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REMANDO POR CAMPOS E FLORESTAS:
Memrias & Paisagens dos Marajs
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Denise Pahl Schaan
Agenor Sarraf Pacheco
Jane Felipe Beltro
Organizadores
REMANDO POR CAMPOS E FLORESTAS:
Memrias & Paisagens dos Marajs
Livro Ensino Fundamental
5 a 8 Sies
Rio Branco
GKNORONHA 2011
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Organizadores
Denise Pahl Schaan
Agenor Sarraf Pacheco
Jane Felipe Beltro
Produo Editorial
Denise Pahl Schaan
Conselho Editorial
Fernando Luiz Tavares Marques
Flavio Leonel da Silveira
Hilton Pereira da Silva
Marcia Bezerra de Almeida
Rosa Acevedo-Marn
Projeto Grfico e Direo de Design
GKNoronha
IlustraesDesenhos:Deise Lobo
Cores:Clementino Almeida
Impresso e Acabamento
Amaznia Indstria Grfica e Editora Ltda.
Financiamento
CNPq Pcess n. 553622/2006-4IPHAN Insiu d Paimni Hisic e Asic Nacinal
Apoio
Universidade Federal do Par - UFPA
AMAM - Asscia ds Municpis d Aquiplag d MaajSecul Seceaia de Culua d Esad d PaPrefeituras dos Municpios de Anajs, Afu, Breves, Cachoeira do Arari, Chaves, Curralinho, Melgao,
Muan, Ponta de Pedras, Portel, Salvaterra, Santa Cruz do Arari, So Sebastio da Boa Vista e Soure.
Distribuio Gratuita
Pgama de Ps-Gadua em Anplgia - PPGA/UFPA
Disponvel na internet
www.ppga-ufpa.com.br
www.marajoara.com
Sumrio
APrESENtAoSou marajoaranos campos e nas florestas dos Marajs
Jane Felipe Beltro
I - PAISAGENS & PASSAGENS
1. PAISAGENS E ESPAoS DE MELGAo EM trANSForMAoManoel Moreira Almeida
2. DEIXANDo A tErrA NAtAL: As Migaes aavs ds temps
Denise Pahl Schaan
3. A MIGrAo NorDEStINA PArA SALVAtErrALuiz Antonio da Silva
Waldeci Pena Miranda
4. NorDEStINoS EM PortELJs Mendes Sanana da Silva
5. NArrAtIVAS E oLHArES DA MIGrAo PArA MELGAoDailson Guatassara Santos
Glindes Ribeiro Wanzeler
II - HISTRIAS DE VILAS E CIDADES
6. F, FoGo E MAr: Hisias e Memias da Vila de AapixDenise da Costa dos Passos
7. JoANES EM DUAS MEMrIASShirleide Rodrigues Neves
8. trABALHo, rELIGIoSIDADE E EDUCAo:Histrias de uma Comunidade Ribeirinha no Maraj das FlorestasDalcides Santana Pinheiro
9. MEMrIAS Do PAtrIMNIo PBLICo MAtErIAL DE CHAVESMarinilza Coelho Loureiro
10. PELAS RUAS DA CIDADE DE CHAVES
Ilma de Ftima da Silva Tavares
11. VoZES DA BorrACHA EM ANAJS: uas Hisias sbe tabalh e SeingalMnica Malcher
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Remando por Campos e Florestas: Memrias & Paisagens dos Marajs
/ Denise Pahl Schaan, Agen Saaf Pachec, Jane Felipe Bel,
organizadores.- Rio Branco: GKNORONHA, 2011.
172 p.
Inclui bibliografias.
ISBN 978-85-62913-05-1
1. Maaj, Ilha d (PA) - Hisia. 2. Paimni culual- M aaj, Ilha d (PA). 3.
Miga - Maaj, Ilha d (PA). 4. Memia.I. Schaan, Denise Pahl.II. Pachec,
Agenor Sarraf. III. Beltro, Jane Felipe.
CDD - 22. ed. 981.15
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III - PATRIMNIO MATERIAL E IMATERIAL
12. HIStrIAS DA CoBrA GrANDEDenise Pahl Schaan
13. MEXENDo CoM CoISA DE NDIo: Descbea Aquelgica nas guas de AnajsMnica Malcher
14. ArtEFAtoSMaria de Jesus de Oliveira Brito
15. CACHoEIrA Do ArArI E oS SEUS PAtrIMNIoSVera Lcia Mendes Portal
16. DoS MoNAS MUANElita Gomes Ferreira
17. BrINCANDo NoS CAMPoS Do MArAJ: Memias de Bincadeias de SalvaeaSimone Azevedo de Oliveira
18. ESPICHANDo A ProSA: os Msics d JubimAlice Rodrigues de Freitas
19. A ARTE DE PARTEJAR
Deomarina Cardoso Ferreira
Ediane do Carmo Freitas
20. oFCIoS DAS MAtAS E DAS GUAS: Sabedia e Medicina Cabclas em SalvaeaMaria Pscoa Sarmento de Sousa
Alice Rodrigues de Freitas
IV - NARRATIVAS FANTSTICAS
21. O ENCANTE DA COBRA BRANCA DO RIO SIRICARI EM SANTA LUZIA
Marcelli de Cssia Monteiro Santa Brgida
Rodrigo Oliveira dos Santos
22. o MArAJ E SUAS LENDASIsa Maria do Nascimento Silva
SOBRE OS AUTORES
Sou marajoara nos campos e
nas florestas dos MarajsJane Felipe Beltro
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Ao idealizar o projeto Por Campos e Florestas,Denise Pahl Schaan e Agenor Sarraf
Pachec, dis apaixnads pel Maaj, n imaginavam a dimens d abalh de cnsu
e do alcance de produzir material didtico-pedaggico para o ensino transversal de contedos
de Histria, Arqueologia e Patrimnio Culturaln aquiplag, luga que gulh mai ds
paraenses. Com entusiasmo e competncia os coordenadores da proposta que, hoje, vem a lume,
foram reunindo pares, professores da rede pblica dos diversos municpios marajoaras e demais
pesquisades, paa peleja pela causa.
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O trabalho foi arquitetado e tecido nas malhas do tempo e dos muitos encontros nos
Maajs e em Belm, que cmpeendeam ficinas de dilg e expeincias, elaba de ex-
tos escritos com conhecimento de causa, fotos retiradas dos bas da memria e horas a fio de
discusso e reviso. Documentos que, cuidadosamente, foram caindo nas malhas da rede de
sabees adicinais que inundam as pginas d nss liv apesenand a plasicidade ds
conhecimentos e a urgente necessidade de colocar o saber local na pauta da educao escolar
nos Marajs.
O trabalho foi possvel porque todos se acreditavam participar de um empreendimento
que reforaria o fato de serem marajoaras de nascimento ou de corao, por pertena ou por
adeso. Do primeiro encontro, lembro o entusiasmo das declaraes, respondendo s perguntas
quem vc? E ... p que paicipa d pje? Enfaicamene, algum espndeu: sou marajo-
ara, daquelas que saiu cedo de casa para tentar a vida. E outro, logo acrescentou: nasci na Vila de
Janes, disri de Salvaerra, nde mr a hje. Ou: Vim para a Ilha d Maraj recm-nascida,sou marajoara de corao; hoje, com sonhos realizados, me considero marajoara!
Mas afinal, que gulh esse de se maajaa? Alguns infmam: sou descendente de
ndios, filha de portugus, cabocla da gema. Muitos so filhos depescador, vaqueiro, agregado
de fazenda, danarino de Carimb. Outros mais se declaram sourenses ou filhos de Soure,ponta-
pedrense, chavense, salterrenseou apresentam-se como gente humilde e trabalhadora, nascida na
roa com muito orgulho, quilombola que antes se pensava mestio, mas hoje luta por seus direitos.
Todos marajoaras! No impor ta a descendncia, chegou Ilha parou, bebeu aa ficou
gulhs e de l n se deixu sai. As declaaes inimidam s pucs faseis que n
sendo filhos do lugar, consideram-se marajoaras por adoo. O ser marajoara papel assumid,
cmpmiss ij que fja cmpmisss que deixam s pades da idenidade acenads
s tradies que no necessariamente conhecem a fundo, mas que impressiona os visitantes e os
pesquisades que a aquiplag se diigem.
Se maajaa aiude que levana a cabea cna a invisibilidade da divesidade cul-
ual que aiu s mades d Maaj duane Basil Clnia e, hje, cninua a exclu-ls
pelas formas coloniais internas. Os marajoaras resistiram s mazelas e ao ser paraense que ge-
nealiza e escameia as fmas divesas de se apesena e cnvive. Alivs, chegam a scul
XXI aues de muias hisias que peendem naa, cna as esudanes nas esclas que
se fazia/faz n Maaj, lcal nde cm pfesses aclhem us maajaas paa faz-ls
orgulhosos e compromissados com o pensar-se livre por agir e pensar diferenciadamente.
Professores ararienses, cachoeirenses, chavienses, muanenses, ponta-pedrenses,
salvaterrenses e sourenses, oriundos dos campos do Maraj, agregaram-se aos: anajaenses,
bagrenses, boa-vistenses, brevense, curralinhenses, gurupaenses, melgacianos e portelenses,
vindos das florestas, chegaram a Soure animados para indicar temas e possibilidades de trabalho
paa educa escla n Aquiplag.
Os docentes informaram que desejavam ver nos livros didticos, utilizados nas escolas
d Maaj, a hisia das cmunidades da ibeia, das paias, ds camps e das flesas. texs
que naassem cm eam/s as vilas? Cm viviam/vivem as pessas esidenes ns divess
espas d eii maajaa? De que maneia s maajaas vivem dia-a-dia, que csumes
pssuem ... e, ambm, queem egisa as esias milgicas que egem a vida n aquiplag,
sees cm bs, iaas e encanads que assunam s desavisads e auxiliam a mane a dem
social em equilbrio.
Na vedade, s pfesses queem ve a memia eavivada indicand as ilhas d que
se fi u das lembanas que paecem u es admecidas, pis ecupea as hisias em suas
difeenes veses ensina cianas e jvens que pecisam cnhece a adi paa valiza
ser, o viver, o pertencer, o agregar-se ao Maraj e sua imensido. Portanto, os profissionais da
sala de aula no apenas so ou se dizem marajoaras, eles querem dar continuidade s formas de
na-se maajaa, infmand sbe u efand as naaivas que s esudanes escuam
fa ds bancs esclaes, pis queem, fazem ques de esa cnecads ealidade.
A piidade ds aues d nss liv sabe a hisia ds cnenes, paa alm
e cnhece a hisia de pessas e lugaes d Basil e a d esangei. Segund s dcenes
do Maraj, os livros didticos devem ser elaborados conforme a histria e as necessidades decada luga, pis assim s esudanes pdem execia-se em cmpaaes e cmea a fmula
ppsas fundamenadas em expeincias vividas. Pan, se maajaa cincide cm esa em
sinnia cm pames cuiculaes que cnemplem a si, as esudanes e as inelcues de
outras plagas, pois assim vivem identidade mpar sem desconsiderar as identidades dos demais,
dando um saboroso realce diversidade.
