TÉCNICAS DE HIPNOSE AGREGADAS À TERAPIA COGNITIVO ... · (GOLDEN, 2012, p. 3) e ao que Beck chama...

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CETCC - CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL PAMELA MARQUES FORTE TÉCNICAS DE HIPNOSE AGREGADAS À TERAPIA COGNITIVO- COMPORTAMENTAL SÃO PAULO 2019

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CETCC - CENTRO DE ESTUDOS EM TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL

PAMELA MARQUES FORTE

TÉCNICAS DE HIPNOSE AGREGADAS À TERAPIA COGNITIVO-

COMPORTAMENTAL

SÃO PAULO

2019

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PAMELA MARQUES FORTE

TÉCNICAS DE HIPNOSE AGREGADAS À TERAPIA COGNITIVO-

COMPORTAMENTAL

Trabalho de conclusão de curso Lato Sensu

Área de concentração: Terapia Cognitivo-

Comportamental

Orientadora: Psicóloga Silvia Leite Pacheco

Coorientadora: Profª Msc. Eliana Melcher Mar-

tins

São Paulo

2019

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Fica autorizada a reprodução e divulgação deste trabalho, desde que citada a fonte.

Forte, Pamela Marques

Técnicas de Hipnose agregadas à Terapia Cognitivo-Comportamental

Pamela Marques Forte, Silvia leite Pacheco, Eliana Melcher Martins – São Paulo, 2019. 28 f. + CD-ROM Trabalho de conclusão de curso (especialização) - Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-Comportamental (CETCC). Orientadora: Silvia leite Pacheco Coorientadora: Profª. Msc. Eliana Melcher Martins 1 Técnicas de hipnose, 2. Terapia cognitivo-comportamental. I. Forte, Pamela Marques, II. Pacheco, Silvia Leite, III. Martins, Eliana Melcher.

Pamela Marques Forte

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PAMELA MARQUES FORTE

Monografia apresentada ao Centro de Estu-

dos em Terapia Cognitivo Comportamental

como parte das exigências para obtenção do

título de Especialista em Terapia Cognitivo-

Comportamental

BANCA EXAMINADORA

Parecer: ____________________________________________________________

Prof. _____________________________________________________

Parecer: ____________________________________________________________

Prof. _____________________________________________________

São Paulo, ___ de ___________ de _____

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Dedico este trabalho à todas as pessoas cita-

das em meus agradecimentos e ao meu faleci-

do e querido pai.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, gostaria de agradecer a

Deus, pois até aqui Ele tem me sustentado e

nada disso seria possível sem Sua ajuda di-

vina.

Eu agradeço imensamente ao apoio da

minha família, em especial minha irmã Kátia,

que me ajudou com os custos desta especia-

lização.

Muito obrigada também à minha queri-

da e primeira psicóloga cognitivo comporta-

mental Flávia Krahenhofer, pois sem ela eu

jamais teria conhecido esta maravilhosa li-

nha teórica e seus efeitos. Também gostaria

de agradecer minha antiga psicóloga Dra.

Marina Moreno, pela indicação da instituição,

seu apoio e por acreditar em mim como pro-

fissional. E por último – e não menos impor-

tante – gratidão à minha orientadora Silvia

Pacheco pela paciência e dedicação.

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RESUMO

Esta monografia apresenta o contexto histórico do uso da hipnose e da terapia cog-

nitivo-comportamental inseridas no contexto de saúde mental com o objetivo em

comum de promover mudanças tanto nos padrões comportamentais como nos pen-

samentos e emoções. Assim, com o passar dos anos vários autores, tanto psicólo-

gos como hipnoterapeutas, começaram a usar as técnicas de hipnose agregadas à

terapia cognitivo comportamental para o tratamento de diversos transtornos mentais

como a depressão e a ansiedade, dando origem ao que chamamos de hipnoterapia

cognitiva.

Neste trabalho foram analisados onze artigos científicos estrangeiros que retratam o

uso das duas técnicas em diversos cenários da saúde mental, os quais foram utili-

zados também para melhorias em relação a problemas físicos como doenças de pe-

le. Deste modo, foi possível observar que a hipnoterapia cognitiva gerou resultados

positivos (e até mais rápidos do que se utilizada isoladamente) na maioria dos ca-

sos, exceto no que tange a transtornos alimentares.

Palavras-chave: hipnoterapia cognitiva – hipnose – terapia cognitivo-

comportamental.

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ABSTRACT

This monograph presents the historical background of the use of hypnosis and cogni-

tive behavioural therapy within the context of mental health, with a common goal of

promoting changes in both behavioural patterns and thoughts and emotions. Thus,

over the years several authors, both psychologists and hypnotherapists, have begun

to use hypnosis techniques combined with cognitive behavioural therapy to treat

several mental disorders such as depression and anxiety giving rise to what we call

Cognitive Hypnotherapy.

In this article we analysed eleven foreign scientific articles that portray the use of

both techniques in a variety of scenarios in mental health, what was also provided for

improvements related to physical problems such as skin diseases. Finally, it was ob-

served that cognitive hypnotherapy brought positive results (and even faster than if

used alone) in most cases, except for eating disorders.

