A Marmota - 01-07-1859

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N . 10G9. SEX1A FEIRA 1.° D E JULHO 1859. A MARMOTA. Hublica-se á s lerça» e sextas (embora seja dia sanlo), na T n»o«rü|»lal» de r«uta BrMe  elia.qoo rs. para fora, pagos adiantados. Ks.avnlsos, 160 rs . raça d a Constituição n. 64, onde se assigna a 53PD00 rs . por seia meies para a t AOS NOSSOS ASSIGNANTES Com o numero passado ter- minaram quasi todas a s assig- uaturas da Makmota. Os se - nhores subscriptores, que a quizerem continuar, mandem, em tempo, fazer a devida re- forma, 23P000 rs. por dous m e- zes, recebendo grátis u ma cautela, como abaixo s e v è : Com a 2.a de Julho de 1859. PARA TODOS OS ASSIGNANTES D A MARMOTA, D O ARCHIVO, E PARA O PUBLICO EM GERAL DEZ PRÊMIOS—(200» BS- —™ VtKUKHU» B EM OBUAS IMPBESSAS, ESTAMPADAS, ETC. Para a sorte de 2:000;»—Annaes d o Bi o d e Janeiro, por Ualtliazar da Silva Lia- boa, 7 vols. Para a s 6 sortes d e iOOO;»—Um jogo da Vicentina, romance e m 3 vols., d o Sr. Dr. Macedo, 3.' edição. CAUTELA GKATIS N. 1—A—10. («ad» bllheíeíen» IO numeroB.) Para a sorte d e 20:00036—Em dinheiro 100» r s. » _ » d e lOiOOOJp—Em dinheiro OO© rs . n i i de Zi:000jj> Seis grossos volumes da-Hisloria das Províncias d o Rio da Prata (em hespanbol) por D e  36* aQ jjS TSag» 0 FILHO DO PESCADOR Romance Brasileiro ORIGINAL POR ANTÔNIO GONSALVES TEIXEIRA E SOUSA. (Principiou n o n. 1063.) Também o s leitores muito bem sabem qu e toda esta funcção era por causa dos persona- gens que j á optimamente conhecem, isto e,  madrugadora do meu primeiro capitulo, e o mancebo que a seus pés declarou um ter- n o amor. Também sabem que estes dous personagens chamam-se, elle, Augusto, e ella Laura, como todos a tratavam: havia, pois, oito dias que n a matriz d e S. José ti- nham pronunciado seus votos conjugaes ante os santos altares. 10JJ) r s. a$> r s. MAÇA D A CONSTITUIÇÃO N . 64. Bs. 20050 rs . Os qne não vierem o u man- darem a o escriptorio fazer a re - forma e pagar a assignatura— que é adiantada—como de cos- tume, perdem o direito ao s referidos prêmios. O .labiMy, Cèrte, a seu compadre n a Proviucla. Compadre. Queres uma explicação razoável d o m eu prolongadissimo silencio?— Nada maisfa- cil.—Escuta primeiro uma historia, se pari isso estiveres d o pachorra, e n o fim delia acha- rãs essa eiZplicacÜn. Vivi, como sabes, por muitos annos u a roça e a vida agricola (que embora muito trabalhosa seja, sempre foi, é e será um a vida de paz e d e optimos resultados], m e agradava tanto, tão fanático era por ella, que não podia conceber houvesse tanta ca - beca estonteadaque preferissea vida d a Cor- te ao socego d o campo, a o viver plácido e brando (isto é d o Camões) no meto da m u - ~Foi oito dias depois dos desposorios, qu e Augusto convidou os seus amigos para o s banquetear, e assim lhe ajudarem a vasar algumas garrafas, o que desempenharam op- time cum laude Estes mancebos, com poucas excepções, eram destes moços d e que muito abundam a s grandes cidades, isto é, eram alguns destes bellos espíritos de educação mulhenl, em tudo effeminados, que atam com graça u m lenço ao pescoço, que e vestem com ele- gancia, quedansamsoffrivetmente um mi- nuete, que faliam com precisão sobre mate- rias fundas e de muitos momentos, que s ã o para elles incomprehensiveis mysterios, e fusa e eloqüentemente sobre cousas vulga- rissimas. Finde o jantar, ficaram a s damas n a sala, e  nossa amaveLrapazeada dirijio-se refres- car asescandecidas cabeças, que então fume- gavam, embaixo d e uma velha mangueira. Sigamos-lhes o s passos até alli. Os nossos jo- vens eram dos que arranefcam a língua o seu tanto ou quanto. Neste lugar fallou-se em tudo o que s e passou n a mesa, quem co- meu muito, quem bebeu em demasia, quem s e esquentou, quem ficou bêbado, a s damas lher e dos filhos, vestidos simplesmente, rodeados dos crionlinbos em fralda de ca- misa, armados d e cuia â hora d a refeição para receber o sustento;—comendo o m eu pedaço de aipim assado, bebendo, n o tempo da moenda, a minba tigellada de garapa, fazendo as minhas caçadas de lagarto, de tatu, d e gambá, de muriqui, etc., etc, vol- tando da roça com o meu cacho de bananas; e d e noite fazendo que a escravatura, de envolta com a familia, respondesse a o .'erfo por mim entoado. Tudo isto, compadre, e o canto-chão dos barbados no mato, d o mis- tura com o matraquear dos sapos e entanbas n o brejo, cujo estrondo faz inveja aos nossos calafales, fazia a s minhas delicias e m e jui- gava então mais feliz com o s meus escravos e 100 mil pés de café que tinha, d o qu e aquelle que tivesse 40 prédios na corte a render-lhe, cada um, tres mil cruzados po r annol Mas, compadre, este pedacinho d e carne sem osso que tomos n a boca, hade ser sem- pre a perdição do gênero humano En q u e tanto arrenegava do viver d a corte,, eu que tratava d e fraco o compãdreAHíSõlêro f que im.i>__ -mots YVjTjnanOTrTmr i_l*-a o m suas jocosas cartas que na corte ninguém podia resistir ás cócegas que faziam na gen- te a s innumeraveis tetéas pendentes da s vidraças, o s passeios, os theatros, os bailes etc, vim por meus peccados cahir nesto abysmo E quem foi a causa d'esta queda desastrada, d a qual ainda m e sinto ator- doado?—Queres que t'o diga? üe certo j á o que namoraram, os mancebos que fizeram corte, a quem, etc., etc, etc... Ora, como em todas a s funcções ha sem- pre u m bobo, e ha gente tão descarada qu e s e embebeda ou finge-se bêbada, para co m esse dizer o que sabe e não sabe, menti- ras e verdades; era um tal André quem, co m bastante graça, desempenhava esta infame parte. Cada u m por seu turno lhe fazia s u a questão, a que o obsequioso André satisfazia benevolo e com düigencia. O ' André, que t e parece o Lúcio. —Um moço que alguma cousa, q u e tem mui pouco talento e muito orgulho; bas- tante desconfiado e algumas vezes atrevido. —Obrigado, Snr. André... —Ohl não ha pelo que... E o Raymundo? —Ohl celebre creatura parece-me nas- cido d propósito para u m grande proprieta- rio de muitosbens de raiz; não hagenio mais soflredòr L á para elle, estes respeitos h u - manos, pundonores, etc, são uma verda- deira chimera Que feliz homem Que philo- sophol' —Que dizes de Sebastião? —Que muito perde a justiça em o n ã o

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N .

10G9 .

SEX1A

FEIRA

1.°

D E

JULHO

1859 .