Se maajaa paece indica su gene d meu emp, cm s lhs fixs n fuu,
pis fuu peence as mais jvens; enean, n se pde descnhece a expeincia ds
mais velhos, guardadores da tradio que se renova.
os pfesses acediam que as bincadeias de ciana adicinais ... fam esque-
cidas; enean, cei que, a peceem s caminhs da memia e elabaem exs sbe
assun, ansfmam, n apenas s esudanes em viajanes d emp d emp fi, mas s
leies d nss liv em passageis da memia, e ensinam, paa alm da escla, cm se pde
conhecer os Marajs. Assim, no lamentamos o surgimento de jogos e brinquedos eletrnicos, mas
acescems a cnhecimen que h inmeas fmas de binca e que esga-las apxima jvens
e velhos, criando laos fortes, forjando uma ciranda que torna os Marajs lugar de viver e imaginar!
E quem sabe canand cianda, ciandinha, vams ds cianda, vams da a meia vla, vla e
meia, vamos dar. O anel que tu me destes era vidro e se quebrou, o amor que tu me tinhas era pouco
e se acabu. E, paa cmplemena p iss Dna cianda ene den dessa da diga um ves
bem bni..., e ajusand ef, em luv ds maajaas que canam s Maajs!10 11
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I PAISAGENS & PASSAGENS
Ainda eimam desnaufaga navi. Ele viu fanasma, viu cba bina. Sbe asenchenes em Maaj, especul mesm. N meu mance Maaj eu fal da gua
invasa. o Chve es enchacad assim cm ts casas e um ri. tda a minha ba
fluua na enchene. Vej jaca, peixe auan e s defuns que escapam d cemii
alagad. Mei numa casa em cima dgua. A hje i s peixes e as maecas e as
chuvas enmes. (...) Maaj ainda ea encanada. o gad anfbi. (...) Quand Maaj
desencana?MENEZES, Maia de Belm. Um ea de Dalcdi Juandi. In:Asas da Palavra. revisa d Cus de Leas. Belm:
Unama, n 04, junh, 1996, p. 24.
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PAISAGENS&PASSAGENS
1PAISAGENS E ESPAOS
DE MELGAO EM
TRANSFORMAOManoel Moreira Almeida
Os seres humanos, no decorrer de sua histria, tm mantido uma relao integral com
a natureza e com os elementos que a compem. Nessa relao, as pessoas provocam profun-
das transformaes no ambiente fsico, modificando-o e alterando sua forma, seu contedo, seus
significados e suas funes. Com isso, transformam espaos e paisagens, buscando um melhor
aproveitamento dos recursos naturais.
As transformaes da paisagem podem ser entendidas como boas ou ruins, depende
de como se promove a ao humana sobre um determinado ambiente; boas quando o agente
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PAISAGENS&PASSAGENS
PAISAGENS&PASSAGENS
sevi egula de clea de lix e, em ba
pae da cidade, a a limpeza ubana n
atende a populao de maneira satisfat-
ria.
O processo de transformao
pel qual em passad a cidade inens
e, nos dias atuais, acontece ainda de for-
ma mais pida. Pm, nem sempe iss
jusificvel; algumas mudanas geam
mais problemas do que solues para
a vida dos moradores. Muitas acabam
ciand des de cabea e pvcam,
frequentemente, catstrofes naturais,como enchentes e alagamentos, resultan-
do emmais problemas do que melhorias
para a vida da populao urbana.
Nem sempre as mudanas r-
pidas s bas. H alguns ans, sb alguns aspecs, ea melh de se vive; iss cmpvad
pel ela d pfess Hli. Segund ele, essa ansfma, cnsideand aspec ambien -
al, fi uim. Essa pini ambm fi acmpanhada p Seu Js Lin, quand qualificu a p-
blemica cm sua expeincia cidiana: Hje, cm a gande quenua difcil a fica em casa
de dia, mei dia mui quene, um cal danad, e ainda ficu pi depis que cmeaam a
faze caladas nas uas e inha umas ves na cidade que fam deubadas.
Sbe a plui ambienal, pfess Hli ns disse seguine: Aumenu a caga de
lix na cidade, e a Pefeiua, pde pblic, n cnsegue abalha desin desse lix. Essa
situao gera um problema ambiental enorme na cidade, pois ela sofre uma poluio visual ao
exem. A cidade visualmene mui feia; eu a caaceiz cm feia, ela fica feia pque es
suja, iss eflex dessa mudana n espa gegfic.
Assim, as transformaes nem sempre se apresentam como solues de melhoria,
mas como entraves para a construo de uma realidade mais digna e de um mundo ecologica-mente sustentvel.
N mund exemamene maeialisa e individualisa em que vivems, a nsia pel p-
de e a necessidade de e sempe mais, leva as pessas a pcuaem incansavelmene p alg
mais, a queeem aumena suas ppiedades, n se pecupand cm a fma cm v
cnsegui iss, se cm expla desdenada, u n, ds ecuss nauais.
Sabemos que as pessoas podem produzir riqueza sem precisar devastar a natureza de
fma iespnsvel. Sbe iss, pfess Hli cmenu que pssvel pduzi e abalha
sem acaba cm s ecuss nauais que ns deiam. Assinala pfess: Eu cncd que
pode haver desenvolvimento sustentvel, onde a sociedade se relaciona de uma forma sustent-
vel, pecupand-se cm a exisncia das espcies: iss pssvel.
Cnud, que se pecebe que hmem, na nsia de eniquece apidamene e a
transformador age de forma sensata, responsvel e cnscio da necessidade de se pensar nas
geraes futuras; ruins quando seu ato est voltado apenas para os fins do que se quer conseguir,
no considera os meios utilizados para alcanar seus objetivos, preocupando-se somente em atin-
gir o resultado final, seja ele qual for. Assim, muitas vezes os seres humanos modificam de forma
negativa os ambientes onde vivem pelo simples desejo de satisfazer suas necessidades pessoais
ou empresariais.
o espa gegfic melgacense, assim cm d planea, ambm sfe a ine-
fencia humana, aavs de mudanas que s senidas p ds. Cada pessa pecebe as
transformaes por um prisma diferente, com vises distintas; umas, como os professores de
Geografia, analisam segundo as teorias geogrficas, j outros atores sociais as percebem pela
vivncia cidiana, aavs de sabedias adquiidas, muias vezes, em adies familiaes. Cn-
tudo, de seu lugar, cultura e posio social, todos percebem a metamorfose em escala planetria
pela qual passam as paisagens.o pfess Hli Pena Baia ns elaa cm pecebe essa mudana cnsane n seu
dia-a-dia: Quand cheguei a Melga, em feveei d an de 1992, as uas eam basane dife-
enes. A Maechal rndn n ea pavimenada, e nesse ped de chuvas ea difcil afega.
V-se, pel que ns fala pfess Hli, have uma significaiva ansfma n es-
pa gegfic de Melga. Ele ns diz ainda que: Quand a gene esudava, cansei de sai da
escla, nie abaix de chuva ... e nhams que enfena a lama. Hje, as uas ganhaam ua
configurao. Houve a abertura de outras ruas, a cidade j tomou conta de boa par te da estrada
Melga-Jangui.
o senh Js Lin da silva, agicul e mad h mais de quaena ans em Melga,
ambm ns falu sbe as mudanas cidas na cidade, especialmene na lima dcada. Dese
md expessu-se: Quand cheguei aqui, s inha a ua da fene (Senad Lems), a a Igeja
de S Miguel, uma pae da 12 de uub e um peda da 31 de ma, es ea maagal.
Mas naquele emp ea melh algumas cisas, inha mais peixes, caas e a vida ea mais anqui-
la. N inha muia sujeia cm em hje, n se via lix pela cidade, s s capins que avam.
P iss ach que naquele emp ea bm vive em Melga.
Isso caracteriza a interferncia humana na paisagem; muitas vezes, as pessoas pagam
um pe al p esse avan, sfend cnsequncias que pdem se mais negaivas d que p -siivas d pn de visa da qualidade de vida. Iss pde se visualizad n que pfess Hli c -
mentou sobre as diferenas entre o viver em Melgao, no passado e no presente. Assim assinalou:
Anes ea melh. N aspec ambienal, a cidade n inha, p exem-
pl, pblema da acumula de lix n ped da chuva. Hje ems
lcais cics na cidade. Quand chve uma dificuldade enme paa
trafegar porque a cidade no tem um sistema de esgoto. Nesse aspecto, hoje
bem pi ma em Melga.
Pecebe-se mais uma vez pela fala d pfess Hli que n aspec ambienal a siua
da qualidade de vida hje pblemica. Melga apesena pblemas de fala de esg sanii,
Ilustrao:
Mrcio de Mene-
zes, funcionrio da
DIPROE, Melgao,
2006.
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PAISAGENS&PASSAGENS
PAISAGENS&PASSAGENS
qualque cus, seja pels mds nbes, aavs d abalh si, seja pels caminhs bscu-
ros e desonestos, age da forma mais vil que se possa imaginar para alcanar seu intento.
Na sociedade ocidental capitalista, o desejo do lucro move o sistema de relaes pesso-
ais e regula o processo de Diviso Social e Territorial do Trabalho; todos querem o mesmo objetivo:
ganha dinhei, e, de pefencia, sem mui sacifci. Pm, cm iss n pssvel paa a
humanidade ineia, s mais espes que cnseguem usufuua das iquezas nauais e ga-
nhar dinheiro antes que os demais possam fazer uso dela.
Assim, s ecuss nauais s explads sem qualque ceimnia e v send dizima -
ds, exins de fma indisciminada, pedaia e, em alguns cass, de fma ievesvel. Aqui
em Melga, esa ealidade ambm vivenciada: a madeia, palmi e us ecuss nauais
es desapaecend das flesas, e a ppula, que n passad vivia d exaivism desses
pdus, hje padece, sfe sem -ls paa seu alimen. Um exempl diss aa, que em
alguns meses d an impad de us municpis p um pe elevad, que deixa pvmais humilde sem condies de consumi-lo diariamente.
Diante de nossos comentrios e das opinies desses dois atores sociais, que represen-
tam categorias diferentes, mas complementares do tecido social melgacense, cabe-nos afirmar
que o espao geogrfico da cidade de Melgao, como quase todo o planeta, tem passado por
uma metamorfose permanente, seja provocada pelos elementos da natureza (sol, chuva, vento e
us fenmens climics), seja pela a humana. Esa lima a espnsvel pelas pies
cnsequncias, cm aquecimen e a eleva da empeaua mdia, de cncia em ds
os lugares.
Alg ineessane de se pecebid nas falas ds enevisads que, alvez pel nvel de
educao escolarizada que apresentam para avaliar estas paisagens em transformaes, a mesma
a visa sb difeenes lhaes; enquan paa pfess Hli, algumas mudanas s visas
cm psiivas, cas d asfalamen de uas, paa Seu Js Lin, iss mivu cal elevad de
hje, e vis cm negaiv. Pm, alg cmum n md de analisa essa mudana fa de
ambos perceberam as transformaes e alteraes no arranjo espacial da cidade de Melgao.
Orientao
o ex Paisagens e Espaos de Melgao em Transformao indicad paa
se abalhad cm aluns de 5 sie, nas disciplinas Gegafia e Esuds
Amaznics. Pde se ambm abalhad em Esuds Amaznics cm alu-
ns de 6 sie.
Propostas de Atividades
Faa dois desenhos retratando a paisagem geogrfica do lugar onde voc1.
mora em dois momentos: no presente e no passado (pea ajuda de seus pais
ou de pessoas de mais idade para o segundo desenho).
Desceva cm espa gegfic nde vc ma. Desaque aspec2.
ambiental, assim como aqueles relacionados segurana, alimentao e
madia, p exempl.
Vc acedia se pssvel que as ppulaes explem mei ambiene e3.
geem iqueza, sem desui iespnsavelmene a naueza? De que fma
iss pde se fei?