Keywords: cognitive hypnotherapy – hypnosis – cognitive-behavioural therapy

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 8

2 OBJETIVO ............................................................................................................. 10

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 11

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 12

5 DISCUSSÃO .......................................................................................................... 23

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 24

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................... 25

ANEXOS

ANEXO A - TERMO DE RESPONSABILIDADE AUTORAL ……………....………. 27

ANEXO B - RPD ……………………………………......……………….………………. 28

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1 INTRODUÇÃO

Hipnose e Terapia Cognitivo Comportamental

A hipnose pode ser definida como um estado modificado de consciência

(EMC), com alterações relacionadas ao modo de vigília (SIMÕES e MONTEIRO,

2018, p. 47). É um evento que envolve atenção e concentração, além de contar com

a imaginação tanto do sujeito quanto do terapeuta (SIMÕES e MONTEIRO, 2018, p.

47). A aceitação de estímulos verbais (sem qualquer crítica) é uma característica da

hipnose e depende do nível de sugestionabilidade do sujeito (SIMÕES e MONTEI-

RO, 2018, p. 47). Ao contrário do que muitos pensam, o fenômeno da hipnose acon-

tece há séculos, desde a pré-história nos rituais tribais nos quais o feiticeiro alcança-

va um estado de transe em função da sonoridade dos tambores, o que lhe permitia

realizar previsões (MARTO, 2018, p. 4). Algumas das figuras mais importantes na

história de hipnose são: Franz Anton Mesmer, James Esdaile, Jean Martin Charcot,

Ivan Pavlov e Milton Erickson (MARTO, 2018, pp. 10-25).

Para a Associação Americana de Psicologia (APA, 2016), a hipnose é um

procedimento no qual um profissional de saúde ou pesquisador sugestiona que o

paciente vivencie mudanças relacionadas às sensações, percepções, pensamentos

ou comportamentos. Também é importante acrescentar que o Conselho Federal de

Psicologia, em 20 de dezembro do ano 2000, emitiu a resolução 013/00, afirmando

que “o uso da Hipnose inclui-se como recurso auxiliar de trabalho do psicólogo,

quando se fizer necessário, dentro dos padrões éticos, garantidos a segurança e o

bem-estar da pessoa atendida”.

A terapia cognitivo-comportamental (TCC) começou a ser desenvolvida

em 1960 por Aaron T. Beck, professor assistente de psiquiatria na Universidade da

Pennsylvania (BECK, 2013, p. 21). Na época, Beck buscava a aceitação da psicaná-

lise através de testes empíricos, porém durante seus experimentos encontrou cogni-

ções negativas e distorcidas como características primárias da depressão (BECK,

2013, p. 21). Assim, desenvolveu um tratamento de curta duração que envolvia a

testagem de evidências dos pensamentos do paciente depressivo (BECK, 2013, p.

21). Assim, a terapia cognitivo-comportamental está baseada na compreensão de

cada indivíduo em suas crenças e padrões de comportamentos (BECK, 2013, p.22).

O terapeuta visa produzir alterações cognitivas (pensamentos e sistema de crenças

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do paciente), e consequentemente levar a uma mudança nos sentimentos e compor-

tamentos (BECK, 2013, p. 22).

No que toca a interação da terapia cognitivo-comportamental e a hipnose

(hipnoterapia cognitiva comportamental), “os pensamentos desadaptativos são foco

de intervenção na TCC e na hipnoterapia cognitivo-comportamental” (GOLDEN,

2012, p. 3). Segundo Golden (2012) apud Araoz (1985) e Alladin (2007), a auto-

hipnose negativa é baseada em sugestões que causam distúrbios emocionais, e tal

conceito corresponde ao que Albert Ellis traduziu como conversa interior irracional

(GOLDEN, 2012, p. 3) e ao que Beck chama de pensamentos automáticos. (GOL-

DEN, 2012, apud BECK & EMERY, 1985).

Assim como a TCC busca técnicas de reestruturação cognitiva, ferramentas seme-

lhantes podem ser observadas na condução de alguns dos primeiros hipnoterapeu-

tas (GOLDEN, 2012, apud BERNHEIM, 1895; PRINCE & CORIAT, 1907, p. 3).

Um exemplo que podemos assinalar do encontro dessas duas vertentes seria a des-

sensibilização sistemática, técnica baseada em imagens que foi desenvolvida por

Wolpe em 1958 com o objetivo de tratar medos e fobias (GOLDEN, 2012, p. 2), hoje

muito utilizada nas terapias cognitivos-comportamentais.

Logo, “a Terapia cognitivo-comportamental (TCC) e hipnose compartilham

uma série de semelhanças que contribuem para uma integração natural das duas

abordagens” (GOLDEN, 2014, apud GOLDEN, 1983, 1985; GOLDEN, DOWD e

FRIEDBERG, 1987; GOLDEN e FRIEDBERG, 1986, p. 2). Para Golden apud Barber

e seus associados (2012), processos cognitivos como pensamento e imaginação

estão envolvidos tanto na hipnose como na TCC.

Este trabalho foca na Terapia Cognitivo-Comportamental agregada à hip-

nose e investiga a ocorrência de pesquisas e publicações que tratam desse tema, de

modo a buscar técnicas eficazes mais utilizadas nos diversos contextos de saúde

mental.

