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Revista bimestral do
Le c t o r iu m Ro sic r u c ia n u m
A SABEDORIA AVERDADE VIVIDA
RETORNO AO NCLEO ESPIRITUAL
A VOZ DA ETERNIDADE RESSOA NO SILNCIO
MEU CORAO, MORRE OU CANTA
O SEGREDO DO SOL
A ROSA DO CORAO EST DESPERTA
SOHRAVARD E O CAMINHO DA ILUMINAO
A VIA SECRETA PARA O INTERIOR
A RADIOATIVIDADE: BNO OU PERIGO MORTAL?
Pen t a g r a m A2003 n me r o 3
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NDICE
2 A SABEDORIA A VERDADEVIVIDA
8 RETORNO AO NCLEOESPIRITUAL
12 A VOZ DA ETERNIDADERESSOA NO SILNCIO
15 MEU CORAO, MORREO U CAN TA
18 O SEGREDO DO SOL
24 A ROSA DO CORAO ESTDESPERTA
27 SOHRAVARD E O CAMINHODA ILUMINAO
34 A VIA SECRETA PARAO INTERIOR
40 A RADIOATIVIDADE:BENO OU PERIGO
MORTAL?
AN O 25N MERO 3
P EN TAG RAMA
A sa be d o r i a
a Ver da d e vivida
O rosacruz um filsofo e umalquimista. Filsofo porque ama
incondicionalmente a Verdade; alquimista
porque libera a Verdade e transforma
as trevas em luz.
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A sabedo r ia a ver dade vivida
N aquela hora, aproximaram-se deJesus os discpulos, perguntando:Q uem , porventura, o maior no reinodos cus? E Jesus, chamando umacriana, colocou-a no meio deles. Edisse: Em verdade vos digo que, se novos converterdes e no vos tornardescomo crianas, de modo algum entra-reis no reino dos cus. Portanto, aque-le que se humilhar como esta criana,esse o maior no reino dos cus.(Mateus, 18:1-4)
duas misses a serem realizadas:em primeiro lugar, se converter, de-pois voltar-se, e somente ento se tor-
nar como as criancinhas. Tornar-seuma criana remete pergunta de sa-ber o que quer dizer tornar-se umadulto. Afinal, Jesus se dirige a adul-tos. Ser que so pessoas realizadas?Ser que isso corresponde a uma ida-de precisa, a uma posio social?D ecerto no. Jesus tem outra coisa emmente. Quando nos tornamos verda-
deiramente adultos? Quando termi-namos de nos desenvolver segundo anatureza, quando findou a viagematravs da matria, de encarnao emencarnao, q uando, no final de todasessas experincias, nos dizemos: Estousaturado, no preciso ver mais nada,porque no h mais nada para ser vis-to. Quando, do mais profundo denosso corao, sentimos que no so-mos um filho da terra, mas um filhode essncia divina. U m filho da eterni-dade. Ser adulto chegar conscin-cia de que o ser interior um filho de
D eus. Ser adulto se converter, sevoltar para o interior, se voltar paratornar a ser um filho de D eus.
Em primeiro lugar, preciso voltar-se para o interior. E no podemos fa-zer essa converso seno quando nostornamos verdadeiramente adultos,quando nossa viagem terrestre finda echegamos no fim, na fronteira, quan-do nos tornamos um habitante do li-mite, um cidado de feso. No livroA Gnosis em sua atual manifestao*,J. van Rijckenborgh diz que feso uma cidade que se encontra no limite.U m efsio habita no limite. Ele bebeuat a ltima gota a taa agridoce daexistncia terrena e est pronto para
se voltar. N o Apocalipse, dito ao an-jo da igreja de feso: lembra-te de on-de caste, arr epende-te e pratica tuasprimeiras obras.
Ofer t a r -se et er n idade
Quem se torna adultopode voltar-se para a L uz. Ser adulto significa pri-
meiro saber q ue a mnada o filho daLuz e que essa concepo encerra achave da libertao. entregar-se aofilho da eternidade que est em ns.Ser uma criana significa ter confian-a, viver se entregando e alimentandoum profundo anseio. C onfiana e en-trega ao dispensador da vida, e comodiz Pedro em sua primeira epstola(2,2): desejai o puro leite espiritual.Trata-se de conf iar na base original di-vina, no verdadeiro doador de vida.Significa entregar-se a esse fundamen-to do Todo que penetra e carrega tu-
H
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do. Para isso, preciso uma aspiraoirreversvel pela Verdade, pelo leitepuro . Essa a assinatura da filiaodivina.
Aquele que, depois de ciclos e ci-clos de existncia, se tornou adulto, setornou, portanto, um filsofo, um al-quimista. Como a criana que quer
beber o leite puro, ele aspira Ver-dade, a nica verdade divina. Filsofosignifica: aquele que ama a sabedoria.O verdadeiro filsofo ama a Verdadee a Sabedoria. Sem a Verdade, a vida vazia para ele. Somente a Verdade libertadora. Mas o que a Verdade?Seu sentido usual no filosfico.
Perdido em seus
pensamentos. James
Whistler,1859.
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No nem um conceito, nem umdogma, nem uma teoria. A Verdade Fora . a fora divina. A Verdade a Luz, na origem de tudo, em tudo eatravs de tudo. A Verdade , sobqualquer forma ou no forma, tudo oque Luz. A Luz a energia univer-sal divina. Tudo o que visvel ouinvisvel constitudo de energia cs-mica. O mundo material constitu-do de energia universal materializada.O mundo f sico, o homem material etudo que corresponde a ele so ener-
gia cristalizada. Podemos dizer que aquintessncia de toda e qualquer coisa
energia, Luz . A verdade : D eus Luz. Fora de Deus no h nada por-que D eus o infinito, a onipresena.
Tr ansfo r mar as t r evas em l uz
O rosacruz um filsofo e um al-quimista: filsofo em virtude de seuamor imperecvel Verdade; alqui-mista porque liberta a Verdade etransmuta as trevas em luz. A Sabedo-ria , portanto , a verdade vivida. A Sa-bedoria viver diariamente a Verda-de, comprovando-a mediante atitudede vida. Isso converter-se e voltar-se. Por isso dito : Arrepende-te e pra-tica as primeiras obras.
O fruto da sabedoria a alquimia.O fruto da verdade vivida a trans-
mutao, a transformao da to talida-de do ser at o sangue, at a menorclula corporal. Assim, h trs coisas:a Verdade, a Sabedoria e a Alquimia.Essa a via do pesquisador da verda-de ntegro e a marca da filiao divina.A verdade : D eus Luz, tudo Luz .A Sabedoria : realizar essa verdade navida cotidiana. A Alquimia : o efeito
da nica sabedoria no seu prprio sere no mundo circundante; reconduz ir aenergia prisioneira do mundo tridi-mensional para seu estado original.
A aspirao pela verdade vem antesde tudo. Ela abre a porta. A Verdadefaz da vida sabedoria, e o resultadodessa vida alquimia. Aquele que as-sim vive na sabedoria uma benopara si mesmo e para os outros. Eleliga o outro filiao divina sem quesua prpria vontade interfira. Aq uelesque aspiram verdade estimulam-semutuamente a servir de exemplo para
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outrem. N o entanto, isso pode acabarmal. Mostrar o exemplo sem o q uerer
ser bom. Porm, querer ser umexemplo sem s-lo verdadeiramenteinduz ao erro, tanto a si mesmo comoaos outros. A personalidade pretendeser um exemplo, reivindica-o e dizpara si mesma: preciso que eu sejaum exemplo. Quero ser uma pessoaideal e todo mundo deve saber. meudever. O grande perigo nessa histria
que o eu comece a desempenhar um novo papel, porm so muitos osque hoje, sobretudo entre os jovens,percebem isso claramente. Eles sohbeis em discernir o que autnticoe o que no . Eles percebem que talou tal pessoa exemplar falsa, que elarepresenta um papel e violenta a ver-dade. U m verdadeiro exemplo noprovm da personalidade. Aquele que
se tornou adulto , no sentido descri-to aqui, que compreendeu a filiaodivina, s sujeita sua vida imagemperfeita no seu corao. D iretamentedo interior provm o exemplo. Aimagem espiritual original de ondesurge o exemplo.
Co nh eciment o d e pr imeir a
o u d e segunda mo ?
Assim, a sabedoria a verdade vivi-da. Seguir regras e adotar uma linhade conduta totalmente diferente, sig-nifica viver por procurao, ou seja,de segunda mo. Algumas vezes til emuitas vezes necessrio, isso pode teruma funo durante um certo tempo.Mas a verdadeira sabedoria a verda-de na nossa vida, e a verdade vividarepresenta fora, a nica fora querealmente existe e da qual tudo pro-vm. Essa fora se chama Amor. As-
sim h a Verdade, a Luz, a Fora e oAmor, palavras diferentes designando
uma s e mesma realidade.A verdade interior vivente liberta.
A sabedoria , portanto, uma radia-o. Ela perceptvel. A luz possuiuma ao magntica. Quando todasas facetas so reunidas, podemos falarde campo de vida, de um corpo vivo,no q ual o pesquisador da verdade, dasabedoria, da luz e do amor encontra
seu caminho. Esses quatro elementos,uma vez libertados, formam umaescola inicitica na qual o habitantedo limite adquire o poder de transpora fronteira.
Luz, Fora de atrao e Vida cami-nham juntas. Embora infinitamentediversificadas, elas formam uma uni-dade. Juntas elas possibilitam a trans-formao alqumica. Verdade Luz,
Luz Fora, Magnetismo e Vida.Tudo isso reunido o Amor. Aqueleque animado pelo Amor encontrarem tudo a Sabedoria. Em todas as cir-cunstncias, em todos os encontros,em todos os acontecimentos por maisinsignificante ou por mais importan-tes que sejam, em todos os impedi-mentos e dificuldades, em todas as
surpresas, em todas as alegrias, emuma palavra, um olhar, um gesto, umacaso, ele experimentar a sabedoria.Afinal tudo, em qualquer nvel de ma-terialidade que seja, resulta da fora.Tudo no mundo matria para inicia-o, para aquele que vive, enquantoadulto, plenamente consciente nafiliao divina.
Dar fo r ma t r ansmisso
O campo no qual Verdade, Sabedo-ria, Fora e Amor esto em atividade,
Joo,a
personalidade
nua,repeliu todoo terrestre e diz a
Cristo:Emana de
mim. Cristo,a
Alma-Esprito,
sobe a escala de
treze degraus e
carrega os
pecados do
mundo.Ao p da
escada,Maria
Madalena seguraa taa do Graal.
Wouter Crabeth
(1530-1590?),
vitral,Gouda,
Holanda.
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transmite informao. A palavra in-formar no significa somente com-portar dados, porm quer tambmdizer formar, dar forma t ransmisso.O processo alq umico um processode in-formao. Acontece algo naforma. E antes de tudo na forma que o prprio homem. Em todas as clu-las do corpo se encontra materialmagntico sensvel, material que seencontra muito concentrado, porexemplo, no crebro, que constitu-do de bilhes de clulas. Acontece o
mesmo com o campo magntico aq uidescrito. A informao recebidapela respirao magntica das clulas,pelo corpo, e tambm pelos corpossutis. Mediante a transmisso dadauma forma especfica mensagem ouento so traz idas modificaes a umaantiga forma.
O que fazemos ou deixamos de fa-zer, nossos pensamentos, nossos sen-timentos e tudo que ocorre dentro denosso corpo so em parte determina-dos por essas informaes magnticas
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Na mo direita,
ele segurava umclarim de ouro
puro [ ...] na mo
esquerda,um
grande mao de
cartas,escritas em
vrias lnguas que
ele devia, como
soube mais tarde,
levar para todos os
pases.Johfra,
1967,ilustraod As npcias
alqumicas de
Christian
Rozenkreuz,
de J.van
Rijckenborgh.