Vc cncda u discda d pfess Hli quand afima que a cidade 4. fica
feia prque es suja, que lix ia a beleza d ambiene? D sua pini.Faa um quadro, divida em duas colunas, relacione em uma os elementos5.
naturais e em outra os elementos artificiais visualizados na paisagem onde
vc ma. Depis espnda: exisem ambienes almene nauais, sem a
inefencia humana?
o pfess ambm pde pedi as aluns paa fazeem uma eda sbe6.
as ansfmaes da paisagem e s eflexs que essas mudanas pdem
trazer para o ser humano.
Leiua da imagem d ex. obsevand aenamene a ilusa de Mci7.
de Menezes, diga o que voc pensa ao ver essa imagem. O que ela tem a ver
cm a sua vida? o que vc acescenaia? Faa uma lisa dessas ppsas
e depis cnsua uma nva imagem e um ex, abdand as queses que
n ficaam bem expessas na ilusa.
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PAISAGENS&PASSAGENS
DEIXANDO A TERRA NATAL
as Migraes atravs dos TemposDenise Pahl Schaan
A p-hisia ped mais exens da hisia humana. Cmea h 2,5 milhes de
anos, com a produo e uso de
artefatosde peda pels pimeis hmindes nsss anepas -
sados mais remotos. Se pararmos por um momento para pensar que os primeiros indivduos de
nssa espcie - Homo sapiens se desenvlveam n cninene afican e a pa i de l clni-
zaam d glb eese, cuzand maes e ceans, eems a exaa dimens da avenua
migratria dos seres humanos. Mas talvez o impulso para migrar provenha primeiro de nossa
carga biolgica. Sabemos que animais migram em busca de alimento e climas mais favorveis,
fequenemene em pcas especficas d an. As migaes humanas, enean, endem a se
mais cmplexas e envlvem n apenas faes ecnmics u seja, a busca de melhes cn-
dies de vida mas ambm azes plicas, eligisas, afeivas e simblicas.
Moramos em um pas de migrantes. Para c vieram portugueses, africanos, alemes, ita-
lianos, espanhis, japoneses... Da mesma forma, brasileiros imigrantes esto presentes em quase
todos os pases do mundo. Estima-se que cerca de 100 milhes de pessoas ou 2% da populao
do globo viva longe de seus pases de origem. O ser humano parece ser migrante por natureza,
que cmpvad pela ajeia de seu cmpamen scial desde passad disane a
a aualidade, quand s anspes mais pids e flux quase insanne de infmaes n
mundo globalizado facilitam os contatos e deslocamentos.
Por que as pessoas migram?
Anes de mais nada, vams ena enende que leva as pessas u pvs ineis
a migrarem. Um dos fatores primordiais apontados tem sido o econmico. As pessoas se sentem
atradas por oportunidades de trabalho ou terra para cultivar (vantagens no destino), por um lado,
e p u se senem expulsas de uma egi naal nde as punidades paa alimena a si e
sua famlia j no so to promissoras (desvantagens no local de origem). A essa receita se deve
Artefato: udaquil que pduzi-do por seres humanosa pai de maias-pimas exisenes nanatureza. Artefatosso, portanto, coisasculturais, no naturais.
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PAISAGENS&PASSAGENS
PAISAGENS&PASSAGENS
adicionar custos razoveis de transporte e a disponibilidade de informao sobre as vantagens do
local de destino.
A fme e a cancia de ecuss mnims necessis sbevivncia casinads
pela seca n cas d Ndese basilei aliads cescene indusializa n sudese ba -
silei, levaam a que milhaes de mulhees e hmens deixassem Ndese a pai da dcada
de 1960 em die a eix ri-S Paul, nde se junaam s ppulaes pbes de peifeia
para preencher as vagas de trabalho nas fbricas, na construo civil e nas casas de famlia
- s chamads empegs dmsics. A pai da dcada de 1970, ppulaes uais d sul d
pas migraram para a Amaznia, seduzidos pela poltica desenvolvimentista do governo militar.
Ao mesmo tempo, grandes contingentes populacionais ficaram para trs, muitas vezes sem con-
dies de acaem cm as despesas da lnga viagem. Pecebe-se, p numess exempls, que
nem sempre os mais pobres migram, pois esses tm dificuldades de acesso informao e aos
recursos mnimos para encarar uma longa jornada. Por isso, se aqueles que tm um pouco mais
de recursos migram, parte da razo pode no ser somente econmica, pois se percebe que h
outros desejos e situaes favorecendo esses deslocamentos.
Esuds auais msam que a exisncia de uma ede de slidaiedade ns lcais de
desin um fa impane que cnibui paa sucess da miga. ou seja, migane viaja
j esperando encontrar algum apoio de familiares e amigos que chegaram antes dele no local,
para que possa ter algum suporte nos primeiros meses de adaptao nova realidade. Outro dado
impane que a miga n uma decis individual, mesm ns cass em que uma s
pessoa migra. Geralmente o migrante se engaja na aventura de tentar a vida em um local estranho
por deciso conjunta dos membros da famlia e com seu apoio. Espera-se que o migrante bem-
sucedido mande dinheiro para casa e ajude os familiares que ficaram para trs.
As migaes pdem ambm se empias e acnece em fun de peds espec-
fics d cicl pduiv de planas e animais, quand vanajs miga paa ua ea paa clea
recursos alimentares. Bioarquelogos brasileiros identificaram vestgios de migraes humanas tem-
pias ene planal e lial n exem sul d esad de S Paul a pai de seis mil ans
anes d pesene, cm base em semelhanas genicas e da culua maeial. Alg semelhane
pode ter acontecido na regio de Santa Catarina, onde se supe que grupos indgenas alimentavam-
se de pinhes no planalto (um fruto com uma massa bastante calrica que se cozinha em gua e
sal) durante o inverno e que no vero desciam para o litoral onde pescavam e coletavam mariscos.
Migaes empias e ene cuas disncias pdem e cid na ilha de Maaj em fun da
vaia da dispnibilidade de peixes ene as esaes de inven (cheia) e ve (seca). Quand as
guas baixavam apidamene n final d inven, a quanidade de peixes pess em lags e igaaps
ns camps ua alagads aaam ppulaes que viviam a mais de 100 km de disncia, que l
se estabeleciam por alguns meses aproveitando-se da fartura de alimentos.
Uma vez em sua nova terra, os migrantes podem sofrer com a adaptao s novas
condies, especialmente se esto em menor nmero, pois se devem ajustar a situaes que
frequentemente lhes colocam em um patamar inferior aos demais habitantes do local.
Disporas
talvez vc j enha uvid fala nessa palava: dispa. N? Dispas s miga -
es fadas, em que sucessivas levas de pvs s bigads a deixa sua ea naal p fuga
u ce. Quand se fala da dispa aficana, p exempl, esams n efeind as milhes
de pessas que fam eiadas d cninene afican a pai d scul IX e levadas paa
iene mdi e a sia, e depis, a pai d scul XVI, paa a Eupa e Amicas p mecades
de escavs paa seem cmecializads cm m-de-ba. A dispa aficana a pincipal
responsvel pela presena significativa de populaes afro-descendentes em pases do Caribe,
no Brasil, Estados Unidos, e diversos pases sul-americanos, norte-americanos e europeus.
No caso das populaes africanas, seu prprio status de escravos contribuiu para difi-
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PAISAGENS&PASSAGENS
PAISAGENS&PASSAGENS
cultar sua absoro mesmo depois do final da escravido. Uma maneira dos povos migrantes con-
sevaem a memia de sua ea de igem mane las culuais cm ela, dand cninuidade
s tradies no preparo de alimentos, confeco e uso de vestimentas e adornos, manuteno do
idioma materno, assim como procurando a realizao de festas, rituais e cerimnias que reavivam
esses laos.
Migraes Indgenas
N final d scul XIX, quand fam descbes cemiis indgenas n Maaj que
indicavam a exisncia de sciedades cmplexas, cm al nvel de desenvlvimen cnic,
pensou-se que essas populaes teriam vindo de fora, pois contrastavam com a aparente simpli-
cidade das ppulaes indgenas amaznicas en cnhecidas. Ns ans de 1950, essa idia
ganhou fora principalmente com os trabalhos de Betty Meggers, arqueloga que defendeu a tese
de que a cultura marajoara teria sido trazida ao Maraj por povos que migraram dos Andes. Mesmon end sid encnads vesgis dessa supsa miga a lng d i Amaznas, al idia
pedminu p mais de s dcadas, pvand ainda hje imagini de cienisas e leigs. A
pai da dcada de 1980, cm as pesquisas da aquelga ameicana Anna rsevel n Maaj,
a idia de um desenvlvimenautctoneda culua maajaa, n baix Amaznas, ganhu fa,
especialmente quando ficou provado que aquelas populaes l viveram por cerca de 900 anos.
Hje incnesvel que a semelhana exisene ene as picas desenvlvidas pelas scieda-
des marajoaras e aquelas que a antecederam comprova o desenvolvimento local.
de Maaj e l se esabelece sem e deixad vesgis em seu caminh. Alm diss, eiam que
cna cm infmaes sbe lcal d desin, alm de e planejad mui cuidadsamene
essa avenua. Quand as migaes cem sbe disncias maies, pque h infmanes
que v na fene expland s nvs lcais e buscand assegua-se de que have bas cn-
dies nos locais de destino.
Apesar da dificuldade de se obter dados seguros sobre as migraes de indgenas ame-
ricanos pela falta de censos demogrficos e documentao escrita, sabe-se que grandes movi-
mentos migratrios seguiram-se ao contato com os europeus, na medida em que diversos grupos
indgenas optaram ou foram obrigados pelos invasores europeus e depois pelos colonizadores
a deixaem suas eas lcalizadas nas vzeas e pcuaem lcais mais segus n inei
da floresta. Chegando s cabeceiras dos rios, os remanescentes das guerras de conquista, das
ceias paa capua escavs e das denas eupias junaam-se as pvs que l vivam,
fmand nvas sciedades, aga mulinicas e mulilingusicas.As migraes so sem dvida um tema fascinante. Os migrantes que retornam sempre
m hisias incveis paa cna sbe suas expeincias em lcais difeenes. tais elas,
se por um lado fascinam o interlocutor, por outro acabam dando-lhe a impresso de que, afinal de
cnas, melh mesm fica em casa. N pdems ns esquece de que, se nssa espcie
colonizou o planeta, no o fez apenas se movendo, mas principalmente permanecendo nos locais
onde nasceu e cresceu, onde construiu paisagens plenas de significados, memrias e afetos.
Propostas de Atividades
Idenifique n ex as idias da aua sbe miga: mivs que levam1.
as pessoas a migrarem, fatores que favorecem as migraes, problemas
enfrentados pelos migrantes. A partir disso elabore um roteiro de entrevistas
para que voc possa entrevistar imigrantes em sua cidade. Identifique seus
potenciais entrevistados e pea que lhe concedam a entrevista. Responda: a
realidade que voc identificou a partir de sua entrevista corresponde ao que a
aua clca n ex? Cmpae a sua enevisa cm a de seus clegas. o
que h de cmum e que h de difeene nas espsas bidas?A partir de todas as entrevistas feitas em sala de aula, os alunos podem montar2.
um mapa idenificand s lcais de igem ds imiganes que exisem em sua
vila ou cidade.
Como a participao dos imigrantes em sua cidade contribuiu para a diversidade3.
culual? Na maneia de fala? Na cmida? Na maneia de vesi?