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2 OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é investigar o uso da hipnose no contexto

da terapia cognitivo-comportamental como ferramenta facilitadora do proces-

so terapêutico.

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3 METODOLOGIA

Para a realização deste trabalho, serão utilizados os seguintes bancos de

dados: Google Acadêmico (https://scholar.google.com.br/), voltado para a busca de

material científico através de palavras chave; American Journal of Clinical Hypnosis

(http://www.asch.net/Public/AmericanJournalofClinicalHypnosis.aspx), com artigos vo

ltdos para a área da hipnose e seu desenvolvimento; Elsevier (https://www.elsevier.c

om/pt-br), uma das maiores editoras científicas globais e Taylor & Francis Online

(https://www.tandfonline.com/), site proveniente de uma empresa inglesa que abriga

periódicos acadêmicos.

A busca será realizada utilizando as seguintes palavras chave em inglês:

cognitive hypnotherapy, hyphosis, cognitive-behavioural therapy e as palavras chave

em português: hipnoterapia cognitiva, hipnose, terapia cognitivo-comportamental.

O critério de inclusão será de artigos publicados entre os anos de 2002 a

2018, que relatam o uso da hipnose no enquadre cognitivo-comportamental, além de

livros com capítulos que abordem o tema.

Em relação ao critério de exclusão, não foram incluídos artigos e capítulos

que não atingiram as expectativas do tema.

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4 RESULTADOS

Os resultados foram baseados em 11 artigos científicos estrangeiros (es-

critos na língua inglesa), demonstrando e interação da hipnose e terapia cognitivo-

comportamental em diversos transtornos como ansiedade e a depressão maior e

sua eficácia. Os títulos foram organizados em inglês, com sua respectiva tradução

entre parênteses.

a) Cognitive Hypnotherapy in Addressing the Posttraumatic Stress Disor-

der (Hipnoterapia cognitiva no tratamento do transtorno de estresse pós traumática)

- Violeta Enea e Ion Dafinoiu

Através de um estudo de caso, o artigo apresenta como a hipnoterapia

cognitiva pode auxiliar pacientes que apresentam transtorno de estresse pós-

traumático (TEPT).

Segundo Enea e Dafinoiu (2013), o TEPT é caracterizado pela exposição

a um estressor extremo, como desastres naturais, guerras, ser tomado como refém,

violência familiar ou urbana, estupro, acidentes graves e entre outros eventos que

envolvem tanto a ameaça à própria vida como de outra pessoa presente.

Enea e Dafinoiu (2013) apud Bisson (2005) apresentaram estudos nos

quais a combinação de hipnose e terapia cognitivo-comportamental pode reduzir o

estresse agudo e sua sintomatologia. Enea e Dafinoiu (2013) apud Lynn et al. (2012)

afirmam que a hipnose é um processo cognitivo-comportamental.

No estudo de caso, utilizaram-se técnicas comportamentais como o rela-

xamento muscular progressivo e controle respiratório e a identificação e correção

das crenças disfuncionais foram realizadas simultaneamente com o tratamento de

memórias traumáticas, baseando-se no modelo de dessensibilização sistemática

numa adaptação da hipnoterapia cognitivo comportamental (ENEA e DAFINOIU,

2013). As sugestões terapêuticas são identificadas através da reestruturação cogni-

tiva. Na técnica chamada Método das Duas Colunas (ENEA e DAFINOIU, 2013

apud CHAPMAN, 2006), foi possível gerar um conjunto de pensamentos racionais

que foram utilizados como sugestões hipnóticas para reduzir a ansiedade do pacien-

te.

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No que toca ao tratamento de memórias traumáticas com auxílio da hip-

nose, utilizaram-se as técnicas de regressão e progressão da idade, a ponte emoci-

onal (ENEA e DAFINOIU, 2013 apud HAWKINS, 2006), a inibição de imagens intru-

sivas pela técnica “Stop” (que consiste em bloquear pensamentos intrusivos falando

em voz alta a palavra "Pare"), exposição a memórias traumáticas (ENEA e DAFI-

NOIU, 2013), e o “anxiômetro” (técnica de imagens mentais para avaliar e modificar

o nível de ansiedade, utilizado durante o transe). (ENEA e DAFINOIU, 2013 apud

DAFINOIU & VARGHA, 2003).

b) Cognitive Hypnotherapy for Major Depressive Disorder (Hipnoterapia

cognitive para depressão maior) - Assen Alladin.

Em casos de depressão maior, a hipnoterapia é utilizada muitas vezes no

início da prática da hipnoterapia cognitiva para quebrar o ciclo depressivo e promo-

ver a alteração de humor. (ALLADIN, 2013). A técnica é utilizada para induzir ao “re-

laxamento profundo, pois 50-76% dos pacientes deprimidos experimentam altos ní-

veis de ansiedade, seja devido à ansiedade comórbida” (ALLADIN, 2013 apud DO-

ZOIS & WESTRA, 2004) ou à falta de confiança em suas habilidades enfrentar de

forma eficaz os desafios da vida (ALLADIN, 2013). Alladin (2013) apud Brown e

Fromm (1990) apontam uma técnica hipnótica chamada "Realçar a experiência afe-

tiva e sua expressão", a fim de auxiliar o paciente deprimido a trazer o seu estado

emocional para plena consciência a experimentá-lo.

