literatura portuguesa - 800 anos de história
-
Upload
anammjorge -
Category
Education
-
view
1.573 -
download
2
description
Transcript of literatura portuguesa - 800 anos de história
Língua Portuguesa800 ANOS
Literatura Medieval séc. XII a XV
Período dos trovadores
Literatura Medieval séc. XII a XV
D. Dinis (1261-1325)
Foi grande amante das artes e das letras.
Cultivou as Cantigas de Amigo, de Amor, e
de Sátira.
Contribuiu para o desenvolvimento da
Poesia Trovadoresca na Península Ibérica.
Literatura Medieval séc. XII a XV
D. Dinis (1261-1325)
Ai flores, ai flores do verde pino,se sabedes novas do meu amigo!
Ai Deus, e u é?
Ai, flores, ai flores do verde ramo,se sabedes novas do meu amado!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,aquel que mentiu do que pos comigo!
Ai Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amadoaquel que mentiu do que mi ha jurado!s, e u é? (…)
Literatura Medieval séc. XII a XV
Período dos poetas palacianos e cronistas
Literatura Medieval séc. XII a XV
Foi poeta, historiógrafo, desenhador, músico ecantor.Foi secretário particular do rei D. João II e depoissecretário do rei D. Manuel.Frequentou a corte e foi nesse contexto quecompilou o Cancioneiro Geral, publicado em 1516.Esta obra é o repositório da maior parte daprodução poética portuguesa que está entre o fim doperíodo literário medieval e o início do períodoclássicoGarcia de Resende(1470-
1536)
Literatura Medieval séc. XII a XVÉ considerado o maior historiógrafo de língua
portuguesa; Foi escrivão de livros do rei D. João I e
«escrivão da puridade» do infante D. Fernando.
D. Duarte concedeu-lhe uma tença anual para ele se
dedicar à investigação da história do reino, devendo
redigir uma Crónica Geral do Reino de Portugal.Fernão Lopes(1380-1460)
Literatura Medieval séc. XII a XV
Crónica de D. Pedro I
Por que semelhante amor, qual elRei Dom Pedro ouve a
Dona Enes, raramente he achado em alguuma pessoa, porem
disserom os antiigos quc nenhuum he tam verdadeiramente
achado, como aquel cuja morte nom tira da memoria o
gramde espaço do tempo. (…)
Fernão Lopes(1380-1460)
Literatura Clássica séc. XVI a XVIII
Renascimento
Literatura Clássica séc. XVI a XVIII
Sá de Miranda(1481-1558)
Nasceu em Coimbra, doutorou-se em Direito na
Universidade de Lisboa e frequentou a Corte até 1521,
data em que partiu para Itália.
Fruto dessa viagem, trouxe para Portugal uma nova
estética, introduzindo o soneto, a canção, a sextina, as
composições em tercetos e em oitavas e os versos de
dez sílabas.
Literatura Clássica séc. XVI a XVIII
O sol é grande: caem coa calma as aves,Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.Esta água que de alto cai acordar-me-ia,Do sono não, mas de cuidados graves.
Ó cousas, todas vãs, todas mudaves,Qual é tal coração que em vós confia?Passam os tempos, vai dia trás dia,Incertos muito mais que ao vento as naves.
Eu vira já aqui sombras, vira flores,Vi tantas águas, vi tanta verdura,As aves todas cantavam de amores.
Tudo é seco e mudo; e, de mistura,Também mudando-me eu fiz doutras cores.E tudo o mais renova: isto é sem cura
Literatura Clássica séc. XVI a XVIII
Gil Vicente (1465?-1537?)
De 1502 a 1536, Gil Vicente produziu mais de quarentapeças de teatro, chegando a publicar em vida algumasdelas.
No entanto, só em 1562 é que o seu filho Luís Vicentepublicou toda a sua obra com o título Compilaçam detodalas obras de Gil Vicente.
Literatura Clássica séc. XVI a XVIII
Gil Vicente (1465?-1537?)
Auto da Índia (1509),
Exortação da Guerra (1513)
Quem Tem Farelos? (1515)
Auto da Barca do Inferno (1517)
Auto da Fama (1521)
Farsa de Inês Pereira (1523)
Auto da Feira (1528)
Floresta de Enganos (1536).
