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Todos os direitos reservados. Copyright © 1999 para a língua portuguesa da Casa Publicadora das Assembléias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.

Preparação dos originais: Marcus Braga Revisão: Kleber Cruz Capa e projeto gráfico: Rafael Paixão Editoração: Marlon Soares

CDD: 230 - Teologia Sistemática ISBN: 85-263-06 01-4

As citações bíblicas foram extraídas da versão Almeida Revista e Corrigida, edição de 1995, da Sociedade Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário.

Para maiores informações sobre livros, revistas, periódicos e os últimos lançamentos da CPAD,  

visite nosso site: http://www.cpad.com.br

Casa Publicadora das Assembléias de Deus Caixa Postal 33120001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil 

10a impressão: 2011

Tiragem 1.000

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■St TM Á KTO

INTRODUÇÃO GERAL...........................................................................71. T e o l o g i a  — D e f i n i ç ã o   .......................................................................................7

2 . A Fo n t e  d o  E s t u d o   d a  T e o l o g i a   .................................................................7

- CAPÍTULO 1 — BIBLIOLOGIA — As Sagradas Escrituras...................9

1. O r i g e m   d a  B í b l i a   .................................................................................................. 10

2 . A In s p i r a ç ã o

  Pl e n á r i a

 d a s

 Es c r i t u r a s

 En t r o u ...............................

113 . A E s t r u t u r a  d a  B í b l i a ................................................... 14

4 . A A u t o r i d a d e   d a   B íb l ia   S a g r a d a   ........................................................... 16

r CAPÍTULO 2 — TEOLOGIA — A Doutrina de Deus.....................  19

1 . A E x is t ê n c i a   d e  D e u s ........................................................................................ 2 0

2. D e u s  É R e v e l a d o  a t r a v é s   d o s  A t r i b u t o s

d a   s u a  D i v i n d a d e ................................................................................................

223 . D e u s   s e  M a n i f e s t a   a t r a v é s  d o s  s e u s  A t r i b u t o s

e m   R e l a ç ã o  à   s u a  C r i a ç ã o   .......................................................................... 3 0

4 . D e u s   s e  M a n i f e s t a   a t r a v é s   d o s  A t r i b u t o s

d a  s u a  N a t u r e z a  ..................................................................................................3 6

5 . O Po d e r  C r i a d o r   d o   D e u s   E t e r n o  ...........................................................4 0

CAPÍTULO 3 — CRISTOLOGIA — A Doutrina de Cristo  ..........   47

1. A P r e e x i s t ê n c i a  E t e r n a   d e  J e s u s ...............................................................4 8

2. A E n c a r n a ç ã o  d e J e s u s ..................................................................483 . J e s u s  — O V e r d a d e i r o  D e u s ........................................................................50

4 . J e s u s  — O V e r d a d e i r o  H o m e m ................................................................... 53

5 . J e s u s  U n iu  n a  s u a   Pe s s o a  a s   D u a s  N a t u r e z a s   P e r f e i t a s ...........57

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T e o l o c i a   S i s t e m á t i c a

6 . O s M i s t é r i o s   d e   C r i s t o , o  U n g i d o  ...........................................................5 9

7 . A s O b r a s   d e  J e s u s  C r i s t o   .............................................................................. 6 4

C A P Í T U L O 4 — P N E U M A T O L O G IA — A Dout r ina 

do Espíri to San t o .................................................................................................   79

1. In t r o d u ç ã o   .............................................................................................................8 0

2 . O E s pír i t o  S a n t o  É D e u s ................................................................................8 2

3 . O E s pír i t o  S a n t o  É u m a   P e s s o a   .................................................................8 3

4 . O E s pír i t o  S a n t o  a t r a v é s   d o s   s e u s  N o m e s ......................................... 8 4

5. S ím bo l o s  d o  E s pír i t o  S a n t o   .........................................................................8 7

6 . As O b r a s d o E sp ír it o S a n t o ........................................................................8 8

7. O B a t i s m o  n o  E s pír i t o   S a n t o   .....................................................................9 6

8 . O E s pír i t o  S a n t o  T r a n s m i t e  o  P o d e r   e  a  S a b e d o r i a

d e  D e u s  a t r a v é s  d o s   D o n s   E s p i r i t u a i s ................................................ 102

9 . O E s pír i t o  S a n t o  O p e r a  t a m b é m   pe l o s  M i n i s t é r i o s   115

1 0 . 0 E s pír i t o   S a n t o  O p e r a  n a   R e s s u r r e i ç ã o  .................................... 1 1 9

1 1. A O p e r a ç ã o  d o  E s pír i t o  S a n t o  É C o n d i c i o n a l ......................

1 2 0

C A P Í T U L O 5 — A N T R O P O L O G IA

A Dou t r i na do H om em ...................................................................................125

1. D e u s  É a  O r i g e m   d o  H o m e m .......................................................................1 2 6

2 . O H o m e m  F o i  C r i a d o  à   Im a g e m   e  S e m e l h a n ç a  d e  D e u s   127

3 . O H o m e m   É C o m p o s t o   d e   C o r p o , A l m a   e  E s p í r i t o  ...................... 1 2 9

4 . 0 H o m e m  D i a n t e  d a  M o r t e  e  d a  E t e r n i d a d e ................................. 133

C A P ÍT U L O 6 — H A M A R T IO L O G I A

A Doutr i na do Pecado .......................................................................................143

1. O r i g e m   d o   P e c a d o   ...........................................................................................144

2. D e  q u e  M a n e i r a  E n t r o u  o   P e c a d o  n o  M u n d o ?  ............................145

3 . A D e f i n i ç ã o  d o   Pe c a d o  à   Lu z  d a  Q u e d a   d o  H o m e m   1474 . A s C o n s e q ü ê n c i a s  d o  P e c a d o   .................................................................. 148

^ C A P Í T U L O 7 — S O T E R I O L O G I A — A Dout r i na da Sal vação ....   153

1. In t r o d u ç ã o   ...........................................................................................................154

2 . A S a l v a ç ã o .......................................................................................................... 161

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S u m á r i o

3.  A C e r te z a d a S a l v a ç ã o ...............................................................................1644.  O A r r e p e n d i m e n t o ........................................................................................... 168

5.  A C o n v e r s ã o ......................................................................................................1716.  A R e g e n e r a ç ã o .................................................................................................. 1747.  A J u s t i f i c a ç ã o ...................................................................................................1808.  A S a n t i f i c a ç ã o .................................................................................................1869.  O C r e s cim e n t o E s p i r it u a l ...........................................................................19310.  A P r e se rv a ç ão d a S a l v a ç ã o   .................................................................. 197

^CAPÍTULO 8 — ECLESIOLOGIA — A Doutrina da Igreja..........

2091.  A O rig em d a I g r e j a ........................................................................................2102.  A E s t r u t u r a d a Ig r e ja .................................................................................2133.  A P r o p ó s it o de D eu s p a r a c o m a I g r e j a ............................................2174 . O G o v e r n o  d a   Ig r e j a   ....................................................................................2 2 8

5.  A D i scipl ina n a Ig re j a ...................................................................................2346.  As O r d en a n ç a s d a I g r e j a ..................................................................  240

7.  As F i n a n ç a s d a I g r e j a...................................................................................

2498.  A I g r e ja s ó P o d e r á C u m p r ir a s u a F i n ali d ad e

pelo Poder do Espíri to S a n t o  ..................................................................254

CAPÍTULO 9 — ANGELOLOGIA — A Doutrina dos Anjos  269

1. In t r o d u ç ã o   ..........................................................................................................2 7 0

2. D i f e r e n t e s  C a t e g o r i a s   d e  A n j o s ............................................................ 2 7 0

3 .  A O rig em , a N a t u r e z a e o  C a r á t e r d o s  A n j o s  ...........................

2 7 44 . O A n jo d a  Fa c e  d o S e n h o r ........................................................................2 7 7

5 . A G r a n d e  M is s ã o   d o s  A n j o s ................................................................... 2 7 8

6 . A Q u e d a de L ú c i fe r n o  C é u   ...................................................................... 2 8 4

7.  A O r g a n iz a çã o S a t â n i c a   .......................................................................... 2888.  Os M é t o d o s d e L u t a de S a t a n á s e d o s D e m ô n io s ....................... 2899.  A V i t ó r i a de Je su s s o b re S a t a n á s ..........................................................291

CAPÍTULO 10 — ESCATOLOGIA

A Doutrina das Ultimas Coisas....................................................... 293

1 . A P a l a v r a  P r o f é t ic a   ..................................................................................... 2 9 4

2.  A P r o f e c i a - c h a v e ............................................................................................2993 .  S i n a i s   d o s  T e m po s ............................................................................................3 0 2

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N T R O D I i r à O C tFR Aí

1. T e o l o g i a  — D e f i n i ç ã o

Teologia (da palavra grega Théos — Deus e logos — ciência, tratado, isto é, “tratado sobre Deus”) é uma exposição da ciência deDeus e as relações entre Deus e o universo. Deus existe. Ele criou oscéus e a terra, e o homem conforme a sua imagem (cf. Gn 1.26).Deus quer ter relações com o homem. O homem, criado por Deus,tem condições de ter contato com Ele. A Teologia é a ciência que

tem por objetivo fazer-nos conhecer a pessoa de Deus, isto é, DeusPai, Deus Filho e Deus Espírito Santo, e a sua vontade para com oshomens.I   Teologia Sistemática significa a exposição de conhecimentos e dados sobre Deus, postos em ordem sistemática e progressiva, descreven-do-os por sua ordem, desde o princípio (cf. Lc 1.3). —J 

2 . A F o n t e   d o  E s t u d o   d a  T e o l o g i a

A fonte verdadeira para o estudo da doutrina de Deus é a sua Palavra, a Bíblia. Esse compêndio completo, divinamente inspirado pelo

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

Espírito Santo (cf. 2 Tm 3.16; 2 Pe 1.21), dá-nos condições de ficar“inteirados” (cf. 2 Tm 3.14) e “sábios para a salvação” (cf. 2 Tm 3.15).

E necessário um verdadeiro esforço para estudar a Palavra de Deus:“Medita estas coisas, ocupa-te nelas” (1 Tm 4.15) e: “Persiste em ler”(1 Tm 4.13). Precisamos entrar no santuário da revelação de Deuspara que tenhamos compreensão dos seus mistérios (cf. Ef 3.2-4).

O homem natural tem grande limitação para compreender as coisas de Deus (cf. 1 Co 2.14). A profundidade de riquezas, tanto da

sabedoria como da ciência de Deus, é insondável (cf. Rm 11.33), epor isso carecemos da ajuda divina para penetrar nesses mistérios. Eesse auxílio de que precisamos é Deus quem nos oferece. O Espíritode sabedoria e de revelação é dado (cf. Ef 1.17), e tem por finalidadeiluminar os olhos do nosso entendimento para que saibamos qualseja a esperança da nossa vocação e quais as riquezas da sua herança(cf. Ef 1.18). Afinal, seremos “corroborados com poder pelo seu Es

pírito no homem interior; para que Cristo habite, pela fé, no vossocoração; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdesperfeitamente compreender, com todos os santos, qual seja a largura,o comprimento, e a altura, e a profundidade e conhecer o amor deCristo, que excede todo entendimento” (Ef 3.16-18). E verdade! “Asua unção vos ensina” (1 Jó 2.27).

Porém, apesar de todo o nosso esforço e da ajuda do Espírito Santo,

experimentaremos, enquanto estivermos neste mundo, que o nossoconhecimento das coisas de Deus sempre será limitado. “Porque, emparte, conhecemos e, em parte, profetizamos” (1 Co 13.9). Jó chegoua ter profundas experiências com Deus, e mesmo assim disse: “Eis queisto são apenas as orlas dos seus caminhos; e quão pouco é o que temosouvido dele!” (Jó 26.14)

Sempre, mesmo depois de termos aprendido bastante, Jesus nos diz:“Coisas maiores do que estas verás” (Jó 1.50).Mas um dia — e esse dia vem breve — virá “o que é perfeito" e o

que é em parte será aniquilado (cf. 1 Co 13.10). E então “conhecereicomo também sou conhecido” (1 Co 13.12). Amém! Venha breveaquele grande dia!

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Ç.APÍTUT.O 1

B i b l i o l o g i aAs S a g r a d a s   E s c r i t u r a s

 Já   o b s e r v a m o s   q u e   a   f o n t e   v e r d a d e i r a   p a r a   o

e s t u d o   d a   T e o l o g i a   é   a   P a l a v r a   d e   D e u s , a s

S a g r a d a s   E s c r i t u r a s . P o r t a n t o  , c o m e ç a r e m o s

ESTE LIVRO ESTUDANDO SOBRE A PALAVRA DE ÜEUS, SUA

ORIGEM, INSPIRAÇÃO, ESTRUTURA E AUTORIDADE.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

1. O r i g e m   d a   B íb l ia

1.1. A B íb l i a  é u m a  d á d i v a  d e  D e u s  - “O Se n h o r  d eu  a  pa l a v r a ” (S l 68.11)Deus, que antigamente falou “muitas vezes e de muitas maneiras aos

pais”, queria que sua Palavra não ficasse guardada pelos homens apenasatravés da experiência com Ele ou pela tradição falada, isto é, os paiscontando para os seus filhos, etc. Deus queria que as verdades reveladasfossem conservadas em um autêntico documento. Por isso, Ele mesmo

tomou as providências para que suas palavras, revelações e acontecimentos — maravilhas operadas em meio ao seu povo — fossem escritos.

1.2. A B í bl i a  f o i   r e g i s t r a d a  po r   o r d e m  d e  D e u s

Deus ordenou a Moisés: “Escreve isto para memória num livro” (Êx17.14). Essa mesma ordem foi repetida ao longo de 1.600 anos paracerca de 45 homens escolhidos por Deus, e assim surgiu “o livro do

Senhor” (Is 34.16), a “Palavra de Deus” (Ef 6.17; Me 7.13), as “SantasEscrituras” (Rm 1.2), que nós chamamos de Bíblia. A palavra portuguesa “Bíblia” vem do grego bíblia, que é o plural de biblion — “livro”.Essa palavra deriva-se originalmente da cidade fenícia de Biblos (noAntigo Testamento, Gebal), que era um dos antigos e importantescentros produtores de papiro, o papel antigo. Com o tempo, esse vocábulo acabou sendo usado para designar as Sagradas Escrituras. A pala

vra grega biblos  significa um livro, um escrito qualquer, tendo mesmoservido para indicar o livro da vida, como se vê em Apocalipse 3.5,isto é, um livro sagrado. Estritamente falando, biblos  era um livro, ebiblion um livrinho.