Para Alladin (2013), o número de sessões voltadas para as técnicas da

TCC será determinado segundo as necessidades do paciente e pela gravidade dos

sintomas depressivos. Em relação à qual será aplicado primeiro (hipnose ou TCC),

Alladin (2013) apud Alladin (2007, 2010, 2012) recomenda a prática cognitivo-

comportamental primeiramente caso o paciente esteja excessivamente preocupado

com cognições disfuncionais e ruminação depressiva. Entretanto, se o sujeito depri-

mido for excessivamente ansioso ou severamente deprimido, a hipnoterapia é con-

siderada a primeira opção (ALLADIN, 2013).

Ainda dentro do campo da hipnose, o autor assinala o uso da técnica

“Regressão ao Evento de Ativação Recente”, que permite acessar “cognições desa-

daptativas inconscientes relacionadas a um evento que poderia ter desencadeado

ou agravado o afeto depressivo.” (ALLADIN, 2013). Assim, o paciente recebe suges-

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tões para recordar a situação que causou o recente estado depressivo e, em segui-

da, é instruído a lembrar-se de suas emoções, respostas fisiológicas e comporta-

mentais e, por fim, as disfunções associadas às cognições. (ALLADIN, 2013).

O autor complementa:

“Uma vez que um conjunto temático de cognições falhas é

identificado, o paciente é treinado substituir as cognições mal adapta-

das por pensamentos ou imagens mais apropriadas e, depois, para

atender à resposta sincrética resultante (desejável). Este processo po-

de ter que repetido várias vezes até que todo o conjunto de cognições

falhas relacionadas a uma situação específica tenha a reestruturação

bem-sucedida (ou seja, a recordação do evento não produz mais o afe-

to depressivo).” (ALLADIN, 2013, p. 12).

c) Cognitive Hypnotherapy with Bulimia (Hipnoterapia cognitiva para buli-

mia) - Marianne Barabasz

A bulimia trata-se de um distúrbio alimentar que afeta principalmente pes-

soas do sexo feminino (adolescentes e jovens adultas). (BARABASZ, 2012). A auto-

ra traz em seu artigo, a revisão de vários estudos envolvendo o tratamento para a

bulimia, entre eles um capítulo do livro “Essentials of Clinical Hypnosis: Uma Abor-

dagem Baseada em Evidências, Lynn e Kirsch (2006)”, que retrata o uso da hipnose

juntamente com a intervenção cognitivo-comportamental, num programa de 20 se-

manas. (BARABASZ, 2012).

A terapia, neste estudo, foi composta de três etapas, conforme a distri-

buição abaixo:

• Primeiro estágio (sessões 1 a 10): psicoeducação e desenvolvimento

de métodos alternativos de controle de peso, além do automonitoramento de com-

portamentos alimentares. Através de roteiros hipnóticos (exemplo: sugestões pós-

hipnóticas para o automonitoramento do comportamento disfuncional), é possível

que os pacientes envolvidos foquem nos benefícios da mudança. (BARABASZ,

2012). Na segunda metade desta fase a intervenção é baseada na revisão dos re-

gistros, no reforço do modelo e na psicoeducação (BARABASZ, 2012). “Eles forne-

ceram um roteiro hipnótico para ajudar os clientes a se tornarem mais orientados

interpessoalmente e menos focados no comportamento alimentar”. (BARAB-

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ASZ, 2012, p. 9).

• Segundo estágio (8 sessões): foco voltado para a reestruturação cogni-

tiva. (BARABASZ, 2012). “Um objetivo importante do estágio 2 era reforçar o fato de

que as regras dietéticas extremas são a raiz do problema.” (BARABASZ, 2012, p. 9).

Com o auxílio do roteiro hipnótico introduzido, os pacientes foram auxiliados na tare-

fa de reintroduzir alimentos proibidos gradualmente e de forma controlada (BARA-

BASZ, 2012).

• Terceiro estágio: consolidação e a manutenção dos ganhos do trata-

mento. (BARABASZ, 2012), definindo expectativas realistas e planejamento para

lidar com comportamentos de compulsão ou purgação. (BARABASZ, 2012) “Infeliz-

mente, não foram fornecidos dados sobre a eficácia da intervenção.” (BARABASZ,

2012, p. 9)

Os três tratamentos descritos acima “foram baseados na abordagem

comportamental cognitiva para o tratamento da bulimia desenvolvida por Fairburn”.

(BARABASZ, 2012, p. 10). Salienta-se que os autores utilizaram a hipnose de ma-

neiras muito diferentes durante o tratamento e, assim, existe a necessidade de for-

necer informações suficientes para que os procedimentos possam ser replicados

com precisão (BARABASZ, 2012).