Assim cm hje a mai pae ds mvimens migais cem em cuas disn-
cias, sobre rotas j conhecidas e contando-se com informaes sobre os destinos, supe-se que
o mesmo ocorreu no passado. Seria impensvel que um grupo h mil e quinhentos anos teria
deixad as mnanhas andinas e navegad milhaes de quilmes paa finalmene chega na lha
Autctone:Aqueleque naual de umaregio, nativo.
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A MIGRAO NORDESTINA
PARA SALVATERRALuiz Antonio da Silva
Waldeci Pena Miranda
N an de 1900, Esad d Pa ea gvenad p Js Paes de Cavalh, qual
entendeu que para o desenvolvimento da agricultura no Estado eram necessrios mais braos na
lavua, que seia pssvel aavs ds miganes. En, seguind as meas desse pje fi im-
plantada no Maraj, mais especificamente, em Salvaterra, a Colnia Agrcola Paes de Carvalho.
Nesse perodo, Salvaterra, ainda na condio de vila atrelada ao municpio de Soure,
possua apenas trs ruas e trs travessas, que compreendem respectivamente, as hoje conheci-
das ruas 10 de maro, 29 de dezembro e Cearense e as travessas ,Beia-ma, 2 e 3 avessa,
essa chamada nos dias atuais de Avenida Victor Engelhard. A Colnia Paes de Carvalho ficava
lcalizada a 3 km da vila.
Segundo Edeltrudes Corra e Assis, filho de nor-
destinos emigrados e conhecido na cidade de Salvaterra
cm Seu Geli Assis, a Clnia ea disibuda em 45 l -es cm apximadamene 45.554 m2no total, contando com
uma estrutura em que cada lote possua as seguintes constru-
es: uma casa residencial de madeira coberta com cavacos
ambm de madeia, uma casa de fn cbea cm palhas
de anajazei, desinada ambm fabica de fainha de
mandioca, e um poo de gua potvel do tipo boca aberta.
As casas, pequenas, eram cobertas com cavacos
de madeia. Havia uma igejinha, lcalizada pxima linha
2 esada um cmunidade de Bacabal. Em da a c-
lnia havia uma boa quantidade de pessoas, oriundas de
vrios lugares do Nordeste (Sr. Edeltrudes Corra de Assis,
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PAISAGENS&PASSAGENS
PAISAGENS&PASSAGENS
em enevisa ealizada dia 31/08/08).
Foram recrutadas para povo-
ar e trabalhar na colnia, segundo Seu
Getlio Assis, 25 famlias cearenses,
5 famlias i-gandenses d ne, 3
famlias pernambucanas, 2 famlias
piauienses e mais 10 famlias de ou-
tros estados do nordeste do Brasil, que
chegaram a Salvaterra a partir de 1900,
pefazend 45 famlias assenadas.
Sob o comando do coronel
Bezerra, os imigrantes desembarcaram
na ilha do Outeiro e de l foram encaminhados para Salvaterra. Segundo Seu Getlio Assis, foi ocnel Bezea quem deeminu que S. Js Ca de Lima imigane d Esad d Cea-
fsse pimei adminisad da clnia. Enean, cm esse senh inha um pequen
cmci (abena) na 2 ua da vila de Salvaea, e us afazees plics, ele fi subsiud
pelo Sr. Macrio Silva, na administrao da Colnia.
Foi estipulado um prazo de dois anos para a aclimatao e adaptao dos colonos. Nes-
se ped cada famlia ecebia a ajuda de um anch de mecadias (equivalene a uma cesa
bsica por ms).
N cnex da implana das famlias ndesinas em sl salvaeense, efeivu-se
um problema a ser enfrentado pelos seus componentes. A desconfiana com que os moradores
lcais ecebiam s imiganes, que eia levad a exisi alguns ligis ene s ndesins ins-
talados e a populao local.
Afirma-se que depois de ativada a Colnia Agrcola Paes de Carvalho, ela foi grande
expada de mae, apveiand as viagens de bacs freteiros e do navio Miguel Bitar que
passu a faze viagens egulaes na ecm inauguada linha maima Sue Belm, pel en
Governador do Estado Sr. Dr. Augusto Montenegro.
Segundo Seu Getlio Assis, com o passar dos anos a Colnia Agrcola Paes de Carva-
lh fi enand em um pcess de decadncia, efeivada aavs da diminui da vinda de imi-ganes paa a egi, alm d deslcamen de seus mades paa uas vilas de Salvaea.
Para ele, os principais motivos que contriburam para isso foram:
As constantes brigas entre os imigrantes e os nativos;
As mortes nas famlias por motivo de aclimatao;
O medo das consequncias climticas decorrentes da passagem do cometa Halley,
na nie de 18 de mai de 1910;
Mudana no Governo do Estado, pois o Governador Augusto Montenegro priorizava
os meios de transporte e no a agricultura e os assentamentos de imigrantes;
o fim, aps dis ans, da ajuda cm anch (cesa bsica mensal);
Enchentes na rea, ocorridas nos invernos mais cavernosos.
Alm desses faes, naad ainda apna xd inen, pque alguns agicul -
tores saram da Colnia e comearam a se deslocar vila para trabalharem como pescadores, o
que s levu a ma na 3 ua da vila de Salvaea, n peme hje lcalizad ene a Avenida
Vic Engelhad e a Avenida Beia-Ma, espa baizad pels mades lcais de Bai ds
Ceaenses, qual, em 1990, fi hmlgad p Lei Municipal cm rua Ceaense, cm f-
ma de pepeua a impncia desse pv paa pgess, culua e hisia de Salvaea.
Muitos nordestinos, antes mesmo do fim da Colnia,deslocaram-se para a regio,hoje
fica pxim d hspial municipal, na pca chamad de Bai ds Ceaenses. Eles se dedicaam
pesca e, eram comandados pelo Seu Chico Cruz e pelo Seu Antnio Mendona, conhecido pelo
apelid de Pm (S. Edeludes Ca de Assis em enevisa ealizada n dia 31/08/2008).
Apesa da disslu da clnia agcla p vla de 1915, duane ped da 2
Guea Mundial, ene 1941 e 1945, vias uas famlias ndesinas cninuaam chegand a
Salvaea, ene elas muias das que fizeam pae d gup en chamad sldads da ba-
cha desinads exa gmfea na Amaznia.
Segundo o Prof. Jaime Corra de Assis, idealizador da bandeira, braso e hino do muni-
cpio de Salvaterra, e filho de nordestinos emigrados para a regio, a segunda leva de imigrantesfoi marcada pela espontaneidade. Pois, segundo ele, essas pessoas vieram induzidas por amigos
e parentes que em Salvaterra moravam ou haviam morado. A respeito disso, conta Dona Francisca
Craveiro, filha de cearenses, radicada desde esse perodo na regio:
Viems paa Pa duane a 2 Guea Mundial. Sams da
cidade de Balsas n Cea e ns deslcams paa Belm. Em
busca de terras viemos parar em Soure e, depois, nos desloca-
mos para Salvaterra. Viemos primeiro para o Carananduba (regio s margens
d i Paacauai), nde cmeams a nssa pdu agcla(Sra. Francisca Craveir em enrevisa realizada n dia 16/08/2008).
Freteiros:Embarca-es destinadas aotransporte de merca-dorias para a Ilha deMaraj.
Cavernoso:Expess lcal queindica a exisncia deum inverno rigoroso.
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PAISAGENS&PASSAGENS
Ene s muis ndesins emigads, pdem se desacads ceaense Alexande
Almeida, que teria se destacado na poltica local por ser o primeiro a defender a emancipao
poltica de Salvaterra em relao ao municpio de Soure; o norte rio-grandense Raimundo Pinheiro
Gurgel, que era proprietrio de uma taberna que ficava localizada no porto da vila e de uma canoa
feeia chamada Cidade de Salvaea, que devid sua ppulaidade vei a se elei, duane
a dcada de 1980, Pefei de Salvaea.
Paa muis salvaeenses s ndesins deixaam um enme legad, cm a pesca
artesanal, a produo de renda, a produo da rede de dormir tecida no tear, a produo do sabo
da castanha de andiroba, o sabo de coco, a vela de sebo de carneiro, o mel ou melado feito da
garapa da cana-de-acar, entre outras riquezas da cultura nordestina.
Segundo a memria de muitas pessoas da populao salvaterrense, muitos saberes de
sua farmcia caseira, fazem parte dessa herana, podendo ser destacados a carmelita ou erva-
cidreira, para desobstruir o intestino no caso de indigesto; o leo do bicho do coco do tucum,para se fazer frices nos inchaos e inflamaes; o ch da folha do pariri com a casca da sucu-
ba banca, cm emdi paa a anemia; sum d masuz paa se liva das veminses; as
gaafadas feias cm leie d amapazei cm chclae, nz mscada, puxui e vinh in paa
cua a faqueza em geal e aavs desses cnhecimens, d pv lcal dizia que s ndesins
inventaram a farmcia do pobre.
Propostas de Atividades
Pesquise se exise alguma ascendncia ndesina na sua famlia u na famlia1.
de seus amigos ou vizinhos.
Houve alguma personalidade que se destacou em seu municpio e que possua2.
ascendncia ndesina?
Paa vc exisem as da culua ndesina em seu municpi?3.
Exemplifique.
Qual a impncia ds imiganes paa a cnsiui da ppula de4.
seu municpi?
Apne algum u cnhecimen ppula exisene na famcia dmsica de5.seu municpio.
Exisem na sua cidade, bais, uas, ps, cmcis u epaies que6.
fazem efencias a pessas u culua ndesina?
Paa vc qual a impncia da imiga ndesina paa desenvlvimen7.
d esad d Pa e da Amaznia?
Cite os aspectos da cultura nordestina que voc mais aprecia.8.
NORDESTINOS EM PORTELJs Mendes Sanana da Silva
A chegada de levas de migrantes ao local onde hoje se localiza o municpio de Portel se
deu em pcas difeenes, cmeand cm a chegada ds ndis, pugueses, pades jesuas e
com esses outros ndios de naes variadas, pejorativamente batizadas como Nheengabas. Com
a expuls das dens eligisas da Amaznia, decene da Lei Pmbalina de 6 de junh de
1755, a aldeia Auca, na pca uma feguesia sb a invca de Nssa Senha da Luz, pas-
sou, como as demais aldeias do Gro-Par e Maranho, a ser governada por diretores de ndios.
Por ato do ento governador do Gro-Par, Francisco Xavier de Mendona Furtado, em
1758 Auca alcanu a caegia de vila. Nese ped pmbalin, s nmes das vilas fam
substitudos por nomes portugueses. Dessa forma, o povoado foi batizado de Portel, nome de uma
aniga cidade puguesa, que significa P Pequen, elevand-se a nvel de municpi em 24
de janeiro do mesmo ano.
Sabems que ena abaca das as levas migaias paa municpi de Pel um
abalh que equeeia mui mais emp e dedica, pan ca lei, nese ex, desacae-
mos apenas trs razes que contriburam para o processo migratrio nordestino para o municpio
de Pel, que s: a expla da bacha, sugimen da Amaznia Cmpensads e Lami-
nads (Amacl) e, mais ecenemene, a exa da madeia.
A pimeia se deu n inci d scul XX em fun da abundncia da ve naiva
denominada seringueira, e tm como protagonistas principais os seringueiros, principalmente nor-
desins, e s seus paes, s baes da bacha. os ndesins ealizavam a exa d lex
em gandes laifndis peencenes elie da pca, que esidia em Belm. Memias deses
emps fam ecupeadas p Seu Js Anasci Sanana da Silva:
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Nheengabas:Nome dado pelosndios Tupinambsaos povos indgenashabitantes da ilha deMaraj, cujo significa-d gene de lnguaincmpeensvel.