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e por processos de assimilao.Fala-se do auxlio secreto dos rosa-
cruzes. Esse auxlio fundamenta-se narealidade do Amor. Aquele que setornou adulto experimenta interior-
mente a realidade do filho divino; ofilho da verdade se alimenta dessa ver-dade e o que se chama um homemsbio. Emana dele algo de especialque representa a ajuda secreta paratodos os que a procuram, ajuda traz idade modo desinteressado e impessoal.A vontade e as motivaes da perso-nalidade no mais intervm. Um talhomem se converteu, retornou e seentregou completamente a essa nova erenovadora fora. Ele no nem maisnem menos que um instrumento.Portanto, o auxlio secretono pro-vm da pessoa. O eu permanece forade tudo isso. Essa a razo pela qualo auxlio considerado secreto.
Pal avr as po dem pr o pagar a Luz
A sentena a palavra de prata, osilncio de ouropossui um sentidoprofundo insuspeitado. A ajuda se-creta trazida na calma e no silncio.A fala apenas um sustentculo. D i-zem que a prata , de todos os metaisnobres, o q ue melhor reflete a luz. Elareflete noventa e cinco por cento da
luz. C omo a prata, as palavras refle-tem e propagam a luz. Entretanto,mesmo as palavras mais puras nopodem refletir a totalidade da luz enem transmiti-la. Somente o ouro po-de. O auxlio secreto ouro. As pala-vras so, no mximo, prata. A grandeobra provm do silncio, o resto somente sustentculo.
A verdade, a luz e o efeito magnti-co vivente formam uma unidade que o Amor. Q uando nos tornamos cons-cientes disso, adquire-se realmente opoder de realmente servir o seme-
lhante. Esse poder dado aos que socapazes de utiliz-lo da nica justamaneira. As condies so: viver da verdade; dissolver-se na sabedoria e crescer;
e pela verdadeira alquimia, renascer.
Par ado xo d ivino
E Jesus disse: Em verdade vos digoque, se no vos converterdes e no vostornardes como crianas, de modo al-gum entrareis no reino dos cus. Por -tanto, aquele que se humi lhar como
esta criana, esse o maior no reinodos cus.O mais humilde o maior. Tal o
paradoxo divino. Eu, o adulto, devodiminuir. Assim, Ele, o O utro emmim, pode se tornar adulto. umareverso radical. O homem adulto se-gundo a natureza deve se tornar pe-queno, diminuto, humilde e submis-so. Ele deve decrescer para que a
criana de D eus nele cresa e se torneadulta. Ele se tornar o maior no rei-no dos cus. O maior no seu prpriocu microcsmico que uno com omicrocosmo divino. No diremosmais s p e ao p voltars. Porm, Tus luz e vol tars a ser luz.
O filho de D eus o maior porquesabe que uno com o Pai; uno com a
Fonte universal divina, uno com oInfinito. N ada maior que o Infinito.Essa grandeza compartilhada pelofilho da Luz .
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Perder o contato com o ncleo espiri-tual significa mergulhar no sofrimen-to, na adversidade e no despedaa-mento. A tendncia obstinada expe-rimentao, em um mundo de contra-dio, confronta a humanidade comos seus limites. Separado de sua fonteespiritual interior, o homem aprendede maneira inexorvel, freqente-mente trgica, o significado oposto dobem e do mal.
homem emite de seu crebro umafora de investigao, a fim de com-preender o mundo dos fenmenos,orden-los, moldar a matria, ora
construindo, ora destruindo, e istosem levar em conta o princpio nu-clear do ser, sem ligao com a rvoreda vida. Assim, os frutos da rvore doconhecimento do bem e do mal notm nenhum valor constante. Pen-sando apenas em funo da lei dosopostos, sem beber da fonte espiri-tual, o homem conduzido direta-
mente ao declnio e morte. O cen-tro, a Fonte, a porta por onde entraa energia universal. Essa concentraode Inteligncia e de Bondade supre-mas, no humanas, deu nascimento atodos os mundos, atravs de incalcu-lveis fases de condensao.
Mas existe tambm uma contracriao, isto , uma parte do universoonde reina a decadncia e a morte,que entra em atividade quando umaonda de vida, proveniente do seu cen-tro, no vibra e nem respira mais nomesmo ritmo do restante do univer-
so. Perder a conscincia de centroespiritual equivale a uma separao daordem universal divina. As mnadasrompem o contato com o Sol espiri-tual e se enredam nas esferas maisdensificadas. A reminiscncia dessaligao rompida com o campo de vidado Sol espiritual pode ser ativada pelaprtica de um culto a D eus autnti-co . Em sua origem, todas as religiessolares eram consagradas ao campoespiritual central.
A Luz se r et i r a
Entretanto, quando os sacerdotesde um culto perseguem seus prprios
interesses, ele se cristaliza. A respira-o d ivina cede a vez energia huma-na q ue, no sendo eterna, assina a sen-tena de morte de um tal culto. Umavez rompido o contato com a Fonteoriginal, a Luz se retira e as trevasenvolvem o corao dos extraviados.Esse processo de extino lhes fatal.Eles no mais esto em harmonia com
o campo de vida original do qual sedesviaram. D oravante, o seu domniode existncia est submetido lei dadualidade. o mundo do subir,brilhar e fenecer , onde todas as cria-turas nascem, fazem suas experinciase morrem. D enomina-se o estado deruptura do microcosmo com o mun-do original a primeira queda . Este o estado da humanidade atual, cujosmicrocosmos se precipitaram na ma-tria, rompendo a ligao com a ori-gem. A noo de queda est presen-te no sangue de toda a humanidade.
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Ret o r no ao ncl eo espir it ual
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Atravs de sua peregrinao, seuerrar atravs da matria, a humanida-de viu nascer grandes civilizaes emuitos sistemas religiosos. Essas eta-pas intermedirias, rituais e culturais,
tencionadas para que o homem pu-desse tomar conscincia do seu desti-no, cristalizaram-se sempre mais emais, por falta de discernimento, emuma poltica autoritria, resultante deuma vontade de auto-afirmao. Masas cristalizaes causadas pelos inte-resses pessoais, aqui embaixo e dolado de l do vu, no alm, no soirreversveis. Mesmo que elas subsis-tam a alguns decnios, sculos oumilnios, acabaro por desaparecer,permitindo ao microcosmo valer-sede novas oportunidades de progresso.No momento atual, a humanidadeencontra-se em um perodo de ruptu-ra com os valores estabelecidos. Paramuitos a vida cotidiana pontilhadapor crises e violentas agitaes.
O sacr i f cio do h o mem l iber t o
O s ltimos dois milnios colocarama humanidade diante do sacrifcio doamor divino feito por Cristo para ahumanidade sofredora. Novamente,esse sacrifcio colocado diante daconscincia sonhadora do homem.
Jesus o C risto isto , a Alma religa-da ao Esprito impulsiona o homempara a libertao do microcosmo apri-sionado, em palavras e em atos.Aquele que se abre para isso entrega-se conscientemente ao princpio espi-ritual central, ao corao do seu mi-crocosmo. Ele recebe ento como Je-sus e este um processo gnstico apura compreenso de si mesmo e dasleis do universo. Mas, tambm comoJesus, ele confrontado interiormentee exteriormente com as foras de auto-conservao que querem rejeitar a
Luz. Se sua rendio ao ncleo espiri-tual total, ele aprende a discernir o mal e a no mais reagir a ele, nemmesmo ao suposto bem deste mun-do. No fogo cruzado das foras opos-
tas, mantm-se de p, slido comouma rocha, completamente voltadoem direo Fonte interior. E, comoJesus, ele descer ao reino dos mortose ressuscitar no estado de homemAlma-Esprito e se elevar ao planouniversal. As almas libertas, que sesacrificam Luz, estabelecem os fun-damentos a partir dos quais todas asalmas podem ser recebidas novamenteno alento do Esprito. U m ser libertono ambiciona nenhuma posio depoder neste mundo. O reino do Esp-rito busca reconduz ir a si os inumer-veis microcosmos perdidos nas trevas.Para isso necessrio que o coraorecomece a vibrar, a respirar, a viverem interao com a Fonte primordial.A ajuda divina oferecida quelas
almas que preparam, encetam e per-correm o caminho de volta ao Lar.
A r espir a o no micr o co smoe no macr o co smo
A inspirao e a expirao so umprocesso fundamental que ocorre emtodas as esferas do universo. Todas as
criaturas respiram, desde a menor maior, da mais rudimentar mais evo-luda. O alento conscincia, a cons-cincia alento. A conscincia e oalento de uma forma de vida querompeu a ligao com o Esprito vi-bram no reino da morte, extinguindo-se. Mas, quando uma forma de vida religada ao reino do Esprito, sua res-pirao e sua conscincia entram emressonncia com o universo. A imper-manncia abolida, em proveito deum eterno desenvolvimento.
H uma infinidade de ciclos de res-
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A Rosa desabrocha
e irradia luz.
Ilustrao
Pentagrama.
pirao. Pode-se ver mirades de mi-crocosmos emanados da Fonte origi-
nal como uma expirao, e seu retor-no Fonte, como uma inspirao.C ada expirar e cada inspirar da Fontetem uma durao incomensurvel.C ada expirao, ou expulso dos mi-crocosmos, uma criao dinmica,assim como cada inspirao, que li-berta os microcosmos de suas criaese os reconduz Fonte da Vida.
O alento no grande e no pequenoso um formidvel mistrio, com osquais todos que buscam o retorno se-ro confrontados. As escolas de sacer-dotes das religies orientais treinam ecultivam a respirao, a fim de levar aalma a nveis de conscincia superio-res. Mas a alma l fica retida, porqueeste caminho no fornece o passapor-te para entrar no reino do Esprito.Para receber o passaporte, necessrioque a alma restabelea a ligao com afonte primordial da Vida, saciando-see purificando-se. Esta a condio
para que seja franqueada a fronteiraentre a vida e a morte.
N o O cidente, as escolas sacerdotaisorientam-se menos para a cultura darespirao e mais para a represso dosdesejos. Ao reprimir os impulsos bio-lgicos, a alma deveria encontrar umlivre acesso ao plano divino. As conse-qncias negativas deste mtodo j soconhecidas. O recalque dos desejoscoloca a razo sob alta presso e o
que levou a humanidade a uma sub-misso cincia. Sua arma predileta o pavor concreto, resultado da desar-monia entre a cabea e o corao. Ointelecto aguado e suas especulaesso a origem de numerosos transtor-nos psquicos e fsicos. D enomina-se aisto stress . Busca-se compensaono esporte, no sexo, nos divertimen-tos. uma engrenagem que no favo-rece de modo algum o restabelecimen-to da ligao com a Fonte espiritualprimordial e no reaproxima, nem umpouco q ue seja, a alma de seu C riador.
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Nem a represso dos desejos, nem osexerccios de respirao, nem a cincia,nem os cultos dogmticos, nem o x-tase mstico libertam a alma do seu apri-sionamento. D esde a noite dos tempos,
o homem esbarra no muro de suas ilu-ses. E por q uanto tempo ainda?
Inver so da po l ar idaderesp i ra t r i a
A humanidade est em um pontode reverso. O retorno em direo Fonte, a fase de inspirao, comeou. Amitologia egpcia conta que sis (a meoriginal) reuniu os pedaos de O sris(as centelhas de Luz do Esprito solar)espalhados por Seth (princpio do fra-cionamento infinito) para reconstituirum Ser vivente. A diviso abolida.Mani, o mestre espiritual persa do ter-ceiro sculo depois de C risto, diz iaque, ao fim dos tempos, todas as cen-telhas de Luz sero reunidas para fo r-
mar uma coluna de Luz. Esse proces-so de renovao alqumica j comeouh muito tempo e toca o corao decada homem.