A

M A R M O T A .

H u b l i c a - s e

á s

l e r ç a »

e

s e x t a s

( e m b o r a

s e j a

d i a san lo ) ,

n a

T

n»o«rü|»lal»

de r«uta

BrMe

 c rc;

el ia .qoo

rs .

p a r a

f o r a ,

p a g o s

adiantados.

Ks.avnlso s ,

1 6 0

rs .

r a ç a

d a

Const i tu ição

n .

6 4 , o n d e

se

a s s i g n a

a

5 3 P D 0 0

rs .

p o r

s e i a

meies

p a r a

a t

AOS

NOSSOS

ASSIGNANTES

C o m

o

n u m e r o

p a s s a d o

ter-

m i n a r a m

qua s i

t oda s

a s assig-

u a t u r a s

da

M a k m o t a .

Os

se-

nhore s

s ubscr ip t o re s ,

que

a

qu i zerem

c o n t i n u a r ,

mandem,

em

t e m p o ,

fazer

a devida

re-

f o r m a ,

23P000

rs .

por

dou s

m e-

zes,

recebendo

grátis

uma

cau t e l a ,

c o m o

aba ixo

se

vè:

C o m

a 2.a

de

J u l h o

de

1859 .

PARA

TODOS

O S

ASSIGNANTES

D A

MARMOTA,

D O

ARCHIVO,

E PARA

O

PUBLICO

EM

GERAL

DEZ

PRÊMIOS—(200»

BS- —™

V t K U K H U »

B

EM

OBUAS

IMPBESSAS,

ESTA MPA DA S,

ETC.

P a r a

a

s o r t e

d e

2:000;»—Annaes

d o

Bi o

d e

Janeiro,

p o r

U a l t l i a z a r

d a

S i l v a

Lia-

b o a ,

7

vol s .

P a r a

a s

6

s o r t e s

d e

i O O O ; » — U m

j o g o

da

Vicentina,

r o m a n c e

e m

3

vols.,

d o

Sr .

D r .

M a c ed o ,

3.'

edição.

CAUTELA

GKATIS

N .

1 — A — 1 0 .

(«ad»

bllheíeíen»

IO

numeroB.)

P a r a

a s o r t e

d e

20:00036—Em

dinheiro

100»

r s.

»

_

»

d e

l O i O O O J p — E m

dinheiro

O O ©

rs .

n

i i d e

Z i : 0 0 0 j j >

S e i s

grossos

volumes

da-His loria

d a s

Prov íncias

d o

R i o

d a

P r a t a

( e m

hespanbol)

p o r

De

Angelis

 

36*

aQ jjS TSag»

0

F I L H O

D O

P E S C A D O R

R o m a n c e

Brasileiro

ORIGINAL

POR

A N T Ô N I O

G O N S A L V E S

TEIXEIRA

E

S O U S A .

(Principiou

no

n .

1063.)

T a m b é m

o s

lei tores

m u i t o

bem

sabem

qu e

toda

esta

f uncção

era

por

caus a

dos

persona-

gens

que

j á

o p t i m a m en t e

conhecem,

i s to

e,

 

m a d ru g a d o r a

d o

meu

primei ro

capi tulo ,

e

o

mancebo

que

a

seus

pés

declarou

u m

ter-

n o a m o r .

T a m b é m

j á

s abem

que

estes

d o u s

personagens

c h am am - se ,

elle,

Augus t o ,

e

ella

Laura , c o m o todos

a

t r a t avam:

ha v i a ,

pois,

oito

dias

que

na

matriz

d e

S .

José

ti-

n h a m

pr o n un c i a d o

seus

vo to s

c on j u gae s

ante

o s

s an to s

a l t are s .

1 0 J J )

r s.

a $ >

r s.

M A Ç A

D A C O N S T I T U I Ç Ã O

N .

6 4 . B s .

2 0 0 5 0

r s .

Os

qne

n ã o

vierem

ou

man-

dar em

ao

esc r ip t or i o

fazer

a

re-

f o r m a

e

pag ar

a

assignatura—

que

é

a d i a n t a d a — c o m o

de

cos-

t u m e ,

perdem

o

direito

aos

refer idos

prêmios.

O

. l abiMy,

n »

C è r t e ,

a

seu

compadre

n a

Proviucla.

C o m p a d r e .

Queres

u m a

explicação

razoável

d o

m eu

pro longad i s s imo

s i lenc io?—

Nada

maisfa-

c i l .— Es cu t a

primeiro

u m a

histor ia ,

s e

p a r i

isso

estiveres

d o

pachorra ,

e

n o

f i m

delia

acha-

r ã s

e s s a

eiZplicacÜn.

Vivi ,

c o m o

sabes,

por

m u i t o s

a n n o s

u a

roça

e

a

vida

agrico la

(que

embora

m u i t o

t rabalhosa

seja,

sempre

foi,

é

e

será

u m a

vida

d e

p a z

e

d e o p t i m o s

resu l t ados ] ,

m e

agradava

t an t o ,

t ã o

fanático

era

por

el l a ,

que

não

podia

conceber

houvesse

t an t a

ca -

beca

es ton teadaque

prefer issea

vida

d a

C o r -

te

a o

socego

d o

campo ,

a o

viver

plácido

e

brando

(isto

é

d o Camões )

n o

meto

d a

m u -

~Foi

oi to

dias

depois

dos

desposor i o s ,

qu e

Augus t o

conv idou

o s

seus

am igo s

para

o s

banquetear ,

e

a s s im

lhe

a judarem

a

v a s a r

a l g u m a s

garrafas ,

o

que

d esem pen ha r a m

op-

t ime

cum

l a ude

Estes

mancebos ,

com

poucas

excepções ,

eram

destes

m o ç o s

d e

que

mui to

a b u n d a m

a s

grandes cidades,

isto

é,

eram a lguns

destes

bellos

espíri tos

d e

educação

m u l hen l ,

em

t udo effeminados ,

que

a t a m

com

graça

u m

lenço

a o

pescoço,

que

s e ves t em

com

ele-

gancia ,

q u e d a n s a m s o f f r i v e t m e n t e

u m

mi-

nuete,

que

fal iam

com

precisão

sobre

mate-

rias

f unda s

e

d e

m u i t o s

m o m e n t o s ,

que

s ã o

para

elles

incomprehens ive i s

myster i o s ,

e

di-

fusa

e e l oqüentemente

sobre

cousas

v u l g a -

r i s s im a s .

Finde

o

jantar ,

f icaram a s

d a m a s

n a

sa la ,

e

 

no s s a

amaveLrapazeada

dirijio-se

refres -

c a r

asescandec idas

cabeças ,

que

en tão

fume-

gavam ,

emba ixo

d e u m a

velha

m a n g u e i r a .

Sigamos- lhe s

o s

pa s s o s

até

alli .

O s

no s s o s

jo-

vens

eram

dos

que

arrane fcam

a

m á

língua

o

seu

tan to

ou

q u a n t o .

