte de um tema
Defina o tema da pesquisaLeia trabalhos relacionadosDelimite o problemaSelecione palavras-chave ou descritoresInicie a busca nas bases de dados para pesquisa bibliograacuteficaSelecione os tiacutetulos relacionados leia os resumos e toacutepicos principaisRealize a leitura completa das obras selecionadasFaccedila resumos com anaacutelise criacuteticaArquive os dados para reanaacutelise posteriorUtilize a sua revisatildeo para embasar seu projeto ou artigo ou ainda para elaborar uma revisatildeo de literatura
128 CONCLUSAtildeO
Conhecer os passos para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa bibliograacutefica de qualidade representa uma etapa importante para a vida acadecircmica Atualmente estatildeo disponiacuteveis diversas bases de dados eletrocircnicas que vieram para facilitar esse processo permitindo o acesso dos pesquisadores a amplo conteuacutedo cientiacutefico Ser capaz de identificar entre esse vasto universo de publicaccedilotildees aquelas que satildeo relevantes para o desenvolvimento cientiacutefico consiste em condiccedilatildeo essencial para a elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa e artigos cientiacuteficos de qualidade
108 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
BENTO A Como fazer uma revisatildeo da literatura consideraccedilotildees teoacutericas e praacuteticas Madeira [s n] 201- Disponiacutevel em httpwww3umaptbentoRepositorioRevisaodaliteraturapdf Acesso em 22 nov 2020
MOREIRA W Revisatildeo de Literatura e Desenvolvimento Cientiacutefico conceitos e estrateacutegias para confecccedilatildeo [S l s n] 2004 Disponiacutevel em httpsfilescercompufgbrwebyup19oRevis__o_de_Literatura_e_desenvolvimento_cient__ficopdf Acesso em 09 jul 2020
CORDEIRO A M et al Revisatildeo sistemaacutetica uma revisatildeo narrativa Rev Col Bras Cir Rio de Janeiro v 34 n 6 p 428-431 dez 2007
SOUZA M T SILVA M D CARVALHO R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein [S l] v 8 n1 p 102-6 2010
ERCOLE F F MELO L S ALCOFORADO C L G C Revisatildeo integrativa versus revisatildeo sistemaacutetica REME - Rev Min Enferm Belo Horizonte v 18 n 1 janmar 2014 Disponiacutevel em httpwwwdxdoiorg1059351415-276220140001 Acesso em 11 jul 2020
ANDRADE MM Introduccedilatildeo agrave metodologia do trabalho cientiacutefico elaboraccedilatildeo de trabalhos na graduaccedilatildeo9 ed Satildeo Paulo Atlas 2009
EGGER M SMITH G D Meta-analysis potentials and promise BMJ Londres v 315 n 7119 p 1371-4 nov 1997
BARROS J A A Revisatildeo Bibliograacutefica - Dimensatildeo fundamental para o planejamento da Pesquisa Instrumento R Est Pesq Educ Juiacutez de Fora v 13 n 1 2011
109
13A REDACcedilAtildeO ACADEcircMICA DICAS PARA UMA BOA
ESCRITA
Veyda Lourdes Ferreira MartinsClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoO gosto pela escrita cresce agrave medida que se escreverdquo
Erasmo de Rotherdam
A evoluccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico somente eacute possiacutevel por meio da transmissatildeo das descobertas oriundas de pesquisas nas mais diversas aacutereas e para que isso ocorra o exerciacutecio da escrita se faz fundamental O sucesso de uma produccedilatildeo acadecircmica passa pela qualidade da escrita ao final do processo Saber escrever um bom texto cientiacutefico eacute tatildeo importante quanto saber executar as demais fases da pesquisa Poreacutem escrever bem natildeo eacute uma tarefa simples Mesmo com vocaccedilatildeo e habilidades inatas eacute necessaacuteria a praacutetica constante da redaccedilatildeo visando a seu aperfeiccediloamento contiacutenuo por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades teacutecnicas
Aleacutem disso escrever bem envolve conhecer o puacuteblico para o qual se destina o seu produto De uma maneira geral a escrita cientiacutefica apresenta particularidades especiacuteficas que visam agrave transmissatildeo de informaccedilatildeo e conhecimento com objetividade exatidatildeo ldquoimparcialidaderdquo e eacutetica como deseja o leitor de um trabalho cientiacutefico Segundo Reiz (2012) eacute essencial distinguir redaccedilatildeo cientiacutefica e redaccedilatildeo literaacuteria (quadro 131)
Assim o objetivo deste capiacutetulo eacute apresentar algumas consideraccedilotildees sobre a escrita acadecircmica discutindo alguns viacutecios comumente observados e como evitaacute-los
131 A ESCRITA ACADEcircMICA
Redigir um texto geralmente eacute uma das partes mais difiacuteceis de um trabalho acadecircmico gerando diferentes graus de inseguranccedila no aluno Esse fenocircmeno contudo eacute algo frequente e esperado que tende a melhorar ao longo da redaccedilatildeo Agrave medida que o aluno vai escrevendo o bloqueio e a inseguranccedila inicial tendem a diminuir e as ideias comeccedilam a surgir
110 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 131 mdash Diferenccedilas entre a redaccedilatildeo cientiacutefica e literaacuteria
Redaccedilatildeo cientiacutefica Redaccedilatildeo literaacuteriaInformaccedilatildeo e conhecimento Sentimento e emoccedilatildeoTeacutecnica EsteacuteticaObjetividade SubjetividadeExatidatildeo Adorno na expressatildeoNormas de uso obrigatoacuterio Livre escolhaPrecisatildeo Interpretaccedilotildees diversas (estiacutemulo agrave imaginaccedilatildeo)Denotaccedilatildeo ConotaccedilatildeoEspecificaccedilatildeo GeneralizaccedilatildeoModeacutestia e sobriedade Requinte e refinamentoImparcialidade Juiacutezo de valor
Adaptado de Reiz 2012
Entatildeo a primeira dica eacute COMECE Mesmo que o texto seja reformulado depois comece a escrever Natildeo importa se a primeira versatildeo natildeo ficou adequada o texto sempre poderaacute ser reformulado com a ajuda do orientador ou de pesquisadores mais experientes No entanto cuidado natildeo inicie a redaccedilatildeo antes de conhecer muito bem a histoacuteria que iraacute contar (VOLPATO 2015)
Ao iniciar eacute importante que o aluno calcule adequadamente o tempo necessaacuterio para finalizar a versatildeo inicial de sua produccedilatildeo planejando tempo haacutebil para a sua proacutepria revisatildeo para a revisatildeo do orientador e para que o texto seja reformulado caso precise
Eacute necessaacuterio ainda dedicar tempo para uma boa revisatildeo ortograacutefica e gramatical Quando uma produccedilatildeo cientiacutefica conteacutem erros de escrita os pareceristas e revisores das agecircncias de fomentos e de revistas cientiacuteficas podem recusar projetos ou artigos por entenderem tais erros como desleixo E se existe desleixo na escrita do trabalho eacute de se esperar que as outras etapas da pesquisa tambeacutem possam ter sido realizadas sem zelo Portanto um texto que natildeo segue a norma-padratildeo da liacutengua pode comprometer a credibilidade do estudo e dos pesquisadores (KOLLER 2014)
Aleacutem de respeitar a norma-padratildeo da liacutengua o texto cientiacutefico deve atender a alguns requisitos baacutesicos desse tipo de gecircnero literaacuterio ndash CLAREZA COESAtildeO CONCISAtildeO e PRECISAtildeO satildeo imprescindiacuteveis para uma boa produccedilatildeo acadecircmica (REIZ 2013) Isso natildeo significa no entanto que a redaccedilatildeo cientiacutefica deva ser monoacutetona e cansativa
CRIATIVIDADE ORIGINALIDADE e INSPIRACcedilAtildeO tambeacutem satildeo desejaacuteveis na redaccedilatildeo cientiacutefica O escritor deve buscar elaborar um texto que ao mesmo tempo em que transmite a ideia central da pesquisa consiga chamar a atenccedilatildeo e promover entusiasmo no leitor E este sim eacute um grande desafio para o autor de textos cientiacuteficos
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 111
ldquoinformar o indispensaacutevel sem perder a harmoniardquo (REIZ 2013) Desafio este que poderaacute ser alcanccedilado agrave custa do estudo das teacutecnicas da redaccedilatildeo cientiacutefica moderna e de muita dedicaccedilatildeo (MEDEIROS 2017)
132 A REDACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA O QUE FAZER E O QUE NAtildeO FAZER AO REDIGIR UM TEXTO ACADEcircMICO
Nesse toacutepico seratildeo apresentadas algumas recomendaccedilotildees que visam conduzir o pesquisador na elaboraccedilatildeo de um texto que atenda aos princiacutepios baacutesicos da escrita cientiacutefica Vejamos
bull Planeje o texto em toacutepicos faccedila um esboccedilo ou sumaacuterio provisoacuterio de como pretende expor as ideias ao longo do texto Em geral as revistas cientiacuteficas tradicionais sugerem a divisatildeo do manuscrito em INTRODUCcedilAtildeO MEacuteTODOS RESULTADOS e DISCUSSAtildeO Entretanto atualmente alguns perioacutedicos de alto impacto tecircm proposto diferente disposiccedilatildeo para essa divisatildeo
bull Apresente uma ideia por paraacutegrafo evite paraacutegrafos muito longos O paraacutegrafo deve ser construiacutedo com planejamento Em geral cada paraacutegrafo deve conter uma ideia central que deve ser exposta na(s) primeira(s) frase(s) e que seraacute a base para o desenvolvimento das ideias secundaacuterias Deve haver articulaccedilatildeo entre os paraacutegrafos O paraacutegrafo seguinte deve abordar uma nova ideia relacionada agrave que fora previamente apresentada
bull Escreva sentenccedilas em ordem direta sempre que possiacutevel utilize sujeito + verbo + objeto No entanto dependendo do contexto a voz passiva tambeacutem poderaacute ser utilizada visando facilitar o encadeamento das ideias Aleacutem disso autores de textos cientiacuteficos na liacutengua inglesa frequentemente utilizam a voz passiva
bull Seja claro transmita as ideias de maneira compreensiacutevel Para isso prefira sentenccedilas afirmativas e frases curtas que facilitam a concatenaccedilatildeo das ideias Frases simples satildeo mais eficazes no entendimento e na memorizaccedilatildeo das informaccedilotildees Quando o autor tem maior autoridade sobre determinado assunto o conteuacutedo poderaacute ser escrito e transmitido de maneira mais simples Quando o pesquisador estaacute confuso seu texto tambeacutem pareceraacute confuso portanto aproprie-se do tema
bull Seja preciso todos os leitores devem ter o mesmo entendimento da informaccedilatildeo
bull Seja conciso elimine termos que natildeo tenham significado especiacutefico e que natildeo acrescentem sentido agrave informaccedilatildeo Exclua adjetivos adveacuterbios numerais e outros elementos que natildeo sejam essenciais para o entendimento
bull Seja original muitas vezes a originalidade natildeo se refere apenas ao ineacutedito Pode ser uma maneira diferente de transmitir a ideia em apresentar uma nova
112 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
teacutecnica de comunicar os achados e detectar novas possibilidades ou interpretaccedilotildees
bull Respeite o gecircnero literaacuterio a linguagem cientiacutefica deve seguir as normas da liacutengua padratildeo Em textos acadecircmicos a exatidatildeo e o rigor formal satildeo primordiais No entanto lembre-se deque o texto deve destinar-se agravecompreensatildeo dos cientistas nas diferentes aacutereas do conhecimento e natildeo apenas aos especialistas
bull Respeite o Novo Acordo Ortograacutefico da Liacutengua Portuguesa para textos na liacutengua portuguesa recomenda-se consultar as normas vigentes no link httpwwwacademiaorgbrnossa-linguabusca-no-vocabulario e no aplicativo VOLPreg disponiacutevel para iOS e Android
Apesar de parecer algo simples atender a todos os requisitos acima expostos natildeo eacute uma constante em todos os textos acadecircmicos atualmente produzidos Ainda eacute frequente depararmo-nos com textos que apresentam viacutecios que comprometem a qualidade da escrita A seguir alguns exemplos que devem ser evitados
bull Escrever em linguagem oral (escrever como se fala) deve-se empregar a norma-padratildeo
bull Repeticcedilotildees de palavras e expressotildees busque diversidade de vocabulaacuterio Utilize os sinocircnimos mantendo a articulaccedilatildeo de ideias e a exposiccedilatildeo dos pensamentos de forma coerente
bull Frases rebuscadas Palavras abstratas expressotildees vagas adjetivos e adveacuterbios natildeo agregam valor agrave informaccedilatildeo
bull Ambiguidades demonstra incerteza sobre o que se fala e compromete a clareza
bull Paraacutegrafos sem conectores sempre que possiacutevel utilize conectores entre paraacutegrafos e entre um periacuteodo e outro No entanto lembre-se de que a simples presenccedila de um conector natildeo garante fluidez ou coerecircncia Outra forma de melhorar a fluidez da leitura eacute iniciar a frase seguinte com alguma informaccedilatildeo apresentada no periacuteodo anterior Isso facilita o processo de encadeamento e progressatildeo de ideias trazendo coesatildeo ao texto
bull Frases muito longas mais uma vez divida as sentenccedilas em frases menores
bull Queiacutesmo (utilizar muitas vezes a palavra ldquoquerdquo) Quando necessaacuterio substitua-o pelas palavras agraves quais ele se refere (caso tal palavra jaacute tenha aparecido muitas vezes no texto opte pelos sinocircnimos) Outra opccedilatildeo eacute dividir periacuteodos longos interligados pelo ldquoquerdquo em frases mais curtas
bull Estrangeirismos sem aspas ou itaacutelicos Sempre que incluir algum termo de outra liacutengua destaque-o por meio de aspas ou da letra em itaacutelico
bull Abreviaturas e siglas natildeo identificadas Todas devem ser explicadas na primeira vez em que forem citadas no texto
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 113
bull Erros ortograacuteficos e de pontuaccedilatildeo revise o texto quantas vezes forem necessaacuterias Atenccedilatildeo especial para as viacutergulas natildeo se separa sujeito de verbo e verbo de complemento Atenccedilatildeo ainda para o posicionamento dentro de uma sentenccedila Viacutergulas mal colocadas podem alterar o sentido da frase
bull Figuras e viacutecios de linguagem elimine possiacuteveis metaacuteforas ecos e pleonasmos
bull Desvio de sintaxe atenccedilatildeo para as regras de concordacircncia e regecircncia verbal
bull Utilizaccedilatildeo excessiva de jargotildees teacutecnicos palavras complexas truncam a leitura e afastam o leitor
133 A QUESTAtildeO DO TEMPO VERBAL
Existem opiniotildees divergentes entre os pesquisadores sobre a escolha de uma redaccedilatildeo pessoal ou impessoal para o texto cientiacutefico Tradicionalmente utiliza-se a redaccedilatildeo impessoal visando a uma suposta ldquoimparcialidaderdquo do texto cientiacutefico ou seja os meus resultados e conclusotildees seratildeo repetidos por outros autores que conduzam a mesma pesquisa Nesse caso poderiacuteamos afirmar ldquoconclui-se querdquo pois natildeo se trata de uma conclusatildeo pessoal e sim de um achado baseado em fatos (VOLPATO 2015)
No entanto os defensores do uso da primeira pessoa alegam que os pesquisadores devem apropriar-se dos seus achados e conclusotildees Segundo tais autores ser impessoal eacute
ldquo retomar a uma ciecircncia jaacute ultrapassada que assumia que o conhecimento eacute objetivo porque as conclusotildees satildeo determinadas por dados objetivos que natildeo dependem da vontade do cientistardquo (VOLPATO 2015)
E ainda
ldquo essa postura eacute prepotente na medida em que supotildee que a anaacutelise do autor eacute verdadeira lsquoconclui-sersquo significa que todos concluiratildeo a mesma coisa pois independe da pessoa que a expressardquo (VOLPATO 2015)
De fato atualmente haacute uma tendecircncia para o uso da primeira pessoa Em muitas revistas de alto impacto os artigos satildeo escritos com redaccedilatildeo na primeira pessoa Poreacutem tambeacutem existem revistas de prestiacutegio que mantecircm a redaccedilatildeo impessoal talvez em funccedilatildeo da manutenccedilatildeo do que eacute o mais tradicional Na verdade natildeo haacute certo ou errado nesse quesito e a maioria das revistas natildeo impotildee regras nesse sentido A leitura de bons perioacutedicos ajudaraacute que os autores definam suas preferecircncias e a utilizem de acordo com o seu estilo
114 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
134 POR ONDE COMECcedilAR
Aleacutem de tentar atender agraves teacutecnicas de escrita acima apresentadas o autor de textos cientiacuteficos deve procurar sistematizar o processo da redaccedilatildeo Seguir uma ordem que facilite a exposiccedilatildeo das ideias dentro de um artigo cientiacutefico pode ser uma dica valiosa que ajuda a responder a outra duacutevida que frequentemente aflige o jovem pesquisador ldquoPOR ONDE COMECcedilARrdquo
Para responder a essa duacutevida vaacuterios autores sugerem teacutecnicas diversas Aqui iremos apresentar uma sugestatildeo de Volpato (2015) que desenvolveu o que ele denomina de Meacutetodo Loacutegico para a Redaccedilatildeo Cientiacutefica Segundo esse autor o artigo cientiacutefico eacute uma histoacuteria que deve ser narrada com precisatildeo e que pode ser escrito na seguinte sequecircncia
CONCLUSAtildeO RESULTADOS MEacuteTODOS DISCUSSAtildeO INTRODUCcedilAtildeO RESUMO TIacuteTULO
Para isso o pesquisador deveraacute
bull entender com clareza o final da histoacuteria ndash resultados e conclusatildeo
bull descrever todos os meios e procedimentos para alcanccedilaacute-los ndash meacutetodos
bull explicar os resultados que ele alcanccedilou e comparaacute-lo com o que diz outros autores ndash discussatildeo
bull explicar o cenaacuterio onde tal histoacuteria se desenvolveu e o porquecirc de desenvolvecirc-la ndash introduccedilatildeo
bull e finalmente somente apoacutes a construccedilatildeo completa da histoacuteria o escritor deveraacute resumi-la (resumo) e dar-lhe um nome (tiacutetulo)
Essa sequecircncia pode facilitar o processo da redaccedilatildeo No entanto ressalta-se que cada pesquisador deve ter liberdade para utilizar a teacutecnica que lhe apraz e que domina O cientista natildeo deve ser riacutegido perante as regras preacute-concebidas a criatividade eacute essencial agrave ciecircncia
135 REVISAtildeO DO TEXTO
Programar tempo para a revisatildeo eacute fundamental Revisar o proacuteprio texto exaustivamente eacute altamente recomendado Revise-o do iniacutecio ao fim quantas vezes forem necessaacuterias Preferentemente leia-o em voz alta A escuta poderaacute auxiliar no processo de reformulaccedilatildeo de frases Muitas vezes ao ler o texto em voz alta
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 115
percebemos trechos da escrita que natildeo estatildeo claros ou coerentes Se algum trecho soar estranho reformule-o
Outra dica peccedila ajuda Submeta seu texto agrave apreciaccedilatildeo de colegas mais experientes ou amigos que tenham um bom domiacutenio da liacutengua portuguesa mesmo que natildeo sejam da aacuterea Esse eacute um bom teste para avaliar a clareza de sua produccedilatildeo
Durante a revisatildeo eacute importante ainda natildeo confundir estrutura e apresentaccedilatildeo visual do trabalho com redaccedilatildeo cientiacutefica Atender agraves diretrizes para formataccedilatildeo e normalizaccedilatildeo dos elementos preacute-textuais textuais e poacutes-textuais de uma produccedilatildeo acadecircmica embora necessaacuterio natildeo acrescentam qualidade agrave essecircncia do texto cientiacutefico (REIZ 2012)
136 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Como demonstrado acima o texto cientiacutefico demanda uma seacuterie de requisitos para que seja produzido de maneira adequada Portanto natildeo deixe para escrever na uacuteltima hora Aleacutem disso o tempo destinado para estudar o tema antes de escrever interfere diretamente na qualidade da informaccedilatildeo que seraacute redigida Lembre-se o autor deve ter pleno domiacutenio do tema abordado a fim de que possa escrever e transmitir as ideias de maneira simples e de faacutecil compreensatildeo para os seus futuros leitores Portanto dedique tempo para a leitura preacutevia e tambeacutem concomitante agrave escrita Muitas vezes as ideias natildeo vecircm todas de uma vez Caso vocecirc comece a redigir seu texto com antecedecircncia provavelmente as ideias iratildeo surgindo e vocecirc teraacute tempo para enriquececirc-lo agregando ainda mais valor agrave informaccedilatildeo produzida
Recomenda-se ainda para todo jovem pesquisador a leitura de manuais especiacuteficos sobre a redaccedilatildeo cientiacutefica Muitos desses livros e manuais abordam diversos aspectos da escrita acadecircmica em profundidade e satildeo de grande valia nesse processo Aleacutem disso a academia tem um papel fundamental em enfatizar a importacircncia da escrita estimulando e capacitando os alunos para tal Muitas vezes a inseguranccedila eacute falta de conhecimento e teacutecnica
Finalizamos com um trecho transcrito de um manual sobre a redaccedilatildeo cientiacutefica moderna que pode ser de grande valia para pesquisadores jovens bem como para aqueles mais experientes ldquoA redaccedilatildeo cientiacutefica eacute o ato de escrever que consiste em transformar a leitura especializada observaccedilatildeo investigaccedilatildeo e capacidade de refletir em comunicaccedilatildeo escrita com clareza precisatildeo concisatildeo e simplicidaderdquo e ldquoQuando se transforma esse ofiacutecio em arte isto eacute em prazer ou trabalho criativo o estudo ganha outra dimensatildeo torna-se mais criacutevel e haacute menos desgaste emocionalrdquo (REIZ 2013)
116 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
VOLPATO G L O meacutetodo loacutegico para redaccedilatildeo cientiacutefica Rev Eletron Comun Inf Inov Sauacutede Rio de Janeiro v 9 n 1 p 1-14 2015 Disponiacutevel em httpswwwarcafiocruzbrbitstreamicict17013210pdf Acesso em09 abr 2020
117
14TRADUCcedilAtildeO DE TRABALHOS
ACADEcircMICOS PARA O INGLEcircS
Wellison Gil Magalhatildees de Almeida
ldquoThe limits of my language are the limits of my worldrdquo
(Os limites do meu idioma satildeo os limites do meu mundo)
Ludwig Wittgenstein
No uacuteltimo seacuteculo o inglecircs tornou-se a liacutengua da ciecircncia Haacute uma tendecircncia progressiva para a publicaccedilatildeo de trabalhos cientiacuteficos em inglecircs Publicaccedilotildees em outras liacutenguas que natildeo seja o inglecircs satildeo menos valorizadas pela comunidade cientiacutefica internacional Desse modo eacute preciso privilegiar a utilizaccedilatildeo do inglecircs na redaccedilatildeo dos artigos de modo a aumentar a visibilidade da publicaccedilatildeo e permitir seu acesso de forma mais ampla agrave comunidade cientiacutefica nacional e internacional
Assim como o objetivo principal de um pesquisador eacute transmitir seus achados para a comunidade cientiacutefica se quisermos que nossos trabalhos acadecircmicos escritos em portuguecircs tenham maior poder de alcance e visibilidade teremos que escrevecirc-los em inglecircs ou traduzi-los para essa liacutengua No entanto traduzir natildeo constitui uma tarefa faacutecil A maior dificuldade em traduccedilatildeo eacute que para fazecirc-la eacute preciso ter um excelente conhecimento da liacutengua o que soacute se obteacutem depois de muitos anos de estudo do idioma Para traduzir o acadecircmico natildeo precisa escrever em inglecircs ou compreender o inglecircs falado mas precisa conhecer muito bem a estrutura gramatical da liacutengua
Ademais existe uma diferenccedila significativa entre escrever em inglecircs e escrever bem em inglecircs A verdade eacute que assim como existe diferenccedila entre escrever em portuguecircs e escrever bem em portuguecircs o mesmo se aplica agrave escrita em inglecircs Aleacutem disso nem todo falante nativo de inglecircs que escreve bem em inglecircs pode escrever bem para a literatura cientiacutefica (MARLOW 2014) A escrita cientiacutefica em inglecircs possui estilo e ritmo proacuteprios Por exemplo destaca-se o uso da voz passiva que eacute considerada uma forma de inglecircs pobre para a maioria das formas de escrita fora da ciecircncia (notiacutecias romances etc) Todavia em textos cientiacuteficos o uso da voz passiva eacute aceitaacutevel e incentivado pois com uso da voz passiva pode-se enfatizar a accedilatildeo e natildeo quem a praticou (MARLOW 2014)
O texto a ser traduzido deve estar bem escrito na liacutengua nativa caso contraacuterio
118 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
a traduccedilatildeo seguiraacute os erros do texto original tornando-o por vezes incompreensiacutevel Conveacutem revisar todo o texto antes de iniciar a traduccedilatildeo
Ao iniciar o processo de traduccedilatildeo recomenda-se manter-se sempre fiel ao texto original pois um miacutenimo erro de traduccedilatildeo pode prejudicar todo o trabalho tornando a ideia-chave ou os achados da pesquisa confusos
Geralmente na aacuterea da sauacutede os termos utilizados satildeo muito especiacuteficos e natildeo fazem parte do vocabulaacuterio cotidiano Portanto deve-se pesquisar cada uma das palavras expressotildees abreviaccedilotildees e acrocircnimos para saber se os termos estatildeo adequados
Deve-se evitar uma linguagem muito rebuscada tanto em inglecircs quanto em portuguecircs Eacute necessaacuterio considerar o puacuteblico que iraacute ler A liacutengua portuguesa natildeo eacute tatildeo objetiva quanto a inglesa por isso eacute mais faacutecil colocar palavras desnecessaacuterias e ser redundante entretanto o mesmo natildeo acontece no inglecircs o que poderaacute tornar a traduccedilatildeo bem menor que o texto original
Por fim o texto traduzido deve ser revisado procurando deixaacute-lo de acordo com a linguagem acadecircmica Para isso abaixo satildeo apresentadas algumas dicas para escrever bem em inglecircs acadecircmico publicadas originalmente por Marlow (2014) ndash httpwwwdxdoiorg106061clinics2014(03)01 ndash traduzidas e apresentadas neste capiacutetulo com autorizaccedilatildeo
141 DICAS PARA ESCREVER BEM EM INGLEcircS ACADEcircMICO
1 Evite frases iniciais com lsquorsquoIt isrdquo
Em portuguecircs quando se quer enfatizar ou expressar um relevo argumentativo geralmente se utilizam frases como
ldquoEacute conveniente destacar quehelliprdquo ldquoEacute importantehelliprdquo ldquoEacute muito comumhelliprdquo
Muitas traduccedilotildees satildeo feitas assim
ldquoIt should be noted thathelliprdquo rsquorsquoIt is importanthelliprsquorsquo ldquoIt is very commonhelliprdquo
Essas frases satildeo gramaticalmente corretas mas satildeo fracas e tecircm uma estrutura gramatical de iniciante no idioma Uma ou duas por paraacutegrafo pode ser bom mas o uso repetido dessa estrutura de frases pode diminuir a maturidade percebida do seu trabalho
Essas frases devem ser reformuladas
Frase original lsquolsquoEacute importante destacar as pesquisas mais recentes quersquorsquo
Frase em inglecircs lsquolsquoIt is important to highlight the most recent researches thathelliprsquorsquo
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 119
Frase em inglecircs acadecircmico lsquoThe most recent researches that () are important to highlightrsquorsquo
2 Evite ocultar o sujeito das sentenccedilas
Em portuguecircs para evitar repeticcedilatildeo omitimos o sujeito ao longo do paraacutegrafo se ele jaacute tiver sido mencionado anteriormente Entretanto em inglecircs eacute necessaacuterio continuar explicando a quem estamos nos referindo mesmo que isso implique repeticcedilatildeo Em inglecircs eacute melhor ter paralelismo do que natildeo ser repetitivo
Frase original ldquoNesta pesquisa 418 estudantes responderam a um questionaacuterio Destes 95 (2273) eram do quinto semestrerdquo
Frase em inglecircs ldquoIn this study 418 students answered a questionnaire Of these 95 (2273) were from the fifth semesterrdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquoIn this study 418 students answered a questionnaire Of these 95 (2273) students were from the fifth semesterrdquo
3 Tente usar a primeira pessoa (lsquoIrsquo e lsquowersquo) o miacutenimo possiacutevel e troque-a pela voz passiva
A sugestatildeo de usar a voz passiva estaacute diretamente relacionada agrave traduccedilatildeo do portuguecircs-inglecircs na qual a primeira pessoa do plural eacute comumente usada de forma excessiva Quando se utiliza a voz passiva o objeto fica sempre no iniacutecio da frase enquanto o autor da accedilatildeo pode ou natildeo estar presente na sentenccedila Mas caso esteja deve sempre estar ao final dela Outro aspecto relevante em relaccedilatildeo agrave voz passiva eacute o tempo verbal da frase Ao se realizar a inversatildeo de voz ativa para passiva a construccedilatildeo precisa ser adaptada de acordo com cada tipo de tempo verbal
Frase original lsquolsquoEncontramos 50 artigos acerca do assuntohelliprsquorsquo
Frase em inglecircs ldquoWe found 50 articles about the subjecthelliprdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquo50 articles about this subject were foundrdquo
Usando a frase com o noacutes vocecirc estaraacute enfatizando que encontrou os resultados Agora se vocecirc colocar a frase em voz passiva ldquo50 artigos acerca do assunto foram encontradosrdquo Aqui vocecirc enfatiza que vaacuterios artigos foram encontrados e natildeo eacute mais tatildeo importante que vocecirc os encontrou Nesse caso vocecirc enfatiza queem seu estudo bem elaboradoo qual pode ser repetido por qualquer outro pesquisador 50 artigos acerca do assunto seratildeo encontrados Afinal natildeo satildeo resultados reprodutiacuteveis o que eacute realmente importante enfatizar ao comunicar a pesquisa
No entanto apesar disso alguns pesquisadores defendem o uso da primeira pessoa por ocasiatildeo da escrita de textos cientiacuteficos Para eles a principal argumentaccedilatildeo
120 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
eacute a de que o pesquisador deve-se apropriar de seus achados e apresentaacute-los como sujeitos ativos no processo da descoberta cientiacutefica sob questatildeo Aleacutem desse debate recomenda-se que a utilizaccedilatildeo da primeira pessoa (lsquoIrsquo e lsquowersquo) natildeo seja excessiva podendo ser reservado seu uso para a apresentaccedilatildeo dos resultados originais de uma pesquisa e das consideraccedilotildees dos autores acerca de tais achados
4 Em suas tabelas ou figuras os tiacutetulos devem sempre ser singulares e natildeo se deve usar o termo lsquorsquovariaacuteveisrsquorsquo (variable) como cabeccedilalho
Caracteristic (Natildeo usar ldquoVariablerdquo)SexMale (Natildeo usar ldquoMalesrdquo)Female (Natildeo usar ldquoFemalesrdquo)
5 Remova palavras e adjetivos desnecessaacuterios
Antes de traduzir para o inglecircs identifique frases que podem ser expressas com uma uacutenica palavra Evite repetir uma ideia que jaacute estaacute expliacutecita no discurso fazendo que ele fique cansativo e comprometa a qualidade da mensagem
6 Frases preposicionais transiccedilotildees e adveacuterbios no iniacutecio das frases devem ser separados por viacutergula
Frase original lsquolsquoNeste estudo encontramos este resultadorsquorsquo
Frase traduzida lsquolsquoIn this study this result was foundrsquorsquo
Outras expressotildees que satildeo comumente usadas
bull therefore
bull currently
bull of these
bull however
bull as previously reported
bull in Brazil
Uma frase que contiver mais de duas viacutergulas sem a inclusatildeo de listas deveraacute ser dividida em mais de uma para melhor entendimento
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 121
7 Aprenda quando usar the Busque removecirc-lo do iniacutecio da frase e incluiacute-lo apenas quando se referir a eventos objetos ou pessoas especiacuteficas
Em portuguecircs uma frase que comeccedila com ldquoOrdquo ldquoOsrdquo ldquoArdquo ou ldquoAsrdquo ao ser traduzida perde o the Este soacute deve ser usado quando se refere a pessoas lugares eventos ou populaccedilotildees especiacuteficas
bull Quando se fala de algo que jaacute foi mencionado
bull Quando estiver evidente o elemento a que se refere
bull Com substantivos proacuteprios
bull Com lugares em uma cidade
bull Com adjetivo superlativo
Frase original ldquoAs ceacutelulas foram coradashelliprdquo
Frase em inglecircs ldquoThe cells were stainedhelliprdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquoCells were stainedhelliprdquo
8 Somente coloque letra maiuacutescula nas palavras se elas se referirem ao nome formal de um lugar departamento ou cargo
Um dos erros mais comuns eacute com o uso de ldquoestadordquo Essa palavra soacute eacute maiuacutescula quando vem depois do nome de um estado como parte de seu tiacutetulo formal
Exemplo lsquolsquoThe study was conducted at the University Hospital of the Federal University of Cearaacute (FORMAL) in Cearaacute State
Regiotildees especiacuteficas devem ser iniciadas com letra maiuacutescula mas a direccedilatildeo ou localizaccedilatildeo devem ser grafadas com minuacutescula Exemplos
ldquoThe research was conducted in Northeastern Brazilrdquo (Regiatildeo especiacutefica)
ldquoThe research was conducted in the northeast region of Brazilrdquo (Localizaccedilatildeo geral)
9 Remova o that
O that deve ser usado apenas no iniacutecio de uma frase dependente ou ao descrever um sujeitosubstantivo
Frase original lsquolsquoOs resultados mostraram que muitos alunos querem o material impressorsquorsquo
Frase em inglecircs lsquolsquoThe results showed that many students want printed
122 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
materialrsquorsquo
Frase em inglecircs acadecircmico lsquoThe results showed many students want printed materialrsquorsquo
No exemplo acima caso vocecirc remova o that o significado da frase natildeo mudaraacute
Contudo em outras situaccedilotildees eacute necessaacuterio o uso do that
lsquolsquoOs resultados que foram encontrados nesse estudo mostraram que muitos alunos querem o material impressorsquorsquo
lsquolsquoThe results that were found in this study showed many students want printed materialrsquorsquo
Abaixo seguem alguns exemplos de palavras frequentemente usadas na literatura cientiacutefica que geralmente natildeo precisam ser seguidas por that
bull suggest or suggested
bull observed
bull found or was found
bull show or shown
bull is important
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 123
REFEREcircNCIAS
MARLOW M A Writing scientific articles like a native English speaker top ten tips for Portuguese speakers Clinics Satildeo Paulo v 69 n 3 p153-157 2014 Mar Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC3935133 Acesso em 02 set 2019
MURPHY R English grammar in use 3rd ed Cambridge CUP 2004
125
15NOCcedilOtildeES BAacuteSICAS DE ESTATIacuteSTICA
Antocircnio Brazil Viana Junior
ldquoConhecimento incerto + conhecimento sobre a incerteza =
conhecimento uacutetil Isso eacute estatiacutesticardquo
Rao
151 INTRODUCcedilAtildeO
Neste capiacutetulo o conhecimento seraacute abordado de forma simples e direta de modo a fornecer uma base teacutecnica para que seja possiacutevel ao pesquisador iniciar uma pesquisa quantitativa Dessa forma para que uma pesquisa possa alcanccedilar um resultado metodologicamente correto minimizando os possiacuteveis vieses eacute necessaacuterio planejaacute-la tendo como base a pergunta a ser respondida pelo estudo Definido o problema da pesquisa apoacutes a revisatildeo da literatura o planejamento segue uma sequecircncia loacutegica composta por
152 COLETA DE DADOS
A coleta de dados para uma pesquisa por vezes tem sua importacircncia diminuiacuteda sendo feita sem o devido cuidado levando a seacuterios problemas que podem inviabilizar seus resultados No quadro 151 satildeo expostos os principais erros cometidos durante a etapa de coleta de dados
126 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 151 - Principais erros ou vieses na coleta de dados
bull Diferenccedilas devidas a fatores pessoais passageiros ou de situaccedilatildeo Caso em que o participante estaacute estressado ansioso ou cansado e a entrevista eacute longa Nesse caso o objetivo do participante passa a ser acabar a entrevista e natildeo a verdade
bull Diferenccedilas devidas agraves variaccedilotildees na aplicaccedilatildeo O entrevistador pode abordar o participante de forma a influenciaacute-lo na resposta
bull Maacute adequaccedilatildeo das perguntas ao niacutevel cognitivo dos entrevistados
bull Falta de clareza do instrumento de medida
Abaixo apresentaremos algumas consideraccedilotildees para a realizaccedilatildeo adequada de uma coleta de dados
Tamanho da amostra
Um dos principais questionamentos durante o planejamento de um estudo eacute a definiccedilatildeo do quantitativo de participantes para que se obtenham resultados vaacutelidos tambeacutem conhecido como tamanho amostral A definiccedilatildeo desse tamanho depende do niacutevel de significacircncia adotado ( =005) do poder da amostra (1 - = 80) do tipo de variaacuteveis que seratildeo analisadas e dos meacutetodos estatiacutesticos a serem utilizados existindo diversos meacutetodos para seu caacutelculo
A definiccedilatildeo do tamanho da amostra requer um conhecimento preacutevio sobre o assunto a ser pesquisado visto que o caacutelculo necessita de paracircmetros como o desvio-padratildeo da populaccedilatildeo ou proporccedilatildeo de indiviacuteduos com certa caracteriacutestica ou risco relativo etc
Na internet existem diversas paacuteginas com calculadoras de tamanho amostral No site httpclincalccomstatssamplesizeaspxeacute possiacutevel calcular o tamanho amostral para diversos tipos de estudo O site eacute bem didaacutetico e possui exemplos para orientar o pesquisador Outra possibilidade eacute usar o programa GPower Totalmente gratuito embora mais complexo esse software eacute completo e fornece diversas opccedilotildees para o caacutelculo da amostra
Desenho do Estudo
Outro ponto a ser observado para a coleta de dados eacute o desenho do estudo Aqui se deve atentar para quantos momentos ocorreraacute a coleta das informaccedilotildees dos participantes Por exemplo em ensaios cliacutenicos existe no miacutenimo uma coleta no baseline momento inicial e uma segunda coleta apoacutes a intervenccedilatildeo visando investigar o efeito da intervenccedilatildeo sobre o desfecho Caso os dados sejam coletados em apenas um momento seraacute impossiacutevel inferir o eventual efeito da intervenccedilatildeo
Em estudos transversais por outro lado a coleta ocorre em apenas um momento e os resultados refletem um retrato estaacutetico da amostra naquele momento Tais diferenccedilas satildeo cruciais para a interpretaccedilatildeo dos resultados No caso dos estudos
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 127
transversais natildeo eacute possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de causalidade pois a anaacutelise estatiacutestica consiste em principalmente uma anaacutelise de descriccedilatildeo e de associaccedilatildeo entre variaacuteveis
Tipos de variaacuteveis
As variaacuteveis em um banco de dados satildeo classificadas conforme a sua natureza Isso define a forma de apresentaccedilatildeo e os testes estatiacutesticos a serem aplicados na anaacutelise As variaacuteveis podem ser
bull Categoacutericas
nominais raccedila sexo naturalidade
ordinais escolaridade gravidade do paciente
dicotocircmicas fumante simnatildeo portador de diabetes simnatildeo
bull Escalares
contiacutenuas peso circunferecircncia abdominal
discretas nordm de filhos nordm de endoscopias
153 TABULACcedilAtildeO DOS DADOS
Tabular os dados natildeo eacute uma tarefa divertida poreacutem eacute de suma importacircncia para o sucesso da anaacutelise estatiacutestica do trabalho Em geral essa tarefa eacute realizada por meio da utilizaccedilatildeo de softwares de planilhas eletrocircnicas Os principais satildeo
bull Excel tradicional software de planilhas eletrocircnicas da Microsoftreg Permite a transferecircncia direta de dados para outros diversos programas de anaacutelise estatiacutestica como Statareg SPSSreg Prismareg Rreg Jamovireg
bull Google forms (recomendo) formulaacuterio eletrocircnico do Googlereg que permite a criaccedilatildeo de questionaacuterios que podem ser enviados aos participantes da pesquisa de modo que os mesmos possam preencher Fornece resumos automaacuteticos das variaacuteveis e uma planilha com todos os dados das respostas
bull Epi Inforeg oacutetimo software que aleacutem da tabulaccedilatildeo permite anaacutelise de dados
Como tabular
Algumas regras que devem ser seguidas para que a tabulaccedilatildeo seja realizada adequadamente
bull Cada linha um paciente
bull Cada coluna uma informaccedilatildeo (variaacutevel do estudo) de cada paciente
bull As informaccedilotildees de uma mesma coluna devem ter a mesma unidade de medida
128 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Se o dado for numeacuterico deve-se preencher apenas com nuacutemeros Deve-se lembrar de que alguns softwares natildeo consideram as viacutergulas () como caractere adequado para a demarcaccedilatildeo das casas decimais e sim o ponto () conveacutem checar o software antes de iniciar a tabulaccedilatildeo para evitar retrabalho desnecessaacuterio
bull Se a variaacutevel for categoacuterica devem-se padronizar todas as respostas A codificaccedilatildeo eacute uma opccedilatildeo para a padronizaccedilatildeo
Principais erros durante a tabulaccedilatildeo de dados
Analisando a tabela 151 podemos identificar os seguintes erros
Tabela 151 mdash Exemplo de tabulaccedilatildeo de dados
Paciente Sexo Altura Glicemia Oacutebito1 Masculino 163 m 90 Sim marccedilo de 2015 sepse2 Feminino 170 cm gt 300 Natildeo alta3 f 180 cm 100120 Sim falecircncia hepaacutetica4 m 182 m 120-130 Sim 150720155 H 175 m 500 Sim transferecircncia
bull Na coluna ldquoSexordquo a variaacutevel foi preenchida de forma natildeo padronizada O ldquoMasculinordquo tornou-se ldquomrdquo e depois ldquoHrdquo Perceba que esse fato aleacutem de ser incompreensiacutevel para os programas estatiacutesticos levanta duacutevidas quanto agrave veracidade da informaccedilatildeo o ldquomrdquo poderaacute ser masculino em oposiccedilatildeo ao feminino ou mulher em oposiccedilatildeo a homem Assim mantenha o padratildeo no preenchimento dos dados A codificaccedilatildeo das variaacuteveis eacute bastante uacutetil para assegurar a padronizaccedilatildeo (ex masculino = 1 e feminino = 2)
bull Na coluna ldquoAlturardquo vemos dois erros de preenchimento a utilizaccedilatildeo de letras em dados numeacutericos escalares e a utilizaccedilatildeo de diferentes unidades de medidas (metros e centiacutemetros) Quando a variaacutevel for numeacuterica (escalar) deveraacute ser preenchida exclusivamente com nuacutemeros e na mesma unidade de medida No exemplo todos os valores deveriam estar em metros ou todos os valores deveriam estar em centiacutemetros
bull Na coluna ldquoGlicemiardquo a semelhanccedila da variaacutevel ldquoAlturardquo deve-se manter apenas nos nuacutemeros retirando-se todos e quaisquer siacutembolos (gt -)
bull Na coluna ldquoOacutebitordquo haacute mais de uma informaccedilatildeo por linha (ex sim marccedilo de 2015 sepse) o que inviabiliza as anaacutelises estatiacutesticas Esse modelo de tabulaccedilatildeo somente deve ser utilizado no caso de informaccedilotildees complementares e natildeo mensuraacuteveis
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 129
O modo correto de tabulaccedilatildeo dos dados apresentados na tabela 151 estaacute apresentado abaixo (tabela 152)
Tabela 152 mdash Tabulaccedilatildeo de dados corrigida
Paciente Sexo Altura (cm) Oacutebito Glicemia
(mgdL)Data do
oacutebitoCausa do
oacutebito1 M 163 Sim 90 01032015 Sepse2 M 170 Natildeo 300
3 F 180 Sim 100 01122015 Falecircncia Hepaacutetica
4 M 182 Sim 130 15072015 Natildeo informado
154 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA
Apoacutes a coleta e a tabulaccedilatildeo adequada dos dados inicia-se a anaacutelise estatiacutestica propriamente dita O primeiro passo para a anaacutelise de dados eacute apresentar as caracteriacutesticas da amostra em estudo o que em geral ocorre por meio de uma tabela descritiva Essa tabela traz os dados descritivos das variaacuteveis expressos em nuacutemeros absolutos porcentagens medidas de tendecircncia central e medidas de dispersatildeo
Dados descritivos da amostra
1 Medidas de tendecircncia central
bull Meacutedia eacute igual agrave soma de todos os valores divididos pelo nuacutemero de valores no conjunto de dados Eacute usado para descrever dados contiacutenuos Eacute uma estimativa teoacuterica do ldquovalor tiacutepicordquo No entanto pode ser fortemente influenciado por valores extremos ou outliers
bull Mediana eacute o valor central de um conjunto de dados que foi ordenado do menor para o maior valor A mediana eacute uma medida normalmente usada para dados contiacutenuos ordinais ou natildeo parameacutetricos sendo menos sensiacutevel a outliers e dados distorcidos
bull Moda eacute o valor mais frequente da amostra aquele que mais se repete
2 Medidas de dispersatildeo enquanto nas medidas de tendecircncia central tratamos sobre os valores centrais ou que mais se repetem por meio das medidas de dispersatildeo observamos a variabilidade dos dados isto eacute o quatildeo ldquoespalhadosrdquo estatildeo os dados o quatildeo ldquodistantesrdquo estatildeo da meacutedia
bull Range ou amplitude de faacutecil entendimento e caacutelculo a amplitude eacute a diferenccedila entre o valor maacuteximo e o valor miacutenimo Eacute extremamente afetada pela existecircncia de valores atiacutepicos o que por vezes pode passar uma impressatildeo errada
130 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
da variabilidade dos dados Por exemplo no conjunto de dados abaixo formado por valores de glicemia (mgdL) o range ou amplitude eacute 520 (600 menos 80) mas se tirarmos o valor 600 (outlier) a amplitude passaraacute a ser para 52 (132 menos 80)
Ex 809295100106110132600
bull Intervalo Interquartiacutelico (IQ) Agrave semelhanccedila do range essa medida eacute calculada por meio de uma diferenccedila de valores poreacutem aqui seraacute a diferenccedila entre o 75ordm percentil (p75) e 25ordm percentil (p25) O IQ tem uma maior aplicabilidade praacutetica quando os dados natildeo seguem a distribuiccedilatildeo normal (assunto que seraacute tratado a posteriori) sendo menos sensiacutevel a valores atiacutepicos
bull Desvio-padratildeo (DP) eacute usado para quantificar a quantidade de dispersatildeo de valores de dados em torno da meacutedia Um DP baixo indica que os valores estatildeo proacuteximos da meacutedia enquanto um DP alto indica que os valores estatildeo dispersos em uma faixa mais ampla O DP eacute a raiz quadrada de outra medida estatiacutestica a variacircncia a qual natildeo eacute interpretaacutevel nos termos da variaacutevel real e portanto foge ao objetivo deste capiacutetulo que trata de noccedilotildees baacutesicas poreacutem eacute de suma importacircncia teoacuterica para o estudo da anaacutelise estatiacutestica como um todo
bull Percentil eacute uma medida de posiccedilatildeo e eacute compreendida da seguinte forma o 10ordm percentil eacute o nuacutemero do banco de dados em que 10 dos valores estatildeo abaixo dele Assim o 25ordm percentil eacute nuacutemero em que 25 dos valores do banco de dados satildeo menores que ele1
Teste de Hipoacuteteses
Os testes de hipoacuteteses satildeo teacutecnicas estatiacutesticas que tecircm por objetivo verificar a validade da hipoacutetese experimental (hipoacutetese alternativa) em face de uma hipoacutetese nula isto eacute uma hipoacutetese de igualdade O teste de hipoacutetese visa permitir por meio da anaacutelise dos dados amostrais que se demonstrem evidecircncias estatiacutesticas que confirmem ou refutem a hipoacutetese formulada no estudo
Os testes estatiacutesticos fornecem uma medida para a tomada de decisatildeo o p-valor Caso o p do teste estatiacutestico seja menor que 5 (plt005) rejeitamos a hipoacutetese nula caso contraacuterio natildeo podemos rejeitar a hipoacutetese nula ou seja refutamos a hipoacutetese alternativa ou experimental Por exemplo
Estudo para avaliar o niacutevel de ansiedade entre homens e mulheres
bull Hipoacutetese experimental ou alternativa (H1) haacute diferenccedila do niacutevel de ansiedade entre os sexos
1 Percentil eacute uma medida de posiccedilatildeo e eacute compreendida da seguinte forma o 10ordm percentil eacute o nuacutemero do banco de dados em que 10 dos valores estatildeo abaixo dele Assim o 25ordm percentil eacute nuacutemero em que 25 dos valores do banco de dados satildeo menores que ele
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 131
bull Hipoacutetese nula (H0) natildeo haacute diferenccedila do niacutevel de ansiedade entre os sexos
Se o p resultante do teste for 003 (3) (plt005 5) aceitamos a H1 (refutamos H0) ou seja a chance ou probabilidade de que a diferenccedila observada entre os sexos nesse estudo seja em decorrecircncia do acaso eacute menor que 5 (chance previamente definida como aceitaacutevel pelo pesquisador)
Se o p resultante do teste for 01 (10) (pgt005 5) aceitamos a H0 (refutamos H1) ou seja a chance ou probabilidade de que a diferenccedila observada entre os sexos nesse estudo seja em decorrecircncia do acaso eacute maior que 5 (chance previamente definida como natildeo aceitaacutevel pelo pesquisador)
Consideraccedilotildees sobre o p-valor
Valor de p niacutevel descritivo niacutevel de significacircncia ou p-value pode ser definido como sendo a probabilidade de que ser considerado extremo ou improvaacutevel se considerarmos a hipoacutetese nula verdadeira ou como sendo a probabilidade de o valor encontrado ter sido por acaso (FIELD 2009)
Sir Ronald Fisher definiu um valor significativo para que a diferenccedila seja decorrente do acaso como menor que 5 ou 005 Tal valor eacute padratildeo na estatiacutestica e nos estudos na aacuterea da sauacutede ateacute os dias de hoje poreacutem natildeo eacute uma unanimidade Recentemente 72 pesquisadores propuseram um novo p-valor significativo passando de 005 para 0005 (BENJAMIN et al 2018) e no ano seguinte mais 800 pesquisadores assinaram o artigo Retire statistical significance publicado na revista Nature em que criticava o uso do valor de p como balizador daquilo que era ou natildeo relevante (RETIRE STATISTICAL SIGNIFICANCE 2019)
No trecho abaixo o autor Andy Field fala sobre significacircncia estatiacutestica e a importacircncia do efeito de modo simples que ajuda a compreender o motivo dessas duas visotildees
A importacircncia de um efeito Jaacute vimos que a ideia baacutesica por traacutes do teste de hipoacuteteses envolve a geraccedilatildeo de uma hipoacutetese experimental e de uma hipoacutetese nula ajustar um modelo estatiacutestico e avaliar aquele modelo com uma estatiacutestica teste Se a probabilidade de obter o valor da nossa estatiacutestica teste por acaso for menor do que 005 entatildeo geralmente aceitamos a hipoacutetese experimental como verdadeira haacute um efeito na populaccedilatildeo Normalmente dizemos ldquoexiste um efeito significativo dehelliprdquo Contudo natildeo seja enganado pela palavra ldquosignificativordquo porque mesmo que a probabilidade do nosso efeito ter
132 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ocorrido por acaso seja pequena (menor do que 005) isso natildeo quer dizer que o efeito eacute importante Efeitos muito pequenos natildeo importantes podem-se tornar estatisticamente significativos somente porque um grande nuacutemero de pessoas foi usado no experimento (FIELD 2009)
Ressalta-se tambeacutem que o fato de o p ser natildeo significativo ou seja maior que 005 natildeo implica que a hipoacutetese nula seja verdadeira
Testes para comparaccedilatildeo das variaacuteveis entre os grupos
TESTES ESTATIacuteSTICOS PARA VARIAacuteVEIS NUMEacuteRICAS
O primeiro passo para a aplicaccedilatildeo dos testes estatiacutesticos eacute a aplicaccedilatildeo dos testes de normalidade essenciais para a determinaccedilatildeo dos tipos de testes a serem empregados na anaacutelise Caso os dados apresentem distribuiccedilatildeo normal os meacutetodos parameacutetricos poderatildeo ser utilizados caso contraacuterio far-se-aacute opccedilatildeo pelos meacutetodos natildeo parameacutetricos Os principais testes de normalidade utilizados satildeo Kolmogorov-Smirnoff indicados para amostras maiores que 50 e Shapiro-Wilk este tem maior precisatildeo (TORMAN COSTER RIBOLDI 2012)
Apoacutes a aplicaccedilatildeo dos testes de normalidade os demais testes estatiacutesticos deveratildeo ser escolhidos de acordo com o tipo de populaccedilatildeoamostra Na figura 151 encontra-se um algoritmo para apoio na seleccedilatildeo dos testes estatiacutesticos a serem utilizados de acordo com as caracteriacutesticas das variaacuteveis do estudo
Testes parameacutetricos
bull Teste t de Student utilizado quando o objetivo eacute a comparaccedilatildeo de uma medida ou variaacutevel numeacuterica entre dois grupos Exemplos a) comparaccedilatildeo da glicemia entre os participantes do grupo eutroacutefico e do grupo obesidade b) comparaccedilatildeo do peso ao nascer entre os neonatos que nasceram de parto abdominal e parto normal
bull ANOVA utilizado quando o objetivo eacute a comparaccedilatildeo de uma medida numeacuterica entre trecircs ou mais grupos Exemplo verificar se existe diferenccedila entre as medidas de circunferecircncia abdominal entre grupos de pessoas que fazem dieta vegana dieta low carb e aqueles que natildeo fazem dieta
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 133
Testes natildeo parameacutetricos
1 Mann-Whitney Equivalente natildeo parameacutetrico do Teste t de Student
2 Kruskal-Wallis Equivalente natildeo parameacutetrico da ANOVA
Figura 151 mdash Principais testes estatiacutesticos para variaacuteveis numeacutericas
TESTES ESTATIacuteSTICOS PARA VARIAacuteVEIS CATEGOacuteRICAS
bull Teste qui-quadrado de Pearson utilizado para a investigaccedilatildeo da existecircncia de associaccedilatildeo entre duas ou mais variaacuteveis categoacutericas e para a comparaccedilatildeo de mais de dois grupos independentes
bull Teste exato de Fisher indicado para comparaccedilatildeo de grupos com variacircncias diferentes e para investigaccedilatildeo da associaccedilatildeo entre variaacuteveis categoacutericas quando natildeo for possiacutevel a utilizaccedilatildeo do teste qui-quadrado de Pearson por exemplo n de alguma casela da tabela 2 x 2 for menor ou igual a 5
bull Teste de McNeumar utilizado para a comparaccedilatildeo de dois grupos pareados
134 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Anaacutelises de correlaccedilatildeo
Utilizadas para avaliar a interaccedilatildeo entre duas variaacuteveis contiacutenuas O coeficiente de correlaccedilatildeo (r) varia de -1 a 1 em que -1 seria a existecircncia de uma correlaccedilatildeo negativa perfeita ou seja agrave medida que o valor de uma variaacutevel cresce o valor da outra decresce e 1 seria a correlaccedilatildeo perfeita positiva agrave medida que uma variaacutevel cresce a outra cresce da mesma forma Diz-se perfeita pois toda a variabilidade de uma variaacutevel eacute explicada pela outra Por outro lado um coeficiente de correlaccedilatildeo proacuteximo de ldquo0rdquo denota uma pobre correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis Em geral para a anaacutelise de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis de distribuiccedilatildeo normal utiliza-se o teste de correlaccedilatildeo de Pearson enquanto para variaacuteveis que natildeo apresentam distribuiccedilatildeo normal utiliza-se o teste de correlaccedilatildeo de Spearman
Anaacutelises de regressatildeo
Enquanto os testes de comparaccedilatildeo entre grupos e de correlaccedilatildeo satildeo usados para investigar associaccedilotildees entre variaacuteveis os testes de regressatildeo permitem uma anaacutelise preditiva ou seja permitem predizer o desfecho de uma variaacutevel dependente baseado em uma (regressatildeo simples) ou mais (regressatildeo muacuteltipla) variaacuteveis preditoras independentes Para uma leitura complementar mais aprofundada sobre anaacutelises de regressatildeo sugere-se o livro Estatiacutetica Baacutesica dos professores Pedro Morettin e Wilton Bussab (2017)
155 CONCLUSAtildeO
Este capiacutetulo natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o tema da anaacutelise estatiacutestica mas sim fornecer informaccedilotildees para que o pesquisador especialmente aquele iniciante tenha noccedilotildees para montar o banco de dados de sua pesquisa de forma adequada e para que ele possa responder agraves perguntas formuladas no estudo por meio do entendimento de conceitos baacutesicos da anaacutelise estatiacutestica
Deve-se lembrar que a qualidade de toda pesquisa depende dos dados se eles forem de maacute qualidade o mesmo aconteceraacute com o resultado Caso o pesquisador tenha um banco bem ajustado e com dados de boa qualidade seraacute possiacutevel realizar inferecircncias e anaacutelises estatiacutesticas mais sofisticadas e precisas
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 135
REFEREcircNCIAS
AMRHEIN V GREELAND S McSHANE B Retire statistical significance Nature London v 567 p 305-307 mar 2019 Disponiacutevel em httpwwwigienistionlineitdocs201910naturepdf Acesso em 09 abr 2020
BENJAMIN D J et al Redefine statistical significance Nat Hum Behav London v2 n 1 p 6-10 2018 Disponiacutevel emhttpswwwnaturecomarticless41562-017-0189-zpdf Acesso em 09 abr 2020
FIELD A Descobrindo a estatiacutestica usando o SPSS-2 2 ed Porto Alegre Artmed 2009
MORETTIN P A BUSSAB W O Estatiacutestica baacutesica 6 ed Satildeo Paulo Saraiva 2017
TORMAN V B L COSTER R RIBOLDI J Normalidade de variaacuteveis meacutetodos de veificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de alguns testes natildeo-parameacutetricos por simulaccedilatildeo Rev HCPA Porto Alegre v 32 n 2 p 227-234 Disponiacutevel emhttpwwwseerufrgsbrindexphphcpaarticleview2987419186 Acesso em 7 out 2017
137
16EacuteTICA NA CIEcircNCIA CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE AUTORIA
PLAacuteGIO ACADEcircMICO E TRABALHO EM EQUIPE
Elias Silveira de BritoClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoLer muito eacute um dos caminhos para a originalidade uma pessoa eacute tatildeo mais original e peculiar quanto mais conhecer o que disseram os outrosrdquo
Miguel Unamuno
Quando se trata de eacutetica acadecircmica ou cientiacutefica a discussatildeo requer aleacutem dos essenciais aspectos relacionados agrave pesquisa com seres humanos uma reflexatildeo sobre autoria originalidade e trabalho em equipe uma vez que estes estatildeo interligados entre si Seraacute sobre esses itens que discorreremos neste capiacutetulo A posteriori em um capiacutetulo agrave parte seratildeo abordados os aspectos eacuteticos sobre pesquisas com seres humanos
161 AUTORIA
ldquoEm cada homem de talento existe escondido um poeta
ele manifesta-se no escrever no ler no falar ou no ouvirrdquo
Marie von Ebner-Eschenbach
Definir a autoria de um artigo cientiacutefico eacute uma etapa importante de toda pesquisa pois tem consequecircncias acadecircmicas e sociais relevantes Atualmente a maioria dos perioacutedicos cientiacuteficos solicita que sejam descritas as contribuiccedilotildees de todos os autores envolvidos no trabalho Recomenda-se que o grupo responsaacutevel pela pesquisa desenvolva poliacuteticas de autoria as quais atendam agrave questatildeo da quantidade e do tipo de contribuiccedilatildeo que iraacute qualificar aquele indiviacuteduo como autor (FERRAZ 2016)
De uma forma geral a principal atribuiccedilatildeo que caracteriza o participante como autor eacute a sua contribuiccedilatildeo intelectual para a pesquisa e para o manuscrito e incluem (a) participaccedilatildeo na concepccedilatildeo ou delineamento do estudo participaccedilatildeo na
138 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados ou ambos (b) redaccedilatildeo do manuscrito ou sua revisatildeo incluindo criacutetica intelectual importante de seu conteuacutedo A simples participaccedilatildeo na coleta de dados natildeo justifica autoria (MONTENEGRO amp ALVES 1997) Todos os autores de um manuscrito devem fornecer a aprovaccedilatildeo final da versatildeo a ser publicada e devem ter participado suficientemente do trabalho para poder assumir publicamente a responsabilidade pelo seu conteuacutedo (INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS 2019)
Para auxiliar no processo de definiccedilatildeo de autoria algumas entidades desenvolveram criteacuterios como a International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) que passaram a ser adotados por parcela importante dos perioacutedicos cientiacuteficos da aacuterea meacutedica As principais recomendaccedilotildees desse comitecirc podem ser acessadas no documento disponiacutevel em httpwwwicmjeorgicmje-recommendationspdf
Segundo o INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS (2019)
bull Obtenccedilatildeo de financiamento coleta de dados ou supervisatildeo geral de um grupo de pesquisa natildeo satildeo por si soacute criteacuterios para autoria ou coautoria
bull Todas as pessoas designadas como autoras ou coautoras deveratildeo ser qualificadas e listadas
bull Cada autor ou coautor deveraacute ter participado suficientemente do trabalho para ter responsabilidade puacuteblica sobre segmentos apropriados do conteuacutedo
bull Em estudos multicecircntricos com grande nuacutemero de participantes o grupo deveraacute identificar os indiviacuteduos que aceitam a responsabilidade direta pelo manuscrito
bull A ordem dos autores e coautores seraacute decidida pelo grupo que deveraacute estar apto a explicaacute-la
bull Pessoas que colaboraram com o estudo mas cuja contribuiccedilatildeo natildeo justifica autoria ou coautoria podem ser listadas nos Agradecimentos como ldquoinvestigadores cliacutenicosrdquo ou ldquoinvestigadores participantesrdquo seguidas de sua funccedilatildeo ou contribuiccedilatildeo por exemplo ldquocoleta de dadosrdquo ldquoencaminhamento e cuidados aos pacientes do estudordquo etc
bull Outras pessoas que tenham dado contribuiccedilotildees substanciais e diretas para o trabalho mas que natildeo possam ser consideradas autores podem ser citadas na seccedilatildeo Agradecimentos se possiacutevel suas contribuiccedilotildees especiacuteficas devem ser descritas Apoio financeiro tambeacutem deveraacute ser mencionado nesta seccedilatildeo
bull Considerando-se que os leitores podem inferir que as pessoas listadas em agradecimentos endossam os resultados e as conclusotildees todas devem dar permissatildeo por escrito para serem agradecidas
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 139
Outra maneira de determinar criteacuterios de autoria eacute atribuir pontos para as diferentes atividades da pesquisa Petroianu (2002) sugere a seguinte pontuaccedilatildeo de acordo com a participaccedilatildeo no trabalho (quadro 161) Tais escores podem ser adaptados de acordo com criteacuterios proacuteprios de cada grupo de pesquisa
Quadro 161 mdash Pontuaccedilatildeo de autoria de acordo com a participaccedilatildeo na pesquisa
Participaccedilatildeo PontosCriar a ideia que originou o trabalho e elaborar hipoacuteteses 6
Estruturar o meacutetodo de trabalho 6Orientar ou coordenar o trabalho 5Escrever o manuscrito 5Coordenar o grupo que escreveu o manuscrito 4Rever a literatura 4Apresentar sugestotildees importantes incorporadas ao trabalho 4
Resolver problemas fundamentais do trabalho 4Criar aparelhos para a realizaccedilatildeo do trabalho 3Coletar dados 3Analisar os resultados estatisticamente 3Orientar a redaccedilatildeo do manuscrito 3Preparar a apresentaccedilatildeo do trabalho para evento cientiacutefico 3
Apresentar o trabalho em evento cientiacutefico 2Chefiar o local onde o trabalho foi realizado 2Fornecer pacientes ou materiais para o trabalho 2Conseguir verbas para a realizaccedilatildeo da pesquisa 2Apresentar sugestotildees menores incorporadas ao trabalho 1
Trabalhar na rotina da funccedilatildeo sem contribuiccedilatildeo intelectual 1
Teratildeo direito agrave autoria os colaboradores que tiverem alcanccedilado 7 pontos A sequecircncia dos autores poderaacute ser em ordem decrescente de pontuaccedilatildeo Adaptado de Petroianu (2002)
Finalmente apoacutes a preparaccedilatildeo do manuscrito quem assume a responsabilidade pela comunicaccedilatildeo com os editores do perioacutedico eacute o autor correspondente Na maioria das vezes ele tambeacutem eacute responsaacutevel pela revisatildeo final aleacutem de atender agraves normas do processo editorial entre outras No entanto essas funccedilotildees podem ser delegadas a um ou mais coautores
140 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
162 PLAacuteGIO ACADEcircMICO CONHECER PARA EVITAR
Segundo o Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa plaacutegio vem do verbo plagiar o mesmo que imitar reproduzir copiar ou como dizem Diniz e Terra (2014) ldquouma apropriaccedilatildeo indevida e natildeo autorizada na criaccedilatildeo literaacuteriardquo Partindo dessa ideia eacute necessaacuterio apresentar que no contexto acadecircmico existem diversos conceitos referentes agrave utilizaccedilatildeo desse recurso na produccedilatildeo cientiacutefica e seratildeo esses os aspectos a serem abordados neste toacutepico
O plaacutegio eacute um tema comum na atualidade principalmente quando se trata da esfera acadecircmica mas tambeacutem da esfera social e profissional visto que o ato de plagiar vai muito aleacutem do famoso Ctrl C + Ctrl V Plagia-se tudo por exemplo capiacutetulos de livros monografias teses de doutorado artigos fotos letras de muacutesica obras de arte o que varia nessas modalidades de plaacutegio eacute o tipo caso seja parcial ou integral (DINIZ TERRA 2014)
A questatildeo principal que deve ser debatida acerca dessa temaacutetica eacute como ficou acessiacutevel por meio da internet o acesso a todo tipo de material principalmente acadecircmico muitas vezes de forma gratuita e sem a identificaccedilatildeo correta dos autores o que pode propiciar a praacutetica do plaacutegio A riqueza de dados nas diferentes paacuteginas eletrocircnicas facilita e enriquece a escrita cientiacutefica no entanto esta deve ocorrer seguindo princiacutepios eacuteticos que resguardem o direito autoral (BISCALCHIM amp ALMEIDA 2011)
Infelizmente apesar da existecircncia de legislaccedilatildeo que condene o plaacutegio ainda haacute um nuacutemero substancial de coacutepias indevidas de trabalhos situaccedilatildeo bastante evidenciada em teses dissertaccedilotildees e artigos cientiacuteficos Vaacuterios motivos contribuem para isso e alguns deles satildeo demonstrados no quadro 162
Quadro 162 mdash Motivos para o uso frequente da praacutetica do plaacutegio acadecircmico
bull Facilidade de acesso agrave informaccedilatildeo
bull Falta de capacidade para parafrasear
bull Pouco valor agrave produccedilatildeo proacutepria
bull Falta de anaacutelise criacutetica dos trabalhos pesquisados
bull Confusatildeo quanto agrave autoria dos trabalhos
bull Incentivo ao plaacutegio nos niacuteveis fundamental e meacutedio
bull Facilidade de acesso a programas de traduccedilatildeo
bull Desconhecimento de regulamentaccedilotildees de escrita cientifica
Fonte RODRIacuteGUEZ 2012
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 141
Diante disso eacute importante mencionar a Lei de Regulamentaccedilatildeo dos Direitos Autorais (disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl9610htm) Esse ato eacute regulado pelo conjunto de prerrogativas conferidas pela legislaccedilatildeo a qualquer pessoa fiacutesica ou juriacutedica que tenha criado uma obra intelectual para que esta possa gozar dos benefiacutecios que resultem de sua criaccedilatildeo original Ou seja apropriar-se dessas criaccedilotildees sem que se faccedila a devida referecircncia fere questotildees eacuteticas e morais uma vez que quando se assume a autoria de algo deve-se compreender a responsabilidade inerente a esse ato
Como identificar e evitar o plaacutegio
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) define que plaacutegio consiste na apresentaccedilatildeo de resultados e conclusotildees obtidos por outros autores como se fosse de sua autoria caracterizando dessa forma como fraude ou maacute conduta Dessa forma eacute importante avaliar a intenccedilatildeo dos autores diante dessa situaccedilatildeo pois o autor tendo consciecircncia plena do ato ou seja de utilizar o texto como proacuteprio de forma intencional pode ser considerado fraudulento e responder criminalmente
No entanto vale ressaltar que existe a possibilidade do plaacutegio por ocasiatildeo ou plaacutegio ocasional o qual utiliza trechos de diferentes fontes sem a devida citaccedilatildeo ou o plaacutegio atribuiacutedo ao desconhecimento das regras de citaccedilatildeo que por natildeo ter intenccedilatildeo consciente torna-se ldquomenosrdquo fraudulento (DEMO 2011)
Uma pesquisa realizada no Paranaacute em 2008 mostrou que muitos estudantes recorrem agrave praacutetica do plaacutegio pela dificuldade de identificar e fazer citaccedilotildees indiretas e de referenciar de maneira correta as citaccedilotildees diretas o que leva a muitos acadecircmicos cometerem plaacutegio natildeo intencional (SILVA 2008)
Diversas ferramentas digitais podem ajudar os pesquisadores a identificar qual o grau de similaridade do seu trabalho com outros materiais previamente publicados Softwares antiplaacutegio estatildeo disponiacuteveis para download e satildeo de grande apoio para a produccedilatildeo acadecircmica atual Como exemplos httpwwwplagiumcom e httpplagiarismanet
Tipos de plaacutegio acadecircmico
Segundo Rodriacuteguez (2012) o plaacutegio pode ser categorizado em trecircs diferentes agrupamentos
bull plaacutegios de forma pode ser subdividido em autoplaacutegio falsa autoria envio duplo roubo de material
bull plaacutegios de meacutetodos correspondem ao famoso ldquocopiar-colarrdquo uso de paraacutefrases inadequadas referecircncia perdida referecircncia falsa fabricaccedilatildeo de dados e roubo de ideias
bull plaacutegios de propoacutesitos podem ser intencionais natildeo intencionais ou acidentais
142 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Aleacutem dessa categorizaccedilatildeo existem outras classificaccedilotildees para a praacutetica do plaacutegio Os autores do blog de viacutedeo TCC Monografias Artigos httpswwwyoutubecomwatchv=NryG4H_-Eo4 apresentam por meio de uma seacuterie de sete viacutedeos uma diferente abordagem do plaacutegio acadecircmico e maneiras para se evitar a praacutetica natildeo intencional do recurso
Consideraccedilotildees finais acerca do plaacutegio
A academia deve estimular que os jovens pesquisadores natildeo sejam apenas reprodutores de informaccedilotildees Eles devem por sua vez ser capazes de gerar conhecimento e produzir conteuacutedo relevante para a ciecircncia A internet deve ser utilizada apenas como um meio de acesso a uma vasta fonte bibliograacutefica facilitando a elaboraccedilatildeo de conteuacutedo cientiacutefico novo e eacutetico estimulando uma formaccedilatildeo acadecircmica consciente no que diz respeito agrave construccedilatildeo do conhecimento (DEMO 2011)
Partindo dessa ideia as universidades deveriam enfatizar as consequecircncias da praacutetica de plaacutegio na vida do aluno ldquoa impossibilidade de inovar de pensar e criar algo novo para o desenvolvimento da ciecircnciardquo (IMAYUIKI 2008)
163 TRABALHO EM EQUIPE
O trabalho em equipe eacute essencial agrave Ciecircncia A maioria das grandes descobertas cientiacuteficas da humanidade somente foram possiacuteveis devido ao trabalho de grupos de pesquisadores Trabalhar em equipe permite economia de tempo e dinheiro troca de expertises entre diversas aacutereas multidisciplinares complementares com incremento na qualidade final do estudo
Apesar da importacircncia a formaccedilatildeo de grupos de pesquisa ou a participaccedilatildeo em tais atividades podem ser tarefas aacuterduas que demandam persistecircncia e organizaccedilatildeo Partindo dessa ideia faz-se necessaacuteria uma reflexatildeo sobre as aptidotildees pessoais para a atuaccedilatildeo como pesquisador vocaccedilatildeo que exige motivaccedilatildeo persistente responsabilidade renuacutencia e comprometimento
Como o puacuteblico-alvo desse e-book eacute o estudante que ainda estaacute a se iniciar na vida acadecircmica ou o jovem pesquisador seratildeo abordados brevemente alguns aspectos sobre a participaccedilatildeo dos estudantes em grupos de pesquisa
Um dos principais motivadores dos alunos de graduaccedilatildeo para a participaccedilatildeo em pesquisas sem duacutevida eacute a melhora do curriacuteculo visando a melhores pontuaccedilotildees em concursos e seleccedilotildees apoacutes a graduaccedilatildeo No entanto embora este seja um gatilho inicial vaacutelido e necessaacuterio participar do meio acadecircmico-cientiacutefico propriamente dito vai muito aleacutem disso Enfatiza-se que a experiecircncia inicial do aluno nesses primeiros anos de vida acadecircmica poderaacute ser crucial para sua efetivaccedilatildeo enquanto pesquisador no futuro
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 143
Para a participaccedilatildeo em grupos de pesquisa ou mesmo para a contribuiccedilatildeo isolada em um estudo pontual os alunos devem considerar alguns aspectos a fim de evitar problemas ao longo de sua vivecircncia mesmo que breves enquanto pesquisadores Satildeo eles
bull Quanto tempo disponiacutevel tenho para dedicar-me agrave pesquisa
bull Quanto tempo a pesquisa vai durar Em quanto tempo vou concluir o curso Como a minha ausecircncia antecipada repercutiraacute sobre o grupo
bull Qual a minha melhor aptidatildeo Comunicaccedilatildeo Relacionamentos Escrita Lideranccedila
bull Quais satildeo os meus objetivos enquanto acadecircmico E os objetivos pessoais
Feito isso o aluno estaraacute apto a dar os primeiros passos nesse universo desafiador e cativante para quiccedilaacute transformar a motivaccedilatildeo inicial em apenas melhorar o seu curriacuteculo em um interesse genuiacuteno para a vida acadecircmica
144 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
BISCALCHIM A C S ALMEIDA M A Direitos autorais informaccedilatildeo e tecnologia impasses e potencialidades Liinc em Revista Rio de Janeiro v 7 n 2 p 638-652 2011 Disponiacutevel em httpsrepositoriouspbritem002247739 Acesso em 09 abr 2020
DEMO P Remix pastiche plaacutegio autorias da nova geraccedilatildeo Meta Avaliaccedilatildeo v 3 n 8 p 125-144 maioago 2011 Disponiacutevel em httprevistascesgranrioorgbrindexphpmetaavaliacaoarticleview119150 Acesso em 09 abr 2020
MARULANDA L C S PLAacuteGIO PALAVRAS ESCONDIDAS Diniz D Terra A Brasiacutelia Letras LivresRio de Janeiro Editora Fiocruz 2014 195p ISBN 978-85-98070-36-0 (Letras Livres) ISBN 978-85-98070-37-7 (Editora Fiocruz) Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 31 n 2 p 439-440 Fev 2015 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2015000200439 Acesso em 09 abr 2020
IMAYUKI G Eacutetica do direito autoral Uma breve anaacutelise eacutetica-juriacutedica Kerygma Satildeo Paulo v 4 n 2 p 17-41 out 2008 Disponiacutevel em httpsrevistasunaspedubrkerygmaarticleview231 Acesso em 09 abr 2020
INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS Recommendations for the conduct reporting editing and publication of scholarly Work in medical journals[S l] ICMJE 2019 Disponiacutevel em httpwwwicmjeorgicmje-recommendationspdf Acesso em 09 abr 2020
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MONTENEGRO M R ALVES V A F Criteacuterios de autoria e co-autoria em trabalhos cientiacuteficos Acta bot bras Feira de Santana v 11 n 2 p 273-276 1997 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfabbv11n2v11n2a14pdf Acesso em 09 abr 2020
PETROIANU A Autoria de um trabalho cientiacutefico Rev Assoc Med Bras Satildeo Paulo v 48 n 1 p 60-65 2002 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdframbv48n1a31v48n1pdf Acesso em 09 abr 2020
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 145
RODRIacuteGUEZ A S El plagio y su impacto a niacutevel acadecircmico y professional E-Ciencias de la Informaciacuteon San Joseacute v 2 n 1 p 1-13 enerojun 2012 Disponiacutevel em httpswwwredalycorgpdf4768476848735003pdf Acesso em 09 abr 2020
SILVA O S F Entre plagio e a autoria qual o papel da universidade Rev Bras Educ Rio de Janeiro v 13 n 38 p 357-414 maioago 2008 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrbeduv13n3812pdf Acesso em 09 abr 2020
147
17ASPECTOS EacuteTICOS DAS PESQUISAS COM
SERES HUMANOS
Juliana Ferreira ParaacuteMaacutercia Maria Pinheiro Dantas
Clarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoA eacutetica eacute a esteacutetica de dentrordquo
Pierre Reverdy
171 INTRODUCcedilAtildeO
Para um melhor entendimento sobre os aspectos eacuteticos das pesquisas envolvendo seres humanos eacute importante refletir um pouco sobre o conceito de eacutetica A eacutetica eacute um segmento da filosofia que se dedica agrave anaacutelise das razotildees que ocasionam alteram ou orientam a maneira de agir do ser humano geralmente levando em consideraccedilatildeo seus valores morais (ARAUacuteJO 2012)
Os princiacutepios baacutesicos da eacutetica em pesquisa consistem em permitir a autonomia dos pacientes praticar a beneficecircncia e a natildeo maleficecircncia respeitando a equidade e a justiccedila Para que uma pesquisa com seres humanos em qualquer aacuterea do conhecimento seja considerada eacutetica deveraacute atender aos seguintes requisitos miacutenimos (1) ter uma justificativa cientiacutefica e poder responder agraves incertezas levantadas (2) somente pesquisar em humanos se natildeo houver outros meios de se obter o conhecimento buscado (3) a probabilidade de os benefiacutecios serem maiores que a dos riscos previsiacuteveis (4) natildeo utilizar seres humanos em experimentos natildeo previamente testados em laboratoacuterios animais ou por fatos cientiacuteficos (ARAUacuteJO 2012)
O objetivo deste capiacutetulo seraacute demonstrar resumidamente os princiacutepios que norteiam a eacutetica em pesquisa com seres humanos tecendo um breve histoacuterico sobre a evoluccedilatildeo do processo de regulamentaccedilatildeo eacutetica no Brasil e no mundo permitindo que os jovens pesquisadores adquiram uma melhor compreensatildeo sobre o tema
148 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
172 HISTOacuteRIA DA REGULAMENTACcedilAtildeO DA PESQUISA COM SERES HUMANOS
Segundo Arauacutejo (2012) ldquoa busca por novos conhecimentos ocorre desde os primoacuterdios da humanidaderdquo No entanto ao longo dos anos a busca pelo saber nem sempre respeitou a condiccedilatildeo humana e vaacuterios exemplos atestam esse fato
Na Escola de Alexandria no secIII aC Heroacutefilo de Capadoacutecia (325-280 aC) e Erassistrato de Cleo (304-205 aC) fizeram grandes descobertas anatocircmicas e fisioloacutegicas utilizando a teacutecnica de vivisseccedilotildees em criminosos condenados agrave morte No periacuteodo do Renascimento os meacutedicos Andreacute Versalio (1514-1564) e Ambroacutesio Pareacute (1510-1590) dissecaram o cracircnio de condenados agrave morte para conhecer a trajetoacuteria exata de uma lanccedila no olho para poder tratar o rei da Franccedila Henrique II ferido em uma batalha Na Inglaterra em 1721 o cirurgiatildeo inglecircs Charles Maitland inoculou variacuteola em seis prisioneiros com a promessa de liberdade para estudar o curso natural da doenccedila Entre 1931 e 1945 na ocupaccedilatildeo japonesa na China prisioneiros de guerra e integrantes da populaccedilatildeo civil foram cobaias em experiecircncias com armas quiacutemicas e bacterioloacutegicas Durante a Segunda Guerra Mundial os nazistas desenvolveram diversas pesquisas com seres humanos sem nenhuma limitaccedilatildeo moral (ARAUacuteJO 2012)
Foi justamente apoacutes o final da Segunda Guerra Mundial que as maiores discussotildees acerca dos limites eacuteticos das pesquisas envolvendo seres humanos foram intensificadas Apesar dos avanccedilos nas aacutereas tecnoloacutegica e meacutedica obtidos agrave custa de pesquisas sem regulamentaccedilatildeo financiadas pelo regime nazista e naccedilotildees simpatizantes (ou como descrito por Miguel Kottow ldquotorturas disfarccediladas de pesquisardquo) durante o Julgamento de Nuremberg que ocorreu ao teacutermino do conflito diversos indiviacuteduos (incluindo meacutedicos e pesquisadores) foram acusados e condenados por crimes de guerra
Esse julgamento gerou uma intensa discussatildeo sobre a forma de se fazer pesquisas em todo o mundo sendo considerado um marco para a regulamentaccedilatildeo da praacutetica de pesquisas com seres humanos Culminou em 1947 na criaccedilatildeo de um documento denominado Coacutedigo de Nuremberg (WORLD MEDICAL ASSOCIATION 1964) Esse coacutedigo versava sobre a individualidade do ser e sobre a autonomia para decidir se um potencial voluntaacuterio de uma pesquisa tinha interesse em participar de determinado estudo ou natildeo Aleacutem disso o Coacutedigo de Nuremberg trazia agrave tona outras questotildees importantes como transparecircncia relevacircncia social do estudo e proteccedilatildeo aos participantes
No ano seguinte em 1948 foi publicada pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) a Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem Trata-se do primeiro documento juriacutedico internacional que apresenta um cataacutelogo completo dos direitos humanos (disponiacutevel em httpswwwunorgenuniversal-declaration-human-
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 149
rights) Esse documento que delineia os direitos humanos baacutesicos foi idealizado principalmente pelo canadense John Peters Humphrey e foi aprovado por 48 paiacuteses membros das Naccedilotildees Unidas (ONU 1948)
Em 1964 foi promulgada pela Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial (World Medical Association WMA) a Declaraccedilatildeo de Helsinque aprimorando e reafirmando premissas eacuteticas jaacute estabelecidas previamente e incorporando outros aspectos que satildeo adotados ateacute os dias atuais como o ldquoConsentimento Informadordquo Tal ldquoconsentimentordquo ratifica a importacircncia do entendimento do paciente sobre a pesquisa e inclui situaccedilotildees que natildeo haviam sido previstas como incapacidade mental ou reclusatildeo A Declaraccedilatildeo de Helsinque tambeacutem foi um marco jaacute que eacute o iniacutecio do que hoje se conhece como bioeacutetica Ao longo dos anos essa declaraccedilatildeo foi atualizada oito vezes sendo a uacuteltima delas durante a Assembleia Geral da WMA realizada em outubro de 2013 em Fortaleza (httpswwwwmanetwp-contentuploads201611491535001395167888_DoHBrazilianPortugueseVersionRevpdf)
173 PESQUISA COM SERES HUMANOS NO BRASIL
A regulamentaccedilatildeo da eacutetica em pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil teve seu iniacutecio com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 poreacutem apenas em 1996 apoacutes a aprovaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo 196 do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) um dos principais marcos da pesquisa cliacutenica em acircmbito nacional foi criado um sistema nacional soacutelido de apreciaccedilatildeo eacutetica essencial para o desenvolvimento da pesquisa com seres humanos no Brasil
Essa resoluccedilatildeo aprovou as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos no paiacutes criando e normatizando o sistema de apreciaccedilatildeo eacutetica constituiacutedo por instacircncias regionais ndash os Comitecircs de Eacutetica em Pesquisa (CEP) ndash e uma instacircncia federativa ndash a Comissatildeo Nacional de Eacutetica em Pesquisa (CONEP) ndash oacutergatildeo nacional de controle de pesquisas envolvendo seres humanos e que juntos constituem o Sistema CEPCONEP Foi essa resoluccedilatildeo que no Brasil instituiu pela primeira vez a necessidade do ldquoConsentimento Livre e Esclarecidordquo que daria origem futuramente ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) tal qual se conhece hoje
Apoacutes 15 anos de vigecircncia a Resoluccedilatildeo CNS 1961996 foi revogada sendo substituiacuteda pela Resoluccedilatildeo CNS 4662012 documento atualmente vigente e de leitura recomendada para todo jovem pesquisador no paiacutes (httpconselhosaudegovbrresolucoes2012Reso466pdf) Outro documento importante e atualmente em vigor eacute a Norma Operacional Nordm 0012013 (httpwwwhgbrjsaudegovbrceapNorma_Operacional_001-2013pdf) que versa sobre a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema CEPCONEP e sobre os procedimentos para submissatildeo avaliaccedilatildeo e acompanhamento
150 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
da pesquisa e de desenvolvimento envolvendo seres humanos no Brasil
Adicionalmente resoluccedilotildees complementares e de temas especiacuteficos foram implementados e podem ser encontradas na Plataforma Brasil que disponibiliza links para todas as resoluccedilotildees em vigecircncia no Paiacutes
Ainda como leitura adicional sugerimos o capiacutetulo XII do Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica que versa sobre Ensino e Pesquisa Meacutedica (CFM 2019)
174 Sistema CEPCONEP no Brasil o que eacute e como funciona
Como mencionado anteriormente o Sistema CEPCONEP regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil avaliando a viabilidade a seguranccedila e o respeito aos requisitos eacuteticos normatizados pela Resoluccedilatildeo 4662012 e complementares De uma forma descentralizada tais comitecircs satildeo responsaacuteveis por aprovar os projetos de pesquisa antes de seu iniacutecio e acompanhar a sua execuccedilatildeo e teacutermino
O CEP eacute constituiacutedo por um comitecirc local e idealmente deve estar presente em todas as instituiccedilotildees que pretendem investir em pesquisas com seres humanos Aleacutem de avaliarem os aspectos eacuteticos da pesquisa e emitirem pareceres de anaacutelise os CEPs tecircm papel educativo e consultivo para pesquisadores comunidade institucional participantes da pesquisa e comunidade em geral funcionando como agente corresponsaacutevel pelo desenvolvimento do estudo
A CONEP por sua vez aleacutem de ser responsaacutevel por aspectos eacuteticos emissatildeo de pareceres e encarregar-se do aspecto normativo coordena e supervisiona todos os CEPs cabendo a ela a acreditaccedilatildeo o registro e a capacitaccedilatildeo contiacutenua desses comitecircs Aleacutem disso alguns estudos de aacutereas temaacuteticas especiais precisam de apreciaccedilatildeo e aprovaccedilatildeo do CEP e da CONEP (quadro 171)
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 151
Quadro 171 mdash Pesquisas em aacutereas temaacuteticas especiais que necessitam de apreciaccedilatildeo pela CONEP
1Geneacutetica humana quando o projeto envolver11envio para o exterior de material geneacutetico ou qualquer material bioloacutegico humano para obtenccedilatildeo de material geneacutetico salvo nos casos em que houver cooperaccedilatildeo com o Governo Brasileiro12armazenamento do material bioloacutegico ou dos dados geneacuteticos humanos no exterior e no Paiacutes quando estiver conveniada com instituiccedilotildees estrangeiras ou em instituiccedilotildees comerciais13alteraccedilotildees da estrutura geneacutetica de ceacutelulas humanas para utilizaccedilatildeo in vivo14pesquisas na aacuterea da geneacutetica da reproduccedilatildeo humana (reprogeneacutetica)15pesquisas em geneacutetica do comportamento e16pesquisas nas quais esteja prevista a dissociaccedilatildeo irreversiacutevel dos dados dos participantes de pesquisa2Reproduccedilatildeo humana pesquisas que se ocupam com o funcionamento do aparelho reprodutor procriaccedilatildeo e fatores que afetam a sauacutede reprodutiva de humanos sendo que nessas pesquisas seratildeo considerados ldquoparticipantes da pesquisardquo todos os que forem afetados pelos procedimentos delasCaberaacute anaacutelise da CONEP quando o projeto envolver21reproduccedilatildeo assistida 22manipulaccedilatildeo de gametas preacute-embriotildees embriotildees e feto e23medicina fetal quando envolver procedimentos invasivos3 Equipamentos e dispositivos terapecircuticos novos ou natildeo registrados no Paiacutes 4 Novos procedimentos terapecircuticos invasivos5 Estudos com populaccedilotildees indiacutegenas 6 Projetos de pesquisa que envolvam organismos geneticamente modificados (OGM) ceacutelulas-tronco embrionaacuterias e organismos que representem alto risco coletivo incluindo organismos relacionados a eles nos acircmbitos de experimentaccedilatildeo construccedilatildeo cultivo manipulaccedilatildeo transporte transferecircncia importaccedilatildeo exportaccedilatildeo armazenamento liberaccedilatildeo no meio ambiente e descarte 7 Protocolos de constituiccedilatildeo e funcionamento de biobancos para fins de pesquisa8 Pesquisas com coordenaccedilatildeo eou patrociacutenio originados fora do Brasil excetuadas aquelas com copatrociacutenio do Governo Brasileiro e9 Projetos que a criteacuterio do CEP e devidamente justificados sejam julgados merecedores de anaacutelise pela CONEP
175 O que eacute necessaacuterio para submeter um projeto de pesquisa na Plataforma Brasil
Todas as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil devem ser submetidas ao Sistema CEPCONEP via Plataforma Brasil Uma pesquisa soacute poderaacute ser iniciada apoacutes a apreciaccedilatildeo eacutetica e a aprovaccedilatildeo concedida por esse sistema
Todo projeto de pesquisa que seja submetido agrave apreciaccedilatildeo pelo Sistema CEPConep precisa de um ldquoprotocolo de pesquisardquo que eacute um conjunto de documentos que contemplam a descriccedilatildeo do estudo em seus aspectos fundamentais e as informaccedilotildees relativas ao participante da pesquisa agrave qualificaccedilatildeo dos pesquisadores e a todas as instacircncias responsaacuteveis Partindo dessa definiccedilatildeo espera-se que o protocolo de pesquisa a ser enviado para anaacutelise via Plataforma Brasil contenha
152 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull folha de rosto
bull declaraccedilotildees pertinentes
bull declaraccedilatildeo de compromisso do pesquisador responsaacutevel
bull garantia de que os benefiacutecios resultantes do projeto retornem aos participantes da pesquisa seja em termos de retorno social acesso aos procedimentos produtos seja como agentes da pesquisa
bull orccedilamento financeiro
bull cronograma
bull Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
bull demonstrativo da existecircncia de infraestrutura necessaacuteria e apta ao desenvolvimento da pesquisa e para atender eventuais problemas dela resultantes com documento que expresse a concordacircncia da instituiccedilatildeo eou organizaccedilatildeo por meio de seu responsaacutevel maior com competecircncia
bull outros documentos que se fizerem necessaacuterios de acordo com a especificidade da pesquisa
bull projeto de pesquisa original na iacutentegra incluindo embasamento teoacuterico justificativa objetivos meacutetodos e anaacutelise dos riscos e benefiacutecios da pesquisa
176 O TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Entre os documentos de um protocolo de pesquisa especial atenccedilatildeo deve ser dispensada ao TCLE motivo frequente de equiacutevocos na documentaccedilatildeo submetida agrave apreciaccedilatildeo eacutetica pelo Sistema CEPCONEP gerando pareceres que sinalizam pendecircncias para os pesquisadores e possiacutevel atraso no iniacutecio da pesquisa
Este documento deve ser elaborado sob a forma de convite e visa explicar para o participante por meio de uma linguagem clara e compreensiacutevel as seguintes questotildees relacionadas agrave pesquisa
bull objetivos justificativa e meacutetodos de pesquisa
bull garantia de esclarecimento (antes e durante todo o curso da pesquisa) sobre o estudo
bull duraccedilatildeo esperada da participaccedilatildeo do sujeito
bull modo como se daraacute o estudo
bull responsaacutevel pelo acompanhamento e pela assistecircncia
bull liberdade do sujeito para desistir a qualquer momento
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 153
bull sigilo de dados confidenciais coletados
bull benefiacutecios e malefiacutecios que possam acometer o sujeito
bull informaccedilatildeo da possibilidade da inclusatildeo em grupo controle ou placebo
bull cobertura pelos pesquisadores de quaisquer problemas provenientes da intervenccedilatildeo da pesquisa gastos meacutedicos incapacidade do falecimento e de como se daraacute a cobertura financeira (formas de ressarcimento) nos casos citados
O TCLE precisa ser assinado pelo participante da pesquisa e pelo pesquisador em duas vias sendo uma retida pelo sujeito da pesquisa ou por seu representante legal e uma arquivada pelo pesquisador Nos casos em que seja impossiacutevel registrar o consentimento livre e esclarecido tal fato deve ser devidamente documentado com a explicaccedilatildeo das causas da impossibilidade e parecer do CEP No caso de um indiviacuteduo que natildeo seja capaz precisa haver um consentimento por delegaccedilatildeo de um representante legal adequadamente autorizado Espaccedilos datiloscoacutepicos devem estar presentes para o caso de participantes natildeo alfabetizados
Situaccedilotildees especiais na obtenccedilatildeo do Consentimento Livre e Esclarecido
bull Pacientes menores de 16 anos o consentimento deveraacute ser dado por um dos pais ou na inexistecircncia deles pelo parente mais proacuteximo ou responsaacutevel legal Nos indiviacuteduos na faixa etaacuteria pediaacutetrica mas com idade suficiente para compreensatildeo sobre a sua participaccedilatildeo em uma pesquisa (em geral acima de 10 anos) o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido tambeacutem deveraacute ser obtido (TALE) Este deveraacute ser elaborado em uma linguagem ainda mais acessiacutevel para o leitor pediaacutetrico
bull Paciente maior de 16 e menor de 18 anos consentimento obtido com a assistecircncia de um dos pais ou responsaacutevel
bull Paciente eou responsaacutevel analfabeto o presente documento deveraacute ser lido em voz alta para o paciente e seu responsaacutevel na presenccedila de duas testemunhas que firmaratildeo tambeacutem o documento
bull Paciente deficiente mental incapaz de manifestaccedilatildeo de vontade suprimento necessaacuterio da manifestaccedilatildeo de vontade por seu representante legal
Existem modelos de TCLE disponiacuteveis na internet que podem ajudar o pesquisador (httpwwwaccgorgbruploadsarquivos1572ef4c10ee090e9fb7513f3055ddb4pdf) bem como roteiros para a sua elaboraccedilatildeo (httpwwwincoruspbrsitesincor2013docscomissao-cientificadocsTCLE-Versao_Marco2015pdf)
154 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
177 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Frequentemente os projetos de pesquisa submetidos agrave apreciaccedilatildeo eacutetica pelo Sistema CEPCONEP retornam para o pesquisador responsaacutevel com pareceres que apontam pendecircncias oriundas do desconhecimento e descumprimento dos requisitos miacutenimos exigidos pela regulamentaccedilatildeo eacutetica das pesquisas envolvendo seres humanos no paiacutes
Um ponto comum de inadequaccedilatildeo eacutetica presente em muitos projetos enviados para anaacutelise eacute afirmar que as pesquisas observacionais que natildeo promovam intervenccedilotildees natildeo apresentam riscos para os participantes No entanto a Resoluccedilatildeo do CNS 4662012 no paraacutegrafo V que trata dos ldquoRiscos e Benefiacuteciosrdquo afirma que ldquoToda pesquisa com seres humanos envolve risco em tipos e gradaccedilotildees variados Quanto maiores e mais evidentes os riscos maiores devem ser os cuidados para minimizaacute-los e a proteccedilatildeo oferecida pelo Sistema CEPCONEP aos participantes Devem ser analisadas possibilidades de danos imediatos ou posteriores no plano individual ou coletivordquo
Assim faz-se necessaacuterio que os pesquisadores sempre identifiquem quais os riscos envolvidos na pesquisa ainda que miacutenimos (quebra do sigilo de dados desconforto durante a entrevista etc) e quais medidas seratildeo adotadas para evitaacute-los e sanaacute-los
Por fim tais pendecircncias seriam reduzidas melhorando a eficiecircncia do sistema por meio de uma postura de busca ativa por parte dos proacuteprios pesquisadores antes da submissatildeo de seus projetos acerca da regulamentaccedilatildeo eacutetica a ser atendida bem como por meio de uma postura educativa de cada CEP local divulgando material consultivo visando ao alcance dos potenciais pesquisadores dentro da instituiccedilatildeo onde o comitecirc estaacute instalado
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 155
REFEREcircNCIAS
ARAUacuteJO L Z S Breve histoacuterico da bioeacutetica da eacutetica em pesquisa agrave bioeacutetica In REGO S PALAacuteCIOS M Comitecircs de eacutetica em pesquisa teoria e praacutetica Rio de Janeiro FioCruz 2012 cap 03 p 71-84
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA Coacutedigo de eacutetica meacutedica Brasiacutelia CFM 2019 Disponiacutevel em httpsportalcfmorgbrimagesPDFcem2019pdf Acesso em 10 abr 2020
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Resoluccedilatildeo nordm 466 de 12 de dezembro de 2012 Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasiacutelia CNS 2012 Disponiacutevel em httpconselhosaudegovbrresolucoes2012Reso466pdf Acesso em 01 dez 2019
SOUZA G G M Prefaacutecio In SANTOS P C NASCIMENTO E G C (org) Comitecirc de eacutetica em pesquisa com seres humanos o que eacute necessaacuterio saber para aprovar um projeto de pesquisa Mossoroacute UERN 2018 p 6-10 Disponiacutevel emhttpwwwuernbrcontroledepaginaspropeg-comissoes-ceparquivos3121livropdf Acesso em 10 abr 2020
WORLD MEDICAL ASSOCIATION DECLARATION OF HELSINKI Recommendations guiding physicians in biomedical research involving human subjects Somerset West [sn] 1996 Disponiacutevel em httpswwwwmanetwp-contentuploads201611DoH-Oct1996pdf Acesso em Acesso em 07 jan 2021
UNIVERSAL Declaration of Human Rights [Sl ] United Nations [201-] Disponiacutevel em httpswwwunorgenuniversal-declaration-human-rights Acesso em 07 jan 2021
157
18COMO CRIAR O SEU CURRIacuteCULO NA
PLATAFORMA LATTES
Victor Gomes Pitombeira
ldquoDecidir o que natildeo fazer eacute tatildeo importante quanto decidir o que fazerrdquo
Steve Jobs
A Plataforma Lattes eacute uma ferramenta on-line de unificaccedilatildeo de curriacuteculos grupos de pesquisas e outras iniciativas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq 1999) No Brasil eacute de extrema importacircncia a criaccedilatildeo de um curriacuteculo Lattes uma vez que este tem sido o modelo de curriculum vitae utilizado pela maioria dos centros acadecircmicos e de pesquisa e seraacute o seu ldquocartatildeo de visitardquo no ambiente acadecircmico (MORETTI 2020 LOCATELLI 2013)
Ao se inscrever na Plataforma Lattes vocecirc se compromete a apresentar apenas informaccedilotildees compatiacuteveis com a realidade Natildeo insira nenhuma formaccedilatildeo que vocecirc natildeo possa provar ou inexistente sob pena de puniccedilatildeo criminal
181 PASSO A PASSO
Para iniciar a criaccedilatildeo do seu curriacuteculo Lattes acesse httplattescnpqbr
158 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Clique em ldquoCadastrar novo curriacuteculordquo Isso redirecionaraacute vocecirc a uma nova paacutegina
bull Nesta paacutegina vocecirc deve preencher os seus dados Certifique-se de ler os Termos de Adesatildeo e Compromisso disponibilizados em um link Os termos tambeacutem podem ser conferidos em httpswwwscnpqbrcvlatteswebpkg_cv_estrtermo
bull Clique na barra de opccedilotildees em ldquoPaiacutes de Nacionalidaderdquo e selecione seu paiacutes Apoacutes isso coloque seu e-mail e senha nas barras de digitaccedilatildeo apropriadas
bull Na paacutegina seguinte preencha os seus dados pessoais e clique em ldquoProacuteximardquo para prosseguir adiante
OBS Para fazer upload de uma foto clique no iacutecone pequeno ao lado do rosto azul que estaacute marcado com uma circunferecircncia vermelha na imagem acima Uma janela de busca do sistema abriraacute para que vocecirc possa selecionar um arquivo de imagem Evite imagens por demais informais Vocecirc pode utilizar as imagens de outros documentos de identificaccedilatildeo como RG ou Passaporte
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 159
bull Clique na barra de seleccedilatildeo referente a ldquoPaiacutesrdquo e selecione o paiacutes de sua residecircncia A barra de digitaccedilatildeo referente a CEP seraacute disponibilizada insira-o e o endereccedilo seraacute completado automaticamente pelo sistema Termine informando o telefone e celular Clique em ldquoProacuteximardquo para finalizar
OBS Caso for utilizar endereccedilo institucional selecione a opccedilatildeo Profissional e clique posteriormente na lupa na barra de seleccedilatildeo da instituiccedilatildeo para procurar a instituiccedilatildeo agrave qual vocecirc eacute filiado
bull Uma nova paacutegina abriraacute Clique na barra de opccedilotildees referente agrave ldquoFormaccedilatildeo acadecircmica concluiacutedardquo e selecione o niacutevel acadecircmico que quer referenciar adicionando-o ao seu curriacuteculo Apoacutes selecionar clique na lupa na barra de digitaccedilatildeo abaixo Um bloco apareceraacute para que vocecirc pesquise pela instituiccedilatildeo na qual vocecirc fez o niacutevel referenciado Digite o nome e clique em ldquoPesquisarrdquo o sistema apresentaraacute resultados semelhantes clique sobre o resultado ao qual vocecirc quer referenciar
OBS Caso sua instituiccedilatildeo natildeo esteja cadastrada no banco de dados o bloco sugeriraacute que vocecirc cadastre oferecendo um acesso com um ldquoclique aquirdquo Um novo bloco apareceraacute insira o nome da instituiccedilatildeo uma sigla e o paiacutes de origem
bull Apoacutes isso insira o ano de iniacutecio e de conclusatildeo do atual niacutevel que vocecirc estaacute referenciando no seu curriacuteculo Existe dois espaccedilos especiacuteficos para isso Apoacutes isso repita o mesmo processo para ldquoFormaccedilatildeo acadecircmica em conclusatildeordquo poreacutem desta vez referenciando a atual formaccedilatildeo em curso Clique em ldquoProacuteximardquo para prosseguir
bull Uma nova paacutegina apareceraacute Selecione ldquoSimrdquo se tiver algum viacutenculo profissional vigente Clique nas lupas e um novo bloco vai aparecer para pesquisar a instituiccedilatildeo agrave qual vocecirc estaacute vinculado Funciona da mesma forma explicada anteriormente para instituiccedilatildeo acadecircmica Quanto ao viacutenculo um novo bloco apareceraacute com uma barra de opccedilotildees para selecionar o tipo de viacutenculo selecione e clique em ldquoConfirmarrdquo Digite o cargo e iniacutecio do viacutenculo nas barras de digitaccedilatildeo Quando tudo estiver terminado clique em ldquoProacuteximordquo
160 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Na paacutegina seguinte clique na lupa no quadro de aacuterea de atuaccedilatildeo Um bloco com aacutervore esquemaacutetica das aacutereas cientiacuteficas apareceraacute Selecione a aacuterea em que vocecirc atua (as aacutereas selecionaacuteveis estatildeo em azul) Abaixo selecione os idiomas que vocecirc fala e apresente suas habilidades quando a compreensatildeo leitura fala e escrita Inclua o idioma nativo (ex portuguecircs) aleacutem dos natildeo nativos Clique em ldquoProacuteximardquo para terminar
bull Pronto Caso seu curriacuteculo tenha alguma pendecircncia um quadro do navegador abriraacute informando o que estaacute faltando Vocecirc poderaacute voltar agraves paacuteginas anteriores selecionando a barra de paacuteginas no topo da tela
182 Como alterar e atualizar o seu curriacuteculo Lattes
Entre na paacutegina do Portal Lattes em httplattescnpqbr
Apoacutes isso clique em ldquoAtualizar curriacuteculordquo conforme a imagem abaixo destaca
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 161
bull Faccedila seu login utilizando seu CPFe-mail e senha
bull Vocecirc seraacute redirecionado para uma nova paacutegina que permite a ediccedilatildeo de seu curriacuteculo Lattes
bull Ao posicionar o nome sobre cada nome deste como ldquoDados geraisrdquo ldquoFormaccedilatildeordquo ldquoAtuaccedilatildeordquo entre outros um pequeno pop-up como este mostrado na tela apareceraacute Ao clicar em uma das opccedilotildees do pop-up novos quadros apareceratildeo para inserir a formaccedilatildeo o artigo o projeto a formaccedilatildeo o viacutenculo empregatiacutecio ou a patente que vocecirc quer
A plataforma Lattes permite que vocecirc adicione vaacuterias atividades Escolha uma das opccedilotildees que mais se adeque ao que vocecirc estaacute querendo e insira a informaccedilatildeo
Aleacutem disso mantenha seu curriacuteculo sempre atualizado Deixar acumular os diplomas e certificados para inserir no curriacuteculo Lattes depois pode dificultar o processo Aleacutem disso quanto mais atual for seu curriacuteculo melhor seraacute sua imagem mostrando que vocecirc permanece interessado e atuante na aacuterea da pesquisa
162 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por fim lembre-se um curriacuteculo rico eacute um curriacuteculo que causa mais impacto Entretanto um curriacuteculo por demais extenso cheio de atividades com pouca relevacircncia natildeo eacute sinocircnimo de uma boa qualificaccedilatildeo profissional Priorize as competecircncias de maior impacto que tenham importacircncia para sua apresentaccedilatildeo como pesquisador em sauacutede
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 163
REFEREcircNCIAS
MORETTI I Como fazer curriacuteculo Lattes CNPQ Aprenda passo a passo tudo que vocecirc precisa saber para fazer o preenchimento correto do documento digital [S l s n] 2020 Disponiacutevel em httpsviacarreiracomcomo-fazer-curriculo-lattes-cnpq Acesso em 30 maio 2019
LOCATELLI P A Como preencher o curriacuteculo Lattes [Porto Alegre] UFRGS [2013] 103 Slides Disponiacutevel em httpposarqufscbrfiles201301comopreencherocurriculolattespdf Acesso em 30 maio 2019
165
19COMO UTILIZAR A TECNOLOGIA A FAVOR DA
PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA
Elias Silveira de BritoTaynara Falkenstins Gois Mendes
O intenso desenvolvimento tecnoloacutegico das uacuteltimas deacutecadas trouxe para todas as atividades humanas meios mais faacuteceis e raacutepidos de produccedilatildeo A busca por soluccedilotildees aacutegeis de baixo custo e praacuteticas tem acontecido em todos as aacutereas e meios da vida humana e a produccedilatildeo cientiacutefica natildeo poderia ficar de fora Desde softwares para escrita de textos ateacute bancos de dados a um clique novas ferramentas aparecem todos os dias para permitir que o desenvolvimento de um artigo se torne mais simples dinacircmico e eficiente
Este capiacutetulo busca apresentar algumas ferramentas uacuteteis para a produccedilatildeo e como utilizaacute-las ao seu favor na hora de escrever um material de qualidade Todo o conteuacutedo aqui apresentado foi obtido a partir dos endereccedilos eletrocircnicos durante o processo de levantamento dessas informaccedilotildees entre 2019 e 2020 Ressalta-se que natildeo haacute quaisquer conflitos de interesse envolvidos na elaboraccedilatildeo desse capiacutetulo
191 ESCRITA
Ateacute o iniacutecio dos anos 2000 escrever digitalmente era uma tarefa aacuterdua Os computadores eram lentos as plataformas de escrita arcaicas e a correccedilatildeo de gramaacutetica e ortografia ficava a cargo do proacuteprio autor ou revisores Para isso um artigo precisava passar por vaacuterias correccedilotildees e por vezes ser reescrito diversas vezes Hoje novos aplicativos e softwares apareceram para facilitar a escrita
Outro grande problema dos editores de texto comuns era a impossibilidade de fazer o texto simultaneamente com outros autores Essa barreira jaacute foi ultrapassada e vaacuterias pessoas podem contribuir em um mesmo texto atraveacutes de plataformas
bull Atlas ndash eacute uma plataforma inteligente para escrever estilizar e publicar seu artigo Permite colaboraccedilatildeo entre autores exportaccedilatildeo em vaacuterios formatos interatividade com imagens e viacutedeos aleacutem de permitir programaccedilatildeo digital para melhorar o desempenho do seu artigo Acompanhe mais em httpsatlasoreillycom
166 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Write ndash eacute um app minimalista que promete poucas distraccedilotildees visuais sincronizaccedilatildeo em vaacuterias maacutequinas e facilidade no uso Apesar de natildeo ser um aplicativo especializado na aacuterea cientiacutefica pode ser uacutetil para muitos autores Acesso em httpswriteappco
bull F1000 Workspace ndash uma ferramenta completa para reunir discutir e ler referecircncias aleacutem de permitir a escrita de novos artigos Eacute uma plataforma especializada em produccedilatildeo cientiacutefica que busca novos meacutetodos diariamente Veja em httpsf1000workspacecom
bull Authorea ndash um espaccedilo grandioso para escrever editar publicar e ler artigos cientiacuteficos Aleacutem disso permite a escrita colaborativa com os co-autores Busque em httpswwwauthoreacom
192 REFERENCIAMENTO
Elaborar as referecircncias bibliograacuteficas de uma produccedilatildeo acadecircmica demanda tempo e paciecircncia Trata-se de uma etapa essencial do trabalho cientiacutefico poreacutem passa longe de ser a mais empolgante Ferramentas que auxiliem nesse processo satildeo de importante valia para os pesquisadores
A maioria dos aplicativos de apoio agrave escrita apresentados acima tambeacutem fornecem apoio ao referenciamento Poreacutem existem outras plataformas mais especiacuteficas que ajudam o pesquisador a pesquisar armazenar e formatar as referecircncias literaacuterias entre elas
bull Mendeley ndash eacute um aplicativo que permite o arquivamento de vaacuterias referecircncias a um soacute clique Aleacutem disso proporciona citaccedilotildees faacuteceis e raacutepidas a criaccedilatildeo de redes de pesquisadores conectados e sincronizaccedilatildeo em vaacuterias plataformas de acesso Acesse em httpswwwmendeleycom
bull Papers ndash conhecido em universidades renomadas como Harvard e Duke o Papers eacute um aplicativo inteligente de busca leitura citaccedilatildeo organizaccedilatildeo compartilhamento colaboraccedilatildeo e sincronizaccedilatildeo de referecircncias Veja mais em httpswwwpapersappcom
bull Zotero ndash o diferencial do Zotero eacute sua facilidade em manuseio a um clique para arquivar e organizar suas referecircncias Vocecirc pode ver mais em httpswwwzoteroorg
bull Citavi ndash oferece as mesmas funccedilotildees dos concorrentes Aleacutem disso permite que vocecirc guarde seus pensamentos sobre suas referecircncias para ajudar na organizaccedilatildeo dos seus projetos Veja em httpswwwcitavicompt
bull Wizdom ndash promete soluccedilotildees em estatiacutesticas sobre artigos mostrando impacto
Como Utilizar a Tecnologia a Favor da Produccedilatildeo Acadecircmica 167
disponibilidade e relevacircncia cientiacutefica Aleacutem disso provecirc um grande banco de dados repleto de referecircncias para compor sua produccedilatildeo Acesse em httpswwwwizdomai
193 PESQUISA BIBLIOGRAacuteFICA
Muitos autores apresentam dificuldades para iniciar seu projeto no momento da pesquisa sobre os assuntos relacionados ao seu trabalho As bibliotecas apesar de seu grande acervo nem sempre possuem as mais novas atualizaccedilotildees acerca do assunto sendo fundamental saber como buscar boas referecircncias nas mais diferentes plataformas atentando-se para o fato de que nem todos os sites disponiacuteveis possuem produccedilotildees relevantes ou de qualidade e assim identificar as plataformas que concentram os melhores artigos contribui para a qualidade da sua pesquisa e para economia de tempo Alguns deles satildeo citados abaixo
bull PubMed ndash essa plataforma bastante conhecida como a biblioteca nacional de medicina dos EUA tambeacutem apresenta acesso livre a vaacuterios textos completos de perioacutedicos biomeacutedicos e de ciecircncias da vida Acesse em httpswwwncbinlmnihgovpubmed
bull Cochrane ndash A Cochrane tem sido comparada com o Projeto Genoma Humano pela importacircncia que tem e teraacute nas futuras geraccedilotildees em relaccedilatildeo agrave atenccedilatildeo agrave sauacutede Trata-se de uma rede global independente de pesquisadores profissionais pacientes cuidadores e pessoas interessadas em sauacutede Atualmente mais de 9 mil revisotildees sistemaacuteticas Cochrane jaacute foram publicadas na Biblioteca Cochrane (httpwwwcochranelibrarycom) Esta biblioteca tambeacutem possui a maior base de dados de ensaios cliacutenicos publicados conhecida como CENTRAL
bull Embase ndash eacute uma base de dados biomeacutedico muito versaacutetil e atualizado para diversos objetivos Ele abrange a mais importante literatura biomeacutedica internacional desde 1947 ateacute os dias de hoje e todos os seus artigos satildeo indexados com precisatildeo com o uso do Embase Indexing e Emtreereg da Elsevier O banco de dados completo tambeacutem encontra se convenientemente disponiacutevel em vaacuterias plataformas Acesse em httpsembasecomlogin
bull Scielo ndash A Coleccedilatildeo SciELO indexa disponibiliza e dissemina on-line em acesso aberto os textos completos de perioacutedicos cientiacuteficos de todas as aacutereas do conhecimento que publicam predominantemente artigos resultantes de pesquisa cientiacutefica que utilizam o procedimento de avaliaccedilatildeo por pares dos manuscritos que recebem ou encomendam e que apresentam desempenho crescente nos indicadores de cumprimento dos criteacuterios de indexaccedilatildeo A coleccedilatildeo privilegia a admissatildeo e permanecircncia dos perioacutedicos que em sua operaccedilatildeo avanccedilam na profissionalizaccedilatildeo internacionalizaccedilatildeo e modelos de financiamento sustentaacutevel Acesso em https
168 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
scieloorg
bull ScienceDirect ndash possui publicaccedilotildees confiaacuteveis de textos completos mantendo os usuaacuterios informados em suas aacutereas trabalhando com eficiecircncia e efetividade Aleacutem de apresentar muitas funccedilotildees inteligentes que contribuem para tal proposta Acesse em httpswwwsciencedirectcom
bull Scopus ndash eacute um banco de dados que possui resumos e citaccedilotildees de literatura com revisatildeo de revistas cientiacuteficas livros resumos de congressos e publicaccedilotildees em geral Eacute uma plataforma que mostra importantes pesquisas Acesse em httpswwwscopuscomhomeuri
bull Paperity ndash tem como principal objetivo oferecer acesso livre aos conteuacutedos com licenccedila fornecida para qualquer pessoa Acesse em httpspaperityorg
bull Sparrho ndash promete unir a inteligecircncia humana e artificial para manter os usuaacuterios atualizados sobre novas publicaccedilotildees e patentes Acesse em httpswwwsparrhocom
Dentre as ferramentas jaacute citados para outros fins o F1000 prime o Mendeley e o Zotero satildeo exemplos que podem ser utilizados tambeacutem com essa finalidade
194 PUBLICACcedilAtildeO
Apoacutes utilizar as principais plataformas oferecidas para buscar na literatura os temas relacionados agrave sua pesquisa encontrar as melhores referecircncias para enriquececirc-la e trabalhar na sua escrita podemos passar para o uacuteltimo passo da pesquisa cientiacutefica
A publicaccedilatildeo do artigo pode ser realizada por meio de plataformas criadas pela comunidade cientiacutefica com intuito de gerar oportunidades para os autores em mostrar o seu trabalho e para os leitores ao oferecer conhecimento sobre pesquisas atualizadas acerca dos mais diversos assuntos
BioMed Central (BMC) ndash parte da editora Springer Nature a BMC eacute uma das pioneiras no processo de publicaccedilatildeo de conteuacutedo de acesso aberto a BMC tem um amplo portfoacutelio de jornais de alta qualidade revisados por pares incluindo tiacutetulos de interesse como Biologia e Medicina Consulte em BMC Series
PLOSOne ndash a PLOS eacute uma editora de acesso aberto sem fins lucrativos que visa difundir e acelerar o progresso da ciecircncia e da medicina modificando o processo de comunicaccedilatildeo de pesquisas e impulsionando o movimento por alternativas de acesso aberto desde 2001 Acesse em httpsjournalsplosorgplosone
ScienceOpen ndash eacute uma plataforma interativa que publica pesquisas de acesso aberto oferecendo um canal de comunicaccedilatildeo para os pesquisadores podendo gerar
Como Utilizar a Tecnologia a Favor da Produccedilatildeo Acadecircmica 169
discussotildees acerca do assunto e aprimorando o estudo Acesse em httpswwwscienceopencom
eLife ndash ele publica trabalhos com grande relevacircncia em aacutereas da vida e ciecircncias biomeacutedicas e somente apoacutes avaliaccedilatildeo de cientistas que trabalham na plataforma disponibiliza gratuitamente aos leitores apesar de cobrar uma taxa de publicaccedilatildeo aos autores Acesse em httpselifesciencesorg
Cureus ndash eacute uma revista que possui um padratildeo editorial e promove a publicaccedilatildeo gratuita mantendo os direitos autorais e principalmente destacando os pesquisadores por meio de um curriacuteculo digital ancorado em seus artigos Veja em httpswwwcureuscom
Winnower ndash assim como a ScienceOpen a Winnower promove publicaccedilotildees on-line de acesso aberto incentivando a comunicaccedilatildeo cientiacutefica para debate Nesta plataforma eacute necessaacuterio o pagamento de uma taxa de publicaccedilatildeo Acesse em httpsthewinnowercom
195 OUTROS LINKS E APLICATIVOS UacuteTEIS
LISTA DE ldquoSOBREVIVEcircNCIArdquo PARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA (Adaptado de Nathaacutelia Ronfini Disponiacutevel em httpsedisciplinasuspbr
pluginfilephp5555503mod_resourcecontent1sobrevivencia_academicapdf)
ESCRITAContador de palavras repetidas httplinguisticainsitecombrcorpusphphttpptwordcounter360comhttpwwwwritewordsorgukword_countaspDicionaacuterio de sinocircnimos httpswwwsinonimoscombrDicionaacuterio de antocircnimos httpswwwantonimoscombrdorConferir se eacute plaacutegio httpwwwplagiumcomhttpplagiarismanetCurso de Escrita e Publicaccedilatildeo de Artigos Cientiacuteficos httpwwwcnengovbrimagesCINCursosCurso_Escrita_Publicao_
Artigo_Cientfico_Junho2017pdf9 elementos essenciais no artigo cientiacutefico httpsandrezalopescombr9-elementos-essenciais-no-artigo-cientifico
170 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
PESQUISA BIBLIOGRAacuteFICABase de perioacutedicos da Capes httpwwwperiodicoscapesgovbrBibliotecas digitais gratuitashttpsptscribdcomhttpsarchiveorgdetailsamericanahttpgenlibrusechttpswwwpdfdrivenethttpswwwpasseidiretocom
REFERENCIAMENTOGerenciadores de referecircncia bibliotecas digitaiswwwmyendnotewebcomhttpswwwzoteroorghttpswwwmendeleycomManual Mendeleyh t t p s w w w s l i d e s h a r e n e t T h a i s M o r a e s 7 m e n d e l e y - 2 0 1 7 -
73612874from_m_app=android
TRADUCcedilAtildeOFerramenta para escrita e correccedilatildeo de textos em inglecircs httpswriteandimprovecomhttpslanguagetoolorghttpswwwgrammarlycomDicionaacuterio de sinocircnimos em inglecircs httpswwwthesauruscom
OUTROSConferir o Qualis de um perioacutedico https sucupiracapesgovbrsucupirapublic consultascoleta
veiculoPublicacaoQualislistaConsultaGeralPeriodicosjsfRedes sociais para pesquisadores httpswwwresearchgatenethttpswwwacademiaeduhttpsbrlinkedincomPlataforma Brasil httpplataformabrasilsaudegovbrloginjsfComo utilizar o meacutetodo FISHQTCR5SS para ler artigos cientiacuteficos httpposgraduandocomfish-qtcr-5ss-leitura-artigosO Guia Completo das Ferramentas de Pesquisa httpsblogeven3combrguia-completo-das-ferramentas-de-pesquisa
Centro Universitaacuterio Christus
ReitorJoseacute Lima de Carvalho Rocha
EdUnichristus
Diretor ExecutivoEstevatildeo Lima de Carvalho Rocha
Conselho EditorialCarla Monique Lopes Mouratildeo
Edson Lopes da PonteElnivan Moreira de Souza
Fayga Silveira BedecircFrancisco Artur Forte Oliveira
Marcos KubruslyMaria Bernadette Frota Amora Silva
Reacutegis Barroso Silva
COLABORADORES (DOCENTES)
Antocircnio Brazil Viana JuniorPossui graduaccedilatildeo em Estatiacutestica pela Universidade Federal do Cearaacute (2001-
2005) poacutes-graduaccedilatildeoMBA em Gestatildeo Puacuteblica (2013-2014) pela Universidade Estaacutecio de Saacute e mestrado em Pesquisa Cliacutenica pelo Hospital de Cliacutenicas de Porto AlegreUniversidade Federal do Rio Grande do Sul Atualmente eacute estatiacutestico da Gerecircncia de Ensino e Pesquisa e estatiacutestico do Nuacutecleo de Apoio ao Pesquisador da Unidade de Pesquisa Cliacutenica do Complexo de Hospitais Universitaacuterios da UFCEBSERH Tem experiecircncia na aacuterea de Probabilidade e Estatiacutestica com ecircnfase em Bioestatiacutestica
Clarisse Mouratildeo Melo PontePossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute - UFC
(2002) residecircncia em Cliacutenica Meacutedica (2003 - 2005) e em Endocrinologia pela UFC (2005 - 2007) Tem Tiacutetulo de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2008) mestrado em Sauacutede Puacuteblica pela UFC (2010) e doutorado em Ciecircncias Meacutedicas pela UFC (2016) Atua como meacutedica pesquisadora do Instituto Cearense de Endocrinologia do Grupo Brasileiro para o Estudo de Lipodistrofias Herdadas e Adquiridas (BrazLipo) e do Grupo ENDOCRINOR no Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute Professora da Faculdade de Medicina UNICHRISTUS
Maria Helane Costa GurgelPossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2003)
poacutes-graduaccedilatildeo em cliacutenica meacutedica e endocrinologia pela Universidade Federal do Cearaacute (2008) mestra em Farmacologia pela Universidade Federal do Cearaacute (2010) e Doutora em Ciecircncias Meacutedicas pela Universidade do estado de Satildeo Paulo (USP -2015) Tiacutetulo de especialista em endocrinologia e Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Professora da Faculdade de Medicina Christus Endocrinologista da Unidade de Cardiometabolismo do Hospital do Coraccedilatildeo e Pulmatildeo de Messejana da SESA Meacutedica pesquisadora do Instituto Cearense de Endocrinologia e do grupo de pesquisa em diabetes e metabolismo do hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da UFC Diretora Meacutedica do laboratoacuterio LabPasteur-DASA
Maacutercia Maria Pinheiro DantasPossui graduaccedilatildeo em Fisioterapia pela Universidade de Fortaleza (1985)
Professora do curso de Fisioterapia do Centro Universitaacuterio Christus e fisioterapeuta intensivista do Instituto Dr Joseacute Frota Fortaleza CE Tem experiecircncia na aacuterea de
fisioterapia com ecircnfase em fisioterapia respiratoacuteria e hospitalar Mestra em Sauacutede da Crianccedila e do Adolescente pela Universidade Estadual do Cearaacute Coordenadora do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do Instituo Dr Joseacute Frota e Preceptora da Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede da Escola de Sauacutede Puacuteblica do Estado do Cearaacute ecircnfase em Urgecircncia e Emergecircncia
Patriacutecia Rolim Mendonccedila LocircboPossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2007)
residecircncia em Cliacutenica Meacutedica (2011) e Reumatologia (2013) pelo Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina de Ribeiratildeo Preto Universidade de Satildeo Paulo- USP e doutorado em Medicina (Cliacutenica Meacutedica) pela USP (2018) Especialista em Reumatologia pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (2013) Atualmente professora adjunta da graduaccedilatildeo do curso de Medicina da Universidade Federal do Cearaacute (2018-atual) e meacutedica assistente no Instituto Dr Joseacute Frota (2016-atual)
Laura da Silva Giratildeo LopesMeacutedica graduada pela Universidade Federal do Cearaacute (1998-2003)
complementando sua formaccedilatildeo profissional com residecircncia meacutedica em Cliacutenica Meacutedica (2004-2005) realizaccedilatildeo de mais um ano complementar em cliacutenica Meacutedica (R3 em Cliacutenica Meacutedica) e residecircncia meacutedica em Endocrinologia e Metabologia (PUC-SP) concluiacuteda em 2009 Doutorado em Ciecircncias concluiacutedo em 2014 pela Universidade de Satildeo Paulo na aacuterea de Metabolismo Oacutesseo e Diabetes Atua como professora da graduaccedilatildeo da faculdade de Medicina do Centro Universitaacuterio Unichristus desenvolvendo projetos relacionados aos temas Educaccedilatildeo Meacutedica e Endocrinologia Cliacutenica incluindo orientaccedilatildeo de monitoria em Endocrinologia de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica e da Liga de Endocrinologia e Metabologia (LEME)
Lilian Loureiro Albuquerque CavalcantePossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2005)
Realizou residecircncia em Cliacutenica meacutedica (2007-2009) e residecircncia em Endocrinologia e Metabologia (2010-2012) no Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio - Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Tem Tiacutetulo de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2013) Mestrado em Ciecircncias Cliacutenico-Ciruacutergicas pela UFC Poacutes-graduaccedilatildeo em Nutrolgia pela Associaccedilatildeo Brasileira de Nutrologia em 2016 (ABRAN) Endocrinologista da Empresa Diagnoacutestico das Ameacutericas (DASA) desde 2015 Meacutedica do Instituto Dr Joseacute Frota desde 2016 Professora do curso de medicina da Faculdade Christus desde 2018 Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (Biecircnio 2018-19)
COLABORADORES (DISCENTES)
Elias Silveira de Brito - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Eacuterika Suyane Freire Silva - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Juliana Ferreira Paraacute - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Matheus Mendonccedila Leal Janja - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Roberta Lopes Ribeiro - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
Taynara Falkenstins Gois Mendes - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Veyda Lourdes Ferreira Martins - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Victor Gomes Pitombeira - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Victor Hugo Lima Jacinto - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
Victoacuteria Costa Lima - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Wellison Gil Magalhatildees de Almeida - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
PREFAacuteCIO
A produccedilatildeo acadecircmica eacute importante para a formaccedilatildeo dos estudantes tendo em vista que com a praacutetica da redaccedilatildeo cientiacutefica os alunos passam a organizar pensamentos e decodificaacute-los por meio de palavras Esse conteuacutedo acaba natildeo sendo de acesso exclusivo do autor mas servindo de base conceitual para outros estudantes Dessa forma os trabalhos acadecircmicos satildeo responsaacuteveis pela formaccedilatildeo em excelecircncia do profissional que atua nessa aacuterea
No universo acadecircmico fazer ciecircncia eacute importante para todos pois eacute por meio dela que se descobrem e se formulam novas teorias que aliadas a um meacutetodo adequado representam uma nova forma de pensar e de se chegar agrave natureza dos problemas seja para estudaacute-los seja para explicaacute-los
Eacute por isso que somente com base em meacutetodos e teacutecnicas adequadas o estudante deveraacute obter condiccedilotildees de identificar problemaacuteticas e buscar soluccedilotildees Assim a atividade e o pensamento cientiacutefico satildeo antes de tudo o resultado da atitude dos seres humanos diante do mundo que os cerca
Dessa forma fica o questionamento como desenvolver nos estudantes competecircncias e habilidades que possibilitem habilitaacute-los agrave praacutetica da produccedilatildeo acadecircmica dentro dos padrotildees atuais Esse eacute um dos desafios para alcanccedilar a excelecircncia na pesquisa cientiacutefica e assim gerar conhecimento
Nesse cenaacuterio o livro MANUAL PRAacuteTICO PARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA surge como mais uma ferramenta para auxiliar no aperfeiccediloamento dos estudantes A obra eacute fruto da experiecircncia didaacutetica e da competecircncia de um conjunto de professores atuantes na aacuterea e tambeacutem da iniciativa da professora Clarisse Mouratildeo Melo Ponte responsaacutevel por sua estruturaccedilatildeo
A obra de forma clara concisa e objetiva estaacute dividida em duas partes uma delas explorando a execuccedilatildeo da redaccedilatildeo cientiacutefica e a outra contemplando a preparaccedilatildeo para esse processo Seguindo essas orientaccedilotildees os alunos certamente conseguiratildeo agregar contribuiccedilotildees relevantes agrave ciecircncia Dessa forma toda a comunidade acadecircmica ganha no processo tendo em vista que os resultados seratildeo o alicerce para a construccedilatildeo de novos conhecimentos
Marcos Kubrusly
Aos meus filhosFelipe Henrique e Vinicius
APRESENTACcedilAtildeO
Ao longo da formaccedilatildeo dos estudantes de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo eles se deparam diante do grande desafio da elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa artigos resumos relatoacuterios trabalhos de conclusatildeo de curso entre outras produccedilotildees que demandam o entendimento sobre o conhecimento cientiacutefico aleacutem das habilidades em escrita
Assim partindo dessa premissa a proposta inicial para a elaboraccedilatildeo deste manual voltado para jovens pesquisadores partiu do interesse de um grupo de estudos composto por estudantes de graduaccedilatildeo e professores do Curso de Medicina do Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus cuja funccedilatildeo era ser um ldquoberccedilordquo para a geraccedilatildeo de projetos de pesquisa a serem elaborados e encaminhados para os editais de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica da referida Instituiccedilatildeo
Agrave eacutepoca em meados de 2018 esses estudantes reuniam-se quinzenalmente a fim de discutir possiacuteveis projetos e produccedilotildees teacutecnicas No entanto nesses encontros inuacutemeras dificuldades atuavam como barreiras para um melhor desempenho do grupo pouco domiacutenio sobre conceitos baacutesicos relacionados agrave realizaccedilatildeo de uma pesquisa cientiacutefica falta de habilidade para a escrita falta de tempo dos estudantes e dos proacuteprios orientadores para se dedicarem agraves inuacutemeras atividades curriculares e extracurriculares entre outras
Todas essas questotildees nos evidenciaram um dos muitos paradoxos atualmente existentes em nosso meio acadecircmico a cobranccedila que existe sobre o aluno de graduaccedilatildeo para uma participaccedilatildeo efetiva em atividades de extensatildeo e pesquisa visando agrave melhoria de seus curriacuteculos e suas chances de aprovaccedilatildeo em concursos de residecircncia ou outros versus a pouca capacitaccedilatildeo oferecida a esses alunos para que produzam conteuacutedo relevante ao contexto no qual estatildeo imersos
Desse modo temos um ciclo no qual o aluno se obriga a produzir sem que esteja adequadamente qualificado para tal resultando em trabalhos que natildeo satildeo modificadores ou impactantes dentro de sua realidade Agraves vezes a funccedilatildeo se resume a atender a uma exigecircncia para sua formaccedilatildeo ou melhorar os curriacuteculos pessoais No entanto embora essas sejam motivaccedilotildees vaacutelidas elas natildeo devem ser as mais importantes mas prossigamos pois esse eacute um tema para um debate mais amplo que foge ao escopo deste manual
Parece-nos que atuar como um facilitador nesse processo e ao mesmo tempo pontuar para o aluno o significado e a relevacircncia da pesquisa enquanto condiccedilatildeo sine qua non para o desenvolvimento cientiacutefico eacute uma maneira de ldquoquebrarrdquo esse ciclo Assim a pequena contribuiccedilatildeo deste manual elaborado por estudantes de graduaccedilatildeo e revisado por diferentes orientadores eacute trazer um pouco dessa reflexatildeo para o jovem pesquisador
Para isso dividimos este manual em duas partes na primeira abordamos temas essenciais para a elaboraccedilatildeo de uma produccedilatildeo cientiacutefica tentando elucidar como pocircr ldquoa matildeo na massardquo e iniciar a escrita propriamente dita Buscamos escrever esses capiacutetulos de forma clara e acessiacutevel trabalhando com exemplos fluxogramas links e outras ferramentas Na segunda parte do manual pontuamos alguns temas que podem ser considerados como alicerces de uma boa produccedilatildeo acadecircmica como revisatildeo de literatura escrita acadecircmica traduccedilatildeo para o inglecircs noccedilotildees de estatiacutestica eacutetica na ciecircncia curriacuteculo Lattes e uso da tecnologia para a produccedilatildeo acadecircmica
Por meio deste manual esperamos facilitar a aquisiccedilatildeo de conhecimentos sobre pesquisa auxiliando no desenvolvimento de uma consciecircncia cientiacutefica e no desenvolvimento de habilidades como a da escrita que permitam ao jovem aluno aventurar-se nesse meio desafiador com maior seguranccedila e quiccedilaacute minimizar o desgaste tatildeo frequente que os assola durante essa jornada Por fim nosso objetivo eacute tentar demonstrar que com estudo teacutecnica e treino o processo da produccedilatildeo cientiacutefica e da redaccedilatildeo em si pode ser prazeroso resultando em produccedilotildees de qualidade e relevacircncia
Os autores
SUMAacuteRIO1 A ESCOLHA DO TEMA 17
2 A INTRODUCcedilAtildeO DE UM TRABALHO ACADEcircMICO 25
3 OBJETIVOS GERAL E ESPECIacuteFICOS 33
4 MEacuteTODOS 37
5 RESULTADOS 49
6 ESCREVENDO A DISCUSSAtildeO E A CONCLUSAtildeO 59
7 COMO DEFINIR O TIacuteTULO 67
8 COMO REDIGIR O RESUMO 71
9 CRONOGRAMA E ORCcedilAMENTO 79
10 APEcircNDICES E ANEXOS 89
11 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 93
12 COMO REALIZAR UMA BOA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 101
13 A REDACcedilAtildeO ACADEcircMICA DICAS PARA UMA BOA ESCRITA 109
14 TRADUCcedilAtildeO DE TRABALHOS ACADEcircMICOS PARA O INGLEcircS 117
15 NOCcedilOtildeES BAacuteSICAS DE ESTATIacuteSTICA 125
16 EacuteTICA NA CIEcircNCIA CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE AUTORIA PLAacuteGIO ACADEcircMICO E TRABALHO EM EQUIPE 137
17 ASPECTOS EacuteTICOS DAS PESQUISAS COM SERES HUMANOS 147
18 COMO CRIAR O SEU CURRIacuteCULO NA PLATAFORMA LATTES 157
19 COMO UTILIZAR A TECNOLOGIA A FAVOR DA PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA 165
17
1A ESCOLHA DO TEMA
Veyda Lourdes Ferreira MartinsMaria Helane Costa Gurgel
ldquoA mente que abre uma nova janela jamais volta ao seu tamanho originalrdquo
Albert Einstein
A escolha adequada de um tema interessante para o pesquisador eacute o ponto de partida para o sucesso de uma produccedilatildeo acadecircmica Embora pareccedila ser uma tarefa faacutecil geralmente os jovens pesquisadores encontram muita dificuldade para a delimitaccedilatildeo de um tema entre as inuacutemeras possibilidades A ideia para um tema de pesquisa pode surgir por meio de diferentes fontes como as experiecircncias individuais a leitura de livros e artigos a observaccedilatildeo de acontecimentos e fatos a participaccedilatildeo em aulas seminaacuterios e congressos bem como a reflexatildeo criacutetica do proacuteprio aluno Assim tal escolha demanda poder de decisatildeo e foco
Eacute a partir da definiccedilatildeo do tema da pesquisa que a elaboraccedilatildeo do projeto seraacute iniciada e quando o assunto a ser estudado eacute familiar ou faz parte das aacutereas de interesse do pesquisador torna-se muito mais faacutecil manter-se motivado para ler a literatura existente sobre a temaacutetica ter curiosidade para pesquisar novidades da aacuterea e redigir um texto (MATIAS-PEREIRA 2012) Aleacutem disso se o aluno tem propriedade sobre o tema a investigaccedilatildeo cientiacutefica provavelmente seraacute de maior relevacircncia pois o pesquisador teraacute maior capacidade para elaborar questionamentos relevantes e ineacuteditos O aluno deve lembrar-se de que a temaacutetica escolhida o acompanharaacute por longos meses portanto recomenda-se de fato uma afinidade com o tema escolhido (CAVALCANTI amp FONTENELE 2015)
Geralmente essa escolha tambeacutem dependeraacute do orientador e das fontes de financiamento nas diferentes linhas de pesquisa Para conciliar essa realidade com os interesses do jovem pesquisador eacute recomendado que ele se informe acerca de quais satildeo os professores que fazem pesquisa na instituiccedilatildeo de ensino e em quais temas eles estatildeo dispostos a investir Sabendo disso o aluno poderaacute procurar aquele que mais se aproxima de suas preferecircncias ou mesmo decidir pesquisar sobre algum dos diferentes temas disponiacuteveis o qual ele natildeo tenha tido ainda a oportunidade de conhecer
18 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Adicionalmente a produccedilatildeo cientiacutefica para o jovem pesquisador deve ser acessiacutevel pois sua execuccedilatildeo depende de tempo e orccedilamento do pesquisador Portanto a pesquisa deve ter viabilidade ser factiacutevel Ao delimitar seu tema de pesquisa o aluno deveraacute prever as dificuldades para a realizaccedilatildeo de seu trabalho Para isso recomenda-se uma conversa com pesquisadores mais experientes para auxiliaacute-lo na visualizaccedilatildeo de possiacuteveis dificuldades para a execuccedilatildeo do projeto que ele por inexperiecircncia natildeo consegue prever
Embora possa ocorrer sempre que possiacutevel eacute desaconselhaacutevel a mudanccedila de tema durante o transcorrer da pesquisa Eacute importante que o aluno faccedila uma reflexatildeo antes de ingressar em uma pesquisa acerca de sua disponibilidade qualificaccedilatildeo e objetivos profissionais a fim de que possa realizar um bom trabalho que agregue valor significativo para sua carreira e experiecircncia
As seguintes perguntas podem guiar os pesquisadores durante o processo de escolha do tema de uma pesquisa (quadro 11)
Quadro 11 mdash Perguntas-chave que podem ajudar na escolha do tema de pesquisa (Adaptado de CAVALCANTI amp FONTENELE 2015)
bull A pesquisa bibliograacutefica eacute do interesse do pesquisadorbull Quem vai se interessar pelo artigobull Vai contribuir para a praacutetica profissional nessa aacutereabull Vai contribuir para o curriacuteculo acadecircmico profissional do pesquisadorbull Qual a abrangecircncia do tema Local Regional Nacional Internacionalbull Em quais congressos o trabalho poderaacute ser apresentado E em quais
revistas poderaacute ser publicado
11 ANALISANDO A VALIDADE DO TEMA DA PESQUISA
Uma maneira simples de se avaliar a validade do tema de pesquisa escolhido eacute aplicar o acrocircnimo FINER em que cada letra representa um quesito a ser atendido pelo objeto de estudo
A Escolha do Tema 19
Na figura 11 evidencia-se que um bom tema de pesquisa deve ser
Figura 11 mdash Requisitos para um bom tema de pesquisa
O tema deve ser relevante natildeo soacute para o aluno mas tambeacutem para outros pesquisadores e profissionais da aacuterea Um projeto pouco relevante teraacute pouco impacto sobre a comunidade cientiacutefica bem como traraacute pouco impacto social (MEDEIROS 2016) Aleacutem disso o tema da pesquisa e os meacutetodos propostos para seu estudo devem atender aos requisitos eacuteticos para pesquisas em seres humanos conforme seraacute detalhado em capiacutetulo especiacutefico
12 DEFININDO O PROBLEMA DA PESQUISA
Toda pesquisa cientiacutefica envolve a formulaccedilatildeo de um problema e objetiva a sua soluccedilatildeo Assim apoacutes a escolha do tema o aluno deveraacute definir qual o problema de sua pesquisa Formular o problema consiste em dizer de maneira expliacutecita e compreensiacutevel qual a lacuna do conhecimento a que se pretende responder limitando o seu campo e apresentando suas caracteriacutesticas por meio do rigor do meacutetodo cientiacutefico (MARCONI amp LAKATOS 2003) Algo que ainda natildeo esteja respondido e que precise de investigaccedilatildeo portanto algo novo ainda natildeo saturado de informaccedilotildees na literatura Por isso o pesquisador deve estar atento agrave novidade e agrave significacircncia que seu o projeto traz pois investigar um problema jaacute elucidado e documentado natildeo iraacute contribuir para o avanccedilo da aacuterea
20 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ldquo() o pesquisador acabaraacute identificando uma lacuna no conhecimento ou uma diferenccedila de opiniatildeo com estudos anteriores o que lhe permitiraacute finalmente a formulaccedilatildeo de um tema preciso de pesquisa ()rdquo
Uma Introduccedilatildeo agrave Histoacuteria ndash Ciro Flamarion Cardoso 1986
Uma boa revisatildeo de literatura ajudaraacute a obter conhecimentos especiacuteficos sobre o tema proposto possibilitando uma melhor delimitaccedilatildeo do objeto de estudo Eacute durante essa fase que o pesquisador poderaacute identificar as lacunas existentes na aacuterea e assim elaborar uma pesquisa que vise preencher tais lacunas cientiacuteficas ou sociais mesmo que elas sejam relacionadas a aspectos locais ou menos abrangentes do ponto de vista espacial ou geograacutefico Na verdade o desenho do estudo eacute quem definiraacute a sua abrangecircncia se eacute local regional nacional ou internacional
Quanto mais o pesquisador estiver familiarizado com o tema com o qual ele quer trabalhar mais facilmente ele identificaraacute o problema Um trabalho concebido por meio de um problema mal formulado natildeo chegaraacute a lugar nenhum Portanto eacute crucial determinaacute-lo de forma adequada Para isso o problema de uma pesquisa deveraacute ser elaborado como pergunta e ser (GIL 2008)
bull claro e preciso que natildeo causa ambiguidade ou duacutevidas
bull empiacuterico ou seja que pode ser estudado pela observaccedilatildeo do cientista por meio de teacutecnicas e meacutetodos adequados
bull passiacutevel de soluccedilatildeo testaacutevel pelo meacutetodo cientiacutefico
bull ter uma delimitaccedilatildeo viaacutevel no tempo e no espaccedilo
A Escolha do Tema 21
No quadro 12 um exemplo de como se pode formular um problema de pesquisa
Quadro 12 mdash Exemplo de como delimitar o problema da pesquisa
Em um hospital terciaacuterio de Fortaleza observou-se que existia uma falta de registros sobre o perfil de pacientes com hiperglicemia intra-hospitalar (HIH) internados em unidades de pacientes natildeo criticamente enfermos e que natildeo havia uma padronizaccedilatildeo de condutas no manejo desses indiviacuteduos Aleacutem disso natildeo havia dados na literatura que respondessem a essas lacunas Por isso resolveu-se pesquisar sobre as caracteriacutesticas dos pacientes internados com HIH e avaliar o manejo desses pacientes em tais hospitais com o intuito de procurar estabelecer quem eram aqueles susceptiacuteveis a esse tipo de agravo conhecer como era feito o manejo e medir os indicadores de desfechos relacionados
Outra forma de determinar o problema da pesquisa eacute identificar uma pergunta condutora Por exemplo
Frequecircncia com que frequecircncia a dislipidemia ocorre
Diagnoacutestico qual a acuraacutecia dos testes utilizados para diagnosticar o hipertireoidismo
Causa que condiccedilotildees levam agrave siacutendrome de Cushing Quais satildeo as origens dessa doenccedila
Risco quais satildeo os fatores que estatildeo associados a um maior risco de desenvolver siacutendrome metaboacutelica
Prognoacutestico quais satildeo as consequecircncias de se ter hiperparatireoidismo
Tratamento como o tratamento altera o curso da nefropatia diabeacutetica
22 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
De maneira geral a definiccedilatildeo adequada do problema da pesquisa ainda seraacute uacutetil para permitir que o pesquisador escolha o delineamento do seu estudo (quadro 13)
Quadro 13 mdash Problema da pesquisa e o desenho do estudo sugerido
PROBLEMA DESENHOLevantar hipoacuteteses Seacuterie de casosFrequecircncia Transversal CoorteFatores de risco causa Caso-controle CoorteTeste diagnoacutestico TransversalTratamento Ensaio cliacutenicoPrognoacutestico Coorte
13 A ELABORACcedilAtildeO DAS HIPOacuteTESES
Uma vez delimitado o problema surgiratildeo suposiccedilotildees ou respostas provaacuteveis e provisoacuterias que poderatildeo ser testadas por meio do meacutetodo cientiacutefico o que permitiraacute que tais suposiccedilotildees ou respostas sejam validadas ou refutadas Portanto a hipoacutetese de uma pesquisa eacute a afirmaccedilatildeo positiva negativa ou condicional (ainda natildeo testada) sobre determinado problema ou fenocircmeno (MATIAS-PEREIRA 2012) Eacute uma resposta provisoacuteria e plausiacutevel para determinado problema cientiacutefico
Para a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses para estudos da aacuterea da sauacutede os pesquisadores podem-se basear em diferentes fontes (MARCONI amp LAKATOS 2003)
(1) Observaccedilatildeo uma fonte rica para a construccedilatildeo de hipoacuteteses eacute a observaccedilatildeo que se realiza dos fatos ou da correlaccedilatildeo existente entre eles
(2) Comparaccedilatildeo com outros estudos nesse caso o pesquisador baseia-se na averiguaccedilatildeo de outros estudos na perspectiva de que as conexotildees similares entre duas ou mais variaacuteveis prevaleccedilam no estudo presente
(3) Conhecimento familiar o conhecimento familiar ou as intuiccedilotildees derivadas do senso comum perante situaccedilotildees vivenciadas podem levar a correlaccedilotildees entre fenocircmenos notados e ao desejo de verificar a real correspondecircncia existente entre eles Nesse caso a experiecircncia de vida pode ser um fator colaborador
Eacute importante ressaltar que a despeito de a hipoacutetese ser comprovada ou refutada ela ainda seraacute uma fonte de conhecimentos acerca do problema estudado Tais respostas obtidas atraveacutes do meacutetodo cientiacutefico seratildeo importantes para o avanccedilo
A Escolha do Tema 23
do conhecimento naquela aacuterea
Deve ser lembrado que alguns estudos com abordagem mais exploratoacuteria natildeo possuem hipoacuteteses Eles satildeo desenvolvidos para que os pesquisadores adquiram alguma expertise sobre o objeto de estudo permitindo a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses a serem testadas posteriormente por meio de desenhos adequados Como exemplo podem-se citar alguns estudos observacionais ou seacuterie de casos que descrevem determinadas caracteriacutesticas de uma amostra ou populaccedilatildeo
Na figura 12 apresenta-se um algoritmo que tenta demonstrar o processo de produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico que poderaacute servir de guia para os jovens pesquisadores sobre como ldquopensarrdquo cientificamente
Figura 12 mdash Algoritmo sobre a produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico
Assunto principal do projeto revisatildeo eestudo do estado da arte
Lacuna no conhecimento sobre o temaescolhido
Possiacuteveis respostas plausiacuteveis eprovisoacuterias que respondam ao problema
Busca por respostas por meio do meacutetodocientiacutefico que comprovem ou refutem ahipoacutetese
Descobertas oriundas da aplicaccedilatildeo domeacutetodo cientiacutefico em busca de respostas aproblemas decorrentes de lacunas noconhecimento vigente
Tema
Problema
Hipoacutetese
Pesquisa
Conhecimentocientiacutefico
24 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015
GIL A C Formulaccedilatildeo do problema In GIL A C Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa social 6 ed Satildeo Paulo Atlas 2008 cap 4 p 33-40
MARCONI M A LAKATOS E M Fundamentos de metodologia cientiacutefica 5 ed Satildeo Paulo Atlas 2003
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B Da Pesquisa agrave Redaccedilatildeo do Artigo Cientiacutefico In MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de Artigos Cientiacuteficos Meacutetodos de Realizaccedilatildeo Seleccedilatildeo de Perioacutedicos Publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2016 cap 4 p 53-88
25
2A INTRODUCcedilAtildeO DE UM TRABALHO ACADEcircMICO
Eacuterika Suyane Freire SilvaTaynara Falkenstins Gois Mendes
Vitoacuteria Costa LimaMaria Helane Costa Gurgel
ldquoNenhum vento sopra a favor de quem natildeo sabe pra onde irrdquo
Secircneca
A introduccedilatildeo de um projeto ou artigo cientiacutefico apresenta as primeiras ideias sobre o tema da pesquisa Durante a sua elaboraccedilatildeo o autor deveraacute discorrer sobre o tema de interesse trazendo ao leitor o que jaacute existe na literatura sobre o assunto Esse conhecimento deveraacute ser oriundo de uma soacutelida revisatildeo bibliograacutefica e estudo do estado da arte ou seja o que jaacute foi evidenciado de maneira cientificamente validada ateacute o momento sobre determinado assunto (MEDEIROS 2017) Ao redigir a introduccedilatildeo o pesquisador deveraacute contextualizar o problema da pesquisa agrave sua realidade sob a luz do conhecimento cientiacutefico disponiacutevel
Este capiacutetulo visa apresentar alguns aspectos relacionados agrave redaccedilatildeo do texto introdutoacuterio de um projeto ou artigo cientiacutefico
21 REDIGINDO A INTRODUCcedilAtildeO
Um possiacutevel modo para a organizaccedilatildeo da introduccedilatildeo eacute iniciar com uma abordagem geral informando ao leitor os conceitos claacutessicos sobre o tema de interesse A partir do segundo ou terceiro paraacutegrafo as particularidades mais diretamente relacionadas ao tema da pesquisa em questatildeo podem ser apresentadas (REIZ 2013) Deve-se escrever sobre o que jaacute fora demonstrado em estudos anteriores pontuando-se as carecircncias ou lacunas de conhecimento sobre aquela aacuterea este seraacute o problema da pesquisa Nesse momento a hipoacutetese tambeacutem poderaacute ser apresentada e confrontada com a literatura vigente
Aleacutem de apresentar o tema e o problema da pesquisa aos leitores na introduccedilatildeo o autor deveraacute incluir a justificativa para a realizaccedilatildeo do seu projeto e
26 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ou publicaccedilatildeo dos seus achados apontando qual o avanccedilo teoacuterico a ser alcanccedilado eou qual o potencial impacto sobre a praacutetica profissional Para finalizar o autor poderaacute ainda redigir sobre o que pretende fazer (qual o seu objetivo) para testar a sua hipoacutetese e resolver o problema da pesquisa
Algumas perguntas poderatildeo ajudar na elaboraccedilatildeo de uma introduccedilatildeo (figura21)
Figura 21 mdash Elaborando o texto introdutoacuterio de uma produccedilatildeo acadecircmica
1 Quais os conceitos e as definiccedilotildees claacutessicas sobre o assunto escolhido (apresentaccedilatildeo geral do tema)
2 Qual o embasamento teoacuterico sobre o assunto O que jaacute existe na literatura sobre isso
3 Qual a lacuna do conhecimento ou seja o problema da pesquisa
4 Qual a sua hipoacutetese
5 Por que foi escolhido tal tema Qual a sua relevacircncia e impacto
6 O que o pesquisador pretende fazer para responder ao problema da pesquisa Qual o objetivo
O tamanho ou a extensatildeo do texto introdutoacuterio iraacute depender do tipo de produccedilatildeo a ser elaborada Em geral artigos publicados em jornais ou perioacutedicos cientiacuteficos apresentam introduccedilatildeo curta de poucos paraacutegrafos (trecircs ou quatro) tendo em vista que o foco estaacute nos meacutetodos e resultados encontrados na pesquisa Nesse caso uma sugestatildeo para a redaccedilatildeo da introduccedilatildeo poderia ser conforme abaixo (quadro 21)
Quadro 21 mdash A redaccedilatildeo da introduccedilatildeo de artigos cientiacuteficos
Paraacutegrafo(s) inicial(is) (um ou dois no maacuteximo)Apresentaccedilatildeo do tema conceitos e definiccedilotildees (breve revisatildeo da literatura)Paraacutegrafos centraisProblema da pesquisa e justificativaParaacutegrafo finalHipoacutetese e objetivo
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 27
A seguir segue um texto que ilustra a sugestatildeo apresentada na figura acima Optou-se por manter a liacutengua inglesa pois se trata de um trecho de um artigo previamente publicado pelos autores (quadro 22)
Quadro 22 mdash Exemplo de introduccedilatildeo de artigo cientiacutefico
REVISAtildeO DA LITERATURA
Congenital generalized lipodystrophy (CGL) is a rare disorder of autonomic recessive inheritance with an estimated prevalence of 110000000 live births There are approximately 500 cases described worldwide with 100 cases described in Brazil This disease is characterized by the absence of subcutaneous adipose tissue leptin deficiency deposition of ectopic fat due to impairs of the metabolic activity and storage capacity of the subcutaneous adipose tissue hypertriglyceridemia insulin resistance and a poorly controlled diabetes mellitus (DM)
In addition to metabolic disorders cardiac abnormalities have also been described in patients with CGL especially left ventricular hypertrophy (LVH) left ventricular systolic and diastolic dysfunction systemic arterial hypertension QT interval enlargement cardiac arrhythmias and atherosclerosis Some cases of hypertrophic cardiomyopathy also were previously described Among the potential mechanisms involved in the development of these cardiac changes are insulin resistance and myocardial accumulation of triglycerides
PROBLEMA DA PESQUISA
However the pathophysiology of cardiomyopathy observed in CGL is not entirely elucidated
JUSTIFICATIVA
We previously reported that CGL patients present early microvascular complications including cardiovascular autonomic neuropathy (CAN) Several studies have observed an association between CAN and myocardial dysfunction in patients with DM including LVH and diastolic dysfunction which may occur even in the absence of coronary artery disease (CAD) and hypertension
HIPOacuteTESE E OBJETIVO
These observations allow us to speculate that CAN could be a potential mechanism associated with the early development of LVH in patients exposed to severe metabolic abnormalities early in life Thus the present study aimed to evaluate the association between cardiac abnormalities and CAN parameters in CGL patients
28 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por outro lado os projetos de pesquisa ou trabalhos de conclusatildeo de curso monografias dissertaccedilotildees e teses em geral apresentam textos introdutoacuterios mais longos pois deveratildeo convencer o leitor de que tal projeto deveraacute ser aprovado em uma seleccedilatildeo ou financiado por algum edital ou ainda mostraraacute o preparo do aluno sob avaliaccedilatildeo
Nesses casos a introduccedilatildeo poderaacute ser subdividida em seccedilotildees Mais uma vez as definiccedilotildees claacutessicas e uma apresentaccedilatildeo geral sobre o tema ao iniacutecio no texto seguida do desenvolvimento das ideais secundaacuterias ao longo do texto nos paraacutegrafos seguintes poderatildeo ser uma boa estrateacutegia
Nesses casos a justificativa e a relevacircncia do projeto normalmente satildeo apresentadas agrave parte O pesquisador deveraacute deixar claro para os potenciais leitores qual a importacircncia de sua pesquisa e qual a contribuiccedilatildeo que ela conferiraacute agrave Ciecircncia Para elaborar a justificativa algumas indagaccedilotildees poderatildeo ajudar O conteuacutedo dessas respostas seratildeo a justificativa de seu projeto No quadro 23 segue um exemplo
Quadro 23 mdash Exemplo de justificativa de um projeto de pesquisa
Meu tema eacute relevante para o contexto atual da
ciecircncia
Por quecirc
A hiperglicemia e a hipoglicemia aumentam a mortalidade de pacientes internados criacuteticos e natildeo criacuteticos com ou sem DM A falta de padronizaccedilatildeo de condutas no manejo da hiperglicemia e hipoglicemia pode ter impacto sobre o desfecho dos paracircmetros relacionados ao internamento hospitalar tais como tempo de permanecircncia no hospital risco de readmissatildeo hospitalar precoce complicaccedilotildees cardiovasculares ciruacutergicas renais e infecciosas e sobre a taxa de mortalidade No entanto a despeito da sua importacircncia desconhece-se a sua epidemiologia nos principais hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute
Continua
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 29
Quadro 23 mdash Exemplo de justificativa de um projeto de pesquisa
O que jaacute existe sobre isso na literatura
Dados nacionais tambeacutem satildeo escassos Estudo realizado no HC-FMUSP em 2013 demonstrou que ateacute 25 dos pacientes internados tinham diagnoacutestico preacutevio de DM Independentemente do diagnoacutestico ou natildeo de DM aproximadamente 70 dos pacientes natildeo tiveram a glicemia capilar medida na admissatildeo Entre os pacientes com DM 30 a 45 dos pacientes natildeo tiveram a glicemia capilar medida nas primeiras 24 horas de admissatildeo e 20 a 30 natildeo tiveram a glicemia capilar aferida durante todo o periacuteodo do internamento Nos pacientes em que o monitoramento glicecircmico foi realizado este foi feito sem padronizaccedilatildeo Com relaccedilatildeo ao tratamento da HIH os consensos em controle da HIH recomendam o esquema de insulinizaccedilatildeo basal-bolus como terapia de escolha desencorajando o uso de insulina raacutepida em doses escalonadas (slinding-scale) Apesar disso o levantamento previamente citado mostrou que quase a totalidade dos pacientes teve o esquema de escalonamento de doses de insulina regular como o tratamento de escolha da HIH
Quais as potenciais vantagens e os benefiacutecios
que este estudo pode trazer
Tem sido proposto que a implementaccedilatildeo de comissotildees especiacuteficas treinadas para o controle da glicemia de pacientes internados aos moldes das comissotildees de controle de infecccedilatildeo hospitalar seja uma alternativa interessante para a padronizaccedilatildeo de condutas e prevenccedilatildeo da hiperglicemia e hipoglicemia intra-hospitalar Assim considerando-se a carecircncia de leitos em hospitais terciaacuterios e as limitaccedilotildees relacionadas aos custos com despesas em sauacutede em nosso estado estudos nessa aacuterea podem permitir um melhor entendimento e manejo dessa condiccedilatildeo de alta morbidade podendo ter impacto sobre a disponibilidade de leitos e reduccedilatildeo dos custos em sauacutede que em uacuteltima anaacutelise agregaratildeo benefiacutecios ao paciente e a todo o sistema de sauacutede