Atualmente a humanidade encontra-se em um perodo de mudanas revo-lucionrias. No mundo inteiro a sepa-rao entre a Luz e as trevas torna-seflagrante. O materialismo, a tecnocra-
cia e a globalizao aprisionam as jo-vens geraes em um campo de vibra-es primitivas, ao nvel do incons-ciente. Ento muito fcil manipul-las e vitim-las.
Tenses, doenas fsicas e psquicas,relaes humanas caticas se desen-volvem por toda parte. Por exemplo,nas discotecas, a trepidao dos ritmose a repetio sem fim de seqnciassonoras despertam desejos e instintosprimitivos e obscurecem a conscin-cia, levando-a ao estado de transe. Amagia natural dessas baixas vibraes
exerce irresistvel coao. Magia extre-mamente perigosa que aprisiona asalmas nas redes de uma morte espiri-tual. Muitas pessoas tornam-se prisio-neiras da armadilha da teia eletrnica,
espalhada em torno do planeta, leva-das pela curiosidade e obsesso porinformaes. A era digital tem, sem d-vida, suas vantagens, mas pode sufocarno homem o ltimo vestgio da cons-cincia de sua origem divina.
A Ro sa d e sis desper t an o c o r a o
A Luz entra em contato com a cen-telha espiritual no homem, despertan-do muitos. Os homens tomam cons-cincia, cada vez mais, do perigo queameaa suas almas e procuram esca-par das inmeras teias enleantes. Vol-tam seu anseio em direo Verdade,a verdade absoluta que no impostapor nenhuma autoridade, e esse dese-
jo atrai foras sublimes. Tornando-semais e mais conscientes, descobrem ocaminho que conduz ao ncleo espi-ritual do seu microcosmo.
Na fase de inspirao, que agoratem incio, todos os microcosmos sochamados e reunidos. Mas as forasque os querem reter entram tambmem ao. Estas foras tm muitos alia-
dos, que oferecem seu auxlio em to-das as espcies de domnios. A quemescutar? O caminho mais seguro odo silncio interior perfeito. Mas issoparece de uma dificuldade insuper-vel, no meio dos clamores deste mun-do. N o obstante, a senda abre-se dian-te daqueles que conseguem acalmar acabea e o corao e assim escutam omurmrio da R osa. Este caminho temincio no ponto de contato do Es-prito no corao do microcosmo, narosa do corao. A Rosa fala ao bus-cador e lhe indica a senda a seguir.
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Milhes de pessoas observam umminuto de silncio em memria dasvtimas de uma ou outra catstrofenatural. N o vale do N ilo, gigantescosfaras de pedra, testemunhas de civi-lizaes seculares, fixam o horizonte,impassveis. O firmamento estreladoirradia no silncio da noite. Por que osilncio se impe? Por causa da angs-tia? Por causa do sentimento de opres-so, ou de libertao?
a valorizao do silncio uma rea-o algazarra inimaginvel na qualvivemos? As religies orientais oassociam a tcnicas de meditao. O s
exerccios de ioga so ligados prti-ca do silncio. Mas, traz essa prtica oaprofundamento desejado? Ela nospermite adquirir uma compreensodo fundamento de nossa existncia?Ela nos leva a uma mudana de com-portamento? N o q ueremos dizer umamudana momentnea, o tempo de serecompor, mas uma transformao
radical, uma renovao de todo o ser.O que o silncio? A ausncia derudo, de dissonncias? a ausnciade estmulos cerebrais e sensoriais,como durante o sono? o vazio, asolido das florestas, das montanhas,dos desertos?
Eis o que est escrito num trechoextrado do Fragmento I do L ivro dosPreceitos ureos, traduzido por H . P.Blavatsky, na Voz do Silncio:Antes que a Alma possa compreen-
der e recordar-se, deve estar unida aoFalante silencioso, como a forma a ser
tomada pela argila e modelada pri -meiro unida mente do ceramista.Porque ento a Alma ouvir e se re-cordar. E ao ouv ido interno falar aVoz do Silncio.A Voz do Silncio, como indicado
no incio do livro, dedicada aoseleitos . Ela no se dirige ao homementregue ao tumulto interior, mas alma que encontrou o silncio. Aqui,a noo de silncio tem um sentidoparticular: ele no perceptvel aosrgos dos sentidos.
A forma impressa na argila existeprimeiramente no pensamento dooleiro. A forma do vaso uma ima-gem concreta criada pelo pensamento
do Falante Silencioso. O bra de artenica da qual deve dispor o pesquisa-dor do tesouro espiritual. Nada devese interpor entre ele e o Falante Si-lencioso, nem mesmo a imagem maistnue. necessrio eliminar toda ati-vidade do pensamento , o qual deno-minado o grande assassino. A ativida-de dos pensamentos alimentada pe-
los sentidos e arrastada, de l parac, entre os plos da existncia terres-tre. O pensamento est sujeito aos li-mites das alternncias dos opostos eescravizado s exigncias do eu. AVoz do Silnciocontinua: Quando aotumulto do mundo tua alma desabro-chando d ouv idos; quando rugentevoz da grande iluso tua alma respon-de; quando, medrosa ante a viso dasclidas lgrimas da dor e aturdidapelos gritos de desespero, tua alma serecolhe como tmida tartaruga nacarapaa do egocent r ismo, sabe,
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A vo z da et er nidade r esso a no sil nc io
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D iscpulo, que do seu D eus Silenciosotua alma um sacrrio indigno. Ohomem prisioneiro de suas prpriasimagens que formam um mundo deiluses e o foram a ver as coisas dife-rentemente do q ue elas realmente so.Supondo que os impulsos do mundono consigam mais atingi-lo umailha deserta no dando nenhuma ga-rantia de isolamento ele ouviria o Falante Silencioso e veria a vida talcomo ela na realidade. Ele poderiaconstatar que existem dois mundos,
nele e sua volta: o mundo da alma eo mundo da personalidade governa-da pelo eu.A Voz magntica que chama aque-
le que est fatigado.No livro A grande revoluo, J.
van Rijckenborgh escreve: Ouvir avoz, no sentido da Bblia, algo total-mente diferente. Refere-se ao somque emana do campo de fora do rei-no imutvel, pois cada fora possui asua v ibrao e assim tambm o seusom. Esta a msica das esferas con-
Esttua da rainha
Hatshepsut, noterrao de seu
templo em Tebas
(Deir-el-Bahari),
Egito.
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sagrada a Deus, que o aluno(o busca-dor da Sabedoria, da Palavra) podeouv ir, quando, no silncio do seu cora-o dilacerado, houver terminado to-
do o confli to segundo a natureza e to-da luta pela libertao do seu eu. avoz magntica que chama o exausto; a fora que concede a verdadeiraquietude.
Esse silncio a condio essencialpara se dar incio ao processo de trans-formao. O silncio puro, onde res-soam a harmonia e a paz, mais que a
ausncia de rudo e de agitao. Osilncio conduz a alma que se eleva sabedoria profunda. No livro XIV doCorpus H ermeticumde H ermes Tris-megisto, diz Tat: No sei de que ma-triz nasce o verdadeiro homem e deque semente. E H ermes responde: Dasabedor ia, que pensa no silncio. E J.van Rijckenborgh explica em seu li-vro A arquignosis egpcia, volume 4,Captulo XIX : A Sophia est no siln-cio, que se encontra no espao original,livre, e todas as partculas dessa mat-ria esto carregadas com as grandes
foras div inas, com as idias do L ogos.Quando o pensamento se tornou
perfeitamente silencioso na contem-plao do universo insondvel, o pr-
prio silncio o perturbar. P ara voltara ser silencioso e empreender o cami-nho real, preciso olhar exclusiva-mente o que se fez at ento, antes depoder mudar de direo e continuar.
Fontes:BLAVATSKY, H . P.,A voz do silncio,So Paulo: Pensamento, 1991.RIJCKENBORGH , J. V. E PETRI , C.D,
A grande revoluo, So Paulo:Lectorium Rosicrucianum, 1986.RIJCKENBORGH , J.V.,A arquignosis egpcia,v. 4, So Paulo: LectoriumRosicrucianum, 1991.
O silncio do
infinito
interrompido por
vus de trevas.
Foto Pentagrama.
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meu co r a o , mo r r e o u cant a!
poeta espanhol Juan Ramn Jim-nez descreve o estado de alma que openetra no momento em que nelesurge o pressentimento da existnciade um outro mundo mais sublime.
A beleza de uma paisagem sob umradiante sol de tarde de vero levainteriormente o poeta inspirao.Ele expressa estes versos sob a in-fluncia de uma fora especial.
D esperto em uma outra realidade,bem diferente do mundo habitual,com os seus fluxos e refluxos perp-tuos de conf litos e desejos, ele ouve o
silncio da onipresena com aquelaintensidade somente alcanada peloapaziguamento dos pensamentos edas emoes.
Jimnez experimenta como queuma q uietude urea na qual entra emcontato com algo de natureza espiri-tual; sentimento cuja rad iao se pro-paga para o exterior dele e que ilumi-na a natureza como um cristal. Elepercebe como uma corrente transl-cida de inmeras almas puras sonha,destruindo prolas as falsas prolas,as imitaes do mundo material. Ela
sonha em se libertar da t ransitorieda-de e fluir no infinito, na eternidade.
Talvez seja difcil acompanhar ainspirao do poeta. Suas palavras for-mam, no entanto, a imagem de umarealidade paralela ao mundo t ransit-rio e que a irrompe, realidade essaque pode aparecer conscincia gra-as a uma nova faculdade da alma, nomomento em q ue o velho sol declina.
A viagem def init iva
E eu irei, e os pssaros permaneceroe cantaro,e meu jardim cont inuar com sua
rvore verde e sua branca fonte.
Cada tarde o cu ser azul e pacficoe os sinos do campanrio soarocomo nesta tarde.Aqueles que me amavam falecero,e a aldeia, a cada ano, se renov ar,e nesse canto de meu jardim de fl oresbrancas meu esprito vaguear briode nostalgia...
Pode-se pensar, em uma primeiraabordagem, que Jimnez descrevesua morte prxima. Mas por queento d a esse poema o ttulo A v ia-gem definitiva?Por que escreve:Aqueles que me amavam faleceroepor que no fala de sua prpria mor-te? Estes versos testemunham umdesejo intenso de conhecer uma ou-tra realidade, que desperta em cadaum daqueles que vivenciam os limi-tes mais extremos da existncia ter-restre. Aq uele que procura essa outrarealidade empreende uma viagem
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Somente um sino e um pssarointerrompem o silncio...,como se conversassem com o sol poente.urea quietude, um a tarde talhadano cristal.Um suspiro de pureza embala as rvorese, do outro lado, um rio claro sonha;destruindo prolas,liberta-se, fluindo no infinito.
(J. R. Jimnez, 1881-1958)
O
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definitiva. Ele pe o p num cami-nho que leva a uma regio acima doplano terrestre.
Essa viagem foi interrompida porns, h muito, muito tempo, mas spoderemos continu-la quando o
homem original que tambm onovo homem em ns reviver.Aqui no campo de vida terrestre,
na aldeia que a cada ano se renova, opesquisador est no seu ambiente fa-miliar, com os seus hbitos e suas pai-xes. por isso que seu esprito va-gueia brio de nostalgia? Visto demodo superficial, bem assim.