Desta forma, Barabasz (2012) conclui que, para a comprovação de um

tratamento possivelmente eficaz unindo as duas técnicas, um estudo conduzido in-

corporando as recomendações descritas acima (BARABASZ, 2012 apud CHAM-

BLESS & HOLLON, 1998) é suficiente na ausência de evidências conflitantes. “Para

ser designada como ‘eficaz’, a superioridade do tratamento precisa ser demonstrada

em pelo menos dois ambientes independentes de pesquisa. Se houver evidências

conflitantes, a preponderância dos dados bem controlados deve apoiar a eficácia do

tratamento. (BARABASZ, 2012, p. 10).

d) Cognitive hypnotherapy: an integrated approach to the treatment of

emotional disorders (Hipnoterapia cognitiva: uma abordagem integrada para o trata-

mento de transtornos emocionais) - Melvin A. Gravitz e Frank E. Gantz PsyD, ABPP,

WG Alladin, A.

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Os autores trazem um parecer sobre o livro “Hipnoterapia cognitiva”, de

Alladin A. Esta obra fornece uma base teórica e empírica integrativa para a prática

da hipnose clínica, assinalando em um dos capítulos como o Behaviorismo Cognitivo

(CB) “fornece a melhor "teoria do hospedeiro" para a assimilação de técnicas empiri-

camente apoiadas que emergem de vários modelos teóricos.” (GRAVITZ et. al,

2009, p.3)

Em seu livro, Alladin apresenta capítulos que abrangem distúrbios emoci-

onais (como a depressão), problemas físicos (como enxaquecas), e distúrbios de

excitação (insônia primária, disfunção sexual). (GRAVITZ et. al, 2009). Juntamente

com a formulação de caso, o autor orienta como integrar a hipnose cognitiva junto

aos métodos da TCC, fornecendo evidências para tratamento clínico e pesquisa.

(GRAVITZ et. al, 2009).

e) Cognitive change in patients undergoing hypnotherapy for irritable bow-

el syndrome (Mudanças cognitivas em pacientes realizando hipnoterapia para syn-

drome do intestine irritável) - Wendy M. Gonsalkoralea,*, Brenda B. Tonerb, Peter J.

Whorwell

Os sujeitos portadores da síndrome do intestino irritável, em sua grande

maioria, apresentam grandes prejuízos na qualidade de vida, além do sofrimento

psíquico associado às cognições distorcidas. (GONSALKORALE et.al, 2004). Neste

sentido, os autores do presente artigo realizaram um estudo com 78 pacientes por-

tadores do problema, num protocolo de 12 sessões nas quais seriam aplicadas téc-

nicas de hipnose para avaliar o impacto na alteração cognitiva destes sujeitos.

(GONSALKORALE et.al, 2004). Como resultado, observou-se que os pacientes me-

lhoraram significativamente em relação às distorções cognitivas atreladas ao tema (a

gravidade dos sintomas) (GONSALKORALE et.al, 2004). Instrumentos como a esca-

la de depressão e ansiedade desenvolvidos por Beck também foram utilizadas du-

rante a pesquisa (GONSALKORALE et.al, 2004). As sugestões hipnóticas também

auxiliariam os sujeitos no controle intestinal (GONSALKORALE et.al, 2004).

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f) Mindfulness-Based Cognitive Hypnotherapy and Skin Disorders (Hip-

noterapia cognitive baseada em mindfulness e doenças de pele) - Philip D. Shene-

felt

As práticas de mindfulness juntamente com a hipnoterapia cognitiva utili-

zam uma abordagem multifacetada (SHENEFELT, 2018). Shenefelt (2018), no pre-

sente artigo, apresentou uma revisão literária e um estudo de caso com a combina-

ção desses componentes (hipnoterapia cognitiva, mindulness e meditação) para au-

xílio dos pacientes portadores de distúrbios de pele.

O autor também cita outros estudos que demonstraram como a “hipnote-

rapia cognitiva breve tem sido usada com sucesso para resolução de mordida de

unha, neurodermatite, tricotilomania e verrugas usando ressignificação do estado de

vigília e sugestão hipnótica” (SHENEFELT, 2018, p. 4 apud ZARREN & EIMER,

2002, pp. 123-129, 224-226). No que toca aos distúrbios psicocutâneos que obtive-

ram melhora através da hipnoterapia cognitiva incluem: acne, dermatite atópica, pru-

rido (comichão), psoríase, tricotilomania e urticária (SHENEFELT, 2018 apud ALLA-

DIN, 2008, pp. 125-136).

A exploração do estado mental do paciente pode ser realizada através da

hipnose, bem como “sugestões direcionadas para os aspectos inflamatórios da ac-

ne, a experiência subjetiva de ansiedade, depressão, vergonha ou constrangimento

sobre ter a acne e comportamentos motivados pelo problema, como escolhas, es-

premer e afastamento social.” (SHENEFELT, 2018, p. 5).

O Relaxamento hipnótico auxiliou o sistema imunológico através da res-

tauração do equilíbrio autonômico, hormonal e imunológico, além de sugestões co-

mo, por exemplo, o treinamento de imagens mentais para cura da pele (SHENE-

FELT, 2018). A terapia cognitivo-comportamental foi utilizada afim de reduzir “per-

cepções distorcidas, trabalhar pensamentos e crenças, raiva, frustração, ansiedade,

depressão e estresse” (SHENEFELT, 2018, p. 5 apud ALLADIN, 2008, pp. 136-146),

cujos exemplos de inventários podem ser conferidos ao final deste trabalho58 (ane-

xo B).