A palavra “Bíblia”, mediante um desenvolvimento histórico divinamente dirigido, veio a designar o Livro dos livros, as EscriturasSagradas, contendo 66 livros — 39 do Antigo Testamento e 27 doNovo.

1.3. Os HAGIÓGRAFOS

Os hagiógrafos (do grego hagiógraphos — autor inspirado dos livros daBíblia) que escreveram os 66 diferentes livros das Sagradas Escrituras rece

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B i b l i o l o c i a - A s  S a g r a d a s E s c r i t u r a s

beram a mensagem de diferentes maneiras. Às vezes Deus disse: “Escrevenum livro todas as palavras que te tenho dito” (Jr 30.2; 36.2; Hc 2.1,2, etc.).

Muitas vezes os autores escreveram: “Veio a mim a palavra do Senhor” (Jr1.4; Mq 1.1; Is 1.2, etc.). A Bíblia diz a respeito de Moisés: “Recebeu aspalavras da vida para no-las dar” (At 7.38). Isaías menciona 120 vezes queo Senhor lhe falou, Jeremias 430 vezes e Ezequiel 329 vezes. Outros registraram acontecimentos, assim como se escreve memória histórica (Êx 17.14).Outros examinaram minuciosamente aquilo sobre o qual receberam a direção para escrever (Lc 1.3). Outros receberam a mensagem por revelação(At 22.14-17; Gl 1.11,12,15,16; Ef 3.1-8; Dn 10.1, etc.), e alguns receberam sonhos e visões (Dn 7.1; Ez 1.1; 2 Co 12.1-3), mas todos escreveram oque receberam pela inspiração do Espírito Santo, e podiam dizer: “Porqueeu recebi do Senhor o que também vos ensinei” (1 Co 11.23; 15.3).

2 . A In s p i r a ç ã o   P l e n á r i a   d a s   E s c r i t u r a s

Deus deu a Palavra e providenciou o modo de garantir a autenticidade daquilo que os homens de Deus haveriam de escrever.

2 . 1 . D e u s   n ã o   e s c r e v e u   n e n h u m a   pa r t e  d a  B íb l ia

Uma só vez Ele escreveu com o seu dedo os Dez Mandamentos em

tábuas de pedra (cf. Êx 32.15,16). Porém, Moisés, quando viu o bezerro de ouro que os israelitas haviam feito, arremessou as tábuas, quebrando-as ao pé do monte (cf. Êx 32.19). Jesus escreveu uma só vez naterra, mas os pés que andaram por cima daquele lugar apagaram aquelaescrita (cf. Jó 8.8).

2 .2 . A ESCOLHA DIVINA

Quando Deus quis dar aos homens o Livro Divino, escolheu e preparou para isto servos seus, aos quais deu uma plena inspiração pelo Espírito Santo (1 Pe 1.10-12; 2 Pe 1.21; 1 Tm 3.16; Jó 32.18-20, etc.). Cada

IMUH' I ~ im» — ' —

autor escreveu conscientemente conforme o seu próprio estilo e vocabulário e a sua maneira individual de se expressar, mas todos sob a influ-

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

ência e inspiração do Espírito Santo. Assim, as palavras com que registraram o que receberam de Deus foram-lhes ensinadas pelo Espírito Santo

(cf. 1 Co 2.13). Davi, que era rei e profeta, disse: “O Espírito do Senhorfalou por mim, e a sua palavra esteve em minha boca” (2 Sm 23.2).Dessa maneira foi toda a Bíblia inspirada pelo Espírito Santo. E realmente um milagre! O mesmo Espírito que inspirou Moisés a escrever osprimeiros cinco livros da Bíblia (Êx 24-1-4; Nrn 33.2), cerca de 1.550anos antes de Cristo, inspirou o apóstolo João a escrever o seu evangelho, as suas três epístolas e o Apocalipse, no ano 90.

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2.3. A INSPIRAÇÃO PLENÁRIA"'

Esta inspiração plenária atinge as palavras usadas, inclusive a suaforma gramatical. Temos vários exemplos na Bíblia que mostram comoa forma gramatical adequada, que os autores aplicaram, serviu paraexplicar grandes e importantes doutrinas. Veja, por exemplo, Mateus

22.32, onde Jesus empregou o verbo “ser” na forma do presente: “Eusou o Deus de Abraão”, para provar a real existência de vida após amorte. Em Gálatas 3.16, vemos como a forma singular do substantivo “posteridade” foi usada para dar um importante ensino sobre comoa promessa, dada a Abraão, se cumpriu na pessoa de Jesus. O mesmopodemos ver também em Hebreus 12.27, João 8.57 e em muitos outros exemplos.

2.4. A INSPIRAÇÃO PLENÁRIA É SINÔNIMO DE INFALIBILIDADE

A teologia modernista não aceita a doutrina sobre a inspiração plenária da Bíblia. Eles concordam em aceitar que as idéias ou pensamentos da Bíblia podem ser inspirados, mas que as palavras usadas no textosão um produto dos autores, os quais estavam sujeitos a erros. Outrosconcordam em reconhecer a Bíblia como autoridade em assuntos mera

mente espirituais; porém, em tudo que se relaciona com ciência, biolo

gia, geologia, história, etc., a Bíblia não pode ser considerada uma auto

ridade. Eles dizem abertamente: “Errar é humano”. Para ciar uma apa

rência de piedade e respeito às coisas de Deus, eles dizem: "A Bíbliacontém a palavra de Deus, mas não é   a Palavra de Deus". Inicllimcnte,

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B i b l i o l o g i a - As S a g r a d a s E s c r i t u r a s

essa crítica materialista contra a veracidade da Bíblia tem se espalhadomuito, e onde ela chega, leva consigo mortandade — como a geada com

as plantas. A falsamente chamada “ciência” faz que aqueles que a professam se desviem da fé (1 Tm 6.20,21).

2.5. A INSPIRAÇÃO PLENÁRIA TEM BASE NA PRÓPRIA BÍBLIA

Para os crentes convictos da sua salvação, que vivem a comunhãocom Deus e sentem a operação do Espírito Santo em suas vidas, aquelacrítica não gera problemas. Eles simplesmente rejeitam terminantemente

qualquer afirmativa contrária à Bíblia. Eles o fazem com convicção. Abase dessa rejeição é segura. Vejamos:

2.5.1. O TESTEMUNHO DE JESUS

Em primeiro lugar, rejeitam toda a crítica contra a Palavra de Deus,porque Jesus considerou as Escrituras como “a Palavra de Deus” (Me7-13). E o apoio dEle vale mais que as idéias e afirmativas de quem querque seja.

2.5.2. A EVIDÊNCIA INTERNA

Rejeitam a crítica modernista contra a veracidade da Bíblia, porqueseria uma ofensa contra Deus, que é perfeito (Mt 5.48), afirmar que asua Palavra contém erros e mentiras. A Bíblia afirma: “A Lei do Senhor

é perfeita” (SI 19.7). “É provada” (SI 18.30), e “fiéis, todos os seus mandamentos” (SI 111.7).

2.5.3. A c i ê n c i a

A palavra da “ciência” também nunca é a “última palavra”. O quehoje se afirma em nome da ciência, amanhã outros o desfazem. Umgrande teólogo alemão, A. Luescher, constatou em uma de suas obras

que, no ano de 1850, os críticos contra a Bíblia apresentaram setecentosargumentos científicos contra a veracidade da mesma. Hoje, seiscentosdestes argumentos já foram deixados por descobertas mais atualizadas.Mas o que a Bíblia afirma é como uma rocha — que não muda por causadas ondas do mar que se lançam contra ela.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

2.5.4. A EVIDÊNCIA DA FÉ

Não queremos trocar a nossa fé na Palavra de Deus por consideração

a homens que consideram a sua sabedoria mais do que a de Deus. Queremos que a jiossa fé se apoie, não na sabedoria humana, mas no poderde Deus (1 Co 2.5).I

3 . A E s t r u t u r a   d a   B íb l ia

A Bíblia é, como já observamos, um conjunto de 66 livros escritospor cerca de 45 autores sob a inspiração do Espírito Santo, dentro de umperíodo de 1.600 anos.

3.1. As DUAS ALIANÇAS

A Bíblia se divide em duas partes distintas: o Antigo Testamento,

que contém 39 livros, e o Novo Testamento, que contém 27 livros.A palavra “testamento” tem duas significações. Em primeiro lugar, ela

significa uma aliança, um pacto, um concerto. No Antigo Testamento,achamos como tema central o pacto que Deus fez com Israel no Sinai,pacto este selado com sangue (Êx 24.3-8; Hb 9.19,20). No Antigo Testamento, achamos também a profecia de uma melhor aliança que haveriade ser feita pelo Messias, o Prometido, o Esperado (Jr 31.31-33; Hb 8.10-

13). No Novo Testamento se fala da nova aliança pelo sangue d,e Jesus,pela qual podemos chegar a Deus (Mt 26.28; Ef 2.13). Glória a Jesus!

Testamento significa também a última vontade de alguém, quantoa seus bens, entrando em vigor com a morte do testador. Tanto o Antigo Testamento quanto o Novo Testamento falam das riquíssimas bênçãos prometidas e vinculadas à morte do Messias, cujo testamentoentrou em vigor com a morte de Jesus no Calvário (Gl 3.15-17; Hb9.17; Rm 8.17, etc).

3.2. D i v is õe s d o A n t ig o T e s ta m e n t o

O Antigo Testamento contém 39 livros, os quais se podem subdividir em 4 grupos:

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B i b l i o l o g i a - As S a g r a d a s E s c r i t u r a s

3 .2 .1 . L i v r o s   d a   l e i

Os cinco livros de Moisés, isto é, Gênesis, Êxodo, Levítico, Números

e Deuteronômio.

3 . 2 . 2 . L i v r o s   h i s t ó r i c o s

De Josué até o livro de Ester, isto é, 12 livros.

3 . 2 . 3 . L i v r o s   p o é t i c o s

São cinco— Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes e Cantares de Salomão.

3 . 2 . 4 . L i v r o s  p r o f é t i c o s

São 17 — Isaías, Jeremias, Lamentações, Ezequiel e Daniel (chamados profetas maiores) e os restantes 12 livros, de Oséias até Malaquias(chamados profetas menores).

3.3. D iv is õ e s   d o   N o v o   T e s t a m e n t o

O Novo Testamento contém 27 livros, os quais podem subdividir-seem 4 grupos:

3 . 3 . 1 . L i v r o s   b i o g r á f i c o s  d e  J e s u s  

Os quatro evangelhos.

3 . 3 . 2 . L i v r o  h i s t ó r i c oAtos dos Apóstolos, que contém a história inicial da Igreja Primitiva.

3 . 3 . 3 . L i v r o s d e e n s in o a p o s t ó l i c o  

As 21 epístolas, de Romanos até Judas.

3 . 3 . 4 . L i v r o p r o f é t ic o  

O Apocalipse.

3.4. A r e v e l a ç ã o

A Bíblia é uma revelação completa e definitivamente concluída. Alguns têm procurado afirmar que Deus ainda tem dado outras revelações

1 5

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

inspiradas, as quais podem se comparar com a Bíblia. Entre eles existe oLivro de Mórmon, ao qual os seguidores da Igreja de Jesus Cristo dos Santos

dos Últimos Dias (Igreja Mórmon) dão um valor “divino”, e o livro das“revelações divinas” da Sr3. Ellen G. White — maior expoente da IgrejaAdventista do Sétimo Dia — que consideram de valor divino. Vez por outra aparecem os que desejam afirmar que Deus lhes tem dado revelaçõespara os últimos tempos, revelações estas que têm o mesmo valor que a Bíblia. Esse problema, porém, já foi resolvido definitivamente e para semprepela própria Palavra Revelada, quando afirma terminantemente que não sepode acrescentar coisa nenhuma ao que está escrito nela e não se pode tirarcoisa nenhuma da sua mensagem (Ap 22.18,19; Pv 30.6; Dt 4.2).

4 . A A u t o r i d a d e   d a   B íb l i a   S a g r a d a

4 . 1 . A u t o r i d a d e   i n t e r n a

Um livro que é inteiramente inspirado pelo Espírito Santo e quecentenas de vezes repete: “Assim diz o Senhor” impõe autoridade divina e exige respeito e reverência, devendo ser obedecido (SI 119.4). Sefor tirada a inspiração divina da Bíblia ela também perde a sua autoridade, e fica como uma arma de fogo sem munição. Mas a Bíblia é a

Palavra de Deus.

4 . 2 . A u t o r i d a d e   p l e n a

A Bíblia é qualificada, por aqueles que creêm nela, como a autoridade máxima. Eles não aceitam nenhuma imposição contrária á Bíblia,seja de que fonte for. Dizem como o apóstolo Pedro: “Mais importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29).

4 . 3 . A u t o r i d a d e   r e c o n h e c i d a

 Jesus deu, quando aqui vivia como homem, um grande exemplo derespeito à autoridade das Escrituras, sendo classificadas por Ele como “A palavra de Deus” (Mt 15.3,6), e tendo afirmado também, conforme a

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B i b l io l o g i a - As S a g r a d a s E s c r i t u r a s

palavra profética: “Eis aqui venho; no rolo do livro está escrito de mim:

Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está den

tro do meu coração” (SI 40.7,8). Essa profecia cumpriu-se quando Jesusdisse: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou e

realizar a sua obra” (Jó 4.34). Sempre citava as Escrituras nas suas prega

ções e palestras (Mt 12.3; Lc 10.26; Jó 10.34; Mt 21.16,42, etc.). Dos

1.800 versículos usados para registrar as pregações de Jesus, 180 contêmcitações das Escrituras.