Mas aquele que procura a ligaocom uma outra realidade e, no maisprofundo do ser, aspira pelo Esprito,experimenta uma outra saudade. Asaudade da ptria original pertencen-
te ao mundo do Esprito. essa nos-talgia experimentada neste vale de l-grimas que impele a alma do homema se voltar para o vasto horizonte...
meu corao, morre ou cant a.M eu corao agora to puro,que no importa se ele mor reou canta.Ele pode preencher o liv ro da vida,ou o livro da morte.Ambos so virgens para o meucorao,que pensa e sonha.
Ele encontrar a mesma eternidadeem ambos. meu corao, j no importa:morre ou canta.
U m homem que realmente aspira aum outro estado de vida, que ele per-cebe, distante, em seu interior, realizaem sua vida uma reverso definitiva.Essa reverso surge do corao cen-
tral de seu microcosmo e toca o cora-o humano que finalmente consegueuma mudana total de orientao.Assim procedendo, o corao se des-liga de sua vinculao energtica como mundo transitrio e se funde com omundo espiritual. A converso se dprogressivamente at o momento emque no mais impor ta que o corao
morra ou cante.Interiormente isto corresponde,
para o candidato, a uma travessia dodeserto, onde outros podero encon-trar uma forma de realizao, masonde, para ele, h somente aridez eausncia de vida, com talvez umamiragem aqui e ali para desvi-lo desua rota. Nesse deserto, o corao seabre como uma rosa na luz e j noparticipa essencialmente da naturezada morte. A vida terrena nada mais que um grande frio . A morte e omorrer so para um tal homem, em
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O poeta
espanhol Juan
Ramn Jimnezrecebe o prmio
Nobel de
literatura em
1956.
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este hino ao sol, o fara Akenaton(sculo XIV a.C .) expressa de modomaravilhoso sua venerao pelo Cria-dor. Em latim, a palavra solus, o ni-co ou ele sozinho , deriva da pala-vra sol, sol . Em grego, sol H elios, o mais alto . A humanidade, desde o
incio, venerava o sol como um serdivino. Somente nas grandes religiesdos ltimos dois mil anos essa adora-o no teve mais lugar, em virtudeno somente das novas noes teol-gicas, mas tambm como resultado daevoluo das pesquisas cientficassobre o universo.
Atualmente giram em torno do soldois satlites artificiais: H elios , quefoi lanado em 10 de dezembro de1974, e Soho (Solar & H eliosphericO bservation), lanado em 18 de de-zembro de 1997. Essas duas maravi-
lhas da engenharia recolhem dadossobre os processos que ocorrem nointerior, na superfcie e ao redor dosol, transmitindo-os terra por sinais.Essas informaes permitiram a revi-so de vrias teorias antigas e o desen-volvimento de outras novas.
A cincia descreve o sol como umglobo de gs incandescente que, pelafora de gravitao, por causa do ta-manho enorme de sua massa, mantmos planetas em suas rbitas, condu-zindo-os em seu curso atravs do uni-verso. Segundo as mais recentes no-es astrofsicas, o sol tem a idade de4,6 bilhes de anos e poder atingir 10bilhes de anos. O dimetro do seu
globo visvel de cerca 1,4 milhes dequilmetros e sua distncia da terra seeleva a 150 milhes de quilmetros.Sua massa avaliada em trezentas milvezes a da terra. A temperatura emsua superfcie de 5.500 C . Em seuncleo grande o suficiente para alo-jar um milho de globos terrestres! ela se eleva at 15 milhes de graus
C elsius.
Cir cul a o sangunea =ener g ia so l ar
No corao do sol, o hidrognio fusionado em hlio, liberando enor-mes quantidades de energia, as quaisiluminam e aquecem o inteiro sistemaplanetrio. A cada onze anos e meio,aproximadamente, aparece o mximodas chamadas manchas solares. Essasmanchas que se destacam por serempretas revelam um calor intenso. Ao
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O segr edo do so l
Irrupes de
chamas solares
podem alcanaruma altura de
mais de meio
milho de
quilmetros.
Maravilhosa Tua aurora no horizontedo cu, Aton, Criador anterior origem detoda a vida!Q uando Te elevas no oriente do cu,todos os reinos abaixo brilham de beleza;Tu s belo e bom e cintilante e muitoacima da terra.Tu abraas amorosamente, com as mosdos Teus raios,os reinos e toda a Tua criao.Tu s Ra, que os conduz e protege.Por Teu amor, religas tudo a Ti.Ainda que estejas longe, Tuas radiaesaquecem a terra,Teu rosto eternamente voltado para nsno Teu percurso.1
N
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mesmo tempo, os plos magnticosse alteram, aps o mesmo lapso detempo, criando um ciclo de 23 anos.Podemos associar estes processos aobatimento do corao solar. Uma vez
a cada onze anos e meio aproximada-mente, o corao do sol se contrai eenvia a energia liberada como um so-pro atravs do sistema solar. o quese denomina vento solar , o qual po-de ser detectado at nos planetas maisdistantes. D iz-se, ento, que o corposolar alimentado e conservado poressa circulao de energia, compar-vel circulao sangunea no corpohumano.
Alm disso, o sol gira uma vez a ca-da quatro semanas ao redor de seueixo, tambm como um corao comsuas vibraes e pulsaes. Esse globode gs incandescente envia, por se-gundo, uma quantidade de energiamaior que a utilizada por toda a hu-manidade no curso de milhares de
anos de sua evoluo. O sol tambm semelhante a um gigantesco pio queproduz um som ao girar. De ondevem ao certo essa sonoridade aindaum enigma, mas percebe-se bem que
essas ondas de luz e de calor, do mes-mo modo que as ondas sonoras, ali-mentam e mantm o completo siste-ma solar, inclusive os seus habitantes.Suas correntes magnticas tm o po-
der de criar e ordenar.Todas estas informaes da cincia
dizem respeito apenas ao aspecto per-ceptvel e fsico do sol, contudo reme-tem a uma imagem que s vezes seope s idias difundidas nas antigascivilizaes.
A separ a o ent r e Deus
e a nat ur ezaNo perodo caldeu-assrio-babi-
lnico (cerca de 2000 a 500 a.C .),adorava-se o sol sob o nome do deusShamash; no tempo dos persas, gre-gos e romanos (500 a.C . a 500 d.C .)como Ahura Maz da e H elios, edurante o perodo romano comoMitra e Sol Invicto. Em sua obra
D er Sonnenspiegel 2 (O espelho dosol), D . Vollmer mostra como a ado-rao do sol como um deus desapa-receu do mundo ocidental:O cristi anismo teve de aprender a
A triunidade
do Sol, do deus
mais elevado
(Vulcano),e da
Lua.Estela de
Palmira,sculo I
d.C., Muse duLouvre,Paris.
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se adaptar durante os trezentos anosde luta com o mundo das div indadesgregas, onde o deus solar apresentava-se de diversas formas: Hlio, Apolo,D ionsio, Serpis, Elagabalo, e, sobre-
tudo, com a dualidade M it ra/ SolI nvicto. Essa adaptao foi possvelgraas filosofia platnica e neoplat-nica que tinha preparado o caminhopara a separao ente Deus e a natu-reza, facili tando o tr abalho dos bisposcristos. D esde ento, o deus solar dosincretismo helnico passou a no re-presentar o sol natural em si, mas a
idia por trs dele.Se os cristos repeliram aadorao do sol, existi-ram, todavia, gran-des pensadoresque lhe atri-buram umlugar centralna vidaespiritual.
Assim,G iordanoBruno(1548-1600),em seu poemaintitulado ABesta D estro-nada3, proclama queo sol possui trs aspec-
tos essenciais (ver ao lado):
El e t r s em um
O trplice aspecto d o sol fo i no-vamente enfatizado no sculo X Xatravs da Teosofia e daAntropo sofia. A russa H elenaPetrovna Blavatsky, fundadora daTeosofia, escreveu, na ltima parteda D out r ina Secreta, sntese dacincia, da rel igio e da f i losof ia(1888): O lt imo sacerdote do sol,na Eur opa, foi o imperador r omano
ini ciado Jul iano, o Apstata. Ele seesforou por ser t i l ao mundo, des-vendando, ao menos em part e, ossegredos do sol, do qual di z: ele trs em um. O sol central o prote-
tor da natur eza. Em pr imeir o lugarele a or igem universal de todas ascoisas; em segundo, ele a inteli -gncia suprema e reina sobre todosos seres dotados de razo; em tercei-ro lugar, ele o sol v isvel.
Em seguida, Blavatsky cita os dis-cursos hermticos do pitagricoFilolau: O sol um espelho de fogo;
a i rradiao de suas flamas, ao refl e-t ir-se nesse espelho, se derra-ma sobre ns e a toma-
mos por sua ima-gem.4
Estas palavrasda grande te-sofa mostramcla ramenteque impor-
tantes mis-trios estoa s s o c i a d o s
ao sol. H .P.Blavatsky os
descreve emmincias, assim
como os mistrios eformas de cultos solares.
Rudolf Steiner, fundador daAntroposofia, d, em suas obras, pre-ciosas indicaes a respeito do sol:...Toda a matria ter rest re li bera al -go que absorv ido pelo sol . Por -tanto, no encont rar eis um gsardent e no int er ior do sol, mas simaqui lo que ele absorveu, pois o sol um sorvedouro. Essa esfera de suc-o no uma bolha de gs; pode-secompar-la a uma prola no uni-verso cujo int er ior no possui nadadaqui lo que se busca dentro dela.[] D essa forma, o interi or do sol
Cego aqueleque no v o sol;
e doidoquem no o conhece;
e miservelquem no lhe rende
graas.Ele a luz,ele o bem,
ele a salvao.Dele irradia,
dele atua,dele doa
o Senhor do Esprito,o Pai do Ser,o Criador.
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no uma bolha de gs, mas algoque menos do que espao, algo
cuj o espao, na real idade, f oi remo-v ido. Se pensarmos no espao comoalgo que se est di latando, expan-di ndo, ento deveremos imaginar ointerior do sol como se estivessecont raindo, um espao negati v o,mais vazio do que o prpr io espao!5 []No que o sol seja um corpo
celeste de matria rarefei ta compa-rada terr estre, simplesmente ela negat iva. [] A matria posi t iva(ter restre) di latant e, j a negat i -va, cont raent e, absorv ent e.6
Gr andes concen t r a es deant imatr ia
Esta observao de Rudolf Steiner ainda mais misteriosa que a de H .P.Blavatsky. Matria negativa e es-pao absorvente so dois conceitospouco usuais. Mas a cincia mostrou,depois de algum tempo, que aquiloque ela denominava antimatria exis-te, e que a maior parte do universo da resultante. O conceito cientfico
de antimatria , no entanto, muitodiferente do conceito esotrico.
A noo de espao absorvente comum em Fsica, pois, aps o incio
Cabea de
Akenaton,provavelmente
a mais antiga.
Diorita,ca.
1350 a.C.
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da Astronutica, o universo apre-sentado como um vcuo, a uma tem-peratura de -273,13 C , o ponto dozero absoluto.