Neste

lugar

fallou-se

em tudo

o

que

s e

p a s s o u

na

m e s a , q u e m

co-

m e u

mui t o ,

q u e m

bebeu em

demasia ,

quem

s e

e sq uen t o u ,

q u e m

ficou bêbado,

a s

d a m a s

lher

e

dos

f i lhos , vest idos

simplesmente,

rodeados dos

cr ion l inbos

em

fralda

d e

ca-

mi sa ,

a rm a d o s

d e

cu i a

â

hora

d a

refe ição

para

receber

o

s u s t e n t o ; — c o m e n d o

o

m eu

pedaço

d e

a ipim

a s sado ,

bebendo,

n o

t e m p o

d a m o en d a ,

a

minba

t igel lada

de

g a r a p a ,

fazendo

a s

m i nh a s

caçadas

de

l agar t o ,

de

t a tu ,

d e

gambá ,

d e m ur i q u i ,

etc.,

etc,

vol-

tando

d a roça

com

o

m e u

cacho

d e

b a n a n a s ;

e

d e

noi te

fazendo

que

a

escrava tura ,

de

envo l t a

com

a

fam i l i a ,

respondesse

a o .'erfo

por

m i m

en toado .

Tudo

i s to ,

compadre ,

e o

can to-chão dos

barbados

no m a t o ,

d o

m i s -

tura

com

o

m a t r a q u e a r

dos sapos

e en t a nb a s

n o

brejo,

cujo

es t rondo

f a z

inveja

aos

n o s s o s

calafales , fazia

a s minhas

delicias

e

m e

jui-

gava

ent ão

mais

feliz

com o s

m e u s

escravos

e

100 mil

pés

d e

café

que

t i nha ,

d o

q u e

aquel le

que

tivesse

4 0

prédios

n a

corte

a

render- lhe , cada

u m ,

tres mil

cruzados

po r

annol

Mas ,

compadre ,

este

pedacinho

d e

c a r n e

sem

os so

que

t omo s

n a

boca,

hade

ser

s e m -

p r e

a

perdição

do

gênero

h u m a n o

En

q u e

t a n to arrenegava

d o viver

d a

corte, ,

eu

que

t r a t ava

d e

fraco

o compãdreAHíSõ l êro

f

que

i m . i > _ _

-mots

Y V j T j n a n O T r T m r

i _ l * - a

o m

sua s

jocosas

cartas

que

n a

corte

n i n g u é m

podia resistir

á s

cócegas

que faziam

n a

gen-

te

a s

i n n u m e r ave i s

tetéas

pendentes

da s

vidraças ,

o s

passeios ,

o s

theatros ,

o s

bailes

etc,

vim

por

m e u s

peccados

cahir

nes to

abysmo

E

q u e m

f o i

a causa

d'esta

queda

desastrada,

d a

qual

ainda

m e

s i n t o

ator-

doado?—Queres

que

t 'o

diga?

üe

certo

j á

o

que

n a m o r a r a m ,

o s m a n c eb o s

que

f izeram

corte,

a

q u e m ,

etc.,

etc, etc...

Ora,

co m o

em

todas

a s

funcções

ha

sem-

pre

u m

bobo ,

e ha

gente

t ão

descarada

que

s e embebeda

ou

f inge-se

bêbada,

para

co m

esse

dizer

o

que

sabe

e

n ã o

sabe,

menti-

r a s

e

verdades;

era

u m

t a l André

q uem ,

co m

bas t an t e

graça ,

desempenhava

esta

i n f a m e

parte.

Cada

u m

por

seu t u r n o

lhe fazia

s u a

q ue s t ã o ,

a

que

o

obse qu i o s o

André

sat i sfaz ia

benevo l o

e

com

düigencia .

O '

André,

que

t e

parece

o

Lúcio .

— U m

m o ç o

que

lê a l g u m a

cousa ,

q u e

tem

m u i

pouco

ta lento

e

m u i t o

orgu lho ;

bas-

tan te

desconfiado

e

a l g u m a s

vezes

a trev ido .

—Obrigado ,

Snr.

André...

— Oh l

n ã o

ha

pelo

que...

E

o

R a y m u n d o ?

—Ohl

celebre

creatura

parece-me

nas-

cido

d e

propós i t o

para

u m

grande

pro pr ie t a -

rio de

m u i t o s b e n s

de

raiz;

n ã o

hagenio

m a i s

sof lredòr

L á

para

elle,

estes

respeitos

hu-

m a n o s ,

p u n d on or e s ,

etc,

s ã o

u m a

verda-

deira

chimera

Que

feliz

h o m e m

Que

philo-

sophol'

— Q u e

dizes

de

Sebas t i ão?

— Q u e

m u i t o

perde

a

just i ça

em o

n ã o

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8/18/2019 A Marmota - 01-07-1859

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A MARMOTA

deves

ter adivinhado,

por

que

a s senhoras

I

mulheres

são

a s

molas

d e todas

as...

(aqui

muito baixinho)

d e

todas

a s

cousas sem

molas.

Minha

mulher

1

quem

diria,

compadre ,

que

aquella

santinha,

quo

pare-

cia s ó ter

habilidade

para

fazer bejús do

tupioca,

havia

ler

um

dia

fumaças

de

coquei-

tel

Não

s e i

s e

foram a s

próprias

cartas,

d o

Mixoleta,

ou

s e

f o i

linhoso

quo

lhe virou

a cabeça,

que

é

certo

é,

que

tanto

andou,

tanto

mecheu, tantas minhocas

me

introdu-

z i o

na

bola,

quo

fazendo-me vender

tudo

por

m e tade d o

que

valia, deu

comigo

na

eôrle

S e

a vires

boje não

a

conhecesl—

Anda

semp re

de balão e de

frigideira

na

cabeça.

Olha

que

não é frigideira

de

cosi-

nba...

é cá

outra

cousa.

Por via

dos taes

balões

c necessár io

que

a

criada

venha

adian-

Ic,

quando

ella entra,

para

abrir

a s

portas

da sala d o

par

em

par

Ao

principio,

isto é

quando

chegámos

e

cm

quanto

não tinha tomado

gosto

á

cousa,

ainda

ia

assim, assim;

a

modo

que

dava

esperanças

d o

resistir

a

tantas

tenta-

çõ e s— andava

meio cá,

meio

lá,

apezar

de

ir

escorregando o s

cobres

logo

que

cheguei,

p o rque

tua

comadro

principiou

a appetecer

theatros o

sou

rancho, não

podendo

andar

a

p é

por

via

das lamas

c

dos

encontrões.

Foi

por

isso

que

ao

principio

inda to e scre vi

algumas

cartas, mas

nellas

terias occasião

de observar

que

eu estava

com tendências

para

a

vida

folgada

Durou,

porém,

p o u c o

tempo essa resistência aos

attractivos

d a cór-

te,

p o rque

tua

comadre,

que

é

mulher,

e

á s

mulheres ninguém

resiste, encarregou-se,

« não lhe custou muito,

de

fazer-me

mudar

de

crença

Entregei-me,

portanto,

em

corpo

e

alma

aos

bailes,

passeios,

jantares

lautos, thea-

tro

lyrico,

onde

tenho

um

camarote;

tomei

logo

cnaaos,

caueueire i ro

para

mim,

a

se-

nhora

e a

menina

que

toca

piano

e

can-

ta,

graças

aos

cobres gordos

que me

gastou—

abri

minha

bolça

aos

taes

balões,

chapeli-

nhos— frigideiras ,

vest idos

de

quilha

e

proa,

luvas

de Jouvin

e chapéos

á

Tamberlik

para

mim;

e

em

pouco

tempo

fiquei um

com pl e to

janota, para poder

acompanhar

a

familia

que

s e apresentava

com

o s mais

caprichosos

ter

por

espião,

p o rque

nada vê

que

não

conte.

— E

Júlio?

— O h l

com suas

fumaças de

honrado

e

d e

fallar a

verdade,

anda

gordo.

— Q u e

lingua

— O r a,

isto é

gracejar...