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r.APfTTTTO 2

T E O L O G I AÀ D o u t r i n a   d e   D e u s

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T e o l o g i a   S i s t e m á t i c a

1. A E x i s t ê n c i a   d e   D e u s

1 . 1 . O D e u s   ú n i c o

A existência de Deus é um fato incontestável. A Bíblia não se preocupa em provar essa existência, mas começa o seu primeiro versículofalando de Deus, mostrando-o como o principal personagem em todo ouniverso. “No princípio, criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Deusexiste desde a eternidade e Ele é a origem de tudo, aquEle que tudo

governa e sustenta.Uma conseqüência do pecado é a cegueira característica dos incrédulos — ocasionada pelo príncipe deste século, para que não vejam aglória de Deus (cf. 2 Co 4-4). Nessa cegueira espiritual, os homens sefizeram deuses e senhores. A Bíblia afirma: “Há muitos deuses e muitossenhores” (1 Co 8.5). Porém, no meio desses deuses que estão espalhados sobre o vasto campo deste mundo, como pedrinhas de todo tama

nho, ergue-se o Deus verdadeiro como uma grande colina que se distingue dessas pequenas pedras pela sua incomparável grandeza. A Bíbliaafirma: “O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt. 6.4) e “Nenhumoutro há, senão ele” (Dt 4.35; Is 42.8 e 44-6,8). Verdadeiramente, “Só oSenhor é Deus” (1 Rs 18.39).

Daí a necessidade de que “conheçamos e prossigamos em conhecerao Senhor” (cf. Os 6.3). A Bíblia diz: “Porque é necessário que aquele

que se aproxima de Deus creia que ele existe” (Hb 11.6). Os que creremem Deus e o buscarem legitimamente experimentarão “que ele existe eque é galardoador dos que o buscam” (Hb 11.6).

1 . 2 . E v i d ê n c i a s   q u e  pr o v a m   a   e x is t ê n c i a   d e  D e u s

O inimigo das nossas almas tem procurado completar a desgraçácausada pelo pecado, fazendo que os homens cheguem ao ponto denegar a existência de Deus. Negar a Deus é tolice — tanto como alguém querer negar a existência do Sol, porque não o vê, por estarcoberto por nuvens. A Bíblia diz: “Disseram os néscios no seu coração:Não há Deus” (SI 14.1), e ainda: “Por causa do seu orgulho, o ímpionão investiga; todas a%,suas cogitações são: Não há Deus” (SI 10.4).

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T e o l o g i a - A D o u t r i n a d f . Deu s

Existem, porém, várias evidências para os que desejarem “investigar”,

para que tenham certeza de que há um Deus.

1.2.1. A CRENÇA UNIVERSAL EM UM SER SUPREMO

Não existe nenhuma raça humana que não tenha alguma noção deum ser supremo e que, através das suas religiões, procure se aproximardele e agradar-lhe, retratando-se com ele por meio de sacrifícios, inclu

sive de sangue... Muitas vezes é realmente um “deus desconhecido” e,na sua cegueira, estão tateando para achá-lo (cf. At 17.23,27). A Bíbliadiz: “Porquanto o que de Deus se pode conhecer neles se manifesta”(Rm 1.19).

Realmente, o homem foi criado por Deus conforme a sua imagem(cf. Gn 1.26). Ele tem em si partículas dessa sua origem divina, e porisso existe nele uma necessidade de um contato com a sua origem —Deus.

1.2.2. A CONSCIÊNCIA

A consciência, que no íntimo do homem dá uma sentença moralsobre os seus atos praticados, sejam bons ou maus, fala da existência deuma origem superior que no homem fez registrar os princípios da lei

divina. “Porque, quando os gentios, que não têm lei, fazem naturalmente as coisas que são da lei... os quais mostram a obra da lei escritano seu coração, testificando juntamente a sua consciência e os seuspensamentos, quer acusando-os, quer defendendo-os” (Rm 2.14,15).A consciência universal nos faz compreender que o Ser supremo é umSer moral.

1.2.3. A REVELAÇÃO GERAL

A criação do mundo e tudo o que nele há fala da existência de umCriador. “Os céus manifestam a glória de Deus e o firmamento anunciaa obra das suas mãos” (SI 19.1). “Tanto o seu eterno poder como a suadivindade, se entendem e claramente se vêem pelas coisas que estão

criadas” (Rm 1.20). Como um relógio fala da existência de um relojoeiro, assim a criação fala de um Criador que é poderoso.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

1.2.4. A REVELAÇÃO ESPECIAL

A Bíblia, a revelação divina escrita, revela claramente a existência de Deus. Na Bíblia temos um documento autenticado, quenos faz conhecer a Deus através da sua própria revelação. Assimcomo alguém que quiser conhecer História, Ciência ou qualqueroutra matéria, procura estudar a literatura adequada para conseguiro conhecimento desejado, assim também aquele que verdadeira

mente quer  fazer a vontade de Deus conhecerá se essa doutrina é deDeus ou não.

1.2.5. D e u s  e n t r e  n ó s

 Jesus, o Filho de Deus, cuja existência e vida nesse mundo estãohistoricamente comprovadas, veio para revelar Deus aos homens (cf.Lc 10.22) e o fazer conhecer (cf. Jó 1.16). Jesus disse: “Quem me vê amim vê o Pai” (Jó 14.9). O caminho mais curto para conhecer a Deusé aceitar a Jesus como seu Salvador, porque Ele é o caminho para o Pai(cf. Jó 14.6).

1.2.6. A EVIDÊNCIA PESSOAL

A experiência pessoal da salvação, por meio do sangue de Jesus

Cristo, faz com que nos aproximemos de Deus (cf. Ef 2.13), e temos, então, absoluta certeza da existência dEle, porque o Espíritodo seu Filho clama em nós: “Aba, Pai” (Gl 4.6), e nós podemos,com toda a tranqüilidade, orar no coração: “Pai nosso, que estás nos céus” (Mt 6.9).

/>■ 2 . D e u s   E R e v e l a d o  a t r a v é s   d o s   A t r i b u t o s   d a  

s u a   D i v i n d a d e

Atributo é uma característica essencial de um ser, aquilo que lhe épróprio. Os atributos de Deus são singulares e perfeitos. Só Ele os tem demodo absoluto.

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T e o l o g i a •A D o u t r i n a  d e  D e u s

í 2 .1 . D e u s  é  v i v o !

2.1.1. “E l e m e sm o é o D e u s v i v o ” ( J r 10.10)A vida é uma expressão de existência, seja terrestre ou eterna... Quem temvida, tem condições de se comunicar com outros que têm vida. Enquanto os“deuses” feitos por mão dos homens “têm boca, mas não falam; têm olhos,mas não vêem; têm ouvidos, mas não ouvem; nariz tem, mas não cheiram”(SI 115.4-8). “Mas o nosso Deus está nos céus e faz tudo o que lhe apraz” (SI115.3). Por isso, os homens são convidados pelo Evangelho a se converteremdos ídolos para o Deus vivo e verdadeiro (cf. 1 Ts 1.9; At 14.15). E os queassim fazem pertencem à Igreja do “Deus vivente” (cf. 2 Co 6.16).

2.1.2. D e u s é ta m b é m a f o n t e d a v i d a

Ele tem a vida em si mesmo (cf. Jó 5.26), e “dá a todos a vida, arespiração e todas as coisas” (At 17.25) no sentido terrestre. “E a todos

que o conhecerem por único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo a quemele enviou, Ele dá a vida eterna” (cf. Jó 17.3; 1 Jó 5.20). E essa vida é aluz do mundo (cf. Jó 1.4).

2 . 2 . D e u s   t e m   p e r s o n a l i d a d e

“Personalidade é o conjunto de características cognitivas, afetivas,

volitivas e físicas de um indivíduo, distinguindo-o de outro indivíduo eda vida animal”.

A Bíblia fala da “pessoa de Deus”. Retrata Jesus como “sendo o resplendor da sua glória e a expressa imagem da sua pessoa [de Deus]” (cf.Hb 1.3; Jó 13.8).

Enquanto várias filosofias agnósticas — entre elas o panteísmo —

afirmam que Deus é somente uma “força impessoal” ou que “Deus é anatureza” e se identifica com a sua criação, isto é, onde está a criação, aíestá Deus, a Bíblia revela Deus como uma Pessoa divina que possui todas as características de uma individualidade.

Se Deus não tivesse personalidade com a qual pudesse comunicar-se,os homens não teriam jamais a sua sede do Deus vivo saciada (SI 42.2),porque jamais entrariam em contato com Ele. Mas o nosso Deus é vivo

e tem personalidade.

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

2.2.1  J e s u s r e v e l a o P a i

 Jesus veio revelar aos homens o Pai (cf. Lc 10.22) e fazê-lo conhecido (cf. Jó 1.14). Vejamos alguma coisa que Jesus revelou a respeito dapersonalidade de seu Pai.

• Jesus falou de Deus muitas vezes como sendo o seu Pai: Ele disse:“Meu Pai e vosso Pai” (Jó 20.17). Foi Jesus que nos ensinou a orar: “Painosso” (Mt 6.9). Quem é Pai possui uma personalidade.

• Jesus usou, quando centenas de vezes falou de seu Pai, um pronome pessoal: Ele disse: “E todas as minhas coisas são tuas, e as tuas coisassão minhas... vou para ti” (Jó 17.10,11). O uso de pronomes pessoaissubentende a sua personalidade.

• Jesus falou de atividades de seu Pai que só são atribuídas a umapessoa: Ele disse: “Meu Pai trabalha” (Jó 5.17); “o Pai ama” (Jó 3.35);

“a obra de Deus é esta: que creiais naquele que ele enviou” (Jó 6.29);“o Pai ama o Filho e mostra-lhe tudo o que faz” (Jó 5.20). Falou davontade de seu Pai (cf. Jó 6.39,40), expressão que só se atribui a umapessoa. Assim, necessariamente, Ele é uma Pessoa. Jesus disse: “MeuPai é o lavrador” (Jó 15.1), nome que só é atribuído a uma pessoacom personalidade.

2.2.2. A PERSONALIDADE REVELADA

Deus falou muitas vezes de si mesmo, usando vários nomes, que porsi revelam a sua perfeita personalidade. Quando Moisés questionou sobre qual seria o seu nome, Deus respondeu-lhe: “EU SOU O QUE SOU.Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós”

(Êx 3.14). É impossível imaginar uma expressão mais forte de uma personalidade do que essa!

V 2 .3 . D e u s  é  e t e r n o

“Mas o Senhor Deus é a verdade; ele mesmo é o Deus vivo e oRei eterno” (Jr 10.10). Em Romanos 16.26, lemos a respeito do“Deus eterno”. Abraão plantou um bosque em Berseba e invocouali o nome do Senhor — Deus eterno (cf. Gn 21.33). Quando

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T e o e o c i a   - A D o u t r i n a  d e  D e u s

Moisés, despedindo-se, abençoou as tribos de Israel, usou o nome

de “Deus eterno” (cf. Dt 33.27).

v 2.3.1. D e u s é i n a l t e r á v e l  

Eternidade é o infinito quando aplicado ao tempo. Deus não teminício. “De eternidade a eternidade, tu és Deus” (SI 90.2; 1 Cr 29.10; Hc1.12). Ele tem auto-existência, um atributo do eterno Deus. Não deve

sua existência a ninguém, porque Ele é o princípio e o fim, o Alfa e oOmega (cf. Ap 1.8; Is 44.6). Ele é Jeová (nome usado 6.437 vezes) — “aeterna auto-existência do único Deus”.

^ 2.3.2. D e u s n ã o e s t á s u je i t o a o te m p o  

Para Ele o passado, o presente e o futuro são um eterno presente. Odomínio e o poder pertencem ao único Deus, “antes de todos os séculos,agora e para todo o sempre” (cf. Jd 25). Por isso é “que um dia para oSenhor é como mil anos, e mil anos, como um dia” (2 Pe 3.8). Os anosde Deus nunca terão fim (cf. SI 102.27). Ele é o Rei dos séculos (cf.1 Tm 1.17). Deus habita na eternidade (cf. Is 57.15) e o seu trono édesde a eternidade (cf. SI 92.2). O eterno Deus não se cansa (cf. Is 40.28).Este eterno Deus é o nosso Deus.

' / 2 . 3 .3 . Deu s é i m o r ta l ( c f . 1 T m  1 . 17 ; 6 . 16 )

É por isso que Ele pode ser eterno. Ele permanece para sempre (cf. SI102.12). Os sacerdotes foram impedidos pela morte de permanecer noseu serviço (cf. Hb 7.23), mas Deus é para sempre. Os deuses deste mundo tiveram um princípio e um fim, mas Deus é imortal — Ele é para

sempre.

v 2.3.4. D e u s é   i m u t á v e l ( c f . Sl   102.27; Ml   3.6; T g   1.17; H b  1.12;6.17,18)

O Senhor é o mesmo (cf. Hb 13.8). Nunca pode mudar. Deus nãopode melhorar, porque sempre foi perfeito. Ele jamais pode tomar atitu

des que não se harmonizem com a sua perfeita personalidade. Ele nãopode negar a si mesmo (cf. 2 Tm 2.13).

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T e o l o g i a   - A D o u t r i n a  d e  D e u s

preender o seu “peso de glória” (2 Co 4-17). Deus é espírito, e na sua

imensidade não está sujeito ao espaço.

2.4.3. D e u s é i n v i s ív e l ( c f . Rm  1.20; C l 1.15)Sendo Deus espírito, a matéria não pode vê-lo. Isto não impede

que Ele esteja presente no meio do seu povo. Não somente Noé (Gn5.29) ou Enoque (Gn 5.24) andavam com o Deus invisível. E o privilégio de cada crente (Cl 2.6; 1 Ts 4.1), “Porque andamos por fé e nãopor vista” (2 Co 5.7).

v 2 . 5 . D e u s   é  u m a   t r i u n i d a d e

Esta é uma das grandes doutrinas da Bíblia. A palavra “triunidade”ou “Trindade” não existe na Bíblia, mas a verdade sobre o único Deus,que é o Pai, o Filho e o Espírito, se encontra em toda a Escritura, desde

os primeiros versículos (Gn 1.1-3) até o último capítulo (Ap 22.3,17).Nos últimos tempos surgirão falsos ensinamentos que negarão essa doutrina (cf. 1 Jó 2.18-23), motivo por que devemos conhecer bem o que aBíblia ensina sobre isso.