30 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
22 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apesar de parecer uma tarefa simples escrever a introduccedilatildeo de uma produccedilatildeo acadecircmica muitas vezes eacute uma grande barreira para os pesquisadores iniciantes fazendo que a redaccedilatildeo seja postergada ateacute que um suposto momento ideal ou de ldquoinspiraccedilatildeordquo sirva como pontapeacute para o iniacutecio da redaccedilatildeo propriamente dita No entanto no caso da redaccedilatildeo cientiacutefica nada seraacute mais ldquoinspiradorrdquo para a elaboraccedilatildeo de uma boa introduccedilatildeo que uma boa leitura Isso serviraacute de base para que o aluno se aproprie (tome posse) do tema de estudo pois tendo um bom referencial teoacuterico conseguido por meio de muita ldquotranspiraccedilatildeordquo ou seja estudo e leitura o processo da escrita ocorreraacute com maior naturalidade Aleacutem disso nada como o tempo e o treino
Tempo tempo mano velho falta tanto ainda eu sei Pra vocecirc correr macio
Joatildeo Daniel Uchoa (Sobre o Tempo)
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 31
REFEREcircNCIAS
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
33
3OBJETIVOS GERAL E ESPECIacuteFICOS
Taynara Falkenstins Gois MendesPatriacutecia Rolim Mendonccedila Locircbo
ldquoVocecirc natildeo escreve porque quer dizer algo Vocecirc escreve porque tem algo a dizerrdquo
(Scot Fitzgerald)
O termo objetivo significa ldquoo fim que se deseja atingir a meta que se pretende alcanccedilar ou o que eacute relativo ao objeto que eacute concreto e existe independentemente do pensamentordquo (FERREIRA 2014) No contexto acadecircmico os objetivos ldquoconstituem a finalidade de um trabalho cientiacutefico ou seja a meta que se pretende atingir a partir de uma pesquisa cientiacuteficardquo (CAVALCANTI 2015)
A elaboraccedilatildeo dos objetivos de uma pesquisa surge a partir dos questionamentos que o investigador se propotildee a desvendar e visa responder aos problemas da pesquisa identificados apoacutes uma ampla revisatildeo de estudos preacutevios sobre o tema (MEO ELDAWLATLY 2019) Essa revisatildeo da literatura tanto auxilia o pesquisador a fomentar ideias como contribui com exemplos de objetivos jaacute alcanccedilados por outros pesquisadores
Em geral podem-se dividir os objetivos em dois tipos o objetivo geral ou principal e os objetivos especiacuteficos ou secundaacuterios O objetivo geral eacute uacutenico tem um caraacuteter mais amplo e representa o eixo central da pesquisa Ele se relaciona diretamente com o problema da pesquisa e visa responder a ele Deve ser escrito em uma uacutenica frase sendo iniciado por um verbo no infinitivo (CAVALCANTI 2015)
Por sua vez os objetivos especiacuteficos tecircm caraacuteter mais delimitado e pontual Visa responder a questotildees especiacuteficas que quando analisadas em conjunto permitem responder ao objetivo geral Natildeo existe um nuacutemero limite para os objetivos especiacuteficos variando de acordo com o tipo de pesquisa No entanto independentemente do nuacutemero todos devem ser passiacuteveis de serem atingidos devendo-se explicitar os meacutetodos para o alcance de cada um deles na seccedilatildeo especiacutefica Todos os objetivos especiacuteficos devem ser respondidos ao final da pesquisa (MATIAS-PEREIRA 2012)
Assim como o objetivo geral os objetivos especiacuteficos tambeacutem satildeo expressos por meio de verbos no infinitivo como verificar conhecer analisar compreender aplicar sintetizar avaliar entre outros verbos de accedilatildeo sendo recomendado que o pesquisador domine uma grande variedade de verbos para evitar repeticcedilotildees (CAVALCANTI
34 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
2015)
Segue uma lista de verbos no infinitivo com a ideia da accedilatildeo que lhes eacute conferida e que pode auxiliar na formulaccedilatildeo dos objetivos
bull Compreensatildeo compreender deduzir demonstrar determinar diferenciar discutir explanar encontrar interpretar localizar reafirmar
bull Relato eou siacutentese apontar citar classificar definir descrever identificar relatar compor documentar especificar delinear esquematizar formular produzir propor reconhecer construir reunir resumir sintetizar
bull Construccedilatildeo aplicar desenvolver estruturar operar organizar praticar selecionar delinear traccedilar
bull Avaliaccedilatildeo ou Anaacutelise argumentar avaliar contrastar definir escolher estimar julgar medir selecionar comparar conferir criticar debater diferenciar discriminar examinar investigar provar aferir monitorar experimentar
Quando se pensa em estruturaccedilatildeo da escrita cientiacutefica eacute necessaacuterio adequar a apresentaccedilatildeo dos objetivos de acordo com o tipo de produccedilatildeo a ser elaborada Assim em artigos cientiacuteficos os objetivos costumam ser inseridos de forma sucinta no final da introduccedilatildeo Em geral podem ser vistos da seguinte maneira ldquoO objetivo do nosso estudo foirdquo ldquoNoacutes relatamosrdquo ou ldquoNoacutes revisamosrdquo (MEO ELDAWLATLY 2019 SHARMA 2019) Geralmente apenas o objetivo geral eacute apresentado No entanto por vezes alguns objetivos secundaacuterios tambeacutem podem ser incluiacutedos
Ao contraacuterio quando falamos de projetos de pesquisa e trabalhos de conclusatildeo de curso ou poacutes-graduaccedilotildees os objetivos satildeo expressos em uma seccedilatildeo especiacutefica destinada para tal sendo primeiramente apresentado o toacutepico ldquoObjetivo geralrdquo seguido dos ldquoObjetivos especiacuteficosrdquo conforme exemplificado no quadro 31
Quadro 31 mdash Exemplo de objetivos geral e especiacuteficos (dados proacuteprios)
Objetivo Geral Avaliar as caracteriacutesticas cliacutenicas e epidemioloacutegicas de pacientes idosos internados por fraturas em decorrecircncia de quedas em um hospital terciaacuterio referecircncia em trauma no estado do Cearaacute
Objetivos Especiacuteficos1 Descrever o perfil cliacutenico e epidemioloacutegico dos pacientes idosos internados com fraturas em decorrecircncia de quedas2 Identificar os fatores de risco para quedas e fraturas nesta amostra de pacientes idosos internados3 Relatar o internamento dos pacientes idosos com fraturas incluindo tratamentos cliacutenicos eou ciruacutergicos recebidos e complicaccedilotildees durante o internamento
Objetivos Geral e Especiacuteficos 35
Eacute fundamental para o jovem pesquisador saber como redigir os objetivos de suas pesquisas Esse passo eacute crucial durante a avaliaccedilatildeo de projetos de pesquisas e artigos pois os pesquisadores devem demonstrar que satildeo capazes de responder a todos os objetivos propostos no iniacutecio de seu trabalho Assim aleacutem de serem apresentados de forma clara e coerente com a justificativa e problema propostos devem permitir que o leitor consiga identificar ao final da pesquisa as respostas para todos os objetivos inicialmente estabelecidos Sendo os objetivos da pesquisa bem elaborados torna-se mais faacutecil decidir os meacutetodos que seratildeo utilizados na pesquisa e o quanto a sua realizaccedilatildeo eacute factiacutevel respeitando tempo custo e realidade envolvidos (SANTOS 2004)
36 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P PINTO J BEZERRA M Como definir melhor o objetivo geral e especiacutefico(s) In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 8 p 53-57
FERREIRA A B H Mini Aureacutelio o dicionaacuterio da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Positivo 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de Metodologia da Pesquisa Cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEO S A ELDAWLATLY A A Pathophysiology of a scientific paper Saudi J Anaesth Mumbai v 13 n 5 p S9-S11 2019 Disponiacutevel em httpwwwsaudijaorgarticleaspissn=1658-354Xyear=2019volume=13issue=5spage=9epage=11aulast=Meo Acesso em 09 abr 2020
SANTOS H H Manual Praacutetico Para Elaboraccedilatildeo de Projetos Monografia Dissertaccedilotildees e Teses na Aacuterea de Sauacutede 2 ed Joatildeo Pessoa UFPBEditora Universitaacuteria 2004
SHARMA A How to write an article an introduction to basic scientific medical writing J Min Access Surg Mumbai v 15 n 3 242-248 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed29974882 Acesso em 09 abr 2020
37
4MEacuteTODOS
Matheus Mendonccedila Leal JanjaAntocircnio Brazil Viana Junior
Patriacutecia Rolim Mendonccedila Locircbo
ldquoSe vocecirc natildeo consegue explicar de maneira simples vocecirc natildeo o entende suficientemente bemrdquo
Albert Einstein
A seccedilatildeo ldquoMeacutetodosrdquo ou ldquoSujeitos e Meacutetodosrdquo ou ainda ldquoMateriais e Meacutetodosrdquo corresponde agrave parte do trabalho que demonstra como a pesquisa foi planejada e conduzida sendo uma das seccedilotildees mais importantes de uma produccedilatildeo cientiacutefica na qual a excelecircncia do artigo eacute fundamentada (MEO ELDAWLATLY 2019) Os meacutetodos respondem a questotildees que satildeo capazes de fazer o leitor entender ldquoo que foi feito onde foi feito e como foi feitordquo (MEO ELDAWLATLY 2019) Deve-se evitar a terminologia ldquoMetodologiardquo que significa ldquoo estudo dos meacutetodosrdquo portanto termo natildeo adequado para descrever tal seccedilatildeo
O termo ldquoMateriaisrdquo se refere aos elementos por exemplo instrumentos equipamentos e tratamentos empregados no estudo para a obtenccedilatildeo dos dados O termo ldquoSujeitosrdquo se refere agrave populaccedilatildeo do estudo Por sua vez o termo ldquoMeacutetodosrdquo faz referecircncia agrave forma como os materiais e os sujeitos foram utilizados dentro da pesquisa (MOORE 2006)
Eacute fundamental que os meacutetodos da pesquisa sejam planejados adequadamente antes do iniacutecio de um estudo a fim de evitar vieses durante a coleta e anaacutelise dos dados o que poderia implicar o empobrecimento dos resultados A confiabilidade e reprodutibilidade dos resultados obtidos durante um estudo dependem dos meacutetodos empregados e portanto estes devem ser descritos de forma clara e detalhada Quando bem aplicados os meacutetodos da pesquisa sustentam e datildeo credibilidade agraves conclusotildees do estudo
No caso de estudos experimentais nos quais o pesquisador natildeo estaacute plenamente familiarizado com o meacutetodo a ser aplicado um estudo piloto pode ser elaborado com o objetivo de avaliar a viabilidade do experimento antes da coleta definitiva dos dados
Para a redaccedilatildeo dessa seccedilatildeo recomenda-se que a descriccedilatildeo dos meacutetodos da
38 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
pesquisa siga uma estrutura baacutesica (quadro 41) como sugerido por Sa (2019)
Quadro 41 mdash Toacutepicos para elaboraccedilatildeo e apresentaccedilatildeo da seccedilatildeo ldquoMeacutetodosrdquo em produccedilotildees cientiacuteficas
Desenho da pesquisa Apresentaccedilatildeo do desenho e das caracteriacutesticas do estudo (local tempo)
Populaccedilatildeo do estudoCaracterizaccedilatildeo da amostra Tamanho e caacutelculo amostralCriteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo
Coleta de dadosInstrumentos de coleta questionaacuterios etcMateriais equipamentos e experimentosDiscriminaccedilatildeo das variaacuteveis estudadas
Anaacutelise dos dadosOrganizaccedilatildeo e tabulaccedilatildeo dos dadosTratamento e testes estatiacutesticos utilizadosPrograma(s) utilizados para tabulaccedilatildeo e anaacutelise
Aspectos eacuteticos Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
Fonte Adaptado de Sa (2019)
41 DESENHOS DE PESQUISA
Nesse toacutepico os pesquisadores devem informar qual o delineamento ou o tipo de estudo utilizado Os estudos podem ser classificados com base em diversos criteacuterios sendo comumente divididos em estudos observacionais e experimentais (BLOCH amp COUTINHO 2004)
Estudos observacionais os sujeitos satildeo apenas observados e natildeo satildeo submetidos a intervenccedilotildees Esses estudos podem ser analiacuteticos e descritivos (GREENHALGH 2013)
a Descritivos satildeo estudos que se limitam a descrever a ocorrecircncia de uma doenccedila em uma populaccedilatildeo eles podem ser divididos em
i Relato de caso descriccedilatildeo detalhada de um caso cliacutenico contendo caracteriacutesticas importantes sobre sinais sintomas e outras caracteriacutesticas do paciente relatando os procedimentos terapecircuticos utilizados bem como o desfecho do caso
ii Seacuterie de casos tem o mesmo objetivo do relato de caso apresentando um
Meacutetodos 39
nuacutemero maior de participantes Consiste em uma compilaccedilatildeo de relatos de casos
b Analiacuteticos satildeo estudos que abordam as relaccedilotildees entre o estado de sauacutede e outras variaacuteveis presentes em uma populaccedilatildeo Costumam avaliar os fatores de risco associados a uma doenccedila Podem ser divididos em
i Estudo transversal tambeacutem denominados estudos seccionais ou de prevalecircncia satildeo caracterizados pela observaccedilatildeo direta de uma quantidade planejada de indiviacuteduos (amostra) selecionados aleatoriamente em uma uacutenica ocasiatildeo Nesses estudos a observaccedilatildeo da existecircncia de associaccedilatildeo entre as possiacuteveis variaacuteveis preditoras e o desfecho eacute feita em um uacutenico momento Eacute uma espeacutecie de fotografia de uma determinada situaccedilatildeo na qual eacute realizado um levantamento de dados sobre uma condiccedilatildeo atual ou do passado como ocorre na revisatildeo de dados de prontuaacuterios Tais estudos satildeo uacuteteis para descrever as caracteriacutesticas de determinada populaccedilatildeo determinar a prevalecircncia e avaliar associaccedilotildees entre variaacuteveis sem permitir contudo estabelecer relaccedilotildees de causalidade Tem como principais vantagens o baixo custo e a rapidez (KLEIN amp BLOCH 2004)
As principais medidas calculadas pelos estudos transversais satildeo a TAXA DE PREVALEcircNCIA dada pela divisatildeo entre o nuacutemero de indiviacuteduos com o evento de interesse (comorbidade doenccedila etc) e a populaccedilatildeo sob risco de apresentar o evento de interesse em determinado tempo e a RAZAtildeO DE PREVALEcircNCIA (RP) dada pelo quociente do nuacutemero de evento em expostos e natildeo expostosExemplo ldquoQual a prevalecircncia de fraturas de colo do fecircmur em homens idosos atendidos em um hospital terciaacuteriordquo
Fratura
SIM
Fratura
NAtildeOTOTAL
Queda SIM 20 30 50Queda NAtildeO 10 40 50TOTAL 30 70 100
TAXA DE PREVALEcircNCIA 30100 = 30 ou seja de cada 100 homens idosos atendidos nesse periacuteodo e local 30 casos satildeo de fraturas de colo de fecircmur
RP 20 10 = 20 ou seja fratura de colo de fecircmur em homens idosos eacute DUAS vezes mais prevalente entre aqueles que sofreram queda (existe associaccedilatildeo entre quedas e fraturas nessa populaccedilatildeo poreacutem natildeo se pode
40 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
afirmar que haacute causalidade)
Obs deve-se ainda calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute a unidade e o valor de p seraacute gt 005
ii Estudo caso-controle compara uma determinada exposiccedilatildeo em um grupo de sujeitos que possuem a condiccedilatildeo de interesse (doenccedila caso) com um grupo de sujeitos que natildeo apresentam tal condiccedilatildeo (controle) Nesses estudos os controles devem ser vistos como uma amostra da populaccedilatildeo que originou os casos Como o seu desenho eacute retrospectivo os estudos caso-controle satildeo preferiacuteveis para condiccedilotildees ou doenccedilas raras nas quais a seleccedilatildeo dos participantes partiraacute de casos previamente identificados Esses estudos permitem avaliar a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis de exposiccedilatildeo (exposto ou natildeo exposto) e o desfecho (casodoente ou controlesadio)
A principal medida de associaccedilatildeo calculada em estudos caso-controle eacute a RAZAtildeO DE CHANCES ou ODDS-RATIO (OR) Um odds ratio de com valor igual a 1 significa que a chance de apresentar o desfecho eacute a mesma entre expostos e natildeo expostos Um odds ratio acima de 1 significa que a chance de apresentar o desfecho eacute maior entre os expostos O valor de OR menor que 1 revela que a exposiccedilatildeo eacute um fator de proteccedilatildeo para o desfecho Segue um exemplo de questatildeo cliacutenica que pode ser abordada por esse tipo de estudo ldquoO uso de alpargatas (exposiccedilatildeorisco) estaacute associado a maior risco de fraturas em idosos (desfechodoenccedila)rdquo
FraturaSIM
FraturaNAtildeO
Uso de alpargatas SIM 20 30Uso de alpargatas NAtildeO 10 40
OR = (20 x 40) (10 x 30) OR = 266 ou seja o uso de alpargatas aumenta em 26 vezes a chance de fratura em idosos Obs Deve-se tambeacutem calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute o ldquozerordquo e o valor de p seraacute gt 005
iii Estudo de coorte trata-se de um estudo longitudinal que avalia os participantes ao longo do tempo permitindo avaliar a incidecircncia das doenccedilas ou de outros desfechos de interesse sendo uacutetil para se avaliar os fatores de riscos para tais condiccedilotildees Nesse tipo de estudo dois ou mais
Meacutetodos 41
grupos de pessoas satildeo selecionados com base nas diferenccedilas em sua exposiccedilatildeo a um agente especiacutefico e satildeo acompanhados para observar quantos apresentaratildeo o desfecho em questatildeo Satildeo uacuteteis para avaliaccedilatildeo da histoacuteria natural das doenccedilas etiologia prognoacutestico intervenccedilotildees terapecircuticas e sobrevida A coorte pode ser prospectiva quando se inicia no presente e os sujeitos satildeo seguidos a partir desse momento (o desfecho ainda natildeo ocorreu e a exposiccedilatildeo pode ou natildeo ter ocorrido) ou retrospectiva quando se examinam dados e amostras coletados no passado (exposiccedilatildeo ocorreu antes do iniacutecio do estudo) Os principais indicadores dos estudos de coorte satildeo as TAXAS DE INCIDEcircNCIA e o RISCO RELATIVO (RR) (COELI amp FAERSTEIN 2004)
Exemplo de questatildeo cliacutenica que pode ser abordada por esse tipo de estudo ldquoQual a incidecircncia de fraturas por fragilidade em idosos que praticam exerciacutecios resistidos acompanhados pelo periacuteodo de cinco anos A praacutetica de exerciacutecios fiacutesicos resistidos protegeu contra fraturas por fragilidaderdquo
Fratura SIM
Fratura NAtildeO
TOTAL
Exerciacutecio fiacutesico SIM 10 30 40Exerciacutecio fiacutesico NAtildeO 20 40 60TOTAL 30 70 100
TAXA DE INCIDEcircNCIA ACUMULADA 30100 = 30
RR = (1040) (2060) RR = 075 ou seja o risco de fratura por fragilidade foi menor no grupo que praticou exerciacutecio fiacutesico resistido (fator de proteccedilatildeo) Nesse caso pode-se calcular a reduccedilatildeo do risco relativo (RRR) = 25 (ou seja 1 ndash RR = 1 ndash 075 = 025)
Se o RR fosse maior que 1 por exemplo RR = 25 poder-se-ia afirmar que o risco de fratura seria 25 vezes maior no grupo que praticou exerciacutecio (fator de risco)
Obs Da mesma maneira que nos demais estudos deve-se calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute a unidade e o valor de p seraacute gt 005
iv Estudo ecoloacutegico compara grupos de indiviacuteduos ou comunidades Nesses estudos a unidade de observaccedilatildeo e anaacutelise eacute uma populaccedilatildeo ou um grupo de pessoas que pertencem a uma aacuterea geograacutefica definida Por exemplo comparaccedilatildeo entre determinada exposiccedilatildeo e as taxas de uma doenccedila de interesse em uma seacuterie de populaccedilotildees de diferentes paiacuteses Em geral
42 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
satildeo mais baratos e raacutepidos que estudos que avaliam indiviacuteduos e se prestam a avaliar como os contextos sociais e ambientais influenciam a sauacutede dos grupos populacionais Satildeo indicados para gerar e testar hipoacuteteses etioloacutegicas a respeito da ocorrecircncia de uma doenccedila e avaliar a efetividade de intervenccedilotildees em uma populaccedilatildeo (MEDRONHO 2004)
Estudos experimentais satildeo estudos em que os pesquisadores manipulam o fator de exposiccedilatildeo ou seja realizam intervenccedilotildees profilaacuteticas ou terapecircuticas sobre os participantes e analisam os seus efeitos (GREENHALGH 2013) Podem ser divididos em
a Ensaios cliacutenicos randomizados Um ensaio cliacutenico randomizado eacute um estudo prospectivo em humanos comparando o efeito e o valor de uma intervenccedilatildeo contra um controle A alocaccedilatildeo dos participantes no grupo que receberaacute a intervenccedilatildeo ou no grupo controle eacute feita de forma aleatoacuteria ou seja randomizada Idealmente os ensaios cliacutenicos devem ser controlados por placebo podendo ser abertos ou blindados (cegos) ndash em que simples-cego (o participante desconhece se foi exposto agrave intervenccedilatildeodroga ou placebo) e duplo-cego (participante e pesquisador desconhecem o grupo exposto agrave intervenccedilatildeo ou placebo) Os ensaios cliacutenicos randomizados duplo-cegos controlados por placebo satildeo considerados como estudos de escolha para avaliar a eficaacutecia de drogas ou outras intervenccedilotildees
Exemplo de questatildeo cliacutenica que deve ser abordada por esse tipo de estudo ldquoOs bisfosfonatos reduzem o risco de nova fratura por fragilidaderdquo ldquoO uso de liraglutida reduz o risco cardiovascular em indiviacuteduos diabeacuteticosrdquo
b Ensaio comunitaacuterio satildeo avaliadas e comparadas intervenccedilotildees feitas em comunidades Podem ser de profilaxia ou tratamento
Aqui apresentamos brevemente algumas caracteriacutesticas dos diferentes tipos de estudos a fim de que os jovens pesquisadores se familiarizem com os conceitos baacutesicos a respeito desse amplo tema pois natildeo haacute como redigir bem sem conhecer minimamente tais conceitos Recomenda-se uma leitura mais aprofundada em Rouquayrol (2013) e Medronho (2004)
Meacutetodos 43
42 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO
A caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo do estudo eacute fundamental para permitir que os leitores avaliem para qual(is) puacuteblico(s) os resultados de determinada pesquisa poderatildeo ser extrapolados Assim escolher a populaccedilatildeo ou amostra de uma pesquisa de forma adequada visa evitar vieses que comprometam a validade e aplicabilidade de seus resultados para a ldquopopulaccedilatildeo de interesserdquo
Inicialmente deve-se definir se a populaccedilatildeo seraacute representada por um censo ou uma amostra Censo eacute o exame de todos os elementos de uma populaccedilatildeo ou universo Jaacute a amostra eacute uma parte do universo ou populaccedilatildeo escolhida de modo a representar o grupo inteiro da forma mais fidedigna possiacutevel (ROUQUAYROL 2013)
O censo eacute a representaccedilatildeo perfeita da populaccedilatildeo No entanto utilizar o censo eacute mais dispendioso do ponto de vista financeiro e de tempo sendo difiacutecil de ser realizado Deve ser reservado para populaccedilotildees pequenas ou quando se necessita de uma precisatildeo completa dos dados Assim a utilizaccedilatildeo de amostras que representem a populaccedilatildeo apresenta vantagens sobre o censo sendo a amostragem um meacutetodo bastante utilizado nas pesquisas cientiacuteficas (PINHEIRO JUNIOR 2015)
Para que a amostra represente a populaccedilatildeo do estudo ela deveraacute ser calculada adequadamente A depender do tipo de estudo diferentes caacutelculos de tamanho amostral satildeo indicados Existem ferramentas disponiacuteveis on-line que auxiliam na determinaccedilatildeo do tamanho da amostra Como exemplo cita-se httpclincalccomstatssamplesizeaspx
Depois da definiccedilatildeo de seu tamanho eacute importante informar como a amostra seraacute recrutada Recomenda-se que a seleccedilatildeo dos participantes ocorra de maneira aleatoacuteria para natildeo favorecer sua inclusatildeo com caracteriacutesticas individuais que promovam vieses sobre os resultados (GREENHALGH2013) Para minimizar tais vieses de seleccedilatildeo os participantes do estudo deveratildeo ser selecionados por meio de criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo preacute-estabelecidos que deveratildeo ser descritos e apresentados aos leitores
Os criteacuterios de inclusatildeo informam caracteriacutesticas da populaccedilatildeo-alvo que satildeo de interesse para o estudo Esses criteacuterios servem ainda para deixar a populaccedilatildeo mais homogecircnea Os criteacuterios de exclusatildeo por sua vez se referem aos participantes que possuem caracteriacutesticas que podem confundir ou enviesar os dados distorcendo os resultados e portanto natildeo deveratildeo participar do estudo (LUNA 1998 apud PINHEIRO JUNIOR 2015)
Deve-se lembrar de que soacute poderatildeo ser excluiacutedos indiviacuteduos que atenderam aos criteacuterios de inclusatildeo do estudo Comumente os pesquisadores discriminam de maneira inadequada como criteacuterios de exclusatildeo caracteriacutesticas que natildeo estatildeo presentes na amostra selecionada exatamente por natildeo preencherem os criteacuterios de inclusatildeo para o estudo Exemplo
44 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull criteacuterios de inclusatildeo
Seratildeo incluiacutedos indiviacuteduos com mais de 18 anos de ambos os sexos com diagnoacutestico de diabetes mellitus tipo 2
bull criteacuterios de exclusatildeo
Seratildeo excluiacutedos indiviacuteduos com menos de 18 anos de ambos os sexos sem diagnoacutestico de diabetes mellitus tipo 2
43 COLETA DE DADOS
Nessa etapa devem ser descritas todas as informaccedilotildees relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos dados da pesquisa A depender do delineamento do estudo podem-se utilizar entrevistas estruturadas exame fiacutesico questionaacuterios revisotildees de prontuaacuterio revisotildees de outros estudos observaccedilotildees experimentos etc Os pesquisadores devem informar a origem dos instrumentos de coleta se satildeo de autoria proacutepria ou natildeo Em se tratando de questionaacuterios ou escalas padronizadas eacute necessaacuterio informar se eles foram previamente validados para a populaccedilatildeo a ser estudada (PINHEIRO JUNIOR 2015)
No caso da elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa ou trabalhos de conclusatildeo de curso os questionaacuterios ou outros instrumentos de coleta devem ser apresentados na iacutentegra como elementos poacutes-textuais ndash ldquoApecircndicesrdquo Isso eacute importante tanto para que a comissatildeo avaliadora do projeto e os membros do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa possam analisar tais instrumentos No caso de artigos cientiacuteficos na maioria das vezes isso natildeo eacute necessaacuterio e os instrumentos devem apenas ser referenciados caso natildeo sejam de autoria proacutepria
Ao se utilizar materiais deve-se descrever a marca o modelo o nome e a origem do fabricante dos equipamentos bem como o nome cientiacutefico o fabricante a dosagem e o meacutetodo de administraccedilatildeo dos medicamentos No caso de aparelhos ou teacutecnicas incomuns sugere-se incluir imagens para facilitar a compreensatildeo do leitor
Outro ponto a destacar eacute a natureza dos dados coletados se satildeo primaacuterios ou secundaacuterios Dados primaacuterios satildeo aqueles obtidos pelos proacuteprios pesquisadores Por outro lado dados secundaacuterios satildeo aqueles provenientes de outras fontes como banco de dados prontuaacuterios etc Ambos os tipos de dados apresentam vantagens e desvantagens e o tipo de estudo eacute que determinaraacute quais deles seratildeo mais adequados para a pesquisa
Para finalizar esse toacutepico devem-se ainda descrever todos os procedimentos utilizados no estudo ou seja o ldquopasso-a-passordquo da pesquisa que deve ser apresentado em ordem cronoloacutegica desde a seleccedilatildeo e o convite aos participantes ateacute a coleta dos dados propriamente dita
Meacutetodos 45
44 VARIAacuteVEIS DO ESTUDO
Ao final da coleta de dados os pesquisadores devem identificar as variaacuteveis do estudo que seratildeo utilizadas para a anaacutelise dos dados Uma criteriosa seleccedilatildeo e tratamento das variaacuteveis eacute passo fundamental para garantir a qualidade dos resultados obtidos
Aleacutem disso todas as variaacuteveis devem ser devidamente explicadas ou conceituadas para que os leitores tenham o entendimento adequado sobre aquilo que estaacute sendo analisado Por exemplo para a variaacutevel ldquodiagnoacutestico de diabetes mellitusrdquo cujas respostas seriam SIM ou NAtildeO deve estar claro quais os criteacuterios que o pesquisador utilizou para definir diabetes (ldquoglicemia de jejum gt ou igual a 126 mgdL em duas ou mais ocasiotildees eou glicemia 2 horas apoacutes teste de sobrecarga com 75 gramas de glicose oral gt ou igual a 200 mgdL etcrdquo ou ainda ldquoO diagnoacutestico de diabetes mellitus foi realizado de acordo com as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SDB 2018)rdquo
No caso de projetos de pesquisas ou trabalhos de conclusatildeo de cursos de graduaccedilatildeo ou poacutes-graduaccedilatildeo os autores destinam um toacutepico da seccedilatildeo meacutetodo para apresentar todas as variaacuteveis a serem analisadas Em artigos cientiacuteficos cuja redaccedilatildeo eacute mais objetiva e curta podem-se indicar de forma sucinta em um uacutenico paraacutegrafo as variaacuteveis usadas no estudo
Os pesquisadores devem conhecer a natureza de suas variaacuteveis para definir os testes estatiacutesticos a serem utilizados Os diversos tipos de variaacuteveis satildeo discutidos no capiacutetulo Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica apresentado adiante
45 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DOS DADOS
Apoacutes a coleta dos dados os pesquisadores devem iniciar o processo de organizaccedilatildeo e tabulaccedilatildeo dos dados coletados normalmente feito em planilhas eletrocircnicas contento tabelas divididas em linhas e colunas (exemplo Microsoft Office Excelreg e LibreOffice Calcreg ndash disponiacutevel gratuitamente para download em httpspt-brlibreofficeorg) As linhas devem conter os participantes e as colunas as variaacuteveis do estudo Nos campos que possam denunciar a identidade do participante tal informaccedilatildeo pode ser substituiacuteda por nuacutemeros ou siglas de forma a assegurar a privacidade do candidato aleacutem de facilitar a anaacutelise estatiacutestica no cruzamento de variaacuteveis
Essas tabelas natildeo devem estar no corpo do trabalho elas satildeo os meios pelos quais os dados seratildeo guardados e preparados para a obtenccedilatildeo dos resultados sendo portanto uma etapa preciosa de toda pesquisa cliacutenica da qual dependeraacute a qualidade das anaacutelises e dos resultados
46 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
No toacutepico ldquoAnaacutelise estatiacutesticardquo os pesquisadores deveratildeo informar ainda que ferramentas ou softwares satildeo utilizados para a tabulaccedilatildeo dos dados Os testes estatiacutesticos utilizados tambeacutem precisam ser citados mas natildeo detalhados sendo boa praacutetica informar se o teste eacute parameacutetrico ou natildeo parameacutetrico sendo indicados de acordo com as variaacuteveis analisadas A significacircncia estatiacutestica se baseia nos caacutelculos de variaacuteveis como o valor p e o intervalo de confianccedila por exemplo O nome do programa utilizado para as anaacutelises tambeacutem deve ser descrito seguido pelo nuacutemero da versatildeo e ano Para mais detalhes sobre esse tema deve-se consultar o capiacutetulo Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica adiante
46 ASPECTOS EacuteTICOS
A confidencialidade a proteccedilatildeo dos direitos e o bem-estar dos sujeitos da pesquisa natildeo podem ser ignorados Dessa forma todo trabalho cientiacutefico que envolva humanos ou animais precisa passar pela apreciaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da instituiccedilatildeo na qual a pesquisa seraacute realizada
No caso de pesquisas com seres humanos os pesquisadores devem informar que conhecem as normas vigentes e que atenderatildeo a elas nas pesquisas com seres humanos de acordo com o estabelecido pela Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede 4662012 Aleacutem disso devem indicar que todos os participantes concordaram em participar do estudo apoacutes assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
No caso de projetos de pesquisa que ainda seratildeo submetidos agrave apreciaccedilatildeo do CEP esse campo deveraacute descrever os riscos e benefiacutecios da pesquisa as medidas a serem adotadas pelos pesquisadores para minimizar tais riscos e garantir a confidencialidade e anonimato dos participantes Deve-se informar que a pesquisa iniciaraacute apenas apoacutes a aprovaccedilatildeo do CEP e somente seratildeo incluiacutedos participantes que concordarem em participar e assinarem o TCLE o qual deveraacute ser anexado como elemento poacutes-textual nos ldquoApecircndicesrdquo Para mais detalhes consultar o capiacutetulo ldquoApecircndices e Anexosrdquo
Meacutetodos 47
REFEREcircNCIAS
BLOCH K V COUTINHO E S F Fundamentos da pesquisa epidemioloacutegica In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 7 p 107-114
COELI C M FAERSTEIN E Estudos de coorte In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 11 p 161-174
GREENHALGH T Como ler artigos cientiacuteficos fundamentos da medicina baseada em evidecircncias 4 ed Porto Alegre Artmed 2013
KLEIN C H BLOCH K V Estudos seccionais In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 9 p 125-150
MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004
MEO S A Anatomy and physiology of a scientific paper Saudi J Biol Sci Riyadh v 25 n 7 p 1278-1283 2018Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6252020pdfmainpdf Acesso em 09 abr 2020
MEO S A ELDAWLATLY A A Pathophysiology of a scientific paper Saudi Journal Of Anaesthesia India v 13 p 9-11 abr 2019 Supl 1 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6398299__ffn_sectitle Acesso em 09 abr 2020
MOORE N How to do research a practical guide to designing and managing research projects 3rd ed London Facet 2006
PINHEIRO JUNIOR F M L et al Como construir a seccedilatildeo de meacutetodos In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 10 p 65-75
RODRIGUES L C WERNECK G L Estudos caso-controle In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 12 p 175-190
ROUQUAYROL M Z Epidemiologia e sauacutede 7 ed Rio de Janeiro MedBook 2013
49
5RESULTADOS
Laura da Silva Giratildeo LopesClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoNa seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico o autor deveria relatar o mesmo que as testemunhas nas cortes judiciaacuterias falar apenas a verdade toda a verdade e
nada mais que a verdaderdquo
Thomas M Annesley
51 INTRODUCcedilAtildeO
A frase acima faz uma comparaccedilatildeo bem pertinente entre a seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico e as cortes judiciaacuterias Nessa analogia a verdade cientiacutefica se refere aos dados e aos resultados que compreendem o produto do experimento dos autores ldquoFalar toda a verdaderdquo por sua vez significa escrever sobre os resultados positivos ou negativos de uma pesquisa isto eacute que confirmem ou que refutem a hipoacutetese alternativa Tal fato eacute fundamental para o desenvolvimento cientiacutefico embora muitas vezes os pesquisadores acreditem que a hipoacutetese alternativa seja o uacutenico caminho propiacutecio para a publicaccedilatildeo E por uacuteltimo ldquofalar nada mais que a verdaderdquo significa apresentar os dados e resultados sem interpretaccedilatildeo o que deveraacute ser feito adequadamente na seccedilatildeo discussatildeo (ANNESLEY 2010) conforme veremos adiante
52 ESCREVENDO OS RESULTADOS ESTRUTURA GERAL E MODO DE ORGANIZACcedilAtildeO DA SECcedilAtildeO
A seccedilatildeo resultados tem a funccedilatildeo de apresentar a(s) resposta(s) ao problema da pesquisa (CAMPOS 2016) Os resultados podem ser expressos por meio de diversos elementos como textos tabelas ou figuras (BAHADORAN et al 2019) A escolha da forma de apresentaccedilatildeo seraacute feita conforme a natureza do resultado que se deseja apresentar (MEO 2018) De maneira geral achados que satildeo muito importantes e que respondem agrave pergunta principal da pesquisa devem ser descritos na forma de texto As tabelas por sua vez sumarizam grandes quantidades de dados Quando adequadamente confeccionadas tabelas e figuras podem fornecer mais informaccedilotildees do que textos (KOTZ CALS 2013) Assim para essa escolha deve-se lembrar que a
50 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
comunicaccedilatildeo eficaz eacute o que se deseja primordialmente na escrita cientiacutefica
Natildeo haacute um padratildeo formal riacutegido para a apresentaccedilatildeo dos resultados em um artigo cientiacutefico o que determina sua estrutura e seus elementos eacute o contexto de cada pesquisa (VOLPATO 2007) O modo de organizaccedilatildeo pode ser um dos seguintes do resultado mais geral para o mais especiacutefico do mais importante para o menos importante ordem cronoloacutegica ou agrupamento por variaacuteveis ou por grupos Subtiacutetulos podem ser utilizados sempre que necessaacuterio (BAHADORAN et al 2019) Outra recomendaccedilatildeo seria alinhar o modo de apresentaccedilatildeo dos resultados com o modo de apresentaccedilatildeo da seccedilatildeo materialmeacutetodos para que a leitura seja de faacutecil compreensatildeo
Um modelo geral que pode ser individualizado de acordo com as necessidades de cada artigo eou recomendaccedilotildees de cada perioacutedico seraacute descrito abaixo (BAHADORAN et al 2019 ARAUacuteJO 2014)
bull Primeiro paraacutegrafo o autor pode fornecer uma visatildeo geral do estudo informando o fluxo de seleccedilatildeo dos pacientes e a descriccedilatildeo da amostra
bull Segundo e terceiro paraacutegrafos apresentar os resultados e os dados principais que devem estar relacionados ao objetivo principal do estudo
bull Quarto paraacutegrafo em diante (em geral a seccedilatildeo resultados pode conter de quatro a nove paraacutegrafos) apresentaccedilatildeo dos resultados secundaacuterios
Aleacutem disso deve-se ter atenccedilatildeo para as regras do perioacutedico ao qual seraacute submetido o artigo Na maioria deles a seccedilatildeo resultados estaacute separada da discussatildeo mas em outros tais seccedilotildees poderatildeo estar juntas (SNYDER 2019) Algumas vezes haacute limites para o nuacutemero de tabelas eou figuras
Aqui devemos tecer algumas diferenccedilas entre o termo dados e resultados Dados se referem aos fatos ou agraves observaccedilotildees ldquobrutasrdquo obtidas a partir da coleta de dados Por outro lado o termo resultado se refere agraves observaccedilotildees provenientes do ldquotratamentordquo ou agrave anaacutelise de tais dados Portanto os resultados consistem em informaccedilotildees que sumarizam e explicam o que os dados coletados mostraram dando significado a eles (BAHADORAN et al 2019)
Por fim observa-se que frequentemente nem todos os achados da pesquisa satildeo descritos na seccedilatildeo resultados Muitas vezes priorizam-se aqueles que respondem aos objetivos do estudo Alguns achados ou resultados secundaacuterios para o estudo em questatildeo podem ser apresentados na seccedilatildeo apecircndice ou material suplementar em prol da fluidez e concisatildeo do texto cientiacutefico (BAHADORAN et al 2019)
Resultados 51
53 DICAS PARA A REDACcedilAtildeO PROPRIAMENTE DITA
Idealmente a redaccedilatildeo da seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico deve ser clara precisa e concisa evitando-se a repeticcedilatildeo desnecessaacuteria dos mesmos resultados em diferentes partes da seccedilatildeo Exceccedilatildeo feita agraves mensagens principais que podem ser apresentadas na forma de texto e estar contidas em tabelas ou figuras (BAHADORAN et al 2019) Os pesquisadores devem discernir qual a melhor opccedilatildeo entre texto tabelas ou figuras para a apresentaccedilatildeo de cada um de seus resultados Na realidade todos esses elementos satildeo importantes e se complementam devendo interagir de modo dinacircmico a fim de que se produza um texto adequado agrave escrita cientiacutefica
Visando a alcanccedilar a precisatildeo deve-se evitar o uso de expressotildees vagas como ldquocerca derdquo ou ldquoaproximadamenterdquo Os pesquisadores devem informar os valores exatos ou numeacutericos para transmitirem ao leitor uma dimensatildeo precisa de quantidade
As variaacuteveis numeacutericas podem ser apresentadas por meio de medidas de tendecircncia central (meacutedia ou mediana em geral) e medidas de dispersatildeo (desvio-padratildeo ou intervalo interquartil) ou ainda por meio de seus valores absolutos ou percentuais (VOLPATO 2007) Para uma amostra com nuacutemeros de sujeitos menor do que 20 natildeo se recomenda apresentar os dados percentuais e sim apenas o nuacutemero absoluto (BAHADORAN et al 2019)
Nuacutemeros no iniacutecio das sentenccedilas ou menores do que dez devem ser escritos em sua forma por extenso O nuacutemero de diacutegitos e suas casas decimais devem ser escolhidos a partir da variaacutevel reportada Por exemplo para o pH a utilizaccedilatildeo de trecircs casas decimais apoacutes a viacutergula eacute necessaacuteria mas para a variaacutevel pressatildeo arterial natildeo se deve empregar mais do que trecircs diacutegitos sem casas decimais As unidades de medidas das variaacuteveis numeacutericas tambeacutem devem estar especificadas devendo haver um espaccedilo entre o numeral e sua unidade com exceccedilatildeo do siacutembolo que deve estar junto ao nuacutemero (BAHADORAN et al 2019 MEO 2018)
Outro ponto importante eacute a utilizaccedilatildeo adequada do tempo verbal Em geral na seccedilatildeo resultados utiliza-se o tempo no passado por exemplo ldquoA meacutedia de idade foirdquo No entanto quando os autores fazem referecircncia a tabelas graacuteficos ou figuras o tempo verbal permanece no presente como no exemplo ldquoAbaixo demonstramos as caracteriacutesticas demograacuteficas e cliacutenicas dos pacientesrdquo (MEO 2018)
Deve-se ainda utilizar a mesma nomenclatura ao longo de todo o artigo Por exemplo os nomes dos grupos de pacientes ou o nome de alguma variaacutevel devem ser os mesmos em todas as seccedilotildees do manuscrito O leitor natildeo deve ter duacutevidas a esse respeito (KOTZ CALS 2013)
Ao final da redaccedilatildeo sugere-se a releitura do material escrito para avaliar a fluidez do texto e a existecircncia de alinhamento entre a seccedilatildeo meacutetodos e a seccedilatildeo resultados
52 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
54 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS EM TABELAS E FIGURAS
Alguns autores recomendam que os pesquisadores devam iniciar a redaccedilatildeo da seccedilatildeo resultados apoacutes a confecccedilatildeo das tabelas e figuras Para eles isso tornaraacute mais faacutecil a integraccedilatildeo de todos os elementos no texto (BAHADORAN et al 2019) No entanto natildeo haacute uma foacutermula ou roteiro certo para todos Se o pesquisador jaacute tiver um estilo de escrita no qual ele inicie pelo texto e que culmine em resultados bem apresentados natildeo haacute motivo para mudar sua teacutecnica
Em geral as tabelas contecircm os seguintes elementos baacutesicos nuacutemero e tiacutetulo da tabela cabeccedilalho das linhas e colunas espaccedilo para os dados e rodapeacute Entre esses elementos destaca-se a importacircncia do tiacutetulo que deve ser atrativo e informar o toacutepico estudado e natildeo apenas repetir as variaacuteveis descritas (BAHADORAN et al 2019 KOTZ CALS 2013) Por exemplo em um graacutefico utilizado para demonstrar a reduccedilatildeo da hemoglobina glicada em pacientes diabeacuteticos submetidos a um tratamento com o medicamento X em vez de colocar o tiacutetulo ldquoMudanccedila da hemoglobina glicadardquo o tiacutetulo mais adequado seria ldquoEfeito do tratamento do medicamento X sobre a hemoglobina glicada de diabeacuteticosrdquo
Uma caracteriacutestica deve ser comum a todas as tabelas e figuras ambas devem ser autoexplicativas sendo o leitor capaz de compreendecirc-las sem recorrer ao texto Para isso o autor pode realizar um teste para identificar a adequaccedilatildeo delas solicitando que um colega que natildeo conheccedila o estudo leia as tabelas e os graacuteficos verificando se a compreensatildeo de seu conteuacutedo eacute possiacutevel sem a leitura do texto (KOTZ CALS 2013)
Outra caracteriacutestica comum de tabelas e figuras eacute a de que ambas devem estar relacionadas com o texto natildeo devendo ser inseridas sem que tenham relaccedilatildeo com os resultados apresentados textualmente Isso torna a leitura fluida e facilita a compreensatildeo (KOTZ CALS 2013)
As tabelas podem apresentar os seguintes tipos de dados caracteriacutesticas cliacutenicas e soacutecio-demograacuteficas dos grupos do estudo resultados de exames laboratoriais comparaccedilatildeo entre grupos entre outros Nenhuma ceacutelula da tabela pode estar vazia Caso o dado natildeo esteja disponiacutevel utiliza-se o preenchimento com alguma sigla cujo significado deveraacute estar especificado nas abreviaccedilotildees da tabela por exemplo ldquoND natildeo disponiacutevelrdquo (BAHADORAN et al 2019 MEO 2018)
As figuras devem reforccedilar visualmente os achados do estudo facilitando a interpretaccedilatildeo das anaacutelises estatiacutesticas e dos resultados encontrados (PEREIRA 2013) Para isso os pesquisadores podem utilizar graacuteficos fotografias diagramas fluxogramas entre outros
Os graacuteficos podem ser empregados para demonstrar tendecircncias ou relaccedilotildees entre as variaacuteveis (BAHADORAN et al 2019 KOTZ CALS 2013) A escolha do tipo de graacutefico tambeacutem eacute de fundamental importacircncia e novamente depende da natureza
Resultados 53
do que se deseja apresentar (PEREIRA 2013 VOLPATO 2007) Os graacuteficos de linha satildeo utilizados para mostrar tendecircncias e natildeo devem ser utilizados se a sequecircncia de ordenaccedilatildeo do eixo da abscissa puder ser aleatoacuteria (DURBIN 2014 VOLPATO 2007) os graacuteficos de barras para comparaccedilatildeo de variaacuteveis numeacutericas de diferentes grupos ao longo do tempo por exemplo Os graacuteficos de pizzas podem ser utilizados quando a intenccedilatildeo for de comparar proporccedilotildees de diferentes variaacuteveis nominais em relaccedilatildeo ao todo mas devem ser empregados com parcimocircnia (KOTZ CALS 2013) Com relaccedilatildeo ao layout das figuras recomendam-se cores mais fortes para se referir aos resultados principais por exemplo cores mais escuras para o grupo tratamento e cores mais fracas para o grupo controle em graacuteficos de barras
Em estudos cliacutenicos os fluxogramas satildeo muito empregados com a intenccedilatildeo de demonstrar o processo de seleccedilatildeo da amostra incluindo o nuacutemero e o motivo de exclusatildeo dos sujeitos ao longo da pesquisa bem como seus motivos e a caracterizaccedilatildeo dos grupos controle e de tratamento (BAHADORAN et al 2019) Em relatos de casos ou seacuteries de casos em doenccedilas raras fotografias dos pacientes ou dos exames de imagem tambeacutem podem ser utilizadas sempre respeitando os aspectos eacuteticos que envolvem a utilizaccedilatildeo de imagens de pacientes (KOTZ CALS 2013) Por fim eacute importante lembrar que os pesquisadores devem elaborar as tabelas e as figuras com esmero sob o risco de recusa para a aceitaccedilatildeo de artigos caso tais elementos sejam mal elaborados (BAHADORAN et al 2019)
Deve-se enfatizar que o design das tabelas e das figuras deve estar adequado Isso confere credibilidade aos resultados do estudo (BAHADORAN et al 2019) Abaixo segue um quadro com dicas a serem utilizadas na confecccedilatildeo de tabelas e figuras (quadro 51)
Quadro 51 mdash Dicas para a elaboraccedilatildeo de tabelas em textos cientiacuteficos
Enumere e decirc tiacutetulos para todas as tabelas e figuras Evite usar figuras abreviaccedilotildees nos tiacutetulos das tabelasInclua legendas curtas que expliquem os dados incluiacutedosNatildeo sobrecarregue o tiacutetulo com detalhesInclua as tabelas e as figuras o mais proacuteximo possiacutevel do local em que ele foi citado pela primeira vez no textoContextualize os resultados das tabelas e figuras ao longo do textoUniformize a aparecircncia de todas as tabelas e figuras Use notas de rodapeacute para explicar quaisquer dados incertosConfira se a tabela eacute autoexplicativa
Nota Adaptado de Bahadoran et al 2019
54 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por fim apresentamos abaixo exemplos de tabelas e graacuteficos utilizados em outras produccedilotildees dos editores (figuras 51 e 52)
Figura 51 mdash Exemplo de tabela e seus elementos baacutesicos publicados em um artigo cientiacutefico (adaptado de Ponte et al 2018)
Resultados 55
Figura 52 mdash Exemplo de figura publicada em um artigo cientiacutefico (adaptado de Ponte et al 2019)
55 ERROS FREQUENTES DA SECcedilAtildeO RESULTADOS
Abaixo elencamos os principais erros cometidos pelos pesquisadores ao longo da escrita dos resultados de uma pesquisa (BAHADORAN et al 2019 FOOTE 2009)
bull discutir os resultados ainda na seccedilatildeo resultados e natildeo na seccedilatildeo discussatildeo
bull natildeo apresentar resultados que respondam a todos os objetivos da pesquisardquo
bull fornecer apenas os dados mas natildeo os resultados da pesquisa (ou seja a interpretaccedilatildeo ou a anaacutelise desses dados) ou o contraacuterio
bull desalinhamento organizacional e de conteuacutedo entre a seccedilatildeo material e meacutetodos e a seccedilatildeo resultados
bull escolha inadequada da forma de apresentaccedilatildeo dos resultados e dados ou
56 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
seja empregar texto quando deveria utilizar tabelas ou figuras ou o contraacuterio
bull repeticcedilatildeo inadequada nos achados na forma de texto e tabelas ou figuras (embora a apresentaccedilatildeo do mesmo achado seja possiacutevel a partir de texto e tabela desde que seja de uma forma natildeo repetitiva e com o objetivo de ressaltar um achado muito importante do estudo)
bullutilizaccedilatildeo de tabelas e figuras mal elaboradas
56 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A escrita adequada da seccedilatildeo resultados tem como elementos fundamentais a precisatildeo concisatildeo e clareza sendo a criatividade dos autores o elemento fundamental no julgamento da melhor maneira de apresentaccedilatildeo dos achados O objetivo maior deve ser o de uma comunicaccedilatildeo cientiacutefica eficaz para outros pesquisadores e estudiosos Para isso algumas formalidades satildeo necessaacuterias e devem estar presentes nesta seccedilatildeo da produccedilatildeo cientiacutefica com o intuito de aumentar a confiabilidade dos achados apresentados
Resultados 57
REFEREcircNCIAS
ANNESLEY TM Clinical Chemistry Guide to Scientific Writing Clinical Chemistry [S l] v 56 n 3 p 331-497 2010 Disponiacutevel em httpspdfssemanticscholarorg191845a1da9dc1c376bddd3744ba30197d4a88a3pdf_ga=21642126024123063401603328335-14644782561603328335 Acesso em 19 out 2020
ARAUacuteJO C G S Detailing the writing of scientific manuscripts 25-30 paragraphs Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v 102 n 2 p e21-e23 fev 2014Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC3987331 Acesso em 09 abr 2020
BAHADORAN Z et al The principles of biomedical scientific writings results Int J Endocrinol Metab Tehran v 17 n 2 p e92113 abr 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31372173 Acesso em 09 abr 2020
CAMPOS JM et al Manual praacutetico de pesquisa cliacutenica da graduaccedilatildeo agrave poacutes-graduaccedilatildeo Satildeo Paulo Thieme Revinter 2016
DURBIN JR CG Effective use of tables and figures in abstracts presentations and papers Respir Care Philadelphia v 49 n 10 p 1233-1237 out 2004Disponiacutevel em httpwwwrcjournalcomcontents100410041233pdf Acesso em 09 abr 2020
FOOTE M The proof of the pudding how to report results and write a good discussion Chest Chicago v 135 n 3 p 866-868 2009 Disponiacutevel em httpronbunjpchestpdf34pdf Acesso em 09 abr 2020
KOTZ D CALS J W L Effective writing and publishing scientific papers part VII tables and figures J Clin Epidemiol New York v 66 n 11 1197 2013 Disponiacutevel em httpswwwjclinepicomactionshowPdfpii=S0895-435628132900192-3 Acesso em 09 abr 2020
58 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
MEO S A Anatomy and physiology of a scientific paper Saudi J Biol Sci Riyadh v 25 n 7 p 1278-1283 nov 2018 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6252020 Acesso em 09 abr 2020
PEREIRA MG A seccedilatildeo de resultados de um artigo cientiacutefico Epidemiol Serv Sauacutede Brasiacutelia v 22 n 3 p 537-538 abrjun 2013Disponiacutevel em httpscieloiecgovbrpdfessv22n2v22n2a17pdf Acesso em 09 abr 2020
PONTE C M M et al Early commitment of cardiovascular autonomic modulation in Brazilian patients with congenital generalized lipodystrophy BMC Cardiovasc Disord [S l] v 18 n 1 p 6 jan 2018
PONTE C M M et al Association between cardiovascular autonomic neuropathy and left ventricular hypertrophy in young patients with congenital generalized lipodystrophy Diabetol Metab Syndr [S l] v 11 n 53 p 1-10 jul 2019
SNYDER N et al How to write an effective results section Clin Spine Surg Hagerstown v 32 n 7 p 295-296 ago 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31145152 Acesso em 09 abr 2020
VOLPATO GL Como escrever um artigo cientiacutefico Anais da Academia Pernambucana de Ciecircncia Agronocircmica Recife v 4 p 97-115 2007Disponiacutevel em httpwwwjournalsufrpebrindexphpapcaarticleview9390 Acesso em 09 abr 2020
59
6ESCREVENDO A DISCUSSAtildeO E A CONCLUSAtildeO
Vitoacuteria Costa LimaLaura da Silva Giratildeo Lopes
ldquoA razatildeo natildeo eacute toda poderosa eacute uma trabalhadora tenaz opinativa cautelosa criacutetica implacaacutevel disposta a ouvir e a discutir arriscadardquo
Karl Popper
61 INTRODUCcedilAtildeO
Essa frase de Karl Popper considerado um dos maiores filoacutesofos da ciecircncia do seacuteculo XX eacute bem apropriada para se iniciar o debate acerca da seccedilatildeo de discussatildeo dos artigos cientiacuteficos Nela o filoacutesofo nega o poder como uma caracteriacutestica da razatildeo cientiacutefica e delimita algumas caracteriacutesticas fundamentais ao cientista disposiccedilatildeo ao trabalho aacuterduo criticidade e acima de tudo capacidade de discutir ideias que consiste na principal atividade do pesquisador durante a elaboraccedilatildeo da discussatildeo de seus manuscritos
62 ELABORANDO A DISCUSSAtildeO
Ao se chegar agrave discussatildeo chega-se quase ao final do artigo Trata-se da parte do texto que mais identifica os autores chamada por alguns como o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo (REYES 2019) uma vez que nessa seccedilatildeo os pesquisadores podem e devem elaborar teorias a partir dos resultados encontrados em suas pesquisas Portanto a discussatildeo eacute a parte ldquovivardquo do artigo em que a partir dos resultados obtidos e jaacute apresentados os autores descreveratildeo os seus argumentos considerando a sua expertise no assunto A argumentaccedilatildeo cientiacutefica portanto parte de uma experiecircncia ampla sobre o objeto de estudo o que permite a interpretaccedilatildeo dos resultados encontrados e por conseguinte a escrita da discussatildeo do artigo
Ao escrever a discussatildeo os autores devem responder agraves perguntas feitas por muitos revisores de revistas cientiacuteficas ldquoQual a relevacircncia dos achados para aquela aacuterea especiacuteficardquo ou ldquoQual o ganho para a comunidade cientiacutefica da publicaccedilatildeo do
60 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
seu artigordquo (BALCH 2018) Sendo capaz de responder a elas de maneira adequada o pesquisador estaraacute apto a escrevecirc-la
Apesar de ser o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo a discussatildeo natildeo deve conter opiniotildees pessoais dos autores e sim argumentos loacutegicos e contundentes acerca do tema Natildeo cabe aos autores convencer os leitores de que suas ideias satildeo verdades absolutas mas sim transmitir seus argumentos loacutegicos promovendo um debate cientiacutefico (BALCH 2018) Uma discussatildeo bem redigida permitiraacute que o pesquisador atinja o principal objetivo de uma produccedilatildeo cientiacutefica que eacute a comunicaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo dos resultados de sua pesquisa para a comunidade cientiacutefica
63 ESCREVENDO A CONCLUSAtildeO
A conclusatildeo sucede a discussatildeo sendo uma parte breve que finaliza o artigo poreacutem de extrema importacircncia Nela os autores retomam os objetivos e respondem de maneira clara e sucinta agraves perguntas elaboradas no iniacutecio do estudo (REYES 2019)
A depender da revista cientiacutefica a conclusatildeo pode estar incorporada na discussatildeo devendo o seu uacuteltimo paraacutegrafo ser reservado para isso Esse paraacutegrafo final deve responder ao objetivo principal do estudo A lacuna de conhecimento contida na pergunta inicial motivadora do estudo deveraacute ser devidamente esclarecida neste momento por meio de um texto sinteacutetico e claro Natildeo se recomenda a mera repeticcedilatildeo de frases anteriormente utilizadas no texto
64 ALGUMAS FORMALIDADES NECESSAacuteRIAS
Como todas as demais seccedilotildees do artigo cabem aqui algumas formalidades necessaacuterias agrave redaccedilatildeo da discussatildeo e da conclusatildeo do seu manuscrito as quais conferem a caracteriacutestica de artigo cientiacutefico a esse gecircnero textual
bull Organize a discussatildeo como uma piracircmide invertida inicie os argumentos acerca dos resultados mais gerais e soacute depois comece a discutir os mais especiacuteficos (VOLPATO 2019)
bull Observe a distribuiccedilatildeo dos tamanhos de cada seccedilatildeo do seu artigo A discussatildeo natildeo deve exceder o tamanho da soma das outras seccedilotildees (introduccedilatildeo meacutetodos resultados) Recomendam-se no maacuteximo seis ou sete paraacutegrafos no seu total (NATHA 2014)
bull Evite frases que se iniciem por ldquoNoacutesrdquo Isso pode ser justificado pelo princiacutepio de que se devem evitar palavras desnecessaacuterias no artigo cientiacutefico (NATHA 2014) Apesar de o uso da primeira pessoa ter o objetivo de enfatizar um argumento do ponto de vista gramatical a frase ldquoNoacutes demonstramos querdquo poderia ser substituiacuteda por ldquoDemonstramos querdquo sem nenhum prejuiacutezo de significado
Resultados 61
bull Utilize o tempo verbal no presente quando estiver expondo os dados de seu estudo bem como seus argumentos Somente utilize o tempo verbal no passado quando estiver comentando os dados de outros autores (VOLPATO 2019)
bull Embora se utilize bastante a voz passiva ou impessoal como ldquodemonstrou-se querdquo a tendecircncia atual eacute utilizar a voz ativa na primeira pessoa do plural (REYES 2019) como ldquodemonstramos querdquo Isso tornaraacute a leitura de seu texto mais fluida A voz ativa traz uma mensagem direta e de mais faacutecil leitura
bull Natildeo seja repetitivo Os resultados de seu estudo jaacute foram apresentados na seccedilatildeo destinada para tal portanto apesar de retomar os principais achados do estudo a discussatildeo natildeo deve promover uma repeticcedilatildeo de resultados (HONG 2014)
bull Elabore sua discussatildeo respeitando a ordem dos achados apresentados na seccedilatildeo ldquoResultadosrdquo ou seja discuta-os utilizando a ordem em que eles aparecem Evite discutir no mesmo paraacutegrafo diferentes resultados a natildeo ser que eles estejam correlacionados entre si Isso facilitaraacute o entendimento pelo leitor Lembre-se nem sempre o leitor tem ampla experiecircncia no assunto O artigo deve estar direcionado a pessoas interessadas em seu conteuacutedo e natildeo necessariamente a experts (VOLPATO 2019)
bull Evite frases e paraacutegrafos longos A frase natildeo deve conter mais do que 25 a 30 palavras em prol da fluidez do texto (NATHA 2014)
bull Utilize palavras que faccedilam conexotildees entre os paraacutegrafos Isso tornaraacute o texto mais fluido (OSHIRO 2020)
bull Evite o uso de jargotildees que muitas vezes restringem a comunicaccedilatildeo a um grupo especiacutefico de leitores Lembre-se de que o objetivo eacute a comunicaccedilatildeo tornando seus argumentos disponiacuteveis a diferentes indiviacuteduos interessados no assunto (VOLPATO 2019)
bull Natildeo utilize linguagem informal Apesar de a discussatildeo ser o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo contendo assim argumentos dos autores trata-se de um artigo cientiacutefico (REYES 2019)
bull Evite frases que possam ser interpretadas pelo leitor como pretensiosas Afinal toda conclusatildeo cientiacutefica eacute necessariamente provisoacuteria embora deva ser aceita se natildeo puder rejeitaacute-la A leitura agradaacutevel natildeo apresenta demonstraccedilotildees de autoridade (BALCH 2014) Seu estudo inclui uma amostra e mesmo que seja substancial em termos numeacutericos seus achados natildeo necessariamente podem ser extrapolados para toda a populaccedilatildeo (RUIZ 2016)
62 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
65 ORGANIZANDO A DISCUSSAtildeO DO COMECcedilO AO FIM
Segundo Volpato (2019) caso a conclusatildeo esteja alocada em uma seccedilatildeo separada sugere-se estruturar a discussatildeo em cinco paraacutegrafos conforme apresentado adiante Mas natildeo se deve esquecer eacute fundamental o planejamento da escrita antes de sua execuccedilatildeo Isso facilitaraacute a conectividade entre os paraacutegrafos aspecto fundamental jaacute descrito aqui
Para esse autor a discussatildeo deve ser iniciada com a retomada para o leitor da lacuna de conhecimento que seu manuscrito deseja preencher Deve-se relembrar ao leitor a pergunta que motivou seu estudo No entanto conveacutem evitar a repeticcedilatildeo de frases jaacute utilizadas na introduccedilatildeo do artigo
Logo apoacutes no segundo paraacutegrafo os resultados principais devem ser apresentados de maneira sumaacuteria bem como seu significado e implicaccedilotildees com o intuito de demonstrar o quanto o manuscrito seraacute capaz de fazer o conhecimento avanccedilar Natildeo devem ser repetidos os detalhes que podem ser encontrados na seccedilatildeo ldquoresultadosrdquo Deve-se evitar a repeticcedilatildeo dos dados quantitativos a natildeo ser que isso aumente seu poder argumentativo A contraposiccedilatildeo com os dados da literatura pode ser feita para cada resultado discutido facilitando assim a construccedilatildeo do argumento em torno das diferenccedilas ou semelhanccedilas entre seus achados e os dos demais autores
Eacute importante que dados da literatura que satildeo discordantes sejam tambeacutem apresentados (SANLI 2013) Pouco ou nenhum conhecimento cientiacutefico tem unanimidade ou homogeneidade em seus aspectos o que faz que os editores das revistas natildeo vejam com ldquobons olhosrdquo discussotildees que contenham apenas dados concordantes citados pelos autores
No terceiro paraacutegrafo eacute importante discutir os resultados mais especiacuteficos As especulaccedilotildees devem ser feitas e esperadas pelo leitor interessado em ampliar seu conhecimento sobre o assunto Natildeo se deve limitar apenas ao oacutebvio Os resultados devem ser explorados de maneira adequada caso contraacuterio mesmo que dados interessantes estejam presentes no estudo natildeo levaratildeo a uma ampliaccedilatildeo adequada do conhecimento
As limitaccedilotildees do estudo devem estar apontadas no quarto paraacutegrafo inclusive em tamanho amostral capacidade de generalizaccedilatildeo dos resultados e possiacuteveis vieses presentes Aleacutem das limitaccedilotildees deve-se refletir o quanto isso pode ter alterado os resultados encontrados Os pontos positivos tambeacutem podem ser ressaltados e geralmente satildeo descritos em relaccedilatildeo a outros estudos da literatura sobre o mesmo tema
A discussatildeo eacute frequentemente encerrada com um paraacutegrafo uacuteltimo que costuma destacar as direccedilotildees futuras sobre o tema bem como a necessidade de outros estudos ou mesmo inovaccedilotildees em evoluccedilatildeo Dificilmente as lacunas do conhecimento
Resultados 63
satildeo esgotadas com os estudos existentes e agrave medida que se avanccedila no conhecimento novas lacunas satildeo criadas havendo a necessidade constante de continuaccedilatildeo daquela linha de pesquisa Abaixo eacute sintetizada uma sugestatildeo para a estrutura da discussatildeo (quadro 61)
Quadro 61 mdash A estrutura da discussatildeo em cinco paraacutegrafos
1deg paraacutegrafo Retome a lacuna do conhecimento que se relaciona com o objetivo principal do estudo
2deg paraacutegrafo Interprete o resultado principal compare com os dados da literatura e elabore justificativas para as semelhanccedilasdiferenccedilas
3deg paraacutegrafo Comente os outros resultados respeitando a ordem em que eles estatildeo dispostos na seccedilatildeo especiacutefica
4deg paraacutegrafo Aponte as limitaccedilotildees e os dados positivos do estudo
5deg paraacutegrafo Especule as possiacuteveis inovaccedilotildees no futuro bem como a necessidade de outros estudos acerca do tema
66 ERROS FREQUENTEMENTE ENCONTRADOS NA DISCUSSAtildeO
Diante da dificuldade da escrita da discussatildeo seratildeo descritos os erros mais frequentemente encontrados nessa seccedilatildeo
bull Pobreza de argumentaccedilatildeo loacutegica e de especulaccedilotildees com conteuacutedo focado apenas em comparaccedilotildees com os dados de outros estudos da literatura
bull Discussatildeo de resultados em ordem diferente e aleatoacuteria sem seguir a sequecircncia apresentada nos resultados dificultando o entendimento
bull Abordagem de aspectos importantes relacionados ao tema mas que natildeo foram pesquisados no estudo em questatildeo (natildeo se trata de um artigo de revisatildeo)
bull Pouca relaccedilatildeo de conectividade da discussatildeo com as demais partes do manuscrito
bull Falta de alinhamento da discussatildeo com os objetivos do estudo
64 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
67 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A escrita da discussatildeo pressupotildee uma larga experiecircncia sobre o tema estudado um cenaacuterio pouco provaacutevel entre jovens pesquisadores especialmente entre alunos de graduaccedilatildeo Isso justifica a dificuldade para a redaccedilatildeo da discussatildeo comumente observada nesse grupo Assim a leitura abundante sobre o tema e a vivecircncia com o assunto ao longo da coleta dos dados do estudo tornam-se fundamentais para a elaboraccedilatildeo da discussatildeo do manuscrito
Resultados 65
REFEREcircNCIAS
BALCH C M et al Steps to getting your manuscript published in a high-quality medical journal Ann Surg Oncol New York v 25 n 4 p 850-855 2018 Disponiacutevel em httpslinkspringercomcontentpdf1012452Fs10434-017-6320-6pdf Acesso em 09 abr 2020
HONG S T Ten tips for authors of scientific articles J Korean Med Sci Seoul v 29 n 8 p 1035-1037 ago 2014 Disponiacutevel em httpswwwresearchgatenetpublication264793318_Ten_Tips_for_Authors_of_Scientific_Articles Acesso em 09 abr 2020
NATHA R How to write a strong discussion in scientific manuscripts BioScience [S l] maio 2014 Disponiacutevel em httpswwwbiosciencewriterscomHow-to-Write-a-Strong-Discussion-in-Scientific-Manuscriptsaspx Acesso em 09 abr 2020
OSHIRO J et al Going beyond ldquonot enough timerdquo barriers to preparing manuscripts for Academic Medical Journals Teach Learn Med Philadelphia v 32 n 1 p 71-81 janmar 2020 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31530189 Acesso em 09 abr 2020
REYES B H Coacutemo tener eacutexito al empezar a publicar en revistas meacutedicas Consideraciones para autores inexpertos que podriacutean interesar tambieacuten a los expertos Rev Med Chile Santiago v 147 n 2 p 238-242 2019 Disponiacutevel em httpsscieloconicytclpdfrmcv147n20717-6163-rmc-147-02-0238pdf Acesso em 09 abr 2020
RUIZ A G et al Manual praacutetico de pesquisa cientiacutefica da graduaccedilatildeo agrave poacutes graduaccedilatildeo Rio de Janeiro Revinter 2016
SANLI O ERDEM S TEFIK T How to write a discussion section Turk J Urol Istanbul v 39 p 20-24 2013 Supl 1 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC4548568pdftju-39-supp-20pdf Acesso em 09 abr 2020
VOLPATO G L Meacutetodo loacutegico da redaccedilatildeo cientiacutefica 2 ed Satildeo Paulo Best Wrintiing 2017
67
7COMO DEFINIR O TIacuteTULO
Eacuterika Suyane Freire SilvaClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoSe nem o tiacutetulo estimula a leitura imagine o restante do textordquo
Medeiros amp Tomasi
71 COMO DEFINIR O TIacuteTULO
O tiacutetulo eacute a primeira impressatildeo de um projeto de pesquisa ou artigo cientiacutefico Eacute a parte da produccedilatildeo acadecircmica mais lida e difundida e por isso haacute a necessidade de esmero para sua elaboraccedilatildeo Nota-se uma grande tendecircncia da sociedade cientiacutefica em otimizar o seu tempo na triagem de seus objetos de estudo em face da grande quantidade de publicaccedilotildees na literatura cientiacutefica Logo eacute por meio do tiacutetulo que se ldquoconquistardquo a atenccedilatildeo do leitor Eacute por ele que se comeccedila a convencer o parecerista o revisor ou o editor a aceitaram determinado projeto ou artigo
Natildeo eacute incomum que a preocupaccedilatildeo dos pesquisadores se volte principalmente agrave elaboraccedilatildeo de outros elementos do trabalho em detrimento da seleccedilatildeo e maturaccedilatildeo de um bom tiacutetulo No entanto o tiacutetulo eacute um elemento fundamental sendo um grande diferencial para a posterior adesatildeo agrave leitura integral de determinada produccedilatildeo
72 ESCREVENDO O TIacuteTULO
O tiacutetulo tem como principal atribuiccedilatildeo revelar de maneira precoce clara e concisa a ideia central da produccedilatildeo devendo ser pensado de maneira a despertar a curiosidade sem causar impressatildeo de prolixidade ou rebuscamento (MEDEIROS amp TOMASI 2017) Para isso idealmente deve conter o tema da pesquisa (o que foi investigado) a abrangecircncia (populaccedilatildeo local e tempo) e o delineamento do estudo (meacutetodo da pesquisa) (quadro 71) Opcionalmente tiacutetulos de artigos cientiacuteficos podem conter os resultados encontrados na pesquisa (CAVALCANTI 2015) Essa estrateacutegia pode poupar tempo dos leitores e direcionaacute-los para a leitura completa do trabalho
68 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 71 mdash Elementos que devem estar presentes no tiacutetulo
bull Tema bull Populaccedilatildeobull Localbull Tempo (opcional)
bull Meacutetodobull Resultado (sua presenccedila
no tiacutetulo ainda eacute discutida por alguns autores)
O tiacutetulo deve ser curto e informar exatamente o conteuacutedo do trabalho atendo-se agraves variaacuteveis teoacutericas Deve-se evitar a utilizaccedilatildeo excessiva de adjetivos adveacuterbios abreviaturas jargotildees teacutecnicos ou palavras muito especiacuteficas de determinada aacuterea (VOLPATO 2007) Eacute preferiacutevel usar tiacutetulos simples e concisos a tiacutetulos figurados e elegantes mas pouco esclarecedores Devem ser excluiacutedas informaccedilotildees que natildeo sejam fundamentais para tal feito
Algumas perguntas podem ajudar os escritores para a elaboraccedilatildeo dos tiacutetulos de seus trabalhos acadecircmicos (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
bull O tiacutetulo traduz o conteuacutedo exposto no texto Informa sobre a sua originalidade e destaca os pontos importantes
bull Eacute possiacutevel escrevecirc-lo em outras palavras deixando-o mais claro mais preciso
bull Eacute possiacutevel eliminar alguma palavra e tornaacute-lo mais enxuto mas conciso
bull Eacute possiacutevel tornaacute-lo mais contundente mais interessante
O tiacutetulo pode ser escrito como uma frase em que se mostra o objetivo da pesquisa ou a conclusatildeo principal Pode tambeacutem ser em forma de pergunta indicando o problema da pesquisa A construccedilatildeo de tiacutetulos na qual aparecem apenas as variaacuteveis investigadas natildeo eacute muito recomendada pois tem conteuacutedo explicativo menor que as outras formas (VOLPATO 2007)
Embora seja a parte inicial de um trabalho acadecircmico o momento mais oportuno para a elaboraccedilatildeo do tiacutetulo eacute ao final da escrita de todas as demais partes do texto No entanto caso o tiacutetulo seja escolhido nas fases iniciais da redaccedilatildeo este deve ser visto como provisoacuterio que pode ser alterado de acordo com o andamento e o conteuacutedo do estudo quantas vezes forem necessaacuterias ateacute que se atinja um resultado satisfatoacuterio (KOLLER COUTO HOHENDORFF 2014)
Como Definir o Tiacutetulo 69
A seguir alguns exemplos de tiacutetulos (dados proacuteprios)
PROJETOS
bull Controle glicecircmico intra-hospitalar em pacientes natildeo criticamente enfermos internados em hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute
bull Estudo ecocadiograacutefico da funccedilatildeo ventricular esquerda de pacientes com lipodistrofia generalizada congecircnita por meio da teacutecnica de speckle tracking bidimensional
bull Caracteriacutesticas cliacutenicas e epidemioloacutegicas de idosos com fraturas internados em um hospital de referecircncia em trauma em Fortaleza
ARTIGOS
bull Thyroid Stimulating Hormone Reference Interval in Healthy Adults from Fortaleza-CE Population
bull Early Commitment of Cardiovascular Autonomic Modulation in Brazilian Patients with Congenital Generalized Lipodystrophy
bull Association between Cardiovascular Autonomic Neuropathy and Left Ventricular Hypertrophy in Young Patients with Congenital Generalized Lipodystrophy
Finalmente conveacutem lembrar que a maioria dos artigos natildeo eacute sequer lida porque os leitores os rejeitam a partir do tiacutetulo (VOLPATO 2007) Eacute pelo tiacutetulo que se comeccedila a convencer o editor a publicar seu artigo ou o parecerista a aprovar o seu projeto Eacute importante natildeo esquecer que raramente haacute uma segunda oportunidade de causar boa impressatildeo e a primeira boa impressatildeo sobre um trabalho pode estar justamente no tiacutetulo de seu texto (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
70 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G et al Definindo o tiacutetulo de um projetoIn CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015cap 3 p 35-37
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
VOLPATO G L Como escrever um artigo cientiacutefico Anais da Academia Pernambucana de Ciecircncia Agronocircmica Recife v 4 p 97-115 2007 Disponiacutevel em httpwwwjournalsufrpebrindexphpapcaarticleview9390 Acesso em 20 set 2019
71
8COMO REDIGIR O RESUMO
Roberta Lopes RibeiroClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoPor vezes um bom resumo pode dizer mais sobre um
romance do que um livro de duzentas paacuteginasrdquo
Umberto Eco
A elaboraccedilatildeo do resumo de uma produccedilatildeo cientiacutefica eacute uma fase extremamente relevante pois eacute ele que fornece os pontos mais importantes abordados no desenvolvimento do trabalho e provecirc juntamente com o tiacutetulo a primeira impressatildeo do estudo apresentado Depois do tiacutetulo o resumo eacute a parte do artigo que seraacute mais lida e consiste em uma exposiccedilatildeo integral e concisa de todos os elementos da produccedilatildeo Desse modo precisa ser escrito de maneira objetiva sem deixar de ressaltar os detalhes essenciais do estudo (REIZ 2013)
O resumo deve permitir que os leitores tenham uma ideia geral sobre o estudo e possam escolher por meio dessas informaccedilotildees baacutesicas se leratildeo ou natildeo o trabalho na iacutentegra Aleacutem da funccedilatildeo de despertar o interesse das pessoas o resumo eacute utilizado para a indexaccedilatildeo dos artigos nas bases de dados eletrocircnicas por meio das palavras-chave ou descritores Assim o resumo deve refletir de maneira acurada o conteuacutedo do artigo e ser fundamental para o atual processo de busca e seleccedilatildeo de literatura cientiacutefica nas bases de dados cientiacuteficas disponiacuteveis (KOLLER COUTO HOHENDORFF 2014)
De modo habitual o resumo eacute o uacutenico elemento recuperado eou revisado nas bases de dados o que determina a sua importacircncia para a difusatildeo do conhecimento no meio acadecircmico e para a seleccedilatildeo dos trabalhos pelos pareceristas de agecircncias de fomento ou revistas cientiacuteficas bem como pelos demais pesquisadores interessados em determinado tema (ALENCAR 2015) Desse modo quando ele eacute bem redigido iraacute cativar os leitores para obter a coacutepia integral do manuscrito Caso o resumo seja mal escrito a pesquisa poderaacute ser banalizada e esquecida pelo leitor que logo iraacute agrave procura de outro trabalho com melhor apresentaccedilatildeo (SOUSA DRIESSNACK
72 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
FLOacuteRIA-SANTOS 2006)
O tamanho do resumo eacute uma decisatildeo que cabe ao editor ou conselho editorial do perioacutedico ou agecircncia de fomento De maneira geral existe uma limitaccedilatildeo para o uso de 200 a 300 palavras escritas em um uacutenico paraacutegrafo No texto devem-se incluir de forma sucinta as informaccedilotildees relacionadas agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica agrave justificativa ao objetivo e aos meacutetodos da pesquisa No caso de resumos de artigos cientiacuteficos satildeo acrescidos ainda os resultados e as conclusotildees ou consideraccedilotildees finais
O quadro 81 apresenta as etapas para a preparaccedilatildeo de resumos de artigos cientiacuteficos originais Os quadros 81 e 82 mostram exemplos de resumos na liacutengua portuguesa e inglesa respectivamente
Figura 81 mdash Etapas para a preparaccedilatildeo de resumos de artigos cientiacuteficos originais (Adaptado de Reiz 2013)
Como Redigir o Resumo 73
Quadro 81 mdash Exemplo de resumo em liacutengua portuguesa (dados proacuteprios)
CONTROLE GLICEcircMICO INTRA-HOSPITALAR EM PACIENTES NAtildeO CRITICAMENTE ENFERMOS INTERNADOS EM HOSPITAIS TERCIAacuteRIOS DO ESTADO DO CEARAacute
INTRODUCcedilAtildeO a hiperglicemia intra-hospitalar (HIH) agrava a evoluccedilatildeo das doenccedilas coexistentes e aumenta a mortalidade No entanto a importacircncia da HIH eacute frequentemente subestimada O objetivo deste estudo foi avaliar o manejo do controle glicecircmico intra-hospitalar em pacientes natildeo criticamente enfermos internados em hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute MEacuteTODOS trata-se de um estudo transversal realizado em trecircs hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute Foram avaliados os pacientes internados nas unidades de enfermarias com idade acima de 18 anos que apresentaram hiperglicemia (glicemia plasmaacutetica aleatoacuteria gt 140 mgdL) ou diagnoacutestico preacutevio de diabetes mellitus (DM) (autorrelato) RESULTADOS foram avaliados 124 pacientes com idade 571 plusmn 167 anos sendo 84 (677) do sexo masculino Setenta e oito pacientes (629) apresentavam diagnoacutestico preacutevio de DM O monitoramento da glicemia capilar foi realizado na maioria dos pacientes (122 984) sendo mais frequentemente realizadas as medidas de glicemias preacute-prandiais 4xdia (75 605) Suporte nutricional para DMhiperglicemia foi prescrito para 73 (589) pacientes Quanto ao tratamento em 34 casos (274) natildeo havia qualquer medida prescrita para o manejo da HIH 20 (161) estavam em uso de antidiabeacuteticos orais (ADOs) e 86 (694) em uso de insulina Entre os usuaacuterios de insulina 46 (534) estavam em uso de insulina regular sob demanda 14 (163) em esquema basal prandial 21 (244) em esquema basal plus e 5 (58) apenas com insulina basal Hipoglicemia foi observada em 29 (238) pacientes e o protocolo para manejo da hipoglicemia estava prescrito em 92 (742) pacientes Medidas de educaccedilatildeo em DM durante o internamento foram relatadas por 37 (308) pacientes CONCLUSAtildeO o manejo da HIH natildeo seguiu protocolos padronizados o monitoramento da glicemia foi heterogecircneo e o uso de insulina regular sob demanda foi a principal forma de manejo Observou-se falta de suporte nutricional especiacutefico para o manejo da hipoglicemia e para medidas de educaccedilatildeo em diabetes Por meio desses achados pode-se especular que a implantaccedilatildeo de protocolos e de uma equipe especiacutefica para o manejo da HIH poderaacute melhorar este cenaacuterio
PALAVRAS-CHAVE Diabetes Mellitus Hiperglicemia de Estresse Controle Glicecircmico
74 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 82 mdash Exemplo de resumo (abstract) em liacutengua inglesa (dados proacuteprios)
ASSOCIATION BETWEEN CARDIOVASCULAR AUTONOMIC NEUROPATHY AND LEFT VENTRICULAR HYPERTROPHY IN YOUNG PATIENTS WITH CONGENITAL GENERALIZED LIPODYSTROPHY
BACKGROUND Congenital generalized lipodystrophy (CGL) is a rare disorder characterized by the absence of subcutaneous adipose tissue severe insulin resistance diabetes mellitus and cardiovascular complications including cardiac autonomic neuropathy (CAN) left ventricular hypertrophy (LVH) and atherosclerosis The present study aimed to access the association between CAN parameters and cardiovascular abnormalities in CGL patients METHODS A cross-sectional study was conducted with 10 CGL patients and 20 healthy controls matched for age sex BMI and pubertal stage We evaluated clinical laboratory and cardiovascular parameters including left ventricular mass index (LVMI) interventricular septum thickness (IVS) systolic and diastolic function determined using two-dimensional transthoracic echocardiographycarotid intimal media thickness (cIMT) cQT interval and heart rate variability (HRV) studyby spectral analysis components ndash high frequency (HF) low frequency (LF) very low frequency (VLF) LFHF ratio and total amplitude spectrum (TAS) ndash and cardiovascular reflexes tests (postural hypotension test respiratory orthostatic and Valsalva coefficients) RESULTS In CGL group four patients (40) had LVH and diastolic dysfunction CGL patients presented higher values of cIMT and cQT interval In CGL patients with LVH lower values of the HF component were observed indicating autonomic parasympathetic modulation impairment The LVMI correlated directly with systolic blood pressure (BP) drop in the postural test (r = 0835 p = 0002) and inversely with Valsalva (r = -0632 p = 0049) HF (r = -0887 p = 0001) and TAS (r = -0827 p = 0003) The IVS presented positive correlation with systolic BP drop in the postural test (r = 0764 p = 0010) and inverse correlation with HF (r = -0794 p = 0013) and TAS (r = -0656 p = 0039) There was a positive correlation between cIMT and LFHF ratio (r = 0707 p = 0022) CONCLUSION The association between increased LV mass and parameters of HRV provides possible speculations about the involvement of CAN in the pathophysiology of the cardiac complications including LVH in CGL patients
81 TEacuteCNICAS PARA A ESCRITA DE UM BOM RESUMO
Elaborar resumos eacute uma atividade essencial no universo acadecircmico-cientiacutefico e o conhecimento de alguns recursos literaacuterios pode ajudar nesse processo Resumir natildeo eacute meramente copiar as palavras do texto original reproduzindo trechos de um texto para outro por meio da simples substituiccedilatildeo de palavras (REIZ 2013) Durante a redaccedilatildeo de um resumo devem-se selecionar as ideias centrais dos paraacutegrafos eliminando conceitos repetidos e detalhados Preparar resumos envolve a capacidade de elaborar paraacutefrases ndash um recurso de interpretaccedilatildeo textual que consiste na reformulaccedilatildeo de um texto trocando as palavras e expressotildees originais mas mantendo a ideia central da informaccedilatildeo (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
O texto deve ser escrito utilizando-se a norma-padratildeo mantendo-se o argumento e o encadeamento das ideais apresentadas no texto original Segundo Reiz (2013) as principais recomendaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo de um resumo cientiacutefico
Como Redigir o Resumo 75
satildeo
bull resguardar fidelidade ao texto original
bull evitar redundacircncia de ideias ou palavras trazendo clareza e precisatildeo
bull apresentar os pontos principais da pesquisa dividindo-os nos toacutepicos introduccedilatildeo (tema e objetivo) meacutetodos resultados principais e conclusotildees
bull harmonizar objetivos e resultados encontrados
bull apresentar vocabulaacuterio amplo e diversificado
bull preferir frases curtas e uso de verbos na voz ativa
bull evitar o uso de adjetivos e adveacuterbios restringindo-os aos necessaacuterios
bull natildeo fazer citaccedilotildees diretas ou referecircncias a outros autores
bull revisar o texto repetidamente para se evitar incoerecircncias ortograacuteficas e gramaticais
bull seguir as orientaccedilotildees dos perioacutedicos ou agecircncias de fomento quanto agrave organizaccedilatildeo extensatildeo e nuacutemero de palavras-chave
Na construccedilatildeo do texto do resumo podem ser repetidas frases contidas em outras seccedilotildees do artigo No entanto essas informaccedilotildees devem ser reformuladas de forma concisa enquanto no corpo do manuscrito elas podem ser apresentadas de maneira mais detalhada
Durante a escrita eacute possiacutevel utilizar outros resumos como modelo com a finalidade de tentar reproduzir sistematicamente quais as informaccedilotildees que devem estar presentes e o que habitualmente os autores priorizam em suas redaccedilotildees Poreacutem eacute importante sempre manter o senso criacutetico para saber julgar se o resumo utilizado como modelo eacute realmente bem estruturado e redigido com a finalidade de natildeo tomar como base uma redaccedilatildeo de maacute qualidade
Geralmente o resumo deve ser escrito apoacutes a finalizaccedilatildeo de todo o manuscrito mas eacute comum alguns orientadores recomendarem a escrita de um resumo preliminar antes de se iniciar a redaccedilatildeo final uma vez que esse texto pode servir como um esboccedilo auxiliando na definiccedilatildeo da ideia central do trabalho a ser escrito e que deveraacute ser revisado ao final
O resumo deve ser escrito na liacutengua vernaacutecula devendo haver tambeacutem um resumo em liacutengua estrangeira geralmente o inglecircs A traduccedilatildeo do resumo para a liacutengua inglesa eacute um elemento essencial para permitir o maior alcance do trabalho a leitores que natildeo possuem domiacutenio do idioma no qual o trabalho foi escrito originalmente (MATIAS-PEREIRA 2012) Dessa maneira a probabilidade de o artigo ser utilizado por leitores diversos e consequentemente de ser citado eacute ampliada o que daraacute maior notoriedade e credibilidade ao trabalho
76 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Ao final do resumo devem ser indicadas as palavras-chave que descrevem o conteuacutedo do trabalho Normalmente satildeo utilizadas trecircs a seis descritores contudo esse nuacutemero varia de acordo com as normas dos perioacutedicos ou editais de pesquisa Tais termos permitem a seleccedilatildeo dos artigos nas bases de dados eletrocircnicas (PubMed SciELO LILACS entre outras) e devem ser selecionadas em bancos de dados especiacuteficos
Os Descritores em Ciecircncias da Sauacutede (DeCS) consistem em um banco de palavras-chave estruturado que se utiliza de trecircs idiomas (inglecircs portuguecircs e espanhol) criado para unificar os termos na indexaccedilatildeo de artigos livros relatoacuterios e outros materiais acadecircmicos O site para acesso a esse banco de dados eacute wwwdecsbvsbr O DeCS foi elaborado a partir do Medical Subject Heading (MeSH) da US National Library of Medicine um importante banco de descritores em sauacutede utilizado para a indexaccedilatildeo de artigos do sistema MEDLINE-PubMed que pode ser acessado no site wwwncbinlmnihgovmesh
82 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Eacute notaacutevel a importacircncia do resumo no universo acadecircmico-cientiacutefico e o segredo para escrever um resumo claro curto objetivo criativo e cativante eacute sem duacutevidas ter domiacutenio do assunto abordado e clareza para a transmissatildeo das ideias centrais da pesquisa Diante disso eacute fundamental que no resumo sejam apresentadas informaccedilotildees relevantes com uma linguagem que favoreccedila o envolvimento do leitor a fim de convencecirc-lo quanto agrave importacircncia da temaacutetica abordada e agrave relevacircncia dos resultados obtidos na pesquisa fazendo que ele se sinta estimulado a continuar a leitura do artigo e quem sabe utilizaacute-lo como uma fonte de pesquisa para outros trabalhos
Como Redigir o Resumo 77
REFEREcircNCIAS
SOUSA V D DRIESSNACK M FLOacuteRIA-SANTOS M Como escrever o resumo de um artigo para publicaccedilatildeo Acta Paul Enferm Satildeo Paulo v 19 n 3 p 5-8 julset 2006 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0103-21002006000300001 Acesso em 09 abr 2020
ALENCAR C H M et al Como redigir o resumo de um projeto e definir as palavras-chave In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 5 p 41-46
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
79
9CRONOGRAMA E ORCcedilAMENTO
Juliana Ferreira ParaacuteMatheus Mendonccedila Leal Janja
ldquoCom organizaccedilatildeo e tempo acha-se o segredo de se fazer tudo e bem feitordquo
Pitaacutegoras
Realizar uma pesquisa cientiacutefica eacute uma aacuterdua tarefa e para que se possa finalizaacute-la a contento deve ser planejada de forma a permitir a execuccedilatildeo de todas as suas etapas em um tempo aceitaacutevel previamente definido aleacutem de ser financeiramente viaacutevel Listar todas as fases da pesquisa definir prazos exequiacuteveis captar e aplicar os recursos adequadamente satildeo passos fundamentais para todos os atores envolvidos em pesquisas consistindo em grandes desafios para jovens pesquisadores bem como para aqueles mais experientes
91 CRONOGRAMA
O cronograma consiste no planejamento temporal das atividades que seratildeo realizadas pelo pesquisador para a obtenccedilatildeo dos resultados da sua pesquisa Ele serve como um guia para que o pesquisador se organize durante a execuccedilatildeo da pesquisa Aleacutem disso serve para demonstrar se o pesquisador tem conhecimento sobre as etapas do seu estudo e sobre o tempo necessaacuterio para executaacute-lo
Eacute importante salientar que o cronograma traz informaccedilotildees sobre algo que ainda seraacute realizado Portanto ele dever conter os dados das atividades que seratildeo realizadas no futuro e natildeo as que jaacute foram desenvolvidas na elaboraccedilatildeo do projeto
Recomenda-se que esses itens devem estar presentes
bull tempo de execuccedilatildeo determina o tempo necessaacuterio para realizar cada atividade proposta
bull divisatildeo em etapas dividir o projeto em fases ajuda o pesquisador a se organizar e preparar todo o projeto
bull atribuiccedilatildeo de responsabilidades ndash essa parte natildeo eacute obrigatoacuteria mas ajuda a
80 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
otimizar o tempo dos elaboradores do projeto ainda mais se o grupo de pesquisadores for grande e os responsaacuteveis por cada etapa jaacute forem conhecidos
bull Preferencialmente o cronograma deve ser elaborado de forma graacutefica por meio de uma tabela levando-se em consideraccedilatildeo as fases da pesquisa Possiacuteveis contratempos devem ser contemplados Deve-se deixar um tempo adequado para a submissatildeo e aprovaccedilatildeo do projeto pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
bull Para a elaboraccedilatildeo do cronograma devem-se utilizar palavras objetivas e claras em adequaccedilatildeo especiacutefica com o trabalho executado Aleacutem disso avaliaccedilatildeo criacutetica e bom-senso satildeo necessaacuterios a fim de que se estipulem prazos exequiacuteveis para que o projeto seja executado adequadamente De acordo com HADDAD (2004) os projetos de pesquisa em geral tecircm cinco fases apresentadas no quadro 91
Quadro 91 mdash Fases de um projeto de pesquisa
Fase preliminar Levantamento de bibliografia obtenccedilatildeo de equipamentos necessaacuterios convocaccedilatildeo de pesquisadores submissatildeo ao comitecirc de eacutetica em pesquisa
Fase preparatoacuteria Preparaccedilatildeo de meacutetodos treinamento de todos os pesquisadores elaboraccedilatildeo de meacutetodos de coleta (fichas questionaacuterios formulaacuterios) ajuste de instrumentos de coleta sorteio de amostras
Fase de coleta de dados Coleta em campo supervisatildeo e controle da qualidade da execuccedilatildeo
Fase de computaccedilatildeo e anaacutelise de dados Anaacutelise de dados caacutelculo de variaacuteveis intervalo de confianccedila testes de significacircncia estatiacutestica confecccedilatildeo de tabelas e graacuteficos
Fase de redaccedilatildeo do trabalho cientiacutefico Escrever o trabalho de acordo com as adequaccedilotildees para onde quer submetecirc-lo
Fonte HADDAD 2004
Em relaccedilatildeo agrave forma de apresentaccedilatildeo das tabelas haacute a opccedilatildeo de que se utilize o cabeccedilalho mecircsano (quadro 92) o formato mais tradicional ou pode-se optar por cabeccedilalho em nuacutemeros sequenciais (quadro 93) Neste uacuteltimo caso caso haja algum contratempo decorrente de atraso na liberaccedilatildeo dos recursos financeiros ou da aprovaccedilatildeo pelo CEP a tabela continuaraacute atualizada como exemplificado abaixo (tabela 3) Em pesquisas de menor duraccedilatildeo o tempo poderaacute ser delimitado por dias
Cronograma e Orccedilamento 81
semanas ou quinzenas Ao contraacuterio pesquisas de maior duraccedilatildeo podem ser divididas em bimestres ou trimestres
Quadro 92 mdash Modelo de cronograma com cabeccedilalho mecircsano
ETAPAS JAN2019 FEV2019 MAR2019Revisatildeo bibliograacutefica X
Elaboraccedilatildeo de questionaacuterio
X X
Coleta de dados em campo
X
Quadro 93 mdash Modelo de cronograma com cabeccedilalho com numeraccedilatildeo sequencial
ETAPAS MEcircS 1 MEcircS 2 MEcircS 3Revisatildeo bibliograacutefica X
Elaboraccedilatildeo de questionaacuterio
X X
Coleta de dados em campo
X
Obs O mecircs 1 se refere ao tempo decorrido imediatamente apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo CEP
82 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Abaixo outros exemplos de cronogramas que obedecem agraves diferentes maneiras de organizaccedilatildeo (quadros 94 e 95)
Quadro 94 mdash Modelo de cronograma de projeto de pesquisa com cabeccedilalho
numerado (dados proacuteprios)
Periacuteodo (ANOMEcircS) Ano 1 Ano 2 Ano 3
Procedimentos 1-4 5-8 9-12 1-4 5-8 9-12 1-4 5-8 9-12
Revisatildeo de literatura X X X X X X X X X
Levantamento dos prontuaacuterios X
Aquisiccedilatildeo do material X
Agendamento das consultas X
Recrutamento do grupo controle X
Atendimento dos pacientescoleta de dados X X X
Anaacutelise laboratorial X X X
Anaacutelise e elaboraccedilatildeo dos laudos de neuropatia autonocircmica
X X X
Anaacutelise e elaboraccedilatildeo dos laudos do ecocardiograma X X X
Confecccedilatildeo do banco de dados X
Anaacutelise estatiacutestica dos dados X
Elaboraccedilatildeo do artigopublicaccedilotildees Apresentaccedilatildeo em congressos
X X
Obs Mecircs 1 ndash Ano 1 seraacute considerado a partir da aprovaccedilatildeo do projeto pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da instituiccedilatildeo
Cronograma e Orccedilamento 83
Quadro 95 mdash Modelo de cronograma de projeto de pesquisa com cabeccedilalho
mecircsano (dados proacuteprios)
JanJun 2018
OutDez 2017
JanMar 2018
AbrJun 2018
JulSet
2018
OutDez 2018
JanMar 2019
MarJun 2019
Revisatildeo de literatura X X X X X X X X
Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio em pacientes internados em unidades de enfermaria
X
Revisatildeo de prontuaacuterios X
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos resultados X
Apresentaccedilatildeo dos resultados para equipe multidisciplinar corpo cliacutenico e gestores das referidas instituiccedilotildees
X
Implantaccedilatildeo do protocolo X X
Avaliaccedilatildeo da implementaccedilatildeo do protocolo X X
Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio em pacientes internados em unidades de enfermaria
X
Revisatildeo de prontuaacuterios X
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos resultados X
Reapresentaccedilatildeo dos resultados para equipe multidisciplinar corpo cliacutenico e gestores das referidas instituiccedilotildees
X
Elaboraccedilatildeo do artigopublicaccedilotildees Apresentaccedilatildeo em congressos
X
Por fim deve-se ter em mente que respeito aos prazos eacute sempre algo a ser buscado embora nem sempre seja conseguido Por mais que o cronograma seja bem planejado podem ocorrer imprevistos ou falhas Nesses casos readequaacute-lo poderaacute ser necessaacuterio sempre visando manter a qualidade da pesquisa e evitando comprometer as suas fases finais como a elaboraccedilatildeo dos relatoacuterios finais ou a redaccedilatildeo dos artigos cientiacuteficos (MACENA PINHEIRO CARNEIRO JUacuteNIOR 2015)
84 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
92 ORCcedilAMENTO
Toda pesquisa tem custos que precisam ser considerados por ocasiatildeo da elaboraccedilatildeo do projeto Os editais de financiamento de pesquisas lanccedilados pelas agecircncias de fomento e os Comitecircs de Eacutetica em Pesquisa sempre avaliam os orccedilamentos dos projetos enviados para apreciaccedilatildeo Portanto essa etapa deve ser elaborada de maneira apropriada evitando que projetos adequados do ponto de vista eacutetico e metodoloacutegico incorram em equiacutevocos relacionados a esse quesito
Os itens do orccedilamento podem ser divididos em itens de custeio e itens de capital As despesas de custeio satildeo aquelas decorrentes da aquisiccedilatildeo de materiais de consumo serviccedilos de terceiros diaacuterias passagens e bolsas As despesas de capital por sua vez satildeo aquelas que se traduzem em investimento que poderatildeo ser incorporados ao patrimocircnio da instituiccedilatildeo de pesquisa como equipamentos material bibliograacutefico computadores impressoras obras etc Uma grande parte dos editais de financiamento das agecircncias de fomento determina uma proporccedilatildeo entre despesas de custeio e despesas de capital (GIL 2002)
Outro item que pode ser adicionado ao orccedilamento eacute a contrapartida ou seja quais seratildeo as despesas a serem assumidas pela instituiccedilatildeo onde a pesquisa seraacute realizada como exemplo podem-se citar os gastos com despesas habituais como alimentaccedilatildeo energia aacutegua e transporte (CAVALCANTI amp MACENA 2015)
Geralmente apresenta-se o orccedilamento sob a forma de uma tabela Devem ser especificados de forma detalhada os seguintes itens materiais permanentes (como impressoras computadores armaacuterios mesas bancadas equipamentos de laboratoacuterio etc) material de consumo (papel cartuchos de tinta luvas pastas-arquivo canetas etc) serviccedilos de terceiros (estatiacutestico tradutor revisor ortograacutefico etc) e recursos humanos (bolsas para pesquisadores estudantes etc) Devem ser indicados a quantidade de cada item o valor unitaacuterio e o valor total Abaixo segue exemplo de uma tabela de orccedilamento (quadro 96)
Cronograma e Orccedilamento 85
Quadro 96 mdash Modelo de orccedilamento de projeto de pesquisa (dados proacuteprios)
ITENS DE CUSTEIO
Materiais de consumo
Item QuantidadeValor
R$ TotalPapel A4 (resmas) 4 10000 10000Cartuchos de tinta 5 50000 50000Pastas-arquivo 10 50000 50000Canetas 20 5000 5000Subtotal R$ 115000
Serviccedilos de terceiros
Item QuantidadeValor
R$ TotalTradutor para liacutengua inglesa 1 80000 80000Revisor ortograacutefico 1 50000 50000Estatiacutestico 1 100000 100000Subtotal R$ 230000
Recursos humanos
Item QuantidadeValor
R$ TotalBolsa mensal para aluno de graduaccedilatildeo 24 50000 1200000
Subtotal R$ 1200000
86 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ITENS DE CAPITAL
Item QuantidadeValor
R$ TotalAparelho de ultrassonografia Sonoace R3 2 port BRA V20 + Transdutor linear de 5 a 12 Mhz
1 4000000 4000000
Notebook LG IntelCore 16 1 150000 150000Impressora jato de tinta 1 100000 100000Subtotal R$ 4250000
ORCcedilAMENTO FINAL
CUSTEIO R$ 1545000CAPITAL R$ 4250000TOTAL R$ 5795000
Em adiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo de todos os itens e custos eacute importante informar quem seraacute o provedor desses recursos A caracterizaccedilatildeo das fontes de financiamento visa dar transparecircncia agrave participaccedilatildeo e agrave forma de aplicaccedilatildeo das diferentes fontes de recursos aplicados em determinada pesquisa Qualquer forma de remuneraccedilatildeo dos indiviacuteduos pesquisados que natildeo se caracterize como ressarcimento de despesas ou remuneraccedilatildeo dos pesquisadores ou funcionaacuterios puacuteblicos com verbas oriundas de recursos de agecircncias de fomento natildeo eacute permitido
Cronograma e Orccedilamento 87
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G MACENA RHM Como fazer um orccedilamento honesto In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 13 p 85-88
GIL A C Como calcular o tempo e o custo do projeto In GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 cap 15 p 155-160
HADDAD N Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho cientiacutefico Satildeo Paulo Roca 2004
MACENA RHM PINHEIRO MA CARNEIRO JUacuteNIOR EC Como elaborar um cronograma claro e objetivo In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 12 p 81-83
89
10APEcircNDICES E ANEXOS
Vitoacuteria Costa Lima
ldquoParte anexa acreacutescimo ou prolongamento de uma parte principal
suplemento no fim de uma obrardquo
diciocombr
Ao final do texto de um projeto de pesquisa ou trabalho acadecircmico podem ser adicionados elementos poacutes-textuais opcionais que complementam o texto principal satildeo os apecircndices e anexos
O apecircndice consiste em um texto ou documento elaborado pelo autor em que satildeo expostas informaccedilotildees complementares sobre o desenvolvimento do trabalho Na maioria das vezes os apecircndices consistem em documentos que complementam informaccedilotildees sobre os meacutetodos da pesquisa como instrumentos para coleta de dados ou documentos relacionados agrave anaacutelise regulatoacuteria e eacutetica como solicitaccedilatildeo de autorizaccedilatildeo para a pesquisa termos de consentimento livre e esclarecido etc Caso o autor julgue pertinente ao produzir o artigo cientiacutefico alguns apecircndices podem ser apresentados como material suplementar
O anexo por sua vez consiste em um texto ou documento natildeo elaborado pelo autor mas que em seu julgamento acrescenta informaccedilotildees importantes relacionadas ao seu trabalho Os anexos servem de apoio para a estrutura do texto pois permitem organizaacute-lo de forma a evitar a inclusatildeo de muitos documentos adicionais facilitando a leitura do texto principal Assim como os apecircndices os anexos podem ser parte da anaacutelise regulatoacuteria e eacutetica (carta de aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa carta de anuecircncia do local onde a pesquisa seraacute realizada) bem como metodoloacutegica (instruccedilotildees e teacutecnicas para realizaccedilatildeo de um exame descriccedilatildeo de um equipamento valores de referecircncia de determinado analito ou meacutetodo etc)
Segundo as normas da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) os apecircndices e anexos devem ser elaborados de acordo com as seguintes instruccedilotildees
bull identificaccedilatildeo por uma letra do alfabeto em caixa alta
bull tiacutetulo centralizado em negrito separado por hiacutefen
bull fonte Arial 10 ou Times New Roman 12
90 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull paacuteginas enumeradas seguindo a ordem do texto discriminadas no sumaacuterio
Seguem exemplos
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio sobre o perfil dos pacientes internados por quedas e fraturas em hospital terciaacuterio de trauma em Fortaleza ndash CE
APEcircNDICE B ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
APEcircNDICE C ndash Carta de anuecircncia da chefia do setor onde a pesquisa seraacute realizada
ANEXO A ndash Parecer de aprovaccedilatildeo do projeto no Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
ANEXO B ndash Valores de referecircncia para os testes autonocircmicos cardiovasculares
Apecircndices e Anexos 91
REFEREcircNCIAS
NORMAS Teacutecnicas Anexos [S l s n] [20--] Disponiacutevel em httpswwwnormastecnicascomabnttrabalhos-academicosanexos Acesso em 16 maio 2019
93
11REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Victor Gomes PitombeiraClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoA leitura traz ao homem plenitude ao discurso seguranccedila e agrave escrita precisatildeordquo
Francis Bacon
As referecircncias bibliograacuteficas satildeo elemento obrigatoacuterio na estrutura de uma produccedilatildeo acadecircmica satildeo constituiacutedas por todo material impresso eletrocircnico ou audiovisual que eacute utilizado na elaboraccedilatildeo de um texto cientiacutefico (EVANGELISTA et al 2015) O processo de referenciar tais materiais eacute de extrema importacircncia para a demonstraccedilatildeo da validade e confiabilidade de uma produccedilatildeo acadecircmica
As referecircncias satildeo o testemunho das fontes que o pesquisador se valeu para construir as citaccedilotildees de seu trabalho formando a base de conhecimento sobre o qual foi elaborada determinada pesquisa Apesar de o processo de ajuste de referecircncias quase sempre desgastante e monoacutetono parecer apenas puramente mecacircnico ele tem seu valor porque contribui para a formaccedilatildeo intelectual do pesquisador (REIZ 2013)
Muitas vezes antes de iniciar a redaccedilatildeo de um trabalho cientiacutefico o pesquisador jaacute tem em mente quais as principais referecircncias para seu projeto ou artigo tendo em vista que o processo de delimitaccedilatildeo de um tema de pesquisa eacute oriundo de vasta leitura sobre o assunto No entanto muitos autores natildeo se preparam adequadamente para essa etapa da escrita dificultando o ajuste das referecircncias por ocasiatildeo da finalizaccedilatildeo do texto
Neste capiacutetulo seratildeo apresentados aspectos relevantes a serem considerados durante a seleccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo das referecircncias bibliograacuteficas de um trabalho acadecircmico
111 ASPECTOS RELEVANTES DURANTE A SELECcedilAtildeO DAS REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
O primeiro aspecto a ser ressaltado eacute que natildeo se deve confundir quantidade de referecircncias com qualidade Uma produccedilatildeo com muitas referecircncias nem sempre eacute a de melhor qualidade Na verdade eacute preferiacutevel que um artigo tenha boas referecircncias a ter numerosas visto que muitas revistas e perioacutedicos limitam o seu nuacutemero Mas
94 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
como selecionar boas referecircncias
Deve-se sempre que possiacutevel buscar revistas com alto fator de impacto Esse fator mede a importacircncia de determinado perioacutedico para a comunidade cientiacutefica Normalmente aqueles que tecircm maior fator de impacto tambeacutem tendem a ter melhores publicaccedilotildees transmitindo maior credibilidade ao leitor (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
Deve-se levar em consideraccedilatildeo ainda o grau de evidecircncia das referecircncias citadas Eacute preferiacutevel que se incluam referecircncias que forneccedilam um maior grau de evidecircncia cientiacutefica Deve-se avaliar criticamente o grau de evidecircncia das fontes citadas dando prioridade para incluir artigos com desenhos adequados para o tema sob estudo Por exemplo para pesquisas sobre faacutermacos eacute melhor que sejam priorizadas as citaccedilotildees de ensaios cliacutenicos em detrimento de citaccedilotildees de relatos de caso Para pesquisas sobre fatores de risco para doenccedilas satildeo preferiacuteveis estudos de coorte com nuacutemero adequado de pacientes a estudos transversais A piracircmide ilustrada abaixo classifica as evidecircncias de acordo com o grau de hierarquia (figura 111) e pode ser uacutetil por ocasiatildeo da seleccedilatildeo das fontes bibliograacuteficas de uma produccedilatildeo acadecircmica
Figura 111 mdash Hierarquia do grau de evidecircncia para estudos sobre tratamento (intervenccedilotildees)
Onde RS ndash revisotildees sistemaacuteticas ECR ndash ensaio cliacutenico randomizado Nota para estudos de diagnoacutestico ou prognoacutestico devem-se considerar as revisotildees sistemaacuteticas de coortes e estudos de coorte validados como o topo da piracircmide (Adaptado de MELNYK 2011)
Apecircndices e Anexos 95
A data da publicaccedilatildeo do material bibliograacutefico eacute outro aspecto relevante Eacute sempre bom manter suas fontes bem atualizadas procurando artigos recentes incluindo publicaccedilotildees dos uacuteltimos cinco anos em meacutedia Entretanto deve-se ressaltar que nem sempre eacute indicado referenciar apenas os textos mais recentes sobre determinado assunto Faz parte do trabalho do autor saber balancear a idade da publicaccedilatildeo agrave sua importacircncia
Existem diversos trabalhos antigos que trouxeram conceitos importantes e edificaram o conhecimento sobre determinado assunto ou seja artigos de grande impacto inovadores para sua eacutepoca sendo imprescindiacutevel que sejam citados Em contrapartida haacute diversos artigos mais recentes que apesar de estarem anos agrave frente pouco acrescentam agrave aacuterea ou trazem meacutetodos duvidosos ou natildeo passaram por criteriosa avaliaccedilatildeo antes de serem publicados Nesse caso pode ser mais saudaacutevel para a produccedilatildeo cientiacutefica que o autor priorize o artigo mais antigo do que opte por um mais novo mas que talvez natildeo traga tanto embasamento e fundamentaccedilatildeo Assim sempre que possiacutevel ao citar conceitos claacutessicos deve-se identificar os primeiros autores a descrevecirc-los
Outro fator que deve ser levado em consideraccedilatildeo eacute a disponibilidade da referecircncia O material referenciado precisa ser acessiacutevel Quanto agrave acessibilidade entende-se como ser acessado pela internet para a realidade do seacuteculo XXI Os mais radicais defendem que atualmente se um artigo natildeo existir na internet por qualquer que seja a razatildeo ele simplesmente natildeo existe (REIZ 2013)
112 NORMAS PARA A ELABORACcedilAtildeO DAS REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Cada veiacuteculo tem normas determinadas que regem o modo como devem ser diagramados organizados e redigidos os artigos submetidos para publicaccedilatildeo O referenciamento bibliograacutefico pode seguir diversos padrotildees No Brasil a construccedilatildeo das referecircncias eacute regida sob a Norma NBR6023 da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) que teve sua uacuteltima atualizaccedilatildeo feita em 2018 (wwwabntorgbr httpswwwyoutubecomwatchv=-lhwOCKE-N4) Outros padrotildees no entanto podem ser utilizados
Dentro da aacuterea da sauacutede e especialmente fora do Brasil o estilo Vancouver eacute o mais utilizado e pode ser acessado no endereccedilo wwwncbinlmnihgovbooksnbk7256 A lista de abreviaturas dos tiacutetulos de perioacutedicos que deve ser padronizada nas referecircncias pode ser acessada em wwwnlmnihgovtsdserialsljihtml
Eacute imprescindiacutevel que o autor se informe acerca de quais satildeo as normas do veiacuteculo em que pretende publicar seu artigo para que adapte a bibliografia ao modelo requerido Foge ao escopo deste capiacutetulo discriminar as regras de cada uma desses padrotildees Sugerimos acessar as normas de acordo com o indicado pela agecircncia
96 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
de fomento ou perioacutedico cientiacutefico ou ainda utilizar ferramentas ou programas especiacuteficos para a elaboraccedilatildeo de referecircncias bibliograacuteficas
113 FERRAMENTAS E LINKS UacuteTEIS
O processo de elaboraccedilatildeo e escrita das referecircncias bibliograacuteficas eacute para a maioria dos autores monoacutetono e cansativo Devido agrave grande quantidade de detalhes muitas pessoas recorrem a ferramentas de referenciaccedilatildeo desenvolvidas especificamente para esse propoacutesito Existem diversas opccedilotildees algumas pagas e outras gratuitas
Entre as opccedilotildees gratuitas existem o Docear (wwwdocearorg) desenvolvido em universidades o Zotero (wwwzoteroorg) criado em um centro de miacutedias o Facilis (httpfacilisuesbbr) e por fim o MORE criado pela Universidade Federal de Santa Catarina (httpwwwmoreufscbr) Esses dois uacuteltimos foram desenvolvidos para que pudessem gerar referecircncias de acordo com as normas da ABNT
Geralmente os softwares pagos possuem mais ferramentas e funccedilotildees sendo otimizados em relaccedilatildeo aos gratuitos Entre as opccedilotildees pagas estatildeo o Biblioscape (wwwbiblioscapecom) desenvolvido pela CG Informationreg o EndNote (wwwendnotecom) da Clarivate Analyticsreg e o Mendeley (wwwmendeleycom) da Elsevierreg Esses softwares foram desenvolvidos por empresas estrangeiras
Aleacutem das opccedilotildees citadas acima alguns editores de texto como o proacuteprio Microsoft Wordreg possuem ferramentas proacuteprias de referenciamento de texto No entanto ateacute o momento natildeo foi implementado junto ao Word nenhum modelo de norma da ABNT (httpssupportofficecompt-brarticlecriar-uma-bibliografia-citaC3A7C3B5es-e-referC3AAncias-17686589-4824-4940-9c69-342c289fa2a5)
Apecircndices e Anexos 97
REFEREcircNCIAS
ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referecircncias elaboraccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro ABNT 2018
EVANGELISTA D S et al Como preparar minhas referecircncias bibliograacuteficas In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 15 p 91-110
MEDEIROS J B TOMASI C Normas para apresentar referecircncias In MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017 cap 9 p 203-224
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
MELNYK B M Evidence-based practice in nursing amp healthcare a guide to best practice 2nd ed Philadelphia Wolters KluwerLippincott Williams amp Wilkin 2011
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
PARTE II Os bastidores da elaboraccedilatildeo de uma produccedilatildeo cientiacutefica (ou Os alicercesretaguarda de uma
boa produccedilatildeo acadecircmica)
101
12COMO REALIZAR UMA BOA REVISAtildeO
BIBLIOGRAacuteFICA
Victor Hugo Lima JacintoVeyda Lourdes Ferreira Martins
Lilian Loureiro Albuquerque Cavalcante
ldquoCada investigador analisa minuciosamente os trabalhos dos investigadores que o precederam e soacute entatildeo compreendido o testemunho que lhe foi confiado parte
equipado para a sua proacutepria aventurardquo
(CARDOSO et al 2010)
121 INTRODUCcedilAtildeO
A revisatildeo bibliograacutefica ou revisatildeo de literatura corresponde ao compilado de conhecimentos que fundamentam a base teoacuterica da pesquisa Eacute indispensaacutevel para definir o problema ou questionamento bem como para obter uma ideia precisa do panorama atual sobre algum tema as suas lacunas e a contribuiccedilatildeo da investigaccedilatildeo para o desenvolvimento do conhecimento (BENTO2012)
Segundo Pereira (2012) ldquoa revisatildeo da literatura diz respeito agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica que seraacute adotada para tratar do tema e do problema da pesquisa Por meio da anaacutelise da literatura publicada eacute possiacutevel traccedilar um quadro teoacuterico e conceitual que daraacute sustentaccedilatildeo ao desenvolvimento da pesquisardquo
122 INICIANDO A REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Como prerrogativa para o iniacutecio da busca bibliograacutefica o pesquisador necessita delinear o problemapergunta da pesquisa Deve estar ciente de qual eacute a finalidade do projeto (MOREIRA 2004 CARDOSO ALARCAtildeO CELORICO 2010) A leitura preacutevia de alguns textos para a seleccedilatildeo adequada do objetivo central e para o estabelecimento de possiacuteveis questionamentos eacute o primeiro passo para o direcionamento da revisatildeo da literatura Bem executada embasa uma produccedilatildeo cientiacutefica relevante que contribuiraacute para a evoluccedilatildeo do conhecimento
Muitos estudos apresentam falhas devido a natildeo delimitaccedilatildeo correta do problema A revisatildeo bibliograacutefica auxilia nessa compreensatildeo como tambeacutem evita
102 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
recorrer a pontos jaacute bem discutidos (BARROS 2011) Nesse contexto eacute vaacutelido acrescentar que novos campos investigativos podem ser evidenciados tanto em temas jaacute bem abordados quanto em aacutereas pouco desenvolvidas (BENTO 2012)
Uma estrateacutegia difundida no meio acadecircmico para iniciar uma revisatildeo de literatura eacute a estrateacutegia PICO A sigla representa um acrocircnimo para populaccedilatildeo Intervenccedilatildeo Comparaccedilatildeo e Outcomes (desfechos) pontos essenciais para a construccedilatildeo da pesquisa e do questionamento para a busca bibliograacutefica
A estrateacutegia PICO pode ser utilizada para construir questotildees de pesquisa de naturezas diversas oriundas da cliacutenica do gerenciamento de recursos humanos e materiais da busca de ferramentas para avaliaccedilatildeo de sintomas entre outras Se a pergunta da pesquisa estiver bem delineada pode-se direcionar de forma mais assertiva a busca da literatura relacionada nas bases de dados O MEDLINEPubMed uma das plataformas de pesquisa bem reconhecida disponibiliza uma interface para inserccedilatildeo direta dos quatro componentes da estrateacutegia PICO citada anteriormente podendo ser acessada por meio do endereccedilo eletrocircnico httpaskmedlinenlmnihgovaskpicophp
123 TIPOS DE REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A revisatildeo da literatura pode ser de trecircs tipos narrativa integrativa e sistemaacutetica Independentemente da metodologia todas buscam conhecer o panorama atual do tema em investigaccedilatildeo
A revisatildeo do tipo narrativa tambeacutem conhecida como exploratoacuteria ou tradicional natildeo apresenta criteacuterios sistemaacuteticos nem utiliza estrateacutegias rebuscadas para filtrar os estudos publicados O pesquisador seleciona a bibliografia sem exaurir toda a literatura disponiacutevel (CORDEIRO et al 2007)
A revisatildeo integrativa eacute um meacutetodo que proporciona a siacutentese de conhecimento e a incorporaccedilatildeo da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na praacutetica apresentando maior planejamento com criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo bem desenhados e maior rigor metodoloacutegico (SOUZA 2010)
A revisatildeo sistemaacutetica por sua vez eacute realizada sob planejamento estruturado baseada em um tema especiacutefico bem delimitado com a inclusatildeo de estudos com meacutetodos semelhantes (ERCOLE MELO ALCOFORDA 2014) Busca-se com esse controle metodoloacutegico para a seleccedilatildeo dos estudos evitar vieses e erros aleatoacuterios Trata-se portanto de um meacutetodo de revisatildeo reprodutiacutevel que combina resultados de diferentes estudos com criteacuterios de seleccedilatildeo claros Nesse processo diferentemente da revisatildeo tipo narrativa e integrativa faz-se necessaacuteria a participaccedilatildeo de pelo menos dois pesquisadores que trabalham de forma independente para a definiccedilatildeo de quais dados coletados faratildeo parte da anaacutelise final (CORDEIRO et al 2007)
Os dados obtidos a partir de revisotildees sistemaacuteticas podem ser analisados
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 103
atraveacutes da aplicaccedilatildeo da teacutecnica de metanaacutelise que consiste em um meacutetodo de anaacutelise estatiacutestica especialmente desenvolvido para integrar os resultados de dois ou mais estudos independentes sobre uma mesma questatildeo de pesquisa combinando em uma medida resumo os resultados de tais estudos (EGGER SMITH 1997) As metanaacutelises funcionam como uma ldquoextensatildeordquo da pesquisa bibliograacutefica sistemaacutetica fornecendo estimativas mais precisas e maior generalizaccedilatildeo dos resultados
124 PONTOS CRIacuteTICOS QUANTIDADE VERSUS QUALIDADE DAS FONTES BIBLIOGRAacuteFICAS
No processo de construccedilatildeo do trabalho uma duacutevida frequente se refere agrave quantidade de fontes necessaacuterias para o sucesso de uma boa produccedilatildeo Agrave medida que se observam informaccedilotildees repetidas durante a pesquisa bibliograacutefica entende-se que a busca estaacute em finalizaccedilatildeo Eacute o que se denomina ldquoponto de saturaccedilatildeordquo (BENTO 2012) O foco deve ser direcionado agrave qualidade das informaccedilotildees coletadas enfatizando-se a relevacircncia dos dados obtidos bem como sua anaacutelise criacutetica
Outro ponto de duacutevida eacute como avaliar a qualidade da fonte a ser utilizada Recomenda-se iniciar a busca por meio de publicaccedilotildees com maior niacutevel de evidecircncia e se possiacutevel mais recentes (CARDOSO 2010)
Eacute imprescindiacutevel esclarecer que a revisatildeo bibliograacutefica natildeo consiste apenas em conhecer outras pesquisas e filtrar alguns dados Representa em sua essecircncia estabelecer uma visatildeo criacutetica acerca dos objetos de pesquisa sendo primordial a comparaccedilatildeoconfronto entre os trabalhos analisados Requer preparo e maturidade dos pesquisadores que vatildeo aprimorando-se ao longo das atividades acadecircmicas
Eacute importante estar atento para possiacuteveis erros na busca bibliograacutefica Devem ser evitados estudos com desenhos questionaacuteveis Natildeo se deve desprezar nenhuma obra importante acerca do tema abordado (CARDOSO 2010) O aprofundamento da revisatildeo cientiacutefica melhora a credibilidade da pesquisa Sugere-se realizar a pesquisa bibliograacutefica na seguinte ordem (ANDRADE 2009)
bull artigos publicados em perioacutedicos internacionais de alto impacto
bull artigos publicados em perioacutedicos nacionais reconhecidos
bull livros publicados por bons editores
bull teses e dissertaccedilotildees
bull anais de conferecircncias internacionais
bull anais de conferecircncias nacionais
104 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
125 ELABORANDO UM RESUMO DAS REFEREcircNCIAS SELECIONADAS
De uma maneira geral sugere-se que os pesquisadores devam selecionar as partes mais relevantes de cada texto e registrar as ideias oriundas a partir do estudo de todas as fontes selecionadas Apoacutes a finalizaccedilatildeo dessa leitura pode-se escrever um resumo enfatizando os dados mais importantes referenciando-os de forma adequada Para otimizar o tempo dispensado para a elaboraccedilatildeo das referecircncias bibliograacuteficas deve-se estar atento agraves citaccedilotildees que podem ser utilizadas posteriormente
126 FONTES DE PESQUISA
A pesquisa bibliograacutefica pode ser realizada em diferentes fontes sendo as principais artigos cientiacuteficos livros teses dissertaccedilotildees manuais normas teacutecnicas entre outras
Atualmente a internet representa a principal fonte de busca literaacuteria com vasto acervo bibliograacutefico Haacute diversos sites atualmente disponiacuteveis Alguns artigos natildeo estatildeo disponiacuteveis de forma gratuita devendo ser adquiridos por meio de taxas direcionadas agraves revistas cientiacuteficas ou por meio de centros universitaacuterios que as disponibilizam para os acadecircmicos e pesquisadores Seguem no quadro 121 abaixo os principais sites de pesquisa bibliograacutefica
Quadro 121 mdash Links para sites de pesquisa bibliograacutefica
Base Caracteriacutestica da Base de Dados
MEDLINE
Dados bibliograacuteficos da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos Ameacuterica (EUA) com artigos de jornais cientiacuteficos da aacuterea meacutedica dos EUA e de outros paiacuteses (PUBMED
MEDLINEPubMed Literatura biomeacutedica Conteacutem textos completos
LILACS Dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede
Perioacutedicos CAPES Disponibiliza produccedilatildeo cientiacutefica internacional
SciELO Perioacutedicos cientiacuteficos de base multidisciplinar do Brasil Ameacuterica Latina e Caribe
Google Scholar Pesquisa de materiais acadecircmicos variadosCochrane Database of Systematic Review Tratamentos de sauacutede e intervenccedilotildees sociais
ERICEducaccedilatildeo e temas relacionados Indexa artigos resumos de congressos teses Dissertaccedilotildees monografias dentre outros materiais
Continua
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 105
Base Caracteriacutestica da Base de DadosScience Direct Multidisciplinar
Web of Science Multidisciplinar Indexa apenas os perioacutedicos mais citados em seus respectivos campos
Banco de teses da CAPES Multidisciplinar Reuacutene teses e dissertaccedilotildees brasileiras
BVS
Permite realizar uma busca integrada nas bases de dados da BIREME Informaccedilotildees em sauacutede na Ameacuterica Latina com resumos e referecircncias de artigos na aacuterea da sauacutede
ClinicalKey Site de pesquisa meacutedica que com acesso a publicaccedilotildees da editora Elsevier
SAGE Foco nas aacutereas de ciecircncias humanas e ciecircncias sociais aplicadas
Research Evidence in Education Library Intervenccedilotildees educacionaisThe Campbell Collaboration Intervenccedilotildees sociais e poliacuteticas puacuteblicasThe Evidence for Policy and Practice Information and Co-ordinating Centre (EPPI-Centre) Sauacutede sociais e poliacuteticas puacuteblicas
Para facilitar as pesquisas em tais bases eletrocircnicas alguns instrumentos de refinamento da busca bibliograacutefica podem ser utilizados Satildeo filtros que podem ser associados agraves palavras-chave para delimitar a busca tais como data de publicaccedilatildeo idioma tipo de artigo (revisatildeo sistemaacutetica metanaacutelise ensaio cliacutenico etc)
Aleacutem disso podem ser utilizados operadores de busca que auxiliam a pesquisa nas bases de dados No quadro 122 estatildeo citados os principais operadores utilizados
Quadro 122 mdash Operadores de busca para pesquisa bibliograacutefica em bases de dados cientiacuteficos
Operadores de buscaOperadores loacutegicos ou Booleanos
AND Recupera apenas os registros que contecircm ambos os termos da busca Ex diabetes AND dyslipidemia
OR Recupera registros tanto de um termo da busca quanto do outro Ex gestation OR pregnancy
NOTRecupera os registros relacionados ao primeiro termo da busca que natildeo conteacutem o segundo termo Ex dyslipidemia NOT child
Operador de mascaramentoContinua
106 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Operadores de busca
Substitui uma letra da palavra da busca por para possiacuteveis variaccedilotildees na escrita Ex Brail (dados com Brasil e Brazil)
Operador de truncamento
Substitui a finalizaccedilatildeo de uma palavra Ex diabet (dados com diabetes diabetic diabetology)
Obs 1 Os operadores Booleanos devem ser sempre escritos em letra maiuacutescula e podem ser inseridos entre qualquer termo que esteja sendo pesquisadoObs 2 Diante de um termo composto haacute a necessidade do uso das aspas para a especificaccedilatildeo dos termos Ex ldquotype 1 diabetes mellitusrdquo AND ldquophysical exerciserdquoObs 3 Para a combinaccedilatildeo e orientaccedilatildeo de buscas pode-se usar a ferramenta parecircnteses As informaccedilotildees entre parecircnteses satildeo consideradas primeiro Ex (Type 1 OR Type 2 diabetes) AND ldquophysical exercicerdquo
As palavras-chave ou descritores devem estar inseridos na plataforma de busca previamente Natildeo podem ser criadas de forma aleatoacuteria No PubMed pode-se utilizar a ferramenta MesH para a visualizaccedilatildeo dos termos mais adequados Para isso deve-se acessar o link MeSH no filtro Search na primeira paacutegina de acesso ao site Caso a palavra-chave natildeo esteja na lista da plataforma o sistema sugeriraacute o termo mais adequado
127 PASSOS PARA A REVISAtildeO DA LITERATURA
A compreensatildeo das etapas envolvidas na busca bibliograacutefica representa o alicerce baacutesico para a confecccedilatildeo de uma redaccedilatildeo cientiacutefica de qualidade De acordo com Bento (2012) uma boa revisatildeo bibliograacutefica eacute composta principalmente por quatro etapas conforme segue abaixo
bull Identificar palavras-chave ou descritores deve ser criada uma seacuterie de palavras-chave acerca do tema em investigaccedilatildeo para que seja realizada a pesquisa nas bases de dados
bull Rever fontes secundaacuterias representam redaccedilotildees de autores que interpretam trabalhos de outros estudiosos
bull Recolher fontes primaacuterias corresponde ao estudo dos trabalhos originais de autores e investigadores sendo coletados principalmente por meio de artigos em perioacutedicos cientiacuteficos Uma estrateacutegia recomendada nessa etapa eacute classificar cada fonte como ldquomuito importanterdquo ldquomoderadamente importanterdquo e ldquoalgo importanterdquo
bull Ler criticamente e resumir a literatura esse passo envolve questionar especular avaliar repensar e sintetizar de forma criacutetica a literatura recolhida Eacute importante avaliar nesse toacutepico aspectos relevantes do seu estudo pontos em comum entre os autores e questotildees natildeo abordadas ateacute o momento
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 107
No quadro 123 seguem algumas orientaccedilotildees para a sistematizaccedilatildeo do processo de revisatildeo de literatura
Quadro 123 mdash Sugestatildeo de roteiro para a realizaccedilatildeo da revisatildeo de literatura e estudo do estado da arte de um tema
Defina o tema da pesquisaLeia trabalhos relacionadosDelimite o problemaSelecione palavras-chave ou descritoresInicie a busca nas bases de dados para pesquisa bibliograacuteficaSelecione os tiacutetulos relacionados leia os resumos e toacutepicos principaisRealize a leitura completa das obras selecionadasFaccedila resumos com anaacutelise criacuteticaArquive os dados para reanaacutelise posteriorUtilize a sua revisatildeo para embasar seu projeto ou artigo ou ainda para elaborar uma revisatildeo de literatura
128 CONCLUSAtildeO
Conhecer os passos para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa bibliograacutefica de qualidade representa uma etapa importante para a vida acadecircmica Atualmente estatildeo disponiacuteveis diversas bases de dados eletrocircnicas que vieram para facilitar esse processo permitindo o acesso dos pesquisadores a amplo conteuacutedo cientiacutefico Ser capaz de identificar entre esse vasto universo de publicaccedilotildees aquelas que satildeo relevantes para o desenvolvimento cientiacutefico consiste em condiccedilatildeo essencial para a elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa e artigos cientiacuteficos de qualidade
108 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
BENTO A Como fazer uma revisatildeo da literatura consideraccedilotildees teoacutericas e praacuteticas Madeira [s n] 201- Disponiacutevel em httpwww3umaptbentoRepositorioRevisaodaliteraturapdf Acesso em 22 nov 2020
MOREIRA W Revisatildeo de Literatura e Desenvolvimento Cientiacutefico conceitos e estrateacutegias para confecccedilatildeo [S l s n] 2004 Disponiacutevel em httpsfilescercompufgbrwebyup19oRevis__o_de_Literatura_e_desenvolvimento_cient__ficopdf Acesso em 09 jul 2020
CORDEIRO A M et al Revisatildeo sistemaacutetica uma revisatildeo narrativa Rev Col Bras Cir Rio de Janeiro v 34 n 6 p 428-431 dez 2007
SOUZA M T SILVA M D CARVALHO R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein [S l] v 8 n1 p 102-6 2010
ERCOLE F F MELO L S ALCOFORADO C L G C Revisatildeo integrativa versus revisatildeo sistemaacutetica REME - Rev Min Enferm Belo Horizonte v 18 n 1 janmar 2014 Disponiacutevel em httpwwwdxdoiorg1059351415-276220140001 Acesso em 11 jul 2020
ANDRADE MM Introduccedilatildeo agrave metodologia do trabalho cientiacutefico elaboraccedilatildeo de trabalhos na graduaccedilatildeo9 ed Satildeo Paulo Atlas 2009
EGGER M SMITH G D Meta-analysis potentials and promise BMJ Londres v 315 n 7119 p 1371-4 nov 1997
BARROS J A A Revisatildeo Bibliograacutefica - Dimensatildeo fundamental para o planejamento da Pesquisa Instrumento R Est Pesq Educ Juiacutez de Fora v 13 n 1 2011
109
13A REDACcedilAtildeO ACADEcircMICA DICAS PARA UMA BOA
ESCRITA
Veyda Lourdes Ferreira MartinsClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoO gosto pela escrita cresce agrave medida que se escreverdquo
Erasmo de Rotherdam
A evoluccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico somente eacute possiacutevel por meio da transmissatildeo das descobertas oriundas de pesquisas nas mais diversas aacutereas e para que isso ocorra o exerciacutecio da escrita se faz fundamental O sucesso de uma produccedilatildeo acadecircmica passa pela qualidade da escrita ao final do processo Saber escrever um bom texto cientiacutefico eacute tatildeo importante quanto saber executar as demais fases da pesquisa Poreacutem escrever bem natildeo eacute uma tarefa simples Mesmo com vocaccedilatildeo e habilidades inatas eacute necessaacuteria a praacutetica constante da redaccedilatildeo visando a seu aperfeiccediloamento contiacutenuo por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades teacutecnicas
Aleacutem disso escrever bem envolve conhecer o puacuteblico para o qual se destina o seu produto De uma maneira geral a escrita cientiacutefica apresenta particularidades especiacuteficas que visam agrave transmissatildeo de informaccedilatildeo e conhecimento com objetividade exatidatildeo ldquoimparcialidaderdquo e eacutetica como deseja o leitor de um trabalho cientiacutefico Segundo Reiz (2012) eacute essencial distinguir redaccedilatildeo cientiacutefica e redaccedilatildeo literaacuteria (quadro 131)
Assim o objetivo deste capiacutetulo eacute apresentar algumas consideraccedilotildees sobre a escrita acadecircmica discutindo alguns viacutecios comumente observados e como evitaacute-los
131 A ESCRITA ACADEcircMICA
Redigir um texto geralmente eacute uma das partes mais difiacuteceis de um trabalho acadecircmico gerando diferentes graus de inseguranccedila no aluno Esse fenocircmeno contudo eacute algo frequente e esperado que tende a melhorar ao longo da redaccedilatildeo Agrave medida que o aluno vai escrevendo o bloqueio e a inseguranccedila inicial tendem a diminuir e as ideias comeccedilam a surgir
110 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 131 mdash Diferenccedilas entre a redaccedilatildeo cientiacutefica e literaacuteria
Redaccedilatildeo cientiacutefica Redaccedilatildeo literaacuteriaInformaccedilatildeo e conhecimento Sentimento e emoccedilatildeoTeacutecnica EsteacuteticaObjetividade SubjetividadeExatidatildeo Adorno na expressatildeoNormas de uso obrigatoacuterio Livre escolhaPrecisatildeo Interpretaccedilotildees diversas (estiacutemulo agrave imaginaccedilatildeo)Denotaccedilatildeo ConotaccedilatildeoEspecificaccedilatildeo GeneralizaccedilatildeoModeacutestia e sobriedade Requinte e refinamentoImparcialidade Juiacutezo de valor
Adaptado de Reiz 2012
Entatildeo a primeira dica eacute COMECE Mesmo que o texto seja reformulado depois comece a escrever Natildeo importa se a primeira versatildeo natildeo ficou adequada o texto sempre poderaacute ser reformulado com a ajuda do orientador ou de pesquisadores mais experientes No entanto cuidado natildeo inicie a redaccedilatildeo antes de conhecer muito bem a histoacuteria que iraacute contar (VOLPATO 2015)
Ao iniciar eacute importante que o aluno calcule adequadamente o tempo necessaacuterio para finalizar a versatildeo inicial de sua produccedilatildeo planejando tempo haacutebil para a sua proacutepria revisatildeo para a revisatildeo do orientador e para que o texto seja reformulado caso precise
Eacute necessaacuterio ainda dedicar tempo para uma boa revisatildeo ortograacutefica e gramatical Quando uma produccedilatildeo cientiacutefica conteacutem erros de escrita os pareceristas e revisores das agecircncias de fomentos e de revistas cientiacuteficas podem recusar projetos ou artigos por entenderem tais erros como desleixo E se existe desleixo na escrita do trabalho eacute de se esperar que as outras etapas da pesquisa tambeacutem possam ter sido realizadas sem zelo Portanto um texto que natildeo segue a norma-padratildeo da liacutengua pode comprometer a credibilidade do estudo e dos pesquisadores (KOLLER 2014)
Aleacutem de respeitar a norma-padratildeo da liacutengua o texto cientiacutefico deve atender a alguns requisitos baacutesicos desse tipo de gecircnero literaacuterio ndash CLAREZA COESAtildeO CONCISAtildeO e PRECISAtildeO satildeo imprescindiacuteveis para uma boa produccedilatildeo acadecircmica (REIZ 2013) Isso natildeo significa no entanto que a redaccedilatildeo cientiacutefica deva ser monoacutetona e cansativa
CRIATIVIDADE ORIGINALIDADE e INSPIRACcedilAtildeO tambeacutem satildeo desejaacuteveis na redaccedilatildeo cientiacutefica O escritor deve buscar elaborar um texto que ao mesmo tempo em que transmite a ideia central da pesquisa consiga chamar a atenccedilatildeo e promover entusiasmo no leitor E este sim eacute um grande desafio para o autor de textos cientiacuteficos
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 111
ldquoinformar o indispensaacutevel sem perder a harmoniardquo (REIZ 2013) Desafio este que poderaacute ser alcanccedilado agrave custa do estudo das teacutecnicas da redaccedilatildeo cientiacutefica moderna e de muita dedicaccedilatildeo (MEDEIROS 2017)
132 A REDACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA O QUE FAZER E O QUE NAtildeO FAZER AO REDIGIR UM TEXTO ACADEcircMICO
Nesse toacutepico seratildeo apresentadas algumas recomendaccedilotildees que visam conduzir o pesquisador na elaboraccedilatildeo de um texto que atenda aos princiacutepios baacutesicos da escrita cientiacutefica Vejamos
bull Planeje o texto em toacutepicos faccedila um esboccedilo ou sumaacuterio provisoacuterio de como pretende expor as ideias ao longo do texto Em geral as revistas cientiacuteficas tradicionais sugerem a divisatildeo do manuscrito em INTRODUCcedilAtildeO MEacuteTODOS RESULTADOS e DISCUSSAtildeO Entretanto atualmente alguns perioacutedicos de alto impacto tecircm proposto diferente disposiccedilatildeo para essa divisatildeo
bull Apresente uma ideia por paraacutegrafo evite paraacutegrafos muito longos O paraacutegrafo deve ser construiacutedo com planejamento Em geral cada paraacutegrafo deve conter uma ideia central que deve ser exposta na(s) primeira(s) frase(s) e que seraacute a base para o desenvolvimento das ideias secundaacuterias Deve haver articulaccedilatildeo entre os paraacutegrafos O paraacutegrafo seguinte deve abordar uma nova ideia relacionada agrave que fora previamente apresentada
bull Escreva sentenccedilas em ordem direta sempre que possiacutevel utilize sujeito + verbo + objeto No entanto dependendo do contexto a voz passiva tambeacutem poderaacute ser utilizada visando facilitar o encadeamento das ideias Aleacutem disso autores de textos cientiacuteficos na liacutengua inglesa frequentemente utilizam a voz passiva
bull Seja claro transmita as ideias de maneira compreensiacutevel Para isso prefira sentenccedilas afirmativas e frases curtas que facilitam a concatenaccedilatildeo das ideias Frases simples satildeo mais eficazes no entendimento e na memorizaccedilatildeo das informaccedilotildees Quando o autor tem maior autoridade sobre determinado assunto o conteuacutedo poderaacute ser escrito e transmitido de maneira mais simples Quando o pesquisador estaacute confuso seu texto tambeacutem pareceraacute confuso portanto aproprie-se do tema
bull Seja preciso todos os leitores devem ter o mesmo entendimento da informaccedilatildeo
bull Seja conciso elimine termos que natildeo tenham significado especiacutefico e que natildeo acrescentem sentido agrave informaccedilatildeo Exclua adjetivos adveacuterbios numerais e outros elementos que natildeo sejam essenciais para o entendimento
bull Seja original muitas vezes a originalidade natildeo se refere apenas ao ineacutedito Pode ser uma maneira diferente de transmitir a ideia em apresentar uma nova
112 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
teacutecnica de comunicar os achados e detectar novas possibilidades ou interpretaccedilotildees
bull Respeite o gecircnero literaacuterio a linguagem cientiacutefica deve seguir as normas da liacutengua padratildeo Em textos acadecircmicos a exatidatildeo e o rigor formal satildeo primordiais No entanto lembre-se deque o texto deve destinar-se agravecompreensatildeo dos cientistas nas diferentes aacutereas do conhecimento e natildeo apenas aos especialistas
bull Respeite o Novo Acordo Ortograacutefico da Liacutengua Portuguesa para textos na liacutengua portuguesa recomenda-se consultar as normas vigentes no link httpwwwacademiaorgbrnossa-linguabusca-no-vocabulario e no aplicativo VOLPreg disponiacutevel para iOS e Android
Apesar de parecer algo simples atender a todos os requisitos acima expostos natildeo eacute uma constante em todos os textos acadecircmicos atualmente produzidos Ainda eacute frequente depararmo-nos com textos que apresentam viacutecios que comprometem a qualidade da escrita A seguir alguns exemplos que devem ser evitados
bull Escrever em linguagem oral (escrever como se fala) deve-se empregar a norma-padratildeo
bull Repeticcedilotildees de palavras e expressotildees busque diversidade de vocabulaacuterio Utilize os sinocircnimos mantendo a articulaccedilatildeo de ideias e a exposiccedilatildeo dos pensamentos de forma coerente
bull Frases rebuscadas Palavras abstratas expressotildees vagas adjetivos e adveacuterbios natildeo agregam valor agrave informaccedilatildeo
bull Ambiguidades demonstra incerteza sobre o que se fala e compromete a clareza
bull Paraacutegrafos sem conectores sempre que possiacutevel utilize conectores entre paraacutegrafos e entre um periacuteodo e outro No entanto lembre-se de que a simples presenccedila de um conector natildeo garante fluidez ou coerecircncia Outra forma de melhorar a fluidez da leitura eacute iniciar a frase seguinte com alguma informaccedilatildeo apresentada no periacuteodo anterior Isso facilita o processo de encadeamento e progressatildeo de ideias trazendo coesatildeo ao texto
bull Frases muito longas mais uma vez divida as sentenccedilas em frases menores
bull Queiacutesmo (utilizar muitas vezes a palavra ldquoquerdquo) Quando necessaacuterio substitua-o pelas palavras agraves quais ele se refere (caso tal palavra jaacute tenha aparecido muitas vezes no texto opte pelos sinocircnimos) Outra opccedilatildeo eacute dividir periacuteodos longos interligados pelo ldquoquerdquo em frases mais curtas
bull Estrangeirismos sem aspas ou itaacutelicos Sempre que incluir algum termo de outra liacutengua destaque-o por meio de aspas ou da letra em itaacutelico
bull Abreviaturas e siglas natildeo identificadas Todas devem ser explicadas na primeira vez em que forem citadas no texto
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 113
bull Erros ortograacuteficos e de pontuaccedilatildeo revise o texto quantas vezes forem necessaacuterias Atenccedilatildeo especial para as viacutergulas natildeo se separa sujeito de verbo e verbo de complemento Atenccedilatildeo ainda para o posicionamento dentro de uma sentenccedila Viacutergulas mal colocadas podem alterar o sentido da frase
bull Figuras e viacutecios de linguagem elimine possiacuteveis metaacuteforas ecos e pleonasmos
bull Desvio de sintaxe atenccedilatildeo para as regras de concordacircncia e regecircncia verbal
bull Utilizaccedilatildeo excessiva de jargotildees teacutecnicos palavras complexas truncam a leitura e afastam o leitor
133 A QUESTAtildeO DO TEMPO VERBAL
Existem opiniotildees divergentes entre os pesquisadores sobre a escolha de uma redaccedilatildeo pessoal ou impessoal para o texto cientiacutefico Tradicionalmente utiliza-se a redaccedilatildeo impessoal visando a uma suposta ldquoimparcialidaderdquo do texto cientiacutefico ou seja os meus resultados e conclusotildees seratildeo repetidos por outros autores que conduzam a mesma pesquisa Nesse caso poderiacuteamos afirmar ldquoconclui-se querdquo pois natildeo se trata de uma conclusatildeo pessoal e sim de um achado baseado em fatos (VOLPATO 2015)
No entanto os defensores do uso da primeira pessoa alegam que os pesquisadores devem apropriar-se dos seus achados e conclusotildees Segundo tais autores ser impessoal eacute
ldquo retomar a uma ciecircncia jaacute ultrapassada que assumia que o conhecimento eacute objetivo porque as conclusotildees satildeo determinadas por dados objetivos que natildeo dependem da vontade do cientistardquo (VOLPATO 2015)
E ainda
ldquo essa postura eacute prepotente na medida em que supotildee que a anaacutelise do autor eacute verdadeira lsquoconclui-sersquo significa que todos concluiratildeo a mesma coisa pois independe da pessoa que a expressardquo (VOLPATO 2015)
De fato atualmente haacute uma tendecircncia para o uso da primeira pessoa Em muitas revistas de alto impacto os artigos satildeo escritos com redaccedilatildeo na primeira pessoa Poreacutem tambeacutem existem revistas de prestiacutegio que mantecircm a redaccedilatildeo impessoal talvez em funccedilatildeo da manutenccedilatildeo do que eacute o mais tradicional Na verdade natildeo haacute certo ou errado nesse quesito e a maioria das revistas natildeo impotildee regras nesse sentido A leitura de bons perioacutedicos ajudaraacute que os autores definam suas preferecircncias e a utilizem de acordo com o seu estilo
114 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
134 POR ONDE COMECcedilAR
Aleacutem de tentar atender agraves teacutecnicas de escrita acima apresentadas o autor de textos cientiacuteficos deve procurar sistematizar o processo da redaccedilatildeo Seguir uma ordem que facilite a exposiccedilatildeo das ideias dentro de um artigo cientiacutefico pode ser uma dica valiosa que ajuda a responder a outra duacutevida que frequentemente aflige o jovem pesquisador ldquoPOR ONDE COMECcedilARrdquo
Para responder a essa duacutevida vaacuterios autores sugerem teacutecnicas diversas Aqui iremos apresentar uma sugestatildeo de Volpato (2015) que desenvolveu o que ele denomina de Meacutetodo Loacutegico para a Redaccedilatildeo Cientiacutefica Segundo esse autor o artigo cientiacutefico eacute uma histoacuteria que deve ser narrada com precisatildeo e que pode ser escrito na seguinte sequecircncia
CONCLUSAtildeO RESULTADOS MEacuteTODOS DISCUSSAtildeO INTRODUCcedilAtildeO RESUMO TIacuteTULO
Para isso o pesquisador deveraacute
bull entender com clareza o final da histoacuteria ndash resultados e conclusatildeo
bull descrever todos os meios e procedimentos para alcanccedilaacute-los ndash meacutetodos
bull explicar os resultados que ele alcanccedilou e comparaacute-lo com o que diz outros autores ndash discussatildeo
bull explicar o cenaacuterio onde tal histoacuteria se desenvolveu e o porquecirc de desenvolvecirc-la ndash introduccedilatildeo
bull e finalmente somente apoacutes a construccedilatildeo completa da histoacuteria o escritor deveraacute resumi-la (resumo) e dar-lhe um nome (tiacutetulo)
Essa sequecircncia pode facilitar o processo da redaccedilatildeo No entanto ressalta-se que cada pesquisador deve ter liberdade para utilizar a teacutecnica que lhe apraz e que domina O cientista natildeo deve ser riacutegido perante as regras preacute-concebidas a criatividade eacute essencial agrave ciecircncia
135 REVISAtildeO DO TEXTO
Programar tempo para a revisatildeo eacute fundamental Revisar o proacuteprio texto exaustivamente eacute altamente recomendado Revise-o do iniacutecio ao fim quantas vezes forem necessaacuterias Preferentemente leia-o em voz alta A escuta poderaacute auxiliar no processo de reformulaccedilatildeo de frases Muitas vezes ao ler o texto em voz alta
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 115
percebemos trechos da escrita que natildeo estatildeo claros ou coerentes Se algum trecho soar estranho reformule-o
Outra dica peccedila ajuda Submeta seu texto agrave apreciaccedilatildeo de colegas mais experientes ou amigos que tenham um bom domiacutenio da liacutengua portuguesa mesmo que natildeo sejam da aacuterea Esse eacute um bom teste para avaliar a clareza de sua produccedilatildeo
Durante a revisatildeo eacute importante ainda natildeo confundir estrutura e apresentaccedilatildeo visual do trabalho com redaccedilatildeo cientiacutefica Atender agraves diretrizes para formataccedilatildeo e normalizaccedilatildeo dos elementos preacute-textuais textuais e poacutes-textuais de uma produccedilatildeo acadecircmica embora necessaacuterio natildeo acrescentam qualidade agrave essecircncia do texto cientiacutefico (REIZ 2012)
136 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Como demonstrado acima o texto cientiacutefico demanda uma seacuterie de requisitos para que seja produzido de maneira adequada Portanto natildeo deixe para escrever na uacuteltima hora Aleacutem disso o tempo destinado para estudar o tema antes de escrever interfere diretamente na qualidade da informaccedilatildeo que seraacute redigida Lembre-se o autor deve ter pleno domiacutenio do tema abordado a fim de que possa escrever e transmitir as ideias de maneira simples e de faacutecil compreensatildeo para os seus futuros leitores Portanto dedique tempo para a leitura preacutevia e tambeacutem concomitante agrave escrita Muitas vezes as ideias natildeo vecircm todas de uma vez Caso vocecirc comece a redigir seu texto com antecedecircncia provavelmente as ideias iratildeo surgindo e vocecirc teraacute tempo para enriquececirc-lo agregando ainda mais valor agrave informaccedilatildeo produzida
Recomenda-se ainda para todo jovem pesquisador a leitura de manuais especiacuteficos sobre a redaccedilatildeo cientiacutefica Muitos desses livros e manuais abordam diversos aspectos da escrita acadecircmica em profundidade e satildeo de grande valia nesse processo Aleacutem disso a academia tem um papel fundamental em enfatizar a importacircncia da escrita estimulando e capacitando os alunos para tal Muitas vezes a inseguranccedila eacute falta de conhecimento e teacutecnica
Finalizamos com um trecho transcrito de um manual sobre a redaccedilatildeo cientiacutefica moderna que pode ser de grande valia para pesquisadores jovens bem como para aqueles mais experientes ldquoA redaccedilatildeo cientiacutefica eacute o ato de escrever que consiste em transformar a leitura especializada observaccedilatildeo investigaccedilatildeo e capacidade de refletir em comunicaccedilatildeo escrita com clareza precisatildeo concisatildeo e simplicidaderdquo e ldquoQuando se transforma esse ofiacutecio em arte isto eacute em prazer ou trabalho criativo o estudo ganha outra dimensatildeo torna-se mais criacutevel e haacute menos desgaste emocionalrdquo (REIZ 2013)
116 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
VOLPATO G L O meacutetodo loacutegico para redaccedilatildeo cientiacutefica Rev Eletron Comun Inf Inov Sauacutede Rio de Janeiro v 9 n 1 p 1-14 2015 Disponiacutevel em httpswwwarcafiocruzbrbitstreamicict17013210pdf Acesso em09 abr 2020
117
14TRADUCcedilAtildeO DE TRABALHOS
ACADEcircMICOS PARA O INGLEcircS
Wellison Gil Magalhatildees de Almeida
ldquoThe limits of my language are the limits of my worldrdquo
(Os limites do meu idioma satildeo os limites do meu mundo)
Ludwig Wittgenstein
No uacuteltimo seacuteculo o inglecircs tornou-se a liacutengua da ciecircncia Haacute uma tendecircncia progressiva para a publicaccedilatildeo de trabalhos cientiacuteficos em inglecircs Publicaccedilotildees em outras liacutenguas que natildeo seja o inglecircs satildeo menos valorizadas pela comunidade cientiacutefica internacional Desse modo eacute preciso privilegiar a utilizaccedilatildeo do inglecircs na redaccedilatildeo dos artigos de modo a aumentar a visibilidade da publicaccedilatildeo e permitir seu acesso de forma mais ampla agrave comunidade cientiacutefica nacional e internacional
Assim como o objetivo principal de um pesquisador eacute transmitir seus achados para a comunidade cientiacutefica se quisermos que nossos trabalhos acadecircmicos escritos em portuguecircs tenham maior poder de alcance e visibilidade teremos que escrevecirc-los em inglecircs ou traduzi-los para essa liacutengua No entanto traduzir natildeo constitui uma tarefa faacutecil A maior dificuldade em traduccedilatildeo eacute que para fazecirc-la eacute preciso ter um excelente conhecimento da liacutengua o que soacute se obteacutem depois de muitos anos de estudo do idioma Para traduzir o acadecircmico natildeo precisa escrever em inglecircs ou compreender o inglecircs falado mas precisa conhecer muito bem a estrutura gramatical da liacutengua
Ademais existe uma diferenccedila significativa entre escrever em inglecircs e escrever bem em inglecircs A verdade eacute que assim como existe diferenccedila entre escrever em portuguecircs e escrever bem em portuguecircs o mesmo se aplica agrave escrita em inglecircs Aleacutem disso nem todo falante nativo de inglecircs que escreve bem em inglecircs pode escrever bem para a literatura cientiacutefica (MARLOW 2014) A escrita cientiacutefica em inglecircs possui estilo e ritmo proacuteprios Por exemplo destaca-se o uso da voz passiva que eacute considerada uma forma de inglecircs pobre para a maioria das formas de escrita fora da ciecircncia (notiacutecias romances etc) Todavia em textos cientiacuteficos o uso da voz passiva eacute aceitaacutevel e incentivado pois com uso da voz passiva pode-se enfatizar a accedilatildeo e natildeo quem a praticou (MARLOW 2014)
O texto a ser traduzido deve estar bem escrito na liacutengua nativa caso contraacuterio
118 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
a traduccedilatildeo seguiraacute os erros do texto original tornando-o por vezes incompreensiacutevel Conveacutem revisar todo o texto antes de iniciar a traduccedilatildeo
Ao iniciar o processo de traduccedilatildeo recomenda-se manter-se sempre fiel ao texto original pois um miacutenimo erro de traduccedilatildeo pode prejudicar todo o trabalho tornando a ideia-chave ou os achados da pesquisa confusos
Geralmente na aacuterea da sauacutede os termos utilizados satildeo muito especiacuteficos e natildeo fazem parte do vocabulaacuterio cotidiano Portanto deve-se pesquisar cada uma das palavras expressotildees abreviaccedilotildees e acrocircnimos para saber se os termos estatildeo adequados
Deve-se evitar uma linguagem muito rebuscada tanto em inglecircs quanto em portuguecircs Eacute necessaacuterio considerar o puacuteblico que iraacute ler A liacutengua portuguesa natildeo eacute tatildeo objetiva quanto a inglesa por isso eacute mais faacutecil colocar palavras desnecessaacuterias e ser redundante entretanto o mesmo natildeo acontece no inglecircs o que poderaacute tornar a traduccedilatildeo bem menor que o texto original
Por fim o texto traduzido deve ser revisado procurando deixaacute-lo de acordo com a linguagem acadecircmica Para isso abaixo satildeo apresentadas algumas dicas para escrever bem em inglecircs acadecircmico publicadas originalmente por Marlow (2014) ndash httpwwwdxdoiorg106061clinics2014(03)01 ndash traduzidas e apresentadas neste capiacutetulo com autorizaccedilatildeo
141 DICAS PARA ESCREVER BEM EM INGLEcircS ACADEcircMICO
1 Evite frases iniciais com lsquorsquoIt isrdquo
Em portuguecircs quando se quer enfatizar ou expressar um relevo argumentativo geralmente se utilizam frases como
ldquoEacute conveniente destacar quehelliprdquo ldquoEacute importantehelliprdquo ldquoEacute muito comumhelliprdquo
Muitas traduccedilotildees satildeo feitas assim
ldquoIt should be noted thathelliprdquo rsquorsquoIt is importanthelliprsquorsquo ldquoIt is very commonhelliprdquo
Essas frases satildeo gramaticalmente corretas mas satildeo fracas e tecircm uma estrutura gramatical de iniciante no idioma Uma ou duas por paraacutegrafo pode ser bom mas o uso repetido dessa estrutura de frases pode diminuir a maturidade percebida do seu trabalho
Essas frases devem ser reformuladas
Frase original lsquolsquoEacute importante destacar as pesquisas mais recentes quersquorsquo
Frase em inglecircs lsquolsquoIt is important to highlight the most recent researches thathelliprsquorsquo
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 119
Frase em inglecircs acadecircmico lsquoThe most recent researches that () are important to highlightrsquorsquo
2 Evite ocultar o sujeito das sentenccedilas
Em portuguecircs para evitar repeticcedilatildeo omitimos o sujeito ao longo do paraacutegrafo se ele jaacute tiver sido mencionado anteriormente Entretanto em inglecircs eacute necessaacuterio continuar explicando a quem estamos nos referindo mesmo que isso implique repeticcedilatildeo Em inglecircs eacute melhor ter paralelismo do que natildeo ser repetitivo
Frase original ldquoNesta pesquisa 418 estudantes responderam a um questionaacuterio Destes 95 (2273) eram do quinto semestrerdquo
Frase em inglecircs ldquoIn this study 418 students answered a questionnaire Of these 95 (2273) were from the fifth semesterrdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquoIn this study 418 students answered a questionnaire Of these 95 (2273) students were from the fifth semesterrdquo
3 Tente usar a primeira pessoa (lsquoIrsquo e lsquowersquo) o miacutenimo possiacutevel e troque-a pela voz passiva