— E

Luiz?.. olhai, á vom

elle...

— O h

nada

de

fallar nesse

senhor,

que

tem

mania

de

valente.

— E

o

Aurél io?

— Ca sp it e l

O

moço

bonito

que

leva

ao

es-

pelhotres

a

quatro

horas

— E

que

dizes do

Bernardo?

— O

namora

paredes?

— E

o

Florindo?

— O h l

é

um senhor

que

sabendo

apenas

ler,

falia

em

todas

as

matérias;

até

á s

ve ze s

falia em

francez

e

entende

o

latim

dansa

mal

um

minuete e mal arranha

uma

viola,

a

cujo

som canta algumas

velhas

modinhas,

e

tem a

gloria

de agradar

a

todas

as

damasl..

— E

o Ribeiro?

— O ra

quem

falia

n'um cantador

de

m o-

dinhas?

— E

o

que

dizes.do

Me nde s?

toilettes

Não

devo

occultar-le

que

so u

freqüentemente

visitado,

ena

rua

muito

cum-

primentado,

principalmente

quando

levo

a

família;

mas

estes cum pr i m e ntos

e estas vi-

sitas

são

feitos

á

menina

e não

a

mim,

que

estou

velho.

Ora,

rodeado

de

tantas

occupações,

esque-

ci-me

completamente dos

amigos

e compa-

dres da

provincia,

e

ahi

tens a explicação

d o

meu

silencio.

Mas,

perguntar-me-bas

tu:

Porque

te

resolvcste

a

escrever-me

agora?

E'

porque

tudo

cança, compadre ,

tudo

tem

seu im 

0

resul tado da

sofreguidão

com

que

me

atirei,

eu,

um

pouco

maduro,

aos

gozos

da

corte, f o i o cansaçod'esses

mesmo s

gozos,

o

tédio

qué

me

causam as

partidas,

o s diver-

timentos

publicos,

e

sobre tudo a

magreza

em

que

vai ficando

a minha

bolsa;

e bem

sabes

que

o dinheiro

é a mola

real

da

socie-

dade.

Dirás tu,

pois

ainda

estás

em

tem-

po,

volta

para

c á

que

os

teus

amigos

te rece-

berão de braços

abertos...

Tonto,-que

não

sabes

em

que

fallas

Pois

crês

que

tua

coma-

 

dre

e

a menina,

galvanisadas

como

estão,

quereriam,

por

cousa

alguma,

voltar

para

a

roça

?—

E

por

um lado tem

razão

— Já

que

tanto

gastei

em

educar

a

menina,

quero

vel-a

appare ce r

nas

sociedades,

por que

n'ellas

e

não

na roça é mais fácil

achar

marido.

Se

esta

doutrina

te

parecer

falsa,

pe rg unta

a

certos

pais

de

familia

d'aqui,

e

principal-

mente

a todas

a s

moças,

qual

é o

parcel

on-

de vão

deitar

suas

redes?

Verás

como te

apontam logo

para

um

salão de baile

ou

para

um theatro

Eu

me tenho

concentrado

um

pouco

e

cada vez

me concentrare i

mais:

ellas

que

s e

divirtam,

mas,

que

não

me

dêem

muitas

facadas

na

urro

que

está

ameaçada

de congestão

cerebral,

p o rque

eu,

por

mi-

nha

parte,

estou

muiln

r.«nlvü_i>

a^aesonr

ns

menos vezes

que

poder

com

ellas,

passeando

sosinho,

que

não

re que r

tanta

etiqueta.

Aqui fico,

compadre,

mas

te

prometto

en-

treter

d'ora

em

diante

teu

atilado

espirito,

com

alguma

cousa

que

mereça

.attenção

o

que

porve ntura

venha

a o meu

conhecimento.

Adeus ;

s e vires

Jucá

d o

Corrego-Fimdo,

dá-lhe

um

abraço

pe l o

Jaboty.

— Q u e

sem instrucção

é

nosso

Aristhar-

co ..

Esta

cruel

maledicencia

pe r te nce u

a

mui-

tos,

assim

ausentes,

como

presentes ,

at é

que

um dos

d a

súcia,

gostando

mais

da

vu-

r iedade, disse:

— O '

André,

que

dizes

de

D .

Goraldina?

— A

namorada

d o

Júlio

— C omol

e

Augus to ?

— E

Lúcio?

— E

Florindo?

— Di abo . .

daqui

a

pouco

tem

um

cento ..

— E

D . He nri que ta?

— A hi

essa tem

sempre

um

único

namo-

rado,

com

a differença

que

tem

no

dia

uns

quatro

ou seis,

bem

entendido,

cada

um

por

seu

turno.

— E

D.

Elvira?

— E '

uma menina

que

morre

por

casar

..

— Q u e

lingua d o

diabo

I..

— E

D. Justina?

— O r a

não

falles

nisso

uma

velha

que

se

lhe

metteu

em cabeça

namorar

e

casar ..

— E

aquella

que

passou agora?.,

olha,

ain-

da

alli

vai.

Ohl

muito

respeito:

quer

namorados

ricos,

U M A

PAIXÃO

BA

ÉPOCA.

Estou apaixonado

Tenho

namoro

forte,

nem

Leandro

m e

ganha;

s e fosse

um

poela

como

Dirceo

seria

capaz

de escrever

8 00

lyras,

fallandb

apenas

do nariz

d a

minha

namorada

L a

v a i

seu

retrato: não s e

ri.im s e

acha-

rem

feio;

sobre

gostos

não

s e

discute,|diz

um

clássico.

O

meu

coração

não

équalquer

cousa:

cal-

cuia

pensa

como

cérebro

d e

muita

gente;

é

um coração

que

tem

sciencia, é uma

bolsa:

está

sempro

voltado

para

o

lado

d o

interesse;

é

como

a

agulha

de

marear,

que

não

descansa

senão olhando

para

norte.

O coração

tem

olhar

d o

lince, dizia Mme.

Necker,

e

assim

não

admira

que,

cm

qual-

que r

affeição,

descubra

logo

o

interessei

Mas l á

mo ia esquec en do

da minha Ado-

nis

A

minha

namorada

nasceu no sé c u lo

passado;

nesse

século

nasceram

tambem

Napoleão

o

Humboldl

Tem

a idade

com

que

morreu

Voltaire:

conla

9 1

annos

O s

seus

olhos

são

grandes

c verdes; se

vissom

apenas

o s

olhos

d a

minha

namorada,

diriam

que

ella

era

uma

gata

O

seu

nariz

tem fôrma

d o

penhasco:

é lão

grande,

que

parece

uma

montanha,

que

divide

rosto

cm

2 m e tade s l

A boca

é

immensa,

cercada

de

alguns

dentes

velhos,

o

d e

outros

de

porcelana,

assemelha-se

a um abysmo. A

gruta

d o

Cão

cm

N ápole s

não

lom

maior

abertura

O s cabellos

são

postiços

O

seu

rosto

é feio

como a

carranca

do

cas-

lão

d e

uma

bengalla; é

uma mascara

d o

cn-

trudol

O seu

corpo

não tem

feilio:

é

fino

com o

o

cano

d u

uma

espingarda,

mas

emfiin

u

minha

namorada

usa

tambem

desaia

balánl

A

minha

velha

porem

tem

uma

qualidade

bella,

linda

como

a

garganta

d o cantor

M.irio,

que

todos

o s

annos

lhe

grande

porção

d e

contos,

formosa como a riqueza

dos

Itothchilds,

encantadora

como

o

dia-

mantu

d o

GrãoMogol,

que

vale

1,876

con-

tos;

a minha

namorada

ó rica,

tem

d o u s

milhões,

oitocentos

contosl

como

D .