2.5.1. A B í b lia a f ir m a q u e h á u m s ó D e u s

A Bíblia fala que “O Senhor, nosso Deus, é o único Senhor” (Dt6.4). Jesus disse: “Deus é o único Senhor” (Me 12.29). A doutrinamonoteísta (crença em um só Deus) é intocável na Bíblia. Aparececomo o primeiro mandamento da Lei (Êx 20.2,3). Existem muitosdeuses e muitos senhores, mas um só Deus (cf. 1 Co 8.5,6). A Bíbliausa, em Gênesis 1.1 e em mais 2.700 outras passagens, a palavra Elohim 

para expressar Deus. Elohim é um substantivo na forma plural, istoé, que inclui uma pluralidade de personalidades em uma só pessoa.Também a palavra “único”, ligada a Deus (Dt 6.4), vem da palavrahebraica achad, que indica uma unidade composta (quando essa palavra é usada no sentido absoluto, é empregada a palavra yacheed). Quando Deus fala de si, em várias ocasiões, usa a forma plural. “Façamos o homem” (Gn 1.26); “Eia, desçamos” (Gn 11.7); “Quem háde ir por nós?” (Is 6.8)

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

2.5.2. T r ê s P e s s o a s n a B í b l i a s ã o c h a m a d a s d e “ D e u s ”

Três Pessoas são chamadas “Deus”: o Pai é chamado Deus (1 Co 8.6;Ef 4.6); o Filho (1 Jó 5.20; Is 9.6; Hb 1.8); o Espírito Santo (At 5.3,4).Para todos três são usados pronomes pessoais: para Deus Pai (cf. Is 44.6),para Deus Filho (cf. Me 9.7) e para Deus Espírito Santo (cf. Jó 16.13).Os três são mencionados em João 14.16. A todos três são atribuídascaracterísticas que só pessoas podem ter. Os três falam, amam, sentem,

chamam, ouvem, etc. A todos três são referidos atributos divinos:

• Eternidade: Pai (SI 90.2); Filho (Cl 1.17); Espírito Santo (Hb 9.14)-

• Onipresença:  Pai (Jr 23.24); Filho (Mt 28.19); Espírito Santo

(SI 139.7).

• Onisciência:  Pai (1 Jó 5.20); Filho (Jó 21.17); Espírito Santo

(1 Co 2.10).• Onipotência:  Pai (Gn 17.1); Filho (Mt 28.18); Espírito Santo

(1 Co 12.11).

• Santidade: Pai (1 Pe 1.16); Filho (Lc 1.35); Espírito Santo (Ef4 30).

• Amor: Pai (1 Jó 4-8,16); Filho (Ef 3.19); Espírito Santo (Rm 15.30).

• Verdade: Pai (Jr 10.10); Filho (Jó 14.6); Espírito Santo (Jó 16.13).

2.5.3. As t r ê s P e s s o a s d i v in a s s ã o u m s ó D e u s

A Bíblia afirma que os três são um (1 Jó 5.7). Ensina que estas trêsPessoas estão unidas reciprocamente. A união entre o Pai e o Filho (Jó10.30; 1411; 17.11,22,23; 2 Co 5.19). A união entre o Pai e o EspíritoSanto, expressado em “Espírito de Deus” (Rm 8.9). A união entre oFilho e o Espírito Santo: Espírito de Cristo (Rm 8.9; Gl 4.6).

As três Pessoas são mencionadas de uma só vez como Pessoas distintas:

• Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19).

• Um só Espírito, ...um só Senhor, ...um só Deus” (Ef 4-4-6).

• “A graça do Senhor Jesus Cristo, o amor de Deus, e a comunhão do

Espírito Santo” (2 Co 13.13).

P fí

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T e o l o c i a   - A D o u t r i n a   d e  D e u s

• “O Espírito... o Senhor... é o mesmo Deus” (1 Co 12.4-6).

• “Porque, por ele, ambos temos acesso ao Pai em um mesmo Espírito” (Ef 2.18).

• “Eleitos segundo a presciência de Deus, em santificação do Espírito, para a obediência e a aspersão do sangue de Jesus Cristo” (1 Pe 1.2).

2.5.4. A UNIDADE ABSOLUTA DAS TRÊS PESSOAS NÃO DESFAZ A SUA 

INDIVIDUALIDADETodas três são mencionadas no mesmo momento em lugares diferen

tes: o Filho foi batizado, o Espírito veio sobre Ele, enquanto o Pai falavados céus (cf. Mt 3.16,17). Estêvão estava cheio do Espírito Santo, e viu

 Jesus à destra de Deus (cf. At 7.55,56). As três Pessoas são mencionadascomo Testemunhas. Conforme prescreve a Lei, eram necessárias duasou três testemunhas (Dt 19.15,16). Embora as três Pessoas na realidadesejam apenas um (1 Jó 5.7,8), são apresentadas como Testemunhas, porque numericamente são três: o Pai testifica (Rm 1.9), o Filho testifica(Jó 18.37), o Espírito Santo testifica (1 Jó 5.6).

2.5.5. A B í b li a m e n c io n a a s t r ê s P e s s o a s d i v in a s o p e r a n d o n a

MESMA OBRA, MAS DE DIFERENTES MODOS

• A criação. O Pai criou (cf. Gn 1.1; Jr 10.10-12; SI 89.11 e 102.25),pelo Filho (cf. Jó 1.2; 1 Co 8.6; Hb 1.2), no poder do Espírito Santo (cf.Gn 1.2; SI 104.30; Jó 33.4 e 26.3).

• A salvação. Deus predeterminou a salvação por Jesus (cf. Ef 1.4),enviou o seu Filho (cf. Jó 3.16; Gl 4.6), o gerou (cf. SI 2.7), estava emCristo, reconciliando o mundo consigo (cf. 2 Co 5.19) e ressuscitou a

 Jesus (cf. At 13.30-32). O Filho se ofereceu desde a fundação do mundo(cf. Ap 13.8), veio ao mundo (cf. Hb 10.7) aniquilando a sua glória (cf.Fp 2.7) e morreu na cruz (cf. Jó 19.30). O Espírito Santo operou pelapalavra profética (cf. 1 Pe 1.10), na concepção de Jesus (cf. Lc 1.35) ecom Jesus no seu ministério (cf. Lc 3.22; 5.17, etc.); operou quando

 Jesus se ofereceu (cf. Hb 9.14), na sua ressurreição (cf. Rm 8.11) e na

sua ascensão (cf. Ef 1.19,20). Agora Ele aplica a obra de Jesus na vidados homens (Jó 16.15).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

• O batismo. Jesus ordenou que fosse ministrado em nome do Pai,

do Filho e do Espírito Santo (cf. Mt 28.19). O fato mencionado emAtos dos Apóstolos — que os apóstolos batizavam em nome do Senhor (At 2.38; 8.16; 10.48; 19.5) — é aproveitado pelos inimigos dadoutrina da Trindade como “prova verídica” de que os apóstolos nãoacreditavam na doutrina trinitariana, mas “só em Jesus”. (Esta seitanega a existência da Pessoa do Pai e do Espírito Santo, e só aceitam aPessoa de Jesus. A origem desta doutrina é o espírito do anticristo (cf.1 Jó 2.22-24). E a explicação deste fato é simples! Quando os apóstolos batizavam em nome de Jesus, é porque eles foram enviados comautoridade para representarem a Pessoa de Jesus (cf. Lc 24-47). Curavam em nome de Jesus (cf. At 3.6; Me 16.17) e executavam a disciplina da Igreja em nome de Jesus (cf. 1 Co 5.4-9,13; 2 Ts 3.6). Assimtambém batizavam em nome de Jesus. Porém, no ato do batismo, o

ministravam conforme a ordem de Jesus: em nome do Pai e do Filho edo Espírito Santo.

• Na vida ministerial. Deus predetermina a chamada para o ministério antes de a pessoa ter nascido (cf. Gl 1.15; Jr 1.5; Ef 2.10) e a chama(cf. Is 6.8) e a envia (cf. Jr 26.5). Jesus se revela para o chamado (cf. Gl1.16), constrangendo-o a ir (cf. 2 Co 5.14), separando-o para a obra (cf.

Ef 4.11), preparando e enviando-o (cf. Mt 10.1,5) e operando com ele(cf. Me 16.20). O Espírito Santo é o poder que capacita (cf. At 1.8),opera na chamada (cf. At 13.1,2) etc.

• Na vinda de Jesus.  Deus levará os crentes para si (cf. 1 Ts 4-14)- Jesus virá nas nuvens para buscar os crentes (cf. 1 Ts 4.16) e o EspíritoSanto operará na ressurreição (cf. Rm 8.11).

3 . D e u s   s e  M a n i f e s t a  a t r a v é s   d o s   s e u s  A t r i b u t o s   e m  R e l a ç ã o   à   s u a  C r i a ç ã o

Deus é uma Personalidade divina que pode e quer se comunicarcom a sua criação. A Bíblia manifesta os três atributos absolutos de

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T e o l o g i a   - A D o u t r i n a  d e  D e u s

Deus nessa sua comunicação, isto é, sua onipresença, sua Onisciência e 

sua onipotência.

3 . 1 . D e u s   é   o n i pr e s e n t e

3.1.1. Q u e s i g n i fi ca a o n i p r e s e n ç a d e D e u s?

Deus disse: “Não encho eu os céus e a terra?” (Jr 23.24; cf. SI 72.19)O rei Salomão disse na sua inspirada oração: “Eis que os céus e até o céudos céus te não poderiam conter” (1 Rs 8.27). Isso fala da onipresençade Deus, a qual é possível porque Ele é espírito (cf. Jó 4.24). Ele não estásujeito à matéria! Para Ele não existe espaço nem tempo. Deus se movecom a mesma facilidade do nosso pensamento, que em um dado momento pode estar em um lugar e no instante seguinte em outro. Assimcomo o centro de uma circunferência está à mesma distância de qualquer ponto da periferia, assim também Deus está perto de qualquer pon

to do universo. A Bíblia diz a respeito de Deus: “Seus olhos passam portoda a terra” (2 Cr 16.9). Não existe portanto “um Deus nacional” ou“Deus local”, porque Ele é o Deus do universo. Por isso está escrito queEle “não está longe de nenhum de nós” (At 17.27; cf. Rm 10.6-8).

3.1.2. A o n i p r e s e n ç a é v o l i t iv a

A onipresença de Deus não é uma obrigação imposta a Ele, que oacompanha, queira ou não, assim como a nossa respiração nos acompanha enquanto vivermos. Deus está onde Ele quiser!

Nem tampouco significa a sua onipresença que Ele está presente namatéria, como os panteístas afirmam. Se Deus estivesse na matéria, elaentão seria divina. Deus é o Criador e é Senhor sobre a sua criação. Ele

habita nos céus, e está onde quer.A onipresença também não significa que enquanto uma parte deDeus está em um lugar, outra parte está em um outro. Deus é indivisível.Onde Ele estiver, ali está em toda a sua plenitude.

3.1.3. Q u a l é a a p l i c a ç ã o p r á t i c a d a o n i p r e s e n ç a de D e u s?

Deus está em todo lugar. “Os olhos do Senhor estão em todo lugar”

(Pv 15.3). “E está vendo a todos os filhos dos homens” (SI 33.13). Por

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

isso, não é possível alguém se esconder de Deus. “Esconder-se-ia alguém

em esconderijos, de modo que eu não o veja?” (Jr 23.24; cf. Jr 16.17; Am9.2,3; SI 139.7-10) Deus vê e está presente, ainda que alguém diga: “OSenhor não vê” (Ez 9.9; cf. Hb 4.13). Deus está presente em todo lugar,e por isso podemos chamá-lo para ser nossa testemunha (cf. Rm 1.9). ABíblia diz: “A testemunha no céu é fiel” (SI 89.37). Nos caminhos doSenhor, a sua presença irá conosco (cf. Êx 33.14,15) e na sua presençahá abundância de alegria (cf. SI 16.11).

Deus também está presente na hora da angústia (cf. SI 46.1 e 86.15).Por isso a angústia do seu povo é também a angústia dEle (cf. Is 63.9). Aajuda de Deus está perto (cf. SI 121.1-5).

A onipresença de Deus explica por que Ele se manifesta, quando oscrentes se reúnem. “Ele é a plenitude daquele que cumpre tudo em todos” (Ef 1.23). Ele habita na sua igreja (cf. 1 Co 3.16; 2 Co 6.16). “Os

retos habitarão na tua presença” (SI 140.13). “Eis que eu estou convosco”(Mt 28.20).

A manifestação de Deus na vida de oração é explicada tambémquando nos lembramos da sua onipresença. Ele está perto dos que oinvocam (cf. SI 145.18; Is 57.15). Ele sabe o que precisamos antesde pedirmos (cf. Is 65.24). “Que gente há tão grande, que tenha

deuses tão chegados como o Senhor, nosso Deus, todas as vezes queo chamamos?” (Dt 4-7)

3 . 2 . D e u s   é  o n i s c i e n t e

Nem pensamento nem cálculo algum podem fazer-nos compreendera Onisciência de Deus (cf. SI 139.6; Jó 11.7-9 e 42.2).

3.2.1. A ONISCIÊNCIA É UM ATRIBUTO QUE SÓ DeUS POSSUI

“Deus... conhece todas as coisas” (1 Jó 3.20). “O seu entendimento éinfinito” (SI 147.5). A sua Onisciência não é um resultado de seu esforçode aprender, ou coisa que alguém tenha lhe favorecido. Não existe ne- ^nhum que tenha dado algo para aumentar o saber de Deus (cf. Rm 11.35;

 Jó 41.11). Até o mais alto grau da sabedoria ou da ciência que um homem possa atingir, tem em Deus a sua origem (cf. 1 Co 4.7).