J. van Rijckenborgh, o fundador da
Escola Internacional da Rosacruzurea, escreveu em seu livro A gran-de revoluo7 (1960):O sol no possui nem luz, nem
calor, nem out ros flui dos, e no irra-dia. Ele um campo magntico quepossui um foco magntico primrio ediversos outros poderes magnticos.Chamamos Vulcano a este com-
plexo campo magntico, ext rema-mente vasto e mister ioso. Ele env iasuas inf luncias sobre a nossa esferaterrestre e a toca atem seu corao.(captulo XII)
Em O advento do novo homem8,Rijckenborgh escreve ainda:O sol div ino projeta sete espcies de
raios neste mundo decado e perdido.Esses raios formam um espectro com-
pleto: vermelho, laranja, amarelo, ver-de, azul , ndigo e violeta. [...] Ele des-perta, no corao dos homens, o tomocentelha do Esprito. (captulo III)
O micr o co smo t em sua o r igemn o c o r po so l a r
No livro Reveille! (Desperta! )
um apelo juventude para a renova-o fundamental da vida, como sadade uma existncia sem esperanas 9,J. van Rijckenborgh e Catharose dePetri escrevem:Nosso planeta uma parte determi-
nada do corpo solar [...] Pode-se dizerque a terra , de fato, um rgo per-tencente ao sol [ ...] N o entanto existe
uma outra vida que nos afeta ao mes-mo tempo; uma v ida cuja or igem noterrestre, que a esfera terrestre noexpl ica. Falamos do microcosmo e damnada, que irradiam atravs desse
microcosmo. O microcosmo ori gina-sedo corpo solar, a personalidade origi-na-se da terra. Existem, ento, doisestados de vida que, em um dado mo-mento, se ligam: uma v ida provenien-
te da terra e uma vida proveniente docorpo solar. com razo que a verdadeira v ida
humana s tem incio quando ela seprepara e se desenvolve para se elevarda terra. Compreende-se, ento, porque Cristo chamado um ser solar, eque ele nos disse que deveramos sercomo Ele. (captulo II)
A cincia materialista e as religiesexteriores chegaram ao ponto denegarem os mistrios do sol. No en-tanto, C risto e permanece o deus so-lar, q ue no somente ilumina, aquece,penetra e mantm a vida terrestre tanto no plano material como noespiritual mas tambm a vida dointeiro corpo solar. E quando essa
fora, que tudo engloba, religou-senovamente ao nosso planeta, h cercade dois mil anos, foi ofertada huma-nidade uma nova oportunidade deevoluo espiritual.
Fontes:1 VREDE, E.,Astronom ie und Anthroposophie,2. ed., 1980, p. 47.2 VOLLMER, D.,Der Sonnenspiegel,
Rotenburg: 1983, p. 331.3 BUDZI N SKI -WECKER, Giordano Bruno
Buch, Oldesloe: 1927.4 BLAVATSKY, H .P., Geheinlehre, Bd. 3, 1. ed.,1999, p. 212, p. 214.5 STEINER, R., Vortrag vom 13.9.1924.6 STEINER, R., Vortrag vom 18.1.1921.7 RIJCKENBORGH , J.V. ePETRI , C.D.,
A grande revoluo.
8 RIJCKENBORGH , J.V., O advento do
novo homem , 2. ed., So Paulo:Lectorium Rosicrucianum, 1988.9 RIJCKENBORGH , J.V. ePETRI , C.D.,Rveille!,2. ed., So Paulo: Lectorium Rosicrucianum,1983.
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poeta Rainer Maria Rilke exer-ceu uma grande influncia sobreinmeros jovens poetas por meiode sua arte de delicadeza extrema.Nascido em Praga em 4 de dezem-bro de 1875, falecido em Montreuxem 1926, passou o s ltimo s anos desua vida na Sua, com o apoiofinanceiro de uma princesa. Rilkeestudou arte e literatura em Praga,Munique e Berlim, e finalmente
decidiu tornar-se escrito r. C omoepitfio, escolheu uma enigmticainscrio, sobre a qual muitos seinterrogaram. Trata-se de palavrasq ue beiram o inexprimvel. O leitordeve decifrar por si prprio a men-sagem que a se oculta e vivific-la:
Rosa, genuna contradio,
Anelo de dormir o sono de ningumem tantas plpebras.1
O q ue o poeta quis dizer? Q ual essa genuna contradio ? Q ual esse anelo ? O q ue significa essesono em tantas plpebras?
Rilke tinha aguada percepoespiritual. E muitas de suas poesiasso tentativas de express-la. N o possvel que o epitfio que eleescolheu represente a q uintessnciadessa percepo? A quintessnciade uma vida que, como a de todas
as pessoas, oscilou entre a eterni-dade e o tempo, entre a rosa docorao, o verdadeiro ser que, emprincpio, est d esperto , e o eu q ue,qual plpebra, encobre o olho docorao, fazendo com que as pes-soas durmam como egos pela eter-nidade?
A rosa visvel o smbolo dessacontradio entre o eu verdadeiro,desperto e eterno e o eu transitrioque tolda a conscientizao daeternidade.
Essa noo fica mais clara quan-do concebemos a rosa como a almada humanidade, a ro sa mundial. Seuclice como um olho aberto para o
sol espiritual, sempre desperto, dormindo o sono de ningum . Oser crstico da humanidade encon-tra-se vigilante. C ontudo, as muitasptalas da rosa, as personalidades-eu do homem terreno, fechamcomo tantas plpebras esse olhovigilante. Elas se interpem entreele e o sol espiritual.
Emb ora o anelo desse ser ver-dadeiro esteja desperto , do rmindoo sono de ningum , todas aspersonalidades-eu ainda esto cer-radas como plpebras sob re ele.
O anelo d e vigilar, a saudade deestar desperto, pode chegar splpebras a part ir da alma mund ial.Ele pode faz er com q ue essa plpe-bra se abra e deixe a luz do sol pe-netrar o olho da alma. Cada eu,cada plpebra da rosa da huma-nidade pod e, a part ir desse anelo daalma, acord ar, ser tocado, se abrir e
24
A r o sa do co r a o est desper t aO epitfio de Rainer M aria Rilke
N o cemitrio da I greja St. R omanus,em Raron, Sua, se ergueuma discreta cruz de madeiracom as iniciais R.M.R.
O
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assim contribuir para o despertarde toda a humanidade. Podemosdizer q ue Rilke foi um homem q ue,como uma plpebra, se abriu e comessa abertura possibilito u o desper-tar. E ainda, por meio de sua poe-sia, auxiliou outros a tambm sedespertar.
D ia vir em q ue todas as plpe-bras fechadas e dormentes nova-mente se abriro, isto , em quetodas as personalidades-eu setransfiguraro e velaro em comu-nho. Ento, a contradio sersolucionada. A alma-esprito, oclice da rosa, e as no vas personali-dades-eu de todos os homens as
plpebras , em vigilncia coletiva,reconhecero o esprito e delevivero.
O poeta austraco,nascido em Praga,Rainer Maria Rilke
(1875-1926).
1. Texto do epitfio em alemo:Rose, o reiner Widerspruch,L ust, niemandes Schlaf zu seinunter soviel L idern.
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So h r avar d e o caminh o da il umina o
Shihboddn Yahy Sohravard nas-ceu no sculo X I I em Zamjan, naPrsia. Seu destino assemelha-se aode Mani. Sempre ensinando, viajouatravs do Ir e conquistou para asua doutrina o filho de Saladino, sul-to de Alepo, na Sria. Suas idias eseus escritos despertaram muita hos-tilidade e, idade de trinta e oitoanos, os fanticos chefes da religiodominante terminaram por derrub-lo. Em 1191, foi feito prisioneiro porordem de Saladino, morrendo poucodepois, provavelmente assassinado.Apesar da sua v ida curta, deixou
uma obra considervel, em rabe eem persa, sendo denominado OMestre da Teosofia O riental, emvirtude de suas alegorias pantestas ehermticas.
ma etapa decisiva para Sohravardfoi a sua compreenso de que um
ensinamento espiritual vivenciado bem mais importante que uma expe-rincia mstica. Sua obra mais impor-tante, A Fi losof ia da I luminao,expe d iferentes graus de desenvolvi-mento: ele reconhece os te-sofos aq ueles que conhecem D eus pelaexperincia interior e os fil-sofos aqueles que especulam sobre D eus.H , evidentemente, uma forma mistae os melhores pesquisadores so aque-les cuja busca implica, ao mesmotempo, em experincias interiores econhecimentos filosficos.1
Sohravard diz explicitamente quesua obra destinada a este tipo depesquisadores. As expl icaes destelivro se dir igem exclusivamente que-les que so plenos de aspirao, quepossuem a experincia do div ino, ou,ao menos, que se esforam por conse-gu-lo. A condio mnima exigida doleitor que o raio da luz div ina j o
O Khngh tinha
duas portas, uma
dando para a
cidade e a outrapara o deserto
e o jardim.
Ilustrao
Pentagrama.
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U
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tenha tocado e que esse contato se lhetenha tornado habit ual.
Sohravard pronuncia-se clara-mente sobre a sua tradio espiritual:Graas ao que eu t ransmito do conhe-
cimento das luzes e de tudo que estfundamentado nisso, sustento todos
aqueles que seguem o caminho deD eus. Esta foi a experincia interiorde Plato e, antes dele, de H ermes, opai dos sbios. M esmo na poca dePlato exi stiram sbios sublimes, pro-pagadores da sabedor ia como Emp-docles, Pi tgoras e ainda out ros. Elestransmitiram seus ensinamentos sob aforma de smbolos, os quai s jamais
foram contestados. Com efeito, sealgum argumenta contra suas idias,porque apreende apenas a aparnciaexterior, no a significao interior,pois no se pode refutar um smbolo.
igualmente sobre os smbolos queest alicerado o ensinamento or ientalda L uz e das trevas, que constitui areligio dos sbios da antiga Prsia.
Sohravard considerava que suamisso era insuflar uma nova vida sabedoria antiga que, para ele, conti-nha uma fora vivente capaz de pre-parar um caminho para o futuro. A
religio dos sbios da antiga Prsiano aquela dos mazdestas, magosmpios, nem a heresia de Mani ouqualquer outra doutrina que leve multiplicao do D eus nico.
Evidentemente, dadas as circuns-tncias, Sohravard considerou Mani,de incio, como hertico. O tema da multiplicao do D eus nico deumotivo para as atrozes perseguies
aos discpulos de Mani. O ensina-mento aparentemente dualista deMani, a oposio entre Luz e trevas,estava em oposio direta s opiniesento correntes sobre a unidade divi-na absoluta (Tauhd). Todavia, apsum exame mais rigoroso, evidenteque o ponto de partida das proposi-es de Mani a unidade absoluta de
D eus, do mesmo modo q ue paraSohravard, o qual, mais tarde, rene-gou o seu julgamento, e cuja obra,ademais, contm muitos temas mani-queus. O Relato do exlio ocidental,um de seus principais escritos, inspi-ra-se na Cano da Prola de Mani. Aobra de Sohravard, como a de Mani, inteiramente consagrada Luz ebanhada por ela.
Naquela poca, a questo da ori-gem do mundo e de sua significaoocupava um ponto central. Nas re-gies onde se propagava o seu ensina-
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mento, as antigas representaes cos-molgicas sobre este assunto eramtidas por herticas e no tinham lugarna religio oficial, a qual apenas indi-cava os princpios e leis a serem se-
guidos para conquistar-se o parasoaps a morte. No entanto, os pensa-mentos propostos por Mani e Sohra-vard eram conhecidos dos sufis, den-tre os quais muitos eram ascetas queprocuravam purificar-se fugindo domundo e desafiando os perigos ter-restres.
O bat er das asas de Gabr iel
Este o ttulo da mais maravilhosanarrativa de Sohravard, que assimprincipia:Eu(aqui a alma) consegui , em de-
terminado momento, abri r uma pas-sagem para fora do aposento das mu-lheres e desembaraar-me do assdiodas crianas. Era uma noi te em que
uma profunda escur ido havia envol-vido a abbada celeste. As trevas,aliadas fraternas do no-ser 2, haviampreenchido ats ext remidades omundo inferior. O s ataques de sonome deixar am em desespero. Preso deinquietao, peguei um candelabro eme di r igi para a ala dos homens denosso palcio.