Literatura Clássica séc. XVI a XVIII
Luís Vaz de Camões terá nascido em Lisboa por volta de 1524.Viveu algum tempo em Coimbra onde terá frequentado aulas deHumanidades.Regressou a Lisboa, levando aí uma vida de boémia.Em 1553, depois de ter sido preso devido a uma rixa, parte paraa Índia. Fixou-se na cidade de Goa onde terá escrito grandeparte da sua obra.Regressa a Portugal em 1569, pobre e doente, conseguindopublicar Os Lusíadas em 1572.Faleceu em Lisboa no dia 10 de Junho de 1580.Luís de Camões
(1525? 1580)
Literatura Clássica séc. XVI a XVIII
Obras:
Os Lusíadas (poesia épica, 1572);
Rimas (poesia lírica, 1595);
El-Rei Seleuco (teatro, 1587); Auto de
Filodemo (teatro, 1587); Anfitriões (teatro,
1587).
Literatura Clássica séc. XVI a XVIII
Fugiste de um amor tão conhecido,fugiste de üa fé tão clara e firme,e seguiste a quem nunca conheceste,não por fugir de Amor, mas por fugir-me;que bem vias que tinha merecidoo amor que tu a outrem concedeste.A mim não me fizestenenhüa sem-razão, que bem conheçoque tanto não mereço;fizeste-a àquele bem, firme e sincero,que sabes que te quero,em lhe tirar a glória merecida.Perca, quem te perdeu, também a vida.
Literatura Clássica séc. XVI a XVIII
Barroco
Literatura Clássica séc. XVI a XVIIIFoi missionário, pregador, diplomata, político e escritor.
O seu sermão mais famoso é o "Sermão de Santo
António aos Peixes", pregado na cidade de São
Luís do Maranhão em 1654.
Padre António Vieira(1608-1697)
Literatura Clássica séc. XVI a XVIII
Neoclassicismo
Literatura Clássica séc. XVI a XVIII
Vai para a Academia Real da Marinha aos 14 anos e embarca em serviço para a Índia em 1786.
Vive dois anos em Goa, regressando a Lisboa com 25
anos de idade. Aí dedica-se a uma vida desregrada
entre os botequins e as tertúlias literárias.
Pertenceu à Nova Arcádia onde era conhecido pelo
pseudónimo de Elmano Sadino.
O seu pendor satírico levou-o à prisão do Limoeiro,
Manuel Maria Barbosa du Bocage(1765-1805)
Literatura Clássica séc. XVI a XVIII
Manuel Maria Barbosa du Bocage(1765-1805)
Lusos heróis, cadáveres cediços,Erguei-vos dentre o pó, sombras honradas,Surgi, vinde exercer as mãos mirradasNestes vis, nestes cães, nestes mestiços.
Vinde salvar destes pardais castiçosAs searas de arroz, por vós ganhadas;Mas ah! Poupai-lhe as filhas delicadas,Que. Elas culpa não têm, têm mil feitiços.
De pavor ante vós no chão se deiteTanto fusco rajá, tanto nababo,E as vossas ordens, trémulo, respeite.
Vão para as várzeas, leve-os o Diabo;Andem como os avós, sem mais enfeiteQue o langotim, diámetro do rabo.
Literatura Modernaséc. XIX
Romantismo
Alexandre Herculano(1810-1877)
Obras publicadasPoesia – A Voz do Profeta (1836); A Harpa doCrente (1838); Poesias (1850).Teatro – O Fronteiro de África ou três noitesaziagasFicção: O Bobo (romance, 1843);Eurico, oPresbítero (romance, 1844); O Monge deCister (2 vols., 1848); Lendas e narrativas (2vols., 1851)
Literatura Modernaséc. XIX
Alexandre Herculano(1810-1877)
A Voz
É tão suave ess'hora,Em que nos foge o dia,E em que suscita a LuaDas ondas a ardentia,
Se em alcantis marinhos,Nas rochas assentado,O trovador meditaEm sonhos enteado! (…)
Literatura Modernaséc. XIX
Almeida Garrett(1799-1854)
Teatro – Catão (tragédia, Coimbra, 1822)Um Auto de Gil Vicente (Lisboa, 1842);Frei Luís de Sousa (drama, 1843); Falar Verdade a Mentir (comédia,Lisboa 1846);Ficção – O Arco de Santana (romance, 1845); Viagens na MinhaTerra (romance, 1846);Poesia – Retrato de Vénus (Coimbra, 1821); Camões (Paris, 1825); DonaBranca ou a Conquista do Algarve (Paris, 1826; pseudónimo de F.E.); Adosinda (Londres, 1828); Lírica de João Mínimo (Londres,1829); Flores sem Fruto (1845); Folhas Caídas(1853).Cancioneiros – Romanceiro e Cancioneiro Geral, vol. I. (Lisboa,
1843); Romanceiro e Cancioneiro Geral, vols. II e III (Lisboa 1851).