Já em relação à meditação e mindfulness, os exercícios auxiliaram no

controle inflamatório, redução de estresse e treino do foco atencional (SHENEFELT,

2018).

Page 21: TÉCNICAS DE HIPNOSE AGREGADAS À TERAPIA COGNITIVO ... · (GOLDEN, 2012, p. 3) e ao que Beck chama de pensamentos automáticos. (GOL-DEN, 2012, apud BECK & EMERY, 1985). Assim como

18

Através da pesquisa proposta pelo autor, a eficácia da hipnoterapia cogni-

tiva foi comprovada tanto a curto prazo (dias) e a longo prazo (meses) em pacientes

portadores de distúrbios de pele. (SHENEFELT, 2018).

g) Cognitive Hypnotherapy: A New Vision and Strategy for Research and

Practice (Hipnoterapia cognitiva: uma nova visão e estratégia para pesquisa e práti-

ca) - Assen Alladin

Alladin (2012) apresenta neste artigo uma visão de psicoterapia integrati-

va, através da união das técnicas de hipnose e terapia cognitivo-comportamental

(hipnoterapia cognitiva), demonstrando como as duas formas de tratamento podem

ser complementares entre si.

Neste sentido, o autor traz os seguintes conceitos:

1. A hipnose pode realizar alterações em níveis cognitivos, somático, per-

ceptual, fisiológico, e alterações cinestésicos sob condições controladas, a combina-

ção de ambas as técnicas permitem o estudo dos processos psicológicos pelos

quais as distorções cognitivas (ruminação negativa) produzem mudanças relaciona-

das a muitos transtornos emocionais. (ALLADIN, 2012).

2. O segundo:

“Assim como a hipnose, os transtornos emocionais são

experiências altamente subjetivas. A hipnose permite insights notáveis

no domínio subjetivo da experiência humana e, portanto, fornece um

paradigma muito útil para compreender como a experiência, normal ou

anormal, sendo gerada e estruturada.” (ALLADIN, 2012, p. 5)

3. Tanto a hipnose quanto a TCC carecem em sua estrutura. Alladin ex-

plica:

“A TCC não se concentra na reestruturação cognitiva in-

consciente; em vez disso, concentra-se na reestruturação cognitiva via

raciocínio consciente e diálogo socrático. A hipnoterapia, por outro la-

do, tem sido tradicionalmente focada na percepção inconsciente, com

menos foco na reestruturação consciente e sistemática de cognições

disfuncionais.” (ALLADIN, 2012, p. 5)

Page 22: TÉCNICAS DE HIPNOSE AGREGADAS À TERAPIA COGNITIVO ... · (GOLDEN, 2012, p. 3) e ao que Beck chama de pensamentos automáticos. (GOL-DEN, 2012, apud BECK & EMERY, 1985). Assim como

19

Assim, afirma-se que muitas técnicas de TCC são facilmente conduzidas

com hipnose ou simplesmente renomeados como hipnose clínica orientada pela

TCC. (ALLADIN, 2012 apud SCHOENBERGER, 2000). A integração das duas abor-

dagens é citada como algo natural, considerando como a TCC e a hipnose partilham

uma série de semelhanças (como uso de imagens mentais e práticas de relaxamen-

to). (ALLADIN, 2012 apud GOLDEN, 2006).

h) Cognitive Hypnotherapy for Anxiety Disorders (Hipnoterapia cognitiva

para transtornos de ansiedade) - Golden, L. William

A Terapia cognitivo-comportamental (TCC) e hipnose possuem pontos em

comum, que levam a unificação das duas abordagens. (GOLDEN, 2012, apud,

GOLDEN 1983, 1985, GOLDEN, DOWD e FRIEDBERG, 1987; GOLDEN & FRIED-

BERG, 1986). Alguns exemplos seriam o uso de Imagens e técnicas de relaxamen-

to.

Wolpe (1958) usou hipnose para redução da ansiedade durante técnicas

de dessensibilização sistemática (uma técnica comportamental), em aproximada-

mente um terço dos seus casos (GOLDEN, 2012). A dessensibilização sistemática

juntamente com o tratamento hipnótico incluía indução hipnótica e sugestões envol-

vendo imagens de enfrentamento (GOLDEN, 2012).

O mesmo processo sem hipnose baseou-se apenas em relaxamento pro-

gressivo, sem auxílio de induções hipnótica e as sugestões com imagens de enfren-

tamento (GOLDEN, 2012). Os sujeitos que experimentaram a dessensibilização sis-

temática juntamente com hipnose tiveram maior redução da ansiedade em relação

àqueles que experimentaram apenas o relaxamento progressivo. (GOLDEN, 2012).

A reestruturação cognitiva aplicada a hipnoterapia “levou ao conceito de

auto-hipnose e como ela pode ser usada para ajudar os pacientes a entender como

suas auto-sugestões negativas produzem ansiedade.” (GOLDEN, 2012, p.7). Assim,

estes sujeitos são instruídos para identificar essas cognições e a substituir suas au-

to-sugestões negativas sugestões hipnóticas que auxiliam no alívio da ansiedade, e

podem ser aplicadas também durante o processo de dessensibilização sistemática.