A sugestatildeo de usar a voz passiva estaacute diretamente relacionada agrave traduccedilatildeo do portuguecircs-inglecircs na qual a primeira pessoa do plural eacute comumente usada de forma excessiva Quando se utiliza a voz passiva o objeto fica sempre no iniacutecio da frase enquanto o autor da accedilatildeo pode ou natildeo estar presente na sentenccedila Mas caso esteja deve sempre estar ao final dela Outro aspecto relevante em relaccedilatildeo agrave voz passiva eacute o tempo verbal da frase Ao se realizar a inversatildeo de voz ativa para passiva a construccedilatildeo precisa ser adaptada de acordo com cada tipo de tempo verbal
Frase original lsquolsquoEncontramos 50 artigos acerca do assuntohelliprsquorsquo
Frase em inglecircs ldquoWe found 50 articles about the subjecthelliprdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquo50 articles about this subject were foundrdquo
Usando a frase com o noacutes vocecirc estaraacute enfatizando que encontrou os resultados Agora se vocecirc colocar a frase em voz passiva ldquo50 artigos acerca do assunto foram encontradosrdquo Aqui vocecirc enfatiza que vaacuterios artigos foram encontrados e natildeo eacute mais tatildeo importante que vocecirc os encontrou Nesse caso vocecirc enfatiza queem seu estudo bem elaboradoo qual pode ser repetido por qualquer outro pesquisador 50 artigos acerca do assunto seratildeo encontrados Afinal natildeo satildeo resultados reprodutiacuteveis o que eacute realmente importante enfatizar ao comunicar a pesquisa
No entanto apesar disso alguns pesquisadores defendem o uso da primeira pessoa por ocasiatildeo da escrita de textos cientiacuteficos Para eles a principal argumentaccedilatildeo
120 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
eacute a de que o pesquisador deve-se apropriar de seus achados e apresentaacute-los como sujeitos ativos no processo da descoberta cientiacutefica sob questatildeo Aleacutem desse debate recomenda-se que a utilizaccedilatildeo da primeira pessoa (lsquoIrsquo e lsquowersquo) natildeo seja excessiva podendo ser reservado seu uso para a apresentaccedilatildeo dos resultados originais de uma pesquisa e das consideraccedilotildees dos autores acerca de tais achados
4 Em suas tabelas ou figuras os tiacutetulos devem sempre ser singulares e natildeo se deve usar o termo lsquorsquovariaacuteveisrsquorsquo (variable) como cabeccedilalho
Caracteristic (Natildeo usar ldquoVariablerdquo)SexMale (Natildeo usar ldquoMalesrdquo)Female (Natildeo usar ldquoFemalesrdquo)
5 Remova palavras e adjetivos desnecessaacuterios
Antes de traduzir para o inglecircs identifique frases que podem ser expressas com uma uacutenica palavra Evite repetir uma ideia que jaacute estaacute expliacutecita no discurso fazendo que ele fique cansativo e comprometa a qualidade da mensagem
6 Frases preposicionais transiccedilotildees e adveacuterbios no iniacutecio das frases devem ser separados por viacutergula
Frase original lsquolsquoNeste estudo encontramos este resultadorsquorsquo
Frase traduzida lsquolsquoIn this study this result was foundrsquorsquo
Outras expressotildees que satildeo comumente usadas
bull therefore
bull currently
bull of these
bull however
bull as previously reported
bull in Brazil
Uma frase que contiver mais de duas viacutergulas sem a inclusatildeo de listas deveraacute ser dividida em mais de uma para melhor entendimento
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 121
7 Aprenda quando usar the Busque removecirc-lo do iniacutecio da frase e incluiacute-lo apenas quando se referir a eventos objetos ou pessoas especiacuteficas
Em portuguecircs uma frase que comeccedila com ldquoOrdquo ldquoOsrdquo ldquoArdquo ou ldquoAsrdquo ao ser traduzida perde o the Este soacute deve ser usado quando se refere a pessoas lugares eventos ou populaccedilotildees especiacuteficas
bull Quando se fala de algo que jaacute foi mencionado
bull Quando estiver evidente o elemento a que se refere
bull Com substantivos proacuteprios
bull Com lugares em uma cidade
bull Com adjetivo superlativo
Frase original ldquoAs ceacutelulas foram coradashelliprdquo
Frase em inglecircs ldquoThe cells were stainedhelliprdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquoCells were stainedhelliprdquo
8 Somente coloque letra maiuacutescula nas palavras se elas se referirem ao nome formal de um lugar departamento ou cargo
Um dos erros mais comuns eacute com o uso de ldquoestadordquo Essa palavra soacute eacute maiuacutescula quando vem depois do nome de um estado como parte de seu tiacutetulo formal
Exemplo lsquolsquoThe study was conducted at the University Hospital of the Federal University of Cearaacute (FORMAL) in Cearaacute State
Regiotildees especiacuteficas devem ser iniciadas com letra maiuacutescula mas a direccedilatildeo ou localizaccedilatildeo devem ser grafadas com minuacutescula Exemplos
ldquoThe research was conducted in Northeastern Brazilrdquo (Regiatildeo especiacutefica)
ldquoThe research was conducted in the northeast region of Brazilrdquo (Localizaccedilatildeo geral)
9 Remova o that
O that deve ser usado apenas no iniacutecio de uma frase dependente ou ao descrever um sujeitosubstantivo
Frase original lsquolsquoOs resultados mostraram que muitos alunos querem o material impressorsquorsquo
Frase em inglecircs lsquolsquoThe results showed that many students want printed
122 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
materialrsquorsquo
Frase em inglecircs acadecircmico lsquoThe results showed many students want printed materialrsquorsquo
No exemplo acima caso vocecirc remova o that o significado da frase natildeo mudaraacute
Contudo em outras situaccedilotildees eacute necessaacuterio o uso do that
lsquolsquoOs resultados que foram encontrados nesse estudo mostraram que muitos alunos querem o material impressorsquorsquo
lsquolsquoThe results that were found in this study showed many students want printed materialrsquorsquo
Abaixo seguem alguns exemplos de palavras frequentemente usadas na literatura cientiacutefica que geralmente natildeo precisam ser seguidas por that
bull suggest or suggested
bull observed
bull found or was found
bull show or shown
bull is important
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 123
REFEREcircNCIAS
MARLOW M A Writing scientific articles like a native English speaker top ten tips for Portuguese speakers Clinics Satildeo Paulo v 69 n 3 p153-157 2014 Mar Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC3935133 Acesso em 02 set 2019
MURPHY R English grammar in use 3rd ed Cambridge CUP 2004
125
15NOCcedilOtildeES BAacuteSICAS DE ESTATIacuteSTICA
Antocircnio Brazil Viana Junior
ldquoConhecimento incerto + conhecimento sobre a incerteza =
conhecimento uacutetil Isso eacute estatiacutesticardquo
Rao
151 INTRODUCcedilAtildeO
Neste capiacutetulo o conhecimento seraacute abordado de forma simples e direta de modo a fornecer uma base teacutecnica para que seja possiacutevel ao pesquisador iniciar uma pesquisa quantitativa Dessa forma para que uma pesquisa possa alcanccedilar um resultado metodologicamente correto minimizando os possiacuteveis vieses eacute necessaacuterio planejaacute-la tendo como base a pergunta a ser respondida pelo estudo Definido o problema da pesquisa apoacutes a revisatildeo da literatura o planejamento segue uma sequecircncia loacutegica composta por
152 COLETA DE DADOS
A coleta de dados para uma pesquisa por vezes tem sua importacircncia diminuiacuteda sendo feita sem o devido cuidado levando a seacuterios problemas que podem inviabilizar seus resultados No quadro 151 satildeo expostos os principais erros cometidos durante a etapa de coleta de dados
126 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 151 - Principais erros ou vieses na coleta de dados
bull Diferenccedilas devidas a fatores pessoais passageiros ou de situaccedilatildeo Caso em que o participante estaacute estressado ansioso ou cansado e a entrevista eacute longa Nesse caso o objetivo do participante passa a ser acabar a entrevista e natildeo a verdade
bull Diferenccedilas devidas agraves variaccedilotildees na aplicaccedilatildeo O entrevistador pode abordar o participante de forma a influenciaacute-lo na resposta
bull Maacute adequaccedilatildeo das perguntas ao niacutevel cognitivo dos entrevistados
bull Falta de clareza do instrumento de medida
Abaixo apresentaremos algumas consideraccedilotildees para a realizaccedilatildeo adequada de uma coleta de dados
Tamanho da amostra
Um dos principais questionamentos durante o planejamento de um estudo eacute a definiccedilatildeo do quantitativo de participantes para que se obtenham resultados vaacutelidos tambeacutem conhecido como tamanho amostral A definiccedilatildeo desse tamanho depende do niacutevel de significacircncia adotado ( =005) do poder da amostra (1 - = 80) do tipo de variaacuteveis que seratildeo analisadas e dos meacutetodos estatiacutesticos a serem utilizados existindo diversos meacutetodos para seu caacutelculo
A definiccedilatildeo do tamanho da amostra requer um conhecimento preacutevio sobre o assunto a ser pesquisado visto que o caacutelculo necessita de paracircmetros como o desvio-padratildeo da populaccedilatildeo ou proporccedilatildeo de indiviacuteduos com certa caracteriacutestica ou risco relativo etc
Na internet existem diversas paacuteginas com calculadoras de tamanho amostral No site httpclincalccomstatssamplesizeaspxeacute possiacutevel calcular o tamanho amostral para diversos tipos de estudo O site eacute bem didaacutetico e possui exemplos para orientar o pesquisador Outra possibilidade eacute usar o programa GPower Totalmente gratuito embora mais complexo esse software eacute completo e fornece diversas opccedilotildees para o caacutelculo da amostra
Desenho do Estudo
Outro ponto a ser observado para a coleta de dados eacute o desenho do estudo Aqui se deve atentar para quantos momentos ocorreraacute a coleta das informaccedilotildees dos participantes Por exemplo em ensaios cliacutenicos existe no miacutenimo uma coleta no baseline momento inicial e uma segunda coleta apoacutes a intervenccedilatildeo visando investigar o efeito da intervenccedilatildeo sobre o desfecho Caso os dados sejam coletados em apenas um momento seraacute impossiacutevel inferir o eventual efeito da intervenccedilatildeo
Em estudos transversais por outro lado a coleta ocorre em apenas um momento e os resultados refletem um retrato estaacutetico da amostra naquele momento Tais diferenccedilas satildeo cruciais para a interpretaccedilatildeo dos resultados No caso dos estudos
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 127
transversais natildeo eacute possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de causalidade pois a anaacutelise estatiacutestica consiste em principalmente uma anaacutelise de descriccedilatildeo e de associaccedilatildeo entre variaacuteveis
Tipos de variaacuteveis
As variaacuteveis em um banco de dados satildeo classificadas conforme a sua natureza Isso define a forma de apresentaccedilatildeo e os testes estatiacutesticos a serem aplicados na anaacutelise As variaacuteveis podem ser
bull Categoacutericas
nominais raccedila sexo naturalidade
ordinais escolaridade gravidade do paciente
dicotocircmicas fumante simnatildeo portador de diabetes simnatildeo
bull Escalares
contiacutenuas peso circunferecircncia abdominal
discretas nordm de filhos nordm de endoscopias
153 TABULACcedilAtildeO DOS DADOS
Tabular os dados natildeo eacute uma tarefa divertida poreacutem eacute de suma importacircncia para o sucesso da anaacutelise estatiacutestica do trabalho Em geral essa tarefa eacute realizada por meio da utilizaccedilatildeo de softwares de planilhas eletrocircnicas Os principais satildeo
bull Excel tradicional software de planilhas eletrocircnicas da Microsoftreg Permite a transferecircncia direta de dados para outros diversos programas de anaacutelise estatiacutestica como Statareg SPSSreg Prismareg Rreg Jamovireg
bull Google forms (recomendo) formulaacuterio eletrocircnico do Googlereg que permite a criaccedilatildeo de questionaacuterios que podem ser enviados aos participantes da pesquisa de modo que os mesmos possam preencher Fornece resumos automaacuteticos das variaacuteveis e uma planilha com todos os dados das respostas
bull Epi Inforeg oacutetimo software que aleacutem da tabulaccedilatildeo permite anaacutelise de dados
Como tabular
Algumas regras que devem ser seguidas para que a tabulaccedilatildeo seja realizada adequadamente
bull Cada linha um paciente
bull Cada coluna uma informaccedilatildeo (variaacutevel do estudo) de cada paciente
bull As informaccedilotildees de uma mesma coluna devem ter a mesma unidade de medida
128 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Se o dado for numeacuterico deve-se preencher apenas com nuacutemeros Deve-se lembrar de que alguns softwares natildeo consideram as viacutergulas () como caractere adequado para a demarcaccedilatildeo das casas decimais e sim o ponto () conveacutem checar o software antes de iniciar a tabulaccedilatildeo para evitar retrabalho desnecessaacuterio
bull Se a variaacutevel for categoacuterica devem-se padronizar todas as respostas A codificaccedilatildeo eacute uma opccedilatildeo para a padronizaccedilatildeo
Principais erros durante a tabulaccedilatildeo de dados
Analisando a tabela 151 podemos identificar os seguintes erros
Tabela 151 mdash Exemplo de tabulaccedilatildeo de dados
Paciente Sexo Altura Glicemia Oacutebito1 Masculino 163 m 90 Sim marccedilo de 2015 sepse2 Feminino 170 cm gt 300 Natildeo alta3 f 180 cm 100120 Sim falecircncia hepaacutetica4 m 182 m 120-130 Sim 150720155 H 175 m 500 Sim transferecircncia
bull Na coluna ldquoSexordquo a variaacutevel foi preenchida de forma natildeo padronizada O ldquoMasculinordquo tornou-se ldquomrdquo e depois ldquoHrdquo Perceba que esse fato aleacutem de ser incompreensiacutevel para os programas estatiacutesticos levanta duacutevidas quanto agrave veracidade da informaccedilatildeo o ldquomrdquo poderaacute ser masculino em oposiccedilatildeo ao feminino ou mulher em oposiccedilatildeo a homem Assim mantenha o padratildeo no preenchimento dos dados A codificaccedilatildeo das variaacuteveis eacute bastante uacutetil para assegurar a padronizaccedilatildeo (ex masculino = 1 e feminino = 2)
bull Na coluna ldquoAlturardquo vemos dois erros de preenchimento a utilizaccedilatildeo de letras em dados numeacutericos escalares e a utilizaccedilatildeo de diferentes unidades de medidas (metros e centiacutemetros) Quando a variaacutevel for numeacuterica (escalar) deveraacute ser preenchida exclusivamente com nuacutemeros e na mesma unidade de medida No exemplo todos os valores deveriam estar em metros ou todos os valores deveriam estar em centiacutemetros
bull Na coluna ldquoGlicemiardquo a semelhanccedila da variaacutevel ldquoAlturardquo deve-se manter apenas nos nuacutemeros retirando-se todos e quaisquer siacutembolos (gt -)
bull Na coluna ldquoOacutebitordquo haacute mais de uma informaccedilatildeo por linha (ex sim marccedilo de 2015 sepse) o que inviabiliza as anaacutelises estatiacutesticas Esse modelo de tabulaccedilatildeo somente deve ser utilizado no caso de informaccedilotildees complementares e natildeo mensuraacuteveis
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 129
O modo correto de tabulaccedilatildeo dos dados apresentados na tabela 151 estaacute apresentado abaixo (tabela 152)
Tabela 152 mdash Tabulaccedilatildeo de dados corrigida
Paciente Sexo Altura (cm) Oacutebito Glicemia
(mgdL)Data do
oacutebitoCausa do
oacutebito1 M 163 Sim 90 01032015 Sepse2 M 170 Natildeo 300
3 F 180 Sim 100 01122015 Falecircncia Hepaacutetica
4 M 182 Sim 130 15072015 Natildeo informado
154 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA
Apoacutes a coleta e a tabulaccedilatildeo adequada dos dados inicia-se a anaacutelise estatiacutestica propriamente dita O primeiro passo para a anaacutelise de dados eacute apresentar as caracteriacutesticas da amostra em estudo o que em geral ocorre por meio de uma tabela descritiva Essa tabela traz os dados descritivos das variaacuteveis expressos em nuacutemeros absolutos porcentagens medidas de tendecircncia central e medidas de dispersatildeo
Dados descritivos da amostra
1 Medidas de tendecircncia central
bull Meacutedia eacute igual agrave soma de todos os valores divididos pelo nuacutemero de valores no conjunto de dados Eacute usado para descrever dados contiacutenuos Eacute uma estimativa teoacuterica do ldquovalor tiacutepicordquo No entanto pode ser fortemente influenciado por valores extremos ou outliers
bull Mediana eacute o valor central de um conjunto de dados que foi ordenado do menor para o maior valor A mediana eacute uma medida normalmente usada para dados contiacutenuos ordinais ou natildeo parameacutetricos sendo menos sensiacutevel a outliers e dados distorcidos
bull Moda eacute o valor mais frequente da amostra aquele que mais se repete
2 Medidas de dispersatildeo enquanto nas medidas de tendecircncia central tratamos sobre os valores centrais ou que mais se repetem por meio das medidas de dispersatildeo observamos a variabilidade dos dados isto eacute o quatildeo ldquoespalhadosrdquo estatildeo os dados o quatildeo ldquodistantesrdquo estatildeo da meacutedia
bull Range ou amplitude de faacutecil entendimento e caacutelculo a amplitude eacute a diferenccedila entre o valor maacuteximo e o valor miacutenimo Eacute extremamente afetada pela existecircncia de valores atiacutepicos o que por vezes pode passar uma impressatildeo errada
130 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
da variabilidade dos dados Por exemplo no conjunto de dados abaixo formado por valores de glicemia (mgdL) o range ou amplitude eacute 520 (600 menos 80) mas se tirarmos o valor 600 (outlier) a amplitude passaraacute a ser para 52 (132 menos 80)
Ex 809295100106110132600
bull Intervalo Interquartiacutelico (IQ) Agrave semelhanccedila do range essa medida eacute calculada por meio de uma diferenccedila de valores poreacutem aqui seraacute a diferenccedila entre o 75ordm percentil (p75) e 25ordm percentil (p25) O IQ tem uma maior aplicabilidade praacutetica quando os dados natildeo seguem a distribuiccedilatildeo normal (assunto que seraacute tratado a posteriori) sendo menos sensiacutevel a valores atiacutepicos
bull Desvio-padratildeo (DP) eacute usado para quantificar a quantidade de dispersatildeo de valores de dados em torno da meacutedia Um DP baixo indica que os valores estatildeo proacuteximos da meacutedia enquanto um DP alto indica que os valores estatildeo dispersos em uma faixa mais ampla O DP eacute a raiz quadrada de outra medida estatiacutestica a variacircncia a qual natildeo eacute interpretaacutevel nos termos da variaacutevel real e portanto foge ao objetivo deste capiacutetulo que trata de noccedilotildees baacutesicas poreacutem eacute de suma importacircncia teoacuterica para o estudo da anaacutelise estatiacutestica como um todo
bull Percentil eacute uma medida de posiccedilatildeo e eacute compreendida da seguinte forma o 10ordm percentil eacute o nuacutemero do banco de dados em que 10 dos valores estatildeo abaixo dele Assim o 25ordm percentil eacute nuacutemero em que 25 dos valores do banco de dados satildeo menores que ele1
Teste de Hipoacuteteses
Os testes de hipoacuteteses satildeo teacutecnicas estatiacutesticas que tecircm por objetivo verificar a validade da hipoacutetese experimental (hipoacutetese alternativa) em face de uma hipoacutetese nula isto eacute uma hipoacutetese de igualdade O teste de hipoacutetese visa permitir por meio da anaacutelise dos dados amostrais que se demonstrem evidecircncias estatiacutesticas que confirmem ou refutem a hipoacutetese formulada no estudo
Os testes estatiacutesticos fornecem uma medida para a tomada de decisatildeo o p-valor Caso o p do teste estatiacutestico seja menor que 5 (plt005) rejeitamos a hipoacutetese nula caso contraacuterio natildeo podemos rejeitar a hipoacutetese nula ou seja refutamos a hipoacutetese alternativa ou experimental Por exemplo
Estudo para avaliar o niacutevel de ansiedade entre homens e mulheres
bull Hipoacutetese experimental ou alternativa (H1) haacute diferenccedila do niacutevel de ansiedade entre os sexos
1 Percentil eacute uma medida de posiccedilatildeo e eacute compreendida da seguinte forma o 10ordm percentil eacute o nuacutemero do banco de dados em que 10 dos valores estatildeo abaixo dele Assim o 25ordm percentil eacute nuacutemero em que 25 dos valores do banco de dados satildeo menores que ele
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 131
bull Hipoacutetese nula (H0) natildeo haacute diferenccedila do niacutevel de ansiedade entre os sexos
Se o p resultante do teste for 003 (3) (plt005 5) aceitamos a H1 (refutamos H0) ou seja a chance ou probabilidade de que a diferenccedila observada entre os sexos nesse estudo seja em decorrecircncia do acaso eacute menor que 5 (chance previamente definida como aceitaacutevel pelo pesquisador)
Se o p resultante do teste for 01 (10) (pgt005 5) aceitamos a H0 (refutamos H1) ou seja a chance ou probabilidade de que a diferenccedila observada entre os sexos nesse estudo seja em decorrecircncia do acaso eacute maior que 5 (chance previamente definida como natildeo aceitaacutevel pelo pesquisador)
Consideraccedilotildees sobre o p-valor
Valor de p niacutevel descritivo niacutevel de significacircncia ou p-value pode ser definido como sendo a probabilidade de que ser considerado extremo ou improvaacutevel se considerarmos a hipoacutetese nula verdadeira ou como sendo a probabilidade de o valor encontrado ter sido por acaso (FIELD 2009)
Sir Ronald Fisher definiu um valor significativo para que a diferenccedila seja decorrente do acaso como menor que 5 ou 005 Tal valor eacute padratildeo na estatiacutestica e nos estudos na aacuterea da sauacutede ateacute os dias de hoje poreacutem natildeo eacute uma unanimidade Recentemente 72 pesquisadores propuseram um novo p-valor significativo passando de 005 para 0005 (BENJAMIN et al 2018) e no ano seguinte mais 800 pesquisadores assinaram o artigo Retire statistical significance publicado na revista Nature em que criticava o uso do valor de p como balizador daquilo que era ou natildeo relevante (RETIRE STATISTICAL SIGNIFICANCE 2019)
No trecho abaixo o autor Andy Field fala sobre significacircncia estatiacutestica e a importacircncia do efeito de modo simples que ajuda a compreender o motivo dessas duas visotildees
A importacircncia de um efeito Jaacute vimos que a ideia baacutesica por traacutes do teste de hipoacuteteses envolve a geraccedilatildeo de uma hipoacutetese experimental e de uma hipoacutetese nula ajustar um modelo estatiacutestico e avaliar aquele modelo com uma estatiacutestica teste Se a probabilidade de obter o valor da nossa estatiacutestica teste por acaso for menor do que 005 entatildeo geralmente aceitamos a hipoacutetese experimental como verdadeira haacute um efeito na populaccedilatildeo Normalmente dizemos ldquoexiste um efeito significativo dehelliprdquo Contudo natildeo seja enganado pela palavra ldquosignificativordquo porque mesmo que a probabilidade do nosso efeito ter
132 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ocorrido por acaso seja pequena (menor do que 005) isso natildeo quer dizer que o efeito eacute importante Efeitos muito pequenos natildeo importantes podem-se tornar estatisticamente significativos somente porque um grande nuacutemero de pessoas foi usado no experimento (FIELD 2009)
Ressalta-se tambeacutem que o fato de o p ser natildeo significativo ou seja maior que 005 natildeo implica que a hipoacutetese nula seja verdadeira
Testes para comparaccedilatildeo das variaacuteveis entre os grupos
TESTES ESTATIacuteSTICOS PARA VARIAacuteVEIS NUMEacuteRICAS
O primeiro passo para a aplicaccedilatildeo dos testes estatiacutesticos eacute a aplicaccedilatildeo dos testes de normalidade essenciais para a determinaccedilatildeo dos tipos de testes a serem empregados na anaacutelise Caso os dados apresentem distribuiccedilatildeo normal os meacutetodos parameacutetricos poderatildeo ser utilizados caso contraacuterio far-se-aacute opccedilatildeo pelos meacutetodos natildeo parameacutetricos Os principais testes de normalidade utilizados satildeo Kolmogorov-Smirnoff indicados para amostras maiores que 50 e Shapiro-Wilk este tem maior precisatildeo (TORMAN COSTER RIBOLDI 2012)
Apoacutes a aplicaccedilatildeo dos testes de normalidade os demais testes estatiacutesticos deveratildeo ser escolhidos de acordo com o tipo de populaccedilatildeoamostra Na figura 151 encontra-se um algoritmo para apoio na seleccedilatildeo dos testes estatiacutesticos a serem utilizados de acordo com as caracteriacutesticas das variaacuteveis do estudo
Testes parameacutetricos
bull Teste t de Student utilizado quando o objetivo eacute a comparaccedilatildeo de uma medida ou variaacutevel numeacuterica entre dois grupos Exemplos a) comparaccedilatildeo da glicemia entre os participantes do grupo eutroacutefico e do grupo obesidade b) comparaccedilatildeo do peso ao nascer entre os neonatos que nasceram de parto abdominal e parto normal
bull ANOVA utilizado quando o objetivo eacute a comparaccedilatildeo de uma medida numeacuterica entre trecircs ou mais grupos Exemplo verificar se existe diferenccedila entre as medidas de circunferecircncia abdominal entre grupos de pessoas que fazem dieta vegana dieta low carb e aqueles que natildeo fazem dieta
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 133
Testes natildeo parameacutetricos
1 Mann-Whitney Equivalente natildeo parameacutetrico do Teste t de Student
2 Kruskal-Wallis Equivalente natildeo parameacutetrico da ANOVA
Figura 151 mdash Principais testes estatiacutesticos para variaacuteveis numeacutericas
TESTES ESTATIacuteSTICOS PARA VARIAacuteVEIS CATEGOacuteRICAS
bull Teste qui-quadrado de Pearson utilizado para a investigaccedilatildeo da existecircncia de associaccedilatildeo entre duas ou mais variaacuteveis categoacutericas e para a comparaccedilatildeo de mais de dois grupos independentes
bull Teste exato de Fisher indicado para comparaccedilatildeo de grupos com variacircncias diferentes e para investigaccedilatildeo da associaccedilatildeo entre variaacuteveis categoacutericas quando natildeo for possiacutevel a utilizaccedilatildeo do teste qui-quadrado de Pearson por exemplo n de alguma casela da tabela 2 x 2 for menor ou igual a 5
bull Teste de McNeumar utilizado para a comparaccedilatildeo de dois grupos pareados
134 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Anaacutelises de correlaccedilatildeo
Utilizadas para avaliar a interaccedilatildeo entre duas variaacuteveis contiacutenuas O coeficiente de correlaccedilatildeo (r) varia de -1 a 1 em que -1 seria a existecircncia de uma correlaccedilatildeo negativa perfeita ou seja agrave medida que o valor de uma variaacutevel cresce o valor da outra decresce e 1 seria a correlaccedilatildeo perfeita positiva agrave medida que uma variaacutevel cresce a outra cresce da mesma forma Diz-se perfeita pois toda a variabilidade de uma variaacutevel eacute explicada pela outra Por outro lado um coeficiente de correlaccedilatildeo proacuteximo de ldquo0rdquo denota uma pobre correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis Em geral para a anaacutelise de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis de distribuiccedilatildeo normal utiliza-se o teste de correlaccedilatildeo de Pearson enquanto para variaacuteveis que natildeo apresentam distribuiccedilatildeo normal utiliza-se o teste de correlaccedilatildeo de Spearman
Anaacutelises de regressatildeo
Enquanto os testes de comparaccedilatildeo entre grupos e de correlaccedilatildeo satildeo usados para investigar associaccedilotildees entre variaacuteveis os testes de regressatildeo permitem uma anaacutelise preditiva ou seja permitem predizer o desfecho de uma variaacutevel dependente baseado em uma (regressatildeo simples) ou mais (regressatildeo muacuteltipla) variaacuteveis preditoras independentes Para uma leitura complementar mais aprofundada sobre anaacutelises de regressatildeo sugere-se o livro Estatiacutetica Baacutesica dos professores Pedro Morettin e Wilton Bussab (2017)
155 CONCLUSAtildeO
Este capiacutetulo natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o tema da anaacutelise estatiacutestica mas sim fornecer informaccedilotildees para que o pesquisador especialmente aquele iniciante tenha noccedilotildees para montar o banco de dados de sua pesquisa de forma adequada e para que ele possa responder agraves perguntas formuladas no estudo por meio do entendimento de conceitos baacutesicos da anaacutelise estatiacutestica
Deve-se lembrar que a qualidade de toda pesquisa depende dos dados se eles forem de maacute qualidade o mesmo aconteceraacute com o resultado Caso o pesquisador tenha um banco bem ajustado e com dados de boa qualidade seraacute possiacutevel realizar inferecircncias e anaacutelises estatiacutesticas mais sofisticadas e precisas
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 135
REFEREcircNCIAS
AMRHEIN V GREELAND S McSHANE B Retire statistical significance Nature London v 567 p 305-307 mar 2019 Disponiacutevel em httpwwwigienistionlineitdocs201910naturepdf Acesso em 09 abr 2020
BENJAMIN D J et al Redefine statistical significance Nat Hum Behav London v2 n 1 p 6-10 2018 Disponiacutevel emhttpswwwnaturecomarticless41562-017-0189-zpdf Acesso em 09 abr 2020
FIELD A Descobrindo a estatiacutestica usando o SPSS-2 2 ed Porto Alegre Artmed 2009
MORETTIN P A BUSSAB W O Estatiacutestica baacutesica 6 ed Satildeo Paulo Saraiva 2017
TORMAN V B L COSTER R RIBOLDI J Normalidade de variaacuteveis meacutetodos de veificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de alguns testes natildeo-parameacutetricos por simulaccedilatildeo Rev HCPA Porto Alegre v 32 n 2 p 227-234 Disponiacutevel emhttpwwwseerufrgsbrindexphphcpaarticleview2987419186 Acesso em 7 out 2017
137
16EacuteTICA NA CIEcircNCIA CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE AUTORIA
PLAacuteGIO ACADEcircMICO E TRABALHO EM EQUIPE
Elias Silveira de BritoClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoLer muito eacute um dos caminhos para a originalidade uma pessoa eacute tatildeo mais original e peculiar quanto mais conhecer o que disseram os outrosrdquo
Miguel Unamuno
Quando se trata de eacutetica acadecircmica ou cientiacutefica a discussatildeo requer aleacutem dos essenciais aspectos relacionados agrave pesquisa com seres humanos uma reflexatildeo sobre autoria originalidade e trabalho em equipe uma vez que estes estatildeo interligados entre si Seraacute sobre esses itens que discorreremos neste capiacutetulo A posteriori em um capiacutetulo agrave parte seratildeo abordados os aspectos eacuteticos sobre pesquisas com seres humanos
161 AUTORIA
ldquoEm cada homem de talento existe escondido um poeta
ele manifesta-se no escrever no ler no falar ou no ouvirrdquo
Marie von Ebner-Eschenbach
Definir a autoria de um artigo cientiacutefico eacute uma etapa importante de toda pesquisa pois tem consequecircncias acadecircmicas e sociais relevantes Atualmente a maioria dos perioacutedicos cientiacuteficos solicita que sejam descritas as contribuiccedilotildees de todos os autores envolvidos no trabalho Recomenda-se que o grupo responsaacutevel pela pesquisa desenvolva poliacuteticas de autoria as quais atendam agrave questatildeo da quantidade e do tipo de contribuiccedilatildeo que iraacute qualificar aquele indiviacuteduo como autor (FERRAZ 2016)
De uma forma geral a principal atribuiccedilatildeo que caracteriza o participante como autor eacute a sua contribuiccedilatildeo intelectual para a pesquisa e para o manuscrito e incluem (a) participaccedilatildeo na concepccedilatildeo ou delineamento do estudo participaccedilatildeo na
138 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados ou ambos (b) redaccedilatildeo do manuscrito ou sua revisatildeo incluindo criacutetica intelectual importante de seu conteuacutedo A simples participaccedilatildeo na coleta de dados natildeo justifica autoria (MONTENEGRO amp ALVES 1997) Todos os autores de um manuscrito devem fornecer a aprovaccedilatildeo final da versatildeo a ser publicada e devem ter participado suficientemente do trabalho para poder assumir publicamente a responsabilidade pelo seu conteuacutedo (INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS 2019)
Para auxiliar no processo de definiccedilatildeo de autoria algumas entidades desenvolveram criteacuterios como a International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) que passaram a ser adotados por parcela importante dos perioacutedicos cientiacuteficos da aacuterea meacutedica As principais recomendaccedilotildees desse comitecirc podem ser acessadas no documento disponiacutevel em httpwwwicmjeorgicmje-recommendationspdf
Segundo o INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS (2019)
bull Obtenccedilatildeo de financiamento coleta de dados ou supervisatildeo geral de um grupo de pesquisa natildeo satildeo por si soacute criteacuterios para autoria ou coautoria
bull Todas as pessoas designadas como autoras ou coautoras deveratildeo ser qualificadas e listadas
bull Cada autor ou coautor deveraacute ter participado suficientemente do trabalho para ter responsabilidade puacuteblica sobre segmentos apropriados do conteuacutedo
bull Em estudos multicecircntricos com grande nuacutemero de participantes o grupo deveraacute identificar os indiviacuteduos que aceitam a responsabilidade direta pelo manuscrito
bull A ordem dos autores e coautores seraacute decidida pelo grupo que deveraacute estar apto a explicaacute-la
bull Pessoas que colaboraram com o estudo mas cuja contribuiccedilatildeo natildeo justifica autoria ou coautoria podem ser listadas nos Agradecimentos como ldquoinvestigadores cliacutenicosrdquo ou ldquoinvestigadores participantesrdquo seguidas de sua funccedilatildeo ou contribuiccedilatildeo por exemplo ldquocoleta de dadosrdquo ldquoencaminhamento e cuidados aos pacientes do estudordquo etc
bull Outras pessoas que tenham dado contribuiccedilotildees substanciais e diretas para o trabalho mas que natildeo possam ser consideradas autores podem ser citadas na seccedilatildeo Agradecimentos se possiacutevel suas contribuiccedilotildees especiacuteficas devem ser descritas Apoio financeiro tambeacutem deveraacute ser mencionado nesta seccedilatildeo
bull Considerando-se que os leitores podem inferir que as pessoas listadas em agradecimentos endossam os resultados e as conclusotildees todas devem dar permissatildeo por escrito para serem agradecidas
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 139
Outra maneira de determinar criteacuterios de autoria eacute atribuir pontos para as diferentes atividades da pesquisa Petroianu (2002) sugere a seguinte pontuaccedilatildeo de acordo com a participaccedilatildeo no trabalho (quadro 161) Tais escores podem ser adaptados de acordo com criteacuterios proacuteprios de cada grupo de pesquisa
Quadro 161 mdash Pontuaccedilatildeo de autoria de acordo com a participaccedilatildeo na pesquisa
Participaccedilatildeo PontosCriar a ideia que originou o trabalho e elaborar hipoacuteteses 6
Estruturar o meacutetodo de trabalho 6Orientar ou coordenar o trabalho 5Escrever o manuscrito 5Coordenar o grupo que escreveu o manuscrito 4Rever a literatura 4Apresentar sugestotildees importantes incorporadas ao trabalho 4
Resolver problemas fundamentais do trabalho 4Criar aparelhos para a realizaccedilatildeo do trabalho 3Coletar dados 3Analisar os resultados estatisticamente 3Orientar a redaccedilatildeo do manuscrito 3Preparar a apresentaccedilatildeo do trabalho para evento cientiacutefico 3
Apresentar o trabalho em evento cientiacutefico 2Chefiar o local onde o trabalho foi realizado 2Fornecer pacientes ou materiais para o trabalho 2Conseguir verbas para a realizaccedilatildeo da pesquisa 2Apresentar sugestotildees menores incorporadas ao trabalho 1
Trabalhar na rotina da funccedilatildeo sem contribuiccedilatildeo intelectual 1
Teratildeo direito agrave autoria os colaboradores que tiverem alcanccedilado 7 pontos A sequecircncia dos autores poderaacute ser em ordem decrescente de pontuaccedilatildeo Adaptado de Petroianu (2002)
Finalmente apoacutes a preparaccedilatildeo do manuscrito quem assume a responsabilidade pela comunicaccedilatildeo com os editores do perioacutedico eacute o autor correspondente Na maioria das vezes ele tambeacutem eacute responsaacutevel pela revisatildeo final aleacutem de atender agraves normas do processo editorial entre outras No entanto essas funccedilotildees podem ser delegadas a um ou mais coautores
140 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
162 PLAacuteGIO ACADEcircMICO CONHECER PARA EVITAR
Segundo o Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa plaacutegio vem do verbo plagiar o mesmo que imitar reproduzir copiar ou como dizem Diniz e Terra (2014) ldquouma apropriaccedilatildeo indevida e natildeo autorizada na criaccedilatildeo literaacuteriardquo Partindo dessa ideia eacute necessaacuterio apresentar que no contexto acadecircmico existem diversos conceitos referentes agrave utilizaccedilatildeo desse recurso na produccedilatildeo cientiacutefica e seratildeo esses os aspectos a serem abordados neste toacutepico
O plaacutegio eacute um tema comum na atualidade principalmente quando se trata da esfera acadecircmica mas tambeacutem da esfera social e profissional visto que o ato de plagiar vai muito aleacutem do famoso Ctrl C + Ctrl V Plagia-se tudo por exemplo capiacutetulos de livros monografias teses de doutorado artigos fotos letras de muacutesica obras de arte o que varia nessas modalidades de plaacutegio eacute o tipo caso seja parcial ou integral (DINIZ TERRA 2014)
A questatildeo principal que deve ser debatida acerca dessa temaacutetica eacute como ficou acessiacutevel por meio da internet o acesso a todo tipo de material principalmente acadecircmico muitas vezes de forma gratuita e sem a identificaccedilatildeo correta dos autores o que pode propiciar a praacutetica do plaacutegio A riqueza de dados nas diferentes paacuteginas eletrocircnicas facilita e enriquece a escrita cientiacutefica no entanto esta deve ocorrer seguindo princiacutepios eacuteticos que resguardem o direito autoral (BISCALCHIM amp ALMEIDA 2011)
Infelizmente apesar da existecircncia de legislaccedilatildeo que condene o plaacutegio ainda haacute um nuacutemero substancial de coacutepias indevidas de trabalhos situaccedilatildeo bastante evidenciada em teses dissertaccedilotildees e artigos cientiacuteficos Vaacuterios motivos contribuem para isso e alguns deles satildeo demonstrados no quadro 162
Quadro 162 mdash Motivos para o uso frequente da praacutetica do plaacutegio acadecircmico
bull Facilidade de acesso agrave informaccedilatildeo
bull Falta de capacidade para parafrasear
bull Pouco valor agrave produccedilatildeo proacutepria
bull Falta de anaacutelise criacutetica dos trabalhos pesquisados
bull Confusatildeo quanto agrave autoria dos trabalhos
bull Incentivo ao plaacutegio nos niacuteveis fundamental e meacutedio
bull Facilidade de acesso a programas de traduccedilatildeo
bull Desconhecimento de regulamentaccedilotildees de escrita cientifica
Fonte RODRIacuteGUEZ 2012
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 141
Diante disso eacute importante mencionar a Lei de Regulamentaccedilatildeo dos Direitos Autorais (disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl9610htm) Esse ato eacute regulado pelo conjunto de prerrogativas conferidas pela legislaccedilatildeo a qualquer pessoa fiacutesica ou juriacutedica que tenha criado uma obra intelectual para que esta possa gozar dos benefiacutecios que resultem de sua criaccedilatildeo original Ou seja apropriar-se dessas criaccedilotildees sem que se faccedila a devida referecircncia fere questotildees eacuteticas e morais uma vez que quando se assume a autoria de algo deve-se compreender a responsabilidade inerente a esse ato
Como identificar e evitar o plaacutegio
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) define que plaacutegio consiste na apresentaccedilatildeo de resultados e conclusotildees obtidos por outros autores como se fosse de sua autoria caracterizando dessa forma como fraude ou maacute conduta Dessa forma eacute importante avaliar a intenccedilatildeo dos autores diante dessa situaccedilatildeo pois o autor tendo consciecircncia plena do ato ou seja de utilizar o texto como proacuteprio de forma intencional pode ser considerado fraudulento e responder criminalmente
No entanto vale ressaltar que existe a possibilidade do plaacutegio por ocasiatildeo ou plaacutegio ocasional o qual utiliza trechos de diferentes fontes sem a devida citaccedilatildeo ou o plaacutegio atribuiacutedo ao desconhecimento das regras de citaccedilatildeo que por natildeo ter intenccedilatildeo consciente torna-se ldquomenosrdquo fraudulento (DEMO 2011)
Uma pesquisa realizada no Paranaacute em 2008 mostrou que muitos estudantes recorrem agrave praacutetica do plaacutegio pela dificuldade de identificar e fazer citaccedilotildees indiretas e de referenciar de maneira correta as citaccedilotildees diretas o que leva a muitos acadecircmicos cometerem plaacutegio natildeo intencional (SILVA 2008)
Diversas ferramentas digitais podem ajudar os pesquisadores a identificar qual o grau de similaridade do seu trabalho com outros materiais previamente publicados Softwares antiplaacutegio estatildeo disponiacuteveis para download e satildeo de grande apoio para a produccedilatildeo acadecircmica atual Como exemplos httpwwwplagiumcom e httpplagiarismanet
Tipos de plaacutegio acadecircmico
Segundo Rodriacuteguez (2012) o plaacutegio pode ser categorizado em trecircs diferentes agrupamentos
bull plaacutegios de forma pode ser subdividido em autoplaacutegio falsa autoria envio duplo roubo de material
bull plaacutegios de meacutetodos correspondem ao famoso ldquocopiar-colarrdquo uso de paraacutefrases inadequadas referecircncia perdida referecircncia falsa fabricaccedilatildeo de dados e roubo de ideias
bull plaacutegios de propoacutesitos podem ser intencionais natildeo intencionais ou acidentais
142 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Aleacutem dessa categorizaccedilatildeo existem outras classificaccedilotildees para a praacutetica do plaacutegio Os autores do blog de viacutedeo TCC Monografias Artigos httpswwwyoutubecomwatchv=NryG4H_-Eo4 apresentam por meio de uma seacuterie de sete viacutedeos uma diferente abordagem do plaacutegio acadecircmico e maneiras para se evitar a praacutetica natildeo intencional do recurso
Consideraccedilotildees finais acerca do plaacutegio
A academia deve estimular que os jovens pesquisadores natildeo sejam apenas reprodutores de informaccedilotildees Eles devem por sua vez ser capazes de gerar conhecimento e produzir conteuacutedo relevante para a ciecircncia A internet deve ser utilizada apenas como um meio de acesso a uma vasta fonte bibliograacutefica facilitando a elaboraccedilatildeo de conteuacutedo cientiacutefico novo e eacutetico estimulando uma formaccedilatildeo acadecircmica consciente no que diz respeito agrave construccedilatildeo do conhecimento (DEMO 2011)
Partindo dessa ideia as universidades deveriam enfatizar as consequecircncias da praacutetica de plaacutegio na vida do aluno ldquoa impossibilidade de inovar de pensar e criar algo novo para o desenvolvimento da ciecircnciardquo (IMAYUIKI 2008)
163 TRABALHO EM EQUIPE
O trabalho em equipe eacute essencial agrave Ciecircncia A maioria das grandes descobertas cientiacuteficas da humanidade somente foram possiacuteveis devido ao trabalho de grupos de pesquisadores Trabalhar em equipe permite economia de tempo e dinheiro troca de expertises entre diversas aacutereas multidisciplinares complementares com incremento na qualidade final do estudo
Apesar da importacircncia a formaccedilatildeo de grupos de pesquisa ou a participaccedilatildeo em tais atividades podem ser tarefas aacuterduas que demandam persistecircncia e organizaccedilatildeo Partindo dessa ideia faz-se necessaacuteria uma reflexatildeo sobre as aptidotildees pessoais para a atuaccedilatildeo como pesquisador vocaccedilatildeo que exige motivaccedilatildeo persistente responsabilidade renuacutencia e comprometimento
Como o puacuteblico-alvo desse e-book eacute o estudante que ainda estaacute a se iniciar na vida acadecircmica ou o jovem pesquisador seratildeo abordados brevemente alguns aspectos sobre a participaccedilatildeo dos estudantes em grupos de pesquisa
Um dos principais motivadores dos alunos de graduaccedilatildeo para a participaccedilatildeo em pesquisas sem duacutevida eacute a melhora do curriacuteculo visando a melhores pontuaccedilotildees em concursos e seleccedilotildees apoacutes a graduaccedilatildeo No entanto embora este seja um gatilho inicial vaacutelido e necessaacuterio participar do meio acadecircmico-cientiacutefico propriamente dito vai muito aleacutem disso Enfatiza-se que a experiecircncia inicial do aluno nesses primeiros anos de vida acadecircmica poderaacute ser crucial para sua efetivaccedilatildeo enquanto pesquisador no futuro
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 143
Para a participaccedilatildeo em grupos de pesquisa ou mesmo para a contribuiccedilatildeo isolada em um estudo pontual os alunos devem considerar alguns aspectos a fim de evitar problemas ao longo de sua vivecircncia mesmo que breves enquanto pesquisadores Satildeo eles
bull Quanto tempo disponiacutevel tenho para dedicar-me agrave pesquisa
bull Quanto tempo a pesquisa vai durar Em quanto tempo vou concluir o curso Como a minha ausecircncia antecipada repercutiraacute sobre o grupo
bull Qual a minha melhor aptidatildeo Comunicaccedilatildeo Relacionamentos Escrita Lideranccedila
bull Quais satildeo os meus objetivos enquanto acadecircmico E os objetivos pessoais
Feito isso o aluno estaraacute apto a dar os primeiros passos nesse universo desafiador e cativante para quiccedilaacute transformar a motivaccedilatildeo inicial em apenas melhorar o seu curriacuteculo em um interesse genuiacuteno para a vida acadecircmica
144 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
BISCALCHIM A C S ALMEIDA M A Direitos autorais informaccedilatildeo e tecnologia impasses e potencialidades Liinc em Revista Rio de Janeiro v 7 n 2 p 638-652 2011 Disponiacutevel em httpsrepositoriouspbritem002247739 Acesso em 09 abr 2020
DEMO P Remix pastiche plaacutegio autorias da nova geraccedilatildeo Meta Avaliaccedilatildeo v 3 n 8 p 125-144 maioago 2011 Disponiacutevel em httprevistascesgranrioorgbrindexphpmetaavaliacaoarticleview119150 Acesso em 09 abr 2020
MARULANDA L C S PLAacuteGIO PALAVRAS ESCONDIDAS Diniz D Terra A Brasiacutelia Letras LivresRio de Janeiro Editora Fiocruz 2014 195p ISBN 978-85-98070-36-0 (Letras Livres) ISBN 978-85-98070-37-7 (Editora Fiocruz) Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 31 n 2 p 439-440 Fev 2015 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2015000200439 Acesso em 09 abr 2020
IMAYUKI G Eacutetica do direito autoral Uma breve anaacutelise eacutetica-juriacutedica Kerygma Satildeo Paulo v 4 n 2 p 17-41 out 2008 Disponiacutevel em httpsrevistasunaspedubrkerygmaarticleview231 Acesso em 09 abr 2020
INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS Recommendations for the conduct reporting editing and publication of scholarly Work in medical journals[S l] ICMJE 2019 Disponiacutevel em httpwwwicmjeorgicmje-recommendationspdf Acesso em 09 abr 2020
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MONTENEGRO M R ALVES V A F Criteacuterios de autoria e co-autoria em trabalhos cientiacuteficos Acta bot bras Feira de Santana v 11 n 2 p 273-276 1997 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfabbv11n2v11n2a14pdf Acesso em 09 abr 2020
PETROIANU A Autoria de um trabalho cientiacutefico Rev Assoc Med Bras Satildeo Paulo v 48 n 1 p 60-65 2002 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdframbv48n1a31v48n1pdf Acesso em 09 abr 2020
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 145
RODRIacuteGUEZ A S El plagio y su impacto a niacutevel acadecircmico y professional E-Ciencias de la Informaciacuteon San Joseacute v 2 n 1 p 1-13 enerojun 2012 Disponiacutevel em httpswwwredalycorgpdf4768476848735003pdf Acesso em 09 abr 2020
SILVA O S F Entre plagio e a autoria qual o papel da universidade Rev Bras Educ Rio de Janeiro v 13 n 38 p 357-414 maioago 2008 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrbeduv13n3812pdf Acesso em 09 abr 2020
147
17ASPECTOS EacuteTICOS DAS PESQUISAS COM
SERES HUMANOS
Juliana Ferreira ParaacuteMaacutercia Maria Pinheiro Dantas
Clarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoA eacutetica eacute a esteacutetica de dentrordquo
Pierre Reverdy
171 INTRODUCcedilAtildeO
Para um melhor entendimento sobre os aspectos eacuteticos das pesquisas envolvendo seres humanos eacute importante refletir um pouco sobre o conceito de eacutetica A eacutetica eacute um segmento da filosofia que se dedica agrave anaacutelise das razotildees que ocasionam alteram ou orientam a maneira de agir do ser humano geralmente levando em consideraccedilatildeo seus valores morais (ARAUacuteJO 2012)
Os princiacutepios baacutesicos da eacutetica em pesquisa consistem em permitir a autonomia dos pacientes praticar a beneficecircncia e a natildeo maleficecircncia respeitando a equidade e a justiccedila Para que uma pesquisa com seres humanos em qualquer aacuterea do conhecimento seja considerada eacutetica deveraacute atender aos seguintes requisitos miacutenimos (1) ter uma justificativa cientiacutefica e poder responder agraves incertezas levantadas (2) somente pesquisar em humanos se natildeo houver outros meios de se obter o conhecimento buscado (3) a probabilidade de os benefiacutecios serem maiores que a dos riscos previsiacuteveis (4) natildeo utilizar seres humanos em experimentos natildeo previamente testados em laboratoacuterios animais ou por fatos cientiacuteficos (ARAUacuteJO 2012)
O objetivo deste capiacutetulo seraacute demonstrar resumidamente os princiacutepios que norteiam a eacutetica em pesquisa com seres humanos tecendo um breve histoacuterico sobre a evoluccedilatildeo do processo de regulamentaccedilatildeo eacutetica no Brasil e no mundo permitindo que os jovens pesquisadores adquiram uma melhor compreensatildeo sobre o tema
148 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
172 HISTOacuteRIA DA REGULAMENTACcedilAtildeO DA PESQUISA COM SERES HUMANOS
Segundo Arauacutejo (2012) ldquoa busca por novos conhecimentos ocorre desde os primoacuterdios da humanidaderdquo No entanto ao longo dos anos a busca pelo saber nem sempre respeitou a condiccedilatildeo humana e vaacuterios exemplos atestam esse fato
Na Escola de Alexandria no secIII aC Heroacutefilo de Capadoacutecia (325-280 aC) e Erassistrato de Cleo (304-205 aC) fizeram grandes descobertas anatocircmicas e fisioloacutegicas utilizando a teacutecnica de vivisseccedilotildees em criminosos condenados agrave morte No periacuteodo do Renascimento os meacutedicos Andreacute Versalio (1514-1564) e Ambroacutesio Pareacute (1510-1590) dissecaram o cracircnio de condenados agrave morte para conhecer a trajetoacuteria exata de uma lanccedila no olho para poder tratar o rei da Franccedila Henrique II ferido em uma batalha Na Inglaterra em 1721 o cirurgiatildeo inglecircs Charles Maitland inoculou variacuteola em seis prisioneiros com a promessa de liberdade para estudar o curso natural da doenccedila Entre 1931 e 1945 na ocupaccedilatildeo japonesa na China prisioneiros de guerra e integrantes da populaccedilatildeo civil foram cobaias em experiecircncias com armas quiacutemicas e bacterioloacutegicas Durante a Segunda Guerra Mundial os nazistas desenvolveram diversas pesquisas com seres humanos sem nenhuma limitaccedilatildeo moral (ARAUacuteJO 2012)
Foi justamente apoacutes o final da Segunda Guerra Mundial que as maiores discussotildees acerca dos limites eacuteticos das pesquisas envolvendo seres humanos foram intensificadas Apesar dos avanccedilos nas aacutereas tecnoloacutegica e meacutedica obtidos agrave custa de pesquisas sem regulamentaccedilatildeo financiadas pelo regime nazista e naccedilotildees simpatizantes (ou como descrito por Miguel Kottow ldquotorturas disfarccediladas de pesquisardquo) durante o Julgamento de Nuremberg que ocorreu ao teacutermino do conflito diversos indiviacuteduos (incluindo meacutedicos e pesquisadores) foram acusados e condenados por crimes de guerra
Esse julgamento gerou uma intensa discussatildeo sobre a forma de se fazer pesquisas em todo o mundo sendo considerado um marco para a regulamentaccedilatildeo da praacutetica de pesquisas com seres humanos Culminou em 1947 na criaccedilatildeo de um documento denominado Coacutedigo de Nuremberg (WORLD MEDICAL ASSOCIATION 1964) Esse coacutedigo versava sobre a individualidade do ser e sobre a autonomia para decidir se um potencial voluntaacuterio de uma pesquisa tinha interesse em participar de determinado estudo ou natildeo Aleacutem disso o Coacutedigo de Nuremberg trazia agrave tona outras questotildees importantes como transparecircncia relevacircncia social do estudo e proteccedilatildeo aos participantes
No ano seguinte em 1948 foi publicada pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) a Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem Trata-se do primeiro documento juriacutedico internacional que apresenta um cataacutelogo completo dos direitos humanos (disponiacutevel em httpswwwunorgenuniversal-declaration-human-
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 149
rights) Esse documento que delineia os direitos humanos baacutesicos foi idealizado principalmente pelo canadense John Peters Humphrey e foi aprovado por 48 paiacuteses membros das Naccedilotildees Unidas (ONU 1948)
Em 1964 foi promulgada pela Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial (World Medical Association WMA) a Declaraccedilatildeo de Helsinque aprimorando e reafirmando premissas eacuteticas jaacute estabelecidas previamente e incorporando outros aspectos que satildeo adotados ateacute os dias atuais como o ldquoConsentimento Informadordquo Tal ldquoconsentimentordquo ratifica a importacircncia do entendimento do paciente sobre a pesquisa e inclui situaccedilotildees que natildeo haviam sido previstas como incapacidade mental ou reclusatildeo A Declaraccedilatildeo de Helsinque tambeacutem foi um marco jaacute que eacute o iniacutecio do que hoje se conhece como bioeacutetica Ao longo dos anos essa declaraccedilatildeo foi atualizada oito vezes sendo a uacuteltima delas durante a Assembleia Geral da WMA realizada em outubro de 2013 em Fortaleza (httpswwwwmanetwp-contentuploads201611491535001395167888_DoHBrazilianPortugueseVersionRevpdf)
173 PESQUISA COM SERES HUMANOS NO BRASIL
A regulamentaccedilatildeo da eacutetica em pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil teve seu iniacutecio com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 poreacutem apenas em 1996 apoacutes a aprovaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo 196 do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) um dos principais marcos da pesquisa cliacutenica em acircmbito nacional foi criado um sistema nacional soacutelido de apreciaccedilatildeo eacutetica essencial para o desenvolvimento da pesquisa com seres humanos no Brasil
Essa resoluccedilatildeo aprovou as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos no paiacutes criando e normatizando o sistema de apreciaccedilatildeo eacutetica constituiacutedo por instacircncias regionais ndash os Comitecircs de Eacutetica em Pesquisa (CEP) ndash e uma instacircncia federativa ndash a Comissatildeo Nacional de Eacutetica em Pesquisa (CONEP) ndash oacutergatildeo nacional de controle de pesquisas envolvendo seres humanos e que juntos constituem o Sistema CEPCONEP Foi essa resoluccedilatildeo que no Brasil instituiu pela primeira vez a necessidade do ldquoConsentimento Livre e Esclarecidordquo que daria origem futuramente ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) tal qual se conhece hoje
Apoacutes 15 anos de vigecircncia a Resoluccedilatildeo CNS 1961996 foi revogada sendo substituiacuteda pela Resoluccedilatildeo CNS 4662012 documento atualmente vigente e de leitura recomendada para todo jovem pesquisador no paiacutes (httpconselhosaudegovbrresolucoes2012Reso466pdf) Outro documento importante e atualmente em vigor eacute a Norma Operacional Nordm 0012013 (httpwwwhgbrjsaudegovbrceapNorma_Operacional_001-2013pdf) que versa sobre a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema CEPCONEP e sobre os procedimentos para submissatildeo avaliaccedilatildeo e acompanhamento
150 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
da pesquisa e de desenvolvimento envolvendo seres humanos no Brasil
Adicionalmente resoluccedilotildees complementares e de temas especiacuteficos foram implementados e podem ser encontradas na Plataforma Brasil que disponibiliza links para todas as resoluccedilotildees em vigecircncia no Paiacutes
Ainda como leitura adicional sugerimos o capiacutetulo XII do Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica que versa sobre Ensino e Pesquisa Meacutedica (CFM 2019)
174 Sistema CEPCONEP no Brasil o que eacute e como funciona
Como mencionado anteriormente o Sistema CEPCONEP regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil avaliando a viabilidade a seguranccedila e o respeito aos requisitos eacuteticos normatizados pela Resoluccedilatildeo 4662012 e complementares De uma forma descentralizada tais comitecircs satildeo responsaacuteveis por aprovar os projetos de pesquisa antes de seu iniacutecio e acompanhar a sua execuccedilatildeo e teacutermino
O CEP eacute constituiacutedo por um comitecirc local e idealmente deve estar presente em todas as instituiccedilotildees que pretendem investir em pesquisas com seres humanos Aleacutem de avaliarem os aspectos eacuteticos da pesquisa e emitirem pareceres de anaacutelise os CEPs tecircm papel educativo e consultivo para pesquisadores comunidade institucional participantes da pesquisa e comunidade em geral funcionando como agente corresponsaacutevel pelo desenvolvimento do estudo
A CONEP por sua vez aleacutem de ser responsaacutevel por aspectos eacuteticos emissatildeo de pareceres e encarregar-se do aspecto normativo coordena e supervisiona todos os CEPs cabendo a ela a acreditaccedilatildeo o registro e a capacitaccedilatildeo contiacutenua desses comitecircs Aleacutem disso alguns estudos de aacutereas temaacuteticas especiais precisam de apreciaccedilatildeo e aprovaccedilatildeo do CEP e da CONEP (quadro 171)
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 151
Quadro 171 mdash Pesquisas em aacutereas temaacuteticas especiais que necessitam de apreciaccedilatildeo pela CONEP
1Geneacutetica humana quando o projeto envolver11envio para o exterior de material geneacutetico ou qualquer material bioloacutegico humano para obtenccedilatildeo de material geneacutetico salvo nos casos em que houver cooperaccedilatildeo com o Governo Brasileiro12armazenamento do material bioloacutegico ou dos dados geneacuteticos humanos no exterior e no Paiacutes quando estiver conveniada com instituiccedilotildees estrangeiras ou em instituiccedilotildees comerciais13alteraccedilotildees da estrutura geneacutetica de ceacutelulas humanas para utilizaccedilatildeo in vivo14pesquisas na aacuterea da geneacutetica da reproduccedilatildeo humana (reprogeneacutetica)15pesquisas em geneacutetica do comportamento e16pesquisas nas quais esteja prevista a dissociaccedilatildeo irreversiacutevel dos dados dos participantes de pesquisa2Reproduccedilatildeo humana pesquisas que se ocupam com o funcionamento do aparelho reprodutor procriaccedilatildeo e fatores que afetam a sauacutede reprodutiva de humanos sendo que nessas pesquisas seratildeo considerados ldquoparticipantes da pesquisardquo todos os que forem afetados pelos procedimentos delasCaberaacute anaacutelise da CONEP quando o projeto envolver21reproduccedilatildeo assistida 22manipulaccedilatildeo de gametas preacute-embriotildees embriotildees e feto e23medicina fetal quando envolver procedimentos invasivos3 Equipamentos e dispositivos terapecircuticos novos ou natildeo registrados no Paiacutes 4 Novos procedimentos terapecircuticos invasivos5 Estudos com populaccedilotildees indiacutegenas 6 Projetos de pesquisa que envolvam organismos geneticamente modificados (OGM) ceacutelulas-tronco embrionaacuterias e organismos que representem alto risco coletivo incluindo organismos relacionados a eles nos acircmbitos de experimentaccedilatildeo construccedilatildeo cultivo manipulaccedilatildeo transporte transferecircncia importaccedilatildeo exportaccedilatildeo armazenamento liberaccedilatildeo no meio ambiente e descarte 7 Protocolos de constituiccedilatildeo e funcionamento de biobancos para fins de pesquisa8 Pesquisas com coordenaccedilatildeo eou patrociacutenio originados fora do Brasil excetuadas aquelas com copatrociacutenio do Governo Brasileiro e9 Projetos que a criteacuterio do CEP e devidamente justificados sejam julgados merecedores de anaacutelise pela CONEP
175 O que eacute necessaacuterio para submeter um projeto de pesquisa na Plataforma Brasil
Todas as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil devem ser submetidas ao Sistema CEPCONEP via Plataforma Brasil Uma pesquisa soacute poderaacute ser iniciada apoacutes a apreciaccedilatildeo eacutetica e a aprovaccedilatildeo concedida por esse sistema
Todo projeto de pesquisa que seja submetido agrave apreciaccedilatildeo pelo Sistema CEPConep precisa de um ldquoprotocolo de pesquisardquo que eacute um conjunto de documentos que contemplam a descriccedilatildeo do estudo em seus aspectos fundamentais e as informaccedilotildees relativas ao participante da pesquisa agrave qualificaccedilatildeo dos pesquisadores e a todas as instacircncias responsaacuteveis Partindo dessa definiccedilatildeo espera-se que o protocolo de pesquisa a ser enviado para anaacutelise via Plataforma Brasil contenha
152 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull folha de rosto
bull declaraccedilotildees pertinentes
bull declaraccedilatildeo de compromisso do pesquisador responsaacutevel
bull garantia de que os benefiacutecios resultantes do projeto retornem aos participantes da pesquisa seja em termos de retorno social acesso aos procedimentos produtos seja como agentes da pesquisa
bull orccedilamento financeiro
bull cronograma
bull Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
bull demonstrativo da existecircncia de infraestrutura necessaacuteria e apta ao desenvolvimento da pesquisa e para atender eventuais problemas dela resultantes com documento que expresse a concordacircncia da instituiccedilatildeo eou organizaccedilatildeo por meio de seu responsaacutevel maior com competecircncia
bull outros documentos que se fizerem necessaacuterios de acordo com a especificidade da pesquisa
bull projeto de pesquisa original na iacutentegra incluindo embasamento teoacuterico justificativa objetivos meacutetodos e anaacutelise dos riscos e benefiacutecios da pesquisa
176 O TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Entre os documentos de um protocolo de pesquisa especial atenccedilatildeo deve ser dispensada ao TCLE motivo frequente de equiacutevocos na documentaccedilatildeo submetida agrave apreciaccedilatildeo eacutetica pelo Sistema CEPCONEP gerando pareceres que sinalizam pendecircncias para os pesquisadores e possiacutevel atraso no iniacutecio da pesquisa
Este documento deve ser elaborado sob a forma de convite e visa explicar para o participante por meio de uma linguagem clara e compreensiacutevel as seguintes questotildees relacionadas agrave pesquisa
bull objetivos justificativa e meacutetodos de pesquisa
bull garantia de esclarecimento (antes e durante todo o curso da pesquisa) sobre o estudo
bull duraccedilatildeo esperada da participaccedilatildeo do sujeito
bull modo como se daraacute o estudo
bull responsaacutevel pelo acompanhamento e pela assistecircncia
bull liberdade do sujeito para desistir a qualquer momento
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 153
bull sigilo de dados confidenciais coletados
bull benefiacutecios e malefiacutecios que possam acometer o sujeito
bull informaccedilatildeo da possibilidade da inclusatildeo em grupo controle ou placebo
bull cobertura pelos pesquisadores de quaisquer problemas provenientes da intervenccedilatildeo da pesquisa gastos meacutedicos incapacidade do falecimento e de como se daraacute a cobertura financeira (formas de ressarcimento) nos casos citados
O TCLE precisa ser assinado pelo participante da pesquisa e pelo pesquisador em duas vias sendo uma retida pelo sujeito da pesquisa ou por seu representante legal e uma arquivada pelo pesquisador Nos casos em que seja impossiacutevel registrar o consentimento livre e esclarecido tal fato deve ser devidamente documentado com a explicaccedilatildeo das causas da impossibilidade e parecer do CEP No caso de um indiviacuteduo que natildeo seja capaz precisa haver um consentimento por delegaccedilatildeo de um representante legal adequadamente autorizado Espaccedilos datiloscoacutepicos devem estar presentes para o caso de participantes natildeo alfabetizados
Situaccedilotildees especiais na obtenccedilatildeo do Consentimento Livre e Esclarecido
bull Pacientes menores de 16 anos o consentimento deveraacute ser dado por um dos pais ou na inexistecircncia deles pelo parente mais proacuteximo ou responsaacutevel legal Nos indiviacuteduos na faixa etaacuteria pediaacutetrica mas com idade suficiente para compreensatildeo sobre a sua participaccedilatildeo em uma pesquisa (em geral acima de 10 anos) o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido tambeacutem deveraacute ser obtido (TALE) Este deveraacute ser elaborado em uma linguagem ainda mais acessiacutevel para o leitor pediaacutetrico
bull Paciente maior de 16 e menor de 18 anos consentimento obtido com a assistecircncia de um dos pais ou responsaacutevel
bull Paciente eou responsaacutevel analfabeto o presente documento deveraacute ser lido em voz alta para o paciente e seu responsaacutevel na presenccedila de duas testemunhas que firmaratildeo tambeacutem o documento
bull Paciente deficiente mental incapaz de manifestaccedilatildeo de vontade suprimento necessaacuterio da manifestaccedilatildeo de vontade por seu representante legal
Existem modelos de TCLE disponiacuteveis na internet que podem ajudar o pesquisador (httpwwwaccgorgbruploadsarquivos1572ef4c10ee090e9fb7513f3055ddb4pdf) bem como roteiros para a sua elaboraccedilatildeo (httpwwwincoruspbrsitesincor2013docscomissao-cientificadocsTCLE-Versao_Marco2015pdf)
154 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
177 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Frequentemente os projetos de pesquisa submetidos agrave apreciaccedilatildeo eacutetica pelo Sistema CEPCONEP retornam para o pesquisador responsaacutevel com pareceres que apontam pendecircncias oriundas do desconhecimento e descumprimento dos requisitos miacutenimos exigidos pela regulamentaccedilatildeo eacutetica das pesquisas envolvendo seres humanos no paiacutes
Um ponto comum de inadequaccedilatildeo eacutetica presente em muitos projetos enviados para anaacutelise eacute afirmar que as pesquisas observacionais que natildeo promovam intervenccedilotildees natildeo apresentam riscos para os participantes No entanto a Resoluccedilatildeo do CNS 4662012 no paraacutegrafo V que trata dos ldquoRiscos e Benefiacuteciosrdquo afirma que ldquoToda pesquisa com seres humanos envolve risco em tipos e gradaccedilotildees variados Quanto maiores e mais evidentes os riscos maiores devem ser os cuidados para minimizaacute-los e a proteccedilatildeo oferecida pelo Sistema CEPCONEP aos participantes Devem ser analisadas possibilidades de danos imediatos ou posteriores no plano individual ou coletivordquo
Assim faz-se necessaacuterio que os pesquisadores sempre identifiquem quais os riscos envolvidos na pesquisa ainda que miacutenimos (quebra do sigilo de dados desconforto durante a entrevista etc) e quais medidas seratildeo adotadas para evitaacute-los e sanaacute-los
Por fim tais pendecircncias seriam reduzidas melhorando a eficiecircncia do sistema por meio de uma postura de busca ativa por parte dos proacuteprios pesquisadores antes da submissatildeo de seus projetos acerca da regulamentaccedilatildeo eacutetica a ser atendida bem como por meio de uma postura educativa de cada CEP local divulgando material consultivo visando ao alcance dos potenciais pesquisadores dentro da instituiccedilatildeo onde o comitecirc estaacute instalado
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 155
REFEREcircNCIAS
ARAUacuteJO L Z S Breve histoacuterico da bioeacutetica da eacutetica em pesquisa agrave bioeacutetica In REGO S PALAacuteCIOS M Comitecircs de eacutetica em pesquisa teoria e praacutetica Rio de Janeiro FioCruz 2012 cap 03 p 71-84
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA Coacutedigo de eacutetica meacutedica Brasiacutelia CFM 2019 Disponiacutevel em httpsportalcfmorgbrimagesPDFcem2019pdf Acesso em 10 abr 2020
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Resoluccedilatildeo nordm 466 de 12 de dezembro de 2012 Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasiacutelia CNS 2012 Disponiacutevel em httpconselhosaudegovbrresolucoes2012Reso466pdf Acesso em 01 dez 2019
SOUZA G G M Prefaacutecio In SANTOS P C NASCIMENTO E G C (org) Comitecirc de eacutetica em pesquisa com seres humanos o que eacute necessaacuterio saber para aprovar um projeto de pesquisa Mossoroacute UERN 2018 p 6-10 Disponiacutevel emhttpwwwuernbrcontroledepaginaspropeg-comissoes-ceparquivos3121livropdf Acesso em 10 abr 2020
WORLD MEDICAL ASSOCIATION DECLARATION OF HELSINKI Recommendations guiding physicians in biomedical research involving human subjects Somerset West [sn] 1996 Disponiacutevel em httpswwwwmanetwp-contentuploads201611DoH-Oct1996pdf Acesso em Acesso em 07 jan 2021
UNIVERSAL Declaration of Human Rights [Sl ] United Nations [201-] Disponiacutevel em httpswwwunorgenuniversal-declaration-human-rights Acesso em 07 jan 2021
157
18COMO CRIAR O SEU CURRIacuteCULO NA
PLATAFORMA LATTES
Victor Gomes Pitombeira
ldquoDecidir o que natildeo fazer eacute tatildeo importante quanto decidir o que fazerrdquo
Steve Jobs
A Plataforma Lattes eacute uma ferramenta on-line de unificaccedilatildeo de curriacuteculos grupos de pesquisas e outras iniciativas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq 1999) No Brasil eacute de extrema importacircncia a criaccedilatildeo de um curriacuteculo Lattes uma vez que este tem sido o modelo de curriculum vitae utilizado pela maioria dos centros acadecircmicos e de pesquisa e seraacute o seu ldquocartatildeo de visitardquo no ambiente acadecircmico (MORETTI 2020 LOCATELLI 2013)
Ao se inscrever na Plataforma Lattes vocecirc se compromete a apresentar apenas informaccedilotildees compatiacuteveis com a realidade Natildeo insira nenhuma formaccedilatildeo que vocecirc natildeo possa provar ou inexistente sob pena de puniccedilatildeo criminal
181 PASSO A PASSO
Para iniciar a criaccedilatildeo do seu curriacuteculo Lattes acesse httplattescnpqbr
158 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Clique em ldquoCadastrar novo curriacuteculordquo Isso redirecionaraacute vocecirc a uma nova paacutegina
bull Nesta paacutegina vocecirc deve preencher os seus dados Certifique-se de ler os Termos de Adesatildeo e Compromisso disponibilizados em um link Os termos tambeacutem podem ser conferidos em httpswwwscnpqbrcvlatteswebpkg_cv_estrtermo
bull Clique na barra de opccedilotildees em ldquoPaiacutes de Nacionalidaderdquo e selecione seu paiacutes Apoacutes isso coloque seu e-mail e senha nas barras de digitaccedilatildeo apropriadas
bull Na paacutegina seguinte preencha os seus dados pessoais e clique em ldquoProacuteximardquo para prosseguir adiante
OBS Para fazer upload de uma foto clique no iacutecone pequeno ao lado do rosto azul que estaacute marcado com uma circunferecircncia vermelha na imagem acima Uma janela de busca do sistema abriraacute para que vocecirc possa selecionar um arquivo de imagem Evite imagens por demais informais Vocecirc pode utilizar as imagens de outros documentos de identificaccedilatildeo como RG ou Passaporte
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 159
bull Clique na barra de seleccedilatildeo referente a ldquoPaiacutesrdquo e selecione o paiacutes de sua residecircncia A barra de digitaccedilatildeo referente a CEP seraacute disponibilizada insira-o e o endereccedilo seraacute completado automaticamente pelo sistema Termine informando o telefone e celular Clique em ldquoProacuteximardquo para finalizar
OBS Caso for utilizar endereccedilo institucional selecione a opccedilatildeo Profissional e clique posteriormente na lupa na barra de seleccedilatildeo da instituiccedilatildeo para procurar a instituiccedilatildeo agrave qual vocecirc eacute filiado
bull Uma nova paacutegina abriraacute Clique na barra de opccedilotildees referente agrave ldquoFormaccedilatildeo acadecircmica concluiacutedardquo e selecione o niacutevel acadecircmico que quer referenciar adicionando-o ao seu curriacuteculo Apoacutes selecionar clique na lupa na barra de digitaccedilatildeo abaixo Um bloco apareceraacute para que vocecirc pesquise pela instituiccedilatildeo na qual vocecirc fez o niacutevel referenciado Digite o nome e clique em ldquoPesquisarrdquo o sistema apresentaraacute resultados semelhantes clique sobre o resultado ao qual vocecirc quer referenciar
OBS Caso sua instituiccedilatildeo natildeo esteja cadastrada no banco de dados o bloco sugeriraacute que vocecirc cadastre oferecendo um acesso com um ldquoclique aquirdquo Um novo bloco apareceraacute insira o nome da instituiccedilatildeo uma sigla e o paiacutes de origem
bull Apoacutes isso insira o ano de iniacutecio e de conclusatildeo do atual niacutevel que vocecirc estaacute referenciando no seu curriacuteculo Existe dois espaccedilos especiacuteficos para isso Apoacutes isso repita o mesmo processo para ldquoFormaccedilatildeo acadecircmica em conclusatildeordquo poreacutem desta vez referenciando a atual formaccedilatildeo em curso Clique em ldquoProacuteximardquo para prosseguir
bull Uma nova paacutegina apareceraacute Selecione ldquoSimrdquo se tiver algum viacutenculo profissional vigente Clique nas lupas e um novo bloco vai aparecer para pesquisar a instituiccedilatildeo agrave qual vocecirc estaacute vinculado Funciona da mesma forma explicada anteriormente para instituiccedilatildeo acadecircmica Quanto ao viacutenculo um novo bloco apareceraacute com uma barra de opccedilotildees para selecionar o tipo de viacutenculo selecione e clique em ldquoConfirmarrdquo Digite o cargo e iniacutecio do viacutenculo nas barras de digitaccedilatildeo Quando tudo estiver terminado clique em ldquoProacuteximordquo
160 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Na paacutegina seguinte clique na lupa no quadro de aacuterea de atuaccedilatildeo Um bloco com aacutervore esquemaacutetica das aacutereas cientiacuteficas apareceraacute Selecione a aacuterea em que vocecirc atua (as aacutereas selecionaacuteveis estatildeo em azul) Abaixo selecione os idiomas que vocecirc fala e apresente suas habilidades quando a compreensatildeo leitura fala e escrita Inclua o idioma nativo (ex portuguecircs) aleacutem dos natildeo nativos Clique em ldquoProacuteximardquo para terminar
bull Pronto Caso seu curriacuteculo tenha alguma pendecircncia um quadro do navegador abriraacute informando o que estaacute faltando Vocecirc poderaacute voltar agraves paacuteginas anteriores selecionando a barra de paacuteginas no topo da tela
182 Como alterar e atualizar o seu curriacuteculo Lattes
Entre na paacutegina do Portal Lattes em httplattescnpqbr
Apoacutes isso clique em ldquoAtualizar curriacuteculordquo conforme a imagem abaixo destaca
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 161
bull Faccedila seu login utilizando seu CPFe-mail e senha
bull Vocecirc seraacute redirecionado para uma nova paacutegina que permite a ediccedilatildeo de seu curriacuteculo Lattes
bull Ao posicionar o nome sobre cada nome deste como ldquoDados geraisrdquo ldquoFormaccedilatildeordquo ldquoAtuaccedilatildeordquo entre outros um pequeno pop-up como este mostrado na tela apareceraacute Ao clicar em uma das opccedilotildees do pop-up novos quadros apareceratildeo para inserir a formaccedilatildeo o artigo o projeto a formaccedilatildeo o viacutenculo empregatiacutecio ou a patente que vocecirc quer
A plataforma Lattes permite que vocecirc adicione vaacuterias atividades Escolha uma das opccedilotildees que mais se adeque ao que vocecirc estaacute querendo e insira a informaccedilatildeo
Aleacutem disso mantenha seu curriacuteculo sempre atualizado Deixar acumular os diplomas e certificados para inserir no curriacuteculo Lattes depois pode dificultar o processo Aleacutem disso quanto mais atual for seu curriacuteculo melhor seraacute sua imagem mostrando que vocecirc permanece interessado e atuante na aacuterea da pesquisa
162 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por fim lembre-se um curriacuteculo rico eacute um curriacuteculo que causa mais impacto Entretanto um curriacuteculo por demais extenso cheio de atividades com pouca relevacircncia natildeo eacute sinocircnimo de uma boa qualificaccedilatildeo profissional Priorize as competecircncias de maior impacto que tenham importacircncia para sua apresentaccedilatildeo como pesquisador em sauacutede
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 163
REFEREcircNCIAS
MORETTI I Como fazer curriacuteculo Lattes CNPQ Aprenda passo a passo tudo que vocecirc precisa saber para fazer o preenchimento correto do documento digital [S l s n] 2020 Disponiacutevel em httpsviacarreiracomcomo-fazer-curriculo-lattes-cnpq Acesso em 30 maio 2019
LOCATELLI P A Como preencher o curriacuteculo Lattes [Porto Alegre] UFRGS [2013] 103 Slides Disponiacutevel em httpposarqufscbrfiles201301comopreencherocurriculolattespdf Acesso em 30 maio 2019
165
19COMO UTILIZAR A TECNOLOGIA A FAVOR DA
PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA
Elias Silveira de BritoTaynara Falkenstins Gois Mendes
O intenso desenvolvimento tecnoloacutegico das uacuteltimas deacutecadas trouxe para todas as atividades humanas meios mais faacuteceis e raacutepidos de produccedilatildeo A busca por soluccedilotildees aacutegeis de baixo custo e praacuteticas tem acontecido em todos as aacutereas e meios da vida humana e a produccedilatildeo cientiacutefica natildeo poderia ficar de fora Desde softwares para escrita de textos ateacute bancos de dados a um clique novas ferramentas aparecem todos os dias para permitir que o desenvolvimento de um artigo se torne mais simples dinacircmico e eficiente
Este capiacutetulo busca apresentar algumas ferramentas uacuteteis para a produccedilatildeo e como utilizaacute-las ao seu favor na hora de escrever um material de qualidade Todo o conteuacutedo aqui apresentado foi obtido a partir dos endereccedilos eletrocircnicos durante o processo de levantamento dessas informaccedilotildees entre 2019 e 2020 Ressalta-se que natildeo haacute quaisquer conflitos de interesse envolvidos na elaboraccedilatildeo desse capiacutetulo
191 ESCRITA
Ateacute o iniacutecio dos anos 2000 escrever digitalmente era uma tarefa aacuterdua Os computadores eram lentos as plataformas de escrita arcaicas e a correccedilatildeo de gramaacutetica e ortografia ficava a cargo do proacuteprio autor ou revisores Para isso um artigo precisava passar por vaacuterias correccedilotildees e por vezes ser reescrito diversas vezes Hoje novos aplicativos e softwares apareceram para facilitar a escrita
Outro grande problema dos editores de texto comuns era a impossibilidade de fazer o texto simultaneamente com outros autores Essa barreira jaacute foi ultrapassada e vaacuterias pessoas podem contribuir em um mesmo texto atraveacutes de plataformas
bull Atlas ndash eacute uma plataforma inteligente para escrever estilizar e publicar seu artigo Permite colaboraccedilatildeo entre autores exportaccedilatildeo em vaacuterios formatos interatividade com imagens e viacutedeos aleacutem de permitir programaccedilatildeo digital para melhorar o desempenho do seu artigo Acompanhe mais em httpsatlasoreillycom
166 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Write ndash eacute um app minimalista que promete poucas distraccedilotildees visuais sincronizaccedilatildeo em vaacuterias maacutequinas e facilidade no uso Apesar de natildeo ser um aplicativo especializado na aacuterea cientiacutefica pode ser uacutetil para muitos autores Acesso em httpswriteappco
bull F1000 Workspace ndash uma ferramenta completa para reunir discutir e ler referecircncias aleacutem de permitir a escrita de novos artigos Eacute uma plataforma especializada em produccedilatildeo cientiacutefica que busca novos meacutetodos diariamente Veja em httpsf1000workspacecom
bull Authorea ndash um espaccedilo grandioso para escrever editar publicar e ler artigos cientiacuteficos Aleacutem disso permite a escrita colaborativa com os co-autores Busque em httpswwwauthoreacom
192 REFERENCIAMENTO
Elaborar as referecircncias bibliograacuteficas de uma produccedilatildeo acadecircmica demanda tempo e paciecircncia Trata-se de uma etapa essencial do trabalho cientiacutefico poreacutem passa longe de ser a mais empolgante Ferramentas que auxiliem nesse processo satildeo de importante valia para os pesquisadores
A maioria dos aplicativos de apoio agrave escrita apresentados acima tambeacutem fornecem apoio ao referenciamento Poreacutem existem outras plataformas mais especiacuteficas que ajudam o pesquisador a pesquisar armazenar e formatar as referecircncias literaacuterias entre elas
bull Mendeley ndash eacute um aplicativo que permite o arquivamento de vaacuterias referecircncias a um soacute clique Aleacutem disso proporciona citaccedilotildees faacuteceis e raacutepidas a criaccedilatildeo de redes de pesquisadores conectados e sincronizaccedilatildeo em vaacuterias plataformas de acesso Acesse em httpswwwmendeleycom
bull Papers ndash conhecido em universidades renomadas como Harvard e Duke o Papers eacute um aplicativo inteligente de busca leitura citaccedilatildeo organizaccedilatildeo compartilhamento colaboraccedilatildeo e sincronizaccedilatildeo de referecircncias Veja mais em httpswwwpapersappcom
bull Zotero ndash o diferencial do Zotero eacute sua facilidade em manuseio a um clique para arquivar e organizar suas referecircncias Vocecirc pode ver mais em httpswwwzoteroorg
bull Citavi ndash oferece as mesmas funccedilotildees dos concorrentes Aleacutem disso permite que vocecirc guarde seus pensamentos sobre suas referecircncias para ajudar na organizaccedilatildeo dos seus projetos Veja em httpswwwcitavicompt
bull Wizdom ndash promete soluccedilotildees em estatiacutesticas sobre artigos mostrando impacto
Como Utilizar a Tecnologia a Favor da Produccedilatildeo Acadecircmica 167
disponibilidade e relevacircncia cientiacutefica Aleacutem disso provecirc um grande banco de dados repleto de referecircncias para compor sua produccedilatildeo Acesse em httpswwwwizdomai
193 PESQUISA BIBLIOGRAacuteFICA
Muitos autores apresentam dificuldades para iniciar seu projeto no momento da pesquisa sobre os assuntos relacionados ao seu trabalho As bibliotecas apesar de seu grande acervo nem sempre possuem as mais novas atualizaccedilotildees acerca do assunto sendo fundamental saber como buscar boas referecircncias nas mais diferentes plataformas atentando-se para o fato de que nem todos os sites disponiacuteveis possuem produccedilotildees relevantes ou de qualidade e assim identificar as plataformas que concentram os melhores artigos contribui para a qualidade da sua pesquisa e para economia de tempo Alguns deles satildeo citados abaixo
bull PubMed ndash essa plataforma bastante conhecida como a biblioteca nacional de medicina dos EUA tambeacutem apresenta acesso livre a vaacuterios textos completos de perioacutedicos biomeacutedicos e de ciecircncias da vida Acesse em httpswwwncbinlmnihgovpubmed
bull Cochrane ndash A Cochrane tem sido comparada com o Projeto Genoma Humano pela importacircncia que tem e teraacute nas futuras geraccedilotildees em relaccedilatildeo agrave atenccedilatildeo agrave sauacutede Trata-se de uma rede global independente de pesquisadores profissionais pacientes cuidadores e pessoas interessadas em sauacutede Atualmente mais de 9 mil revisotildees sistemaacuteticas Cochrane jaacute foram publicadas na Biblioteca Cochrane (httpwwwcochranelibrarycom) Esta biblioteca tambeacutem possui a maior base de dados de ensaios cliacutenicos publicados conhecida como CENTRAL
bull Embase ndash eacute uma base de dados biomeacutedico muito versaacutetil e atualizado para diversos objetivos Ele abrange a mais importante literatura biomeacutedica internacional desde 1947 ateacute os dias de hoje e todos os seus artigos satildeo indexados com precisatildeo com o uso do Embase Indexing e Emtreereg da Elsevier O banco de dados completo tambeacutem encontra se convenientemente disponiacutevel em vaacuterias plataformas Acesse em httpsembasecomlogin
bull Scielo ndash A Coleccedilatildeo SciELO indexa disponibiliza e dissemina on-line em acesso aberto os textos completos de perioacutedicos cientiacuteficos de todas as aacutereas do conhecimento que publicam predominantemente artigos resultantes de pesquisa cientiacutefica que utilizam o procedimento de avaliaccedilatildeo por pares dos manuscritos que recebem ou encomendam e que apresentam desempenho crescente nos indicadores de cumprimento dos criteacuterios de indexaccedilatildeo A coleccedilatildeo privilegia a admissatildeo e permanecircncia dos perioacutedicos que em sua operaccedilatildeo avanccedilam na profissionalizaccedilatildeo internacionalizaccedilatildeo e modelos de financiamento sustentaacutevel Acesso em https
168 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
scieloorg
bull ScienceDirect ndash possui publicaccedilotildees confiaacuteveis de textos completos mantendo os usuaacuterios informados em suas aacutereas trabalhando com eficiecircncia e efetividade Aleacutem de apresentar muitas funccedilotildees inteligentes que contribuem para tal proposta Acesse em httpswwwsciencedirectcom
bull Scopus ndash eacute um banco de dados que possui resumos e citaccedilotildees de literatura com revisatildeo de revistas cientiacuteficas livros resumos de congressos e publicaccedilotildees em geral Eacute uma plataforma que mostra importantes pesquisas Acesse em httpswwwscopuscomhomeuri
bull Paperity ndash tem como principal objetivo oferecer acesso livre aos conteuacutedos com licenccedila fornecida para qualquer pessoa Acesse em httpspaperityorg
bull Sparrho ndash promete unir a inteligecircncia humana e artificial para manter os usuaacuterios atualizados sobre novas publicaccedilotildees e patentes Acesse em httpswwwsparrhocom
Dentre as ferramentas jaacute citados para outros fins o F1000 prime o Mendeley e o Zotero satildeo exemplos que podem ser utilizados tambeacutem com essa finalidade
194 PUBLICACcedilAtildeO
Apoacutes utilizar as principais plataformas oferecidas para buscar na literatura os temas relacionados agrave sua pesquisa encontrar as melhores referecircncias para enriquececirc-la e trabalhar na sua escrita podemos passar para o uacuteltimo passo da pesquisa cientiacutefica
A publicaccedilatildeo do artigo pode ser realizada por meio de plataformas criadas pela comunidade cientiacutefica com intuito de gerar oportunidades para os autores em mostrar o seu trabalho e para os leitores ao oferecer conhecimento sobre pesquisas atualizadas acerca dos mais diversos assuntos
BioMed Central (BMC) ndash parte da editora Springer Nature a BMC eacute uma das pioneiras no processo de publicaccedilatildeo de conteuacutedo de acesso aberto a BMC tem um amplo portfoacutelio de jornais de alta qualidade revisados por pares incluindo tiacutetulos de interesse como Biologia e Medicina Consulte em BMC Series
PLOSOne ndash a PLOS eacute uma editora de acesso aberto sem fins lucrativos que visa difundir e acelerar o progresso da ciecircncia e da medicina modificando o processo de comunicaccedilatildeo de pesquisas e impulsionando o movimento por alternativas de acesso aberto desde 2001 Acesse em httpsjournalsplosorgplosone
ScienceOpen ndash eacute uma plataforma interativa que publica pesquisas de acesso aberto oferecendo um canal de comunicaccedilatildeo para os pesquisadores podendo gerar
Como Utilizar a Tecnologia a Favor da Produccedilatildeo Acadecircmica 169
discussotildees acerca do assunto e aprimorando o estudo Acesse em httpswwwscienceopencom
eLife ndash ele publica trabalhos com grande relevacircncia em aacutereas da vida e ciecircncias biomeacutedicas e somente apoacutes avaliaccedilatildeo de cientistas que trabalham na plataforma disponibiliza gratuitamente aos leitores apesar de cobrar uma taxa de publicaccedilatildeo aos autores Acesse em httpselifesciencesorg
Cureus ndash eacute uma revista que possui um padratildeo editorial e promove a publicaccedilatildeo gratuita mantendo os direitos autorais e principalmente destacando os pesquisadores por meio de um curriacuteculo digital ancorado em seus artigos Veja em httpswwwcureuscom
Winnower ndash assim como a ScienceOpen a Winnower promove publicaccedilotildees on-line de acesso aberto incentivando a comunicaccedilatildeo cientiacutefica para debate Nesta plataforma eacute necessaacuterio o pagamento de uma taxa de publicaccedilatildeo Acesse em httpsthewinnowercom
195 OUTROS LINKS E APLICATIVOS UacuteTEIS
LISTA DE ldquoSOBREVIVEcircNCIArdquo PARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA (Adaptado de Nathaacutelia Ronfini Disponiacutevel em httpsedisciplinasuspbr
pluginfilephp5555503mod_resourcecontent1sobrevivencia_academicapdf)
ESCRITAContador de palavras repetidas httplinguisticainsitecombrcorpusphphttpptwordcounter360comhttpwwwwritewordsorgukword_countaspDicionaacuterio de sinocircnimos httpswwwsinonimoscombrDicionaacuterio de antocircnimos httpswwwantonimoscombrdorConferir se eacute plaacutegio httpwwwplagiumcomhttpplagiarismanetCurso de Escrita e Publicaccedilatildeo de Artigos Cientiacuteficos httpwwwcnengovbrimagesCINCursosCurso_Escrita_Publicao_
Artigo_Cientfico_Junho2017pdf9 elementos essenciais no artigo cientiacutefico httpsandrezalopescombr9-elementos-essenciais-no-artigo-cientifico
170 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
PESQUISA BIBLIOGRAacuteFICABase de perioacutedicos da Capes httpwwwperiodicoscapesgovbrBibliotecas digitais gratuitashttpsptscribdcomhttpsarchiveorgdetailsamericanahttpgenlibrusechttpswwwpdfdrivenethttpswwwpasseidiretocom
REFERENCIAMENTOGerenciadores de referecircncia bibliotecas digitaiswwwmyendnotewebcomhttpswwwzoteroorghttpswwwmendeleycomManual Mendeleyh t t p s w w w s l i d e s h a r e n e t T h a i s M o r a e s 7 m e n d e l e y - 2 0 1 7 -
73612874from_m_app=android
TRADUCcedilAtildeOFerramenta para escrita e correccedilatildeo de textos em inglecircs httpswriteandimprovecomhttpslanguagetoolorghttpswwwgrammarlycomDicionaacuterio de sinocircnimos em inglecircs httpswwwthesauruscom
OUTROSConferir o Qualis de um perioacutedico https sucupiracapesgovbrsucupirapublic consultascoleta
veiculoPublicacaoQualislistaConsultaGeralPeriodicosjsfRedes sociais para pesquisadores httpswwwresearchgatenethttpswwwacademiaeduhttpsbrlinkedincomPlataforma Brasil httpplataformabrasilsaudegovbrloginjsfComo utilizar o meacutetodo FISHQTCR5SS para ler artigos cientiacuteficos httpposgraduandocomfish-qtcr-5ss-leitura-artigosO Guia Completo das Ferramentas de Pesquisa httpsblogeven3combrguia-completo-das-ferramentas-de-pesquisa
COLABORADORES (DOCENTES)
Antocircnio Brazil Viana JuniorPossui graduaccedilatildeo em Estatiacutestica pela Universidade Federal do Cearaacute (2001-
2005) poacutes-graduaccedilatildeoMBA em Gestatildeo Puacuteblica (2013-2014) pela Universidade Estaacutecio de Saacute e mestrado em Pesquisa Cliacutenica pelo Hospital de Cliacutenicas de Porto AlegreUniversidade Federal do Rio Grande do Sul Atualmente eacute estatiacutestico da Gerecircncia de Ensino e Pesquisa e estatiacutestico do Nuacutecleo de Apoio ao Pesquisador da Unidade de Pesquisa Cliacutenica do Complexo de Hospitais Universitaacuterios da UFCEBSERH Tem experiecircncia na aacuterea de Probabilidade e Estatiacutestica com ecircnfase em Bioestatiacutestica
Clarisse Mouratildeo Melo PontePossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute - UFC
(2002) residecircncia em Cliacutenica Meacutedica (2003 - 2005) e em Endocrinologia pela UFC (2005 - 2007) Tem Tiacutetulo de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2008) mestrado em Sauacutede Puacuteblica pela UFC (2010) e doutorado em Ciecircncias Meacutedicas pela UFC (2016) Atua como meacutedica pesquisadora do Instituto Cearense de Endocrinologia do Grupo Brasileiro para o Estudo de Lipodistrofias Herdadas e Adquiridas (BrazLipo) e do Grupo ENDOCRINOR no Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da Universidade Federal do Cearaacute Professora da Faculdade de Medicina UNICHRISTUS
Maria Helane Costa GurgelPossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2003)
poacutes-graduaccedilatildeo em cliacutenica meacutedica e endocrinologia pela Universidade Federal do Cearaacute (2008) mestra em Farmacologia pela Universidade Federal do Cearaacute (2010) e Doutora em Ciecircncias Meacutedicas pela Universidade do estado de Satildeo Paulo (USP -2015) Tiacutetulo de especialista em endocrinologia e Membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Professora da Faculdade de Medicina Christus Endocrinologista da Unidade de Cardiometabolismo do Hospital do Coraccedilatildeo e Pulmatildeo de Messejana da SESA Meacutedica pesquisadora do Instituto Cearense de Endocrinologia e do grupo de pesquisa em diabetes e metabolismo do hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio da UFC Diretora Meacutedica do laboratoacuterio LabPasteur-DASA
Maacutercia Maria Pinheiro DantasPossui graduaccedilatildeo em Fisioterapia pela Universidade de Fortaleza (1985)
Professora do curso de Fisioterapia do Centro Universitaacuterio Christus e fisioterapeuta intensivista do Instituto Dr Joseacute Frota Fortaleza CE Tem experiecircncia na aacuterea de
fisioterapia com ecircnfase em fisioterapia respiratoacuteria e hospitalar Mestra em Sauacutede da Crianccedila e do Adolescente pela Universidade Estadual do Cearaacute Coordenadora do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do Instituo Dr Joseacute Frota e Preceptora da Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede da Escola de Sauacutede Puacuteblica do Estado do Cearaacute ecircnfase em Urgecircncia e Emergecircncia
Patriacutecia Rolim Mendonccedila LocircboPossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2007)
residecircncia em Cliacutenica Meacutedica (2011) e Reumatologia (2013) pelo Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina de Ribeiratildeo Preto Universidade de Satildeo Paulo- USP e doutorado em Medicina (Cliacutenica Meacutedica) pela USP (2018) Especialista em Reumatologia pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (2013) Atualmente professora adjunta da graduaccedilatildeo do curso de Medicina da Universidade Federal do Cearaacute (2018-atual) e meacutedica assistente no Instituto Dr Joseacute Frota (2016-atual)
Laura da Silva Giratildeo LopesMeacutedica graduada pela Universidade Federal do Cearaacute (1998-2003)
complementando sua formaccedilatildeo profissional com residecircncia meacutedica em Cliacutenica Meacutedica (2004-2005) realizaccedilatildeo de mais um ano complementar em cliacutenica Meacutedica (R3 em Cliacutenica Meacutedica) e residecircncia meacutedica em Endocrinologia e Metabologia (PUC-SP) concluiacuteda em 2009 Doutorado em Ciecircncias concluiacutedo em 2014 pela Universidade de Satildeo Paulo na aacuterea de Metabolismo Oacutesseo e Diabetes Atua como professora da graduaccedilatildeo da faculdade de Medicina do Centro Universitaacuterio Unichristus desenvolvendo projetos relacionados aos temas Educaccedilatildeo Meacutedica e Endocrinologia Cliacutenica incluindo orientaccedilatildeo de monitoria em Endocrinologia de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica e da Liga de Endocrinologia e Metabologia (LEME)
Lilian Loureiro Albuquerque CavalcantePossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2005)
Realizou residecircncia em Cliacutenica meacutedica (2007-2009) e residecircncia em Endocrinologia e Metabologia (2010-2012) no Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio - Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Tem Tiacutetulo de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2013) Mestrado em Ciecircncias Cliacutenico-Ciruacutergicas pela UFC Poacutes-graduaccedilatildeo em Nutrolgia pela Associaccedilatildeo Brasileira de Nutrologia em 2016 (ABRAN) Endocrinologista da Empresa Diagnoacutestico das Ameacutericas (DASA) desde 2015 Meacutedica do Instituto Dr Joseacute Frota desde 2016 Professora do curso de medicina da Faculdade Christus desde 2018 Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (Biecircnio 2018-19)
COLABORADORES (DISCENTES)
Elias Silveira de Brito - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Eacuterika Suyane Freire Silva - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Juliana Ferreira Paraacute - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Matheus Mendonccedila Leal Janja - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Roberta Lopes Ribeiro - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
Taynara Falkenstins Gois Mendes - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Veyda Lourdes Ferreira Martins - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Victor Gomes Pitombeira - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Victor Hugo Lima Jacinto - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
Victoacuteria Costa Lima - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Wellison Gil Magalhatildees de Almeida - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
PREFAacuteCIO
A produccedilatildeo acadecircmica eacute importante para a formaccedilatildeo dos estudantes tendo em vista que com a praacutetica da redaccedilatildeo cientiacutefica os alunos passam a organizar pensamentos e decodificaacute-los por meio de palavras Esse conteuacutedo acaba natildeo sendo de acesso exclusivo do autor mas servindo de base conceitual para outros estudantes Dessa forma os trabalhos acadecircmicos satildeo responsaacuteveis pela formaccedilatildeo em excelecircncia do profissional que atua nessa aacuterea
No universo acadecircmico fazer ciecircncia eacute importante para todos pois eacute por meio dela que se descobrem e se formulam novas teorias que aliadas a um meacutetodo adequado representam uma nova forma de pensar e de se chegar agrave natureza dos problemas seja para estudaacute-los seja para explicaacute-los
Eacute por isso que somente com base em meacutetodos e teacutecnicas adequadas o estudante deveraacute obter condiccedilotildees de identificar problemaacuteticas e buscar soluccedilotildees Assim a atividade e o pensamento cientiacutefico satildeo antes de tudo o resultado da atitude dos seres humanos diante do mundo que os cerca
Dessa forma fica o questionamento como desenvolver nos estudantes competecircncias e habilidades que possibilitem habilitaacute-los agrave praacutetica da produccedilatildeo acadecircmica dentro dos padrotildees atuais Esse eacute um dos desafios para alcanccedilar a excelecircncia na pesquisa cientiacutefica e assim gerar conhecimento
Nesse cenaacuterio o livro MANUAL PRAacuteTICO PARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA surge como mais uma ferramenta para auxiliar no aperfeiccediloamento dos estudantes A obra eacute fruto da experiecircncia didaacutetica e da competecircncia de um conjunto de professores atuantes na aacuterea e tambeacutem da iniciativa da professora Clarisse Mouratildeo Melo Ponte responsaacutevel por sua estruturaccedilatildeo
A obra de forma clara concisa e objetiva estaacute dividida em duas partes uma delas explorando a execuccedilatildeo da redaccedilatildeo cientiacutefica e a outra contemplando a preparaccedilatildeo para esse processo Seguindo essas orientaccedilotildees os alunos certamente conseguiratildeo agregar contribuiccedilotildees relevantes agrave ciecircncia Dessa forma toda a comunidade acadecircmica ganha no processo tendo em vista que os resultados seratildeo o alicerce para a construccedilatildeo de novos conhecimentos
Marcos Kubrusly
Aos meus filhosFelipe Henrique e Vinicius
APRESENTACcedilAtildeO
Ao longo da formaccedilatildeo dos estudantes de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo eles se deparam diante do grande desafio da elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa artigos resumos relatoacuterios trabalhos de conclusatildeo de curso entre outras produccedilotildees que demandam o entendimento sobre o conhecimento cientiacutefico aleacutem das habilidades em escrita
Assim partindo dessa premissa a proposta inicial para a elaboraccedilatildeo deste manual voltado para jovens pesquisadores partiu do interesse de um grupo de estudos composto por estudantes de graduaccedilatildeo e professores do Curso de Medicina do Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus cuja funccedilatildeo era ser um ldquoberccedilordquo para a geraccedilatildeo de projetos de pesquisa a serem elaborados e encaminhados para os editais de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica da referida Instituiccedilatildeo
Agrave eacutepoca em meados de 2018 esses estudantes reuniam-se quinzenalmente a fim de discutir possiacuteveis projetos e produccedilotildees teacutecnicas No entanto nesses encontros inuacutemeras dificuldades atuavam como barreiras para um melhor desempenho do grupo pouco domiacutenio sobre conceitos baacutesicos relacionados agrave realizaccedilatildeo de uma pesquisa cientiacutefica falta de habilidade para a escrita falta de tempo dos estudantes e dos proacuteprios orientadores para se dedicarem agraves inuacutemeras atividades curriculares e extracurriculares entre outras
Todas essas questotildees nos evidenciaram um dos muitos paradoxos atualmente existentes em nosso meio acadecircmico a cobranccedila que existe sobre o aluno de graduaccedilatildeo para uma participaccedilatildeo efetiva em atividades de extensatildeo e pesquisa visando agrave melhoria de seus curriacuteculos e suas chances de aprovaccedilatildeo em concursos de residecircncia ou outros versus a pouca capacitaccedilatildeo oferecida a esses alunos para que produzam conteuacutedo relevante ao contexto no qual estatildeo imersos
Desse modo temos um ciclo no qual o aluno se obriga a produzir sem que esteja adequadamente qualificado para tal resultando em trabalhos que natildeo satildeo modificadores ou impactantes dentro de sua realidade Agraves vezes a funccedilatildeo se resume a atender a uma exigecircncia para sua formaccedilatildeo ou melhorar os curriacuteculos pessoais No entanto embora essas sejam motivaccedilotildees vaacutelidas elas natildeo devem ser as mais importantes mas prossigamos pois esse eacute um tema para um debate mais amplo que foge ao escopo deste manual
Parece-nos que atuar como um facilitador nesse processo e ao mesmo tempo pontuar para o aluno o significado e a relevacircncia da pesquisa enquanto condiccedilatildeo sine qua non para o desenvolvimento cientiacutefico eacute uma maneira de ldquoquebrarrdquo esse ciclo Assim a pequena contribuiccedilatildeo deste manual elaborado por estudantes de graduaccedilatildeo e revisado por diferentes orientadores eacute trazer um pouco dessa reflexatildeo para o jovem pesquisador
Para isso dividimos este manual em duas partes na primeira abordamos temas essenciais para a elaboraccedilatildeo de uma produccedilatildeo cientiacutefica tentando elucidar como pocircr ldquoa matildeo na massardquo e iniciar a escrita propriamente dita Buscamos escrever esses capiacutetulos de forma clara e acessiacutevel trabalhando com exemplos fluxogramas links e outras ferramentas Na segunda parte do manual pontuamos alguns temas que podem ser considerados como alicerces de uma boa produccedilatildeo acadecircmica como revisatildeo de literatura escrita acadecircmica traduccedilatildeo para o inglecircs noccedilotildees de estatiacutestica eacutetica na ciecircncia curriacuteculo Lattes e uso da tecnologia para a produccedilatildeo acadecircmica
Por meio deste manual esperamos facilitar a aquisiccedilatildeo de conhecimentos sobre pesquisa auxiliando no desenvolvimento de uma consciecircncia cientiacutefica e no desenvolvimento de habilidades como a da escrita que permitam ao jovem aluno aventurar-se nesse meio desafiador com maior seguranccedila e quiccedilaacute minimizar o desgaste tatildeo frequente que os assola durante essa jornada Por fim nosso objetivo eacute tentar demonstrar que com estudo teacutecnica e treino o processo da produccedilatildeo cientiacutefica e da redaccedilatildeo em si pode ser prazeroso resultando em produccedilotildees de qualidade e relevacircncia
Os autores
SUMAacuteRIO1 A ESCOLHA DO TEMA 17
2 A INTRODUCcedilAtildeO DE UM TRABALHO ACADEcircMICO 25
3 OBJETIVOS GERAL E ESPECIacuteFICOS 33
4 MEacuteTODOS 37
5 RESULTADOS 49
6 ESCREVENDO A DISCUSSAtildeO E A CONCLUSAtildeO 59
7 COMO DEFINIR O TIacuteTULO 67
8 COMO REDIGIR O RESUMO 71
9 CRONOGRAMA E ORCcedilAMENTO 79
10 APEcircNDICES E ANEXOS 89
11 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 93
12 COMO REALIZAR UMA BOA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 101
13 A REDACcedilAtildeO ACADEcircMICA DICAS PARA UMA BOA ESCRITA 109
14 TRADUCcedilAtildeO DE TRABALHOS ACADEcircMICOS PARA O INGLEcircS 117
15 NOCcedilOtildeES BAacuteSICAS DE ESTATIacuteSTICA 125
16 EacuteTICA NA CIEcircNCIA CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE AUTORIA PLAacuteGIO ACADEcircMICO E TRABALHO EM EQUIPE 137
17 ASPECTOS EacuteTICOS DAS PESQUISAS COM SERES HUMANOS 147
18 COMO CRIAR O SEU CURRIacuteCULO NA PLATAFORMA LATTES 157
19 COMO UTILIZAR A TECNOLOGIA A FAVOR DA PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA 165
17
1A ESCOLHA DO TEMA
Veyda Lourdes Ferreira MartinsMaria Helane Costa Gurgel
ldquoA mente que abre uma nova janela jamais volta ao seu tamanho originalrdquo
Albert Einstein
A escolha adequada de um tema interessante para o pesquisador eacute o ponto de partida para o sucesso de uma produccedilatildeo acadecircmica Embora pareccedila ser uma tarefa faacutecil geralmente os jovens pesquisadores encontram muita dificuldade para a delimitaccedilatildeo de um tema entre as inuacutemeras possibilidades A ideia para um tema de pesquisa pode surgir por meio de diferentes fontes como as experiecircncias individuais a leitura de livros e artigos a observaccedilatildeo de acontecimentos e fatos a participaccedilatildeo em aulas seminaacuterios e congressos bem como a reflexatildeo criacutetica do proacuteprio aluno Assim tal escolha demanda poder de decisatildeo e foco
Eacute a partir da definiccedilatildeo do tema da pesquisa que a elaboraccedilatildeo do projeto seraacute iniciada e quando o assunto a ser estudado eacute familiar ou faz parte das aacutereas de interesse do pesquisador torna-se muito mais faacutecil manter-se motivado para ler a literatura existente sobre a temaacutetica ter curiosidade para pesquisar novidades da aacuterea e redigir um texto (MATIAS-PEREIRA 2012) Aleacutem disso se o aluno tem propriedade sobre o tema a investigaccedilatildeo cientiacutefica provavelmente seraacute de maior relevacircncia pois o pesquisador teraacute maior capacidade para elaborar questionamentos relevantes e ineacuteditos O aluno deve lembrar-se de que a temaacutetica escolhida o acompanharaacute por longos meses portanto recomenda-se de fato uma afinidade com o tema escolhido (CAVALCANTI amp FONTENELE 2015)
Geralmente essa escolha tambeacutem dependeraacute do orientador e das fontes de financiamento nas diferentes linhas de pesquisa Para conciliar essa realidade com os interesses do jovem pesquisador eacute recomendado que ele se informe acerca de quais satildeo os professores que fazem pesquisa na instituiccedilatildeo de ensino e em quais temas eles estatildeo dispostos a investir Sabendo disso o aluno poderaacute procurar aquele que mais se aproxima de suas preferecircncias ou mesmo decidir pesquisar sobre algum dos diferentes temas disponiacuteveis o qual ele natildeo tenha tido ainda a oportunidade de conhecer
18 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Adicionalmente a produccedilatildeo cientiacutefica para o jovem pesquisador deve ser acessiacutevel pois sua execuccedilatildeo depende de tempo e orccedilamento do pesquisador Portanto a pesquisa deve ter viabilidade ser factiacutevel Ao delimitar seu tema de pesquisa o aluno deveraacute prever as dificuldades para a realizaccedilatildeo de seu trabalho Para isso recomenda-se uma conversa com pesquisadores mais experientes para auxiliaacute-lo na visualizaccedilatildeo de possiacuteveis dificuldades para a execuccedilatildeo do projeto que ele por inexperiecircncia natildeo consegue prever
Embora possa ocorrer sempre que possiacutevel eacute desaconselhaacutevel a mudanccedila de tema durante o transcorrer da pesquisa Eacute importante que o aluno faccedila uma reflexatildeo antes de ingressar em uma pesquisa acerca de sua disponibilidade qualificaccedilatildeo e objetivos profissionais a fim de que possa realizar um bom trabalho que agregue valor significativo para sua carreira e experiecircncia
As seguintes perguntas podem guiar os pesquisadores durante o processo de escolha do tema de uma pesquisa (quadro 11)
Quadro 11 mdash Perguntas-chave que podem ajudar na escolha do tema de pesquisa (Adaptado de CAVALCANTI amp FONTENELE 2015)
bull A pesquisa bibliograacutefica eacute do interesse do pesquisadorbull Quem vai se interessar pelo artigobull Vai contribuir para a praacutetica profissional nessa aacutereabull Vai contribuir para o curriacuteculo acadecircmico profissional do pesquisadorbull Qual a abrangecircncia do tema Local Regional Nacional Internacionalbull Em quais congressos o trabalho poderaacute ser apresentado E em quais
revistas poderaacute ser publicado
11 ANALISANDO A VALIDADE DO TEMA DA PESQUISA
Uma maneira simples de se avaliar a validade do tema de pesquisa escolhido eacute aplicar o acrocircnimo FINER em que cada letra representa um quesito a ser atendido pelo objeto de estudo
A Escolha do Tema 19
Na figura 11 evidencia-se que um bom tema de pesquisa deve ser
Figura 11 mdash Requisitos para um bom tema de pesquisa
O tema deve ser relevante natildeo soacute para o aluno mas tambeacutem para outros pesquisadores e profissionais da aacuterea Um projeto pouco relevante teraacute pouco impacto sobre a comunidade cientiacutefica bem como traraacute pouco impacto social (MEDEIROS 2016) Aleacutem disso o tema da pesquisa e os meacutetodos propostos para seu estudo devem atender aos requisitos eacuteticos para pesquisas em seres humanos conforme seraacute detalhado em capiacutetulo especiacutefico
12 DEFININDO O PROBLEMA DA PESQUISA
Toda pesquisa cientiacutefica envolve a formulaccedilatildeo de um problema e objetiva a sua soluccedilatildeo Assim apoacutes a escolha do tema o aluno deveraacute definir qual o problema de sua pesquisa Formular o problema consiste em dizer de maneira expliacutecita e compreensiacutevel qual a lacuna do conhecimento a que se pretende responder limitando o seu campo e apresentando suas caracteriacutesticas por meio do rigor do meacutetodo cientiacutefico (MARCONI amp LAKATOS 2003) Algo que ainda natildeo esteja respondido e que precise de investigaccedilatildeo portanto algo novo ainda natildeo saturado de informaccedilotildees na literatura Por isso o pesquisador deve estar atento agrave novidade e agrave significacircncia que seu o projeto traz pois investigar um problema jaacute elucidado e documentado natildeo iraacute contribuir para o avanccedilo da aacuterea
20 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ldquo() o pesquisador acabaraacute identificando uma lacuna no conhecimento ou uma diferenccedila de opiniatildeo com estudos anteriores o que lhe permitiraacute finalmente a formulaccedilatildeo de um tema preciso de pesquisa ()rdquo
Uma Introduccedilatildeo agrave Histoacuteria ndash Ciro Flamarion Cardoso 1986
Uma boa revisatildeo de literatura ajudaraacute a obter conhecimentos especiacuteficos sobre o tema proposto possibilitando uma melhor delimitaccedilatildeo do objeto de estudo Eacute durante essa fase que o pesquisador poderaacute identificar as lacunas existentes na aacuterea e assim elaborar uma pesquisa que vise preencher tais lacunas cientiacuteficas ou sociais mesmo que elas sejam relacionadas a aspectos locais ou menos abrangentes do ponto de vista espacial ou geograacutefico Na verdade o desenho do estudo eacute quem definiraacute a sua abrangecircncia se eacute local regional nacional ou internacional
Quanto mais o pesquisador estiver familiarizado com o tema com o qual ele quer trabalhar mais facilmente ele identificaraacute o problema Um trabalho concebido por meio de um problema mal formulado natildeo chegaraacute a lugar nenhum Portanto eacute crucial determinaacute-lo de forma adequada Para isso o problema de uma pesquisa deveraacute ser elaborado como pergunta e ser (GIL 2008)
bull claro e preciso que natildeo causa ambiguidade ou duacutevidas
bull empiacuterico ou seja que pode ser estudado pela observaccedilatildeo do cientista por meio de teacutecnicas e meacutetodos adequados
bull passiacutevel de soluccedilatildeo testaacutevel pelo meacutetodo cientiacutefico
bull ter uma delimitaccedilatildeo viaacutevel no tempo e no espaccedilo
A Escolha do Tema 21
No quadro 12 um exemplo de como se pode formular um problema de pesquisa
Quadro 12 mdash Exemplo de como delimitar o problema da pesquisa
Em um hospital terciaacuterio de Fortaleza observou-se que existia uma falta de registros sobre o perfil de pacientes com hiperglicemia intra-hospitalar (HIH) internados em unidades de pacientes natildeo criticamente enfermos e que natildeo havia uma padronizaccedilatildeo de condutas no manejo desses indiviacuteduos Aleacutem disso natildeo havia dados na literatura que respondessem a essas lacunas Por isso resolveu-se pesquisar sobre as caracteriacutesticas dos pacientes internados com HIH e avaliar o manejo desses pacientes em tais hospitais com o intuito de procurar estabelecer quem eram aqueles susceptiacuteveis a esse tipo de agravo conhecer como era feito o manejo e medir os indicadores de desfechos relacionados
Outra forma de determinar o problema da pesquisa eacute identificar uma pergunta condutora Por exemplo
Frequecircncia com que frequecircncia a dislipidemia ocorre
Diagnoacutestico qual a acuraacutecia dos testes utilizados para diagnosticar o hipertireoidismo
Causa que condiccedilotildees levam agrave siacutendrome de Cushing Quais satildeo as origens dessa doenccedila
Risco quais satildeo os fatores que estatildeo associados a um maior risco de desenvolver siacutendrome metaboacutelica
Prognoacutestico quais satildeo as consequecircncias de se ter hiperparatireoidismo
Tratamento como o tratamento altera o curso da nefropatia diabeacutetica
22 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
De maneira geral a definiccedilatildeo adequada do problema da pesquisa ainda seraacute uacutetil para permitir que o pesquisador escolha o delineamento do seu estudo (quadro 13)
Quadro 13 mdash Problema da pesquisa e o desenho do estudo sugerido
PROBLEMA DESENHOLevantar hipoacuteteses Seacuterie de casosFrequecircncia Transversal CoorteFatores de risco causa Caso-controle CoorteTeste diagnoacutestico TransversalTratamento Ensaio cliacutenicoPrognoacutestico Coorte
13 A ELABORACcedilAtildeO DAS HIPOacuteTESES
Uma vez delimitado o problema surgiratildeo suposiccedilotildees ou respostas provaacuteveis e provisoacuterias que poderatildeo ser testadas por meio do meacutetodo cientiacutefico o que permitiraacute que tais suposiccedilotildees ou respostas sejam validadas ou refutadas Portanto a hipoacutetese de uma pesquisa eacute a afirmaccedilatildeo positiva negativa ou condicional (ainda natildeo testada) sobre determinado problema ou fenocircmeno (MATIAS-PEREIRA 2012) Eacute uma resposta provisoacuteria e plausiacutevel para determinado problema cientiacutefico
Para a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses para estudos da aacuterea da sauacutede os pesquisadores podem-se basear em diferentes fontes (MARCONI amp LAKATOS 2003)
(1) Observaccedilatildeo uma fonte rica para a construccedilatildeo de hipoacuteteses eacute a observaccedilatildeo que se realiza dos fatos ou da correlaccedilatildeo existente entre eles
(2) Comparaccedilatildeo com outros estudos nesse caso o pesquisador baseia-se na averiguaccedilatildeo de outros estudos na perspectiva de que as conexotildees similares entre duas ou mais variaacuteveis prevaleccedilam no estudo presente
(3) Conhecimento familiar o conhecimento familiar ou as intuiccedilotildees derivadas do senso comum perante situaccedilotildees vivenciadas podem levar a correlaccedilotildees entre fenocircmenos notados e ao desejo de verificar a real correspondecircncia existente entre eles Nesse caso a experiecircncia de vida pode ser um fator colaborador
Eacute importante ressaltar que a despeito de a hipoacutetese ser comprovada ou refutada ela ainda seraacute uma fonte de conhecimentos acerca do problema estudado Tais respostas obtidas atraveacutes do meacutetodo cientiacutefico seratildeo importantes para o avanccedilo
A Escolha do Tema 23
do conhecimento naquela aacuterea
Deve ser lembrado que alguns estudos com abordagem mais exploratoacuteria natildeo possuem hipoacuteteses Eles satildeo desenvolvidos para que os pesquisadores adquiram alguma expertise sobre o objeto de estudo permitindo a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses a serem testadas posteriormente por meio de desenhos adequados Como exemplo podem-se citar alguns estudos observacionais ou seacuterie de casos que descrevem determinadas caracteriacutesticas de uma amostra ou populaccedilatildeo
Na figura 12 apresenta-se um algoritmo que tenta demonstrar o processo de produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico que poderaacute servir de guia para os jovens pesquisadores sobre como ldquopensarrdquo cientificamente
Figura 12 mdash Algoritmo sobre a produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico
Assunto principal do projeto revisatildeo eestudo do estado da arte
Lacuna no conhecimento sobre o temaescolhido
Possiacuteveis respostas plausiacuteveis eprovisoacuterias que respondam ao problema
Busca por respostas por meio do meacutetodocientiacutefico que comprovem ou refutem ahipoacutetese
Descobertas oriundas da aplicaccedilatildeo domeacutetodo cientiacutefico em busca de respostas aproblemas decorrentes de lacunas noconhecimento vigente
Tema
Problema
Hipoacutetese
Pesquisa
Conhecimentocientiacutefico
24 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015
GIL A C Formulaccedilatildeo do problema In GIL A C Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa social 6 ed Satildeo Paulo Atlas 2008 cap 4 p 33-40
MARCONI M A LAKATOS E M Fundamentos de metodologia cientiacutefica 5 ed Satildeo Paulo Atlas 2003
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B Da Pesquisa agrave Redaccedilatildeo do Artigo Cientiacutefico In MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de Artigos Cientiacuteficos Meacutetodos de Realizaccedilatildeo Seleccedilatildeo de Perioacutedicos Publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2016 cap 4 p 53-88
25
2A INTRODUCcedilAtildeO DE UM TRABALHO ACADEcircMICO
Eacuterika Suyane Freire SilvaTaynara Falkenstins Gois Mendes
Vitoacuteria Costa LimaMaria Helane Costa Gurgel
ldquoNenhum vento sopra a favor de quem natildeo sabe pra onde irrdquo
Secircneca
A introduccedilatildeo de um projeto ou artigo cientiacutefico apresenta as primeiras ideias sobre o tema da pesquisa Durante a sua elaboraccedilatildeo o autor deveraacute discorrer sobre o tema de interesse trazendo ao leitor o que jaacute existe na literatura sobre o assunto Esse conhecimento deveraacute ser oriundo de uma soacutelida revisatildeo bibliograacutefica e estudo do estado da arte ou seja o que jaacute foi evidenciado de maneira cientificamente validada ateacute o momento sobre determinado assunto (MEDEIROS 2017) Ao redigir a introduccedilatildeo o pesquisador deveraacute contextualizar o problema da pesquisa agrave sua realidade sob a luz do conhecimento cientiacutefico disponiacutevel
Este capiacutetulo visa apresentar alguns aspectos relacionados agrave redaccedilatildeo do texto introdutoacuterio de um projeto ou artigo cientiacutefico
21 REDIGINDO A INTRODUCcedilAtildeO
Um possiacutevel modo para a organizaccedilatildeo da introduccedilatildeo eacute iniciar com uma abordagem geral informando ao leitor os conceitos claacutessicos sobre o tema de interesse A partir do segundo ou terceiro paraacutegrafo as particularidades mais diretamente relacionadas ao tema da pesquisa em questatildeo podem ser apresentadas (REIZ 2013) Deve-se escrever sobre o que jaacute fora demonstrado em estudos anteriores pontuando-se as carecircncias ou lacunas de conhecimento sobre aquela aacuterea este seraacute o problema da pesquisa Nesse momento a hipoacutetese tambeacutem poderaacute ser apresentada e confrontada com a literatura vigente
Aleacutem de apresentar o tema e o problema da pesquisa aos leitores na introduccedilatildeo o autor deveraacute incluir a justificativa para a realizaccedilatildeo do seu projeto e
26 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ou publicaccedilatildeo dos seus achados apontando qual o avanccedilo teoacuterico a ser alcanccedilado eou qual o potencial impacto sobre a praacutetica profissional Para finalizar o autor poderaacute ainda redigir sobre o que pretende fazer (qual o seu objetivo) para testar a sua hipoacutetese e resolver o problema da pesquisa
Algumas perguntas poderatildeo ajudar na elaboraccedilatildeo de uma introduccedilatildeo (figura21)
Figura 21 mdash Elaborando o texto introdutoacuterio de uma produccedilatildeo acadecircmica
1 Quais os conceitos e as definiccedilotildees claacutessicas sobre o assunto escolhido (apresentaccedilatildeo geral do tema)
2 Qual o embasamento teoacuterico sobre o assunto O que jaacute existe na literatura sobre isso
3 Qual a lacuna do conhecimento ou seja o problema da pesquisa
4 Qual a sua hipoacutetese
5 Por que foi escolhido tal tema Qual a sua relevacircncia e impacto
6 O que o pesquisador pretende fazer para responder ao problema da pesquisa Qual o objetivo
O tamanho ou a extensatildeo do texto introdutoacuterio iraacute depender do tipo de produccedilatildeo a ser elaborada Em geral artigos publicados em jornais ou perioacutedicos cientiacuteficos apresentam introduccedilatildeo curta de poucos paraacutegrafos (trecircs ou quatro) tendo em vista que o foco estaacute nos meacutetodos e resultados encontrados na pesquisa Nesse caso uma sugestatildeo para a redaccedilatildeo da introduccedilatildeo poderia ser conforme abaixo (quadro 21)
Quadro 21 mdash A redaccedilatildeo da introduccedilatildeo de artigos cientiacuteficos
Paraacutegrafo(s) inicial(is) (um ou dois no maacuteximo)Apresentaccedilatildeo do tema conceitos e definiccedilotildees (breve revisatildeo da literatura)Paraacutegrafos centraisProblema da pesquisa e justificativaParaacutegrafo finalHipoacutetese e objetivo
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 27
A seguir segue um texto que ilustra a sugestatildeo apresentada na figura acima Optou-se por manter a liacutengua inglesa pois se trata de um trecho de um artigo previamente publicado pelos autores (quadro 22)
Quadro 22 mdash Exemplo de introduccedilatildeo de artigo cientiacutefico
REVISAtildeO DA LITERATURA
Congenital generalized lipodystrophy (CGL) is a rare disorder of autonomic recessive inheritance with an estimated prevalence of 110000000 live births There are approximately 500 cases described worldwide with 100 cases described in Brazil This disease is characterized by the absence of subcutaneous adipose tissue leptin deficiency deposition of ectopic fat due to impairs of the metabolic activity and storage capacity of the subcutaneous adipose tissue hypertriglyceridemia insulin resistance and a poorly controlled diabetes mellitus (DM)
In addition to metabolic disorders cardiac abnormalities have also been described in patients with CGL especially left ventricular hypertrophy (LVH) left ventricular systolic and diastolic dysfunction systemic arterial hypertension QT interval enlargement cardiac arrhythmias and atherosclerosis Some cases of hypertrophic cardiomyopathy also were previously described Among the potential mechanisms involved in the development of these cardiac changes are insulin resistance and myocardial accumulation of triglycerides
PROBLEMA DA PESQUISA
However the pathophysiology of cardiomyopathy observed in CGL is not entirely elucidated
JUSTIFICATIVA
We previously reported that CGL patients present early microvascular complications including cardiovascular autonomic neuropathy (CAN) Several studies have observed an association between CAN and myocardial dysfunction in patients with DM including LVH and diastolic dysfunction which may occur even in the absence of coronary artery disease (CAD) and hypertension
HIPOacuteTESE E OBJETIVO
These observations allow us to speculate that CAN could be a potential mechanism associated with the early development of LVH in patients exposed to severe metabolic abnormalities early in life Thus the present study aimed to evaluate the association between cardiac abnormalities and CAN parameters in CGL patients
28 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por outro lado os projetos de pesquisa ou trabalhos de conclusatildeo de curso monografias dissertaccedilotildees e teses em geral apresentam textos introdutoacuterios mais longos pois deveratildeo convencer o leitor de que tal projeto deveraacute ser aprovado em uma seleccedilatildeo ou financiado por algum edital ou ainda mostraraacute o preparo do aluno sob avaliaccedilatildeo
Nesses casos a introduccedilatildeo poderaacute ser subdividida em seccedilotildees Mais uma vez as definiccedilotildees claacutessicas e uma apresentaccedilatildeo geral sobre o tema ao iniacutecio no texto seguida do desenvolvimento das ideais secundaacuterias ao longo do texto nos paraacutegrafos seguintes poderatildeo ser uma boa estrateacutegia
Nesses casos a justificativa e a relevacircncia do projeto normalmente satildeo apresentadas agrave parte O pesquisador deveraacute deixar claro para os potenciais leitores qual a importacircncia de sua pesquisa e qual a contribuiccedilatildeo que ela conferiraacute agrave Ciecircncia Para elaborar a justificativa algumas indagaccedilotildees poderatildeo ajudar O conteuacutedo dessas respostas seratildeo a justificativa de seu projeto No quadro 23 segue um exemplo
Quadro 23 mdash Exemplo de justificativa de um projeto de pesquisa
Meu tema eacute relevante para o contexto atual da
ciecircncia
Por quecirc
A hiperglicemia e a hipoglicemia aumentam a mortalidade de pacientes internados criacuteticos e natildeo criacuteticos com ou sem DM A falta de padronizaccedilatildeo de condutas no manejo da hiperglicemia e hipoglicemia pode ter impacto sobre o desfecho dos paracircmetros relacionados ao internamento hospitalar tais como tempo de permanecircncia no hospital risco de readmissatildeo hospitalar precoce complicaccedilotildees cardiovasculares ciruacutergicas renais e infecciosas e sobre a taxa de mortalidade No entanto a despeito da sua importacircncia desconhece-se a sua epidemiologia nos principais hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute
Continua
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 29
Quadro 23 mdash Exemplo de justificativa de um projeto de pesquisa
O que jaacute existe sobre isso na literatura
Dados nacionais tambeacutem satildeo escassos Estudo realizado no HC-FMUSP em 2013 demonstrou que ateacute 25 dos pacientes internados tinham diagnoacutestico preacutevio de DM Independentemente do diagnoacutestico ou natildeo de DM aproximadamente 70 dos pacientes natildeo tiveram a glicemia capilar medida na admissatildeo Entre os pacientes com DM 30 a 45 dos pacientes natildeo tiveram a glicemia capilar medida nas primeiras 24 horas de admissatildeo e 20 a 30 natildeo tiveram a glicemia capilar aferida durante todo o periacuteodo do internamento Nos pacientes em que o monitoramento glicecircmico foi realizado este foi feito sem padronizaccedilatildeo Com relaccedilatildeo ao tratamento da HIH os consensos em controle da HIH recomendam o esquema de insulinizaccedilatildeo basal-bolus como terapia de escolha desencorajando o uso de insulina raacutepida em doses escalonadas (slinding-scale) Apesar disso o levantamento previamente citado mostrou que quase a totalidade dos pacientes teve o esquema de escalonamento de doses de insulina regular como o tratamento de escolha da HIH
Quais as potenciais vantagens e os benefiacutecios
que este estudo pode trazer
Tem sido proposto que a implementaccedilatildeo de comissotildees especiacuteficas treinadas para o controle da glicemia de pacientes internados aos moldes das comissotildees de controle de infecccedilatildeo hospitalar seja uma alternativa interessante para a padronizaccedilatildeo de condutas e prevenccedilatildeo da hiperglicemia e hipoglicemia intra-hospitalar Assim considerando-se a carecircncia de leitos em hospitais terciaacuterios e as limitaccedilotildees relacionadas aos custos com despesas em sauacutede em nosso estado estudos nessa aacuterea podem permitir um melhor entendimento e manejo dessa condiccedilatildeo de alta morbidade podendo ter impacto sobre a disponibilidade de leitos e reduccedilatildeo dos custos em sauacutede que em uacuteltima anaacutelise agregaratildeo benefiacutecios ao paciente e a todo o sistema de sauacutede
30 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
22 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apesar de parecer uma tarefa simples escrever a introduccedilatildeo de uma produccedilatildeo acadecircmica muitas vezes eacute uma grande barreira para os pesquisadores iniciantes fazendo que a redaccedilatildeo seja postergada ateacute que um suposto momento ideal ou de ldquoinspiraccedilatildeordquo sirva como pontapeacute para o iniacutecio da redaccedilatildeo propriamente dita No entanto no caso da redaccedilatildeo cientiacutefica nada seraacute mais ldquoinspiradorrdquo para a elaboraccedilatildeo de uma boa introduccedilatildeo que uma boa leitura Isso serviraacute de base para que o aluno se aproprie (tome posse) do tema de estudo pois tendo um bom referencial teoacuterico conseguido por meio de muita ldquotranspiraccedilatildeordquo ou seja estudo e leitura o processo da escrita ocorreraacute com maior naturalidade Aleacutem disso nada como o tempo e o treino
Tempo tempo mano velho falta tanto ainda eu sei Pra vocecirc correr macio
Joatildeo Daniel Uchoa (Sobre o Tempo)
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 31
REFEREcircNCIAS
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
33
3OBJETIVOS GERAL E ESPECIacuteFICOS
Taynara Falkenstins Gois MendesPatriacutecia Rolim Mendonccedila Locircbo
ldquoVocecirc natildeo escreve porque quer dizer algo Vocecirc escreve porque tem algo a dizerrdquo
(Scot Fitzgerald)
O termo objetivo significa ldquoo fim que se deseja atingir a meta que se pretende alcanccedilar ou o que eacute relativo ao objeto que eacute concreto e existe independentemente do pensamentordquo (FERREIRA 2014) No contexto acadecircmico os objetivos ldquoconstituem a finalidade de um trabalho cientiacutefico ou seja a meta que se pretende atingir a partir de uma pesquisa cientiacuteficardquo (CAVALCANTI 2015)
A elaboraccedilatildeo dos objetivos de uma pesquisa surge a partir dos questionamentos que o investigador se propotildee a desvendar e visa responder aos problemas da pesquisa identificados apoacutes uma ampla revisatildeo de estudos preacutevios sobre o tema (MEO ELDAWLATLY 2019) Essa revisatildeo da literatura tanto auxilia o pesquisador a fomentar ideias como contribui com exemplos de objetivos jaacute alcanccedilados por outros pesquisadores
Em geral podem-se dividir os objetivos em dois tipos o objetivo geral ou principal e os objetivos especiacuteficos ou secundaacuterios O objetivo geral eacute uacutenico tem um caraacuteter mais amplo e representa o eixo central da pesquisa Ele se relaciona diretamente com o problema da pesquisa e visa responder a ele Deve ser escrito em uma uacutenica frase sendo iniciado por um verbo no infinitivo (CAVALCANTI 2015)
Por sua vez os objetivos especiacuteficos tecircm caraacuteter mais delimitado e pontual Visa responder a questotildees especiacuteficas que quando analisadas em conjunto permitem responder ao objetivo geral Natildeo existe um nuacutemero limite para os objetivos especiacuteficos variando de acordo com o tipo de pesquisa No entanto independentemente do nuacutemero todos devem ser passiacuteveis de serem atingidos devendo-se explicitar os meacutetodos para o alcance de cada um deles na seccedilatildeo especiacutefica Todos os objetivos especiacuteficos devem ser respondidos ao final da pesquisa (MATIAS-PEREIRA 2012)
Assim como o objetivo geral os objetivos especiacuteficos tambeacutem satildeo expressos por meio de verbos no infinitivo como verificar conhecer analisar compreender aplicar sintetizar avaliar entre outros verbos de accedilatildeo sendo recomendado que o pesquisador domine uma grande variedade de verbos para evitar repeticcedilotildees (CAVALCANTI
34 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
2015)
Segue uma lista de verbos no infinitivo com a ideia da accedilatildeo que lhes eacute conferida e que pode auxiliar na formulaccedilatildeo dos objetivos
bull Compreensatildeo compreender deduzir demonstrar determinar diferenciar discutir explanar encontrar interpretar localizar reafirmar
bull Relato eou siacutentese apontar citar classificar definir descrever identificar relatar compor documentar especificar delinear esquematizar formular produzir propor reconhecer construir reunir resumir sintetizar
bull Construccedilatildeo aplicar desenvolver estruturar operar organizar praticar selecionar delinear traccedilar
bull Avaliaccedilatildeo ou Anaacutelise argumentar avaliar contrastar definir escolher estimar julgar medir selecionar comparar conferir criticar debater diferenciar discriminar examinar investigar provar aferir monitorar experimentar
Quando se pensa em estruturaccedilatildeo da escrita cientiacutefica eacute necessaacuterio adequar a apresentaccedilatildeo dos objetivos de acordo com o tipo de produccedilatildeo a ser elaborada Assim em artigos cientiacuteficos os objetivos costumam ser inseridos de forma sucinta no final da introduccedilatildeo Em geral podem ser vistos da seguinte maneira ldquoO objetivo do nosso estudo foirdquo ldquoNoacutes relatamosrdquo ou ldquoNoacutes revisamosrdquo (MEO ELDAWLATLY 2019 SHARMA 2019) Geralmente apenas o objetivo geral eacute apresentado No entanto por vezes alguns objetivos secundaacuterios tambeacutem podem ser incluiacutedos
Ao contraacuterio quando falamos de projetos de pesquisa e trabalhos de conclusatildeo de curso ou poacutes-graduaccedilotildees os objetivos satildeo expressos em uma seccedilatildeo especiacutefica destinada para tal sendo primeiramente apresentado o toacutepico ldquoObjetivo geralrdquo seguido dos ldquoObjetivos especiacuteficosrdquo conforme exemplificado no quadro 31
Quadro 31 mdash Exemplo de objetivos geral e especiacuteficos (dados proacuteprios)
Objetivo Geral Avaliar as caracteriacutesticas cliacutenicas e epidemioloacutegicas de pacientes idosos internados por fraturas em decorrecircncia de quedas em um hospital terciaacuterio referecircncia em trauma no estado do Cearaacute
Objetivos Especiacuteficos1 Descrever o perfil cliacutenico e epidemioloacutegico dos pacientes idosos internados com fraturas em decorrecircncia de quedas2 Identificar os fatores de risco para quedas e fraturas nesta amostra de pacientes idosos internados3 Relatar o internamento dos pacientes idosos com fraturas incluindo tratamentos cliacutenicos eou ciruacutergicos recebidos e complicaccedilotildees durante o internamento
Objetivos Geral e Especiacuteficos 35
Eacute fundamental para o jovem pesquisador saber como redigir os objetivos de suas pesquisas Esse passo eacute crucial durante a avaliaccedilatildeo de projetos de pesquisas e artigos pois os pesquisadores devem demonstrar que satildeo capazes de responder a todos os objetivos propostos no iniacutecio de seu trabalho Assim aleacutem de serem apresentados de forma clara e coerente com a justificativa e problema propostos devem permitir que o leitor consiga identificar ao final da pesquisa as respostas para todos os objetivos inicialmente estabelecidos Sendo os objetivos da pesquisa bem elaborados torna-se mais faacutecil decidir os meacutetodos que seratildeo utilizados na pesquisa e o quanto a sua realizaccedilatildeo eacute factiacutevel respeitando tempo custo e realidade envolvidos (SANTOS 2004)
36 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P PINTO J BEZERRA M Como definir melhor o objetivo geral e especiacutefico(s) In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 8 p 53-57
FERREIRA A B H Mini Aureacutelio o dicionaacuterio da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Positivo 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de Metodologia da Pesquisa Cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEO S A ELDAWLATLY A A Pathophysiology of a scientific paper Saudi J Anaesth Mumbai v 13 n 5 p S9-S11 2019 Disponiacutevel em httpwwwsaudijaorgarticleaspissn=1658-354Xyear=2019volume=13issue=5spage=9epage=11aulast=Meo Acesso em 09 abr 2020
SANTOS H H Manual Praacutetico Para Elaboraccedilatildeo de Projetos Monografia Dissertaccedilotildees e Teses na Aacuterea de Sauacutede 2 ed Joatildeo Pessoa UFPBEditora Universitaacuteria 2004
SHARMA A How to write an article an introduction to basic scientific medical writing J Min Access Surg Mumbai v 15 n 3 242-248 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed29974882 Acesso em 09 abr 2020
37
4MEacuteTODOS
Matheus Mendonccedila Leal JanjaAntocircnio Brazil Viana Junior
Patriacutecia Rolim Mendonccedila Locircbo
ldquoSe vocecirc natildeo consegue explicar de maneira simples vocecirc natildeo o entende suficientemente bemrdquo
Albert Einstein
A seccedilatildeo ldquoMeacutetodosrdquo ou ldquoSujeitos e Meacutetodosrdquo ou ainda ldquoMateriais e Meacutetodosrdquo corresponde agrave parte do trabalho que demonstra como a pesquisa foi planejada e conduzida sendo uma das seccedilotildees mais importantes de uma produccedilatildeo cientiacutefica na qual a excelecircncia do artigo eacute fundamentada (MEO ELDAWLATLY 2019) Os meacutetodos respondem a questotildees que satildeo capazes de fazer o leitor entender ldquoo que foi feito onde foi feito e como foi feitordquo (MEO ELDAWLATLY 2019) Deve-se evitar a terminologia ldquoMetodologiardquo que significa ldquoo estudo dos meacutetodosrdquo portanto termo natildeo adequado para descrever tal seccedilatildeo
O termo ldquoMateriaisrdquo se refere aos elementos por exemplo instrumentos equipamentos e tratamentos empregados no estudo para a obtenccedilatildeo dos dados O termo ldquoSujeitosrdquo se refere agrave populaccedilatildeo do estudo Por sua vez o termo ldquoMeacutetodosrdquo faz referecircncia agrave forma como os materiais e os sujeitos foram utilizados dentro da pesquisa (MOORE 2006)
Eacute fundamental que os meacutetodos da pesquisa sejam planejados adequadamente antes do iniacutecio de um estudo a fim de evitar vieses durante a coleta e anaacutelise dos dados o que poderia implicar o empobrecimento dos resultados A confiabilidade e reprodutibilidade dos resultados obtidos durante um estudo dependem dos meacutetodos empregados e portanto estes devem ser descritos de forma clara e detalhada Quando bem aplicados os meacutetodos da pesquisa sustentam e datildeo credibilidade agraves conclusotildees do estudo
No caso de estudos experimentais nos quais o pesquisador natildeo estaacute plenamente familiarizado com o meacutetodo a ser aplicado um estudo piloto pode ser elaborado com o objetivo de avaliar a viabilidade do experimento antes da coleta definitiva dos dados
Para a redaccedilatildeo dessa seccedilatildeo recomenda-se que a descriccedilatildeo dos meacutetodos da
38 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
pesquisa siga uma estrutura baacutesica (quadro 41) como sugerido por Sa (2019)
Quadro 41 mdash Toacutepicos para elaboraccedilatildeo e apresentaccedilatildeo da seccedilatildeo ldquoMeacutetodosrdquo em produccedilotildees cientiacuteficas
Desenho da pesquisa Apresentaccedilatildeo do desenho e das caracteriacutesticas do estudo (local tempo)
Populaccedilatildeo do estudoCaracterizaccedilatildeo da amostra Tamanho e caacutelculo amostralCriteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo
Coleta de dadosInstrumentos de coleta questionaacuterios etcMateriais equipamentos e experimentosDiscriminaccedilatildeo das variaacuteveis estudadas
Anaacutelise dos dadosOrganizaccedilatildeo e tabulaccedilatildeo dos dadosTratamento e testes estatiacutesticos utilizadosPrograma(s) utilizados para tabulaccedilatildeo e anaacutelise
Aspectos eacuteticos Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
Fonte Adaptado de Sa (2019)
41 DESENHOS DE PESQUISA
Nesse toacutepico os pesquisadores devem informar qual o delineamento ou o tipo de estudo utilizado Os estudos podem ser classificados com base em diversos criteacuterios sendo comumente divididos em estudos observacionais e experimentais (BLOCH amp COUTINHO 2004)
Estudos observacionais os sujeitos satildeo apenas observados e natildeo satildeo submetidos a intervenccedilotildees Esses estudos podem ser analiacuteticos e descritivos (GREENHALGH 2013)
a Descritivos satildeo estudos que se limitam a descrever a ocorrecircncia de uma doenccedila em uma populaccedilatildeo eles podem ser divididos em
i Relato de caso descriccedilatildeo detalhada de um caso cliacutenico contendo caracteriacutesticas importantes sobre sinais sintomas e outras caracteriacutesticas do paciente relatando os procedimentos terapecircuticos utilizados bem como o desfecho do caso
ii Seacuterie de casos tem o mesmo objetivo do relato de caso apresentando um
Meacutetodos 39
nuacutemero maior de participantes Consiste em uma compilaccedilatildeo de relatos de casos
b Analiacuteticos satildeo estudos que abordam as relaccedilotildees entre o estado de sauacutede e outras variaacuteveis presentes em uma populaccedilatildeo Costumam avaliar os fatores de risco associados a uma doenccedila Podem ser divididos em
i Estudo transversal tambeacutem denominados estudos seccionais ou de prevalecircncia satildeo caracterizados pela observaccedilatildeo direta de uma quantidade planejada de indiviacuteduos (amostra) selecionados aleatoriamente em uma uacutenica ocasiatildeo Nesses estudos a observaccedilatildeo da existecircncia de associaccedilatildeo entre as possiacuteveis variaacuteveis preditoras e o desfecho eacute feita em um uacutenico momento Eacute uma espeacutecie de fotografia de uma determinada situaccedilatildeo na qual eacute realizado um levantamento de dados sobre uma condiccedilatildeo atual ou do passado como ocorre na revisatildeo de dados de prontuaacuterios Tais estudos satildeo uacuteteis para descrever as caracteriacutesticas de determinada populaccedilatildeo determinar a prevalecircncia e avaliar associaccedilotildees entre variaacuteveis sem permitir contudo estabelecer relaccedilotildees de causalidade Tem como principais vantagens o baixo custo e a rapidez (KLEIN amp BLOCH 2004)
As principais medidas calculadas pelos estudos transversais satildeo a TAXA DE PREVALEcircNCIA dada pela divisatildeo entre o nuacutemero de indiviacuteduos com o evento de interesse (comorbidade doenccedila etc) e a populaccedilatildeo sob risco de apresentar o evento de interesse em determinado tempo e a RAZAtildeO DE PREVALEcircNCIA (RP) dada pelo quociente do nuacutemero de evento em expostos e natildeo expostosExemplo ldquoQual a prevalecircncia de fraturas de colo do fecircmur em homens idosos atendidos em um hospital terciaacuteriordquo
Fratura
SIM
Fratura
NAtildeOTOTAL
Queda SIM 20 30 50Queda NAtildeO 10 40 50TOTAL 30 70 100
TAXA DE PREVALEcircNCIA 30100 = 30 ou seja de cada 100 homens idosos atendidos nesse periacuteodo e local 30 casos satildeo de fraturas de colo de fecircmur
RP 20 10 = 20 ou seja fratura de colo de fecircmur em homens idosos eacute DUAS vezes mais prevalente entre aqueles que sofreram queda (existe associaccedilatildeo entre quedas e fraturas nessa populaccedilatildeo poreacutem natildeo se pode
40 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
afirmar que haacute causalidade)
Obs deve-se ainda calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute a unidade e o valor de p seraacute gt 005
ii Estudo caso-controle compara uma determinada exposiccedilatildeo em um grupo de sujeitos que possuem a condiccedilatildeo de interesse (doenccedila caso) com um grupo de sujeitos que natildeo apresentam tal condiccedilatildeo (controle) Nesses estudos os controles devem ser vistos como uma amostra da populaccedilatildeo que originou os casos Como o seu desenho eacute retrospectivo os estudos caso-controle satildeo preferiacuteveis para condiccedilotildees ou doenccedilas raras nas quais a seleccedilatildeo dos participantes partiraacute de casos previamente identificados Esses estudos permitem avaliar a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis de exposiccedilatildeo (exposto ou natildeo exposto) e o desfecho (casodoente ou controlesadio)
A principal medida de associaccedilatildeo calculada em estudos caso-controle eacute a RAZAtildeO DE CHANCES ou ODDS-RATIO (OR) Um odds ratio de com valor igual a 1 significa que a chance de apresentar o desfecho eacute a mesma entre expostos e natildeo expostos Um odds ratio acima de 1 significa que a chance de apresentar o desfecho eacute maior entre os expostos O valor de OR menor que 1 revela que a exposiccedilatildeo eacute um fator de proteccedilatildeo para o desfecho Segue um exemplo de questatildeo cliacutenica que pode ser abordada por esse tipo de estudo ldquoO uso de alpargatas (exposiccedilatildeorisco) estaacute associado a maior risco de fraturas em idosos (desfechodoenccedila)rdquo
FraturaSIM
FraturaNAtildeO
Uso de alpargatas SIM 20 30Uso de alpargatas NAtildeO 10 40
OR = (20 x 40) (10 x 30) OR = 266 ou seja o uso de alpargatas aumenta em 26 vezes a chance de fratura em idosos Obs Deve-se tambeacutem calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute o ldquozerordquo e o valor de p seraacute gt 005
iii Estudo de coorte trata-se de um estudo longitudinal que avalia os participantes ao longo do tempo permitindo avaliar a incidecircncia das doenccedilas ou de outros desfechos de interesse sendo uacutetil para se avaliar os fatores de riscos para tais condiccedilotildees Nesse tipo de estudo dois ou mais
Meacutetodos 41
grupos de pessoas satildeo selecionados com base nas diferenccedilas em sua exposiccedilatildeo a um agente especiacutefico e satildeo acompanhados para observar quantos apresentaratildeo o desfecho em questatildeo Satildeo uacuteteis para avaliaccedilatildeo da histoacuteria natural das doenccedilas etiologia prognoacutestico intervenccedilotildees terapecircuticas e sobrevida A coorte pode ser prospectiva quando se inicia no presente e os sujeitos satildeo seguidos a partir desse momento (o desfecho ainda natildeo ocorreu e a exposiccedilatildeo pode ou natildeo ter ocorrido) ou retrospectiva quando se examinam dados e amostras coletados no passado (exposiccedilatildeo ocorreu antes do iniacutecio do estudo) Os principais indicadores dos estudos de coorte satildeo as TAXAS DE INCIDEcircNCIA e o RISCO RELATIVO (RR) (COELI amp FAERSTEIN 2004)
Exemplo de questatildeo cliacutenica que pode ser abordada por esse tipo de estudo ldquoQual a incidecircncia de fraturas por fragilidade em idosos que praticam exerciacutecios resistidos acompanhados pelo periacuteodo de cinco anos A praacutetica de exerciacutecios fiacutesicos resistidos protegeu contra fraturas por fragilidaderdquo
Fratura SIM
Fratura NAtildeO
TOTAL
Exerciacutecio fiacutesico SIM 10 30 40Exerciacutecio fiacutesico NAtildeO 20 40 60TOTAL 30 70 100
TAXA DE INCIDEcircNCIA ACUMULADA 30100 = 30
RR = (1040) (2060) RR = 075 ou seja o risco de fratura por fragilidade foi menor no grupo que praticou exerciacutecio fiacutesico resistido (fator de proteccedilatildeo) Nesse caso pode-se calcular a reduccedilatildeo do risco relativo (RRR) = 25 (ou seja 1 ndash RR = 1 ndash 075 = 025)
Se o RR fosse maior que 1 por exemplo RR = 25 poder-se-ia afirmar que o risco de fratura seria 25 vezes maior no grupo que praticou exerciacutecio (fator de risco)
Obs Da mesma maneira que nos demais estudos deve-se calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute a unidade e o valor de p seraacute gt 005
iv Estudo ecoloacutegico compara grupos de indiviacuteduos ou comunidades Nesses estudos a unidade de observaccedilatildeo e anaacutelise eacute uma populaccedilatildeo ou um grupo de pessoas que pertencem a uma aacuterea geograacutefica definida Por exemplo comparaccedilatildeo entre determinada exposiccedilatildeo e as taxas de uma doenccedila de interesse em uma seacuterie de populaccedilotildees de diferentes paiacuteses Em geral
42 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
satildeo mais baratos e raacutepidos que estudos que avaliam indiviacuteduos e se prestam a avaliar como os contextos sociais e ambientais influenciam a sauacutede dos grupos populacionais Satildeo indicados para gerar e testar hipoacuteteses etioloacutegicas a respeito da ocorrecircncia de uma doenccedila e avaliar a efetividade de intervenccedilotildees em uma populaccedilatildeo (MEDRONHO 2004)
Estudos experimentais satildeo estudos em que os pesquisadores manipulam o fator de exposiccedilatildeo ou seja realizam intervenccedilotildees profilaacuteticas ou terapecircuticas sobre os participantes e analisam os seus efeitos (GREENHALGH 2013) Podem ser divididos em
a Ensaios cliacutenicos randomizados Um ensaio cliacutenico randomizado eacute um estudo prospectivo em humanos comparando o efeito e o valor de uma intervenccedilatildeo contra um controle A alocaccedilatildeo dos participantes no grupo que receberaacute a intervenccedilatildeo ou no grupo controle eacute feita de forma aleatoacuteria ou seja randomizada Idealmente os ensaios cliacutenicos devem ser controlados por placebo podendo ser abertos ou blindados (cegos) ndash em que simples-cego (o participante desconhece se foi exposto agrave intervenccedilatildeodroga ou placebo) e duplo-cego (participante e pesquisador desconhecem o grupo exposto agrave intervenccedilatildeo ou placebo) Os ensaios cliacutenicos randomizados duplo-cegos controlados por placebo satildeo considerados como estudos de escolha para avaliar a eficaacutecia de drogas ou outras intervenccedilotildees
Exemplo de questatildeo cliacutenica que deve ser abordada por esse tipo de estudo ldquoOs bisfosfonatos reduzem o risco de nova fratura por fragilidaderdquo ldquoO uso de liraglutida reduz o risco cardiovascular em indiviacuteduos diabeacuteticosrdquo
b Ensaio comunitaacuterio satildeo avaliadas e comparadas intervenccedilotildees feitas em comunidades Podem ser de profilaxia ou tratamento
Aqui apresentamos brevemente algumas caracteriacutesticas dos diferentes tipos de estudos a fim de que os jovens pesquisadores se familiarizem com os conceitos baacutesicos a respeito desse amplo tema pois natildeo haacute como redigir bem sem conhecer minimamente tais conceitos Recomenda-se uma leitura mais aprofundada em Rouquayrol (2013) e Medronho (2004)
Meacutetodos 43
42 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO
A caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo do estudo eacute fundamental para permitir que os leitores avaliem para qual(is) puacuteblico(s) os resultados de determinada pesquisa poderatildeo ser extrapolados Assim escolher a populaccedilatildeo ou amostra de uma pesquisa de forma adequada visa evitar vieses que comprometam a validade e aplicabilidade de seus resultados para a ldquopopulaccedilatildeo de interesserdquo
Inicialmente deve-se definir se a populaccedilatildeo seraacute representada por um censo ou uma amostra Censo eacute o exame de todos os elementos de uma populaccedilatildeo ou universo Jaacute a amostra eacute uma parte do universo ou populaccedilatildeo escolhida de modo a representar o grupo inteiro da forma mais fidedigna possiacutevel (ROUQUAYROL 2013)
O censo eacute a representaccedilatildeo perfeita da populaccedilatildeo No entanto utilizar o censo eacute mais dispendioso do ponto de vista financeiro e de tempo sendo difiacutecil de ser realizado Deve ser reservado para populaccedilotildees pequenas ou quando se necessita de uma precisatildeo completa dos dados Assim a utilizaccedilatildeo de amostras que representem a populaccedilatildeo apresenta vantagens sobre o censo sendo a amostragem um meacutetodo bastante utilizado nas pesquisas cientiacuteficas (PINHEIRO JUNIOR 2015)
Para que a amostra represente a populaccedilatildeo do estudo ela deveraacute ser calculada adequadamente A depender do tipo de estudo diferentes caacutelculos de tamanho amostral satildeo indicados Existem ferramentas disponiacuteveis on-line que auxiliam na determinaccedilatildeo do tamanho da amostra Como exemplo cita-se httpclincalccomstatssamplesizeaspx
Depois da definiccedilatildeo de seu tamanho eacute importante informar como a amostra seraacute recrutada Recomenda-se que a seleccedilatildeo dos participantes ocorra de maneira aleatoacuteria para natildeo favorecer sua inclusatildeo com caracteriacutesticas individuais que promovam vieses sobre os resultados (GREENHALGH2013) Para minimizar tais vieses de seleccedilatildeo os participantes do estudo deveratildeo ser selecionados por meio de criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo preacute-estabelecidos que deveratildeo ser descritos e apresentados aos leitores
Os criteacuterios de inclusatildeo informam caracteriacutesticas da populaccedilatildeo-alvo que satildeo de interesse para o estudo Esses criteacuterios servem ainda para deixar a populaccedilatildeo mais homogecircnea Os criteacuterios de exclusatildeo por sua vez se referem aos participantes que possuem caracteriacutesticas que podem confundir ou enviesar os dados distorcendo os resultados e portanto natildeo deveratildeo participar do estudo (LUNA 1998 apud PINHEIRO JUNIOR 2015)
Deve-se lembrar de que soacute poderatildeo ser excluiacutedos indiviacuteduos que atenderam aos criteacuterios de inclusatildeo do estudo Comumente os pesquisadores discriminam de maneira inadequada como criteacuterios de exclusatildeo caracteriacutesticas que natildeo estatildeo presentes na amostra selecionada exatamente por natildeo preencherem os criteacuterios de inclusatildeo para o estudo Exemplo
44 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull criteacuterios de inclusatildeo
Seratildeo incluiacutedos indiviacuteduos com mais de 18 anos de ambos os sexos com diagnoacutestico de diabetes mellitus tipo 2
bull criteacuterios de exclusatildeo
Seratildeo excluiacutedos indiviacuteduos com menos de 18 anos de ambos os sexos sem diagnoacutestico de diabetes mellitus tipo 2
43 COLETA DE DADOS
Nessa etapa devem ser descritas todas as informaccedilotildees relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos dados da pesquisa A depender do delineamento do estudo podem-se utilizar entrevistas estruturadas exame fiacutesico questionaacuterios revisotildees de prontuaacuterio revisotildees de outros estudos observaccedilotildees experimentos etc Os pesquisadores devem informar a origem dos instrumentos de coleta se satildeo de autoria proacutepria ou natildeo Em se tratando de questionaacuterios ou escalas padronizadas eacute necessaacuterio informar se eles foram previamente validados para a populaccedilatildeo a ser estudada (PINHEIRO JUNIOR 2015)
No caso da elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa ou trabalhos de conclusatildeo de curso os questionaacuterios ou outros instrumentos de coleta devem ser apresentados na iacutentegra como elementos poacutes-textuais ndash ldquoApecircndicesrdquo Isso eacute importante tanto para que a comissatildeo avaliadora do projeto e os membros do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa possam analisar tais instrumentos No caso de artigos cientiacuteficos na maioria das vezes isso natildeo eacute necessaacuterio e os instrumentos devem apenas ser referenciados caso natildeo sejam de autoria proacutepria
Ao se utilizar materiais deve-se descrever a marca o modelo o nome e a origem do fabricante dos equipamentos bem como o nome cientiacutefico o fabricante a dosagem e o meacutetodo de administraccedilatildeo dos medicamentos No caso de aparelhos ou teacutecnicas incomuns sugere-se incluir imagens para facilitar a compreensatildeo do leitor
Outro ponto a destacar eacute a natureza dos dados coletados se satildeo primaacuterios ou secundaacuterios Dados primaacuterios satildeo aqueles obtidos pelos proacuteprios pesquisadores Por outro lado dados secundaacuterios satildeo aqueles provenientes de outras fontes como banco de dados prontuaacuterios etc Ambos os tipos de dados apresentam vantagens e desvantagens e o tipo de estudo eacute que determinaraacute quais deles seratildeo mais adequados para a pesquisa
Para finalizar esse toacutepico devem-se ainda descrever todos os procedimentos utilizados no estudo ou seja o ldquopasso-a-passordquo da pesquisa que deve ser apresentado em ordem cronoloacutegica desde a seleccedilatildeo e o convite aos participantes ateacute a coleta dos dados propriamente dita