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T e o l o g i a   - A D o u t r i n a   d e  D e u s

3.2.2. A ONISCIÊNCIA d e D e u s a b r a n g e t o d o o p a s s a d o

Não existe mistério nenhum no passado que para Deus já não estejarevelado (cf. Mt 10.26; 1 Co 4.5; Lc 8.17). Até todos os pecados ocultos“manifestam-se depois” (1 Tm 5.24). A única maneira de evitar esta“manifestação” é, em tempo, reconciliar-se com Deus através do sanguede Jesus (cf. 1 Jó 1.7,9).

3.2.3. A ONISCIÊNCIA d e D e u s a b r a n g e t u d o n o p r e s e n t e

Deus conhece tudo a respeito de todo homem. Davi disse: “Tuconheces bem a teu servo, ó Senhor Jeová” (2 Sm 7.20). Deus sabe onosso nome e a nossa morada (cf. Ap 2.13). Ele conhece a nossaestrutura (cf. SI 103.14) e os nossos corações (cf. At 15.8; Lc 16.15),pois os esquadrinha (cf. 1 Cr 28.9) e conhece todo o segredo (cf. SI44.21). Conhece os nossos pensamentos (cf. SI 139.1-3) e as nossas

palavras (cf. SI 139.4), e os nossos caminhos estão perante os olhosdo Senhor (cf. Pv 5.21; Jó 34.21). Ele até conhece o número dosnossos cabelos (cf. Mt 10.30). Assim, o Senhor conhece as nossasnecessidades (cf. Mt 6.32; Lc 12.30), e tem a solução para todos osnossos problemas.

Deus também conhece tudo sobre a natureza. Sabe os nomes de to

das as estrelas, coisa que astrônomo nenhum jamais foi capaz (cf. Is 40.26;SI 148.1-3).

Até os passarinhos são conhecidos, e “nenhum deles está esquecidodiante de Deus” (Lc 12.6; cf. Mt 10.29).

3.2.4. A ONISCIÊNCIA d e D e u s a b r a n g e ta m b é m o f u t u r o

Esta parte da sua Onisciência é também chamada “presciência” (cf. At 2.23).

Deus previu desde a eternidade a queda do homem, e providenciouno seu amor a solução para salvá-lo. Por isso está escrito: “O Cordeiroque foi morto desde a fundação do mundo” (Ap 13.8). Na sua presciência, Deus viu na eternidade o seu Filho entregue para ser crucificado (cf.At 2.23; 1 Pe 1.18-20). Ele também vislumbrou a Igreja se edifícando,como fruto da morte de Jesus no Gólgota (cf. Ef 3.1-10).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

Nessa previsão, Deus também conheceu os homens e os predestinou

para serem salvos por Jesus (cf. Rm 8.29; Ef 1.4,5) — por nenhum outromeio, mas só por Jesus (cf. At 4.12). Assim, somos eleitos segundo apresciência de Deus para obediência e aspersão do sangue de Jesus (cf.1 Pe 1.2). Os que não aceitarem esse único meio de salvação estão, porcausa da sua rejeição a Cristo, predestinados ao julgamento e castigo.“Mas quem não crer será condenado” (Me 16.16).

Porém, ainda que Deus na sua presciência possa conhecer o futurodos que rejeitarem o seu amor, isso não interfere no livre-arbítrio dohomem. Em tudo que depender de Deus, Ele está sempre a favor detodos os homens.

Deus também, na sua Onisciência, prevê os acontecimentos do futuro. 

Profecia é uma revelação do que Deus na sua previsão já sabia (cf. Is 48.5 ).

Temos no passado muitos exemplos em que Deus previu e revelou o

que haveria de acontecer. Conforme 1 Reis 13.2, um jovem profeta va-ticinou no ano 975 a.C., e aquilo se cumpriu no ano 641 (cf. 2 Rs 23.16,isto é, 334 anos depois). Também em Isaías 45.1-7, o profeta predisse noano 712 a.C. algo que se cumpriria no ano 536 a.C. (cf. Ed 1.1,2, isto é,176 anos depois).

Vivemos às vésperas de grandes acontecimentos. Deus tem estabele

cido todos eles pelo seu próprio poder (cf. At 1.7), e são conhecidosdesde a eternidade (cf. At 15.18). Nada acontece por acaso, mas porqueDeus assim determinou.

3.3. Deus é o n i p o t e n t e

Para os homens, que são limitados, é difícil compreender ou calcular

a onipotência de Deus (cf. Jó 37.2; 36.14; 26JL4; 5.9 e 9.10).

3 . 3 . 1 . D e u s   é  o n i p o t e n t e  e   t e m   p o d e r   i l im it a d o

O próprio Deus disse: “Eu sou o Deus Todo-poderoso” (Gn 17.1).“Haveria coisa alguma difícil ao Senhor?” (Gn 18.14) “Eu sou o Senhor que faço todas as coisas” (Is 44.24). A Bíblia afirma: “O poderpertence a Deus” (SI 62.11). Jesus chamou a seu Pai de “o Poder”(Mt 26.64, ARC 1969) e disse: “A Deus tudo é possível” (Mt 19.26),

.3 4

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T e o l o g i a   - A D o u t r i n a  d e   D e u s

e “as coisas que são impossíveis aos homens, são possíveis a Deus”(Lc

18.27). O anjo Gabriel disse: “Para Deus nada é impossível” (Lc 1.37). Jó falou de Deus: “Bem sei eu que tudo podes” (Jó 42.2).A onipotência de Deus significa que o poder dEle é ilimitado.

3.3.2. C o m o s e m a n i f e s ta a o n i p o t ê n c i a d e D e u s?

Deus não pode ser impedido por ninguém, quem quer que seja! (cf. Is43.13; 14.27; Jó 11.10; Pv 21.30; Rm 9.19,20) As leis da natureza nãopodem limitar a onipotência de Deus. Ele é soberano e faz o que quer(cf. SI 135.6; 115.3). Ele está acima de todas essas leis (cf. Na 1.3-6).Vejamos alguns exemplos em que os milagres de Deus foram contráriosàs leis da natureza: Deus fez as águas do mar ficarem como um muro (cf.Êx 14.22), e as águas do rio Jordão como um montão (Js 3.13-16). Elefez com que o ferro do machado flutuasse (cf. 2 Rs 6.1-6) e que o Sol se

detivesse no meio do céu (cf. Js 10.13). Também livrou Daniel do poderdos leões (cf. Dn 6.22,27). Mandou uma grande tempestade (cf. Jn 1.4)e fez com que cessasse (cf. Jn 1.15; SI 107.29), etc.

Deus é poderoso para cumprir as suas promessas (cf. Rm 4.21), e até“chama as coisas que não são como se já fossem” (Rm 4.17). Deus, que éo Criador, tem ainda o seu poder em pleno vigor. Por isso, não existem

limites no seu poder de operar maravilhas de cura, em casos sem nenhuma esperança humana.

3.3.3. A ONIPOTÊNCIA d e D e u s o p e r a h a r m o n i o s a m e n t e c o n f o r m e a

SUA VONTADE

 Jamais existe contradição entre a sua natureza perfeita e o seu poder

ilimitado. Deus jamais faria coisa que fosse contrária à sua perfeita santidade. Ele que tudo pode (cf. Jó 42.2) só faz o que lhe apraz (cf. SI115.3). “Tudo o que o Senhor quis, ele o fez” (SI 135.6). Porém, existemcoisas que o Onipotente não pode fazer: Ele não pode mentir (cf. Hb6.18; Nm 23.19; Tt 1.2), não pode negar-se a si mesmo (cf. 2 Tm 2.13)e não pode fazer injustiça (cf. Jó 8.3; 34.12). Ele é sempre santo emtodas as suas obras (cf. SI 145.17). Deus também não pode fazer acepçãode pessoas (cf. Rm 2.11; 2 Cr 19.7).

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

Deus também limita a sua onipotência, ao respeitar o livre-arbítriodo homem. Somente os que querem, bebem de graça da Água da Vida

(cf. Ap 22.17). Deus deixa ao homem a oportunidade de livremente sehumilhar diante da sua potente mão (cf. 1 Pe 5.6).

4 . D e u s s e M a n i f e s t a a t r a v é s d o s A t r i b u t o s

d a s u a N a t u r e z a

Deus é infinitamente perfeito (cf. Mt 5.48; Dt 18.13). Por isso asua obra é perfeita (cf. Dt 32.4) e também os seus caminhos o são(cf. SI 18.30). Todas as características da sua Pessoa e da sua natureza não são apenas expressões de algumas atitudes que demonstraou tem, mas constituem a própria substância, a essência da sua di

vindade.Vamos agora estudar três características da natureza de Deus, que de

modo perfeito expressam a excelsa Pessoa do eterno Deus.

4.1. D e u s é a v e r d a d e !

4.1.1. “D e u s   é  a v e r d a d e ” ( J r   10.10; c f . D t 32.4; S l31 .5)

Deus não somente pratica a verdade e tem atitudes e palavras queperfeitamente condizem com a verdade, mas Ele é a própria Verdade. Averdade é a substância da sua Pessoa. Por isso Ele é chamado “verdadeiro Deus” (1 Jó 5.20; cf. Jó 17.3).

Esta substância — a verdade — caracteriza não somente o Deus Pai,mas também o Deus Filho (cf. Jó 14.6) e o Deus Espírito Santo (cf. Jó

16.13; 1 Jó 5.6).

4 . 1 . 2 . D e u s  é  t a m b é m  a   f o n t e  d a  v e r d a d e

Por isso Ele é chamado “Deus da verdade” (SI 31.5). Toda a verdade que existe no universo tem em Deus a sua origem. As suas obras e asua palavra são sempre a verdade (cf. SI 119.160). “Sempre seja Deus

verdadeiro” (Rm 3.4). O eterno Deus é luz perfeita e, portanto, é in

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T e o l o g i a   - A D o u t r i n a  d e  D e u s

teiramente impossível que nEle haja trevas (cf. 1 Jó 1.5), isto é, queDeus possa negar a si mesmo (cf. 2 Tm 2.13) ou minta (cf. Hb 6.18).

4.1.3. “A VERDADE DO SENHOR É PARA SEMPRE” (Sl   117.2)Assim como Deus é eterno, são também eternos os atributos da sua na'

tureza. A sua verdade é para sempre (cf. Sl 146.6) e “estende-se de geraçãoa geração” (Sl 100.5). Essa é a segurança que temos em confiar nas suaspromessas. Deus jamais pode revogar a sua Palavra (cf. Mt 5.18; Nm 23.20).

“A palavra de nosso Deus subsiste eternamente” (Is 40.8). “O céu e a terrapassarão, mas as minhas palavras não hão de passar” (Mt 24.35).

4 . 1 . 4 . D e u s  é  f i e l !

Essa qualidade, que de modo absoluto caracteriza Deus, é uma expressãoda verdade que Ele imutavelmente executa sem cessar. A fidelidade de Deus

nunca falha. Repetidamente, a Bíblia fala dessa sua fidelidade vinculada avárias experiências e necessidades do homem. Vejamos: Deus é fiel na suachamada (cf. 1 Co 1.9); é fiel quando o pecador atender, confessando o seupecado (cf. 1 Jó 1.9); é fiel para guardar (cf. 2 Ts 3.3); é fiel ao sermostentados (cf. 1 Co 10.13) eé fiel quanto às suas promessas (cf. Hb 10.23), asquais são sim e sim (cf. 2 Co 1.18-20). Ele também é fiel quando o crentepadece (cf. 1 Pe 4.19) e a sua fidelidade chega até as mais altas nuvens (cf.Sl 36.5), ou seja, quando Jesus vier! Graças a Deus por sua verdade e por suafidelidade. “A sua verdade é escudo e broquel” (cf. Sl 91.4).

4 . 2 . D e u s   é   s a n t o

A Bíblia denomina Deus de “santo” (cf. Sl 99.3). Ele é chamado “oSanto de Israel” (cf. Sl 89.18). Só no livro de Isaías esse nome é usado

trinta vezes (cf. Is 1.4). Deus diz: “Assim diz o Alto e o Sublime, quehabita na eternidade e cujo nome é Santo” (Is 57.15). Realmente, “santo e tremendo é o seu nome” (Sl 111.9).

4.2.1. E s s ê n c i a  d a  s a n t i d a d e

A santidade é uma substância da própria natureza de Deus, e não

somente expressão de um procedimento santo. Deus diz: “Eu sou santo”

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

(1 Pe 1.16; cf. Lv 19.2; 20.7; SI 99.6,9). Ele é a fonte de toda a santidade. Assim como a luz é caracterizada pelo seu brilho, assim tambémDeus, que é a Luz (cf. 1 Jó 1.5), emite raios do brilho da sua santidade. ABíblia diz que “Deus é glorificado na sua santidade” (cf. Êx 15.11). Aglória de Deus são raios da sua santidade, e nós o adoramos na belezadessa santidade (cf. SI 29.2; 96.8,9).

Não somente Deus é santo mas também o Deus Filho (cf. Is 6.3; 1 Jó2.20; Ap 3.7) e o Deus Espírito Santo (cf. Ef 4.30) o são. Essa santidade,

que é um atributo das três Pessoas da Santa Trindade, é evidenciada noclamor dos serafins: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos;toda a terra está cheia da sua glória” (Is 6.3; cf. Ap 4.8).

4.2.2. A SANTIDADE DE DeUS EM RELAÇÃO AOS HOMENS

Deus quer que os homens vivam em íntima comunhão com Ele.

Porém, isso só é possível quando eles aceitam as condições impostaspor Deus. Ele diz: “Sede santos, porque eu sou santo” (1 Pe 1.16). Deustem, na sua santidade, decretado leis e normas que expressam a suavontade, às quais os homens têm de se sujeitar e obedecer. Ele querconduzir os homens no caminho da santidade, porque deseja que “sirvamos a Deus agradavelmente, com reverência e temor” (Hb 12.28,

Versão Revisada, IBB).Deus, porém, na sua santidade, sente tristeza quando sua vontade nãoé respeitada pelos homens — Deus ama a justiça e aborrece a iniqüidade(cf. Hb 1.9). Ele não pode tolerar o pecado (cf. Hc 1.13). Por isso, “asvossas iniquidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus, e os vossospecados encobrem o seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Is 59.2).