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PAISAGENS&PASSAGENS
Quand meu pai vei pela pimeia vez, eu ea um ga de i ans de ida -
de. Sams de Cae, Cea, paa abalha na exa d lex. Cmeams a
trabalhar no rio Carnajuba, no interior de Melgao. O motivo principal da sa-
da do lugar de origem era que l estava difcil de manter o sustento da famlia. Por l j se
comentava que essa regio era boa de se viver, j que algumas pessoas iam no vero e vol-
avam n inven, us n mandavam nem ncia. Aps alguns ans paams em Pel.
Aps a coleta do leite da seringueira, este produto natural era entregue ao patro, re-
presentante, em esfera local, do baro da borracha, geralmente situado na capital do Estado. O
patro, em geral, fazia o adiantamento (aviamento) em forma de mercadorias, leo, sementes, fer-
ramentas, entre outros produtos. Dessa forma o seringueiro j comeava devendo para o patro,
realidade que, muitas vezes, impossibilitava a sua volta ao lugar de origem.
A maioria dos imigrantes nordestinos eram pequenos agricultores, mas devido a fatores
climticos e econmicos a permanncia do lugar de origem se tornava invivel. Devido a esta
situao, muitas famlias migraram para o Estado do Par e, destes, algumas centenas desembar-caram em Portel.
Sabe-se ambm que nesa pca Pel esava passand uma fase difcil, n dife-
ene ds dias auais. Cm ns elaa Seu Js Paul de Suza, cnhecid cm Z cmpid,
de 75 ans, de Cani, Maanh:
A chegada fi cmplicada. Pel esava passand p uma siua pecia, pm
ainda oferecia mais condies de sobrevivncia do que no lugar onde a gente vivia
(agreste cearense). Mas o maior problema encontrado foi a falta de conhecimento
cm as pessas e ambm a fala de cedibilidade, mas cm emp passei a ganha cnfiana
e eslvi fica.
Os hbitos alimentares da maioria
dos imigrantes baseavam-se no feijo, rapa-
dura, toicinho, cuscuz, leite de gado e cobra,
farinha de milho e carne seca de sol. Mas em
Portel passaram a se alimentar de feijo, ar-
z, cane de caa, peixe, fus das flesas,
mandioca, milho e seus derivados.
Nessa pca Pel ea uma cidade
pequena, com casas distantes uma das ou-
as, n exisia acess paia, que hje se
encna cm sua la almene ubanizada; n exisiam as uas, smene caminhs. A mai
parte da cidade era tomada por capoeira e destacava-se como nica construo de alvenaria a
igreja catlica.A segunda leva de imigrantes nordestinos para o municpio de Portel ocorreu em mea-
dos dos anos de 1950, com a abertura de uma grande empresa madeireira, a Amacol (Amaznia
Cmpensads e Laminads), cm ns cna Seu raimund Feeia ds Sans, de 66 ans,
natural da cidade de Penalva, no Maranho:
Nessa pca, Pel ea uma cidade de puc mvimen, e que geava empeg
era a Companhia Amaznica (Amacol). O bairro do Murucy era uma rea de pequenas lavouras;
a ua que hje 2 de feveei, ea um caminh que levava s lavuas, n exisia s clgis, a
biblieca, ginsi, esdi de fuebl; Pel ea mui pequena.
A partir do surgimento da empresa Amacol, Portel recebe uma quantidade significativa
de profissionais das diversas reas que antes no tnhamos, e a paisagem pacata e tranqila co-
mea a se mdifica. Sugem en p imei ps mdic, a pimeia escla, pimei camp
de futebol e outras melhorias de que a populao local sentia necessidade.
Pecebe-se claamene a mdifica d espa uban que aibuda cidade a pai
da chegada desses imigrantes, principalmente nordestinos.
E por fim, o terceiro motivo que contribuiu para consolidar este processo migratrio em
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PAISAGENS&PASSAGENS
Pel: a exa madeieia. A implana de seaias s magens ds is Anap e Pacaj
acnece de maneia desenfeada a pai da dcada de 1980, cnsequenemene, aaind uma
grande quantidade de pessoas das diversas partes do pas. A cidade que mudava lentamente,
agora muda diariamente, surgem ento alguns bairros de maneira desordenada e de infraestrutura
inexisene, que ansfma a nssa cidade em palc da psiui infanil e vilncia ubana e
rural, com um grande ndice de pessoas no-alfabetizadas e desempregadas, enfrentando difceis
condies para conseguir seu sustento dirio.
Hoje, esto presentes em um mesmo municpio posseiros, grileiros, grandes latifundi-
rios, madeireiros, pequenos e grandes agricultores que vem em busca da imensa riqueza natural
exisene em Pel. Dene esses gups sciais, s eas da cidade evidenciam aqueles mi-
grantes nordestinos que, em diferentes momentos histricos, alcanaram a cidade e fizeram de
Portel sua terra adotiva.
Propostas de Atividades
repesene aavs de uma pea eaal s s mmens da chegada ds1.
nordestinos a Portel.
A pai da leiua d ex, faa a epesena da paisagem, msand 2.
anes e depis d municpi d Pel (aavs de maquees u desenhs).
Faze debae de alguns emas apesenads n ex, cm:3.
Migrao efetiva e migrao temporria.
Expla da bacha.
Exa madeieia e s impacs ambienais.
Pluralidade cultural.
NARRATIVAS E OLHARES DA
MIGRAO PARA MELGAODailson Guatassara Santos
Glindes Ribeiro Wanzeler
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O processo migratrio faz parte da vida das populaes humanas. Em diferentes tempos
e lugares, homens e mulheres sempre procuraram viver da melhor maneira possvel. Desde a
gnese humana, o homem sempre foi um ser nmade, pois viveu e curtiu sua vida em processos
de cnsanes mvimenaes. Na ilha e aquiplag ds Maajs, s pimeis habianes deixa-
ram, entre seus muitos saberes, a alternativa de estar sempre descobrindo outros lugares, rios e
outras florestas, e desvendando os enigmas dessa cartografia fsica. Para isso ensinaram a seus
filhos e s futuras geraes que a vida humana e as relaes sociais nunca foram estticas, e o
isolamento nunca fez parte de suas identidades culturais.
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PAISAGENS&PASSAGENS
O passar dos tempos e as transformaes em diferentes campos do saber fez homens
e mulheres enraizarem-se em comunidades e cidades, tornando-se, em dado momento, seden-
trios. Tal mudana, por seu turno, construiu duas facetas para o mesmo processo. Se muitas
famlias habitando em cidades, vilas e povoados podem ficar mais tempo ali residindo, outras, em
funo de diferentes razes, esto sempre a caminhar em busca de melhores condies de vida
e paz de esprito.
Em nossa regio, percebemos que entre as razes que produzem deslocamentos huma-
nos e culturais da floresta para a cidade, destacam-se: a busca por um emprego no setor pblico,
melhores condies de infraestrutura no espao de habitao, acesso sade, educao,
madia, mai apxima cm pde legislaiv e execuiv e elaes familiaes, envlvend
afetividades, como saudades e laos humanos.
As movimentaes de ribeirinhos da floresta para a cidade no so sempre lineares.
Isso pode ser facilmente visto quando algumas famlias se desencantam pela vida na cidade eretornam para suas antigas habitaes e propriedades no espao rural. Tais famlias percebem
que a propaganda de obter uma vida melhor nem sempre se materializa. As linguagens urbanas
desesuuam, muias vezes, cdigs e cmpamens iunds d espa ibeiinh/ual.
Os migrantes, em sua maioria, so trabalhadores do campo ou de cidades de outras regi-
es que saem de sua terra natal para melhorar de vida com as novas oportunidades oferecidas pelo
novo municpio. Para demonstrar tal argumento, usaremos depoimentos de alguns migrantes, sendo
um deles Dona Ilda, oriunda do estado do Maranho para Melgao, no Maraj das Florestas.
Pensei que Melga fsse um luga igual a Maanh, cm uma en -
me falta de gua, sem condies de fazer plantaes, cultivos e criao
de gad, que s cisas da qual sempe gsams de faze. Pm, l, a
emenda fala de gua n pemiia que fizssems, mesm assim viems e
quand aqui chegams, me depaei cm ua qualidade de vida
Percebemos que da mesma forma que nordestinos migraram no perodo da borracha
para os seringais de Melgao, como Raimundo Anacleto, Benevenuto Nogueira, Germano Andra-de e os primeiros Mamedes, ainda hoje muitas pessoas migram em buscas de melhores oportu-
nidades, pm, esse pcess migai n se d em fun smene da busca pel abalh,
h us mivs que pecisams leva em cnsidea paa n esingims a cmplexidade
do processo social. Perseguies polticas, melhor acesso educao, sade e moradia se
mesclam com outros fatores apontados pelos entrevistados. Entre estes depoimentos, o de Dona
Miraci, que veio de Benevides, para Melgao, torna-se revelador:
Sou de Benevides, conheci meu marido l. A famlia dele morava aqui
em Melgao e depois que seus pais se separaram e eles foram morar em
Benevides, l eu conheci ele, namoramos e casamos. Como l era difcil o
emprego, resolvemos voltar para a cidade dele e comear uma nova vida.
Cm j ciams aneimene, a educa ambm em um papel fundamenal n p-
cesso de migrao e formao da populao, habitante do ncleo urbano melgacense. Com a
cnsu da pimeia escla esadual na sede d municpi, na dcada de 60, e pcess de
emancipa plica que levu libea de Melga da cusdia de Pel, a cidade passu
a se visa cm us lhs pels mades uais. Um ela que esclaece al agumen
testemunho de Lia Souza, coordenadora da E.M.E.F. Getlio Vargas, em Melgao, vinda de So
Sebasi da Ba Visa, a qual falu de suas expecaivas e cnquisas, a chega a municpi:
Eu realmene n inha bas expecaivas em rela a esse municpi,pois o achava muito pobre, os governantes no mostravam compro-
misso com o desenvolvimento. Hoje eu vejo outra realidade. Estudei,
me formei e trabalho na educao h sete anos, ganho razoavelmente bem.
O padro de vida dos moradores est melhor, a educao caminha a passos
largs e iss mui impr ane para desenvlvimen d municpi.
A mudana de olhar da coordenadora pedaggica Lia Souza sobre a cidade de Melgao
deve-se muito pela maneira como estabeleceu laos de pertencimento com a cidade e as opor tuni-
dades cnquisadas. Nesse cas, a de miga lhe uxe melhia de vida, ascens scial pela
formao de nvel superior conquistada, e oportunidade de fazer o concurso pblico e ser apro-
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PAISAGENS&PASSAGENS
PAISAGENS&PASSAGENS
vada. Se paa Lia a miga paa Melga n apesenava, inicialmene, gandes expecaivas,
depis supeadas, paa us enevisads a p p Melga vem de cnceis p-definids
cm de se uma cidade exemamene familia e aclheda.
Nas palavras de Dona Ilda, que j havia residido em Melgao, mas estava habitando
outro lugar, ao declarar sobre a questo de voltar a sua terra natal, comentou:
Me sinto feliz aqui, me dou com as pessoas da-
qui, demorei muito tempo a me acostumar e agora
no penso em sair daqui.