Literatura Modernaséc. XIX
Almeida Garrett(1799-1854)
Pescador da barca bela,Onde vais pescar com ela,Que é tão bela,Ó pescador?Não vês que a última estrelaNo céu nublado se vela?Colhe a vela,Ó pescador!Deita o lanço com cautela,Que a sereia canta bela...Mas cautela,Ó pescador!
Não se enrede a rede nela,Que perdido é remo e velaSó de vê-la,Ó pescador!Pescador da barca bela,Inda é tempo, foge dela,Foge dela,Ó pescador!
Literatura Modernaséc. XIX
Realismo
Literatura Modernaséc. XIX
Eça de Queirós(1845-1900)
Algumas obrasO Mistério da Estrada de Sintra (em colaboração com Ramalho Ortigão,1870);O Crime do Padre Amaro (romance, 1875);A Tragédia da Rua das Flores (romance, 1877-78);O Primo Basílio(romance, 1878);O Mandarim (novela, 1880);A Relíquia (romance, 1887);Os Maias (romance, 1888);Correspondência de Fradique Mendes (1900);A Ilustre Casa de Ramires (romance, 1900);A Cidade e as Serras (romance, 1901);Contos (1902);Prosas Bárbaras (1903);
Literatura Modernaséc. XIX
Antero de Quental(1842-1891)
Algumas obrasSonetos de Antero (1861);Beatrice e Fiat Lux (1863);Odes Modernas (1865; 2.ª ed. em 1875);Bom Senso e Bom Gosto (opúsculos, 1865); SonetosCompletos (1886);A Filosofia da Natureza dos Naturistas (1886);Tendências Gerais da filosofia na Segunda Metade doSéculo XIX (1890);Raios de Extinta Luz (1892).
Literatura Modernaséc. XIX
Antero de Quental(1842-1891)
Literatura Modernaséc. XIX
Sim! que é preciso caminhar avante!Andar! passar por cima dos soluços!Como quem numa mina vai de bruçosOlhar apenas uma luz distante!
É preciso passar sobre ruínas,Como quem vai pisando um chão de flores!Ouvir as maldições, ais e clamores,Como quem ouve músicas divinas!
Beber, em taça túrbida, o veneno,Sem contrair o lábio palpitante!Atravessar os círculos do Dante,E trazer desse inferno o olhar sereno! (…)
Modernismo(movimento Orpheu)
Literatura Modernaséc. XIX
Fernando Pessoa(1888-1935)
Devido à sua capacidade de «outrar-se», cria váriosheterónimos (Alberto Caeiro, Álvaro de Campos, RicardoReis, Bernardo Soares, etc.), assinando as suas obras deacordo com a personalidade de cada heterónimo.É considerado um dos maiores poetas portugueses.
Literatura Modernaséc. XIX
Fernando Pessoa(1888-1935)
Literatura Modernaséc. XIX
TabacariaNão sou nada.Nunca serei nada.Não posso querer ser nada.À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.(…)Falhei em tudo.Como não fiz propósito nenhum, talvez tudo fosse nada.A aprendizagem que me deram,Desci dela pela janela das traseiras da casa.
Álvaro de campos
Modernismo(movimento Presença)
Literatura Modernaséc. XIX
Miguel Torga(1907-1995)
Pseudónimo de Adolfo Correia da RochaEsteve de início literariamente próximo do grupoda Presença, sediado em CoimbraComeçou a ser conhecido como poeta, tendo mais tardeganho notoriedade com os seus contos ruralistas e os seusdezasseis volumes de Diário, estes publicados entre 1941-1995.