Essa noite, circulei atao nascer daaurora. Subitamente veio-me o desejode visitar o khngh(monastriosufi) de meu pai. Este khngh t inhaduas portas. Uma dava sobre a cida-de, a out ra, sobre o jardim e o desertocom a sua imensa plancie. Fui, fecheifi rmemente a port a que dava para acidade e abr i a porta que levava aodeserto. Ento, v i dez sbios, de umabela e amvel fisionomia [...] sua no-breza, sua majestade e seu esplendormaravilharam-me ato mais altograu [...] D iante de sua graa, sua
beleza, seus cabelos de neve, seu com-portamento, fui tomado por tamanhoestupor, que perdi o uso da fala. D o-minado pelo medo [] dei um passoadiante e, imediatamente, um passo
atrs. D isse a mim mesmo: M ostracoragem! Prepara- te para abord-los,acontea o que acontecer!.Passo a passo, me pus a av anar e
preparei-me para saudar o Sbio queme estava mais prximo, mas sua na-tural extrema bondade o fez anteci-par- se e ele me di rigiu um sorriso tocheio de graa que seus dentes refleti -
ram-se em minhas pupi las. Apesar doseu comport amento afvel [] omedo que ele me inspirava predomi-nava. Perguntei: D igam-me, nobressenhores, de que lugar destes-nos ahonra de vir? O sbio: Somos umafraternidade de seres imateriais. Vi -mos do pas N enhures. No chegueia compreender: A que regio perten-ce essa cidade? O sbio: A uma
regio cujo caminho o dedo no podeindicar.D esta vez compreendi que o sbio
possua o conhecimento div ino: Porfavor, instru-me. Em que ocupaisvosso tempo? Ele me respondeu:Saiba que nosso trabalho de coservestimentas. Ademais, somos os guar -dies da palavra de D eus e v iajamos.
Pergunt ei ainda: O s sbios que seencont ram acima de ti, por que per-manecem em silncio todo o tempo?O sbio: Porque tu e teus semelhan-tes no estais aptos a ent rar em rela-o com eles. Sou o intrprete deles,pois eles no podem conversar contigoe com teus semelhantes.
Assim inicia a narrativa de Sohra-vard O bater das asas de Gabr iel.Este fragmento j mostra o duploaspecto da doutrina do autor: a almaest aprisionada no mundo e deledeve fugir. D eve comear por desper-
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tar, depois retornar, para finalmenteatingir o estado celestial. Esta narrati-va mostra o fundamento universal desua mensagem.
Trevas e no-ser formam o mun-
do inferior. Q uando a alma desperta edeseja desprender-se do mundo, devecorajosamente abandonar o caminhoque seguia como indivduo e arran-car-se do sono da vida terrestrecomum. Enfim surge a aurora, mo-mento decisivo nos ensinamentos deSohravard. Abre-se uma fenda. Oheri entra na clula de seu pai epode, aps fechar a porta q ue d paraa cidade, abandonar o tumulto domundo e entrar no deserto paraencontrar os dez Sbios. Ele observaque aqueles vm do pas de N e-nhures , inexistente para a conscin-cia e sentidos comuns. Ento tem in-cio uma conversao em que o co-nhecimento divino se revela alma.
O encontro com o sbio divino
smbolo da conquista da compreen-so superior reaparece muitas vezesnos escritos de Sohravard. Este sm-bolo encontra-se nos escritos herm-ticos, naquele que registra, por exem-plo, o encontro entre H ermes ePimandro:Um dia, estando eu refletindo so-
bre as coisas essenciais e tendo o meu
corao se exal tado, aconteceu que osmeus sentidos corporais adormeceramcompletamente, assim como ocorrecom algum que se vvencido porprofundo sono, aps lauta refeio oupor motivo de grande cansao. E mepareceu como se visse um impressio-nante ser, de contornos indetermina-dos, chamar-me pelo meu nome edizer-me: Q ue que queres ouv ir ever e o que queres aprender e conhe-cer em teu N ous? Pergunt ei :Q uem s? E recebi como resposta:Sou Pimandro, o N ous, o Ser que de
Si mesmo. Sei o que desejas e estoucontigo por toda parte. E eu disse:D esejo ser instrudo a respeit o das coi-sas essenciais, compreender a suanatur eza e conhecer D eus. O h!
Q uanto eu desejo compreender!3
A se enco nt r am as al mashumanas
O s dez sbios que a alma encontrano deserto formam uma imagem per-tencente s tradies filosficas.Sohravard fundamenta-se em segui-da sobre o ensinamento do filsoforabe I bn Sina (981-1037), conhecidocomo Avicena pelos latinos. As teo-rias de Aristteles e tambm as dePlato e dos neoplatnicos so asmais conhecidas, mas com Ibn Sina eSohravard h uma demarcao entrea filosofia dos peripatticos (discpu-los de Aristteles) e a filosofia da ilu-minao. Sohravard continua a obra
de Avicena, embora pense que esteno encontrou a fonte da verdadeirasabedoria.
O s dois tomam como estabelecidaa idia de um ser supremo, do qualprovm uma hierarquia de dez ema-naes, as inteligncias compar-veis aos dez sefirotes da C abala. C adauma dessas inteligncias cria uma
esfera celeste e uma alma que moveessa esfera. A dcima inteligncia, amais inferior da hierarquia, no criauma esfera particular, porm umaplenitude. So as almas humanas.Todas as inteligncias so luzes
imateriais div inas. Da primeira inteli-gncia procede o ser, o mundo mani-festado, sobre o qual i rradia a Pri-meira L uz: em seguida, as intelign-cias mul tiplicam-se pela mul tiplicaodas emanaes; e quanto mais descemna hierarquia, mais se enf raquecem,escreve Sohravard.
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Ibn Sina no fornece qualquer ima-gem mental do drama csmico daqueda q ue causa o aprisionamento dohomem e de sua alma de luz no mun-do inferior. As trevas esto includas
na primeira inteligncia, em estadolatente, e tornam-se mais e mais es-pessas quando se desce na hierarquiadas inteligncias. N a dcima intelign-cia, as trevas so to profundas queda emana o mundo material escuro.
Sohravard ilustra este fato pormeio de smbolos. O sbio do deser-to instrui a alma:
Tudo o que desce nas quatro partesdo mundo inferior provm das asasde Gabr iel. Como compreend-lo?,disse eu. Sabe que o D eus supremodi spe de um certo nmero de pala-vras maiores provenientes do resplan-decer de sua augusta face. Essas pala-vras formam uma ordem hierrquica.A primeira Luz emanada a Palavrasuprema, pois nenhuma out ra palavra
lhe superior [...] A ltima de suaspalavras Gabriel, de onde saem asalmas humanas [...] Sabe que Gabrieltem duas asas. Uma, a da di reita, pura luz. Esta asa, em sua total idade,faz a l igao entre Gabr iel e Deus. Eh a asa da esquerda, tenebrosa emparte, como uma mancha sobre a faceda L ua [...] O mundo do erro o
reflexo e a sombra da asa esquerda deGabriel, enquanto que as almas deluz provm de sua asa di reita.
Sohravard continua. Ele liga suafilosofia s consideraes gnsticasde seu tempo. O drama da queda ,para ele, de uma importncia capital.Por isso, em outra narrativa, refere-se C ano da P rola de Mani e descre-ve a queda como o Exlio Ocidental,de onde a alma deve regressar. Oheri desta narrativa viaja com seusirmos para caar no pas do oeste.Eles caem em uma cidade cujos habi-
tantes so opressor es(citao doAlcoro). L so acorrentados comcadeias de ferro, jogados e aprisiona-dos em um poo de uma escurido eprofundidade infinitas.
Aqui Sohravard faz aluso aosmundos da Luz e das trevas, radical-mente separados um do outro, esobre a necessidade de libertar-se dastrevas:O Poder do mundo superior in-
destrutvel, pois ele no participa danatureza submissa ao no-ser . Noh libertao para aqueles cuja mais
al ta aspirao no o mundo div ino ecujo pensamento no est vol tado emprimeiro lugar para o mundo da L uz[...] Sabe que existem trs mundos:1. Um mundo que os fi lsofos deno-minam mundo da inteligncia. Ainteligncia, em sua terminologia,designa uma substncia que nopode ser percebida materialmente eque no dispe de um corpo;
2. Um mundo chamado mundo daalma. Embora a alma no seja cor-prea, nem associada a um lugarpart icular, ela age no mundo doscorpos. As almas se repartem entreaquelas que agem nos domnioscelestes e aquelas que esto nos cor-pos humanos;
3. Um mundo do corpo em duas par-
tes: o mundo etrico sut i l e omundo material dos elementos.
O primeiro mundo espiritual, ele a razo de todas as manifestaes.Entre o mundo espiritual e o corpo-ral encontra-se a ptria o riginal da al-ma q ue, na qualidade de alma falanteno prisioneira do mundo dos cor-pos, mas antes o governa.
Uma r el ao t empor r ia
A alma divina original imortal e
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unida ao Esprito de D eus.Sabe que a alma no cessa de exis-
tir, que ela no ocupa lugar algum eno tem adversrios. Seu pr incpio eterno e, assim, ela mesma eterna.
Entre ela e o corpo existe apenas umarelao temporria nascida do desejo.Q uando da ruptur a desta relao, aessncia da alma no se dissolve.
Em seu estado original, para ondedeve regressar, ela isenta dos desejosdo corpo: possvel que o agradvel e o
desagradvel atinj am um ser sem neleprovocar alegria nem sofrimento.Como se, por exemplo, fosse tomadopor um ataque de apoplexia ou pene-trado por uma enorme ebr iedade, eleno os sentir mais do que se recebes-se golpes v iolentos ou experimentassea felicidade na presena da pessoaamada. Por isso, a alma que no maisse ocupa do corpo no sofre mais dosvcios e das ignomnias, como tam-
bm no sente prazer nas v irtudesque encontra na narcose engendradapela natureza.
A forma pela qual Sohravard des-creve a libertao da alma gnstica ereconhece-se nela idias maniques-tas. Ele sempre fala da vitria a seobter sobre o mundo das oposies,vitria possvel pela orientao para a
Luz e o desejo da Luz.E o que pensais dessas pessoas denobr e aparncia, dotadas de umaforma eterna e de um corpo tempor-rio, que esto certas que o seu ser nose perder na corrupo, pois elas sedistanciaram do mundo das oposi-es? Elas no se inquietam, pois
jamais se separaram da radiao daL uz suprema, nem da ajuda e do tes-temunho da graa sut il de Deus, paraas quais seu desejo se volta de modoindefectvel. D everiam elas cessar deexistir?
As almas falantes pertencem substncia do reino das almas e soretidas pelas foras corpreas domundo. Q uando a alma forte, gra-as s suas virtudes espir ituais, e opoderio das formas corpreas se en-
fraquece porque quanto menos vsas alimentais, mais tendes o poder deestar v igilantes habi tualmente aalma adquir e acesso ao mundo div i-no. Ela se eleva para perto de seu Paie recebe sua Fora, de tal modo quepode se unir s almas das esferas queconhecem os fundamentos e razes desua exi stncia. D e seu Pai ela recebe,
no estado de sono ou em viglia, asverdades divinas, como um espelhoreflete as imagens do objeto suafrente.
Porm Sohravard adverte repeti-damente, para no confundir asvises e revelaes espirituais com aspercepes dos sentidos terrenos.Como no exi ste uma relao entre
as faculdades sensoriais e a alma porque as percepes da alma somais amplas e perfeitas que as percep-es sensrias tambm as luzes deD eus e dos santos no tm nenhuma
A rvore da vida,afresco da tumba
de Panehsy.Tebas,
sculos XIV-XVI
a.C.