O sentido do pertencimento ao lugar pesa muito nas avaliaes feitas pelas pessoas que
pensam em deixa um luga em ca de u. relaes familiaes, amizades, negcis em pace-
ria, contam muito nesse processo de deciso. Por isso, alguns, ao sarem e terem a oportunidadede voltar, optam, quase sempre, pelo retorno. O relato de Lia Souza, ainda que esteja inserido
nesse universo, amplia a questo e faz entendermos que diferentes so os motivos da migrao e
cmplexas s as elaes cnsiudas pelas pessas, an cm luga deixad, quan cm
novo espao de moradia. Lia questionada sobre a ideia de voltar para So Sebastio da Boa Vista,
entre indecises, trao prprio do ser humano, narrou:
s vezes eu enh vnade de vla sim, s vezes n. Quand
pens em vla paa minha cidade de igem, p causa de
meus pais, mas a eu os visito e logo quero voltar para Melgao.
Envolvendo diferentes culturas, relaes, os deslocamentos ocorridos de outros lugares
para Melgao demonstram, a partir de alguns poucos depoimentos por ns coletados, a constru-
de uma cmplexa eia de elaes, send impssvel classific-ls em uma nica az, cm
comumente se pensou. As condies econmicas ainda que sejam importantes na redefinio da
vida de um sujei scial, n d cna de explica d emaanhad de senids, significads,
avaliaes, indecises e traumas que o ato de estar como corpos de passagem podem provocar.
Enfim, uvi uas vzes, dialga cm uas evidncias, pdem amplia esse leque de eflexes
e conhecimentos que a pesquisa com a temtica da migrao suscitou em ns.
Trabalhando com o Texto
1. Estudo do vocabulrio textual
A pai da leiua d ex, pcue cnhece s significads das nvas palavas,
para enriquecer o seu conhecimento idiomtico. Pesquise os significados das pa-
lavras desconhecidas.
2. Vamos compreender melhor o texto:
o que s miganes pensavam a chega a nv municpi?a.
Quais s mivs que fizeam as pimeias famlias pvaem Melga?b.
o que fez cm que Dna Ilda migasse paa ese municpi?c.
Segund ex, que influncias as famlias de alguns miganes ps -d.
suem nas decises de vla u n a sua ea naal?
P que miv muias pessas mudam de um luga paa u?e.
3. Interpretao textual
obsevand a leiua d ex, eflia e esceva:
Cm vc imagina Melga, quand chegaam s pimeis miganes?
Desenhe e escreva suas impresses.
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II HISTRIAS DE VILAS
E CIDADES
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HISTRIASDEVILASECIDADES
F, FOGO E MAR:
Histrias e Memrias
da Vila de ArapixiDenise da Costa dos Passos
A Vila de S Sebasi de Aapixi uma lcalidade que j passu p vis pblemas
e pcesss de mudanas sciais, desde seu sugimen a s dias auais. De aldeia, Aapixi j
fi si e aualmene uma impane vila peencene a municpi de Chaves. Ali acnece uma
das maies fesas adicinais d municpi, que a fesividade de S Sebasi de Aapix, e-
alizada entre os dias 9 a 20 de janeiro, atraindo populaes de vrios lugares do Par e Amap.
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HISTRIASDEVILASECIDADES
HISTRIASDEVILASECIDADES
Um ds maies damas vivids aualmene pela Vila de Aapixi difcil acess. Paa
chega a a vila avenuei enfena um enme desafi, pis paa navega n i Aapixi
depende-se de ma ala. pecis cnhecimen e pacincia. Cm bem assinalu pade Gi-
vanni Gall, quem manda n Maaj n pefei, nem fazendei, quem manda n Maaj
a gua. Assim, paa que as pessas pssam e anquilidade em chega a a vila sem ce
isc de encalha bac ns bancs de aeia u de seem aasadas pela fa dgua, pecis
que a gua eseja gande. o i lag, pm as, e muda seu lei a cada ms, deixand as
pessoas confusas ao navegarem-no.
Apesa ds als e baixs que a vila em passad e a fala de ineesse das adminisa-
es pblicas paa sua melhia, bseva-se que hje exise um nme cnsidevel de pessas
que esclheam Aapixi cm luga paa madia. Um ds aaivs, cnfme pude uvi de ava-
liaes ds mades cm quem cnvesei paa pduzi ese ex, a educa esclaizada
ali exisene. H puc emp fi implanad nesa vila Ensin Mdi, que as pucs cmea a
se expandi ns pvads amaznics.
O municpio de Chaves est localizado na ilha de Maraj, limitando-se ao norte com o
cean Alnic; a sul cm s municpis de Cacheia d Aai, Sana Cuz d Aai e Anajs; a
leste com o municpio de Soure; a oeste com o municpio do Afu e rio Amazonas.
Registros histricos informam que a origem do municpio derivou de uma antiga aldeia
de ndis Aus. Em 1755, n dia 6 de junh, fi ciada a lei que deu aldeia pedicamen de
Vila. ressala-se que, ainda n ped clnial, Chaves fi ambm habiada p pvs que ex-
plavam a laia, alm de sevi de cen milia.
D municpi fazem pae as ilhas de Caviana, Mexiana e Visa. os pincipais is s
Cuuu, Ganh, Azal, e Aapixi, que nasce na csa sul da Ilha de Maaj.
A Vila de S Sebasi de Aapixi pssui uma ppula de apximadamene 287
habitantes e est localizada margem direita do rio de mesmo nome. Suas principais atividades
ecnmicas s a pesca aesanal, exaivism d aa, pecuia e cmci.
Esta vila se estruturou a partir de um stio, uma grande rea de terra de um latifundi-
i da pca, peencene famlia olmpi Feeia, deena d cmci lcal. Esa famlia
cmpava s pdus em Belm e Macap paa evende s famlias da lcalidade aapixiense,
com um custo muito acima do preo geralmente praticado. Somente quem tinha poder aquisitivo
razovel era capaz de consumir tais produtos. Essas prticas de comercializao, conjugadas
com as atividades de pesca, de criao e de agricultura, sem esquecer as prticas religiosas,
constituram o povoado.
Wandelia da Csa Almeida, 40 ans, filha de Js Maia Bas de Almeida e Gilka
da Csa Almeida, ambs nauais d municpi de Chaves e ex-mades de Aapixi, ecupe -
aam lembanas uvidas de sua av, hje cm 99 ans, que nau que, em 31 de mai de uman que n lemba, acneceu uma fesa de Nssa Senha das Gaas na vila de Aapixi. Nessa
determinada festa houve uma briga, onde um homem da famlia Bezerra foi esfaqueado e morreu.
Os familiares do assassinado, por sinal muitos violentos, voltaram para vingar a morte de seu pa-
rente. No encontrando os culpados, saram fazendo arruaas pela vila, botando as pessoas para
correr e ateando fogo no espao fsico da comunidade.
Wandelia suspia e afima: Gaas a Deus nessa auaa n meu ningum! Iss
s n acneceu, pque na pca as pessas n eam mades fixs da vila, pis pssuam
a casa da vila e a casa d camp, pemanecend nesa lima a mai pae d emp.
Aquele episdio de destruio constituiu-se em marco na histria da vila, pois, se por
um lado viveu-se ali a tristeza da perda fsica e material; por outro lado, a vontade de reconstruir e
transformar aquela vila na mais importante do municpio de Chaves tornou-se meta a ser alcana-
da entre os moradores que ali ficaram residindo.
Segundo depoimentos orais coletados a partir desse episdio, aps o incidente os
moradores fizeram um juramento entre si. Prometeram que, a partir daquela data, iriam levar
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HISTRIASDEVILASECIDADES
HISTRIASDEVILASECIDADES
seus filhs paa seem educads na cidade gande (Belm), paa que um dia Aapixi fsse a
lcalidade cm mai nme de pessas fmadas, cm mdics, advgads, pedaggs,
entre outras profisses.
A pfessa Luza Almeida Vascncels, 47 ans, filha de Gelcia Bas de Almeida
e temiscles Sana Cuz de Vascncels, fi uma das pessas que saiu de Aapixi paa esuda
em Belm e vlu fmada. Ela que, sempe vei a Aapixi, n cnhecia a sede d municpi,
Chaves. S cnheci a sede em 1994, quand fui chamada paa abalha n Sisema Mdula de
Ensino, um projeto da Secretaria de Educao do Estado do Par, que tinha como objetivo formar
aluns em nvel de 2 Gau, lembu a pfessa.
Da em diane, a pfessa Luza ficu em Chaves, nde aualmene exece a fun de
Seceia de Educa. Segund ela, apesa de a vila d Aapix e ficad um emp quase sem
moradores, em funo daquele incndio, nunca perdeu a sua identidade e o valor que possua
para o municpio de Chaves.
ps sciais e paquiais. Muis filhs da ppia Vila de Aapix, esidenes em Belm, Macap
e Braslia, fazem de tudo para estar em sua terra natal no perodo de 9 a 20 de janeiro, quando
ocorre o festejo.
Conversando com algumas dessas pessoas sobre as mudanas ocorridas na organiza-
da fesa, seus avs cnam que, na pca deles, a fesa ea glamsa que s senhes
vestiam ternos e as senhoras vestidos sociais para assistir e acompanhar a procisso do santo.
Naquele tempo festivo, aconteciam apresentaes de bandas instrumentais, novenas e o arraial
do santo ficava todo enfeitado. Algumas coisas mudaram na forma de organizao da festa; a
Igeja passu a cnla mais lad pfan, muias pessas deixaam de fequena a vila em
fun de seu difcil acess, pis i de Aapix chega a se miseis, uma vez que cada ms
o canal muda de lugar. Isso faz com que os donos de embarcaes fiquem amedrontados, pois
se vierem a encalhar a embarcao no rio, correm o risco de v-la arrastada pelo fenmeno da
pororoca, comum no municpio.
Desa fma, a vila de Aapix vive gandes ambiguidades em sua vida cidiana e scial,
pois sendo a comunidade do espao rural mais importante do municpio de Chaves, local habitado
por filhos ilustres, por sua formao superior, e sede da maior festa religiosa municipal, ainda precisa
cnvive cm fmas de islamen p sua lcaliza gegfica e pela ppia dinmica e peig
que as guas d i-ma pduzem, que afea, em lima insncia, seu desenvlvimen inegal.
Iss se jusifica pel fa de l nunca deixa de se ealiza a fesividade de S Sebasi
de Aapixi, cnhecida cm a mai fesa eligisa d municpi. A ajeia dessa fesa, szinha,
d conta de recontar uma boa parte da histria de Chaves, porque ela agrega no somente a
manifestao religiosa, mas vrios conflitos que se estabeleceram pelo controle da festa entrepolticos locais e os procos que por ali aportavam.
Conforme a posio da igreja catlica, os polticos sempre viram a festa como espao de
realizao de seus prprios projetos e interesses, desvirtuando o sentido maior do evento sagrado.
J na viso dos polticos de Chaves, a Igreja sempre pretendeu modificar as tradies do povoado,
desrespeitando sua prpria organizao e seus rituais. Como forma de repudiar a prtica centra-
lizadora adotada pelos religiosos, os polticos passaram a realizar sua prpria festa em memria
de So Sebastio, em uma sede danante, evitando se misturar com aqueles que concordavam
com a posio da igreja.