Angélica

quer

nobres,

D .

Masgari-

da militares

e

D . Bernarda

filhos de

fóra ...

— E

D .

Julianna?

Ohl

nada,

nada

de

fallar

em

senhoras

casadas...

— N ã o

era

preciso

que

m'o dissessem;

eu

não

lállaria

nella,

que

além

de

casada

o mi-

uhaparenta...

porém

uma

senhora casada

não

deve

namorar...

— O r a

com

effeito

I é

certo

r ifão— quo o

fallador

quando

não

tem

de

que

fallar, falia

dos

parentes

— A n d r é ,

não

será

a

unicá

casada

que

na-

mora:

que

dizes,

eim?

— O h

bagatellas...

uma ligeira

distração.

Esta

immoral

scena

durou

até

cahir d a

noite,

tempo

em

que

esta

luzida

mocidade

fo i

convidada

para

uma

sala, onde

por

muito

tempo

dansou-so,

cantou-se,

ele

Note m os ,

porém,

que

s ó

as

senhoras

tinham

cantado,

quando

alguém

pedio

a Florindo

que

cantas-

s e

uma

modinha.

O nosso

pre sum i do

game-

nho

esquivou-se

com

estudada

cortezia,

até

que

rogado

fosse

por alguma senhora;

elle

o

foi,

e

o namorador

profissional,

juntando

uma

débil

voz,

bem

que

entoada,

ao

som

de

uma

viola,

cantou

a

seguinte

Page 3: A Marmota - 01-07-1859

8/18/2019 A Marmota - 01-07-1859

http://slidepdf.com/reader/full/a-marmota-01-07-1859 3/4

A

MARMOTA

£

não

calcule u m

co ra ção

vendo

tan to

di-

nhciro l

Adoro ,

pois ,

a

m i nh a

velha

c ha m a d a

dous

m i l hõ e s l

E

digam lá

que

a

minha

paixão

não

é

digna

d o século X I X ,

desse

s écu lo cm

q u e

o

interesse

é

o movei

dejlodas

a s acções,

des-

s e

século

em

quo

o

in teresse

é

u m m yt h o

que

todos

adoram ,

c

que

tem t a l

poder

q u e ,

como dizia

Helvécio,

é

capaz d e

fazer

ca lar

a s

verdades

a s

m a i s

evidentes ,

e

acredi tar

nos maiore s

absu r d o s

C l o m e n t o

XIV

dizia

que quando

fa l l ava

o

in teresse

era impos s ive l

fazer

ouv i r

a vo z

d a

razão;

j á

s e

vê,

pois ,

que

e u

que

n ã o

s o u

papa,

n ã o

peco

pondo

o

interesso

cm c im a

d o m o u

cérebro

e

d o m e u

coraçãW

A.A.

UM

DEFUNTO

V I V O.

Nas cu r i o s a s m e m ó r i a s d e

Peucbat

v em

regis trada

a i n t eres san te

historia d e

um

in-

dividuo

duas

vozes en ter rado ,

o

o u t r a s

tan-

t a s sa lvo

como

por

mi lagre . A s imples

nar-

rat iva

d e

t a l

episódio

d e

a l e m - t u m u l o ,

basta

para

nos fazer tremer.

Um coveiro

que,

segundo

o

co s t ume

de

m u i t o s dos d a s u a

pro f i s s ã o ,

teve

a

sacr í l ega

l embrança d e

f u r ta r um

anne l com

que

ha-

v i a sido

enterrado

a l g u n s

m o m e n t o s

an t e s

certo i nd iv íduo ,

f icou

estupefacto ,

a o

ar-

rombar

o caixão ,

d e

v e r o

cadáver

l e v a n t a r -

s e

e

d e

u m

trago

eng u l i r o

vinho

que

n ' u m

copo fóra

por

elle

col locado

j u n t o

á

scpul-

tu ra ,

com

o

f i m

d e

a n i m a r

a s

s ua s

f o r ç a s

durante

o fadigoso

t r aba l h o .

C o m t u d o

o

nos s o

heroè,

habi tuado

po r

u m a

longa

prat ica

com

todos

o s

h or r o r e s

d aqu e l l a

fúnebre

profi ssão ,

não

t ardou

cm recuperar

toda

sua

presonça

d e

espir i to .

Occu l l ou

cuidadosamen te

o

suppos t o

m o r t o ,

fez-lhe

acreditar

que

era

v ic t ima

d e

l i m a

terrível

m a c h i n a ç ã o ,

forjada

por

sua

f a m i -

l ia,

t r a t o u - o

com

todo

o

car inho ,

res t i tu io -o

in te i ramente

á

vida

e

depois,

como

prêm io

d e sua

feliz

i n sp i ra ção

e

d a dedicação d o

q u e

dava

prova,

pedio

u o

seu

protegido quo

fizesse

um

t e s t a m en t o

an t ida t ado ,

pelo

q u a l

o

reconhecesse

c o m o

un iver sa l

herdeiro .

 —» — ———u a m

M o d i n h a .

S e

q u a nd o

ainda

eras l iv re

Eu

te visse ,

ú l inda

f l or ,

O u t u

seria s

s ó .

m i n h a ,

O u

eu

morrera

d e

dôr;

M a s

s e

quebrares

Teus duros

laços,

Genti l

p a s t o r a ,

Vem

m e u s

b r a ç o s .

Beparle

ainda

co m ig o

Metade d o teu

a m o r ;

Um teu

sorri so

é

bas t an t e

P'ra

t o rm ina r

m i nh a

dôr;

M a s se

quebrare s

Teus

duros laços,

Genti l

p a s t o r a ,

Vem

m e u s

b r a ç o s .

Muitos

bravos ,

m u i t o s

vivas ,

m u i t a s

pai-

m a s s o a r a m

por

toda

sa la ;

a o

depois

ai-

guem

pergunt ou

a Flor indo

quem

era

o

au-

t o r

d a

bella

poesia

que

acabara d e

ca n t a r ?

— E u

m e s m o ,

m i nh a

senhora ,

disse

o

ga-

b o l a .

Nada,

p o ré m ,

ma i s

fa lso ,

pois queoim-

postor

apena s t inha

feito

n o s

verso s

a l g u m a s l

a l terações

talvez

com

seus

fins...

Isto

feito o

n ar c o t i s o o ,

e depois

c a r r o g a n -

do-o

nos

ho m b r o s ,

t o r n o u

a co l l oca i -o

n o

m e s m o

lugar d'onde

m o m e n t o s

antes

bavia

sahido ,

tendo

precaução

de

apagar

todos

¦

o s

vest ígios

que podessem

denunc iar

exhu-

m o ç ã o ,

Mas

q u e m

no

dia

segu in te

p a s m o u

en c o n t r a n d o

o carneiro

abor to e

i am o

c o r -

p o

que

alli

fora

depostoT Foi

o

coveiro ,

n o

qua l

a

a d m i r a ç ã o

subio

a inda

d e

p o n t o

vendo-se

preso

e

conduz ido

pela

pol icia

co m o

l adrão

o

a s s a s s i n o ,

por

um

depo im en t o

quo

o

próprio

m o r t o

dieta.