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relao com as faculdades sensor iais,nem a alegria div ina com a sensorial.[] s almas, quando saem das tre-vas dos corpos, quando entram nobr ilho do mundo espiri tual e br ilhamsobre as ameias do reino das almas, revelado o que de modo nenhum parecido com as revelaes das coisas
corpreas pela luz do sol.
O caminho da i l umina oin ter ior
O que nico no ensinamento deSohravard seu conceito de ilumi-nao ao nascer do sol, no oriente,ishrq. Atingir o oriente espiritual
significa o acesso a uma nova realida-de. Esta noo simblica do orientedeu seu nome escola de Sohravard.Esta uma antiga imagem gnstica,importante, por exemplo, na gnosisde Valentino e na P istis Sophia. Fala-se dos lados direito e esquerdo, queindicam, respectivamente, o oriente eo ocidente, a Luz e as trevas, o Es-prito e a matria. Entre estes doisencontra-se a alma, que deve esco-lher um dos dois lados.
Sohravard une, com inspirao, ailuminao oriental sabedoria ori-
ginal da Prsia, que , para ele, umarealidade vivente. O resplandecer da felicidade da Luz da G lria , Xvar-nah, que, segundo alguns, possuam
os ant igos reis da P rsia, a luz divi-na que irradia da alma-esprito.Sohravard testemunha que todaalma preenchida de desejo podeascender a essa luz.Q uando abandonamos todas as
preocupaes e ocupaes da v idacorprea e experiment amos o esplen-dor da Verdade div ina, a feli cidade
da L uz da G lri a a Luz que afl uialma como o relmpago essa luzda aurora que se eleva no oriente ento percebemos a L uz e executa-mos nossa misso [] quele quepossui esta sabedor ia, que reverenciae louv a constantemente a L uz dasL uzes, como o t emos escri to, -lhedado um Resplandecer real eenviada a L uz da Glria. Um raio
div ino o envolve em uma veste plenade dignidade e de esplendor. Ele setorna mestr e da natur eza. A ajuda domundo superior lhe concedida e suafala ouvida no mundo celestial.Suas percepes e inspi raes tor nam-se perfeitas.
Segundo Sohravard, a alma deca-da liberta pela iluminao unica-
mente quando segue o caminho dapreparao e da iniciao pelosSbios do deserto. No entanto, elepouco diz sobre este processo. Paraele, o encontro e a conversa entre aalma e um dos dez Sbios umaexperincia interior, que sua almarealizou em conseqncia de suaorientao voltada para a Luz. Osbio , para ele, uma forma celesteque aparece em todas as religies edoutrinas de sabedoria. So as dezinteligncias, as emanaes dos fil-sofos, que aparecem sob a forma de
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Os trs grandes
mdicos da
Idade Mdia,
Avicena,Galeno
e Hiprates.Pgina de rosto
de uma edio
do sculo XVI,
New York.
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anjos em teorias similares. No her-metismo, tem-se P imandro o u o Pai,no cristianismo, o Esprito Santo ouParacleto e, na gnose rabe, o arcan-
jo G abriel.A iniciao pelo Sbio simboliza,
ao mesmo tempo, o encontro pessoalda alma com a sua fo rma celeste e suasubmisso atividade do Pai detodas as almas humanas.Pois cada alma tem um Amado no
mundo superior, isto , uma luz vito-r iosa e abenoada que a causa de
seu ser, que o alimenta com a sua L uze o intermedirio entre ela e o pri-meiro Ser supremo. Por esta L uz elacontempla sua glria e recebe suasbnos... O criador do homem, oautor de nossas almas, aquele que asaperfeioa na perfeio do conheci-mento e da ao, uno com todos ospoderes da L uz. O s fi lsofos o deno-minam a inteligncia ativa.
Esta forma celeste , do ponto devista microcsmico e macrocsmico,diretamente acessvel alma desper-ta. E la anuncia humanidade o mun-do divino. O bater das asas de G a-briel prepara e guia a criao huma-na. D a asa direita de G abriel, que pura luz, emana a fora salvadora emdireo s almas humanas. Porque a
revelao disso foi transmit ida aosprofetas, mas a explicao mais pro-funda e a interpretao, mais eleva-da apar io div ina, ao Paracleto,como anunciado por C risto: Vou parameu Pai e vosso Pai, e Ele vos env ia-r o consolador, para que vos revele osent ido ocul to. D isse ainda C risto:M as o consolador, o Esprito Santoque meu Pai env iar em meu nome,vos ensinar tudo! 4
A mensagem de salvao de todasas religies e de todas as sabedoriasacessveis ao mundo rabe no sculo
XII revelada por Sohravard, graas experincia concreta e viva com-preenso que ele possua disso, aexemplo dos gnsticos. Esta viso e
compreenso desvendam-se interior-mente por uma orientao incessanteao oriente da Luz das Luzes.
1 Adaptao das citaes de Sohravard porH enri C orbin, Larchange empourpr,Fayard, 1976.
2 N o-ser assume aq ui um sentido contrrioa esta noo como empregada, por exemplo,na G nosis Chinesa, captulo I, e representa
aq uilo que terrestre.3 Rijckenborgh, J. v., A arqui gnosis egpcia, v.1,
So Paulo: Lectorium Rosicrucianum, 1a.edio, 1984.
4 Joo, 14:16 e 26; 15:26; 20:17.
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riedrich von H ard enberg (1772-1801), mais conhecido sob o nomede N ovalis, foi um do s incompar-veis representantes do Roman-tismo alemo. Proveniente do pr-romantismo da escola de Iena, estacorrente de pensamento, espirituale social, surgiu no fim do sculoxviii e exerce, ainda nos dias atuais,uma import ante influncia cultural.A Flor Azul, freqentemente evo-cada, o seu smbolo. precisosaber que essa flo r emprestada dosimbolismo alq umico, e q ue a vida
e a obra de Novalis foram profun-damente inspiradas pela sabedoriahermtica.
Q uem foi esse personagem enig-mtico que, como jurista, adminis-trador, pesquisador cientfico eengenheiro de minas, fez uma bri-lhante carreira como funcionriopblico, e ainda provocou umarevoluo em muitas mentes e
coraes de sua poca? Essa revo-luo tinha por ob jetivo " tornarpotico" at suas raz es o homem eo seu mundo. Ela foi um reflexoclaro d a utopia da idade de ouro.
"Par a o nde vamo s ent o ?Sempr e pa r a Casa.
H ans Rit ter, especialista em N o-valis, escreve: Se existe algum dequem se poderia dizer que ele umesprito de um out ro plano encarna-
do na terra por um cur to perodo,esse algum seri a N ovalis. Ele reagiacom entusiasmo a tudo o que se apre-sentava. Ele irradiava ao seu redorbr i lho e encanto. M as somente comdi f iculdade reprimia seu anseio porsua ptr ia eterna. Ele foi um autnti-co romntico, no um desses romn-ticos exaltados e confusos. Era umint rpido cavaleir o e um corajoso
esgr imista; era tambm um aguadolut ador espiri tual Ele v iv ia em ummundo de imagens originais. Elerepresenta o arqutipo do homempara os dias de hoje e para o futur o.V ir o tempo em que a sua estrelabr il har no f irmamento.2
Q ue mensagem H ardenberg-N ovalis traz para os homens queatualmente aspiram liberdade inte-rior e procuram o reino divino?
O heri do romanceH einrich vonO fterdingensegue a via hermticaque todo pesquisador espera um diaencontrar. No princpio, ele impul-sionado pela vaga intuio de queexiste um mundo superior, ummundo d ivino. E le se submete s leisda natureza e realiza a experinciado amor antes de ascender cons-cincia da ligao direta e indissol-
vel que o une a D eus. O poeta H ein-rich recebe, por essa ligao, a foradivina criadora, a " palavra criado-ra" . N ovalis considera esse resultadocomo a vocao dos artistas inspira-
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A via secr et a par a o int er io rO poeta N oval is e o hermetismo.
Sonhamos em viajar atravs do universo.Pois o universo no est em ns?As profundezas de nosso espritonos so desconhecidas.
A v ia secreta conduz ao interior.
Em ns, e em nenhum outro lugar,est a eternidade com seus mundos,o passado e o futuro.1
F
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dos pelo Ro mantismo.
Novalis encontrou uma fonte deinspirao em Jacob Boehme, percep-tvel sobretudo no romance H einri chvon O ft erdingen. Ferdinan d vanIngen escreve sobre as imagens rela-tivas Criao que Boehme utiliza:N a concepo de Boehme a palav racr iadora "Fiat" ocupa um lugar cen-tral [] A idia revolucionria deBoehme que o homem, recebendo o
Esprito, o alent o da v ida, possui opoder, em princpio, de pronunciar oN ome de Deus e de insuf lar a vi dapela mesma fora cr iadora do N ome.
A conscincia de Novalis traz a
marca de outros msticos e de outro s
gnsticos. N a U niversidade de Iena,Novalis entrou em contato com oensinamento radical de J. G . Fichte,filsofo to clebre quanto contro-verso, que se apoiava, entretanto,sobre teses gnsticas. D a mesmaforma, As npcias alqumicas deChristian Rosenkreuz, de JohannValentin Andre, est entre as suasfontes de inspirao. Estudos recen-
tes mostraram a semelhana existen-te entre As npcias alqumicas deCRC e a sua obra: H einrich vonO fterdingen. N ovalis leu As npciasalqumicasem 1798 e se inclinou,
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A Flor Azul,smbolo da
transformao.
Ilustrao
Pentagrama.
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com ateno, sobre a estrutura stu-pla da narrao, em relao s setefases do O pus M agnum. Andreinterrompe voluntariamente seutexto na stima etapa. E sse estado de" inacabado" do stimo nvel de umprocesso um mtodo retricoessencial em N ovalis.
Em Andre, ele tambm encon-trou uma forma de utilizar o voca-bulrio alqumico para descrever oque se passa interiormente duranteum tal processo. Novalis surgecomo um artista que trabalha nalinha dos alquimistas e hermetistas.
Para se preparar para as suas
novas funes como administradordas salinas do Eleitor da Turngia,ele empreendeu, em 1797, estudosde explorao de minas e de qumi-ca. Paralelamente, sua pesquisa pes-soal o fez mergulhar na histria daalquimia, considerada, ento, comouma cincia pertencente ao passado.O que procuravam os antigos alqui-mistas? Eles tinham por objetivofabricar o " ouro" , tambm chamado" rei" . Em um alambique, eles sub-metiam diferentes substncias a pro-cessos de fuso e liga para obter oelixir da vida e realizar a Pedra dosSbios. U m poema intitulado" C onhece-te a ti mesmo" , escritopor N ovalis em 1798, termina assim:
Bem-aventurado aquele que setornou sbio
que j no especula sobre omundo e busca em si mesmo aPedra da Sabedor ia eterna.Somente o sapiente digno de seradepto ele transmuta tudo em v ida eouro, sem precisar de elixi res.A retort a sagrada nele exala o rei presente nele est Dlfos tambm;
e finalment e ele compreende:" Conhece-t e a ti mesmo" .