Hoje aquele conflito foi amenizado; mesmo sem viverem relaes harmnicas, padres,
polticos e moradores locais procuram negociar posies, tornando o tempo da festa um tempo
de celebraes e diverses. No por acaso, atualmente a igreja conta com apoio de vrios gru-
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HISTRIASDEVILASECIDADES
HISTRIASDEVILASECIDADES
JOANES EM DUAS MEMRIASShirleide Rodrigues Neves
Esse ex esulad de uma pesquisa feia jun as mades da vila de
Joanes, com o objetivo de mostrar, ao pblico leitor, fatos importantes ocorridos na vila entre
as dcadas de 1960 e 1970. o bjeiv a valiza das memias familiaes dessas pes-
soas, ressaltando fatos que, de certa forma, contriburam muito para a histria desse lugar.
o ex eve a cnibui de dis naades, s quais n achaam dificuldade
em ns ajuda. Um deles, senh Ediga (i Dc) pde se cnsidead cm um aun-
ic guadi de memias d luga. descendene de pugueses p pae de pai, send
filh de Cecli Gmes rabel e Abigail rabel Gmes. o u naad senh Luiz
Barros da Cruz (Pichuna), descendente de ndios por parte de pai e de negros por par te de
me, filho de Pedro Penante da Cruz e Oscarina Barros da Cruz.
Em meads da dcada de 1960, Janes ea uma vila pacaa, habiada p um pv
abalhad que vivia da pesca e da plana de mae, jeimum, melancia, mam, maxixe,
macaxeia e, a mesm, a mandica. Seu Luiz cna que na pesca n inha emp uim, inha-se
peixe ds s dias, as pessas pdeiam i uma semana ineia n mesm luga que l esavam
s animais, pns paa seem pescads e cnsumids. Naquela pca, a pescaia uilizava ape-nas a prtica da linha, que, de cea fma, explica us equilibad dessa iqueza aquica.
Hje j n fcilbe peixes cm ua. os mades enfenam muias dificulda-
des paa sbevive e da uma ba educa paa seus filhs. Cm exempl dessa educa,
observamos o respeito que as crianas tinham no passado com as pessoas mais velhas, pois as
cianas mavam ben de seus pais, de seus is, avs, ims e a mesm de uas pes -
soas que no eram seus parentes. Portanto, pelo fato de j serem idosos, a obrigao era pedir a
beno e tal prtica estava relacionada com o respeito s pessoas mais velhas.
Os filhos no escutavam nem se envolviam nas conversas dos pais ou dos mais velhos.
Alm diss, s afilhads de seus pais eam cnsideads cm ims, p iss pdiam se cha-
mados de maninhos.
7Trabalhando com o TextoDebatendo o texto
Qual mai even eligis ealizad na cmunidade de Aapix? Em sua
cmunidade h algum even que vc cnsidea impane? Fale sbe ele.
Cm eam as fesas passadas na Vila Aapix? Vc acedia que as fesas de
anigamene eam melhes d que as fesas auais? Explique a difeena.
A ppula que habia a Vila Aapix enfena um gande pblema. Cie- e
cmene que pecis se fei paa eslv-l.
Para alm do texto
Vc j mu em alguma vila? Cm se chamava? Cm ea a vida naqueleespa? Se vc nunca mu, cnvese cm uma pessa que enha
expeincia de madia e pcue sabe: Cm a vida numa vila? Quais as
vanagens e desvanagens? Na vila se ealiza algum ip de fesividade u
pgama? Cm iss acnece?
olhand municpi: Vc sabe quanas vilas exisem em seu municpi? Quais
as vilas mais impanes? D que se susenam s mades que habiam
esses espas? o que pecis se fei paa que as vilas se desenvlvam?
Orientao: Para desenvolver essas atividades os alunos podem realizar
entrevistas com pessoas que j moraram numa vila. Visitar rgos
governamentais no municpio como Secretaria Municipal de Educao, Sade
ou de Planejamento. Realizar levantamento em sites que guardam informaes
sobre os municpios.
Produo Artstica
Em grupo de cinco alunos, visite uma vila ou uma rua de sua cidade. Observe os
pdis, casas, uas, pnes, sisema de ilumina, apiches, ene us benspblicos. Baseado nesta observao, construa uma maquete, representando a
vila ou a rua percorrida.
Em grupos de trs alunos, procure saber quais as lendas mais contadas na vila ou
cidade onde voc mora. Entreviste pessoas que saibam contar uma lenda. Tome
nota da narrativa. A partir dessas informaes o grupo deve confeccionar uma
revista em quadrinhos e apresentar em aula especial organizada pelo professor.
Linhas:material feitocom vrios anzisamarrados ao ladods us aavs delinha de pesca
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HISTRIASDEVILASECIDADES
Segund s naades, Janes ea um luga nde exisiam pucas casas, send que
a maioria delas era construda com
enchi meio e palhas. Entre elas destacam-se dois casares
cobertos de telhas. Naquele tempo as ruas eram estreitas, apresentando apenas pequenos ca-
minhs nics u dupls deads p algumas casas u ma. ti Dc ns diz que um desses
casaes, cnsud em esil pugus, ficava exaamene nde hje a sede de Nssa Se -
nhora do Rosrio. L moravam quatro pessoas bem idosas: tia Maria (Maricota), tia Honria, Seu
Jaquim - anig msic cad de saxfne - e Seu Andade. Nessa casa havia um elgi de
corda, pendurado na parede, o qual fazia reverberar imenso barulho (blom-blom-blom); a moradia
ainda detinhamuitas louas e um tacho de cobre onde ferviam a castanha para tirar o leo, usado
como combustvel no candelabro de barro.
As senhas habianes dese casa eam endeias. ti Dc, n seu emp de
ciana, adava i a casa paa ajud-las em alguma cisa e a bseva cm pdu -
ziam as rendas; gostava de sentir o cheiro da morada, pois produziam seus prprios perfumes,
alguns com patchioli.
Os assoalhos dos casares eram altos, feitos de madeira de acapu e pau-amarelo.
Exisia uma baene de cimen usada paa chega a assalh. A ua casa d mesm esillcalizava-se nde hje cmci d Gach. Nela mavam s senhas: ia Vel, me de ia
Macela (Machica) e ia Sab. Na pca, as senhas vesiam-se cm lngs vesids endads e
s hmens cm calas e camisas cmpidas; as cianas ambm vesiam-se de fma difeene:
as meninas com vestidos ou conjuntos e os meninos com camisas e calas com suspensrio.
Os tecidos eram comprados pelos marreteiros que traziam cortes e riscos de Belm.
Esses eram talhados e costurados pelas mes ou costureiras em mquinas simples ou mo. No
se vesia upas cm fl, nem cisas mui exavaganes. Alm diss, an s hmens quan
as mulheres usavam tamancos de madeira e balangands.
As crianas brincavam de peteca, futebol, peru-galo, ladro na roa de melancia e de
balanos feitos nos galhos das mangueiras.
Quand chegava a nie, pincipalmene nas nies de lua, as famlias visiavam-se
umas s outras. Em meio s conversas eram oferecidos chocolate com ovo e cabea-de-macaco,
enquanto seguiam as conversas. As crianas brincavam na claridade da lua cheia, divertindo-se
a chega a ha de i emba cm seus pais. Naquele emp, alguns pais pemiiam que as meni-
nas e os meninos brincassem juntos, j outros no. Os narradores afirmam que as crianas j tra-
balhavam ajudando a famlia, pois empalhavam tomates, lavavam jerimum e os armazenavam nas
caixas paa seem vendids em Belm. os jvens pescavam paa ajuda n susen da famlia.
J Seu Luiz conta que, no seu tempo de criana, ia escola para estudar e respeitava as
pfessas, que nesse emp eam a pfessa olegia (Lelca) e Maia ds Sans (Maica).
Mais ade, seia a pfessa teeza. tdas elas ensinavam da pimeia a eceia sies.
Paa s aluns desbedienes e desineessads nas aulas exisiam s emids casi-
gos, tais como a famosa palmatria e o castigo de joelhos no milho, ou nas pedrinhas no canto
da sala. A merenda das crianas era leite, fornecido pela prefeitura, e cada uma levava acar e
seu cp. o espa fsic escla ea peci e caene de maeiais didics. Se algum fizesse
alg ead e n se acusasse, ds ficavam de casig e, a chegaam em casa, eam epe-
endidos por seus pais.
Os pais que tinham melhores condies financeiras mandavam seus filhos para estudarem Sue, nde a escla funcinava a a quina sie, nvel de esud que na pca j dava cn-
dies para trabalhar como professor leigo.
Quand as pessas adeciam, eciam a emdis caseis, as pajs e paeias ns
casos das gestantes. Nesse tempo, ainda no havia hospital. Alguns anos depois veio a funcionar
um ps na casa d Seu Macian. o enfemei, na pca, ea Seu Ild, que s pdia aende s
cass que uilizassem smene algd e lcl, pis ea maeial que exisia n ps. As paeias
eram Dona Maria (Lanchinha) e Maria Benedita; ambas praticavam seus trabalhos nas casas das
gestantes, usando bacias, panos, esteiras e tesouras, material necessrio para os partos.
Ns ans 1960, exisia, as da igeja de Nssa Senha d rsi, uma sede den-
minada sede do pescador, construda de acapu e pau-amarelo, com assoalho alto apoiado por
pilaes de cimen e cm cbeua de zinc. N lcal ea apesenada a cmdia d Peiqui,
Enchi meio: barromisturado guausado na fabricaode casas.
Riscos:tecidos com-prados em metro.
Balangands:taman-cos com cadarosque entrelaam aspernas.
Cabea-de-macaco:espcie de bisciservido com chocolateou outro acompanha-mento.
Esteiras:materialfei cm uma espciede palha utilizadopara deitar no cho.
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cm ceca de 30 cmpnenes, e ds s ans s aes mdificavam as cenas. Alm da cm-
dia, tocava a banda musical: os msicos apresentavam-se bem vestidos, com palets e gravatas.
os insumens que uilizavam eam mbne, saxfne, clainea, a umba, pis e
violino. A banda de msicos tocava em eventos e nas casas das pessoas, bem como no arraial
em frente igreja, realizado em novembro. Atrs da sede funcionava um retalhode peixe usad
pelos pescadores.
A quesa cava a alas has da madugada e pv ficava escuand as msicas
anigas. s cinc has da manh, cm a alvada, as pessas acdavam-se ced paa assisi-la.
Seu Luiz diz que hje n exise mais dcumena da banda. Naquele emp, as pessas n
inham a n da impncia que eiam esses dcumens paa um esud hisic.
Seu Cecli, pai d i Dc, ea leilei n aaial. L exisia um baac de palha n qual
eram vendidos raspa-raspae vinh de muuci, depsiad n pe de ba, e puxad p um pcaro.
Ele afirma que hoje a banda musical do Jubim toca algumas msicas da antiga banda de Joanes,inclusive uma msica de autoria do Seu Mingota (um dos tocadores de clarinete da banda).
o ce anigamene ea de esuua baixa, fabicad de madeia, e n seu inei ha-
via bancos, em crculo, onde a banda tocava. Apesar de estar em frente igreja, no atrapalhava
a viso da mesma.
Em meads de 1953, a sede fi cnsuda paa da luga s guaias que seviam de
local para estudo de portos e canais feitos por marinheiros vindos de So Paulo: esses chegavam
de helicptero na rea do farol.
As runas da antiga igreja, construda no tempo da colonizao por padres franciscanos,
eram maiores e, com o tempo, foram sendo destrudas pela ao do tempo e das pessoas.
Naquele emp n havia enegia elica, as pessas uilizavam, alm d le da andi-
roba, o leo da ucuuba como combustvel das lamparinas e dos candeeiros. Os lampies nas ruas
funcinavam cm quesene. ti Dc ajudava seu pai a acende s lampies ds s dias s 18
horas. Seu servio era carregar a querosene e a escada; ele lembra que s 22 horas os lampies
eam apagads. Paa i Dc, esse emp ea bm! Diz que sene muias saudades, e pn-
dea: pena que n pde se mais cm ea anes, pis ud muda cm passa d emp.