Meacutetodos 45
44 VARIAacuteVEIS DO ESTUDO
Ao final da coleta de dados os pesquisadores devem identificar as variaacuteveis do estudo que seratildeo utilizadas para a anaacutelise dos dados Uma criteriosa seleccedilatildeo e tratamento das variaacuteveis eacute passo fundamental para garantir a qualidade dos resultados obtidos
Aleacutem disso todas as variaacuteveis devem ser devidamente explicadas ou conceituadas para que os leitores tenham o entendimento adequado sobre aquilo que estaacute sendo analisado Por exemplo para a variaacutevel ldquodiagnoacutestico de diabetes mellitusrdquo cujas respostas seriam SIM ou NAtildeO deve estar claro quais os criteacuterios que o pesquisador utilizou para definir diabetes (ldquoglicemia de jejum gt ou igual a 126 mgdL em duas ou mais ocasiotildees eou glicemia 2 horas apoacutes teste de sobrecarga com 75 gramas de glicose oral gt ou igual a 200 mgdL etcrdquo ou ainda ldquoO diagnoacutestico de diabetes mellitus foi realizado de acordo com as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SDB 2018)rdquo
No caso de projetos de pesquisas ou trabalhos de conclusatildeo de cursos de graduaccedilatildeo ou poacutes-graduaccedilatildeo os autores destinam um toacutepico da seccedilatildeo meacutetodo para apresentar todas as variaacuteveis a serem analisadas Em artigos cientiacuteficos cuja redaccedilatildeo eacute mais objetiva e curta podem-se indicar de forma sucinta em um uacutenico paraacutegrafo as variaacuteveis usadas no estudo
Os pesquisadores devem conhecer a natureza de suas variaacuteveis para definir os testes estatiacutesticos a serem utilizados Os diversos tipos de variaacuteveis satildeo discutidos no capiacutetulo Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica apresentado adiante
45 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DOS DADOS
Apoacutes a coleta dos dados os pesquisadores devem iniciar o processo de organizaccedilatildeo e tabulaccedilatildeo dos dados coletados normalmente feito em planilhas eletrocircnicas contento tabelas divididas em linhas e colunas (exemplo Microsoft Office Excelreg e LibreOffice Calcreg ndash disponiacutevel gratuitamente para download em httpspt-brlibreofficeorg) As linhas devem conter os participantes e as colunas as variaacuteveis do estudo Nos campos que possam denunciar a identidade do participante tal informaccedilatildeo pode ser substituiacuteda por nuacutemeros ou siglas de forma a assegurar a privacidade do candidato aleacutem de facilitar a anaacutelise estatiacutestica no cruzamento de variaacuteveis
Essas tabelas natildeo devem estar no corpo do trabalho elas satildeo os meios pelos quais os dados seratildeo guardados e preparados para a obtenccedilatildeo dos resultados sendo portanto uma etapa preciosa de toda pesquisa cliacutenica da qual dependeraacute a qualidade das anaacutelises e dos resultados
46 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
No toacutepico ldquoAnaacutelise estatiacutesticardquo os pesquisadores deveratildeo informar ainda que ferramentas ou softwares satildeo utilizados para a tabulaccedilatildeo dos dados Os testes estatiacutesticos utilizados tambeacutem precisam ser citados mas natildeo detalhados sendo boa praacutetica informar se o teste eacute parameacutetrico ou natildeo parameacutetrico sendo indicados de acordo com as variaacuteveis analisadas A significacircncia estatiacutestica se baseia nos caacutelculos de variaacuteveis como o valor p e o intervalo de confianccedila por exemplo O nome do programa utilizado para as anaacutelises tambeacutem deve ser descrito seguido pelo nuacutemero da versatildeo e ano Para mais detalhes sobre esse tema deve-se consultar o capiacutetulo Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica adiante
46 ASPECTOS EacuteTICOS
A confidencialidade a proteccedilatildeo dos direitos e o bem-estar dos sujeitos da pesquisa natildeo podem ser ignorados Dessa forma todo trabalho cientiacutefico que envolva humanos ou animais precisa passar pela apreciaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da instituiccedilatildeo na qual a pesquisa seraacute realizada
No caso de pesquisas com seres humanos os pesquisadores devem informar que conhecem as normas vigentes e que atenderatildeo a elas nas pesquisas com seres humanos de acordo com o estabelecido pela Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede 4662012 Aleacutem disso devem indicar que todos os participantes concordaram em participar do estudo apoacutes assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
No caso de projetos de pesquisa que ainda seratildeo submetidos agrave apreciaccedilatildeo do CEP esse campo deveraacute descrever os riscos e benefiacutecios da pesquisa as medidas a serem adotadas pelos pesquisadores para minimizar tais riscos e garantir a confidencialidade e anonimato dos participantes Deve-se informar que a pesquisa iniciaraacute apenas apoacutes a aprovaccedilatildeo do CEP e somente seratildeo incluiacutedos participantes que concordarem em participar e assinarem o TCLE o qual deveraacute ser anexado como elemento poacutes-textual nos ldquoApecircndicesrdquo Para mais detalhes consultar o capiacutetulo ldquoApecircndices e Anexosrdquo
Meacutetodos 47
REFEREcircNCIAS
BLOCH K V COUTINHO E S F Fundamentos da pesquisa epidemioloacutegica In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 7 p 107-114
COELI C M FAERSTEIN E Estudos de coorte In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 11 p 161-174
GREENHALGH T Como ler artigos cientiacuteficos fundamentos da medicina baseada em evidecircncias 4 ed Porto Alegre Artmed 2013
KLEIN C H BLOCH K V Estudos seccionais In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 9 p 125-150
MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004
MEO S A Anatomy and physiology of a scientific paper Saudi J Biol Sci Riyadh v 25 n 7 p 1278-1283 2018Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6252020pdfmainpdf Acesso em 09 abr 2020
MEO S A ELDAWLATLY A A Pathophysiology of a scientific paper Saudi Journal Of Anaesthesia India v 13 p 9-11 abr 2019 Supl 1 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6398299__ffn_sectitle Acesso em 09 abr 2020
MOORE N How to do research a practical guide to designing and managing research projects 3rd ed London Facet 2006
PINHEIRO JUNIOR F M L et al Como construir a seccedilatildeo de meacutetodos In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 10 p 65-75
RODRIGUES L C WERNECK G L Estudos caso-controle In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 12 p 175-190
ROUQUAYROL M Z Epidemiologia e sauacutede 7 ed Rio de Janeiro MedBook 2013
49
5RESULTADOS
Laura da Silva Giratildeo LopesClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoNa seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico o autor deveria relatar o mesmo que as testemunhas nas cortes judiciaacuterias falar apenas a verdade toda a verdade e
nada mais que a verdaderdquo
Thomas M Annesley
51 INTRODUCcedilAtildeO
A frase acima faz uma comparaccedilatildeo bem pertinente entre a seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico e as cortes judiciaacuterias Nessa analogia a verdade cientiacutefica se refere aos dados e aos resultados que compreendem o produto do experimento dos autores ldquoFalar toda a verdaderdquo por sua vez significa escrever sobre os resultados positivos ou negativos de uma pesquisa isto eacute que confirmem ou que refutem a hipoacutetese alternativa Tal fato eacute fundamental para o desenvolvimento cientiacutefico embora muitas vezes os pesquisadores acreditem que a hipoacutetese alternativa seja o uacutenico caminho propiacutecio para a publicaccedilatildeo E por uacuteltimo ldquofalar nada mais que a verdaderdquo significa apresentar os dados e resultados sem interpretaccedilatildeo o que deveraacute ser feito adequadamente na seccedilatildeo discussatildeo (ANNESLEY 2010) conforme veremos adiante
52 ESCREVENDO OS RESULTADOS ESTRUTURA GERAL E MODO DE ORGANIZACcedilAtildeO DA SECcedilAtildeO
A seccedilatildeo resultados tem a funccedilatildeo de apresentar a(s) resposta(s) ao problema da pesquisa (CAMPOS 2016) Os resultados podem ser expressos por meio de diversos elementos como textos tabelas ou figuras (BAHADORAN et al 2019) A escolha da forma de apresentaccedilatildeo seraacute feita conforme a natureza do resultado que se deseja apresentar (MEO 2018) De maneira geral achados que satildeo muito importantes e que respondem agrave pergunta principal da pesquisa devem ser descritos na forma de texto As tabelas por sua vez sumarizam grandes quantidades de dados Quando adequadamente confeccionadas tabelas e figuras podem fornecer mais informaccedilotildees do que textos (KOTZ CALS 2013) Assim para essa escolha deve-se lembrar que a
50 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
comunicaccedilatildeo eficaz eacute o que se deseja primordialmente na escrita cientiacutefica
Natildeo haacute um padratildeo formal riacutegido para a apresentaccedilatildeo dos resultados em um artigo cientiacutefico o que determina sua estrutura e seus elementos eacute o contexto de cada pesquisa (VOLPATO 2007) O modo de organizaccedilatildeo pode ser um dos seguintes do resultado mais geral para o mais especiacutefico do mais importante para o menos importante ordem cronoloacutegica ou agrupamento por variaacuteveis ou por grupos Subtiacutetulos podem ser utilizados sempre que necessaacuterio (BAHADORAN et al 2019) Outra recomendaccedilatildeo seria alinhar o modo de apresentaccedilatildeo dos resultados com o modo de apresentaccedilatildeo da seccedilatildeo materialmeacutetodos para que a leitura seja de faacutecil compreensatildeo
Um modelo geral que pode ser individualizado de acordo com as necessidades de cada artigo eou recomendaccedilotildees de cada perioacutedico seraacute descrito abaixo (BAHADORAN et al 2019 ARAUacuteJO 2014)
bull Primeiro paraacutegrafo o autor pode fornecer uma visatildeo geral do estudo informando o fluxo de seleccedilatildeo dos pacientes e a descriccedilatildeo da amostra
bull Segundo e terceiro paraacutegrafos apresentar os resultados e os dados principais que devem estar relacionados ao objetivo principal do estudo
bull Quarto paraacutegrafo em diante (em geral a seccedilatildeo resultados pode conter de quatro a nove paraacutegrafos) apresentaccedilatildeo dos resultados secundaacuterios
Aleacutem disso deve-se ter atenccedilatildeo para as regras do perioacutedico ao qual seraacute submetido o artigo Na maioria deles a seccedilatildeo resultados estaacute separada da discussatildeo mas em outros tais seccedilotildees poderatildeo estar juntas (SNYDER 2019) Algumas vezes haacute limites para o nuacutemero de tabelas eou figuras
Aqui devemos tecer algumas diferenccedilas entre o termo dados e resultados Dados se referem aos fatos ou agraves observaccedilotildees ldquobrutasrdquo obtidas a partir da coleta de dados Por outro lado o termo resultado se refere agraves observaccedilotildees provenientes do ldquotratamentordquo ou agrave anaacutelise de tais dados Portanto os resultados consistem em informaccedilotildees que sumarizam e explicam o que os dados coletados mostraram dando significado a eles (BAHADORAN et al 2019)
Por fim observa-se que frequentemente nem todos os achados da pesquisa satildeo descritos na seccedilatildeo resultados Muitas vezes priorizam-se aqueles que respondem aos objetivos do estudo Alguns achados ou resultados secundaacuterios para o estudo em questatildeo podem ser apresentados na seccedilatildeo apecircndice ou material suplementar em prol da fluidez e concisatildeo do texto cientiacutefico (BAHADORAN et al 2019)
Resultados 51
53 DICAS PARA A REDACcedilAtildeO PROPRIAMENTE DITA
Idealmente a redaccedilatildeo da seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico deve ser clara precisa e concisa evitando-se a repeticcedilatildeo desnecessaacuteria dos mesmos resultados em diferentes partes da seccedilatildeo Exceccedilatildeo feita agraves mensagens principais que podem ser apresentadas na forma de texto e estar contidas em tabelas ou figuras (BAHADORAN et al 2019) Os pesquisadores devem discernir qual a melhor opccedilatildeo entre texto tabelas ou figuras para a apresentaccedilatildeo de cada um de seus resultados Na realidade todos esses elementos satildeo importantes e se complementam devendo interagir de modo dinacircmico a fim de que se produza um texto adequado agrave escrita cientiacutefica
Visando a alcanccedilar a precisatildeo deve-se evitar o uso de expressotildees vagas como ldquocerca derdquo ou ldquoaproximadamenterdquo Os pesquisadores devem informar os valores exatos ou numeacutericos para transmitirem ao leitor uma dimensatildeo precisa de quantidade
As variaacuteveis numeacutericas podem ser apresentadas por meio de medidas de tendecircncia central (meacutedia ou mediana em geral) e medidas de dispersatildeo (desvio-padratildeo ou intervalo interquartil) ou ainda por meio de seus valores absolutos ou percentuais (VOLPATO 2007) Para uma amostra com nuacutemeros de sujeitos menor do que 20 natildeo se recomenda apresentar os dados percentuais e sim apenas o nuacutemero absoluto (BAHADORAN et al 2019)
Nuacutemeros no iniacutecio das sentenccedilas ou menores do que dez devem ser escritos em sua forma por extenso O nuacutemero de diacutegitos e suas casas decimais devem ser escolhidos a partir da variaacutevel reportada Por exemplo para o pH a utilizaccedilatildeo de trecircs casas decimais apoacutes a viacutergula eacute necessaacuteria mas para a variaacutevel pressatildeo arterial natildeo se deve empregar mais do que trecircs diacutegitos sem casas decimais As unidades de medidas das variaacuteveis numeacutericas tambeacutem devem estar especificadas devendo haver um espaccedilo entre o numeral e sua unidade com exceccedilatildeo do siacutembolo que deve estar junto ao nuacutemero (BAHADORAN et al 2019 MEO 2018)
Outro ponto importante eacute a utilizaccedilatildeo adequada do tempo verbal Em geral na seccedilatildeo resultados utiliza-se o tempo no passado por exemplo ldquoA meacutedia de idade foirdquo No entanto quando os autores fazem referecircncia a tabelas graacuteficos ou figuras o tempo verbal permanece no presente como no exemplo ldquoAbaixo demonstramos as caracteriacutesticas demograacuteficas e cliacutenicas dos pacientesrdquo (MEO 2018)
Deve-se ainda utilizar a mesma nomenclatura ao longo de todo o artigo Por exemplo os nomes dos grupos de pacientes ou o nome de alguma variaacutevel devem ser os mesmos em todas as seccedilotildees do manuscrito O leitor natildeo deve ter duacutevidas a esse respeito (KOTZ CALS 2013)
Ao final da redaccedilatildeo sugere-se a releitura do material escrito para avaliar a fluidez do texto e a existecircncia de alinhamento entre a seccedilatildeo meacutetodos e a seccedilatildeo resultados
52 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
54 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS EM TABELAS E FIGURAS
Alguns autores recomendam que os pesquisadores devam iniciar a redaccedilatildeo da seccedilatildeo resultados apoacutes a confecccedilatildeo das tabelas e figuras Para eles isso tornaraacute mais faacutecil a integraccedilatildeo de todos os elementos no texto (BAHADORAN et al 2019) No entanto natildeo haacute uma foacutermula ou roteiro certo para todos Se o pesquisador jaacute tiver um estilo de escrita no qual ele inicie pelo texto e que culmine em resultados bem apresentados natildeo haacute motivo para mudar sua teacutecnica
Em geral as tabelas contecircm os seguintes elementos baacutesicos nuacutemero e tiacutetulo da tabela cabeccedilalho das linhas e colunas espaccedilo para os dados e rodapeacute Entre esses elementos destaca-se a importacircncia do tiacutetulo que deve ser atrativo e informar o toacutepico estudado e natildeo apenas repetir as variaacuteveis descritas (BAHADORAN et al 2019 KOTZ CALS 2013) Por exemplo em um graacutefico utilizado para demonstrar a reduccedilatildeo da hemoglobina glicada em pacientes diabeacuteticos submetidos a um tratamento com o medicamento X em vez de colocar o tiacutetulo ldquoMudanccedila da hemoglobina glicadardquo o tiacutetulo mais adequado seria ldquoEfeito do tratamento do medicamento X sobre a hemoglobina glicada de diabeacuteticosrdquo
Uma caracteriacutestica deve ser comum a todas as tabelas e figuras ambas devem ser autoexplicativas sendo o leitor capaz de compreendecirc-las sem recorrer ao texto Para isso o autor pode realizar um teste para identificar a adequaccedilatildeo delas solicitando que um colega que natildeo conheccedila o estudo leia as tabelas e os graacuteficos verificando se a compreensatildeo de seu conteuacutedo eacute possiacutevel sem a leitura do texto (KOTZ CALS 2013)
Outra caracteriacutestica comum de tabelas e figuras eacute a de que ambas devem estar relacionadas com o texto natildeo devendo ser inseridas sem que tenham relaccedilatildeo com os resultados apresentados textualmente Isso torna a leitura fluida e facilita a compreensatildeo (KOTZ CALS 2013)
As tabelas podem apresentar os seguintes tipos de dados caracteriacutesticas cliacutenicas e soacutecio-demograacuteficas dos grupos do estudo resultados de exames laboratoriais comparaccedilatildeo entre grupos entre outros Nenhuma ceacutelula da tabela pode estar vazia Caso o dado natildeo esteja disponiacutevel utiliza-se o preenchimento com alguma sigla cujo significado deveraacute estar especificado nas abreviaccedilotildees da tabela por exemplo ldquoND natildeo disponiacutevelrdquo (BAHADORAN et al 2019 MEO 2018)
As figuras devem reforccedilar visualmente os achados do estudo facilitando a interpretaccedilatildeo das anaacutelises estatiacutesticas e dos resultados encontrados (PEREIRA 2013) Para isso os pesquisadores podem utilizar graacuteficos fotografias diagramas fluxogramas entre outros
Os graacuteficos podem ser empregados para demonstrar tendecircncias ou relaccedilotildees entre as variaacuteveis (BAHADORAN et al 2019 KOTZ CALS 2013) A escolha do tipo de graacutefico tambeacutem eacute de fundamental importacircncia e novamente depende da natureza
Resultados 53
do que se deseja apresentar (PEREIRA 2013 VOLPATO 2007) Os graacuteficos de linha satildeo utilizados para mostrar tendecircncias e natildeo devem ser utilizados se a sequecircncia de ordenaccedilatildeo do eixo da abscissa puder ser aleatoacuteria (DURBIN 2014 VOLPATO 2007) os graacuteficos de barras para comparaccedilatildeo de variaacuteveis numeacutericas de diferentes grupos ao longo do tempo por exemplo Os graacuteficos de pizzas podem ser utilizados quando a intenccedilatildeo for de comparar proporccedilotildees de diferentes variaacuteveis nominais em relaccedilatildeo ao todo mas devem ser empregados com parcimocircnia (KOTZ CALS 2013) Com relaccedilatildeo ao layout das figuras recomendam-se cores mais fortes para se referir aos resultados principais por exemplo cores mais escuras para o grupo tratamento e cores mais fracas para o grupo controle em graacuteficos de barras
Em estudos cliacutenicos os fluxogramas satildeo muito empregados com a intenccedilatildeo de demonstrar o processo de seleccedilatildeo da amostra incluindo o nuacutemero e o motivo de exclusatildeo dos sujeitos ao longo da pesquisa bem como seus motivos e a caracterizaccedilatildeo dos grupos controle e de tratamento (BAHADORAN et al 2019) Em relatos de casos ou seacuteries de casos em doenccedilas raras fotografias dos pacientes ou dos exames de imagem tambeacutem podem ser utilizadas sempre respeitando os aspectos eacuteticos que envolvem a utilizaccedilatildeo de imagens de pacientes (KOTZ CALS 2013) Por fim eacute importante lembrar que os pesquisadores devem elaborar as tabelas e as figuras com esmero sob o risco de recusa para a aceitaccedilatildeo de artigos caso tais elementos sejam mal elaborados (BAHADORAN et al 2019)
Deve-se enfatizar que o design das tabelas e das figuras deve estar adequado Isso confere credibilidade aos resultados do estudo (BAHADORAN et al 2019) Abaixo segue um quadro com dicas a serem utilizadas na confecccedilatildeo de tabelas e figuras (quadro 51)
Quadro 51 mdash Dicas para a elaboraccedilatildeo de tabelas em textos cientiacuteficos
Enumere e decirc tiacutetulos para todas as tabelas e figuras Evite usar figuras abreviaccedilotildees nos tiacutetulos das tabelasInclua legendas curtas que expliquem os dados incluiacutedosNatildeo sobrecarregue o tiacutetulo com detalhesInclua as tabelas e as figuras o mais proacuteximo possiacutevel do local em que ele foi citado pela primeira vez no textoContextualize os resultados das tabelas e figuras ao longo do textoUniformize a aparecircncia de todas as tabelas e figuras Use notas de rodapeacute para explicar quaisquer dados incertosConfira se a tabela eacute autoexplicativa
Nota Adaptado de Bahadoran et al 2019
54 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por fim apresentamos abaixo exemplos de tabelas e graacuteficos utilizados em outras produccedilotildees dos editores (figuras 51 e 52)
Figura 51 mdash Exemplo de tabela e seus elementos baacutesicos publicados em um artigo cientiacutefico (adaptado de Ponte et al 2018)
Resultados 55
Figura 52 mdash Exemplo de figura publicada em um artigo cientiacutefico (adaptado de Ponte et al 2019)
55 ERROS FREQUENTES DA SECcedilAtildeO RESULTADOS
Abaixo elencamos os principais erros cometidos pelos pesquisadores ao longo da escrita dos resultados de uma pesquisa (BAHADORAN et al 2019 FOOTE 2009)
bull discutir os resultados ainda na seccedilatildeo resultados e natildeo na seccedilatildeo discussatildeo
bull natildeo apresentar resultados que respondam a todos os objetivos da pesquisardquo
bull fornecer apenas os dados mas natildeo os resultados da pesquisa (ou seja a interpretaccedilatildeo ou a anaacutelise desses dados) ou o contraacuterio
bull desalinhamento organizacional e de conteuacutedo entre a seccedilatildeo material e meacutetodos e a seccedilatildeo resultados
bull escolha inadequada da forma de apresentaccedilatildeo dos resultados e dados ou
56 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
seja empregar texto quando deveria utilizar tabelas ou figuras ou o contraacuterio
bull repeticcedilatildeo inadequada nos achados na forma de texto e tabelas ou figuras (embora a apresentaccedilatildeo do mesmo achado seja possiacutevel a partir de texto e tabela desde que seja de uma forma natildeo repetitiva e com o objetivo de ressaltar um achado muito importante do estudo)
bullutilizaccedilatildeo de tabelas e figuras mal elaboradas
56 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A escrita adequada da seccedilatildeo resultados tem como elementos fundamentais a precisatildeo concisatildeo e clareza sendo a criatividade dos autores o elemento fundamental no julgamento da melhor maneira de apresentaccedilatildeo dos achados O objetivo maior deve ser o de uma comunicaccedilatildeo cientiacutefica eficaz para outros pesquisadores e estudiosos Para isso algumas formalidades satildeo necessaacuterias e devem estar presentes nesta seccedilatildeo da produccedilatildeo cientiacutefica com o intuito de aumentar a confiabilidade dos achados apresentados
Resultados 57
REFEREcircNCIAS
ANNESLEY TM Clinical Chemistry Guide to Scientific Writing Clinical Chemistry [S l] v 56 n 3 p 331-497 2010 Disponiacutevel em httpspdfssemanticscholarorg191845a1da9dc1c376bddd3744ba30197d4a88a3pdf_ga=21642126024123063401603328335-14644782561603328335 Acesso em 19 out 2020
ARAUacuteJO C G S Detailing the writing of scientific manuscripts 25-30 paragraphs Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v 102 n 2 p e21-e23 fev 2014Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC3987331 Acesso em 09 abr 2020
BAHADORAN Z et al The principles of biomedical scientific writings results Int J Endocrinol Metab Tehran v 17 n 2 p e92113 abr 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31372173 Acesso em 09 abr 2020
CAMPOS JM et al Manual praacutetico de pesquisa cliacutenica da graduaccedilatildeo agrave poacutes-graduaccedilatildeo Satildeo Paulo Thieme Revinter 2016
DURBIN JR CG Effective use of tables and figures in abstracts presentations and papers Respir Care Philadelphia v 49 n 10 p 1233-1237 out 2004Disponiacutevel em httpwwwrcjournalcomcontents100410041233pdf Acesso em 09 abr 2020
FOOTE M The proof of the pudding how to report results and write a good discussion Chest Chicago v 135 n 3 p 866-868 2009 Disponiacutevel em httpronbunjpchestpdf34pdf Acesso em 09 abr 2020
KOTZ D CALS J W L Effective writing and publishing scientific papers part VII tables and figures J Clin Epidemiol New York v 66 n 11 1197 2013 Disponiacutevel em httpswwwjclinepicomactionshowPdfpii=S0895-435628132900192-3 Acesso em 09 abr 2020
58 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
MEO S A Anatomy and physiology of a scientific paper Saudi J Biol Sci Riyadh v 25 n 7 p 1278-1283 nov 2018 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6252020 Acesso em 09 abr 2020
PEREIRA MG A seccedilatildeo de resultados de um artigo cientiacutefico Epidemiol Serv Sauacutede Brasiacutelia v 22 n 3 p 537-538 abrjun 2013Disponiacutevel em httpscieloiecgovbrpdfessv22n2v22n2a17pdf Acesso em 09 abr 2020
PONTE C M M et al Early commitment of cardiovascular autonomic modulation in Brazilian patients with congenital generalized lipodystrophy BMC Cardiovasc Disord [S l] v 18 n 1 p 6 jan 2018
PONTE C M M et al Association between cardiovascular autonomic neuropathy and left ventricular hypertrophy in young patients with congenital generalized lipodystrophy Diabetol Metab Syndr [S l] v 11 n 53 p 1-10 jul 2019
SNYDER N et al How to write an effective results section Clin Spine Surg Hagerstown v 32 n 7 p 295-296 ago 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31145152 Acesso em 09 abr 2020
VOLPATO GL Como escrever um artigo cientiacutefico Anais da Academia Pernambucana de Ciecircncia Agronocircmica Recife v 4 p 97-115 2007Disponiacutevel em httpwwwjournalsufrpebrindexphpapcaarticleview9390 Acesso em 09 abr 2020
59
6ESCREVENDO A DISCUSSAtildeO E A CONCLUSAtildeO
Vitoacuteria Costa LimaLaura da Silva Giratildeo Lopes
ldquoA razatildeo natildeo eacute toda poderosa eacute uma trabalhadora tenaz opinativa cautelosa criacutetica implacaacutevel disposta a ouvir e a discutir arriscadardquo
Karl Popper
61 INTRODUCcedilAtildeO
Essa frase de Karl Popper considerado um dos maiores filoacutesofos da ciecircncia do seacuteculo XX eacute bem apropriada para se iniciar o debate acerca da seccedilatildeo de discussatildeo dos artigos cientiacuteficos Nela o filoacutesofo nega o poder como uma caracteriacutestica da razatildeo cientiacutefica e delimita algumas caracteriacutesticas fundamentais ao cientista disposiccedilatildeo ao trabalho aacuterduo criticidade e acima de tudo capacidade de discutir ideias que consiste na principal atividade do pesquisador durante a elaboraccedilatildeo da discussatildeo de seus manuscritos
62 ELABORANDO A DISCUSSAtildeO
Ao se chegar agrave discussatildeo chega-se quase ao final do artigo Trata-se da parte do texto que mais identifica os autores chamada por alguns como o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo (REYES 2019) uma vez que nessa seccedilatildeo os pesquisadores podem e devem elaborar teorias a partir dos resultados encontrados em suas pesquisas Portanto a discussatildeo eacute a parte ldquovivardquo do artigo em que a partir dos resultados obtidos e jaacute apresentados os autores descreveratildeo os seus argumentos considerando a sua expertise no assunto A argumentaccedilatildeo cientiacutefica portanto parte de uma experiecircncia ampla sobre o objeto de estudo o que permite a interpretaccedilatildeo dos resultados encontrados e por conseguinte a escrita da discussatildeo do artigo
Ao escrever a discussatildeo os autores devem responder agraves perguntas feitas por muitos revisores de revistas cientiacuteficas ldquoQual a relevacircncia dos achados para aquela aacuterea especiacuteficardquo ou ldquoQual o ganho para a comunidade cientiacutefica da publicaccedilatildeo do
60 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
seu artigordquo (BALCH 2018) Sendo capaz de responder a elas de maneira adequada o pesquisador estaraacute apto a escrevecirc-la
Apesar de ser o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo a discussatildeo natildeo deve conter opiniotildees pessoais dos autores e sim argumentos loacutegicos e contundentes acerca do tema Natildeo cabe aos autores convencer os leitores de que suas ideias satildeo verdades absolutas mas sim transmitir seus argumentos loacutegicos promovendo um debate cientiacutefico (BALCH 2018) Uma discussatildeo bem redigida permitiraacute que o pesquisador atinja o principal objetivo de uma produccedilatildeo cientiacutefica que eacute a comunicaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo dos resultados de sua pesquisa para a comunidade cientiacutefica
63 ESCREVENDO A CONCLUSAtildeO
A conclusatildeo sucede a discussatildeo sendo uma parte breve que finaliza o artigo poreacutem de extrema importacircncia Nela os autores retomam os objetivos e respondem de maneira clara e sucinta agraves perguntas elaboradas no iniacutecio do estudo (REYES 2019)
A depender da revista cientiacutefica a conclusatildeo pode estar incorporada na discussatildeo devendo o seu uacuteltimo paraacutegrafo ser reservado para isso Esse paraacutegrafo final deve responder ao objetivo principal do estudo A lacuna de conhecimento contida na pergunta inicial motivadora do estudo deveraacute ser devidamente esclarecida neste momento por meio de um texto sinteacutetico e claro Natildeo se recomenda a mera repeticcedilatildeo de frases anteriormente utilizadas no texto
64 ALGUMAS FORMALIDADES NECESSAacuteRIAS
Como todas as demais seccedilotildees do artigo cabem aqui algumas formalidades necessaacuterias agrave redaccedilatildeo da discussatildeo e da conclusatildeo do seu manuscrito as quais conferem a caracteriacutestica de artigo cientiacutefico a esse gecircnero textual
bull Organize a discussatildeo como uma piracircmide invertida inicie os argumentos acerca dos resultados mais gerais e soacute depois comece a discutir os mais especiacuteficos (VOLPATO 2019)
bull Observe a distribuiccedilatildeo dos tamanhos de cada seccedilatildeo do seu artigo A discussatildeo natildeo deve exceder o tamanho da soma das outras seccedilotildees (introduccedilatildeo meacutetodos resultados) Recomendam-se no maacuteximo seis ou sete paraacutegrafos no seu total (NATHA 2014)
bull Evite frases que se iniciem por ldquoNoacutesrdquo Isso pode ser justificado pelo princiacutepio de que se devem evitar palavras desnecessaacuterias no artigo cientiacutefico (NATHA 2014) Apesar de o uso da primeira pessoa ter o objetivo de enfatizar um argumento do ponto de vista gramatical a frase ldquoNoacutes demonstramos querdquo poderia ser substituiacuteda por ldquoDemonstramos querdquo sem nenhum prejuiacutezo de significado
Resultados 61
bull Utilize o tempo verbal no presente quando estiver expondo os dados de seu estudo bem como seus argumentos Somente utilize o tempo verbal no passado quando estiver comentando os dados de outros autores (VOLPATO 2019)
bull Embora se utilize bastante a voz passiva ou impessoal como ldquodemonstrou-se querdquo a tendecircncia atual eacute utilizar a voz ativa na primeira pessoa do plural (REYES 2019) como ldquodemonstramos querdquo Isso tornaraacute a leitura de seu texto mais fluida A voz ativa traz uma mensagem direta e de mais faacutecil leitura
bull Natildeo seja repetitivo Os resultados de seu estudo jaacute foram apresentados na seccedilatildeo destinada para tal portanto apesar de retomar os principais achados do estudo a discussatildeo natildeo deve promover uma repeticcedilatildeo de resultados (HONG 2014)
bull Elabore sua discussatildeo respeitando a ordem dos achados apresentados na seccedilatildeo ldquoResultadosrdquo ou seja discuta-os utilizando a ordem em que eles aparecem Evite discutir no mesmo paraacutegrafo diferentes resultados a natildeo ser que eles estejam correlacionados entre si Isso facilitaraacute o entendimento pelo leitor Lembre-se nem sempre o leitor tem ampla experiecircncia no assunto O artigo deve estar direcionado a pessoas interessadas em seu conteuacutedo e natildeo necessariamente a experts (VOLPATO 2019)
bull Evite frases e paraacutegrafos longos A frase natildeo deve conter mais do que 25 a 30 palavras em prol da fluidez do texto (NATHA 2014)
bull Utilize palavras que faccedilam conexotildees entre os paraacutegrafos Isso tornaraacute o texto mais fluido (OSHIRO 2020)
bull Evite o uso de jargotildees que muitas vezes restringem a comunicaccedilatildeo a um grupo especiacutefico de leitores Lembre-se de que o objetivo eacute a comunicaccedilatildeo tornando seus argumentos disponiacuteveis a diferentes indiviacuteduos interessados no assunto (VOLPATO 2019)
bull Natildeo utilize linguagem informal Apesar de a discussatildeo ser o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo contendo assim argumentos dos autores trata-se de um artigo cientiacutefico (REYES 2019)
bull Evite frases que possam ser interpretadas pelo leitor como pretensiosas Afinal toda conclusatildeo cientiacutefica eacute necessariamente provisoacuteria embora deva ser aceita se natildeo puder rejeitaacute-la A leitura agradaacutevel natildeo apresenta demonstraccedilotildees de autoridade (BALCH 2014) Seu estudo inclui uma amostra e mesmo que seja substancial em termos numeacutericos seus achados natildeo necessariamente podem ser extrapolados para toda a populaccedilatildeo (RUIZ 2016)
62 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
65 ORGANIZANDO A DISCUSSAtildeO DO COMECcedilO AO FIM
Segundo Volpato (2019) caso a conclusatildeo esteja alocada em uma seccedilatildeo separada sugere-se estruturar a discussatildeo em cinco paraacutegrafos conforme apresentado adiante Mas natildeo se deve esquecer eacute fundamental o planejamento da escrita antes de sua execuccedilatildeo Isso facilitaraacute a conectividade entre os paraacutegrafos aspecto fundamental jaacute descrito aqui
Para esse autor a discussatildeo deve ser iniciada com a retomada para o leitor da lacuna de conhecimento que seu manuscrito deseja preencher Deve-se relembrar ao leitor a pergunta que motivou seu estudo No entanto conveacutem evitar a repeticcedilatildeo de frases jaacute utilizadas na introduccedilatildeo do artigo
Logo apoacutes no segundo paraacutegrafo os resultados principais devem ser apresentados de maneira sumaacuteria bem como seu significado e implicaccedilotildees com o intuito de demonstrar o quanto o manuscrito seraacute capaz de fazer o conhecimento avanccedilar Natildeo devem ser repetidos os detalhes que podem ser encontrados na seccedilatildeo ldquoresultadosrdquo Deve-se evitar a repeticcedilatildeo dos dados quantitativos a natildeo ser que isso aumente seu poder argumentativo A contraposiccedilatildeo com os dados da literatura pode ser feita para cada resultado discutido facilitando assim a construccedilatildeo do argumento em torno das diferenccedilas ou semelhanccedilas entre seus achados e os dos demais autores
Eacute importante que dados da literatura que satildeo discordantes sejam tambeacutem apresentados (SANLI 2013) Pouco ou nenhum conhecimento cientiacutefico tem unanimidade ou homogeneidade em seus aspectos o que faz que os editores das revistas natildeo vejam com ldquobons olhosrdquo discussotildees que contenham apenas dados concordantes citados pelos autores
No terceiro paraacutegrafo eacute importante discutir os resultados mais especiacuteficos As especulaccedilotildees devem ser feitas e esperadas pelo leitor interessado em ampliar seu conhecimento sobre o assunto Natildeo se deve limitar apenas ao oacutebvio Os resultados devem ser explorados de maneira adequada caso contraacuterio mesmo que dados interessantes estejam presentes no estudo natildeo levaratildeo a uma ampliaccedilatildeo adequada do conhecimento
As limitaccedilotildees do estudo devem estar apontadas no quarto paraacutegrafo inclusive em tamanho amostral capacidade de generalizaccedilatildeo dos resultados e possiacuteveis vieses presentes Aleacutem das limitaccedilotildees deve-se refletir o quanto isso pode ter alterado os resultados encontrados Os pontos positivos tambeacutem podem ser ressaltados e geralmente satildeo descritos em relaccedilatildeo a outros estudos da literatura sobre o mesmo tema
A discussatildeo eacute frequentemente encerrada com um paraacutegrafo uacuteltimo que costuma destacar as direccedilotildees futuras sobre o tema bem como a necessidade de outros estudos ou mesmo inovaccedilotildees em evoluccedilatildeo Dificilmente as lacunas do conhecimento
Resultados 63
satildeo esgotadas com os estudos existentes e agrave medida que se avanccedila no conhecimento novas lacunas satildeo criadas havendo a necessidade constante de continuaccedilatildeo daquela linha de pesquisa Abaixo eacute sintetizada uma sugestatildeo para a estrutura da discussatildeo (quadro 61)
Quadro 61 mdash A estrutura da discussatildeo em cinco paraacutegrafos
1deg paraacutegrafo Retome a lacuna do conhecimento que se relaciona com o objetivo principal do estudo
2deg paraacutegrafo Interprete o resultado principal compare com os dados da literatura e elabore justificativas para as semelhanccedilasdiferenccedilas
3deg paraacutegrafo Comente os outros resultados respeitando a ordem em que eles estatildeo dispostos na seccedilatildeo especiacutefica
4deg paraacutegrafo Aponte as limitaccedilotildees e os dados positivos do estudo
5deg paraacutegrafo Especule as possiacuteveis inovaccedilotildees no futuro bem como a necessidade de outros estudos acerca do tema
66 ERROS FREQUENTEMENTE ENCONTRADOS NA DISCUSSAtildeO
Diante da dificuldade da escrita da discussatildeo seratildeo descritos os erros mais frequentemente encontrados nessa seccedilatildeo
bull Pobreza de argumentaccedilatildeo loacutegica e de especulaccedilotildees com conteuacutedo focado apenas em comparaccedilotildees com os dados de outros estudos da literatura
bull Discussatildeo de resultados em ordem diferente e aleatoacuteria sem seguir a sequecircncia apresentada nos resultados dificultando o entendimento
bull Abordagem de aspectos importantes relacionados ao tema mas que natildeo foram pesquisados no estudo em questatildeo (natildeo se trata de um artigo de revisatildeo)
bull Pouca relaccedilatildeo de conectividade da discussatildeo com as demais partes do manuscrito
bull Falta de alinhamento da discussatildeo com os objetivos do estudo
64 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
67 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A escrita da discussatildeo pressupotildee uma larga experiecircncia sobre o tema estudado um cenaacuterio pouco provaacutevel entre jovens pesquisadores especialmente entre alunos de graduaccedilatildeo Isso justifica a dificuldade para a redaccedilatildeo da discussatildeo comumente observada nesse grupo Assim a leitura abundante sobre o tema e a vivecircncia com o assunto ao longo da coleta dos dados do estudo tornam-se fundamentais para a elaboraccedilatildeo da discussatildeo do manuscrito
Resultados 65
REFEREcircNCIAS
BALCH C M et al Steps to getting your manuscript published in a high-quality medical journal Ann Surg Oncol New York v 25 n 4 p 850-855 2018 Disponiacutevel em httpslinkspringercomcontentpdf1012452Fs10434-017-6320-6pdf Acesso em 09 abr 2020
HONG S T Ten tips for authors of scientific articles J Korean Med Sci Seoul v 29 n 8 p 1035-1037 ago 2014 Disponiacutevel em httpswwwresearchgatenetpublication264793318_Ten_Tips_for_Authors_of_Scientific_Articles Acesso em 09 abr 2020
NATHA R How to write a strong discussion in scientific manuscripts BioScience [S l] maio 2014 Disponiacutevel em httpswwwbiosciencewriterscomHow-to-Write-a-Strong-Discussion-in-Scientific-Manuscriptsaspx Acesso em 09 abr 2020
OSHIRO J et al Going beyond ldquonot enough timerdquo barriers to preparing manuscripts for Academic Medical Journals Teach Learn Med Philadelphia v 32 n 1 p 71-81 janmar 2020 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31530189 Acesso em 09 abr 2020
REYES B H Coacutemo tener eacutexito al empezar a publicar en revistas meacutedicas Consideraciones para autores inexpertos que podriacutean interesar tambieacuten a los expertos Rev Med Chile Santiago v 147 n 2 p 238-242 2019 Disponiacutevel em httpsscieloconicytclpdfrmcv147n20717-6163-rmc-147-02-0238pdf Acesso em 09 abr 2020
RUIZ A G et al Manual praacutetico de pesquisa cientiacutefica da graduaccedilatildeo agrave poacutes graduaccedilatildeo Rio de Janeiro Revinter 2016
SANLI O ERDEM S TEFIK T How to write a discussion section Turk J Urol Istanbul v 39 p 20-24 2013 Supl 1 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC4548568pdftju-39-supp-20pdf Acesso em 09 abr 2020
VOLPATO G L Meacutetodo loacutegico da redaccedilatildeo cientiacutefica 2 ed Satildeo Paulo Best Wrintiing 2017
67
7COMO DEFINIR O TIacuteTULO
Eacuterika Suyane Freire SilvaClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoSe nem o tiacutetulo estimula a leitura imagine o restante do textordquo
Medeiros amp Tomasi
71 COMO DEFINIR O TIacuteTULO
O tiacutetulo eacute a primeira impressatildeo de um projeto de pesquisa ou artigo cientiacutefico Eacute a parte da produccedilatildeo acadecircmica mais lida e difundida e por isso haacute a necessidade de esmero para sua elaboraccedilatildeo Nota-se uma grande tendecircncia da sociedade cientiacutefica em otimizar o seu tempo na triagem de seus objetos de estudo em face da grande quantidade de publicaccedilotildees na literatura cientiacutefica Logo eacute por meio do tiacutetulo que se ldquoconquistardquo a atenccedilatildeo do leitor Eacute por ele que se comeccedila a convencer o parecerista o revisor ou o editor a aceitaram determinado projeto ou artigo
Natildeo eacute incomum que a preocupaccedilatildeo dos pesquisadores se volte principalmente agrave elaboraccedilatildeo de outros elementos do trabalho em detrimento da seleccedilatildeo e maturaccedilatildeo de um bom tiacutetulo No entanto o tiacutetulo eacute um elemento fundamental sendo um grande diferencial para a posterior adesatildeo agrave leitura integral de determinada produccedilatildeo
72 ESCREVENDO O TIacuteTULO
O tiacutetulo tem como principal atribuiccedilatildeo revelar de maneira precoce clara e concisa a ideia central da produccedilatildeo devendo ser pensado de maneira a despertar a curiosidade sem causar impressatildeo de prolixidade ou rebuscamento (MEDEIROS amp TOMASI 2017) Para isso idealmente deve conter o tema da pesquisa (o que foi investigado) a abrangecircncia (populaccedilatildeo local e tempo) e o delineamento do estudo (meacutetodo da pesquisa) (quadro 71) Opcionalmente tiacutetulos de artigos cientiacuteficos podem conter os resultados encontrados na pesquisa (CAVALCANTI 2015) Essa estrateacutegia pode poupar tempo dos leitores e direcionaacute-los para a leitura completa do trabalho
68 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 71 mdash Elementos que devem estar presentes no tiacutetulo
bull Tema bull Populaccedilatildeobull Localbull Tempo (opcional)
bull Meacutetodobull Resultado (sua presenccedila
no tiacutetulo ainda eacute discutida por alguns autores)
O tiacutetulo deve ser curto e informar exatamente o conteuacutedo do trabalho atendo-se agraves variaacuteveis teoacutericas Deve-se evitar a utilizaccedilatildeo excessiva de adjetivos adveacuterbios abreviaturas jargotildees teacutecnicos ou palavras muito especiacuteficas de determinada aacuterea (VOLPATO 2007) Eacute preferiacutevel usar tiacutetulos simples e concisos a tiacutetulos figurados e elegantes mas pouco esclarecedores Devem ser excluiacutedas informaccedilotildees que natildeo sejam fundamentais para tal feito
Algumas perguntas podem ajudar os escritores para a elaboraccedilatildeo dos tiacutetulos de seus trabalhos acadecircmicos (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
bull O tiacutetulo traduz o conteuacutedo exposto no texto Informa sobre a sua originalidade e destaca os pontos importantes
bull Eacute possiacutevel escrevecirc-lo em outras palavras deixando-o mais claro mais preciso
bull Eacute possiacutevel eliminar alguma palavra e tornaacute-lo mais enxuto mas conciso
bull Eacute possiacutevel tornaacute-lo mais contundente mais interessante
O tiacutetulo pode ser escrito como uma frase em que se mostra o objetivo da pesquisa ou a conclusatildeo principal Pode tambeacutem ser em forma de pergunta indicando o problema da pesquisa A construccedilatildeo de tiacutetulos na qual aparecem apenas as variaacuteveis investigadas natildeo eacute muito recomendada pois tem conteuacutedo explicativo menor que as outras formas (VOLPATO 2007)
Embora seja a parte inicial de um trabalho acadecircmico o momento mais oportuno para a elaboraccedilatildeo do tiacutetulo eacute ao final da escrita de todas as demais partes do texto No entanto caso o tiacutetulo seja escolhido nas fases iniciais da redaccedilatildeo este deve ser visto como provisoacuterio que pode ser alterado de acordo com o andamento e o conteuacutedo do estudo quantas vezes forem necessaacuterias ateacute que se atinja um resultado satisfatoacuterio (KOLLER COUTO HOHENDORFF 2014)
Como Definir o Tiacutetulo 69
A seguir alguns exemplos de tiacutetulos (dados proacuteprios)
PROJETOS
bull Controle glicecircmico intra-hospitalar em pacientes natildeo criticamente enfermos internados em hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute
bull Estudo ecocadiograacutefico da funccedilatildeo ventricular esquerda de pacientes com lipodistrofia generalizada congecircnita por meio da teacutecnica de speckle tracking bidimensional
bull Caracteriacutesticas cliacutenicas e epidemioloacutegicas de idosos com fraturas internados em um hospital de referecircncia em trauma em Fortaleza
ARTIGOS
bull Thyroid Stimulating Hormone Reference Interval in Healthy Adults from Fortaleza-CE Population
bull Early Commitment of Cardiovascular Autonomic Modulation in Brazilian Patients with Congenital Generalized Lipodystrophy
bull Association between Cardiovascular Autonomic Neuropathy and Left Ventricular Hypertrophy in Young Patients with Congenital Generalized Lipodystrophy
Finalmente conveacutem lembrar que a maioria dos artigos natildeo eacute sequer lida porque os leitores os rejeitam a partir do tiacutetulo (VOLPATO 2007) Eacute pelo tiacutetulo que se comeccedila a convencer o editor a publicar seu artigo ou o parecerista a aprovar o seu projeto Eacute importante natildeo esquecer que raramente haacute uma segunda oportunidade de causar boa impressatildeo e a primeira boa impressatildeo sobre um trabalho pode estar justamente no tiacutetulo de seu texto (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
70 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G et al Definindo o tiacutetulo de um projetoIn CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015cap 3 p 35-37
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
VOLPATO G L Como escrever um artigo cientiacutefico Anais da Academia Pernambucana de Ciecircncia Agronocircmica Recife v 4 p 97-115 2007 Disponiacutevel em httpwwwjournalsufrpebrindexphpapcaarticleview9390 Acesso em 20 set 2019
71
8COMO REDIGIR O RESUMO
Roberta Lopes RibeiroClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoPor vezes um bom resumo pode dizer mais sobre um
romance do que um livro de duzentas paacuteginasrdquo
Umberto Eco
A elaboraccedilatildeo do resumo de uma produccedilatildeo cientiacutefica eacute uma fase extremamente relevante pois eacute ele que fornece os pontos mais importantes abordados no desenvolvimento do trabalho e provecirc juntamente com o tiacutetulo a primeira impressatildeo do estudo apresentado Depois do tiacutetulo o resumo eacute a parte do artigo que seraacute mais lida e consiste em uma exposiccedilatildeo integral e concisa de todos os elementos da produccedilatildeo Desse modo precisa ser escrito de maneira objetiva sem deixar de ressaltar os detalhes essenciais do estudo (REIZ 2013)
O resumo deve permitir que os leitores tenham uma ideia geral sobre o estudo e possam escolher por meio dessas informaccedilotildees baacutesicas se leratildeo ou natildeo o trabalho na iacutentegra Aleacutem da funccedilatildeo de despertar o interesse das pessoas o resumo eacute utilizado para a indexaccedilatildeo dos artigos nas bases de dados eletrocircnicas por meio das palavras-chave ou descritores Assim o resumo deve refletir de maneira acurada o conteuacutedo do artigo e ser fundamental para o atual processo de busca e seleccedilatildeo de literatura cientiacutefica nas bases de dados cientiacuteficas disponiacuteveis (KOLLER COUTO HOHENDORFF 2014)
De modo habitual o resumo eacute o uacutenico elemento recuperado eou revisado nas bases de dados o que determina a sua importacircncia para a difusatildeo do conhecimento no meio acadecircmico e para a seleccedilatildeo dos trabalhos pelos pareceristas de agecircncias de fomento ou revistas cientiacuteficas bem como pelos demais pesquisadores interessados em determinado tema (ALENCAR 2015) Desse modo quando ele eacute bem redigido iraacute cativar os leitores para obter a coacutepia integral do manuscrito Caso o resumo seja mal escrito a pesquisa poderaacute ser banalizada e esquecida pelo leitor que logo iraacute agrave procura de outro trabalho com melhor apresentaccedilatildeo (SOUSA DRIESSNACK
72 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
FLOacuteRIA-SANTOS 2006)
O tamanho do resumo eacute uma decisatildeo que cabe ao editor ou conselho editorial do perioacutedico ou agecircncia de fomento De maneira geral existe uma limitaccedilatildeo para o uso de 200 a 300 palavras escritas em um uacutenico paraacutegrafo No texto devem-se incluir de forma sucinta as informaccedilotildees relacionadas agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica agrave justificativa ao objetivo e aos meacutetodos da pesquisa No caso de resumos de artigos cientiacuteficos satildeo acrescidos ainda os resultados e as conclusotildees ou consideraccedilotildees finais
O quadro 81 apresenta as etapas para a preparaccedilatildeo de resumos de artigos cientiacuteficos originais Os quadros 81 e 82 mostram exemplos de resumos na liacutengua portuguesa e inglesa respectivamente
Figura 81 mdash Etapas para a preparaccedilatildeo de resumos de artigos cientiacuteficos originais (Adaptado de Reiz 2013)
Como Redigir o Resumo 73
Quadro 81 mdash Exemplo de resumo em liacutengua portuguesa (dados proacuteprios)
CONTROLE GLICEcircMICO INTRA-HOSPITALAR EM PACIENTES NAtildeO CRITICAMENTE ENFERMOS INTERNADOS EM HOSPITAIS TERCIAacuteRIOS DO ESTADO DO CEARAacute
INTRODUCcedilAtildeO a hiperglicemia intra-hospitalar (HIH) agrava a evoluccedilatildeo das doenccedilas coexistentes e aumenta a mortalidade No entanto a importacircncia da HIH eacute frequentemente subestimada O objetivo deste estudo foi avaliar o manejo do controle glicecircmico intra-hospitalar em pacientes natildeo criticamente enfermos internados em hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute MEacuteTODOS trata-se de um estudo transversal realizado em trecircs hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute Foram avaliados os pacientes internados nas unidades de enfermarias com idade acima de 18 anos que apresentaram hiperglicemia (glicemia plasmaacutetica aleatoacuteria gt 140 mgdL) ou diagnoacutestico preacutevio de diabetes mellitus (DM) (autorrelato) RESULTADOS foram avaliados 124 pacientes com idade 571 plusmn 167 anos sendo 84 (677) do sexo masculino Setenta e oito pacientes (629) apresentavam diagnoacutestico preacutevio de DM O monitoramento da glicemia capilar foi realizado na maioria dos pacientes (122 984) sendo mais frequentemente realizadas as medidas de glicemias preacute-prandiais 4xdia (75 605) Suporte nutricional para DMhiperglicemia foi prescrito para 73 (589) pacientes Quanto ao tratamento em 34 casos (274) natildeo havia qualquer medida prescrita para o manejo da HIH 20 (161) estavam em uso de antidiabeacuteticos orais (ADOs) e 86 (694) em uso de insulina Entre os usuaacuterios de insulina 46 (534) estavam em uso de insulina regular sob demanda 14 (163) em esquema basal prandial 21 (244) em esquema basal plus e 5 (58) apenas com insulina basal Hipoglicemia foi observada em 29 (238) pacientes e o protocolo para manejo da hipoglicemia estava prescrito em 92 (742) pacientes Medidas de educaccedilatildeo em DM durante o internamento foram relatadas por 37 (308) pacientes CONCLUSAtildeO o manejo da HIH natildeo seguiu protocolos padronizados o monitoramento da glicemia foi heterogecircneo e o uso de insulina regular sob demanda foi a principal forma de manejo Observou-se falta de suporte nutricional especiacutefico para o manejo da hipoglicemia e para medidas de educaccedilatildeo em diabetes Por meio desses achados pode-se especular que a implantaccedilatildeo de protocolos e de uma equipe especiacutefica para o manejo da HIH poderaacute melhorar este cenaacuterio
PALAVRAS-CHAVE Diabetes Mellitus Hiperglicemia de Estresse Controle Glicecircmico
74 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 82 mdash Exemplo de resumo (abstract) em liacutengua inglesa (dados proacuteprios)
ASSOCIATION BETWEEN CARDIOVASCULAR AUTONOMIC NEUROPATHY AND LEFT VENTRICULAR HYPERTROPHY IN YOUNG PATIENTS WITH CONGENITAL GENERALIZED LIPODYSTROPHY
BACKGROUND Congenital generalized lipodystrophy (CGL) is a rare disorder characterized by the absence of subcutaneous adipose tissue severe insulin resistance diabetes mellitus and cardiovascular complications including cardiac autonomic neuropathy (CAN) left ventricular hypertrophy (LVH) and atherosclerosis The present study aimed to access the association between CAN parameters and cardiovascular abnormalities in CGL patients METHODS A cross-sectional study was conducted with 10 CGL patients and 20 healthy controls matched for age sex BMI and pubertal stage We evaluated clinical laboratory and cardiovascular parameters including left ventricular mass index (LVMI) interventricular septum thickness (IVS) systolic and diastolic function determined using two-dimensional transthoracic echocardiographycarotid intimal media thickness (cIMT) cQT interval and heart rate variability (HRV) studyby spectral analysis components ndash high frequency (HF) low frequency (LF) very low frequency (VLF) LFHF ratio and total amplitude spectrum (TAS) ndash and cardiovascular reflexes tests (postural hypotension test respiratory orthostatic and Valsalva coefficients) RESULTS In CGL group four patients (40) had LVH and diastolic dysfunction CGL patients presented higher values of cIMT and cQT interval In CGL patients with LVH lower values of the HF component were observed indicating autonomic parasympathetic modulation impairment The LVMI correlated directly with systolic blood pressure (BP) drop in the postural test (r = 0835 p = 0002) and inversely with Valsalva (r = -0632 p = 0049) HF (r = -0887 p = 0001) and TAS (r = -0827 p = 0003) The IVS presented positive correlation with systolic BP drop in the postural test (r = 0764 p = 0010) and inverse correlation with HF (r = -0794 p = 0013) and TAS (r = -0656 p = 0039) There was a positive correlation between cIMT and LFHF ratio (r = 0707 p = 0022) CONCLUSION The association between increased LV mass and parameters of HRV provides possible speculations about the involvement of CAN in the pathophysiology of the cardiac complications including LVH in CGL patients
81 TEacuteCNICAS PARA A ESCRITA DE UM BOM RESUMO
Elaborar resumos eacute uma atividade essencial no universo acadecircmico-cientiacutefico e o conhecimento de alguns recursos literaacuterios pode ajudar nesse processo Resumir natildeo eacute meramente copiar as palavras do texto original reproduzindo trechos de um texto para outro por meio da simples substituiccedilatildeo de palavras (REIZ 2013) Durante a redaccedilatildeo de um resumo devem-se selecionar as ideias centrais dos paraacutegrafos eliminando conceitos repetidos e detalhados Preparar resumos envolve a capacidade de elaborar paraacutefrases ndash um recurso de interpretaccedilatildeo textual que consiste na reformulaccedilatildeo de um texto trocando as palavras e expressotildees originais mas mantendo a ideia central da informaccedilatildeo (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
O texto deve ser escrito utilizando-se a norma-padratildeo mantendo-se o argumento e o encadeamento das ideais apresentadas no texto original Segundo Reiz (2013) as principais recomendaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo de um resumo cientiacutefico
Como Redigir o Resumo 75
satildeo
bull resguardar fidelidade ao texto original
bull evitar redundacircncia de ideias ou palavras trazendo clareza e precisatildeo
bull apresentar os pontos principais da pesquisa dividindo-os nos toacutepicos introduccedilatildeo (tema e objetivo) meacutetodos resultados principais e conclusotildees
bull harmonizar objetivos e resultados encontrados
bull apresentar vocabulaacuterio amplo e diversificado
bull preferir frases curtas e uso de verbos na voz ativa
bull evitar o uso de adjetivos e adveacuterbios restringindo-os aos necessaacuterios
bull natildeo fazer citaccedilotildees diretas ou referecircncias a outros autores
bull revisar o texto repetidamente para se evitar incoerecircncias ortograacuteficas e gramaticais
bull seguir as orientaccedilotildees dos perioacutedicos ou agecircncias de fomento quanto agrave organizaccedilatildeo extensatildeo e nuacutemero de palavras-chave
Na construccedilatildeo do texto do resumo podem ser repetidas frases contidas em outras seccedilotildees do artigo No entanto essas informaccedilotildees devem ser reformuladas de forma concisa enquanto no corpo do manuscrito elas podem ser apresentadas de maneira mais detalhada
Durante a escrita eacute possiacutevel utilizar outros resumos como modelo com a finalidade de tentar reproduzir sistematicamente quais as informaccedilotildees que devem estar presentes e o que habitualmente os autores priorizam em suas redaccedilotildees Poreacutem eacute importante sempre manter o senso criacutetico para saber julgar se o resumo utilizado como modelo eacute realmente bem estruturado e redigido com a finalidade de natildeo tomar como base uma redaccedilatildeo de maacute qualidade
Geralmente o resumo deve ser escrito apoacutes a finalizaccedilatildeo de todo o manuscrito mas eacute comum alguns orientadores recomendarem a escrita de um resumo preliminar antes de se iniciar a redaccedilatildeo final uma vez que esse texto pode servir como um esboccedilo auxiliando na definiccedilatildeo da ideia central do trabalho a ser escrito e que deveraacute ser revisado ao final
O resumo deve ser escrito na liacutengua vernaacutecula devendo haver tambeacutem um resumo em liacutengua estrangeira geralmente o inglecircs A traduccedilatildeo do resumo para a liacutengua inglesa eacute um elemento essencial para permitir o maior alcance do trabalho a leitores que natildeo possuem domiacutenio do idioma no qual o trabalho foi escrito originalmente (MATIAS-PEREIRA 2012) Dessa maneira a probabilidade de o artigo ser utilizado por leitores diversos e consequentemente de ser citado eacute ampliada o que daraacute maior notoriedade e credibilidade ao trabalho
76 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Ao final do resumo devem ser indicadas as palavras-chave que descrevem o conteuacutedo do trabalho Normalmente satildeo utilizadas trecircs a seis descritores contudo esse nuacutemero varia de acordo com as normas dos perioacutedicos ou editais de pesquisa Tais termos permitem a seleccedilatildeo dos artigos nas bases de dados eletrocircnicas (PubMed SciELO LILACS entre outras) e devem ser selecionadas em bancos de dados especiacuteficos
Os Descritores em Ciecircncias da Sauacutede (DeCS) consistem em um banco de palavras-chave estruturado que se utiliza de trecircs idiomas (inglecircs portuguecircs e espanhol) criado para unificar os termos na indexaccedilatildeo de artigos livros relatoacuterios e outros materiais acadecircmicos O site para acesso a esse banco de dados eacute wwwdecsbvsbr O DeCS foi elaborado a partir do Medical Subject Heading (MeSH) da US National Library of Medicine um importante banco de descritores em sauacutede utilizado para a indexaccedilatildeo de artigos do sistema MEDLINE-PubMed que pode ser acessado no site wwwncbinlmnihgovmesh
82 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Eacute notaacutevel a importacircncia do resumo no universo acadecircmico-cientiacutefico e o segredo para escrever um resumo claro curto objetivo criativo e cativante eacute sem duacutevidas ter domiacutenio do assunto abordado e clareza para a transmissatildeo das ideias centrais da pesquisa Diante disso eacute fundamental que no resumo sejam apresentadas informaccedilotildees relevantes com uma linguagem que favoreccedila o envolvimento do leitor a fim de convencecirc-lo quanto agrave importacircncia da temaacutetica abordada e agrave relevacircncia dos resultados obtidos na pesquisa fazendo que ele se sinta estimulado a continuar a leitura do artigo e quem sabe utilizaacute-lo como uma fonte de pesquisa para outros trabalhos
Como Redigir o Resumo 77
REFEREcircNCIAS
SOUSA V D DRIESSNACK M FLOacuteRIA-SANTOS M Como escrever o resumo de um artigo para publicaccedilatildeo Acta Paul Enferm Satildeo Paulo v 19 n 3 p 5-8 julset 2006 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0103-21002006000300001 Acesso em 09 abr 2020
ALENCAR C H M et al Como redigir o resumo de um projeto e definir as palavras-chave In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 5 p 41-46
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
79
9CRONOGRAMA E ORCcedilAMENTO
Juliana Ferreira ParaacuteMatheus Mendonccedila Leal Janja
ldquoCom organizaccedilatildeo e tempo acha-se o segredo de se fazer tudo e bem feitordquo
Pitaacutegoras
Realizar uma pesquisa cientiacutefica eacute uma aacuterdua tarefa e para que se possa finalizaacute-la a contento deve ser planejada de forma a permitir a execuccedilatildeo de todas as suas etapas em um tempo aceitaacutevel previamente definido aleacutem de ser financeiramente viaacutevel Listar todas as fases da pesquisa definir prazos exequiacuteveis captar e aplicar os recursos adequadamente satildeo passos fundamentais para todos os atores envolvidos em pesquisas consistindo em grandes desafios para jovens pesquisadores bem como para aqueles mais experientes
91 CRONOGRAMA
O cronograma consiste no planejamento temporal das atividades que seratildeo realizadas pelo pesquisador para a obtenccedilatildeo dos resultados da sua pesquisa Ele serve como um guia para que o pesquisador se organize durante a execuccedilatildeo da pesquisa Aleacutem disso serve para demonstrar se o pesquisador tem conhecimento sobre as etapas do seu estudo e sobre o tempo necessaacuterio para executaacute-lo
Eacute importante salientar que o cronograma traz informaccedilotildees sobre algo que ainda seraacute realizado Portanto ele dever conter os dados das atividades que seratildeo realizadas no futuro e natildeo as que jaacute foram desenvolvidas na elaboraccedilatildeo do projeto
Recomenda-se que esses itens devem estar presentes
bull tempo de execuccedilatildeo determina o tempo necessaacuterio para realizar cada atividade proposta
bull divisatildeo em etapas dividir o projeto em fases ajuda o pesquisador a se organizar e preparar todo o projeto
bull atribuiccedilatildeo de responsabilidades ndash essa parte natildeo eacute obrigatoacuteria mas ajuda a
80 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
otimizar o tempo dos elaboradores do projeto ainda mais se o grupo de pesquisadores for grande e os responsaacuteveis por cada etapa jaacute forem conhecidos
bull Preferencialmente o cronograma deve ser elaborado de forma graacutefica por meio de uma tabela levando-se em consideraccedilatildeo as fases da pesquisa Possiacuteveis contratempos devem ser contemplados Deve-se deixar um tempo adequado para a submissatildeo e aprovaccedilatildeo do projeto pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
bull Para a elaboraccedilatildeo do cronograma devem-se utilizar palavras objetivas e claras em adequaccedilatildeo especiacutefica com o trabalho executado Aleacutem disso avaliaccedilatildeo criacutetica e bom-senso satildeo necessaacuterios a fim de que se estipulem prazos exequiacuteveis para que o projeto seja executado adequadamente De acordo com HADDAD (2004) os projetos de pesquisa em geral tecircm cinco fases apresentadas no quadro 91
Quadro 91 mdash Fases de um projeto de pesquisa
Fase preliminar Levantamento de bibliografia obtenccedilatildeo de equipamentos necessaacuterios convocaccedilatildeo de pesquisadores submissatildeo ao comitecirc de eacutetica em pesquisa
Fase preparatoacuteria Preparaccedilatildeo de meacutetodos treinamento de todos os pesquisadores elaboraccedilatildeo de meacutetodos de coleta (fichas questionaacuterios formulaacuterios) ajuste de instrumentos de coleta sorteio de amostras
Fase de coleta de dados Coleta em campo supervisatildeo e controle da qualidade da execuccedilatildeo
Fase de computaccedilatildeo e anaacutelise de dados Anaacutelise de dados caacutelculo de variaacuteveis intervalo de confianccedila testes de significacircncia estatiacutestica confecccedilatildeo de tabelas e graacuteficos
Fase de redaccedilatildeo do trabalho cientiacutefico Escrever o trabalho de acordo com as adequaccedilotildees para onde quer submetecirc-lo
Fonte HADDAD 2004
Em relaccedilatildeo agrave forma de apresentaccedilatildeo das tabelas haacute a opccedilatildeo de que se utilize o cabeccedilalho mecircsano (quadro 92) o formato mais tradicional ou pode-se optar por cabeccedilalho em nuacutemeros sequenciais (quadro 93) Neste uacuteltimo caso caso haja algum contratempo decorrente de atraso na liberaccedilatildeo dos recursos financeiros ou da aprovaccedilatildeo pelo CEP a tabela continuaraacute atualizada como exemplificado abaixo (tabela 3) Em pesquisas de menor duraccedilatildeo o tempo poderaacute ser delimitado por dias
Cronograma e Orccedilamento 81
semanas ou quinzenas Ao contraacuterio pesquisas de maior duraccedilatildeo podem ser divididas em bimestres ou trimestres
Quadro 92 mdash Modelo de cronograma com cabeccedilalho mecircsano
ETAPAS JAN2019 FEV2019 MAR2019Revisatildeo bibliograacutefica X
Elaboraccedilatildeo de questionaacuterio
X X
Coleta de dados em campo
X
Quadro 93 mdash Modelo de cronograma com cabeccedilalho com numeraccedilatildeo sequencial
ETAPAS MEcircS 1 MEcircS 2 MEcircS 3Revisatildeo bibliograacutefica X
Elaboraccedilatildeo de questionaacuterio
X X
Coleta de dados em campo
X
Obs O mecircs 1 se refere ao tempo decorrido imediatamente apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo CEP
82 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Abaixo outros exemplos de cronogramas que obedecem agraves diferentes maneiras de organizaccedilatildeo (quadros 94 e 95)
Quadro 94 mdash Modelo de cronograma de projeto de pesquisa com cabeccedilalho
numerado (dados proacuteprios)
Periacuteodo (ANOMEcircS) Ano 1 Ano 2 Ano 3
Procedimentos 1-4 5-8 9-12 1-4 5-8 9-12 1-4 5-8 9-12
Revisatildeo de literatura X X X X X X X X X
Levantamento dos prontuaacuterios X
Aquisiccedilatildeo do material X
Agendamento das consultas X
Recrutamento do grupo controle X
Atendimento dos pacientescoleta de dados X X X
Anaacutelise laboratorial X X X
Anaacutelise e elaboraccedilatildeo dos laudos de neuropatia autonocircmica
X X X
Anaacutelise e elaboraccedilatildeo dos laudos do ecocardiograma X X X
Confecccedilatildeo do banco de dados X
Anaacutelise estatiacutestica dos dados X
Elaboraccedilatildeo do artigopublicaccedilotildees Apresentaccedilatildeo em congressos
X X
Obs Mecircs 1 ndash Ano 1 seraacute considerado a partir da aprovaccedilatildeo do projeto pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da instituiccedilatildeo
Cronograma e Orccedilamento 83
Quadro 95 mdash Modelo de cronograma de projeto de pesquisa com cabeccedilalho
mecircsano (dados proacuteprios)
JanJun 2018
OutDez 2017
JanMar 2018
AbrJun 2018
JulSet
2018
OutDez 2018
JanMar 2019
MarJun 2019
Revisatildeo de literatura X X X X X X X X
Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio em pacientes internados em unidades de enfermaria
X
Revisatildeo de prontuaacuterios X
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos resultados X
Apresentaccedilatildeo dos resultados para equipe multidisciplinar corpo cliacutenico e gestores das referidas instituiccedilotildees
X
Implantaccedilatildeo do protocolo X X
Avaliaccedilatildeo da implementaccedilatildeo do protocolo X X
Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio em pacientes internados em unidades de enfermaria
X
Revisatildeo de prontuaacuterios X
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos resultados X
Reapresentaccedilatildeo dos resultados para equipe multidisciplinar corpo cliacutenico e gestores das referidas instituiccedilotildees
X
Elaboraccedilatildeo do artigopublicaccedilotildees Apresentaccedilatildeo em congressos
X
Por fim deve-se ter em mente que respeito aos prazos eacute sempre algo a ser buscado embora nem sempre seja conseguido Por mais que o cronograma seja bem planejado podem ocorrer imprevistos ou falhas Nesses casos readequaacute-lo poderaacute ser necessaacuterio sempre visando manter a qualidade da pesquisa e evitando comprometer as suas fases finais como a elaboraccedilatildeo dos relatoacuterios finais ou a redaccedilatildeo dos artigos cientiacuteficos (MACENA PINHEIRO CARNEIRO JUacuteNIOR 2015)
84 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
92 ORCcedilAMENTO
Toda pesquisa tem custos que precisam ser considerados por ocasiatildeo da elaboraccedilatildeo do projeto Os editais de financiamento de pesquisas lanccedilados pelas agecircncias de fomento e os Comitecircs de Eacutetica em Pesquisa sempre avaliam os orccedilamentos dos projetos enviados para apreciaccedilatildeo Portanto essa etapa deve ser elaborada de maneira apropriada evitando que projetos adequados do ponto de vista eacutetico e metodoloacutegico incorram em equiacutevocos relacionados a esse quesito
Os itens do orccedilamento podem ser divididos em itens de custeio e itens de capital As despesas de custeio satildeo aquelas decorrentes da aquisiccedilatildeo de materiais de consumo serviccedilos de terceiros diaacuterias passagens e bolsas As despesas de capital por sua vez satildeo aquelas que se traduzem em investimento que poderatildeo ser incorporados ao patrimocircnio da instituiccedilatildeo de pesquisa como equipamentos material bibliograacutefico computadores impressoras obras etc Uma grande parte dos editais de financiamento das agecircncias de fomento determina uma proporccedilatildeo entre despesas de custeio e despesas de capital (GIL 2002)
Outro item que pode ser adicionado ao orccedilamento eacute a contrapartida ou seja quais seratildeo as despesas a serem assumidas pela instituiccedilatildeo onde a pesquisa seraacute realizada como exemplo podem-se citar os gastos com despesas habituais como alimentaccedilatildeo energia aacutegua e transporte (CAVALCANTI amp MACENA 2015)
Geralmente apresenta-se o orccedilamento sob a forma de uma tabela Devem ser especificados de forma detalhada os seguintes itens materiais permanentes (como impressoras computadores armaacuterios mesas bancadas equipamentos de laboratoacuterio etc) material de consumo (papel cartuchos de tinta luvas pastas-arquivo canetas etc) serviccedilos de terceiros (estatiacutestico tradutor revisor ortograacutefico etc) e recursos humanos (bolsas para pesquisadores estudantes etc) Devem ser indicados a quantidade de cada item o valor unitaacuterio e o valor total Abaixo segue exemplo de uma tabela de orccedilamento (quadro 96)
Cronograma e Orccedilamento 85
Quadro 96 mdash Modelo de orccedilamento de projeto de pesquisa (dados proacuteprios)
ITENS DE CUSTEIO
Materiais de consumo
Item QuantidadeValor
R$ TotalPapel A4 (resmas) 4 10000 10000Cartuchos de tinta 5 50000 50000Pastas-arquivo 10 50000 50000Canetas 20 5000 5000Subtotal R$ 115000
Serviccedilos de terceiros
Item QuantidadeValor
R$ TotalTradutor para liacutengua inglesa 1 80000 80000Revisor ortograacutefico 1 50000 50000Estatiacutestico 1 100000 100000Subtotal R$ 230000
Recursos humanos
Item QuantidadeValor
R$ TotalBolsa mensal para aluno de graduaccedilatildeo 24 50000 1200000
Subtotal R$ 1200000
86 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ITENS DE CAPITAL
Item QuantidadeValor
R$ TotalAparelho de ultrassonografia Sonoace R3 2 port BRA V20 + Transdutor linear de 5 a 12 Mhz
1 4000000 4000000
Notebook LG IntelCore 16 1 150000 150000Impressora jato de tinta 1 100000 100000Subtotal R$ 4250000
ORCcedilAMENTO FINAL
CUSTEIO R$ 1545000CAPITAL R$ 4250000TOTAL R$ 5795000
Em adiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo de todos os itens e custos eacute importante informar quem seraacute o provedor desses recursos A caracterizaccedilatildeo das fontes de financiamento visa dar transparecircncia agrave participaccedilatildeo e agrave forma de aplicaccedilatildeo das diferentes fontes de recursos aplicados em determinada pesquisa Qualquer forma de remuneraccedilatildeo dos indiviacuteduos pesquisados que natildeo se caracterize como ressarcimento de despesas ou remuneraccedilatildeo dos pesquisadores ou funcionaacuterios puacuteblicos com verbas oriundas de recursos de agecircncias de fomento natildeo eacute permitido
Cronograma e Orccedilamento 87
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G MACENA RHM Como fazer um orccedilamento honesto In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 13 p 85-88
GIL A C Como calcular o tempo e o custo do projeto In GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 cap 15 p 155-160
HADDAD N Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho cientiacutefico Satildeo Paulo Roca 2004
MACENA RHM PINHEIRO MA CARNEIRO JUacuteNIOR EC Como elaborar um cronograma claro e objetivo In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 12 p 81-83
89
10APEcircNDICES E ANEXOS
Vitoacuteria Costa Lima
ldquoParte anexa acreacutescimo ou prolongamento de uma parte principal
suplemento no fim de uma obrardquo
diciocombr
Ao final do texto de um projeto de pesquisa ou trabalho acadecircmico podem ser adicionados elementos poacutes-textuais opcionais que complementam o texto principal satildeo os apecircndices e anexos
O apecircndice consiste em um texto ou documento elaborado pelo autor em que satildeo expostas informaccedilotildees complementares sobre o desenvolvimento do trabalho Na maioria das vezes os apecircndices consistem em documentos que complementam informaccedilotildees sobre os meacutetodos da pesquisa como instrumentos para coleta de dados ou documentos relacionados agrave anaacutelise regulatoacuteria e eacutetica como solicitaccedilatildeo de autorizaccedilatildeo para a pesquisa termos de consentimento livre e esclarecido etc Caso o autor julgue pertinente ao produzir o artigo cientiacutefico alguns apecircndices podem ser apresentados como material suplementar
O anexo por sua vez consiste em um texto ou documento natildeo elaborado pelo autor mas que em seu julgamento acrescenta informaccedilotildees importantes relacionadas ao seu trabalho Os anexos servem de apoio para a estrutura do texto pois permitem organizaacute-lo de forma a evitar a inclusatildeo de muitos documentos adicionais facilitando a leitura do texto principal Assim como os apecircndices os anexos podem ser parte da anaacutelise regulatoacuteria e eacutetica (carta de aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa carta de anuecircncia do local onde a pesquisa seraacute realizada) bem como metodoloacutegica (instruccedilotildees e teacutecnicas para realizaccedilatildeo de um exame descriccedilatildeo de um equipamento valores de referecircncia de determinado analito ou meacutetodo etc)
Segundo as normas da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) os apecircndices e anexos devem ser elaborados de acordo com as seguintes instruccedilotildees
bull identificaccedilatildeo por uma letra do alfabeto em caixa alta
bull tiacutetulo centralizado em negrito separado por hiacutefen
bull fonte Arial 10 ou Times New Roman 12
90 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull paacuteginas enumeradas seguindo a ordem do texto discriminadas no sumaacuterio
Seguem exemplos
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio sobre o perfil dos pacientes internados por quedas e fraturas em hospital terciaacuterio de trauma em Fortaleza ndash CE
APEcircNDICE B ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
APEcircNDICE C ndash Carta de anuecircncia da chefia do setor onde a pesquisa seraacute realizada
ANEXO A ndash Parecer de aprovaccedilatildeo do projeto no Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
ANEXO B ndash Valores de referecircncia para os testes autonocircmicos cardiovasculares
Apecircndices e Anexos 91
REFEREcircNCIAS
NORMAS Teacutecnicas Anexos [S l s n] [20--] Disponiacutevel em httpswwwnormastecnicascomabnttrabalhos-academicosanexos Acesso em 16 maio 2019
93
11REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Victor Gomes PitombeiraClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoA leitura traz ao homem plenitude ao discurso seguranccedila e agrave escrita precisatildeordquo
Francis Bacon
As referecircncias bibliograacuteficas satildeo elemento obrigatoacuterio na estrutura de uma produccedilatildeo acadecircmica satildeo constituiacutedas por todo material impresso eletrocircnico ou audiovisual que eacute utilizado na elaboraccedilatildeo de um texto cientiacutefico (EVANGELISTA et al 2015) O processo de referenciar tais materiais eacute de extrema importacircncia para a demonstraccedilatildeo da validade e confiabilidade de uma produccedilatildeo acadecircmica
As referecircncias satildeo o testemunho das fontes que o pesquisador se valeu para construir as citaccedilotildees de seu trabalho formando a base de conhecimento sobre o qual foi elaborada determinada pesquisa Apesar de o processo de ajuste de referecircncias quase sempre desgastante e monoacutetono parecer apenas puramente mecacircnico ele tem seu valor porque contribui para a formaccedilatildeo intelectual do pesquisador (REIZ 2013)
Muitas vezes antes de iniciar a redaccedilatildeo de um trabalho cientiacutefico o pesquisador jaacute tem em mente quais as principais referecircncias para seu projeto ou artigo tendo em vista que o processo de delimitaccedilatildeo de um tema de pesquisa eacute oriundo de vasta leitura sobre o assunto No entanto muitos autores natildeo se preparam adequadamente para essa etapa da escrita dificultando o ajuste das referecircncias por ocasiatildeo da finalizaccedilatildeo do texto
Neste capiacutetulo seratildeo apresentados aspectos relevantes a serem considerados durante a seleccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo das referecircncias bibliograacuteficas de um trabalho acadecircmico
111 ASPECTOS RELEVANTES DURANTE A SELECcedilAtildeO DAS REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
O primeiro aspecto a ser ressaltado eacute que natildeo se deve confundir quantidade de referecircncias com qualidade Uma produccedilatildeo com muitas referecircncias nem sempre eacute a de melhor qualidade Na verdade eacute preferiacutevel que um artigo tenha boas referecircncias a ter numerosas visto que muitas revistas e perioacutedicos limitam o seu nuacutemero Mas
94 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
como selecionar boas referecircncias
Deve-se sempre que possiacutevel buscar revistas com alto fator de impacto Esse fator mede a importacircncia de determinado perioacutedico para a comunidade cientiacutefica Normalmente aqueles que tecircm maior fator de impacto tambeacutem tendem a ter melhores publicaccedilotildees transmitindo maior credibilidade ao leitor (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
Deve-se levar em consideraccedilatildeo ainda o grau de evidecircncia das referecircncias citadas Eacute preferiacutevel que se incluam referecircncias que forneccedilam um maior grau de evidecircncia cientiacutefica Deve-se avaliar criticamente o grau de evidecircncia das fontes citadas dando prioridade para incluir artigos com desenhos adequados para o tema sob estudo Por exemplo para pesquisas sobre faacutermacos eacute melhor que sejam priorizadas as citaccedilotildees de ensaios cliacutenicos em detrimento de citaccedilotildees de relatos de caso Para pesquisas sobre fatores de risco para doenccedilas satildeo preferiacuteveis estudos de coorte com nuacutemero adequado de pacientes a estudos transversais A piracircmide ilustrada abaixo classifica as evidecircncias de acordo com o grau de hierarquia (figura 111) e pode ser uacutetil por ocasiatildeo da seleccedilatildeo das fontes bibliograacuteficas de uma produccedilatildeo acadecircmica
Figura 111 mdash Hierarquia do grau de evidecircncia para estudos sobre tratamento (intervenccedilotildees)
Onde RS ndash revisotildees sistemaacuteticas ECR ndash ensaio cliacutenico randomizado Nota para estudos de diagnoacutestico ou prognoacutestico devem-se considerar as revisotildees sistemaacuteticas de coortes e estudos de coorte validados como o topo da piracircmide (Adaptado de MELNYK 2011)
Apecircndices e Anexos 95
A data da publicaccedilatildeo do material bibliograacutefico eacute outro aspecto relevante Eacute sempre bom manter suas fontes bem atualizadas procurando artigos recentes incluindo publicaccedilotildees dos uacuteltimos cinco anos em meacutedia Entretanto deve-se ressaltar que nem sempre eacute indicado referenciar apenas os textos mais recentes sobre determinado assunto Faz parte do trabalho do autor saber balancear a idade da publicaccedilatildeo agrave sua importacircncia
Existem diversos trabalhos antigos que trouxeram conceitos importantes e edificaram o conhecimento sobre determinado assunto ou seja artigos de grande impacto inovadores para sua eacutepoca sendo imprescindiacutevel que sejam citados Em contrapartida haacute diversos artigos mais recentes que apesar de estarem anos agrave frente pouco acrescentam agrave aacuterea ou trazem meacutetodos duvidosos ou natildeo passaram por criteriosa avaliaccedilatildeo antes de serem publicados Nesse caso pode ser mais saudaacutevel para a produccedilatildeo cientiacutefica que o autor priorize o artigo mais antigo do que opte por um mais novo mas que talvez natildeo traga tanto embasamento e fundamentaccedilatildeo Assim sempre que possiacutevel ao citar conceitos claacutessicos deve-se identificar os primeiros autores a descrevecirc-los
Outro fator que deve ser levado em consideraccedilatildeo eacute a disponibilidade da referecircncia O material referenciado precisa ser acessiacutevel Quanto agrave acessibilidade entende-se como ser acessado pela internet para a realidade do seacuteculo XXI Os mais radicais defendem que atualmente se um artigo natildeo existir na internet por qualquer que seja a razatildeo ele simplesmente natildeo existe (REIZ 2013)
112 NORMAS PARA A ELABORACcedilAtildeO DAS REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Cada veiacuteculo tem normas determinadas que regem o modo como devem ser diagramados organizados e redigidos os artigos submetidos para publicaccedilatildeo O referenciamento bibliograacutefico pode seguir diversos padrotildees No Brasil a construccedilatildeo das referecircncias eacute regida sob a Norma NBR6023 da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) que teve sua uacuteltima atualizaccedilatildeo feita em 2018 (wwwabntorgbr httpswwwyoutubecomwatchv=-lhwOCKE-N4) Outros padrotildees no entanto podem ser utilizados
Dentro da aacuterea da sauacutede e especialmente fora do Brasil o estilo Vancouver eacute o mais utilizado e pode ser acessado no endereccedilo wwwncbinlmnihgovbooksnbk7256 A lista de abreviaturas dos tiacutetulos de perioacutedicos que deve ser padronizada nas referecircncias pode ser acessada em wwwnlmnihgovtsdserialsljihtml
Eacute imprescindiacutevel que o autor se informe acerca de quais satildeo as normas do veiacuteculo em que pretende publicar seu artigo para que adapte a bibliografia ao modelo requerido Foge ao escopo deste capiacutetulo discriminar as regras de cada uma desses padrotildees Sugerimos acessar as normas de acordo com o indicado pela agecircncia
96 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
de fomento ou perioacutedico cientiacutefico ou ainda utilizar ferramentas ou programas especiacuteficos para a elaboraccedilatildeo de referecircncias bibliograacuteficas
113 FERRAMENTAS E LINKS UacuteTEIS
O processo de elaboraccedilatildeo e escrita das referecircncias bibliograacuteficas eacute para a maioria dos autores monoacutetono e cansativo Devido agrave grande quantidade de detalhes muitas pessoas recorrem a ferramentas de referenciaccedilatildeo desenvolvidas especificamente para esse propoacutesito Existem diversas opccedilotildees algumas pagas e outras gratuitas
Entre as opccedilotildees gratuitas existem o Docear (wwwdocearorg) desenvolvido em universidades o Zotero (wwwzoteroorg) criado em um centro de miacutedias o Facilis (httpfacilisuesbbr) e por fim o MORE criado pela Universidade Federal de Santa Catarina (httpwwwmoreufscbr) Esses dois uacuteltimos foram desenvolvidos para que pudessem gerar referecircncias de acordo com as normas da ABNT
Geralmente os softwares pagos possuem mais ferramentas e funccedilotildees sendo otimizados em relaccedilatildeo aos gratuitos Entre as opccedilotildees pagas estatildeo o Biblioscape (wwwbiblioscapecom) desenvolvido pela CG Informationreg o EndNote (wwwendnotecom) da Clarivate Analyticsreg e o Mendeley (wwwmendeleycom) da Elsevierreg Esses softwares foram desenvolvidos por empresas estrangeiras
Aleacutem das opccedilotildees citadas acima alguns editores de texto como o proacuteprio Microsoft Wordreg possuem ferramentas proacuteprias de referenciamento de texto No entanto ateacute o momento natildeo foi implementado junto ao Word nenhum modelo de norma da ABNT (httpssupportofficecompt-brarticlecriar-uma-bibliografia-citaC3A7C3B5es-e-referC3AAncias-17686589-4824-4940-9c69-342c289fa2a5)
Apecircndices e Anexos 97
REFEREcircNCIAS
ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referecircncias elaboraccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro ABNT 2018
EVANGELISTA D S et al Como preparar minhas referecircncias bibliograacuteficas In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 15 p 91-110
MEDEIROS J B TOMASI C Normas para apresentar referecircncias In MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017 cap 9 p 203-224
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
MELNYK B M Evidence-based practice in nursing amp healthcare a guide to best practice 2nd ed Philadelphia Wolters KluwerLippincott Williams amp Wilkin 2011
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
PARTE II Os bastidores da elaboraccedilatildeo de uma produccedilatildeo cientiacutefica (ou Os alicercesretaguarda de uma
boa produccedilatildeo acadecircmica)
101
12COMO REALIZAR UMA BOA REVISAtildeO
BIBLIOGRAacuteFICA
Victor Hugo Lima JacintoVeyda Lourdes Ferreira Martins
Lilian Loureiro Albuquerque Cavalcante
ldquoCada investigador analisa minuciosamente os trabalhos dos investigadores que o precederam e soacute entatildeo compreendido o testemunho que lhe foi confiado parte
equipado para a sua proacutepria aventurardquo
(CARDOSO et al 2010)
121 INTRODUCcedilAtildeO
A revisatildeo bibliograacutefica ou revisatildeo de literatura corresponde ao compilado de conhecimentos que fundamentam a base teoacuterica da pesquisa Eacute indispensaacutevel para definir o problema ou questionamento bem como para obter uma ideia precisa do panorama atual sobre algum tema as suas lacunas e a contribuiccedilatildeo da investigaccedilatildeo para o desenvolvimento do conhecimento (BENTO2012)
Segundo Pereira (2012) ldquoa revisatildeo da literatura diz respeito agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica que seraacute adotada para tratar do tema e do problema da pesquisa Por meio da anaacutelise da literatura publicada eacute possiacutevel traccedilar um quadro teoacuterico e conceitual que daraacute sustentaccedilatildeo ao desenvolvimento da pesquisardquo
122 INICIANDO A REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Como prerrogativa para o iniacutecio da busca bibliograacutefica o pesquisador necessita delinear o problemapergunta da pesquisa Deve estar ciente de qual eacute a finalidade do projeto (MOREIRA 2004 CARDOSO ALARCAtildeO CELORICO 2010) A leitura preacutevia de alguns textos para a seleccedilatildeo adequada do objetivo central e para o estabelecimento de possiacuteveis questionamentos eacute o primeiro passo para o direcionamento da revisatildeo da literatura Bem executada embasa uma produccedilatildeo cientiacutefica relevante que contribuiraacute para a evoluccedilatildeo do conhecimento
Muitos estudos apresentam falhas devido a natildeo delimitaccedilatildeo correta do problema A revisatildeo bibliograacutefica auxilia nessa compreensatildeo como tambeacutem evita
102 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
recorrer a pontos jaacute bem discutidos (BARROS 2011) Nesse contexto eacute vaacutelido acrescentar que novos campos investigativos podem ser evidenciados tanto em temas jaacute bem abordados quanto em aacutereas pouco desenvolvidas (BENTO 2012)
Uma estrateacutegia difundida no meio acadecircmico para iniciar uma revisatildeo de literatura eacute a estrateacutegia PICO A sigla representa um acrocircnimo para populaccedilatildeo Intervenccedilatildeo Comparaccedilatildeo e Outcomes (desfechos) pontos essenciais para a construccedilatildeo da pesquisa e do questionamento para a busca bibliograacutefica
A estrateacutegia PICO pode ser utilizada para construir questotildees de pesquisa de naturezas diversas oriundas da cliacutenica do gerenciamento de recursos humanos e materiais da busca de ferramentas para avaliaccedilatildeo de sintomas entre outras Se a pergunta da pesquisa estiver bem delineada pode-se direcionar de forma mais assertiva a busca da literatura relacionada nas bases de dados O MEDLINEPubMed uma das plataformas de pesquisa bem reconhecida disponibiliza uma interface para inserccedilatildeo direta dos quatro componentes da estrateacutegia PICO citada anteriormente podendo ser acessada por meio do endereccedilo eletrocircnico httpaskmedlinenlmnihgovaskpicophp
123 TIPOS DE REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A revisatildeo da literatura pode ser de trecircs tipos narrativa integrativa e sistemaacutetica Independentemente da metodologia todas buscam conhecer o panorama atual do tema em investigaccedilatildeo
A revisatildeo do tipo narrativa tambeacutem conhecida como exploratoacuteria ou tradicional natildeo apresenta criteacuterios sistemaacuteticos nem utiliza estrateacutegias rebuscadas para filtrar os estudos publicados O pesquisador seleciona a bibliografia sem exaurir toda a literatura disponiacutevel (CORDEIRO et al 2007)
A revisatildeo integrativa eacute um meacutetodo que proporciona a siacutentese de conhecimento e a incorporaccedilatildeo da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na praacutetica apresentando maior planejamento com criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo bem desenhados e maior rigor metodoloacutegico (SOUZA 2010)
A revisatildeo sistemaacutetica por sua vez eacute realizada sob planejamento estruturado baseada em um tema especiacutefico bem delimitado com a inclusatildeo de estudos com meacutetodos semelhantes (ERCOLE MELO ALCOFORDA 2014) Busca-se com esse controle metodoloacutegico para a seleccedilatildeo dos estudos evitar vieses e erros aleatoacuterios Trata-se portanto de um meacutetodo de revisatildeo reprodutiacutevel que combina resultados de diferentes estudos com criteacuterios de seleccedilatildeo claros Nesse processo diferentemente da revisatildeo tipo narrativa e integrativa faz-se necessaacuteria a participaccedilatildeo de pelo menos dois pesquisadores que trabalham de forma independente para a definiccedilatildeo de quais dados coletados faratildeo parte da anaacutelise final (CORDEIRO et al 2007)
Os dados obtidos a partir de revisotildees sistemaacuteticas podem ser analisados
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 103
atraveacutes da aplicaccedilatildeo da teacutecnica de metanaacutelise que consiste em um meacutetodo de anaacutelise estatiacutestica especialmente desenvolvido para integrar os resultados de dois ou mais estudos independentes sobre uma mesma questatildeo de pesquisa combinando em uma medida resumo os resultados de tais estudos (EGGER SMITH 1997) As metanaacutelises funcionam como uma ldquoextensatildeordquo da pesquisa bibliograacutefica sistemaacutetica fornecendo estimativas mais precisas e maior generalizaccedilatildeo dos resultados
124 PONTOS CRIacuteTICOS QUANTIDADE VERSUS QUALIDADE DAS FONTES BIBLIOGRAacuteFICAS
No processo de construccedilatildeo do trabalho uma duacutevida frequente se refere agrave quantidade de fontes necessaacuterias para o sucesso de uma boa produccedilatildeo Agrave medida que se observam informaccedilotildees repetidas durante a pesquisa bibliograacutefica entende-se que a busca estaacute em finalizaccedilatildeo Eacute o que se denomina ldquoponto de saturaccedilatildeordquo (BENTO 2012) O foco deve ser direcionado agrave qualidade das informaccedilotildees coletadas enfatizando-se a relevacircncia dos dados obtidos bem como sua anaacutelise criacutetica
Outro ponto de duacutevida eacute como avaliar a qualidade da fonte a ser utilizada Recomenda-se iniciar a busca por meio de publicaccedilotildees com maior niacutevel de evidecircncia e se possiacutevel mais recentes (CARDOSO 2010)
Eacute imprescindiacutevel esclarecer que a revisatildeo bibliograacutefica natildeo consiste apenas em conhecer outras pesquisas e filtrar alguns dados Representa em sua essecircncia estabelecer uma visatildeo criacutetica acerca dos objetos de pesquisa sendo primordial a comparaccedilatildeoconfronto entre os trabalhos analisados Requer preparo e maturidade dos pesquisadores que vatildeo aprimorando-se ao longo das atividades acadecircmicas
Eacute importante estar atento para possiacuteveis erros na busca bibliograacutefica Devem ser evitados estudos com desenhos questionaacuteveis Natildeo se deve desprezar nenhuma obra importante acerca do tema abordado (CARDOSO 2010) O aprofundamento da revisatildeo cientiacutefica melhora a credibilidade da pesquisa Sugere-se realizar a pesquisa bibliograacutefica na seguinte ordem (ANDRADE 2009)
bull artigos publicados em perioacutedicos internacionais de alto impacto
bull artigos publicados em perioacutedicos nacionais reconhecidos
bull livros publicados por bons editores
bull teses e dissertaccedilotildees
bull anais de conferecircncias internacionais
bull anais de conferecircncias nacionais
104 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
125 ELABORANDO UM RESUMO DAS REFEREcircNCIAS SELECIONADAS
De uma maneira geral sugere-se que os pesquisadores devam selecionar as partes mais relevantes de cada texto e registrar as ideias oriundas a partir do estudo de todas as fontes selecionadas Apoacutes a finalizaccedilatildeo dessa leitura pode-se escrever um resumo enfatizando os dados mais importantes referenciando-os de forma adequada Para otimizar o tempo dispensado para a elaboraccedilatildeo das referecircncias bibliograacuteficas deve-se estar atento agraves citaccedilotildees que podem ser utilizadas posteriormente
126 FONTES DE PESQUISA
A pesquisa bibliograacutefica pode ser realizada em diferentes fontes sendo as principais artigos cientiacuteficos livros teses dissertaccedilotildees manuais normas teacutecnicas entre outras
Atualmente a internet representa a principal fonte de busca literaacuteria com vasto acervo bibliograacutefico Haacute diversos sites atualmente disponiacuteveis Alguns artigos natildeo estatildeo disponiacuteveis de forma gratuita devendo ser adquiridos por meio de taxas direcionadas agraves revistas cientiacuteficas ou por meio de centros universitaacuterios que as disponibilizam para os acadecircmicos e pesquisadores Seguem no quadro 121 abaixo os principais sites de pesquisa bibliograacutefica
Quadro 121 mdash Links para sites de pesquisa bibliograacutefica
Base Caracteriacutestica da Base de Dados
MEDLINE
Dados bibliograacuteficos da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos Ameacuterica (EUA) com artigos de jornais cientiacuteficos da aacuterea meacutedica dos EUA e de outros paiacuteses (PUBMED
MEDLINEPubMed Literatura biomeacutedica Conteacutem textos completos
LILACS Dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede
Perioacutedicos CAPES Disponibiliza produccedilatildeo cientiacutefica internacional
SciELO Perioacutedicos cientiacuteficos de base multidisciplinar do Brasil Ameacuterica Latina e Caribe
Google Scholar Pesquisa de materiais acadecircmicos variadosCochrane Database of Systematic Review Tratamentos de sauacutede e intervenccedilotildees sociais
ERICEducaccedilatildeo e temas relacionados Indexa artigos resumos de congressos teses Dissertaccedilotildees monografias dentre outros materiais
Continua
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 105
Base Caracteriacutestica da Base de DadosScience Direct Multidisciplinar
Web of Science Multidisciplinar Indexa apenas os perioacutedicos mais citados em seus respectivos campos
Banco de teses da CAPES Multidisciplinar Reuacutene teses e dissertaccedilotildees brasileiras
BVS
Permite realizar uma busca integrada nas bases de dados da BIREME Informaccedilotildees em sauacutede na Ameacuterica Latina com resumos e referecircncias de artigos na aacuterea da sauacutede
ClinicalKey Site de pesquisa meacutedica que com acesso a publicaccedilotildees da editora Elsevier
SAGE Foco nas aacutereas de ciecircncias humanas e ciecircncias sociais aplicadas
Research Evidence in Education Library Intervenccedilotildees educacionaisThe Campbell Collaboration Intervenccedilotildees sociais e poliacuteticas puacuteblicasThe Evidence for Policy and Practice Information and Co-ordinating Centre (EPPI-Centre) Sauacutede sociais e poliacuteticas puacuteblicas
Para facilitar as pesquisas em tais bases eletrocircnicas alguns instrumentos de refinamento da busca bibliograacutefica podem ser utilizados Satildeo filtros que podem ser associados agraves palavras-chave para delimitar a busca tais como data de publicaccedilatildeo idioma tipo de artigo (revisatildeo sistemaacutetica metanaacutelise ensaio cliacutenico etc)
Aleacutem disso podem ser utilizados operadores de busca que auxiliam a pesquisa nas bases de dados No quadro 122 estatildeo citados os principais operadores utilizados
Quadro 122 mdash Operadores de busca para pesquisa bibliograacutefica em bases de dados cientiacuteficos
Operadores de buscaOperadores loacutegicos ou Booleanos
AND Recupera apenas os registros que contecircm ambos os termos da busca Ex diabetes AND dyslipidemia
OR Recupera registros tanto de um termo da busca quanto do outro Ex gestation OR pregnancy
NOTRecupera os registros relacionados ao primeiro termo da busca que natildeo conteacutem o segundo termo Ex dyslipidemia NOT child
Operador de mascaramentoContinua
106 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Operadores de busca
Substitui uma letra da palavra da busca por para possiacuteveis variaccedilotildees na escrita Ex Brail (dados com Brasil e Brazil)
Operador de truncamento
Substitui a finalizaccedilatildeo de uma palavra Ex diabet (dados com diabetes diabetic diabetology)
Obs 1 Os operadores Booleanos devem ser sempre escritos em letra maiuacutescula e podem ser inseridos entre qualquer termo que esteja sendo pesquisadoObs 2 Diante de um termo composto haacute a necessidade do uso das aspas para a especificaccedilatildeo dos termos Ex ldquotype 1 diabetes mellitusrdquo AND ldquophysical exerciserdquoObs 3 Para a combinaccedilatildeo e orientaccedilatildeo de buscas pode-se usar a ferramenta parecircnteses As informaccedilotildees entre parecircnteses satildeo consideradas primeiro Ex (Type 1 OR Type 2 diabetes) AND ldquophysical exercicerdquo
As palavras-chave ou descritores devem estar inseridos na plataforma de busca previamente Natildeo podem ser criadas de forma aleatoacuteria No PubMed pode-se utilizar a ferramenta MesH para a visualizaccedilatildeo dos termos mais adequados Para isso deve-se acessar o link MeSH no filtro Search na primeira paacutegina de acesso ao site Caso a palavra-chave natildeo esteja na lista da plataforma o sistema sugeriraacute o termo mais adequado
127 PASSOS PARA A REVISAtildeO DA LITERATURA
A compreensatildeo das etapas envolvidas na busca bibliograacutefica representa o alicerce baacutesico para a confecccedilatildeo de uma redaccedilatildeo cientiacutefica de qualidade De acordo com Bento (2012) uma boa revisatildeo bibliograacutefica eacute composta principalmente por quatro etapas conforme segue abaixo
bull Identificar palavras-chave ou descritores deve ser criada uma seacuterie de palavras-chave acerca do tema em investigaccedilatildeo para que seja realizada a pesquisa nas bases de dados
bull Rever fontes secundaacuterias representam redaccedilotildees de autores que interpretam trabalhos de outros estudiosos
bull Recolher fontes primaacuterias corresponde ao estudo dos trabalhos originais de autores e investigadores sendo coletados principalmente por meio de artigos em perioacutedicos cientiacuteficos Uma estrateacutegia recomendada nessa etapa eacute classificar cada fonte como ldquomuito importanterdquo ldquomoderadamente importanterdquo e ldquoalgo importanterdquo
bull Ler criticamente e resumir a literatura esse passo envolve questionar especular avaliar repensar e sintetizar de forma criacutetica a literatura recolhida Eacute importante avaliar nesse toacutepico aspectos relevantes do seu estudo pontos em comum entre os autores e questotildees natildeo abordadas ateacute o momento
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 107
No quadro 123 seguem algumas orientaccedilotildees para a sistematizaccedilatildeo do processo de revisatildeo de literatura
Quadro 123 mdash Sugestatildeo de roteiro para a realizaccedilatildeo da revisatildeo de literatura e estudo do estado da arte de um tema
Defina o tema da pesquisaLeia trabalhos relacionadosDelimite o problemaSelecione palavras-chave ou descritoresInicie a busca nas bases de dados para pesquisa bibliograacuteficaSelecione os tiacutetulos relacionados leia os resumos e toacutepicos principaisRealize a leitura completa das obras selecionadasFaccedila resumos com anaacutelise criacuteticaArquive os dados para reanaacutelise posteriorUtilize a sua revisatildeo para embasar seu projeto ou artigo ou ainda para elaborar uma revisatildeo de literatura
128 CONCLUSAtildeO
Conhecer os passos para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa bibliograacutefica de qualidade representa uma etapa importante para a vida acadecircmica Atualmente estatildeo disponiacuteveis diversas bases de dados eletrocircnicas que vieram para facilitar esse processo permitindo o acesso dos pesquisadores a amplo conteuacutedo cientiacutefico Ser capaz de identificar entre esse vasto universo de publicaccedilotildees aquelas que satildeo relevantes para o desenvolvimento cientiacutefico consiste em condiccedilatildeo essencial para a elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa e artigos cientiacuteficos de qualidade
108 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
BENTO A Como fazer uma revisatildeo da literatura consideraccedilotildees teoacutericas e praacuteticas Madeira [s n] 201- Disponiacutevel em httpwww3umaptbentoRepositorioRevisaodaliteraturapdf Acesso em 22 nov 2020
MOREIRA W Revisatildeo de Literatura e Desenvolvimento Cientiacutefico conceitos e estrateacutegias para confecccedilatildeo [S l s n] 2004 Disponiacutevel em httpsfilescercompufgbrwebyup19oRevis__o_de_Literatura_e_desenvolvimento_cient__ficopdf Acesso em 09 jul 2020
CORDEIRO A M et al Revisatildeo sistemaacutetica uma revisatildeo narrativa Rev Col Bras Cir Rio de Janeiro v 34 n 6 p 428-431 dez 2007
SOUZA M T SILVA M D CARVALHO R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein [S l] v 8 n1 p 102-6 2010
ERCOLE F F MELO L S ALCOFORADO C L G C Revisatildeo integrativa versus revisatildeo sistemaacutetica REME - Rev Min Enferm Belo Horizonte v 18 n 1 janmar 2014 Disponiacutevel em httpwwwdxdoiorg1059351415-276220140001 Acesso em 11 jul 2020
ANDRADE MM Introduccedilatildeo agrave metodologia do trabalho cientiacutefico elaboraccedilatildeo de trabalhos na graduaccedilatildeo9 ed Satildeo Paulo Atlas 2009
EGGER M SMITH G D Meta-analysis potentials and promise BMJ Londres v 315 n 7119 p 1371-4 nov 1997
BARROS J A A Revisatildeo Bibliograacutefica - Dimensatildeo fundamental para o planejamento da Pesquisa Instrumento R Est Pesq Educ Juiacutez de Fora v 13 n 1 2011
109
13A REDACcedilAtildeO ACADEcircMICA DICAS PARA UMA BOA
ESCRITA
Veyda Lourdes Ferreira MartinsClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoO gosto pela escrita cresce agrave medida que se escreverdquo
Erasmo de Rotherdam
A evoluccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico somente eacute possiacutevel por meio da transmissatildeo das descobertas oriundas de pesquisas nas mais diversas aacutereas e para que isso ocorra o exerciacutecio da escrita se faz fundamental O sucesso de uma produccedilatildeo acadecircmica passa pela qualidade da escrita ao final do processo Saber escrever um bom texto cientiacutefico eacute tatildeo importante quanto saber executar as demais fases da pesquisa Poreacutem escrever bem natildeo eacute uma tarefa simples Mesmo com vocaccedilatildeo e habilidades inatas eacute necessaacuteria a praacutetica constante da redaccedilatildeo visando a seu aperfeiccediloamento contiacutenuo por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades teacutecnicas
Aleacutem disso escrever bem envolve conhecer o puacuteblico para o qual se destina o seu produto De uma maneira geral a escrita cientiacutefica apresenta particularidades especiacuteficas que visam agrave transmissatildeo de informaccedilatildeo e conhecimento com objetividade exatidatildeo ldquoimparcialidaderdquo e eacutetica como deseja o leitor de um trabalho cientiacutefico Segundo Reiz (2012) eacute essencial distinguir redaccedilatildeo cientiacutefica e redaccedilatildeo literaacuteria (quadro 131)
Assim o objetivo deste capiacutetulo eacute apresentar algumas consideraccedilotildees sobre a escrita acadecircmica discutindo alguns viacutecios comumente observados e como evitaacute-los
131 A ESCRITA ACADEcircMICA
Redigir um texto geralmente eacute uma das partes mais difiacuteceis de um trabalho acadecircmico gerando diferentes graus de inseguranccedila no aluno Esse fenocircmeno contudo eacute algo frequente e esperado que tende a melhorar ao longo da redaccedilatildeo Agrave medida que o aluno vai escrevendo o bloqueio e a inseguranccedila inicial tendem a diminuir e as ideias comeccedilam a surgir
110 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 131 mdash Diferenccedilas entre a redaccedilatildeo cientiacutefica e literaacuteria
Redaccedilatildeo cientiacutefica Redaccedilatildeo literaacuteriaInformaccedilatildeo e conhecimento Sentimento e emoccedilatildeoTeacutecnica EsteacuteticaObjetividade SubjetividadeExatidatildeo Adorno na expressatildeoNormas de uso obrigatoacuterio Livre escolhaPrecisatildeo Interpretaccedilotildees diversas (estiacutemulo agrave imaginaccedilatildeo)Denotaccedilatildeo ConotaccedilatildeoEspecificaccedilatildeo GeneralizaccedilatildeoModeacutestia e sobriedade Requinte e refinamentoImparcialidade Juiacutezo de valor
Adaptado de Reiz 2012
Entatildeo a primeira dica eacute COMECE Mesmo que o texto seja reformulado depois comece a escrever Natildeo importa se a primeira versatildeo natildeo ficou adequada o texto sempre poderaacute ser reformulado com a ajuda do orientador ou de pesquisadores mais experientes No entanto cuidado natildeo inicie a redaccedilatildeo antes de conhecer muito bem a histoacuteria que iraacute contar (VOLPATO 2015)
Ao iniciar eacute importante que o aluno calcule adequadamente o tempo necessaacuterio para finalizar a versatildeo inicial de sua produccedilatildeo planejando tempo haacutebil para a sua proacutepria revisatildeo para a revisatildeo do orientador e para que o texto seja reformulado caso precise
Eacute necessaacuterio ainda dedicar tempo para uma boa revisatildeo ortograacutefica e gramatical Quando uma produccedilatildeo cientiacutefica conteacutem erros de escrita os pareceristas e revisores das agecircncias de fomentos e de revistas cientiacuteficas podem recusar projetos ou artigos por entenderem tais erros como desleixo E se existe desleixo na escrita do trabalho eacute de se esperar que as outras etapas da pesquisa tambeacutem possam ter sido realizadas sem zelo Portanto um texto que natildeo segue a norma-padratildeo da liacutengua pode comprometer a credibilidade do estudo e dos pesquisadores (KOLLER 2014)
Aleacutem de respeitar a norma-padratildeo da liacutengua o texto cientiacutefico deve atender a alguns requisitos baacutesicos desse tipo de gecircnero literaacuterio ndash CLAREZA COESAtildeO CONCISAtildeO e PRECISAtildeO satildeo imprescindiacuteveis para uma boa produccedilatildeo acadecircmica (REIZ 2013) Isso natildeo significa no entanto que a redaccedilatildeo cientiacutefica deva ser monoacutetona e cansativa
CRIATIVIDADE ORIGINALIDADE e INSPIRACcedilAtildeO tambeacutem satildeo desejaacuteveis na redaccedilatildeo cientiacutefica O escritor deve buscar elaborar um texto que ao mesmo tempo em que transmite a ideia central da pesquisa consiga chamar a atenccedilatildeo e promover entusiasmo no leitor E este sim eacute um grande desafio para o autor de textos cientiacuteficos
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 111
ldquoinformar o indispensaacutevel sem perder a harmoniardquo (REIZ 2013) Desafio este que poderaacute ser alcanccedilado agrave custa do estudo das teacutecnicas da redaccedilatildeo cientiacutefica moderna e de muita dedicaccedilatildeo (MEDEIROS 2017)
132 A REDACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA O QUE FAZER E O QUE NAtildeO FAZER AO REDIGIR UM TEXTO ACADEcircMICO
Nesse toacutepico seratildeo apresentadas algumas recomendaccedilotildees que visam conduzir o pesquisador na elaboraccedilatildeo de um texto que atenda aos princiacutepios baacutesicos da escrita cientiacutefica Vejamos
bull Planeje o texto em toacutepicos faccedila um esboccedilo ou sumaacuterio provisoacuterio de como pretende expor as ideias ao longo do texto Em geral as revistas cientiacuteficas tradicionais sugerem a divisatildeo do manuscrito em INTRODUCcedilAtildeO MEacuteTODOS RESULTADOS e DISCUSSAtildeO Entretanto atualmente alguns perioacutedicos de alto impacto tecircm proposto diferente disposiccedilatildeo para essa divisatildeo
bull Apresente uma ideia por paraacutegrafo evite paraacutegrafos muito longos O paraacutegrafo deve ser construiacutedo com planejamento Em geral cada paraacutegrafo deve conter uma ideia central que deve ser exposta na(s) primeira(s) frase(s) e que seraacute a base para o desenvolvimento das ideias secundaacuterias Deve haver articulaccedilatildeo entre os paraacutegrafos O paraacutegrafo seguinte deve abordar uma nova ideia relacionada agrave que fora previamente apresentada
bull Escreva sentenccedilas em ordem direta sempre que possiacutevel utilize sujeito + verbo + objeto No entanto dependendo do contexto a voz passiva tambeacutem poderaacute ser utilizada visando facilitar o encadeamento das ideias Aleacutem disso autores de textos cientiacuteficos na liacutengua inglesa frequentemente utilizam a voz passiva
bull Seja claro transmita as ideias de maneira compreensiacutevel Para isso prefira sentenccedilas afirmativas e frases curtas que facilitam a concatenaccedilatildeo das ideias Frases simples satildeo mais eficazes no entendimento e na memorizaccedilatildeo das informaccedilotildees Quando o autor tem maior autoridade sobre determinado assunto o conteuacutedo poderaacute ser escrito e transmitido de maneira mais simples Quando o pesquisador estaacute confuso seu texto tambeacutem pareceraacute confuso portanto aproprie-se do tema
bull Seja preciso todos os leitores devem ter o mesmo entendimento da informaccedilatildeo
bull Seja conciso elimine termos que natildeo tenham significado especiacutefico e que natildeo acrescentem sentido agrave informaccedilatildeo Exclua adjetivos adveacuterbios numerais e outros elementos que natildeo sejam essenciais para o entendimento
bull Seja original muitas vezes a originalidade natildeo se refere apenas ao ineacutedito Pode ser uma maneira diferente de transmitir a ideia em apresentar uma nova
112 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
teacutecnica de comunicar os achados e detectar novas possibilidades ou interpretaccedilotildees
bull Respeite o gecircnero literaacuterio a linguagem cientiacutefica deve seguir as normas da liacutengua padratildeo Em textos acadecircmicos a exatidatildeo e o rigor formal satildeo primordiais No entanto lembre-se deque o texto deve destinar-se agravecompreensatildeo dos cientistas nas diferentes aacutereas do conhecimento e natildeo apenas aos especialistas
bull Respeite o Novo Acordo Ortograacutefico da Liacutengua Portuguesa para textos na liacutengua portuguesa recomenda-se consultar as normas vigentes no link httpwwwacademiaorgbrnossa-linguabusca-no-vocabulario e no aplicativo VOLPreg disponiacutevel para iOS e Android
Apesar de parecer algo simples atender a todos os requisitos acima expostos natildeo eacute uma constante em todos os textos acadecircmicos atualmente produzidos Ainda eacute frequente depararmo-nos com textos que apresentam viacutecios que comprometem a qualidade da escrita A seguir alguns exemplos que devem ser evitados
bull Escrever em linguagem oral (escrever como se fala) deve-se empregar a norma-padratildeo
bull Repeticcedilotildees de palavras e expressotildees busque diversidade de vocabulaacuterio Utilize os sinocircnimos mantendo a articulaccedilatildeo de ideias e a exposiccedilatildeo dos pensamentos de forma coerente
bull Frases rebuscadas Palavras abstratas expressotildees vagas adjetivos e adveacuterbios natildeo agregam valor agrave informaccedilatildeo
bull Ambiguidades demonstra incerteza sobre o que se fala e compromete a clareza
bull Paraacutegrafos sem conectores sempre que possiacutevel utilize conectores entre paraacutegrafos e entre um periacuteodo e outro No entanto lembre-se de que a simples presenccedila de um conector natildeo garante fluidez ou coerecircncia Outra forma de melhorar a fluidez da leitura eacute iniciar a frase seguinte com alguma informaccedilatildeo apresentada no periacuteodo anterior Isso facilita o processo de encadeamento e progressatildeo de ideias trazendo coesatildeo ao texto
bull Frases muito longas mais uma vez divida as sentenccedilas em frases menores
bull Queiacutesmo (utilizar muitas vezes a palavra ldquoquerdquo) Quando necessaacuterio substitua-o pelas palavras agraves quais ele se refere (caso tal palavra jaacute tenha aparecido muitas vezes no texto opte pelos sinocircnimos) Outra opccedilatildeo eacute dividir periacuteodos longos interligados pelo ldquoquerdquo em frases mais curtas
bull Estrangeirismos sem aspas ou itaacutelicos Sempre que incluir algum termo de outra liacutengua destaque-o por meio de aspas ou da letra em itaacutelico
bull Abreviaturas e siglas natildeo identificadas Todas devem ser explicadas na primeira vez em que forem citadas no texto
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 113
bull Erros ortograacuteficos e de pontuaccedilatildeo revise o texto quantas vezes forem necessaacuterias Atenccedilatildeo especial para as viacutergulas natildeo se separa sujeito de verbo e verbo de complemento Atenccedilatildeo ainda para o posicionamento dentro de uma sentenccedila Viacutergulas mal colocadas podem alterar o sentido da frase
bull Figuras e viacutecios de linguagem elimine possiacuteveis metaacuteforas ecos e pleonasmos
bull Desvio de sintaxe atenccedilatildeo para as regras de concordacircncia e regecircncia verbal
bull Utilizaccedilatildeo excessiva de jargotildees teacutecnicos palavras complexas truncam a leitura e afastam o leitor
133 A QUESTAtildeO DO TEMPO VERBAL
Existem opiniotildees divergentes entre os pesquisadores sobre a escolha de uma redaccedilatildeo pessoal ou impessoal para o texto cientiacutefico Tradicionalmente utiliza-se a redaccedilatildeo impessoal visando a uma suposta ldquoimparcialidaderdquo do texto cientiacutefico ou seja os meus resultados e conclusotildees seratildeo repetidos por outros autores que conduzam a mesma pesquisa Nesse caso poderiacuteamos afirmar ldquoconclui-se querdquo pois natildeo se trata de uma conclusatildeo pessoal e sim de um achado baseado em fatos (VOLPATO 2015)
No entanto os defensores do uso da primeira pessoa alegam que os pesquisadores devem apropriar-se dos seus achados e conclusotildees Segundo tais autores ser impessoal eacute
ldquo retomar a uma ciecircncia jaacute ultrapassada que assumia que o conhecimento eacute objetivo porque as conclusotildees satildeo determinadas por dados objetivos que natildeo dependem da vontade do cientistardquo (VOLPATO 2015)
E ainda
ldquo essa postura eacute prepotente na medida em que supotildee que a anaacutelise do autor eacute verdadeira lsquoconclui-sersquo significa que todos concluiratildeo a mesma coisa pois independe da pessoa que a expressardquo (VOLPATO 2015)
De fato atualmente haacute uma tendecircncia para o uso da primeira pessoa Em muitas revistas de alto impacto os artigos satildeo escritos com redaccedilatildeo na primeira pessoa Poreacutem tambeacutem existem revistas de prestiacutegio que mantecircm a redaccedilatildeo impessoal talvez em funccedilatildeo da manutenccedilatildeo do que eacute o mais tradicional Na verdade natildeo haacute certo ou errado nesse quesito e a maioria das revistas natildeo impotildee regras nesse sentido A leitura de bons perioacutedicos ajudaraacute que os autores definam suas preferecircncias e a utilizem de acordo com o seu estilo
114 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
134 POR ONDE COMECcedilAR
Aleacutem de tentar atender agraves teacutecnicas de escrita acima apresentadas o autor de textos cientiacuteficos deve procurar sistematizar o processo da redaccedilatildeo Seguir uma ordem que facilite a exposiccedilatildeo das ideias dentro de um artigo cientiacutefico pode ser uma dica valiosa que ajuda a responder a outra duacutevida que frequentemente aflige o jovem pesquisador ldquoPOR ONDE COMECcedilARrdquo
Para responder a essa duacutevida vaacuterios autores sugerem teacutecnicas diversas Aqui iremos apresentar uma sugestatildeo de Volpato (2015) que desenvolveu o que ele denomina de Meacutetodo Loacutegico para a Redaccedilatildeo Cientiacutefica Segundo esse autor o artigo cientiacutefico eacute uma histoacuteria que deve ser narrada com precisatildeo e que pode ser escrito na seguinte sequecircncia
CONCLUSAtildeO RESULTADOS MEacuteTODOS DISCUSSAtildeO INTRODUCcedilAtildeO RESUMO TIacuteTULO
Para isso o pesquisador deveraacute
bull entender com clareza o final da histoacuteria ndash resultados e conclusatildeo
bull descrever todos os meios e procedimentos para alcanccedilaacute-los ndash meacutetodos
bull explicar os resultados que ele alcanccedilou e comparaacute-lo com o que diz outros autores ndash discussatildeo
bull explicar o cenaacuterio onde tal histoacuteria se desenvolveu e o porquecirc de desenvolvecirc-la ndash introduccedilatildeo
bull e finalmente somente apoacutes a construccedilatildeo completa da histoacuteria o escritor deveraacute resumi-la (resumo) e dar-lhe um nome (tiacutetulo)
Essa sequecircncia pode facilitar o processo da redaccedilatildeo No entanto ressalta-se que cada pesquisador deve ter liberdade para utilizar a teacutecnica que lhe apraz e que domina O cientista natildeo deve ser riacutegido perante as regras preacute-concebidas a criatividade eacute essencial agrave ciecircncia
135 REVISAtildeO DO TEXTO
Programar tempo para a revisatildeo eacute fundamental Revisar o proacuteprio texto exaustivamente eacute altamente recomendado Revise-o do iniacutecio ao fim quantas vezes forem necessaacuterias Preferentemente leia-o em voz alta A escuta poderaacute auxiliar no processo de reformulaccedilatildeo de frases Muitas vezes ao ler o texto em voz alta
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 115
percebemos trechos da escrita que natildeo estatildeo claros ou coerentes Se algum trecho soar estranho reformule-o
Outra dica peccedila ajuda Submeta seu texto agrave apreciaccedilatildeo de colegas mais experientes ou amigos que tenham um bom domiacutenio da liacutengua portuguesa mesmo que natildeo sejam da aacuterea Esse eacute um bom teste para avaliar a clareza de sua produccedilatildeo
Durante a revisatildeo eacute importante ainda natildeo confundir estrutura e apresentaccedilatildeo visual do trabalho com redaccedilatildeo cientiacutefica Atender agraves diretrizes para formataccedilatildeo e normalizaccedilatildeo dos elementos preacute-textuais textuais e poacutes-textuais de uma produccedilatildeo acadecircmica embora necessaacuterio natildeo acrescentam qualidade agrave essecircncia do texto cientiacutefico (REIZ 2012)
136 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Como demonstrado acima o texto cientiacutefico demanda uma seacuterie de requisitos para que seja produzido de maneira adequada Portanto natildeo deixe para escrever na uacuteltima hora Aleacutem disso o tempo destinado para estudar o tema antes de escrever interfere diretamente na qualidade da informaccedilatildeo que seraacute redigida Lembre-se o autor deve ter pleno domiacutenio do tema abordado a fim de que possa escrever e transmitir as ideias de maneira simples e de faacutecil compreensatildeo para os seus futuros leitores Portanto dedique tempo para a leitura preacutevia e tambeacutem concomitante agrave escrita Muitas vezes as ideias natildeo vecircm todas de uma vez Caso vocecirc comece a redigir seu texto com antecedecircncia provavelmente as ideias iratildeo surgindo e vocecirc teraacute tempo para enriquececirc-lo agregando ainda mais valor agrave informaccedilatildeo produzida
Recomenda-se ainda para todo jovem pesquisador a leitura de manuais especiacuteficos sobre a redaccedilatildeo cientiacutefica Muitos desses livros e manuais abordam diversos aspectos da escrita acadecircmica em profundidade e satildeo de grande valia nesse processo Aleacutem disso a academia tem um papel fundamental em enfatizar a importacircncia da escrita estimulando e capacitando os alunos para tal Muitas vezes a inseguranccedila eacute falta de conhecimento e teacutecnica
Finalizamos com um trecho transcrito de um manual sobre a redaccedilatildeo cientiacutefica moderna que pode ser de grande valia para pesquisadores jovens bem como para aqueles mais experientes ldquoA redaccedilatildeo cientiacutefica eacute o ato de escrever que consiste em transformar a leitura especializada observaccedilatildeo investigaccedilatildeo e capacidade de refletir em comunicaccedilatildeo escrita com clareza precisatildeo concisatildeo e simplicidaderdquo e ldquoQuando se transforma esse ofiacutecio em arte isto eacute em prazer ou trabalho criativo o estudo ganha outra dimensatildeo torna-se mais criacutevel e haacute menos desgaste emocionalrdquo (REIZ 2013)
116 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
VOLPATO G L O meacutetodo loacutegico para redaccedilatildeo cientiacutefica Rev Eletron Comun Inf Inov Sauacutede Rio de Janeiro v 9 n 1 p 1-14 2015 Disponiacutevel em httpswwwarcafiocruzbrbitstreamicict17013210pdf Acesso em09 abr 2020
117
14TRADUCcedilAtildeO DE TRABALHOS
ACADEcircMICOS PARA O INGLEcircS
Wellison Gil Magalhatildees de Almeida
ldquoThe limits of my language are the limits of my worldrdquo
(Os limites do meu idioma satildeo os limites do meu mundo)
Ludwig Wittgenstein
No uacuteltimo seacuteculo o inglecircs tornou-se a liacutengua da ciecircncia Haacute uma tendecircncia progressiva para a publicaccedilatildeo de trabalhos cientiacuteficos em inglecircs Publicaccedilotildees em outras liacutenguas que natildeo seja o inglecircs satildeo menos valorizadas pela comunidade cientiacutefica internacional Desse modo eacute preciso privilegiar a utilizaccedilatildeo do inglecircs na redaccedilatildeo dos artigos de modo a aumentar a visibilidade da publicaccedilatildeo e permitir seu acesso de forma mais ampla agrave comunidade cientiacutefica nacional e internacional
Assim como o objetivo principal de um pesquisador eacute transmitir seus achados para a comunidade cientiacutefica se quisermos que nossos trabalhos acadecircmicos escritos em portuguecircs tenham maior poder de alcance e visibilidade teremos que escrevecirc-los em inglecircs ou traduzi-los para essa liacutengua No entanto traduzir natildeo constitui uma tarefa faacutecil A maior dificuldade em traduccedilatildeo eacute que para fazecirc-la eacute preciso ter um excelente conhecimento da liacutengua o que soacute se obteacutem depois de muitos anos de estudo do idioma Para traduzir o acadecircmico natildeo precisa escrever em inglecircs ou compreender o inglecircs falado mas precisa conhecer muito bem a estrutura gramatical da liacutengua
Ademais existe uma diferenccedila significativa entre escrever em inglecircs e escrever bem em inglecircs A verdade eacute que assim como existe diferenccedila entre escrever em portuguecircs e escrever bem em portuguecircs o mesmo se aplica agrave escrita em inglecircs Aleacutem disso nem todo falante nativo de inglecircs que escreve bem em inglecircs pode escrever bem para a literatura cientiacutefica (MARLOW 2014) A escrita cientiacutefica em inglecircs possui estilo e ritmo proacuteprios Por exemplo destaca-se o uso da voz passiva que eacute considerada uma forma de inglecircs pobre para a maioria das formas de escrita fora da ciecircncia (notiacutecias romances etc) Todavia em textos cientiacuteficos o uso da voz passiva eacute aceitaacutevel e incentivado pois com uso da voz passiva pode-se enfatizar a accedilatildeo e natildeo quem a praticou (MARLOW 2014)
O texto a ser traduzido deve estar bem escrito na liacutengua nativa caso contraacuterio
118 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
a traduccedilatildeo seguiraacute os erros do texto original tornando-o por vezes incompreensiacutevel Conveacutem revisar todo o texto antes de iniciar a traduccedilatildeo
Ao iniciar o processo de traduccedilatildeo recomenda-se manter-se sempre fiel ao texto original pois um miacutenimo erro de traduccedilatildeo pode prejudicar todo o trabalho tornando a ideia-chave ou os achados da pesquisa confusos
Geralmente na aacuterea da sauacutede os termos utilizados satildeo muito especiacuteficos e natildeo fazem parte do vocabulaacuterio cotidiano Portanto deve-se pesquisar cada uma das palavras expressotildees abreviaccedilotildees e acrocircnimos para saber se os termos estatildeo adequados
Deve-se evitar uma linguagem muito rebuscada tanto em inglecircs quanto em portuguecircs Eacute necessaacuterio considerar o puacuteblico que iraacute ler A liacutengua portuguesa natildeo eacute tatildeo objetiva quanto a inglesa por isso eacute mais faacutecil colocar palavras desnecessaacuterias e ser redundante entretanto o mesmo natildeo acontece no inglecircs o que poderaacute tornar a traduccedilatildeo bem menor que o texto original
Por fim o texto traduzido deve ser revisado procurando deixaacute-lo de acordo com a linguagem acadecircmica Para isso abaixo satildeo apresentadas algumas dicas para escrever bem em inglecircs acadecircmico publicadas originalmente por Marlow (2014) ndash httpwwwdxdoiorg106061clinics2014(03)01 ndash traduzidas e apresentadas neste capiacutetulo com autorizaccedilatildeo
141 DICAS PARA ESCREVER BEM EM INGLEcircS ACADEcircMICO
1 Evite frases iniciais com lsquorsquoIt isrdquo
Em portuguecircs quando se quer enfatizar ou expressar um relevo argumentativo geralmente se utilizam frases como
ldquoEacute conveniente destacar quehelliprdquo ldquoEacute importantehelliprdquo ldquoEacute muito comumhelliprdquo
Muitas traduccedilotildees satildeo feitas assim
ldquoIt should be noted thathelliprdquo rsquorsquoIt is importanthelliprsquorsquo ldquoIt is very commonhelliprdquo
Essas frases satildeo gramaticalmente corretas mas satildeo fracas e tecircm uma estrutura gramatical de iniciante no idioma Uma ou duas por paraacutegrafo pode ser bom mas o uso repetido dessa estrutura de frases pode diminuir a maturidade percebida do seu trabalho
Essas frases devem ser reformuladas
Frase original lsquolsquoEacute importante destacar as pesquisas mais recentes quersquorsquo
Frase em inglecircs lsquolsquoIt is important to highlight the most recent researches thathelliprsquorsquo
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 119
Frase em inglecircs acadecircmico lsquoThe most recent researches that () are important to highlightrsquorsquo
2 Evite ocultar o sujeito das sentenccedilas
Em portuguecircs para evitar repeticcedilatildeo omitimos o sujeito ao longo do paraacutegrafo se ele jaacute tiver sido mencionado anteriormente Entretanto em inglecircs eacute necessaacuterio continuar explicando a quem estamos nos referindo mesmo que isso implique repeticcedilatildeo Em inglecircs eacute melhor ter paralelismo do que natildeo ser repetitivo
Frase original ldquoNesta pesquisa 418 estudantes responderam a um questionaacuterio Destes 95 (2273) eram do quinto semestrerdquo
Frase em inglecircs ldquoIn this study 418 students answered a questionnaire Of these 95 (2273) were from the fifth semesterrdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquoIn this study 418 students answered a questionnaire Of these 95 (2273) students were from the fifth semesterrdquo
3 Tente usar a primeira pessoa (lsquoIrsquo e lsquowersquo) o miacutenimo possiacutevel e troque-a pela voz passiva
A sugestatildeo de usar a voz passiva estaacute diretamente relacionada agrave traduccedilatildeo do portuguecircs-inglecircs na qual a primeira pessoa do plural eacute comumente usada de forma excessiva Quando se utiliza a voz passiva o objeto fica sempre no iniacutecio da frase enquanto o autor da accedilatildeo pode ou natildeo estar presente na sentenccedila Mas caso esteja deve sempre estar ao final dela Outro aspecto relevante em relaccedilatildeo agrave voz passiva eacute o tempo verbal da frase Ao se realizar a inversatildeo de voz ativa para passiva a construccedilatildeo precisa ser adaptada de acordo com cada tipo de tempo verbal
Frase original lsquolsquoEncontramos 50 artigos acerca do assuntohelliprsquorsquo
Frase em inglecircs ldquoWe found 50 articles about the subjecthelliprdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquo50 articles about this subject were foundrdquo
Usando a frase com o noacutes vocecirc estaraacute enfatizando que encontrou os resultados Agora se vocecirc colocar a frase em voz passiva ldquo50 artigos acerca do assunto foram encontradosrdquo Aqui vocecirc enfatiza que vaacuterios artigos foram encontrados e natildeo eacute mais tatildeo importante que vocecirc os encontrou Nesse caso vocecirc enfatiza queem seu estudo bem elaboradoo qual pode ser repetido por qualquer outro pesquisador 50 artigos acerca do assunto seratildeo encontrados Afinal natildeo satildeo resultados reprodutiacuteveis o que eacute realmente importante enfatizar ao comunicar a pesquisa
No entanto apesar disso alguns pesquisadores defendem o uso da primeira pessoa por ocasiatildeo da escrita de textos cientiacuteficos Para eles a principal argumentaccedilatildeo
120 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
eacute a de que o pesquisador deve-se apropriar de seus achados e apresentaacute-los como sujeitos ativos no processo da descoberta cientiacutefica sob questatildeo Aleacutem desse debate recomenda-se que a utilizaccedilatildeo da primeira pessoa (lsquoIrsquo e lsquowersquo) natildeo seja excessiva podendo ser reservado seu uso para a apresentaccedilatildeo dos resultados originais de uma pesquisa e das consideraccedilotildees dos autores acerca de tais achados
4 Em suas tabelas ou figuras os tiacutetulos devem sempre ser singulares e natildeo se deve usar o termo lsquorsquovariaacuteveisrsquorsquo (variable) como cabeccedilalho
Caracteristic (Natildeo usar ldquoVariablerdquo)SexMale (Natildeo usar ldquoMalesrdquo)Female (Natildeo usar ldquoFemalesrdquo)
5 Remova palavras e adjetivos desnecessaacuterios
Antes de traduzir para o inglecircs identifique frases que podem ser expressas com uma uacutenica palavra Evite repetir uma ideia que jaacute estaacute expliacutecita no discurso fazendo que ele fique cansativo e comprometa a qualidade da mensagem
6 Frases preposicionais transiccedilotildees e adveacuterbios no iniacutecio das frases devem ser separados por viacutergula
Frase original lsquolsquoNeste estudo encontramos este resultadorsquorsquo
Frase traduzida lsquolsquoIn this study this result was foundrsquorsquo
Outras expressotildees que satildeo comumente usadas
bull therefore
bull currently
bull of these
bull however
bull as previously reported
bull in Brazil
Uma frase que contiver mais de duas viacutergulas sem a inclusatildeo de listas deveraacute ser dividida em mais de uma para melhor entendimento
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 121
7 Aprenda quando usar the Busque removecirc-lo do iniacutecio da frase e incluiacute-lo apenas quando se referir a eventos objetos ou pessoas especiacuteficas
Em portuguecircs uma frase que comeccedila com ldquoOrdquo ldquoOsrdquo ldquoArdquo ou ldquoAsrdquo ao ser traduzida perde o the Este soacute deve ser usado quando se refere a pessoas lugares eventos ou populaccedilotildees especiacuteficas
bull Quando se fala de algo que jaacute foi mencionado
bull Quando estiver evidente o elemento a que se refere
bull Com substantivos proacuteprios
bull Com lugares em uma cidade
bull Com adjetivo superlativo
Frase original ldquoAs ceacutelulas foram coradashelliprdquo
Frase em inglecircs ldquoThe cells were stainedhelliprdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquoCells were stainedhelliprdquo
8 Somente coloque letra maiuacutescula nas palavras se elas se referirem ao nome formal de um lugar departamento ou cargo
Um dos erros mais comuns eacute com o uso de ldquoestadordquo Essa palavra soacute eacute maiuacutescula quando vem depois do nome de um estado como parte de seu tiacutetulo formal
Exemplo lsquolsquoThe study was conducted at the University Hospital of the Federal University of Cearaacute (FORMAL) in Cearaacute State
Regiotildees especiacuteficas devem ser iniciadas com letra maiuacutescula mas a direccedilatildeo ou localizaccedilatildeo devem ser grafadas com minuacutescula Exemplos
ldquoThe research was conducted in Northeastern Brazilrdquo (Regiatildeo especiacutefica)
ldquoThe research was conducted in the northeast region of Brazilrdquo (Localizaccedilatildeo geral)
9 Remova o that
O that deve ser usado apenas no iniacutecio de uma frase dependente ou ao descrever um sujeitosubstantivo
Frase original lsquolsquoOs resultados mostraram que muitos alunos querem o material impressorsquorsquo
Frase em inglecircs lsquolsquoThe results showed that many students want printed
122 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
materialrsquorsquo
Frase em inglecircs acadecircmico lsquoThe results showed many students want printed materialrsquorsquo
No exemplo acima caso vocecirc remova o that o significado da frase natildeo mudaraacute
Contudo em outras situaccedilotildees eacute necessaacuterio o uso do that
lsquolsquoOs resultados que foram encontrados nesse estudo mostraram que muitos alunos querem o material impressorsquorsquo
lsquolsquoThe results that were found in this study showed many students want printed materialrsquorsquo
Abaixo seguem alguns exemplos de palavras frequentemente usadas na literatura cientiacutefica que geralmente natildeo precisam ser seguidas por that
bull suggest or suggested
bull observed
bull found or was found
bull show or shown
bull is important
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 123
REFEREcircNCIAS
MARLOW M A Writing scientific articles like a native English speaker top ten tips for Portuguese speakers Clinics Satildeo Paulo v 69 n 3 p153-157 2014 Mar Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC3935133 Acesso em 02 set 2019
MURPHY R English grammar in use 3rd ed Cambridge CUP 2004
125
15NOCcedilOtildeES BAacuteSICAS DE ESTATIacuteSTICA
Antocircnio Brazil Viana Junior
ldquoConhecimento incerto + conhecimento sobre a incerteza =
conhecimento uacutetil Isso eacute estatiacutesticardquo
Rao
151 INTRODUCcedilAtildeO
Neste capiacutetulo o conhecimento seraacute abordado de forma simples e direta de modo a fornecer uma base teacutecnica para que seja possiacutevel ao pesquisador iniciar uma pesquisa quantitativa Dessa forma para que uma pesquisa possa alcanccedilar um resultado metodologicamente correto minimizando os possiacuteveis vieses eacute necessaacuterio planejaacute-la tendo como base a pergunta a ser respondida pelo estudo Definido o problema da pesquisa apoacutes a revisatildeo da literatura o planejamento segue uma sequecircncia loacutegica composta por
152 COLETA DE DADOS
A coleta de dados para uma pesquisa por vezes tem sua importacircncia diminuiacuteda sendo feita sem o devido cuidado levando a seacuterios problemas que podem inviabilizar seus resultados No quadro 151 satildeo expostos os principais erros cometidos durante a etapa de coleta de dados
126 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 151 - Principais erros ou vieses na coleta de dados
bull Diferenccedilas devidas a fatores pessoais passageiros ou de situaccedilatildeo Caso em que o participante estaacute estressado ansioso ou cansado e a entrevista eacute longa Nesse caso o objetivo do participante passa a ser acabar a entrevista e natildeo a verdade
bull Diferenccedilas devidas agraves variaccedilotildees na aplicaccedilatildeo O entrevistador pode abordar o participante de forma a influenciaacute-lo na resposta
bull Maacute adequaccedilatildeo das perguntas ao niacutevel cognitivo dos entrevistados
bull Falta de clareza do instrumento de medida
Abaixo apresentaremos algumas consideraccedilotildees para a realizaccedilatildeo adequada de uma coleta de dados
Tamanho da amostra
Um dos principais questionamentos durante o planejamento de um estudo eacute a definiccedilatildeo do quantitativo de participantes para que se obtenham resultados vaacutelidos tambeacutem conhecido como tamanho amostral A definiccedilatildeo desse tamanho depende do niacutevel de significacircncia adotado ( =005) do poder da amostra (1 - = 80) do tipo de variaacuteveis que seratildeo analisadas e dos meacutetodos estatiacutesticos a serem utilizados existindo diversos meacutetodos para seu caacutelculo
A definiccedilatildeo do tamanho da amostra requer um conhecimento preacutevio sobre o assunto a ser pesquisado visto que o caacutelculo necessita de paracircmetros como o desvio-padratildeo da populaccedilatildeo ou proporccedilatildeo de indiviacuteduos com certa caracteriacutestica ou risco relativo etc
Na internet existem diversas paacuteginas com calculadoras de tamanho amostral No site httpclincalccomstatssamplesizeaspxeacute possiacutevel calcular o tamanho amostral para diversos tipos de estudo O site eacute bem didaacutetico e possui exemplos para orientar o pesquisador Outra possibilidade eacute usar o programa GPower Totalmente gratuito embora mais complexo esse software eacute completo e fornece diversas opccedilotildees para o caacutelculo da amostra
Desenho do Estudo
Outro ponto a ser observado para a coleta de dados eacute o desenho do estudo Aqui se deve atentar para quantos momentos ocorreraacute a coleta das informaccedilotildees dos participantes Por exemplo em ensaios cliacutenicos existe no miacutenimo uma coleta no baseline momento inicial e uma segunda coleta apoacutes a intervenccedilatildeo visando investigar o efeito da intervenccedilatildeo sobre o desfecho Caso os dados sejam coletados em apenas um momento seraacute impossiacutevel inferir o eventual efeito da intervenccedilatildeo
Em estudos transversais por outro lado a coleta ocorre em apenas um momento e os resultados refletem um retrato estaacutetico da amostra naquele momento Tais diferenccedilas satildeo cruciais para a interpretaccedilatildeo dos resultados No caso dos estudos
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 127
transversais natildeo eacute possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de causalidade pois a anaacutelise estatiacutestica consiste em principalmente uma anaacutelise de descriccedilatildeo e de associaccedilatildeo entre variaacuteveis
Tipos de variaacuteveis
As variaacuteveis em um banco de dados satildeo classificadas conforme a sua natureza Isso define a forma de apresentaccedilatildeo e os testes estatiacutesticos a serem aplicados na anaacutelise As variaacuteveis podem ser
bull Categoacutericas
nominais raccedila sexo naturalidade
ordinais escolaridade gravidade do paciente
dicotocircmicas fumante simnatildeo portador de diabetes simnatildeo
bull Escalares
contiacutenuas peso circunferecircncia abdominal
discretas nordm de filhos nordm de endoscopias
153 TABULACcedilAtildeO DOS DADOS
Tabular os dados natildeo eacute uma tarefa divertida poreacutem eacute de suma importacircncia para o sucesso da anaacutelise estatiacutestica do trabalho Em geral essa tarefa eacute realizada por meio da utilizaccedilatildeo de softwares de planilhas eletrocircnicas Os principais satildeo
bull Excel tradicional software de planilhas eletrocircnicas da Microsoftreg Permite a transferecircncia direta de dados para outros diversos programas de anaacutelise estatiacutestica como Statareg SPSSreg Prismareg Rreg Jamovireg
bull Google forms (recomendo) formulaacuterio eletrocircnico do Googlereg que permite a criaccedilatildeo de questionaacuterios que podem ser enviados aos participantes da pesquisa de modo que os mesmos possam preencher Fornece resumos automaacuteticos das variaacuteveis e uma planilha com todos os dados das respostas
bull Epi Inforeg oacutetimo software que aleacutem da tabulaccedilatildeo permite anaacutelise de dados
Como tabular
Algumas regras que devem ser seguidas para que a tabulaccedilatildeo seja realizada adequadamente
bull Cada linha um paciente
bull Cada coluna uma informaccedilatildeo (variaacutevel do estudo) de cada paciente
bull As informaccedilotildees de uma mesma coluna devem ter a mesma unidade de medida
128 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Se o dado for numeacuterico deve-se preencher apenas com nuacutemeros Deve-se lembrar de que alguns softwares natildeo consideram as viacutergulas () como caractere adequado para a demarcaccedilatildeo das casas decimais e sim o ponto () conveacutem checar o software antes de iniciar a tabulaccedilatildeo para evitar retrabalho desnecessaacuterio
bull Se a variaacutevel for categoacuterica devem-se padronizar todas as respostas A codificaccedilatildeo eacute uma opccedilatildeo para a padronizaccedilatildeo
Principais erros durante a tabulaccedilatildeo de dados
Analisando a tabela 151 podemos identificar os seguintes erros
Tabela 151 mdash Exemplo de tabulaccedilatildeo de dados
Paciente Sexo Altura Glicemia Oacutebito1 Masculino 163 m 90 Sim marccedilo de 2015 sepse2 Feminino 170 cm gt 300 Natildeo alta3 f 180 cm 100120 Sim falecircncia hepaacutetica4 m 182 m 120-130 Sim 150720155 H 175 m 500 Sim transferecircncia
bull Na coluna ldquoSexordquo a variaacutevel foi preenchida de forma natildeo padronizada O ldquoMasculinordquo tornou-se ldquomrdquo e depois ldquoHrdquo Perceba que esse fato aleacutem de ser incompreensiacutevel para os programas estatiacutesticos levanta duacutevidas quanto agrave veracidade da informaccedilatildeo o ldquomrdquo poderaacute ser masculino em oposiccedilatildeo ao feminino ou mulher em oposiccedilatildeo a homem Assim mantenha o padratildeo no preenchimento dos dados A codificaccedilatildeo das variaacuteveis eacute bastante uacutetil para assegurar a padronizaccedilatildeo (ex masculino = 1 e feminino = 2)
bull Na coluna ldquoAlturardquo vemos dois erros de preenchimento a utilizaccedilatildeo de letras em dados numeacutericos escalares e a utilizaccedilatildeo de diferentes unidades de medidas (metros e centiacutemetros) Quando a variaacutevel for numeacuterica (escalar) deveraacute ser preenchida exclusivamente com nuacutemeros e na mesma unidade de medida No exemplo todos os valores deveriam estar em metros ou todos os valores deveriam estar em centiacutemetros
bull Na coluna ldquoGlicemiardquo a semelhanccedila da variaacutevel ldquoAlturardquo deve-se manter apenas nos nuacutemeros retirando-se todos e quaisquer siacutembolos (gt -)
bull Na coluna ldquoOacutebitordquo haacute mais de uma informaccedilatildeo por linha (ex sim marccedilo de 2015 sepse) o que inviabiliza as anaacutelises estatiacutesticas Esse modelo de tabulaccedilatildeo somente deve ser utilizado no caso de informaccedilotildees complementares e natildeo mensuraacuteveis
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 129
O modo correto de tabulaccedilatildeo dos dados apresentados na tabela 151 estaacute apresentado abaixo (tabela 152)
Tabela 152 mdash Tabulaccedilatildeo de dados corrigida
Paciente Sexo Altura (cm) Oacutebito Glicemia
(mgdL)Data do
oacutebitoCausa do
oacutebito1 M 163 Sim 90 01032015 Sepse2 M 170 Natildeo 300
3 F 180 Sim 100 01122015 Falecircncia Hepaacutetica
4 M 182 Sim 130 15072015 Natildeo informado
154 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA
Apoacutes a coleta e a tabulaccedilatildeo adequada dos dados inicia-se a anaacutelise estatiacutestica propriamente dita O primeiro passo para a anaacutelise de dados eacute apresentar as caracteriacutesticas da amostra em estudo o que em geral ocorre por meio de uma tabela descritiva Essa tabela traz os dados descritivos das variaacuteveis expressos em nuacutemeros absolutos porcentagens medidas de tendecircncia central e medidas de dispersatildeo
Dados descritivos da amostra
1 Medidas de tendecircncia central
bull Meacutedia eacute igual agrave soma de todos os valores divididos pelo nuacutemero de valores no conjunto de dados Eacute usado para descrever dados contiacutenuos Eacute uma estimativa teoacuterica do ldquovalor tiacutepicordquo No entanto pode ser fortemente influenciado por valores extremos ou outliers
bull Mediana eacute o valor central de um conjunto de dados que foi ordenado do menor para o maior valor A mediana eacute uma medida normalmente usada para dados contiacutenuos ordinais ou natildeo parameacutetricos sendo menos sensiacutevel a outliers e dados distorcidos
bull Moda eacute o valor mais frequente da amostra aquele que mais se repete
2 Medidas de dispersatildeo enquanto nas medidas de tendecircncia central tratamos sobre os valores centrais ou que mais se repetem por meio das medidas de dispersatildeo observamos a variabilidade dos dados isto eacute o quatildeo ldquoespalhadosrdquo estatildeo os dados o quatildeo ldquodistantesrdquo estatildeo da meacutedia
bull Range ou amplitude de faacutecil entendimento e caacutelculo a amplitude eacute a diferenccedila entre o valor maacuteximo e o valor miacutenimo Eacute extremamente afetada pela existecircncia de valores atiacutepicos o que por vezes pode passar uma impressatildeo errada
130 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
da variabilidade dos dados Por exemplo no conjunto de dados abaixo formado por valores de glicemia (mgdL) o range ou amplitude eacute 520 (600 menos 80) mas se tirarmos o valor 600 (outlier) a amplitude passaraacute a ser para 52 (132 menos 80)
Ex 809295100106110132600
bull Intervalo Interquartiacutelico (IQ) Agrave semelhanccedila do range essa medida eacute calculada por meio de uma diferenccedila de valores poreacutem aqui seraacute a diferenccedila entre o 75ordm percentil (p75) e 25ordm percentil (p25) O IQ tem uma maior aplicabilidade praacutetica quando os dados natildeo seguem a distribuiccedilatildeo normal (assunto que seraacute tratado a posteriori) sendo menos sensiacutevel a valores atiacutepicos
bull Desvio-padratildeo (DP) eacute usado para quantificar a quantidade de dispersatildeo de valores de dados em torno da meacutedia Um DP baixo indica que os valores estatildeo proacuteximos da meacutedia enquanto um DP alto indica que os valores estatildeo dispersos em uma faixa mais ampla O DP eacute a raiz quadrada de outra medida estatiacutestica a variacircncia a qual natildeo eacute interpretaacutevel nos termos da variaacutevel real e portanto foge ao objetivo deste capiacutetulo que trata de noccedilotildees baacutesicas poreacutem eacute de suma importacircncia teoacuterica para o estudo da anaacutelise estatiacutestica como um todo
bull Percentil eacute uma medida de posiccedilatildeo e eacute compreendida da seguinte forma o 10ordm percentil eacute o nuacutemero do banco de dados em que 10 dos valores estatildeo abaixo dele Assim o 25ordm percentil eacute nuacutemero em que 25 dos valores do banco de dados satildeo menores que ele1
Teste de Hipoacuteteses
Os testes de hipoacuteteses satildeo teacutecnicas estatiacutesticas que tecircm por objetivo verificar a validade da hipoacutetese experimental (hipoacutetese alternativa) em face de uma hipoacutetese nula isto eacute uma hipoacutetese de igualdade O teste de hipoacutetese visa permitir por meio da anaacutelise dos dados amostrais que se demonstrem evidecircncias estatiacutesticas que confirmem ou refutem a hipoacutetese formulada no estudo
Os testes estatiacutesticos fornecem uma medida para a tomada de decisatildeo o p-valor Caso o p do teste estatiacutestico seja menor que 5 (plt005) rejeitamos a hipoacutetese nula caso contraacuterio natildeo podemos rejeitar a hipoacutetese nula ou seja refutamos a hipoacutetese alternativa ou experimental Por exemplo
Estudo para avaliar o niacutevel de ansiedade entre homens e mulheres
bull Hipoacutetese experimental ou alternativa (H1) haacute diferenccedila do niacutevel de ansiedade entre os sexos
1 Percentil eacute uma medida de posiccedilatildeo e eacute compreendida da seguinte forma o 10ordm percentil eacute o nuacutemero do banco de dados em que 10 dos valores estatildeo abaixo dele Assim o 25ordm percentil eacute nuacutemero em que 25 dos valores do banco de dados satildeo menores que ele
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 131
bull Hipoacutetese nula (H0) natildeo haacute diferenccedila do niacutevel de ansiedade entre os sexos
Se o p resultante do teste for 003 (3) (plt005 5) aceitamos a H1 (refutamos H0) ou seja a chance ou probabilidade de que a diferenccedila observada entre os sexos nesse estudo seja em decorrecircncia do acaso eacute menor que 5 (chance previamente definida como aceitaacutevel pelo pesquisador)
Se o p resultante do teste for 01 (10) (pgt005 5) aceitamos a H0 (refutamos H1) ou seja a chance ou probabilidade de que a diferenccedila observada entre os sexos nesse estudo seja em decorrecircncia do acaso eacute maior que 5 (chance previamente definida como natildeo aceitaacutevel pelo pesquisador)
Consideraccedilotildees sobre o p-valor
Valor de p niacutevel descritivo niacutevel de significacircncia ou p-value pode ser definido como sendo a probabilidade de que ser considerado extremo ou improvaacutevel se considerarmos a hipoacutetese nula verdadeira ou como sendo a probabilidade de o valor encontrado ter sido por acaso (FIELD 2009)
Sir Ronald Fisher definiu um valor significativo para que a diferenccedila seja decorrente do acaso como menor que 5 ou 005 Tal valor eacute padratildeo na estatiacutestica e nos estudos na aacuterea da sauacutede ateacute os dias de hoje poreacutem natildeo eacute uma unanimidade Recentemente 72 pesquisadores propuseram um novo p-valor significativo passando de 005 para 0005 (BENJAMIN et al 2018) e no ano seguinte mais 800 pesquisadores assinaram o artigo Retire statistical significance publicado na revista Nature em que criticava o uso do valor de p como balizador daquilo que era ou natildeo relevante (RETIRE STATISTICAL SIGNIFICANCE 2019)
No trecho abaixo o autor Andy Field fala sobre significacircncia estatiacutestica e a importacircncia do efeito de modo simples que ajuda a compreender o motivo dessas duas visotildees
A importacircncia de um efeito Jaacute vimos que a ideia baacutesica por traacutes do teste de hipoacuteteses envolve a geraccedilatildeo de uma hipoacutetese experimental e de uma hipoacutetese nula ajustar um modelo estatiacutestico e avaliar aquele modelo com uma estatiacutestica teste Se a probabilidade de obter o valor da nossa estatiacutestica teste por acaso for menor do que 005 entatildeo geralmente aceitamos a hipoacutetese experimental como verdadeira haacute um efeito na populaccedilatildeo Normalmente dizemos ldquoexiste um efeito significativo dehelliprdquo Contudo natildeo seja enganado pela palavra ldquosignificativordquo porque mesmo que a probabilidade do nosso efeito ter
132 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ocorrido por acaso seja pequena (menor do que 005) isso natildeo quer dizer que o efeito eacute importante Efeitos muito pequenos natildeo importantes podem-se tornar estatisticamente significativos somente porque um grande nuacutemero de pessoas foi usado no experimento (FIELD 2009)
Ressalta-se tambeacutem que o fato de o p ser natildeo significativo ou seja maior que 005 natildeo implica que a hipoacutetese nula seja verdadeira
Testes para comparaccedilatildeo das variaacuteveis entre os grupos
TESTES ESTATIacuteSTICOS PARA VARIAacuteVEIS NUMEacuteRICAS
O primeiro passo para a aplicaccedilatildeo dos testes estatiacutesticos eacute a aplicaccedilatildeo dos testes de normalidade essenciais para a determinaccedilatildeo dos tipos de testes a serem empregados na anaacutelise Caso os dados apresentem distribuiccedilatildeo normal os meacutetodos parameacutetricos poderatildeo ser utilizados caso contraacuterio far-se-aacute opccedilatildeo pelos meacutetodos natildeo parameacutetricos Os principais testes de normalidade utilizados satildeo Kolmogorov-Smirnoff indicados para amostras maiores que 50 e Shapiro-Wilk este tem maior precisatildeo (TORMAN COSTER RIBOLDI 2012)
Apoacutes a aplicaccedilatildeo dos testes de normalidade os demais testes estatiacutesticos deveratildeo ser escolhidos de acordo com o tipo de populaccedilatildeoamostra Na figura 151 encontra-se um algoritmo para apoio na seleccedilatildeo dos testes estatiacutesticos a serem utilizados de acordo com as caracteriacutesticas das variaacuteveis do estudo
Testes parameacutetricos
bull Teste t de Student utilizado quando o objetivo eacute a comparaccedilatildeo de uma medida ou variaacutevel numeacuterica entre dois grupos Exemplos a) comparaccedilatildeo da glicemia entre os participantes do grupo eutroacutefico e do grupo obesidade b) comparaccedilatildeo do peso ao nascer entre os neonatos que nasceram de parto abdominal e parto normal
bull ANOVA utilizado quando o objetivo eacute a comparaccedilatildeo de uma medida numeacuterica entre trecircs ou mais grupos Exemplo verificar se existe diferenccedila entre as medidas de circunferecircncia abdominal entre grupos de pessoas que fazem dieta vegana dieta low carb e aqueles que natildeo fazem dieta
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 133
Testes natildeo parameacutetricos
1 Mann-Whitney Equivalente natildeo parameacutetrico do Teste t de Student
2 Kruskal-Wallis Equivalente natildeo parameacutetrico da ANOVA
Figura 151 mdash Principais testes estatiacutesticos para variaacuteveis numeacutericas
TESTES ESTATIacuteSTICOS PARA VARIAacuteVEIS CATEGOacuteRICAS
bull Teste qui-quadrado de Pearson utilizado para a investigaccedilatildeo da existecircncia de associaccedilatildeo entre duas ou mais variaacuteveis categoacutericas e para a comparaccedilatildeo de mais de dois grupos independentes
bull Teste exato de Fisher indicado para comparaccedilatildeo de grupos com variacircncias diferentes e para investigaccedilatildeo da associaccedilatildeo entre variaacuteveis categoacutericas quando natildeo for possiacutevel a utilizaccedilatildeo do teste qui-quadrado de Pearson por exemplo n de alguma casela da tabela 2 x 2 for menor ou igual a 5
bull Teste de McNeumar utilizado para a comparaccedilatildeo de dois grupos pareados
134 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Anaacutelises de correlaccedilatildeo
Utilizadas para avaliar a interaccedilatildeo entre duas variaacuteveis contiacutenuas O coeficiente de correlaccedilatildeo (r) varia de -1 a 1 em que -1 seria a existecircncia de uma correlaccedilatildeo negativa perfeita ou seja agrave medida que o valor de uma variaacutevel cresce o valor da outra decresce e 1 seria a correlaccedilatildeo perfeita positiva agrave medida que uma variaacutevel cresce a outra cresce da mesma forma Diz-se perfeita pois toda a variabilidade de uma variaacutevel eacute explicada pela outra Por outro lado um coeficiente de correlaccedilatildeo proacuteximo de ldquo0rdquo denota uma pobre correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis Em geral para a anaacutelise de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis de distribuiccedilatildeo normal utiliza-se o teste de correlaccedilatildeo de Pearson enquanto para variaacuteveis que natildeo apresentam distribuiccedilatildeo normal utiliza-se o teste de correlaccedilatildeo de Spearman
Anaacutelises de regressatildeo
Enquanto os testes de comparaccedilatildeo entre grupos e de correlaccedilatildeo satildeo usados para investigar associaccedilotildees entre variaacuteveis os testes de regressatildeo permitem uma anaacutelise preditiva ou seja permitem predizer o desfecho de uma variaacutevel dependente baseado em uma (regressatildeo simples) ou mais (regressatildeo muacuteltipla) variaacuteveis preditoras independentes Para uma leitura complementar mais aprofundada sobre anaacutelises de regressatildeo sugere-se o livro Estatiacutetica Baacutesica dos professores Pedro Morettin e Wilton Bussab (2017)