A

chave

deste

en igma

é

o

seguinte:

Um

c ü o " ,

que

errava

pelo

cemi tér io ,

pon-

do-se

à

cavar

a

terra

com a s

patas

e

a u i v a r ,

a t t rah i o

a t t e n ç ã o d o a l g u n s

ç a m i n h a n l e s ,

que

ju lgando

ouv i r

gemidos

s ub te r râ neo s ,

l e v a n t a r a m

a

terra ,

c on se gu i n d o

a s s im

l i v r ar

o

defun t o vivo

das

t o r t ura s

que

lhe

c au s a r i a

aquel la

m e d o nh a m a s m o r r a .

— R e c o m m e n d a m o s

a

le i tura d a seguinte

t raducção ' :

  R T E

E

GOVERNAR

S

MULHERES

PRIMEIRA

P H 4 S E .

ANTES

H O

C A S A M E N T O .

O

an jo

que

representa

o

principal papel

n'este

pequeno

l ivro ,

vive

alli . n o seio

de

. s u a

fam í l i a ,

cercada

dos

car inho s

d e

s eu s

j p a i s

que

a

ido la t ram

a

pon to

d e sa t i s f aze -

r e m "

o s

seus

m e no re s

caprichos . Vós , u m

. h omem

d e

vontade,

so is admi t t ido n 'es sa

casa,

o fazeis

a

corto

a

esse

anjo ,

c o m o

u m

modes to

e t imidõ

cavalheiro.

Todos o s dias

conver sa i s

com

ella

o

exgotais

todo o

v o ca -

bulario

d e

ternos

protestos

e

agradáveis

pr o

m o s s a s .

Senhora ,

sois

bella

como

é

bella

a

auro ra

cm

dias

d e

primavera ,

l h e

dizeis.

Soi s

pura

c o m o

o

orva lho

d a m a nh ã ;

vos so

s e m -

blante ,

como

a superficie

polida

d e

um t r a n -

qui l fo

o

pequeno

ago,

reflecte toda

a can-

dura

d e

vossa

a lm a

-v irgina l .

Seduzissem

arte,

capt ivai s

sem

artificio, emf im

s o i s

ador áve l . .

Ah feliz,

mil vezes

feliz

a q ue l l e

que

poder

dedicar-vos

toda

a

S u a

vida ,

a m a n d o - v o s

o

servi

ndo-vo s

1

¦— ¦._—__________________________________________________________________

A m o d i n ha ,

pois ,

e r a

deste

m o d o :

C o m o

permi tt io

m e u fado

Que

eu tevisse ,

ó l inda

f l or ,

O u s ê m i nh a

e t e r n am e n t e ,

O u e u

morrerei

d e dòr.

C o m i g o tece

Di to s o s

l a ç o s ,

Gentil

p as t o r a ,

Vem

a

m e u s . b r a ç o s .

0

primeiro

verso d a

segunda

quadra

era:

Reparte,

m e u

bem,

c o m i g o .

Tudo

orna i s

d o . m o d o

que

s e

v ê

a c i m a .

U m a senhora

h o nr o u

t a m b e m

c o m p a -

nhia

com

sua agradável

voz,

ac om p an h ad a

por

seupsa l te r io .

O

divert imento

durou

a té

tarde.

E ' isto o

que

s e

chama

em

n o s s o s d i a s

bailes;

c o nv é m

saber,

u m a

sa la

d e

innocen-

tes diver t imen to s ,

onde

u n s

d a n s a m ,

o u t r o s

t ocam,

a lgun s ca n t a m ,

estes comem,

aquel-

les

bebem;

d e

u m l ado

j o g a m ,

d'outro

con-

versam,

o s

m o ç o s

n a m o r a m ,

o s velhos mur-

m u r a m ,

e

entre

o s

conv idados

h a

u n s

que

vêm

e

o u v e m

m u i t o ,

a s s i m

como

ou tro s s u r »

dos è

cegos

i n t e i r a m en te .

0 diver t iment o durou

quas i

toda a

-no i te ;

d or m i o - se

a t é tarde,

e

n o

ou t ro

d i a

depois

do

N a t u r a l m e n t e

o an jo

vos ouve

corando

e

aba ixando

a s s ua s

l indas

palpebras .

  Senhor,

c o m q u a n t o

papai

e m a m a i

v o a

au tpr i sem

serv ir -vos

des sa

linguagem

t ã o l i ionjeira

para

co m ig o ,

c o m t ud o

eu n ã o

posso

o uv i l - a s em

ficar um

t a n t o

c o n fu s a

e

per turbada .

Que

quereis?

Sou

t ão

i n gê n u a , t ã o

innocen te

nada

conheço

a inda

do

m u n d o

n e m

d e

s ua s

seducçõe s: apena s

0

t enho

en-

trevisto

no s

r o m a n c e s

d a

George Sand ,

tão

edificantes

para

mocidade

Desculpai-me

pois ,

senhor ,

s i não cor respondo aos

v o s s o s

l e rno s pro t e s t o s

com

m ai se x p r e s s i v a

e f f u t ã o ,

é isso

devido

á

m i nh a

per t u r b a ç ã o ,

á

m i n h a

timidez

e

á

m i nh a

inexperiência.

 

Ah

senhora , essa

per turbação ,

essa

t imidez ,

tem

para

m i m m a i o r e s encantos

que

tudo

o

que

o s

vo s s o s

l indos lábios

pu-

dessem

expr imir

São

u m a e l oqüente

de-

m o n s t r a ç ã o

d a

pureza

d e

vo s s o

coração ,

da

candura

d e

vossa a l m a e

d a d o ç u r a d o

v o s s o

gên io ,

o

a o

m e s m o t e m p o

u m a

preciosa

garan t i a

para

m i n ha

felicidade

futura...

Sois a

m u l h e r

que

eu

t enho

idea l i sado ,

com

todas

a s

s ua s

gra ça s

n a t u r a e s , com to-

dos

o s

a t t ra t i v o s

d a

ingenu idade

e

d a

in-

nocencia.

 

Senhor,

m a m a i

com o

seu

exemplo

i n s i n u o u - m e

o s deveres

que

u m a

m u lher tem

a

cumpr ir

para

com

seu marido . Encontra-

reis

e m

m i m

a

esposa

mais car inhosa , mais

dedicada,

mais s u b m i s s a c

sobre

tudo

m a i s

obediente. Vos s o s menores desejo s ,

que

se-

rã o

ditados

sempre

pela

sabedoria

e

pela-

razão,

consideral -os*hei

c o m o

leis.

E t ranspor t ado

e

arrebatado, vos

sepa->

rais

d o

anjo

que

deve embellezar o s

v o s s o s

dias ,

dizendo

com v o s co :

 

Ainda

beml

terei

n a q ue l l a mulher

a

péro la

das

d o

seu sexo , boa , amável , can-

dida,

s u b m i s s a

sobre tudo ,

c o m o

ó.

To da s

a s

qualidades

preciosas

d a

mulher ,

todos

os

t he s o u r o s

que

u m

h o m e m

pôde

desejar,

tudo

isso cila

t o m

1:.

As s im ,

a m i nh a

mis-

s ã o , como marido ,

não

encon t r ará espinhos.

Ella nada

quererá ,

nada fará s em

que

pri-

meiro

venha

pedir-me

u m

s im o u u m não...

O h I

para

casar

s o

o

ser-se feliz deve-se

buscar

a

m u lher

que

a inda

s e

acha m e i a

occulta nas azas d o

zelo

m a t e rna I—Neces-

a l m o ç o desfez-se

c o m pa n h i a .