Aqueles emps hje se naam lembanas valisas de quem viveu a pca, emps
guardados somente nas suas memrias.
Trabalhando com o Texto
Cmpailhe cm s clegas e pfess sua pini a espei d ex. Qual1.
passagem d ex vc achu mais ineessane?
o que apendeu sbe disi de Janes a le ex?2.
Na sua pini, p que i Dec sene saudades d emp de ciana?3.
Cm vc acha que as pessas viviam cm a fala da enegia elica?4.
o que fez luga muda? Cm acneceam essas mudanas?5.
Pduza um pema a pai da leiua d ex.6.
Desceva, aavs de ex em psa, cm Janes hje. Se vc n c -7.
nhece esse povoado, utilize sua imaginao para escrever sobre a vida nesta
localidade.
Pesquise!
Colha informaes sobre bandas musicais do lugar onde voc mora. Procure1.
pessas mais velhas e pssveis paenes ds anigs msics. Quem pa -
icipava da banda e qual insumen cava? P que ela n exise mais?
Construa uma narrativa a partir dos resultados das pesquisas.
Forme equipes com os colegas e construa um mapeamento do local onde2.
vivem, no passado e hoje em dia.
Que palavas eam uilizadas na dcada de 1960 e deixaam de se usadas3.
aualmene? Pegune as mais velhs.
Gramtica
Numerais
Encne n ex s numeais exisenes, classificand-s.
Substantivos
Idenifique n ex cinc subsanivs ppis.
Idenifique n ex s subsanivs cmuns e s deivads.Grau do substantivo
Encne n ex um subsaniv n gau diminuiv e um subsaniv n gau
aumentativo.
Adjetivos
Idenifique n ex s adjeivs.
Verbos
Idenifique n ex s vebs e classifique-s em pessa, emp e md.
Retalho:lugar ondeos pescadores reta-lhavam s peixes paasalgar.
Raspa-raspa:mate-rial utilizado para ras-par o gelo colocadonos sucos vendidosno arraial no perodode festas.
Pcaro:utenslio
utilizado para retiraro suco de dentro dopote.
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HISTRIASDEVILASECIDADES
Arte
Construa uma maquete com diferentes tipos de moradias.
Construa um painel com os instrumentos musicais utilizados no passado.
Clha infmaes e mne ilusaes das anigas esidncias e cmci n
lugar onde voc mora.
Geografia
Rena-se com seus colegas para fazer um mapeamento das ruas de sua lo-
calidade hoje. O trabalho pode ser feito em painel apresentando os avanos
cids a pai ds ans 1960 em diane.
Pduza um ex caaceizand a(s) causa(s) ds ips difeenciads de m -
radias.
Histria
Pesquise e pduza um ex eaand que fa hisic se passu na sua
cidade, vila, distrito ou regio.
Matemtica
Construa uma tabela com as quantidades de pescadores, canoas, seleo
de peixes e peds em que mais apaecem nas paias e igaaps de sua
cidade, depois faa uma comparao entre os dados e os locais para serem
apresentados em classe.
TRABALHO, RELIGIOSIDADE
E EDUCAO:
Histrias de uma Comunidade
Ribeirinha no Maraj das FlorestasDalcides Santana Pinheiro
o municpi de Pel, assim cm s demais municpis d aquiplag maajaa
apresenta suas particularidades no que diz respeito ao modo de vida, ao trabalho, realizao
das festas, ao lazer, enfim, a tudo aquilo que diz respeito organizao da vida social de um po-
voado, vila ou cidade.
Pois bem, vamos conhecer agora algumas dimenses da vida social e cultural de uma
comunidade ribeirinha, localizada no rio Camarapi, no municpio de Portel. Pegaremos carona nasnaaivas de alguns mades que, cm mui enusiasm, cnaam-ns suas expeincias e
lembranas de vida, voltadas para o campo do trabalho, da educao e da religiosidade.
Ao ler essas histrias, voc amigo leitor, poder comparar com as coisas que ouve falar
sbe luga nde vc ma. Cnsaa que jei de fala das pessas n semelhane,
assim cm as picas de ensin mdificam-se n ce ds ans. Nessa caminhada pel ex,
caso voc no more ou no conhea alguma realidade r ibeirinha marajoara, ainda ter condies
de perceber como as pessoas se comunicam, o que pensam sobre a vida, o trabalho, suas festas,
ene uas expesses de sua idenidade culual.
Cm se sabe, ns Maajs h uma gande misua de culuas e linguagens que se
diferenciam de um municpio para o outro, de uma vila para outra. Geralmente um lugarejo da parte
do chamado Maraj dos Campos tem a organizao de sua vida social bem diferente de uma loca-
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lidade da pae de Flesas. Seus pblemas sciais pdem a se paecids, mas a fma cm
luam paa eslv-ls nem sempe da mesma maneia. Iss j ns msa que n pdems
falar de apenas uma cultura marajoara ou de uma mulher ou homem marajoara. Tudo isso precisa
se plualizad e analisad em cada cnex e emp especfic paa pecebems a divesidade
de ambientes e prticas culturais.
Castanhal
Vams aga, en, cnhece a vila Casanhal, nde esidem 8 famlias, que em mdia
pssuem 6 membs. A maiia desas famlias exai seu susen da pdu da fainha, que
negociada no prprio porto, na passagem dos regates, ou levada para vender aos comerciantes da
cidade de Pel. N pdems esquece que esse abalh puc valizad an p aquele que
adquire o produto para a venda, quanto pelos governos municipais que pouco investem em polticas
de incenivs agiculua familia. Alm desa ecnmia, algumas famlias sbevivem cm a ajudado Programa Federal Bolsa Famlia ou da aposentadoria concedida pela Previdncia Social.
A cmunidade Sanssima tindade cmpleu, n an de 2008,
25 anos de fundao. Antes dessa fundao, surgiu aqui um gru-
po de jovens denominado Judame, composto por 15 membros.
Esse grupo foifruto de uma articulao dentro da organizao dos festejos da
Sanssima tindade, quand na pca eam nve dias de fesa, send que as
duas primeiras noitadas aconteciam na vila do Acangat e em seguida a ima-
gem da santa era trazida em procisso fluvial para a localidade denominada
S Jaquim, hje vila Casanhal.
O povoamento da comunidade deu-se por conta das novas famlias formadas pela unio
dos filhos de Dona Nair e outros moradores e a chegada de novas famlias migrantes de outras
lcalidades paa esidi naquele eii em cnsu e expans, cm a de Seu AdalbeGibson Marcelo de Aquino.
As relaes de trabalho que historicamente se estabeleceram em Portel foram forte-
mene macadas pel chamad sisema de aviamen,n qual agenes pivads, s paes,
aviavam mercadorias s famlias dos posseiros, chamados fregueses, para serem pagas com
s pdus exads da flesa. Esse mdel de ganiza scial e ecnmica se faleceu
paiculamene duane ped que ficu cnhecid cm cicl da Bacha (1870 a 1912),
quando se acirraram as relaes de dominao entre seringalistas e seringueiros, visto que os
primeiros tinham controle quase absoluto sobre a produo e o destino das famlias que viviam
como posseiros em suas terras.
De acordo com dados coletados na biblioteca municipal de Portel, podemos afirmar
que, nas limas dcadas d scul XX, sisema de aviamen enu em decadncia ec -
nmica. Nesse ped, s abalhades uais, a exempl de muis municpis d Esad d
Par, iniciaram forte processo de organizao social para que pudessem se libertar das garras
dos seus patres.
Seu Adalton, um dos moradores da comunidade Castanhal, relatou que houve um tempo
ambm que apaeceu na egi um fe cmci de pele de animais. Muis ibeiinhs miga-
vam paa s inces da flesa paa ena capua nas, jacas, cbas, e lnas, ene usanimais que eram abatidos e depois negociados, geralmente, com vendedores ambulantes.
Eu lamenava ea quand se jgava fa a cane ds animais que pde-
ria muito bem servir de alimentao para as futuras geraes e simples-
mene se aiava n lei ds igaaps e as pianhas eam quem deva-
vam o bucho dos animais junto com carne e tudo. Hoje, isso tudo est fazendo
fala paa ns, pis aga se quisems cme cane de caa n s uma e
nem duas nies que ems que fica pel ma em busca de alguma caa.
A vida eligisa d municpi de Pel, a pai de 1963, passu a se cnduzida pels
padres Agostinianos Recoletos. Estes padres visitavam os povoados rurais geralmente em dois
Em cnvesa cm Dna Nai, 60 ans, em julh de 2008, mada da lcalidade, fica-mos sabendo um pouco da histria de origem da comunidade.
N inci a lcalidade se chamava S Jaquim, pque meu av,
quando estava roando o local para fazer sua casa, ele cortou em
cima de um san fei de um maeial a hje n idenificad
pels mades. Paece que cbe u alvez meal. o san mede 22cm e
pesa 200 gamas. Meu av baizu ele de S Jaquim...
Outro morador que narrou aspectos da histria da vila foi um de seus fundadores, Seu
Adaln, 48 ans. P mei de suas memias, ficams cnhecend us dealhes d nascimen-
to daquele povoado:
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momentos: nas desobrigas, quando batizavam, casavam e confessavam os moradores, e nas fes-
as eligisas, quand acmpanhavam s iuais em n ds sans dmsics da lcalidade.
O primeiro padre a passar pelo povoado foi Frei Faustino Legardo, que viajava com a
irmandade da Santssima Trindade, visitando os locais onde se fazia festa no municpio de Portel.
Cnud, cube a Fei ramn Salins a funda, na dcada de 1970, da Cmunidade Eclesial
de Base. Este segundo padre foi quem celebrou a primeira missa na localidade, j denominada
vila Castanhal.
Fei ramn, pecupad cm a nva caminhada da cmunidade calica ecm-fundada,
aps acordos firmados com os moradores, nomeou para dirigente Seu Adalton, que j se reunia
frequentemente com os moradores para rezar a ladainha capitulada para os santos de guarda. O
pade, pecebend seu pde de lideana e pica eligisa, ecmendu a ese hmem cni
a Deus que masse cna da capela, de seus sans, e incenivasse s mades a paicaem
a religiosidade catlica.
Igeja calica da cmunidade Casanhal, cnsuda na dcada de 1990.
As pessoas entusiasmadas por aquela nova organizao social buscaram, junto Par-
quia de Portel, orientao para organizar a vida religiosa da comunidade. Assim criaram a equipe
dirigente e comearam a celebrao dos cultos dominicais, pois antes as tradies religiosas cat-
licas eram vivenciadas somente quando santos peregrinos passavam pela localidade, conduzidos
por mordomos que organizavam as festas de seus padroeiros. Geralmente estes santos passavam
15 dias em esmolao, ou seja, conduzidos por folies, e suas cantorias, rezas e benditos ento-
adas por antigos rezadores eram apresentadas de porto em porto, motivando a arrecadao de
donativos que depois eram vendidos ou leiloados no dia da festa daquele padroeiro. Vale lembrar
que, nesse tempo, os santos eram conduzidos por embarcaes movidas vela e a um tipo de
remo grande preso embarcao, conhecido como remo de faia.
Meu pai mandava eza p nss san S Jaquim, us mades faziam fesa de
mdmagem que eam as pessas que sabiam ca alguns insumens de cda cm
viola, violo, bater tambor e a se arrumavam e saam com
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