155 CONCLUSAtildeO
Este capiacutetulo natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o tema da anaacutelise estatiacutestica mas sim fornecer informaccedilotildees para que o pesquisador especialmente aquele iniciante tenha noccedilotildees para montar o banco de dados de sua pesquisa de forma adequada e para que ele possa responder agraves perguntas formuladas no estudo por meio do entendimento de conceitos baacutesicos da anaacutelise estatiacutestica
Deve-se lembrar que a qualidade de toda pesquisa depende dos dados se eles forem de maacute qualidade o mesmo aconteceraacute com o resultado Caso o pesquisador tenha um banco bem ajustado e com dados de boa qualidade seraacute possiacutevel realizar inferecircncias e anaacutelises estatiacutesticas mais sofisticadas e precisas
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 135
REFEREcircNCIAS
AMRHEIN V GREELAND S McSHANE B Retire statistical significance Nature London v 567 p 305-307 mar 2019 Disponiacutevel em httpwwwigienistionlineitdocs201910naturepdf Acesso em 09 abr 2020
BENJAMIN D J et al Redefine statistical significance Nat Hum Behav London v2 n 1 p 6-10 2018 Disponiacutevel emhttpswwwnaturecomarticless41562-017-0189-zpdf Acesso em 09 abr 2020
FIELD A Descobrindo a estatiacutestica usando o SPSS-2 2 ed Porto Alegre Artmed 2009
MORETTIN P A BUSSAB W O Estatiacutestica baacutesica 6 ed Satildeo Paulo Saraiva 2017
TORMAN V B L COSTER R RIBOLDI J Normalidade de variaacuteveis meacutetodos de veificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de alguns testes natildeo-parameacutetricos por simulaccedilatildeo Rev HCPA Porto Alegre v 32 n 2 p 227-234 Disponiacutevel emhttpwwwseerufrgsbrindexphphcpaarticleview2987419186 Acesso em 7 out 2017
137
16EacuteTICA NA CIEcircNCIA CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE AUTORIA
PLAacuteGIO ACADEcircMICO E TRABALHO EM EQUIPE
Elias Silveira de BritoClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoLer muito eacute um dos caminhos para a originalidade uma pessoa eacute tatildeo mais original e peculiar quanto mais conhecer o que disseram os outrosrdquo
Miguel Unamuno
Quando se trata de eacutetica acadecircmica ou cientiacutefica a discussatildeo requer aleacutem dos essenciais aspectos relacionados agrave pesquisa com seres humanos uma reflexatildeo sobre autoria originalidade e trabalho em equipe uma vez que estes estatildeo interligados entre si Seraacute sobre esses itens que discorreremos neste capiacutetulo A posteriori em um capiacutetulo agrave parte seratildeo abordados os aspectos eacuteticos sobre pesquisas com seres humanos
161 AUTORIA
ldquoEm cada homem de talento existe escondido um poeta
ele manifesta-se no escrever no ler no falar ou no ouvirrdquo
Marie von Ebner-Eschenbach
Definir a autoria de um artigo cientiacutefico eacute uma etapa importante de toda pesquisa pois tem consequecircncias acadecircmicas e sociais relevantes Atualmente a maioria dos perioacutedicos cientiacuteficos solicita que sejam descritas as contribuiccedilotildees de todos os autores envolvidos no trabalho Recomenda-se que o grupo responsaacutevel pela pesquisa desenvolva poliacuteticas de autoria as quais atendam agrave questatildeo da quantidade e do tipo de contribuiccedilatildeo que iraacute qualificar aquele indiviacuteduo como autor (FERRAZ 2016)
De uma forma geral a principal atribuiccedilatildeo que caracteriza o participante como autor eacute a sua contribuiccedilatildeo intelectual para a pesquisa e para o manuscrito e incluem (a) participaccedilatildeo na concepccedilatildeo ou delineamento do estudo participaccedilatildeo na
138 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados ou ambos (b) redaccedilatildeo do manuscrito ou sua revisatildeo incluindo criacutetica intelectual importante de seu conteuacutedo A simples participaccedilatildeo na coleta de dados natildeo justifica autoria (MONTENEGRO amp ALVES 1997) Todos os autores de um manuscrito devem fornecer a aprovaccedilatildeo final da versatildeo a ser publicada e devem ter participado suficientemente do trabalho para poder assumir publicamente a responsabilidade pelo seu conteuacutedo (INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS 2019)
Para auxiliar no processo de definiccedilatildeo de autoria algumas entidades desenvolveram criteacuterios como a International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) que passaram a ser adotados por parcela importante dos perioacutedicos cientiacuteficos da aacuterea meacutedica As principais recomendaccedilotildees desse comitecirc podem ser acessadas no documento disponiacutevel em httpwwwicmjeorgicmje-recommendationspdf
Segundo o INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS (2019)
bull Obtenccedilatildeo de financiamento coleta de dados ou supervisatildeo geral de um grupo de pesquisa natildeo satildeo por si soacute criteacuterios para autoria ou coautoria
bull Todas as pessoas designadas como autoras ou coautoras deveratildeo ser qualificadas e listadas
bull Cada autor ou coautor deveraacute ter participado suficientemente do trabalho para ter responsabilidade puacuteblica sobre segmentos apropriados do conteuacutedo
bull Em estudos multicecircntricos com grande nuacutemero de participantes o grupo deveraacute identificar os indiviacuteduos que aceitam a responsabilidade direta pelo manuscrito
bull A ordem dos autores e coautores seraacute decidida pelo grupo que deveraacute estar apto a explicaacute-la
bull Pessoas que colaboraram com o estudo mas cuja contribuiccedilatildeo natildeo justifica autoria ou coautoria podem ser listadas nos Agradecimentos como ldquoinvestigadores cliacutenicosrdquo ou ldquoinvestigadores participantesrdquo seguidas de sua funccedilatildeo ou contribuiccedilatildeo por exemplo ldquocoleta de dadosrdquo ldquoencaminhamento e cuidados aos pacientes do estudordquo etc
bull Outras pessoas que tenham dado contribuiccedilotildees substanciais e diretas para o trabalho mas que natildeo possam ser consideradas autores podem ser citadas na seccedilatildeo Agradecimentos se possiacutevel suas contribuiccedilotildees especiacuteficas devem ser descritas Apoio financeiro tambeacutem deveraacute ser mencionado nesta seccedilatildeo
bull Considerando-se que os leitores podem inferir que as pessoas listadas em agradecimentos endossam os resultados e as conclusotildees todas devem dar permissatildeo por escrito para serem agradecidas
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 139
Outra maneira de determinar criteacuterios de autoria eacute atribuir pontos para as diferentes atividades da pesquisa Petroianu (2002) sugere a seguinte pontuaccedilatildeo de acordo com a participaccedilatildeo no trabalho (quadro 161) Tais escores podem ser adaptados de acordo com criteacuterios proacuteprios de cada grupo de pesquisa
Quadro 161 mdash Pontuaccedilatildeo de autoria de acordo com a participaccedilatildeo na pesquisa
Participaccedilatildeo PontosCriar a ideia que originou o trabalho e elaborar hipoacuteteses 6
Estruturar o meacutetodo de trabalho 6Orientar ou coordenar o trabalho 5Escrever o manuscrito 5Coordenar o grupo que escreveu o manuscrito 4Rever a literatura 4Apresentar sugestotildees importantes incorporadas ao trabalho 4
Resolver problemas fundamentais do trabalho 4Criar aparelhos para a realizaccedilatildeo do trabalho 3Coletar dados 3Analisar os resultados estatisticamente 3Orientar a redaccedilatildeo do manuscrito 3Preparar a apresentaccedilatildeo do trabalho para evento cientiacutefico 3
Apresentar o trabalho em evento cientiacutefico 2Chefiar o local onde o trabalho foi realizado 2Fornecer pacientes ou materiais para o trabalho 2Conseguir verbas para a realizaccedilatildeo da pesquisa 2Apresentar sugestotildees menores incorporadas ao trabalho 1
Trabalhar na rotina da funccedilatildeo sem contribuiccedilatildeo intelectual 1
Teratildeo direito agrave autoria os colaboradores que tiverem alcanccedilado 7 pontos A sequecircncia dos autores poderaacute ser em ordem decrescente de pontuaccedilatildeo Adaptado de Petroianu (2002)
Finalmente apoacutes a preparaccedilatildeo do manuscrito quem assume a responsabilidade pela comunicaccedilatildeo com os editores do perioacutedico eacute o autor correspondente Na maioria das vezes ele tambeacutem eacute responsaacutevel pela revisatildeo final aleacutem de atender agraves normas do processo editorial entre outras No entanto essas funccedilotildees podem ser delegadas a um ou mais coautores
140 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
162 PLAacuteGIO ACADEcircMICO CONHECER PARA EVITAR
Segundo o Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa plaacutegio vem do verbo plagiar o mesmo que imitar reproduzir copiar ou como dizem Diniz e Terra (2014) ldquouma apropriaccedilatildeo indevida e natildeo autorizada na criaccedilatildeo literaacuteriardquo Partindo dessa ideia eacute necessaacuterio apresentar que no contexto acadecircmico existem diversos conceitos referentes agrave utilizaccedilatildeo desse recurso na produccedilatildeo cientiacutefica e seratildeo esses os aspectos a serem abordados neste toacutepico
O plaacutegio eacute um tema comum na atualidade principalmente quando se trata da esfera acadecircmica mas tambeacutem da esfera social e profissional visto que o ato de plagiar vai muito aleacutem do famoso Ctrl C + Ctrl V Plagia-se tudo por exemplo capiacutetulos de livros monografias teses de doutorado artigos fotos letras de muacutesica obras de arte o que varia nessas modalidades de plaacutegio eacute o tipo caso seja parcial ou integral (DINIZ TERRA 2014)
A questatildeo principal que deve ser debatida acerca dessa temaacutetica eacute como ficou acessiacutevel por meio da internet o acesso a todo tipo de material principalmente acadecircmico muitas vezes de forma gratuita e sem a identificaccedilatildeo correta dos autores o que pode propiciar a praacutetica do plaacutegio A riqueza de dados nas diferentes paacuteginas eletrocircnicas facilita e enriquece a escrita cientiacutefica no entanto esta deve ocorrer seguindo princiacutepios eacuteticos que resguardem o direito autoral (BISCALCHIM amp ALMEIDA 2011)
Infelizmente apesar da existecircncia de legislaccedilatildeo que condene o plaacutegio ainda haacute um nuacutemero substancial de coacutepias indevidas de trabalhos situaccedilatildeo bastante evidenciada em teses dissertaccedilotildees e artigos cientiacuteficos Vaacuterios motivos contribuem para isso e alguns deles satildeo demonstrados no quadro 162
Quadro 162 mdash Motivos para o uso frequente da praacutetica do plaacutegio acadecircmico
bull Facilidade de acesso agrave informaccedilatildeo
bull Falta de capacidade para parafrasear
bull Pouco valor agrave produccedilatildeo proacutepria
bull Falta de anaacutelise criacutetica dos trabalhos pesquisados
bull Confusatildeo quanto agrave autoria dos trabalhos
bull Incentivo ao plaacutegio nos niacuteveis fundamental e meacutedio
bull Facilidade de acesso a programas de traduccedilatildeo
bull Desconhecimento de regulamentaccedilotildees de escrita cientifica
Fonte RODRIacuteGUEZ 2012
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 141
Diante disso eacute importante mencionar a Lei de Regulamentaccedilatildeo dos Direitos Autorais (disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl9610htm) Esse ato eacute regulado pelo conjunto de prerrogativas conferidas pela legislaccedilatildeo a qualquer pessoa fiacutesica ou juriacutedica que tenha criado uma obra intelectual para que esta possa gozar dos benefiacutecios que resultem de sua criaccedilatildeo original Ou seja apropriar-se dessas criaccedilotildees sem que se faccedila a devida referecircncia fere questotildees eacuteticas e morais uma vez que quando se assume a autoria de algo deve-se compreender a responsabilidade inerente a esse ato
Como identificar e evitar o plaacutegio
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) define que plaacutegio consiste na apresentaccedilatildeo de resultados e conclusotildees obtidos por outros autores como se fosse de sua autoria caracterizando dessa forma como fraude ou maacute conduta Dessa forma eacute importante avaliar a intenccedilatildeo dos autores diante dessa situaccedilatildeo pois o autor tendo consciecircncia plena do ato ou seja de utilizar o texto como proacuteprio de forma intencional pode ser considerado fraudulento e responder criminalmente
No entanto vale ressaltar que existe a possibilidade do plaacutegio por ocasiatildeo ou plaacutegio ocasional o qual utiliza trechos de diferentes fontes sem a devida citaccedilatildeo ou o plaacutegio atribuiacutedo ao desconhecimento das regras de citaccedilatildeo que por natildeo ter intenccedilatildeo consciente torna-se ldquomenosrdquo fraudulento (DEMO 2011)
Uma pesquisa realizada no Paranaacute em 2008 mostrou que muitos estudantes recorrem agrave praacutetica do plaacutegio pela dificuldade de identificar e fazer citaccedilotildees indiretas e de referenciar de maneira correta as citaccedilotildees diretas o que leva a muitos acadecircmicos cometerem plaacutegio natildeo intencional (SILVA 2008)
Diversas ferramentas digitais podem ajudar os pesquisadores a identificar qual o grau de similaridade do seu trabalho com outros materiais previamente publicados Softwares antiplaacutegio estatildeo disponiacuteveis para download e satildeo de grande apoio para a produccedilatildeo acadecircmica atual Como exemplos httpwwwplagiumcom e httpplagiarismanet
Tipos de plaacutegio acadecircmico
Segundo Rodriacuteguez (2012) o plaacutegio pode ser categorizado em trecircs diferentes agrupamentos
bull plaacutegios de forma pode ser subdividido em autoplaacutegio falsa autoria envio duplo roubo de material
bull plaacutegios de meacutetodos correspondem ao famoso ldquocopiar-colarrdquo uso de paraacutefrases inadequadas referecircncia perdida referecircncia falsa fabricaccedilatildeo de dados e roubo de ideias
bull plaacutegios de propoacutesitos podem ser intencionais natildeo intencionais ou acidentais
142 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Aleacutem dessa categorizaccedilatildeo existem outras classificaccedilotildees para a praacutetica do plaacutegio Os autores do blog de viacutedeo TCC Monografias Artigos httpswwwyoutubecomwatchv=NryG4H_-Eo4 apresentam por meio de uma seacuterie de sete viacutedeos uma diferente abordagem do plaacutegio acadecircmico e maneiras para se evitar a praacutetica natildeo intencional do recurso
Consideraccedilotildees finais acerca do plaacutegio
A academia deve estimular que os jovens pesquisadores natildeo sejam apenas reprodutores de informaccedilotildees Eles devem por sua vez ser capazes de gerar conhecimento e produzir conteuacutedo relevante para a ciecircncia A internet deve ser utilizada apenas como um meio de acesso a uma vasta fonte bibliograacutefica facilitando a elaboraccedilatildeo de conteuacutedo cientiacutefico novo e eacutetico estimulando uma formaccedilatildeo acadecircmica consciente no que diz respeito agrave construccedilatildeo do conhecimento (DEMO 2011)
Partindo dessa ideia as universidades deveriam enfatizar as consequecircncias da praacutetica de plaacutegio na vida do aluno ldquoa impossibilidade de inovar de pensar e criar algo novo para o desenvolvimento da ciecircnciardquo (IMAYUIKI 2008)
163 TRABALHO EM EQUIPE
O trabalho em equipe eacute essencial agrave Ciecircncia A maioria das grandes descobertas cientiacuteficas da humanidade somente foram possiacuteveis devido ao trabalho de grupos de pesquisadores Trabalhar em equipe permite economia de tempo e dinheiro troca de expertises entre diversas aacutereas multidisciplinares complementares com incremento na qualidade final do estudo
Apesar da importacircncia a formaccedilatildeo de grupos de pesquisa ou a participaccedilatildeo em tais atividades podem ser tarefas aacuterduas que demandam persistecircncia e organizaccedilatildeo Partindo dessa ideia faz-se necessaacuteria uma reflexatildeo sobre as aptidotildees pessoais para a atuaccedilatildeo como pesquisador vocaccedilatildeo que exige motivaccedilatildeo persistente responsabilidade renuacutencia e comprometimento
Como o puacuteblico-alvo desse e-book eacute o estudante que ainda estaacute a se iniciar na vida acadecircmica ou o jovem pesquisador seratildeo abordados brevemente alguns aspectos sobre a participaccedilatildeo dos estudantes em grupos de pesquisa
Um dos principais motivadores dos alunos de graduaccedilatildeo para a participaccedilatildeo em pesquisas sem duacutevida eacute a melhora do curriacuteculo visando a melhores pontuaccedilotildees em concursos e seleccedilotildees apoacutes a graduaccedilatildeo No entanto embora este seja um gatilho inicial vaacutelido e necessaacuterio participar do meio acadecircmico-cientiacutefico propriamente dito vai muito aleacutem disso Enfatiza-se que a experiecircncia inicial do aluno nesses primeiros anos de vida acadecircmica poderaacute ser crucial para sua efetivaccedilatildeo enquanto pesquisador no futuro
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 143
Para a participaccedilatildeo em grupos de pesquisa ou mesmo para a contribuiccedilatildeo isolada em um estudo pontual os alunos devem considerar alguns aspectos a fim de evitar problemas ao longo de sua vivecircncia mesmo que breves enquanto pesquisadores Satildeo eles
bull Quanto tempo disponiacutevel tenho para dedicar-me agrave pesquisa
bull Quanto tempo a pesquisa vai durar Em quanto tempo vou concluir o curso Como a minha ausecircncia antecipada repercutiraacute sobre o grupo
bull Qual a minha melhor aptidatildeo Comunicaccedilatildeo Relacionamentos Escrita Lideranccedila
bull Quais satildeo os meus objetivos enquanto acadecircmico E os objetivos pessoais
Feito isso o aluno estaraacute apto a dar os primeiros passos nesse universo desafiador e cativante para quiccedilaacute transformar a motivaccedilatildeo inicial em apenas melhorar o seu curriacuteculo em um interesse genuiacuteno para a vida acadecircmica
144 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
BISCALCHIM A C S ALMEIDA M A Direitos autorais informaccedilatildeo e tecnologia impasses e potencialidades Liinc em Revista Rio de Janeiro v 7 n 2 p 638-652 2011 Disponiacutevel em httpsrepositoriouspbritem002247739 Acesso em 09 abr 2020
DEMO P Remix pastiche plaacutegio autorias da nova geraccedilatildeo Meta Avaliaccedilatildeo v 3 n 8 p 125-144 maioago 2011 Disponiacutevel em httprevistascesgranrioorgbrindexphpmetaavaliacaoarticleview119150 Acesso em 09 abr 2020
MARULANDA L C S PLAacuteGIO PALAVRAS ESCONDIDAS Diniz D Terra A Brasiacutelia Letras LivresRio de Janeiro Editora Fiocruz 2014 195p ISBN 978-85-98070-36-0 (Letras Livres) ISBN 978-85-98070-37-7 (Editora Fiocruz) Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 31 n 2 p 439-440 Fev 2015 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2015000200439 Acesso em 09 abr 2020
IMAYUKI G Eacutetica do direito autoral Uma breve anaacutelise eacutetica-juriacutedica Kerygma Satildeo Paulo v 4 n 2 p 17-41 out 2008 Disponiacutevel em httpsrevistasunaspedubrkerygmaarticleview231 Acesso em 09 abr 2020
INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS Recommendations for the conduct reporting editing and publication of scholarly Work in medical journals[S l] ICMJE 2019 Disponiacutevel em httpwwwicmjeorgicmje-recommendationspdf Acesso em 09 abr 2020
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MONTENEGRO M R ALVES V A F Criteacuterios de autoria e co-autoria em trabalhos cientiacuteficos Acta bot bras Feira de Santana v 11 n 2 p 273-276 1997 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfabbv11n2v11n2a14pdf Acesso em 09 abr 2020
PETROIANU A Autoria de um trabalho cientiacutefico Rev Assoc Med Bras Satildeo Paulo v 48 n 1 p 60-65 2002 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdframbv48n1a31v48n1pdf Acesso em 09 abr 2020
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 145
RODRIacuteGUEZ A S El plagio y su impacto a niacutevel acadecircmico y professional E-Ciencias de la Informaciacuteon San Joseacute v 2 n 1 p 1-13 enerojun 2012 Disponiacutevel em httpswwwredalycorgpdf4768476848735003pdf Acesso em 09 abr 2020
SILVA O S F Entre plagio e a autoria qual o papel da universidade Rev Bras Educ Rio de Janeiro v 13 n 38 p 357-414 maioago 2008 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrbeduv13n3812pdf Acesso em 09 abr 2020
147
17ASPECTOS EacuteTICOS DAS PESQUISAS COM
SERES HUMANOS
Juliana Ferreira ParaacuteMaacutercia Maria Pinheiro Dantas
Clarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoA eacutetica eacute a esteacutetica de dentrordquo
Pierre Reverdy
171 INTRODUCcedilAtildeO
Para um melhor entendimento sobre os aspectos eacuteticos das pesquisas envolvendo seres humanos eacute importante refletir um pouco sobre o conceito de eacutetica A eacutetica eacute um segmento da filosofia que se dedica agrave anaacutelise das razotildees que ocasionam alteram ou orientam a maneira de agir do ser humano geralmente levando em consideraccedilatildeo seus valores morais (ARAUacuteJO 2012)
Os princiacutepios baacutesicos da eacutetica em pesquisa consistem em permitir a autonomia dos pacientes praticar a beneficecircncia e a natildeo maleficecircncia respeitando a equidade e a justiccedila Para que uma pesquisa com seres humanos em qualquer aacuterea do conhecimento seja considerada eacutetica deveraacute atender aos seguintes requisitos miacutenimos (1) ter uma justificativa cientiacutefica e poder responder agraves incertezas levantadas (2) somente pesquisar em humanos se natildeo houver outros meios de se obter o conhecimento buscado (3) a probabilidade de os benefiacutecios serem maiores que a dos riscos previsiacuteveis (4) natildeo utilizar seres humanos em experimentos natildeo previamente testados em laboratoacuterios animais ou por fatos cientiacuteficos (ARAUacuteJO 2012)
O objetivo deste capiacutetulo seraacute demonstrar resumidamente os princiacutepios que norteiam a eacutetica em pesquisa com seres humanos tecendo um breve histoacuterico sobre a evoluccedilatildeo do processo de regulamentaccedilatildeo eacutetica no Brasil e no mundo permitindo que os jovens pesquisadores adquiram uma melhor compreensatildeo sobre o tema
148 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
172 HISTOacuteRIA DA REGULAMENTACcedilAtildeO DA PESQUISA COM SERES HUMANOS
Segundo Arauacutejo (2012) ldquoa busca por novos conhecimentos ocorre desde os primoacuterdios da humanidaderdquo No entanto ao longo dos anos a busca pelo saber nem sempre respeitou a condiccedilatildeo humana e vaacuterios exemplos atestam esse fato
Na Escola de Alexandria no secIII aC Heroacutefilo de Capadoacutecia (325-280 aC) e Erassistrato de Cleo (304-205 aC) fizeram grandes descobertas anatocircmicas e fisioloacutegicas utilizando a teacutecnica de vivisseccedilotildees em criminosos condenados agrave morte No periacuteodo do Renascimento os meacutedicos Andreacute Versalio (1514-1564) e Ambroacutesio Pareacute (1510-1590) dissecaram o cracircnio de condenados agrave morte para conhecer a trajetoacuteria exata de uma lanccedila no olho para poder tratar o rei da Franccedila Henrique II ferido em uma batalha Na Inglaterra em 1721 o cirurgiatildeo inglecircs Charles Maitland inoculou variacuteola em seis prisioneiros com a promessa de liberdade para estudar o curso natural da doenccedila Entre 1931 e 1945 na ocupaccedilatildeo japonesa na China prisioneiros de guerra e integrantes da populaccedilatildeo civil foram cobaias em experiecircncias com armas quiacutemicas e bacterioloacutegicas Durante a Segunda Guerra Mundial os nazistas desenvolveram diversas pesquisas com seres humanos sem nenhuma limitaccedilatildeo moral (ARAUacuteJO 2012)
Foi justamente apoacutes o final da Segunda Guerra Mundial que as maiores discussotildees acerca dos limites eacuteticos das pesquisas envolvendo seres humanos foram intensificadas Apesar dos avanccedilos nas aacutereas tecnoloacutegica e meacutedica obtidos agrave custa de pesquisas sem regulamentaccedilatildeo financiadas pelo regime nazista e naccedilotildees simpatizantes (ou como descrito por Miguel Kottow ldquotorturas disfarccediladas de pesquisardquo) durante o Julgamento de Nuremberg que ocorreu ao teacutermino do conflito diversos indiviacuteduos (incluindo meacutedicos e pesquisadores) foram acusados e condenados por crimes de guerra
Esse julgamento gerou uma intensa discussatildeo sobre a forma de se fazer pesquisas em todo o mundo sendo considerado um marco para a regulamentaccedilatildeo da praacutetica de pesquisas com seres humanos Culminou em 1947 na criaccedilatildeo de um documento denominado Coacutedigo de Nuremberg (WORLD MEDICAL ASSOCIATION 1964) Esse coacutedigo versava sobre a individualidade do ser e sobre a autonomia para decidir se um potencial voluntaacuterio de uma pesquisa tinha interesse em participar de determinado estudo ou natildeo Aleacutem disso o Coacutedigo de Nuremberg trazia agrave tona outras questotildees importantes como transparecircncia relevacircncia social do estudo e proteccedilatildeo aos participantes
No ano seguinte em 1948 foi publicada pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) a Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem Trata-se do primeiro documento juriacutedico internacional que apresenta um cataacutelogo completo dos direitos humanos (disponiacutevel em httpswwwunorgenuniversal-declaration-human-
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 149
rights) Esse documento que delineia os direitos humanos baacutesicos foi idealizado principalmente pelo canadense John Peters Humphrey e foi aprovado por 48 paiacuteses membros das Naccedilotildees Unidas (ONU 1948)
Em 1964 foi promulgada pela Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial (World Medical Association WMA) a Declaraccedilatildeo de Helsinque aprimorando e reafirmando premissas eacuteticas jaacute estabelecidas previamente e incorporando outros aspectos que satildeo adotados ateacute os dias atuais como o ldquoConsentimento Informadordquo Tal ldquoconsentimentordquo ratifica a importacircncia do entendimento do paciente sobre a pesquisa e inclui situaccedilotildees que natildeo haviam sido previstas como incapacidade mental ou reclusatildeo A Declaraccedilatildeo de Helsinque tambeacutem foi um marco jaacute que eacute o iniacutecio do que hoje se conhece como bioeacutetica Ao longo dos anos essa declaraccedilatildeo foi atualizada oito vezes sendo a uacuteltima delas durante a Assembleia Geral da WMA realizada em outubro de 2013 em Fortaleza (httpswwwwmanetwp-contentuploads201611491535001395167888_DoHBrazilianPortugueseVersionRevpdf)
173 PESQUISA COM SERES HUMANOS NO BRASIL
A regulamentaccedilatildeo da eacutetica em pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil teve seu iniacutecio com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 poreacutem apenas em 1996 apoacutes a aprovaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo 196 do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) um dos principais marcos da pesquisa cliacutenica em acircmbito nacional foi criado um sistema nacional soacutelido de apreciaccedilatildeo eacutetica essencial para o desenvolvimento da pesquisa com seres humanos no Brasil
Essa resoluccedilatildeo aprovou as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos no paiacutes criando e normatizando o sistema de apreciaccedilatildeo eacutetica constituiacutedo por instacircncias regionais ndash os Comitecircs de Eacutetica em Pesquisa (CEP) ndash e uma instacircncia federativa ndash a Comissatildeo Nacional de Eacutetica em Pesquisa (CONEP) ndash oacutergatildeo nacional de controle de pesquisas envolvendo seres humanos e que juntos constituem o Sistema CEPCONEP Foi essa resoluccedilatildeo que no Brasil instituiu pela primeira vez a necessidade do ldquoConsentimento Livre e Esclarecidordquo que daria origem futuramente ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) tal qual se conhece hoje
Apoacutes 15 anos de vigecircncia a Resoluccedilatildeo CNS 1961996 foi revogada sendo substituiacuteda pela Resoluccedilatildeo CNS 4662012 documento atualmente vigente e de leitura recomendada para todo jovem pesquisador no paiacutes (httpconselhosaudegovbrresolucoes2012Reso466pdf) Outro documento importante e atualmente em vigor eacute a Norma Operacional Nordm 0012013 (httpwwwhgbrjsaudegovbrceapNorma_Operacional_001-2013pdf) que versa sobre a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema CEPCONEP e sobre os procedimentos para submissatildeo avaliaccedilatildeo e acompanhamento
150 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
da pesquisa e de desenvolvimento envolvendo seres humanos no Brasil
Adicionalmente resoluccedilotildees complementares e de temas especiacuteficos foram implementados e podem ser encontradas na Plataforma Brasil que disponibiliza links para todas as resoluccedilotildees em vigecircncia no Paiacutes
Ainda como leitura adicional sugerimos o capiacutetulo XII do Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica que versa sobre Ensino e Pesquisa Meacutedica (CFM 2019)
174 Sistema CEPCONEP no Brasil o que eacute e como funciona
Como mencionado anteriormente o Sistema CEPCONEP regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil avaliando a viabilidade a seguranccedila e o respeito aos requisitos eacuteticos normatizados pela Resoluccedilatildeo 4662012 e complementares De uma forma descentralizada tais comitecircs satildeo responsaacuteveis por aprovar os projetos de pesquisa antes de seu iniacutecio e acompanhar a sua execuccedilatildeo e teacutermino
O CEP eacute constituiacutedo por um comitecirc local e idealmente deve estar presente em todas as instituiccedilotildees que pretendem investir em pesquisas com seres humanos Aleacutem de avaliarem os aspectos eacuteticos da pesquisa e emitirem pareceres de anaacutelise os CEPs tecircm papel educativo e consultivo para pesquisadores comunidade institucional participantes da pesquisa e comunidade em geral funcionando como agente corresponsaacutevel pelo desenvolvimento do estudo
A CONEP por sua vez aleacutem de ser responsaacutevel por aspectos eacuteticos emissatildeo de pareceres e encarregar-se do aspecto normativo coordena e supervisiona todos os CEPs cabendo a ela a acreditaccedilatildeo o registro e a capacitaccedilatildeo contiacutenua desses comitecircs Aleacutem disso alguns estudos de aacutereas temaacuteticas especiais precisam de apreciaccedilatildeo e aprovaccedilatildeo do CEP e da CONEP (quadro 171)
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 151
Quadro 171 mdash Pesquisas em aacutereas temaacuteticas especiais que necessitam de apreciaccedilatildeo pela CONEP
1Geneacutetica humana quando o projeto envolver11envio para o exterior de material geneacutetico ou qualquer material bioloacutegico humano para obtenccedilatildeo de material geneacutetico salvo nos casos em que houver cooperaccedilatildeo com o Governo Brasileiro12armazenamento do material bioloacutegico ou dos dados geneacuteticos humanos no exterior e no Paiacutes quando estiver conveniada com instituiccedilotildees estrangeiras ou em instituiccedilotildees comerciais13alteraccedilotildees da estrutura geneacutetica de ceacutelulas humanas para utilizaccedilatildeo in vivo14pesquisas na aacuterea da geneacutetica da reproduccedilatildeo humana (reprogeneacutetica)15pesquisas em geneacutetica do comportamento e16pesquisas nas quais esteja prevista a dissociaccedilatildeo irreversiacutevel dos dados dos participantes de pesquisa2Reproduccedilatildeo humana pesquisas que se ocupam com o funcionamento do aparelho reprodutor procriaccedilatildeo e fatores que afetam a sauacutede reprodutiva de humanos sendo que nessas pesquisas seratildeo considerados ldquoparticipantes da pesquisardquo todos os que forem afetados pelos procedimentos delasCaberaacute anaacutelise da CONEP quando o projeto envolver21reproduccedilatildeo assistida 22manipulaccedilatildeo de gametas preacute-embriotildees embriotildees e feto e23medicina fetal quando envolver procedimentos invasivos3 Equipamentos e dispositivos terapecircuticos novos ou natildeo registrados no Paiacutes 4 Novos procedimentos terapecircuticos invasivos5 Estudos com populaccedilotildees indiacutegenas 6 Projetos de pesquisa que envolvam organismos geneticamente modificados (OGM) ceacutelulas-tronco embrionaacuterias e organismos que representem alto risco coletivo incluindo organismos relacionados a eles nos acircmbitos de experimentaccedilatildeo construccedilatildeo cultivo manipulaccedilatildeo transporte transferecircncia importaccedilatildeo exportaccedilatildeo armazenamento liberaccedilatildeo no meio ambiente e descarte 7 Protocolos de constituiccedilatildeo e funcionamento de biobancos para fins de pesquisa8 Pesquisas com coordenaccedilatildeo eou patrociacutenio originados fora do Brasil excetuadas aquelas com copatrociacutenio do Governo Brasileiro e9 Projetos que a criteacuterio do CEP e devidamente justificados sejam julgados merecedores de anaacutelise pela CONEP
175 O que eacute necessaacuterio para submeter um projeto de pesquisa na Plataforma Brasil
Todas as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil devem ser submetidas ao Sistema CEPCONEP via Plataforma Brasil Uma pesquisa soacute poderaacute ser iniciada apoacutes a apreciaccedilatildeo eacutetica e a aprovaccedilatildeo concedida por esse sistema
Todo projeto de pesquisa que seja submetido agrave apreciaccedilatildeo pelo Sistema CEPConep precisa de um ldquoprotocolo de pesquisardquo que eacute um conjunto de documentos que contemplam a descriccedilatildeo do estudo em seus aspectos fundamentais e as informaccedilotildees relativas ao participante da pesquisa agrave qualificaccedilatildeo dos pesquisadores e a todas as instacircncias responsaacuteveis Partindo dessa definiccedilatildeo espera-se que o protocolo de pesquisa a ser enviado para anaacutelise via Plataforma Brasil contenha
152 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull folha de rosto
bull declaraccedilotildees pertinentes
bull declaraccedilatildeo de compromisso do pesquisador responsaacutevel
bull garantia de que os benefiacutecios resultantes do projeto retornem aos participantes da pesquisa seja em termos de retorno social acesso aos procedimentos produtos seja como agentes da pesquisa
bull orccedilamento financeiro
bull cronograma
bull Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
bull demonstrativo da existecircncia de infraestrutura necessaacuteria e apta ao desenvolvimento da pesquisa e para atender eventuais problemas dela resultantes com documento que expresse a concordacircncia da instituiccedilatildeo eou organizaccedilatildeo por meio de seu responsaacutevel maior com competecircncia
bull outros documentos que se fizerem necessaacuterios de acordo com a especificidade da pesquisa
bull projeto de pesquisa original na iacutentegra incluindo embasamento teoacuterico justificativa objetivos meacutetodos e anaacutelise dos riscos e benefiacutecios da pesquisa
176 O TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Entre os documentos de um protocolo de pesquisa especial atenccedilatildeo deve ser dispensada ao TCLE motivo frequente de equiacutevocos na documentaccedilatildeo submetida agrave apreciaccedilatildeo eacutetica pelo Sistema CEPCONEP gerando pareceres que sinalizam pendecircncias para os pesquisadores e possiacutevel atraso no iniacutecio da pesquisa
Este documento deve ser elaborado sob a forma de convite e visa explicar para o participante por meio de uma linguagem clara e compreensiacutevel as seguintes questotildees relacionadas agrave pesquisa
bull objetivos justificativa e meacutetodos de pesquisa
bull garantia de esclarecimento (antes e durante todo o curso da pesquisa) sobre o estudo
bull duraccedilatildeo esperada da participaccedilatildeo do sujeito
bull modo como se daraacute o estudo
bull responsaacutevel pelo acompanhamento e pela assistecircncia
bull liberdade do sujeito para desistir a qualquer momento
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 153
bull sigilo de dados confidenciais coletados
bull benefiacutecios e malefiacutecios que possam acometer o sujeito
bull informaccedilatildeo da possibilidade da inclusatildeo em grupo controle ou placebo
bull cobertura pelos pesquisadores de quaisquer problemas provenientes da intervenccedilatildeo da pesquisa gastos meacutedicos incapacidade do falecimento e de como se daraacute a cobertura financeira (formas de ressarcimento) nos casos citados
O TCLE precisa ser assinado pelo participante da pesquisa e pelo pesquisador em duas vias sendo uma retida pelo sujeito da pesquisa ou por seu representante legal e uma arquivada pelo pesquisador Nos casos em que seja impossiacutevel registrar o consentimento livre e esclarecido tal fato deve ser devidamente documentado com a explicaccedilatildeo das causas da impossibilidade e parecer do CEP No caso de um indiviacuteduo que natildeo seja capaz precisa haver um consentimento por delegaccedilatildeo de um representante legal adequadamente autorizado Espaccedilos datiloscoacutepicos devem estar presentes para o caso de participantes natildeo alfabetizados
Situaccedilotildees especiais na obtenccedilatildeo do Consentimento Livre e Esclarecido
bull Pacientes menores de 16 anos o consentimento deveraacute ser dado por um dos pais ou na inexistecircncia deles pelo parente mais proacuteximo ou responsaacutevel legal Nos indiviacuteduos na faixa etaacuteria pediaacutetrica mas com idade suficiente para compreensatildeo sobre a sua participaccedilatildeo em uma pesquisa (em geral acima de 10 anos) o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido tambeacutem deveraacute ser obtido (TALE) Este deveraacute ser elaborado em uma linguagem ainda mais acessiacutevel para o leitor pediaacutetrico
bull Paciente maior de 16 e menor de 18 anos consentimento obtido com a assistecircncia de um dos pais ou responsaacutevel
bull Paciente eou responsaacutevel analfabeto o presente documento deveraacute ser lido em voz alta para o paciente e seu responsaacutevel na presenccedila de duas testemunhas que firmaratildeo tambeacutem o documento
bull Paciente deficiente mental incapaz de manifestaccedilatildeo de vontade suprimento necessaacuterio da manifestaccedilatildeo de vontade por seu representante legal
Existem modelos de TCLE disponiacuteveis na internet que podem ajudar o pesquisador (httpwwwaccgorgbruploadsarquivos1572ef4c10ee090e9fb7513f3055ddb4pdf) bem como roteiros para a sua elaboraccedilatildeo (httpwwwincoruspbrsitesincor2013docscomissao-cientificadocsTCLE-Versao_Marco2015pdf)
154 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
177 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Frequentemente os projetos de pesquisa submetidos agrave apreciaccedilatildeo eacutetica pelo Sistema CEPCONEP retornam para o pesquisador responsaacutevel com pareceres que apontam pendecircncias oriundas do desconhecimento e descumprimento dos requisitos miacutenimos exigidos pela regulamentaccedilatildeo eacutetica das pesquisas envolvendo seres humanos no paiacutes
Um ponto comum de inadequaccedilatildeo eacutetica presente em muitos projetos enviados para anaacutelise eacute afirmar que as pesquisas observacionais que natildeo promovam intervenccedilotildees natildeo apresentam riscos para os participantes No entanto a Resoluccedilatildeo do CNS 4662012 no paraacutegrafo V que trata dos ldquoRiscos e Benefiacuteciosrdquo afirma que ldquoToda pesquisa com seres humanos envolve risco em tipos e gradaccedilotildees variados Quanto maiores e mais evidentes os riscos maiores devem ser os cuidados para minimizaacute-los e a proteccedilatildeo oferecida pelo Sistema CEPCONEP aos participantes Devem ser analisadas possibilidades de danos imediatos ou posteriores no plano individual ou coletivordquo
Assim faz-se necessaacuterio que os pesquisadores sempre identifiquem quais os riscos envolvidos na pesquisa ainda que miacutenimos (quebra do sigilo de dados desconforto durante a entrevista etc) e quais medidas seratildeo adotadas para evitaacute-los e sanaacute-los
Por fim tais pendecircncias seriam reduzidas melhorando a eficiecircncia do sistema por meio de uma postura de busca ativa por parte dos proacuteprios pesquisadores antes da submissatildeo de seus projetos acerca da regulamentaccedilatildeo eacutetica a ser atendida bem como por meio de uma postura educativa de cada CEP local divulgando material consultivo visando ao alcance dos potenciais pesquisadores dentro da instituiccedilatildeo onde o comitecirc estaacute instalado
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 155
REFEREcircNCIAS
ARAUacuteJO L Z S Breve histoacuterico da bioeacutetica da eacutetica em pesquisa agrave bioeacutetica In REGO S PALAacuteCIOS M Comitecircs de eacutetica em pesquisa teoria e praacutetica Rio de Janeiro FioCruz 2012 cap 03 p 71-84
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA Coacutedigo de eacutetica meacutedica Brasiacutelia CFM 2019 Disponiacutevel em httpsportalcfmorgbrimagesPDFcem2019pdf Acesso em 10 abr 2020
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Resoluccedilatildeo nordm 466 de 12 de dezembro de 2012 Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasiacutelia CNS 2012 Disponiacutevel em httpconselhosaudegovbrresolucoes2012Reso466pdf Acesso em 01 dez 2019
SOUZA G G M Prefaacutecio In SANTOS P C NASCIMENTO E G C (org) Comitecirc de eacutetica em pesquisa com seres humanos o que eacute necessaacuterio saber para aprovar um projeto de pesquisa Mossoroacute UERN 2018 p 6-10 Disponiacutevel emhttpwwwuernbrcontroledepaginaspropeg-comissoes-ceparquivos3121livropdf Acesso em 10 abr 2020
WORLD MEDICAL ASSOCIATION DECLARATION OF HELSINKI Recommendations guiding physicians in biomedical research involving human subjects Somerset West [sn] 1996 Disponiacutevel em httpswwwwmanetwp-contentuploads201611DoH-Oct1996pdf Acesso em Acesso em 07 jan 2021
UNIVERSAL Declaration of Human Rights [Sl ] United Nations [201-] Disponiacutevel em httpswwwunorgenuniversal-declaration-human-rights Acesso em 07 jan 2021
157
18COMO CRIAR O SEU CURRIacuteCULO NA
PLATAFORMA LATTES
Victor Gomes Pitombeira
ldquoDecidir o que natildeo fazer eacute tatildeo importante quanto decidir o que fazerrdquo
Steve Jobs
A Plataforma Lattes eacute uma ferramenta on-line de unificaccedilatildeo de curriacuteculos grupos de pesquisas e outras iniciativas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq 1999) No Brasil eacute de extrema importacircncia a criaccedilatildeo de um curriacuteculo Lattes uma vez que este tem sido o modelo de curriculum vitae utilizado pela maioria dos centros acadecircmicos e de pesquisa e seraacute o seu ldquocartatildeo de visitardquo no ambiente acadecircmico (MORETTI 2020 LOCATELLI 2013)
Ao se inscrever na Plataforma Lattes vocecirc se compromete a apresentar apenas informaccedilotildees compatiacuteveis com a realidade Natildeo insira nenhuma formaccedilatildeo que vocecirc natildeo possa provar ou inexistente sob pena de puniccedilatildeo criminal
181 PASSO A PASSO
Para iniciar a criaccedilatildeo do seu curriacuteculo Lattes acesse httplattescnpqbr
158 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Clique em ldquoCadastrar novo curriacuteculordquo Isso redirecionaraacute vocecirc a uma nova paacutegina
bull Nesta paacutegina vocecirc deve preencher os seus dados Certifique-se de ler os Termos de Adesatildeo e Compromisso disponibilizados em um link Os termos tambeacutem podem ser conferidos em httpswwwscnpqbrcvlatteswebpkg_cv_estrtermo
bull Clique na barra de opccedilotildees em ldquoPaiacutes de Nacionalidaderdquo e selecione seu paiacutes Apoacutes isso coloque seu e-mail e senha nas barras de digitaccedilatildeo apropriadas
bull Na paacutegina seguinte preencha os seus dados pessoais e clique em ldquoProacuteximardquo para prosseguir adiante
OBS Para fazer upload de uma foto clique no iacutecone pequeno ao lado do rosto azul que estaacute marcado com uma circunferecircncia vermelha na imagem acima Uma janela de busca do sistema abriraacute para que vocecirc possa selecionar um arquivo de imagem Evite imagens por demais informais Vocecirc pode utilizar as imagens de outros documentos de identificaccedilatildeo como RG ou Passaporte
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 159
bull Clique na barra de seleccedilatildeo referente a ldquoPaiacutesrdquo e selecione o paiacutes de sua residecircncia A barra de digitaccedilatildeo referente a CEP seraacute disponibilizada insira-o e o endereccedilo seraacute completado automaticamente pelo sistema Termine informando o telefone e celular Clique em ldquoProacuteximardquo para finalizar
OBS Caso for utilizar endereccedilo institucional selecione a opccedilatildeo Profissional e clique posteriormente na lupa na barra de seleccedilatildeo da instituiccedilatildeo para procurar a instituiccedilatildeo agrave qual vocecirc eacute filiado
bull Uma nova paacutegina abriraacute Clique na barra de opccedilotildees referente agrave ldquoFormaccedilatildeo acadecircmica concluiacutedardquo e selecione o niacutevel acadecircmico que quer referenciar adicionando-o ao seu curriacuteculo Apoacutes selecionar clique na lupa na barra de digitaccedilatildeo abaixo Um bloco apareceraacute para que vocecirc pesquise pela instituiccedilatildeo na qual vocecirc fez o niacutevel referenciado Digite o nome e clique em ldquoPesquisarrdquo o sistema apresentaraacute resultados semelhantes clique sobre o resultado ao qual vocecirc quer referenciar
OBS Caso sua instituiccedilatildeo natildeo esteja cadastrada no banco de dados o bloco sugeriraacute que vocecirc cadastre oferecendo um acesso com um ldquoclique aquirdquo Um novo bloco apareceraacute insira o nome da instituiccedilatildeo uma sigla e o paiacutes de origem
bull Apoacutes isso insira o ano de iniacutecio e de conclusatildeo do atual niacutevel que vocecirc estaacute referenciando no seu curriacuteculo Existe dois espaccedilos especiacuteficos para isso Apoacutes isso repita o mesmo processo para ldquoFormaccedilatildeo acadecircmica em conclusatildeordquo poreacutem desta vez referenciando a atual formaccedilatildeo em curso Clique em ldquoProacuteximardquo para prosseguir
bull Uma nova paacutegina apareceraacute Selecione ldquoSimrdquo se tiver algum viacutenculo profissional vigente Clique nas lupas e um novo bloco vai aparecer para pesquisar a instituiccedilatildeo agrave qual vocecirc estaacute vinculado Funciona da mesma forma explicada anteriormente para instituiccedilatildeo acadecircmica Quanto ao viacutenculo um novo bloco apareceraacute com uma barra de opccedilotildees para selecionar o tipo de viacutenculo selecione e clique em ldquoConfirmarrdquo Digite o cargo e iniacutecio do viacutenculo nas barras de digitaccedilatildeo Quando tudo estiver terminado clique em ldquoProacuteximordquo
160 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Na paacutegina seguinte clique na lupa no quadro de aacuterea de atuaccedilatildeo Um bloco com aacutervore esquemaacutetica das aacutereas cientiacuteficas apareceraacute Selecione a aacuterea em que vocecirc atua (as aacutereas selecionaacuteveis estatildeo em azul) Abaixo selecione os idiomas que vocecirc fala e apresente suas habilidades quando a compreensatildeo leitura fala e escrita Inclua o idioma nativo (ex portuguecircs) aleacutem dos natildeo nativos Clique em ldquoProacuteximardquo para terminar
bull Pronto Caso seu curriacuteculo tenha alguma pendecircncia um quadro do navegador abriraacute informando o que estaacute faltando Vocecirc poderaacute voltar agraves paacuteginas anteriores selecionando a barra de paacuteginas no topo da tela
182 Como alterar e atualizar o seu curriacuteculo Lattes
Entre na paacutegina do Portal Lattes em httplattescnpqbr
Apoacutes isso clique em ldquoAtualizar curriacuteculordquo conforme a imagem abaixo destaca
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 161
bull Faccedila seu login utilizando seu CPFe-mail e senha
bull Vocecirc seraacute redirecionado para uma nova paacutegina que permite a ediccedilatildeo de seu curriacuteculo Lattes
bull Ao posicionar o nome sobre cada nome deste como ldquoDados geraisrdquo ldquoFormaccedilatildeordquo ldquoAtuaccedilatildeordquo entre outros um pequeno pop-up como este mostrado na tela apareceraacute Ao clicar em uma das opccedilotildees do pop-up novos quadros apareceratildeo para inserir a formaccedilatildeo o artigo o projeto a formaccedilatildeo o viacutenculo empregatiacutecio ou a patente que vocecirc quer
A plataforma Lattes permite que vocecirc adicione vaacuterias atividades Escolha uma das opccedilotildees que mais se adeque ao que vocecirc estaacute querendo e insira a informaccedilatildeo
Aleacutem disso mantenha seu curriacuteculo sempre atualizado Deixar acumular os diplomas e certificados para inserir no curriacuteculo Lattes depois pode dificultar o processo Aleacutem disso quanto mais atual for seu curriacuteculo melhor seraacute sua imagem mostrando que vocecirc permanece interessado e atuante na aacuterea da pesquisa
162 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por fim lembre-se um curriacuteculo rico eacute um curriacuteculo que causa mais impacto Entretanto um curriacuteculo por demais extenso cheio de atividades com pouca relevacircncia natildeo eacute sinocircnimo de uma boa qualificaccedilatildeo profissional Priorize as competecircncias de maior impacto que tenham importacircncia para sua apresentaccedilatildeo como pesquisador em sauacutede
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 163
REFEREcircNCIAS
MORETTI I Como fazer curriacuteculo Lattes CNPQ Aprenda passo a passo tudo que vocecirc precisa saber para fazer o preenchimento correto do documento digital [S l s n] 2020 Disponiacutevel em httpsviacarreiracomcomo-fazer-curriculo-lattes-cnpq Acesso em 30 maio 2019
LOCATELLI P A Como preencher o curriacuteculo Lattes [Porto Alegre] UFRGS [2013] 103 Slides Disponiacutevel em httpposarqufscbrfiles201301comopreencherocurriculolattespdf Acesso em 30 maio 2019
165
19COMO UTILIZAR A TECNOLOGIA A FAVOR DA
PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA
Elias Silveira de BritoTaynara Falkenstins Gois Mendes
O intenso desenvolvimento tecnoloacutegico das uacuteltimas deacutecadas trouxe para todas as atividades humanas meios mais faacuteceis e raacutepidos de produccedilatildeo A busca por soluccedilotildees aacutegeis de baixo custo e praacuteticas tem acontecido em todos as aacutereas e meios da vida humana e a produccedilatildeo cientiacutefica natildeo poderia ficar de fora Desde softwares para escrita de textos ateacute bancos de dados a um clique novas ferramentas aparecem todos os dias para permitir que o desenvolvimento de um artigo se torne mais simples dinacircmico e eficiente
Este capiacutetulo busca apresentar algumas ferramentas uacuteteis para a produccedilatildeo e como utilizaacute-las ao seu favor na hora de escrever um material de qualidade Todo o conteuacutedo aqui apresentado foi obtido a partir dos endereccedilos eletrocircnicos durante o processo de levantamento dessas informaccedilotildees entre 2019 e 2020 Ressalta-se que natildeo haacute quaisquer conflitos de interesse envolvidos na elaboraccedilatildeo desse capiacutetulo
191 ESCRITA
Ateacute o iniacutecio dos anos 2000 escrever digitalmente era uma tarefa aacuterdua Os computadores eram lentos as plataformas de escrita arcaicas e a correccedilatildeo de gramaacutetica e ortografia ficava a cargo do proacuteprio autor ou revisores Para isso um artigo precisava passar por vaacuterias correccedilotildees e por vezes ser reescrito diversas vezes Hoje novos aplicativos e softwares apareceram para facilitar a escrita
Outro grande problema dos editores de texto comuns era a impossibilidade de fazer o texto simultaneamente com outros autores Essa barreira jaacute foi ultrapassada e vaacuterias pessoas podem contribuir em um mesmo texto atraveacutes de plataformas
bull Atlas ndash eacute uma plataforma inteligente para escrever estilizar e publicar seu artigo Permite colaboraccedilatildeo entre autores exportaccedilatildeo em vaacuterios formatos interatividade com imagens e viacutedeos aleacutem de permitir programaccedilatildeo digital para melhorar o desempenho do seu artigo Acompanhe mais em httpsatlasoreillycom
166 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Write ndash eacute um app minimalista que promete poucas distraccedilotildees visuais sincronizaccedilatildeo em vaacuterias maacutequinas e facilidade no uso Apesar de natildeo ser um aplicativo especializado na aacuterea cientiacutefica pode ser uacutetil para muitos autores Acesso em httpswriteappco
bull F1000 Workspace ndash uma ferramenta completa para reunir discutir e ler referecircncias aleacutem de permitir a escrita de novos artigos Eacute uma plataforma especializada em produccedilatildeo cientiacutefica que busca novos meacutetodos diariamente Veja em httpsf1000workspacecom
bull Authorea ndash um espaccedilo grandioso para escrever editar publicar e ler artigos cientiacuteficos Aleacutem disso permite a escrita colaborativa com os co-autores Busque em httpswwwauthoreacom
192 REFERENCIAMENTO
Elaborar as referecircncias bibliograacuteficas de uma produccedilatildeo acadecircmica demanda tempo e paciecircncia Trata-se de uma etapa essencial do trabalho cientiacutefico poreacutem passa longe de ser a mais empolgante Ferramentas que auxiliem nesse processo satildeo de importante valia para os pesquisadores
A maioria dos aplicativos de apoio agrave escrita apresentados acima tambeacutem fornecem apoio ao referenciamento Poreacutem existem outras plataformas mais especiacuteficas que ajudam o pesquisador a pesquisar armazenar e formatar as referecircncias literaacuterias entre elas
bull Mendeley ndash eacute um aplicativo que permite o arquivamento de vaacuterias referecircncias a um soacute clique Aleacutem disso proporciona citaccedilotildees faacuteceis e raacutepidas a criaccedilatildeo de redes de pesquisadores conectados e sincronizaccedilatildeo em vaacuterias plataformas de acesso Acesse em httpswwwmendeleycom
bull Papers ndash conhecido em universidades renomadas como Harvard e Duke o Papers eacute um aplicativo inteligente de busca leitura citaccedilatildeo organizaccedilatildeo compartilhamento colaboraccedilatildeo e sincronizaccedilatildeo de referecircncias Veja mais em httpswwwpapersappcom
bull Zotero ndash o diferencial do Zotero eacute sua facilidade em manuseio a um clique para arquivar e organizar suas referecircncias Vocecirc pode ver mais em httpswwwzoteroorg
bull Citavi ndash oferece as mesmas funccedilotildees dos concorrentes Aleacutem disso permite que vocecirc guarde seus pensamentos sobre suas referecircncias para ajudar na organizaccedilatildeo dos seus projetos Veja em httpswwwcitavicompt
bull Wizdom ndash promete soluccedilotildees em estatiacutesticas sobre artigos mostrando impacto
Como Utilizar a Tecnologia a Favor da Produccedilatildeo Acadecircmica 167
disponibilidade e relevacircncia cientiacutefica Aleacutem disso provecirc um grande banco de dados repleto de referecircncias para compor sua produccedilatildeo Acesse em httpswwwwizdomai
193 PESQUISA BIBLIOGRAacuteFICA
Muitos autores apresentam dificuldades para iniciar seu projeto no momento da pesquisa sobre os assuntos relacionados ao seu trabalho As bibliotecas apesar de seu grande acervo nem sempre possuem as mais novas atualizaccedilotildees acerca do assunto sendo fundamental saber como buscar boas referecircncias nas mais diferentes plataformas atentando-se para o fato de que nem todos os sites disponiacuteveis possuem produccedilotildees relevantes ou de qualidade e assim identificar as plataformas que concentram os melhores artigos contribui para a qualidade da sua pesquisa e para economia de tempo Alguns deles satildeo citados abaixo
bull PubMed ndash essa plataforma bastante conhecida como a biblioteca nacional de medicina dos EUA tambeacutem apresenta acesso livre a vaacuterios textos completos de perioacutedicos biomeacutedicos e de ciecircncias da vida Acesse em httpswwwncbinlmnihgovpubmed
bull Cochrane ndash A Cochrane tem sido comparada com o Projeto Genoma Humano pela importacircncia que tem e teraacute nas futuras geraccedilotildees em relaccedilatildeo agrave atenccedilatildeo agrave sauacutede Trata-se de uma rede global independente de pesquisadores profissionais pacientes cuidadores e pessoas interessadas em sauacutede Atualmente mais de 9 mil revisotildees sistemaacuteticas Cochrane jaacute foram publicadas na Biblioteca Cochrane (httpwwwcochranelibrarycom) Esta biblioteca tambeacutem possui a maior base de dados de ensaios cliacutenicos publicados conhecida como CENTRAL
bull Embase ndash eacute uma base de dados biomeacutedico muito versaacutetil e atualizado para diversos objetivos Ele abrange a mais importante literatura biomeacutedica internacional desde 1947 ateacute os dias de hoje e todos os seus artigos satildeo indexados com precisatildeo com o uso do Embase Indexing e Emtreereg da Elsevier O banco de dados completo tambeacutem encontra se convenientemente disponiacutevel em vaacuterias plataformas Acesse em httpsembasecomlogin
bull Scielo ndash A Coleccedilatildeo SciELO indexa disponibiliza e dissemina on-line em acesso aberto os textos completos de perioacutedicos cientiacuteficos de todas as aacutereas do conhecimento que publicam predominantemente artigos resultantes de pesquisa cientiacutefica que utilizam o procedimento de avaliaccedilatildeo por pares dos manuscritos que recebem ou encomendam e que apresentam desempenho crescente nos indicadores de cumprimento dos criteacuterios de indexaccedilatildeo A coleccedilatildeo privilegia a admissatildeo e permanecircncia dos perioacutedicos que em sua operaccedilatildeo avanccedilam na profissionalizaccedilatildeo internacionalizaccedilatildeo e modelos de financiamento sustentaacutevel Acesso em https
168 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
scieloorg
bull ScienceDirect ndash possui publicaccedilotildees confiaacuteveis de textos completos mantendo os usuaacuterios informados em suas aacutereas trabalhando com eficiecircncia e efetividade Aleacutem de apresentar muitas funccedilotildees inteligentes que contribuem para tal proposta Acesse em httpswwwsciencedirectcom
bull Scopus ndash eacute um banco de dados que possui resumos e citaccedilotildees de literatura com revisatildeo de revistas cientiacuteficas livros resumos de congressos e publicaccedilotildees em geral Eacute uma plataforma que mostra importantes pesquisas Acesse em httpswwwscopuscomhomeuri
bull Paperity ndash tem como principal objetivo oferecer acesso livre aos conteuacutedos com licenccedila fornecida para qualquer pessoa Acesse em httpspaperityorg
bull Sparrho ndash promete unir a inteligecircncia humana e artificial para manter os usuaacuterios atualizados sobre novas publicaccedilotildees e patentes Acesse em httpswwwsparrhocom
Dentre as ferramentas jaacute citados para outros fins o F1000 prime o Mendeley e o Zotero satildeo exemplos que podem ser utilizados tambeacutem com essa finalidade
194 PUBLICACcedilAtildeO
Apoacutes utilizar as principais plataformas oferecidas para buscar na literatura os temas relacionados agrave sua pesquisa encontrar as melhores referecircncias para enriquececirc-la e trabalhar na sua escrita podemos passar para o uacuteltimo passo da pesquisa cientiacutefica
A publicaccedilatildeo do artigo pode ser realizada por meio de plataformas criadas pela comunidade cientiacutefica com intuito de gerar oportunidades para os autores em mostrar o seu trabalho e para os leitores ao oferecer conhecimento sobre pesquisas atualizadas acerca dos mais diversos assuntos
BioMed Central (BMC) ndash parte da editora Springer Nature a BMC eacute uma das pioneiras no processo de publicaccedilatildeo de conteuacutedo de acesso aberto a BMC tem um amplo portfoacutelio de jornais de alta qualidade revisados por pares incluindo tiacutetulos de interesse como Biologia e Medicina Consulte em BMC Series
PLOSOne ndash a PLOS eacute uma editora de acesso aberto sem fins lucrativos que visa difundir e acelerar o progresso da ciecircncia e da medicina modificando o processo de comunicaccedilatildeo de pesquisas e impulsionando o movimento por alternativas de acesso aberto desde 2001 Acesse em httpsjournalsplosorgplosone
ScienceOpen ndash eacute uma plataforma interativa que publica pesquisas de acesso aberto oferecendo um canal de comunicaccedilatildeo para os pesquisadores podendo gerar
Como Utilizar a Tecnologia a Favor da Produccedilatildeo Acadecircmica 169
discussotildees acerca do assunto e aprimorando o estudo Acesse em httpswwwscienceopencom
eLife ndash ele publica trabalhos com grande relevacircncia em aacutereas da vida e ciecircncias biomeacutedicas e somente apoacutes avaliaccedilatildeo de cientistas que trabalham na plataforma disponibiliza gratuitamente aos leitores apesar de cobrar uma taxa de publicaccedilatildeo aos autores Acesse em httpselifesciencesorg
Cureus ndash eacute uma revista que possui um padratildeo editorial e promove a publicaccedilatildeo gratuita mantendo os direitos autorais e principalmente destacando os pesquisadores por meio de um curriacuteculo digital ancorado em seus artigos Veja em httpswwwcureuscom
Winnower ndash assim como a ScienceOpen a Winnower promove publicaccedilotildees on-line de acesso aberto incentivando a comunicaccedilatildeo cientiacutefica para debate Nesta plataforma eacute necessaacuterio o pagamento de uma taxa de publicaccedilatildeo Acesse em httpsthewinnowercom
195 OUTROS LINKS E APLICATIVOS UacuteTEIS
LISTA DE ldquoSOBREVIVEcircNCIArdquo PARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA (Adaptado de Nathaacutelia Ronfini Disponiacutevel em httpsedisciplinasuspbr
pluginfilephp5555503mod_resourcecontent1sobrevivencia_academicapdf)
ESCRITAContador de palavras repetidas httplinguisticainsitecombrcorpusphphttpptwordcounter360comhttpwwwwritewordsorgukword_countaspDicionaacuterio de sinocircnimos httpswwwsinonimoscombrDicionaacuterio de antocircnimos httpswwwantonimoscombrdorConferir se eacute plaacutegio httpwwwplagiumcomhttpplagiarismanetCurso de Escrita e Publicaccedilatildeo de Artigos Cientiacuteficos httpwwwcnengovbrimagesCINCursosCurso_Escrita_Publicao_
Artigo_Cientfico_Junho2017pdf9 elementos essenciais no artigo cientiacutefico httpsandrezalopescombr9-elementos-essenciais-no-artigo-cientifico
170 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
PESQUISA BIBLIOGRAacuteFICABase de perioacutedicos da Capes httpwwwperiodicoscapesgovbrBibliotecas digitais gratuitashttpsptscribdcomhttpsarchiveorgdetailsamericanahttpgenlibrusechttpswwwpdfdrivenethttpswwwpasseidiretocom
REFERENCIAMENTOGerenciadores de referecircncia bibliotecas digitaiswwwmyendnotewebcomhttpswwwzoteroorghttpswwwmendeleycomManual Mendeleyh t t p s w w w s l i d e s h a r e n e t T h a i s M o r a e s 7 m e n d e l e y - 2 0 1 7 -
73612874from_m_app=android
TRADUCcedilAtildeOFerramenta para escrita e correccedilatildeo de textos em inglecircs httpswriteandimprovecomhttpslanguagetoolorghttpswwwgrammarlycomDicionaacuterio de sinocircnimos em inglecircs httpswwwthesauruscom
OUTROSConferir o Qualis de um perioacutedico https sucupiracapesgovbrsucupirapublic consultascoleta
veiculoPublicacaoQualislistaConsultaGeralPeriodicosjsfRedes sociais para pesquisadores httpswwwresearchgatenethttpswwwacademiaeduhttpsbrlinkedincomPlataforma Brasil httpplataformabrasilsaudegovbrloginjsfComo utilizar o meacutetodo FISHQTCR5SS para ler artigos cientiacuteficos httpposgraduandocomfish-qtcr-5ss-leitura-artigosO Guia Completo das Ferramentas de Pesquisa httpsblogeven3combrguia-completo-das-ferramentas-de-pesquisa
fisioterapia com ecircnfase em fisioterapia respiratoacuteria e hospitalar Mestra em Sauacutede da Crianccedila e do Adolescente pela Universidade Estadual do Cearaacute Coordenadora do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa com Seres Humanos do Instituo Dr Joseacute Frota e Preceptora da Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede da Escola de Sauacutede Puacuteblica do Estado do Cearaacute ecircnfase em Urgecircncia e Emergecircncia
Patriacutecia Rolim Mendonccedila LocircboPossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2007)
residecircncia em Cliacutenica Meacutedica (2011) e Reumatologia (2013) pelo Hospital das Cliacutenicas da Faculdade de Medicina de Ribeiratildeo Preto Universidade de Satildeo Paulo- USP e doutorado em Medicina (Cliacutenica Meacutedica) pela USP (2018) Especialista em Reumatologia pela Sociedade Brasileira de Reumatologia (2013) Atualmente professora adjunta da graduaccedilatildeo do curso de Medicina da Universidade Federal do Cearaacute (2018-atual) e meacutedica assistente no Instituto Dr Joseacute Frota (2016-atual)
Laura da Silva Giratildeo LopesMeacutedica graduada pela Universidade Federal do Cearaacute (1998-2003)
complementando sua formaccedilatildeo profissional com residecircncia meacutedica em Cliacutenica Meacutedica (2004-2005) realizaccedilatildeo de mais um ano complementar em cliacutenica Meacutedica (R3 em Cliacutenica Meacutedica) e residecircncia meacutedica em Endocrinologia e Metabologia (PUC-SP) concluiacuteda em 2009 Doutorado em Ciecircncias concluiacutedo em 2014 pela Universidade de Satildeo Paulo na aacuterea de Metabolismo Oacutesseo e Diabetes Atua como professora da graduaccedilatildeo da faculdade de Medicina do Centro Universitaacuterio Unichristus desenvolvendo projetos relacionados aos temas Educaccedilatildeo Meacutedica e Endocrinologia Cliacutenica incluindo orientaccedilatildeo de monitoria em Endocrinologia de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica e da Liga de Endocrinologia e Metabologia (LEME)
Lilian Loureiro Albuquerque CavalcantePossui graduaccedilatildeo em Medicina pela Universidade Federal do Cearaacute (2005)
Realizou residecircncia em Cliacutenica meacutedica (2007-2009) e residecircncia em Endocrinologia e Metabologia (2010-2012) no Hospital Universitaacuterio Walter Cantiacutedio - Universidade Federal do Cearaacute (UFC) Tem Tiacutetulo de Especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (2013) Mestrado em Ciecircncias Cliacutenico-Ciruacutergicas pela UFC Poacutes-graduaccedilatildeo em Nutrolgia pela Associaccedilatildeo Brasileira de Nutrologia em 2016 (ABRAN) Endocrinologista da Empresa Diagnoacutestico das Ameacutericas (DASA) desde 2015 Meacutedica do Instituto Dr Joseacute Frota desde 2016 Professora do curso de medicina da Faculdade Christus desde 2018 Presidente da Sociedade Brasileira de Diabetes (Biecircnio 2018-19)
COLABORADORES (DISCENTES)
Elias Silveira de Brito - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Eacuterika Suyane Freire Silva - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Juliana Ferreira Paraacute - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Matheus Mendonccedila Leal Janja - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Roberta Lopes Ribeiro - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
Taynara Falkenstins Gois Mendes - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Veyda Lourdes Ferreira Martins - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Victor Gomes Pitombeira - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Victor Hugo Lima Jacinto - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
Victoacuteria Costa Lima - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Wellison Gil Magalhatildees de Almeida - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
PREFAacuteCIO
A produccedilatildeo acadecircmica eacute importante para a formaccedilatildeo dos estudantes tendo em vista que com a praacutetica da redaccedilatildeo cientiacutefica os alunos passam a organizar pensamentos e decodificaacute-los por meio de palavras Esse conteuacutedo acaba natildeo sendo de acesso exclusivo do autor mas servindo de base conceitual para outros estudantes Dessa forma os trabalhos acadecircmicos satildeo responsaacuteveis pela formaccedilatildeo em excelecircncia do profissional que atua nessa aacuterea
No universo acadecircmico fazer ciecircncia eacute importante para todos pois eacute por meio dela que se descobrem e se formulam novas teorias que aliadas a um meacutetodo adequado representam uma nova forma de pensar e de se chegar agrave natureza dos problemas seja para estudaacute-los seja para explicaacute-los
Eacute por isso que somente com base em meacutetodos e teacutecnicas adequadas o estudante deveraacute obter condiccedilotildees de identificar problemaacuteticas e buscar soluccedilotildees Assim a atividade e o pensamento cientiacutefico satildeo antes de tudo o resultado da atitude dos seres humanos diante do mundo que os cerca
Dessa forma fica o questionamento como desenvolver nos estudantes competecircncias e habilidades que possibilitem habilitaacute-los agrave praacutetica da produccedilatildeo acadecircmica dentro dos padrotildees atuais Esse eacute um dos desafios para alcanccedilar a excelecircncia na pesquisa cientiacutefica e assim gerar conhecimento
Nesse cenaacuterio o livro MANUAL PRAacuteTICO PARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA surge como mais uma ferramenta para auxiliar no aperfeiccediloamento dos estudantes A obra eacute fruto da experiecircncia didaacutetica e da competecircncia de um conjunto de professores atuantes na aacuterea e tambeacutem da iniciativa da professora Clarisse Mouratildeo Melo Ponte responsaacutevel por sua estruturaccedilatildeo
A obra de forma clara concisa e objetiva estaacute dividida em duas partes uma delas explorando a execuccedilatildeo da redaccedilatildeo cientiacutefica e a outra contemplando a preparaccedilatildeo para esse processo Seguindo essas orientaccedilotildees os alunos certamente conseguiratildeo agregar contribuiccedilotildees relevantes agrave ciecircncia Dessa forma toda a comunidade acadecircmica ganha no processo tendo em vista que os resultados seratildeo o alicerce para a construccedilatildeo de novos conhecimentos
Marcos Kubrusly
Aos meus filhosFelipe Henrique e Vinicius
APRESENTACcedilAtildeO
Ao longo da formaccedilatildeo dos estudantes de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo eles se deparam diante do grande desafio da elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa artigos resumos relatoacuterios trabalhos de conclusatildeo de curso entre outras produccedilotildees que demandam o entendimento sobre o conhecimento cientiacutefico aleacutem das habilidades em escrita
Assim partindo dessa premissa a proposta inicial para a elaboraccedilatildeo deste manual voltado para jovens pesquisadores partiu do interesse de um grupo de estudos composto por estudantes de graduaccedilatildeo e professores do Curso de Medicina do Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus cuja funccedilatildeo era ser um ldquoberccedilordquo para a geraccedilatildeo de projetos de pesquisa a serem elaborados e encaminhados para os editais de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica da referida Instituiccedilatildeo
Agrave eacutepoca em meados de 2018 esses estudantes reuniam-se quinzenalmente a fim de discutir possiacuteveis projetos e produccedilotildees teacutecnicas No entanto nesses encontros inuacutemeras dificuldades atuavam como barreiras para um melhor desempenho do grupo pouco domiacutenio sobre conceitos baacutesicos relacionados agrave realizaccedilatildeo de uma pesquisa cientiacutefica falta de habilidade para a escrita falta de tempo dos estudantes e dos proacuteprios orientadores para se dedicarem agraves inuacutemeras atividades curriculares e extracurriculares entre outras
Todas essas questotildees nos evidenciaram um dos muitos paradoxos atualmente existentes em nosso meio acadecircmico a cobranccedila que existe sobre o aluno de graduaccedilatildeo para uma participaccedilatildeo efetiva em atividades de extensatildeo e pesquisa visando agrave melhoria de seus curriacuteculos e suas chances de aprovaccedilatildeo em concursos de residecircncia ou outros versus a pouca capacitaccedilatildeo oferecida a esses alunos para que produzam conteuacutedo relevante ao contexto no qual estatildeo imersos
Desse modo temos um ciclo no qual o aluno se obriga a produzir sem que esteja adequadamente qualificado para tal resultando em trabalhos que natildeo satildeo modificadores ou impactantes dentro de sua realidade Agraves vezes a funccedilatildeo se resume a atender a uma exigecircncia para sua formaccedilatildeo ou melhorar os curriacuteculos pessoais No entanto embora essas sejam motivaccedilotildees vaacutelidas elas natildeo devem ser as mais importantes mas prossigamos pois esse eacute um tema para um debate mais amplo que foge ao escopo deste manual
Parece-nos que atuar como um facilitador nesse processo e ao mesmo tempo pontuar para o aluno o significado e a relevacircncia da pesquisa enquanto condiccedilatildeo sine qua non para o desenvolvimento cientiacutefico eacute uma maneira de ldquoquebrarrdquo esse ciclo Assim a pequena contribuiccedilatildeo deste manual elaborado por estudantes de graduaccedilatildeo e revisado por diferentes orientadores eacute trazer um pouco dessa reflexatildeo para o jovem pesquisador
Para isso dividimos este manual em duas partes na primeira abordamos temas essenciais para a elaboraccedilatildeo de uma produccedilatildeo cientiacutefica tentando elucidar como pocircr ldquoa matildeo na massardquo e iniciar a escrita propriamente dita Buscamos escrever esses capiacutetulos de forma clara e acessiacutevel trabalhando com exemplos fluxogramas links e outras ferramentas Na segunda parte do manual pontuamos alguns temas que podem ser considerados como alicerces de uma boa produccedilatildeo acadecircmica como revisatildeo de literatura escrita acadecircmica traduccedilatildeo para o inglecircs noccedilotildees de estatiacutestica eacutetica na ciecircncia curriacuteculo Lattes e uso da tecnologia para a produccedilatildeo acadecircmica
Por meio deste manual esperamos facilitar a aquisiccedilatildeo de conhecimentos sobre pesquisa auxiliando no desenvolvimento de uma consciecircncia cientiacutefica e no desenvolvimento de habilidades como a da escrita que permitam ao jovem aluno aventurar-se nesse meio desafiador com maior seguranccedila e quiccedilaacute minimizar o desgaste tatildeo frequente que os assola durante essa jornada Por fim nosso objetivo eacute tentar demonstrar que com estudo teacutecnica e treino o processo da produccedilatildeo cientiacutefica e da redaccedilatildeo em si pode ser prazeroso resultando em produccedilotildees de qualidade e relevacircncia
Os autores
SUMAacuteRIO1 A ESCOLHA DO TEMA 17
2 A INTRODUCcedilAtildeO DE UM TRABALHO ACADEcircMICO 25
3 OBJETIVOS GERAL E ESPECIacuteFICOS 33
4 MEacuteTODOS 37
5 RESULTADOS 49
6 ESCREVENDO A DISCUSSAtildeO E A CONCLUSAtildeO 59
7 COMO DEFINIR O TIacuteTULO 67
8 COMO REDIGIR O RESUMO 71
9 CRONOGRAMA E ORCcedilAMENTO 79
10 APEcircNDICES E ANEXOS 89
11 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 93
12 COMO REALIZAR UMA BOA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 101
13 A REDACcedilAtildeO ACADEcircMICA DICAS PARA UMA BOA ESCRITA 109
14 TRADUCcedilAtildeO DE TRABALHOS ACADEcircMICOS PARA O INGLEcircS 117
15 NOCcedilOtildeES BAacuteSICAS DE ESTATIacuteSTICA 125
16 EacuteTICA NA CIEcircNCIA CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE AUTORIA PLAacuteGIO ACADEcircMICO E TRABALHO EM EQUIPE 137
17 ASPECTOS EacuteTICOS DAS PESQUISAS COM SERES HUMANOS 147
18 COMO CRIAR O SEU CURRIacuteCULO NA PLATAFORMA LATTES 157
19 COMO UTILIZAR A TECNOLOGIA A FAVOR DA PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA 165
17
1A ESCOLHA DO TEMA
Veyda Lourdes Ferreira MartinsMaria Helane Costa Gurgel
ldquoA mente que abre uma nova janela jamais volta ao seu tamanho originalrdquo
Albert Einstein
A escolha adequada de um tema interessante para o pesquisador eacute o ponto de partida para o sucesso de uma produccedilatildeo acadecircmica Embora pareccedila ser uma tarefa faacutecil geralmente os jovens pesquisadores encontram muita dificuldade para a delimitaccedilatildeo de um tema entre as inuacutemeras possibilidades A ideia para um tema de pesquisa pode surgir por meio de diferentes fontes como as experiecircncias individuais a leitura de livros e artigos a observaccedilatildeo de acontecimentos e fatos a participaccedilatildeo em aulas seminaacuterios e congressos bem como a reflexatildeo criacutetica do proacuteprio aluno Assim tal escolha demanda poder de decisatildeo e foco
Eacute a partir da definiccedilatildeo do tema da pesquisa que a elaboraccedilatildeo do projeto seraacute iniciada e quando o assunto a ser estudado eacute familiar ou faz parte das aacutereas de interesse do pesquisador torna-se muito mais faacutecil manter-se motivado para ler a literatura existente sobre a temaacutetica ter curiosidade para pesquisar novidades da aacuterea e redigir um texto (MATIAS-PEREIRA 2012) Aleacutem disso se o aluno tem propriedade sobre o tema a investigaccedilatildeo cientiacutefica provavelmente seraacute de maior relevacircncia pois o pesquisador teraacute maior capacidade para elaborar questionamentos relevantes e ineacuteditos O aluno deve lembrar-se de que a temaacutetica escolhida o acompanharaacute por longos meses portanto recomenda-se de fato uma afinidade com o tema escolhido (CAVALCANTI amp FONTENELE 2015)
Geralmente essa escolha tambeacutem dependeraacute do orientador e das fontes de financiamento nas diferentes linhas de pesquisa Para conciliar essa realidade com os interesses do jovem pesquisador eacute recomendado que ele se informe acerca de quais satildeo os professores que fazem pesquisa na instituiccedilatildeo de ensino e em quais temas eles estatildeo dispostos a investir Sabendo disso o aluno poderaacute procurar aquele que mais se aproxima de suas preferecircncias ou mesmo decidir pesquisar sobre algum dos diferentes temas disponiacuteveis o qual ele natildeo tenha tido ainda a oportunidade de conhecer
18 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Adicionalmente a produccedilatildeo cientiacutefica para o jovem pesquisador deve ser acessiacutevel pois sua execuccedilatildeo depende de tempo e orccedilamento do pesquisador Portanto a pesquisa deve ter viabilidade ser factiacutevel Ao delimitar seu tema de pesquisa o aluno deveraacute prever as dificuldades para a realizaccedilatildeo de seu trabalho Para isso recomenda-se uma conversa com pesquisadores mais experientes para auxiliaacute-lo na visualizaccedilatildeo de possiacuteveis dificuldades para a execuccedilatildeo do projeto que ele por inexperiecircncia natildeo consegue prever
Embora possa ocorrer sempre que possiacutevel eacute desaconselhaacutevel a mudanccedila de tema durante o transcorrer da pesquisa Eacute importante que o aluno faccedila uma reflexatildeo antes de ingressar em uma pesquisa acerca de sua disponibilidade qualificaccedilatildeo e objetivos profissionais a fim de que possa realizar um bom trabalho que agregue valor significativo para sua carreira e experiecircncia
As seguintes perguntas podem guiar os pesquisadores durante o processo de escolha do tema de uma pesquisa (quadro 11)
Quadro 11 mdash Perguntas-chave que podem ajudar na escolha do tema de pesquisa (Adaptado de CAVALCANTI amp FONTENELE 2015)
bull A pesquisa bibliograacutefica eacute do interesse do pesquisadorbull Quem vai se interessar pelo artigobull Vai contribuir para a praacutetica profissional nessa aacutereabull Vai contribuir para o curriacuteculo acadecircmico profissional do pesquisadorbull Qual a abrangecircncia do tema Local Regional Nacional Internacionalbull Em quais congressos o trabalho poderaacute ser apresentado E em quais
revistas poderaacute ser publicado
11 ANALISANDO A VALIDADE DO TEMA DA PESQUISA
Uma maneira simples de se avaliar a validade do tema de pesquisa escolhido eacute aplicar o acrocircnimo FINER em que cada letra representa um quesito a ser atendido pelo objeto de estudo
A Escolha do Tema 19
Na figura 11 evidencia-se que um bom tema de pesquisa deve ser
Figura 11 mdash Requisitos para um bom tema de pesquisa
O tema deve ser relevante natildeo soacute para o aluno mas tambeacutem para outros pesquisadores e profissionais da aacuterea Um projeto pouco relevante teraacute pouco impacto sobre a comunidade cientiacutefica bem como traraacute pouco impacto social (MEDEIROS 2016) Aleacutem disso o tema da pesquisa e os meacutetodos propostos para seu estudo devem atender aos requisitos eacuteticos para pesquisas em seres humanos conforme seraacute detalhado em capiacutetulo especiacutefico
12 DEFININDO O PROBLEMA DA PESQUISA
Toda pesquisa cientiacutefica envolve a formulaccedilatildeo de um problema e objetiva a sua soluccedilatildeo Assim apoacutes a escolha do tema o aluno deveraacute definir qual o problema de sua pesquisa Formular o problema consiste em dizer de maneira expliacutecita e compreensiacutevel qual a lacuna do conhecimento a que se pretende responder limitando o seu campo e apresentando suas caracteriacutesticas por meio do rigor do meacutetodo cientiacutefico (MARCONI amp LAKATOS 2003) Algo que ainda natildeo esteja respondido e que precise de investigaccedilatildeo portanto algo novo ainda natildeo saturado de informaccedilotildees na literatura Por isso o pesquisador deve estar atento agrave novidade e agrave significacircncia que seu o projeto traz pois investigar um problema jaacute elucidado e documentado natildeo iraacute contribuir para o avanccedilo da aacuterea
20 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ldquo() o pesquisador acabaraacute identificando uma lacuna no conhecimento ou uma diferenccedila de opiniatildeo com estudos anteriores o que lhe permitiraacute finalmente a formulaccedilatildeo de um tema preciso de pesquisa ()rdquo
Uma Introduccedilatildeo agrave Histoacuteria ndash Ciro Flamarion Cardoso 1986
Uma boa revisatildeo de literatura ajudaraacute a obter conhecimentos especiacuteficos sobre o tema proposto possibilitando uma melhor delimitaccedilatildeo do objeto de estudo Eacute durante essa fase que o pesquisador poderaacute identificar as lacunas existentes na aacuterea e assim elaborar uma pesquisa que vise preencher tais lacunas cientiacuteficas ou sociais mesmo que elas sejam relacionadas a aspectos locais ou menos abrangentes do ponto de vista espacial ou geograacutefico Na verdade o desenho do estudo eacute quem definiraacute a sua abrangecircncia se eacute local regional nacional ou internacional
Quanto mais o pesquisador estiver familiarizado com o tema com o qual ele quer trabalhar mais facilmente ele identificaraacute o problema Um trabalho concebido por meio de um problema mal formulado natildeo chegaraacute a lugar nenhum Portanto eacute crucial determinaacute-lo de forma adequada Para isso o problema de uma pesquisa deveraacute ser elaborado como pergunta e ser (GIL 2008)
bull claro e preciso que natildeo causa ambiguidade ou duacutevidas
bull empiacuterico ou seja que pode ser estudado pela observaccedilatildeo do cientista por meio de teacutecnicas e meacutetodos adequados
bull passiacutevel de soluccedilatildeo testaacutevel pelo meacutetodo cientiacutefico
bull ter uma delimitaccedilatildeo viaacutevel no tempo e no espaccedilo
A Escolha do Tema 21
No quadro 12 um exemplo de como se pode formular um problema de pesquisa
Quadro 12 mdash Exemplo de como delimitar o problema da pesquisa
Em um hospital terciaacuterio de Fortaleza observou-se que existia uma falta de registros sobre o perfil de pacientes com hiperglicemia intra-hospitalar (HIH) internados em unidades de pacientes natildeo criticamente enfermos e que natildeo havia uma padronizaccedilatildeo de condutas no manejo desses indiviacuteduos Aleacutem disso natildeo havia dados na literatura que respondessem a essas lacunas Por isso resolveu-se pesquisar sobre as caracteriacutesticas dos pacientes internados com HIH e avaliar o manejo desses pacientes em tais hospitais com o intuito de procurar estabelecer quem eram aqueles susceptiacuteveis a esse tipo de agravo conhecer como era feito o manejo e medir os indicadores de desfechos relacionados
Outra forma de determinar o problema da pesquisa eacute identificar uma pergunta condutora Por exemplo
Frequecircncia com que frequecircncia a dislipidemia ocorre
Diagnoacutestico qual a acuraacutecia dos testes utilizados para diagnosticar o hipertireoidismo
Causa que condiccedilotildees levam agrave siacutendrome de Cushing Quais satildeo as origens dessa doenccedila
Risco quais satildeo os fatores que estatildeo associados a um maior risco de desenvolver siacutendrome metaboacutelica
Prognoacutestico quais satildeo as consequecircncias de se ter hiperparatireoidismo
Tratamento como o tratamento altera o curso da nefropatia diabeacutetica
22 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
De maneira geral a definiccedilatildeo adequada do problema da pesquisa ainda seraacute uacutetil para permitir que o pesquisador escolha o delineamento do seu estudo (quadro 13)
Quadro 13 mdash Problema da pesquisa e o desenho do estudo sugerido
PROBLEMA DESENHOLevantar hipoacuteteses Seacuterie de casosFrequecircncia Transversal CoorteFatores de risco causa Caso-controle CoorteTeste diagnoacutestico TransversalTratamento Ensaio cliacutenicoPrognoacutestico Coorte
13 A ELABORACcedilAtildeO DAS HIPOacuteTESES
Uma vez delimitado o problema surgiratildeo suposiccedilotildees ou respostas provaacuteveis e provisoacuterias que poderatildeo ser testadas por meio do meacutetodo cientiacutefico o que permitiraacute que tais suposiccedilotildees ou respostas sejam validadas ou refutadas Portanto a hipoacutetese de uma pesquisa eacute a afirmaccedilatildeo positiva negativa ou condicional (ainda natildeo testada) sobre determinado problema ou fenocircmeno (MATIAS-PEREIRA 2012) Eacute uma resposta provisoacuteria e plausiacutevel para determinado problema cientiacutefico
Para a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses para estudos da aacuterea da sauacutede os pesquisadores podem-se basear em diferentes fontes (MARCONI amp LAKATOS 2003)
(1) Observaccedilatildeo uma fonte rica para a construccedilatildeo de hipoacuteteses eacute a observaccedilatildeo que se realiza dos fatos ou da correlaccedilatildeo existente entre eles
(2) Comparaccedilatildeo com outros estudos nesse caso o pesquisador baseia-se na averiguaccedilatildeo de outros estudos na perspectiva de que as conexotildees similares entre duas ou mais variaacuteveis prevaleccedilam no estudo presente
(3) Conhecimento familiar o conhecimento familiar ou as intuiccedilotildees derivadas do senso comum perante situaccedilotildees vivenciadas podem levar a correlaccedilotildees entre fenocircmenos notados e ao desejo de verificar a real correspondecircncia existente entre eles Nesse caso a experiecircncia de vida pode ser um fator colaborador
Eacute importante ressaltar que a despeito de a hipoacutetese ser comprovada ou refutada ela ainda seraacute uma fonte de conhecimentos acerca do problema estudado Tais respostas obtidas atraveacutes do meacutetodo cientiacutefico seratildeo importantes para o avanccedilo
A Escolha do Tema 23
do conhecimento naquela aacuterea
Deve ser lembrado que alguns estudos com abordagem mais exploratoacuteria natildeo possuem hipoacuteteses Eles satildeo desenvolvidos para que os pesquisadores adquiram alguma expertise sobre o objeto de estudo permitindo a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses a serem testadas posteriormente por meio de desenhos adequados Como exemplo podem-se citar alguns estudos observacionais ou seacuterie de casos que descrevem determinadas caracteriacutesticas de uma amostra ou populaccedilatildeo
Na figura 12 apresenta-se um algoritmo que tenta demonstrar o processo de produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico que poderaacute servir de guia para os jovens pesquisadores sobre como ldquopensarrdquo cientificamente
Figura 12 mdash Algoritmo sobre a produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico
Assunto principal do projeto revisatildeo eestudo do estado da arte
Lacuna no conhecimento sobre o temaescolhido
Possiacuteveis respostas plausiacuteveis eprovisoacuterias que respondam ao problema
Busca por respostas por meio do meacutetodocientiacutefico que comprovem ou refutem ahipoacutetese
Descobertas oriundas da aplicaccedilatildeo domeacutetodo cientiacutefico em busca de respostas aproblemas decorrentes de lacunas noconhecimento vigente
Tema
Problema
Hipoacutetese
Pesquisa
Conhecimentocientiacutefico
24 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015
GIL A C Formulaccedilatildeo do problema In GIL A C Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa social 6 ed Satildeo Paulo Atlas 2008 cap 4 p 33-40
MARCONI M A LAKATOS E M Fundamentos de metodologia cientiacutefica 5 ed Satildeo Paulo Atlas 2003
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B Da Pesquisa agrave Redaccedilatildeo do Artigo Cientiacutefico In MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de Artigos Cientiacuteficos Meacutetodos de Realizaccedilatildeo Seleccedilatildeo de Perioacutedicos Publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2016 cap 4 p 53-88
25
2A INTRODUCcedilAtildeO DE UM TRABALHO ACADEcircMICO
Eacuterika Suyane Freire SilvaTaynara Falkenstins Gois Mendes
Vitoacuteria Costa LimaMaria Helane Costa Gurgel
ldquoNenhum vento sopra a favor de quem natildeo sabe pra onde irrdquo
Secircneca
A introduccedilatildeo de um projeto ou artigo cientiacutefico apresenta as primeiras ideias sobre o tema da pesquisa Durante a sua elaboraccedilatildeo o autor deveraacute discorrer sobre o tema de interesse trazendo ao leitor o que jaacute existe na literatura sobre o assunto Esse conhecimento deveraacute ser oriundo de uma soacutelida revisatildeo bibliograacutefica e estudo do estado da arte ou seja o que jaacute foi evidenciado de maneira cientificamente validada ateacute o momento sobre determinado assunto (MEDEIROS 2017) Ao redigir a introduccedilatildeo o pesquisador deveraacute contextualizar o problema da pesquisa agrave sua realidade sob a luz do conhecimento cientiacutefico disponiacutevel
Este capiacutetulo visa apresentar alguns aspectos relacionados agrave redaccedilatildeo do texto introdutoacuterio de um projeto ou artigo cientiacutefico
21 REDIGINDO A INTRODUCcedilAtildeO
Um possiacutevel modo para a organizaccedilatildeo da introduccedilatildeo eacute iniciar com uma abordagem geral informando ao leitor os conceitos claacutessicos sobre o tema de interesse A partir do segundo ou terceiro paraacutegrafo as particularidades mais diretamente relacionadas ao tema da pesquisa em questatildeo podem ser apresentadas (REIZ 2013) Deve-se escrever sobre o que jaacute fora demonstrado em estudos anteriores pontuando-se as carecircncias ou lacunas de conhecimento sobre aquela aacuterea este seraacute o problema da pesquisa Nesse momento a hipoacutetese tambeacutem poderaacute ser apresentada e confrontada com a literatura vigente
Aleacutem de apresentar o tema e o problema da pesquisa aos leitores na introduccedilatildeo o autor deveraacute incluir a justificativa para a realizaccedilatildeo do seu projeto e
26 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ou publicaccedilatildeo dos seus achados apontando qual o avanccedilo teoacuterico a ser alcanccedilado eou qual o potencial impacto sobre a praacutetica profissional Para finalizar o autor poderaacute ainda redigir sobre o que pretende fazer (qual o seu objetivo) para testar a sua hipoacutetese e resolver o problema da pesquisa
Algumas perguntas poderatildeo ajudar na elaboraccedilatildeo de uma introduccedilatildeo (figura21)
Figura 21 mdash Elaborando o texto introdutoacuterio de uma produccedilatildeo acadecircmica
1 Quais os conceitos e as definiccedilotildees claacutessicas sobre o assunto escolhido (apresentaccedilatildeo geral do tema)
2 Qual o embasamento teoacuterico sobre o assunto O que jaacute existe na literatura sobre isso
3 Qual a lacuna do conhecimento ou seja o problema da pesquisa
4 Qual a sua hipoacutetese
5 Por que foi escolhido tal tema Qual a sua relevacircncia e impacto
6 O que o pesquisador pretende fazer para responder ao problema da pesquisa Qual o objetivo
O tamanho ou a extensatildeo do texto introdutoacuterio iraacute depender do tipo de produccedilatildeo a ser elaborada Em geral artigos publicados em jornais ou perioacutedicos cientiacuteficos apresentam introduccedilatildeo curta de poucos paraacutegrafos (trecircs ou quatro) tendo em vista que o foco estaacute nos meacutetodos e resultados encontrados na pesquisa Nesse caso uma sugestatildeo para a redaccedilatildeo da introduccedilatildeo poderia ser conforme abaixo (quadro 21)
Quadro 21 mdash A redaccedilatildeo da introduccedilatildeo de artigos cientiacuteficos
Paraacutegrafo(s) inicial(is) (um ou dois no maacuteximo)Apresentaccedilatildeo do tema conceitos e definiccedilotildees (breve revisatildeo da literatura)Paraacutegrafos centraisProblema da pesquisa e justificativaParaacutegrafo finalHipoacutetese e objetivo
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 27
A seguir segue um texto que ilustra a sugestatildeo apresentada na figura acima Optou-se por manter a liacutengua inglesa pois se trata de um trecho de um artigo previamente publicado pelos autores (quadro 22)
Quadro 22 mdash Exemplo de introduccedilatildeo de artigo cientiacutefico
REVISAtildeO DA LITERATURA
Congenital generalized lipodystrophy (CGL) is a rare disorder of autonomic recessive inheritance with an estimated prevalence of 110000000 live births There are approximately 500 cases described worldwide with 100 cases described in Brazil This disease is characterized by the absence of subcutaneous adipose tissue leptin deficiency deposition of ectopic fat due to impairs of the metabolic activity and storage capacity of the subcutaneous adipose tissue hypertriglyceridemia insulin resistance and a poorly controlled diabetes mellitus (DM)
In addition to metabolic disorders cardiac abnormalities have also been described in patients with CGL especially left ventricular hypertrophy (LVH) left ventricular systolic and diastolic dysfunction systemic arterial hypertension QT interval enlargement cardiac arrhythmias and atherosclerosis Some cases of hypertrophic cardiomyopathy also were previously described Among the potential mechanisms involved in the development of these cardiac changes are insulin resistance and myocardial accumulation of triglycerides
PROBLEMA DA PESQUISA
However the pathophysiology of cardiomyopathy observed in CGL is not entirely elucidated
JUSTIFICATIVA
We previously reported that CGL patients present early microvascular complications including cardiovascular autonomic neuropathy (CAN) Several studies have observed an association between CAN and myocardial dysfunction in patients with DM including LVH and diastolic dysfunction which may occur even in the absence of coronary artery disease (CAD) and hypertension
HIPOacuteTESE E OBJETIVO
These observations allow us to speculate that CAN could be a potential mechanism associated with the early development of LVH in patients exposed to severe metabolic abnormalities early in life Thus the present study aimed to evaluate the association between cardiac abnormalities and CAN parameters in CGL patients
28 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por outro lado os projetos de pesquisa ou trabalhos de conclusatildeo de curso monografias dissertaccedilotildees e teses em geral apresentam textos introdutoacuterios mais longos pois deveratildeo convencer o leitor de que tal projeto deveraacute ser aprovado em uma seleccedilatildeo ou financiado por algum edital ou ainda mostraraacute o preparo do aluno sob avaliaccedilatildeo
Nesses casos a introduccedilatildeo poderaacute ser subdividida em seccedilotildees Mais uma vez as definiccedilotildees claacutessicas e uma apresentaccedilatildeo geral sobre o tema ao iniacutecio no texto seguida do desenvolvimento das ideais secundaacuterias ao longo do texto nos paraacutegrafos seguintes poderatildeo ser uma boa estrateacutegia
Nesses casos a justificativa e a relevacircncia do projeto normalmente satildeo apresentadas agrave parte O pesquisador deveraacute deixar claro para os potenciais leitores qual a importacircncia de sua pesquisa e qual a contribuiccedilatildeo que ela conferiraacute agrave Ciecircncia Para elaborar a justificativa algumas indagaccedilotildees poderatildeo ajudar O conteuacutedo dessas respostas seratildeo a justificativa de seu projeto No quadro 23 segue um exemplo
Quadro 23 mdash Exemplo de justificativa de um projeto de pesquisa
Meu tema eacute relevante para o contexto atual da
ciecircncia
Por quecirc
A hiperglicemia e a hipoglicemia aumentam a mortalidade de pacientes internados criacuteticos e natildeo criacuteticos com ou sem DM A falta de padronizaccedilatildeo de condutas no manejo da hiperglicemia e hipoglicemia pode ter impacto sobre o desfecho dos paracircmetros relacionados ao internamento hospitalar tais como tempo de permanecircncia no hospital risco de readmissatildeo hospitalar precoce complicaccedilotildees cardiovasculares ciruacutergicas renais e infecciosas e sobre a taxa de mortalidade No entanto a despeito da sua importacircncia desconhece-se a sua epidemiologia nos principais hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute
Continua
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 29
Quadro 23 mdash Exemplo de justificativa de um projeto de pesquisa
O que jaacute existe sobre isso na literatura
Dados nacionais tambeacutem satildeo escassos Estudo realizado no HC-FMUSP em 2013 demonstrou que ateacute 25 dos pacientes internados tinham diagnoacutestico preacutevio de DM Independentemente do diagnoacutestico ou natildeo de DM aproximadamente 70 dos pacientes natildeo tiveram a glicemia capilar medida na admissatildeo Entre os pacientes com DM 30 a 45 dos pacientes natildeo tiveram a glicemia capilar medida nas primeiras 24 horas de admissatildeo e 20 a 30 natildeo tiveram a glicemia capilar aferida durante todo o periacuteodo do internamento Nos pacientes em que o monitoramento glicecircmico foi realizado este foi feito sem padronizaccedilatildeo Com relaccedilatildeo ao tratamento da HIH os consensos em controle da HIH recomendam o esquema de insulinizaccedilatildeo basal-bolus como terapia de escolha desencorajando o uso de insulina raacutepida em doses escalonadas (slinding-scale) Apesar disso o levantamento previamente citado mostrou que quase a totalidade dos pacientes teve o esquema de escalonamento de doses de insulina regular como o tratamento de escolha da HIH
Quais as potenciais vantagens e os benefiacutecios
que este estudo pode trazer
Tem sido proposto que a implementaccedilatildeo de comissotildees especiacuteficas treinadas para o controle da glicemia de pacientes internados aos moldes das comissotildees de controle de infecccedilatildeo hospitalar seja uma alternativa interessante para a padronizaccedilatildeo de condutas e prevenccedilatildeo da hiperglicemia e hipoglicemia intra-hospitalar Assim considerando-se a carecircncia de leitos em hospitais terciaacuterios e as limitaccedilotildees relacionadas aos custos com despesas em sauacutede em nosso estado estudos nessa aacuterea podem permitir um melhor entendimento e manejo dessa condiccedilatildeo de alta morbidade podendo ter impacto sobre a disponibilidade de leitos e reduccedilatildeo dos custos em sauacutede que em uacuteltima anaacutelise agregaratildeo benefiacutecios ao paciente e a todo o sistema de sauacutede
30 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
22 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apesar de parecer uma tarefa simples escrever a introduccedilatildeo de uma produccedilatildeo acadecircmica muitas vezes eacute uma grande barreira para os pesquisadores iniciantes fazendo que a redaccedilatildeo seja postergada ateacute que um suposto momento ideal ou de ldquoinspiraccedilatildeordquo sirva como pontapeacute para o iniacutecio da redaccedilatildeo propriamente dita No entanto no caso da redaccedilatildeo cientiacutefica nada seraacute mais ldquoinspiradorrdquo para a elaboraccedilatildeo de uma boa introduccedilatildeo que uma boa leitura Isso serviraacute de base para que o aluno se aproprie (tome posse) do tema de estudo pois tendo um bom referencial teoacuterico conseguido por meio de muita ldquotranspiraccedilatildeordquo ou seja estudo e leitura o processo da escrita ocorreraacute com maior naturalidade Aleacutem disso nada como o tempo e o treino
Tempo tempo mano velho falta tanto ainda eu sei Pra vocecirc correr macio
Joatildeo Daniel Uchoa (Sobre o Tempo)
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 31
REFEREcircNCIAS
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
33
3OBJETIVOS GERAL E ESPECIacuteFICOS
Taynara Falkenstins Gois MendesPatriacutecia Rolim Mendonccedila Locircbo
ldquoVocecirc natildeo escreve porque quer dizer algo Vocecirc escreve porque tem algo a dizerrdquo
(Scot Fitzgerald)
O termo objetivo significa ldquoo fim que se deseja atingir a meta que se pretende alcanccedilar ou o que eacute relativo ao objeto que eacute concreto e existe independentemente do pensamentordquo (FERREIRA 2014) No contexto acadecircmico os objetivos ldquoconstituem a finalidade de um trabalho cientiacutefico ou seja a meta que se pretende atingir a partir de uma pesquisa cientiacuteficardquo (CAVALCANTI 2015)
A elaboraccedilatildeo dos objetivos de uma pesquisa surge a partir dos questionamentos que o investigador se propotildee a desvendar e visa responder aos problemas da pesquisa identificados apoacutes uma ampla revisatildeo de estudos preacutevios sobre o tema (MEO ELDAWLATLY 2019) Essa revisatildeo da literatura tanto auxilia o pesquisador a fomentar ideias como contribui com exemplos de objetivos jaacute alcanccedilados por outros pesquisadores
Em geral podem-se dividir os objetivos em dois tipos o objetivo geral ou principal e os objetivos especiacuteficos ou secundaacuterios O objetivo geral eacute uacutenico tem um caraacuteter mais amplo e representa o eixo central da pesquisa Ele se relaciona diretamente com o problema da pesquisa e visa responder a ele Deve ser escrito em uma uacutenica frase sendo iniciado por um verbo no infinitivo (CAVALCANTI 2015)
Por sua vez os objetivos especiacuteficos tecircm caraacuteter mais delimitado e pontual Visa responder a questotildees especiacuteficas que quando analisadas em conjunto permitem responder ao objetivo geral Natildeo existe um nuacutemero limite para os objetivos especiacuteficos variando de acordo com o tipo de pesquisa No entanto independentemente do nuacutemero todos devem ser passiacuteveis de serem atingidos devendo-se explicitar os meacutetodos para o alcance de cada um deles na seccedilatildeo especiacutefica Todos os objetivos especiacuteficos devem ser respondidos ao final da pesquisa (MATIAS-PEREIRA 2012)
Assim como o objetivo geral os objetivos especiacuteficos tambeacutem satildeo expressos por meio de verbos no infinitivo como verificar conhecer analisar compreender aplicar sintetizar avaliar entre outros verbos de accedilatildeo sendo recomendado que o pesquisador domine uma grande variedade de verbos para evitar repeticcedilotildees (CAVALCANTI
34 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
2015)
Segue uma lista de verbos no infinitivo com a ideia da accedilatildeo que lhes eacute conferida e que pode auxiliar na formulaccedilatildeo dos objetivos
bull Compreensatildeo compreender deduzir demonstrar determinar diferenciar discutir explanar encontrar interpretar localizar reafirmar
bull Relato eou siacutentese apontar citar classificar definir descrever identificar relatar compor documentar especificar delinear esquematizar formular produzir propor reconhecer construir reunir resumir sintetizar
bull Construccedilatildeo aplicar desenvolver estruturar operar organizar praticar selecionar delinear traccedilar
bull Avaliaccedilatildeo ou Anaacutelise argumentar avaliar contrastar definir escolher estimar julgar medir selecionar comparar conferir criticar debater diferenciar discriminar examinar investigar provar aferir monitorar experimentar
Quando se pensa em estruturaccedilatildeo da escrita cientiacutefica eacute necessaacuterio adequar a apresentaccedilatildeo dos objetivos de acordo com o tipo de produccedilatildeo a ser elaborada Assim em artigos cientiacuteficos os objetivos costumam ser inseridos de forma sucinta no final da introduccedilatildeo Em geral podem ser vistos da seguinte maneira ldquoO objetivo do nosso estudo foirdquo ldquoNoacutes relatamosrdquo ou ldquoNoacutes revisamosrdquo (MEO ELDAWLATLY 2019 SHARMA 2019) Geralmente apenas o objetivo geral eacute apresentado No entanto por vezes alguns objetivos secundaacuterios tambeacutem podem ser incluiacutedos
Ao contraacuterio quando falamos de projetos de pesquisa e trabalhos de conclusatildeo de curso ou poacutes-graduaccedilotildees os objetivos satildeo expressos em uma seccedilatildeo especiacutefica destinada para tal sendo primeiramente apresentado o toacutepico ldquoObjetivo geralrdquo seguido dos ldquoObjetivos especiacuteficosrdquo conforme exemplificado no quadro 31
Quadro 31 mdash Exemplo de objetivos geral e especiacuteficos (dados proacuteprios)
Objetivo Geral Avaliar as caracteriacutesticas cliacutenicas e epidemioloacutegicas de pacientes idosos internados por fraturas em decorrecircncia de quedas em um hospital terciaacuterio referecircncia em trauma no estado do Cearaacute
Objetivos Especiacuteficos1 Descrever o perfil cliacutenico e epidemioloacutegico dos pacientes idosos internados com fraturas em decorrecircncia de quedas2 Identificar os fatores de risco para quedas e fraturas nesta amostra de pacientes idosos internados3 Relatar o internamento dos pacientes idosos com fraturas incluindo tratamentos cliacutenicos eou ciruacutergicos recebidos e complicaccedilotildees durante o internamento
Objetivos Geral e Especiacuteficos 35
Eacute fundamental para o jovem pesquisador saber como redigir os objetivos de suas pesquisas Esse passo eacute crucial durante a avaliaccedilatildeo de projetos de pesquisas e artigos pois os pesquisadores devem demonstrar que satildeo capazes de responder a todos os objetivos propostos no iniacutecio de seu trabalho Assim aleacutem de serem apresentados de forma clara e coerente com a justificativa e problema propostos devem permitir que o leitor consiga identificar ao final da pesquisa as respostas para todos os objetivos inicialmente estabelecidos Sendo os objetivos da pesquisa bem elaborados torna-se mais faacutecil decidir os meacutetodos que seratildeo utilizados na pesquisa e o quanto a sua realizaccedilatildeo eacute factiacutevel respeitando tempo custo e realidade envolvidos (SANTOS 2004)
36 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P PINTO J BEZERRA M Como definir melhor o objetivo geral e especiacutefico(s) In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 8 p 53-57
FERREIRA A B H Mini Aureacutelio o dicionaacuterio da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Positivo 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de Metodologia da Pesquisa Cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEO S A ELDAWLATLY A A Pathophysiology of a scientific paper Saudi J Anaesth Mumbai v 13 n 5 p S9-S11 2019 Disponiacutevel em httpwwwsaudijaorgarticleaspissn=1658-354Xyear=2019volume=13issue=5spage=9epage=11aulast=Meo Acesso em 09 abr 2020
SANTOS H H Manual Praacutetico Para Elaboraccedilatildeo de Projetos Monografia Dissertaccedilotildees e Teses na Aacuterea de Sauacutede 2 ed Joatildeo Pessoa UFPBEditora Universitaacuteria 2004
SHARMA A How to write an article an introduction to basic scientific medical writing J Min Access Surg Mumbai v 15 n 3 242-248 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed29974882 Acesso em 09 abr 2020
37
4MEacuteTODOS
Matheus Mendonccedila Leal JanjaAntocircnio Brazil Viana Junior
Patriacutecia Rolim Mendonccedila Locircbo
ldquoSe vocecirc natildeo consegue explicar de maneira simples vocecirc natildeo o entende suficientemente bemrdquo
Albert Einstein
A seccedilatildeo ldquoMeacutetodosrdquo ou ldquoSujeitos e Meacutetodosrdquo ou ainda ldquoMateriais e Meacutetodosrdquo corresponde agrave parte do trabalho que demonstra como a pesquisa foi planejada e conduzida sendo uma das seccedilotildees mais importantes de uma produccedilatildeo cientiacutefica na qual a excelecircncia do artigo eacute fundamentada (MEO ELDAWLATLY 2019) Os meacutetodos respondem a questotildees que satildeo capazes de fazer o leitor entender ldquoo que foi feito onde foi feito e como foi feitordquo (MEO ELDAWLATLY 2019) Deve-se evitar a terminologia ldquoMetodologiardquo que significa ldquoo estudo dos meacutetodosrdquo portanto termo natildeo adequado para descrever tal seccedilatildeo
O termo ldquoMateriaisrdquo se refere aos elementos por exemplo instrumentos equipamentos e tratamentos empregados no estudo para a obtenccedilatildeo dos dados O termo ldquoSujeitosrdquo se refere agrave populaccedilatildeo do estudo Por sua vez o termo ldquoMeacutetodosrdquo faz referecircncia agrave forma como os materiais e os sujeitos foram utilizados dentro da pesquisa (MOORE 2006)
Eacute fundamental que os meacutetodos da pesquisa sejam planejados adequadamente antes do iniacutecio de um estudo a fim de evitar vieses durante a coleta e anaacutelise dos dados o que poderia implicar o empobrecimento dos resultados A confiabilidade e reprodutibilidade dos resultados obtidos durante um estudo dependem dos meacutetodos empregados e portanto estes devem ser descritos de forma clara e detalhada Quando bem aplicados os meacutetodos da pesquisa sustentam e datildeo credibilidade agraves conclusotildees do estudo
No caso de estudos experimentais nos quais o pesquisador natildeo estaacute plenamente familiarizado com o meacutetodo a ser aplicado um estudo piloto pode ser elaborado com o objetivo de avaliar a viabilidade do experimento antes da coleta definitiva dos dados
Para a redaccedilatildeo dessa seccedilatildeo recomenda-se que a descriccedilatildeo dos meacutetodos da
38 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
pesquisa siga uma estrutura baacutesica (quadro 41) como sugerido por Sa (2019)
Quadro 41 mdash Toacutepicos para elaboraccedilatildeo e apresentaccedilatildeo da seccedilatildeo ldquoMeacutetodosrdquo em produccedilotildees cientiacuteficas
Desenho da pesquisa Apresentaccedilatildeo do desenho e das caracteriacutesticas do estudo (local tempo)
Populaccedilatildeo do estudoCaracterizaccedilatildeo da amostra Tamanho e caacutelculo amostralCriteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo
Coleta de dadosInstrumentos de coleta questionaacuterios etcMateriais equipamentos e experimentosDiscriminaccedilatildeo das variaacuteveis estudadas
Anaacutelise dos dadosOrganizaccedilatildeo e tabulaccedilatildeo dos dadosTratamento e testes estatiacutesticos utilizadosPrograma(s) utilizados para tabulaccedilatildeo e anaacutelise
Aspectos eacuteticos Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
Fonte Adaptado de Sa (2019)
41 DESENHOS DE PESQUISA
Nesse toacutepico os pesquisadores devem informar qual o delineamento ou o tipo de estudo utilizado Os estudos podem ser classificados com base em diversos criteacuterios sendo comumente divididos em estudos observacionais e experimentais (BLOCH amp COUTINHO 2004)
Estudos observacionais os sujeitos satildeo apenas observados e natildeo satildeo submetidos a intervenccedilotildees Esses estudos podem ser analiacuteticos e descritivos (GREENHALGH 2013)
a Descritivos satildeo estudos que se limitam a descrever a ocorrecircncia de uma doenccedila em uma populaccedilatildeo eles podem ser divididos em
i Relato de caso descriccedilatildeo detalhada de um caso cliacutenico contendo caracteriacutesticas importantes sobre sinais sintomas e outras caracteriacutesticas do paciente relatando os procedimentos terapecircuticos utilizados bem como o desfecho do caso
ii Seacuterie de casos tem o mesmo objetivo do relato de caso apresentando um
Meacutetodos 39
nuacutemero maior de participantes Consiste em uma compilaccedilatildeo de relatos de casos
b Analiacuteticos satildeo estudos que abordam as relaccedilotildees entre o estado de sauacutede e outras variaacuteveis presentes em uma populaccedilatildeo Costumam avaliar os fatores de risco associados a uma doenccedila Podem ser divididos em
i Estudo transversal tambeacutem denominados estudos seccionais ou de prevalecircncia satildeo caracterizados pela observaccedilatildeo direta de uma quantidade planejada de indiviacuteduos (amostra) selecionados aleatoriamente em uma uacutenica ocasiatildeo Nesses estudos a observaccedilatildeo da existecircncia de associaccedilatildeo entre as possiacuteveis variaacuteveis preditoras e o desfecho eacute feita em um uacutenico momento Eacute uma espeacutecie de fotografia de uma determinada situaccedilatildeo na qual eacute realizado um levantamento de dados sobre uma condiccedilatildeo atual ou do passado como ocorre na revisatildeo de dados de prontuaacuterios Tais estudos satildeo uacuteteis para descrever as caracteriacutesticas de determinada populaccedilatildeo determinar a prevalecircncia e avaliar associaccedilotildees entre variaacuteveis sem permitir contudo estabelecer relaccedilotildees de causalidade Tem como principais vantagens o baixo custo e a rapidez (KLEIN amp BLOCH 2004)
As principais medidas calculadas pelos estudos transversais satildeo a TAXA DE PREVALEcircNCIA dada pela divisatildeo entre o nuacutemero de indiviacuteduos com o evento de interesse (comorbidade doenccedila etc) e a populaccedilatildeo sob risco de apresentar o evento de interesse em determinado tempo e a RAZAtildeO DE PREVALEcircNCIA (RP) dada pelo quociente do nuacutemero de evento em expostos e natildeo expostosExemplo ldquoQual a prevalecircncia de fraturas de colo do fecircmur em homens idosos atendidos em um hospital terciaacuteriordquo
Fratura
SIM
Fratura
NAtildeOTOTAL
Queda SIM 20 30 50Queda NAtildeO 10 40 50TOTAL 30 70 100
TAXA DE PREVALEcircNCIA 30100 = 30 ou seja de cada 100 homens idosos atendidos nesse periacuteodo e local 30 casos satildeo de fraturas de colo de fecircmur
RP 20 10 = 20 ou seja fratura de colo de fecircmur em homens idosos eacute DUAS vezes mais prevalente entre aqueles que sofreram queda (existe associaccedilatildeo entre quedas e fraturas nessa populaccedilatildeo poreacutem natildeo se pode
40 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
afirmar que haacute causalidade)
Obs deve-se ainda calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute a unidade e o valor de p seraacute gt 005
ii Estudo caso-controle compara uma determinada exposiccedilatildeo em um grupo de sujeitos que possuem a condiccedilatildeo de interesse (doenccedila caso) com um grupo de sujeitos que natildeo apresentam tal condiccedilatildeo (controle) Nesses estudos os controles devem ser vistos como uma amostra da populaccedilatildeo que originou os casos Como o seu desenho eacute retrospectivo os estudos caso-controle satildeo preferiacuteveis para condiccedilotildees ou doenccedilas raras nas quais a seleccedilatildeo dos participantes partiraacute de casos previamente identificados Esses estudos permitem avaliar a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis de exposiccedilatildeo (exposto ou natildeo exposto) e o desfecho (casodoente ou controlesadio)
A principal medida de associaccedilatildeo calculada em estudos caso-controle eacute a RAZAtildeO DE CHANCES ou ODDS-RATIO (OR) Um odds ratio de com valor igual a 1 significa que a chance de apresentar o desfecho eacute a mesma entre expostos e natildeo expostos Um odds ratio acima de 1 significa que a chance de apresentar o desfecho eacute maior entre os expostos O valor de OR menor que 1 revela que a exposiccedilatildeo eacute um fator de proteccedilatildeo para o desfecho Segue um exemplo de questatildeo cliacutenica que pode ser abordada por esse tipo de estudo ldquoO uso de alpargatas (exposiccedilatildeorisco) estaacute associado a maior risco de fraturas em idosos (desfechodoenccedila)rdquo
FraturaSIM
FraturaNAtildeO
Uso de alpargatas SIM 20 30Uso de alpargatas NAtildeO 10 40
OR = (20 x 40) (10 x 30) OR = 266 ou seja o uso de alpargatas aumenta em 26 vezes a chance de fratura em idosos Obs Deve-se tambeacutem calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute o ldquozerordquo e o valor de p seraacute gt 005
iii Estudo de coorte trata-se de um estudo longitudinal que avalia os participantes ao longo do tempo permitindo avaliar a incidecircncia das doenccedilas ou de outros desfechos de interesse sendo uacutetil para se avaliar os fatores de riscos para tais condiccedilotildees Nesse tipo de estudo dois ou mais
Meacutetodos 41
grupos de pessoas satildeo selecionados com base nas diferenccedilas em sua exposiccedilatildeo a um agente especiacutefico e satildeo acompanhados para observar quantos apresentaratildeo o desfecho em questatildeo Satildeo uacuteteis para avaliaccedilatildeo da histoacuteria natural das doenccedilas etiologia prognoacutestico intervenccedilotildees terapecircuticas e sobrevida A coorte pode ser prospectiva quando se inicia no presente e os sujeitos satildeo seguidos a partir desse momento (o desfecho ainda natildeo ocorreu e a exposiccedilatildeo pode ou natildeo ter ocorrido) ou retrospectiva quando se examinam dados e amostras coletados no passado (exposiccedilatildeo ocorreu antes do iniacutecio do estudo) Os principais indicadores dos estudos de coorte satildeo as TAXAS DE INCIDEcircNCIA e o RISCO RELATIVO (RR) (COELI amp FAERSTEIN 2004)
Exemplo de questatildeo cliacutenica que pode ser abordada por esse tipo de estudo ldquoQual a incidecircncia de fraturas por fragilidade em idosos que praticam exerciacutecios resistidos acompanhados pelo periacuteodo de cinco anos A praacutetica de exerciacutecios fiacutesicos resistidos protegeu contra fraturas por fragilidaderdquo
Fratura SIM
Fratura NAtildeO
TOTAL
Exerciacutecio fiacutesico SIM 10 30 40Exerciacutecio fiacutesico NAtildeO 20 40 60TOTAL 30 70 100
TAXA DE INCIDEcircNCIA ACUMULADA 30100 = 30
RR = (1040) (2060) RR = 075 ou seja o risco de fratura por fragilidade foi menor no grupo que praticou exerciacutecio fiacutesico resistido (fator de proteccedilatildeo) Nesse caso pode-se calcular a reduccedilatildeo do risco relativo (RRR) = 25 (ou seja 1 ndash RR = 1 ndash 075 = 025)
Se o RR fosse maior que 1 por exemplo RR = 25 poder-se-ia afirmar que o risco de fratura seria 25 vezes maior no grupo que praticou exerciacutecio (fator de risco)
Obs Da mesma maneira que nos demais estudos deve-se calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute a unidade e o valor de p seraacute gt 005
iv Estudo ecoloacutegico compara grupos de indiviacuteduos ou comunidades Nesses estudos a unidade de observaccedilatildeo e anaacutelise eacute uma populaccedilatildeo ou um grupo de pessoas que pertencem a uma aacuterea geograacutefica definida Por exemplo comparaccedilatildeo entre determinada exposiccedilatildeo e as taxas de uma doenccedila de interesse em uma seacuterie de populaccedilotildees de diferentes paiacuteses Em geral
42 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
satildeo mais baratos e raacutepidos que estudos que avaliam indiviacuteduos e se prestam a avaliar como os contextos sociais e ambientais influenciam a sauacutede dos grupos populacionais Satildeo indicados para gerar e testar hipoacuteteses etioloacutegicas a respeito da ocorrecircncia de uma doenccedila e avaliar a efetividade de intervenccedilotildees em uma populaccedilatildeo (MEDRONHO 2004)
Estudos experimentais satildeo estudos em que os pesquisadores manipulam o fator de exposiccedilatildeo ou seja realizam intervenccedilotildees profilaacuteticas ou terapecircuticas sobre os participantes e analisam os seus efeitos (GREENHALGH 2013) Podem ser divididos em
a Ensaios cliacutenicos randomizados Um ensaio cliacutenico randomizado eacute um estudo prospectivo em humanos comparando o efeito e o valor de uma intervenccedilatildeo contra um controle A alocaccedilatildeo dos participantes no grupo que receberaacute a intervenccedilatildeo ou no grupo controle eacute feita de forma aleatoacuteria ou seja randomizada Idealmente os ensaios cliacutenicos devem ser controlados por placebo podendo ser abertos ou blindados (cegos) ndash em que simples-cego (o participante desconhece se foi exposto agrave intervenccedilatildeodroga ou placebo) e duplo-cego (participante e pesquisador desconhecem o grupo exposto agrave intervenccedilatildeo ou placebo) Os ensaios cliacutenicos randomizados duplo-cegos controlados por placebo satildeo considerados como estudos de escolha para avaliar a eficaacutecia de drogas ou outras intervenccedilotildees
Exemplo de questatildeo cliacutenica que deve ser abordada por esse tipo de estudo ldquoOs bisfosfonatos reduzem o risco de nova fratura por fragilidaderdquo ldquoO uso de liraglutida reduz o risco cardiovascular em indiviacuteduos diabeacuteticosrdquo
b Ensaio comunitaacuterio satildeo avaliadas e comparadas intervenccedilotildees feitas em comunidades Podem ser de profilaxia ou tratamento
Aqui apresentamos brevemente algumas caracteriacutesticas dos diferentes tipos de estudos a fim de que os jovens pesquisadores se familiarizem com os conceitos baacutesicos a respeito desse amplo tema pois natildeo haacute como redigir bem sem conhecer minimamente tais conceitos Recomenda-se uma leitura mais aprofundada em Rouquayrol (2013) e Medronho (2004)
Meacutetodos 43
42 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO
A caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo do estudo eacute fundamental para permitir que os leitores avaliem para qual(is) puacuteblico(s) os resultados de determinada pesquisa poderatildeo ser extrapolados Assim escolher a populaccedilatildeo ou amostra de uma pesquisa de forma adequada visa evitar vieses que comprometam a validade e aplicabilidade de seus resultados para a ldquopopulaccedilatildeo de interesserdquo
Inicialmente deve-se definir se a populaccedilatildeo seraacute representada por um censo ou uma amostra Censo eacute o exame de todos os elementos de uma populaccedilatildeo ou universo Jaacute a amostra eacute uma parte do universo ou populaccedilatildeo escolhida de modo a representar o grupo inteiro da forma mais fidedigna possiacutevel (ROUQUAYROL 2013)
O censo eacute a representaccedilatildeo perfeita da populaccedilatildeo No entanto utilizar o censo eacute mais dispendioso do ponto de vista financeiro e de tempo sendo difiacutecil de ser realizado Deve ser reservado para populaccedilotildees pequenas ou quando se necessita de uma precisatildeo completa dos dados Assim a utilizaccedilatildeo de amostras que representem a populaccedilatildeo apresenta vantagens sobre o censo sendo a amostragem um meacutetodo bastante utilizado nas pesquisas cientiacuteficas (PINHEIRO JUNIOR 2015)
Para que a amostra represente a populaccedilatildeo do estudo ela deveraacute ser calculada adequadamente A depender do tipo de estudo diferentes caacutelculos de tamanho amostral satildeo indicados Existem ferramentas disponiacuteveis on-line que auxiliam na determinaccedilatildeo do tamanho da amostra Como exemplo cita-se httpclincalccomstatssamplesizeaspx
Depois da definiccedilatildeo de seu tamanho eacute importante informar como a amostra seraacute recrutada Recomenda-se que a seleccedilatildeo dos participantes ocorra de maneira aleatoacuteria para natildeo favorecer sua inclusatildeo com caracteriacutesticas individuais que promovam vieses sobre os resultados (GREENHALGH2013) Para minimizar tais vieses de seleccedilatildeo os participantes do estudo deveratildeo ser selecionados por meio de criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo preacute-estabelecidos que deveratildeo ser descritos e apresentados aos leitores
Os criteacuterios de inclusatildeo informam caracteriacutesticas da populaccedilatildeo-alvo que satildeo de interesse para o estudo Esses criteacuterios servem ainda para deixar a populaccedilatildeo mais homogecircnea Os criteacuterios de exclusatildeo por sua vez se referem aos participantes que possuem caracteriacutesticas que podem confundir ou enviesar os dados distorcendo os resultados e portanto natildeo deveratildeo participar do estudo (LUNA 1998 apud PINHEIRO JUNIOR 2015)
Deve-se lembrar de que soacute poderatildeo ser excluiacutedos indiviacuteduos que atenderam aos criteacuterios de inclusatildeo do estudo Comumente os pesquisadores discriminam de maneira inadequada como criteacuterios de exclusatildeo caracteriacutesticas que natildeo estatildeo presentes na amostra selecionada exatamente por natildeo preencherem os criteacuterios de inclusatildeo para o estudo Exemplo
44 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull criteacuterios de inclusatildeo
Seratildeo incluiacutedos indiviacuteduos com mais de 18 anos de ambos os sexos com diagnoacutestico de diabetes mellitus tipo 2
bull criteacuterios de exclusatildeo
Seratildeo excluiacutedos indiviacuteduos com menos de 18 anos de ambos os sexos sem diagnoacutestico de diabetes mellitus tipo 2
43 COLETA DE DADOS
Nessa etapa devem ser descritas todas as informaccedilotildees relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos dados da pesquisa A depender do delineamento do estudo podem-se utilizar entrevistas estruturadas exame fiacutesico questionaacuterios revisotildees de prontuaacuterio revisotildees de outros estudos observaccedilotildees experimentos etc Os pesquisadores devem informar a origem dos instrumentos de coleta se satildeo de autoria proacutepria ou natildeo Em se tratando de questionaacuterios ou escalas padronizadas eacute necessaacuterio informar se eles foram previamente validados para a populaccedilatildeo a ser estudada (PINHEIRO JUNIOR 2015)
No caso da elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa ou trabalhos de conclusatildeo de curso os questionaacuterios ou outros instrumentos de coleta devem ser apresentados na iacutentegra como elementos poacutes-textuais ndash ldquoApecircndicesrdquo Isso eacute importante tanto para que a comissatildeo avaliadora do projeto e os membros do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa possam analisar tais instrumentos No caso de artigos cientiacuteficos na maioria das vezes isso natildeo eacute necessaacuterio e os instrumentos devem apenas ser referenciados caso natildeo sejam de autoria proacutepria
Ao se utilizar materiais deve-se descrever a marca o modelo o nome e a origem do fabricante dos equipamentos bem como o nome cientiacutefico o fabricante a dosagem e o meacutetodo de administraccedilatildeo dos medicamentos No caso de aparelhos ou teacutecnicas incomuns sugere-se incluir imagens para facilitar a compreensatildeo do leitor
Outro ponto a destacar eacute a natureza dos dados coletados se satildeo primaacuterios ou secundaacuterios Dados primaacuterios satildeo aqueles obtidos pelos proacuteprios pesquisadores Por outro lado dados secundaacuterios satildeo aqueles provenientes de outras fontes como banco de dados prontuaacuterios etc Ambos os tipos de dados apresentam vantagens e desvantagens e o tipo de estudo eacute que determinaraacute quais deles seratildeo mais adequados para a pesquisa
Para finalizar esse toacutepico devem-se ainda descrever todos os procedimentos utilizados no estudo ou seja o ldquopasso-a-passordquo da pesquisa que deve ser apresentado em ordem cronoloacutegica desde a seleccedilatildeo e o convite aos participantes ateacute a coleta dos dados propriamente dita
Meacutetodos 45
44 VARIAacuteVEIS DO ESTUDO
Ao final da coleta de dados os pesquisadores devem identificar as variaacuteveis do estudo que seratildeo utilizadas para a anaacutelise dos dados Uma criteriosa seleccedilatildeo e tratamento das variaacuteveis eacute passo fundamental para garantir a qualidade dos resultados obtidos
Aleacutem disso todas as variaacuteveis devem ser devidamente explicadas ou conceituadas para que os leitores tenham o entendimento adequado sobre aquilo que estaacute sendo analisado Por exemplo para a variaacutevel ldquodiagnoacutestico de diabetes mellitusrdquo cujas respostas seriam SIM ou NAtildeO deve estar claro quais os criteacuterios que o pesquisador utilizou para definir diabetes (ldquoglicemia de jejum gt ou igual a 126 mgdL em duas ou mais ocasiotildees eou glicemia 2 horas apoacutes teste de sobrecarga com 75 gramas de glicose oral gt ou igual a 200 mgdL etcrdquo ou ainda ldquoO diagnoacutestico de diabetes mellitus foi realizado de acordo com as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SDB 2018)rdquo
No caso de projetos de pesquisas ou trabalhos de conclusatildeo de cursos de graduaccedilatildeo ou poacutes-graduaccedilatildeo os autores destinam um toacutepico da seccedilatildeo meacutetodo para apresentar todas as variaacuteveis a serem analisadas Em artigos cientiacuteficos cuja redaccedilatildeo eacute mais objetiva e curta podem-se indicar de forma sucinta em um uacutenico paraacutegrafo as variaacuteveis usadas no estudo
Os pesquisadores devem conhecer a natureza de suas variaacuteveis para definir os testes estatiacutesticos a serem utilizados Os diversos tipos de variaacuteveis satildeo discutidos no capiacutetulo Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica apresentado adiante
45 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DOS DADOS
Apoacutes a coleta dos dados os pesquisadores devem iniciar o processo de organizaccedilatildeo e tabulaccedilatildeo dos dados coletados normalmente feito em planilhas eletrocircnicas contento tabelas divididas em linhas e colunas (exemplo Microsoft Office Excelreg e LibreOffice Calcreg ndash disponiacutevel gratuitamente para download em httpspt-brlibreofficeorg) As linhas devem conter os participantes e as colunas as variaacuteveis do estudo Nos campos que possam denunciar a identidade do participante tal informaccedilatildeo pode ser substituiacuteda por nuacutemeros ou siglas de forma a assegurar a privacidade do candidato aleacutem de facilitar a anaacutelise estatiacutestica no cruzamento de variaacuteveis
Essas tabelas natildeo devem estar no corpo do trabalho elas satildeo os meios pelos quais os dados seratildeo guardados e preparados para a obtenccedilatildeo dos resultados sendo portanto uma etapa preciosa de toda pesquisa cliacutenica da qual dependeraacute a qualidade das anaacutelises e dos resultados
46 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
No toacutepico ldquoAnaacutelise estatiacutesticardquo os pesquisadores deveratildeo informar ainda que ferramentas ou softwares satildeo utilizados para a tabulaccedilatildeo dos dados Os testes estatiacutesticos utilizados tambeacutem precisam ser citados mas natildeo detalhados sendo boa praacutetica informar se o teste eacute parameacutetrico ou natildeo parameacutetrico sendo indicados de acordo com as variaacuteveis analisadas A significacircncia estatiacutestica se baseia nos caacutelculos de variaacuteveis como o valor p e o intervalo de confianccedila por exemplo O nome do programa utilizado para as anaacutelises tambeacutem deve ser descrito seguido pelo nuacutemero da versatildeo e ano Para mais detalhes sobre esse tema deve-se consultar o capiacutetulo Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica adiante
46 ASPECTOS EacuteTICOS
A confidencialidade a proteccedilatildeo dos direitos e o bem-estar dos sujeitos da pesquisa natildeo podem ser ignorados Dessa forma todo trabalho cientiacutefico que envolva humanos ou animais precisa passar pela apreciaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da instituiccedilatildeo na qual a pesquisa seraacute realizada
No caso de pesquisas com seres humanos os pesquisadores devem informar que conhecem as normas vigentes e que atenderatildeo a elas nas pesquisas com seres humanos de acordo com o estabelecido pela Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede 4662012 Aleacutem disso devem indicar que todos os participantes concordaram em participar do estudo apoacutes assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
No caso de projetos de pesquisa que ainda seratildeo submetidos agrave apreciaccedilatildeo do CEP esse campo deveraacute descrever os riscos e benefiacutecios da pesquisa as medidas a serem adotadas pelos pesquisadores para minimizar tais riscos e garantir a confidencialidade e anonimato dos participantes Deve-se informar que a pesquisa iniciaraacute apenas apoacutes a aprovaccedilatildeo do CEP e somente seratildeo incluiacutedos participantes que concordarem em participar e assinarem o TCLE o qual deveraacute ser anexado como elemento poacutes-textual nos ldquoApecircndicesrdquo Para mais detalhes consultar o capiacutetulo ldquoApecircndices e Anexosrdquo
Meacutetodos 47
REFEREcircNCIAS
BLOCH K V COUTINHO E S F Fundamentos da pesquisa epidemioloacutegica In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 7 p 107-114
COELI C M FAERSTEIN E Estudos de coorte In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 11 p 161-174
GREENHALGH T Como ler artigos cientiacuteficos fundamentos da medicina baseada em evidecircncias 4 ed Porto Alegre Artmed 2013
KLEIN C H BLOCH K V Estudos seccionais In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 9 p 125-150
MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004
MEO S A Anatomy and physiology of a scientific paper Saudi J Biol Sci Riyadh v 25 n 7 p 1278-1283 2018Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6252020pdfmainpdf Acesso em 09 abr 2020
MEO S A ELDAWLATLY A A Pathophysiology of a scientific paper Saudi Journal Of Anaesthesia India v 13 p 9-11 abr 2019 Supl 1 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6398299__ffn_sectitle Acesso em 09 abr 2020
MOORE N How to do research a practical guide to designing and managing research projects 3rd ed London Facet 2006
PINHEIRO JUNIOR F M L et al Como construir a seccedilatildeo de meacutetodos In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 10 p 65-75
RODRIGUES L C WERNECK G L Estudos caso-controle In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 12 p 175-190
ROUQUAYROL M Z Epidemiologia e sauacutede 7 ed Rio de Janeiro MedBook 2013
49
5RESULTADOS
Laura da Silva Giratildeo LopesClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoNa seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico o autor deveria relatar o mesmo que as testemunhas nas cortes judiciaacuterias falar apenas a verdade toda a verdade e
nada mais que a verdaderdquo
Thomas M Annesley
51 INTRODUCcedilAtildeO
A frase acima faz uma comparaccedilatildeo bem pertinente entre a seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico e as cortes judiciaacuterias Nessa analogia a verdade cientiacutefica se refere aos dados e aos resultados que compreendem o produto do experimento dos autores ldquoFalar toda a verdaderdquo por sua vez significa escrever sobre os resultados positivos ou negativos de uma pesquisa isto eacute que confirmem ou que refutem a hipoacutetese alternativa Tal fato eacute fundamental para o desenvolvimento cientiacutefico embora muitas vezes os pesquisadores acreditem que a hipoacutetese alternativa seja o uacutenico caminho propiacutecio para a publicaccedilatildeo E por uacuteltimo ldquofalar nada mais que a verdaderdquo significa apresentar os dados e resultados sem interpretaccedilatildeo o que deveraacute ser feito adequadamente na seccedilatildeo discussatildeo (ANNESLEY 2010) conforme veremos adiante
52 ESCREVENDO OS RESULTADOS ESTRUTURA GERAL E MODO DE ORGANIZACcedilAtildeO DA SECcedilAtildeO
A seccedilatildeo resultados tem a funccedilatildeo de apresentar a(s) resposta(s) ao problema da pesquisa (CAMPOS 2016) Os resultados podem ser expressos por meio de diversos elementos como textos tabelas ou figuras (BAHADORAN et al 2019) A escolha da forma de apresentaccedilatildeo seraacute feita conforme a natureza do resultado que se deseja apresentar (MEO 2018) De maneira geral achados que satildeo muito importantes e que respondem agrave pergunta principal da pesquisa devem ser descritos na forma de texto As tabelas por sua vez sumarizam grandes quantidades de dados Quando adequadamente confeccionadas tabelas e figuras podem fornecer mais informaccedilotildees do que textos (KOTZ CALS 2013) Assim para essa escolha deve-se lembrar que a
50 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
comunicaccedilatildeo eficaz eacute o que se deseja primordialmente na escrita cientiacutefica
Natildeo haacute um padratildeo formal riacutegido para a apresentaccedilatildeo dos resultados em um artigo cientiacutefico o que determina sua estrutura e seus elementos eacute o contexto de cada pesquisa (VOLPATO 2007) O modo de organizaccedilatildeo pode ser um dos seguintes do resultado mais geral para o mais especiacutefico do mais importante para o menos importante ordem cronoloacutegica ou agrupamento por variaacuteveis ou por grupos Subtiacutetulos podem ser utilizados sempre que necessaacuterio (BAHADORAN et al 2019) Outra recomendaccedilatildeo seria alinhar o modo de apresentaccedilatildeo dos resultados com o modo de apresentaccedilatildeo da seccedilatildeo materialmeacutetodos para que a leitura seja de faacutecil compreensatildeo
Um modelo geral que pode ser individualizado de acordo com as necessidades de cada artigo eou recomendaccedilotildees de cada perioacutedico seraacute descrito abaixo (BAHADORAN et al 2019 ARAUacuteJO 2014)
bull Primeiro paraacutegrafo o autor pode fornecer uma visatildeo geral do estudo informando o fluxo de seleccedilatildeo dos pacientes e a descriccedilatildeo da amostra
bull Segundo e terceiro paraacutegrafos apresentar os resultados e os dados principais que devem estar relacionados ao objetivo principal do estudo
bull Quarto paraacutegrafo em diante (em geral a seccedilatildeo resultados pode conter de quatro a nove paraacutegrafos) apresentaccedilatildeo dos resultados secundaacuterios
Aleacutem disso deve-se ter atenccedilatildeo para as regras do perioacutedico ao qual seraacute submetido o artigo Na maioria deles a seccedilatildeo resultados estaacute separada da discussatildeo mas em outros tais seccedilotildees poderatildeo estar juntas (SNYDER 2019) Algumas vezes haacute limites para o nuacutemero de tabelas eou figuras
Aqui devemos tecer algumas diferenccedilas entre o termo dados e resultados Dados se referem aos fatos ou agraves observaccedilotildees ldquobrutasrdquo obtidas a partir da coleta de dados Por outro lado o termo resultado se refere agraves observaccedilotildees provenientes do ldquotratamentordquo ou agrave anaacutelise de tais dados Portanto os resultados consistem em informaccedilotildees que sumarizam e explicam o que os dados coletados mostraram dando significado a eles (BAHADORAN et al 2019)
Por fim observa-se que frequentemente nem todos os achados da pesquisa satildeo descritos na seccedilatildeo resultados Muitas vezes priorizam-se aqueles que respondem aos objetivos do estudo Alguns achados ou resultados secundaacuterios para o estudo em questatildeo podem ser apresentados na seccedilatildeo apecircndice ou material suplementar em prol da fluidez e concisatildeo do texto cientiacutefico (BAHADORAN et al 2019)
Resultados 51
53 DICAS PARA A REDACcedilAtildeO PROPRIAMENTE DITA
Idealmente a redaccedilatildeo da seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico deve ser clara precisa e concisa evitando-se a repeticcedilatildeo desnecessaacuteria dos mesmos resultados em diferentes partes da seccedilatildeo Exceccedilatildeo feita agraves mensagens principais que podem ser apresentadas na forma de texto e estar contidas em tabelas ou figuras (BAHADORAN et al 2019) Os pesquisadores devem discernir qual a melhor opccedilatildeo entre texto tabelas ou figuras para a apresentaccedilatildeo de cada um de seus resultados Na realidade todos esses elementos satildeo importantes e se complementam devendo interagir de modo dinacircmico a fim de que se produza um texto adequado agrave escrita cientiacutefica
Visando a alcanccedilar a precisatildeo deve-se evitar o uso de expressotildees vagas como ldquocerca derdquo ou ldquoaproximadamenterdquo Os pesquisadores devem informar os valores exatos ou numeacutericos para transmitirem ao leitor uma dimensatildeo precisa de quantidade
As variaacuteveis numeacutericas podem ser apresentadas por meio de medidas de tendecircncia central (meacutedia ou mediana em geral) e medidas de dispersatildeo (desvio-padratildeo ou intervalo interquartil) ou ainda por meio de seus valores absolutos ou percentuais (VOLPATO 2007) Para uma amostra com nuacutemeros de sujeitos menor do que 20 natildeo se recomenda apresentar os dados percentuais e sim apenas o nuacutemero absoluto (BAHADORAN et al 2019)
Nuacutemeros no iniacutecio das sentenccedilas ou menores do que dez devem ser escritos em sua forma por extenso O nuacutemero de diacutegitos e suas casas decimais devem ser escolhidos a partir da variaacutevel reportada Por exemplo para o pH a utilizaccedilatildeo de trecircs casas decimais apoacutes a viacutergula eacute necessaacuteria mas para a variaacutevel pressatildeo arterial natildeo se deve empregar mais do que trecircs diacutegitos sem casas decimais As unidades de medidas das variaacuteveis numeacutericas tambeacutem devem estar especificadas devendo haver um espaccedilo entre o numeral e sua unidade com exceccedilatildeo do siacutembolo que deve estar junto ao nuacutemero (BAHADORAN et al 2019 MEO 2018)
Outro ponto importante eacute a utilizaccedilatildeo adequada do tempo verbal Em geral na seccedilatildeo resultados utiliza-se o tempo no passado por exemplo ldquoA meacutedia de idade foirdquo No entanto quando os autores fazem referecircncia a tabelas graacuteficos ou figuras o tempo verbal permanece no presente como no exemplo ldquoAbaixo demonstramos as caracteriacutesticas demograacuteficas e cliacutenicas dos pacientesrdquo (MEO 2018)
Deve-se ainda utilizar a mesma nomenclatura ao longo de todo o artigo Por exemplo os nomes dos grupos de pacientes ou o nome de alguma variaacutevel devem ser os mesmos em todas as seccedilotildees do manuscrito O leitor natildeo deve ter duacutevidas a esse respeito (KOTZ CALS 2013)
Ao final da redaccedilatildeo sugere-se a releitura do material escrito para avaliar a fluidez do texto e a existecircncia de alinhamento entre a seccedilatildeo meacutetodos e a seccedilatildeo resultados
52 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
54 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS EM TABELAS E FIGURAS
Alguns autores recomendam que os pesquisadores devam iniciar a redaccedilatildeo da seccedilatildeo resultados apoacutes a confecccedilatildeo das tabelas e figuras Para eles isso tornaraacute mais faacutecil a integraccedilatildeo de todos os elementos no texto (BAHADORAN et al 2019) No entanto natildeo haacute uma foacutermula ou roteiro certo para todos Se o pesquisador jaacute tiver um estilo de escrita no qual ele inicie pelo texto e que culmine em resultados bem apresentados natildeo haacute motivo para mudar sua teacutecnica
Em geral as tabelas contecircm os seguintes elementos baacutesicos nuacutemero e tiacutetulo da tabela cabeccedilalho das linhas e colunas espaccedilo para os dados e rodapeacute Entre esses elementos destaca-se a importacircncia do tiacutetulo que deve ser atrativo e informar o toacutepico estudado e natildeo apenas repetir as variaacuteveis descritas (BAHADORAN et al 2019 KOTZ CALS 2013) Por exemplo em um graacutefico utilizado para demonstrar a reduccedilatildeo da hemoglobina glicada em pacientes diabeacuteticos submetidos a um tratamento com o medicamento X em vez de colocar o tiacutetulo ldquoMudanccedila da hemoglobina glicadardquo o tiacutetulo mais adequado seria ldquoEfeito do tratamento do medicamento X sobre a hemoglobina glicada de diabeacuteticosrdquo
Uma caracteriacutestica deve ser comum a todas as tabelas e figuras ambas devem ser autoexplicativas sendo o leitor capaz de compreendecirc-las sem recorrer ao texto Para isso o autor pode realizar um teste para identificar a adequaccedilatildeo delas solicitando que um colega que natildeo conheccedila o estudo leia as tabelas e os graacuteficos verificando se a compreensatildeo de seu conteuacutedo eacute possiacutevel sem a leitura do texto (KOTZ CALS 2013)
Outra caracteriacutestica comum de tabelas e figuras eacute a de que ambas devem estar relacionadas com o texto natildeo devendo ser inseridas sem que tenham relaccedilatildeo com os resultados apresentados textualmente Isso torna a leitura fluida e facilita a compreensatildeo (KOTZ CALS 2013)
As tabelas podem apresentar os seguintes tipos de dados caracteriacutesticas cliacutenicas e soacutecio-demograacuteficas dos grupos do estudo resultados de exames laboratoriais comparaccedilatildeo entre grupos entre outros Nenhuma ceacutelula da tabela pode estar vazia Caso o dado natildeo esteja disponiacutevel utiliza-se o preenchimento com alguma sigla cujo significado deveraacute estar especificado nas abreviaccedilotildees da tabela por exemplo ldquoND natildeo disponiacutevelrdquo (BAHADORAN et al 2019 MEO 2018)
As figuras devem reforccedilar visualmente os achados do estudo facilitando a interpretaccedilatildeo das anaacutelises estatiacutesticas e dos resultados encontrados (PEREIRA 2013) Para isso os pesquisadores podem utilizar graacuteficos fotografias diagramas fluxogramas entre outros
Os graacuteficos podem ser empregados para demonstrar tendecircncias ou relaccedilotildees entre as variaacuteveis (BAHADORAN et al 2019 KOTZ CALS 2013) A escolha do tipo de graacutefico tambeacutem eacute de fundamental importacircncia e novamente depende da natureza
Resultados 53
do que se deseja apresentar (PEREIRA 2013 VOLPATO 2007) Os graacuteficos de linha satildeo utilizados para mostrar tendecircncias e natildeo devem ser utilizados se a sequecircncia de ordenaccedilatildeo do eixo da abscissa puder ser aleatoacuteria (DURBIN 2014 VOLPATO 2007) os graacuteficos de barras para comparaccedilatildeo de variaacuteveis numeacutericas de diferentes grupos ao longo do tempo por exemplo Os graacuteficos de pizzas podem ser utilizados quando a intenccedilatildeo for de comparar proporccedilotildees de diferentes variaacuteveis nominais em relaccedilatildeo ao todo mas devem ser empregados com parcimocircnia (KOTZ CALS 2013) Com relaccedilatildeo ao layout das figuras recomendam-se cores mais fortes para se referir aos resultados principais por exemplo cores mais escuras para o grupo tratamento e cores mais fracas para o grupo controle em graacuteficos de barras
Em estudos cliacutenicos os fluxogramas satildeo muito empregados com a intenccedilatildeo de demonstrar o processo de seleccedilatildeo da amostra incluindo o nuacutemero e o motivo de exclusatildeo dos sujeitos ao longo da pesquisa bem como seus motivos e a caracterizaccedilatildeo dos grupos controle e de tratamento (BAHADORAN et al 2019) Em relatos de casos ou seacuteries de casos em doenccedilas raras fotografias dos pacientes ou dos exames de imagem tambeacutem podem ser utilizadas sempre respeitando os aspectos eacuteticos que envolvem a utilizaccedilatildeo de imagens de pacientes (KOTZ CALS 2013) Por fim eacute importante lembrar que os pesquisadores devem elaborar as tabelas e as figuras com esmero sob o risco de recusa para a aceitaccedilatildeo de artigos caso tais elementos sejam mal elaborados (BAHADORAN et al 2019)
Deve-se enfatizar que o design das tabelas e das figuras deve estar adequado Isso confere credibilidade aos resultados do estudo (BAHADORAN et al 2019) Abaixo segue um quadro com dicas a serem utilizadas na confecccedilatildeo de tabelas e figuras (quadro 51)
Quadro 51 mdash Dicas para a elaboraccedilatildeo de tabelas em textos cientiacuteficos
Enumere e decirc tiacutetulos para todas as tabelas e figuras Evite usar figuras abreviaccedilotildees nos tiacutetulos das tabelasInclua legendas curtas que expliquem os dados incluiacutedosNatildeo sobrecarregue o tiacutetulo com detalhesInclua as tabelas e as figuras o mais proacuteximo possiacutevel do local em que ele foi citado pela primeira vez no textoContextualize os resultados das tabelas e figuras ao longo do textoUniformize a aparecircncia de todas as tabelas e figuras Use notas de rodapeacute para explicar quaisquer dados incertosConfira se a tabela eacute autoexplicativa
Nota Adaptado de Bahadoran et al 2019
54 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por fim apresentamos abaixo exemplos de tabelas e graacuteficos utilizados em outras produccedilotildees dos editores (figuras 51 e 52)
Figura 51 mdash Exemplo de tabela e seus elementos baacutesicos publicados em um artigo cientiacutefico (adaptado de Ponte et al 2018)
Resultados 55
Figura 52 mdash Exemplo de figura publicada em um artigo cientiacutefico (adaptado de Ponte et al 2019)
55 ERROS FREQUENTES DA SECcedilAtildeO RESULTADOS
Abaixo elencamos os principais erros cometidos pelos pesquisadores ao longo da escrita dos resultados de uma pesquisa (BAHADORAN et al 2019 FOOTE 2009)
bull discutir os resultados ainda na seccedilatildeo resultados e natildeo na seccedilatildeo discussatildeo
bull natildeo apresentar resultados que respondam a todos os objetivos da pesquisardquo
bull fornecer apenas os dados mas natildeo os resultados da pesquisa (ou seja a interpretaccedilatildeo ou a anaacutelise desses dados) ou o contraacuterio
bull desalinhamento organizacional e de conteuacutedo entre a seccedilatildeo material e meacutetodos e a seccedilatildeo resultados
bull escolha inadequada da forma de apresentaccedilatildeo dos resultados e dados ou
56 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
seja empregar texto quando deveria utilizar tabelas ou figuras ou o contraacuterio
bull repeticcedilatildeo inadequada nos achados na forma de texto e tabelas ou figuras (embora a apresentaccedilatildeo do mesmo achado seja possiacutevel a partir de texto e tabela desde que seja de uma forma natildeo repetitiva e com o objetivo de ressaltar um achado muito importante do estudo)
bullutilizaccedilatildeo de tabelas e figuras mal elaboradas
56 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A escrita adequada da seccedilatildeo resultados tem como elementos fundamentais a precisatildeo concisatildeo e clareza sendo a criatividade dos autores o elemento fundamental no julgamento da melhor maneira de apresentaccedilatildeo dos achados O objetivo maior deve ser o de uma comunicaccedilatildeo cientiacutefica eficaz para outros pesquisadores e estudiosos Para isso algumas formalidades satildeo necessaacuterias e devem estar presentes nesta seccedilatildeo da produccedilatildeo cientiacutefica com o intuito de aumentar a confiabilidade dos achados apresentados
Resultados 57
REFEREcircNCIAS
ANNESLEY TM Clinical Chemistry Guide to Scientific Writing Clinical Chemistry [S l] v 56 n 3 p 331-497 2010 Disponiacutevel em httpspdfssemanticscholarorg191845a1da9dc1c376bddd3744ba30197d4a88a3pdf_ga=21642126024123063401603328335-14644782561603328335 Acesso em 19 out 2020
ARAUacuteJO C G S Detailing the writing of scientific manuscripts 25-30 paragraphs Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v 102 n 2 p e21-e23 fev 2014Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC3987331 Acesso em 09 abr 2020
BAHADORAN Z et al The principles of biomedical scientific writings results Int J Endocrinol Metab Tehran v 17 n 2 p e92113 abr 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31372173 Acesso em 09 abr 2020
CAMPOS JM et al Manual praacutetico de pesquisa cliacutenica da graduaccedilatildeo agrave poacutes-graduaccedilatildeo Satildeo Paulo Thieme Revinter 2016
DURBIN JR CG Effective use of tables and figures in abstracts presentations and papers Respir Care Philadelphia v 49 n 10 p 1233-1237 out 2004Disponiacutevel em httpwwwrcjournalcomcontents100410041233pdf Acesso em 09 abr 2020
FOOTE M The proof of the pudding how to report results and write a good discussion Chest Chicago v 135 n 3 p 866-868 2009 Disponiacutevel em httpronbunjpchestpdf34pdf Acesso em 09 abr 2020
KOTZ D CALS J W L Effective writing and publishing scientific papers part VII tables and figures J Clin Epidemiol New York v 66 n 11 1197 2013 Disponiacutevel em httpswwwjclinepicomactionshowPdfpii=S0895-435628132900192-3 Acesso em 09 abr 2020
58 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
MEO S A Anatomy and physiology of a scientific paper Saudi J Biol Sci Riyadh v 25 n 7 p 1278-1283 nov 2018 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6252020 Acesso em 09 abr 2020
PEREIRA MG A seccedilatildeo de resultados de um artigo cientiacutefico Epidemiol Serv Sauacutede Brasiacutelia v 22 n 3 p 537-538 abrjun 2013Disponiacutevel em httpscieloiecgovbrpdfessv22n2v22n2a17pdf Acesso em 09 abr 2020
PONTE C M M et al Early commitment of cardiovascular autonomic modulation in Brazilian patients with congenital generalized lipodystrophy BMC Cardiovasc Disord [S l] v 18 n 1 p 6 jan 2018
PONTE C M M et al Association between cardiovascular autonomic neuropathy and left ventricular hypertrophy in young patients with congenital generalized lipodystrophy Diabetol Metab Syndr [S l] v 11 n 53 p 1-10 jul 2019
SNYDER N et al How to write an effective results section Clin Spine Surg Hagerstown v 32 n 7 p 295-296 ago 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31145152 Acesso em 09 abr 2020
VOLPATO GL Como escrever um artigo cientiacutefico Anais da Academia Pernambucana de Ciecircncia Agronocircmica Recife v 4 p 97-115 2007Disponiacutevel em httpwwwjournalsufrpebrindexphpapcaarticleview9390 Acesso em 09 abr 2020
59
6ESCREVENDO A DISCUSSAtildeO E A CONCLUSAtildeO
Vitoacuteria Costa LimaLaura da Silva Giratildeo Lopes
ldquoA razatildeo natildeo eacute toda poderosa eacute uma trabalhadora tenaz opinativa cautelosa criacutetica implacaacutevel disposta a ouvir e a discutir arriscadardquo
Karl Popper
61 INTRODUCcedilAtildeO
Essa frase de Karl Popper considerado um dos maiores filoacutesofos da ciecircncia do seacuteculo XX eacute bem apropriada para se iniciar o debate acerca da seccedilatildeo de discussatildeo dos artigos cientiacuteficos Nela o filoacutesofo nega o poder como uma caracteriacutestica da razatildeo cientiacutefica e delimita algumas caracteriacutesticas fundamentais ao cientista disposiccedilatildeo ao trabalho aacuterduo criticidade e acima de tudo capacidade de discutir ideias que consiste na principal atividade do pesquisador durante a elaboraccedilatildeo da discussatildeo de seus manuscritos
62 ELABORANDO A DISCUSSAtildeO
Ao se chegar agrave discussatildeo chega-se quase ao final do artigo Trata-se da parte do texto que mais identifica os autores chamada por alguns como o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo (REYES 2019) uma vez que nessa seccedilatildeo os pesquisadores podem e devem elaborar teorias a partir dos resultados encontrados em suas pesquisas Portanto a discussatildeo eacute a parte ldquovivardquo do artigo em que a partir dos resultados obtidos e jaacute apresentados os autores descreveratildeo os seus argumentos considerando a sua expertise no assunto A argumentaccedilatildeo cientiacutefica portanto parte de uma experiecircncia ampla sobre o objeto de estudo o que permite a interpretaccedilatildeo dos resultados encontrados e por conseguinte a escrita da discussatildeo do artigo
Ao escrever a discussatildeo os autores devem responder agraves perguntas feitas por muitos revisores de revistas cientiacuteficas ldquoQual a relevacircncia dos achados para aquela aacuterea especiacuteficardquo ou ldquoQual o ganho para a comunidade cientiacutefica da publicaccedilatildeo do
60 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
seu artigordquo (BALCH 2018) Sendo capaz de responder a elas de maneira adequada o pesquisador estaraacute apto a escrevecirc-la
Apesar de ser o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo a discussatildeo natildeo deve conter opiniotildees pessoais dos autores e sim argumentos loacutegicos e contundentes acerca do tema Natildeo cabe aos autores convencer os leitores de que suas ideias satildeo verdades absolutas mas sim transmitir seus argumentos loacutegicos promovendo um debate cientiacutefico (BALCH 2018) Uma discussatildeo bem redigida permitiraacute que o pesquisador atinja o principal objetivo de uma produccedilatildeo cientiacutefica que eacute a comunicaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo dos resultados de sua pesquisa para a comunidade cientiacutefica
63 ESCREVENDO A CONCLUSAtildeO
A conclusatildeo sucede a discussatildeo sendo uma parte breve que finaliza o artigo poreacutem de extrema importacircncia Nela os autores retomam os objetivos e respondem de maneira clara e sucinta agraves perguntas elaboradas no iniacutecio do estudo (REYES 2019)
A depender da revista cientiacutefica a conclusatildeo pode estar incorporada na discussatildeo devendo o seu uacuteltimo paraacutegrafo ser reservado para isso Esse paraacutegrafo final deve responder ao objetivo principal do estudo A lacuna de conhecimento contida na pergunta inicial motivadora do estudo deveraacute ser devidamente esclarecida neste momento por meio de um texto sinteacutetico e claro Natildeo se recomenda a mera repeticcedilatildeo de frases anteriormente utilizadas no texto
64 ALGUMAS FORMALIDADES NECESSAacuteRIAS
Como todas as demais seccedilotildees do artigo cabem aqui algumas formalidades necessaacuterias agrave redaccedilatildeo da discussatildeo e da conclusatildeo do seu manuscrito as quais conferem a caracteriacutestica de artigo cientiacutefico a esse gecircnero textual
bull Organize a discussatildeo como uma piracircmide invertida inicie os argumentos acerca dos resultados mais gerais e soacute depois comece a discutir os mais especiacuteficos (VOLPATO 2019)
bull Observe a distribuiccedilatildeo dos tamanhos de cada seccedilatildeo do seu artigo A discussatildeo natildeo deve exceder o tamanho da soma das outras seccedilotildees (introduccedilatildeo meacutetodos resultados) Recomendam-se no maacuteximo seis ou sete paraacutegrafos no seu total (NATHA 2014)