4.2.3. A j u s t i ç a d e D e u s é u m a e x p re s s ã o d a s u a s a n t i d a d e

A justiça é a santidade de Deus em ação, relativamente aos homens.Deus é justo (cf. Rm 1.17; 10.3; Jó 17.25; SI 116.5; 2 Tm 4.8). Na sua

 justiça, Ele zela pelo cumprimento das suas leis e normas dadas aos homens. Na sua santidade e verdade, Deus não pode revogar a sua própriaPalavra, nem a sentença imposta aos transgressores, porque elas são imu

táveis como Ele o é.

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T e o l o g i a   - A D o u t r i n a  d e  D e u s

A justiça de Deus leva o homem, que vive em pecado, ao juízo divi-no (cf. Dt 1.17).

4 . 3 . D e u s  é  a m o r

4 . 3 . 1 . D e u s   é  a m o r !

A Bíblia não somente diz que Deus ama os homens (cf. Ef 2.4; 2 Ts 2.16;2 Co 9.7, etc.), mas que Ele é amor (cf. 1 Jó 4.8,16), isto é, que o amor é aprópria substância do eterno Deus. O seu amor é como um rio que emana

dEle mesmo, que é a fonte perene desse sentimento. Assim, a Bíblia fala do“Deus de amor” (2 Co 13.11) e também do “amor de Deus” (2 Co 13.13).

Não somente Deus é amor. Toda a Trindade é uma expressão do amordivino. A Bíblia fala de Jesus, o Filho de Deus, “do seu amor que excedetodo entendimento” (Ef 3.19). Fala também do amor do Espírito Santo(cf. Rm 15.30).

Quando Jesus quis mostrar a profundidade do amor de Deus para comos seus discípulos, Ele disse: “[Tu] tens amado a eles como me tens amadoa mim” (Jó 17.23). Deus é amor! E esse seu sentimento é de caráter imu-tável. O mesmo amor com que Deus amou seu Filho, a quem chamou“meu Filho amado” (Mt 3.17), também derrama aos que crerem nEle. Oamor de Deus não se pode medir (cf. Jó 5.9; 9.10; SI 139.17,18). E maior

que o amor de uma mãe por seu próprio filho! (cf. Is 49.15)

4 . 3 .2 . O a m o r  d e  D e u s   p a r a   c o m  o s   p e c a d o r e s

A Bíblia diz que Ele nos amou primeiro (cf. 1 Jó 4.19). Amou-nosquando éramos pecadores (cf. Ef 2.4,5; Rm 5.8). O seu amor se expressaem desejar o melhor para nós, e possuir em íntima comunhão consigo.Ele, que aborrece o pecado (Hb 1.9), ama o pecador!

4 . 3 .3 . O GRANDE PREÇO QUE O AMOR DE ÜEUS PAGOU!

Estamos agora diante da maior e mais insondável profundidade do amorde Deus. Enquanto Deus na sua santidade não pode tolerar o pecado, econforme a sua soberana justiça tem de executar o juízo para castigar quemvive no pecado, de forma paradoxal ama o pecador! Parece que estamos

diante de uma inexplicável contradição. Porém, não há nada disso.

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T e o l o g i a   S i s t e m á t i c a

O amor de Deus está em pleno acordo com a retidão e a justiça dasexigências de castigo para o pecador. Mas no seu “muito amor com quenos amou” (Ef 2.4), Deus resolve pagar o mais alto preço jamais retribuído (cf. 1 Co 6.20), dando o seu próprio Filho para ser o sacrifício peloresgate dos homens. Jesus foi dado como Mediador entre a justiça deDeus e os homens (cf. 1 Tm 2.5,6), e morreu na cruz do Calvário, pagando a sentença que a justiça de Deus havia decretado sobre o pecador(cf. 2 Co 5.21; 1 Pe 3.18).

Assim, a justiça de Deus permanece respeitada e executada, e através do seu amor, os pecadores são perdoados e salvos (cf. Jó 3.16).

4.3.4. A g r a ç a d e D e u s ( c f . 2 Co 6.1; 8.1; G l   2.21, e t c . ) é u m a  

e x p r e s s ã o d o a m o r d i v in o

Graça significa um favor imerecido que Deus, na sua perfeita justiça,

manifestou por intermédio do sacrifício do seu Filho (cf. 2 Tm 1.9; 2 Co8.9), trazendo salvação a todos os homens (cf. Tt 2.11). A Bíblia diz: “Porum só ato de justiça veio a graça sobre todos os homens para justificação devida” (Rm 5.18), e ainda: “Onde o pecado abundou, superabundou a graça”(Rm 5.20). “Graças a Deus, pois, pelo seu dom inefável” (2 Co 9.15).

4.3.5. A MISERICÓRDIA E A LONGANIMIDADE DE DEUS SÃO EXPRESSÕES DO SEU AMOR

Deus é chamado “o Pai das misericórdias” (2 Co 1.3 ), e a Bíblia diz queEle é “riquíssimo em misericórdia” (Ef 2.4). A misericórdia que Ele mostraperdoando o pecador é concedida pelos méritos de Jesus Cristo (cf. Tt 3.5; 1Pe 1.3). Pelo seu amor, Ele se mostra longânimo (cf. 1 Pe 3.20), esperandocom paciência que o pecador aceite o seu convite (cf. Rm 2.4).

5 . 0 P o d e r   C r i a d o r   d o   D e u s   E t e r n o

Temos já visto que Deus é Todo-poderoso (cf. Gn 17.1), e deixouque as “coisas que estão criadas” manifestem para todos o seu eternopoder e a sua divindade (cf. Rm 1.19,20). O ensino da Bíblia sobre a

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T e o l o g i a   - A D o u t r i n a  d e   D e u s

criação do mundo constitui um protesto contra as filosofias pagãs (entreelas o panteísmo), as quais apresentam Deus como um ser impessoal,

inativo ou passivo. A Bíblia apresenta Deus como um Ser divino e ativo, que trabalha (cf. Jó 5.17; Cl 1.16; At 14.17; 17.28). A sua criaçãotestifica da grandeza do seu poder (cf. Jr 10.12; 32.17; 51.15), sendouma expressão da sua divina vontade (cf. Ap 4.11).

O problema da origem de todas as coisas tem preocupado muita gente.Filósofos e cientistas têm pesquisado e feito declarações sobre o resultado

das suas pesquisas, as quais diferem de modo impressionante entre si.A Bíblia nos dá uma definição autorizada sobre este assunto. Foi Deus

que, através de uma revelação, deixou a Moisés a incumbência de escrever sobre a criação do céu e da terra. Ela expressa afirmativamente: “Noprincípio criou Deus os céus e a terra” (Gn 1.1). Nos três primeirosversículos da Bíblia temos, de modo concentrado, um relato verídico,

que abrange um enorme período de tempo e acontecimentos da maiorrelevância.

5.1. No p rin cíp io c r i o u D e u s os c éu s e a t e r r a (Gn   1.1)5.1.1. No PRINCÍPIO

Aqui Deus não dá nenhuma definição sobre o tempo. Foi quando otempo pela primeira vez apareceu no espaço da eternidade. Pode ser quetenham se passado milhões de anos desde aquele momento. Vemos, assim, que não existe nenhuma contradição por parte da Bíblia com oscálculos que os geólogos têm apresentado sobre a idade da Terra.

5.1.2. C r io u D e u s

Deus se apresenta como a única origem de todas as coisas. Quando a

Bíblia expressa “criar”, é usada uma palavra hebraica, bara, que significa“fazer algo do nada”. Foi isso que aconteceu! (S133.9; 148.1-5; Hb 11.3)Tudo surgiu do nada, criado apenas pela Palavra de Deus.

5.1.3. Foi D e u s — E lo h im — Q u e m c r i o u !

 Já observamos que Elohim é a palavra hebraica que designa um plu

ral majestático de Deus, mostrando-nos a Trindade operando na cria

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

ção! Deus criou (cf. Gn 1.1; Hb 1.10); o Filho, Jesus, também criou(cf. Cl 1.16; Jó 1.1-3; Hb 1.2) e o Espírito Santo também operou (cf.

Gn 1.2; SI 104.30).

5.1.4. A B íb lia f a l a p o u c o d e s s a c r i a ç ã o o r i g i n a l

Ela diz que Deus não criou a Terra vazia (cf. Is 45.18). Vemos algumas referências a essa criação em Provérbios 8.22-31 e Jó 38.4-7.

5.2. “A TERRA ERA SEM FORMA E VAZIA” (Gn   1.2)Alguma coisa aconteceu! A Terra que Deus não “criou vazia” ficou

sem forma e vazia... em caos!

5.2.1. “A TERRA ERA”

“A terra era” (Gn 1.2) pode ser traduzido “se tomou”. Várias tradu

ções usam essa palavra desse modo. Na Bíblia Hebraica é utilizado otermo “ficou”, no sentido de “tomou-se assim”. Como exemplo, veja ostermos utilizados em Gênesis 2.7; 19.26; 20.12, etc.

5.2.2. “ Sem f o r m a e v a z i a ”

Essa expressão, em hebraico, tohu vbohu,  aparece três vezes na Bí

blia, sempre com relação ao castigo de Deus (cf. Gn 1.2; Jr 4.23; Is 34.11).Houve uma catástrofe que destruiu a criação original, conforme também lemos em 2 Pedro 3.5. Não se deve confundir essa catástrofe com odilúvio. Após o dilúvio, não houve a necessidade de Deus restaurar nada,porém aqui a terra ficou em caos, e toda a vida, seja vegetal ou animal,foi desfeita.

5.2.3. A B íb lia n ã o r e v e l a a c a u s a d e s s a c a t á s t r o f e

Existe um pensamento generalizado entre muitos teólogos de que háuma simultaneidade entre essa catástrofe e a queda celestial de Lúcifer,o querubim protetor (cf Ez 28.11-17; Is 14.12-14; Lc 10.19), ocasionada pela cobiça de tomar-se semelhante ao Altíssimo (cf. Is 14.13). Po

rém, a Bíblia silencia sobre os detalhes.

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T e o l o g i a   - A D o u t r i n a  d e  D e u s

5.3. “ D isse D e u s : h a j a l u z . E h o u v e l u z ” (Gn   1.3)A Bíblia não revela qual o intervalo de tempo que existiu entre a

catástrofe destruidora da criação original e o início da obra restauradorade Deus pela sua Palavra.

5.3.1. A P a l a v r a c r i a d o r a

A restauração do mundo foi executada através da mesma Palavra depoder com que foi gerada a criação original (cf. 2 Pe 3.7). Começou com a

Palavra de Deus: Haja luz. Em todo o primeiro capítulo de Gênesis apare-cem expressões como: “E disse Deus”, “e viu Deus”, “chamou Deus”, etc.

5.3.2. A P a l a v r a r e n o v a d o r a

Quando Deus restaurou a Terra, aproveitou coisas que já existiam.Por isso é usada para “fez Deus” a palavra hebraica asah. Asah significa

“fazer de coisas que já existem”. Porém, quando se trata do aparecimento dos animais, etc. (cf. Gn 1.21), é usada de novo a palavra bara, isto é,“criar do nada”. Deus criou as grandes baleias, etc.

Quando se trata do homem, Deus “fez” (asah), porque o formou dopó da terra (cf. Gn 1.26 e 2.7) e a mulher da costela de Adão (cf. Gn2.21,22), mas também “criou” (bara, cf. Gn 1.27), porque assoprou emseus narizes o fôlego da vida e, assim, o homem foi feito alma vivente

(cf. Gn 2.7). Em Isaías 43.7, vemos essas duas expressões: “Os que crieipara a minha glória; eu os formei, sim, eu os fiz”.

5.3.3. A RESTAURAÇÃO

A Terra foi restaurada em seis dias, e no sétimo Deus descansou, istoé, a obra estava consumada e não houve necessidade de mais trabalho.

Isso não significa que Deus continuou a descansar em todo o dia sétimo.Aqui é retratado um período de seis dias literais de 24 horas, e não deseis fases de tempo. Isso se vê em Êxodo 20.9,11. Ali encontramos oseguinte registro: “Seis dias trabalharás e farás toda a tua obra... Porqueem seis dias fez [asah] o Senhor os céus e a terra”. Se fossem fases detempo, não se poderia explicar a expressão: “Foi a tarde e a manhã: o dia

primeiro”, etc. (cf. Gn 1.5,8,13,19,23,31)

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

I M W I M B I W X W I M S M M '

5.3.4. A HARMONIA DA CRIAÇÃO

Vemos assim, no primeiro capítulo, as coisas restauradas: separaçãoentre céu e água, entre terra e mar, a produção de erva conforme a suaespécie, a restauração do sistema solar, a criação dos animais e, por fim,a criação do homem. E Deus viu tudo quanto tinha feito, e eis que tudoera muito bom (cf. Gn 1.26).

5.4. A NARRAÇÃO DA BÍBLIA SOBRE A CRIAÇÃO DO MUNDO DESFAZ AS 

DOUTRINAS MATERIALISTAS SOBRE ESSE ASSUNTO

5.4.1. O p i n i õ e s s e c u l a r e s

Existem filósofos e cientistas que têm combatido o ensino da Bíbliasobre a origem de todas as coisas.

 Já na antiguidade, filósofos gregos como Heráclito, Aristóteles, etc., afirmaram que o mundo apareceu por meio de uma eterna e impessoal energia.

 Já naquele tempo, essa semente materialista era lançada pelo Inimigo.No século XIX, surgiu um naturalista, Charles Darwin (morto em

1882, aos 73 anos de idade), que lançou a teoria da evolução, afirmando que as espécies existentes são resultado de uma gradual evolução de espécies inferiores, iniciando por um “protoplasma” até chegar ao homem.

5.4.2. E v o l u c i o n i s m o

As teorias evolucionistas são totalmente falsas e sem fundamentocientífico.

Se, como os evolucionistas afirmam, toda vida existente começoupor um “protoplasma”, de onde ele veio — e quem o fez? Não existem

provas, somente suposições infundadas.A afirmativa de que a vida surgiu da matéria em alta rotação e movimento é completamente infundada. Jamais a ciência comprovou que avida tenha surgido da matéria. Deus é o Senhor da vida e a sua únicafonte (cf. At 17.25).