Flor indo

an-

tes

d e ret irar-se depoz nas m ã o s d e

Laura

um

papel

escripto:

e

o

que

era elle? o s

ver so s

da

m o d i n ha

que

can ta ra

e

que

ella

V f i ' ó s ha v i a

pedido.

A m o r

parte

dos

m e u s lei tores

tendo

aca-

bado le i tura

deste

capi tu lo ,

dirá:

a

certo

era

bem

escusado este episódio; e l i m i n ad o

elle deste r o m a n c e n en hum a

fal ta

pôde

cau-

sar .

»

E

em

verdade e u

próprio

o

disse

a

m i m

m e s m o ;

p o r é m

cons ídera í -o

c o m o

um

fundo escuro

d o

m e u

quadro ,

e

en t re t a n t o

m a i s

sa l ientes

serão

o s ma i s

t ra ço s

c o l o r i d o s

d e

minha

p in t u r a .

Cons idera i ,

p or é m ,

que

é

á

cus ta

de ai-

guns

sacr if íc ios

que

s e descobre

verdade .

L e m br a i - v o s

d a

m i n ha

epigraphe

neste capi-

t u l o .

Ha

m u i t a

gente,

e

gente

de

ju izo ,

que

diz

que

não .

tem

tra to s

f ami l i are s ,

n e m em

sua

casa b ã n q ue t ea

s en ã o á

gente

seria

e

bem

educada.

Pergunta i - lhe

se

tem

razão? . . .

Depo i s da leitura deste capi tu lo ,

ou

a n t e s

n o

principio

do

subseqüente ,

f igura i -vos

que.

m a i s de t r ezen t o s e setenta

dias

s e

tem

pas-

sado depois

destas

núpcias ,

e

que

a

pai

de

Aug us t o ,

ò

velho

pescador ,

n ã o

vive.

(Conlimía.)

Page 4: A Marmota - 01-07-1859

8/18/2019 A Marmota - 01-07-1859

http://slidepdf.com/reader/full/a-marmota-01-07-1859 4/4

A

MARMOTA

s a r i am e n t e ella ainda

i gno ra

m u i t a s

c o u s a s

deste m u n d o :

a

sua

Índole

ainda

n ã o es tá

f o r m a d a ,

e

em

u m

marido

ella

n ã o

v ê m a i s

que

u m

segunáo

p a i

á

quem

é

preciso

a m a r ,

e

a

q u e m

ó

preciso

t a m b é m

obedecer.

En t re t an t o ,

em

um

bello

dia

vos

diri-

gis

p a r a

aquel la

modes ta

o t r an qu i l l a

m o - ;

"rada ,

onde

existe

o a s t r o

do vo s so

des t ino . .

Bateis

á

porta ,

u m a -

duas vezes,

e

n i n g u é m

vol-a vem

abrir.

Bateis

u m a

terceira vez,

e

a inda

n i n g u é m .

Is to

vos

parece

e s t r a n h o ;

desapon tado , desceis

e ides

i n t er rogar

o

portero 

— N ã o

h a

n i n g u é m

em

casa

d o Snr.

M..

í

— N ã o

aff ianço ,

senhor ;

porém

creio

q u e

não

sahiu vivo

a l m a

d'ehi.

D e

novo

subis

a s

escadas.

No

momento

em

que

vos

preparais

para

bater

pela

q u a r t a

vez, chega-vos

aos

ouv ido s

u m

quer que

seja,

c o m o

que

o

vozear

d e

u m a

c o n v e r s a -

ç ão

a n i m a d a .

U m a

v o e inha ,

que

reconhe-

eeis

perfeitamente

o

que

tem

o

condão de

fazer- vibrar

a s

cordas m ai s

delicadas

do

vo s s o

coração ,

repetia

i m per i o s a m en t e

e s t a s

s imples

pa lavras :

«Não

m e

impor to

co m

isso,—

e u

quero . ' »

In vo l u n t a r i am e n t e arrega l a i sos

o lhos ,

fa -

zendo

u m a

grande

careta:

a inda

ju lga i s

t er

m a l

ouvido ,

e

para

d es a s s o m b r a r -v o s

d'essa

terr ível

duvida ,

im p ac i e n t e m e n t o

bateis

tres

grandes

p a l m a s .

A

voz

que

ainda

h á

pouco

s e

ouv i ra

ç o m

t o do o s eu

elevado

d i a pa s ã o ,

r e p e n t i n a m e n t e

ces sou;

o

s i lencio

que

agora

reina

parece

apena s i n t er rompido

pelos

passos

graves

e

pau sado s

d o

vos so

s ogro ,

que

vos vem

abr ir

a

po r t a .

— A h i

sois

vos ,

meu

f u tu ro

genro

1..

Meu

D e os l

Dar- se

h a

que

estejais

batendo

a m u i t o

tempo?..

P e r gu n t a - v o s

elle affec-

t ando

curiosidade

a

p a s m o ,

— N e m

porisso ,

lhe

respondeis com

o

t o m

d e

um

h o m e m qae

não

quer que

s e

saiba

o

conhec imento

que

tem

d o

horr íve l

segredo

que

descobr iu .

O

vosso

f u tu ro s ogro

encara sua

m u l h e r ,

dirigindo-Ihe

um olhar

i nquie t o

que

parece

querer

dizer: Está

bon i t o

elle

s abe

tudo

E m q u a n t o

i s to

s e

passa ,

passea i s

com o

vosso

o lhar

severo

e i nqui s i t or i a l

por

t o do s

o s

recantos

d a

sa la ,

a verse

descobris

aqu e l l a

cuja

voz

suave

s e expr imo

com t an ta m o d e s -

tia

e humi ldade

em

vossa ausênc ia .

P o r é m o

anjo desappareceu

no

próprio

m o m e n t o em

que

cessou d e

s e

fazer

o u v i r

Julgava

ter

ouv ido

a

voz

d a

s e n h or a

vos s a (ilha

:

ter-me

h i a

porventura

eng a -

nado

?

pergun ta i s

e n t ã o .

 

Não,

m e u

f u t u r o

ge n r o ;

v o s

re sponde

v ivamen te

a

mãi . Anai s

acaba

d e

cantar

a

grande

ária

d o

Trovador ,

e

i s so

a

f a t igou

a l g u m

tanto...

E ' ella

escripta em t om

tã o

alto ...

D e

sor te

que

agora

f o i

descansar

u m

pouco.

Fingis

que

vos

dais

por

sa t i s f e i t o

co m

essa

desculpa;

m a s

n o i n t imo

d'a lma

fazeis

a

promes s a

d e ir consu l t a r

esta

bella

pa r t i -

t a ra d e

Verdi, ver si n 'aque l l a

grande

ária

de

s oprano

encon t r a i s

o

lugar em

que

es tá

escr ipta

phrase

.que

ouvis tes:

Nã o

m e

i m po r t o

com

i s so l

e u

quero

»

(Continua.)

AMIZADE.

O d o u t o r

Friend,

medico inglez d e

c o n -

s ideravel

r e p u t a ç ã o ,

f o i

eleito

para

o

par -

l a m en t o em

1722 , e oppoz-so

a o

mi n i s t é r i o

com

act ividade

e f i rmeza .

A

i n f luenc ia ,

que

l inha,

i n c o m m o d o u

t an t o ,

que

f o i

detido,

e

preso

na. torre

d e Londres ,

i m p u t a n d o -

se-lbo

o

crime d e

alta

t ra i çã o .