bull Evite frases que se iniciem por ldquoNoacutesrdquo Isso pode ser justificado pelo princiacutepio de que se devem evitar palavras desnecessaacuterias no artigo cientiacutefico (NATHA 2014) Apesar de o uso da primeira pessoa ter o objetivo de enfatizar um argumento do ponto de vista gramatical a frase ldquoNoacutes demonstramos querdquo poderia ser substituiacuteda por ldquoDemonstramos querdquo sem nenhum prejuiacutezo de significado
Resultados 61
bull Utilize o tempo verbal no presente quando estiver expondo os dados de seu estudo bem como seus argumentos Somente utilize o tempo verbal no passado quando estiver comentando os dados de outros autores (VOLPATO 2019)
bull Embora se utilize bastante a voz passiva ou impessoal como ldquodemonstrou-se querdquo a tendecircncia atual eacute utilizar a voz ativa na primeira pessoa do plural (REYES 2019) como ldquodemonstramos querdquo Isso tornaraacute a leitura de seu texto mais fluida A voz ativa traz uma mensagem direta e de mais faacutecil leitura
bull Natildeo seja repetitivo Os resultados de seu estudo jaacute foram apresentados na seccedilatildeo destinada para tal portanto apesar de retomar os principais achados do estudo a discussatildeo natildeo deve promover uma repeticcedilatildeo de resultados (HONG 2014)
bull Elabore sua discussatildeo respeitando a ordem dos achados apresentados na seccedilatildeo ldquoResultadosrdquo ou seja discuta-os utilizando a ordem em que eles aparecem Evite discutir no mesmo paraacutegrafo diferentes resultados a natildeo ser que eles estejam correlacionados entre si Isso facilitaraacute o entendimento pelo leitor Lembre-se nem sempre o leitor tem ampla experiecircncia no assunto O artigo deve estar direcionado a pessoas interessadas em seu conteuacutedo e natildeo necessariamente a experts (VOLPATO 2019)
bull Evite frases e paraacutegrafos longos A frase natildeo deve conter mais do que 25 a 30 palavras em prol da fluidez do texto (NATHA 2014)
bull Utilize palavras que faccedilam conexotildees entre os paraacutegrafos Isso tornaraacute o texto mais fluido (OSHIRO 2020)
bull Evite o uso de jargotildees que muitas vezes restringem a comunicaccedilatildeo a um grupo especiacutefico de leitores Lembre-se de que o objetivo eacute a comunicaccedilatildeo tornando seus argumentos disponiacuteveis a diferentes indiviacuteduos interessados no assunto (VOLPATO 2019)
bull Natildeo utilize linguagem informal Apesar de a discussatildeo ser o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo contendo assim argumentos dos autores trata-se de um artigo cientiacutefico (REYES 2019)
bull Evite frases que possam ser interpretadas pelo leitor como pretensiosas Afinal toda conclusatildeo cientiacutefica eacute necessariamente provisoacuteria embora deva ser aceita se natildeo puder rejeitaacute-la A leitura agradaacutevel natildeo apresenta demonstraccedilotildees de autoridade (BALCH 2014) Seu estudo inclui uma amostra e mesmo que seja substancial em termos numeacutericos seus achados natildeo necessariamente podem ser extrapolados para toda a populaccedilatildeo (RUIZ 2016)
62 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
65 ORGANIZANDO A DISCUSSAtildeO DO COMECcedilO AO FIM
Segundo Volpato (2019) caso a conclusatildeo esteja alocada em uma seccedilatildeo separada sugere-se estruturar a discussatildeo em cinco paraacutegrafos conforme apresentado adiante Mas natildeo se deve esquecer eacute fundamental o planejamento da escrita antes de sua execuccedilatildeo Isso facilitaraacute a conectividade entre os paraacutegrafos aspecto fundamental jaacute descrito aqui
Para esse autor a discussatildeo deve ser iniciada com a retomada para o leitor da lacuna de conhecimento que seu manuscrito deseja preencher Deve-se relembrar ao leitor a pergunta que motivou seu estudo No entanto conveacutem evitar a repeticcedilatildeo de frases jaacute utilizadas na introduccedilatildeo do artigo
Logo apoacutes no segundo paraacutegrafo os resultados principais devem ser apresentados de maneira sumaacuteria bem como seu significado e implicaccedilotildees com o intuito de demonstrar o quanto o manuscrito seraacute capaz de fazer o conhecimento avanccedilar Natildeo devem ser repetidos os detalhes que podem ser encontrados na seccedilatildeo ldquoresultadosrdquo Deve-se evitar a repeticcedilatildeo dos dados quantitativos a natildeo ser que isso aumente seu poder argumentativo A contraposiccedilatildeo com os dados da literatura pode ser feita para cada resultado discutido facilitando assim a construccedilatildeo do argumento em torno das diferenccedilas ou semelhanccedilas entre seus achados e os dos demais autores
Eacute importante que dados da literatura que satildeo discordantes sejam tambeacutem apresentados (SANLI 2013) Pouco ou nenhum conhecimento cientiacutefico tem unanimidade ou homogeneidade em seus aspectos o que faz que os editores das revistas natildeo vejam com ldquobons olhosrdquo discussotildees que contenham apenas dados concordantes citados pelos autores
No terceiro paraacutegrafo eacute importante discutir os resultados mais especiacuteficos As especulaccedilotildees devem ser feitas e esperadas pelo leitor interessado em ampliar seu conhecimento sobre o assunto Natildeo se deve limitar apenas ao oacutebvio Os resultados devem ser explorados de maneira adequada caso contraacuterio mesmo que dados interessantes estejam presentes no estudo natildeo levaratildeo a uma ampliaccedilatildeo adequada do conhecimento
As limitaccedilotildees do estudo devem estar apontadas no quarto paraacutegrafo inclusive em tamanho amostral capacidade de generalizaccedilatildeo dos resultados e possiacuteveis vieses presentes Aleacutem das limitaccedilotildees deve-se refletir o quanto isso pode ter alterado os resultados encontrados Os pontos positivos tambeacutem podem ser ressaltados e geralmente satildeo descritos em relaccedilatildeo a outros estudos da literatura sobre o mesmo tema
A discussatildeo eacute frequentemente encerrada com um paraacutegrafo uacuteltimo que costuma destacar as direccedilotildees futuras sobre o tema bem como a necessidade de outros estudos ou mesmo inovaccedilotildees em evoluccedilatildeo Dificilmente as lacunas do conhecimento
Resultados 63
satildeo esgotadas com os estudos existentes e agrave medida que se avanccedila no conhecimento novas lacunas satildeo criadas havendo a necessidade constante de continuaccedilatildeo daquela linha de pesquisa Abaixo eacute sintetizada uma sugestatildeo para a estrutura da discussatildeo (quadro 61)
Quadro 61 mdash A estrutura da discussatildeo em cinco paraacutegrafos
1deg paraacutegrafo Retome a lacuna do conhecimento que se relaciona com o objetivo principal do estudo
2deg paraacutegrafo Interprete o resultado principal compare com os dados da literatura e elabore justificativas para as semelhanccedilasdiferenccedilas
3deg paraacutegrafo Comente os outros resultados respeitando a ordem em que eles estatildeo dispostos na seccedilatildeo especiacutefica
4deg paraacutegrafo Aponte as limitaccedilotildees e os dados positivos do estudo
5deg paraacutegrafo Especule as possiacuteveis inovaccedilotildees no futuro bem como a necessidade de outros estudos acerca do tema
66 ERROS FREQUENTEMENTE ENCONTRADOS NA DISCUSSAtildeO
Diante da dificuldade da escrita da discussatildeo seratildeo descritos os erros mais frequentemente encontrados nessa seccedilatildeo
bull Pobreza de argumentaccedilatildeo loacutegica e de especulaccedilotildees com conteuacutedo focado apenas em comparaccedilotildees com os dados de outros estudos da literatura
bull Discussatildeo de resultados em ordem diferente e aleatoacuteria sem seguir a sequecircncia apresentada nos resultados dificultando o entendimento
bull Abordagem de aspectos importantes relacionados ao tema mas que natildeo foram pesquisados no estudo em questatildeo (natildeo se trata de um artigo de revisatildeo)
bull Pouca relaccedilatildeo de conectividade da discussatildeo com as demais partes do manuscrito
bull Falta de alinhamento da discussatildeo com os objetivos do estudo
64 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
67 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A escrita da discussatildeo pressupotildee uma larga experiecircncia sobre o tema estudado um cenaacuterio pouco provaacutevel entre jovens pesquisadores especialmente entre alunos de graduaccedilatildeo Isso justifica a dificuldade para a redaccedilatildeo da discussatildeo comumente observada nesse grupo Assim a leitura abundante sobre o tema e a vivecircncia com o assunto ao longo da coleta dos dados do estudo tornam-se fundamentais para a elaboraccedilatildeo da discussatildeo do manuscrito
Resultados 65
REFEREcircNCIAS
BALCH C M et al Steps to getting your manuscript published in a high-quality medical journal Ann Surg Oncol New York v 25 n 4 p 850-855 2018 Disponiacutevel em httpslinkspringercomcontentpdf1012452Fs10434-017-6320-6pdf Acesso em 09 abr 2020
HONG S T Ten tips for authors of scientific articles J Korean Med Sci Seoul v 29 n 8 p 1035-1037 ago 2014 Disponiacutevel em httpswwwresearchgatenetpublication264793318_Ten_Tips_for_Authors_of_Scientific_Articles Acesso em 09 abr 2020
NATHA R How to write a strong discussion in scientific manuscripts BioScience [S l] maio 2014 Disponiacutevel em httpswwwbiosciencewriterscomHow-to-Write-a-Strong-Discussion-in-Scientific-Manuscriptsaspx Acesso em 09 abr 2020
OSHIRO J et al Going beyond ldquonot enough timerdquo barriers to preparing manuscripts for Academic Medical Journals Teach Learn Med Philadelphia v 32 n 1 p 71-81 janmar 2020 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31530189 Acesso em 09 abr 2020
REYES B H Coacutemo tener eacutexito al empezar a publicar en revistas meacutedicas Consideraciones para autores inexpertos que podriacutean interesar tambieacuten a los expertos Rev Med Chile Santiago v 147 n 2 p 238-242 2019 Disponiacutevel em httpsscieloconicytclpdfrmcv147n20717-6163-rmc-147-02-0238pdf Acesso em 09 abr 2020
RUIZ A G et al Manual praacutetico de pesquisa cientiacutefica da graduaccedilatildeo agrave poacutes graduaccedilatildeo Rio de Janeiro Revinter 2016
SANLI O ERDEM S TEFIK T How to write a discussion section Turk J Urol Istanbul v 39 p 20-24 2013 Supl 1 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC4548568pdftju-39-supp-20pdf Acesso em 09 abr 2020
VOLPATO G L Meacutetodo loacutegico da redaccedilatildeo cientiacutefica 2 ed Satildeo Paulo Best Wrintiing 2017
67
7COMO DEFINIR O TIacuteTULO
Eacuterika Suyane Freire SilvaClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoSe nem o tiacutetulo estimula a leitura imagine o restante do textordquo
Medeiros amp Tomasi
71 COMO DEFINIR O TIacuteTULO
O tiacutetulo eacute a primeira impressatildeo de um projeto de pesquisa ou artigo cientiacutefico Eacute a parte da produccedilatildeo acadecircmica mais lida e difundida e por isso haacute a necessidade de esmero para sua elaboraccedilatildeo Nota-se uma grande tendecircncia da sociedade cientiacutefica em otimizar o seu tempo na triagem de seus objetos de estudo em face da grande quantidade de publicaccedilotildees na literatura cientiacutefica Logo eacute por meio do tiacutetulo que se ldquoconquistardquo a atenccedilatildeo do leitor Eacute por ele que se comeccedila a convencer o parecerista o revisor ou o editor a aceitaram determinado projeto ou artigo
Natildeo eacute incomum que a preocupaccedilatildeo dos pesquisadores se volte principalmente agrave elaboraccedilatildeo de outros elementos do trabalho em detrimento da seleccedilatildeo e maturaccedilatildeo de um bom tiacutetulo No entanto o tiacutetulo eacute um elemento fundamental sendo um grande diferencial para a posterior adesatildeo agrave leitura integral de determinada produccedilatildeo
72 ESCREVENDO O TIacuteTULO
O tiacutetulo tem como principal atribuiccedilatildeo revelar de maneira precoce clara e concisa a ideia central da produccedilatildeo devendo ser pensado de maneira a despertar a curiosidade sem causar impressatildeo de prolixidade ou rebuscamento (MEDEIROS amp TOMASI 2017) Para isso idealmente deve conter o tema da pesquisa (o que foi investigado) a abrangecircncia (populaccedilatildeo local e tempo) e o delineamento do estudo (meacutetodo da pesquisa) (quadro 71) Opcionalmente tiacutetulos de artigos cientiacuteficos podem conter os resultados encontrados na pesquisa (CAVALCANTI 2015) Essa estrateacutegia pode poupar tempo dos leitores e direcionaacute-los para a leitura completa do trabalho
68 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 71 mdash Elementos que devem estar presentes no tiacutetulo
bull Tema bull Populaccedilatildeobull Localbull Tempo (opcional)
bull Meacutetodobull Resultado (sua presenccedila
no tiacutetulo ainda eacute discutida por alguns autores)
O tiacutetulo deve ser curto e informar exatamente o conteuacutedo do trabalho atendo-se agraves variaacuteveis teoacutericas Deve-se evitar a utilizaccedilatildeo excessiva de adjetivos adveacuterbios abreviaturas jargotildees teacutecnicos ou palavras muito especiacuteficas de determinada aacuterea (VOLPATO 2007) Eacute preferiacutevel usar tiacutetulos simples e concisos a tiacutetulos figurados e elegantes mas pouco esclarecedores Devem ser excluiacutedas informaccedilotildees que natildeo sejam fundamentais para tal feito
Algumas perguntas podem ajudar os escritores para a elaboraccedilatildeo dos tiacutetulos de seus trabalhos acadecircmicos (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
bull O tiacutetulo traduz o conteuacutedo exposto no texto Informa sobre a sua originalidade e destaca os pontos importantes
bull Eacute possiacutevel escrevecirc-lo em outras palavras deixando-o mais claro mais preciso
bull Eacute possiacutevel eliminar alguma palavra e tornaacute-lo mais enxuto mas conciso
bull Eacute possiacutevel tornaacute-lo mais contundente mais interessante
O tiacutetulo pode ser escrito como uma frase em que se mostra o objetivo da pesquisa ou a conclusatildeo principal Pode tambeacutem ser em forma de pergunta indicando o problema da pesquisa A construccedilatildeo de tiacutetulos na qual aparecem apenas as variaacuteveis investigadas natildeo eacute muito recomendada pois tem conteuacutedo explicativo menor que as outras formas (VOLPATO 2007)
Embora seja a parte inicial de um trabalho acadecircmico o momento mais oportuno para a elaboraccedilatildeo do tiacutetulo eacute ao final da escrita de todas as demais partes do texto No entanto caso o tiacutetulo seja escolhido nas fases iniciais da redaccedilatildeo este deve ser visto como provisoacuterio que pode ser alterado de acordo com o andamento e o conteuacutedo do estudo quantas vezes forem necessaacuterias ateacute que se atinja um resultado satisfatoacuterio (KOLLER COUTO HOHENDORFF 2014)
Como Definir o Tiacutetulo 69
A seguir alguns exemplos de tiacutetulos (dados proacuteprios)
PROJETOS
bull Controle glicecircmico intra-hospitalar em pacientes natildeo criticamente enfermos internados em hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute
bull Estudo ecocadiograacutefico da funccedilatildeo ventricular esquerda de pacientes com lipodistrofia generalizada congecircnita por meio da teacutecnica de speckle tracking bidimensional
bull Caracteriacutesticas cliacutenicas e epidemioloacutegicas de idosos com fraturas internados em um hospital de referecircncia em trauma em Fortaleza
ARTIGOS
bull Thyroid Stimulating Hormone Reference Interval in Healthy Adults from Fortaleza-CE Population
bull Early Commitment of Cardiovascular Autonomic Modulation in Brazilian Patients with Congenital Generalized Lipodystrophy
bull Association between Cardiovascular Autonomic Neuropathy and Left Ventricular Hypertrophy in Young Patients with Congenital Generalized Lipodystrophy
Finalmente conveacutem lembrar que a maioria dos artigos natildeo eacute sequer lida porque os leitores os rejeitam a partir do tiacutetulo (VOLPATO 2007) Eacute pelo tiacutetulo que se comeccedila a convencer o editor a publicar seu artigo ou o parecerista a aprovar o seu projeto Eacute importante natildeo esquecer que raramente haacute uma segunda oportunidade de causar boa impressatildeo e a primeira boa impressatildeo sobre um trabalho pode estar justamente no tiacutetulo de seu texto (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
70 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G et al Definindo o tiacutetulo de um projetoIn CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015cap 3 p 35-37
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
VOLPATO G L Como escrever um artigo cientiacutefico Anais da Academia Pernambucana de Ciecircncia Agronocircmica Recife v 4 p 97-115 2007 Disponiacutevel em httpwwwjournalsufrpebrindexphpapcaarticleview9390 Acesso em 20 set 2019
71
8COMO REDIGIR O RESUMO
Roberta Lopes RibeiroClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoPor vezes um bom resumo pode dizer mais sobre um
romance do que um livro de duzentas paacuteginasrdquo
Umberto Eco
A elaboraccedilatildeo do resumo de uma produccedilatildeo cientiacutefica eacute uma fase extremamente relevante pois eacute ele que fornece os pontos mais importantes abordados no desenvolvimento do trabalho e provecirc juntamente com o tiacutetulo a primeira impressatildeo do estudo apresentado Depois do tiacutetulo o resumo eacute a parte do artigo que seraacute mais lida e consiste em uma exposiccedilatildeo integral e concisa de todos os elementos da produccedilatildeo Desse modo precisa ser escrito de maneira objetiva sem deixar de ressaltar os detalhes essenciais do estudo (REIZ 2013)
O resumo deve permitir que os leitores tenham uma ideia geral sobre o estudo e possam escolher por meio dessas informaccedilotildees baacutesicas se leratildeo ou natildeo o trabalho na iacutentegra Aleacutem da funccedilatildeo de despertar o interesse das pessoas o resumo eacute utilizado para a indexaccedilatildeo dos artigos nas bases de dados eletrocircnicas por meio das palavras-chave ou descritores Assim o resumo deve refletir de maneira acurada o conteuacutedo do artigo e ser fundamental para o atual processo de busca e seleccedilatildeo de literatura cientiacutefica nas bases de dados cientiacuteficas disponiacuteveis (KOLLER COUTO HOHENDORFF 2014)
De modo habitual o resumo eacute o uacutenico elemento recuperado eou revisado nas bases de dados o que determina a sua importacircncia para a difusatildeo do conhecimento no meio acadecircmico e para a seleccedilatildeo dos trabalhos pelos pareceristas de agecircncias de fomento ou revistas cientiacuteficas bem como pelos demais pesquisadores interessados em determinado tema (ALENCAR 2015) Desse modo quando ele eacute bem redigido iraacute cativar os leitores para obter a coacutepia integral do manuscrito Caso o resumo seja mal escrito a pesquisa poderaacute ser banalizada e esquecida pelo leitor que logo iraacute agrave procura de outro trabalho com melhor apresentaccedilatildeo (SOUSA DRIESSNACK
72 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
FLOacuteRIA-SANTOS 2006)
O tamanho do resumo eacute uma decisatildeo que cabe ao editor ou conselho editorial do perioacutedico ou agecircncia de fomento De maneira geral existe uma limitaccedilatildeo para o uso de 200 a 300 palavras escritas em um uacutenico paraacutegrafo No texto devem-se incluir de forma sucinta as informaccedilotildees relacionadas agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica agrave justificativa ao objetivo e aos meacutetodos da pesquisa No caso de resumos de artigos cientiacuteficos satildeo acrescidos ainda os resultados e as conclusotildees ou consideraccedilotildees finais
O quadro 81 apresenta as etapas para a preparaccedilatildeo de resumos de artigos cientiacuteficos originais Os quadros 81 e 82 mostram exemplos de resumos na liacutengua portuguesa e inglesa respectivamente
Figura 81 mdash Etapas para a preparaccedilatildeo de resumos de artigos cientiacuteficos originais (Adaptado de Reiz 2013)
Como Redigir o Resumo 73
Quadro 81 mdash Exemplo de resumo em liacutengua portuguesa (dados proacuteprios)
CONTROLE GLICEcircMICO INTRA-HOSPITALAR EM PACIENTES NAtildeO CRITICAMENTE ENFERMOS INTERNADOS EM HOSPITAIS TERCIAacuteRIOS DO ESTADO DO CEARAacute
INTRODUCcedilAtildeO a hiperglicemia intra-hospitalar (HIH) agrava a evoluccedilatildeo das doenccedilas coexistentes e aumenta a mortalidade No entanto a importacircncia da HIH eacute frequentemente subestimada O objetivo deste estudo foi avaliar o manejo do controle glicecircmico intra-hospitalar em pacientes natildeo criticamente enfermos internados em hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute MEacuteTODOS trata-se de um estudo transversal realizado em trecircs hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute Foram avaliados os pacientes internados nas unidades de enfermarias com idade acima de 18 anos que apresentaram hiperglicemia (glicemia plasmaacutetica aleatoacuteria gt 140 mgdL) ou diagnoacutestico preacutevio de diabetes mellitus (DM) (autorrelato) RESULTADOS foram avaliados 124 pacientes com idade 571 plusmn 167 anos sendo 84 (677) do sexo masculino Setenta e oito pacientes (629) apresentavam diagnoacutestico preacutevio de DM O monitoramento da glicemia capilar foi realizado na maioria dos pacientes (122 984) sendo mais frequentemente realizadas as medidas de glicemias preacute-prandiais 4xdia (75 605) Suporte nutricional para DMhiperglicemia foi prescrito para 73 (589) pacientes Quanto ao tratamento em 34 casos (274) natildeo havia qualquer medida prescrita para o manejo da HIH 20 (161) estavam em uso de antidiabeacuteticos orais (ADOs) e 86 (694) em uso de insulina Entre os usuaacuterios de insulina 46 (534) estavam em uso de insulina regular sob demanda 14 (163) em esquema basal prandial 21 (244) em esquema basal plus e 5 (58) apenas com insulina basal Hipoglicemia foi observada em 29 (238) pacientes e o protocolo para manejo da hipoglicemia estava prescrito em 92 (742) pacientes Medidas de educaccedilatildeo em DM durante o internamento foram relatadas por 37 (308) pacientes CONCLUSAtildeO o manejo da HIH natildeo seguiu protocolos padronizados o monitoramento da glicemia foi heterogecircneo e o uso de insulina regular sob demanda foi a principal forma de manejo Observou-se falta de suporte nutricional especiacutefico para o manejo da hipoglicemia e para medidas de educaccedilatildeo em diabetes Por meio desses achados pode-se especular que a implantaccedilatildeo de protocolos e de uma equipe especiacutefica para o manejo da HIH poderaacute melhorar este cenaacuterio
PALAVRAS-CHAVE Diabetes Mellitus Hiperglicemia de Estresse Controle Glicecircmico
74 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 82 mdash Exemplo de resumo (abstract) em liacutengua inglesa (dados proacuteprios)
ASSOCIATION BETWEEN CARDIOVASCULAR AUTONOMIC NEUROPATHY AND LEFT VENTRICULAR HYPERTROPHY IN YOUNG PATIENTS WITH CONGENITAL GENERALIZED LIPODYSTROPHY
BACKGROUND Congenital generalized lipodystrophy (CGL) is a rare disorder characterized by the absence of subcutaneous adipose tissue severe insulin resistance diabetes mellitus and cardiovascular complications including cardiac autonomic neuropathy (CAN) left ventricular hypertrophy (LVH) and atherosclerosis The present study aimed to access the association between CAN parameters and cardiovascular abnormalities in CGL patients METHODS A cross-sectional study was conducted with 10 CGL patients and 20 healthy controls matched for age sex BMI and pubertal stage We evaluated clinical laboratory and cardiovascular parameters including left ventricular mass index (LVMI) interventricular septum thickness (IVS) systolic and diastolic function determined using two-dimensional transthoracic echocardiographycarotid intimal media thickness (cIMT) cQT interval and heart rate variability (HRV) studyby spectral analysis components ndash high frequency (HF) low frequency (LF) very low frequency (VLF) LFHF ratio and total amplitude spectrum (TAS) ndash and cardiovascular reflexes tests (postural hypotension test respiratory orthostatic and Valsalva coefficients) RESULTS In CGL group four patients (40) had LVH and diastolic dysfunction CGL patients presented higher values of cIMT and cQT interval In CGL patients with LVH lower values of the HF component were observed indicating autonomic parasympathetic modulation impairment The LVMI correlated directly with systolic blood pressure (BP) drop in the postural test (r = 0835 p = 0002) and inversely with Valsalva (r = -0632 p = 0049) HF (r = -0887 p = 0001) and TAS (r = -0827 p = 0003) The IVS presented positive correlation with systolic BP drop in the postural test (r = 0764 p = 0010) and inverse correlation with HF (r = -0794 p = 0013) and TAS (r = -0656 p = 0039) There was a positive correlation between cIMT and LFHF ratio (r = 0707 p = 0022) CONCLUSION The association between increased LV mass and parameters of HRV provides possible speculations about the involvement of CAN in the pathophysiology of the cardiac complications including LVH in CGL patients
81 TEacuteCNICAS PARA A ESCRITA DE UM BOM RESUMO
Elaborar resumos eacute uma atividade essencial no universo acadecircmico-cientiacutefico e o conhecimento de alguns recursos literaacuterios pode ajudar nesse processo Resumir natildeo eacute meramente copiar as palavras do texto original reproduzindo trechos de um texto para outro por meio da simples substituiccedilatildeo de palavras (REIZ 2013) Durante a redaccedilatildeo de um resumo devem-se selecionar as ideias centrais dos paraacutegrafos eliminando conceitos repetidos e detalhados Preparar resumos envolve a capacidade de elaborar paraacutefrases ndash um recurso de interpretaccedilatildeo textual que consiste na reformulaccedilatildeo de um texto trocando as palavras e expressotildees originais mas mantendo a ideia central da informaccedilatildeo (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
O texto deve ser escrito utilizando-se a norma-padratildeo mantendo-se o argumento e o encadeamento das ideais apresentadas no texto original Segundo Reiz (2013) as principais recomendaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo de um resumo cientiacutefico
Como Redigir o Resumo 75
satildeo
bull resguardar fidelidade ao texto original
bull evitar redundacircncia de ideias ou palavras trazendo clareza e precisatildeo
bull apresentar os pontos principais da pesquisa dividindo-os nos toacutepicos introduccedilatildeo (tema e objetivo) meacutetodos resultados principais e conclusotildees
bull harmonizar objetivos e resultados encontrados
bull apresentar vocabulaacuterio amplo e diversificado
bull preferir frases curtas e uso de verbos na voz ativa
bull evitar o uso de adjetivos e adveacuterbios restringindo-os aos necessaacuterios
bull natildeo fazer citaccedilotildees diretas ou referecircncias a outros autores
bull revisar o texto repetidamente para se evitar incoerecircncias ortograacuteficas e gramaticais
bull seguir as orientaccedilotildees dos perioacutedicos ou agecircncias de fomento quanto agrave organizaccedilatildeo extensatildeo e nuacutemero de palavras-chave
Na construccedilatildeo do texto do resumo podem ser repetidas frases contidas em outras seccedilotildees do artigo No entanto essas informaccedilotildees devem ser reformuladas de forma concisa enquanto no corpo do manuscrito elas podem ser apresentadas de maneira mais detalhada
Durante a escrita eacute possiacutevel utilizar outros resumos como modelo com a finalidade de tentar reproduzir sistematicamente quais as informaccedilotildees que devem estar presentes e o que habitualmente os autores priorizam em suas redaccedilotildees Poreacutem eacute importante sempre manter o senso criacutetico para saber julgar se o resumo utilizado como modelo eacute realmente bem estruturado e redigido com a finalidade de natildeo tomar como base uma redaccedilatildeo de maacute qualidade
Geralmente o resumo deve ser escrito apoacutes a finalizaccedilatildeo de todo o manuscrito mas eacute comum alguns orientadores recomendarem a escrita de um resumo preliminar antes de se iniciar a redaccedilatildeo final uma vez que esse texto pode servir como um esboccedilo auxiliando na definiccedilatildeo da ideia central do trabalho a ser escrito e que deveraacute ser revisado ao final
O resumo deve ser escrito na liacutengua vernaacutecula devendo haver tambeacutem um resumo em liacutengua estrangeira geralmente o inglecircs A traduccedilatildeo do resumo para a liacutengua inglesa eacute um elemento essencial para permitir o maior alcance do trabalho a leitores que natildeo possuem domiacutenio do idioma no qual o trabalho foi escrito originalmente (MATIAS-PEREIRA 2012) Dessa maneira a probabilidade de o artigo ser utilizado por leitores diversos e consequentemente de ser citado eacute ampliada o que daraacute maior notoriedade e credibilidade ao trabalho
76 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Ao final do resumo devem ser indicadas as palavras-chave que descrevem o conteuacutedo do trabalho Normalmente satildeo utilizadas trecircs a seis descritores contudo esse nuacutemero varia de acordo com as normas dos perioacutedicos ou editais de pesquisa Tais termos permitem a seleccedilatildeo dos artigos nas bases de dados eletrocircnicas (PubMed SciELO LILACS entre outras) e devem ser selecionadas em bancos de dados especiacuteficos
Os Descritores em Ciecircncias da Sauacutede (DeCS) consistem em um banco de palavras-chave estruturado que se utiliza de trecircs idiomas (inglecircs portuguecircs e espanhol) criado para unificar os termos na indexaccedilatildeo de artigos livros relatoacuterios e outros materiais acadecircmicos O site para acesso a esse banco de dados eacute wwwdecsbvsbr O DeCS foi elaborado a partir do Medical Subject Heading (MeSH) da US National Library of Medicine um importante banco de descritores em sauacutede utilizado para a indexaccedilatildeo de artigos do sistema MEDLINE-PubMed que pode ser acessado no site wwwncbinlmnihgovmesh
82 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Eacute notaacutevel a importacircncia do resumo no universo acadecircmico-cientiacutefico e o segredo para escrever um resumo claro curto objetivo criativo e cativante eacute sem duacutevidas ter domiacutenio do assunto abordado e clareza para a transmissatildeo das ideias centrais da pesquisa Diante disso eacute fundamental que no resumo sejam apresentadas informaccedilotildees relevantes com uma linguagem que favoreccedila o envolvimento do leitor a fim de convencecirc-lo quanto agrave importacircncia da temaacutetica abordada e agrave relevacircncia dos resultados obtidos na pesquisa fazendo que ele se sinta estimulado a continuar a leitura do artigo e quem sabe utilizaacute-lo como uma fonte de pesquisa para outros trabalhos
Como Redigir o Resumo 77
REFEREcircNCIAS
SOUSA V D DRIESSNACK M FLOacuteRIA-SANTOS M Como escrever o resumo de um artigo para publicaccedilatildeo Acta Paul Enferm Satildeo Paulo v 19 n 3 p 5-8 julset 2006 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0103-21002006000300001 Acesso em 09 abr 2020
ALENCAR C H M et al Como redigir o resumo de um projeto e definir as palavras-chave In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 5 p 41-46
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
79
9CRONOGRAMA E ORCcedilAMENTO
Juliana Ferreira ParaacuteMatheus Mendonccedila Leal Janja
ldquoCom organizaccedilatildeo e tempo acha-se o segredo de se fazer tudo e bem feitordquo
Pitaacutegoras
Realizar uma pesquisa cientiacutefica eacute uma aacuterdua tarefa e para que se possa finalizaacute-la a contento deve ser planejada de forma a permitir a execuccedilatildeo de todas as suas etapas em um tempo aceitaacutevel previamente definido aleacutem de ser financeiramente viaacutevel Listar todas as fases da pesquisa definir prazos exequiacuteveis captar e aplicar os recursos adequadamente satildeo passos fundamentais para todos os atores envolvidos em pesquisas consistindo em grandes desafios para jovens pesquisadores bem como para aqueles mais experientes
91 CRONOGRAMA
O cronograma consiste no planejamento temporal das atividades que seratildeo realizadas pelo pesquisador para a obtenccedilatildeo dos resultados da sua pesquisa Ele serve como um guia para que o pesquisador se organize durante a execuccedilatildeo da pesquisa Aleacutem disso serve para demonstrar se o pesquisador tem conhecimento sobre as etapas do seu estudo e sobre o tempo necessaacuterio para executaacute-lo
Eacute importante salientar que o cronograma traz informaccedilotildees sobre algo que ainda seraacute realizado Portanto ele dever conter os dados das atividades que seratildeo realizadas no futuro e natildeo as que jaacute foram desenvolvidas na elaboraccedilatildeo do projeto
Recomenda-se que esses itens devem estar presentes
bull tempo de execuccedilatildeo determina o tempo necessaacuterio para realizar cada atividade proposta
bull divisatildeo em etapas dividir o projeto em fases ajuda o pesquisador a se organizar e preparar todo o projeto
bull atribuiccedilatildeo de responsabilidades ndash essa parte natildeo eacute obrigatoacuteria mas ajuda a
80 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
otimizar o tempo dos elaboradores do projeto ainda mais se o grupo de pesquisadores for grande e os responsaacuteveis por cada etapa jaacute forem conhecidos
bull Preferencialmente o cronograma deve ser elaborado de forma graacutefica por meio de uma tabela levando-se em consideraccedilatildeo as fases da pesquisa Possiacuteveis contratempos devem ser contemplados Deve-se deixar um tempo adequado para a submissatildeo e aprovaccedilatildeo do projeto pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
bull Para a elaboraccedilatildeo do cronograma devem-se utilizar palavras objetivas e claras em adequaccedilatildeo especiacutefica com o trabalho executado Aleacutem disso avaliaccedilatildeo criacutetica e bom-senso satildeo necessaacuterios a fim de que se estipulem prazos exequiacuteveis para que o projeto seja executado adequadamente De acordo com HADDAD (2004) os projetos de pesquisa em geral tecircm cinco fases apresentadas no quadro 91
Quadro 91 mdash Fases de um projeto de pesquisa
Fase preliminar Levantamento de bibliografia obtenccedilatildeo de equipamentos necessaacuterios convocaccedilatildeo de pesquisadores submissatildeo ao comitecirc de eacutetica em pesquisa
Fase preparatoacuteria Preparaccedilatildeo de meacutetodos treinamento de todos os pesquisadores elaboraccedilatildeo de meacutetodos de coleta (fichas questionaacuterios formulaacuterios) ajuste de instrumentos de coleta sorteio de amostras
Fase de coleta de dados Coleta em campo supervisatildeo e controle da qualidade da execuccedilatildeo
Fase de computaccedilatildeo e anaacutelise de dados Anaacutelise de dados caacutelculo de variaacuteveis intervalo de confianccedila testes de significacircncia estatiacutestica confecccedilatildeo de tabelas e graacuteficos
Fase de redaccedilatildeo do trabalho cientiacutefico Escrever o trabalho de acordo com as adequaccedilotildees para onde quer submetecirc-lo
Fonte HADDAD 2004
Em relaccedilatildeo agrave forma de apresentaccedilatildeo das tabelas haacute a opccedilatildeo de que se utilize o cabeccedilalho mecircsano (quadro 92) o formato mais tradicional ou pode-se optar por cabeccedilalho em nuacutemeros sequenciais (quadro 93) Neste uacuteltimo caso caso haja algum contratempo decorrente de atraso na liberaccedilatildeo dos recursos financeiros ou da aprovaccedilatildeo pelo CEP a tabela continuaraacute atualizada como exemplificado abaixo (tabela 3) Em pesquisas de menor duraccedilatildeo o tempo poderaacute ser delimitado por dias
Cronograma e Orccedilamento 81
semanas ou quinzenas Ao contraacuterio pesquisas de maior duraccedilatildeo podem ser divididas em bimestres ou trimestres
Quadro 92 mdash Modelo de cronograma com cabeccedilalho mecircsano
ETAPAS JAN2019 FEV2019 MAR2019Revisatildeo bibliograacutefica X
Elaboraccedilatildeo de questionaacuterio
X X
Coleta de dados em campo
X
Quadro 93 mdash Modelo de cronograma com cabeccedilalho com numeraccedilatildeo sequencial
ETAPAS MEcircS 1 MEcircS 2 MEcircS 3Revisatildeo bibliograacutefica X
Elaboraccedilatildeo de questionaacuterio
X X
Coleta de dados em campo
X
Obs O mecircs 1 se refere ao tempo decorrido imediatamente apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo CEP
82 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Abaixo outros exemplos de cronogramas que obedecem agraves diferentes maneiras de organizaccedilatildeo (quadros 94 e 95)
Quadro 94 mdash Modelo de cronograma de projeto de pesquisa com cabeccedilalho
numerado (dados proacuteprios)
Periacuteodo (ANOMEcircS) Ano 1 Ano 2 Ano 3
Procedimentos 1-4 5-8 9-12 1-4 5-8 9-12 1-4 5-8 9-12
Revisatildeo de literatura X X X X X X X X X
Levantamento dos prontuaacuterios X
Aquisiccedilatildeo do material X
Agendamento das consultas X
Recrutamento do grupo controle X
Atendimento dos pacientescoleta de dados X X X
Anaacutelise laboratorial X X X
Anaacutelise e elaboraccedilatildeo dos laudos de neuropatia autonocircmica
X X X
Anaacutelise e elaboraccedilatildeo dos laudos do ecocardiograma X X X
Confecccedilatildeo do banco de dados X
Anaacutelise estatiacutestica dos dados X
Elaboraccedilatildeo do artigopublicaccedilotildees Apresentaccedilatildeo em congressos
X X
Obs Mecircs 1 ndash Ano 1 seraacute considerado a partir da aprovaccedilatildeo do projeto pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da instituiccedilatildeo
Cronograma e Orccedilamento 83
Quadro 95 mdash Modelo de cronograma de projeto de pesquisa com cabeccedilalho
mecircsano (dados proacuteprios)
JanJun 2018
OutDez 2017
JanMar 2018
AbrJun 2018
JulSet
2018
OutDez 2018
JanMar 2019
MarJun 2019
Revisatildeo de literatura X X X X X X X X
Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio em pacientes internados em unidades de enfermaria
X
Revisatildeo de prontuaacuterios X
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos resultados X
Apresentaccedilatildeo dos resultados para equipe multidisciplinar corpo cliacutenico e gestores das referidas instituiccedilotildees
X
Implantaccedilatildeo do protocolo X X
Avaliaccedilatildeo da implementaccedilatildeo do protocolo X X
Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio em pacientes internados em unidades de enfermaria
X
Revisatildeo de prontuaacuterios X
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos resultados X
Reapresentaccedilatildeo dos resultados para equipe multidisciplinar corpo cliacutenico e gestores das referidas instituiccedilotildees
X
Elaboraccedilatildeo do artigopublicaccedilotildees Apresentaccedilatildeo em congressos
X
Por fim deve-se ter em mente que respeito aos prazos eacute sempre algo a ser buscado embora nem sempre seja conseguido Por mais que o cronograma seja bem planejado podem ocorrer imprevistos ou falhas Nesses casos readequaacute-lo poderaacute ser necessaacuterio sempre visando manter a qualidade da pesquisa e evitando comprometer as suas fases finais como a elaboraccedilatildeo dos relatoacuterios finais ou a redaccedilatildeo dos artigos cientiacuteficos (MACENA PINHEIRO CARNEIRO JUacuteNIOR 2015)
84 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
92 ORCcedilAMENTO
Toda pesquisa tem custos que precisam ser considerados por ocasiatildeo da elaboraccedilatildeo do projeto Os editais de financiamento de pesquisas lanccedilados pelas agecircncias de fomento e os Comitecircs de Eacutetica em Pesquisa sempre avaliam os orccedilamentos dos projetos enviados para apreciaccedilatildeo Portanto essa etapa deve ser elaborada de maneira apropriada evitando que projetos adequados do ponto de vista eacutetico e metodoloacutegico incorram em equiacutevocos relacionados a esse quesito
Os itens do orccedilamento podem ser divididos em itens de custeio e itens de capital As despesas de custeio satildeo aquelas decorrentes da aquisiccedilatildeo de materiais de consumo serviccedilos de terceiros diaacuterias passagens e bolsas As despesas de capital por sua vez satildeo aquelas que se traduzem em investimento que poderatildeo ser incorporados ao patrimocircnio da instituiccedilatildeo de pesquisa como equipamentos material bibliograacutefico computadores impressoras obras etc Uma grande parte dos editais de financiamento das agecircncias de fomento determina uma proporccedilatildeo entre despesas de custeio e despesas de capital (GIL 2002)
Outro item que pode ser adicionado ao orccedilamento eacute a contrapartida ou seja quais seratildeo as despesas a serem assumidas pela instituiccedilatildeo onde a pesquisa seraacute realizada como exemplo podem-se citar os gastos com despesas habituais como alimentaccedilatildeo energia aacutegua e transporte (CAVALCANTI amp MACENA 2015)
Geralmente apresenta-se o orccedilamento sob a forma de uma tabela Devem ser especificados de forma detalhada os seguintes itens materiais permanentes (como impressoras computadores armaacuterios mesas bancadas equipamentos de laboratoacuterio etc) material de consumo (papel cartuchos de tinta luvas pastas-arquivo canetas etc) serviccedilos de terceiros (estatiacutestico tradutor revisor ortograacutefico etc) e recursos humanos (bolsas para pesquisadores estudantes etc) Devem ser indicados a quantidade de cada item o valor unitaacuterio e o valor total Abaixo segue exemplo de uma tabela de orccedilamento (quadro 96)
Cronograma e Orccedilamento 85
Quadro 96 mdash Modelo de orccedilamento de projeto de pesquisa (dados proacuteprios)
ITENS DE CUSTEIO
Materiais de consumo
Item QuantidadeValor
R$ TotalPapel A4 (resmas) 4 10000 10000Cartuchos de tinta 5 50000 50000Pastas-arquivo 10 50000 50000Canetas 20 5000 5000Subtotal R$ 115000
Serviccedilos de terceiros
Item QuantidadeValor
R$ TotalTradutor para liacutengua inglesa 1 80000 80000Revisor ortograacutefico 1 50000 50000Estatiacutestico 1 100000 100000Subtotal R$ 230000
Recursos humanos
Item QuantidadeValor
R$ TotalBolsa mensal para aluno de graduaccedilatildeo 24 50000 1200000
Subtotal R$ 1200000
86 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ITENS DE CAPITAL
Item QuantidadeValor
R$ TotalAparelho de ultrassonografia Sonoace R3 2 port BRA V20 + Transdutor linear de 5 a 12 Mhz
1 4000000 4000000
Notebook LG IntelCore 16 1 150000 150000Impressora jato de tinta 1 100000 100000Subtotal R$ 4250000
ORCcedilAMENTO FINAL
CUSTEIO R$ 1545000CAPITAL R$ 4250000TOTAL R$ 5795000
Em adiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo de todos os itens e custos eacute importante informar quem seraacute o provedor desses recursos A caracterizaccedilatildeo das fontes de financiamento visa dar transparecircncia agrave participaccedilatildeo e agrave forma de aplicaccedilatildeo das diferentes fontes de recursos aplicados em determinada pesquisa Qualquer forma de remuneraccedilatildeo dos indiviacuteduos pesquisados que natildeo se caracterize como ressarcimento de despesas ou remuneraccedilatildeo dos pesquisadores ou funcionaacuterios puacuteblicos com verbas oriundas de recursos de agecircncias de fomento natildeo eacute permitido
Cronograma e Orccedilamento 87
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G MACENA RHM Como fazer um orccedilamento honesto In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 13 p 85-88
GIL A C Como calcular o tempo e o custo do projeto In GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 cap 15 p 155-160
HADDAD N Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho cientiacutefico Satildeo Paulo Roca 2004
MACENA RHM PINHEIRO MA CARNEIRO JUacuteNIOR EC Como elaborar um cronograma claro e objetivo In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 12 p 81-83
89
10APEcircNDICES E ANEXOS
Vitoacuteria Costa Lima
ldquoParte anexa acreacutescimo ou prolongamento de uma parte principal
suplemento no fim de uma obrardquo
diciocombr
Ao final do texto de um projeto de pesquisa ou trabalho acadecircmico podem ser adicionados elementos poacutes-textuais opcionais que complementam o texto principal satildeo os apecircndices e anexos
O apecircndice consiste em um texto ou documento elaborado pelo autor em que satildeo expostas informaccedilotildees complementares sobre o desenvolvimento do trabalho Na maioria das vezes os apecircndices consistem em documentos que complementam informaccedilotildees sobre os meacutetodos da pesquisa como instrumentos para coleta de dados ou documentos relacionados agrave anaacutelise regulatoacuteria e eacutetica como solicitaccedilatildeo de autorizaccedilatildeo para a pesquisa termos de consentimento livre e esclarecido etc Caso o autor julgue pertinente ao produzir o artigo cientiacutefico alguns apecircndices podem ser apresentados como material suplementar
O anexo por sua vez consiste em um texto ou documento natildeo elaborado pelo autor mas que em seu julgamento acrescenta informaccedilotildees importantes relacionadas ao seu trabalho Os anexos servem de apoio para a estrutura do texto pois permitem organizaacute-lo de forma a evitar a inclusatildeo de muitos documentos adicionais facilitando a leitura do texto principal Assim como os apecircndices os anexos podem ser parte da anaacutelise regulatoacuteria e eacutetica (carta de aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa carta de anuecircncia do local onde a pesquisa seraacute realizada) bem como metodoloacutegica (instruccedilotildees e teacutecnicas para realizaccedilatildeo de um exame descriccedilatildeo de um equipamento valores de referecircncia de determinado analito ou meacutetodo etc)
Segundo as normas da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) os apecircndices e anexos devem ser elaborados de acordo com as seguintes instruccedilotildees
bull identificaccedilatildeo por uma letra do alfabeto em caixa alta
bull tiacutetulo centralizado em negrito separado por hiacutefen
bull fonte Arial 10 ou Times New Roman 12
90 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull paacuteginas enumeradas seguindo a ordem do texto discriminadas no sumaacuterio
Seguem exemplos
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio sobre o perfil dos pacientes internados por quedas e fraturas em hospital terciaacuterio de trauma em Fortaleza ndash CE
APEcircNDICE B ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
APEcircNDICE C ndash Carta de anuecircncia da chefia do setor onde a pesquisa seraacute realizada
ANEXO A ndash Parecer de aprovaccedilatildeo do projeto no Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
ANEXO B ndash Valores de referecircncia para os testes autonocircmicos cardiovasculares
Apecircndices e Anexos 91
REFEREcircNCIAS
NORMAS Teacutecnicas Anexos [S l s n] [20--] Disponiacutevel em httpswwwnormastecnicascomabnttrabalhos-academicosanexos Acesso em 16 maio 2019
93
11REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Victor Gomes PitombeiraClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoA leitura traz ao homem plenitude ao discurso seguranccedila e agrave escrita precisatildeordquo
Francis Bacon
As referecircncias bibliograacuteficas satildeo elemento obrigatoacuterio na estrutura de uma produccedilatildeo acadecircmica satildeo constituiacutedas por todo material impresso eletrocircnico ou audiovisual que eacute utilizado na elaboraccedilatildeo de um texto cientiacutefico (EVANGELISTA et al 2015) O processo de referenciar tais materiais eacute de extrema importacircncia para a demonstraccedilatildeo da validade e confiabilidade de uma produccedilatildeo acadecircmica
As referecircncias satildeo o testemunho das fontes que o pesquisador se valeu para construir as citaccedilotildees de seu trabalho formando a base de conhecimento sobre o qual foi elaborada determinada pesquisa Apesar de o processo de ajuste de referecircncias quase sempre desgastante e monoacutetono parecer apenas puramente mecacircnico ele tem seu valor porque contribui para a formaccedilatildeo intelectual do pesquisador (REIZ 2013)
Muitas vezes antes de iniciar a redaccedilatildeo de um trabalho cientiacutefico o pesquisador jaacute tem em mente quais as principais referecircncias para seu projeto ou artigo tendo em vista que o processo de delimitaccedilatildeo de um tema de pesquisa eacute oriundo de vasta leitura sobre o assunto No entanto muitos autores natildeo se preparam adequadamente para essa etapa da escrita dificultando o ajuste das referecircncias por ocasiatildeo da finalizaccedilatildeo do texto
Neste capiacutetulo seratildeo apresentados aspectos relevantes a serem considerados durante a seleccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo das referecircncias bibliograacuteficas de um trabalho acadecircmico
111 ASPECTOS RELEVANTES DURANTE A SELECcedilAtildeO DAS REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
O primeiro aspecto a ser ressaltado eacute que natildeo se deve confundir quantidade de referecircncias com qualidade Uma produccedilatildeo com muitas referecircncias nem sempre eacute a de melhor qualidade Na verdade eacute preferiacutevel que um artigo tenha boas referecircncias a ter numerosas visto que muitas revistas e perioacutedicos limitam o seu nuacutemero Mas
94 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
como selecionar boas referecircncias
Deve-se sempre que possiacutevel buscar revistas com alto fator de impacto Esse fator mede a importacircncia de determinado perioacutedico para a comunidade cientiacutefica Normalmente aqueles que tecircm maior fator de impacto tambeacutem tendem a ter melhores publicaccedilotildees transmitindo maior credibilidade ao leitor (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
Deve-se levar em consideraccedilatildeo ainda o grau de evidecircncia das referecircncias citadas Eacute preferiacutevel que se incluam referecircncias que forneccedilam um maior grau de evidecircncia cientiacutefica Deve-se avaliar criticamente o grau de evidecircncia das fontes citadas dando prioridade para incluir artigos com desenhos adequados para o tema sob estudo Por exemplo para pesquisas sobre faacutermacos eacute melhor que sejam priorizadas as citaccedilotildees de ensaios cliacutenicos em detrimento de citaccedilotildees de relatos de caso Para pesquisas sobre fatores de risco para doenccedilas satildeo preferiacuteveis estudos de coorte com nuacutemero adequado de pacientes a estudos transversais A piracircmide ilustrada abaixo classifica as evidecircncias de acordo com o grau de hierarquia (figura 111) e pode ser uacutetil por ocasiatildeo da seleccedilatildeo das fontes bibliograacuteficas de uma produccedilatildeo acadecircmica
Figura 111 mdash Hierarquia do grau de evidecircncia para estudos sobre tratamento (intervenccedilotildees)
Onde RS ndash revisotildees sistemaacuteticas ECR ndash ensaio cliacutenico randomizado Nota para estudos de diagnoacutestico ou prognoacutestico devem-se considerar as revisotildees sistemaacuteticas de coortes e estudos de coorte validados como o topo da piracircmide (Adaptado de MELNYK 2011)
Apecircndices e Anexos 95
A data da publicaccedilatildeo do material bibliograacutefico eacute outro aspecto relevante Eacute sempre bom manter suas fontes bem atualizadas procurando artigos recentes incluindo publicaccedilotildees dos uacuteltimos cinco anos em meacutedia Entretanto deve-se ressaltar que nem sempre eacute indicado referenciar apenas os textos mais recentes sobre determinado assunto Faz parte do trabalho do autor saber balancear a idade da publicaccedilatildeo agrave sua importacircncia
Existem diversos trabalhos antigos que trouxeram conceitos importantes e edificaram o conhecimento sobre determinado assunto ou seja artigos de grande impacto inovadores para sua eacutepoca sendo imprescindiacutevel que sejam citados Em contrapartida haacute diversos artigos mais recentes que apesar de estarem anos agrave frente pouco acrescentam agrave aacuterea ou trazem meacutetodos duvidosos ou natildeo passaram por criteriosa avaliaccedilatildeo antes de serem publicados Nesse caso pode ser mais saudaacutevel para a produccedilatildeo cientiacutefica que o autor priorize o artigo mais antigo do que opte por um mais novo mas que talvez natildeo traga tanto embasamento e fundamentaccedilatildeo Assim sempre que possiacutevel ao citar conceitos claacutessicos deve-se identificar os primeiros autores a descrevecirc-los
Outro fator que deve ser levado em consideraccedilatildeo eacute a disponibilidade da referecircncia O material referenciado precisa ser acessiacutevel Quanto agrave acessibilidade entende-se como ser acessado pela internet para a realidade do seacuteculo XXI Os mais radicais defendem que atualmente se um artigo natildeo existir na internet por qualquer que seja a razatildeo ele simplesmente natildeo existe (REIZ 2013)
112 NORMAS PARA A ELABORACcedilAtildeO DAS REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Cada veiacuteculo tem normas determinadas que regem o modo como devem ser diagramados organizados e redigidos os artigos submetidos para publicaccedilatildeo O referenciamento bibliograacutefico pode seguir diversos padrotildees No Brasil a construccedilatildeo das referecircncias eacute regida sob a Norma NBR6023 da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) que teve sua uacuteltima atualizaccedilatildeo feita em 2018 (wwwabntorgbr httpswwwyoutubecomwatchv=-lhwOCKE-N4) Outros padrotildees no entanto podem ser utilizados
Dentro da aacuterea da sauacutede e especialmente fora do Brasil o estilo Vancouver eacute o mais utilizado e pode ser acessado no endereccedilo wwwncbinlmnihgovbooksnbk7256 A lista de abreviaturas dos tiacutetulos de perioacutedicos que deve ser padronizada nas referecircncias pode ser acessada em wwwnlmnihgovtsdserialsljihtml
Eacute imprescindiacutevel que o autor se informe acerca de quais satildeo as normas do veiacuteculo em que pretende publicar seu artigo para que adapte a bibliografia ao modelo requerido Foge ao escopo deste capiacutetulo discriminar as regras de cada uma desses padrotildees Sugerimos acessar as normas de acordo com o indicado pela agecircncia
96 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
de fomento ou perioacutedico cientiacutefico ou ainda utilizar ferramentas ou programas especiacuteficos para a elaboraccedilatildeo de referecircncias bibliograacuteficas
113 FERRAMENTAS E LINKS UacuteTEIS
O processo de elaboraccedilatildeo e escrita das referecircncias bibliograacuteficas eacute para a maioria dos autores monoacutetono e cansativo Devido agrave grande quantidade de detalhes muitas pessoas recorrem a ferramentas de referenciaccedilatildeo desenvolvidas especificamente para esse propoacutesito Existem diversas opccedilotildees algumas pagas e outras gratuitas
Entre as opccedilotildees gratuitas existem o Docear (wwwdocearorg) desenvolvido em universidades o Zotero (wwwzoteroorg) criado em um centro de miacutedias o Facilis (httpfacilisuesbbr) e por fim o MORE criado pela Universidade Federal de Santa Catarina (httpwwwmoreufscbr) Esses dois uacuteltimos foram desenvolvidos para que pudessem gerar referecircncias de acordo com as normas da ABNT
Geralmente os softwares pagos possuem mais ferramentas e funccedilotildees sendo otimizados em relaccedilatildeo aos gratuitos Entre as opccedilotildees pagas estatildeo o Biblioscape (wwwbiblioscapecom) desenvolvido pela CG Informationreg o EndNote (wwwendnotecom) da Clarivate Analyticsreg e o Mendeley (wwwmendeleycom) da Elsevierreg Esses softwares foram desenvolvidos por empresas estrangeiras
Aleacutem das opccedilotildees citadas acima alguns editores de texto como o proacuteprio Microsoft Wordreg possuem ferramentas proacuteprias de referenciamento de texto No entanto ateacute o momento natildeo foi implementado junto ao Word nenhum modelo de norma da ABNT (httpssupportofficecompt-brarticlecriar-uma-bibliografia-citaC3A7C3B5es-e-referC3AAncias-17686589-4824-4940-9c69-342c289fa2a5)
Apecircndices e Anexos 97
REFEREcircNCIAS
ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referecircncias elaboraccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro ABNT 2018
EVANGELISTA D S et al Como preparar minhas referecircncias bibliograacuteficas In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 15 p 91-110
MEDEIROS J B TOMASI C Normas para apresentar referecircncias In MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017 cap 9 p 203-224
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
MELNYK B M Evidence-based practice in nursing amp healthcare a guide to best practice 2nd ed Philadelphia Wolters KluwerLippincott Williams amp Wilkin 2011
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
PARTE II Os bastidores da elaboraccedilatildeo de uma produccedilatildeo cientiacutefica (ou Os alicercesretaguarda de uma
boa produccedilatildeo acadecircmica)
101
12COMO REALIZAR UMA BOA REVISAtildeO
BIBLIOGRAacuteFICA
Victor Hugo Lima JacintoVeyda Lourdes Ferreira Martins
Lilian Loureiro Albuquerque Cavalcante
ldquoCada investigador analisa minuciosamente os trabalhos dos investigadores que o precederam e soacute entatildeo compreendido o testemunho que lhe foi confiado parte
equipado para a sua proacutepria aventurardquo
(CARDOSO et al 2010)
121 INTRODUCcedilAtildeO
A revisatildeo bibliograacutefica ou revisatildeo de literatura corresponde ao compilado de conhecimentos que fundamentam a base teoacuterica da pesquisa Eacute indispensaacutevel para definir o problema ou questionamento bem como para obter uma ideia precisa do panorama atual sobre algum tema as suas lacunas e a contribuiccedilatildeo da investigaccedilatildeo para o desenvolvimento do conhecimento (BENTO2012)
Segundo Pereira (2012) ldquoa revisatildeo da literatura diz respeito agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica que seraacute adotada para tratar do tema e do problema da pesquisa Por meio da anaacutelise da literatura publicada eacute possiacutevel traccedilar um quadro teoacuterico e conceitual que daraacute sustentaccedilatildeo ao desenvolvimento da pesquisardquo
122 INICIANDO A REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Como prerrogativa para o iniacutecio da busca bibliograacutefica o pesquisador necessita delinear o problemapergunta da pesquisa Deve estar ciente de qual eacute a finalidade do projeto (MOREIRA 2004 CARDOSO ALARCAtildeO CELORICO 2010) A leitura preacutevia de alguns textos para a seleccedilatildeo adequada do objetivo central e para o estabelecimento de possiacuteveis questionamentos eacute o primeiro passo para o direcionamento da revisatildeo da literatura Bem executada embasa uma produccedilatildeo cientiacutefica relevante que contribuiraacute para a evoluccedilatildeo do conhecimento
Muitos estudos apresentam falhas devido a natildeo delimitaccedilatildeo correta do problema A revisatildeo bibliograacutefica auxilia nessa compreensatildeo como tambeacutem evita
102 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
recorrer a pontos jaacute bem discutidos (BARROS 2011) Nesse contexto eacute vaacutelido acrescentar que novos campos investigativos podem ser evidenciados tanto em temas jaacute bem abordados quanto em aacutereas pouco desenvolvidas (BENTO 2012)
Uma estrateacutegia difundida no meio acadecircmico para iniciar uma revisatildeo de literatura eacute a estrateacutegia PICO A sigla representa um acrocircnimo para populaccedilatildeo Intervenccedilatildeo Comparaccedilatildeo e Outcomes (desfechos) pontos essenciais para a construccedilatildeo da pesquisa e do questionamento para a busca bibliograacutefica
A estrateacutegia PICO pode ser utilizada para construir questotildees de pesquisa de naturezas diversas oriundas da cliacutenica do gerenciamento de recursos humanos e materiais da busca de ferramentas para avaliaccedilatildeo de sintomas entre outras Se a pergunta da pesquisa estiver bem delineada pode-se direcionar de forma mais assertiva a busca da literatura relacionada nas bases de dados O MEDLINEPubMed uma das plataformas de pesquisa bem reconhecida disponibiliza uma interface para inserccedilatildeo direta dos quatro componentes da estrateacutegia PICO citada anteriormente podendo ser acessada por meio do endereccedilo eletrocircnico httpaskmedlinenlmnihgovaskpicophp
123 TIPOS DE REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A revisatildeo da literatura pode ser de trecircs tipos narrativa integrativa e sistemaacutetica Independentemente da metodologia todas buscam conhecer o panorama atual do tema em investigaccedilatildeo
A revisatildeo do tipo narrativa tambeacutem conhecida como exploratoacuteria ou tradicional natildeo apresenta criteacuterios sistemaacuteticos nem utiliza estrateacutegias rebuscadas para filtrar os estudos publicados O pesquisador seleciona a bibliografia sem exaurir toda a literatura disponiacutevel (CORDEIRO et al 2007)
A revisatildeo integrativa eacute um meacutetodo que proporciona a siacutentese de conhecimento e a incorporaccedilatildeo da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na praacutetica apresentando maior planejamento com criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo bem desenhados e maior rigor metodoloacutegico (SOUZA 2010)
A revisatildeo sistemaacutetica por sua vez eacute realizada sob planejamento estruturado baseada em um tema especiacutefico bem delimitado com a inclusatildeo de estudos com meacutetodos semelhantes (ERCOLE MELO ALCOFORDA 2014) Busca-se com esse controle metodoloacutegico para a seleccedilatildeo dos estudos evitar vieses e erros aleatoacuterios Trata-se portanto de um meacutetodo de revisatildeo reprodutiacutevel que combina resultados de diferentes estudos com criteacuterios de seleccedilatildeo claros Nesse processo diferentemente da revisatildeo tipo narrativa e integrativa faz-se necessaacuteria a participaccedilatildeo de pelo menos dois pesquisadores que trabalham de forma independente para a definiccedilatildeo de quais dados coletados faratildeo parte da anaacutelise final (CORDEIRO et al 2007)
Os dados obtidos a partir de revisotildees sistemaacuteticas podem ser analisados
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 103
atraveacutes da aplicaccedilatildeo da teacutecnica de metanaacutelise que consiste em um meacutetodo de anaacutelise estatiacutestica especialmente desenvolvido para integrar os resultados de dois ou mais estudos independentes sobre uma mesma questatildeo de pesquisa combinando em uma medida resumo os resultados de tais estudos (EGGER SMITH 1997) As metanaacutelises funcionam como uma ldquoextensatildeordquo da pesquisa bibliograacutefica sistemaacutetica fornecendo estimativas mais precisas e maior generalizaccedilatildeo dos resultados
124 PONTOS CRIacuteTICOS QUANTIDADE VERSUS QUALIDADE DAS FONTES BIBLIOGRAacuteFICAS
No processo de construccedilatildeo do trabalho uma duacutevida frequente se refere agrave quantidade de fontes necessaacuterias para o sucesso de uma boa produccedilatildeo Agrave medida que se observam informaccedilotildees repetidas durante a pesquisa bibliograacutefica entende-se que a busca estaacute em finalizaccedilatildeo Eacute o que se denomina ldquoponto de saturaccedilatildeordquo (BENTO 2012) O foco deve ser direcionado agrave qualidade das informaccedilotildees coletadas enfatizando-se a relevacircncia dos dados obtidos bem como sua anaacutelise criacutetica
Outro ponto de duacutevida eacute como avaliar a qualidade da fonte a ser utilizada Recomenda-se iniciar a busca por meio de publicaccedilotildees com maior niacutevel de evidecircncia e se possiacutevel mais recentes (CARDOSO 2010)
Eacute imprescindiacutevel esclarecer que a revisatildeo bibliograacutefica natildeo consiste apenas em conhecer outras pesquisas e filtrar alguns dados Representa em sua essecircncia estabelecer uma visatildeo criacutetica acerca dos objetos de pesquisa sendo primordial a comparaccedilatildeoconfronto entre os trabalhos analisados Requer preparo e maturidade dos pesquisadores que vatildeo aprimorando-se ao longo das atividades acadecircmicas
Eacute importante estar atento para possiacuteveis erros na busca bibliograacutefica Devem ser evitados estudos com desenhos questionaacuteveis Natildeo se deve desprezar nenhuma obra importante acerca do tema abordado (CARDOSO 2010) O aprofundamento da revisatildeo cientiacutefica melhora a credibilidade da pesquisa Sugere-se realizar a pesquisa bibliograacutefica na seguinte ordem (ANDRADE 2009)
bull artigos publicados em perioacutedicos internacionais de alto impacto
bull artigos publicados em perioacutedicos nacionais reconhecidos
bull livros publicados por bons editores
bull teses e dissertaccedilotildees
bull anais de conferecircncias internacionais
bull anais de conferecircncias nacionais
104 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
125 ELABORANDO UM RESUMO DAS REFEREcircNCIAS SELECIONADAS
De uma maneira geral sugere-se que os pesquisadores devam selecionar as partes mais relevantes de cada texto e registrar as ideias oriundas a partir do estudo de todas as fontes selecionadas Apoacutes a finalizaccedilatildeo dessa leitura pode-se escrever um resumo enfatizando os dados mais importantes referenciando-os de forma adequada Para otimizar o tempo dispensado para a elaboraccedilatildeo das referecircncias bibliograacuteficas deve-se estar atento agraves citaccedilotildees que podem ser utilizadas posteriormente
126 FONTES DE PESQUISA
A pesquisa bibliograacutefica pode ser realizada em diferentes fontes sendo as principais artigos cientiacuteficos livros teses dissertaccedilotildees manuais normas teacutecnicas entre outras
Atualmente a internet representa a principal fonte de busca literaacuteria com vasto acervo bibliograacutefico Haacute diversos sites atualmente disponiacuteveis Alguns artigos natildeo estatildeo disponiacuteveis de forma gratuita devendo ser adquiridos por meio de taxas direcionadas agraves revistas cientiacuteficas ou por meio de centros universitaacuterios que as disponibilizam para os acadecircmicos e pesquisadores Seguem no quadro 121 abaixo os principais sites de pesquisa bibliograacutefica
Quadro 121 mdash Links para sites de pesquisa bibliograacutefica
Base Caracteriacutestica da Base de Dados
MEDLINE
Dados bibliograacuteficos da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos Ameacuterica (EUA) com artigos de jornais cientiacuteficos da aacuterea meacutedica dos EUA e de outros paiacuteses (PUBMED
MEDLINEPubMed Literatura biomeacutedica Conteacutem textos completos
LILACS Dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede
Perioacutedicos CAPES Disponibiliza produccedilatildeo cientiacutefica internacional
SciELO Perioacutedicos cientiacuteficos de base multidisciplinar do Brasil Ameacuterica Latina e Caribe
Google Scholar Pesquisa de materiais acadecircmicos variadosCochrane Database of Systematic Review Tratamentos de sauacutede e intervenccedilotildees sociais
ERICEducaccedilatildeo e temas relacionados Indexa artigos resumos de congressos teses Dissertaccedilotildees monografias dentre outros materiais
Continua
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 105
Base Caracteriacutestica da Base de DadosScience Direct Multidisciplinar
Web of Science Multidisciplinar Indexa apenas os perioacutedicos mais citados em seus respectivos campos
Banco de teses da CAPES Multidisciplinar Reuacutene teses e dissertaccedilotildees brasileiras
BVS
Permite realizar uma busca integrada nas bases de dados da BIREME Informaccedilotildees em sauacutede na Ameacuterica Latina com resumos e referecircncias de artigos na aacuterea da sauacutede
ClinicalKey Site de pesquisa meacutedica que com acesso a publicaccedilotildees da editora Elsevier
SAGE Foco nas aacutereas de ciecircncias humanas e ciecircncias sociais aplicadas
Research Evidence in Education Library Intervenccedilotildees educacionaisThe Campbell Collaboration Intervenccedilotildees sociais e poliacuteticas puacuteblicasThe Evidence for Policy and Practice Information and Co-ordinating Centre (EPPI-Centre) Sauacutede sociais e poliacuteticas puacuteblicas
Para facilitar as pesquisas em tais bases eletrocircnicas alguns instrumentos de refinamento da busca bibliograacutefica podem ser utilizados Satildeo filtros que podem ser associados agraves palavras-chave para delimitar a busca tais como data de publicaccedilatildeo idioma tipo de artigo (revisatildeo sistemaacutetica metanaacutelise ensaio cliacutenico etc)
Aleacutem disso podem ser utilizados operadores de busca que auxiliam a pesquisa nas bases de dados No quadro 122 estatildeo citados os principais operadores utilizados
Quadro 122 mdash Operadores de busca para pesquisa bibliograacutefica em bases de dados cientiacuteficos
Operadores de buscaOperadores loacutegicos ou Booleanos
AND Recupera apenas os registros que contecircm ambos os termos da busca Ex diabetes AND dyslipidemia
OR Recupera registros tanto de um termo da busca quanto do outro Ex gestation OR pregnancy
NOTRecupera os registros relacionados ao primeiro termo da busca que natildeo conteacutem o segundo termo Ex dyslipidemia NOT child
Operador de mascaramentoContinua
106 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Operadores de busca
Substitui uma letra da palavra da busca por para possiacuteveis variaccedilotildees na escrita Ex Brail (dados com Brasil e Brazil)
Operador de truncamento
Substitui a finalizaccedilatildeo de uma palavra Ex diabet (dados com diabetes diabetic diabetology)
Obs 1 Os operadores Booleanos devem ser sempre escritos em letra maiuacutescula e podem ser inseridos entre qualquer termo que esteja sendo pesquisadoObs 2 Diante de um termo composto haacute a necessidade do uso das aspas para a especificaccedilatildeo dos termos Ex ldquotype 1 diabetes mellitusrdquo AND ldquophysical exerciserdquoObs 3 Para a combinaccedilatildeo e orientaccedilatildeo de buscas pode-se usar a ferramenta parecircnteses As informaccedilotildees entre parecircnteses satildeo consideradas primeiro Ex (Type 1 OR Type 2 diabetes) AND ldquophysical exercicerdquo
As palavras-chave ou descritores devem estar inseridos na plataforma de busca previamente Natildeo podem ser criadas de forma aleatoacuteria No PubMed pode-se utilizar a ferramenta MesH para a visualizaccedilatildeo dos termos mais adequados Para isso deve-se acessar o link MeSH no filtro Search na primeira paacutegina de acesso ao site Caso a palavra-chave natildeo esteja na lista da plataforma o sistema sugeriraacute o termo mais adequado
127 PASSOS PARA A REVISAtildeO DA LITERATURA
A compreensatildeo das etapas envolvidas na busca bibliograacutefica representa o alicerce baacutesico para a confecccedilatildeo de uma redaccedilatildeo cientiacutefica de qualidade De acordo com Bento (2012) uma boa revisatildeo bibliograacutefica eacute composta principalmente por quatro etapas conforme segue abaixo
bull Identificar palavras-chave ou descritores deve ser criada uma seacuterie de palavras-chave acerca do tema em investigaccedilatildeo para que seja realizada a pesquisa nas bases de dados
bull Rever fontes secundaacuterias representam redaccedilotildees de autores que interpretam trabalhos de outros estudiosos
bull Recolher fontes primaacuterias corresponde ao estudo dos trabalhos originais de autores e investigadores sendo coletados principalmente por meio de artigos em perioacutedicos cientiacuteficos Uma estrateacutegia recomendada nessa etapa eacute classificar cada fonte como ldquomuito importanterdquo ldquomoderadamente importanterdquo e ldquoalgo importanterdquo
bull Ler criticamente e resumir a literatura esse passo envolve questionar especular avaliar repensar e sintetizar de forma criacutetica a literatura recolhida Eacute importante avaliar nesse toacutepico aspectos relevantes do seu estudo pontos em comum entre os autores e questotildees natildeo abordadas ateacute o momento
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 107
No quadro 123 seguem algumas orientaccedilotildees para a sistematizaccedilatildeo do processo de revisatildeo de literatura
Quadro 123 mdash Sugestatildeo de roteiro para a realizaccedilatildeo da revisatildeo de literatura e estudo do estado da arte de um tema
Defina o tema da pesquisaLeia trabalhos relacionadosDelimite o problemaSelecione palavras-chave ou descritoresInicie a busca nas bases de dados para pesquisa bibliograacuteficaSelecione os tiacutetulos relacionados leia os resumos e toacutepicos principaisRealize a leitura completa das obras selecionadasFaccedila resumos com anaacutelise criacuteticaArquive os dados para reanaacutelise posteriorUtilize a sua revisatildeo para embasar seu projeto ou artigo ou ainda para elaborar uma revisatildeo de literatura
128 CONCLUSAtildeO
Conhecer os passos para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa bibliograacutefica de qualidade representa uma etapa importante para a vida acadecircmica Atualmente estatildeo disponiacuteveis diversas bases de dados eletrocircnicas que vieram para facilitar esse processo permitindo o acesso dos pesquisadores a amplo conteuacutedo cientiacutefico Ser capaz de identificar entre esse vasto universo de publicaccedilotildees aquelas que satildeo relevantes para o desenvolvimento cientiacutefico consiste em condiccedilatildeo essencial para a elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa e artigos cientiacuteficos de qualidade
108 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
BENTO A Como fazer uma revisatildeo da literatura consideraccedilotildees teoacutericas e praacuteticas Madeira [s n] 201- Disponiacutevel em httpwww3umaptbentoRepositorioRevisaodaliteraturapdf Acesso em 22 nov 2020
MOREIRA W Revisatildeo de Literatura e Desenvolvimento Cientiacutefico conceitos e estrateacutegias para confecccedilatildeo [S l s n] 2004 Disponiacutevel em httpsfilescercompufgbrwebyup19oRevis__o_de_Literatura_e_desenvolvimento_cient__ficopdf Acesso em 09 jul 2020
CORDEIRO A M et al Revisatildeo sistemaacutetica uma revisatildeo narrativa Rev Col Bras Cir Rio de Janeiro v 34 n 6 p 428-431 dez 2007
SOUZA M T SILVA M D CARVALHO R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein [S l] v 8 n1 p 102-6 2010
ERCOLE F F MELO L S ALCOFORADO C L G C Revisatildeo integrativa versus revisatildeo sistemaacutetica REME - Rev Min Enferm Belo Horizonte v 18 n 1 janmar 2014 Disponiacutevel em httpwwwdxdoiorg1059351415-276220140001 Acesso em 11 jul 2020
ANDRADE MM Introduccedilatildeo agrave metodologia do trabalho cientiacutefico elaboraccedilatildeo de trabalhos na graduaccedilatildeo9 ed Satildeo Paulo Atlas 2009
EGGER M SMITH G D Meta-analysis potentials and promise BMJ Londres v 315 n 7119 p 1371-4 nov 1997
BARROS J A A Revisatildeo Bibliograacutefica - Dimensatildeo fundamental para o planejamento da Pesquisa Instrumento R Est Pesq Educ Juiacutez de Fora v 13 n 1 2011
109
13A REDACcedilAtildeO ACADEcircMICA DICAS PARA UMA BOA
ESCRITA
Veyda Lourdes Ferreira MartinsClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoO gosto pela escrita cresce agrave medida que se escreverdquo
Erasmo de Rotherdam
A evoluccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico somente eacute possiacutevel por meio da transmissatildeo das descobertas oriundas de pesquisas nas mais diversas aacutereas e para que isso ocorra o exerciacutecio da escrita se faz fundamental O sucesso de uma produccedilatildeo acadecircmica passa pela qualidade da escrita ao final do processo Saber escrever um bom texto cientiacutefico eacute tatildeo importante quanto saber executar as demais fases da pesquisa Poreacutem escrever bem natildeo eacute uma tarefa simples Mesmo com vocaccedilatildeo e habilidades inatas eacute necessaacuteria a praacutetica constante da redaccedilatildeo visando a seu aperfeiccediloamento contiacutenuo por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades teacutecnicas
Aleacutem disso escrever bem envolve conhecer o puacuteblico para o qual se destina o seu produto De uma maneira geral a escrita cientiacutefica apresenta particularidades especiacuteficas que visam agrave transmissatildeo de informaccedilatildeo e conhecimento com objetividade exatidatildeo ldquoimparcialidaderdquo e eacutetica como deseja o leitor de um trabalho cientiacutefico Segundo Reiz (2012) eacute essencial distinguir redaccedilatildeo cientiacutefica e redaccedilatildeo literaacuteria (quadro 131)
Assim o objetivo deste capiacutetulo eacute apresentar algumas consideraccedilotildees sobre a escrita acadecircmica discutindo alguns viacutecios comumente observados e como evitaacute-los
131 A ESCRITA ACADEcircMICA
Redigir um texto geralmente eacute uma das partes mais difiacuteceis de um trabalho acadecircmico gerando diferentes graus de inseguranccedila no aluno Esse fenocircmeno contudo eacute algo frequente e esperado que tende a melhorar ao longo da redaccedilatildeo Agrave medida que o aluno vai escrevendo o bloqueio e a inseguranccedila inicial tendem a diminuir e as ideias comeccedilam a surgir
110 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 131 mdash Diferenccedilas entre a redaccedilatildeo cientiacutefica e literaacuteria
Redaccedilatildeo cientiacutefica Redaccedilatildeo literaacuteriaInformaccedilatildeo e conhecimento Sentimento e emoccedilatildeoTeacutecnica EsteacuteticaObjetividade SubjetividadeExatidatildeo Adorno na expressatildeoNormas de uso obrigatoacuterio Livre escolhaPrecisatildeo Interpretaccedilotildees diversas (estiacutemulo agrave imaginaccedilatildeo)Denotaccedilatildeo ConotaccedilatildeoEspecificaccedilatildeo GeneralizaccedilatildeoModeacutestia e sobriedade Requinte e refinamentoImparcialidade Juiacutezo de valor
Adaptado de Reiz 2012
Entatildeo a primeira dica eacute COMECE Mesmo que o texto seja reformulado depois comece a escrever Natildeo importa se a primeira versatildeo natildeo ficou adequada o texto sempre poderaacute ser reformulado com a ajuda do orientador ou de pesquisadores mais experientes No entanto cuidado natildeo inicie a redaccedilatildeo antes de conhecer muito bem a histoacuteria que iraacute contar (VOLPATO 2015)
Ao iniciar eacute importante que o aluno calcule adequadamente o tempo necessaacuterio para finalizar a versatildeo inicial de sua produccedilatildeo planejando tempo haacutebil para a sua proacutepria revisatildeo para a revisatildeo do orientador e para que o texto seja reformulado caso precise
Eacute necessaacuterio ainda dedicar tempo para uma boa revisatildeo ortograacutefica e gramatical Quando uma produccedilatildeo cientiacutefica conteacutem erros de escrita os pareceristas e revisores das agecircncias de fomentos e de revistas cientiacuteficas podem recusar projetos ou artigos por entenderem tais erros como desleixo E se existe desleixo na escrita do trabalho eacute de se esperar que as outras etapas da pesquisa tambeacutem possam ter sido realizadas sem zelo Portanto um texto que natildeo segue a norma-padratildeo da liacutengua pode comprometer a credibilidade do estudo e dos pesquisadores (KOLLER 2014)
Aleacutem de respeitar a norma-padratildeo da liacutengua o texto cientiacutefico deve atender a alguns requisitos baacutesicos desse tipo de gecircnero literaacuterio ndash CLAREZA COESAtildeO CONCISAtildeO e PRECISAtildeO satildeo imprescindiacuteveis para uma boa produccedilatildeo acadecircmica (REIZ 2013) Isso natildeo significa no entanto que a redaccedilatildeo cientiacutefica deva ser monoacutetona e cansativa
CRIATIVIDADE ORIGINALIDADE e INSPIRACcedilAtildeO tambeacutem satildeo desejaacuteveis na redaccedilatildeo cientiacutefica O escritor deve buscar elaborar um texto que ao mesmo tempo em que transmite a ideia central da pesquisa consiga chamar a atenccedilatildeo e promover entusiasmo no leitor E este sim eacute um grande desafio para o autor de textos cientiacuteficos
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 111
ldquoinformar o indispensaacutevel sem perder a harmoniardquo (REIZ 2013) Desafio este que poderaacute ser alcanccedilado agrave custa do estudo das teacutecnicas da redaccedilatildeo cientiacutefica moderna e de muita dedicaccedilatildeo (MEDEIROS 2017)
132 A REDACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA O QUE FAZER E O QUE NAtildeO FAZER AO REDIGIR UM TEXTO ACADEcircMICO
Nesse toacutepico seratildeo apresentadas algumas recomendaccedilotildees que visam conduzir o pesquisador na elaboraccedilatildeo de um texto que atenda aos princiacutepios baacutesicos da escrita cientiacutefica Vejamos
bull Planeje o texto em toacutepicos faccedila um esboccedilo ou sumaacuterio provisoacuterio de como pretende expor as ideias ao longo do texto Em geral as revistas cientiacuteficas tradicionais sugerem a divisatildeo do manuscrito em INTRODUCcedilAtildeO MEacuteTODOS RESULTADOS e DISCUSSAtildeO Entretanto atualmente alguns perioacutedicos de alto impacto tecircm proposto diferente disposiccedilatildeo para essa divisatildeo
bull Apresente uma ideia por paraacutegrafo evite paraacutegrafos muito longos O paraacutegrafo deve ser construiacutedo com planejamento Em geral cada paraacutegrafo deve conter uma ideia central que deve ser exposta na(s) primeira(s) frase(s) e que seraacute a base para o desenvolvimento das ideias secundaacuterias Deve haver articulaccedilatildeo entre os paraacutegrafos O paraacutegrafo seguinte deve abordar uma nova ideia relacionada agrave que fora previamente apresentada
bull Escreva sentenccedilas em ordem direta sempre que possiacutevel utilize sujeito + verbo + objeto No entanto dependendo do contexto a voz passiva tambeacutem poderaacute ser utilizada visando facilitar o encadeamento das ideias Aleacutem disso autores de textos cientiacuteficos na liacutengua inglesa frequentemente utilizam a voz passiva
bull Seja claro transmita as ideias de maneira compreensiacutevel Para isso prefira sentenccedilas afirmativas e frases curtas que facilitam a concatenaccedilatildeo das ideias Frases simples satildeo mais eficazes no entendimento e na memorizaccedilatildeo das informaccedilotildees Quando o autor tem maior autoridade sobre determinado assunto o conteuacutedo poderaacute ser escrito e transmitido de maneira mais simples Quando o pesquisador estaacute confuso seu texto tambeacutem pareceraacute confuso portanto aproprie-se do tema
bull Seja preciso todos os leitores devem ter o mesmo entendimento da informaccedilatildeo
bull Seja conciso elimine termos que natildeo tenham significado especiacutefico e que natildeo acrescentem sentido agrave informaccedilatildeo Exclua adjetivos adveacuterbios numerais e outros elementos que natildeo sejam essenciais para o entendimento
bull Seja original muitas vezes a originalidade natildeo se refere apenas ao ineacutedito Pode ser uma maneira diferente de transmitir a ideia em apresentar uma nova
112 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
teacutecnica de comunicar os achados e detectar novas possibilidades ou interpretaccedilotildees
bull Respeite o gecircnero literaacuterio a linguagem cientiacutefica deve seguir as normas da liacutengua padratildeo Em textos acadecircmicos a exatidatildeo e o rigor formal satildeo primordiais No entanto lembre-se deque o texto deve destinar-se agravecompreensatildeo dos cientistas nas diferentes aacutereas do conhecimento e natildeo apenas aos especialistas
bull Respeite o Novo Acordo Ortograacutefico da Liacutengua Portuguesa para textos na liacutengua portuguesa recomenda-se consultar as normas vigentes no link httpwwwacademiaorgbrnossa-linguabusca-no-vocabulario e no aplicativo VOLPreg disponiacutevel para iOS e Android
Apesar de parecer algo simples atender a todos os requisitos acima expostos natildeo eacute uma constante em todos os textos acadecircmicos atualmente produzidos Ainda eacute frequente depararmo-nos com textos que apresentam viacutecios que comprometem a qualidade da escrita A seguir alguns exemplos que devem ser evitados
bull Escrever em linguagem oral (escrever como se fala) deve-se empregar a norma-padratildeo
bull Repeticcedilotildees de palavras e expressotildees busque diversidade de vocabulaacuterio Utilize os sinocircnimos mantendo a articulaccedilatildeo de ideias e a exposiccedilatildeo dos pensamentos de forma coerente
bull Frases rebuscadas Palavras abstratas expressotildees vagas adjetivos e adveacuterbios natildeo agregam valor agrave informaccedilatildeo
bull Ambiguidades demonstra incerteza sobre o que se fala e compromete a clareza
bull Paraacutegrafos sem conectores sempre que possiacutevel utilize conectores entre paraacutegrafos e entre um periacuteodo e outro No entanto lembre-se de que a simples presenccedila de um conector natildeo garante fluidez ou coerecircncia Outra forma de melhorar a fluidez da leitura eacute iniciar a frase seguinte com alguma informaccedilatildeo apresentada no periacuteodo anterior Isso facilita o processo de encadeamento e progressatildeo de ideias trazendo coesatildeo ao texto
bull Frases muito longas mais uma vez divida as sentenccedilas em frases menores
bull Queiacutesmo (utilizar muitas vezes a palavra ldquoquerdquo) Quando necessaacuterio substitua-o pelas palavras agraves quais ele se refere (caso tal palavra jaacute tenha aparecido muitas vezes no texto opte pelos sinocircnimos) Outra opccedilatildeo eacute dividir periacuteodos longos interligados pelo ldquoquerdquo em frases mais curtas
bull Estrangeirismos sem aspas ou itaacutelicos Sempre que incluir algum termo de outra liacutengua destaque-o por meio de aspas ou da letra em itaacutelico
bull Abreviaturas e siglas natildeo identificadas Todas devem ser explicadas na primeira vez em que forem citadas no texto
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 113
bull Erros ortograacuteficos e de pontuaccedilatildeo revise o texto quantas vezes forem necessaacuterias Atenccedilatildeo especial para as viacutergulas natildeo se separa sujeito de verbo e verbo de complemento Atenccedilatildeo ainda para o posicionamento dentro de uma sentenccedila Viacutergulas mal colocadas podem alterar o sentido da frase
bull Figuras e viacutecios de linguagem elimine possiacuteveis metaacuteforas ecos e pleonasmos
bull Desvio de sintaxe atenccedilatildeo para as regras de concordacircncia e regecircncia verbal
bull Utilizaccedilatildeo excessiva de jargotildees teacutecnicos palavras complexas truncam a leitura e afastam o leitor
133 A QUESTAtildeO DO TEMPO VERBAL
Existem opiniotildees divergentes entre os pesquisadores sobre a escolha de uma redaccedilatildeo pessoal ou impessoal para o texto cientiacutefico Tradicionalmente utiliza-se a redaccedilatildeo impessoal visando a uma suposta ldquoimparcialidaderdquo do texto cientiacutefico ou seja os meus resultados e conclusotildees seratildeo repetidos por outros autores que conduzam a mesma pesquisa Nesse caso poderiacuteamos afirmar ldquoconclui-se querdquo pois natildeo se trata de uma conclusatildeo pessoal e sim de um achado baseado em fatos (VOLPATO 2015)
No entanto os defensores do uso da primeira pessoa alegam que os pesquisadores devem apropriar-se dos seus achados e conclusotildees Segundo tais autores ser impessoal eacute
ldquo retomar a uma ciecircncia jaacute ultrapassada que assumia que o conhecimento eacute objetivo porque as conclusotildees satildeo determinadas por dados objetivos que natildeo dependem da vontade do cientistardquo (VOLPATO 2015)
E ainda
ldquo essa postura eacute prepotente na medida em que supotildee que a anaacutelise do autor eacute verdadeira lsquoconclui-sersquo significa que todos concluiratildeo a mesma coisa pois independe da pessoa que a expressardquo (VOLPATO 2015)
De fato atualmente haacute uma tendecircncia para o uso da primeira pessoa Em muitas revistas de alto impacto os artigos satildeo escritos com redaccedilatildeo na primeira pessoa Poreacutem tambeacutem existem revistas de prestiacutegio que mantecircm a redaccedilatildeo impessoal talvez em funccedilatildeo da manutenccedilatildeo do que eacute o mais tradicional Na verdade natildeo haacute certo ou errado nesse quesito e a maioria das revistas natildeo impotildee regras nesse sentido A leitura de bons perioacutedicos ajudaraacute que os autores definam suas preferecircncias e a utilizem de acordo com o seu estilo
114 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
134 POR ONDE COMECcedilAR
Aleacutem de tentar atender agraves teacutecnicas de escrita acima apresentadas o autor de textos cientiacuteficos deve procurar sistematizar o processo da redaccedilatildeo Seguir uma ordem que facilite a exposiccedilatildeo das ideias dentro de um artigo cientiacutefico pode ser uma dica valiosa que ajuda a responder a outra duacutevida que frequentemente aflige o jovem pesquisador ldquoPOR ONDE COMECcedilARrdquo
Para responder a essa duacutevida vaacuterios autores sugerem teacutecnicas diversas Aqui iremos apresentar uma sugestatildeo de Volpato (2015) que desenvolveu o que ele denomina de Meacutetodo Loacutegico para a Redaccedilatildeo Cientiacutefica Segundo esse autor o artigo cientiacutefico eacute uma histoacuteria que deve ser narrada com precisatildeo e que pode ser escrito na seguinte sequecircncia
CONCLUSAtildeO RESULTADOS MEacuteTODOS DISCUSSAtildeO INTRODUCcedilAtildeO RESUMO TIacuteTULO
Para isso o pesquisador deveraacute
bull entender com clareza o final da histoacuteria ndash resultados e conclusatildeo
bull descrever todos os meios e procedimentos para alcanccedilaacute-los ndash meacutetodos
bull explicar os resultados que ele alcanccedilou e comparaacute-lo com o que diz outros autores ndash discussatildeo
bull explicar o cenaacuterio onde tal histoacuteria se desenvolveu e o porquecirc de desenvolvecirc-la ndash introduccedilatildeo
bull e finalmente somente apoacutes a construccedilatildeo completa da histoacuteria o escritor deveraacute resumi-la (resumo) e dar-lhe um nome (tiacutetulo)
Essa sequecircncia pode facilitar o processo da redaccedilatildeo No entanto ressalta-se que cada pesquisador deve ter liberdade para utilizar a teacutecnica que lhe apraz e que domina O cientista natildeo deve ser riacutegido perante as regras preacute-concebidas a criatividade eacute essencial agrave ciecircncia
135 REVISAtildeO DO TEXTO
Programar tempo para a revisatildeo eacute fundamental Revisar o proacuteprio texto exaustivamente eacute altamente recomendado Revise-o do iniacutecio ao fim quantas vezes forem necessaacuterias Preferentemente leia-o em voz alta A escuta poderaacute auxiliar no processo de reformulaccedilatildeo de frases Muitas vezes ao ler o texto em voz alta
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 115
percebemos trechos da escrita que natildeo estatildeo claros ou coerentes Se algum trecho soar estranho reformule-o
Outra dica peccedila ajuda Submeta seu texto agrave apreciaccedilatildeo de colegas mais experientes ou amigos que tenham um bom domiacutenio da liacutengua portuguesa mesmo que natildeo sejam da aacuterea Esse eacute um bom teste para avaliar a clareza de sua produccedilatildeo
Durante a revisatildeo eacute importante ainda natildeo confundir estrutura e apresentaccedilatildeo visual do trabalho com redaccedilatildeo cientiacutefica Atender agraves diretrizes para formataccedilatildeo e normalizaccedilatildeo dos elementos preacute-textuais textuais e poacutes-textuais de uma produccedilatildeo acadecircmica embora necessaacuterio natildeo acrescentam qualidade agrave essecircncia do texto cientiacutefico (REIZ 2012)
136 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Como demonstrado acima o texto cientiacutefico demanda uma seacuterie de requisitos para que seja produzido de maneira adequada Portanto natildeo deixe para escrever na uacuteltima hora Aleacutem disso o tempo destinado para estudar o tema antes de escrever interfere diretamente na qualidade da informaccedilatildeo que seraacute redigida Lembre-se o autor deve ter pleno domiacutenio do tema abordado a fim de que possa escrever e transmitir as ideias de maneira simples e de faacutecil compreensatildeo para os seus futuros leitores Portanto dedique tempo para a leitura preacutevia e tambeacutem concomitante agrave escrita Muitas vezes as ideias natildeo vecircm todas de uma vez Caso vocecirc comece a redigir seu texto com antecedecircncia provavelmente as ideias iratildeo surgindo e vocecirc teraacute tempo para enriquececirc-lo agregando ainda mais valor agrave informaccedilatildeo produzida
Recomenda-se ainda para todo jovem pesquisador a leitura de manuais especiacuteficos sobre a redaccedilatildeo cientiacutefica Muitos desses livros e manuais abordam diversos aspectos da escrita acadecircmica em profundidade e satildeo de grande valia nesse processo Aleacutem disso a academia tem um papel fundamental em enfatizar a importacircncia da escrita estimulando e capacitando os alunos para tal Muitas vezes a inseguranccedila eacute falta de conhecimento e teacutecnica
Finalizamos com um trecho transcrito de um manual sobre a redaccedilatildeo cientiacutefica moderna que pode ser de grande valia para pesquisadores jovens bem como para aqueles mais experientes ldquoA redaccedilatildeo cientiacutefica eacute o ato de escrever que consiste em transformar a leitura especializada observaccedilatildeo investigaccedilatildeo e capacidade de refletir em comunicaccedilatildeo escrita com clareza precisatildeo concisatildeo e simplicidaderdquo e ldquoQuando se transforma esse ofiacutecio em arte isto eacute em prazer ou trabalho criativo o estudo ganha outra dimensatildeo torna-se mais criacutevel e haacute menos desgaste emocionalrdquo (REIZ 2013)
116 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
VOLPATO G L O meacutetodo loacutegico para redaccedilatildeo cientiacutefica Rev Eletron Comun Inf Inov Sauacutede Rio de Janeiro v 9 n 1 p 1-14 2015 Disponiacutevel em httpswwwarcafiocruzbrbitstreamicict17013210pdf Acesso em09 abr 2020
117
14TRADUCcedilAtildeO DE TRABALHOS
ACADEcircMICOS PARA O INGLEcircS
Wellison Gil Magalhatildees de Almeida
ldquoThe limits of my language are the limits of my worldrdquo
(Os limites do meu idioma satildeo os limites do meu mundo)
Ludwig Wittgenstein
No uacuteltimo seacuteculo o inglecircs tornou-se a liacutengua da ciecircncia Haacute uma tendecircncia progressiva para a publicaccedilatildeo de trabalhos cientiacuteficos em inglecircs Publicaccedilotildees em outras liacutenguas que natildeo seja o inglecircs satildeo menos valorizadas pela comunidade cientiacutefica internacional Desse modo eacute preciso privilegiar a utilizaccedilatildeo do inglecircs na redaccedilatildeo dos artigos de modo a aumentar a visibilidade da publicaccedilatildeo e permitir seu acesso de forma mais ampla agrave comunidade cientiacutefica nacional e internacional
Assim como o objetivo principal de um pesquisador eacute transmitir seus achados para a comunidade cientiacutefica se quisermos que nossos trabalhos acadecircmicos escritos em portuguecircs tenham maior poder de alcance e visibilidade teremos que escrevecirc-los em inglecircs ou traduzi-los para essa liacutengua No entanto traduzir natildeo constitui uma tarefa faacutecil A maior dificuldade em traduccedilatildeo eacute que para fazecirc-la eacute preciso ter um excelente conhecimento da liacutengua o que soacute se obteacutem depois de muitos anos de estudo do idioma Para traduzir o acadecircmico natildeo precisa escrever em inglecircs ou compreender o inglecircs falado mas precisa conhecer muito bem a estrutura gramatical da liacutengua
Ademais existe uma diferenccedila significativa entre escrever em inglecircs e escrever bem em inglecircs A verdade eacute que assim como existe diferenccedila entre escrever em portuguecircs e escrever bem em portuguecircs o mesmo se aplica agrave escrita em inglecircs Aleacutem disso nem todo falante nativo de inglecircs que escreve bem em inglecircs pode escrever bem para a literatura cientiacutefica (MARLOW 2014) A escrita cientiacutefica em inglecircs possui estilo e ritmo proacuteprios Por exemplo destaca-se o uso da voz passiva que eacute considerada uma forma de inglecircs pobre para a maioria das formas de escrita fora da ciecircncia (notiacutecias romances etc) Todavia em textos cientiacuteficos o uso da voz passiva eacute aceitaacutevel e incentivado pois com uso da voz passiva pode-se enfatizar a accedilatildeo e natildeo quem a praticou (MARLOW 2014)
O texto a ser traduzido deve estar bem escrito na liacutengua nativa caso contraacuterio
118 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
a traduccedilatildeo seguiraacute os erros do texto original tornando-o por vezes incompreensiacutevel Conveacutem revisar todo o texto antes de iniciar a traduccedilatildeo
Ao iniciar o processo de traduccedilatildeo recomenda-se manter-se sempre fiel ao texto original pois um miacutenimo erro de traduccedilatildeo pode prejudicar todo o trabalho tornando a ideia-chave ou os achados da pesquisa confusos
Geralmente na aacuterea da sauacutede os termos utilizados satildeo muito especiacuteficos e natildeo fazem parte do vocabulaacuterio cotidiano Portanto deve-se pesquisar cada uma das palavras expressotildees abreviaccedilotildees e acrocircnimos para saber se os termos estatildeo adequados
Deve-se evitar uma linguagem muito rebuscada tanto em inglecircs quanto em portuguecircs Eacute necessaacuterio considerar o puacuteblico que iraacute ler A liacutengua portuguesa natildeo eacute tatildeo objetiva quanto a inglesa por isso eacute mais faacutecil colocar palavras desnecessaacuterias e ser redundante entretanto o mesmo natildeo acontece no inglecircs o que poderaacute tornar a traduccedilatildeo bem menor que o texto original
Por fim o texto traduzido deve ser revisado procurando deixaacute-lo de acordo com a linguagem acadecircmica Para isso abaixo satildeo apresentadas algumas dicas para escrever bem em inglecircs acadecircmico publicadas originalmente por Marlow (2014) ndash httpwwwdxdoiorg106061clinics2014(03)01 ndash traduzidas e apresentadas neste capiacutetulo com autorizaccedilatildeo
141 DICAS PARA ESCREVER BEM EM INGLEcircS ACADEcircMICO
1 Evite frases iniciais com lsquorsquoIt isrdquo
Em portuguecircs quando se quer enfatizar ou expressar um relevo argumentativo geralmente se utilizam frases como
ldquoEacute conveniente destacar quehelliprdquo ldquoEacute importantehelliprdquo ldquoEacute muito comumhelliprdquo
Muitas traduccedilotildees satildeo feitas assim
ldquoIt should be noted thathelliprdquo rsquorsquoIt is importanthelliprsquorsquo ldquoIt is very commonhelliprdquo
Essas frases satildeo gramaticalmente corretas mas satildeo fracas e tecircm uma estrutura gramatical de iniciante no idioma Uma ou duas por paraacutegrafo pode ser bom mas o uso repetido dessa estrutura de frases pode diminuir a maturidade percebida do seu trabalho
Essas frases devem ser reformuladas
Frase original lsquolsquoEacute importante destacar as pesquisas mais recentes quersquorsquo
Frase em inglecircs lsquolsquoIt is important to highlight the most recent researches thathelliprsquorsquo
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 119
Frase em inglecircs acadecircmico lsquoThe most recent researches that () are important to highlightrsquorsquo
2 Evite ocultar o sujeito das sentenccedilas
Em portuguecircs para evitar repeticcedilatildeo omitimos o sujeito ao longo do paraacutegrafo se ele jaacute tiver sido mencionado anteriormente Entretanto em inglecircs eacute necessaacuterio continuar explicando a quem estamos nos referindo mesmo que isso implique repeticcedilatildeo Em inglecircs eacute melhor ter paralelismo do que natildeo ser repetitivo
Frase original ldquoNesta pesquisa 418 estudantes responderam a um questionaacuterio Destes 95 (2273) eram do quinto semestrerdquo
Frase em inglecircs ldquoIn this study 418 students answered a questionnaire Of these 95 (2273) were from the fifth semesterrdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquoIn this study 418 students answered a questionnaire Of these 95 (2273) students were from the fifth semesterrdquo
3 Tente usar a primeira pessoa (lsquoIrsquo e lsquowersquo) o miacutenimo possiacutevel e troque-a pela voz passiva
A sugestatildeo de usar a voz passiva estaacute diretamente relacionada agrave traduccedilatildeo do portuguecircs-inglecircs na qual a primeira pessoa do plural eacute comumente usada de forma excessiva Quando se utiliza a voz passiva o objeto fica sempre no iniacutecio da frase enquanto o autor da accedilatildeo pode ou natildeo estar presente na sentenccedila Mas caso esteja deve sempre estar ao final dela Outro aspecto relevante em relaccedilatildeo agrave voz passiva eacute o tempo verbal da frase Ao se realizar a inversatildeo de voz ativa para passiva a construccedilatildeo precisa ser adaptada de acordo com cada tipo de tempo verbal
Frase original lsquolsquoEncontramos 50 artigos acerca do assuntohelliprsquorsquo
Frase em inglecircs ldquoWe found 50 articles about the subjecthelliprdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquo50 articles about this subject were foundrdquo
Usando a frase com o noacutes vocecirc estaraacute enfatizando que encontrou os resultados Agora se vocecirc colocar a frase em voz passiva ldquo50 artigos acerca do assunto foram encontradosrdquo Aqui vocecirc enfatiza que vaacuterios artigos foram encontrados e natildeo eacute mais tatildeo importante que vocecirc os encontrou Nesse caso vocecirc enfatiza queem seu estudo bem elaboradoo qual pode ser repetido por qualquer outro pesquisador 50 artigos acerca do assunto seratildeo encontrados Afinal natildeo satildeo resultados reprodutiacuteveis o que eacute realmente importante enfatizar ao comunicar a pesquisa
No entanto apesar disso alguns pesquisadores defendem o uso da primeira pessoa por ocasiatildeo da escrita de textos cientiacuteficos Para eles a principal argumentaccedilatildeo
120 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
eacute a de que o pesquisador deve-se apropriar de seus achados e apresentaacute-los como sujeitos ativos no processo da descoberta cientiacutefica sob questatildeo Aleacutem desse debate recomenda-se que a utilizaccedilatildeo da primeira pessoa (lsquoIrsquo e lsquowersquo) natildeo seja excessiva podendo ser reservado seu uso para a apresentaccedilatildeo dos resultados originais de uma pesquisa e das consideraccedilotildees dos autores acerca de tais achados
4 Em suas tabelas ou figuras os tiacutetulos devem sempre ser singulares e natildeo se deve usar o termo lsquorsquovariaacuteveisrsquorsquo (variable) como cabeccedilalho
Caracteristic (Natildeo usar ldquoVariablerdquo)SexMale (Natildeo usar ldquoMalesrdquo)Female (Natildeo usar ldquoFemalesrdquo)
5 Remova palavras e adjetivos desnecessaacuterios
Antes de traduzir para o inglecircs identifique frases que podem ser expressas com uma uacutenica palavra Evite repetir uma ideia que jaacute estaacute expliacutecita no discurso fazendo que ele fique cansativo e comprometa a qualidade da mensagem
6 Frases preposicionais transiccedilotildees e adveacuterbios no iniacutecio das frases devem ser separados por viacutergula
Frase original lsquolsquoNeste estudo encontramos este resultadorsquorsquo
Frase traduzida lsquolsquoIn this study this result was foundrsquorsquo
Outras expressotildees que satildeo comumente usadas
bull therefore
bull currently
bull of these
bull however
bull as previously reported
bull in Brazil
Uma frase que contiver mais de duas viacutergulas sem a inclusatildeo de listas deveraacute ser dividida em mais de uma para melhor entendimento
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 121
7 Aprenda quando usar the Busque removecirc-lo do iniacutecio da frase e incluiacute-lo apenas quando se referir a eventos objetos ou pessoas especiacuteficas
Em portuguecircs uma frase que comeccedila com ldquoOrdquo ldquoOsrdquo ldquoArdquo ou ldquoAsrdquo ao ser traduzida perde o the Este soacute deve ser usado quando se refere a pessoas lugares eventos ou populaccedilotildees especiacuteficas
bull Quando se fala de algo que jaacute foi mencionado
bull Quando estiver evidente o elemento a que se refere
bull Com substantivos proacuteprios
bull Com lugares em uma cidade
bull Com adjetivo superlativo
Frase original ldquoAs ceacutelulas foram coradashelliprdquo
Frase em inglecircs ldquoThe cells were stainedhelliprdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquoCells were stainedhelliprdquo
8 Somente coloque letra maiuacutescula nas palavras se elas se referirem ao nome formal de um lugar departamento ou cargo
Um dos erros mais comuns eacute com o uso de ldquoestadordquo Essa palavra soacute eacute maiuacutescula quando vem depois do nome de um estado como parte de seu tiacutetulo formal
Exemplo lsquolsquoThe study was conducted at the University Hospital of the Federal University of Cearaacute (FORMAL) in Cearaacute State
Regiotildees especiacuteficas devem ser iniciadas com letra maiuacutescula mas a direccedilatildeo ou localizaccedilatildeo devem ser grafadas com minuacutescula Exemplos
ldquoThe research was conducted in Northeastern Brazilrdquo (Regiatildeo especiacutefica)
ldquoThe research was conducted in the northeast region of Brazilrdquo (Localizaccedilatildeo geral)
9 Remova o that
O that deve ser usado apenas no iniacutecio de uma frase dependente ou ao descrever um sujeitosubstantivo
Frase original lsquolsquoOs resultados mostraram que muitos alunos querem o material impressorsquorsquo
Frase em inglecircs lsquolsquoThe results showed that many students want printed
122 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
materialrsquorsquo
Frase em inglecircs acadecircmico lsquoThe results showed many students want printed materialrsquorsquo
No exemplo acima caso vocecirc remova o that o significado da frase natildeo mudaraacute
Contudo em outras situaccedilotildees eacute necessaacuterio o uso do that
lsquolsquoOs resultados que foram encontrados nesse estudo mostraram que muitos alunos querem o material impressorsquorsquo
lsquolsquoThe results that were found in this study showed many students want printed materialrsquorsquo
Abaixo seguem alguns exemplos de palavras frequentemente usadas na literatura cientiacutefica que geralmente natildeo precisam ser seguidas por that
bull suggest or suggested
bull observed
bull found or was found
bull show or shown
bull is important
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 123
REFEREcircNCIAS
MARLOW M A Writing scientific articles like a native English speaker top ten tips for Portuguese speakers Clinics Satildeo Paulo v 69 n 3 p153-157 2014 Mar Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC3935133 Acesso em 02 set 2019
MURPHY R English grammar in use 3rd ed Cambridge CUP 2004
125
15NOCcedilOtildeES BAacuteSICAS DE ESTATIacuteSTICA
Antocircnio Brazil Viana Junior
ldquoConhecimento incerto + conhecimento sobre a incerteza =
conhecimento uacutetil Isso eacute estatiacutesticardquo
Rao
151 INTRODUCcedilAtildeO
Neste capiacutetulo o conhecimento seraacute abordado de forma simples e direta de modo a fornecer uma base teacutecnica para que seja possiacutevel ao pesquisador iniciar uma pesquisa quantitativa Dessa forma para que uma pesquisa possa alcanccedilar um resultado metodologicamente correto minimizando os possiacuteveis vieses eacute necessaacuterio planejaacute-la tendo como base a pergunta a ser respondida pelo estudo Definido o problema da pesquisa apoacutes a revisatildeo da literatura o planejamento segue uma sequecircncia loacutegica composta por
152 COLETA DE DADOS
A coleta de dados para uma pesquisa por vezes tem sua importacircncia diminuiacuteda sendo feita sem o devido cuidado levando a seacuterios problemas que podem inviabilizar seus resultados No quadro 151 satildeo expostos os principais erros cometidos durante a etapa de coleta de dados
126 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 151 - Principais erros ou vieses na coleta de dados
bull Diferenccedilas devidas a fatores pessoais passageiros ou de situaccedilatildeo Caso em que o participante estaacute estressado ansioso ou cansado e a entrevista eacute longa Nesse caso o objetivo do participante passa a ser acabar a entrevista e natildeo a verdade
bull Diferenccedilas devidas agraves variaccedilotildees na aplicaccedilatildeo O entrevistador pode abordar o participante de forma a influenciaacute-lo na resposta
bull Maacute adequaccedilatildeo das perguntas ao niacutevel cognitivo dos entrevistados
bull Falta de clareza do instrumento de medida
Abaixo apresentaremos algumas consideraccedilotildees para a realizaccedilatildeo adequada de uma coleta de dados
Tamanho da amostra
Um dos principais questionamentos durante o planejamento de um estudo eacute a definiccedilatildeo do quantitativo de participantes para que se obtenham resultados vaacutelidos tambeacutem conhecido como tamanho amostral A definiccedilatildeo desse tamanho depende do niacutevel de significacircncia adotado ( =005) do poder da amostra (1 - = 80) do tipo de variaacuteveis que seratildeo analisadas e dos meacutetodos estatiacutesticos a serem utilizados existindo diversos meacutetodos para seu caacutelculo
A definiccedilatildeo do tamanho da amostra requer um conhecimento preacutevio sobre o assunto a ser pesquisado visto que o caacutelculo necessita de paracircmetros como o desvio-padratildeo da populaccedilatildeo ou proporccedilatildeo de indiviacuteduos com certa caracteriacutestica ou risco relativo etc
Na internet existem diversas paacuteginas com calculadoras de tamanho amostral No site httpclincalccomstatssamplesizeaspxeacute possiacutevel calcular o tamanho amostral para diversos tipos de estudo O site eacute bem didaacutetico e possui exemplos para orientar o pesquisador Outra possibilidade eacute usar o programa GPower Totalmente gratuito embora mais complexo esse software eacute completo e fornece diversas opccedilotildees para o caacutelculo da amostra
Desenho do Estudo
Outro ponto a ser observado para a coleta de dados eacute o desenho do estudo Aqui se deve atentar para quantos momentos ocorreraacute a coleta das informaccedilotildees dos participantes Por exemplo em ensaios cliacutenicos existe no miacutenimo uma coleta no baseline momento inicial e uma segunda coleta apoacutes a intervenccedilatildeo visando investigar o efeito da intervenccedilatildeo sobre o desfecho Caso os dados sejam coletados em apenas um momento seraacute impossiacutevel inferir o eventual efeito da intervenccedilatildeo
Em estudos transversais por outro lado a coleta ocorre em apenas um momento e os resultados refletem um retrato estaacutetico da amostra naquele momento Tais diferenccedilas satildeo cruciais para a interpretaccedilatildeo dos resultados No caso dos estudos
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 127
transversais natildeo eacute possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de causalidade pois a anaacutelise estatiacutestica consiste em principalmente uma anaacutelise de descriccedilatildeo e de associaccedilatildeo entre variaacuteveis
Tipos de variaacuteveis
As variaacuteveis em um banco de dados satildeo classificadas conforme a sua natureza Isso define a forma de apresentaccedilatildeo e os testes estatiacutesticos a serem aplicados na anaacutelise As variaacuteveis podem ser
bull Categoacutericas
nominais raccedila sexo naturalidade
ordinais escolaridade gravidade do paciente
dicotocircmicas fumante simnatildeo portador de diabetes simnatildeo
bull Escalares
contiacutenuas peso circunferecircncia abdominal
discretas nordm de filhos nordm de endoscopias
153 TABULACcedilAtildeO DOS DADOS
Tabular os dados natildeo eacute uma tarefa divertida poreacutem eacute de suma importacircncia para o sucesso da anaacutelise estatiacutestica do trabalho Em geral essa tarefa eacute realizada por meio da utilizaccedilatildeo de softwares de planilhas eletrocircnicas Os principais satildeo
bull Excel tradicional software de planilhas eletrocircnicas da Microsoftreg Permite a transferecircncia direta de dados para outros diversos programas de anaacutelise estatiacutestica como Statareg SPSSreg Prismareg Rreg Jamovireg
bull Google forms (recomendo) formulaacuterio eletrocircnico do Googlereg que permite a criaccedilatildeo de questionaacuterios que podem ser enviados aos participantes da pesquisa de modo que os mesmos possam preencher Fornece resumos automaacuteticos das variaacuteveis e uma planilha com todos os dados das respostas
bull Epi Inforeg oacutetimo software que aleacutem da tabulaccedilatildeo permite anaacutelise de dados
Como tabular
Algumas regras que devem ser seguidas para que a tabulaccedilatildeo seja realizada adequadamente
bull Cada linha um paciente
bull Cada coluna uma informaccedilatildeo (variaacutevel do estudo) de cada paciente
bull As informaccedilotildees de uma mesma coluna devem ter a mesma unidade de medida
128 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Se o dado for numeacuterico deve-se preencher apenas com nuacutemeros Deve-se lembrar de que alguns softwares natildeo consideram as viacutergulas () como caractere adequado para a demarcaccedilatildeo das casas decimais e sim o ponto () conveacutem checar o software antes de iniciar a tabulaccedilatildeo para evitar retrabalho desnecessaacuterio
bull Se a variaacutevel for categoacuterica devem-se padronizar todas as respostas A codificaccedilatildeo eacute uma opccedilatildeo para a padronizaccedilatildeo
Principais erros durante a tabulaccedilatildeo de dados
Analisando a tabela 151 podemos identificar os seguintes erros
Tabela 151 mdash Exemplo de tabulaccedilatildeo de dados
Paciente Sexo Altura Glicemia Oacutebito1 Masculino 163 m 90 Sim marccedilo de 2015 sepse2 Feminino 170 cm gt 300 Natildeo alta3 f 180 cm 100120 Sim falecircncia hepaacutetica4 m 182 m 120-130 Sim 150720155 H 175 m 500 Sim transferecircncia
bull Na coluna ldquoSexordquo a variaacutevel foi preenchida de forma natildeo padronizada O ldquoMasculinordquo tornou-se ldquomrdquo e depois ldquoHrdquo Perceba que esse fato aleacutem de ser incompreensiacutevel para os programas estatiacutesticos levanta duacutevidas quanto agrave veracidade da informaccedilatildeo o ldquomrdquo poderaacute ser masculino em oposiccedilatildeo ao feminino ou mulher em oposiccedilatildeo a homem Assim mantenha o padratildeo no preenchimento dos dados A codificaccedilatildeo das variaacuteveis eacute bastante uacutetil para assegurar a padronizaccedilatildeo (ex masculino = 1 e feminino = 2)
bull Na coluna ldquoAlturardquo vemos dois erros de preenchimento a utilizaccedilatildeo de letras em dados numeacutericos escalares e a utilizaccedilatildeo de diferentes unidades de medidas (metros e centiacutemetros) Quando a variaacutevel for numeacuterica (escalar) deveraacute ser preenchida exclusivamente com nuacutemeros e na mesma unidade de medida No exemplo todos os valores deveriam estar em metros ou todos os valores deveriam estar em centiacutemetros
bull Na coluna ldquoGlicemiardquo a semelhanccedila da variaacutevel ldquoAlturardquo deve-se manter apenas nos nuacutemeros retirando-se todos e quaisquer siacutembolos (gt -)
bull Na coluna ldquoOacutebitordquo haacute mais de uma informaccedilatildeo por linha (ex sim marccedilo de 2015 sepse) o que inviabiliza as anaacutelises estatiacutesticas Esse modelo de tabulaccedilatildeo somente deve ser utilizado no caso de informaccedilotildees complementares e natildeo mensuraacuteveis
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 129
O modo correto de tabulaccedilatildeo dos dados apresentados na tabela 151 estaacute apresentado abaixo (tabela 152)
Tabela 152 mdash Tabulaccedilatildeo de dados corrigida
Paciente Sexo Altura (cm) Oacutebito Glicemia
(mgdL)Data do
oacutebitoCausa do
oacutebito1 M 163 Sim 90 01032015 Sepse2 M 170 Natildeo 300
3 F 180 Sim 100 01122015 Falecircncia Hepaacutetica
4 M 182 Sim 130 15072015 Natildeo informado
154 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA
Apoacutes a coleta e a tabulaccedilatildeo adequada dos dados inicia-se a anaacutelise estatiacutestica propriamente dita O primeiro passo para a anaacutelise de dados eacute apresentar as caracteriacutesticas da amostra em estudo o que em geral ocorre por meio de uma tabela descritiva Essa tabela traz os dados descritivos das variaacuteveis expressos em nuacutemeros absolutos porcentagens medidas de tendecircncia central e medidas de dispersatildeo
Dados descritivos da amostra
1 Medidas de tendecircncia central
bull Meacutedia eacute igual agrave soma de todos os valores divididos pelo nuacutemero de valores no conjunto de dados Eacute usado para descrever dados contiacutenuos Eacute uma estimativa teoacuterica do ldquovalor tiacutepicordquo No entanto pode ser fortemente influenciado por valores extremos ou outliers
bull Mediana eacute o valor central de um conjunto de dados que foi ordenado do menor para o maior valor A mediana eacute uma medida normalmente usada para dados contiacutenuos ordinais ou natildeo parameacutetricos sendo menos sensiacutevel a outliers e dados distorcidos
bull Moda eacute o valor mais frequente da amostra aquele que mais se repete
2 Medidas de dispersatildeo enquanto nas medidas de tendecircncia central tratamos sobre os valores centrais ou que mais se repetem por meio das medidas de dispersatildeo observamos a variabilidade dos dados isto eacute o quatildeo ldquoespalhadosrdquo estatildeo os dados o quatildeo ldquodistantesrdquo estatildeo da meacutedia
bull Range ou amplitude de faacutecil entendimento e caacutelculo a amplitude eacute a diferenccedila entre o valor maacuteximo e o valor miacutenimo Eacute extremamente afetada pela existecircncia de valores atiacutepicos o que por vezes pode passar uma impressatildeo errada
130 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
da variabilidade dos dados Por exemplo no conjunto de dados abaixo formado por valores de glicemia (mgdL) o range ou amplitude eacute 520 (600 menos 80) mas se tirarmos o valor 600 (outlier) a amplitude passaraacute a ser para 52 (132 menos 80)
Ex 809295100106110132600
bull Intervalo Interquartiacutelico (IQ) Agrave semelhanccedila do range essa medida eacute calculada por meio de uma diferenccedila de valores poreacutem aqui seraacute a diferenccedila entre o 75ordm percentil (p75) e 25ordm percentil (p25) O IQ tem uma maior aplicabilidade praacutetica quando os dados natildeo seguem a distribuiccedilatildeo normal (assunto que seraacute tratado a posteriori) sendo menos sensiacutevel a valores atiacutepicos
bull Desvio-padratildeo (DP) eacute usado para quantificar a quantidade de dispersatildeo de valores de dados em torno da meacutedia Um DP baixo indica que os valores estatildeo proacuteximos da meacutedia enquanto um DP alto indica que os valores estatildeo dispersos em uma faixa mais ampla O DP eacute a raiz quadrada de outra medida estatiacutestica a variacircncia a qual natildeo eacute interpretaacutevel nos termos da variaacutevel real e portanto foge ao objetivo deste capiacutetulo que trata de noccedilotildees baacutesicas poreacutem eacute de suma importacircncia teoacuterica para o estudo da anaacutelise estatiacutestica como um todo
bull Percentil eacute uma medida de posiccedilatildeo e eacute compreendida da seguinte forma o 10ordm percentil eacute o nuacutemero do banco de dados em que 10 dos valores estatildeo abaixo dele Assim o 25ordm percentil eacute nuacutemero em que 25 dos valores do banco de dados satildeo menores que ele1
Teste de Hipoacuteteses
Os testes de hipoacuteteses satildeo teacutecnicas estatiacutesticas que tecircm por objetivo verificar a validade da hipoacutetese experimental (hipoacutetese alternativa) em face de uma hipoacutetese nula isto eacute uma hipoacutetese de igualdade O teste de hipoacutetese visa permitir por meio da anaacutelise dos dados amostrais que se demonstrem evidecircncias estatiacutesticas que confirmem ou refutem a hipoacutetese formulada no estudo
Os testes estatiacutesticos fornecem uma medida para a tomada de decisatildeo o p-valor Caso o p do teste estatiacutestico seja menor que 5 (plt005) rejeitamos a hipoacutetese nula caso contraacuterio natildeo podemos rejeitar a hipoacutetese nula ou seja refutamos a hipoacutetese alternativa ou experimental Por exemplo
Estudo para avaliar o niacutevel de ansiedade entre homens e mulheres
bull Hipoacutetese experimental ou alternativa (H1) haacute diferenccedila do niacutevel de ansiedade entre os sexos
1 Percentil eacute uma medida de posiccedilatildeo e eacute compreendida da seguinte forma o 10ordm percentil eacute o nuacutemero do banco de dados em que 10 dos valores estatildeo abaixo dele Assim o 25ordm percentil eacute nuacutemero em que 25 dos valores do banco de dados satildeo menores que ele
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 131
bull Hipoacutetese nula (H0) natildeo haacute diferenccedila do niacutevel de ansiedade entre os sexos
Se o p resultante do teste for 003 (3) (plt005 5) aceitamos a H1 (refutamos H0) ou seja a chance ou probabilidade de que a diferenccedila observada entre os sexos nesse estudo seja em decorrecircncia do acaso eacute menor que 5 (chance previamente definida como aceitaacutevel pelo pesquisador)
Se o p resultante do teste for 01 (10) (pgt005 5) aceitamos a H0 (refutamos H1) ou seja a chance ou probabilidade de que a diferenccedila observada entre os sexos nesse estudo seja em decorrecircncia do acaso eacute maior que 5 (chance previamente definida como natildeo aceitaacutevel pelo pesquisador)
Consideraccedilotildees sobre o p-valor
Valor de p niacutevel descritivo niacutevel de significacircncia ou p-value pode ser definido como sendo a probabilidade de que ser considerado extremo ou improvaacutevel se considerarmos a hipoacutetese nula verdadeira ou como sendo a probabilidade de o valor encontrado ter sido por acaso (FIELD 2009)
Sir Ronald Fisher definiu um valor significativo para que a diferenccedila seja decorrente do acaso como menor que 5 ou 005 Tal valor eacute padratildeo na estatiacutestica e nos estudos na aacuterea da sauacutede ateacute os dias de hoje poreacutem natildeo eacute uma unanimidade Recentemente 72 pesquisadores propuseram um novo p-valor significativo passando de 005 para 0005 (BENJAMIN et al 2018) e no ano seguinte mais 800 pesquisadores assinaram o artigo Retire statistical significance publicado na revista Nature em que criticava o uso do valor de p como balizador daquilo que era ou natildeo relevante (RETIRE STATISTICAL SIGNIFICANCE 2019)
No trecho abaixo o autor Andy Field fala sobre significacircncia estatiacutestica e a importacircncia do efeito de modo simples que ajuda a compreender o motivo dessas duas visotildees
A importacircncia de um efeito Jaacute vimos que a ideia baacutesica por traacutes do teste de hipoacuteteses envolve a geraccedilatildeo de uma hipoacutetese experimental e de uma hipoacutetese nula ajustar um modelo estatiacutestico e avaliar aquele modelo com uma estatiacutestica teste Se a probabilidade de obter o valor da nossa estatiacutestica teste por acaso for menor do que 005 entatildeo geralmente aceitamos a hipoacutetese experimental como verdadeira haacute um efeito na populaccedilatildeo Normalmente dizemos ldquoexiste um efeito significativo dehelliprdquo Contudo natildeo seja enganado pela palavra ldquosignificativordquo porque mesmo que a probabilidade do nosso efeito ter
132 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ocorrido por acaso seja pequena (menor do que 005) isso natildeo quer dizer que o efeito eacute importante Efeitos muito pequenos natildeo importantes podem-se tornar estatisticamente significativos somente porque um grande nuacutemero de pessoas foi usado no experimento (FIELD 2009)
Ressalta-se tambeacutem que o fato de o p ser natildeo significativo ou seja maior que 005 natildeo implica que a hipoacutetese nula seja verdadeira
Testes para comparaccedilatildeo das variaacuteveis entre os grupos
TESTES ESTATIacuteSTICOS PARA VARIAacuteVEIS NUMEacuteRICAS
O primeiro passo para a aplicaccedilatildeo dos testes estatiacutesticos eacute a aplicaccedilatildeo dos testes de normalidade essenciais para a determinaccedilatildeo dos tipos de testes a serem empregados na anaacutelise Caso os dados apresentem distribuiccedilatildeo normal os meacutetodos parameacutetricos poderatildeo ser utilizados caso contraacuterio far-se-aacute opccedilatildeo pelos meacutetodos natildeo parameacutetricos Os principais testes de normalidade utilizados satildeo Kolmogorov-Smirnoff indicados para amostras maiores que 50 e Shapiro-Wilk este tem maior precisatildeo (TORMAN COSTER RIBOLDI 2012)
Apoacutes a aplicaccedilatildeo dos testes de normalidade os demais testes estatiacutesticos deveratildeo ser escolhidos de acordo com o tipo de populaccedilatildeoamostra Na figura 151 encontra-se um algoritmo para apoio na seleccedilatildeo dos testes estatiacutesticos a serem utilizados de acordo com as caracteriacutesticas das variaacuteveis do estudo
Testes parameacutetricos
bull Teste t de Student utilizado quando o objetivo eacute a comparaccedilatildeo de uma medida ou variaacutevel numeacuterica entre dois grupos Exemplos a) comparaccedilatildeo da glicemia entre os participantes do grupo eutroacutefico e do grupo obesidade b) comparaccedilatildeo do peso ao nascer entre os neonatos que nasceram de parto abdominal e parto normal
bull ANOVA utilizado quando o objetivo eacute a comparaccedilatildeo de uma medida numeacuterica entre trecircs ou mais grupos Exemplo verificar se existe diferenccedila entre as medidas de circunferecircncia abdominal entre grupos de pessoas que fazem dieta vegana dieta low carb e aqueles que natildeo fazem dieta
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 133
Testes natildeo parameacutetricos
1 Mann-Whitney Equivalente natildeo parameacutetrico do Teste t de Student
2 Kruskal-Wallis Equivalente natildeo parameacutetrico da ANOVA
Figura 151 mdash Principais testes estatiacutesticos para variaacuteveis numeacutericas
TESTES ESTATIacuteSTICOS PARA VARIAacuteVEIS CATEGOacuteRICAS
bull Teste qui-quadrado de Pearson utilizado para a investigaccedilatildeo da existecircncia de associaccedilatildeo entre duas ou mais variaacuteveis categoacutericas e para a comparaccedilatildeo de mais de dois grupos independentes
bull Teste exato de Fisher indicado para comparaccedilatildeo de grupos com variacircncias diferentes e para investigaccedilatildeo da associaccedilatildeo entre variaacuteveis categoacutericas quando natildeo for possiacutevel a utilizaccedilatildeo do teste qui-quadrado de Pearson por exemplo n de alguma casela da tabela 2 x 2 for menor ou igual a 5
bull Teste de McNeumar utilizado para a comparaccedilatildeo de dois grupos pareados
134 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Anaacutelises de correlaccedilatildeo
Utilizadas para avaliar a interaccedilatildeo entre duas variaacuteveis contiacutenuas O coeficiente de correlaccedilatildeo (r) varia de -1 a 1 em que -1 seria a existecircncia de uma correlaccedilatildeo negativa perfeita ou seja agrave medida que o valor de uma variaacutevel cresce o valor da outra decresce e 1 seria a correlaccedilatildeo perfeita positiva agrave medida que uma variaacutevel cresce a outra cresce da mesma forma Diz-se perfeita pois toda a variabilidade de uma variaacutevel eacute explicada pela outra Por outro lado um coeficiente de correlaccedilatildeo proacuteximo de ldquo0rdquo denota uma pobre correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis Em geral para a anaacutelise de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis de distribuiccedilatildeo normal utiliza-se o teste de correlaccedilatildeo de Pearson enquanto para variaacuteveis que natildeo apresentam distribuiccedilatildeo normal utiliza-se o teste de correlaccedilatildeo de Spearman
Anaacutelises de regressatildeo
Enquanto os testes de comparaccedilatildeo entre grupos e de correlaccedilatildeo satildeo usados para investigar associaccedilotildees entre variaacuteveis os testes de regressatildeo permitem uma anaacutelise preditiva ou seja permitem predizer o desfecho de uma variaacutevel dependente baseado em uma (regressatildeo simples) ou mais (regressatildeo muacuteltipla) variaacuteveis preditoras independentes Para uma leitura complementar mais aprofundada sobre anaacutelises de regressatildeo sugere-se o livro Estatiacutetica Baacutesica dos professores Pedro Morettin e Wilton Bussab (2017)
155 CONCLUSAtildeO
Este capiacutetulo natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o tema da anaacutelise estatiacutestica mas sim fornecer informaccedilotildees para que o pesquisador especialmente aquele iniciante tenha noccedilotildees para montar o banco de dados de sua pesquisa de forma adequada e para que ele possa responder agraves perguntas formuladas no estudo por meio do entendimento de conceitos baacutesicos da anaacutelise estatiacutestica
Deve-se lembrar que a qualidade de toda pesquisa depende dos dados se eles forem de maacute qualidade o mesmo aconteceraacute com o resultado Caso o pesquisador tenha um banco bem ajustado e com dados de boa qualidade seraacute possiacutevel realizar inferecircncias e anaacutelises estatiacutesticas mais sofisticadas e precisas
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 135
REFEREcircNCIAS
AMRHEIN V GREELAND S McSHANE B Retire statistical significance Nature London v 567 p 305-307 mar 2019 Disponiacutevel em httpwwwigienistionlineitdocs201910naturepdf Acesso em 09 abr 2020
BENJAMIN D J et al Redefine statistical significance Nat Hum Behav London v2 n 1 p 6-10 2018 Disponiacutevel emhttpswwwnaturecomarticless41562-017-0189-zpdf Acesso em 09 abr 2020
FIELD A Descobrindo a estatiacutestica usando o SPSS-2 2 ed Porto Alegre Artmed 2009
MORETTIN P A BUSSAB W O Estatiacutestica baacutesica 6 ed Satildeo Paulo Saraiva 2017
TORMAN V B L COSTER R RIBOLDI J Normalidade de variaacuteveis meacutetodos de veificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de alguns testes natildeo-parameacutetricos por simulaccedilatildeo Rev HCPA Porto Alegre v 32 n 2 p 227-234 Disponiacutevel emhttpwwwseerufrgsbrindexphphcpaarticleview2987419186 Acesso em 7 out 2017
137
16EacuteTICA NA CIEcircNCIA CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE AUTORIA
PLAacuteGIO ACADEcircMICO E TRABALHO EM EQUIPE
Elias Silveira de BritoClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoLer muito eacute um dos caminhos para a originalidade uma pessoa eacute tatildeo mais original e peculiar quanto mais conhecer o que disseram os outrosrdquo
Miguel Unamuno
Quando se trata de eacutetica acadecircmica ou cientiacutefica a discussatildeo requer aleacutem dos essenciais aspectos relacionados agrave pesquisa com seres humanos uma reflexatildeo sobre autoria originalidade e trabalho em equipe uma vez que estes estatildeo interligados entre si Seraacute sobre esses itens que discorreremos neste capiacutetulo A posteriori em um capiacutetulo agrave parte seratildeo abordados os aspectos eacuteticos sobre pesquisas com seres humanos
161 AUTORIA
ldquoEm cada homem de talento existe escondido um poeta
ele manifesta-se no escrever no ler no falar ou no ouvirrdquo
Marie von Ebner-Eschenbach
Definir a autoria de um artigo cientiacutefico eacute uma etapa importante de toda pesquisa pois tem consequecircncias acadecircmicas e sociais relevantes Atualmente a maioria dos perioacutedicos cientiacuteficos solicita que sejam descritas as contribuiccedilotildees de todos os autores envolvidos no trabalho Recomenda-se que o grupo responsaacutevel pela pesquisa desenvolva poliacuteticas de autoria as quais atendam agrave questatildeo da quantidade e do tipo de contribuiccedilatildeo que iraacute qualificar aquele indiviacuteduo como autor (FERRAZ 2016)
De uma forma geral a principal atribuiccedilatildeo que caracteriza o participante como autor eacute a sua contribuiccedilatildeo intelectual para a pesquisa e para o manuscrito e incluem (a) participaccedilatildeo na concepccedilatildeo ou delineamento do estudo participaccedilatildeo na
138 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados ou ambos (b) redaccedilatildeo do manuscrito ou sua revisatildeo incluindo criacutetica intelectual importante de seu conteuacutedo A simples participaccedilatildeo na coleta de dados natildeo justifica autoria (MONTENEGRO amp ALVES 1997) Todos os autores de um manuscrito devem fornecer a aprovaccedilatildeo final da versatildeo a ser publicada e devem ter participado suficientemente do trabalho para poder assumir publicamente a responsabilidade pelo seu conteuacutedo (INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS 2019)
Para auxiliar no processo de definiccedilatildeo de autoria algumas entidades desenvolveram criteacuterios como a International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) que passaram a ser adotados por parcela importante dos perioacutedicos cientiacuteficos da aacuterea meacutedica As principais recomendaccedilotildees desse comitecirc podem ser acessadas no documento disponiacutevel em httpwwwicmjeorgicmje-recommendationspdf
Segundo o INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS (2019)
bull Obtenccedilatildeo de financiamento coleta de dados ou supervisatildeo geral de um grupo de pesquisa natildeo satildeo por si soacute criteacuterios para autoria ou coautoria
bull Todas as pessoas designadas como autoras ou coautoras deveratildeo ser qualificadas e listadas
bull Cada autor ou coautor deveraacute ter participado suficientemente do trabalho para ter responsabilidade puacuteblica sobre segmentos apropriados do conteuacutedo
bull Em estudos multicecircntricos com grande nuacutemero de participantes o grupo deveraacute identificar os indiviacuteduos que aceitam a responsabilidade direta pelo manuscrito
bull A ordem dos autores e coautores seraacute decidida pelo grupo que deveraacute estar apto a explicaacute-la
bull Pessoas que colaboraram com o estudo mas cuja contribuiccedilatildeo natildeo justifica autoria ou coautoria podem ser listadas nos Agradecimentos como ldquoinvestigadores cliacutenicosrdquo ou ldquoinvestigadores participantesrdquo seguidas de sua funccedilatildeo ou contribuiccedilatildeo por exemplo ldquocoleta de dadosrdquo ldquoencaminhamento e cuidados aos pacientes do estudordquo etc
bull Outras pessoas que tenham dado contribuiccedilotildees substanciais e diretas para o trabalho mas que natildeo possam ser consideradas autores podem ser citadas na seccedilatildeo Agradecimentos se possiacutevel suas contribuiccedilotildees especiacuteficas devem ser descritas Apoio financeiro tambeacutem deveraacute ser mencionado nesta seccedilatildeo
bull Considerando-se que os leitores podem inferir que as pessoas listadas em agradecimentos endossam os resultados e as conclusotildees todas devem dar permissatildeo por escrito para serem agradecidas
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 139
Outra maneira de determinar criteacuterios de autoria eacute atribuir pontos para as diferentes atividades da pesquisa Petroianu (2002) sugere a seguinte pontuaccedilatildeo de acordo com a participaccedilatildeo no trabalho (quadro 161) Tais escores podem ser adaptados de acordo com criteacuterios proacuteprios de cada grupo de pesquisa
Quadro 161 mdash Pontuaccedilatildeo de autoria de acordo com a participaccedilatildeo na pesquisa
Participaccedilatildeo PontosCriar a ideia que originou o trabalho e elaborar hipoacuteteses 6
Estruturar o meacutetodo de trabalho 6Orientar ou coordenar o trabalho 5Escrever o manuscrito 5Coordenar o grupo que escreveu o manuscrito 4Rever a literatura 4Apresentar sugestotildees importantes incorporadas ao trabalho 4
Resolver problemas fundamentais do trabalho 4Criar aparelhos para a realizaccedilatildeo do trabalho 3Coletar dados 3Analisar os resultados estatisticamente 3Orientar a redaccedilatildeo do manuscrito 3Preparar a apresentaccedilatildeo do trabalho para evento cientiacutefico 3
Apresentar o trabalho em evento cientiacutefico 2Chefiar o local onde o trabalho foi realizado 2Fornecer pacientes ou materiais para o trabalho 2Conseguir verbas para a realizaccedilatildeo da pesquisa 2Apresentar sugestotildees menores incorporadas ao trabalho 1
Trabalhar na rotina da funccedilatildeo sem contribuiccedilatildeo intelectual 1
Teratildeo direito agrave autoria os colaboradores que tiverem alcanccedilado 7 pontos A sequecircncia dos autores poderaacute ser em ordem decrescente de pontuaccedilatildeo Adaptado de Petroianu (2002)
Finalmente apoacutes a preparaccedilatildeo do manuscrito quem assume a responsabilidade pela comunicaccedilatildeo com os editores do perioacutedico eacute o autor correspondente Na maioria das vezes ele tambeacutem eacute responsaacutevel pela revisatildeo final aleacutem de atender agraves normas do processo editorial entre outras No entanto essas funccedilotildees podem ser delegadas a um ou mais coautores
140 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
162 PLAacuteGIO ACADEcircMICO CONHECER PARA EVITAR
Segundo o Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa plaacutegio vem do verbo plagiar o mesmo que imitar reproduzir copiar ou como dizem Diniz e Terra (2014) ldquouma apropriaccedilatildeo indevida e natildeo autorizada na criaccedilatildeo literaacuteriardquo Partindo dessa ideia eacute necessaacuterio apresentar que no contexto acadecircmico existem diversos conceitos referentes agrave utilizaccedilatildeo desse recurso na produccedilatildeo cientiacutefica e seratildeo esses os aspectos a serem abordados neste toacutepico
O plaacutegio eacute um tema comum na atualidade principalmente quando se trata da esfera acadecircmica mas tambeacutem da esfera social e profissional visto que o ato de plagiar vai muito aleacutem do famoso Ctrl C + Ctrl V Plagia-se tudo por exemplo capiacutetulos de livros monografias teses de doutorado artigos fotos letras de muacutesica obras de arte o que varia nessas modalidades de plaacutegio eacute o tipo caso seja parcial ou integral (DINIZ TERRA 2014)
A questatildeo principal que deve ser debatida acerca dessa temaacutetica eacute como ficou acessiacutevel por meio da internet o acesso a todo tipo de material principalmente acadecircmico muitas vezes de forma gratuita e sem a identificaccedilatildeo correta dos autores o que pode propiciar a praacutetica do plaacutegio A riqueza de dados nas diferentes paacuteginas eletrocircnicas facilita e enriquece a escrita cientiacutefica no entanto esta deve ocorrer seguindo princiacutepios eacuteticos que resguardem o direito autoral (BISCALCHIM amp ALMEIDA 2011)
Infelizmente apesar da existecircncia de legislaccedilatildeo que condene o plaacutegio ainda haacute um nuacutemero substancial de coacutepias indevidas de trabalhos situaccedilatildeo bastante evidenciada em teses dissertaccedilotildees e artigos cientiacuteficos Vaacuterios motivos contribuem para isso e alguns deles satildeo demonstrados no quadro 162
Quadro 162 mdash Motivos para o uso frequente da praacutetica do plaacutegio acadecircmico
bull Facilidade de acesso agrave informaccedilatildeo
bull Falta de capacidade para parafrasear
bull Pouco valor agrave produccedilatildeo proacutepria
bull Falta de anaacutelise criacutetica dos trabalhos pesquisados
bull Confusatildeo quanto agrave autoria dos trabalhos
bull Incentivo ao plaacutegio nos niacuteveis fundamental e meacutedio
bull Facilidade de acesso a programas de traduccedilatildeo
bull Desconhecimento de regulamentaccedilotildees de escrita cientifica
Fonte RODRIacuteGUEZ 2012
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 141
Diante disso eacute importante mencionar a Lei de Regulamentaccedilatildeo dos Direitos Autorais (disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl9610htm) Esse ato eacute regulado pelo conjunto de prerrogativas conferidas pela legislaccedilatildeo a qualquer pessoa fiacutesica ou juriacutedica que tenha criado uma obra intelectual para que esta possa gozar dos benefiacutecios que resultem de sua criaccedilatildeo original Ou seja apropriar-se dessas criaccedilotildees sem que se faccedila a devida referecircncia fere questotildees eacuteticas e morais uma vez que quando se assume a autoria de algo deve-se compreender a responsabilidade inerente a esse ato
Como identificar e evitar o plaacutegio
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) define que plaacutegio consiste na apresentaccedilatildeo de resultados e conclusotildees obtidos por outros autores como se fosse de sua autoria caracterizando dessa forma como fraude ou maacute conduta Dessa forma eacute importante avaliar a intenccedilatildeo dos autores diante dessa situaccedilatildeo pois o autor tendo consciecircncia plena do ato ou seja de utilizar o texto como proacuteprio de forma intencional pode ser considerado fraudulento e responder criminalmente
No entanto vale ressaltar que existe a possibilidade do plaacutegio por ocasiatildeo ou plaacutegio ocasional o qual utiliza trechos de diferentes fontes sem a devida citaccedilatildeo ou o plaacutegio atribuiacutedo ao desconhecimento das regras de citaccedilatildeo que por natildeo ter intenccedilatildeo consciente torna-se ldquomenosrdquo fraudulento (DEMO 2011)
Uma pesquisa realizada no Paranaacute em 2008 mostrou que muitos estudantes recorrem agrave praacutetica do plaacutegio pela dificuldade de identificar e fazer citaccedilotildees indiretas e de referenciar de maneira correta as citaccedilotildees diretas o que leva a muitos acadecircmicos cometerem plaacutegio natildeo intencional (SILVA 2008)
Diversas ferramentas digitais podem ajudar os pesquisadores a identificar qual o grau de similaridade do seu trabalho com outros materiais previamente publicados Softwares antiplaacutegio estatildeo disponiacuteveis para download e satildeo de grande apoio para a produccedilatildeo acadecircmica atual Como exemplos httpwwwplagiumcom e httpplagiarismanet
Tipos de plaacutegio acadecircmico
Segundo Rodriacuteguez (2012) o plaacutegio pode ser categorizado em trecircs diferentes agrupamentos
bull plaacutegios de forma pode ser subdividido em autoplaacutegio falsa autoria envio duplo roubo de material
bull plaacutegios de meacutetodos correspondem ao famoso ldquocopiar-colarrdquo uso de paraacutefrases inadequadas referecircncia perdida referecircncia falsa fabricaccedilatildeo de dados e roubo de ideias
bull plaacutegios de propoacutesitos podem ser intencionais natildeo intencionais ou acidentais
142 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Aleacutem dessa categorizaccedilatildeo existem outras classificaccedilotildees para a praacutetica do plaacutegio Os autores do blog de viacutedeo TCC Monografias Artigos httpswwwyoutubecomwatchv=NryG4H_-Eo4 apresentam por meio de uma seacuterie de sete viacutedeos uma diferente abordagem do plaacutegio acadecircmico e maneiras para se evitar a praacutetica natildeo intencional do recurso
Consideraccedilotildees finais acerca do plaacutegio
A academia deve estimular que os jovens pesquisadores natildeo sejam apenas reprodutores de informaccedilotildees Eles devem por sua vez ser capazes de gerar conhecimento e produzir conteuacutedo relevante para a ciecircncia A internet deve ser utilizada apenas como um meio de acesso a uma vasta fonte bibliograacutefica facilitando a elaboraccedilatildeo de conteuacutedo cientiacutefico novo e eacutetico estimulando uma formaccedilatildeo acadecircmica consciente no que diz respeito agrave construccedilatildeo do conhecimento (DEMO 2011)
Partindo dessa ideia as universidades deveriam enfatizar as consequecircncias da praacutetica de plaacutegio na vida do aluno ldquoa impossibilidade de inovar de pensar e criar algo novo para o desenvolvimento da ciecircnciardquo (IMAYUIKI 2008)
163 TRABALHO EM EQUIPE
O trabalho em equipe eacute essencial agrave Ciecircncia A maioria das grandes descobertas cientiacuteficas da humanidade somente foram possiacuteveis devido ao trabalho de grupos de pesquisadores Trabalhar em equipe permite economia de tempo e dinheiro troca de expertises entre diversas aacutereas multidisciplinares complementares com incremento na qualidade final do estudo
Apesar da importacircncia a formaccedilatildeo de grupos de pesquisa ou a participaccedilatildeo em tais atividades podem ser tarefas aacuterduas que demandam persistecircncia e organizaccedilatildeo Partindo dessa ideia faz-se necessaacuteria uma reflexatildeo sobre as aptidotildees pessoais para a atuaccedilatildeo como pesquisador vocaccedilatildeo que exige motivaccedilatildeo persistente responsabilidade renuacutencia e comprometimento
Como o puacuteblico-alvo desse e-book eacute o estudante que ainda estaacute a se iniciar na vida acadecircmica ou o jovem pesquisador seratildeo abordados brevemente alguns aspectos sobre a participaccedilatildeo dos estudantes em grupos de pesquisa
Um dos principais motivadores dos alunos de graduaccedilatildeo para a participaccedilatildeo em pesquisas sem duacutevida eacute a melhora do curriacuteculo visando a melhores pontuaccedilotildees em concursos e seleccedilotildees apoacutes a graduaccedilatildeo No entanto embora este seja um gatilho inicial vaacutelido e necessaacuterio participar do meio acadecircmico-cientiacutefico propriamente dito vai muito aleacutem disso Enfatiza-se que a experiecircncia inicial do aluno nesses primeiros anos de vida acadecircmica poderaacute ser crucial para sua efetivaccedilatildeo enquanto pesquisador no futuro
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 143
Para a participaccedilatildeo em grupos de pesquisa ou mesmo para a contribuiccedilatildeo isolada em um estudo pontual os alunos devem considerar alguns aspectos a fim de evitar problemas ao longo de sua vivecircncia mesmo que breves enquanto pesquisadores Satildeo eles
bull Quanto tempo disponiacutevel tenho para dedicar-me agrave pesquisa
bull Quanto tempo a pesquisa vai durar Em quanto tempo vou concluir o curso Como a minha ausecircncia antecipada repercutiraacute sobre o grupo
bull Qual a minha melhor aptidatildeo Comunicaccedilatildeo Relacionamentos Escrita Lideranccedila
bull Quais satildeo os meus objetivos enquanto acadecircmico E os objetivos pessoais
Feito isso o aluno estaraacute apto a dar os primeiros passos nesse universo desafiador e cativante para quiccedilaacute transformar a motivaccedilatildeo inicial em apenas melhorar o seu curriacuteculo em um interesse genuiacuteno para a vida acadecircmica
144 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
BISCALCHIM A C S ALMEIDA M A Direitos autorais informaccedilatildeo e tecnologia impasses e potencialidades Liinc em Revista Rio de Janeiro v 7 n 2 p 638-652 2011 Disponiacutevel em httpsrepositoriouspbritem002247739 Acesso em 09 abr 2020
DEMO P Remix pastiche plaacutegio autorias da nova geraccedilatildeo Meta Avaliaccedilatildeo v 3 n 8 p 125-144 maioago 2011 Disponiacutevel em httprevistascesgranrioorgbrindexphpmetaavaliacaoarticleview119150 Acesso em 09 abr 2020
MARULANDA L C S PLAacuteGIO PALAVRAS ESCONDIDAS Diniz D Terra A Brasiacutelia Letras LivresRio de Janeiro Editora Fiocruz 2014 195p ISBN 978-85-98070-36-0 (Letras Livres) ISBN 978-85-98070-37-7 (Editora Fiocruz) Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 31 n 2 p 439-440 Fev 2015 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2015000200439 Acesso em 09 abr 2020
IMAYUKI G Eacutetica do direito autoral Uma breve anaacutelise eacutetica-juriacutedica Kerygma Satildeo Paulo v 4 n 2 p 17-41 out 2008 Disponiacutevel em httpsrevistasunaspedubrkerygmaarticleview231 Acesso em 09 abr 2020
INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS Recommendations for the conduct reporting editing and publication of scholarly Work in medical journals[S l] ICMJE 2019 Disponiacutevel em httpwwwicmjeorgicmje-recommendationspdf Acesso em 09 abr 2020
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MONTENEGRO M R ALVES V A F Criteacuterios de autoria e co-autoria em trabalhos cientiacuteficos Acta bot bras Feira de Santana v 11 n 2 p 273-276 1997 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfabbv11n2v11n2a14pdf Acesso em 09 abr 2020
PETROIANU A Autoria de um trabalho cientiacutefico Rev Assoc Med Bras Satildeo Paulo v 48 n 1 p 60-65 2002 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdframbv48n1a31v48n1pdf Acesso em 09 abr 2020
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 145
RODRIacuteGUEZ A S El plagio y su impacto a niacutevel acadecircmico y professional E-Ciencias de la Informaciacuteon San Joseacute v 2 n 1 p 1-13 enerojun 2012 Disponiacutevel em httpswwwredalycorgpdf4768476848735003pdf Acesso em 09 abr 2020
SILVA O S F Entre plagio e a autoria qual o papel da universidade Rev Bras Educ Rio de Janeiro v 13 n 38 p 357-414 maioago 2008 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrbeduv13n3812pdf Acesso em 09 abr 2020
147
17ASPECTOS EacuteTICOS DAS PESQUISAS COM
SERES HUMANOS
Juliana Ferreira ParaacuteMaacutercia Maria Pinheiro Dantas
Clarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoA eacutetica eacute a esteacutetica de dentrordquo
Pierre Reverdy
171 INTRODUCcedilAtildeO
Para um melhor entendimento sobre os aspectos eacuteticos das pesquisas envolvendo seres humanos eacute importante refletir um pouco sobre o conceito de eacutetica A eacutetica eacute um segmento da filosofia que se dedica agrave anaacutelise das razotildees que ocasionam alteram ou orientam a maneira de agir do ser humano geralmente levando em consideraccedilatildeo seus valores morais (ARAUacuteJO 2012)
Os princiacutepios baacutesicos da eacutetica em pesquisa consistem em permitir a autonomia dos pacientes praticar a beneficecircncia e a natildeo maleficecircncia respeitando a equidade e a justiccedila Para que uma pesquisa com seres humanos em qualquer aacuterea do conhecimento seja considerada eacutetica deveraacute atender aos seguintes requisitos miacutenimos (1) ter uma justificativa cientiacutefica e poder responder agraves incertezas levantadas (2) somente pesquisar em humanos se natildeo houver outros meios de se obter o conhecimento buscado (3) a probabilidade de os benefiacutecios serem maiores que a dos riscos previsiacuteveis (4) natildeo utilizar seres humanos em experimentos natildeo previamente testados em laboratoacuterios animais ou por fatos cientiacuteficos (ARAUacuteJO 2012)
O objetivo deste capiacutetulo seraacute demonstrar resumidamente os princiacutepios que norteiam a eacutetica em pesquisa com seres humanos tecendo um breve histoacuterico sobre a evoluccedilatildeo do processo de regulamentaccedilatildeo eacutetica no Brasil e no mundo permitindo que os jovens pesquisadores adquiram uma melhor compreensatildeo sobre o tema
148 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
172 HISTOacuteRIA DA REGULAMENTACcedilAtildeO DA PESQUISA COM SERES HUMANOS
Segundo Arauacutejo (2012) ldquoa busca por novos conhecimentos ocorre desde os primoacuterdios da humanidaderdquo No entanto ao longo dos anos a busca pelo saber nem sempre respeitou a condiccedilatildeo humana e vaacuterios exemplos atestam esse fato
Na Escola de Alexandria no secIII aC Heroacutefilo de Capadoacutecia (325-280 aC) e Erassistrato de Cleo (304-205 aC) fizeram grandes descobertas anatocircmicas e fisioloacutegicas utilizando a teacutecnica de vivisseccedilotildees em criminosos condenados agrave morte No periacuteodo do Renascimento os meacutedicos Andreacute Versalio (1514-1564) e Ambroacutesio Pareacute (1510-1590) dissecaram o cracircnio de condenados agrave morte para conhecer a trajetoacuteria exata de uma lanccedila no olho para poder tratar o rei da Franccedila Henrique II ferido em uma batalha Na Inglaterra em 1721 o cirurgiatildeo inglecircs Charles Maitland inoculou variacuteola em seis prisioneiros com a promessa de liberdade para estudar o curso natural da doenccedila Entre 1931 e 1945 na ocupaccedilatildeo japonesa na China prisioneiros de guerra e integrantes da populaccedilatildeo civil foram cobaias em experiecircncias com armas quiacutemicas e bacterioloacutegicas Durante a Segunda Guerra Mundial os nazistas desenvolveram diversas pesquisas com seres humanos sem nenhuma limitaccedilatildeo moral (ARAUacuteJO 2012)
Foi justamente apoacutes o final da Segunda Guerra Mundial que as maiores discussotildees acerca dos limites eacuteticos das pesquisas envolvendo seres humanos foram intensificadas Apesar dos avanccedilos nas aacutereas tecnoloacutegica e meacutedica obtidos agrave custa de pesquisas sem regulamentaccedilatildeo financiadas pelo regime nazista e naccedilotildees simpatizantes (ou como descrito por Miguel Kottow ldquotorturas disfarccediladas de pesquisardquo) durante o Julgamento de Nuremberg que ocorreu ao teacutermino do conflito diversos indiviacuteduos (incluindo meacutedicos e pesquisadores) foram acusados e condenados por crimes de guerra
Esse julgamento gerou uma intensa discussatildeo sobre a forma de se fazer pesquisas em todo o mundo sendo considerado um marco para a regulamentaccedilatildeo da praacutetica de pesquisas com seres humanos Culminou em 1947 na criaccedilatildeo de um documento denominado Coacutedigo de Nuremberg (WORLD MEDICAL ASSOCIATION 1964) Esse coacutedigo versava sobre a individualidade do ser e sobre a autonomia para decidir se um potencial voluntaacuterio de uma pesquisa tinha interesse em participar de determinado estudo ou natildeo Aleacutem disso o Coacutedigo de Nuremberg trazia agrave tona outras questotildees importantes como transparecircncia relevacircncia social do estudo e proteccedilatildeo aos participantes
No ano seguinte em 1948 foi publicada pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) a Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem Trata-se do primeiro documento juriacutedico internacional que apresenta um cataacutelogo completo dos direitos humanos (disponiacutevel em httpswwwunorgenuniversal-declaration-human-
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 149
rights) Esse documento que delineia os direitos humanos baacutesicos foi idealizado principalmente pelo canadense John Peters Humphrey e foi aprovado por 48 paiacuteses membros das Naccedilotildees Unidas (ONU 1948)
Em 1964 foi promulgada pela Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial (World Medical Association WMA) a Declaraccedilatildeo de Helsinque aprimorando e reafirmando premissas eacuteticas jaacute estabelecidas previamente e incorporando outros aspectos que satildeo adotados ateacute os dias atuais como o ldquoConsentimento Informadordquo Tal ldquoconsentimentordquo ratifica a importacircncia do entendimento do paciente sobre a pesquisa e inclui situaccedilotildees que natildeo haviam sido previstas como incapacidade mental ou reclusatildeo A Declaraccedilatildeo de Helsinque tambeacutem foi um marco jaacute que eacute o iniacutecio do que hoje se conhece como bioeacutetica Ao longo dos anos essa declaraccedilatildeo foi atualizada oito vezes sendo a uacuteltima delas durante a Assembleia Geral da WMA realizada em outubro de 2013 em Fortaleza (httpswwwwmanetwp-contentuploads201611491535001395167888_DoHBrazilianPortugueseVersionRevpdf)
173 PESQUISA COM SERES HUMANOS NO BRASIL
A regulamentaccedilatildeo da eacutetica em pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil teve seu iniacutecio com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 poreacutem apenas em 1996 apoacutes a aprovaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo 196 do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) um dos principais marcos da pesquisa cliacutenica em acircmbito nacional foi criado um sistema nacional soacutelido de apreciaccedilatildeo eacutetica essencial para o desenvolvimento da pesquisa com seres humanos no Brasil
Essa resoluccedilatildeo aprovou as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos no paiacutes criando e normatizando o sistema de apreciaccedilatildeo eacutetica constituiacutedo por instacircncias regionais ndash os Comitecircs de Eacutetica em Pesquisa (CEP) ndash e uma instacircncia federativa ndash a Comissatildeo Nacional de Eacutetica em Pesquisa (CONEP) ndash oacutergatildeo nacional de controle de pesquisas envolvendo seres humanos e que juntos constituem o Sistema CEPCONEP Foi essa resoluccedilatildeo que no Brasil instituiu pela primeira vez a necessidade do ldquoConsentimento Livre e Esclarecidordquo que daria origem futuramente ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) tal qual se conhece hoje
Apoacutes 15 anos de vigecircncia a Resoluccedilatildeo CNS 1961996 foi revogada sendo substituiacuteda pela Resoluccedilatildeo CNS 4662012 documento atualmente vigente e de leitura recomendada para todo jovem pesquisador no paiacutes (httpconselhosaudegovbrresolucoes2012Reso466pdf) Outro documento importante e atualmente em vigor eacute a Norma Operacional Nordm 0012013 (httpwwwhgbrjsaudegovbrceapNorma_Operacional_001-2013pdf) que versa sobre a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema CEPCONEP e sobre os procedimentos para submissatildeo avaliaccedilatildeo e acompanhamento
150 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
da pesquisa e de desenvolvimento envolvendo seres humanos no Brasil
Adicionalmente resoluccedilotildees complementares e de temas especiacuteficos foram implementados e podem ser encontradas na Plataforma Brasil que disponibiliza links para todas as resoluccedilotildees em vigecircncia no Paiacutes
Ainda como leitura adicional sugerimos o capiacutetulo XII do Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica que versa sobre Ensino e Pesquisa Meacutedica (CFM 2019)
174 Sistema CEPCONEP no Brasil o que eacute e como funciona
Como mencionado anteriormente o Sistema CEPCONEP regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil avaliando a viabilidade a seguranccedila e o respeito aos requisitos eacuteticos normatizados pela Resoluccedilatildeo 4662012 e complementares De uma forma descentralizada tais comitecircs satildeo responsaacuteveis por aprovar os projetos de pesquisa antes de seu iniacutecio e acompanhar a sua execuccedilatildeo e teacutermino
O CEP eacute constituiacutedo por um comitecirc local e idealmente deve estar presente em todas as instituiccedilotildees que pretendem investir em pesquisas com seres humanos Aleacutem de avaliarem os aspectos eacuteticos da pesquisa e emitirem pareceres de anaacutelise os CEPs tecircm papel educativo e consultivo para pesquisadores comunidade institucional participantes da pesquisa e comunidade em geral funcionando como agente corresponsaacutevel pelo desenvolvimento do estudo
A CONEP por sua vez aleacutem de ser responsaacutevel por aspectos eacuteticos emissatildeo de pareceres e encarregar-se do aspecto normativo coordena e supervisiona todos os CEPs cabendo a ela a acreditaccedilatildeo o registro e a capacitaccedilatildeo contiacutenua desses comitecircs Aleacutem disso alguns estudos de aacutereas temaacuteticas especiais precisam de apreciaccedilatildeo e aprovaccedilatildeo do CEP e da CONEP (quadro 171)
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 151