A afirmativa de que espécies inferiores evoluíram para espécies superiores é também inteiramente falsa, isso jamais aconteceu. Todo ser

vivo se reproduz e se desenvolve dentro da mesma espécie. Cavalos

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T e o l o g i a   - A D o u t r i n a  d e   D e u s

sempre geram cavalos e jamais girafas. Além disso, a afirmativa de queas espécies com o tempo venham a progredir, também não é real. Umfato conhecido é que tudo aquilo que for entregue à sua própria sorte,finda por degenerar.

5.4.3. C i ê n c i a v e r s u s e v o l u c io n i s m o

As teorias evolucionistas estão sendo rejeitadas pela ciência maisavançada. Muitos cientistas atuais falam abertamente dessa teoria

como uma coisa sem fundamento. O próprio Darwin se converteu aDeus. Ele lamentou o grande estrago que as suas teorias infundadascausaram no meio universitário e na teologia. Ele sofreu no fim davida de um “mal psicossomático”. Seu médico, o Dr. Ralf Colp Jr.,denominou sua doença de “mal de Darwin” — uma consciência atormentada.

5.4.4. Q u a l é o a l v o d a t e o r i a e v o l u c i o n i s ta ?

A teoria evolucionista é um combate organizado contra Deus. Spencerafirma: “A evolução é puramente mecânica e anti-sobrenatural. Nãoexiste lugar para Deus nessa teoria”. É como diz a Bíblia: “Mudaram averdade de Deus em mentira e honraram e serviram mais a criatura do

que o Criador” (Rm 1.25).O evolucionismo procura dissolver a existência de Deus como umser divino e perfeito. Deus afirmou ter feito o Céu e a Terra e a vida quenela há (cf. Is 42.5 e 45.12). Ele se chama “o Criador” (cf. Ec 12.1).Deus tem apresentado a criação como prova da sua existência (cf. Rm1.20; Sl 8.3 e 19.1-6), e declara: “Os deuses que não fizeram os céus e aterra desaparecerão” (Jr 10.11,12). Quem nega que Deus é o Criador ofaz mentiroso, e um Deus que mente não pode existir. Mas, diz a Bíblia:“Ele fez a terra pelo seu poder” (Jr 10.12).

Essa doutrina é um ataque contra a veracidade da Bíblia. Se fossepossível provar que os primeiros capítulos da Escritura estão destituídosde fundamento, estaria anulado todo o valor da mesma. Vemos que osteólogos que aderiram a essa doutrina evolucionista também não crêem

nas doutrinas básicas da Bíblia.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

5.4.5. O CRENTE JAMAIS PODE FICAR NEUTRO

De cabeça erguida proclamamos, em qualquer lugar e diante de qual

quer auditório, que Deus é o Criador. Jamais nos colocamos contra averdadeira e bem informada ciência, mas a Bíblia diz que devemos terhorror às oposições da ciência falsificada, porque aqueles que a professam se desviam da fé (cf. 1 Tm 6.20,21). Nós estamos na mesma fileiraque o apóstolo Paulo se encontra, na “defesa e confirmação do evangelho” (Fp 1.7).

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C a p í t t t t o   3

C r i s t o l o g i aA D o u t r i n a   d e   C r i s t o

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

1. A PREEXISTÊNCIA ETERNA DE JESUS

1 . 1 . J e s u s   t a m bé m  é  e t e r n o

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo eraDeus” (Jó 1.1). “E ele é antes de todas as coisas” (Cl 1.17); “Desde osdias da eternidade” (Mq 5.2) e antes que o mundo existisse, possuíaglória junto com o Pai (cf. Jó 17.5). Jesus disse: “Antes que Abraãoexistisse, eu sou” (Jó 8.58). Em Provérbios 8.22-31, lemos sobre o prin

cípio dos seus caminhos, antes de suas obras.

1 . 2 . A n t e s  d a  f u n d a ç ã o  d o  m u n d o  , J e s u s  p l a n e j o u  j u n t o  c o m  o  P a i

A SALVAÇÃO DA HUMANIDADE 

Deus na sua Onisciência viu, desde a eternidade, que o homem aser criado cairia em pecado, ficando sujeito à perdição eterna. Ele

então preparou um caminho de salvação, por meio do sacrifício deseu próprio Filho. Jesus participou e concordou e, desde então, jáestava disposto a dar a sua vida por nós. Por isso, a Bíblia se expressaa respeito do “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”(Ap 13.8). A vida eterna é assim prometida “antes dos tempos dosséculos” (Tt 1.2), quando Deus nos elegeu para, em Jesus, sermos

santos e irrepreensíveis (cf. Ef 1.4).

1 . 3 . J e s u s   pa r t ic i po u   d a   c r i a ç ã o   d o   m u n d o

“Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito sefez” (Jó 1.3). “Todas as coisas subsistem por ele” (Cl 1.17).

2 . A E n c a r n a ç ã o de Je s u s

 Jesus, o “Deus bendito eternamente” (Rm 9.5), fez-se homem. Essemistério chama-se “encarnação”. A Bíblia diz: “Grande é o mistério dapiedade: Aquele que se manifestou em carne” (1 Tm 3.16). A doutrina

da encarnação de Jesus excede tudo que o entendimento humano possa

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C r i s t o l o g i a   ■ A D o u t r i n a   d l   C r i s t o

compreender; porém, desse milagre depende a substância do Evangelhoda salvação e a doutrina da redenção.

2 .1 . J e s u s   s e  f e z  h o m e m  po r  m e i o  d e  u m a  v i r g e m , a t r a v é s  d e  c o n c e p-

ç ã o   SOBRENATURAL

Quando Deus, no dia da queda, prometeu o Redentor, revelou também de que maneira Ele viria ao mundo. Disse à serpente: “Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua descen

dência; esta te ferirá a cabeça, e tu lhe ferirás o calcanhar” (Gn 3.15,Versão Revisada, IBB). O profeta Isaías profetizou: “Uma virgem conceberá e dará à luz um filho e será o seu nome Emanuel” (Is 7.14).Quando na plenitude dos tempos (Gl 4-4), o anjo Gabriel comunicoua Maria que ela seria o instrumento da encarnação de Jesus, disse-lhe:“Em teu ventre conceberás e darás à luz um filho, e por-lhe-ás o nome

de Jesus” (Lc 1.31). Maria respondeu: “Como se fará isto, visto quenão conheço varão?” (Lc 1.34) E Gabriel lhe revelou como este milagre aconteceria. Ele disse: “Descerá sobre ti o Espírito Santo e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra, pelo que também o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus” (Lc 1.35).Com a palavra: “Eis aqui a serva do Senhor, cumpra-se em mim segundo a tua palavra” (Lc 1.38), Maria aceitou, e o milagre aconteceu! Elaestava grávida!

É impossível explicar este milagre em termos biológicos. O médicoLucas registrou este milagre no seu evangelho com fé e convicção,sem deixar uma sombra de dúvida. “Pela fé entendemos” (Hb 11.3).

2 .2 . J e s u s   v e i o   a  e s t e   m u n d o   po r  m e i o   d e  u m  n a s c i m e n t o   n a t u r a l

Ele nasceu exatamente nove meses após Maria haver concebido demodo sobrenatural, quando “se cumpriram os dias em que ela havia dedar à luz” (Lc 2.6). Jesus nasceu, conforme a profecia, em Belém (cf.Mq 5.2), e para isso Deus providenciou que o alistamento decretadopelo imperador Augusto obrigasse José e Maria a locomoverem-se deNazaré, na Galiléia, até Belém, exatamente na época de Maria dar à

luz. Jesus nasceu como os demais homens nasceram. Houve, porém,

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

uma manifestação sobrenatural: Uma multidão de anjos cantou, diante de um grupo de pastores de ovelhas, louvores ao Messias que havia

nascido (cf. Lc 2.8-14).

2.3. O VERDADEIRO ÜEUS VEIO AO MUNDO COMO UM VERDADEIRO HOMEM

Foi por meio desse milagre que “o verbo se fez carne” (Jó 1.14), queDeus introduziu no mundo o Primogênito (cf. Hb 1.6), que Jesus veio emsemelhança de carne (cf. Rm 8.3), que participou da carne e do sangue

(Hb 2.14) e foi feito “descendência de Abraão” (Hb 2.16), “em tudo...semelhante aos irmãos” (Hb 2.17). Foi assim que Ele desceu do Céu (cf.

 Jó 6.33,38,41,42,51,58), e Deus lhe preparou um corpo (cf. Hb 10.5).A encarnação deu a Jesus condições de ser o Mediador entre Deus e

os homens (cf 1 Tm 2.5), e ser misericordioso e fiel sumo sacerdote,para expiar o pecado do povo (cf. Hb 2.17). Sendo homem, podia fazerreconciliação pelos homens; sendo Deus, a sua reconciliação fica comum inédito valor.

3 . J e s u s  — O v e r d a d e i r o   D e u s

Não é somente desde a eternidade que Jesus é Deus (cf. Jó 1.1-3).Ainda depois que Ele “aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma deservo” (Fp 2.7), e “o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jó 1.14),continua sendo Deus verdadeiro, revelando “a glória do Unigênito doPai, cheio de graça e de verdade” (Jó 1.14). As Escrituras, que incontes-tavelmente provam a sua deidade, foram escritas para que todos creiamque Jesus é o Cristo (cf. 1 Jó 5.10). Vamos mencionar algumas evidências

que provam que Jesus é Deus verdadeiro.

3 . 1 . J e s u s   é   c h a m a d o   “D e u s ”

3.1.1. D e u s  P a i  c h a m o u o  “D e u s ”

“Do Filho, diz: O Deus, o teu trono subsiste” (Hb 1.8). Duas vezesEle o chamou: “Meu Filho amado” (Mt 3.17; Me 9.7). Todo aquele,

pois, que nega que Jesus é Filho de Deus, faz o próprio Deus mentiro

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C r i s t o l o g i a • A D o u t r i n a  n i C r i s t o

so, “porquanto não creu no testemunho que Deus de seu Filho deu”(1 Jó 5.10).

3.1.2. O ANJO, ENVIADO POR ÜEU S, CHAMOU JESUS DE “FlLHO DE D e u s ”

(Lc 1.35)“E ele será chamado pelo nome de E m a n u e l ” ( E m a n u e l traduzido é : 

Deus conosco. Mt 1.23). Quando Jesus nasceu, os anjos cantaram louvores a “Cristo, o Senhor” (Lc 2.11).

3.1.3. O p r ó p r io Je s u s se c h a m o u “D e u s ”

Quando os seus inimigos lhe perguntaram: “És tu o Cristo, Filho doDeus Bendito?”, Ele respondeu: “Eu o sou” (Me 14.61,62). Ele chamouDeus de meu Pai (cf. Mt 10.32; Jó 2.16; 10.37; 15.24). Ele se chamoutambém “o Filho unigênito que está no seio do Pai” (Jó 1.18) e disse:

“Quem me vê a mim vê o Pai” (Jó 14.9). Para a mulher samaritana, Eledisse que era o Messias (Jó 4.25,26), notícia que se espalhou em toda acidade (Jó 4.29). Ele se chamou: “o Alfa e o Omega, o Princípio e o Fim,o Primeiro e o Derradeiro” (cf. Ap 22.13) e “Eu sou” (Jó 8.24,28,58;13.59; compare com Êx 3.14).

Aquele que nega a deidade de Jesus rejeita o próprio testemunho de Jesus, e mostra assim que é inspirado pelo espírito do Anticristo (cf. 1 Jó2.22,23). Se Jesus fosse, como os teólogos modernistas afirmam, um produto da união entre Maria e José ou com qualquer outro homem, o mundonão teria nenhum Salvador, e Jesus seria um homem mentiroso, porqueafirmou ser o Filho de Deus. Mas glória a Jesus! Ele é Deus benditoeternamente (Rm 9.5).

3 . 1 . 4 . T o d o s  o s   a pó s t o l o s   a f ir m a r a m  q u e  J e s u s   é  D e u s

 João Batista disse que Jesus era Filho de Deus (cf. Jó 1.34). Pedrotestificou: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16), chamou-ode “o Santo” (At3.14) e “nosso Deus e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 1.1),e disse que Jesus Cristo é o Senhor de todos (cf. At 10.36). Paulo disse que

 Jesus era o próprio Filho de Deus (cf. Rm 8.32) e falou da glória do “gran

de Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.13), dizendo que Cristo, se

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T e o l o g i a   S i s t e m á t i c a

gundo a came, é Deus bendito eternamente (cf. Rm 9.5). João escreveuque Jesus era o Verbo eterno (cf. Jó 1.1), o Unigênito do Pai (cf. Jó 1.14),e “verdadeiro Deus”(l Jó 5.20). Tomé o chamou “Senhor meu, e Deusmeu” (Jó 20.28). E todos os que em todos os tempos receberam a salvaçãotêm dado o mesmo testemunho que os samaritanos: “Sabemos que este éverdadeiramente o Cristo, o Salvador do mundo” (Jó 4-42).

3 .2 . J e s u s   p o s s u i   a t r i b u t o s   d i v i n o s

• Jesus é onipotente (cf. Lc 4.35,36,41), tem poder sobre os demônios(cf. Mt 8.16; 10.1), tem poder sobre as doenças (cf. Mt 10.8) e tem poderpara guardar (cf. Mt 28.18).

• Jesus é onisciente (cf. Jó 2.24; 4.16-19;6.64; Me 2.8; Lc 22.10-12;5.4-6).

• Jesus é onipresente (cf. Mt 28.20; 18.20; 2 Co 13.4; Ef 1.23).

• Jesus é imutável (cf. Hb 13.8; Hb 1.12).• Jesus é eterno (cf. Cl 1.17; Jó 1.1; Mq 5.2; Is 9.6).• Jesus deve ser adorado. Ele que afirmou: “Ao Senhor, teu Deus,

adorarás” (Mt 4.10) e aceitou adoração (cf. Mt 28.9-17; 14.33; 15.25;Lc 24.52). Veja também Hebreus 1.6.