Literatura Modernaséc. XIX
Miguel Torga(1907-1995)
Literatura Modernaséc. XIX
REGRESSO
Regresso às fragas de onde me roubaram.Ah! minha serra, minha dura infância!Como os rijos carvalhos me acenaram,Mal eu surgi, cansado, na distância!
Cantava cada fonte à sua porta:O poeta voltou!Atrás ia ficando a terra mortaDos versos que o desterro esfarelou.
Depois o céu abriu-se num sorriso,E eu deitei-me no colo dos penedosA contar aventuras e segredosAos deuses do meu velho paraíso.
Literatura Contemporâneaséc. XX e XXI
Florbela Espanca(1894-1930)
ALMA A SANGRAR
Quem fez ao sapo o leito carmesim De rosas desfolhadas à noitinha? E quem vestiu de monja a andorinha, E perfumou as sombras do jardim?
Quem cinzelou estrelas no jasmim? Quem deu esses cabelos de rainha Ao girassol? Quem fez o mar? E a minha Alma a sangrar? Quem me criou a mim? (…)
Literatura Contemporâneaséc. XX e XXI
Eugénio de Andrade(1923-2005)
Adeus
Já gastámos as palavras pela rua, meu amor, e o que nos ficou não chega para afastar o frio de quatro paredes. Gastámos tudo menos o silêncio. Gastámos os olhos com o sal das lágrimas, gastámos as mãos à força de as apertarmos, gastámos o relógio e as pedras das esquinas em esperas inúteis. (…)
Literatura Contemporâneaséc. XX e XXI
Sophia de Mello Breyner Andresen(1919-2004)
PORQUE
Porque os outros se mascaram mas tu nãoPorque os outros usam a virtudePara comprar o que não tem perdãoPorque os outros têm medo mas tu não
Porque os outros são os túmulos caiadosOnde germina calada a podridão.Porque os outros se calam mas tu não.
Porque os outros se compram e se vendemE os seus gestos dão sempre dividendo.Porque os outros são hábeis mas tu não.
(…)
Literatura Contemporâneaséc. XX e XXI
Manuel Alegre(1936 - )
LIBERDADE
Sobre esta página escrevoteu nome que no peito trago escritolaranja verde limãoamargo e doce o teu nome.Sobre esta página escrevoo teu nome de muitos nomes feito água e fogo lenha ventoprimavera pátria exílio. (…)
Literatura Contemporâneaséc. XX e XXI
Alexandre O’Neill(1924 - 1986 )
Há palavras que nos beijamComo se tivessem boca,Palavras de amor, de esperança,De imenso amor, de esperança louca.
Palavras nuas que beijasQuando a noite perde o rosto,Palavras que se recusamAos muros do teu desgosto.(…)
Literatura Contemporâneaséc. XX e XXI
Natália Correia(1923 - 1993 )
Literatura Contemporâneaséc. XX e XXI
Glorifiquei-te no eterno.Eterno dentro de mimfora de mim perecível.Para que desses um sentidoa uma sede indefinível.
Para que desses um nomeà exactidão do instantedo fruto que cai na terrasempre perpendicularà humidade onde fica.
E o que acontece durantena rapidez da descidaé a explicação da vida.
José Saramago(1922 - 2010 )
Literatura Contemporâneaséc. XX e XXI
Não me peçam razões, que não as tenho,Ou darei quantas queiram: bem sabemosQue razões são palavras, todas nascemDa mansa hipocrisia que aprendemos.
Não me peçam razões por que se entendaA força de maré que me enche o peito,Este estar mal no mundo e nesta lei:Não fiz a lei e o mundo não aceito.
Não me peçam razões, ou que as desculpe,Deste modo de amar e destruir:Quando a noite é de mais é que amanheceA cor de primavera que há-de vir.
José Luís Peixoto(1974 - )
Literatura Contemporâneaséc. XX e XXI
Impossível é não Viver.
Se te quiserem convencer de que é impossível, diz-lhes que impossível é ficares calado, impossível é não teres voz. Temos direito a viver. Acreditamos nessa certeza com todas as forças do nosso corpo e, mais ainda, com todas as forças da nossa vontade. Viver é um verbo enorme, longo. Acreditamos em todo o seu tamanho, não prescindimos de um único passo do seu/nossocaminho. (…)