Quadro 171 mdash Pesquisas em aacutereas temaacuteticas especiais que necessitam de apreciaccedilatildeo pela CONEP
1Geneacutetica humana quando o projeto envolver11envio para o exterior de material geneacutetico ou qualquer material bioloacutegico humano para obtenccedilatildeo de material geneacutetico salvo nos casos em que houver cooperaccedilatildeo com o Governo Brasileiro12armazenamento do material bioloacutegico ou dos dados geneacuteticos humanos no exterior e no Paiacutes quando estiver conveniada com instituiccedilotildees estrangeiras ou em instituiccedilotildees comerciais13alteraccedilotildees da estrutura geneacutetica de ceacutelulas humanas para utilizaccedilatildeo in vivo14pesquisas na aacuterea da geneacutetica da reproduccedilatildeo humana (reprogeneacutetica)15pesquisas em geneacutetica do comportamento e16pesquisas nas quais esteja prevista a dissociaccedilatildeo irreversiacutevel dos dados dos participantes de pesquisa2Reproduccedilatildeo humana pesquisas que se ocupam com o funcionamento do aparelho reprodutor procriaccedilatildeo e fatores que afetam a sauacutede reprodutiva de humanos sendo que nessas pesquisas seratildeo considerados ldquoparticipantes da pesquisardquo todos os que forem afetados pelos procedimentos delasCaberaacute anaacutelise da CONEP quando o projeto envolver21reproduccedilatildeo assistida 22manipulaccedilatildeo de gametas preacute-embriotildees embriotildees e feto e23medicina fetal quando envolver procedimentos invasivos3 Equipamentos e dispositivos terapecircuticos novos ou natildeo registrados no Paiacutes 4 Novos procedimentos terapecircuticos invasivos5 Estudos com populaccedilotildees indiacutegenas 6 Projetos de pesquisa que envolvam organismos geneticamente modificados (OGM) ceacutelulas-tronco embrionaacuterias e organismos que representem alto risco coletivo incluindo organismos relacionados a eles nos acircmbitos de experimentaccedilatildeo construccedilatildeo cultivo manipulaccedilatildeo transporte transferecircncia importaccedilatildeo exportaccedilatildeo armazenamento liberaccedilatildeo no meio ambiente e descarte 7 Protocolos de constituiccedilatildeo e funcionamento de biobancos para fins de pesquisa8 Pesquisas com coordenaccedilatildeo eou patrociacutenio originados fora do Brasil excetuadas aquelas com copatrociacutenio do Governo Brasileiro e9 Projetos que a criteacuterio do CEP e devidamente justificados sejam julgados merecedores de anaacutelise pela CONEP
175 O que eacute necessaacuterio para submeter um projeto de pesquisa na Plataforma Brasil
Todas as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil devem ser submetidas ao Sistema CEPCONEP via Plataforma Brasil Uma pesquisa soacute poderaacute ser iniciada apoacutes a apreciaccedilatildeo eacutetica e a aprovaccedilatildeo concedida por esse sistema
Todo projeto de pesquisa que seja submetido agrave apreciaccedilatildeo pelo Sistema CEPConep precisa de um ldquoprotocolo de pesquisardquo que eacute um conjunto de documentos que contemplam a descriccedilatildeo do estudo em seus aspectos fundamentais e as informaccedilotildees relativas ao participante da pesquisa agrave qualificaccedilatildeo dos pesquisadores e a todas as instacircncias responsaacuteveis Partindo dessa definiccedilatildeo espera-se que o protocolo de pesquisa a ser enviado para anaacutelise via Plataforma Brasil contenha
152 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull folha de rosto
bull declaraccedilotildees pertinentes
bull declaraccedilatildeo de compromisso do pesquisador responsaacutevel
bull garantia de que os benefiacutecios resultantes do projeto retornem aos participantes da pesquisa seja em termos de retorno social acesso aos procedimentos produtos seja como agentes da pesquisa
bull orccedilamento financeiro
bull cronograma
bull Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
bull demonstrativo da existecircncia de infraestrutura necessaacuteria e apta ao desenvolvimento da pesquisa e para atender eventuais problemas dela resultantes com documento que expresse a concordacircncia da instituiccedilatildeo eou organizaccedilatildeo por meio de seu responsaacutevel maior com competecircncia
bull outros documentos que se fizerem necessaacuterios de acordo com a especificidade da pesquisa
bull projeto de pesquisa original na iacutentegra incluindo embasamento teoacuterico justificativa objetivos meacutetodos e anaacutelise dos riscos e benefiacutecios da pesquisa
176 O TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Entre os documentos de um protocolo de pesquisa especial atenccedilatildeo deve ser dispensada ao TCLE motivo frequente de equiacutevocos na documentaccedilatildeo submetida agrave apreciaccedilatildeo eacutetica pelo Sistema CEPCONEP gerando pareceres que sinalizam pendecircncias para os pesquisadores e possiacutevel atraso no iniacutecio da pesquisa
Este documento deve ser elaborado sob a forma de convite e visa explicar para o participante por meio de uma linguagem clara e compreensiacutevel as seguintes questotildees relacionadas agrave pesquisa
bull objetivos justificativa e meacutetodos de pesquisa
bull garantia de esclarecimento (antes e durante todo o curso da pesquisa) sobre o estudo
bull duraccedilatildeo esperada da participaccedilatildeo do sujeito
bull modo como se daraacute o estudo
bull responsaacutevel pelo acompanhamento e pela assistecircncia
bull liberdade do sujeito para desistir a qualquer momento
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 153
bull sigilo de dados confidenciais coletados
bull benefiacutecios e malefiacutecios que possam acometer o sujeito
bull informaccedilatildeo da possibilidade da inclusatildeo em grupo controle ou placebo
bull cobertura pelos pesquisadores de quaisquer problemas provenientes da intervenccedilatildeo da pesquisa gastos meacutedicos incapacidade do falecimento e de como se daraacute a cobertura financeira (formas de ressarcimento) nos casos citados
O TCLE precisa ser assinado pelo participante da pesquisa e pelo pesquisador em duas vias sendo uma retida pelo sujeito da pesquisa ou por seu representante legal e uma arquivada pelo pesquisador Nos casos em que seja impossiacutevel registrar o consentimento livre e esclarecido tal fato deve ser devidamente documentado com a explicaccedilatildeo das causas da impossibilidade e parecer do CEP No caso de um indiviacuteduo que natildeo seja capaz precisa haver um consentimento por delegaccedilatildeo de um representante legal adequadamente autorizado Espaccedilos datiloscoacutepicos devem estar presentes para o caso de participantes natildeo alfabetizados
Situaccedilotildees especiais na obtenccedilatildeo do Consentimento Livre e Esclarecido
bull Pacientes menores de 16 anos o consentimento deveraacute ser dado por um dos pais ou na inexistecircncia deles pelo parente mais proacuteximo ou responsaacutevel legal Nos indiviacuteduos na faixa etaacuteria pediaacutetrica mas com idade suficiente para compreensatildeo sobre a sua participaccedilatildeo em uma pesquisa (em geral acima de 10 anos) o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido tambeacutem deveraacute ser obtido (TALE) Este deveraacute ser elaborado em uma linguagem ainda mais acessiacutevel para o leitor pediaacutetrico
bull Paciente maior de 16 e menor de 18 anos consentimento obtido com a assistecircncia de um dos pais ou responsaacutevel
bull Paciente eou responsaacutevel analfabeto o presente documento deveraacute ser lido em voz alta para o paciente e seu responsaacutevel na presenccedila de duas testemunhas que firmaratildeo tambeacutem o documento
bull Paciente deficiente mental incapaz de manifestaccedilatildeo de vontade suprimento necessaacuterio da manifestaccedilatildeo de vontade por seu representante legal
Existem modelos de TCLE disponiacuteveis na internet que podem ajudar o pesquisador (httpwwwaccgorgbruploadsarquivos1572ef4c10ee090e9fb7513f3055ddb4pdf) bem como roteiros para a sua elaboraccedilatildeo (httpwwwincoruspbrsitesincor2013docscomissao-cientificadocsTCLE-Versao_Marco2015pdf)
154 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
177 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Frequentemente os projetos de pesquisa submetidos agrave apreciaccedilatildeo eacutetica pelo Sistema CEPCONEP retornam para o pesquisador responsaacutevel com pareceres que apontam pendecircncias oriundas do desconhecimento e descumprimento dos requisitos miacutenimos exigidos pela regulamentaccedilatildeo eacutetica das pesquisas envolvendo seres humanos no paiacutes
Um ponto comum de inadequaccedilatildeo eacutetica presente em muitos projetos enviados para anaacutelise eacute afirmar que as pesquisas observacionais que natildeo promovam intervenccedilotildees natildeo apresentam riscos para os participantes No entanto a Resoluccedilatildeo do CNS 4662012 no paraacutegrafo V que trata dos ldquoRiscos e Benefiacuteciosrdquo afirma que ldquoToda pesquisa com seres humanos envolve risco em tipos e gradaccedilotildees variados Quanto maiores e mais evidentes os riscos maiores devem ser os cuidados para minimizaacute-los e a proteccedilatildeo oferecida pelo Sistema CEPCONEP aos participantes Devem ser analisadas possibilidades de danos imediatos ou posteriores no plano individual ou coletivordquo
Assim faz-se necessaacuterio que os pesquisadores sempre identifiquem quais os riscos envolvidos na pesquisa ainda que miacutenimos (quebra do sigilo de dados desconforto durante a entrevista etc) e quais medidas seratildeo adotadas para evitaacute-los e sanaacute-los
Por fim tais pendecircncias seriam reduzidas melhorando a eficiecircncia do sistema por meio de uma postura de busca ativa por parte dos proacuteprios pesquisadores antes da submissatildeo de seus projetos acerca da regulamentaccedilatildeo eacutetica a ser atendida bem como por meio de uma postura educativa de cada CEP local divulgando material consultivo visando ao alcance dos potenciais pesquisadores dentro da instituiccedilatildeo onde o comitecirc estaacute instalado
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 155
REFEREcircNCIAS
ARAUacuteJO L Z S Breve histoacuterico da bioeacutetica da eacutetica em pesquisa agrave bioeacutetica In REGO S PALAacuteCIOS M Comitecircs de eacutetica em pesquisa teoria e praacutetica Rio de Janeiro FioCruz 2012 cap 03 p 71-84
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA Coacutedigo de eacutetica meacutedica Brasiacutelia CFM 2019 Disponiacutevel em httpsportalcfmorgbrimagesPDFcem2019pdf Acesso em 10 abr 2020
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Resoluccedilatildeo nordm 466 de 12 de dezembro de 2012 Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasiacutelia CNS 2012 Disponiacutevel em httpconselhosaudegovbrresolucoes2012Reso466pdf Acesso em 01 dez 2019
SOUZA G G M Prefaacutecio In SANTOS P C NASCIMENTO E G C (org) Comitecirc de eacutetica em pesquisa com seres humanos o que eacute necessaacuterio saber para aprovar um projeto de pesquisa Mossoroacute UERN 2018 p 6-10 Disponiacutevel emhttpwwwuernbrcontroledepaginaspropeg-comissoes-ceparquivos3121livropdf Acesso em 10 abr 2020
WORLD MEDICAL ASSOCIATION DECLARATION OF HELSINKI Recommendations guiding physicians in biomedical research involving human subjects Somerset West [sn] 1996 Disponiacutevel em httpswwwwmanetwp-contentuploads201611DoH-Oct1996pdf Acesso em Acesso em 07 jan 2021
UNIVERSAL Declaration of Human Rights [Sl ] United Nations [201-] Disponiacutevel em httpswwwunorgenuniversal-declaration-human-rights Acesso em 07 jan 2021
157
18COMO CRIAR O SEU CURRIacuteCULO NA
PLATAFORMA LATTES
Victor Gomes Pitombeira
ldquoDecidir o que natildeo fazer eacute tatildeo importante quanto decidir o que fazerrdquo
Steve Jobs
A Plataforma Lattes eacute uma ferramenta on-line de unificaccedilatildeo de curriacuteculos grupos de pesquisas e outras iniciativas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq 1999) No Brasil eacute de extrema importacircncia a criaccedilatildeo de um curriacuteculo Lattes uma vez que este tem sido o modelo de curriculum vitae utilizado pela maioria dos centros acadecircmicos e de pesquisa e seraacute o seu ldquocartatildeo de visitardquo no ambiente acadecircmico (MORETTI 2020 LOCATELLI 2013)
Ao se inscrever na Plataforma Lattes vocecirc se compromete a apresentar apenas informaccedilotildees compatiacuteveis com a realidade Natildeo insira nenhuma formaccedilatildeo que vocecirc natildeo possa provar ou inexistente sob pena de puniccedilatildeo criminal
181 PASSO A PASSO
Para iniciar a criaccedilatildeo do seu curriacuteculo Lattes acesse httplattescnpqbr
158 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Clique em ldquoCadastrar novo curriacuteculordquo Isso redirecionaraacute vocecirc a uma nova paacutegina
bull Nesta paacutegina vocecirc deve preencher os seus dados Certifique-se de ler os Termos de Adesatildeo e Compromisso disponibilizados em um link Os termos tambeacutem podem ser conferidos em httpswwwscnpqbrcvlatteswebpkg_cv_estrtermo
bull Clique na barra de opccedilotildees em ldquoPaiacutes de Nacionalidaderdquo e selecione seu paiacutes Apoacutes isso coloque seu e-mail e senha nas barras de digitaccedilatildeo apropriadas
bull Na paacutegina seguinte preencha os seus dados pessoais e clique em ldquoProacuteximardquo para prosseguir adiante
OBS Para fazer upload de uma foto clique no iacutecone pequeno ao lado do rosto azul que estaacute marcado com uma circunferecircncia vermelha na imagem acima Uma janela de busca do sistema abriraacute para que vocecirc possa selecionar um arquivo de imagem Evite imagens por demais informais Vocecirc pode utilizar as imagens de outros documentos de identificaccedilatildeo como RG ou Passaporte
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 159
bull Clique na barra de seleccedilatildeo referente a ldquoPaiacutesrdquo e selecione o paiacutes de sua residecircncia A barra de digitaccedilatildeo referente a CEP seraacute disponibilizada insira-o e o endereccedilo seraacute completado automaticamente pelo sistema Termine informando o telefone e celular Clique em ldquoProacuteximardquo para finalizar
OBS Caso for utilizar endereccedilo institucional selecione a opccedilatildeo Profissional e clique posteriormente na lupa na barra de seleccedilatildeo da instituiccedilatildeo para procurar a instituiccedilatildeo agrave qual vocecirc eacute filiado
bull Uma nova paacutegina abriraacute Clique na barra de opccedilotildees referente agrave ldquoFormaccedilatildeo acadecircmica concluiacutedardquo e selecione o niacutevel acadecircmico que quer referenciar adicionando-o ao seu curriacuteculo Apoacutes selecionar clique na lupa na barra de digitaccedilatildeo abaixo Um bloco apareceraacute para que vocecirc pesquise pela instituiccedilatildeo na qual vocecirc fez o niacutevel referenciado Digite o nome e clique em ldquoPesquisarrdquo o sistema apresentaraacute resultados semelhantes clique sobre o resultado ao qual vocecirc quer referenciar
OBS Caso sua instituiccedilatildeo natildeo esteja cadastrada no banco de dados o bloco sugeriraacute que vocecirc cadastre oferecendo um acesso com um ldquoclique aquirdquo Um novo bloco apareceraacute insira o nome da instituiccedilatildeo uma sigla e o paiacutes de origem
bull Apoacutes isso insira o ano de iniacutecio e de conclusatildeo do atual niacutevel que vocecirc estaacute referenciando no seu curriacuteculo Existe dois espaccedilos especiacuteficos para isso Apoacutes isso repita o mesmo processo para ldquoFormaccedilatildeo acadecircmica em conclusatildeordquo poreacutem desta vez referenciando a atual formaccedilatildeo em curso Clique em ldquoProacuteximardquo para prosseguir
bull Uma nova paacutegina apareceraacute Selecione ldquoSimrdquo se tiver algum viacutenculo profissional vigente Clique nas lupas e um novo bloco vai aparecer para pesquisar a instituiccedilatildeo agrave qual vocecirc estaacute vinculado Funciona da mesma forma explicada anteriormente para instituiccedilatildeo acadecircmica Quanto ao viacutenculo um novo bloco apareceraacute com uma barra de opccedilotildees para selecionar o tipo de viacutenculo selecione e clique em ldquoConfirmarrdquo Digite o cargo e iniacutecio do viacutenculo nas barras de digitaccedilatildeo Quando tudo estiver terminado clique em ldquoProacuteximordquo
160 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Na paacutegina seguinte clique na lupa no quadro de aacuterea de atuaccedilatildeo Um bloco com aacutervore esquemaacutetica das aacutereas cientiacuteficas apareceraacute Selecione a aacuterea em que vocecirc atua (as aacutereas selecionaacuteveis estatildeo em azul) Abaixo selecione os idiomas que vocecirc fala e apresente suas habilidades quando a compreensatildeo leitura fala e escrita Inclua o idioma nativo (ex portuguecircs) aleacutem dos natildeo nativos Clique em ldquoProacuteximardquo para terminar
bull Pronto Caso seu curriacuteculo tenha alguma pendecircncia um quadro do navegador abriraacute informando o que estaacute faltando Vocecirc poderaacute voltar agraves paacuteginas anteriores selecionando a barra de paacuteginas no topo da tela
182 Como alterar e atualizar o seu curriacuteculo Lattes
Entre na paacutegina do Portal Lattes em httplattescnpqbr
Apoacutes isso clique em ldquoAtualizar curriacuteculordquo conforme a imagem abaixo destaca
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 161
bull Faccedila seu login utilizando seu CPFe-mail e senha
bull Vocecirc seraacute redirecionado para uma nova paacutegina que permite a ediccedilatildeo de seu curriacuteculo Lattes
bull Ao posicionar o nome sobre cada nome deste como ldquoDados geraisrdquo ldquoFormaccedilatildeordquo ldquoAtuaccedilatildeordquo entre outros um pequeno pop-up como este mostrado na tela apareceraacute Ao clicar em uma das opccedilotildees do pop-up novos quadros apareceratildeo para inserir a formaccedilatildeo o artigo o projeto a formaccedilatildeo o viacutenculo empregatiacutecio ou a patente que vocecirc quer
A plataforma Lattes permite que vocecirc adicione vaacuterias atividades Escolha uma das opccedilotildees que mais se adeque ao que vocecirc estaacute querendo e insira a informaccedilatildeo
Aleacutem disso mantenha seu curriacuteculo sempre atualizado Deixar acumular os diplomas e certificados para inserir no curriacuteculo Lattes depois pode dificultar o processo Aleacutem disso quanto mais atual for seu curriacuteculo melhor seraacute sua imagem mostrando que vocecirc permanece interessado e atuante na aacuterea da pesquisa
162 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por fim lembre-se um curriacuteculo rico eacute um curriacuteculo que causa mais impacto Entretanto um curriacuteculo por demais extenso cheio de atividades com pouca relevacircncia natildeo eacute sinocircnimo de uma boa qualificaccedilatildeo profissional Priorize as competecircncias de maior impacto que tenham importacircncia para sua apresentaccedilatildeo como pesquisador em sauacutede
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 163
REFEREcircNCIAS
MORETTI I Como fazer curriacuteculo Lattes CNPQ Aprenda passo a passo tudo que vocecirc precisa saber para fazer o preenchimento correto do documento digital [S l s n] 2020 Disponiacutevel em httpsviacarreiracomcomo-fazer-curriculo-lattes-cnpq Acesso em 30 maio 2019
LOCATELLI P A Como preencher o curriacuteculo Lattes [Porto Alegre] UFRGS [2013] 103 Slides Disponiacutevel em httpposarqufscbrfiles201301comopreencherocurriculolattespdf Acesso em 30 maio 2019
165
19COMO UTILIZAR A TECNOLOGIA A FAVOR DA
PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA
Elias Silveira de BritoTaynara Falkenstins Gois Mendes
O intenso desenvolvimento tecnoloacutegico das uacuteltimas deacutecadas trouxe para todas as atividades humanas meios mais faacuteceis e raacutepidos de produccedilatildeo A busca por soluccedilotildees aacutegeis de baixo custo e praacuteticas tem acontecido em todos as aacutereas e meios da vida humana e a produccedilatildeo cientiacutefica natildeo poderia ficar de fora Desde softwares para escrita de textos ateacute bancos de dados a um clique novas ferramentas aparecem todos os dias para permitir que o desenvolvimento de um artigo se torne mais simples dinacircmico e eficiente
Este capiacutetulo busca apresentar algumas ferramentas uacuteteis para a produccedilatildeo e como utilizaacute-las ao seu favor na hora de escrever um material de qualidade Todo o conteuacutedo aqui apresentado foi obtido a partir dos endereccedilos eletrocircnicos durante o processo de levantamento dessas informaccedilotildees entre 2019 e 2020 Ressalta-se que natildeo haacute quaisquer conflitos de interesse envolvidos na elaboraccedilatildeo desse capiacutetulo
191 ESCRITA
Ateacute o iniacutecio dos anos 2000 escrever digitalmente era uma tarefa aacuterdua Os computadores eram lentos as plataformas de escrita arcaicas e a correccedilatildeo de gramaacutetica e ortografia ficava a cargo do proacuteprio autor ou revisores Para isso um artigo precisava passar por vaacuterias correccedilotildees e por vezes ser reescrito diversas vezes Hoje novos aplicativos e softwares apareceram para facilitar a escrita
Outro grande problema dos editores de texto comuns era a impossibilidade de fazer o texto simultaneamente com outros autores Essa barreira jaacute foi ultrapassada e vaacuterias pessoas podem contribuir em um mesmo texto atraveacutes de plataformas
bull Atlas ndash eacute uma plataforma inteligente para escrever estilizar e publicar seu artigo Permite colaboraccedilatildeo entre autores exportaccedilatildeo em vaacuterios formatos interatividade com imagens e viacutedeos aleacutem de permitir programaccedilatildeo digital para melhorar o desempenho do seu artigo Acompanhe mais em httpsatlasoreillycom
166 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Write ndash eacute um app minimalista que promete poucas distraccedilotildees visuais sincronizaccedilatildeo em vaacuterias maacutequinas e facilidade no uso Apesar de natildeo ser um aplicativo especializado na aacuterea cientiacutefica pode ser uacutetil para muitos autores Acesso em httpswriteappco
bull F1000 Workspace ndash uma ferramenta completa para reunir discutir e ler referecircncias aleacutem de permitir a escrita de novos artigos Eacute uma plataforma especializada em produccedilatildeo cientiacutefica que busca novos meacutetodos diariamente Veja em httpsf1000workspacecom
bull Authorea ndash um espaccedilo grandioso para escrever editar publicar e ler artigos cientiacuteficos Aleacutem disso permite a escrita colaborativa com os co-autores Busque em httpswwwauthoreacom
192 REFERENCIAMENTO
Elaborar as referecircncias bibliograacuteficas de uma produccedilatildeo acadecircmica demanda tempo e paciecircncia Trata-se de uma etapa essencial do trabalho cientiacutefico poreacutem passa longe de ser a mais empolgante Ferramentas que auxiliem nesse processo satildeo de importante valia para os pesquisadores
A maioria dos aplicativos de apoio agrave escrita apresentados acima tambeacutem fornecem apoio ao referenciamento Poreacutem existem outras plataformas mais especiacuteficas que ajudam o pesquisador a pesquisar armazenar e formatar as referecircncias literaacuterias entre elas
bull Mendeley ndash eacute um aplicativo que permite o arquivamento de vaacuterias referecircncias a um soacute clique Aleacutem disso proporciona citaccedilotildees faacuteceis e raacutepidas a criaccedilatildeo de redes de pesquisadores conectados e sincronizaccedilatildeo em vaacuterias plataformas de acesso Acesse em httpswwwmendeleycom
bull Papers ndash conhecido em universidades renomadas como Harvard e Duke o Papers eacute um aplicativo inteligente de busca leitura citaccedilatildeo organizaccedilatildeo compartilhamento colaboraccedilatildeo e sincronizaccedilatildeo de referecircncias Veja mais em httpswwwpapersappcom
bull Zotero ndash o diferencial do Zotero eacute sua facilidade em manuseio a um clique para arquivar e organizar suas referecircncias Vocecirc pode ver mais em httpswwwzoteroorg
bull Citavi ndash oferece as mesmas funccedilotildees dos concorrentes Aleacutem disso permite que vocecirc guarde seus pensamentos sobre suas referecircncias para ajudar na organizaccedilatildeo dos seus projetos Veja em httpswwwcitavicompt
bull Wizdom ndash promete soluccedilotildees em estatiacutesticas sobre artigos mostrando impacto
Como Utilizar a Tecnologia a Favor da Produccedilatildeo Acadecircmica 167
disponibilidade e relevacircncia cientiacutefica Aleacutem disso provecirc um grande banco de dados repleto de referecircncias para compor sua produccedilatildeo Acesse em httpswwwwizdomai
193 PESQUISA BIBLIOGRAacuteFICA
Muitos autores apresentam dificuldades para iniciar seu projeto no momento da pesquisa sobre os assuntos relacionados ao seu trabalho As bibliotecas apesar de seu grande acervo nem sempre possuem as mais novas atualizaccedilotildees acerca do assunto sendo fundamental saber como buscar boas referecircncias nas mais diferentes plataformas atentando-se para o fato de que nem todos os sites disponiacuteveis possuem produccedilotildees relevantes ou de qualidade e assim identificar as plataformas que concentram os melhores artigos contribui para a qualidade da sua pesquisa e para economia de tempo Alguns deles satildeo citados abaixo
bull PubMed ndash essa plataforma bastante conhecida como a biblioteca nacional de medicina dos EUA tambeacutem apresenta acesso livre a vaacuterios textos completos de perioacutedicos biomeacutedicos e de ciecircncias da vida Acesse em httpswwwncbinlmnihgovpubmed
bull Cochrane ndash A Cochrane tem sido comparada com o Projeto Genoma Humano pela importacircncia que tem e teraacute nas futuras geraccedilotildees em relaccedilatildeo agrave atenccedilatildeo agrave sauacutede Trata-se de uma rede global independente de pesquisadores profissionais pacientes cuidadores e pessoas interessadas em sauacutede Atualmente mais de 9 mil revisotildees sistemaacuteticas Cochrane jaacute foram publicadas na Biblioteca Cochrane (httpwwwcochranelibrarycom) Esta biblioteca tambeacutem possui a maior base de dados de ensaios cliacutenicos publicados conhecida como CENTRAL
bull Embase ndash eacute uma base de dados biomeacutedico muito versaacutetil e atualizado para diversos objetivos Ele abrange a mais importante literatura biomeacutedica internacional desde 1947 ateacute os dias de hoje e todos os seus artigos satildeo indexados com precisatildeo com o uso do Embase Indexing e Emtreereg da Elsevier O banco de dados completo tambeacutem encontra se convenientemente disponiacutevel em vaacuterias plataformas Acesse em httpsembasecomlogin
bull Scielo ndash A Coleccedilatildeo SciELO indexa disponibiliza e dissemina on-line em acesso aberto os textos completos de perioacutedicos cientiacuteficos de todas as aacutereas do conhecimento que publicam predominantemente artigos resultantes de pesquisa cientiacutefica que utilizam o procedimento de avaliaccedilatildeo por pares dos manuscritos que recebem ou encomendam e que apresentam desempenho crescente nos indicadores de cumprimento dos criteacuterios de indexaccedilatildeo A coleccedilatildeo privilegia a admissatildeo e permanecircncia dos perioacutedicos que em sua operaccedilatildeo avanccedilam na profissionalizaccedilatildeo internacionalizaccedilatildeo e modelos de financiamento sustentaacutevel Acesso em https
168 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
scieloorg
bull ScienceDirect ndash possui publicaccedilotildees confiaacuteveis de textos completos mantendo os usuaacuterios informados em suas aacutereas trabalhando com eficiecircncia e efetividade Aleacutem de apresentar muitas funccedilotildees inteligentes que contribuem para tal proposta Acesse em httpswwwsciencedirectcom
bull Scopus ndash eacute um banco de dados que possui resumos e citaccedilotildees de literatura com revisatildeo de revistas cientiacuteficas livros resumos de congressos e publicaccedilotildees em geral Eacute uma plataforma que mostra importantes pesquisas Acesse em httpswwwscopuscomhomeuri
bull Paperity ndash tem como principal objetivo oferecer acesso livre aos conteuacutedos com licenccedila fornecida para qualquer pessoa Acesse em httpspaperityorg
bull Sparrho ndash promete unir a inteligecircncia humana e artificial para manter os usuaacuterios atualizados sobre novas publicaccedilotildees e patentes Acesse em httpswwwsparrhocom
Dentre as ferramentas jaacute citados para outros fins o F1000 prime o Mendeley e o Zotero satildeo exemplos que podem ser utilizados tambeacutem com essa finalidade
194 PUBLICACcedilAtildeO
Apoacutes utilizar as principais plataformas oferecidas para buscar na literatura os temas relacionados agrave sua pesquisa encontrar as melhores referecircncias para enriquececirc-la e trabalhar na sua escrita podemos passar para o uacuteltimo passo da pesquisa cientiacutefica
A publicaccedilatildeo do artigo pode ser realizada por meio de plataformas criadas pela comunidade cientiacutefica com intuito de gerar oportunidades para os autores em mostrar o seu trabalho e para os leitores ao oferecer conhecimento sobre pesquisas atualizadas acerca dos mais diversos assuntos
BioMed Central (BMC) ndash parte da editora Springer Nature a BMC eacute uma das pioneiras no processo de publicaccedilatildeo de conteuacutedo de acesso aberto a BMC tem um amplo portfoacutelio de jornais de alta qualidade revisados por pares incluindo tiacutetulos de interesse como Biologia e Medicina Consulte em BMC Series
PLOSOne ndash a PLOS eacute uma editora de acesso aberto sem fins lucrativos que visa difundir e acelerar o progresso da ciecircncia e da medicina modificando o processo de comunicaccedilatildeo de pesquisas e impulsionando o movimento por alternativas de acesso aberto desde 2001 Acesse em httpsjournalsplosorgplosone
ScienceOpen ndash eacute uma plataforma interativa que publica pesquisas de acesso aberto oferecendo um canal de comunicaccedilatildeo para os pesquisadores podendo gerar
Como Utilizar a Tecnologia a Favor da Produccedilatildeo Acadecircmica 169
discussotildees acerca do assunto e aprimorando o estudo Acesse em httpswwwscienceopencom
eLife ndash ele publica trabalhos com grande relevacircncia em aacutereas da vida e ciecircncias biomeacutedicas e somente apoacutes avaliaccedilatildeo de cientistas que trabalham na plataforma disponibiliza gratuitamente aos leitores apesar de cobrar uma taxa de publicaccedilatildeo aos autores Acesse em httpselifesciencesorg
Cureus ndash eacute uma revista que possui um padratildeo editorial e promove a publicaccedilatildeo gratuita mantendo os direitos autorais e principalmente destacando os pesquisadores por meio de um curriacuteculo digital ancorado em seus artigos Veja em httpswwwcureuscom
Winnower ndash assim como a ScienceOpen a Winnower promove publicaccedilotildees on-line de acesso aberto incentivando a comunicaccedilatildeo cientiacutefica para debate Nesta plataforma eacute necessaacuterio o pagamento de uma taxa de publicaccedilatildeo Acesse em httpsthewinnowercom
195 OUTROS LINKS E APLICATIVOS UacuteTEIS
LISTA DE ldquoSOBREVIVEcircNCIArdquo PARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA (Adaptado de Nathaacutelia Ronfini Disponiacutevel em httpsedisciplinasuspbr
pluginfilephp5555503mod_resourcecontent1sobrevivencia_academicapdf)
ESCRITAContador de palavras repetidas httplinguisticainsitecombrcorpusphphttpptwordcounter360comhttpwwwwritewordsorgukword_countaspDicionaacuterio de sinocircnimos httpswwwsinonimoscombrDicionaacuterio de antocircnimos httpswwwantonimoscombrdorConferir se eacute plaacutegio httpwwwplagiumcomhttpplagiarismanetCurso de Escrita e Publicaccedilatildeo de Artigos Cientiacuteficos httpwwwcnengovbrimagesCINCursosCurso_Escrita_Publicao_
Artigo_Cientfico_Junho2017pdf9 elementos essenciais no artigo cientiacutefico httpsandrezalopescombr9-elementos-essenciais-no-artigo-cientifico
170 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
PESQUISA BIBLIOGRAacuteFICABase de perioacutedicos da Capes httpwwwperiodicoscapesgovbrBibliotecas digitais gratuitashttpsptscribdcomhttpsarchiveorgdetailsamericanahttpgenlibrusechttpswwwpdfdrivenethttpswwwpasseidiretocom
REFERENCIAMENTOGerenciadores de referecircncia bibliotecas digitaiswwwmyendnotewebcomhttpswwwzoteroorghttpswwwmendeleycomManual Mendeleyh t t p s w w w s l i d e s h a r e n e t T h a i s M o r a e s 7 m e n d e l e y - 2 0 1 7 -
73612874from_m_app=android
TRADUCcedilAtildeOFerramenta para escrita e correccedilatildeo de textos em inglecircs httpswriteandimprovecomhttpslanguagetoolorghttpswwwgrammarlycomDicionaacuterio de sinocircnimos em inglecircs httpswwwthesauruscom
OUTROSConferir o Qualis de um perioacutedico https sucupiracapesgovbrsucupirapublic consultascoleta
veiculoPublicacaoQualislistaConsultaGeralPeriodicosjsfRedes sociais para pesquisadores httpswwwresearchgatenethttpswwwacademiaeduhttpsbrlinkedincomPlataforma Brasil httpplataformabrasilsaudegovbrloginjsfComo utilizar o meacutetodo FISHQTCR5SS para ler artigos cientiacuteficos httpposgraduandocomfish-qtcr-5ss-leitura-artigosO Guia Completo das Ferramentas de Pesquisa httpsblogeven3combrguia-completo-das-ferramentas-de-pesquisa
COLABORADORES (DISCENTES)
Elias Silveira de Brito - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Eacuterika Suyane Freire Silva - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Juliana Ferreira Paraacute - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Matheus Mendonccedila Leal Janja - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Roberta Lopes Ribeiro - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
Taynara Falkenstins Gois Mendes - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Veyda Lourdes Ferreira Martins - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Victor Gomes Pitombeira - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Victor Hugo Lima Jacinto - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
Victoacuteria Costa Lima - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS Integrante do GEDEMH desde 2018
Wellison Gil Magalhatildees de Almeida - Acadecircmico de Medicina da Centro Universitaacuterio Christus ndash UNICHRISTUS
PREFAacuteCIO
A produccedilatildeo acadecircmica eacute importante para a formaccedilatildeo dos estudantes tendo em vista que com a praacutetica da redaccedilatildeo cientiacutefica os alunos passam a organizar pensamentos e decodificaacute-los por meio de palavras Esse conteuacutedo acaba natildeo sendo de acesso exclusivo do autor mas servindo de base conceitual para outros estudantes Dessa forma os trabalhos acadecircmicos satildeo responsaacuteveis pela formaccedilatildeo em excelecircncia do profissional que atua nessa aacuterea
No universo acadecircmico fazer ciecircncia eacute importante para todos pois eacute por meio dela que se descobrem e se formulam novas teorias que aliadas a um meacutetodo adequado representam uma nova forma de pensar e de se chegar agrave natureza dos problemas seja para estudaacute-los seja para explicaacute-los
Eacute por isso que somente com base em meacutetodos e teacutecnicas adequadas o estudante deveraacute obter condiccedilotildees de identificar problemaacuteticas e buscar soluccedilotildees Assim a atividade e o pensamento cientiacutefico satildeo antes de tudo o resultado da atitude dos seres humanos diante do mundo que os cerca
Dessa forma fica o questionamento como desenvolver nos estudantes competecircncias e habilidades que possibilitem habilitaacute-los agrave praacutetica da produccedilatildeo acadecircmica dentro dos padrotildees atuais Esse eacute um dos desafios para alcanccedilar a excelecircncia na pesquisa cientiacutefica e assim gerar conhecimento
Nesse cenaacuterio o livro MANUAL PRAacuteTICO PARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA surge como mais uma ferramenta para auxiliar no aperfeiccediloamento dos estudantes A obra eacute fruto da experiecircncia didaacutetica e da competecircncia de um conjunto de professores atuantes na aacuterea e tambeacutem da iniciativa da professora Clarisse Mouratildeo Melo Ponte responsaacutevel por sua estruturaccedilatildeo
A obra de forma clara concisa e objetiva estaacute dividida em duas partes uma delas explorando a execuccedilatildeo da redaccedilatildeo cientiacutefica e a outra contemplando a preparaccedilatildeo para esse processo Seguindo essas orientaccedilotildees os alunos certamente conseguiratildeo agregar contribuiccedilotildees relevantes agrave ciecircncia Dessa forma toda a comunidade acadecircmica ganha no processo tendo em vista que os resultados seratildeo o alicerce para a construccedilatildeo de novos conhecimentos
Marcos Kubrusly
Aos meus filhosFelipe Henrique e Vinicius
APRESENTACcedilAtildeO
Ao longo da formaccedilatildeo dos estudantes de graduaccedilatildeo e poacutes-graduaccedilatildeo eles se deparam diante do grande desafio da elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa artigos resumos relatoacuterios trabalhos de conclusatildeo de curso entre outras produccedilotildees que demandam o entendimento sobre o conhecimento cientiacutefico aleacutem das habilidades em escrita
Assim partindo dessa premissa a proposta inicial para a elaboraccedilatildeo deste manual voltado para jovens pesquisadores partiu do interesse de um grupo de estudos composto por estudantes de graduaccedilatildeo e professores do Curso de Medicina do Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus cuja funccedilatildeo era ser um ldquoberccedilordquo para a geraccedilatildeo de projetos de pesquisa a serem elaborados e encaminhados para os editais de Iniciaccedilatildeo Cientiacutefica da referida Instituiccedilatildeo
Agrave eacutepoca em meados de 2018 esses estudantes reuniam-se quinzenalmente a fim de discutir possiacuteveis projetos e produccedilotildees teacutecnicas No entanto nesses encontros inuacutemeras dificuldades atuavam como barreiras para um melhor desempenho do grupo pouco domiacutenio sobre conceitos baacutesicos relacionados agrave realizaccedilatildeo de uma pesquisa cientiacutefica falta de habilidade para a escrita falta de tempo dos estudantes e dos proacuteprios orientadores para se dedicarem agraves inuacutemeras atividades curriculares e extracurriculares entre outras
Todas essas questotildees nos evidenciaram um dos muitos paradoxos atualmente existentes em nosso meio acadecircmico a cobranccedila que existe sobre o aluno de graduaccedilatildeo para uma participaccedilatildeo efetiva em atividades de extensatildeo e pesquisa visando agrave melhoria de seus curriacuteculos e suas chances de aprovaccedilatildeo em concursos de residecircncia ou outros versus a pouca capacitaccedilatildeo oferecida a esses alunos para que produzam conteuacutedo relevante ao contexto no qual estatildeo imersos
Desse modo temos um ciclo no qual o aluno se obriga a produzir sem que esteja adequadamente qualificado para tal resultando em trabalhos que natildeo satildeo modificadores ou impactantes dentro de sua realidade Agraves vezes a funccedilatildeo se resume a atender a uma exigecircncia para sua formaccedilatildeo ou melhorar os curriacuteculos pessoais No entanto embora essas sejam motivaccedilotildees vaacutelidas elas natildeo devem ser as mais importantes mas prossigamos pois esse eacute um tema para um debate mais amplo que foge ao escopo deste manual
Parece-nos que atuar como um facilitador nesse processo e ao mesmo tempo pontuar para o aluno o significado e a relevacircncia da pesquisa enquanto condiccedilatildeo sine qua non para o desenvolvimento cientiacutefico eacute uma maneira de ldquoquebrarrdquo esse ciclo Assim a pequena contribuiccedilatildeo deste manual elaborado por estudantes de graduaccedilatildeo e revisado por diferentes orientadores eacute trazer um pouco dessa reflexatildeo para o jovem pesquisador
Para isso dividimos este manual em duas partes na primeira abordamos temas essenciais para a elaboraccedilatildeo de uma produccedilatildeo cientiacutefica tentando elucidar como pocircr ldquoa matildeo na massardquo e iniciar a escrita propriamente dita Buscamos escrever esses capiacutetulos de forma clara e acessiacutevel trabalhando com exemplos fluxogramas links e outras ferramentas Na segunda parte do manual pontuamos alguns temas que podem ser considerados como alicerces de uma boa produccedilatildeo acadecircmica como revisatildeo de literatura escrita acadecircmica traduccedilatildeo para o inglecircs noccedilotildees de estatiacutestica eacutetica na ciecircncia curriacuteculo Lattes e uso da tecnologia para a produccedilatildeo acadecircmica
Por meio deste manual esperamos facilitar a aquisiccedilatildeo de conhecimentos sobre pesquisa auxiliando no desenvolvimento de uma consciecircncia cientiacutefica e no desenvolvimento de habilidades como a da escrita que permitam ao jovem aluno aventurar-se nesse meio desafiador com maior seguranccedila e quiccedilaacute minimizar o desgaste tatildeo frequente que os assola durante essa jornada Por fim nosso objetivo eacute tentar demonstrar que com estudo teacutecnica e treino o processo da produccedilatildeo cientiacutefica e da redaccedilatildeo em si pode ser prazeroso resultando em produccedilotildees de qualidade e relevacircncia
Os autores
SUMAacuteRIO1 A ESCOLHA DO TEMA 17
2 A INTRODUCcedilAtildeO DE UM TRABALHO ACADEcircMICO 25
3 OBJETIVOS GERAL E ESPECIacuteFICOS 33
4 MEacuteTODOS 37
5 RESULTADOS 49
6 ESCREVENDO A DISCUSSAtildeO E A CONCLUSAtildeO 59
7 COMO DEFINIR O TIacuteTULO 67
8 COMO REDIGIR O RESUMO 71
9 CRONOGRAMA E ORCcedilAMENTO 79
10 APEcircNDICES E ANEXOS 89
11 REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS 93
12 COMO REALIZAR UMA BOA REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA 101
13 A REDACcedilAtildeO ACADEcircMICA DICAS PARA UMA BOA ESCRITA 109
14 TRADUCcedilAtildeO DE TRABALHOS ACADEcircMICOS PARA O INGLEcircS 117
15 NOCcedilOtildeES BAacuteSICAS DE ESTATIacuteSTICA 125
16 EacuteTICA NA CIEcircNCIA CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE AUTORIA PLAacuteGIO ACADEcircMICO E TRABALHO EM EQUIPE 137
17 ASPECTOS EacuteTICOS DAS PESQUISAS COM SERES HUMANOS 147
18 COMO CRIAR O SEU CURRIacuteCULO NA PLATAFORMA LATTES 157
19 COMO UTILIZAR A TECNOLOGIA A FAVOR DA PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA 165
17
1A ESCOLHA DO TEMA
Veyda Lourdes Ferreira MartinsMaria Helane Costa Gurgel
ldquoA mente que abre uma nova janela jamais volta ao seu tamanho originalrdquo
Albert Einstein
A escolha adequada de um tema interessante para o pesquisador eacute o ponto de partida para o sucesso de uma produccedilatildeo acadecircmica Embora pareccedila ser uma tarefa faacutecil geralmente os jovens pesquisadores encontram muita dificuldade para a delimitaccedilatildeo de um tema entre as inuacutemeras possibilidades A ideia para um tema de pesquisa pode surgir por meio de diferentes fontes como as experiecircncias individuais a leitura de livros e artigos a observaccedilatildeo de acontecimentos e fatos a participaccedilatildeo em aulas seminaacuterios e congressos bem como a reflexatildeo criacutetica do proacuteprio aluno Assim tal escolha demanda poder de decisatildeo e foco
Eacute a partir da definiccedilatildeo do tema da pesquisa que a elaboraccedilatildeo do projeto seraacute iniciada e quando o assunto a ser estudado eacute familiar ou faz parte das aacutereas de interesse do pesquisador torna-se muito mais faacutecil manter-se motivado para ler a literatura existente sobre a temaacutetica ter curiosidade para pesquisar novidades da aacuterea e redigir um texto (MATIAS-PEREIRA 2012) Aleacutem disso se o aluno tem propriedade sobre o tema a investigaccedilatildeo cientiacutefica provavelmente seraacute de maior relevacircncia pois o pesquisador teraacute maior capacidade para elaborar questionamentos relevantes e ineacuteditos O aluno deve lembrar-se de que a temaacutetica escolhida o acompanharaacute por longos meses portanto recomenda-se de fato uma afinidade com o tema escolhido (CAVALCANTI amp FONTENELE 2015)
Geralmente essa escolha tambeacutem dependeraacute do orientador e das fontes de financiamento nas diferentes linhas de pesquisa Para conciliar essa realidade com os interesses do jovem pesquisador eacute recomendado que ele se informe acerca de quais satildeo os professores que fazem pesquisa na instituiccedilatildeo de ensino e em quais temas eles estatildeo dispostos a investir Sabendo disso o aluno poderaacute procurar aquele que mais se aproxima de suas preferecircncias ou mesmo decidir pesquisar sobre algum dos diferentes temas disponiacuteveis o qual ele natildeo tenha tido ainda a oportunidade de conhecer
18 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Adicionalmente a produccedilatildeo cientiacutefica para o jovem pesquisador deve ser acessiacutevel pois sua execuccedilatildeo depende de tempo e orccedilamento do pesquisador Portanto a pesquisa deve ter viabilidade ser factiacutevel Ao delimitar seu tema de pesquisa o aluno deveraacute prever as dificuldades para a realizaccedilatildeo de seu trabalho Para isso recomenda-se uma conversa com pesquisadores mais experientes para auxiliaacute-lo na visualizaccedilatildeo de possiacuteveis dificuldades para a execuccedilatildeo do projeto que ele por inexperiecircncia natildeo consegue prever
Embora possa ocorrer sempre que possiacutevel eacute desaconselhaacutevel a mudanccedila de tema durante o transcorrer da pesquisa Eacute importante que o aluno faccedila uma reflexatildeo antes de ingressar em uma pesquisa acerca de sua disponibilidade qualificaccedilatildeo e objetivos profissionais a fim de que possa realizar um bom trabalho que agregue valor significativo para sua carreira e experiecircncia
As seguintes perguntas podem guiar os pesquisadores durante o processo de escolha do tema de uma pesquisa (quadro 11)
Quadro 11 mdash Perguntas-chave que podem ajudar na escolha do tema de pesquisa (Adaptado de CAVALCANTI amp FONTENELE 2015)
bull A pesquisa bibliograacutefica eacute do interesse do pesquisadorbull Quem vai se interessar pelo artigobull Vai contribuir para a praacutetica profissional nessa aacutereabull Vai contribuir para o curriacuteculo acadecircmico profissional do pesquisadorbull Qual a abrangecircncia do tema Local Regional Nacional Internacionalbull Em quais congressos o trabalho poderaacute ser apresentado E em quais
revistas poderaacute ser publicado
11 ANALISANDO A VALIDADE DO TEMA DA PESQUISA
Uma maneira simples de se avaliar a validade do tema de pesquisa escolhido eacute aplicar o acrocircnimo FINER em que cada letra representa um quesito a ser atendido pelo objeto de estudo
A Escolha do Tema 19
Na figura 11 evidencia-se que um bom tema de pesquisa deve ser
Figura 11 mdash Requisitos para um bom tema de pesquisa
O tema deve ser relevante natildeo soacute para o aluno mas tambeacutem para outros pesquisadores e profissionais da aacuterea Um projeto pouco relevante teraacute pouco impacto sobre a comunidade cientiacutefica bem como traraacute pouco impacto social (MEDEIROS 2016) Aleacutem disso o tema da pesquisa e os meacutetodos propostos para seu estudo devem atender aos requisitos eacuteticos para pesquisas em seres humanos conforme seraacute detalhado em capiacutetulo especiacutefico
12 DEFININDO O PROBLEMA DA PESQUISA
Toda pesquisa cientiacutefica envolve a formulaccedilatildeo de um problema e objetiva a sua soluccedilatildeo Assim apoacutes a escolha do tema o aluno deveraacute definir qual o problema de sua pesquisa Formular o problema consiste em dizer de maneira expliacutecita e compreensiacutevel qual a lacuna do conhecimento a que se pretende responder limitando o seu campo e apresentando suas caracteriacutesticas por meio do rigor do meacutetodo cientiacutefico (MARCONI amp LAKATOS 2003) Algo que ainda natildeo esteja respondido e que precise de investigaccedilatildeo portanto algo novo ainda natildeo saturado de informaccedilotildees na literatura Por isso o pesquisador deve estar atento agrave novidade e agrave significacircncia que seu o projeto traz pois investigar um problema jaacute elucidado e documentado natildeo iraacute contribuir para o avanccedilo da aacuterea
20 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ldquo() o pesquisador acabaraacute identificando uma lacuna no conhecimento ou uma diferenccedila de opiniatildeo com estudos anteriores o que lhe permitiraacute finalmente a formulaccedilatildeo de um tema preciso de pesquisa ()rdquo
Uma Introduccedilatildeo agrave Histoacuteria ndash Ciro Flamarion Cardoso 1986
Uma boa revisatildeo de literatura ajudaraacute a obter conhecimentos especiacuteficos sobre o tema proposto possibilitando uma melhor delimitaccedilatildeo do objeto de estudo Eacute durante essa fase que o pesquisador poderaacute identificar as lacunas existentes na aacuterea e assim elaborar uma pesquisa que vise preencher tais lacunas cientiacuteficas ou sociais mesmo que elas sejam relacionadas a aspectos locais ou menos abrangentes do ponto de vista espacial ou geograacutefico Na verdade o desenho do estudo eacute quem definiraacute a sua abrangecircncia se eacute local regional nacional ou internacional
Quanto mais o pesquisador estiver familiarizado com o tema com o qual ele quer trabalhar mais facilmente ele identificaraacute o problema Um trabalho concebido por meio de um problema mal formulado natildeo chegaraacute a lugar nenhum Portanto eacute crucial determinaacute-lo de forma adequada Para isso o problema de uma pesquisa deveraacute ser elaborado como pergunta e ser (GIL 2008)
bull claro e preciso que natildeo causa ambiguidade ou duacutevidas
bull empiacuterico ou seja que pode ser estudado pela observaccedilatildeo do cientista por meio de teacutecnicas e meacutetodos adequados
bull passiacutevel de soluccedilatildeo testaacutevel pelo meacutetodo cientiacutefico
bull ter uma delimitaccedilatildeo viaacutevel no tempo e no espaccedilo
A Escolha do Tema 21
No quadro 12 um exemplo de como se pode formular um problema de pesquisa
Quadro 12 mdash Exemplo de como delimitar o problema da pesquisa
Em um hospital terciaacuterio de Fortaleza observou-se que existia uma falta de registros sobre o perfil de pacientes com hiperglicemia intra-hospitalar (HIH) internados em unidades de pacientes natildeo criticamente enfermos e que natildeo havia uma padronizaccedilatildeo de condutas no manejo desses indiviacuteduos Aleacutem disso natildeo havia dados na literatura que respondessem a essas lacunas Por isso resolveu-se pesquisar sobre as caracteriacutesticas dos pacientes internados com HIH e avaliar o manejo desses pacientes em tais hospitais com o intuito de procurar estabelecer quem eram aqueles susceptiacuteveis a esse tipo de agravo conhecer como era feito o manejo e medir os indicadores de desfechos relacionados
Outra forma de determinar o problema da pesquisa eacute identificar uma pergunta condutora Por exemplo
Frequecircncia com que frequecircncia a dislipidemia ocorre
Diagnoacutestico qual a acuraacutecia dos testes utilizados para diagnosticar o hipertireoidismo
Causa que condiccedilotildees levam agrave siacutendrome de Cushing Quais satildeo as origens dessa doenccedila
Risco quais satildeo os fatores que estatildeo associados a um maior risco de desenvolver siacutendrome metaboacutelica
Prognoacutestico quais satildeo as consequecircncias de se ter hiperparatireoidismo
Tratamento como o tratamento altera o curso da nefropatia diabeacutetica
22 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
De maneira geral a definiccedilatildeo adequada do problema da pesquisa ainda seraacute uacutetil para permitir que o pesquisador escolha o delineamento do seu estudo (quadro 13)
Quadro 13 mdash Problema da pesquisa e o desenho do estudo sugerido
PROBLEMA DESENHOLevantar hipoacuteteses Seacuterie de casosFrequecircncia Transversal CoorteFatores de risco causa Caso-controle CoorteTeste diagnoacutestico TransversalTratamento Ensaio cliacutenicoPrognoacutestico Coorte
13 A ELABORACcedilAtildeO DAS HIPOacuteTESES
Uma vez delimitado o problema surgiratildeo suposiccedilotildees ou respostas provaacuteveis e provisoacuterias que poderatildeo ser testadas por meio do meacutetodo cientiacutefico o que permitiraacute que tais suposiccedilotildees ou respostas sejam validadas ou refutadas Portanto a hipoacutetese de uma pesquisa eacute a afirmaccedilatildeo positiva negativa ou condicional (ainda natildeo testada) sobre determinado problema ou fenocircmeno (MATIAS-PEREIRA 2012) Eacute uma resposta provisoacuteria e plausiacutevel para determinado problema cientiacutefico
Para a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses para estudos da aacuterea da sauacutede os pesquisadores podem-se basear em diferentes fontes (MARCONI amp LAKATOS 2003)
(1) Observaccedilatildeo uma fonte rica para a construccedilatildeo de hipoacuteteses eacute a observaccedilatildeo que se realiza dos fatos ou da correlaccedilatildeo existente entre eles
(2) Comparaccedilatildeo com outros estudos nesse caso o pesquisador baseia-se na averiguaccedilatildeo de outros estudos na perspectiva de que as conexotildees similares entre duas ou mais variaacuteveis prevaleccedilam no estudo presente
(3) Conhecimento familiar o conhecimento familiar ou as intuiccedilotildees derivadas do senso comum perante situaccedilotildees vivenciadas podem levar a correlaccedilotildees entre fenocircmenos notados e ao desejo de verificar a real correspondecircncia existente entre eles Nesse caso a experiecircncia de vida pode ser um fator colaborador
Eacute importante ressaltar que a despeito de a hipoacutetese ser comprovada ou refutada ela ainda seraacute uma fonte de conhecimentos acerca do problema estudado Tais respostas obtidas atraveacutes do meacutetodo cientiacutefico seratildeo importantes para o avanccedilo
A Escolha do Tema 23
do conhecimento naquela aacuterea
Deve ser lembrado que alguns estudos com abordagem mais exploratoacuteria natildeo possuem hipoacuteteses Eles satildeo desenvolvidos para que os pesquisadores adquiram alguma expertise sobre o objeto de estudo permitindo a formulaccedilatildeo de hipoacuteteses a serem testadas posteriormente por meio de desenhos adequados Como exemplo podem-se citar alguns estudos observacionais ou seacuterie de casos que descrevem determinadas caracteriacutesticas de uma amostra ou populaccedilatildeo
Na figura 12 apresenta-se um algoritmo que tenta demonstrar o processo de produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico que poderaacute servir de guia para os jovens pesquisadores sobre como ldquopensarrdquo cientificamente
Figura 12 mdash Algoritmo sobre a produccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico
Assunto principal do projeto revisatildeo eestudo do estado da arte
Lacuna no conhecimento sobre o temaescolhido
Possiacuteveis respostas plausiacuteveis eprovisoacuterias que respondam ao problema
Busca por respostas por meio do meacutetodocientiacutefico que comprovem ou refutem ahipoacutetese
Descobertas oriundas da aplicaccedilatildeo domeacutetodo cientiacutefico em busca de respostas aproblemas decorrentes de lacunas noconhecimento vigente
Tema
Problema
Hipoacutetese
Pesquisa
Conhecimentocientiacutefico
24 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015
GIL A C Formulaccedilatildeo do problema In GIL A C Meacutetodos e teacutecnicas de pesquisa social 6 ed Satildeo Paulo Atlas 2008 cap 4 p 33-40
MARCONI M A LAKATOS E M Fundamentos de metodologia cientiacutefica 5 ed Satildeo Paulo Atlas 2003
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B Da Pesquisa agrave Redaccedilatildeo do Artigo Cientiacutefico In MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de Artigos Cientiacuteficos Meacutetodos de Realizaccedilatildeo Seleccedilatildeo de Perioacutedicos Publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2016 cap 4 p 53-88
25
2A INTRODUCcedilAtildeO DE UM TRABALHO ACADEcircMICO
Eacuterika Suyane Freire SilvaTaynara Falkenstins Gois Mendes
Vitoacuteria Costa LimaMaria Helane Costa Gurgel
ldquoNenhum vento sopra a favor de quem natildeo sabe pra onde irrdquo
Secircneca
A introduccedilatildeo de um projeto ou artigo cientiacutefico apresenta as primeiras ideias sobre o tema da pesquisa Durante a sua elaboraccedilatildeo o autor deveraacute discorrer sobre o tema de interesse trazendo ao leitor o que jaacute existe na literatura sobre o assunto Esse conhecimento deveraacute ser oriundo de uma soacutelida revisatildeo bibliograacutefica e estudo do estado da arte ou seja o que jaacute foi evidenciado de maneira cientificamente validada ateacute o momento sobre determinado assunto (MEDEIROS 2017) Ao redigir a introduccedilatildeo o pesquisador deveraacute contextualizar o problema da pesquisa agrave sua realidade sob a luz do conhecimento cientiacutefico disponiacutevel
Este capiacutetulo visa apresentar alguns aspectos relacionados agrave redaccedilatildeo do texto introdutoacuterio de um projeto ou artigo cientiacutefico
21 REDIGINDO A INTRODUCcedilAtildeO
Um possiacutevel modo para a organizaccedilatildeo da introduccedilatildeo eacute iniciar com uma abordagem geral informando ao leitor os conceitos claacutessicos sobre o tema de interesse A partir do segundo ou terceiro paraacutegrafo as particularidades mais diretamente relacionadas ao tema da pesquisa em questatildeo podem ser apresentadas (REIZ 2013) Deve-se escrever sobre o que jaacute fora demonstrado em estudos anteriores pontuando-se as carecircncias ou lacunas de conhecimento sobre aquela aacuterea este seraacute o problema da pesquisa Nesse momento a hipoacutetese tambeacutem poderaacute ser apresentada e confrontada com a literatura vigente
Aleacutem de apresentar o tema e o problema da pesquisa aos leitores na introduccedilatildeo o autor deveraacute incluir a justificativa para a realizaccedilatildeo do seu projeto e
26 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ou publicaccedilatildeo dos seus achados apontando qual o avanccedilo teoacuterico a ser alcanccedilado eou qual o potencial impacto sobre a praacutetica profissional Para finalizar o autor poderaacute ainda redigir sobre o que pretende fazer (qual o seu objetivo) para testar a sua hipoacutetese e resolver o problema da pesquisa
Algumas perguntas poderatildeo ajudar na elaboraccedilatildeo de uma introduccedilatildeo (figura21)
Figura 21 mdash Elaborando o texto introdutoacuterio de uma produccedilatildeo acadecircmica
1 Quais os conceitos e as definiccedilotildees claacutessicas sobre o assunto escolhido (apresentaccedilatildeo geral do tema)
2 Qual o embasamento teoacuterico sobre o assunto O que jaacute existe na literatura sobre isso
3 Qual a lacuna do conhecimento ou seja o problema da pesquisa
4 Qual a sua hipoacutetese
5 Por que foi escolhido tal tema Qual a sua relevacircncia e impacto
6 O que o pesquisador pretende fazer para responder ao problema da pesquisa Qual o objetivo
O tamanho ou a extensatildeo do texto introdutoacuterio iraacute depender do tipo de produccedilatildeo a ser elaborada Em geral artigos publicados em jornais ou perioacutedicos cientiacuteficos apresentam introduccedilatildeo curta de poucos paraacutegrafos (trecircs ou quatro) tendo em vista que o foco estaacute nos meacutetodos e resultados encontrados na pesquisa Nesse caso uma sugestatildeo para a redaccedilatildeo da introduccedilatildeo poderia ser conforme abaixo (quadro 21)
Quadro 21 mdash A redaccedilatildeo da introduccedilatildeo de artigos cientiacuteficos
Paraacutegrafo(s) inicial(is) (um ou dois no maacuteximo)Apresentaccedilatildeo do tema conceitos e definiccedilotildees (breve revisatildeo da literatura)Paraacutegrafos centraisProblema da pesquisa e justificativaParaacutegrafo finalHipoacutetese e objetivo
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 27
A seguir segue um texto que ilustra a sugestatildeo apresentada na figura acima Optou-se por manter a liacutengua inglesa pois se trata de um trecho de um artigo previamente publicado pelos autores (quadro 22)
Quadro 22 mdash Exemplo de introduccedilatildeo de artigo cientiacutefico
REVISAtildeO DA LITERATURA
Congenital generalized lipodystrophy (CGL) is a rare disorder of autonomic recessive inheritance with an estimated prevalence of 110000000 live births There are approximately 500 cases described worldwide with 100 cases described in Brazil This disease is characterized by the absence of subcutaneous adipose tissue leptin deficiency deposition of ectopic fat due to impairs of the metabolic activity and storage capacity of the subcutaneous adipose tissue hypertriglyceridemia insulin resistance and a poorly controlled diabetes mellitus (DM)
In addition to metabolic disorders cardiac abnormalities have also been described in patients with CGL especially left ventricular hypertrophy (LVH) left ventricular systolic and diastolic dysfunction systemic arterial hypertension QT interval enlargement cardiac arrhythmias and atherosclerosis Some cases of hypertrophic cardiomyopathy also were previously described Among the potential mechanisms involved in the development of these cardiac changes are insulin resistance and myocardial accumulation of triglycerides
PROBLEMA DA PESQUISA
However the pathophysiology of cardiomyopathy observed in CGL is not entirely elucidated
JUSTIFICATIVA
We previously reported that CGL patients present early microvascular complications including cardiovascular autonomic neuropathy (CAN) Several studies have observed an association between CAN and myocardial dysfunction in patients with DM including LVH and diastolic dysfunction which may occur even in the absence of coronary artery disease (CAD) and hypertension
HIPOacuteTESE E OBJETIVO
These observations allow us to speculate that CAN could be a potential mechanism associated with the early development of LVH in patients exposed to severe metabolic abnormalities early in life Thus the present study aimed to evaluate the association between cardiac abnormalities and CAN parameters in CGL patients
28 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por outro lado os projetos de pesquisa ou trabalhos de conclusatildeo de curso monografias dissertaccedilotildees e teses em geral apresentam textos introdutoacuterios mais longos pois deveratildeo convencer o leitor de que tal projeto deveraacute ser aprovado em uma seleccedilatildeo ou financiado por algum edital ou ainda mostraraacute o preparo do aluno sob avaliaccedilatildeo
Nesses casos a introduccedilatildeo poderaacute ser subdividida em seccedilotildees Mais uma vez as definiccedilotildees claacutessicas e uma apresentaccedilatildeo geral sobre o tema ao iniacutecio no texto seguida do desenvolvimento das ideais secundaacuterias ao longo do texto nos paraacutegrafos seguintes poderatildeo ser uma boa estrateacutegia
Nesses casos a justificativa e a relevacircncia do projeto normalmente satildeo apresentadas agrave parte O pesquisador deveraacute deixar claro para os potenciais leitores qual a importacircncia de sua pesquisa e qual a contribuiccedilatildeo que ela conferiraacute agrave Ciecircncia Para elaborar a justificativa algumas indagaccedilotildees poderatildeo ajudar O conteuacutedo dessas respostas seratildeo a justificativa de seu projeto No quadro 23 segue um exemplo
Quadro 23 mdash Exemplo de justificativa de um projeto de pesquisa
Meu tema eacute relevante para o contexto atual da
ciecircncia
Por quecirc
A hiperglicemia e a hipoglicemia aumentam a mortalidade de pacientes internados criacuteticos e natildeo criacuteticos com ou sem DM A falta de padronizaccedilatildeo de condutas no manejo da hiperglicemia e hipoglicemia pode ter impacto sobre o desfecho dos paracircmetros relacionados ao internamento hospitalar tais como tempo de permanecircncia no hospital risco de readmissatildeo hospitalar precoce complicaccedilotildees cardiovasculares ciruacutergicas renais e infecciosas e sobre a taxa de mortalidade No entanto a despeito da sua importacircncia desconhece-se a sua epidemiologia nos principais hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute
Continua
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 29
Quadro 23 mdash Exemplo de justificativa de um projeto de pesquisa
O que jaacute existe sobre isso na literatura
Dados nacionais tambeacutem satildeo escassos Estudo realizado no HC-FMUSP em 2013 demonstrou que ateacute 25 dos pacientes internados tinham diagnoacutestico preacutevio de DM Independentemente do diagnoacutestico ou natildeo de DM aproximadamente 70 dos pacientes natildeo tiveram a glicemia capilar medida na admissatildeo Entre os pacientes com DM 30 a 45 dos pacientes natildeo tiveram a glicemia capilar medida nas primeiras 24 horas de admissatildeo e 20 a 30 natildeo tiveram a glicemia capilar aferida durante todo o periacuteodo do internamento Nos pacientes em que o monitoramento glicecircmico foi realizado este foi feito sem padronizaccedilatildeo Com relaccedilatildeo ao tratamento da HIH os consensos em controle da HIH recomendam o esquema de insulinizaccedilatildeo basal-bolus como terapia de escolha desencorajando o uso de insulina raacutepida em doses escalonadas (slinding-scale) Apesar disso o levantamento previamente citado mostrou que quase a totalidade dos pacientes teve o esquema de escalonamento de doses de insulina regular como o tratamento de escolha da HIH
Quais as potenciais vantagens e os benefiacutecios
que este estudo pode trazer
Tem sido proposto que a implementaccedilatildeo de comissotildees especiacuteficas treinadas para o controle da glicemia de pacientes internados aos moldes das comissotildees de controle de infecccedilatildeo hospitalar seja uma alternativa interessante para a padronizaccedilatildeo de condutas e prevenccedilatildeo da hiperglicemia e hipoglicemia intra-hospitalar Assim considerando-se a carecircncia de leitos em hospitais terciaacuterios e as limitaccedilotildees relacionadas aos custos com despesas em sauacutede em nosso estado estudos nessa aacuterea podem permitir um melhor entendimento e manejo dessa condiccedilatildeo de alta morbidade podendo ter impacto sobre a disponibilidade de leitos e reduccedilatildeo dos custos em sauacutede que em uacuteltima anaacutelise agregaratildeo benefiacutecios ao paciente e a todo o sistema de sauacutede
30 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
22 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Apesar de parecer uma tarefa simples escrever a introduccedilatildeo de uma produccedilatildeo acadecircmica muitas vezes eacute uma grande barreira para os pesquisadores iniciantes fazendo que a redaccedilatildeo seja postergada ateacute que um suposto momento ideal ou de ldquoinspiraccedilatildeordquo sirva como pontapeacute para o iniacutecio da redaccedilatildeo propriamente dita No entanto no caso da redaccedilatildeo cientiacutefica nada seraacute mais ldquoinspiradorrdquo para a elaboraccedilatildeo de uma boa introduccedilatildeo que uma boa leitura Isso serviraacute de base para que o aluno se aproprie (tome posse) do tema de estudo pois tendo um bom referencial teoacuterico conseguido por meio de muita ldquotranspiraccedilatildeordquo ou seja estudo e leitura o processo da escrita ocorreraacute com maior naturalidade Aleacutem disso nada como o tempo e o treino
Tempo tempo mano velho falta tanto ainda eu sei Pra vocecirc correr macio
Joatildeo Daniel Uchoa (Sobre o Tempo)
A Introduccedilatildeo de um Trabalho Acadecircmico 31
REFEREcircNCIAS
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
33
3OBJETIVOS GERAL E ESPECIacuteFICOS
Taynara Falkenstins Gois MendesPatriacutecia Rolim Mendonccedila Locircbo
ldquoVocecirc natildeo escreve porque quer dizer algo Vocecirc escreve porque tem algo a dizerrdquo
(Scot Fitzgerald)
O termo objetivo significa ldquoo fim que se deseja atingir a meta que se pretende alcanccedilar ou o que eacute relativo ao objeto que eacute concreto e existe independentemente do pensamentordquo (FERREIRA 2014) No contexto acadecircmico os objetivos ldquoconstituem a finalidade de um trabalho cientiacutefico ou seja a meta que se pretende atingir a partir de uma pesquisa cientiacuteficardquo (CAVALCANTI 2015)
A elaboraccedilatildeo dos objetivos de uma pesquisa surge a partir dos questionamentos que o investigador se propotildee a desvendar e visa responder aos problemas da pesquisa identificados apoacutes uma ampla revisatildeo de estudos preacutevios sobre o tema (MEO ELDAWLATLY 2019) Essa revisatildeo da literatura tanto auxilia o pesquisador a fomentar ideias como contribui com exemplos de objetivos jaacute alcanccedilados por outros pesquisadores
Em geral podem-se dividir os objetivos em dois tipos o objetivo geral ou principal e os objetivos especiacuteficos ou secundaacuterios O objetivo geral eacute uacutenico tem um caraacuteter mais amplo e representa o eixo central da pesquisa Ele se relaciona diretamente com o problema da pesquisa e visa responder a ele Deve ser escrito em uma uacutenica frase sendo iniciado por um verbo no infinitivo (CAVALCANTI 2015)
Por sua vez os objetivos especiacuteficos tecircm caraacuteter mais delimitado e pontual Visa responder a questotildees especiacuteficas que quando analisadas em conjunto permitem responder ao objetivo geral Natildeo existe um nuacutemero limite para os objetivos especiacuteficos variando de acordo com o tipo de pesquisa No entanto independentemente do nuacutemero todos devem ser passiacuteveis de serem atingidos devendo-se explicitar os meacutetodos para o alcance de cada um deles na seccedilatildeo especiacutefica Todos os objetivos especiacuteficos devem ser respondidos ao final da pesquisa (MATIAS-PEREIRA 2012)
Assim como o objetivo geral os objetivos especiacuteficos tambeacutem satildeo expressos por meio de verbos no infinitivo como verificar conhecer analisar compreender aplicar sintetizar avaliar entre outros verbos de accedilatildeo sendo recomendado que o pesquisador domine uma grande variedade de verbos para evitar repeticcedilotildees (CAVALCANTI
34 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
2015)
Segue uma lista de verbos no infinitivo com a ideia da accedilatildeo que lhes eacute conferida e que pode auxiliar na formulaccedilatildeo dos objetivos
bull Compreensatildeo compreender deduzir demonstrar determinar diferenciar discutir explanar encontrar interpretar localizar reafirmar
bull Relato eou siacutentese apontar citar classificar definir descrever identificar relatar compor documentar especificar delinear esquematizar formular produzir propor reconhecer construir reunir resumir sintetizar
bull Construccedilatildeo aplicar desenvolver estruturar operar organizar praticar selecionar delinear traccedilar
bull Avaliaccedilatildeo ou Anaacutelise argumentar avaliar contrastar definir escolher estimar julgar medir selecionar comparar conferir criticar debater diferenciar discriminar examinar investigar provar aferir monitorar experimentar
Quando se pensa em estruturaccedilatildeo da escrita cientiacutefica eacute necessaacuterio adequar a apresentaccedilatildeo dos objetivos de acordo com o tipo de produccedilatildeo a ser elaborada Assim em artigos cientiacuteficos os objetivos costumam ser inseridos de forma sucinta no final da introduccedilatildeo Em geral podem ser vistos da seguinte maneira ldquoO objetivo do nosso estudo foirdquo ldquoNoacutes relatamosrdquo ou ldquoNoacutes revisamosrdquo (MEO ELDAWLATLY 2019 SHARMA 2019) Geralmente apenas o objetivo geral eacute apresentado No entanto por vezes alguns objetivos secundaacuterios tambeacutem podem ser incluiacutedos
Ao contraacuterio quando falamos de projetos de pesquisa e trabalhos de conclusatildeo de curso ou poacutes-graduaccedilotildees os objetivos satildeo expressos em uma seccedilatildeo especiacutefica destinada para tal sendo primeiramente apresentado o toacutepico ldquoObjetivo geralrdquo seguido dos ldquoObjetivos especiacuteficosrdquo conforme exemplificado no quadro 31
Quadro 31 mdash Exemplo de objetivos geral e especiacuteficos (dados proacuteprios)
Objetivo Geral Avaliar as caracteriacutesticas cliacutenicas e epidemioloacutegicas de pacientes idosos internados por fraturas em decorrecircncia de quedas em um hospital terciaacuterio referecircncia em trauma no estado do Cearaacute
Objetivos Especiacuteficos1 Descrever o perfil cliacutenico e epidemioloacutegico dos pacientes idosos internados com fraturas em decorrecircncia de quedas2 Identificar os fatores de risco para quedas e fraturas nesta amostra de pacientes idosos internados3 Relatar o internamento dos pacientes idosos com fraturas incluindo tratamentos cliacutenicos eou ciruacutergicos recebidos e complicaccedilotildees durante o internamento
Objetivos Geral e Especiacuteficos 35
Eacute fundamental para o jovem pesquisador saber como redigir os objetivos de suas pesquisas Esse passo eacute crucial durante a avaliaccedilatildeo de projetos de pesquisas e artigos pois os pesquisadores devem demonstrar que satildeo capazes de responder a todos os objetivos propostos no iniacutecio de seu trabalho Assim aleacutem de serem apresentados de forma clara e coerente com a justificativa e problema propostos devem permitir que o leitor consiga identificar ao final da pesquisa as respostas para todos os objetivos inicialmente estabelecidos Sendo os objetivos da pesquisa bem elaborados torna-se mais faacutecil decidir os meacutetodos que seratildeo utilizados na pesquisa e o quanto a sua realizaccedilatildeo eacute factiacutevel respeitando tempo custo e realidade envolvidos (SANTOS 2004)
36 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P PINTO J BEZERRA M Como definir melhor o objetivo geral e especiacutefico(s) In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 8 p 53-57
FERREIRA A B H Mini Aureacutelio o dicionaacuterio da liacutengua portuguesa Rio de Janeiro Positivo 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de Metodologia da Pesquisa Cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEO S A ELDAWLATLY A A Pathophysiology of a scientific paper Saudi J Anaesth Mumbai v 13 n 5 p S9-S11 2019 Disponiacutevel em httpwwwsaudijaorgarticleaspissn=1658-354Xyear=2019volume=13issue=5spage=9epage=11aulast=Meo Acesso em 09 abr 2020
SANTOS H H Manual Praacutetico Para Elaboraccedilatildeo de Projetos Monografia Dissertaccedilotildees e Teses na Aacuterea de Sauacutede 2 ed Joatildeo Pessoa UFPBEditora Universitaacuteria 2004
SHARMA A How to write an article an introduction to basic scientific medical writing J Min Access Surg Mumbai v 15 n 3 242-248 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed29974882 Acesso em 09 abr 2020
37
4MEacuteTODOS
Matheus Mendonccedila Leal JanjaAntocircnio Brazil Viana Junior
Patriacutecia Rolim Mendonccedila Locircbo
ldquoSe vocecirc natildeo consegue explicar de maneira simples vocecirc natildeo o entende suficientemente bemrdquo
Albert Einstein
A seccedilatildeo ldquoMeacutetodosrdquo ou ldquoSujeitos e Meacutetodosrdquo ou ainda ldquoMateriais e Meacutetodosrdquo corresponde agrave parte do trabalho que demonstra como a pesquisa foi planejada e conduzida sendo uma das seccedilotildees mais importantes de uma produccedilatildeo cientiacutefica na qual a excelecircncia do artigo eacute fundamentada (MEO ELDAWLATLY 2019) Os meacutetodos respondem a questotildees que satildeo capazes de fazer o leitor entender ldquoo que foi feito onde foi feito e como foi feitordquo (MEO ELDAWLATLY 2019) Deve-se evitar a terminologia ldquoMetodologiardquo que significa ldquoo estudo dos meacutetodosrdquo portanto termo natildeo adequado para descrever tal seccedilatildeo
O termo ldquoMateriaisrdquo se refere aos elementos por exemplo instrumentos equipamentos e tratamentos empregados no estudo para a obtenccedilatildeo dos dados O termo ldquoSujeitosrdquo se refere agrave populaccedilatildeo do estudo Por sua vez o termo ldquoMeacutetodosrdquo faz referecircncia agrave forma como os materiais e os sujeitos foram utilizados dentro da pesquisa (MOORE 2006)
Eacute fundamental que os meacutetodos da pesquisa sejam planejados adequadamente antes do iniacutecio de um estudo a fim de evitar vieses durante a coleta e anaacutelise dos dados o que poderia implicar o empobrecimento dos resultados A confiabilidade e reprodutibilidade dos resultados obtidos durante um estudo dependem dos meacutetodos empregados e portanto estes devem ser descritos de forma clara e detalhada Quando bem aplicados os meacutetodos da pesquisa sustentam e datildeo credibilidade agraves conclusotildees do estudo
No caso de estudos experimentais nos quais o pesquisador natildeo estaacute plenamente familiarizado com o meacutetodo a ser aplicado um estudo piloto pode ser elaborado com o objetivo de avaliar a viabilidade do experimento antes da coleta definitiva dos dados
Para a redaccedilatildeo dessa seccedilatildeo recomenda-se que a descriccedilatildeo dos meacutetodos da
38 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
pesquisa siga uma estrutura baacutesica (quadro 41) como sugerido por Sa (2019)
Quadro 41 mdash Toacutepicos para elaboraccedilatildeo e apresentaccedilatildeo da seccedilatildeo ldquoMeacutetodosrdquo em produccedilotildees cientiacuteficas
Desenho da pesquisa Apresentaccedilatildeo do desenho e das caracteriacutesticas do estudo (local tempo)
Populaccedilatildeo do estudoCaracterizaccedilatildeo da amostra Tamanho e caacutelculo amostralCriteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo
Coleta de dadosInstrumentos de coleta questionaacuterios etcMateriais equipamentos e experimentosDiscriminaccedilatildeo das variaacuteveis estudadas
Anaacutelise dos dadosOrganizaccedilatildeo e tabulaccedilatildeo dos dadosTratamento e testes estatiacutesticos utilizadosPrograma(s) utilizados para tabulaccedilatildeo e anaacutelise
Aspectos eacuteticos Aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
Fonte Adaptado de Sa (2019)
41 DESENHOS DE PESQUISA
Nesse toacutepico os pesquisadores devem informar qual o delineamento ou o tipo de estudo utilizado Os estudos podem ser classificados com base em diversos criteacuterios sendo comumente divididos em estudos observacionais e experimentais (BLOCH amp COUTINHO 2004)
Estudos observacionais os sujeitos satildeo apenas observados e natildeo satildeo submetidos a intervenccedilotildees Esses estudos podem ser analiacuteticos e descritivos (GREENHALGH 2013)
a Descritivos satildeo estudos que se limitam a descrever a ocorrecircncia de uma doenccedila em uma populaccedilatildeo eles podem ser divididos em
i Relato de caso descriccedilatildeo detalhada de um caso cliacutenico contendo caracteriacutesticas importantes sobre sinais sintomas e outras caracteriacutesticas do paciente relatando os procedimentos terapecircuticos utilizados bem como o desfecho do caso
ii Seacuterie de casos tem o mesmo objetivo do relato de caso apresentando um
Meacutetodos 39
nuacutemero maior de participantes Consiste em uma compilaccedilatildeo de relatos de casos
b Analiacuteticos satildeo estudos que abordam as relaccedilotildees entre o estado de sauacutede e outras variaacuteveis presentes em uma populaccedilatildeo Costumam avaliar os fatores de risco associados a uma doenccedila Podem ser divididos em
i Estudo transversal tambeacutem denominados estudos seccionais ou de prevalecircncia satildeo caracterizados pela observaccedilatildeo direta de uma quantidade planejada de indiviacuteduos (amostra) selecionados aleatoriamente em uma uacutenica ocasiatildeo Nesses estudos a observaccedilatildeo da existecircncia de associaccedilatildeo entre as possiacuteveis variaacuteveis preditoras e o desfecho eacute feita em um uacutenico momento Eacute uma espeacutecie de fotografia de uma determinada situaccedilatildeo na qual eacute realizado um levantamento de dados sobre uma condiccedilatildeo atual ou do passado como ocorre na revisatildeo de dados de prontuaacuterios Tais estudos satildeo uacuteteis para descrever as caracteriacutesticas de determinada populaccedilatildeo determinar a prevalecircncia e avaliar associaccedilotildees entre variaacuteveis sem permitir contudo estabelecer relaccedilotildees de causalidade Tem como principais vantagens o baixo custo e a rapidez (KLEIN amp BLOCH 2004)
As principais medidas calculadas pelos estudos transversais satildeo a TAXA DE PREVALEcircNCIA dada pela divisatildeo entre o nuacutemero de indiviacuteduos com o evento de interesse (comorbidade doenccedila etc) e a populaccedilatildeo sob risco de apresentar o evento de interesse em determinado tempo e a RAZAtildeO DE PREVALEcircNCIA (RP) dada pelo quociente do nuacutemero de evento em expostos e natildeo expostosExemplo ldquoQual a prevalecircncia de fraturas de colo do fecircmur em homens idosos atendidos em um hospital terciaacuteriordquo
Fratura
SIM
Fratura
NAtildeOTOTAL
Queda SIM 20 30 50Queda NAtildeO 10 40 50TOTAL 30 70 100
TAXA DE PREVALEcircNCIA 30100 = 30 ou seja de cada 100 homens idosos atendidos nesse periacuteodo e local 30 casos satildeo de fraturas de colo de fecircmur
RP 20 10 = 20 ou seja fratura de colo de fecircmur em homens idosos eacute DUAS vezes mais prevalente entre aqueles que sofreram queda (existe associaccedilatildeo entre quedas e fraturas nessa populaccedilatildeo poreacutem natildeo se pode
40 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
afirmar que haacute causalidade)
Obs deve-se ainda calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute a unidade e o valor de p seraacute gt 005
ii Estudo caso-controle compara uma determinada exposiccedilatildeo em um grupo de sujeitos que possuem a condiccedilatildeo de interesse (doenccedila caso) com um grupo de sujeitos que natildeo apresentam tal condiccedilatildeo (controle) Nesses estudos os controles devem ser vistos como uma amostra da populaccedilatildeo que originou os casos Como o seu desenho eacute retrospectivo os estudos caso-controle satildeo preferiacuteveis para condiccedilotildees ou doenccedilas raras nas quais a seleccedilatildeo dos participantes partiraacute de casos previamente identificados Esses estudos permitem avaliar a associaccedilatildeo entre as variaacuteveis de exposiccedilatildeo (exposto ou natildeo exposto) e o desfecho (casodoente ou controlesadio)
A principal medida de associaccedilatildeo calculada em estudos caso-controle eacute a RAZAtildeO DE CHANCES ou ODDS-RATIO (OR) Um odds ratio de com valor igual a 1 significa que a chance de apresentar o desfecho eacute a mesma entre expostos e natildeo expostos Um odds ratio acima de 1 significa que a chance de apresentar o desfecho eacute maior entre os expostos O valor de OR menor que 1 revela que a exposiccedilatildeo eacute um fator de proteccedilatildeo para o desfecho Segue um exemplo de questatildeo cliacutenica que pode ser abordada por esse tipo de estudo ldquoO uso de alpargatas (exposiccedilatildeorisco) estaacute associado a maior risco de fraturas em idosos (desfechodoenccedila)rdquo
FraturaSIM
FraturaNAtildeO
Uso de alpargatas SIM 20 30Uso de alpargatas NAtildeO 10 40
OR = (20 x 40) (10 x 30) OR = 266 ou seja o uso de alpargatas aumenta em 26 vezes a chance de fratura em idosos Obs Deve-se tambeacutem calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute o ldquozerordquo e o valor de p seraacute gt 005
iii Estudo de coorte trata-se de um estudo longitudinal que avalia os participantes ao longo do tempo permitindo avaliar a incidecircncia das doenccedilas ou de outros desfechos de interesse sendo uacutetil para se avaliar os fatores de riscos para tais condiccedilotildees Nesse tipo de estudo dois ou mais
Meacutetodos 41
grupos de pessoas satildeo selecionados com base nas diferenccedilas em sua exposiccedilatildeo a um agente especiacutefico e satildeo acompanhados para observar quantos apresentaratildeo o desfecho em questatildeo Satildeo uacuteteis para avaliaccedilatildeo da histoacuteria natural das doenccedilas etiologia prognoacutestico intervenccedilotildees terapecircuticas e sobrevida A coorte pode ser prospectiva quando se inicia no presente e os sujeitos satildeo seguidos a partir desse momento (o desfecho ainda natildeo ocorreu e a exposiccedilatildeo pode ou natildeo ter ocorrido) ou retrospectiva quando se examinam dados e amostras coletados no passado (exposiccedilatildeo ocorreu antes do iniacutecio do estudo) Os principais indicadores dos estudos de coorte satildeo as TAXAS DE INCIDEcircNCIA e o RISCO RELATIVO (RR) (COELI amp FAERSTEIN 2004)
Exemplo de questatildeo cliacutenica que pode ser abordada por esse tipo de estudo ldquoQual a incidecircncia de fraturas por fragilidade em idosos que praticam exerciacutecios resistidos acompanhados pelo periacuteodo de cinco anos A praacutetica de exerciacutecios fiacutesicos resistidos protegeu contra fraturas por fragilidaderdquo
Fratura SIM
Fratura NAtildeO
TOTAL
Exerciacutecio fiacutesico SIM 10 30 40Exerciacutecio fiacutesico NAtildeO 20 40 60TOTAL 30 70 100
TAXA DE INCIDEcircNCIA ACUMULADA 30100 = 30
RR = (1040) (2060) RR = 075 ou seja o risco de fratura por fragilidade foi menor no grupo que praticou exerciacutecio fiacutesico resistido (fator de proteccedilatildeo) Nesse caso pode-se calcular a reduccedilatildeo do risco relativo (RRR) = 25 (ou seja 1 ndash RR = 1 ndash 075 = 025)
Se o RR fosse maior que 1 por exemplo RR = 25 poder-se-ia afirmar que o risco de fratura seria 25 vezes maior no grupo que praticou exerciacutecio (fator de risco)
Obs Da mesma maneira que nos demais estudos deve-se calcular o intervalo de confianccedila (IC) e aplicar o teste do qui-quadrado (X2) para determinar se a diferenccedila encontrada natildeo se deve ao acaso Caso essa associaccedilatildeo se deva ao acaso o IC conteraacute a unidade e o valor de p seraacute gt 005
iv Estudo ecoloacutegico compara grupos de indiviacuteduos ou comunidades Nesses estudos a unidade de observaccedilatildeo e anaacutelise eacute uma populaccedilatildeo ou um grupo de pessoas que pertencem a uma aacuterea geograacutefica definida Por exemplo comparaccedilatildeo entre determinada exposiccedilatildeo e as taxas de uma doenccedila de interesse em uma seacuterie de populaccedilotildees de diferentes paiacuteses Em geral
42 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
satildeo mais baratos e raacutepidos que estudos que avaliam indiviacuteduos e se prestam a avaliar como os contextos sociais e ambientais influenciam a sauacutede dos grupos populacionais Satildeo indicados para gerar e testar hipoacuteteses etioloacutegicas a respeito da ocorrecircncia de uma doenccedila e avaliar a efetividade de intervenccedilotildees em uma populaccedilatildeo (MEDRONHO 2004)
Estudos experimentais satildeo estudos em que os pesquisadores manipulam o fator de exposiccedilatildeo ou seja realizam intervenccedilotildees profilaacuteticas ou terapecircuticas sobre os participantes e analisam os seus efeitos (GREENHALGH 2013) Podem ser divididos em
a Ensaios cliacutenicos randomizados Um ensaio cliacutenico randomizado eacute um estudo prospectivo em humanos comparando o efeito e o valor de uma intervenccedilatildeo contra um controle A alocaccedilatildeo dos participantes no grupo que receberaacute a intervenccedilatildeo ou no grupo controle eacute feita de forma aleatoacuteria ou seja randomizada Idealmente os ensaios cliacutenicos devem ser controlados por placebo podendo ser abertos ou blindados (cegos) ndash em que simples-cego (o participante desconhece se foi exposto agrave intervenccedilatildeodroga ou placebo) e duplo-cego (participante e pesquisador desconhecem o grupo exposto agrave intervenccedilatildeo ou placebo) Os ensaios cliacutenicos randomizados duplo-cegos controlados por placebo satildeo considerados como estudos de escolha para avaliar a eficaacutecia de drogas ou outras intervenccedilotildees
Exemplo de questatildeo cliacutenica que deve ser abordada por esse tipo de estudo ldquoOs bisfosfonatos reduzem o risco de nova fratura por fragilidaderdquo ldquoO uso de liraglutida reduz o risco cardiovascular em indiviacuteduos diabeacuteticosrdquo
b Ensaio comunitaacuterio satildeo avaliadas e comparadas intervenccedilotildees feitas em comunidades Podem ser de profilaxia ou tratamento
Aqui apresentamos brevemente algumas caracteriacutesticas dos diferentes tipos de estudos a fim de que os jovens pesquisadores se familiarizem com os conceitos baacutesicos a respeito desse amplo tema pois natildeo haacute como redigir bem sem conhecer minimamente tais conceitos Recomenda-se uma leitura mais aprofundada em Rouquayrol (2013) e Medronho (2004)
Meacutetodos 43
42 POPULACcedilAtildeO DO ESTUDO
A caracterizaccedilatildeo da populaccedilatildeo do estudo eacute fundamental para permitir que os leitores avaliem para qual(is) puacuteblico(s) os resultados de determinada pesquisa poderatildeo ser extrapolados Assim escolher a populaccedilatildeo ou amostra de uma pesquisa de forma adequada visa evitar vieses que comprometam a validade e aplicabilidade de seus resultados para a ldquopopulaccedilatildeo de interesserdquo
Inicialmente deve-se definir se a populaccedilatildeo seraacute representada por um censo ou uma amostra Censo eacute o exame de todos os elementos de uma populaccedilatildeo ou universo Jaacute a amostra eacute uma parte do universo ou populaccedilatildeo escolhida de modo a representar o grupo inteiro da forma mais fidedigna possiacutevel (ROUQUAYROL 2013)
O censo eacute a representaccedilatildeo perfeita da populaccedilatildeo No entanto utilizar o censo eacute mais dispendioso do ponto de vista financeiro e de tempo sendo difiacutecil de ser realizado Deve ser reservado para populaccedilotildees pequenas ou quando se necessita de uma precisatildeo completa dos dados Assim a utilizaccedilatildeo de amostras que representem a populaccedilatildeo apresenta vantagens sobre o censo sendo a amostragem um meacutetodo bastante utilizado nas pesquisas cientiacuteficas (PINHEIRO JUNIOR 2015)
Para que a amostra represente a populaccedilatildeo do estudo ela deveraacute ser calculada adequadamente A depender do tipo de estudo diferentes caacutelculos de tamanho amostral satildeo indicados Existem ferramentas disponiacuteveis on-line que auxiliam na determinaccedilatildeo do tamanho da amostra Como exemplo cita-se httpclincalccomstatssamplesizeaspx
Depois da definiccedilatildeo de seu tamanho eacute importante informar como a amostra seraacute recrutada Recomenda-se que a seleccedilatildeo dos participantes ocorra de maneira aleatoacuteria para natildeo favorecer sua inclusatildeo com caracteriacutesticas individuais que promovam vieses sobre os resultados (GREENHALGH2013) Para minimizar tais vieses de seleccedilatildeo os participantes do estudo deveratildeo ser selecionados por meio de criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo preacute-estabelecidos que deveratildeo ser descritos e apresentados aos leitores
Os criteacuterios de inclusatildeo informam caracteriacutesticas da populaccedilatildeo-alvo que satildeo de interesse para o estudo Esses criteacuterios servem ainda para deixar a populaccedilatildeo mais homogecircnea Os criteacuterios de exclusatildeo por sua vez se referem aos participantes que possuem caracteriacutesticas que podem confundir ou enviesar os dados distorcendo os resultados e portanto natildeo deveratildeo participar do estudo (LUNA 1998 apud PINHEIRO JUNIOR 2015)
Deve-se lembrar de que soacute poderatildeo ser excluiacutedos indiviacuteduos que atenderam aos criteacuterios de inclusatildeo do estudo Comumente os pesquisadores discriminam de maneira inadequada como criteacuterios de exclusatildeo caracteriacutesticas que natildeo estatildeo presentes na amostra selecionada exatamente por natildeo preencherem os criteacuterios de inclusatildeo para o estudo Exemplo
44 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull criteacuterios de inclusatildeo
Seratildeo incluiacutedos indiviacuteduos com mais de 18 anos de ambos os sexos com diagnoacutestico de diabetes mellitus tipo 2
bull criteacuterios de exclusatildeo
Seratildeo excluiacutedos indiviacuteduos com menos de 18 anos de ambos os sexos sem diagnoacutestico de diabetes mellitus tipo 2
43 COLETA DE DADOS
Nessa etapa devem ser descritas todas as informaccedilotildees relacionadas agrave obtenccedilatildeo dos dados da pesquisa A depender do delineamento do estudo podem-se utilizar entrevistas estruturadas exame fiacutesico questionaacuterios revisotildees de prontuaacuterio revisotildees de outros estudos observaccedilotildees experimentos etc Os pesquisadores devem informar a origem dos instrumentos de coleta se satildeo de autoria proacutepria ou natildeo Em se tratando de questionaacuterios ou escalas padronizadas eacute necessaacuterio informar se eles foram previamente validados para a populaccedilatildeo a ser estudada (PINHEIRO JUNIOR 2015)
No caso da elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa ou trabalhos de conclusatildeo de curso os questionaacuterios ou outros instrumentos de coleta devem ser apresentados na iacutentegra como elementos poacutes-textuais ndash ldquoApecircndicesrdquo Isso eacute importante tanto para que a comissatildeo avaliadora do projeto e os membros do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa possam analisar tais instrumentos No caso de artigos cientiacuteficos na maioria das vezes isso natildeo eacute necessaacuterio e os instrumentos devem apenas ser referenciados caso natildeo sejam de autoria proacutepria
Ao se utilizar materiais deve-se descrever a marca o modelo o nome e a origem do fabricante dos equipamentos bem como o nome cientiacutefico o fabricante a dosagem e o meacutetodo de administraccedilatildeo dos medicamentos No caso de aparelhos ou teacutecnicas incomuns sugere-se incluir imagens para facilitar a compreensatildeo do leitor
Outro ponto a destacar eacute a natureza dos dados coletados se satildeo primaacuterios ou secundaacuterios Dados primaacuterios satildeo aqueles obtidos pelos proacuteprios pesquisadores Por outro lado dados secundaacuterios satildeo aqueles provenientes de outras fontes como banco de dados prontuaacuterios etc Ambos os tipos de dados apresentam vantagens e desvantagens e o tipo de estudo eacute que determinaraacute quais deles seratildeo mais adequados para a pesquisa
Para finalizar esse toacutepico devem-se ainda descrever todos os procedimentos utilizados no estudo ou seja o ldquopasso-a-passordquo da pesquisa que deve ser apresentado em ordem cronoloacutegica desde a seleccedilatildeo e o convite aos participantes ateacute a coleta dos dados propriamente dita
Meacutetodos 45
44 VARIAacuteVEIS DO ESTUDO
Ao final da coleta de dados os pesquisadores devem identificar as variaacuteveis do estudo que seratildeo utilizadas para a anaacutelise dos dados Uma criteriosa seleccedilatildeo e tratamento das variaacuteveis eacute passo fundamental para garantir a qualidade dos resultados obtidos
Aleacutem disso todas as variaacuteveis devem ser devidamente explicadas ou conceituadas para que os leitores tenham o entendimento adequado sobre aquilo que estaacute sendo analisado Por exemplo para a variaacutevel ldquodiagnoacutestico de diabetes mellitusrdquo cujas respostas seriam SIM ou NAtildeO deve estar claro quais os criteacuterios que o pesquisador utilizou para definir diabetes (ldquoglicemia de jejum gt ou igual a 126 mgdL em duas ou mais ocasiotildees eou glicemia 2 horas apoacutes teste de sobrecarga com 75 gramas de glicose oral gt ou igual a 200 mgdL etcrdquo ou ainda ldquoO diagnoacutestico de diabetes mellitus foi realizado de acordo com as Diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes (SDB 2018)rdquo
No caso de projetos de pesquisas ou trabalhos de conclusatildeo de cursos de graduaccedilatildeo ou poacutes-graduaccedilatildeo os autores destinam um toacutepico da seccedilatildeo meacutetodo para apresentar todas as variaacuteveis a serem analisadas Em artigos cientiacuteficos cuja redaccedilatildeo eacute mais objetiva e curta podem-se indicar de forma sucinta em um uacutenico paraacutegrafo as variaacuteveis usadas no estudo
Os pesquisadores devem conhecer a natureza de suas variaacuteveis para definir os testes estatiacutesticos a serem utilizados Os diversos tipos de variaacuteveis satildeo discutidos no capiacutetulo Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica apresentado adiante
45 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA DOS DADOS
Apoacutes a coleta dos dados os pesquisadores devem iniciar o processo de organizaccedilatildeo e tabulaccedilatildeo dos dados coletados normalmente feito em planilhas eletrocircnicas contento tabelas divididas em linhas e colunas (exemplo Microsoft Office Excelreg e LibreOffice Calcreg ndash disponiacutevel gratuitamente para download em httpspt-brlibreofficeorg) As linhas devem conter os participantes e as colunas as variaacuteveis do estudo Nos campos que possam denunciar a identidade do participante tal informaccedilatildeo pode ser substituiacuteda por nuacutemeros ou siglas de forma a assegurar a privacidade do candidato aleacutem de facilitar a anaacutelise estatiacutestica no cruzamento de variaacuteveis
Essas tabelas natildeo devem estar no corpo do trabalho elas satildeo os meios pelos quais os dados seratildeo guardados e preparados para a obtenccedilatildeo dos resultados sendo portanto uma etapa preciosa de toda pesquisa cliacutenica da qual dependeraacute a qualidade das anaacutelises e dos resultados
46 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
No toacutepico ldquoAnaacutelise estatiacutesticardquo os pesquisadores deveratildeo informar ainda que ferramentas ou softwares satildeo utilizados para a tabulaccedilatildeo dos dados Os testes estatiacutesticos utilizados tambeacutem precisam ser citados mas natildeo detalhados sendo boa praacutetica informar se o teste eacute parameacutetrico ou natildeo parameacutetrico sendo indicados de acordo com as variaacuteveis analisadas A significacircncia estatiacutestica se baseia nos caacutelculos de variaacuteveis como o valor p e o intervalo de confianccedila por exemplo O nome do programa utilizado para as anaacutelises tambeacutem deve ser descrito seguido pelo nuacutemero da versatildeo e ano Para mais detalhes sobre esse tema deve-se consultar o capiacutetulo Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica adiante
46 ASPECTOS EacuteTICOS
A confidencialidade a proteccedilatildeo dos direitos e o bem-estar dos sujeitos da pesquisa natildeo podem ser ignorados Dessa forma todo trabalho cientiacutefico que envolva humanos ou animais precisa passar pela apreciaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da instituiccedilatildeo na qual a pesquisa seraacute realizada
No caso de pesquisas com seres humanos os pesquisadores devem informar que conhecem as normas vigentes e que atenderatildeo a elas nas pesquisas com seres humanos de acordo com o estabelecido pela Resoluccedilatildeo do Conselho Nacional de Sauacutede 4662012 Aleacutem disso devem indicar que todos os participantes concordaram em participar do estudo apoacutes assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
No caso de projetos de pesquisa que ainda seratildeo submetidos agrave apreciaccedilatildeo do CEP esse campo deveraacute descrever os riscos e benefiacutecios da pesquisa as medidas a serem adotadas pelos pesquisadores para minimizar tais riscos e garantir a confidencialidade e anonimato dos participantes Deve-se informar que a pesquisa iniciaraacute apenas apoacutes a aprovaccedilatildeo do CEP e somente seratildeo incluiacutedos participantes que concordarem em participar e assinarem o TCLE o qual deveraacute ser anexado como elemento poacutes-textual nos ldquoApecircndicesrdquo Para mais detalhes consultar o capiacutetulo ldquoApecircndices e Anexosrdquo
Meacutetodos 47
REFEREcircNCIAS
BLOCH K V COUTINHO E S F Fundamentos da pesquisa epidemioloacutegica In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 7 p 107-114
COELI C M FAERSTEIN E Estudos de coorte In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 11 p 161-174
GREENHALGH T Como ler artigos cientiacuteficos fundamentos da medicina baseada em evidecircncias 4 ed Porto Alegre Artmed 2013
KLEIN C H BLOCH K V Estudos seccionais In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 9 p 125-150
MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004
MEO S A Anatomy and physiology of a scientific paper Saudi J Biol Sci Riyadh v 25 n 7 p 1278-1283 2018Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6252020pdfmainpdf Acesso em 09 abr 2020
MEO S A ELDAWLATLY A A Pathophysiology of a scientific paper Saudi Journal Of Anaesthesia India v 13 p 9-11 abr 2019 Supl 1 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6398299__ffn_sectitle Acesso em 09 abr 2020
MOORE N How to do research a practical guide to designing and managing research projects 3rd ed London Facet 2006
PINHEIRO JUNIOR F M L et al Como construir a seccedilatildeo de meacutetodos In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 10 p 65-75
RODRIGUES L C WERNECK G L Estudos caso-controle In MEDRONHO R A Epidemiologia Satildeo Paulo Atheneu 2004 cap 12 p 175-190
ROUQUAYROL M Z Epidemiologia e sauacutede 7 ed Rio de Janeiro MedBook 2013
49
5RESULTADOS
Laura da Silva Giratildeo LopesClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoNa seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico o autor deveria relatar o mesmo que as testemunhas nas cortes judiciaacuterias falar apenas a verdade toda a verdade e
nada mais que a verdaderdquo
Thomas M Annesley
51 INTRODUCcedilAtildeO
A frase acima faz uma comparaccedilatildeo bem pertinente entre a seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico e as cortes judiciaacuterias Nessa analogia a verdade cientiacutefica se refere aos dados e aos resultados que compreendem o produto do experimento dos autores ldquoFalar toda a verdaderdquo por sua vez significa escrever sobre os resultados positivos ou negativos de uma pesquisa isto eacute que confirmem ou que refutem a hipoacutetese alternativa Tal fato eacute fundamental para o desenvolvimento cientiacutefico embora muitas vezes os pesquisadores acreditem que a hipoacutetese alternativa seja o uacutenico caminho propiacutecio para a publicaccedilatildeo E por uacuteltimo ldquofalar nada mais que a verdaderdquo significa apresentar os dados e resultados sem interpretaccedilatildeo o que deveraacute ser feito adequadamente na seccedilatildeo discussatildeo (ANNESLEY 2010) conforme veremos adiante
52 ESCREVENDO OS RESULTADOS ESTRUTURA GERAL E MODO DE ORGANIZACcedilAtildeO DA SECcedilAtildeO
A seccedilatildeo resultados tem a funccedilatildeo de apresentar a(s) resposta(s) ao problema da pesquisa (CAMPOS 2016) Os resultados podem ser expressos por meio de diversos elementos como textos tabelas ou figuras (BAHADORAN et al 2019) A escolha da forma de apresentaccedilatildeo seraacute feita conforme a natureza do resultado que se deseja apresentar (MEO 2018) De maneira geral achados que satildeo muito importantes e que respondem agrave pergunta principal da pesquisa devem ser descritos na forma de texto As tabelas por sua vez sumarizam grandes quantidades de dados Quando adequadamente confeccionadas tabelas e figuras podem fornecer mais informaccedilotildees do que textos (KOTZ CALS 2013) Assim para essa escolha deve-se lembrar que a
50 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
comunicaccedilatildeo eficaz eacute o que se deseja primordialmente na escrita cientiacutefica
Natildeo haacute um padratildeo formal riacutegido para a apresentaccedilatildeo dos resultados em um artigo cientiacutefico o que determina sua estrutura e seus elementos eacute o contexto de cada pesquisa (VOLPATO 2007) O modo de organizaccedilatildeo pode ser um dos seguintes do resultado mais geral para o mais especiacutefico do mais importante para o menos importante ordem cronoloacutegica ou agrupamento por variaacuteveis ou por grupos Subtiacutetulos podem ser utilizados sempre que necessaacuterio (BAHADORAN et al 2019) Outra recomendaccedilatildeo seria alinhar o modo de apresentaccedilatildeo dos resultados com o modo de apresentaccedilatildeo da seccedilatildeo materialmeacutetodos para que a leitura seja de faacutecil compreensatildeo
Um modelo geral que pode ser individualizado de acordo com as necessidades de cada artigo eou recomendaccedilotildees de cada perioacutedico seraacute descrito abaixo (BAHADORAN et al 2019 ARAUacuteJO 2014)
bull Primeiro paraacutegrafo o autor pode fornecer uma visatildeo geral do estudo informando o fluxo de seleccedilatildeo dos pacientes e a descriccedilatildeo da amostra
bull Segundo e terceiro paraacutegrafos apresentar os resultados e os dados principais que devem estar relacionados ao objetivo principal do estudo
bull Quarto paraacutegrafo em diante (em geral a seccedilatildeo resultados pode conter de quatro a nove paraacutegrafos) apresentaccedilatildeo dos resultados secundaacuterios
Aleacutem disso deve-se ter atenccedilatildeo para as regras do perioacutedico ao qual seraacute submetido o artigo Na maioria deles a seccedilatildeo resultados estaacute separada da discussatildeo mas em outros tais seccedilotildees poderatildeo estar juntas (SNYDER 2019) Algumas vezes haacute limites para o nuacutemero de tabelas eou figuras
Aqui devemos tecer algumas diferenccedilas entre o termo dados e resultados Dados se referem aos fatos ou agraves observaccedilotildees ldquobrutasrdquo obtidas a partir da coleta de dados Por outro lado o termo resultado se refere agraves observaccedilotildees provenientes do ldquotratamentordquo ou agrave anaacutelise de tais dados Portanto os resultados consistem em informaccedilotildees que sumarizam e explicam o que os dados coletados mostraram dando significado a eles (BAHADORAN et al 2019)
Por fim observa-se que frequentemente nem todos os achados da pesquisa satildeo descritos na seccedilatildeo resultados Muitas vezes priorizam-se aqueles que respondem aos objetivos do estudo Alguns achados ou resultados secundaacuterios para o estudo em questatildeo podem ser apresentados na seccedilatildeo apecircndice ou material suplementar em prol da fluidez e concisatildeo do texto cientiacutefico (BAHADORAN et al 2019)
Resultados 51
53 DICAS PARA A REDACcedilAtildeO PROPRIAMENTE DITA
Idealmente a redaccedilatildeo da seccedilatildeo resultados de um artigo cientiacutefico deve ser clara precisa e concisa evitando-se a repeticcedilatildeo desnecessaacuteria dos mesmos resultados em diferentes partes da seccedilatildeo Exceccedilatildeo feita agraves mensagens principais que podem ser apresentadas na forma de texto e estar contidas em tabelas ou figuras (BAHADORAN et al 2019) Os pesquisadores devem discernir qual a melhor opccedilatildeo entre texto tabelas ou figuras para a apresentaccedilatildeo de cada um de seus resultados Na realidade todos esses elementos satildeo importantes e se complementam devendo interagir de modo dinacircmico a fim de que se produza um texto adequado agrave escrita cientiacutefica
Visando a alcanccedilar a precisatildeo deve-se evitar o uso de expressotildees vagas como ldquocerca derdquo ou ldquoaproximadamenterdquo Os pesquisadores devem informar os valores exatos ou numeacutericos para transmitirem ao leitor uma dimensatildeo precisa de quantidade
As variaacuteveis numeacutericas podem ser apresentadas por meio de medidas de tendecircncia central (meacutedia ou mediana em geral) e medidas de dispersatildeo (desvio-padratildeo ou intervalo interquartil) ou ainda por meio de seus valores absolutos ou percentuais (VOLPATO 2007) Para uma amostra com nuacutemeros de sujeitos menor do que 20 natildeo se recomenda apresentar os dados percentuais e sim apenas o nuacutemero absoluto (BAHADORAN et al 2019)
Nuacutemeros no iniacutecio das sentenccedilas ou menores do que dez devem ser escritos em sua forma por extenso O nuacutemero de diacutegitos e suas casas decimais devem ser escolhidos a partir da variaacutevel reportada Por exemplo para o pH a utilizaccedilatildeo de trecircs casas decimais apoacutes a viacutergula eacute necessaacuteria mas para a variaacutevel pressatildeo arterial natildeo se deve empregar mais do que trecircs diacutegitos sem casas decimais As unidades de medidas das variaacuteveis numeacutericas tambeacutem devem estar especificadas devendo haver um espaccedilo entre o numeral e sua unidade com exceccedilatildeo do siacutembolo que deve estar junto ao nuacutemero (BAHADORAN et al 2019 MEO 2018)
Outro ponto importante eacute a utilizaccedilatildeo adequada do tempo verbal Em geral na seccedilatildeo resultados utiliza-se o tempo no passado por exemplo ldquoA meacutedia de idade foirdquo No entanto quando os autores fazem referecircncia a tabelas graacuteficos ou figuras o tempo verbal permanece no presente como no exemplo ldquoAbaixo demonstramos as caracteriacutesticas demograacuteficas e cliacutenicas dos pacientesrdquo (MEO 2018)
Deve-se ainda utilizar a mesma nomenclatura ao longo de todo o artigo Por exemplo os nomes dos grupos de pacientes ou o nome de alguma variaacutevel devem ser os mesmos em todas as seccedilotildees do manuscrito O leitor natildeo deve ter duacutevidas a esse respeito (KOTZ CALS 2013)
Ao final da redaccedilatildeo sugere-se a releitura do material escrito para avaliar a fluidez do texto e a existecircncia de alinhamento entre a seccedilatildeo meacutetodos e a seccedilatildeo resultados
52 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
54 APRESENTACcedilAtildeO DOS RESULTADOS EM TABELAS E FIGURAS
Alguns autores recomendam que os pesquisadores devam iniciar a redaccedilatildeo da seccedilatildeo resultados apoacutes a confecccedilatildeo das tabelas e figuras Para eles isso tornaraacute mais faacutecil a integraccedilatildeo de todos os elementos no texto (BAHADORAN et al 2019) No entanto natildeo haacute uma foacutermula ou roteiro certo para todos Se o pesquisador jaacute tiver um estilo de escrita no qual ele inicie pelo texto e que culmine em resultados bem apresentados natildeo haacute motivo para mudar sua teacutecnica
Em geral as tabelas contecircm os seguintes elementos baacutesicos nuacutemero e tiacutetulo da tabela cabeccedilalho das linhas e colunas espaccedilo para os dados e rodapeacute Entre esses elementos destaca-se a importacircncia do tiacutetulo que deve ser atrativo e informar o toacutepico estudado e natildeo apenas repetir as variaacuteveis descritas (BAHADORAN et al 2019 KOTZ CALS 2013) Por exemplo em um graacutefico utilizado para demonstrar a reduccedilatildeo da hemoglobina glicada em pacientes diabeacuteticos submetidos a um tratamento com o medicamento X em vez de colocar o tiacutetulo ldquoMudanccedila da hemoglobina glicadardquo o tiacutetulo mais adequado seria ldquoEfeito do tratamento do medicamento X sobre a hemoglobina glicada de diabeacuteticosrdquo
Uma caracteriacutestica deve ser comum a todas as tabelas e figuras ambas devem ser autoexplicativas sendo o leitor capaz de compreendecirc-las sem recorrer ao texto Para isso o autor pode realizar um teste para identificar a adequaccedilatildeo delas solicitando que um colega que natildeo conheccedila o estudo leia as tabelas e os graacuteficos verificando se a compreensatildeo de seu conteuacutedo eacute possiacutevel sem a leitura do texto (KOTZ CALS 2013)
Outra caracteriacutestica comum de tabelas e figuras eacute a de que ambas devem estar relacionadas com o texto natildeo devendo ser inseridas sem que tenham relaccedilatildeo com os resultados apresentados textualmente Isso torna a leitura fluida e facilita a compreensatildeo (KOTZ CALS 2013)
As tabelas podem apresentar os seguintes tipos de dados caracteriacutesticas cliacutenicas e soacutecio-demograacuteficas dos grupos do estudo resultados de exames laboratoriais comparaccedilatildeo entre grupos entre outros Nenhuma ceacutelula da tabela pode estar vazia Caso o dado natildeo esteja disponiacutevel utiliza-se o preenchimento com alguma sigla cujo significado deveraacute estar especificado nas abreviaccedilotildees da tabela por exemplo ldquoND natildeo disponiacutevelrdquo (BAHADORAN et al 2019 MEO 2018)
As figuras devem reforccedilar visualmente os achados do estudo facilitando a interpretaccedilatildeo das anaacutelises estatiacutesticas e dos resultados encontrados (PEREIRA 2013) Para isso os pesquisadores podem utilizar graacuteficos fotografias diagramas fluxogramas entre outros
Os graacuteficos podem ser empregados para demonstrar tendecircncias ou relaccedilotildees entre as variaacuteveis (BAHADORAN et al 2019 KOTZ CALS 2013) A escolha do tipo de graacutefico tambeacutem eacute de fundamental importacircncia e novamente depende da natureza
Resultados 53
do que se deseja apresentar (PEREIRA 2013 VOLPATO 2007) Os graacuteficos de linha satildeo utilizados para mostrar tendecircncias e natildeo devem ser utilizados se a sequecircncia de ordenaccedilatildeo do eixo da abscissa puder ser aleatoacuteria (DURBIN 2014 VOLPATO 2007) os graacuteficos de barras para comparaccedilatildeo de variaacuteveis numeacutericas de diferentes grupos ao longo do tempo por exemplo Os graacuteficos de pizzas podem ser utilizados quando a intenccedilatildeo for de comparar proporccedilotildees de diferentes variaacuteveis nominais em relaccedilatildeo ao todo mas devem ser empregados com parcimocircnia (KOTZ CALS 2013) Com relaccedilatildeo ao layout das figuras recomendam-se cores mais fortes para se referir aos resultados principais por exemplo cores mais escuras para o grupo tratamento e cores mais fracas para o grupo controle em graacuteficos de barras
Em estudos cliacutenicos os fluxogramas satildeo muito empregados com a intenccedilatildeo de demonstrar o processo de seleccedilatildeo da amostra incluindo o nuacutemero e o motivo de exclusatildeo dos sujeitos ao longo da pesquisa bem como seus motivos e a caracterizaccedilatildeo dos grupos controle e de tratamento (BAHADORAN et al 2019) Em relatos de casos ou seacuteries de casos em doenccedilas raras fotografias dos pacientes ou dos exames de imagem tambeacutem podem ser utilizadas sempre respeitando os aspectos eacuteticos que envolvem a utilizaccedilatildeo de imagens de pacientes (KOTZ CALS 2013) Por fim eacute importante lembrar que os pesquisadores devem elaborar as tabelas e as figuras com esmero sob o risco de recusa para a aceitaccedilatildeo de artigos caso tais elementos sejam mal elaborados (BAHADORAN et al 2019)
Deve-se enfatizar que o design das tabelas e das figuras deve estar adequado Isso confere credibilidade aos resultados do estudo (BAHADORAN et al 2019) Abaixo segue um quadro com dicas a serem utilizadas na confecccedilatildeo de tabelas e figuras (quadro 51)
Quadro 51 mdash Dicas para a elaboraccedilatildeo de tabelas em textos cientiacuteficos
Enumere e decirc tiacutetulos para todas as tabelas e figuras Evite usar figuras abreviaccedilotildees nos tiacutetulos das tabelasInclua legendas curtas que expliquem os dados incluiacutedosNatildeo sobrecarregue o tiacutetulo com detalhesInclua as tabelas e as figuras o mais proacuteximo possiacutevel do local em que ele foi citado pela primeira vez no textoContextualize os resultados das tabelas e figuras ao longo do textoUniformize a aparecircncia de todas as tabelas e figuras Use notas de rodapeacute para explicar quaisquer dados incertosConfira se a tabela eacute autoexplicativa
Nota Adaptado de Bahadoran et al 2019
54 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por fim apresentamos abaixo exemplos de tabelas e graacuteficos utilizados em outras produccedilotildees dos editores (figuras 51 e 52)
Figura 51 mdash Exemplo de tabela e seus elementos baacutesicos publicados em um artigo cientiacutefico (adaptado de Ponte et al 2018)
Resultados 55
Figura 52 mdash Exemplo de figura publicada em um artigo cientiacutefico (adaptado de Ponte et al 2019)
55 ERROS FREQUENTES DA SECcedilAtildeO RESULTADOS
Abaixo elencamos os principais erros cometidos pelos pesquisadores ao longo da escrita dos resultados de uma pesquisa (BAHADORAN et al 2019 FOOTE 2009)
bull discutir os resultados ainda na seccedilatildeo resultados e natildeo na seccedilatildeo discussatildeo
bull natildeo apresentar resultados que respondam a todos os objetivos da pesquisardquo
bull fornecer apenas os dados mas natildeo os resultados da pesquisa (ou seja a interpretaccedilatildeo ou a anaacutelise desses dados) ou o contraacuterio
bull desalinhamento organizacional e de conteuacutedo entre a seccedilatildeo material e meacutetodos e a seccedilatildeo resultados
bull escolha inadequada da forma de apresentaccedilatildeo dos resultados e dados ou
56 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
seja empregar texto quando deveria utilizar tabelas ou figuras ou o contraacuterio
bull repeticcedilatildeo inadequada nos achados na forma de texto e tabelas ou figuras (embora a apresentaccedilatildeo do mesmo achado seja possiacutevel a partir de texto e tabela desde que seja de uma forma natildeo repetitiva e com o objetivo de ressaltar um achado muito importante do estudo)
bullutilizaccedilatildeo de tabelas e figuras mal elaboradas
56 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A escrita adequada da seccedilatildeo resultados tem como elementos fundamentais a precisatildeo concisatildeo e clareza sendo a criatividade dos autores o elemento fundamental no julgamento da melhor maneira de apresentaccedilatildeo dos achados O objetivo maior deve ser o de uma comunicaccedilatildeo cientiacutefica eficaz para outros pesquisadores e estudiosos Para isso algumas formalidades satildeo necessaacuterias e devem estar presentes nesta seccedilatildeo da produccedilatildeo cientiacutefica com o intuito de aumentar a confiabilidade dos achados apresentados
Resultados 57
REFEREcircNCIAS
ANNESLEY TM Clinical Chemistry Guide to Scientific Writing Clinical Chemistry [S l] v 56 n 3 p 331-497 2010 Disponiacutevel em httpspdfssemanticscholarorg191845a1da9dc1c376bddd3744ba30197d4a88a3pdf_ga=21642126024123063401603328335-14644782561603328335 Acesso em 19 out 2020
ARAUacuteJO C G S Detailing the writing of scientific manuscripts 25-30 paragraphs Arq Bras Cardiol Satildeo Paulo v 102 n 2 p e21-e23 fev 2014Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC3987331 Acesso em 09 abr 2020
BAHADORAN Z et al The principles of biomedical scientific writings results Int J Endocrinol Metab Tehran v 17 n 2 p e92113 abr 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31372173 Acesso em 09 abr 2020
CAMPOS JM et al Manual praacutetico de pesquisa cliacutenica da graduaccedilatildeo agrave poacutes-graduaccedilatildeo Satildeo Paulo Thieme Revinter 2016
DURBIN JR CG Effective use of tables and figures in abstracts presentations and papers Respir Care Philadelphia v 49 n 10 p 1233-1237 out 2004Disponiacutevel em httpwwwrcjournalcomcontents100410041233pdf Acesso em 09 abr 2020
FOOTE M The proof of the pudding how to report results and write a good discussion Chest Chicago v 135 n 3 p 866-868 2009 Disponiacutevel em httpronbunjpchestpdf34pdf Acesso em 09 abr 2020
KOTZ D CALS J W L Effective writing and publishing scientific papers part VII tables and figures J Clin Epidemiol New York v 66 n 11 1197 2013 Disponiacutevel em httpswwwjclinepicomactionshowPdfpii=S0895-435628132900192-3 Acesso em 09 abr 2020
58 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
MEO S A Anatomy and physiology of a scientific paper Saudi J Biol Sci Riyadh v 25 n 7 p 1278-1283 nov 2018 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC6252020 Acesso em 09 abr 2020
PEREIRA MG A seccedilatildeo de resultados de um artigo cientiacutefico Epidemiol Serv Sauacutede Brasiacutelia v 22 n 3 p 537-538 abrjun 2013Disponiacutevel em httpscieloiecgovbrpdfessv22n2v22n2a17pdf Acesso em 09 abr 2020
PONTE C M M et al Early commitment of cardiovascular autonomic modulation in Brazilian patients with congenital generalized lipodystrophy BMC Cardiovasc Disord [S l] v 18 n 1 p 6 jan 2018
PONTE C M M et al Association between cardiovascular autonomic neuropathy and left ventricular hypertrophy in young patients with congenital generalized lipodystrophy Diabetol Metab Syndr [S l] v 11 n 53 p 1-10 jul 2019
SNYDER N et al How to write an effective results section Clin Spine Surg Hagerstown v 32 n 7 p 295-296 ago 2019 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31145152 Acesso em 09 abr 2020
VOLPATO GL Como escrever um artigo cientiacutefico Anais da Academia Pernambucana de Ciecircncia Agronocircmica Recife v 4 p 97-115 2007Disponiacutevel em httpwwwjournalsufrpebrindexphpapcaarticleview9390 Acesso em 09 abr 2020
59
6ESCREVENDO A DISCUSSAtildeO E A CONCLUSAtildeO
Vitoacuteria Costa LimaLaura da Silva Giratildeo Lopes
ldquoA razatildeo natildeo eacute toda poderosa eacute uma trabalhadora tenaz opinativa cautelosa criacutetica implacaacutevel disposta a ouvir e a discutir arriscadardquo
Karl Popper
61 INTRODUCcedilAtildeO
Essa frase de Karl Popper considerado um dos maiores filoacutesofos da ciecircncia do seacuteculo XX eacute bem apropriada para se iniciar o debate acerca da seccedilatildeo de discussatildeo dos artigos cientiacuteficos Nela o filoacutesofo nega o poder como uma caracteriacutestica da razatildeo cientiacutefica e delimita algumas caracteriacutesticas fundamentais ao cientista disposiccedilatildeo ao trabalho aacuterduo criticidade e acima de tudo capacidade de discutir ideias que consiste na principal atividade do pesquisador durante a elaboraccedilatildeo da discussatildeo de seus manuscritos
62 ELABORANDO A DISCUSSAtildeO
Ao se chegar agrave discussatildeo chega-se quase ao final do artigo Trata-se da parte do texto que mais identifica os autores chamada por alguns como o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo (REYES 2019) uma vez que nessa seccedilatildeo os pesquisadores podem e devem elaborar teorias a partir dos resultados encontrados em suas pesquisas Portanto a discussatildeo eacute a parte ldquovivardquo do artigo em que a partir dos resultados obtidos e jaacute apresentados os autores descreveratildeo os seus argumentos considerando a sua expertise no assunto A argumentaccedilatildeo cientiacutefica portanto parte de uma experiecircncia ampla sobre o objeto de estudo o que permite a interpretaccedilatildeo dos resultados encontrados e por conseguinte a escrita da discussatildeo do artigo
Ao escrever a discussatildeo os autores devem responder agraves perguntas feitas por muitos revisores de revistas cientiacuteficas ldquoQual a relevacircncia dos achados para aquela aacuterea especiacuteficardquo ou ldquoQual o ganho para a comunidade cientiacutefica da publicaccedilatildeo do
60 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
seu artigordquo (BALCH 2018) Sendo capaz de responder a elas de maneira adequada o pesquisador estaraacute apto a escrevecirc-la
Apesar de ser o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo a discussatildeo natildeo deve conter opiniotildees pessoais dos autores e sim argumentos loacutegicos e contundentes acerca do tema Natildeo cabe aos autores convencer os leitores de que suas ideias satildeo verdades absolutas mas sim transmitir seus argumentos loacutegicos promovendo um debate cientiacutefico (BALCH 2018) Uma discussatildeo bem redigida permitiraacute que o pesquisador atinja o principal objetivo de uma produccedilatildeo cientiacutefica que eacute a comunicaccedilatildeo e a interpretaccedilatildeo dos resultados de sua pesquisa para a comunidade cientiacutefica
63 ESCREVENDO A CONCLUSAtildeO
A conclusatildeo sucede a discussatildeo sendo uma parte breve que finaliza o artigo poreacutem de extrema importacircncia Nela os autores retomam os objetivos e respondem de maneira clara e sucinta agraves perguntas elaboradas no iniacutecio do estudo (REYES 2019)
A depender da revista cientiacutefica a conclusatildeo pode estar incorporada na discussatildeo devendo o seu uacuteltimo paraacutegrafo ser reservado para isso Esse paraacutegrafo final deve responder ao objetivo principal do estudo A lacuna de conhecimento contida na pergunta inicial motivadora do estudo deveraacute ser devidamente esclarecida neste momento por meio de um texto sinteacutetico e claro Natildeo se recomenda a mera repeticcedilatildeo de frases anteriormente utilizadas no texto
64 ALGUMAS FORMALIDADES NECESSAacuteRIAS
Como todas as demais seccedilotildees do artigo cabem aqui algumas formalidades necessaacuterias agrave redaccedilatildeo da discussatildeo e da conclusatildeo do seu manuscrito as quais conferem a caracteriacutestica de artigo cientiacutefico a esse gecircnero textual
bull Organize a discussatildeo como uma piracircmide invertida inicie os argumentos acerca dos resultados mais gerais e soacute depois comece a discutir os mais especiacuteficos (VOLPATO 2019)
bull Observe a distribuiccedilatildeo dos tamanhos de cada seccedilatildeo do seu artigo A discussatildeo natildeo deve exceder o tamanho da soma das outras seccedilotildees (introduccedilatildeo meacutetodos resultados) Recomendam-se no maacuteximo seis ou sete paraacutegrafos no seu total (NATHA 2014)
bull Evite frases que se iniciem por ldquoNoacutesrdquo Isso pode ser justificado pelo princiacutepio de que se devem evitar palavras desnecessaacuterias no artigo cientiacutefico (NATHA 2014) Apesar de o uso da primeira pessoa ter o objetivo de enfatizar um argumento do ponto de vista gramatical a frase ldquoNoacutes demonstramos querdquo poderia ser substituiacuteda por ldquoDemonstramos querdquo sem nenhum prejuiacutezo de significado
Resultados 61
bull Utilize o tempo verbal no presente quando estiver expondo os dados de seu estudo bem como seus argumentos Somente utilize o tempo verbal no passado quando estiver comentando os dados de outros autores (VOLPATO 2019)
bull Embora se utilize bastante a voz passiva ou impessoal como ldquodemonstrou-se querdquo a tendecircncia atual eacute utilizar a voz ativa na primeira pessoa do plural (REYES 2019) como ldquodemonstramos querdquo Isso tornaraacute a leitura de seu texto mais fluida A voz ativa traz uma mensagem direta e de mais faacutecil leitura
bull Natildeo seja repetitivo Os resultados de seu estudo jaacute foram apresentados na seccedilatildeo destinada para tal portanto apesar de retomar os principais achados do estudo a discussatildeo natildeo deve promover uma repeticcedilatildeo de resultados (HONG 2014)
bull Elabore sua discussatildeo respeitando a ordem dos achados apresentados na seccedilatildeo ldquoResultadosrdquo ou seja discuta-os utilizando a ordem em que eles aparecem Evite discutir no mesmo paraacutegrafo diferentes resultados a natildeo ser que eles estejam correlacionados entre si Isso facilitaraacute o entendimento pelo leitor Lembre-se nem sempre o leitor tem ampla experiecircncia no assunto O artigo deve estar direcionado a pessoas interessadas em seu conteuacutedo e natildeo necessariamente a experts (VOLPATO 2019)
bull Evite frases e paraacutegrafos longos A frase natildeo deve conter mais do que 25 a 30 palavras em prol da fluidez do texto (NATHA 2014)
bull Utilize palavras que faccedilam conexotildees entre os paraacutegrafos Isso tornaraacute o texto mais fluido (OSHIRO 2020)
bull Evite o uso de jargotildees que muitas vezes restringem a comunicaccedilatildeo a um grupo especiacutefico de leitores Lembre-se de que o objetivo eacute a comunicaccedilatildeo tornando seus argumentos disponiacuteveis a diferentes indiviacuteduos interessados no assunto (VOLPATO 2019)
bull Natildeo utilize linguagem informal Apesar de a discussatildeo ser o ldquocoraccedilatildeo do manuscritordquo contendo assim argumentos dos autores trata-se de um artigo cientiacutefico (REYES 2019)
bull Evite frases que possam ser interpretadas pelo leitor como pretensiosas Afinal toda conclusatildeo cientiacutefica eacute necessariamente provisoacuteria embora deva ser aceita se natildeo puder rejeitaacute-la A leitura agradaacutevel natildeo apresenta demonstraccedilotildees de autoridade (BALCH 2014) Seu estudo inclui uma amostra e mesmo que seja substancial em termos numeacutericos seus achados natildeo necessariamente podem ser extrapolados para toda a populaccedilatildeo (RUIZ 2016)
62 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
65 ORGANIZANDO A DISCUSSAtildeO DO COMECcedilO AO FIM
Segundo Volpato (2019) caso a conclusatildeo esteja alocada em uma seccedilatildeo separada sugere-se estruturar a discussatildeo em cinco paraacutegrafos conforme apresentado adiante Mas natildeo se deve esquecer eacute fundamental o planejamento da escrita antes de sua execuccedilatildeo Isso facilitaraacute a conectividade entre os paraacutegrafos aspecto fundamental jaacute descrito aqui
Para esse autor a discussatildeo deve ser iniciada com a retomada para o leitor da lacuna de conhecimento que seu manuscrito deseja preencher Deve-se relembrar ao leitor a pergunta que motivou seu estudo No entanto conveacutem evitar a repeticcedilatildeo de frases jaacute utilizadas na introduccedilatildeo do artigo
Logo apoacutes no segundo paraacutegrafo os resultados principais devem ser apresentados de maneira sumaacuteria bem como seu significado e implicaccedilotildees com o intuito de demonstrar o quanto o manuscrito seraacute capaz de fazer o conhecimento avanccedilar Natildeo devem ser repetidos os detalhes que podem ser encontrados na seccedilatildeo ldquoresultadosrdquo Deve-se evitar a repeticcedilatildeo dos dados quantitativos a natildeo ser que isso aumente seu poder argumentativo A contraposiccedilatildeo com os dados da literatura pode ser feita para cada resultado discutido facilitando assim a construccedilatildeo do argumento em torno das diferenccedilas ou semelhanccedilas entre seus achados e os dos demais autores
Eacute importante que dados da literatura que satildeo discordantes sejam tambeacutem apresentados (SANLI 2013) Pouco ou nenhum conhecimento cientiacutefico tem unanimidade ou homogeneidade em seus aspectos o que faz que os editores das revistas natildeo vejam com ldquobons olhosrdquo discussotildees que contenham apenas dados concordantes citados pelos autores
No terceiro paraacutegrafo eacute importante discutir os resultados mais especiacuteficos As especulaccedilotildees devem ser feitas e esperadas pelo leitor interessado em ampliar seu conhecimento sobre o assunto Natildeo se deve limitar apenas ao oacutebvio Os resultados devem ser explorados de maneira adequada caso contraacuterio mesmo que dados interessantes estejam presentes no estudo natildeo levaratildeo a uma ampliaccedilatildeo adequada do conhecimento
As limitaccedilotildees do estudo devem estar apontadas no quarto paraacutegrafo inclusive em tamanho amostral capacidade de generalizaccedilatildeo dos resultados e possiacuteveis vieses presentes Aleacutem das limitaccedilotildees deve-se refletir o quanto isso pode ter alterado os resultados encontrados Os pontos positivos tambeacutem podem ser ressaltados e geralmente satildeo descritos em relaccedilatildeo a outros estudos da literatura sobre o mesmo tema
A discussatildeo eacute frequentemente encerrada com um paraacutegrafo uacuteltimo que costuma destacar as direccedilotildees futuras sobre o tema bem como a necessidade de outros estudos ou mesmo inovaccedilotildees em evoluccedilatildeo Dificilmente as lacunas do conhecimento
Resultados 63
satildeo esgotadas com os estudos existentes e agrave medida que se avanccedila no conhecimento novas lacunas satildeo criadas havendo a necessidade constante de continuaccedilatildeo daquela linha de pesquisa Abaixo eacute sintetizada uma sugestatildeo para a estrutura da discussatildeo (quadro 61)
Quadro 61 mdash A estrutura da discussatildeo em cinco paraacutegrafos
1deg paraacutegrafo Retome a lacuna do conhecimento que se relaciona com o objetivo principal do estudo
2deg paraacutegrafo Interprete o resultado principal compare com os dados da literatura e elabore justificativas para as semelhanccedilasdiferenccedilas
3deg paraacutegrafo Comente os outros resultados respeitando a ordem em que eles estatildeo dispostos na seccedilatildeo especiacutefica
4deg paraacutegrafo Aponte as limitaccedilotildees e os dados positivos do estudo
5deg paraacutegrafo Especule as possiacuteveis inovaccedilotildees no futuro bem como a necessidade de outros estudos acerca do tema
66 ERROS FREQUENTEMENTE ENCONTRADOS NA DISCUSSAtildeO
Diante da dificuldade da escrita da discussatildeo seratildeo descritos os erros mais frequentemente encontrados nessa seccedilatildeo
bull Pobreza de argumentaccedilatildeo loacutegica e de especulaccedilotildees com conteuacutedo focado apenas em comparaccedilotildees com os dados de outros estudos da literatura
bull Discussatildeo de resultados em ordem diferente e aleatoacuteria sem seguir a sequecircncia apresentada nos resultados dificultando o entendimento
bull Abordagem de aspectos importantes relacionados ao tema mas que natildeo foram pesquisados no estudo em questatildeo (natildeo se trata de um artigo de revisatildeo)
bull Pouca relaccedilatildeo de conectividade da discussatildeo com as demais partes do manuscrito
bull Falta de alinhamento da discussatildeo com os objetivos do estudo
64 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
67 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
A escrita da discussatildeo pressupotildee uma larga experiecircncia sobre o tema estudado um cenaacuterio pouco provaacutevel entre jovens pesquisadores especialmente entre alunos de graduaccedilatildeo Isso justifica a dificuldade para a redaccedilatildeo da discussatildeo comumente observada nesse grupo Assim a leitura abundante sobre o tema e a vivecircncia com o assunto ao longo da coleta dos dados do estudo tornam-se fundamentais para a elaboraccedilatildeo da discussatildeo do manuscrito
Resultados 65
REFEREcircNCIAS
BALCH C M et al Steps to getting your manuscript published in a high-quality medical journal Ann Surg Oncol New York v 25 n 4 p 850-855 2018 Disponiacutevel em httpslinkspringercomcontentpdf1012452Fs10434-017-6320-6pdf Acesso em 09 abr 2020
HONG S T Ten tips for authors of scientific articles J Korean Med Sci Seoul v 29 n 8 p 1035-1037 ago 2014 Disponiacutevel em httpswwwresearchgatenetpublication264793318_Ten_Tips_for_Authors_of_Scientific_Articles Acesso em 09 abr 2020
NATHA R How to write a strong discussion in scientific manuscripts BioScience [S l] maio 2014 Disponiacutevel em httpswwwbiosciencewriterscomHow-to-Write-a-Strong-Discussion-in-Scientific-Manuscriptsaspx Acesso em 09 abr 2020
OSHIRO J et al Going beyond ldquonot enough timerdquo barriers to preparing manuscripts for Academic Medical Journals Teach Learn Med Philadelphia v 32 n 1 p 71-81 janmar 2020 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpubmed31530189 Acesso em 09 abr 2020
REYES B H Coacutemo tener eacutexito al empezar a publicar en revistas meacutedicas Consideraciones para autores inexpertos que podriacutean interesar tambieacuten a los expertos Rev Med Chile Santiago v 147 n 2 p 238-242 2019 Disponiacutevel em httpsscieloconicytclpdfrmcv147n20717-6163-rmc-147-02-0238pdf Acesso em 09 abr 2020
RUIZ A G et al Manual praacutetico de pesquisa cientiacutefica da graduaccedilatildeo agrave poacutes graduaccedilatildeo Rio de Janeiro Revinter 2016
SANLI O ERDEM S TEFIK T How to write a discussion section Turk J Urol Istanbul v 39 p 20-24 2013 Supl 1 Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC4548568pdftju-39-supp-20pdf Acesso em 09 abr 2020
VOLPATO G L Meacutetodo loacutegico da redaccedilatildeo cientiacutefica 2 ed Satildeo Paulo Best Wrintiing 2017
67
7COMO DEFINIR O TIacuteTULO
Eacuterika Suyane Freire SilvaClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoSe nem o tiacutetulo estimula a leitura imagine o restante do textordquo
Medeiros amp Tomasi
71 COMO DEFINIR O TIacuteTULO
O tiacutetulo eacute a primeira impressatildeo de um projeto de pesquisa ou artigo cientiacutefico Eacute a parte da produccedilatildeo acadecircmica mais lida e difundida e por isso haacute a necessidade de esmero para sua elaboraccedilatildeo Nota-se uma grande tendecircncia da sociedade cientiacutefica em otimizar o seu tempo na triagem de seus objetos de estudo em face da grande quantidade de publicaccedilotildees na literatura cientiacutefica Logo eacute por meio do tiacutetulo que se ldquoconquistardquo a atenccedilatildeo do leitor Eacute por ele que se comeccedila a convencer o parecerista o revisor ou o editor a aceitaram determinado projeto ou artigo
Natildeo eacute incomum que a preocupaccedilatildeo dos pesquisadores se volte principalmente agrave elaboraccedilatildeo de outros elementos do trabalho em detrimento da seleccedilatildeo e maturaccedilatildeo de um bom tiacutetulo No entanto o tiacutetulo eacute um elemento fundamental sendo um grande diferencial para a posterior adesatildeo agrave leitura integral de determinada produccedilatildeo
72 ESCREVENDO O TIacuteTULO
O tiacutetulo tem como principal atribuiccedilatildeo revelar de maneira precoce clara e concisa a ideia central da produccedilatildeo devendo ser pensado de maneira a despertar a curiosidade sem causar impressatildeo de prolixidade ou rebuscamento (MEDEIROS amp TOMASI 2017) Para isso idealmente deve conter o tema da pesquisa (o que foi investigado) a abrangecircncia (populaccedilatildeo local e tempo) e o delineamento do estudo (meacutetodo da pesquisa) (quadro 71) Opcionalmente tiacutetulos de artigos cientiacuteficos podem conter os resultados encontrados na pesquisa (CAVALCANTI 2015) Essa estrateacutegia pode poupar tempo dos leitores e direcionaacute-los para a leitura completa do trabalho
68 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 71 mdash Elementos que devem estar presentes no tiacutetulo
bull Tema bull Populaccedilatildeobull Localbull Tempo (opcional)
bull Meacutetodobull Resultado (sua presenccedila
no tiacutetulo ainda eacute discutida por alguns autores)
O tiacutetulo deve ser curto e informar exatamente o conteuacutedo do trabalho atendo-se agraves variaacuteveis teoacutericas Deve-se evitar a utilizaccedilatildeo excessiva de adjetivos adveacuterbios abreviaturas jargotildees teacutecnicos ou palavras muito especiacuteficas de determinada aacuterea (VOLPATO 2007) Eacute preferiacutevel usar tiacutetulos simples e concisos a tiacutetulos figurados e elegantes mas pouco esclarecedores Devem ser excluiacutedas informaccedilotildees que natildeo sejam fundamentais para tal feito
Algumas perguntas podem ajudar os escritores para a elaboraccedilatildeo dos tiacutetulos de seus trabalhos acadecircmicos (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
bull O tiacutetulo traduz o conteuacutedo exposto no texto Informa sobre a sua originalidade e destaca os pontos importantes
bull Eacute possiacutevel escrevecirc-lo em outras palavras deixando-o mais claro mais preciso
bull Eacute possiacutevel eliminar alguma palavra e tornaacute-lo mais enxuto mas conciso
bull Eacute possiacutevel tornaacute-lo mais contundente mais interessante
O tiacutetulo pode ser escrito como uma frase em que se mostra o objetivo da pesquisa ou a conclusatildeo principal Pode tambeacutem ser em forma de pergunta indicando o problema da pesquisa A construccedilatildeo de tiacutetulos na qual aparecem apenas as variaacuteveis investigadas natildeo eacute muito recomendada pois tem conteuacutedo explicativo menor que as outras formas (VOLPATO 2007)
Embora seja a parte inicial de um trabalho acadecircmico o momento mais oportuno para a elaboraccedilatildeo do tiacutetulo eacute ao final da escrita de todas as demais partes do texto No entanto caso o tiacutetulo seja escolhido nas fases iniciais da redaccedilatildeo este deve ser visto como provisoacuterio que pode ser alterado de acordo com o andamento e o conteuacutedo do estudo quantas vezes forem necessaacuterias ateacute que se atinja um resultado satisfatoacuterio (KOLLER COUTO HOHENDORFF 2014)
Como Definir o Tiacutetulo 69
A seguir alguns exemplos de tiacutetulos (dados proacuteprios)
PROJETOS
bull Controle glicecircmico intra-hospitalar em pacientes natildeo criticamente enfermos internados em hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute
bull Estudo ecocadiograacutefico da funccedilatildeo ventricular esquerda de pacientes com lipodistrofia generalizada congecircnita por meio da teacutecnica de speckle tracking bidimensional
bull Caracteriacutesticas cliacutenicas e epidemioloacutegicas de idosos com fraturas internados em um hospital de referecircncia em trauma em Fortaleza
ARTIGOS
bull Thyroid Stimulating Hormone Reference Interval in Healthy Adults from Fortaleza-CE Population
bull Early Commitment of Cardiovascular Autonomic Modulation in Brazilian Patients with Congenital Generalized Lipodystrophy
bull Association between Cardiovascular Autonomic Neuropathy and Left Ventricular Hypertrophy in Young Patients with Congenital Generalized Lipodystrophy
Finalmente conveacutem lembrar que a maioria dos artigos natildeo eacute sequer lida porque os leitores os rejeitam a partir do tiacutetulo (VOLPATO 2007) Eacute pelo tiacutetulo que se comeccedila a convencer o editor a publicar seu artigo ou o parecerista a aprovar o seu projeto Eacute importante natildeo esquecer que raramente haacute uma segunda oportunidade de causar boa impressatildeo e a primeira boa impressatildeo sobre um trabalho pode estar justamente no tiacutetulo de seu texto (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
70 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G et al Definindo o tiacutetulo de um projetoIn CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015cap 3 p 35-37
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
VOLPATO G L Como escrever um artigo cientiacutefico Anais da Academia Pernambucana de Ciecircncia Agronocircmica Recife v 4 p 97-115 2007 Disponiacutevel em httpwwwjournalsufrpebrindexphpapcaarticleview9390 Acesso em 20 set 2019
71
8COMO REDIGIR O RESUMO
Roberta Lopes RibeiroClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoPor vezes um bom resumo pode dizer mais sobre um
romance do que um livro de duzentas paacuteginasrdquo
Umberto Eco
A elaboraccedilatildeo do resumo de uma produccedilatildeo cientiacutefica eacute uma fase extremamente relevante pois eacute ele que fornece os pontos mais importantes abordados no desenvolvimento do trabalho e provecirc juntamente com o tiacutetulo a primeira impressatildeo do estudo apresentado Depois do tiacutetulo o resumo eacute a parte do artigo que seraacute mais lida e consiste em uma exposiccedilatildeo integral e concisa de todos os elementos da produccedilatildeo Desse modo precisa ser escrito de maneira objetiva sem deixar de ressaltar os detalhes essenciais do estudo (REIZ 2013)
O resumo deve permitir que os leitores tenham uma ideia geral sobre o estudo e possam escolher por meio dessas informaccedilotildees baacutesicas se leratildeo ou natildeo o trabalho na iacutentegra Aleacutem da funccedilatildeo de despertar o interesse das pessoas o resumo eacute utilizado para a indexaccedilatildeo dos artigos nas bases de dados eletrocircnicas por meio das palavras-chave ou descritores Assim o resumo deve refletir de maneira acurada o conteuacutedo do artigo e ser fundamental para o atual processo de busca e seleccedilatildeo de literatura cientiacutefica nas bases de dados cientiacuteficas disponiacuteveis (KOLLER COUTO HOHENDORFF 2014)
De modo habitual o resumo eacute o uacutenico elemento recuperado eou revisado nas bases de dados o que determina a sua importacircncia para a difusatildeo do conhecimento no meio acadecircmico e para a seleccedilatildeo dos trabalhos pelos pareceristas de agecircncias de fomento ou revistas cientiacuteficas bem como pelos demais pesquisadores interessados em determinado tema (ALENCAR 2015) Desse modo quando ele eacute bem redigido iraacute cativar os leitores para obter a coacutepia integral do manuscrito Caso o resumo seja mal escrito a pesquisa poderaacute ser banalizada e esquecida pelo leitor que logo iraacute agrave procura de outro trabalho com melhor apresentaccedilatildeo (SOUSA DRIESSNACK
72 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
FLOacuteRIA-SANTOS 2006)
O tamanho do resumo eacute uma decisatildeo que cabe ao editor ou conselho editorial do perioacutedico ou agecircncia de fomento De maneira geral existe uma limitaccedilatildeo para o uso de 200 a 300 palavras escritas em um uacutenico paraacutegrafo No texto devem-se incluir de forma sucinta as informaccedilotildees relacionadas agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica agrave justificativa ao objetivo e aos meacutetodos da pesquisa No caso de resumos de artigos cientiacuteficos satildeo acrescidos ainda os resultados e as conclusotildees ou consideraccedilotildees finais
O quadro 81 apresenta as etapas para a preparaccedilatildeo de resumos de artigos cientiacuteficos originais Os quadros 81 e 82 mostram exemplos de resumos na liacutengua portuguesa e inglesa respectivamente
Figura 81 mdash Etapas para a preparaccedilatildeo de resumos de artigos cientiacuteficos originais (Adaptado de Reiz 2013)
Como Redigir o Resumo 73
Quadro 81 mdash Exemplo de resumo em liacutengua portuguesa (dados proacuteprios)
CONTROLE GLICEcircMICO INTRA-HOSPITALAR EM PACIENTES NAtildeO CRITICAMENTE ENFERMOS INTERNADOS EM HOSPITAIS TERCIAacuteRIOS DO ESTADO DO CEARAacute
INTRODUCcedilAtildeO a hiperglicemia intra-hospitalar (HIH) agrava a evoluccedilatildeo das doenccedilas coexistentes e aumenta a mortalidade No entanto a importacircncia da HIH eacute frequentemente subestimada O objetivo deste estudo foi avaliar o manejo do controle glicecircmico intra-hospitalar em pacientes natildeo criticamente enfermos internados em hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute MEacuteTODOS trata-se de um estudo transversal realizado em trecircs hospitais terciaacuterios do estado do Cearaacute Foram avaliados os pacientes internados nas unidades de enfermarias com idade acima de 18 anos que apresentaram hiperglicemia (glicemia plasmaacutetica aleatoacuteria gt 140 mgdL) ou diagnoacutestico preacutevio de diabetes mellitus (DM) (autorrelato) RESULTADOS foram avaliados 124 pacientes com idade 571 plusmn 167 anos sendo 84 (677) do sexo masculino Setenta e oito pacientes (629) apresentavam diagnoacutestico preacutevio de DM O monitoramento da glicemia capilar foi realizado na maioria dos pacientes (122 984) sendo mais frequentemente realizadas as medidas de glicemias preacute-prandiais 4xdia (75 605) Suporte nutricional para DMhiperglicemia foi prescrito para 73 (589) pacientes Quanto ao tratamento em 34 casos (274) natildeo havia qualquer medida prescrita para o manejo da HIH 20 (161) estavam em uso de antidiabeacuteticos orais (ADOs) e 86 (694) em uso de insulina Entre os usuaacuterios de insulina 46 (534) estavam em uso de insulina regular sob demanda 14 (163) em esquema basal prandial 21 (244) em esquema basal plus e 5 (58) apenas com insulina basal Hipoglicemia foi observada em 29 (238) pacientes e o protocolo para manejo da hipoglicemia estava prescrito em 92 (742) pacientes Medidas de educaccedilatildeo em DM durante o internamento foram relatadas por 37 (308) pacientes CONCLUSAtildeO o manejo da HIH natildeo seguiu protocolos padronizados o monitoramento da glicemia foi heterogecircneo e o uso de insulina regular sob demanda foi a principal forma de manejo Observou-se falta de suporte nutricional especiacutefico para o manejo da hipoglicemia e para medidas de educaccedilatildeo em diabetes Por meio desses achados pode-se especular que a implantaccedilatildeo de protocolos e de uma equipe especiacutefica para o manejo da HIH poderaacute melhorar este cenaacuterio
PALAVRAS-CHAVE Diabetes Mellitus Hiperglicemia de Estresse Controle Glicecircmico
74 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 82 mdash Exemplo de resumo (abstract) em liacutengua inglesa (dados proacuteprios)
ASSOCIATION BETWEEN CARDIOVASCULAR AUTONOMIC NEUROPATHY AND LEFT VENTRICULAR HYPERTROPHY IN YOUNG PATIENTS WITH CONGENITAL GENERALIZED LIPODYSTROPHY
BACKGROUND Congenital generalized lipodystrophy (CGL) is a rare disorder characterized by the absence of subcutaneous adipose tissue severe insulin resistance diabetes mellitus and cardiovascular complications including cardiac autonomic neuropathy (CAN) left ventricular hypertrophy (LVH) and atherosclerosis The present study aimed to access the association between CAN parameters and cardiovascular abnormalities in CGL patients METHODS A cross-sectional study was conducted with 10 CGL patients and 20 healthy controls matched for age sex BMI and pubertal stage We evaluated clinical laboratory and cardiovascular parameters including left ventricular mass index (LVMI) interventricular septum thickness (IVS) systolic and diastolic function determined using two-dimensional transthoracic echocardiographycarotid intimal media thickness (cIMT) cQT interval and heart rate variability (HRV) studyby spectral analysis components ndash high frequency (HF) low frequency (LF) very low frequency (VLF) LFHF ratio and total amplitude spectrum (TAS) ndash and cardiovascular reflexes tests (postural hypotension test respiratory orthostatic and Valsalva coefficients) RESULTS In CGL group four patients (40) had LVH and diastolic dysfunction CGL patients presented higher values of cIMT and cQT interval In CGL patients with LVH lower values of the HF component were observed indicating autonomic parasympathetic modulation impairment The LVMI correlated directly with systolic blood pressure (BP) drop in the postural test (r = 0835 p = 0002) and inversely with Valsalva (r = -0632 p = 0049) HF (r = -0887 p = 0001) and TAS (r = -0827 p = 0003) The IVS presented positive correlation with systolic BP drop in the postural test (r = 0764 p = 0010) and inverse correlation with HF (r = -0794 p = 0013) and TAS (r = -0656 p = 0039) There was a positive correlation between cIMT and LFHF ratio (r = 0707 p = 0022) CONCLUSION The association between increased LV mass and parameters of HRV provides possible speculations about the involvement of CAN in the pathophysiology of the cardiac complications including LVH in CGL patients
81 TEacuteCNICAS PARA A ESCRITA DE UM BOM RESUMO
Elaborar resumos eacute uma atividade essencial no universo acadecircmico-cientiacutefico e o conhecimento de alguns recursos literaacuterios pode ajudar nesse processo Resumir natildeo eacute meramente copiar as palavras do texto original reproduzindo trechos de um texto para outro por meio da simples substituiccedilatildeo de palavras (REIZ 2013) Durante a redaccedilatildeo de um resumo devem-se selecionar as ideias centrais dos paraacutegrafos eliminando conceitos repetidos e detalhados Preparar resumos envolve a capacidade de elaborar paraacutefrases ndash um recurso de interpretaccedilatildeo textual que consiste na reformulaccedilatildeo de um texto trocando as palavras e expressotildees originais mas mantendo a ideia central da informaccedilatildeo (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
O texto deve ser escrito utilizando-se a norma-padratildeo mantendo-se o argumento e o encadeamento das ideais apresentadas no texto original Segundo Reiz (2013) as principais recomendaccedilotildees para a elaboraccedilatildeo de um resumo cientiacutefico
Como Redigir o Resumo 75
satildeo
bull resguardar fidelidade ao texto original
bull evitar redundacircncia de ideias ou palavras trazendo clareza e precisatildeo
bull apresentar os pontos principais da pesquisa dividindo-os nos toacutepicos introduccedilatildeo (tema e objetivo) meacutetodos resultados principais e conclusotildees
bull harmonizar objetivos e resultados encontrados
bull apresentar vocabulaacuterio amplo e diversificado
bull preferir frases curtas e uso de verbos na voz ativa
bull evitar o uso de adjetivos e adveacuterbios restringindo-os aos necessaacuterios
bull natildeo fazer citaccedilotildees diretas ou referecircncias a outros autores
bull revisar o texto repetidamente para se evitar incoerecircncias ortograacuteficas e gramaticais
bull seguir as orientaccedilotildees dos perioacutedicos ou agecircncias de fomento quanto agrave organizaccedilatildeo extensatildeo e nuacutemero de palavras-chave
Na construccedilatildeo do texto do resumo podem ser repetidas frases contidas em outras seccedilotildees do artigo No entanto essas informaccedilotildees devem ser reformuladas de forma concisa enquanto no corpo do manuscrito elas podem ser apresentadas de maneira mais detalhada
Durante a escrita eacute possiacutevel utilizar outros resumos como modelo com a finalidade de tentar reproduzir sistematicamente quais as informaccedilotildees que devem estar presentes e o que habitualmente os autores priorizam em suas redaccedilotildees Poreacutem eacute importante sempre manter o senso criacutetico para saber julgar se o resumo utilizado como modelo eacute realmente bem estruturado e redigido com a finalidade de natildeo tomar como base uma redaccedilatildeo de maacute qualidade
Geralmente o resumo deve ser escrito apoacutes a finalizaccedilatildeo de todo o manuscrito mas eacute comum alguns orientadores recomendarem a escrita de um resumo preliminar antes de se iniciar a redaccedilatildeo final uma vez que esse texto pode servir como um esboccedilo auxiliando na definiccedilatildeo da ideia central do trabalho a ser escrito e que deveraacute ser revisado ao final
O resumo deve ser escrito na liacutengua vernaacutecula devendo haver tambeacutem um resumo em liacutengua estrangeira geralmente o inglecircs A traduccedilatildeo do resumo para a liacutengua inglesa eacute um elemento essencial para permitir o maior alcance do trabalho a leitores que natildeo possuem domiacutenio do idioma no qual o trabalho foi escrito originalmente (MATIAS-PEREIRA 2012) Dessa maneira a probabilidade de o artigo ser utilizado por leitores diversos e consequentemente de ser citado eacute ampliada o que daraacute maior notoriedade e credibilidade ao trabalho
76 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Ao final do resumo devem ser indicadas as palavras-chave que descrevem o conteuacutedo do trabalho Normalmente satildeo utilizadas trecircs a seis descritores contudo esse nuacutemero varia de acordo com as normas dos perioacutedicos ou editais de pesquisa Tais termos permitem a seleccedilatildeo dos artigos nas bases de dados eletrocircnicas (PubMed SciELO LILACS entre outras) e devem ser selecionadas em bancos de dados especiacuteficos
Os Descritores em Ciecircncias da Sauacutede (DeCS) consistem em um banco de palavras-chave estruturado que se utiliza de trecircs idiomas (inglecircs portuguecircs e espanhol) criado para unificar os termos na indexaccedilatildeo de artigos livros relatoacuterios e outros materiais acadecircmicos O site para acesso a esse banco de dados eacute wwwdecsbvsbr O DeCS foi elaborado a partir do Medical Subject Heading (MeSH) da US National Library of Medicine um importante banco de descritores em sauacutede utilizado para a indexaccedilatildeo de artigos do sistema MEDLINE-PubMed que pode ser acessado no site wwwncbinlmnihgovmesh
82 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Eacute notaacutevel a importacircncia do resumo no universo acadecircmico-cientiacutefico e o segredo para escrever um resumo claro curto objetivo criativo e cativante eacute sem duacutevidas ter domiacutenio do assunto abordado e clareza para a transmissatildeo das ideias centrais da pesquisa Diante disso eacute fundamental que no resumo sejam apresentadas informaccedilotildees relevantes com uma linguagem que favoreccedila o envolvimento do leitor a fim de convencecirc-lo quanto agrave importacircncia da temaacutetica abordada e agrave relevacircncia dos resultados obtidos na pesquisa fazendo que ele se sinta estimulado a continuar a leitura do artigo e quem sabe utilizaacute-lo como uma fonte de pesquisa para outros trabalhos
Como Redigir o Resumo 77
REFEREcircNCIAS
SOUSA V D DRIESSNACK M FLOacuteRIA-SANTOS M Como escrever o resumo de um artigo para publicaccedilatildeo Acta Paul Enferm Satildeo Paulo v 19 n 3 p 5-8 julset 2006 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0103-21002006000300001 Acesso em 09 abr 2020
ALENCAR C H M et al Como redigir o resumo de um projeto e definir as palavras-chave In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 5 p 41-46
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
79
9CRONOGRAMA E ORCcedilAMENTO
Juliana Ferreira ParaacuteMatheus Mendonccedila Leal Janja
ldquoCom organizaccedilatildeo e tempo acha-se o segredo de se fazer tudo e bem feitordquo
Pitaacutegoras
Realizar uma pesquisa cientiacutefica eacute uma aacuterdua tarefa e para que se possa finalizaacute-la a contento deve ser planejada de forma a permitir a execuccedilatildeo de todas as suas etapas em um tempo aceitaacutevel previamente definido aleacutem de ser financeiramente viaacutevel Listar todas as fases da pesquisa definir prazos exequiacuteveis captar e aplicar os recursos adequadamente satildeo passos fundamentais para todos os atores envolvidos em pesquisas consistindo em grandes desafios para jovens pesquisadores bem como para aqueles mais experientes
91 CRONOGRAMA
O cronograma consiste no planejamento temporal das atividades que seratildeo realizadas pelo pesquisador para a obtenccedilatildeo dos resultados da sua pesquisa Ele serve como um guia para que o pesquisador se organize durante a execuccedilatildeo da pesquisa Aleacutem disso serve para demonstrar se o pesquisador tem conhecimento sobre as etapas do seu estudo e sobre o tempo necessaacuterio para executaacute-lo
Eacute importante salientar que o cronograma traz informaccedilotildees sobre algo que ainda seraacute realizado Portanto ele dever conter os dados das atividades que seratildeo realizadas no futuro e natildeo as que jaacute foram desenvolvidas na elaboraccedilatildeo do projeto
Recomenda-se que esses itens devem estar presentes
bull tempo de execuccedilatildeo determina o tempo necessaacuterio para realizar cada atividade proposta
bull divisatildeo em etapas dividir o projeto em fases ajuda o pesquisador a se organizar e preparar todo o projeto
bull atribuiccedilatildeo de responsabilidades ndash essa parte natildeo eacute obrigatoacuteria mas ajuda a
80 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
otimizar o tempo dos elaboradores do projeto ainda mais se o grupo de pesquisadores for grande e os responsaacuteveis por cada etapa jaacute forem conhecidos
bull Preferencialmente o cronograma deve ser elaborado de forma graacutefica por meio de uma tabela levando-se em consideraccedilatildeo as fases da pesquisa Possiacuteveis contratempos devem ser contemplados Deve-se deixar um tempo adequado para a submissatildeo e aprovaccedilatildeo do projeto pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa (CEP)