“O método de duas colunas pode ser usado para formular essas sugestões hipnóti-

cas.” (GOLDEN, 2012, p. 7).

Page 23: TÉCNICAS DE HIPNOSE AGREGADAS À TERAPIA COGNITIVO ... · (GOLDEN, 2012, p. 3) e ao que Beck chama de pensamentos automáticos. (GOL-DEN, 2012, apud BECK & EMERY, 1985). Assim como

20

i) Cognitive Behavioral Hypnotherapy for Dissociative Disorders (Hip-

noterapia cognitive comportamental para transtornos dissociativos) - Catherine G.

Fine.

Fine (2012), afirma que os transtornos dissociativos de identidade são se-

quelas de experiências avassaladoras na infância, gerando múltiplas estruturas egó-

icas (FINE, 2012). Neste sentido, a autora traz em seu artigo associações com a

hipnoterapia cognitiva para manejo de pacientes portadores dessas desordens.

“A hipnose cognitiva dos transtornos dissociativos pres-

supõe a compreensão pressupõe a compreensão tanto da estrutura

não declarada do trabalho predeterminada pela natureza da psicopato-

logia dissociativa quanto do modelo de tratamento proposto pela tera-

pia cognitivo comportamental que, apesar de abordar uma pós-

traumatologia, requer estratégias intervencionistas muito diferentes

das do hipnoterapia cognitivo comportamental padrão para que o

TEPT não promova a descompensação do paciente.” (FINE, 2012, p.3)

Fine (2012), propôs utilizar o modelo BASK (comportamento, afeto, sen-

sação e conhecimento) de Braun (1988) de dissociação por ter mais afinidade com a

terapia cognitivo comportamental.

Esta proposta permite reestruturações e recontextualizações direcionadas

dentro e entre os estados do ego (FINE, 2012 apud FINE, 1991-1992). Fine (2012)

apud Braun (1988) relata que, indivíduos que não possuem quadros dissociativos

vivem e integram simultaneamente entre as quatro dimensões representadas na si-

gla BASK e têm conhecimento dos eventos, podendo associá-los a comportamen-

tos. Tais sujeitos têm sensações (físicas/fisiológicas/proprioceptivas) e suas associ-

ações (FINE, 2012).

Já os portadores de transtornos dissociativos se desconectam de qual-

quer ou todas as dimensões relacionadas a múltiplos eventos em suas vidas, princi-

palmente se associados a temas, pessoas de conteúdo traumático (FINE, 2012).

Page 24: TÉCNICAS DE HIPNOSE AGREGADAS À TERAPIA COGNITIVO ... · (GOLDEN, 2012, p. 3) e ao que Beck chama de pensamentos automáticos. (GOL-DEN, 2012, apud BECK & EMERY, 1985). Assim como

21

j) Hypnotherapy and cognitive behaviour therapy of acute stress disorder:

A 3-year follow-up (Hipnoterapia e terapia cognitivo-comportamental para o transtor-

no de estresse agudo: Um seguimento de 3 anos) – Bryant et. al

Neste estudo, os autores descrevem os benefícios a longo prazo de tera-

pia cognitivo comportamental aplicada a sobreviventes de episódios traumáticos

com distúrbios de estresse agudo. (BRYANT et. al, 2005). Após o período de pes-

quisa, foi possível observar:

“As análises de intenção de tratamento indicaram que 12

pacientes com TCC (36%), 14 pacientes com TCC/hipnose (46%) e 16

pacientes com TCC (67%) atenderam aos critérios de estresse pós-

trauma no seguimento de 2 anos. Os pacientes que receberam TCC ou

TCC/hipnose relataram menos reexperiência e menos sintomas de evi-

tação (...). Esses achados apontam para os benefícios a longo prazo da

aplicação precoce de TCC no mês inicial após o trauma.” (BRYANT et.

al, 2005, p.1)

Ao contrário da previsão dos autores que a hipnose e TCC facilitariam a

recuperação, constatou-se que não houve uma diferença evidente nem nas avalia-

ções de 6 meses ou de 3 anos de acompanhamento. Logo, essa informação pode

“indicar que a hipnose não aumenta os ganhos de tratamento da TCC ou que nosso

uso da hipnose não foi o ideal.” (BRYANT et. al, 2005, p.8).

k) Behavioral Therapy, Mindfulness, and Hypnosis as Treatment Methods

for Generalized Anxiety Disorder (Terapia comportamental, mindfulness e hipnose

como métodos de tratamento para o transtorno de ansiedade generalizada) - Ca-

rolyn Daitch

O transtorno de ansiedade generalizada (TAG) gera perturbações em ní-

veis cognitivo (preocupação excessiva e irreal), físico (dor de cabeça, quadros gas-

trointestinais) e emocional. (DAITCH, 2018).