Neste"

es tado

d e

co u s a s , - c a h i o

doente

o

m in i s t r o , : e

man-

dou

ch a m a r o

dou to r

Mead,

i n t i m o

a m i g o

d o

preso.

O dout or Mead,

depois

do e x a m e

d o c o s t um e ,

conhecendo

molé s t i a ,

p a r -

t icipon- lhe

que

com

facilidade

s e c u r ar i a ,

tendo

um

hábil

professor. C o m e ç a i

já ,

disse

o doente: e u

m e

entrego

nas

v o s s a s

m ã o s .

Senhor ,

re spondoo

o

medico ,

eu

nada

vos aconse lho ,

nem

v o s

dou

u m a

g o t a

d e

reméd io ,

sem

que-o

dou t or

Friend

seja

posto

em liberdade. O

min i s t r o

ouv i o

co m

a d m i r a ç ã o

resposta ,

e

procurou

debalde

m u d a r

a

re so lução

d e

Mead. O

dou to r dei-

x ou - o ,

e

não houve

o u t r o

remédio

s e n ã o

so l ic i tar

d o

rei

a

s o l t u r a

do

a m i g o ; o

ro i

promet t eo

concedel-a,

e deu

a s ordens

ne-

cessarias .

O

min i s t r o ,

impaciente ,

m a n d o u

chamar

Í m m ed i a t a m en t e o

d ou t o r ,

e lh e

disse

que,

dent ro

d e

poucas

horas ,

o

preso

estaria

so l t o .

Q u a nd o

souber

que

elle

es tá

rest i tuido

á sua

fam i l i a , o

não

antes ,

t e n t a -

r e i

curar -vos ,

f o i

resposta .

F i n a l m e n t e

o

dout or

Friend

f o i

so l to ,

e

o

m i n i s t r o

curado.

D u r a n t e

a

prisão

d e

Friend,

o dou-

tor

Mead

t r a tou

o s

doentes deste

e,

q u a n d o

sahio

d a torre , deu-lhe

tres

mil

g u i n e o s

pelo

pa g a m en t o ,

que

recebera

dos e n f e r m o s .

B.deC.

DESAPONTAMENTOS.

Estar em

u m a

reun i ã o

e ser

ins tado

po r

um

indiv íduo

que

ouve

pouco

para

repetir

certa

phrase,

o

i s to

quando

não

q u e r e m o s

perder

o

quo

u m terceiro começa

a

dizer.

 

Perder

n o

jogo

u m a

quant i a

cons ideráve l

para

certo

piaba

que

depois

confessa n áo

t e r

en trado s enão

com

qua tro

o u

cinco

m il

ré i s .

 

*

C o r r e spo n d er m o s

a

u m

c u m p r i m e n t o ,

ju lgando

que

nos

é feito ,

e

l ogo reconhe-

cermos

que

é

dirijido

u m ou tro

q u e

n 'aque l le m o m e n t o

passa

p o r

j un t o

d e

n ó s .

 

Sermo s

obrigados a

ouv i r

um

gago

s em

podermos

interrompel-o.

Di sc u t i r m o s ,

á

noi te e

á s

escuras

com

u m

a m i g o ,

e m

no s so

gabinete,

c

no

m o m e n t o

em

que

o

s i lencio

que

elíe

guarda

nos

diz

que

j á

s e

acha

vencido

pela

força

dos

n o s s o s

a r gu m e n t o s ,

percebermos

por

um

f or te

ronco

que

so l ta ,

que

h a

m u i t o

t empo

está

en t regue

aos

braços

d e

Mo rpheu l

*

 

Ao en tra r n uma casa

pela

primei ra

vez,

pisar

n o

p á

d e

u m cachorr inho

m u i t o

que-

rido d a

dona d a

m e s m a c a s a .

Dir i j i nno - no s

por

um

negoc io

que

n ã o

admit te demora á casa

d e

um i nd iv íduo ,

que

eng a no u - s e

n o

n u m e r o

que

no s

d eu .

Chove

cântaros ,

o

s ó depois

d e

h a v e r m o s

batido

em

todas

a s

portas ,

per g un t a n d o

o n d e

reside

o t a l

i nd iv iduo . a ce r t a rm o s com

s u a

casa,

que

é

j u s t am e n t e

a

u l t i m a

d'aque l l a

FÁBULAS.

Ciu:so

E

ÍIOMEIIO.

« A s m i nh a s

riquezas

a

fama

ap r e goa ,

Eterno

m eu

n o m e

será

neste

m u n d o ;

Mas

antes

quizera

renome

d e

H o m e r o .

— A s

g lo r i a s

d e

vate,

d e

gênio

fecundo .

»

a

Meu

n o m e é eterno , dos

tempos

e u

z o m b o ,

D a

grande

epopéa

mode lo s

tracei;

Mas

an te s

quizera re no m e

d e

H o m e r o ;

D i r i a :—f u i rico,

m as n ã o

mendiguei .

»

MORALIDADE.

A s

s o m b ra s

d e

H o m er o ,

d e

Creso

f a l t a r a m ,

E depois

cada u m a

buscou

o

seu

n o r t e ;

O u v i n d o e n disse:—mea

D e o s ,

n e s t e

m undo

Q u e m

houve,

q u e m

h a con ten te co'a

sor te?

C i n a s l o

Lúcio .

C h a r a d a .

N a

rabeca

m e

pr o c ur a

Que

nel la me has

d e

e n c o n t r a r .

O u

d o i rmão d e

teus

pai s

N a

prole

va i -me

buscar ,

O u ainda

s e t u

queres

Saber aonde

m e ac h ar ,

Na

f ami l i a

dos

a ç o r e s

Bem

m e

podes procurar 

Dá-me

u m — * — v e r d a d e i r a s

C o u s a s

seria s

fico

s endo ;

Tira-me o — a — h a s

d e

ver ,

Has

d e

ver,

e s tou

dizendo.

Ser iamente ,

não , n ão

jnlguês

Que

e u

es tou

escarnecendo ;

Juro-te

qúe

não è

bur l a

O

que

es tás agora lendo.

..

C O N C E I T O .

C o m i g o

a s

f lores

v ice j a m .

D e novas

cores

s e

a d o r n a m ;

A s arvores

todas

s e o r n a m

D o

f o lhagem

mais

v i ren te;

De

con ten te

a m e s m a t e r r a .

a

própria

na t u reza

Deixa

ver

toda a belleza

Que

nos

se io s

seus encerra i

F.

E. S.

O

-íiciiiiio,

cego,

pianista

JOSÉ

PINTO

DE

CE R Q ÜE IR A

D E

13

ANNOS

D E IDADE

Disc ípu lo d o

I .

In s t i t u t o

dos

m en i n o s cegos

acaba

d e

publicar

a s variações

que

c o m -

p o z

sobre

um

m o t i v o

do

Á l b u m

do s

Salões

a s

quaes ,

c o m o retrato do

com-

pos i tor ,

s e acham

á

venda

n a rua d a

Qui-

tanda

n .

43.

R e c o m m e n d a m o s

aos

pian i s t a s

d'esta côr le

e

prov ínc ia s ,

e

especialmente

á s

pessoas

do

bello

sexo , esta

mus ica , no táve l

por

s u a s

melod ia s ,

e

m a i s

quo

tudo

pelas

cir-

c um s t a n c i a s

d e

seu i n fan t i l au t or .

No

segu in te

n u m e r o

publ icaremos

a

carta

d e Pylhias

a

Damon.

Typographia de Paula

Brito

0 4

Praça d a

Oüsüinição

C Á