O homem sapiente (isto , que sa-be) tornou-se, ele mesmo, a retorta
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O romance inacabado H einrich von O fterdin-gen um a das maiores obras de N ovalis. Trata-se da histria de um jovem, H einrich, que setorna poeta. Ela se passa durante as cruzadasmedievais, num tempo de alienao potica. O
jovem H einrich est fascinado pelo relato de umestranho v iajante que faz aluso a uma maravi-lhosa flor azul. Em sonho, ele encontra essa flor,e v no meio de seu clice "um tnue rosto".Rebelde e fogoso, H einrich aproveita a ocasiode ir com a sua me e alguns mercadores aAugsburg, onde habita seu av. N o caminho, ojovem sem experincia escuta seus companheirosfalarem da vida comercial e social do mundo.Durante um a parada num castelo, ouve relatosde cavalaria e de cruzadas. Em sua imaginao,uma dama oriental o leva para sua longnqua esuntuosa residncia. N a continuao da viagem,ele encontra um velho mineiro e um misteriosoeremita que o iniciam na arte potica.Em Augsburg, ele conhece o poeta Klingsor e suafilha Mathilde. Ele logo a reconhece como a faceque estava incrustada na flor azul. H einrich e ajovem apaixonam-se um pelo outro. Mas rapida-
mente a felicidade ameaada por um novoaugrio anunciando a morte de Mathilde.S conhecemos o restante da narrativa por esbo-os. Aps a morte de Mathilde, Heinrich empu-nha seu basto de peregrino e deixa Augsburg;vai a um eremita que lhe ensina a linguagem danatureza e lhe fala da vindoura idade de ouro.Em suas notas, Novalis refere-se a uma "poeti-zao" do gnero humano. Ele descreve como
H einrich ascende ao mundo divino. Ele e Mathil-de passaro por transformaes antes de seremnovamente unidos para as npcias alqumicas.H einrich von O fterdingen segue a via hermticaque todo pesquisador espera um dia encontrar.N o princpio, ele impulsionado pela vaga intui-o de que existe um mundo superior, um mundodiv ino. Ele se submete s leis da natureza e expe-rimenta o amor, antes de ascender conscinciada ligao direta e indissolvel que o une a Deus.O poeta H einrich recebe, por esta ligao, a foradivina criadora, a "palavra criadora". Novalisconsidera este resultado como a misso especficados artistas inspirados pelo Romantismo.
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alqumica. Novalis mostra que osprocessos alqumicos so estgios doautoconhecimento, processos dedepurao e purificao no interiorda alma.4
"O micr o co smo par a o h o memo q ue h d e mais subl ime"
O verso A via secreta conduz aointeriorda poesia inicial deste artigo considerado por certos especialis-tas como uma profisso de f deNovalis, como uma declarao dasua primeira e to importante desco-berta. E o poeta confirma isso,
dizendo: A idia do microcosmo ,para o homem, a mais sublime. Oensinamento do microcosmo e domacrocosmo , para ele, a baseincontestvel de seu pensamentoefoi sobre ela que o poeta estabeleceusua concepo do homem e doconhecimento cientfico. C omo omacrocosmo e o microcosmo, osuperior e o inferior, esto intima-mente ligados, o homem capaz dereconhecer o mundo, pois o seme-lhante somente reconhece o seme-lhante. O olho nada vcomo olho; o
rgo do pensamento nada pensacomo rgo do pensamento ou como oelemento apropriado. Aqui Novalisusa o paradoxo para formular seu pen-samento.
Para Novalis, a transmutaoalqumica consiste na transformao
do prprio homem. Somos f il hos deD eus, sementes div inas. Um dia,seremos o que nosso Pai . Estatendncia reside em ns enquantoseres microcsmicos. Ele tambmfala do Ato de se superar, porm sabeque tal asceno gradual e somenterealiza-se progressivamente, de for-ma anloga ao processo alqumicode sete fases.
Ser q ue sempre se trata apenas doaperfeioamento do homem? E anatureza em tudo isto? D eve ohomem se desinteressar por ela? D emodo algum, porque, segundo
Novalis, o homem responsvelpelo destino da natureza. O homeme a natureza se apresentam amboscomo um ncleo e o seu envoltrio.
O homem a unidade em relao natureza, o ponto de convergnciade todas as irradiaes, o focomicrocsmico do universo. E, aomesmo tempo, ele salvar a nature-za, divinizando-a. O homem oM essias da natur eza. Esta concepoprovm da doutrina alqumica daSumma Perfect ionis, de G erber, umtratado alqumico fundamental, que
N ovalis leu em 1798. L encontram-se as seguintes consideraes: Asubstncia dos corpos perfeit os e doscorpos imperfeitos dos metais, porexemplo era ori ginalment e a
No meio,a flor
azul simboliza a
sabedoria
(flos sapientum),
que se originado ovo hermtico
com o Ouroboro.
Hieronymus
Reussner,Pandora,
1582.
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mesma. A imperfeio dos corpos uma propriedade secundria e subor-
di nada, criada por uma deter ioraocsmica, que transformou a matriadesses corpos, que se corromperam.Uma alquimia curativ a fornece aosmetais imperfeitos aqui lo de que elescarecem e reti ra aquil o que lhes suprfluo.
Assim, o alquimista se esfora pelaredeno da matria, da natureza, deseu estado de corrupo. P ara isso no preciso apenas trabalho, mas, no
momento certo, o contrrio: humilda-de e pacincia. A G rande O bra, oOpus M agnum, se desenvolve e finali-za por si mesma. O alquimista apenascria as condies favorveis " inter-veno auxiliadora do alto" . Novalisconfirma a lei da ao indireta emvigor: O trabalho necessrio para le-var a bom termo um processo no con-siste, em geral, em mais que um impul-
so indireto preparatrio. Em uma justaatmosfera, as coisas se fazem por simesmas Neste sent ido, toda obra serealiza de modo indireto.6 No a ela-boramos, tornamo-la possvel.
A Fl o r Azul do Ro mant ismo
Novalis escolhe a Flor Azulcomo o smbolo da transformaoalqumica do mund o. E la mencio-nada no romance H einr i ch vonO ft erdingen e , aos olhos dosespecialistas, o smbolo por exce-lncia do Romantismo; provavel-mente emprestada do tratad o alqu-mico Pandora(1582) de H iero-ny mus Reussner, no q ual se encon-tra uma gravura representando trs
flores reunidas por uma hastecomum, plantada no ovo hermticocontendo o Ouroboro. A flor ver-melha simboliza o ouro, a florbranca, a prata e a flor azul, a sabe-doria (f los sapientum).
Foi Novalis realmente um alqui-mista que manipulava cadinhos eretortas? Com todo o respeito de-vido aos antigos, para o poeta No-
valis, como para o cientista vonH ardenberg, a transmutao domundo realizada pela palavracriadora da poesia, nova e eterna.P or ela se dissolvem as fo rmas cris-
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Citao do
Engenheiro
Hardenberg,que
como poeta se
chamou Novalis:
O verdadeiro
poeta compreende
a natureza melhor
do que o cientista.
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talizadas. P or poesia, N ovalis com-preende muito mais q ue a arte po-tica. Ela um ato criador, praticadona vida cotidiana e que contribuipara o desenvolvimento das setefases do processo de transmutao.A alquimia potica dissolve (solu-t io) os entraves que sujeitam ohomem e o mundo, ao mesmotempo em q ue realiz a a unio (coa-gulatio) ntima do finito e do infi-
nito . O gelogo e engenheiro deminas, von H ardenberg pensa queo poeta est mais apto a com-preender a natureza do q ue o cien-tista.
N ovalis representa o tipo d e her-metista q ue, voltado para o mundo ,via claramente que devia fazer ocontrrio. Ele sabia viver criativa-mente no paradoxo. U m paradoxo
significa uma vida ativa no mundoe, ao mesmo tempo, vivenciar, nomais profundo interior, o anseio desair deste mundo f undamentalmen-te estrangeiro verdadeira ptr ia.
1 Noval is, Werk e in 2 Bnden, v.2, Colonha:Knemann, 1996, p. 103.2 Rit t e r , H ., Der unbekannte N ovalis,Gttingen: 1967, p.295.3 Ingen , F.v., in: Erkennt nis und Wi ssenschaft
Jacob Bhme (1575-1624), Gr li tz:Oberlausitzische Gesellschaft d. Wissenschaft(H g.), 2001, p. 120.4 Roder , F., Novalis, D ie Verwandlung desM enschen, Stuttgart, 1992, p.383.5
Gaier , U., Krumme Regel Novalis,Konstruk t ionslehre des schaf fenden Geistes,Tbingen, 1970, p.127.6 Noval is, Werk e in 2 Bnden, v.2, Colonha:Knemann, 1996, p.324.
N ovalis, pseudnimo de Friedrich von H ardenberg (1772-1801), descende de uma fam-lia da aristocracia antiga da A lemanha central, mas sem grande fortuna. Ele e seusirmos foram educados pelo pai na pura tradio da fraternidade de H ernhuter. Por serdestinado a prestar servio ao prncipe da Saxnia, foi adm itido em 1790 naUniversidade de Wittenberg para cursar direito. Tornou-se um honorvel jurista; noentanto, seu esprito tinha sede de algo mais. Aprofundou-se nos estudos de filosofia, arte,histria, cincias naturais e m atemticas, mas com tanto rigor que, embora apenas umestudante, tornou-se um priv ilegiado interlocutor de grandes eruditos. J era entusiastada obra e da pessoa de Friedrich Schiller, com quem tinha sido educado no colgio deIena, e tinha estabelecido laos de profunda am izade. N a m esma poca, preocupado como seu projeto de fuso das cincias, iniciou a redao de uma enciclopdia intitulada:Conceito Univ ersal. No ambicionando as carreiras de professor nem de escritor,empreendeu, em 1794, um a formao para tornar-se funcionrio na adm inistrao regio-nal do Eleitorado da Saxnia-Turngia. Encaminhado para as funes de administradorda explorao de minas de sal, entra, em 1797, para a Berg-akademie Freiberg/Sachsen.
L, descortina-se para ele um novo m undo. O s professores, tendo estabelecido a reputa-o mundial da academ ia, iniciam-no nas tcnicas de explorao de m inas e no estudo danatureza. Ele consagra o pouco tempo que lhe resta redao de sua obra potica e filo-sfica. A partir de 1798, adota o pseudnimo de N ovalis, que significa "aquele que explo-ra uma nova terra". H ardenberg termina seus estudos na academia e entra na adm inis-trao das minas de sal. Porm, uma doena pe fim a seus dias, j no ano de 1801.
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Em sentido literal, a radioatividade
uma "radiao ativa". A palavra
radiao provoca apreenso em mui-
tas pessoas, pois, para elas, sinnimo
de perigo, sendo do domnio do inv is-
vel. Elas preferem no refletir demaissobre isso. Uma radiao, entretanto,
pode tambm constituir algo bom.
m nmero incontvel de radia-es est em atividade em nossocampo de existncia. A primeirafonte da radioatividade, sem a qual
nenhuma vida sobre a terra seriapossvel, o sol, no centro do cosmoao qual pertence nosso planeta. Aradiao do sol no constante; elavaria regularmente e sua influncia evidente sobre a terra: seu giro sobreo prprio eixo engendra a alternn-cia dos dias e das noites. Ao mesmotempo, a grande elipse que ela des-creve em torno do sol causa a suces-
so de invernos e de veres. Pormeio desse movimento ao redor dosol, a terra (com sua lua) se aproximae se distancia periodicamente dosoutros planetas do sistema solar.
Esses movimentos provocam,tambm, flutuaes nas atividadesdas radiaes. Alm disso, todo osistema solar leva aproximadamente26000 para a travessar a esfera z odia-cal e precisa aparentemente de 12800milhes de anos para efetuar suarevoluo em torno do centro denossa galxia. Ela recebe, portanto,tambm a influncia de outras rad ia-
es. Essas ordens de grandezaultrapassam nosso entendimento .
A diversidade das radiaes nopra a. Nosso sistema solar fazparte de um conjunto de bilhes desistemas solares que o submetemigualmente a suas radiaes. A vidadepende desses inumerveis influxosprovindos do universo ao qual per-tencemos que desenvolveram for-mas de vida como as dos reinosnaturais que conhecemos; mas htambm as que escapam observa-o cientfica.
O sistema nervoso humano sen-svel s radiaes (o olho o melhorexemplo disso); a secreo hormonal
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