bull Para a elaboraccedilatildeo do cronograma devem-se utilizar palavras objetivas e claras em adequaccedilatildeo especiacutefica com o trabalho executado Aleacutem disso avaliaccedilatildeo criacutetica e bom-senso satildeo necessaacuterios a fim de que se estipulem prazos exequiacuteveis para que o projeto seja executado adequadamente De acordo com HADDAD (2004) os projetos de pesquisa em geral tecircm cinco fases apresentadas no quadro 91
Quadro 91 mdash Fases de um projeto de pesquisa
Fase preliminar Levantamento de bibliografia obtenccedilatildeo de equipamentos necessaacuterios convocaccedilatildeo de pesquisadores submissatildeo ao comitecirc de eacutetica em pesquisa
Fase preparatoacuteria Preparaccedilatildeo de meacutetodos treinamento de todos os pesquisadores elaboraccedilatildeo de meacutetodos de coleta (fichas questionaacuterios formulaacuterios) ajuste de instrumentos de coleta sorteio de amostras
Fase de coleta de dados Coleta em campo supervisatildeo e controle da qualidade da execuccedilatildeo
Fase de computaccedilatildeo e anaacutelise de dados Anaacutelise de dados caacutelculo de variaacuteveis intervalo de confianccedila testes de significacircncia estatiacutestica confecccedilatildeo de tabelas e graacuteficos
Fase de redaccedilatildeo do trabalho cientiacutefico Escrever o trabalho de acordo com as adequaccedilotildees para onde quer submetecirc-lo
Fonte HADDAD 2004
Em relaccedilatildeo agrave forma de apresentaccedilatildeo das tabelas haacute a opccedilatildeo de que se utilize o cabeccedilalho mecircsano (quadro 92) o formato mais tradicional ou pode-se optar por cabeccedilalho em nuacutemeros sequenciais (quadro 93) Neste uacuteltimo caso caso haja algum contratempo decorrente de atraso na liberaccedilatildeo dos recursos financeiros ou da aprovaccedilatildeo pelo CEP a tabela continuaraacute atualizada como exemplificado abaixo (tabela 3) Em pesquisas de menor duraccedilatildeo o tempo poderaacute ser delimitado por dias
Cronograma e Orccedilamento 81
semanas ou quinzenas Ao contraacuterio pesquisas de maior duraccedilatildeo podem ser divididas em bimestres ou trimestres
Quadro 92 mdash Modelo de cronograma com cabeccedilalho mecircsano
ETAPAS JAN2019 FEV2019 MAR2019Revisatildeo bibliograacutefica X
Elaboraccedilatildeo de questionaacuterio
X X
Coleta de dados em campo
X
Quadro 93 mdash Modelo de cronograma com cabeccedilalho com numeraccedilatildeo sequencial
ETAPAS MEcircS 1 MEcircS 2 MEcircS 3Revisatildeo bibliograacutefica X
Elaboraccedilatildeo de questionaacuterio
X X
Coleta de dados em campo
X
Obs O mecircs 1 se refere ao tempo decorrido imediatamente apoacutes a aprovaccedilatildeo do projeto de pesquisa pelo CEP
82 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Abaixo outros exemplos de cronogramas que obedecem agraves diferentes maneiras de organizaccedilatildeo (quadros 94 e 95)
Quadro 94 mdash Modelo de cronograma de projeto de pesquisa com cabeccedilalho
numerado (dados proacuteprios)
Periacuteodo (ANOMEcircS) Ano 1 Ano 2 Ano 3
Procedimentos 1-4 5-8 9-12 1-4 5-8 9-12 1-4 5-8 9-12
Revisatildeo de literatura X X X X X X X X X
Levantamento dos prontuaacuterios X
Aquisiccedilatildeo do material X
Agendamento das consultas X
Recrutamento do grupo controle X
Atendimento dos pacientescoleta de dados X X X
Anaacutelise laboratorial X X X
Anaacutelise e elaboraccedilatildeo dos laudos de neuropatia autonocircmica
X X X
Anaacutelise e elaboraccedilatildeo dos laudos do ecocardiograma X X X
Confecccedilatildeo do banco de dados X
Anaacutelise estatiacutestica dos dados X
Elaboraccedilatildeo do artigopublicaccedilotildees Apresentaccedilatildeo em congressos
X X
Obs Mecircs 1 ndash Ano 1 seraacute considerado a partir da aprovaccedilatildeo do projeto pelo Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa da instituiccedilatildeo
Cronograma e Orccedilamento 83
Quadro 95 mdash Modelo de cronograma de projeto de pesquisa com cabeccedilalho
mecircsano (dados proacuteprios)
JanJun 2018
OutDez 2017
JanMar 2018
AbrJun 2018
JulSet
2018
OutDez 2018
JanMar 2019
MarJun 2019
Revisatildeo de literatura X X X X X X X X
Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio em pacientes internados em unidades de enfermaria
X
Revisatildeo de prontuaacuterios X
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos resultados X
Apresentaccedilatildeo dos resultados para equipe multidisciplinar corpo cliacutenico e gestores das referidas instituiccedilotildees
X
Implantaccedilatildeo do protocolo X X
Avaliaccedilatildeo da implementaccedilatildeo do protocolo X X
Aplicaccedilatildeo de questionaacuterio em pacientes internados em unidades de enfermaria
X
Revisatildeo de prontuaacuterios X
Anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos resultados X
Reapresentaccedilatildeo dos resultados para equipe multidisciplinar corpo cliacutenico e gestores das referidas instituiccedilotildees
X
Elaboraccedilatildeo do artigopublicaccedilotildees Apresentaccedilatildeo em congressos
X
Por fim deve-se ter em mente que respeito aos prazos eacute sempre algo a ser buscado embora nem sempre seja conseguido Por mais que o cronograma seja bem planejado podem ocorrer imprevistos ou falhas Nesses casos readequaacute-lo poderaacute ser necessaacuterio sempre visando manter a qualidade da pesquisa e evitando comprometer as suas fases finais como a elaboraccedilatildeo dos relatoacuterios finais ou a redaccedilatildeo dos artigos cientiacuteficos (MACENA PINHEIRO CARNEIRO JUacuteNIOR 2015)
84 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
92 ORCcedilAMENTO
Toda pesquisa tem custos que precisam ser considerados por ocasiatildeo da elaboraccedilatildeo do projeto Os editais de financiamento de pesquisas lanccedilados pelas agecircncias de fomento e os Comitecircs de Eacutetica em Pesquisa sempre avaliam os orccedilamentos dos projetos enviados para apreciaccedilatildeo Portanto essa etapa deve ser elaborada de maneira apropriada evitando que projetos adequados do ponto de vista eacutetico e metodoloacutegico incorram em equiacutevocos relacionados a esse quesito
Os itens do orccedilamento podem ser divididos em itens de custeio e itens de capital As despesas de custeio satildeo aquelas decorrentes da aquisiccedilatildeo de materiais de consumo serviccedilos de terceiros diaacuterias passagens e bolsas As despesas de capital por sua vez satildeo aquelas que se traduzem em investimento que poderatildeo ser incorporados ao patrimocircnio da instituiccedilatildeo de pesquisa como equipamentos material bibliograacutefico computadores impressoras obras etc Uma grande parte dos editais de financiamento das agecircncias de fomento determina uma proporccedilatildeo entre despesas de custeio e despesas de capital (GIL 2002)
Outro item que pode ser adicionado ao orccedilamento eacute a contrapartida ou seja quais seratildeo as despesas a serem assumidas pela instituiccedilatildeo onde a pesquisa seraacute realizada como exemplo podem-se citar os gastos com despesas habituais como alimentaccedilatildeo energia aacutegua e transporte (CAVALCANTI amp MACENA 2015)
Geralmente apresenta-se o orccedilamento sob a forma de uma tabela Devem ser especificados de forma detalhada os seguintes itens materiais permanentes (como impressoras computadores armaacuterios mesas bancadas equipamentos de laboratoacuterio etc) material de consumo (papel cartuchos de tinta luvas pastas-arquivo canetas etc) serviccedilos de terceiros (estatiacutestico tradutor revisor ortograacutefico etc) e recursos humanos (bolsas para pesquisadores estudantes etc) Devem ser indicados a quantidade de cada item o valor unitaacuterio e o valor total Abaixo segue exemplo de uma tabela de orccedilamento (quadro 96)
Cronograma e Orccedilamento 85
Quadro 96 mdash Modelo de orccedilamento de projeto de pesquisa (dados proacuteprios)
ITENS DE CUSTEIO
Materiais de consumo
Item QuantidadeValor
R$ TotalPapel A4 (resmas) 4 10000 10000Cartuchos de tinta 5 50000 50000Pastas-arquivo 10 50000 50000Canetas 20 5000 5000Subtotal R$ 115000
Serviccedilos de terceiros
Item QuantidadeValor
R$ TotalTradutor para liacutengua inglesa 1 80000 80000Revisor ortograacutefico 1 50000 50000Estatiacutestico 1 100000 100000Subtotal R$ 230000
Recursos humanos
Item QuantidadeValor
R$ TotalBolsa mensal para aluno de graduaccedilatildeo 24 50000 1200000
Subtotal R$ 1200000
86 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ITENS DE CAPITAL
Item QuantidadeValor
R$ TotalAparelho de ultrassonografia Sonoace R3 2 port BRA V20 + Transdutor linear de 5 a 12 Mhz
1 4000000 4000000
Notebook LG IntelCore 16 1 150000 150000Impressora jato de tinta 1 100000 100000Subtotal R$ 4250000
ORCcedilAMENTO FINAL
CUSTEIO R$ 1545000CAPITAL R$ 4250000TOTAL R$ 5795000
Em adiccedilatildeo agrave discriminaccedilatildeo de todos os itens e custos eacute importante informar quem seraacute o provedor desses recursos A caracterizaccedilatildeo das fontes de financiamento visa dar transparecircncia agrave participaccedilatildeo e agrave forma de aplicaccedilatildeo das diferentes fontes de recursos aplicados em determinada pesquisa Qualquer forma de remuneraccedilatildeo dos indiviacuteduos pesquisados que natildeo se caracterize como ressarcimento de despesas ou remuneraccedilatildeo dos pesquisadores ou funcionaacuterios puacuteblicos com verbas oriundas de recursos de agecircncias de fomento natildeo eacute permitido
Cronograma e Orccedilamento 87
REFEREcircNCIAS
CAVALCANTI L P G MACENA RHM Como fazer um orccedilamento honesto In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 13 p 85-88
GIL A C Como calcular o tempo e o custo do projeto In GIL Antocircnio Carlos Como elaborar projetos de pesquisa 4 ed Satildeo Paulo Atlas 2002 cap 15 p 155-160
HADDAD N Metodologia de estudos em ciecircncias da sauacutede como planejar analisar e apresentar um trabalho cientiacutefico Satildeo Paulo Roca 2004
MACENA RHM PINHEIRO MA CARNEIRO JUacuteNIOR EC Como elaborar um cronograma claro e objetivo In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 12 p 81-83
89
10APEcircNDICES E ANEXOS
Vitoacuteria Costa Lima
ldquoParte anexa acreacutescimo ou prolongamento de uma parte principal
suplemento no fim de uma obrardquo
diciocombr
Ao final do texto de um projeto de pesquisa ou trabalho acadecircmico podem ser adicionados elementos poacutes-textuais opcionais que complementam o texto principal satildeo os apecircndices e anexos
O apecircndice consiste em um texto ou documento elaborado pelo autor em que satildeo expostas informaccedilotildees complementares sobre o desenvolvimento do trabalho Na maioria das vezes os apecircndices consistem em documentos que complementam informaccedilotildees sobre os meacutetodos da pesquisa como instrumentos para coleta de dados ou documentos relacionados agrave anaacutelise regulatoacuteria e eacutetica como solicitaccedilatildeo de autorizaccedilatildeo para a pesquisa termos de consentimento livre e esclarecido etc Caso o autor julgue pertinente ao produzir o artigo cientiacutefico alguns apecircndices podem ser apresentados como material suplementar
O anexo por sua vez consiste em um texto ou documento natildeo elaborado pelo autor mas que em seu julgamento acrescenta informaccedilotildees importantes relacionadas ao seu trabalho Os anexos servem de apoio para a estrutura do texto pois permitem organizaacute-lo de forma a evitar a inclusatildeo de muitos documentos adicionais facilitando a leitura do texto principal Assim como os apecircndices os anexos podem ser parte da anaacutelise regulatoacuteria e eacutetica (carta de aprovaccedilatildeo do Comitecirc de Eacutetica e Pesquisa carta de anuecircncia do local onde a pesquisa seraacute realizada) bem como metodoloacutegica (instruccedilotildees e teacutecnicas para realizaccedilatildeo de um exame descriccedilatildeo de um equipamento valores de referecircncia de determinado analito ou meacutetodo etc)
Segundo as normas da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) os apecircndices e anexos devem ser elaborados de acordo com as seguintes instruccedilotildees
bull identificaccedilatildeo por uma letra do alfabeto em caixa alta
bull tiacutetulo centralizado em negrito separado por hiacutefen
bull fonte Arial 10 ou Times New Roman 12
90 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull paacuteginas enumeradas seguindo a ordem do texto discriminadas no sumaacuterio
Seguem exemplos
APEcircNDICE A ndash Questionaacuterio sobre o perfil dos pacientes internados por quedas e fraturas em hospital terciaacuterio de trauma em Fortaleza ndash CE
APEcircNDICE B ndash Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
APEcircNDICE C ndash Carta de anuecircncia da chefia do setor onde a pesquisa seraacute realizada
ANEXO A ndash Parecer de aprovaccedilatildeo do projeto no Comitecirc de Eacutetica em Pesquisa
ANEXO B ndash Valores de referecircncia para os testes autonocircmicos cardiovasculares
Apecircndices e Anexos 91
REFEREcircNCIAS
NORMAS Teacutecnicas Anexos [S l s n] [20--] Disponiacutevel em httpswwwnormastecnicascomabnttrabalhos-academicosanexos Acesso em 16 maio 2019
93
11REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Victor Gomes PitombeiraClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoA leitura traz ao homem plenitude ao discurso seguranccedila e agrave escrita precisatildeordquo
Francis Bacon
As referecircncias bibliograacuteficas satildeo elemento obrigatoacuterio na estrutura de uma produccedilatildeo acadecircmica satildeo constituiacutedas por todo material impresso eletrocircnico ou audiovisual que eacute utilizado na elaboraccedilatildeo de um texto cientiacutefico (EVANGELISTA et al 2015) O processo de referenciar tais materiais eacute de extrema importacircncia para a demonstraccedilatildeo da validade e confiabilidade de uma produccedilatildeo acadecircmica
As referecircncias satildeo o testemunho das fontes que o pesquisador se valeu para construir as citaccedilotildees de seu trabalho formando a base de conhecimento sobre o qual foi elaborada determinada pesquisa Apesar de o processo de ajuste de referecircncias quase sempre desgastante e monoacutetono parecer apenas puramente mecacircnico ele tem seu valor porque contribui para a formaccedilatildeo intelectual do pesquisador (REIZ 2013)
Muitas vezes antes de iniciar a redaccedilatildeo de um trabalho cientiacutefico o pesquisador jaacute tem em mente quais as principais referecircncias para seu projeto ou artigo tendo em vista que o processo de delimitaccedilatildeo de um tema de pesquisa eacute oriundo de vasta leitura sobre o assunto No entanto muitos autores natildeo se preparam adequadamente para essa etapa da escrita dificultando o ajuste das referecircncias por ocasiatildeo da finalizaccedilatildeo do texto
Neste capiacutetulo seratildeo apresentados aspectos relevantes a serem considerados durante a seleccedilatildeo e a elaboraccedilatildeo das referecircncias bibliograacuteficas de um trabalho acadecircmico
111 ASPECTOS RELEVANTES DURANTE A SELECcedilAtildeO DAS REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
O primeiro aspecto a ser ressaltado eacute que natildeo se deve confundir quantidade de referecircncias com qualidade Uma produccedilatildeo com muitas referecircncias nem sempre eacute a de melhor qualidade Na verdade eacute preferiacutevel que um artigo tenha boas referecircncias a ter numerosas visto que muitas revistas e perioacutedicos limitam o seu nuacutemero Mas
94 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
como selecionar boas referecircncias
Deve-se sempre que possiacutevel buscar revistas com alto fator de impacto Esse fator mede a importacircncia de determinado perioacutedico para a comunidade cientiacutefica Normalmente aqueles que tecircm maior fator de impacto tambeacutem tendem a ter melhores publicaccedilotildees transmitindo maior credibilidade ao leitor (MEDEIROS amp TOMASI 2017)
Deve-se levar em consideraccedilatildeo ainda o grau de evidecircncia das referecircncias citadas Eacute preferiacutevel que se incluam referecircncias que forneccedilam um maior grau de evidecircncia cientiacutefica Deve-se avaliar criticamente o grau de evidecircncia das fontes citadas dando prioridade para incluir artigos com desenhos adequados para o tema sob estudo Por exemplo para pesquisas sobre faacutermacos eacute melhor que sejam priorizadas as citaccedilotildees de ensaios cliacutenicos em detrimento de citaccedilotildees de relatos de caso Para pesquisas sobre fatores de risco para doenccedilas satildeo preferiacuteveis estudos de coorte com nuacutemero adequado de pacientes a estudos transversais A piracircmide ilustrada abaixo classifica as evidecircncias de acordo com o grau de hierarquia (figura 111) e pode ser uacutetil por ocasiatildeo da seleccedilatildeo das fontes bibliograacuteficas de uma produccedilatildeo acadecircmica
Figura 111 mdash Hierarquia do grau de evidecircncia para estudos sobre tratamento (intervenccedilotildees)
Onde RS ndash revisotildees sistemaacuteticas ECR ndash ensaio cliacutenico randomizado Nota para estudos de diagnoacutestico ou prognoacutestico devem-se considerar as revisotildees sistemaacuteticas de coortes e estudos de coorte validados como o topo da piracircmide (Adaptado de MELNYK 2011)
Apecircndices e Anexos 95
A data da publicaccedilatildeo do material bibliograacutefico eacute outro aspecto relevante Eacute sempre bom manter suas fontes bem atualizadas procurando artigos recentes incluindo publicaccedilotildees dos uacuteltimos cinco anos em meacutedia Entretanto deve-se ressaltar que nem sempre eacute indicado referenciar apenas os textos mais recentes sobre determinado assunto Faz parte do trabalho do autor saber balancear a idade da publicaccedilatildeo agrave sua importacircncia
Existem diversos trabalhos antigos que trouxeram conceitos importantes e edificaram o conhecimento sobre determinado assunto ou seja artigos de grande impacto inovadores para sua eacutepoca sendo imprescindiacutevel que sejam citados Em contrapartida haacute diversos artigos mais recentes que apesar de estarem anos agrave frente pouco acrescentam agrave aacuterea ou trazem meacutetodos duvidosos ou natildeo passaram por criteriosa avaliaccedilatildeo antes de serem publicados Nesse caso pode ser mais saudaacutevel para a produccedilatildeo cientiacutefica que o autor priorize o artigo mais antigo do que opte por um mais novo mas que talvez natildeo traga tanto embasamento e fundamentaccedilatildeo Assim sempre que possiacutevel ao citar conceitos claacutessicos deve-se identificar os primeiros autores a descrevecirc-los
Outro fator que deve ser levado em consideraccedilatildeo eacute a disponibilidade da referecircncia O material referenciado precisa ser acessiacutevel Quanto agrave acessibilidade entende-se como ser acessado pela internet para a realidade do seacuteculo XXI Os mais radicais defendem que atualmente se um artigo natildeo existir na internet por qualquer que seja a razatildeo ele simplesmente natildeo existe (REIZ 2013)
112 NORMAS PARA A ELABORACcedilAtildeO DAS REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS
Cada veiacuteculo tem normas determinadas que regem o modo como devem ser diagramados organizados e redigidos os artigos submetidos para publicaccedilatildeo O referenciamento bibliograacutefico pode seguir diversos padrotildees No Brasil a construccedilatildeo das referecircncias eacute regida sob a Norma NBR6023 da Associaccedilatildeo Brasileira de Normas Teacutecnicas (ABNT) que teve sua uacuteltima atualizaccedilatildeo feita em 2018 (wwwabntorgbr httpswwwyoutubecomwatchv=-lhwOCKE-N4) Outros padrotildees no entanto podem ser utilizados
Dentro da aacuterea da sauacutede e especialmente fora do Brasil o estilo Vancouver eacute o mais utilizado e pode ser acessado no endereccedilo wwwncbinlmnihgovbooksnbk7256 A lista de abreviaturas dos tiacutetulos de perioacutedicos que deve ser padronizada nas referecircncias pode ser acessada em wwwnlmnihgovtsdserialsljihtml
Eacute imprescindiacutevel que o autor se informe acerca de quais satildeo as normas do veiacuteculo em que pretende publicar seu artigo para que adapte a bibliografia ao modelo requerido Foge ao escopo deste capiacutetulo discriminar as regras de cada uma desses padrotildees Sugerimos acessar as normas de acordo com o indicado pela agecircncia
96 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
de fomento ou perioacutedico cientiacutefico ou ainda utilizar ferramentas ou programas especiacuteficos para a elaboraccedilatildeo de referecircncias bibliograacuteficas
113 FERRAMENTAS E LINKS UacuteTEIS
O processo de elaboraccedilatildeo e escrita das referecircncias bibliograacuteficas eacute para a maioria dos autores monoacutetono e cansativo Devido agrave grande quantidade de detalhes muitas pessoas recorrem a ferramentas de referenciaccedilatildeo desenvolvidas especificamente para esse propoacutesito Existem diversas opccedilotildees algumas pagas e outras gratuitas
Entre as opccedilotildees gratuitas existem o Docear (wwwdocearorg) desenvolvido em universidades o Zotero (wwwzoteroorg) criado em um centro de miacutedias o Facilis (httpfacilisuesbbr) e por fim o MORE criado pela Universidade Federal de Santa Catarina (httpwwwmoreufscbr) Esses dois uacuteltimos foram desenvolvidos para que pudessem gerar referecircncias de acordo com as normas da ABNT
Geralmente os softwares pagos possuem mais ferramentas e funccedilotildees sendo otimizados em relaccedilatildeo aos gratuitos Entre as opccedilotildees pagas estatildeo o Biblioscape (wwwbiblioscapecom) desenvolvido pela CG Informationreg o EndNote (wwwendnotecom) da Clarivate Analyticsreg e o Mendeley (wwwmendeleycom) da Elsevierreg Esses softwares foram desenvolvidos por empresas estrangeiras
Aleacutem das opccedilotildees citadas acima alguns editores de texto como o proacuteprio Microsoft Wordreg possuem ferramentas proacuteprias de referenciamento de texto No entanto ateacute o momento natildeo foi implementado junto ao Word nenhum modelo de norma da ABNT (httpssupportofficecompt-brarticlecriar-uma-bibliografia-citaC3A7C3B5es-e-referC3AAncias-17686589-4824-4940-9c69-342c289fa2a5)
Apecircndices e Anexos 97
REFEREcircNCIAS
ASSOCIACcedilAtildeO BRASILEIRA DE NORMAS TEacuteCNICAS NBR 6023 informaccedilatildeo e documentaccedilatildeo referecircncias elaboraccedilatildeo 2 ed Rio de Janeiro ABNT 2018
EVANGELISTA D S et al Como preparar minhas referecircncias bibliograacuteficas In CAVALCANTI L P G FONTENELE S M A Como escrever meu primeiro projeto de pesquisa na aacuterea de sauacutede dicas praacuteticas para a redaccedilatildeo cientiacutefica Fortaleza Centro Universitaacuterio Christus - Unichristus 2015 cap 15 p 91-110
MEDEIROS J B TOMASI C Normas para apresentar referecircncias In MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017 cap 9 p 203-224
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
MELNYK B M Evidence-based practice in nursing amp healthcare a guide to best practice 2nd ed Philadelphia Wolters KluwerLippincott Williams amp Wilkin 2011
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
PARTE II Os bastidores da elaboraccedilatildeo de uma produccedilatildeo cientiacutefica (ou Os alicercesretaguarda de uma
boa produccedilatildeo acadecircmica)
101
12COMO REALIZAR UMA BOA REVISAtildeO
BIBLIOGRAacuteFICA
Victor Hugo Lima JacintoVeyda Lourdes Ferreira Martins
Lilian Loureiro Albuquerque Cavalcante
ldquoCada investigador analisa minuciosamente os trabalhos dos investigadores que o precederam e soacute entatildeo compreendido o testemunho que lhe foi confiado parte
equipado para a sua proacutepria aventurardquo
(CARDOSO et al 2010)
121 INTRODUCcedilAtildeO
A revisatildeo bibliograacutefica ou revisatildeo de literatura corresponde ao compilado de conhecimentos que fundamentam a base teoacuterica da pesquisa Eacute indispensaacutevel para definir o problema ou questionamento bem como para obter uma ideia precisa do panorama atual sobre algum tema as suas lacunas e a contribuiccedilatildeo da investigaccedilatildeo para o desenvolvimento do conhecimento (BENTO2012)
Segundo Pereira (2012) ldquoa revisatildeo da literatura diz respeito agrave fundamentaccedilatildeo teoacuterica que seraacute adotada para tratar do tema e do problema da pesquisa Por meio da anaacutelise da literatura publicada eacute possiacutevel traccedilar um quadro teoacuterico e conceitual que daraacute sustentaccedilatildeo ao desenvolvimento da pesquisardquo
122 INICIANDO A REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
Como prerrogativa para o iniacutecio da busca bibliograacutefica o pesquisador necessita delinear o problemapergunta da pesquisa Deve estar ciente de qual eacute a finalidade do projeto (MOREIRA 2004 CARDOSO ALARCAtildeO CELORICO 2010) A leitura preacutevia de alguns textos para a seleccedilatildeo adequada do objetivo central e para o estabelecimento de possiacuteveis questionamentos eacute o primeiro passo para o direcionamento da revisatildeo da literatura Bem executada embasa uma produccedilatildeo cientiacutefica relevante que contribuiraacute para a evoluccedilatildeo do conhecimento
Muitos estudos apresentam falhas devido a natildeo delimitaccedilatildeo correta do problema A revisatildeo bibliograacutefica auxilia nessa compreensatildeo como tambeacutem evita
102 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
recorrer a pontos jaacute bem discutidos (BARROS 2011) Nesse contexto eacute vaacutelido acrescentar que novos campos investigativos podem ser evidenciados tanto em temas jaacute bem abordados quanto em aacutereas pouco desenvolvidas (BENTO 2012)
Uma estrateacutegia difundida no meio acadecircmico para iniciar uma revisatildeo de literatura eacute a estrateacutegia PICO A sigla representa um acrocircnimo para populaccedilatildeo Intervenccedilatildeo Comparaccedilatildeo e Outcomes (desfechos) pontos essenciais para a construccedilatildeo da pesquisa e do questionamento para a busca bibliograacutefica
A estrateacutegia PICO pode ser utilizada para construir questotildees de pesquisa de naturezas diversas oriundas da cliacutenica do gerenciamento de recursos humanos e materiais da busca de ferramentas para avaliaccedilatildeo de sintomas entre outras Se a pergunta da pesquisa estiver bem delineada pode-se direcionar de forma mais assertiva a busca da literatura relacionada nas bases de dados O MEDLINEPubMed uma das plataformas de pesquisa bem reconhecida disponibiliza uma interface para inserccedilatildeo direta dos quatro componentes da estrateacutegia PICO citada anteriormente podendo ser acessada por meio do endereccedilo eletrocircnico httpaskmedlinenlmnihgovaskpicophp
123 TIPOS DE REVISAtildeO BIBLIOGRAacuteFICA
A revisatildeo da literatura pode ser de trecircs tipos narrativa integrativa e sistemaacutetica Independentemente da metodologia todas buscam conhecer o panorama atual do tema em investigaccedilatildeo
A revisatildeo do tipo narrativa tambeacutem conhecida como exploratoacuteria ou tradicional natildeo apresenta criteacuterios sistemaacuteticos nem utiliza estrateacutegias rebuscadas para filtrar os estudos publicados O pesquisador seleciona a bibliografia sem exaurir toda a literatura disponiacutevel (CORDEIRO et al 2007)
A revisatildeo integrativa eacute um meacutetodo que proporciona a siacutentese de conhecimento e a incorporaccedilatildeo da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na praacutetica apresentando maior planejamento com criteacuterios de inclusatildeo e exclusatildeo bem desenhados e maior rigor metodoloacutegico (SOUZA 2010)
A revisatildeo sistemaacutetica por sua vez eacute realizada sob planejamento estruturado baseada em um tema especiacutefico bem delimitado com a inclusatildeo de estudos com meacutetodos semelhantes (ERCOLE MELO ALCOFORDA 2014) Busca-se com esse controle metodoloacutegico para a seleccedilatildeo dos estudos evitar vieses e erros aleatoacuterios Trata-se portanto de um meacutetodo de revisatildeo reprodutiacutevel que combina resultados de diferentes estudos com criteacuterios de seleccedilatildeo claros Nesse processo diferentemente da revisatildeo tipo narrativa e integrativa faz-se necessaacuteria a participaccedilatildeo de pelo menos dois pesquisadores que trabalham de forma independente para a definiccedilatildeo de quais dados coletados faratildeo parte da anaacutelise final (CORDEIRO et al 2007)
Os dados obtidos a partir de revisotildees sistemaacuteticas podem ser analisados
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 103
atraveacutes da aplicaccedilatildeo da teacutecnica de metanaacutelise que consiste em um meacutetodo de anaacutelise estatiacutestica especialmente desenvolvido para integrar os resultados de dois ou mais estudos independentes sobre uma mesma questatildeo de pesquisa combinando em uma medida resumo os resultados de tais estudos (EGGER SMITH 1997) As metanaacutelises funcionam como uma ldquoextensatildeordquo da pesquisa bibliograacutefica sistemaacutetica fornecendo estimativas mais precisas e maior generalizaccedilatildeo dos resultados
124 PONTOS CRIacuteTICOS QUANTIDADE VERSUS QUALIDADE DAS FONTES BIBLIOGRAacuteFICAS
No processo de construccedilatildeo do trabalho uma duacutevida frequente se refere agrave quantidade de fontes necessaacuterias para o sucesso de uma boa produccedilatildeo Agrave medida que se observam informaccedilotildees repetidas durante a pesquisa bibliograacutefica entende-se que a busca estaacute em finalizaccedilatildeo Eacute o que se denomina ldquoponto de saturaccedilatildeordquo (BENTO 2012) O foco deve ser direcionado agrave qualidade das informaccedilotildees coletadas enfatizando-se a relevacircncia dos dados obtidos bem como sua anaacutelise criacutetica
Outro ponto de duacutevida eacute como avaliar a qualidade da fonte a ser utilizada Recomenda-se iniciar a busca por meio de publicaccedilotildees com maior niacutevel de evidecircncia e se possiacutevel mais recentes (CARDOSO 2010)
Eacute imprescindiacutevel esclarecer que a revisatildeo bibliograacutefica natildeo consiste apenas em conhecer outras pesquisas e filtrar alguns dados Representa em sua essecircncia estabelecer uma visatildeo criacutetica acerca dos objetos de pesquisa sendo primordial a comparaccedilatildeoconfronto entre os trabalhos analisados Requer preparo e maturidade dos pesquisadores que vatildeo aprimorando-se ao longo das atividades acadecircmicas
Eacute importante estar atento para possiacuteveis erros na busca bibliograacutefica Devem ser evitados estudos com desenhos questionaacuteveis Natildeo se deve desprezar nenhuma obra importante acerca do tema abordado (CARDOSO 2010) O aprofundamento da revisatildeo cientiacutefica melhora a credibilidade da pesquisa Sugere-se realizar a pesquisa bibliograacutefica na seguinte ordem (ANDRADE 2009)
bull artigos publicados em perioacutedicos internacionais de alto impacto
bull artigos publicados em perioacutedicos nacionais reconhecidos
bull livros publicados por bons editores
bull teses e dissertaccedilotildees
bull anais de conferecircncias internacionais
bull anais de conferecircncias nacionais
104 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
125 ELABORANDO UM RESUMO DAS REFEREcircNCIAS SELECIONADAS
De uma maneira geral sugere-se que os pesquisadores devam selecionar as partes mais relevantes de cada texto e registrar as ideias oriundas a partir do estudo de todas as fontes selecionadas Apoacutes a finalizaccedilatildeo dessa leitura pode-se escrever um resumo enfatizando os dados mais importantes referenciando-os de forma adequada Para otimizar o tempo dispensado para a elaboraccedilatildeo das referecircncias bibliograacuteficas deve-se estar atento agraves citaccedilotildees que podem ser utilizadas posteriormente
126 FONTES DE PESQUISA
A pesquisa bibliograacutefica pode ser realizada em diferentes fontes sendo as principais artigos cientiacuteficos livros teses dissertaccedilotildees manuais normas teacutecnicas entre outras
Atualmente a internet representa a principal fonte de busca literaacuteria com vasto acervo bibliograacutefico Haacute diversos sites atualmente disponiacuteveis Alguns artigos natildeo estatildeo disponiacuteveis de forma gratuita devendo ser adquiridos por meio de taxas direcionadas agraves revistas cientiacuteficas ou por meio de centros universitaacuterios que as disponibilizam para os acadecircmicos e pesquisadores Seguem no quadro 121 abaixo os principais sites de pesquisa bibliograacutefica
Quadro 121 mdash Links para sites de pesquisa bibliograacutefica
Base Caracteriacutestica da Base de Dados
MEDLINE
Dados bibliograacuteficos da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos Ameacuterica (EUA) com artigos de jornais cientiacuteficos da aacuterea meacutedica dos EUA e de outros paiacuteses (PUBMED
MEDLINEPubMed Literatura biomeacutedica Conteacutem textos completos
LILACS Dados da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciecircncias da Sauacutede
Perioacutedicos CAPES Disponibiliza produccedilatildeo cientiacutefica internacional
SciELO Perioacutedicos cientiacuteficos de base multidisciplinar do Brasil Ameacuterica Latina e Caribe
Google Scholar Pesquisa de materiais acadecircmicos variadosCochrane Database of Systematic Review Tratamentos de sauacutede e intervenccedilotildees sociais
ERICEducaccedilatildeo e temas relacionados Indexa artigos resumos de congressos teses Dissertaccedilotildees monografias dentre outros materiais
Continua
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 105
Base Caracteriacutestica da Base de DadosScience Direct Multidisciplinar
Web of Science Multidisciplinar Indexa apenas os perioacutedicos mais citados em seus respectivos campos
Banco de teses da CAPES Multidisciplinar Reuacutene teses e dissertaccedilotildees brasileiras
BVS
Permite realizar uma busca integrada nas bases de dados da BIREME Informaccedilotildees em sauacutede na Ameacuterica Latina com resumos e referecircncias de artigos na aacuterea da sauacutede
ClinicalKey Site de pesquisa meacutedica que com acesso a publicaccedilotildees da editora Elsevier
SAGE Foco nas aacutereas de ciecircncias humanas e ciecircncias sociais aplicadas
Research Evidence in Education Library Intervenccedilotildees educacionaisThe Campbell Collaboration Intervenccedilotildees sociais e poliacuteticas puacuteblicasThe Evidence for Policy and Practice Information and Co-ordinating Centre (EPPI-Centre) Sauacutede sociais e poliacuteticas puacuteblicas
Para facilitar as pesquisas em tais bases eletrocircnicas alguns instrumentos de refinamento da busca bibliograacutefica podem ser utilizados Satildeo filtros que podem ser associados agraves palavras-chave para delimitar a busca tais como data de publicaccedilatildeo idioma tipo de artigo (revisatildeo sistemaacutetica metanaacutelise ensaio cliacutenico etc)
Aleacutem disso podem ser utilizados operadores de busca que auxiliam a pesquisa nas bases de dados No quadro 122 estatildeo citados os principais operadores utilizados
Quadro 122 mdash Operadores de busca para pesquisa bibliograacutefica em bases de dados cientiacuteficos
Operadores de buscaOperadores loacutegicos ou Booleanos
AND Recupera apenas os registros que contecircm ambos os termos da busca Ex diabetes AND dyslipidemia
OR Recupera registros tanto de um termo da busca quanto do outro Ex gestation OR pregnancy
NOTRecupera os registros relacionados ao primeiro termo da busca que natildeo conteacutem o segundo termo Ex dyslipidemia NOT child
Operador de mascaramentoContinua
106 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Operadores de busca
Substitui uma letra da palavra da busca por para possiacuteveis variaccedilotildees na escrita Ex Brail (dados com Brasil e Brazil)
Operador de truncamento
Substitui a finalizaccedilatildeo de uma palavra Ex diabet (dados com diabetes diabetic diabetology)
Obs 1 Os operadores Booleanos devem ser sempre escritos em letra maiuacutescula e podem ser inseridos entre qualquer termo que esteja sendo pesquisadoObs 2 Diante de um termo composto haacute a necessidade do uso das aspas para a especificaccedilatildeo dos termos Ex ldquotype 1 diabetes mellitusrdquo AND ldquophysical exerciserdquoObs 3 Para a combinaccedilatildeo e orientaccedilatildeo de buscas pode-se usar a ferramenta parecircnteses As informaccedilotildees entre parecircnteses satildeo consideradas primeiro Ex (Type 1 OR Type 2 diabetes) AND ldquophysical exercicerdquo
As palavras-chave ou descritores devem estar inseridos na plataforma de busca previamente Natildeo podem ser criadas de forma aleatoacuteria No PubMed pode-se utilizar a ferramenta MesH para a visualizaccedilatildeo dos termos mais adequados Para isso deve-se acessar o link MeSH no filtro Search na primeira paacutegina de acesso ao site Caso a palavra-chave natildeo esteja na lista da plataforma o sistema sugeriraacute o termo mais adequado
127 PASSOS PARA A REVISAtildeO DA LITERATURA
A compreensatildeo das etapas envolvidas na busca bibliograacutefica representa o alicerce baacutesico para a confecccedilatildeo de uma redaccedilatildeo cientiacutefica de qualidade De acordo com Bento (2012) uma boa revisatildeo bibliograacutefica eacute composta principalmente por quatro etapas conforme segue abaixo
bull Identificar palavras-chave ou descritores deve ser criada uma seacuterie de palavras-chave acerca do tema em investigaccedilatildeo para que seja realizada a pesquisa nas bases de dados
bull Rever fontes secundaacuterias representam redaccedilotildees de autores que interpretam trabalhos de outros estudiosos
bull Recolher fontes primaacuterias corresponde ao estudo dos trabalhos originais de autores e investigadores sendo coletados principalmente por meio de artigos em perioacutedicos cientiacuteficos Uma estrateacutegia recomendada nessa etapa eacute classificar cada fonte como ldquomuito importanterdquo ldquomoderadamente importanterdquo e ldquoalgo importanterdquo
bull Ler criticamente e resumir a literatura esse passo envolve questionar especular avaliar repensar e sintetizar de forma criacutetica a literatura recolhida Eacute importante avaliar nesse toacutepico aspectos relevantes do seu estudo pontos em comum entre os autores e questotildees natildeo abordadas ateacute o momento
Como Realizar uma Boa Revisatildeo Bibliograacutefica 107
No quadro 123 seguem algumas orientaccedilotildees para a sistematizaccedilatildeo do processo de revisatildeo de literatura
Quadro 123 mdash Sugestatildeo de roteiro para a realizaccedilatildeo da revisatildeo de literatura e estudo do estado da arte de um tema
Defina o tema da pesquisaLeia trabalhos relacionadosDelimite o problemaSelecione palavras-chave ou descritoresInicie a busca nas bases de dados para pesquisa bibliograacuteficaSelecione os tiacutetulos relacionados leia os resumos e toacutepicos principaisRealize a leitura completa das obras selecionadasFaccedila resumos com anaacutelise criacuteticaArquive os dados para reanaacutelise posteriorUtilize a sua revisatildeo para embasar seu projeto ou artigo ou ainda para elaborar uma revisatildeo de literatura
128 CONCLUSAtildeO
Conhecer os passos para a realizaccedilatildeo de uma pesquisa bibliograacutefica de qualidade representa uma etapa importante para a vida acadecircmica Atualmente estatildeo disponiacuteveis diversas bases de dados eletrocircnicas que vieram para facilitar esse processo permitindo o acesso dos pesquisadores a amplo conteuacutedo cientiacutefico Ser capaz de identificar entre esse vasto universo de publicaccedilotildees aquelas que satildeo relevantes para o desenvolvimento cientiacutefico consiste em condiccedilatildeo essencial para a elaboraccedilatildeo de projetos de pesquisa e artigos cientiacuteficos de qualidade
108 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
BENTO A Como fazer uma revisatildeo da literatura consideraccedilotildees teoacutericas e praacuteticas Madeira [s n] 201- Disponiacutevel em httpwww3umaptbentoRepositorioRevisaodaliteraturapdf Acesso em 22 nov 2020
MOREIRA W Revisatildeo de Literatura e Desenvolvimento Cientiacutefico conceitos e estrateacutegias para confecccedilatildeo [S l s n] 2004 Disponiacutevel em httpsfilescercompufgbrwebyup19oRevis__o_de_Literatura_e_desenvolvimento_cient__ficopdf Acesso em 09 jul 2020
CORDEIRO A M et al Revisatildeo sistemaacutetica uma revisatildeo narrativa Rev Col Bras Cir Rio de Janeiro v 34 n 6 p 428-431 dez 2007
SOUZA M T SILVA M D CARVALHO R Revisatildeo integrativa o que eacute e como fazer Einstein [S l] v 8 n1 p 102-6 2010
ERCOLE F F MELO L S ALCOFORADO C L G C Revisatildeo integrativa versus revisatildeo sistemaacutetica REME - Rev Min Enferm Belo Horizonte v 18 n 1 janmar 2014 Disponiacutevel em httpwwwdxdoiorg1059351415-276220140001 Acesso em 11 jul 2020
ANDRADE MM Introduccedilatildeo agrave metodologia do trabalho cientiacutefico elaboraccedilatildeo de trabalhos na graduaccedilatildeo9 ed Satildeo Paulo Atlas 2009
EGGER M SMITH G D Meta-analysis potentials and promise BMJ Londres v 315 n 7119 p 1371-4 nov 1997
BARROS J A A Revisatildeo Bibliograacutefica - Dimensatildeo fundamental para o planejamento da Pesquisa Instrumento R Est Pesq Educ Juiacutez de Fora v 13 n 1 2011
109
13A REDACcedilAtildeO ACADEcircMICA DICAS PARA UMA BOA
ESCRITA
Veyda Lourdes Ferreira MartinsClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoO gosto pela escrita cresce agrave medida que se escreverdquo
Erasmo de Rotherdam
A evoluccedilatildeo do conhecimento cientiacutefico somente eacute possiacutevel por meio da transmissatildeo das descobertas oriundas de pesquisas nas mais diversas aacutereas e para que isso ocorra o exerciacutecio da escrita se faz fundamental O sucesso de uma produccedilatildeo acadecircmica passa pela qualidade da escrita ao final do processo Saber escrever um bom texto cientiacutefico eacute tatildeo importante quanto saber executar as demais fases da pesquisa Poreacutem escrever bem natildeo eacute uma tarefa simples Mesmo com vocaccedilatildeo e habilidades inatas eacute necessaacuteria a praacutetica constante da redaccedilatildeo visando a seu aperfeiccediloamento contiacutenuo por meio da aquisiccedilatildeo de habilidades teacutecnicas
Aleacutem disso escrever bem envolve conhecer o puacuteblico para o qual se destina o seu produto De uma maneira geral a escrita cientiacutefica apresenta particularidades especiacuteficas que visam agrave transmissatildeo de informaccedilatildeo e conhecimento com objetividade exatidatildeo ldquoimparcialidaderdquo e eacutetica como deseja o leitor de um trabalho cientiacutefico Segundo Reiz (2012) eacute essencial distinguir redaccedilatildeo cientiacutefica e redaccedilatildeo literaacuteria (quadro 131)
Assim o objetivo deste capiacutetulo eacute apresentar algumas consideraccedilotildees sobre a escrita acadecircmica discutindo alguns viacutecios comumente observados e como evitaacute-los
131 A ESCRITA ACADEcircMICA
Redigir um texto geralmente eacute uma das partes mais difiacuteceis de um trabalho acadecircmico gerando diferentes graus de inseguranccedila no aluno Esse fenocircmeno contudo eacute algo frequente e esperado que tende a melhorar ao longo da redaccedilatildeo Agrave medida que o aluno vai escrevendo o bloqueio e a inseguranccedila inicial tendem a diminuir e as ideias comeccedilam a surgir
110 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 131 mdash Diferenccedilas entre a redaccedilatildeo cientiacutefica e literaacuteria
Redaccedilatildeo cientiacutefica Redaccedilatildeo literaacuteriaInformaccedilatildeo e conhecimento Sentimento e emoccedilatildeoTeacutecnica EsteacuteticaObjetividade SubjetividadeExatidatildeo Adorno na expressatildeoNormas de uso obrigatoacuterio Livre escolhaPrecisatildeo Interpretaccedilotildees diversas (estiacutemulo agrave imaginaccedilatildeo)Denotaccedilatildeo ConotaccedilatildeoEspecificaccedilatildeo GeneralizaccedilatildeoModeacutestia e sobriedade Requinte e refinamentoImparcialidade Juiacutezo de valor
Adaptado de Reiz 2012
Entatildeo a primeira dica eacute COMECE Mesmo que o texto seja reformulado depois comece a escrever Natildeo importa se a primeira versatildeo natildeo ficou adequada o texto sempre poderaacute ser reformulado com a ajuda do orientador ou de pesquisadores mais experientes No entanto cuidado natildeo inicie a redaccedilatildeo antes de conhecer muito bem a histoacuteria que iraacute contar (VOLPATO 2015)
Ao iniciar eacute importante que o aluno calcule adequadamente o tempo necessaacuterio para finalizar a versatildeo inicial de sua produccedilatildeo planejando tempo haacutebil para a sua proacutepria revisatildeo para a revisatildeo do orientador e para que o texto seja reformulado caso precise
Eacute necessaacuterio ainda dedicar tempo para uma boa revisatildeo ortograacutefica e gramatical Quando uma produccedilatildeo cientiacutefica conteacutem erros de escrita os pareceristas e revisores das agecircncias de fomentos e de revistas cientiacuteficas podem recusar projetos ou artigos por entenderem tais erros como desleixo E se existe desleixo na escrita do trabalho eacute de se esperar que as outras etapas da pesquisa tambeacutem possam ter sido realizadas sem zelo Portanto um texto que natildeo segue a norma-padratildeo da liacutengua pode comprometer a credibilidade do estudo e dos pesquisadores (KOLLER 2014)
Aleacutem de respeitar a norma-padratildeo da liacutengua o texto cientiacutefico deve atender a alguns requisitos baacutesicos desse tipo de gecircnero literaacuterio ndash CLAREZA COESAtildeO CONCISAtildeO e PRECISAtildeO satildeo imprescindiacuteveis para uma boa produccedilatildeo acadecircmica (REIZ 2013) Isso natildeo significa no entanto que a redaccedilatildeo cientiacutefica deva ser monoacutetona e cansativa
CRIATIVIDADE ORIGINALIDADE e INSPIRACcedilAtildeO tambeacutem satildeo desejaacuteveis na redaccedilatildeo cientiacutefica O escritor deve buscar elaborar um texto que ao mesmo tempo em que transmite a ideia central da pesquisa consiga chamar a atenccedilatildeo e promover entusiasmo no leitor E este sim eacute um grande desafio para o autor de textos cientiacuteficos
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 111
ldquoinformar o indispensaacutevel sem perder a harmoniardquo (REIZ 2013) Desafio este que poderaacute ser alcanccedilado agrave custa do estudo das teacutecnicas da redaccedilatildeo cientiacutefica moderna e de muita dedicaccedilatildeo (MEDEIROS 2017)
132 A REDACcedilAtildeO CIENTIacuteFICA O QUE FAZER E O QUE NAtildeO FAZER AO REDIGIR UM TEXTO ACADEcircMICO
Nesse toacutepico seratildeo apresentadas algumas recomendaccedilotildees que visam conduzir o pesquisador na elaboraccedilatildeo de um texto que atenda aos princiacutepios baacutesicos da escrita cientiacutefica Vejamos
bull Planeje o texto em toacutepicos faccedila um esboccedilo ou sumaacuterio provisoacuterio de como pretende expor as ideias ao longo do texto Em geral as revistas cientiacuteficas tradicionais sugerem a divisatildeo do manuscrito em INTRODUCcedilAtildeO MEacuteTODOS RESULTADOS e DISCUSSAtildeO Entretanto atualmente alguns perioacutedicos de alto impacto tecircm proposto diferente disposiccedilatildeo para essa divisatildeo
bull Apresente uma ideia por paraacutegrafo evite paraacutegrafos muito longos O paraacutegrafo deve ser construiacutedo com planejamento Em geral cada paraacutegrafo deve conter uma ideia central que deve ser exposta na(s) primeira(s) frase(s) e que seraacute a base para o desenvolvimento das ideias secundaacuterias Deve haver articulaccedilatildeo entre os paraacutegrafos O paraacutegrafo seguinte deve abordar uma nova ideia relacionada agrave que fora previamente apresentada
bull Escreva sentenccedilas em ordem direta sempre que possiacutevel utilize sujeito + verbo + objeto No entanto dependendo do contexto a voz passiva tambeacutem poderaacute ser utilizada visando facilitar o encadeamento das ideias Aleacutem disso autores de textos cientiacuteficos na liacutengua inglesa frequentemente utilizam a voz passiva
bull Seja claro transmita as ideias de maneira compreensiacutevel Para isso prefira sentenccedilas afirmativas e frases curtas que facilitam a concatenaccedilatildeo das ideias Frases simples satildeo mais eficazes no entendimento e na memorizaccedilatildeo das informaccedilotildees Quando o autor tem maior autoridade sobre determinado assunto o conteuacutedo poderaacute ser escrito e transmitido de maneira mais simples Quando o pesquisador estaacute confuso seu texto tambeacutem pareceraacute confuso portanto aproprie-se do tema
bull Seja preciso todos os leitores devem ter o mesmo entendimento da informaccedilatildeo
bull Seja conciso elimine termos que natildeo tenham significado especiacutefico e que natildeo acrescentem sentido agrave informaccedilatildeo Exclua adjetivos adveacuterbios numerais e outros elementos que natildeo sejam essenciais para o entendimento
bull Seja original muitas vezes a originalidade natildeo se refere apenas ao ineacutedito Pode ser uma maneira diferente de transmitir a ideia em apresentar uma nova
112 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
teacutecnica de comunicar os achados e detectar novas possibilidades ou interpretaccedilotildees
bull Respeite o gecircnero literaacuterio a linguagem cientiacutefica deve seguir as normas da liacutengua padratildeo Em textos acadecircmicos a exatidatildeo e o rigor formal satildeo primordiais No entanto lembre-se deque o texto deve destinar-se agravecompreensatildeo dos cientistas nas diferentes aacutereas do conhecimento e natildeo apenas aos especialistas
bull Respeite o Novo Acordo Ortograacutefico da Liacutengua Portuguesa para textos na liacutengua portuguesa recomenda-se consultar as normas vigentes no link httpwwwacademiaorgbrnossa-linguabusca-no-vocabulario e no aplicativo VOLPreg disponiacutevel para iOS e Android
Apesar de parecer algo simples atender a todos os requisitos acima expostos natildeo eacute uma constante em todos os textos acadecircmicos atualmente produzidos Ainda eacute frequente depararmo-nos com textos que apresentam viacutecios que comprometem a qualidade da escrita A seguir alguns exemplos que devem ser evitados
bull Escrever em linguagem oral (escrever como se fala) deve-se empregar a norma-padratildeo
bull Repeticcedilotildees de palavras e expressotildees busque diversidade de vocabulaacuterio Utilize os sinocircnimos mantendo a articulaccedilatildeo de ideias e a exposiccedilatildeo dos pensamentos de forma coerente
bull Frases rebuscadas Palavras abstratas expressotildees vagas adjetivos e adveacuterbios natildeo agregam valor agrave informaccedilatildeo
bull Ambiguidades demonstra incerteza sobre o que se fala e compromete a clareza
bull Paraacutegrafos sem conectores sempre que possiacutevel utilize conectores entre paraacutegrafos e entre um periacuteodo e outro No entanto lembre-se de que a simples presenccedila de um conector natildeo garante fluidez ou coerecircncia Outra forma de melhorar a fluidez da leitura eacute iniciar a frase seguinte com alguma informaccedilatildeo apresentada no periacuteodo anterior Isso facilita o processo de encadeamento e progressatildeo de ideias trazendo coesatildeo ao texto
bull Frases muito longas mais uma vez divida as sentenccedilas em frases menores
bull Queiacutesmo (utilizar muitas vezes a palavra ldquoquerdquo) Quando necessaacuterio substitua-o pelas palavras agraves quais ele se refere (caso tal palavra jaacute tenha aparecido muitas vezes no texto opte pelos sinocircnimos) Outra opccedilatildeo eacute dividir periacuteodos longos interligados pelo ldquoquerdquo em frases mais curtas
bull Estrangeirismos sem aspas ou itaacutelicos Sempre que incluir algum termo de outra liacutengua destaque-o por meio de aspas ou da letra em itaacutelico
bull Abreviaturas e siglas natildeo identificadas Todas devem ser explicadas na primeira vez em que forem citadas no texto
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 113
bull Erros ortograacuteficos e de pontuaccedilatildeo revise o texto quantas vezes forem necessaacuterias Atenccedilatildeo especial para as viacutergulas natildeo se separa sujeito de verbo e verbo de complemento Atenccedilatildeo ainda para o posicionamento dentro de uma sentenccedila Viacutergulas mal colocadas podem alterar o sentido da frase
bull Figuras e viacutecios de linguagem elimine possiacuteveis metaacuteforas ecos e pleonasmos
bull Desvio de sintaxe atenccedilatildeo para as regras de concordacircncia e regecircncia verbal
bull Utilizaccedilatildeo excessiva de jargotildees teacutecnicos palavras complexas truncam a leitura e afastam o leitor
133 A QUESTAtildeO DO TEMPO VERBAL
Existem opiniotildees divergentes entre os pesquisadores sobre a escolha de uma redaccedilatildeo pessoal ou impessoal para o texto cientiacutefico Tradicionalmente utiliza-se a redaccedilatildeo impessoal visando a uma suposta ldquoimparcialidaderdquo do texto cientiacutefico ou seja os meus resultados e conclusotildees seratildeo repetidos por outros autores que conduzam a mesma pesquisa Nesse caso poderiacuteamos afirmar ldquoconclui-se querdquo pois natildeo se trata de uma conclusatildeo pessoal e sim de um achado baseado em fatos (VOLPATO 2015)
No entanto os defensores do uso da primeira pessoa alegam que os pesquisadores devem apropriar-se dos seus achados e conclusotildees Segundo tais autores ser impessoal eacute
ldquo retomar a uma ciecircncia jaacute ultrapassada que assumia que o conhecimento eacute objetivo porque as conclusotildees satildeo determinadas por dados objetivos que natildeo dependem da vontade do cientistardquo (VOLPATO 2015)
E ainda
ldquo essa postura eacute prepotente na medida em que supotildee que a anaacutelise do autor eacute verdadeira lsquoconclui-sersquo significa que todos concluiratildeo a mesma coisa pois independe da pessoa que a expressardquo (VOLPATO 2015)
De fato atualmente haacute uma tendecircncia para o uso da primeira pessoa Em muitas revistas de alto impacto os artigos satildeo escritos com redaccedilatildeo na primeira pessoa Poreacutem tambeacutem existem revistas de prestiacutegio que mantecircm a redaccedilatildeo impessoal talvez em funccedilatildeo da manutenccedilatildeo do que eacute o mais tradicional Na verdade natildeo haacute certo ou errado nesse quesito e a maioria das revistas natildeo impotildee regras nesse sentido A leitura de bons perioacutedicos ajudaraacute que os autores definam suas preferecircncias e a utilizem de acordo com o seu estilo
114 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
134 POR ONDE COMECcedilAR
Aleacutem de tentar atender agraves teacutecnicas de escrita acima apresentadas o autor de textos cientiacuteficos deve procurar sistematizar o processo da redaccedilatildeo Seguir uma ordem que facilite a exposiccedilatildeo das ideias dentro de um artigo cientiacutefico pode ser uma dica valiosa que ajuda a responder a outra duacutevida que frequentemente aflige o jovem pesquisador ldquoPOR ONDE COMECcedilARrdquo
Para responder a essa duacutevida vaacuterios autores sugerem teacutecnicas diversas Aqui iremos apresentar uma sugestatildeo de Volpato (2015) que desenvolveu o que ele denomina de Meacutetodo Loacutegico para a Redaccedilatildeo Cientiacutefica Segundo esse autor o artigo cientiacutefico eacute uma histoacuteria que deve ser narrada com precisatildeo e que pode ser escrito na seguinte sequecircncia
CONCLUSAtildeO RESULTADOS MEacuteTODOS DISCUSSAtildeO INTRODUCcedilAtildeO RESUMO TIacuteTULO
Para isso o pesquisador deveraacute
bull entender com clareza o final da histoacuteria ndash resultados e conclusatildeo
bull descrever todos os meios e procedimentos para alcanccedilaacute-los ndash meacutetodos
bull explicar os resultados que ele alcanccedilou e comparaacute-lo com o que diz outros autores ndash discussatildeo
bull explicar o cenaacuterio onde tal histoacuteria se desenvolveu e o porquecirc de desenvolvecirc-la ndash introduccedilatildeo
bull e finalmente somente apoacutes a construccedilatildeo completa da histoacuteria o escritor deveraacute resumi-la (resumo) e dar-lhe um nome (tiacutetulo)
Essa sequecircncia pode facilitar o processo da redaccedilatildeo No entanto ressalta-se que cada pesquisador deve ter liberdade para utilizar a teacutecnica que lhe apraz e que domina O cientista natildeo deve ser riacutegido perante as regras preacute-concebidas a criatividade eacute essencial agrave ciecircncia
135 REVISAtildeO DO TEXTO
Programar tempo para a revisatildeo eacute fundamental Revisar o proacuteprio texto exaustivamente eacute altamente recomendado Revise-o do iniacutecio ao fim quantas vezes forem necessaacuterias Preferentemente leia-o em voz alta A escuta poderaacute auxiliar no processo de reformulaccedilatildeo de frases Muitas vezes ao ler o texto em voz alta
A Redaccedilatildeo Acadecircmica - Dicas para Uma Boa Escrita 115
percebemos trechos da escrita que natildeo estatildeo claros ou coerentes Se algum trecho soar estranho reformule-o
Outra dica peccedila ajuda Submeta seu texto agrave apreciaccedilatildeo de colegas mais experientes ou amigos que tenham um bom domiacutenio da liacutengua portuguesa mesmo que natildeo sejam da aacuterea Esse eacute um bom teste para avaliar a clareza de sua produccedilatildeo
Durante a revisatildeo eacute importante ainda natildeo confundir estrutura e apresentaccedilatildeo visual do trabalho com redaccedilatildeo cientiacutefica Atender agraves diretrizes para formataccedilatildeo e normalizaccedilatildeo dos elementos preacute-textuais textuais e poacutes-textuais de uma produccedilatildeo acadecircmica embora necessaacuterio natildeo acrescentam qualidade agrave essecircncia do texto cientiacutefico (REIZ 2012)
136 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Como demonstrado acima o texto cientiacutefico demanda uma seacuterie de requisitos para que seja produzido de maneira adequada Portanto natildeo deixe para escrever na uacuteltima hora Aleacutem disso o tempo destinado para estudar o tema antes de escrever interfere diretamente na qualidade da informaccedilatildeo que seraacute redigida Lembre-se o autor deve ter pleno domiacutenio do tema abordado a fim de que possa escrever e transmitir as ideias de maneira simples e de faacutecil compreensatildeo para os seus futuros leitores Portanto dedique tempo para a leitura preacutevia e tambeacutem concomitante agrave escrita Muitas vezes as ideias natildeo vecircm todas de uma vez Caso vocecirc comece a redigir seu texto com antecedecircncia provavelmente as ideias iratildeo surgindo e vocecirc teraacute tempo para enriquececirc-lo agregando ainda mais valor agrave informaccedilatildeo produzida
Recomenda-se ainda para todo jovem pesquisador a leitura de manuais especiacuteficos sobre a redaccedilatildeo cientiacutefica Muitos desses livros e manuais abordam diversos aspectos da escrita acadecircmica em profundidade e satildeo de grande valia nesse processo Aleacutem disso a academia tem um papel fundamental em enfatizar a importacircncia da escrita estimulando e capacitando os alunos para tal Muitas vezes a inseguranccedila eacute falta de conhecimento e teacutecnica
Finalizamos com um trecho transcrito de um manual sobre a redaccedilatildeo cientiacutefica moderna que pode ser de grande valia para pesquisadores jovens bem como para aqueles mais experientes ldquoA redaccedilatildeo cientiacutefica eacute o ato de escrever que consiste em transformar a leitura especializada observaccedilatildeo investigaccedilatildeo e capacidade de refletir em comunicaccedilatildeo escrita com clareza precisatildeo concisatildeo e simplicidaderdquo e ldquoQuando se transforma esse ofiacutecio em arte isto eacute em prazer ou trabalho criativo o estudo ganha outra dimensatildeo torna-se mais criacutevel e haacute menos desgaste emocionalrdquo (REIZ 2013)
116 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MATIAS-PEREIRA J Manual de metodologia da pesquisa cientiacutefica 3 ed Satildeo Paulo Atlas 2012
MEDEIROS J B TOMASI C Redaccedilatildeo de artigos cientiacuteficos meacutetodos de realizaccedilatildeo seleccedilatildeo de perioacutedicos publicaccedilatildeo Satildeo Paulo Atlas 2017
REIZ P Redaccedilatildeo cientiacutefica moderna Satildeo Paulo Hyria 2013
VOLPATO G L O meacutetodo loacutegico para redaccedilatildeo cientiacutefica Rev Eletron Comun Inf Inov Sauacutede Rio de Janeiro v 9 n 1 p 1-14 2015 Disponiacutevel em httpswwwarcafiocruzbrbitstreamicict17013210pdf Acesso em09 abr 2020
117
14TRADUCcedilAtildeO DE TRABALHOS
ACADEcircMICOS PARA O INGLEcircS
Wellison Gil Magalhatildees de Almeida
ldquoThe limits of my language are the limits of my worldrdquo
(Os limites do meu idioma satildeo os limites do meu mundo)
Ludwig Wittgenstein
No uacuteltimo seacuteculo o inglecircs tornou-se a liacutengua da ciecircncia Haacute uma tendecircncia progressiva para a publicaccedilatildeo de trabalhos cientiacuteficos em inglecircs Publicaccedilotildees em outras liacutenguas que natildeo seja o inglecircs satildeo menos valorizadas pela comunidade cientiacutefica internacional Desse modo eacute preciso privilegiar a utilizaccedilatildeo do inglecircs na redaccedilatildeo dos artigos de modo a aumentar a visibilidade da publicaccedilatildeo e permitir seu acesso de forma mais ampla agrave comunidade cientiacutefica nacional e internacional
Assim como o objetivo principal de um pesquisador eacute transmitir seus achados para a comunidade cientiacutefica se quisermos que nossos trabalhos acadecircmicos escritos em portuguecircs tenham maior poder de alcance e visibilidade teremos que escrevecirc-los em inglecircs ou traduzi-los para essa liacutengua No entanto traduzir natildeo constitui uma tarefa faacutecil A maior dificuldade em traduccedilatildeo eacute que para fazecirc-la eacute preciso ter um excelente conhecimento da liacutengua o que soacute se obteacutem depois de muitos anos de estudo do idioma Para traduzir o acadecircmico natildeo precisa escrever em inglecircs ou compreender o inglecircs falado mas precisa conhecer muito bem a estrutura gramatical da liacutengua
Ademais existe uma diferenccedila significativa entre escrever em inglecircs e escrever bem em inglecircs A verdade eacute que assim como existe diferenccedila entre escrever em portuguecircs e escrever bem em portuguecircs o mesmo se aplica agrave escrita em inglecircs Aleacutem disso nem todo falante nativo de inglecircs que escreve bem em inglecircs pode escrever bem para a literatura cientiacutefica (MARLOW 2014) A escrita cientiacutefica em inglecircs possui estilo e ritmo proacuteprios Por exemplo destaca-se o uso da voz passiva que eacute considerada uma forma de inglecircs pobre para a maioria das formas de escrita fora da ciecircncia (notiacutecias romances etc) Todavia em textos cientiacuteficos o uso da voz passiva eacute aceitaacutevel e incentivado pois com uso da voz passiva pode-se enfatizar a accedilatildeo e natildeo quem a praticou (MARLOW 2014)
O texto a ser traduzido deve estar bem escrito na liacutengua nativa caso contraacuterio
118 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
a traduccedilatildeo seguiraacute os erros do texto original tornando-o por vezes incompreensiacutevel Conveacutem revisar todo o texto antes de iniciar a traduccedilatildeo
Ao iniciar o processo de traduccedilatildeo recomenda-se manter-se sempre fiel ao texto original pois um miacutenimo erro de traduccedilatildeo pode prejudicar todo o trabalho tornando a ideia-chave ou os achados da pesquisa confusos
Geralmente na aacuterea da sauacutede os termos utilizados satildeo muito especiacuteficos e natildeo fazem parte do vocabulaacuterio cotidiano Portanto deve-se pesquisar cada uma das palavras expressotildees abreviaccedilotildees e acrocircnimos para saber se os termos estatildeo adequados
Deve-se evitar uma linguagem muito rebuscada tanto em inglecircs quanto em portuguecircs Eacute necessaacuterio considerar o puacuteblico que iraacute ler A liacutengua portuguesa natildeo eacute tatildeo objetiva quanto a inglesa por isso eacute mais faacutecil colocar palavras desnecessaacuterias e ser redundante entretanto o mesmo natildeo acontece no inglecircs o que poderaacute tornar a traduccedilatildeo bem menor que o texto original
Por fim o texto traduzido deve ser revisado procurando deixaacute-lo de acordo com a linguagem acadecircmica Para isso abaixo satildeo apresentadas algumas dicas para escrever bem em inglecircs acadecircmico publicadas originalmente por Marlow (2014) ndash httpwwwdxdoiorg106061clinics2014(03)01 ndash traduzidas e apresentadas neste capiacutetulo com autorizaccedilatildeo
141 DICAS PARA ESCREVER BEM EM INGLEcircS ACADEcircMICO
1 Evite frases iniciais com lsquorsquoIt isrdquo
Em portuguecircs quando se quer enfatizar ou expressar um relevo argumentativo geralmente se utilizam frases como
ldquoEacute conveniente destacar quehelliprdquo ldquoEacute importantehelliprdquo ldquoEacute muito comumhelliprdquo
Muitas traduccedilotildees satildeo feitas assim
ldquoIt should be noted thathelliprdquo rsquorsquoIt is importanthelliprsquorsquo ldquoIt is very commonhelliprdquo
Essas frases satildeo gramaticalmente corretas mas satildeo fracas e tecircm uma estrutura gramatical de iniciante no idioma Uma ou duas por paraacutegrafo pode ser bom mas o uso repetido dessa estrutura de frases pode diminuir a maturidade percebida do seu trabalho
Essas frases devem ser reformuladas
Frase original lsquolsquoEacute importante destacar as pesquisas mais recentes quersquorsquo
Frase em inglecircs lsquolsquoIt is important to highlight the most recent researches thathelliprsquorsquo
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 119
Frase em inglecircs acadecircmico lsquoThe most recent researches that () are important to highlightrsquorsquo
2 Evite ocultar o sujeito das sentenccedilas
Em portuguecircs para evitar repeticcedilatildeo omitimos o sujeito ao longo do paraacutegrafo se ele jaacute tiver sido mencionado anteriormente Entretanto em inglecircs eacute necessaacuterio continuar explicando a quem estamos nos referindo mesmo que isso implique repeticcedilatildeo Em inglecircs eacute melhor ter paralelismo do que natildeo ser repetitivo
Frase original ldquoNesta pesquisa 418 estudantes responderam a um questionaacuterio Destes 95 (2273) eram do quinto semestrerdquo
Frase em inglecircs ldquoIn this study 418 students answered a questionnaire Of these 95 (2273) were from the fifth semesterrdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquoIn this study 418 students answered a questionnaire Of these 95 (2273) students were from the fifth semesterrdquo
3 Tente usar a primeira pessoa (lsquoIrsquo e lsquowersquo) o miacutenimo possiacutevel e troque-a pela voz passiva
A sugestatildeo de usar a voz passiva estaacute diretamente relacionada agrave traduccedilatildeo do portuguecircs-inglecircs na qual a primeira pessoa do plural eacute comumente usada de forma excessiva Quando se utiliza a voz passiva o objeto fica sempre no iniacutecio da frase enquanto o autor da accedilatildeo pode ou natildeo estar presente na sentenccedila Mas caso esteja deve sempre estar ao final dela Outro aspecto relevante em relaccedilatildeo agrave voz passiva eacute o tempo verbal da frase Ao se realizar a inversatildeo de voz ativa para passiva a construccedilatildeo precisa ser adaptada de acordo com cada tipo de tempo verbal
Frase original lsquolsquoEncontramos 50 artigos acerca do assuntohelliprsquorsquo
Frase em inglecircs ldquoWe found 50 articles about the subjecthelliprdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquo50 articles about this subject were foundrdquo
Usando a frase com o noacutes vocecirc estaraacute enfatizando que encontrou os resultados Agora se vocecirc colocar a frase em voz passiva ldquo50 artigos acerca do assunto foram encontradosrdquo Aqui vocecirc enfatiza que vaacuterios artigos foram encontrados e natildeo eacute mais tatildeo importante que vocecirc os encontrou Nesse caso vocecirc enfatiza queem seu estudo bem elaboradoo qual pode ser repetido por qualquer outro pesquisador 50 artigos acerca do assunto seratildeo encontrados Afinal natildeo satildeo resultados reprodutiacuteveis o que eacute realmente importante enfatizar ao comunicar a pesquisa
No entanto apesar disso alguns pesquisadores defendem o uso da primeira pessoa por ocasiatildeo da escrita de textos cientiacuteficos Para eles a principal argumentaccedilatildeo
120 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
eacute a de que o pesquisador deve-se apropriar de seus achados e apresentaacute-los como sujeitos ativos no processo da descoberta cientiacutefica sob questatildeo Aleacutem desse debate recomenda-se que a utilizaccedilatildeo da primeira pessoa (lsquoIrsquo e lsquowersquo) natildeo seja excessiva podendo ser reservado seu uso para a apresentaccedilatildeo dos resultados originais de uma pesquisa e das consideraccedilotildees dos autores acerca de tais achados
4 Em suas tabelas ou figuras os tiacutetulos devem sempre ser singulares e natildeo se deve usar o termo lsquorsquovariaacuteveisrsquorsquo (variable) como cabeccedilalho
Caracteristic (Natildeo usar ldquoVariablerdquo)SexMale (Natildeo usar ldquoMalesrdquo)Female (Natildeo usar ldquoFemalesrdquo)
5 Remova palavras e adjetivos desnecessaacuterios
Antes de traduzir para o inglecircs identifique frases que podem ser expressas com uma uacutenica palavra Evite repetir uma ideia que jaacute estaacute expliacutecita no discurso fazendo que ele fique cansativo e comprometa a qualidade da mensagem
6 Frases preposicionais transiccedilotildees e adveacuterbios no iniacutecio das frases devem ser separados por viacutergula
Frase original lsquolsquoNeste estudo encontramos este resultadorsquorsquo
Frase traduzida lsquolsquoIn this study this result was foundrsquorsquo
Outras expressotildees que satildeo comumente usadas
bull therefore
bull currently
bull of these
bull however
bull as previously reported
bull in Brazil
Uma frase que contiver mais de duas viacutergulas sem a inclusatildeo de listas deveraacute ser dividida em mais de uma para melhor entendimento
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 121
7 Aprenda quando usar the Busque removecirc-lo do iniacutecio da frase e incluiacute-lo apenas quando se referir a eventos objetos ou pessoas especiacuteficas
Em portuguecircs uma frase que comeccedila com ldquoOrdquo ldquoOsrdquo ldquoArdquo ou ldquoAsrdquo ao ser traduzida perde o the Este soacute deve ser usado quando se refere a pessoas lugares eventos ou populaccedilotildees especiacuteficas
bull Quando se fala de algo que jaacute foi mencionado
bull Quando estiver evidente o elemento a que se refere
bull Com substantivos proacuteprios
bull Com lugares em uma cidade
bull Com adjetivo superlativo
Frase original ldquoAs ceacutelulas foram coradashelliprdquo
Frase em inglecircs ldquoThe cells were stainedhelliprdquo
Frase em inglecircs acadecircmico ldquoCells were stainedhelliprdquo
8 Somente coloque letra maiuacutescula nas palavras se elas se referirem ao nome formal de um lugar departamento ou cargo
Um dos erros mais comuns eacute com o uso de ldquoestadordquo Essa palavra soacute eacute maiuacutescula quando vem depois do nome de um estado como parte de seu tiacutetulo formal
Exemplo lsquolsquoThe study was conducted at the University Hospital of the Federal University of Cearaacute (FORMAL) in Cearaacute State
Regiotildees especiacuteficas devem ser iniciadas com letra maiuacutescula mas a direccedilatildeo ou localizaccedilatildeo devem ser grafadas com minuacutescula Exemplos
ldquoThe research was conducted in Northeastern Brazilrdquo (Regiatildeo especiacutefica)
ldquoThe research was conducted in the northeast region of Brazilrdquo (Localizaccedilatildeo geral)
9 Remova o that
O that deve ser usado apenas no iniacutecio de uma frase dependente ou ao descrever um sujeitosubstantivo
Frase original lsquolsquoOs resultados mostraram que muitos alunos querem o material impressorsquorsquo
Frase em inglecircs lsquolsquoThe results showed that many students want printed
122 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
materialrsquorsquo
Frase em inglecircs acadecircmico lsquoThe results showed many students want printed materialrsquorsquo
No exemplo acima caso vocecirc remova o that o significado da frase natildeo mudaraacute
Contudo em outras situaccedilotildees eacute necessaacuterio o uso do that
lsquolsquoOs resultados que foram encontrados nesse estudo mostraram que muitos alunos querem o material impressorsquorsquo
lsquolsquoThe results that were found in this study showed many students want printed materialrsquorsquo
Abaixo seguem alguns exemplos de palavras frequentemente usadas na literatura cientiacutefica que geralmente natildeo precisam ser seguidas por that
bull suggest or suggested
bull observed
bull found or was found
bull show or shown
bull is important
Traduccedilatildeo de Trabalhos Acadecircmicos para o Inglecircs 123
REFEREcircNCIAS
MARLOW M A Writing scientific articles like a native English speaker top ten tips for Portuguese speakers Clinics Satildeo Paulo v 69 n 3 p153-157 2014 Mar Disponiacutevel em httpswwwncbinlmnihgovpmcarticlesPMC3935133 Acesso em 02 set 2019
MURPHY R English grammar in use 3rd ed Cambridge CUP 2004
125
15NOCcedilOtildeES BAacuteSICAS DE ESTATIacuteSTICA
Antocircnio Brazil Viana Junior
ldquoConhecimento incerto + conhecimento sobre a incerteza =
conhecimento uacutetil Isso eacute estatiacutesticardquo
Rao
151 INTRODUCcedilAtildeO
Neste capiacutetulo o conhecimento seraacute abordado de forma simples e direta de modo a fornecer uma base teacutecnica para que seja possiacutevel ao pesquisador iniciar uma pesquisa quantitativa Dessa forma para que uma pesquisa possa alcanccedilar um resultado metodologicamente correto minimizando os possiacuteveis vieses eacute necessaacuterio planejaacute-la tendo como base a pergunta a ser respondida pelo estudo Definido o problema da pesquisa apoacutes a revisatildeo da literatura o planejamento segue uma sequecircncia loacutegica composta por
152 COLETA DE DADOS
A coleta de dados para uma pesquisa por vezes tem sua importacircncia diminuiacuteda sendo feita sem o devido cuidado levando a seacuterios problemas que podem inviabilizar seus resultados No quadro 151 satildeo expostos os principais erros cometidos durante a etapa de coleta de dados
126 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Quadro 151 - Principais erros ou vieses na coleta de dados
bull Diferenccedilas devidas a fatores pessoais passageiros ou de situaccedilatildeo Caso em que o participante estaacute estressado ansioso ou cansado e a entrevista eacute longa Nesse caso o objetivo do participante passa a ser acabar a entrevista e natildeo a verdade
bull Diferenccedilas devidas agraves variaccedilotildees na aplicaccedilatildeo O entrevistador pode abordar o participante de forma a influenciaacute-lo na resposta
bull Maacute adequaccedilatildeo das perguntas ao niacutevel cognitivo dos entrevistados
bull Falta de clareza do instrumento de medida
Abaixo apresentaremos algumas consideraccedilotildees para a realizaccedilatildeo adequada de uma coleta de dados
Tamanho da amostra
Um dos principais questionamentos durante o planejamento de um estudo eacute a definiccedilatildeo do quantitativo de participantes para que se obtenham resultados vaacutelidos tambeacutem conhecido como tamanho amostral A definiccedilatildeo desse tamanho depende do niacutevel de significacircncia adotado ( =005) do poder da amostra (1 - = 80) do tipo de variaacuteveis que seratildeo analisadas e dos meacutetodos estatiacutesticos a serem utilizados existindo diversos meacutetodos para seu caacutelculo
A definiccedilatildeo do tamanho da amostra requer um conhecimento preacutevio sobre o assunto a ser pesquisado visto que o caacutelculo necessita de paracircmetros como o desvio-padratildeo da populaccedilatildeo ou proporccedilatildeo de indiviacuteduos com certa caracteriacutestica ou risco relativo etc
Na internet existem diversas paacuteginas com calculadoras de tamanho amostral No site httpclincalccomstatssamplesizeaspxeacute possiacutevel calcular o tamanho amostral para diversos tipos de estudo O site eacute bem didaacutetico e possui exemplos para orientar o pesquisador Outra possibilidade eacute usar o programa GPower Totalmente gratuito embora mais complexo esse software eacute completo e fornece diversas opccedilotildees para o caacutelculo da amostra
Desenho do Estudo
Outro ponto a ser observado para a coleta de dados eacute o desenho do estudo Aqui se deve atentar para quantos momentos ocorreraacute a coleta das informaccedilotildees dos participantes Por exemplo em ensaios cliacutenicos existe no miacutenimo uma coleta no baseline momento inicial e uma segunda coleta apoacutes a intervenccedilatildeo visando investigar o efeito da intervenccedilatildeo sobre o desfecho Caso os dados sejam coletados em apenas um momento seraacute impossiacutevel inferir o eventual efeito da intervenccedilatildeo
Em estudos transversais por outro lado a coleta ocorre em apenas um momento e os resultados refletem um retrato estaacutetico da amostra naquele momento Tais diferenccedilas satildeo cruciais para a interpretaccedilatildeo dos resultados No caso dos estudos
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 127
transversais natildeo eacute possiacutevel estabelecer relaccedilotildees de causalidade pois a anaacutelise estatiacutestica consiste em principalmente uma anaacutelise de descriccedilatildeo e de associaccedilatildeo entre variaacuteveis
Tipos de variaacuteveis
As variaacuteveis em um banco de dados satildeo classificadas conforme a sua natureza Isso define a forma de apresentaccedilatildeo e os testes estatiacutesticos a serem aplicados na anaacutelise As variaacuteveis podem ser
bull Categoacutericas
nominais raccedila sexo naturalidade
ordinais escolaridade gravidade do paciente
dicotocircmicas fumante simnatildeo portador de diabetes simnatildeo
bull Escalares
contiacutenuas peso circunferecircncia abdominal
discretas nordm de filhos nordm de endoscopias
153 TABULACcedilAtildeO DOS DADOS
Tabular os dados natildeo eacute uma tarefa divertida poreacutem eacute de suma importacircncia para o sucesso da anaacutelise estatiacutestica do trabalho Em geral essa tarefa eacute realizada por meio da utilizaccedilatildeo de softwares de planilhas eletrocircnicas Os principais satildeo
bull Excel tradicional software de planilhas eletrocircnicas da Microsoftreg Permite a transferecircncia direta de dados para outros diversos programas de anaacutelise estatiacutestica como Statareg SPSSreg Prismareg Rreg Jamovireg
bull Google forms (recomendo) formulaacuterio eletrocircnico do Googlereg que permite a criaccedilatildeo de questionaacuterios que podem ser enviados aos participantes da pesquisa de modo que os mesmos possam preencher Fornece resumos automaacuteticos das variaacuteveis e uma planilha com todos os dados das respostas
bull Epi Inforeg oacutetimo software que aleacutem da tabulaccedilatildeo permite anaacutelise de dados
Como tabular
Algumas regras que devem ser seguidas para que a tabulaccedilatildeo seja realizada adequadamente
bull Cada linha um paciente
bull Cada coluna uma informaccedilatildeo (variaacutevel do estudo) de cada paciente
bull As informaccedilotildees de uma mesma coluna devem ter a mesma unidade de medida
128 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Se o dado for numeacuterico deve-se preencher apenas com nuacutemeros Deve-se lembrar de que alguns softwares natildeo consideram as viacutergulas () como caractere adequado para a demarcaccedilatildeo das casas decimais e sim o ponto () conveacutem checar o software antes de iniciar a tabulaccedilatildeo para evitar retrabalho desnecessaacuterio
bull Se a variaacutevel for categoacuterica devem-se padronizar todas as respostas A codificaccedilatildeo eacute uma opccedilatildeo para a padronizaccedilatildeo
Principais erros durante a tabulaccedilatildeo de dados
Analisando a tabela 151 podemos identificar os seguintes erros
Tabela 151 mdash Exemplo de tabulaccedilatildeo de dados
Paciente Sexo Altura Glicemia Oacutebito1 Masculino 163 m 90 Sim marccedilo de 2015 sepse2 Feminino 170 cm gt 300 Natildeo alta3 f 180 cm 100120 Sim falecircncia hepaacutetica4 m 182 m 120-130 Sim 150720155 H 175 m 500 Sim transferecircncia
bull Na coluna ldquoSexordquo a variaacutevel foi preenchida de forma natildeo padronizada O ldquoMasculinordquo tornou-se ldquomrdquo e depois ldquoHrdquo Perceba que esse fato aleacutem de ser incompreensiacutevel para os programas estatiacutesticos levanta duacutevidas quanto agrave veracidade da informaccedilatildeo o ldquomrdquo poderaacute ser masculino em oposiccedilatildeo ao feminino ou mulher em oposiccedilatildeo a homem Assim mantenha o padratildeo no preenchimento dos dados A codificaccedilatildeo das variaacuteveis eacute bastante uacutetil para assegurar a padronizaccedilatildeo (ex masculino = 1 e feminino = 2)
bull Na coluna ldquoAlturardquo vemos dois erros de preenchimento a utilizaccedilatildeo de letras em dados numeacutericos escalares e a utilizaccedilatildeo de diferentes unidades de medidas (metros e centiacutemetros) Quando a variaacutevel for numeacuterica (escalar) deveraacute ser preenchida exclusivamente com nuacutemeros e na mesma unidade de medida No exemplo todos os valores deveriam estar em metros ou todos os valores deveriam estar em centiacutemetros
bull Na coluna ldquoGlicemiardquo a semelhanccedila da variaacutevel ldquoAlturardquo deve-se manter apenas nos nuacutemeros retirando-se todos e quaisquer siacutembolos (gt -)
bull Na coluna ldquoOacutebitordquo haacute mais de uma informaccedilatildeo por linha (ex sim marccedilo de 2015 sepse) o que inviabiliza as anaacutelises estatiacutesticas Esse modelo de tabulaccedilatildeo somente deve ser utilizado no caso de informaccedilotildees complementares e natildeo mensuraacuteveis
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 129
O modo correto de tabulaccedilatildeo dos dados apresentados na tabela 151 estaacute apresentado abaixo (tabela 152)
Tabela 152 mdash Tabulaccedilatildeo de dados corrigida
Paciente Sexo Altura (cm) Oacutebito Glicemia
(mgdL)Data do
oacutebitoCausa do
oacutebito1 M 163 Sim 90 01032015 Sepse2 M 170 Natildeo 300
3 F 180 Sim 100 01122015 Falecircncia Hepaacutetica
4 M 182 Sim 130 15072015 Natildeo informado
154 ANAacuteLISE ESTATIacuteSTICA
Apoacutes a coleta e a tabulaccedilatildeo adequada dos dados inicia-se a anaacutelise estatiacutestica propriamente dita O primeiro passo para a anaacutelise de dados eacute apresentar as caracteriacutesticas da amostra em estudo o que em geral ocorre por meio de uma tabela descritiva Essa tabela traz os dados descritivos das variaacuteveis expressos em nuacutemeros absolutos porcentagens medidas de tendecircncia central e medidas de dispersatildeo
Dados descritivos da amostra
1 Medidas de tendecircncia central
bull Meacutedia eacute igual agrave soma de todos os valores divididos pelo nuacutemero de valores no conjunto de dados Eacute usado para descrever dados contiacutenuos Eacute uma estimativa teoacuterica do ldquovalor tiacutepicordquo No entanto pode ser fortemente influenciado por valores extremos ou outliers
bull Mediana eacute o valor central de um conjunto de dados que foi ordenado do menor para o maior valor A mediana eacute uma medida normalmente usada para dados contiacutenuos ordinais ou natildeo parameacutetricos sendo menos sensiacutevel a outliers e dados distorcidos
bull Moda eacute o valor mais frequente da amostra aquele que mais se repete
2 Medidas de dispersatildeo enquanto nas medidas de tendecircncia central tratamos sobre os valores centrais ou que mais se repetem por meio das medidas de dispersatildeo observamos a variabilidade dos dados isto eacute o quatildeo ldquoespalhadosrdquo estatildeo os dados o quatildeo ldquodistantesrdquo estatildeo da meacutedia
bull Range ou amplitude de faacutecil entendimento e caacutelculo a amplitude eacute a diferenccedila entre o valor maacuteximo e o valor miacutenimo Eacute extremamente afetada pela existecircncia de valores atiacutepicos o que por vezes pode passar uma impressatildeo errada
130 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
da variabilidade dos dados Por exemplo no conjunto de dados abaixo formado por valores de glicemia (mgdL) o range ou amplitude eacute 520 (600 menos 80) mas se tirarmos o valor 600 (outlier) a amplitude passaraacute a ser para 52 (132 menos 80)
Ex 809295100106110132600
bull Intervalo Interquartiacutelico (IQ) Agrave semelhanccedila do range essa medida eacute calculada por meio de uma diferenccedila de valores poreacutem aqui seraacute a diferenccedila entre o 75ordm percentil (p75) e 25ordm percentil (p25) O IQ tem uma maior aplicabilidade praacutetica quando os dados natildeo seguem a distribuiccedilatildeo normal (assunto que seraacute tratado a posteriori) sendo menos sensiacutevel a valores atiacutepicos
bull Desvio-padratildeo (DP) eacute usado para quantificar a quantidade de dispersatildeo de valores de dados em torno da meacutedia Um DP baixo indica que os valores estatildeo proacuteximos da meacutedia enquanto um DP alto indica que os valores estatildeo dispersos em uma faixa mais ampla O DP eacute a raiz quadrada de outra medida estatiacutestica a variacircncia a qual natildeo eacute interpretaacutevel nos termos da variaacutevel real e portanto foge ao objetivo deste capiacutetulo que trata de noccedilotildees baacutesicas poreacutem eacute de suma importacircncia teoacuterica para o estudo da anaacutelise estatiacutestica como um todo
bull Percentil eacute uma medida de posiccedilatildeo e eacute compreendida da seguinte forma o 10ordm percentil eacute o nuacutemero do banco de dados em que 10 dos valores estatildeo abaixo dele Assim o 25ordm percentil eacute nuacutemero em que 25 dos valores do banco de dados satildeo menores que ele1
Teste de Hipoacuteteses
Os testes de hipoacuteteses satildeo teacutecnicas estatiacutesticas que tecircm por objetivo verificar a validade da hipoacutetese experimental (hipoacutetese alternativa) em face de uma hipoacutetese nula isto eacute uma hipoacutetese de igualdade O teste de hipoacutetese visa permitir por meio da anaacutelise dos dados amostrais que se demonstrem evidecircncias estatiacutesticas que confirmem ou refutem a hipoacutetese formulada no estudo
Os testes estatiacutesticos fornecem uma medida para a tomada de decisatildeo o p-valor Caso o p do teste estatiacutestico seja menor que 5 (plt005) rejeitamos a hipoacutetese nula caso contraacuterio natildeo podemos rejeitar a hipoacutetese nula ou seja refutamos a hipoacutetese alternativa ou experimental Por exemplo
Estudo para avaliar o niacutevel de ansiedade entre homens e mulheres
bull Hipoacutetese experimental ou alternativa (H1) haacute diferenccedila do niacutevel de ansiedade entre os sexos
1 Percentil eacute uma medida de posiccedilatildeo e eacute compreendida da seguinte forma o 10ordm percentil eacute o nuacutemero do banco de dados em que 10 dos valores estatildeo abaixo dele Assim o 25ordm percentil eacute nuacutemero em que 25 dos valores do banco de dados satildeo menores que ele
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 131
bull Hipoacutetese nula (H0) natildeo haacute diferenccedila do niacutevel de ansiedade entre os sexos
Se o p resultante do teste for 003 (3) (plt005 5) aceitamos a H1 (refutamos H0) ou seja a chance ou probabilidade de que a diferenccedila observada entre os sexos nesse estudo seja em decorrecircncia do acaso eacute menor que 5 (chance previamente definida como aceitaacutevel pelo pesquisador)
Se o p resultante do teste for 01 (10) (pgt005 5) aceitamos a H0 (refutamos H1) ou seja a chance ou probabilidade de que a diferenccedila observada entre os sexos nesse estudo seja em decorrecircncia do acaso eacute maior que 5 (chance previamente definida como natildeo aceitaacutevel pelo pesquisador)
Consideraccedilotildees sobre o p-valor
Valor de p niacutevel descritivo niacutevel de significacircncia ou p-value pode ser definido como sendo a probabilidade de que ser considerado extremo ou improvaacutevel se considerarmos a hipoacutetese nula verdadeira ou como sendo a probabilidade de o valor encontrado ter sido por acaso (FIELD 2009)
Sir Ronald Fisher definiu um valor significativo para que a diferenccedila seja decorrente do acaso como menor que 5 ou 005 Tal valor eacute padratildeo na estatiacutestica e nos estudos na aacuterea da sauacutede ateacute os dias de hoje poreacutem natildeo eacute uma unanimidade Recentemente 72 pesquisadores propuseram um novo p-valor significativo passando de 005 para 0005 (BENJAMIN et al 2018) e no ano seguinte mais 800 pesquisadores assinaram o artigo Retire statistical significance publicado na revista Nature em que criticava o uso do valor de p como balizador daquilo que era ou natildeo relevante (RETIRE STATISTICAL SIGNIFICANCE 2019)
No trecho abaixo o autor Andy Field fala sobre significacircncia estatiacutestica e a importacircncia do efeito de modo simples que ajuda a compreender o motivo dessas duas visotildees
A importacircncia de um efeito Jaacute vimos que a ideia baacutesica por traacutes do teste de hipoacuteteses envolve a geraccedilatildeo de uma hipoacutetese experimental e de uma hipoacutetese nula ajustar um modelo estatiacutestico e avaliar aquele modelo com uma estatiacutestica teste Se a probabilidade de obter o valor da nossa estatiacutestica teste por acaso for menor do que 005 entatildeo geralmente aceitamos a hipoacutetese experimental como verdadeira haacute um efeito na populaccedilatildeo Normalmente dizemos ldquoexiste um efeito significativo dehelliprdquo Contudo natildeo seja enganado pela palavra ldquosignificativordquo porque mesmo que a probabilidade do nosso efeito ter
132 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
ocorrido por acaso seja pequena (menor do que 005) isso natildeo quer dizer que o efeito eacute importante Efeitos muito pequenos natildeo importantes podem-se tornar estatisticamente significativos somente porque um grande nuacutemero de pessoas foi usado no experimento (FIELD 2009)
Ressalta-se tambeacutem que o fato de o p ser natildeo significativo ou seja maior que 005 natildeo implica que a hipoacutetese nula seja verdadeira
Testes para comparaccedilatildeo das variaacuteveis entre os grupos
TESTES ESTATIacuteSTICOS PARA VARIAacuteVEIS NUMEacuteRICAS
O primeiro passo para a aplicaccedilatildeo dos testes estatiacutesticos eacute a aplicaccedilatildeo dos testes de normalidade essenciais para a determinaccedilatildeo dos tipos de testes a serem empregados na anaacutelise Caso os dados apresentem distribuiccedilatildeo normal os meacutetodos parameacutetricos poderatildeo ser utilizados caso contraacuterio far-se-aacute opccedilatildeo pelos meacutetodos natildeo parameacutetricos Os principais testes de normalidade utilizados satildeo Kolmogorov-Smirnoff indicados para amostras maiores que 50 e Shapiro-Wilk este tem maior precisatildeo (TORMAN COSTER RIBOLDI 2012)
Apoacutes a aplicaccedilatildeo dos testes de normalidade os demais testes estatiacutesticos deveratildeo ser escolhidos de acordo com o tipo de populaccedilatildeoamostra Na figura 151 encontra-se um algoritmo para apoio na seleccedilatildeo dos testes estatiacutesticos a serem utilizados de acordo com as caracteriacutesticas das variaacuteveis do estudo
Testes parameacutetricos
bull Teste t de Student utilizado quando o objetivo eacute a comparaccedilatildeo de uma medida ou variaacutevel numeacuterica entre dois grupos Exemplos a) comparaccedilatildeo da glicemia entre os participantes do grupo eutroacutefico e do grupo obesidade b) comparaccedilatildeo do peso ao nascer entre os neonatos que nasceram de parto abdominal e parto normal
bull ANOVA utilizado quando o objetivo eacute a comparaccedilatildeo de uma medida numeacuterica entre trecircs ou mais grupos Exemplo verificar se existe diferenccedila entre as medidas de circunferecircncia abdominal entre grupos de pessoas que fazem dieta vegana dieta low carb e aqueles que natildeo fazem dieta
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 133
Testes natildeo parameacutetricos
1 Mann-Whitney Equivalente natildeo parameacutetrico do Teste t de Student
2 Kruskal-Wallis Equivalente natildeo parameacutetrico da ANOVA
Figura 151 mdash Principais testes estatiacutesticos para variaacuteveis numeacutericas
TESTES ESTATIacuteSTICOS PARA VARIAacuteVEIS CATEGOacuteRICAS
bull Teste qui-quadrado de Pearson utilizado para a investigaccedilatildeo da existecircncia de associaccedilatildeo entre duas ou mais variaacuteveis categoacutericas e para a comparaccedilatildeo de mais de dois grupos independentes
bull Teste exato de Fisher indicado para comparaccedilatildeo de grupos com variacircncias diferentes e para investigaccedilatildeo da associaccedilatildeo entre variaacuteveis categoacutericas quando natildeo for possiacutevel a utilizaccedilatildeo do teste qui-quadrado de Pearson por exemplo n de alguma casela da tabela 2 x 2 for menor ou igual a 5
bull Teste de McNeumar utilizado para a comparaccedilatildeo de dois grupos pareados
134 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Anaacutelises de correlaccedilatildeo
Utilizadas para avaliar a interaccedilatildeo entre duas variaacuteveis contiacutenuas O coeficiente de correlaccedilatildeo (r) varia de -1 a 1 em que -1 seria a existecircncia de uma correlaccedilatildeo negativa perfeita ou seja agrave medida que o valor de uma variaacutevel cresce o valor da outra decresce e 1 seria a correlaccedilatildeo perfeita positiva agrave medida que uma variaacutevel cresce a outra cresce da mesma forma Diz-se perfeita pois toda a variabilidade de uma variaacutevel eacute explicada pela outra Por outro lado um coeficiente de correlaccedilatildeo proacuteximo de ldquo0rdquo denota uma pobre correlaccedilatildeo entre as variaacuteveis Em geral para a anaacutelise de correlaccedilatildeo entre variaacuteveis de distribuiccedilatildeo normal utiliza-se o teste de correlaccedilatildeo de Pearson enquanto para variaacuteveis que natildeo apresentam distribuiccedilatildeo normal utiliza-se o teste de correlaccedilatildeo de Spearman
Anaacutelises de regressatildeo
Enquanto os testes de comparaccedilatildeo entre grupos e de correlaccedilatildeo satildeo usados para investigar associaccedilotildees entre variaacuteveis os testes de regressatildeo permitem uma anaacutelise preditiva ou seja permitem predizer o desfecho de uma variaacutevel dependente baseado em uma (regressatildeo simples) ou mais (regressatildeo muacuteltipla) variaacuteveis preditoras independentes Para uma leitura complementar mais aprofundada sobre anaacutelises de regressatildeo sugere-se o livro Estatiacutetica Baacutesica dos professores Pedro Morettin e Wilton Bussab (2017)
155 CONCLUSAtildeO
Este capiacutetulo natildeo tem a pretensatildeo de esgotar o tema da anaacutelise estatiacutestica mas sim fornecer informaccedilotildees para que o pesquisador especialmente aquele iniciante tenha noccedilotildees para montar o banco de dados de sua pesquisa de forma adequada e para que ele possa responder agraves perguntas formuladas no estudo por meio do entendimento de conceitos baacutesicos da anaacutelise estatiacutestica
Deve-se lembrar que a qualidade de toda pesquisa depende dos dados se eles forem de maacute qualidade o mesmo aconteceraacute com o resultado Caso o pesquisador tenha um banco bem ajustado e com dados de boa qualidade seraacute possiacutevel realizar inferecircncias e anaacutelises estatiacutesticas mais sofisticadas e precisas
Noccedilotildees Baacutesicas de Estatiacutestica 135
REFEREcircNCIAS
AMRHEIN V GREELAND S McSHANE B Retire statistical significance Nature London v 567 p 305-307 mar 2019 Disponiacutevel em httpwwwigienistionlineitdocs201910naturepdf Acesso em 09 abr 2020
BENJAMIN D J et al Redefine statistical significance Nat Hum Behav London v2 n 1 p 6-10 2018 Disponiacutevel emhttpswwwnaturecomarticless41562-017-0189-zpdf Acesso em 09 abr 2020
FIELD A Descobrindo a estatiacutestica usando o SPSS-2 2 ed Porto Alegre Artmed 2009
MORETTIN P A BUSSAB W O Estatiacutestica baacutesica 6 ed Satildeo Paulo Saraiva 2017
TORMAN V B L COSTER R RIBOLDI J Normalidade de variaacuteveis meacutetodos de veificaccedilatildeo e comparaccedilatildeo de alguns testes natildeo-parameacutetricos por simulaccedilatildeo Rev HCPA Porto Alegre v 32 n 2 p 227-234 Disponiacutevel emhttpwwwseerufrgsbrindexphphcpaarticleview2987419186 Acesso em 7 out 2017
137
16EacuteTICA NA CIEcircNCIA CONSIDERACcedilOtildeES SOBRE AUTORIA
PLAacuteGIO ACADEcircMICO E TRABALHO EM EQUIPE
Elias Silveira de BritoClarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoLer muito eacute um dos caminhos para a originalidade uma pessoa eacute tatildeo mais original e peculiar quanto mais conhecer o que disseram os outrosrdquo
Miguel Unamuno
Quando se trata de eacutetica acadecircmica ou cientiacutefica a discussatildeo requer aleacutem dos essenciais aspectos relacionados agrave pesquisa com seres humanos uma reflexatildeo sobre autoria originalidade e trabalho em equipe uma vez que estes estatildeo interligados entre si Seraacute sobre esses itens que discorreremos neste capiacutetulo A posteriori em um capiacutetulo agrave parte seratildeo abordados os aspectos eacuteticos sobre pesquisas com seres humanos
161 AUTORIA
ldquoEm cada homem de talento existe escondido um poeta
ele manifesta-se no escrever no ler no falar ou no ouvirrdquo
Marie von Ebner-Eschenbach
Definir a autoria de um artigo cientiacutefico eacute uma etapa importante de toda pesquisa pois tem consequecircncias acadecircmicas e sociais relevantes Atualmente a maioria dos perioacutedicos cientiacuteficos solicita que sejam descritas as contribuiccedilotildees de todos os autores envolvidos no trabalho Recomenda-se que o grupo responsaacutevel pela pesquisa desenvolva poliacuteticas de autoria as quais atendam agrave questatildeo da quantidade e do tipo de contribuiccedilatildeo que iraacute qualificar aquele indiviacuteduo como autor (FERRAZ 2016)
De uma forma geral a principal atribuiccedilatildeo que caracteriza o participante como autor eacute a sua contribuiccedilatildeo intelectual para a pesquisa e para o manuscrito e incluem (a) participaccedilatildeo na concepccedilatildeo ou delineamento do estudo participaccedilatildeo na
138 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
anaacutelise e interpretaccedilatildeo dos dados ou ambos (b) redaccedilatildeo do manuscrito ou sua revisatildeo incluindo criacutetica intelectual importante de seu conteuacutedo A simples participaccedilatildeo na coleta de dados natildeo justifica autoria (MONTENEGRO amp ALVES 1997) Todos os autores de um manuscrito devem fornecer a aprovaccedilatildeo final da versatildeo a ser publicada e devem ter participado suficientemente do trabalho para poder assumir publicamente a responsabilidade pelo seu conteuacutedo (INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS 2019)
Para auxiliar no processo de definiccedilatildeo de autoria algumas entidades desenvolveram criteacuterios como a International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) que passaram a ser adotados por parcela importante dos perioacutedicos cientiacuteficos da aacuterea meacutedica As principais recomendaccedilotildees desse comitecirc podem ser acessadas no documento disponiacutevel em httpwwwicmjeorgicmje-recommendationspdf
Segundo o INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS (2019)
bull Obtenccedilatildeo de financiamento coleta de dados ou supervisatildeo geral de um grupo de pesquisa natildeo satildeo por si soacute criteacuterios para autoria ou coautoria
bull Todas as pessoas designadas como autoras ou coautoras deveratildeo ser qualificadas e listadas
bull Cada autor ou coautor deveraacute ter participado suficientemente do trabalho para ter responsabilidade puacuteblica sobre segmentos apropriados do conteuacutedo
bull Em estudos multicecircntricos com grande nuacutemero de participantes o grupo deveraacute identificar os indiviacuteduos que aceitam a responsabilidade direta pelo manuscrito
bull A ordem dos autores e coautores seraacute decidida pelo grupo que deveraacute estar apto a explicaacute-la
bull Pessoas que colaboraram com o estudo mas cuja contribuiccedilatildeo natildeo justifica autoria ou coautoria podem ser listadas nos Agradecimentos como ldquoinvestigadores cliacutenicosrdquo ou ldquoinvestigadores participantesrdquo seguidas de sua funccedilatildeo ou contribuiccedilatildeo por exemplo ldquocoleta de dadosrdquo ldquoencaminhamento e cuidados aos pacientes do estudordquo etc
bull Outras pessoas que tenham dado contribuiccedilotildees substanciais e diretas para o trabalho mas que natildeo possam ser consideradas autores podem ser citadas na seccedilatildeo Agradecimentos se possiacutevel suas contribuiccedilotildees especiacuteficas devem ser descritas Apoio financeiro tambeacutem deveraacute ser mencionado nesta seccedilatildeo
bull Considerando-se que os leitores podem inferir que as pessoas listadas em agradecimentos endossam os resultados e as conclusotildees todas devem dar permissatildeo por escrito para serem agradecidas
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 139
Outra maneira de determinar criteacuterios de autoria eacute atribuir pontos para as diferentes atividades da pesquisa Petroianu (2002) sugere a seguinte pontuaccedilatildeo de acordo com a participaccedilatildeo no trabalho (quadro 161) Tais escores podem ser adaptados de acordo com criteacuterios proacuteprios de cada grupo de pesquisa
Quadro 161 mdash Pontuaccedilatildeo de autoria de acordo com a participaccedilatildeo na pesquisa
Participaccedilatildeo PontosCriar a ideia que originou o trabalho e elaborar hipoacuteteses 6
Estruturar o meacutetodo de trabalho 6Orientar ou coordenar o trabalho 5Escrever o manuscrito 5Coordenar o grupo que escreveu o manuscrito 4Rever a literatura 4Apresentar sugestotildees importantes incorporadas ao trabalho 4
Resolver problemas fundamentais do trabalho 4Criar aparelhos para a realizaccedilatildeo do trabalho 3Coletar dados 3Analisar os resultados estatisticamente 3Orientar a redaccedilatildeo do manuscrito 3Preparar a apresentaccedilatildeo do trabalho para evento cientiacutefico 3
Apresentar o trabalho em evento cientiacutefico 2Chefiar o local onde o trabalho foi realizado 2Fornecer pacientes ou materiais para o trabalho 2Conseguir verbas para a realizaccedilatildeo da pesquisa 2Apresentar sugestotildees menores incorporadas ao trabalho 1
Trabalhar na rotina da funccedilatildeo sem contribuiccedilatildeo intelectual 1
Teratildeo direito agrave autoria os colaboradores que tiverem alcanccedilado 7 pontos A sequecircncia dos autores poderaacute ser em ordem decrescente de pontuaccedilatildeo Adaptado de Petroianu (2002)
Finalmente apoacutes a preparaccedilatildeo do manuscrito quem assume a responsabilidade pela comunicaccedilatildeo com os editores do perioacutedico eacute o autor correspondente Na maioria das vezes ele tambeacutem eacute responsaacutevel pela revisatildeo final aleacutem de atender agraves normas do processo editorial entre outras No entanto essas funccedilotildees podem ser delegadas a um ou mais coautores
140 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
162 PLAacuteGIO ACADEcircMICO CONHECER PARA EVITAR
Segundo o Dicionaacuterio Aureacutelio da Liacutengua Portuguesa plaacutegio vem do verbo plagiar o mesmo que imitar reproduzir copiar ou como dizem Diniz e Terra (2014) ldquouma apropriaccedilatildeo indevida e natildeo autorizada na criaccedilatildeo literaacuteriardquo Partindo dessa ideia eacute necessaacuterio apresentar que no contexto acadecircmico existem diversos conceitos referentes agrave utilizaccedilatildeo desse recurso na produccedilatildeo cientiacutefica e seratildeo esses os aspectos a serem abordados neste toacutepico
O plaacutegio eacute um tema comum na atualidade principalmente quando se trata da esfera acadecircmica mas tambeacutem da esfera social e profissional visto que o ato de plagiar vai muito aleacutem do famoso Ctrl C + Ctrl V Plagia-se tudo por exemplo capiacutetulos de livros monografias teses de doutorado artigos fotos letras de muacutesica obras de arte o que varia nessas modalidades de plaacutegio eacute o tipo caso seja parcial ou integral (DINIZ TERRA 2014)
A questatildeo principal que deve ser debatida acerca dessa temaacutetica eacute como ficou acessiacutevel por meio da internet o acesso a todo tipo de material principalmente acadecircmico muitas vezes de forma gratuita e sem a identificaccedilatildeo correta dos autores o que pode propiciar a praacutetica do plaacutegio A riqueza de dados nas diferentes paacuteginas eletrocircnicas facilita e enriquece a escrita cientiacutefica no entanto esta deve ocorrer seguindo princiacutepios eacuteticos que resguardem o direito autoral (BISCALCHIM amp ALMEIDA 2011)
Infelizmente apesar da existecircncia de legislaccedilatildeo que condene o plaacutegio ainda haacute um nuacutemero substancial de coacutepias indevidas de trabalhos situaccedilatildeo bastante evidenciada em teses dissertaccedilotildees e artigos cientiacuteficos Vaacuterios motivos contribuem para isso e alguns deles satildeo demonstrados no quadro 162
Quadro 162 mdash Motivos para o uso frequente da praacutetica do plaacutegio acadecircmico
bull Facilidade de acesso agrave informaccedilatildeo
bull Falta de capacidade para parafrasear
bull Pouco valor agrave produccedilatildeo proacutepria
bull Falta de anaacutelise criacutetica dos trabalhos pesquisados
bull Confusatildeo quanto agrave autoria dos trabalhos
bull Incentivo ao plaacutegio nos niacuteveis fundamental e meacutedio
bull Facilidade de acesso a programas de traduccedilatildeo
bull Desconhecimento de regulamentaccedilotildees de escrita cientifica
Fonte RODRIacuteGUEZ 2012
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 141
Diante disso eacute importante mencionar a Lei de Regulamentaccedilatildeo dos Direitos Autorais (disponiacutevel em httpwwwplanaltogovbrccivil_03leisl9610htm) Esse ato eacute regulado pelo conjunto de prerrogativas conferidas pela legislaccedilatildeo a qualquer pessoa fiacutesica ou juriacutedica que tenha criado uma obra intelectual para que esta possa gozar dos benefiacutecios que resultem de sua criaccedilatildeo original Ou seja apropriar-se dessas criaccedilotildees sem que se faccedila a devida referecircncia fere questotildees eacuteticas e morais uma vez que quando se assume a autoria de algo deve-se compreender a responsabilidade inerente a esse ato
Como identificar e evitar o plaacutegio
O Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq) define que plaacutegio consiste na apresentaccedilatildeo de resultados e conclusotildees obtidos por outros autores como se fosse de sua autoria caracterizando dessa forma como fraude ou maacute conduta Dessa forma eacute importante avaliar a intenccedilatildeo dos autores diante dessa situaccedilatildeo pois o autor tendo consciecircncia plena do ato ou seja de utilizar o texto como proacuteprio de forma intencional pode ser considerado fraudulento e responder criminalmente
No entanto vale ressaltar que existe a possibilidade do plaacutegio por ocasiatildeo ou plaacutegio ocasional o qual utiliza trechos de diferentes fontes sem a devida citaccedilatildeo ou o plaacutegio atribuiacutedo ao desconhecimento das regras de citaccedilatildeo que por natildeo ter intenccedilatildeo consciente torna-se ldquomenosrdquo fraudulento (DEMO 2011)
Uma pesquisa realizada no Paranaacute em 2008 mostrou que muitos estudantes recorrem agrave praacutetica do plaacutegio pela dificuldade de identificar e fazer citaccedilotildees indiretas e de referenciar de maneira correta as citaccedilotildees diretas o que leva a muitos acadecircmicos cometerem plaacutegio natildeo intencional (SILVA 2008)
Diversas ferramentas digitais podem ajudar os pesquisadores a identificar qual o grau de similaridade do seu trabalho com outros materiais previamente publicados Softwares antiplaacutegio estatildeo disponiacuteveis para download e satildeo de grande apoio para a produccedilatildeo acadecircmica atual Como exemplos httpwwwplagiumcom e httpplagiarismanet
Tipos de plaacutegio acadecircmico
Segundo Rodriacuteguez (2012) o plaacutegio pode ser categorizado em trecircs diferentes agrupamentos
bull plaacutegios de forma pode ser subdividido em autoplaacutegio falsa autoria envio duplo roubo de material
bull plaacutegios de meacutetodos correspondem ao famoso ldquocopiar-colarrdquo uso de paraacutefrases inadequadas referecircncia perdida referecircncia falsa fabricaccedilatildeo de dados e roubo de ideias
bull plaacutegios de propoacutesitos podem ser intencionais natildeo intencionais ou acidentais
142 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Aleacutem dessa categorizaccedilatildeo existem outras classificaccedilotildees para a praacutetica do plaacutegio Os autores do blog de viacutedeo TCC Monografias Artigos httpswwwyoutubecomwatchv=NryG4H_-Eo4 apresentam por meio de uma seacuterie de sete viacutedeos uma diferente abordagem do plaacutegio acadecircmico e maneiras para se evitar a praacutetica natildeo intencional do recurso
Consideraccedilotildees finais acerca do plaacutegio
A academia deve estimular que os jovens pesquisadores natildeo sejam apenas reprodutores de informaccedilotildees Eles devem por sua vez ser capazes de gerar conhecimento e produzir conteuacutedo relevante para a ciecircncia A internet deve ser utilizada apenas como um meio de acesso a uma vasta fonte bibliograacutefica facilitando a elaboraccedilatildeo de conteuacutedo cientiacutefico novo e eacutetico estimulando uma formaccedilatildeo acadecircmica consciente no que diz respeito agrave construccedilatildeo do conhecimento (DEMO 2011)
Partindo dessa ideia as universidades deveriam enfatizar as consequecircncias da praacutetica de plaacutegio na vida do aluno ldquoa impossibilidade de inovar de pensar e criar algo novo para o desenvolvimento da ciecircnciardquo (IMAYUIKI 2008)
163 TRABALHO EM EQUIPE
O trabalho em equipe eacute essencial agrave Ciecircncia A maioria das grandes descobertas cientiacuteficas da humanidade somente foram possiacuteveis devido ao trabalho de grupos de pesquisadores Trabalhar em equipe permite economia de tempo e dinheiro troca de expertises entre diversas aacutereas multidisciplinares complementares com incremento na qualidade final do estudo
Apesar da importacircncia a formaccedilatildeo de grupos de pesquisa ou a participaccedilatildeo em tais atividades podem ser tarefas aacuterduas que demandam persistecircncia e organizaccedilatildeo Partindo dessa ideia faz-se necessaacuteria uma reflexatildeo sobre as aptidotildees pessoais para a atuaccedilatildeo como pesquisador vocaccedilatildeo que exige motivaccedilatildeo persistente responsabilidade renuacutencia e comprometimento
Como o puacuteblico-alvo desse e-book eacute o estudante que ainda estaacute a se iniciar na vida acadecircmica ou o jovem pesquisador seratildeo abordados brevemente alguns aspectos sobre a participaccedilatildeo dos estudantes em grupos de pesquisa
Um dos principais motivadores dos alunos de graduaccedilatildeo para a participaccedilatildeo em pesquisas sem duacutevida eacute a melhora do curriacuteculo visando a melhores pontuaccedilotildees em concursos e seleccedilotildees apoacutes a graduaccedilatildeo No entanto embora este seja um gatilho inicial vaacutelido e necessaacuterio participar do meio acadecircmico-cientiacutefico propriamente dito vai muito aleacutem disso Enfatiza-se que a experiecircncia inicial do aluno nesses primeiros anos de vida acadecircmica poderaacute ser crucial para sua efetivaccedilatildeo enquanto pesquisador no futuro
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 143
Para a participaccedilatildeo em grupos de pesquisa ou mesmo para a contribuiccedilatildeo isolada em um estudo pontual os alunos devem considerar alguns aspectos a fim de evitar problemas ao longo de sua vivecircncia mesmo que breves enquanto pesquisadores Satildeo eles
bull Quanto tempo disponiacutevel tenho para dedicar-me agrave pesquisa
bull Quanto tempo a pesquisa vai durar Em quanto tempo vou concluir o curso Como a minha ausecircncia antecipada repercutiraacute sobre o grupo
bull Qual a minha melhor aptidatildeo Comunicaccedilatildeo Relacionamentos Escrita Lideranccedila
bull Quais satildeo os meus objetivos enquanto acadecircmico E os objetivos pessoais
Feito isso o aluno estaraacute apto a dar os primeiros passos nesse universo desafiador e cativante para quiccedilaacute transformar a motivaccedilatildeo inicial em apenas melhorar o seu curriacuteculo em um interesse genuiacuteno para a vida acadecircmica
144 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
REFEREcircNCIAS
BISCALCHIM A C S ALMEIDA M A Direitos autorais informaccedilatildeo e tecnologia impasses e potencialidades Liinc em Revista Rio de Janeiro v 7 n 2 p 638-652 2011 Disponiacutevel em httpsrepositoriouspbritem002247739 Acesso em 09 abr 2020
DEMO P Remix pastiche plaacutegio autorias da nova geraccedilatildeo Meta Avaliaccedilatildeo v 3 n 8 p 125-144 maioago 2011 Disponiacutevel em httprevistascesgranrioorgbrindexphpmetaavaliacaoarticleview119150 Acesso em 09 abr 2020
MARULANDA L C S PLAacuteGIO PALAVRAS ESCONDIDAS Diniz D Terra A Brasiacutelia Letras LivresRio de Janeiro Editora Fiocruz 2014 195p ISBN 978-85-98070-36-0 (Letras Livres) ISBN 978-85-98070-37-7 (Editora Fiocruz) Cad Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 31 n 2 p 439-440 Fev 2015 Disponiacutevel em httpwwwscielobrscielophpscript=sci_arttextamppid=S0102-311X2015000200439 Acesso em 09 abr 2020
IMAYUKI G Eacutetica do direito autoral Uma breve anaacutelise eacutetica-juriacutedica Kerygma Satildeo Paulo v 4 n 2 p 17-41 out 2008 Disponiacutevel em httpsrevistasunaspedubrkerygmaarticleview231 Acesso em 09 abr 2020
INTERNATIONAL COMMITTEE OF MEDICAL JOURNAL EDITORS Recommendations for the conduct reporting editing and publication of scholarly Work in medical journals[S l] ICMJE 2019 Disponiacutevel em httpwwwicmjeorgicmje-recommendationspdf Acesso em 09 abr 2020
KOLLER S H COUTO M C P HOHENDORFF J V Manual de produccedilatildeo cientiacutefica Porto Alegre Penso 2014
MONTENEGRO M R ALVES V A F Criteacuterios de autoria e co-autoria em trabalhos cientiacuteficos Acta bot bras Feira de Santana v 11 n 2 p 273-276 1997 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfabbv11n2v11n2a14pdf Acesso em 09 abr 2020
PETROIANU A Autoria de um trabalho cientiacutefico Rev Assoc Med Bras Satildeo Paulo v 48 n 1 p 60-65 2002 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdframbv48n1a31v48n1pdf Acesso em 09 abr 2020
Eacutetica na Ciecircncia - Consideraccedilotildees sobre Autoria Plaacutegio Acadecircmico e Trabalho em Equipe 145
RODRIacuteGUEZ A S El plagio y su impacto a niacutevel acadecircmico y professional E-Ciencias de la Informaciacuteon San Joseacute v 2 n 1 p 1-13 enerojun 2012 Disponiacutevel em httpswwwredalycorgpdf4768476848735003pdf Acesso em 09 abr 2020
SILVA O S F Entre plagio e a autoria qual o papel da universidade Rev Bras Educ Rio de Janeiro v 13 n 38 p 357-414 maioago 2008 Disponiacutevel em httpwwwscielobrpdfrbeduv13n3812pdf Acesso em 09 abr 2020
147
17ASPECTOS EacuteTICOS DAS PESQUISAS COM
SERES HUMANOS
Juliana Ferreira ParaacuteMaacutercia Maria Pinheiro Dantas
Clarisse Mouratildeo Melo Ponte
ldquoA eacutetica eacute a esteacutetica de dentrordquo
Pierre Reverdy
171 INTRODUCcedilAtildeO
Para um melhor entendimento sobre os aspectos eacuteticos das pesquisas envolvendo seres humanos eacute importante refletir um pouco sobre o conceito de eacutetica A eacutetica eacute um segmento da filosofia que se dedica agrave anaacutelise das razotildees que ocasionam alteram ou orientam a maneira de agir do ser humano geralmente levando em consideraccedilatildeo seus valores morais (ARAUacuteJO 2012)
Os princiacutepios baacutesicos da eacutetica em pesquisa consistem em permitir a autonomia dos pacientes praticar a beneficecircncia e a natildeo maleficecircncia respeitando a equidade e a justiccedila Para que uma pesquisa com seres humanos em qualquer aacuterea do conhecimento seja considerada eacutetica deveraacute atender aos seguintes requisitos miacutenimos (1) ter uma justificativa cientiacutefica e poder responder agraves incertezas levantadas (2) somente pesquisar em humanos se natildeo houver outros meios de se obter o conhecimento buscado (3) a probabilidade de os benefiacutecios serem maiores que a dos riscos previsiacuteveis (4) natildeo utilizar seres humanos em experimentos natildeo previamente testados em laboratoacuterios animais ou por fatos cientiacuteficos (ARAUacuteJO 2012)
O objetivo deste capiacutetulo seraacute demonstrar resumidamente os princiacutepios que norteiam a eacutetica em pesquisa com seres humanos tecendo um breve histoacuterico sobre a evoluccedilatildeo do processo de regulamentaccedilatildeo eacutetica no Brasil e no mundo permitindo que os jovens pesquisadores adquiram uma melhor compreensatildeo sobre o tema
148 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
172 HISTOacuteRIA DA REGULAMENTACcedilAtildeO DA PESQUISA COM SERES HUMANOS
Segundo Arauacutejo (2012) ldquoa busca por novos conhecimentos ocorre desde os primoacuterdios da humanidaderdquo No entanto ao longo dos anos a busca pelo saber nem sempre respeitou a condiccedilatildeo humana e vaacuterios exemplos atestam esse fato
Na Escola de Alexandria no secIII aC Heroacutefilo de Capadoacutecia (325-280 aC) e Erassistrato de Cleo (304-205 aC) fizeram grandes descobertas anatocircmicas e fisioloacutegicas utilizando a teacutecnica de vivisseccedilotildees em criminosos condenados agrave morte No periacuteodo do Renascimento os meacutedicos Andreacute Versalio (1514-1564) e Ambroacutesio Pareacute (1510-1590) dissecaram o cracircnio de condenados agrave morte para conhecer a trajetoacuteria exata de uma lanccedila no olho para poder tratar o rei da Franccedila Henrique II ferido em uma batalha Na Inglaterra em 1721 o cirurgiatildeo inglecircs Charles Maitland inoculou variacuteola em seis prisioneiros com a promessa de liberdade para estudar o curso natural da doenccedila Entre 1931 e 1945 na ocupaccedilatildeo japonesa na China prisioneiros de guerra e integrantes da populaccedilatildeo civil foram cobaias em experiecircncias com armas quiacutemicas e bacterioloacutegicas Durante a Segunda Guerra Mundial os nazistas desenvolveram diversas pesquisas com seres humanos sem nenhuma limitaccedilatildeo moral (ARAUacuteJO 2012)
Foi justamente apoacutes o final da Segunda Guerra Mundial que as maiores discussotildees acerca dos limites eacuteticos das pesquisas envolvendo seres humanos foram intensificadas Apesar dos avanccedilos nas aacutereas tecnoloacutegica e meacutedica obtidos agrave custa de pesquisas sem regulamentaccedilatildeo financiadas pelo regime nazista e naccedilotildees simpatizantes (ou como descrito por Miguel Kottow ldquotorturas disfarccediladas de pesquisardquo) durante o Julgamento de Nuremberg que ocorreu ao teacutermino do conflito diversos indiviacuteduos (incluindo meacutedicos e pesquisadores) foram acusados e condenados por crimes de guerra
Esse julgamento gerou uma intensa discussatildeo sobre a forma de se fazer pesquisas em todo o mundo sendo considerado um marco para a regulamentaccedilatildeo da praacutetica de pesquisas com seres humanos Culminou em 1947 na criaccedilatildeo de um documento denominado Coacutedigo de Nuremberg (WORLD MEDICAL ASSOCIATION 1964) Esse coacutedigo versava sobre a individualidade do ser e sobre a autonomia para decidir se um potencial voluntaacuterio de uma pesquisa tinha interesse em participar de determinado estudo ou natildeo Aleacutem disso o Coacutedigo de Nuremberg trazia agrave tona outras questotildees importantes como transparecircncia relevacircncia social do estudo e proteccedilatildeo aos participantes
No ano seguinte em 1948 foi publicada pela Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) a Declaraccedilatildeo Universal dos Direitos do Homem Trata-se do primeiro documento juriacutedico internacional que apresenta um cataacutelogo completo dos direitos humanos (disponiacutevel em httpswwwunorgenuniversal-declaration-human-
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 149
rights) Esse documento que delineia os direitos humanos baacutesicos foi idealizado principalmente pelo canadense John Peters Humphrey e foi aprovado por 48 paiacuteses membros das Naccedilotildees Unidas (ONU 1948)
Em 1964 foi promulgada pela Associaccedilatildeo Meacutedica Mundial (World Medical Association WMA) a Declaraccedilatildeo de Helsinque aprimorando e reafirmando premissas eacuteticas jaacute estabelecidas previamente e incorporando outros aspectos que satildeo adotados ateacute os dias atuais como o ldquoConsentimento Informadordquo Tal ldquoconsentimentordquo ratifica a importacircncia do entendimento do paciente sobre a pesquisa e inclui situaccedilotildees que natildeo haviam sido previstas como incapacidade mental ou reclusatildeo A Declaraccedilatildeo de Helsinque tambeacutem foi um marco jaacute que eacute o iniacutecio do que hoje se conhece como bioeacutetica Ao longo dos anos essa declaraccedilatildeo foi atualizada oito vezes sendo a uacuteltima delas durante a Assembleia Geral da WMA realizada em outubro de 2013 em Fortaleza (httpswwwwmanetwp-contentuploads201611491535001395167888_DoHBrazilianPortugueseVersionRevpdf)
173 PESQUISA COM SERES HUMANOS NO BRASIL
A regulamentaccedilatildeo da eacutetica em pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil teve seu iniacutecio com a Constituiccedilatildeo Federal de 1988 poreacutem apenas em 1996 apoacutes a aprovaccedilatildeo da Resoluccedilatildeo 196 do Conselho Nacional de Sauacutede (CNS) um dos principais marcos da pesquisa cliacutenica em acircmbito nacional foi criado um sistema nacional soacutelido de apreciaccedilatildeo eacutetica essencial para o desenvolvimento da pesquisa com seres humanos no Brasil
Essa resoluccedilatildeo aprovou as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos no paiacutes criando e normatizando o sistema de apreciaccedilatildeo eacutetica constituiacutedo por instacircncias regionais ndash os Comitecircs de Eacutetica em Pesquisa (CEP) ndash e uma instacircncia federativa ndash a Comissatildeo Nacional de Eacutetica em Pesquisa (CONEP) ndash oacutergatildeo nacional de controle de pesquisas envolvendo seres humanos e que juntos constituem o Sistema CEPCONEP Foi essa resoluccedilatildeo que no Brasil instituiu pela primeira vez a necessidade do ldquoConsentimento Livre e Esclarecidordquo que daria origem futuramente ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) tal qual se conhece hoje
Apoacutes 15 anos de vigecircncia a Resoluccedilatildeo CNS 1961996 foi revogada sendo substituiacuteda pela Resoluccedilatildeo CNS 4662012 documento atualmente vigente e de leitura recomendada para todo jovem pesquisador no paiacutes (httpconselhosaudegovbrresolucoes2012Reso466pdf) Outro documento importante e atualmente em vigor eacute a Norma Operacional Nordm 0012013 (httpwwwhgbrjsaudegovbrceapNorma_Operacional_001-2013pdf) que versa sobre a organizaccedilatildeo e o funcionamento do Sistema CEPCONEP e sobre os procedimentos para submissatildeo avaliaccedilatildeo e acompanhamento
150 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
da pesquisa e de desenvolvimento envolvendo seres humanos no Brasil
Adicionalmente resoluccedilotildees complementares e de temas especiacuteficos foram implementados e podem ser encontradas na Plataforma Brasil que disponibiliza links para todas as resoluccedilotildees em vigecircncia no Paiacutes
Ainda como leitura adicional sugerimos o capiacutetulo XII do Coacutedigo de Eacutetica Meacutedica que versa sobre Ensino e Pesquisa Meacutedica (CFM 2019)
174 Sistema CEPCONEP no Brasil o que eacute e como funciona
Como mencionado anteriormente o Sistema CEPCONEP regulamenta as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil avaliando a viabilidade a seguranccedila e o respeito aos requisitos eacuteticos normatizados pela Resoluccedilatildeo 4662012 e complementares De uma forma descentralizada tais comitecircs satildeo responsaacuteveis por aprovar os projetos de pesquisa antes de seu iniacutecio e acompanhar a sua execuccedilatildeo e teacutermino
O CEP eacute constituiacutedo por um comitecirc local e idealmente deve estar presente em todas as instituiccedilotildees que pretendem investir em pesquisas com seres humanos Aleacutem de avaliarem os aspectos eacuteticos da pesquisa e emitirem pareceres de anaacutelise os CEPs tecircm papel educativo e consultivo para pesquisadores comunidade institucional participantes da pesquisa e comunidade em geral funcionando como agente corresponsaacutevel pelo desenvolvimento do estudo
A CONEP por sua vez aleacutem de ser responsaacutevel por aspectos eacuteticos emissatildeo de pareceres e encarregar-se do aspecto normativo coordena e supervisiona todos os CEPs cabendo a ela a acreditaccedilatildeo o registro e a capacitaccedilatildeo contiacutenua desses comitecircs Aleacutem disso alguns estudos de aacutereas temaacuteticas especiais precisam de apreciaccedilatildeo e aprovaccedilatildeo do CEP e da CONEP (quadro 171)
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 151
Quadro 171 mdash Pesquisas em aacutereas temaacuteticas especiais que necessitam de apreciaccedilatildeo pela CONEP
1Geneacutetica humana quando o projeto envolver11envio para o exterior de material geneacutetico ou qualquer material bioloacutegico humano para obtenccedilatildeo de material geneacutetico salvo nos casos em que houver cooperaccedilatildeo com o Governo Brasileiro12armazenamento do material bioloacutegico ou dos dados geneacuteticos humanos no exterior e no Paiacutes quando estiver conveniada com instituiccedilotildees estrangeiras ou em instituiccedilotildees comerciais13alteraccedilotildees da estrutura geneacutetica de ceacutelulas humanas para utilizaccedilatildeo in vivo14pesquisas na aacuterea da geneacutetica da reproduccedilatildeo humana (reprogeneacutetica)15pesquisas em geneacutetica do comportamento e16pesquisas nas quais esteja prevista a dissociaccedilatildeo irreversiacutevel dos dados dos participantes de pesquisa2Reproduccedilatildeo humana pesquisas que se ocupam com o funcionamento do aparelho reprodutor procriaccedilatildeo e fatores que afetam a sauacutede reprodutiva de humanos sendo que nessas pesquisas seratildeo considerados ldquoparticipantes da pesquisardquo todos os que forem afetados pelos procedimentos delasCaberaacute anaacutelise da CONEP quando o projeto envolver21reproduccedilatildeo assistida 22manipulaccedilatildeo de gametas preacute-embriotildees embriotildees e feto e23medicina fetal quando envolver procedimentos invasivos3 Equipamentos e dispositivos terapecircuticos novos ou natildeo registrados no Paiacutes 4 Novos procedimentos terapecircuticos invasivos5 Estudos com populaccedilotildees indiacutegenas 6 Projetos de pesquisa que envolvam organismos geneticamente modificados (OGM) ceacutelulas-tronco embrionaacuterias e organismos que representem alto risco coletivo incluindo organismos relacionados a eles nos acircmbitos de experimentaccedilatildeo construccedilatildeo cultivo manipulaccedilatildeo transporte transferecircncia importaccedilatildeo exportaccedilatildeo armazenamento liberaccedilatildeo no meio ambiente e descarte 7 Protocolos de constituiccedilatildeo e funcionamento de biobancos para fins de pesquisa8 Pesquisas com coordenaccedilatildeo eou patrociacutenio originados fora do Brasil excetuadas aquelas com copatrociacutenio do Governo Brasileiro e9 Projetos que a criteacuterio do CEP e devidamente justificados sejam julgados merecedores de anaacutelise pela CONEP
175 O que eacute necessaacuterio para submeter um projeto de pesquisa na Plataforma Brasil
Todas as pesquisas envolvendo seres humanos no Brasil devem ser submetidas ao Sistema CEPCONEP via Plataforma Brasil Uma pesquisa soacute poderaacute ser iniciada apoacutes a apreciaccedilatildeo eacutetica e a aprovaccedilatildeo concedida por esse sistema
Todo projeto de pesquisa que seja submetido agrave apreciaccedilatildeo pelo Sistema CEPConep precisa de um ldquoprotocolo de pesquisardquo que eacute um conjunto de documentos que contemplam a descriccedilatildeo do estudo em seus aspectos fundamentais e as informaccedilotildees relativas ao participante da pesquisa agrave qualificaccedilatildeo dos pesquisadores e a todas as instacircncias responsaacuteveis Partindo dessa definiccedilatildeo espera-se que o protocolo de pesquisa a ser enviado para anaacutelise via Plataforma Brasil contenha
152 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull folha de rosto
bull declaraccedilotildees pertinentes
bull declaraccedilatildeo de compromisso do pesquisador responsaacutevel
bull garantia de que os benefiacutecios resultantes do projeto retornem aos participantes da pesquisa seja em termos de retorno social acesso aos procedimentos produtos seja como agentes da pesquisa
bull orccedilamento financeiro
bull cronograma
bull Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE)
bull demonstrativo da existecircncia de infraestrutura necessaacuteria e apta ao desenvolvimento da pesquisa e para atender eventuais problemas dela resultantes com documento que expresse a concordacircncia da instituiccedilatildeo eou organizaccedilatildeo por meio de seu responsaacutevel maior com competecircncia
bull outros documentos que se fizerem necessaacuterios de acordo com a especificidade da pesquisa
bull projeto de pesquisa original na iacutentegra incluindo embasamento teoacuterico justificativa objetivos meacutetodos e anaacutelise dos riscos e benefiacutecios da pesquisa
176 O TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Entre os documentos de um protocolo de pesquisa especial atenccedilatildeo deve ser dispensada ao TCLE motivo frequente de equiacutevocos na documentaccedilatildeo submetida agrave apreciaccedilatildeo eacutetica pelo Sistema CEPCONEP gerando pareceres que sinalizam pendecircncias para os pesquisadores e possiacutevel atraso no iniacutecio da pesquisa
Este documento deve ser elaborado sob a forma de convite e visa explicar para o participante por meio de uma linguagem clara e compreensiacutevel as seguintes questotildees relacionadas agrave pesquisa
bull objetivos justificativa e meacutetodos de pesquisa
bull garantia de esclarecimento (antes e durante todo o curso da pesquisa) sobre o estudo
bull duraccedilatildeo esperada da participaccedilatildeo do sujeito
bull modo como se daraacute o estudo
bull responsaacutevel pelo acompanhamento e pela assistecircncia
bull liberdade do sujeito para desistir a qualquer momento
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 153
bull sigilo de dados confidenciais coletados
bull benefiacutecios e malefiacutecios que possam acometer o sujeito
bull informaccedilatildeo da possibilidade da inclusatildeo em grupo controle ou placebo
bull cobertura pelos pesquisadores de quaisquer problemas provenientes da intervenccedilatildeo da pesquisa gastos meacutedicos incapacidade do falecimento e de como se daraacute a cobertura financeira (formas de ressarcimento) nos casos citados
O TCLE precisa ser assinado pelo participante da pesquisa e pelo pesquisador em duas vias sendo uma retida pelo sujeito da pesquisa ou por seu representante legal e uma arquivada pelo pesquisador Nos casos em que seja impossiacutevel registrar o consentimento livre e esclarecido tal fato deve ser devidamente documentado com a explicaccedilatildeo das causas da impossibilidade e parecer do CEP No caso de um indiviacuteduo que natildeo seja capaz precisa haver um consentimento por delegaccedilatildeo de um representante legal adequadamente autorizado Espaccedilos datiloscoacutepicos devem estar presentes para o caso de participantes natildeo alfabetizados
Situaccedilotildees especiais na obtenccedilatildeo do Consentimento Livre e Esclarecido
bull Pacientes menores de 16 anos o consentimento deveraacute ser dado por um dos pais ou na inexistecircncia deles pelo parente mais proacuteximo ou responsaacutevel legal Nos indiviacuteduos na faixa etaacuteria pediaacutetrica mas com idade suficiente para compreensatildeo sobre a sua participaccedilatildeo em uma pesquisa (em geral acima de 10 anos) o Termo de Assentimento Livre e Esclarecido tambeacutem deveraacute ser obtido (TALE) Este deveraacute ser elaborado em uma linguagem ainda mais acessiacutevel para o leitor pediaacutetrico
bull Paciente maior de 16 e menor de 18 anos consentimento obtido com a assistecircncia de um dos pais ou responsaacutevel
bull Paciente eou responsaacutevel analfabeto o presente documento deveraacute ser lido em voz alta para o paciente e seu responsaacutevel na presenccedila de duas testemunhas que firmaratildeo tambeacutem o documento
bull Paciente deficiente mental incapaz de manifestaccedilatildeo de vontade suprimento necessaacuterio da manifestaccedilatildeo de vontade por seu representante legal
Existem modelos de TCLE disponiacuteveis na internet que podem ajudar o pesquisador (httpwwwaccgorgbruploadsarquivos1572ef4c10ee090e9fb7513f3055ddb4pdf) bem como roteiros para a sua elaboraccedilatildeo (httpwwwincoruspbrsitesincor2013docscomissao-cientificadocsTCLE-Versao_Marco2015pdf)
154 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
177 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS
Frequentemente os projetos de pesquisa submetidos agrave apreciaccedilatildeo eacutetica pelo Sistema CEPCONEP retornam para o pesquisador responsaacutevel com pareceres que apontam pendecircncias oriundas do desconhecimento e descumprimento dos requisitos miacutenimos exigidos pela regulamentaccedilatildeo eacutetica das pesquisas envolvendo seres humanos no paiacutes
Um ponto comum de inadequaccedilatildeo eacutetica presente em muitos projetos enviados para anaacutelise eacute afirmar que as pesquisas observacionais que natildeo promovam intervenccedilotildees natildeo apresentam riscos para os participantes No entanto a Resoluccedilatildeo do CNS 4662012 no paraacutegrafo V que trata dos ldquoRiscos e Benefiacuteciosrdquo afirma que ldquoToda pesquisa com seres humanos envolve risco em tipos e gradaccedilotildees variados Quanto maiores e mais evidentes os riscos maiores devem ser os cuidados para minimizaacute-los e a proteccedilatildeo oferecida pelo Sistema CEPCONEP aos participantes Devem ser analisadas possibilidades de danos imediatos ou posteriores no plano individual ou coletivordquo
Assim faz-se necessaacuterio que os pesquisadores sempre identifiquem quais os riscos envolvidos na pesquisa ainda que miacutenimos (quebra do sigilo de dados desconforto durante a entrevista etc) e quais medidas seratildeo adotadas para evitaacute-los e sanaacute-los
Por fim tais pendecircncias seriam reduzidas melhorando a eficiecircncia do sistema por meio de uma postura de busca ativa por parte dos proacuteprios pesquisadores antes da submissatildeo de seus projetos acerca da regulamentaccedilatildeo eacutetica a ser atendida bem como por meio de uma postura educativa de cada CEP local divulgando material consultivo visando ao alcance dos potenciais pesquisadores dentro da instituiccedilatildeo onde o comitecirc estaacute instalado
Aspectos Eacuteticos das Pesquisas com Seres Humanos 155
REFEREcircNCIAS
ARAUacuteJO L Z S Breve histoacuterico da bioeacutetica da eacutetica em pesquisa agrave bioeacutetica In REGO S PALAacuteCIOS M Comitecircs de eacutetica em pesquisa teoria e praacutetica Rio de Janeiro FioCruz 2012 cap 03 p 71-84
CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA Coacutedigo de eacutetica meacutedica Brasiacutelia CFM 2019 Disponiacutevel em httpsportalcfmorgbrimagesPDFcem2019pdf Acesso em 10 abr 2020
CONSELHO NACIONAL DE SAUacuteDE Resoluccedilatildeo nordm 466 de 12 de dezembro de 2012 Aprova as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos Brasiacutelia CNS 2012 Disponiacutevel em httpconselhosaudegovbrresolucoes2012Reso466pdf Acesso em 01 dez 2019
SOUZA G G M Prefaacutecio In SANTOS P C NASCIMENTO E G C (org) Comitecirc de eacutetica em pesquisa com seres humanos o que eacute necessaacuterio saber para aprovar um projeto de pesquisa Mossoroacute UERN 2018 p 6-10 Disponiacutevel emhttpwwwuernbrcontroledepaginaspropeg-comissoes-ceparquivos3121livropdf Acesso em 10 abr 2020
WORLD MEDICAL ASSOCIATION DECLARATION OF HELSINKI Recommendations guiding physicians in biomedical research involving human subjects Somerset West [sn] 1996 Disponiacutevel em httpswwwwmanetwp-contentuploads201611DoH-Oct1996pdf Acesso em Acesso em 07 jan 2021
UNIVERSAL Declaration of Human Rights [Sl ] United Nations [201-] Disponiacutevel em httpswwwunorgenuniversal-declaration-human-rights Acesso em 07 jan 2021
157
18COMO CRIAR O SEU CURRIacuteCULO NA
PLATAFORMA LATTES
Victor Gomes Pitombeira
ldquoDecidir o que natildeo fazer eacute tatildeo importante quanto decidir o que fazerrdquo
Steve Jobs
A Plataforma Lattes eacute uma ferramenta on-line de unificaccedilatildeo de curriacuteculos grupos de pesquisas e outras iniciativas do Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientiacutefico e Tecnoloacutegico (CNPq 1999) No Brasil eacute de extrema importacircncia a criaccedilatildeo de um curriacuteculo Lattes uma vez que este tem sido o modelo de curriculum vitae utilizado pela maioria dos centros acadecircmicos e de pesquisa e seraacute o seu ldquocartatildeo de visitardquo no ambiente acadecircmico (MORETTI 2020 LOCATELLI 2013)
Ao se inscrever na Plataforma Lattes vocecirc se compromete a apresentar apenas informaccedilotildees compatiacuteveis com a realidade Natildeo insira nenhuma formaccedilatildeo que vocecirc natildeo possa provar ou inexistente sob pena de puniccedilatildeo criminal
181 PASSO A PASSO
Para iniciar a criaccedilatildeo do seu curriacuteculo Lattes acesse httplattescnpqbr
158 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Clique em ldquoCadastrar novo curriacuteculordquo Isso redirecionaraacute vocecirc a uma nova paacutegina
bull Nesta paacutegina vocecirc deve preencher os seus dados Certifique-se de ler os Termos de Adesatildeo e Compromisso disponibilizados em um link Os termos tambeacutem podem ser conferidos em httpswwwscnpqbrcvlatteswebpkg_cv_estrtermo
bull Clique na barra de opccedilotildees em ldquoPaiacutes de Nacionalidaderdquo e selecione seu paiacutes Apoacutes isso coloque seu e-mail e senha nas barras de digitaccedilatildeo apropriadas
bull Na paacutegina seguinte preencha os seus dados pessoais e clique em ldquoProacuteximardquo para prosseguir adiante
OBS Para fazer upload de uma foto clique no iacutecone pequeno ao lado do rosto azul que estaacute marcado com uma circunferecircncia vermelha na imagem acima Uma janela de busca do sistema abriraacute para que vocecirc possa selecionar um arquivo de imagem Evite imagens por demais informais Vocecirc pode utilizar as imagens de outros documentos de identificaccedilatildeo como RG ou Passaporte
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 159
bull Clique na barra de seleccedilatildeo referente a ldquoPaiacutesrdquo e selecione o paiacutes de sua residecircncia A barra de digitaccedilatildeo referente a CEP seraacute disponibilizada insira-o e o endereccedilo seraacute completado automaticamente pelo sistema Termine informando o telefone e celular Clique em ldquoProacuteximardquo para finalizar
OBS Caso for utilizar endereccedilo institucional selecione a opccedilatildeo Profissional e clique posteriormente na lupa na barra de seleccedilatildeo da instituiccedilatildeo para procurar a instituiccedilatildeo agrave qual vocecirc eacute filiado
bull Uma nova paacutegina abriraacute Clique na barra de opccedilotildees referente agrave ldquoFormaccedilatildeo acadecircmica concluiacutedardquo e selecione o niacutevel acadecircmico que quer referenciar adicionando-o ao seu curriacuteculo Apoacutes selecionar clique na lupa na barra de digitaccedilatildeo abaixo Um bloco apareceraacute para que vocecirc pesquise pela instituiccedilatildeo na qual vocecirc fez o niacutevel referenciado Digite o nome e clique em ldquoPesquisarrdquo o sistema apresentaraacute resultados semelhantes clique sobre o resultado ao qual vocecirc quer referenciar
OBS Caso sua instituiccedilatildeo natildeo esteja cadastrada no banco de dados o bloco sugeriraacute que vocecirc cadastre oferecendo um acesso com um ldquoclique aquirdquo Um novo bloco apareceraacute insira o nome da instituiccedilatildeo uma sigla e o paiacutes de origem
bull Apoacutes isso insira o ano de iniacutecio e de conclusatildeo do atual niacutevel que vocecirc estaacute referenciando no seu curriacuteculo Existe dois espaccedilos especiacuteficos para isso Apoacutes isso repita o mesmo processo para ldquoFormaccedilatildeo acadecircmica em conclusatildeordquo poreacutem desta vez referenciando a atual formaccedilatildeo em curso Clique em ldquoProacuteximardquo para prosseguir
bull Uma nova paacutegina apareceraacute Selecione ldquoSimrdquo se tiver algum viacutenculo profissional vigente Clique nas lupas e um novo bloco vai aparecer para pesquisar a instituiccedilatildeo agrave qual vocecirc estaacute vinculado Funciona da mesma forma explicada anteriormente para instituiccedilatildeo acadecircmica Quanto ao viacutenculo um novo bloco apareceraacute com uma barra de opccedilotildees para selecionar o tipo de viacutenculo selecione e clique em ldquoConfirmarrdquo Digite o cargo e iniacutecio do viacutenculo nas barras de digitaccedilatildeo Quando tudo estiver terminado clique em ldquoProacuteximordquo
160 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Na paacutegina seguinte clique na lupa no quadro de aacuterea de atuaccedilatildeo Um bloco com aacutervore esquemaacutetica das aacutereas cientiacuteficas apareceraacute Selecione a aacuterea em que vocecirc atua (as aacutereas selecionaacuteveis estatildeo em azul) Abaixo selecione os idiomas que vocecirc fala e apresente suas habilidades quando a compreensatildeo leitura fala e escrita Inclua o idioma nativo (ex portuguecircs) aleacutem dos natildeo nativos Clique em ldquoProacuteximardquo para terminar
bull Pronto Caso seu curriacuteculo tenha alguma pendecircncia um quadro do navegador abriraacute informando o que estaacute faltando Vocecirc poderaacute voltar agraves paacuteginas anteriores selecionando a barra de paacuteginas no topo da tela
182 Como alterar e atualizar o seu curriacuteculo Lattes
Entre na paacutegina do Portal Lattes em httplattescnpqbr
Apoacutes isso clique em ldquoAtualizar curriacuteculordquo conforme a imagem abaixo destaca
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 161
bull Faccedila seu login utilizando seu CPFe-mail e senha
bull Vocecirc seraacute redirecionado para uma nova paacutegina que permite a ediccedilatildeo de seu curriacuteculo Lattes
bull Ao posicionar o nome sobre cada nome deste como ldquoDados geraisrdquo ldquoFormaccedilatildeordquo ldquoAtuaccedilatildeordquo entre outros um pequeno pop-up como este mostrado na tela apareceraacute Ao clicar em uma das opccedilotildees do pop-up novos quadros apareceratildeo para inserir a formaccedilatildeo o artigo o projeto a formaccedilatildeo o viacutenculo empregatiacutecio ou a patente que vocecirc quer
A plataforma Lattes permite que vocecirc adicione vaacuterias atividades Escolha uma das opccedilotildees que mais se adeque ao que vocecirc estaacute querendo e insira a informaccedilatildeo
Aleacutem disso mantenha seu curriacuteculo sempre atualizado Deixar acumular os diplomas e certificados para inserir no curriacuteculo Lattes depois pode dificultar o processo Aleacutem disso quanto mais atual for seu curriacuteculo melhor seraacute sua imagem mostrando que vocecirc permanece interessado e atuante na aacuterea da pesquisa
162 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
Por fim lembre-se um curriacuteculo rico eacute um curriacuteculo que causa mais impacto Entretanto um curriacuteculo por demais extenso cheio de atividades com pouca relevacircncia natildeo eacute sinocircnimo de uma boa qualificaccedilatildeo profissional Priorize as competecircncias de maior impacto que tenham importacircncia para sua apresentaccedilatildeo como pesquisador em sauacutede
Como Criar o seu Curriacuteculo na Plataforma LATTES 163
REFEREcircNCIAS
MORETTI I Como fazer curriacuteculo Lattes CNPQ Aprenda passo a passo tudo que vocecirc precisa saber para fazer o preenchimento correto do documento digital [S l s n] 2020 Disponiacutevel em httpsviacarreiracomcomo-fazer-curriculo-lattes-cnpq Acesso em 30 maio 2019
LOCATELLI P A Como preencher o curriacuteculo Lattes [Porto Alegre] UFRGS [2013] 103 Slides Disponiacutevel em httpposarqufscbrfiles201301comopreencherocurriculolattespdf Acesso em 30 maio 2019
165
19COMO UTILIZAR A TECNOLOGIA A FAVOR DA
PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA
Elias Silveira de BritoTaynara Falkenstins Gois Mendes
O intenso desenvolvimento tecnoloacutegico das uacuteltimas deacutecadas trouxe para todas as atividades humanas meios mais faacuteceis e raacutepidos de produccedilatildeo A busca por soluccedilotildees aacutegeis de baixo custo e praacuteticas tem acontecido em todos as aacutereas e meios da vida humana e a produccedilatildeo cientiacutefica natildeo poderia ficar de fora Desde softwares para escrita de textos ateacute bancos de dados a um clique novas ferramentas aparecem todos os dias para permitir que o desenvolvimento de um artigo se torne mais simples dinacircmico e eficiente
Este capiacutetulo busca apresentar algumas ferramentas uacuteteis para a produccedilatildeo e como utilizaacute-las ao seu favor na hora de escrever um material de qualidade Todo o conteuacutedo aqui apresentado foi obtido a partir dos endereccedilos eletrocircnicos durante o processo de levantamento dessas informaccedilotildees entre 2019 e 2020 Ressalta-se que natildeo haacute quaisquer conflitos de interesse envolvidos na elaboraccedilatildeo desse capiacutetulo
191 ESCRITA
Ateacute o iniacutecio dos anos 2000 escrever digitalmente era uma tarefa aacuterdua Os computadores eram lentos as plataformas de escrita arcaicas e a correccedilatildeo de gramaacutetica e ortografia ficava a cargo do proacuteprio autor ou revisores Para isso um artigo precisava passar por vaacuterias correccedilotildees e por vezes ser reescrito diversas vezes Hoje novos aplicativos e softwares apareceram para facilitar a escrita
Outro grande problema dos editores de texto comuns era a impossibilidade de fazer o texto simultaneamente com outros autores Essa barreira jaacute foi ultrapassada e vaacuterias pessoas podem contribuir em um mesmo texto atraveacutes de plataformas
bull Atlas ndash eacute uma plataforma inteligente para escrever estilizar e publicar seu artigo Permite colaboraccedilatildeo entre autores exportaccedilatildeo em vaacuterios formatos interatividade com imagens e viacutedeos aleacutem de permitir programaccedilatildeo digital para melhorar o desempenho do seu artigo Acompanhe mais em httpsatlasoreillycom
166 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
bull Write ndash eacute um app minimalista que promete poucas distraccedilotildees visuais sincronizaccedilatildeo em vaacuterias maacutequinas e facilidade no uso Apesar de natildeo ser um aplicativo especializado na aacuterea cientiacutefica pode ser uacutetil para muitos autores Acesso em httpswriteappco
bull F1000 Workspace ndash uma ferramenta completa para reunir discutir e ler referecircncias aleacutem de permitir a escrita de novos artigos Eacute uma plataforma especializada em produccedilatildeo cientiacutefica que busca novos meacutetodos diariamente Veja em httpsf1000workspacecom
bull Authorea ndash um espaccedilo grandioso para escrever editar publicar e ler artigos cientiacuteficos Aleacutem disso permite a escrita colaborativa com os co-autores Busque em httpswwwauthoreacom
192 REFERENCIAMENTO
Elaborar as referecircncias bibliograacuteficas de uma produccedilatildeo acadecircmica demanda tempo e paciecircncia Trata-se de uma etapa essencial do trabalho cientiacutefico poreacutem passa longe de ser a mais empolgante Ferramentas que auxiliem nesse processo satildeo de importante valia para os pesquisadores
A maioria dos aplicativos de apoio agrave escrita apresentados acima tambeacutem fornecem apoio ao referenciamento Poreacutem existem outras plataformas mais especiacuteficas que ajudam o pesquisador a pesquisar armazenar e formatar as referecircncias literaacuterias entre elas
bull Mendeley ndash eacute um aplicativo que permite o arquivamento de vaacuterias referecircncias a um soacute clique Aleacutem disso proporciona citaccedilotildees faacuteceis e raacutepidas a criaccedilatildeo de redes de pesquisadores conectados e sincronizaccedilatildeo em vaacuterias plataformas de acesso Acesse em httpswwwmendeleycom
bull Papers ndash conhecido em universidades renomadas como Harvard e Duke o Papers eacute um aplicativo inteligente de busca leitura citaccedilatildeo organizaccedilatildeo compartilhamento colaboraccedilatildeo e sincronizaccedilatildeo de referecircncias Veja mais em httpswwwpapersappcom
bull Zotero ndash o diferencial do Zotero eacute sua facilidade em manuseio a um clique para arquivar e organizar suas referecircncias Vocecirc pode ver mais em httpswwwzoteroorg
bull Citavi ndash oferece as mesmas funccedilotildees dos concorrentes Aleacutem disso permite que vocecirc guarde seus pensamentos sobre suas referecircncias para ajudar na organizaccedilatildeo dos seus projetos Veja em httpswwwcitavicompt
bull Wizdom ndash promete soluccedilotildees em estatiacutesticas sobre artigos mostrando impacto
Como Utilizar a Tecnologia a Favor da Produccedilatildeo Acadecircmica 167
disponibilidade e relevacircncia cientiacutefica Aleacutem disso provecirc um grande banco de dados repleto de referecircncias para compor sua produccedilatildeo Acesse em httpswwwwizdomai
193 PESQUISA BIBLIOGRAacuteFICA
Muitos autores apresentam dificuldades para iniciar seu projeto no momento da pesquisa sobre os assuntos relacionados ao seu trabalho As bibliotecas apesar de seu grande acervo nem sempre possuem as mais novas atualizaccedilotildees acerca do assunto sendo fundamental saber como buscar boas referecircncias nas mais diferentes plataformas atentando-se para o fato de que nem todos os sites disponiacuteveis possuem produccedilotildees relevantes ou de qualidade e assim identificar as plataformas que concentram os melhores artigos contribui para a qualidade da sua pesquisa e para economia de tempo Alguns deles satildeo citados abaixo
bull PubMed ndash essa plataforma bastante conhecida como a biblioteca nacional de medicina dos EUA tambeacutem apresenta acesso livre a vaacuterios textos completos de perioacutedicos biomeacutedicos e de ciecircncias da vida Acesse em httpswwwncbinlmnihgovpubmed
bull Cochrane ndash A Cochrane tem sido comparada com o Projeto Genoma Humano pela importacircncia que tem e teraacute nas futuras geraccedilotildees em relaccedilatildeo agrave atenccedilatildeo agrave sauacutede Trata-se de uma rede global independente de pesquisadores profissionais pacientes cuidadores e pessoas interessadas em sauacutede Atualmente mais de 9 mil revisotildees sistemaacuteticas Cochrane jaacute foram publicadas na Biblioteca Cochrane (httpwwwcochranelibrarycom) Esta biblioteca tambeacutem possui a maior base de dados de ensaios cliacutenicos publicados conhecida como CENTRAL
bull Embase ndash eacute uma base de dados biomeacutedico muito versaacutetil e atualizado para diversos objetivos Ele abrange a mais importante literatura biomeacutedica internacional desde 1947 ateacute os dias de hoje e todos os seus artigos satildeo indexados com precisatildeo com o uso do Embase Indexing e Emtreereg da Elsevier O banco de dados completo tambeacutem encontra se convenientemente disponiacutevel em vaacuterias plataformas Acesse em httpsembasecomlogin
bull Scielo ndash A Coleccedilatildeo SciELO indexa disponibiliza e dissemina on-line em acesso aberto os textos completos de perioacutedicos cientiacuteficos de todas as aacutereas do conhecimento que publicam predominantemente artigos resultantes de pesquisa cientiacutefica que utilizam o procedimento de avaliaccedilatildeo por pares dos manuscritos que recebem ou encomendam e que apresentam desempenho crescente nos indicadores de cumprimento dos criteacuterios de indexaccedilatildeo A coleccedilatildeo privilegia a admissatildeo e permanecircncia dos perioacutedicos que em sua operaccedilatildeo avanccedilam na profissionalizaccedilatildeo internacionalizaccedilatildeo e modelos de financiamento sustentaacutevel Acesso em https
168 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
scieloorg
bull ScienceDirect ndash possui publicaccedilotildees confiaacuteveis de textos completos mantendo os usuaacuterios informados em suas aacutereas trabalhando com eficiecircncia e efetividade Aleacutem de apresentar muitas funccedilotildees inteligentes que contribuem para tal proposta Acesse em httpswwwsciencedirectcom
bull Scopus ndash eacute um banco de dados que possui resumos e citaccedilotildees de literatura com revisatildeo de revistas cientiacuteficas livros resumos de congressos e publicaccedilotildees em geral Eacute uma plataforma que mostra importantes pesquisas Acesse em httpswwwscopuscomhomeuri
bull Paperity ndash tem como principal objetivo oferecer acesso livre aos conteuacutedos com licenccedila fornecida para qualquer pessoa Acesse em httpspaperityorg
bull Sparrho ndash promete unir a inteligecircncia humana e artificial para manter os usuaacuterios atualizados sobre novas publicaccedilotildees e patentes Acesse em httpswwwsparrhocom
Dentre as ferramentas jaacute citados para outros fins o F1000 prime o Mendeley e o Zotero satildeo exemplos que podem ser utilizados tambeacutem com essa finalidade
194 PUBLICACcedilAtildeO
Apoacutes utilizar as principais plataformas oferecidas para buscar na literatura os temas relacionados agrave sua pesquisa encontrar as melhores referecircncias para enriquececirc-la e trabalhar na sua escrita podemos passar para o uacuteltimo passo da pesquisa cientiacutefica
A publicaccedilatildeo do artigo pode ser realizada por meio de plataformas criadas pela comunidade cientiacutefica com intuito de gerar oportunidades para os autores em mostrar o seu trabalho e para os leitores ao oferecer conhecimento sobre pesquisas atualizadas acerca dos mais diversos assuntos
BioMed Central (BMC) ndash parte da editora Springer Nature a BMC eacute uma das pioneiras no processo de publicaccedilatildeo de conteuacutedo de acesso aberto a BMC tem um amplo portfoacutelio de jornais de alta qualidade revisados por pares incluindo tiacutetulos de interesse como Biologia e Medicina Consulte em BMC Series
PLOSOne ndash a PLOS eacute uma editora de acesso aberto sem fins lucrativos que visa difundir e acelerar o progresso da ciecircncia e da medicina modificando o processo de comunicaccedilatildeo de pesquisas e impulsionando o movimento por alternativas de acesso aberto desde 2001 Acesse em httpsjournalsplosorgplosone
ScienceOpen ndash eacute uma plataforma interativa que publica pesquisas de acesso aberto oferecendo um canal de comunicaccedilatildeo para os pesquisadores podendo gerar
Como Utilizar a Tecnologia a Favor da Produccedilatildeo Acadecircmica 169
discussotildees acerca do assunto e aprimorando o estudo Acesse em httpswwwscienceopencom
eLife ndash ele publica trabalhos com grande relevacircncia em aacutereas da vida e ciecircncias biomeacutedicas e somente apoacutes avaliaccedilatildeo de cientistas que trabalham na plataforma disponibiliza gratuitamente aos leitores apesar de cobrar uma taxa de publicaccedilatildeo aos autores Acesse em httpselifesciencesorg
Cureus ndash eacute uma revista que possui um padratildeo editorial e promove a publicaccedilatildeo gratuita mantendo os direitos autorais e principalmente destacando os pesquisadores por meio de um curriacuteculo digital ancorado em seus artigos Veja em httpswwwcureuscom
Winnower ndash assim como a ScienceOpen a Winnower promove publicaccedilotildees on-line de acesso aberto incentivando a comunicaccedilatildeo cientiacutefica para debate Nesta plataforma eacute necessaacuterio o pagamento de uma taxa de publicaccedilatildeo Acesse em httpsthewinnowercom
195 OUTROS LINKS E APLICATIVOS UacuteTEIS
LISTA DE ldquoSOBREVIVEcircNCIArdquo PARA A PRODUCcedilAtildeO ACADEcircMICA (Adaptado de Nathaacutelia Ronfini Disponiacutevel em httpsedisciplinasuspbr
pluginfilephp5555503mod_resourcecontent1sobrevivencia_academicapdf)
ESCRITAContador de palavras repetidas httplinguisticainsitecombrcorpusphphttpptwordcounter360comhttpwwwwritewordsorgukword_countaspDicionaacuterio de sinocircnimos httpswwwsinonimoscombrDicionaacuterio de antocircnimos httpswwwantonimoscombrdorConferir se eacute plaacutegio httpwwwplagiumcomhttpplagiarismanetCurso de Escrita e Publicaccedilatildeo de Artigos Cientiacuteficos httpwwwcnengovbrimagesCINCursosCurso_Escrita_Publicao_
Artigo_Cientfico_Junho2017pdf9 elementos essenciais no artigo cientiacutefico httpsandrezalopescombr9-elementos-essenciais-no-artigo-cientifico
170 Manual Praacutetico para a Produccedilatildeo Acadecircmica
PESQUISA BIBLIOGRAacuteFICABase de perioacutedicos da Capes httpwwwperiodicoscapesgovbrBibliotecas digitais gratuitashttpsptscribdcomhttpsarchiveorgdetailsamericanahttpgenlibrusechttpswwwpdfdrivenethttpswwwpasseidiretocom
REFERENCIAMENTOGerenciadores de referecircncia bibliotecas digitaiswwwmyendnotewebcomhttpswwwzoteroorghttpswwwmendeleycomManual Mendeleyh t t p s w w w s l i d e s h a r e n e t T h a i s M o r a e s 7 m e n d e l e y - 2 0 1 7 -
73612874from_m_app=android
TRADUCcedilAtildeOFerramenta para escrita e correccedilatildeo de textos em inglecircs httpswriteandimprovecomhttpslanguagetoolorghttpswwwgrammarlycomDicionaacuterio de sinocircnimos em inglecircs httpswwwthesauruscom
OUTROSConferir o Qualis de um perioacutedico https sucupiracapesgovbrsucupirapublic consultascoleta
veiculoPublicacaoQualislistaConsultaGeralPeriodicosjsfRedes sociais para pesquisadores httpswwwresearchgatenethttpswwwacademiaeduhttpsbrlinkedincomPlataforma Brasil httpplataformabrasilsaudegovbrloginjsfComo utilizar o meacutetodo FISHQTCR5SS para ler artigos cientiacuteficos httpposgraduandocomfish-qtcr-5ss-leitura-artigosO Guia Completo das Ferramentas de Pesquisa httpsblogeven3combrguia-completo-das-ferramentas-de-pesquisa
Top Related