Daitch (2018) utilizou em seu paciente técnicas de hipnose como uma

forma de complementar o relaxamento introduzido através do mindfulness (por indu-

Page 25: TÉCNICAS DE HIPNOSE AGREGADAS À TERAPIA COGNITIVO ... · (GOLDEN, 2012, p. 3) e ao que Beck chama de pensamentos automáticos. (GOL-DEN, 2012, apud BECK & EMERY, 1985). Assim como

22

ção e aprofundamento), também sugerindo uma série de intervenções com o objeti-

vo de auxiliar o paciente a gerir, de forma mais saudável, seus pensamentos e emo-

ções. Outras técnicas de hipnose utilizadas foram: âncora terapêutica, terapia do

ego-estado, progressão da idade com expectativa positiva, acesso a recursos inter-

nos e externos. (DAITCH, 2018). Em seu estudo, a autora também obteve bons re-

sultados utilizando abordagens cognitivas com a linguagem hipnótica. Neste sentido,

afirma:

“A TCC, que busca mudar o comportamento através da

mudança de pensamentos, se beneficia de técnicas linguísticas, tais

como abrandar o ritmo de entrega ou suavizar o teor da voz.” (DAITCH,

2018, p. 10)

Page 26: TÉCNICAS DE HIPNOSE AGREGADAS À TERAPIA COGNITIVO ... · (GOLDEN, 2012, p. 3) e ao que Beck chama de pensamentos automáticos. (GOL-DEN, 2012, apud BECK & EMERY, 1985). Assim como

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5 DISCUSSÃO

De acordo com os resultados obtidos nos 11 artigos foi possível perceber

que a hipnose e a terapia cognitivo-comportamental compartilham de várias técnicas

semelhantes, conformem propunham Alladin (2012) e Golden (2006). Além disso, foi

demonstrado pela maior parte dos autores que ambas trabalham perfeitamente jun-

tas, de forma muitas vezes complementar (uma vez que ambas carecem em sua

estrutura, conforme propõe Alladin, 2012).

A hipnose foi utilizada (com sucesso) na maioria do estudos como com-

plemento da terapia cognitivo-comportamental para identificação e flexibilização de

crença e padrões disfuncionais e indução para estados de relaxamento/mindfulness

(artigos de transtornos depressivos, ansiosos, insônia, disfunção sexuais, transtor-

nos dissociativos), treino de foco atencional (bulimia) e controle intestinal (síndrome

do intestino irritável). Além disso, autores como Enea e Dafinoiu (2013) apud Lynn et

al. (2012) consideram a hipnose um processo cognitivo-comportamental. A terapia-

cognitivo comportamental e a hipnose também se mostraram eficazes para os trata-

mentos de problemas físicos como enxaqueca e de pele, desordens muitas vezes

ligadas a estados psicológicos.

Entretanto, nos transtornos alimentares e em casos de estresse agudo, a

união das duas técnicas não teve um parecer favorável pela autora Barabasz (2012),

pois não indicava benefícios nem a curto ou longo prazo dos pacientes submetidos.

As justificativas giraram em torno de hipóteses relacionadas às evidências conflitan-

tes nos ambientes de pesquisa ou até mesmo ao mal-uso das técnicas.

Page 27: TÉCNICAS DE HIPNOSE AGREGADAS À TERAPIA COGNITIVO ... · (GOLDEN, 2012, p. 3) e ao que Beck chama de pensamentos automáticos. (GOL-DEN, 2012, apud BECK & EMERY, 1985). Assim como

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste estudo, foram apresentados os resultados presentes em 11 artigos

que abordam o uso de hipnose e terapia cognitivo-comportamental em diversos

transtornos mentais, nos quais 9 destes apresentaram parecer favorável. Assim, é

possível concluir que o uso das duas técnicas proporciona resultados muito mais

positivos e rápidos do que quando utilizadas de forma isolada.

Dos diversos transtornos psicológicos descritos, os únicos que não obtive-

ram os resultados esperados pelos autores foram em relação a hipnose e terapia

cognitivo-comportamental aplicada aos transtornos alimentares e transtorno de es-

tresse agudo. Ainda assim, os autores ressaltam que, provavelmente, tais conse-

quências podem estar relacionadas ao mal-uso das técnicas de hipnose ou proble-

mas em campos de pesquisa.

Page 28: TÉCNICAS DE HIPNOSE AGREGADAS À TERAPIA COGNITIVO ... · (GOLDEN, 2012, p. 3) e ao que Beck chama de pensamentos automáticos. (GOL-DEN, 2012, apud BECK & EMERY, 1985). Assim como

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ANEXO A

Termo de Responsabilidade Autoral

Eu Pamela Marques Forte, afirmo que o presente trabalho e suas devidas

partes são de minha autoria e que fui devidamente informado da responsabilidade

autoral sobre seu conteúdo.

Responsabilizo-me pela monografia apresentada como Trabalho de Conclu-

são de Curso de Especialização em Terapia Cognitivo Comportamental, sob o título

“Técnicas de Hipnose agregadas à Terapia Cognitivo-Comportamental”, isen-

tando, mediante o presente termo, o Centro de Estudos em Terapia Cognitivo-

Comportamental (CETCC), meu orientador e coorientador de quaisquer ônus conse-

quentes de ações atentatórias à "Propriedade Intelectual", por mim praticadas, as-

sumindo, assim, as responsabilidades civis e criminais decorrentes das ações reali-

zadas para a confecção da monografia.

São Paulo, __________de ___________________de______.

_______________________

Assinatura do (a) Aluno (a)

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ANEXO B – RPD

Figura 1 - exemplo de exercício utilizado para reestruturação de pensa-

mentos e crenças.