3.3. AsSUAS OBRAS DIVINAS p r o v a m a s u a d e id a d e

 Jesus tomou parte na criação do mundo (cf. Jó 1.3; Cl 1.16; 1 Co 8.6;Hb 1.2,10), e por Ele todas as coisas subsistem (At 17.28); realizou obrasdivinas (cf. Jó 5.36; 10.25,37,38; 14.10,11; 15.24; 17.4) e ressuscitoumortos (cf. Lc 7.14,15; 8.54,55; Jó 11.39-44). Ele mesmo é a “Ressurreição e a Vida” (cf. Jó 11.25; 5.25); também perdoou e perdoa pecados (cf.Mt 9.5; Lc 5.20; 7.47-50; At 10.38).

3.4. A SUA NATUREZA DIVINA PROVA A SUA DEIDADE

3 . 4 . 1 . J e s u s  é  s a n t o

Era chamado “santo” (cf. At 2.27; 3.14; 4.27). Ele fez sempre o queera agradável a Deus (cf. Jó 8.29). Amava a justiça e aborrecia a iniqüidade (cf. Hb 1.9). Ele não conhecia pecado (cf. 2 Co 5.21), era imaculado

(cf. Hb 7.26), sem mancha (cf. 1 Pe 1.19) e puro (cf. 1 Jó 3.3).

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C r i s t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d e  C r i s t o

3 . 4 . 2 . J e s u s  é  a m o r

O seu amor excede todo o entendimento (cf. Ef 3.19). “Ninguémtem maior amor do que este: de dar alguém a sua vida pelos seus amigos”(Jó 15.13). Cristo mostrou o seu amor para com o Pai (cf. Jó 14.31),querendo em tudo obedecê-lo e fazer a sua vontade (cf. Jó 6.38; SI 40.9;

 Jó 4.34). Ele amou o mundo, entregando-se por nós em sacrifício (cf. Ef5.2), sendo nós ainda pecadores (cf. Rm 5.6,8). Cristo amou a sua igreja(cf. Ef 5.25) e os seus seguidores: “Como havia amado os seus que esta

vam no mundo, amou-os até ao fim” (Jó 13.1). Ele ama os pecadores (cf.Lc 19.10), e até os seus inimigos (cf. Lc 23.34).

3.4.3.  J e s u s  é  a  v e r d a d e   ( c f .  J ó   14.6; 1.14,17; 8.32; 15.1; 18.37)“Cristo foi ministro da circuncisão, por causa da verdade de Deus,

para que confirmasse as promessas feitas” (Rm 15.8). Por isso, todas

as promessas de Deus são nele “sim” (cf. 2 Co 1.20,21). Ele é o verdadeiro (cf. 1 Jó 5.20).

4 .  J e s u s — O V e r d a d e i r o H om em

Cristo, “sendo em forma de Deus... aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo” (Fp 2.6,7). Assim, “Cristo... Deus bendito eternamente” (Rm 9.5), renunciou voluntariamente à glória perfeita que possuía nos céus (cf. Jó 17.5) e a tudo aquilo que Ele na sua glória divinapodia gozar, para ser o Redentor da humanidade, sujeito às limitações deum verdadeiro homem. Jesus viveu neste mundo não somente como

Deus verdadeiro, mas também como homem verdadeiro.

4.1. A B í b l ia c h a m a J e su s “ hom em ”

Quando Pedro falou de Jesus, disse: “Jesus Nazareno, varão aprovadopor Deus” (At 2.22). Pilatos disse a respeito de Jesus: “Eis aqui o homem” (Jó 19.5). Jesus disse, falando de si mesmo: “Nem só de pão viveráo homem” (Mt 4.4). Ele também afirmou: “Mas, agora, procurais matar-me a mim, homem que vos tem dito a verdade” (Jó 8.40). Paulo escre

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

veu que a graça (cf. Rm 5.15-18) e a ressurreição vieram por um homem(cf. 1 Co 15.21) e que há “um só mediador entre Deus e os homens,

 Jesus Cristo, homem” (1 Tm 2.5).O nome “Filho do homem”, freqüentemente usado por Ele mesmo

(69 vezes nos evangelhos), expressava tanto a sua humilhação e sofrimento como sua representação legal por toda a humanidade (cf. Mt8.20; 11.19; 20.28; Me 8.31; Jó 8.28; 12.23, 24, etc.), como também agrande glória com que Ele há de se manifestar quando voltar para julgar

o mundo e para reinar (cf. Mt 16.27; 24.30; 26.64; Me 13.26, etc.).

4 . 2 . J e s u s  n a s c e u   c o m o   q u a l q u e r  o u t r o   h o m e m

Embora Maria houvesse concebido de modo sobrenatural pelo Espírito Santo (cf. Lc 1.35), Jesus nasceu como todos os homens nascem (cf. Lc 2.7). Deus lhe preparou um corpo (cf. Hb 10.5), e Ele

“veio em carne” (cf. 1 Jó 4.2), e se fez carne (cf. Jó 1.14), e comooutro homem qualquer participou “da carne e do sangue” (cf. Hb2.14). Assim, Ele teve corpo (cf. Mt 26.12; Lc 24.39), alma (cf. Mt26.38) e espírito (cf. Jó 11.33). Ele estava sujeito ao crescimento eao amadurecimento naturais (cf. Lc 2.40,52), e aprendeu a obediência (cf. Hb 5.8).

4 .3 . J e s u s   i n t e g r o u s e   c o m p l e t a m e n t e  n a   s o c i e d a d e  d e   s u a  é p o c a

4.3.1.  J e s u s e r a m em b ro d e u m a f a m í li a

Quando Maria concebeu pelo Espírito Santo, era noiva de José. Porrevelação de um anjo, ele tomou conhecimento disso e resolveu aceitarMaria como a sua esposa. Todavia, não a conheceu antes de ela haverdado à luz a Jesus (cf. Mt 1.18-25). Assim, nasceu Jesus, não de uma mãesolteira, mas em uma família. O povo falava dEle: “Não é este Jesus, ofilho de José?” (Jó 6.42) Jesus, como filho, sujeitou-se aos seus pais (cf.Lc 2.51).

4.3.2.  Je s u s t e v e u m n o m e , c o m o q u a l q u e r o u t r o h om em

O nome que Maria lhe deu foi aquele que o anjo havia dito que lhe

dessem: “E lhe porás o nome de Jesus” (Mt 1.21; cf. Lc 1.31).

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C r i s t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d e  C r i s t o

4.3.3.  J e s u s t e v e , c o m o q u a l q u e r o u t r o h om em , a s u a g e n e a l o g i a

A Bíblia até registra duas genealogias, a primeira do lado de José, opai adotivo de Jesus, o cabeça da família, que definia a sua posição

 jurídica (cf. Mt 1.1-17), e a segunda genealogia do lado de Maria, asua mãe, que definia a sua posição biológica (cf. Lc 3.23-38). Nasgenealogias judaicas não se registravam nomes de mulheres e, por isso,Maria não aparece em Lucas 3.23 como filha de seu pai Eli, mas emlugar dela, José, seu marido, como “filho de Eli” (José era genro de Eli!

O pai de José era Jacó [cf. Mt 1.16]) (Scofield).Por meio dessas genealogias podemos provar o cumprimento exato

de tudo que “Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas”(At 3.21) a respeito da procedência de Jesus como homem. Segundoas profecias, o Messias viria de Sem, filho de Noé (cf. Gn 9.26,27 -cumprimento: Lc 3.36), da semente de Abraão (cf. Gn 17.19; 12.3; Gl

3.16 - cumprimento: Lc 3.34), descendente de Jacó (cf. Gn 18.13-15,veja Lc 3.34), da tribo de Judá (cf. At 13.22,23; Hb 7.14; Ap 5.5, vejaLc3.34), da família de Davi (cf. SI 132.11; Jr 23.5; Rm 1.3; At 13.22,23,veja Lc 3.32). Observamos assim que todos esses nomes constam dagenealogia de Jesus.

4.3.4. Je s u s t e v e a s u a p r o f i s s ã o s e c u l a r

O seu pai adotivo era carpinteiro (cf. Mt 13.55). Jesus aprendeu amesma profissão, e por isso era chamado de “carpinteiro” (cf. Me6.3). Jesus, como o primogênito de Maria, ficou com a responsabilidade da família após o falecimento de José, motivo por que Ele, nacruz, entregou essa responsabilidade a João, o seu discípulo (Jó19.26,27).

4.3.5.  Je s u s c u m p riu o s e u d e v e r p a r a c o m a s o c i e d a d e

Pagou o tributo (cf. Mt 17.24-27). Com sabedoria, evitou entrar emuma armadilha que os inimigos lhe haviam preparado, para o jogar contra o governo romano ou contra o seu povo, os judeus (cf. Mt 22.15-21).Nunca agitou as multidões (cf. Mt 12.19-21). O governador Pilatos dis

se a seu respeito: “Nenhum crime acho nele” (Jó 19.6).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

4.4.  J e s u s , c o m o v e r d a d e i r o h o m e m , e s t a v a s u j e i t o à s l i m i t a ç õ e s

HUMANAS

 Jesus sentia cansaço (cf. Mt 8.24; Jó 4.4). Tinha fome (cf. Mt 4.2) esede (cf. Jó 4-7; 19.28). Ele se alegrava (cf. Lc 10.21), e também sentiatristeza e perturbação (cf. Me 3.5; Jó 12.27). Até chorou (cf. Hb 5.7; Lc19.41; Jó 11.35). Ele sofreu (cf. Me 8.31; Lc 9.2), até o ponto que o seusuor ficou como sangue (cf. Lc 22.44). Morreu (Fp 2.8; Jó 19.30,34)-

 Jesus, como homem, foi tentado em tudo (cf. Hb 4.15; Mt 4-1-11).

Toda tentação que um homem pode sofrer, Jesus sofreu (cf. Hb 2.17; Lc22.28). Como Deus, jamais podia ser tentado (cf. Tg 1.13).

Como homem, Jesus dependia da ajuda de Deus. Por isso Ele oravaconstantemente (cf. Mt 14.23), para que de Deus recebesse poder (cf.Lc 5.16,17), direção para o seu trabalho (cf. Lc 6.12,13; Lc 4*42,43) evitória sobre os demônios (cf. Me 9.29, etc.). Ele orou até pelos inimi

gos (cf. Lc 23.34). Por isso, as ameaças e maldades dirigidas contra Ele jamais podiam alterar a sua íntima comunhão com Deus. Em tudo Elenos deu exemplo (cf. 1 Pe 2.23), abrindo pelas suas pisadas o caminhoque nos conduz à vitória (cf. SI 85.13).

 Jesus, como homem, se distinguiu de todos os demais homens em umsó ponto: jamais sofreu uma fraqueza moral. Embora tenha vindo em

“semelhança da carne” (Rm 8.3), Ele jamais conheceu o pecado na suaprópria experiência (cf. Hb4.15; 2 Co 5.21). Ele era santo (cf. Hb 7.26),incontaminado e imaculado (cf. 1 Pe 1.19). NEle não havia pecado (cf.1 Jó 3.5); era justo (cf. 1 Jó 3.7). Podia desafiar a todos: “Quem dentrevós me convence de pecado?” (Jó 8.46) Quando entrou na luta final,Ele disse: “...se aproxima o príncipe deste mundo e nada tem em mim”(Jó 14-30). Ele que orou: “Pai, perdoa-lhes” (Lc 23.34)- Nunca precisa

va pedir: “Pai, me perdoa!”

4.5.  J es u s , hom em v e r d a d e i r o e t e r n a m e n t e

O “Verbo se fez carne” (Jó 1.14) e assim permanece eternamente (cf.Hb 7.24), para sempre (cf. Hb 7.28,25). Após a ressurreição, Jesus recebeu um corpo glorioso (cf. Fp 3.21; Lc 24.39), isto é, um corpo espiritual

(cf. 1 Co 15.44), e foi exaltado soberanamente (cf. Fp 2.9). Ele assim

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C r i s t o l o g i a   - A D o u t r i n a   d e   C r i s t o

está no céu, com o seu corpo que recebeu como homem, embora glorifi

cado. Estêvão (cf. At 7.56) e João (cf. Ap 1.13) o viram após a suaascensão como Filho do Homem. Assim Ele também há de voltar (cf.Mt 26.64). Quando Ele subiu, os anjos testificaram: “Esse Jesus, quedentre vós foi recebido em cima no céu, há de vir assim como para o céuo vistes ir” (At 1.11). Aleluia!

5 . J e s u s   U n i u   n a   s u a   P e s s o a   a s   D u a s  

N a t u r e z a s   P e r f e i t a s

5 . 1 . J e s u s   t e v e , n o   s e u   n a s c i m e n t o , d u a s   n a t u r e z a s   d i s t i n t a s  

Pela concepção sobrenatural de Maria, Jesus herdou do seu Pai, pela

operação do Espírito Santo (cf. Lc 1.35), a natureza divina com todas assuas características. De Maria Ele recebeu a natureza humana. As suasnaturezas divina e humana se uniram na constituição de sua pessoa demodo perfeito. As duas naturezas não se misturam, isto é, Jesus não ficou com a sua divindade “humanizada” ou com a sua natureza humana“divinizada”. Em Caná, quando Jesus transformou a água em vinho, aágua deixou de ser água e passou a ser integralmente vinho (cf. Jó 2.8-10). Quando, porém, Jesus se fez homem, continuou sendo Deus verdadeiro, mesmo estando sob a forma de homem verdadeiro.

As duas naturezas operavam assim simultânea e separadamente nasua pessoa. Jamais houve conflito entre as duas naturezas, porque Jesus, como homem, seja nas suas determinações ou autoconsciência,sempre conforme a direção do Espírito Santo, sujeitava-se à vontade

de Deus, de acordo com a sua natureza divina (cf. Jó 4.34; 5.30; 6.38;Sl 40.8; Mt 26.39).

Assim, Jesus possuía duas naturezas em uma só personalidade, asquais operavam de modo harmonioso e perfeito, em uma uniãoindissolúvel e eterna.

Essa realidade tem um símbolo maravilhoso na arca do tabemáculo.

A arca era feita de madeira de cetim, coberta com ouro (cf. Êx 25.10-

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

22). A tampa da arca, chamada de propiciatório, era o lugar onde osangue da expiação era aspergido. A arca é um símbolo de Jesus como “onosso Mediador”, que revestido de glória está no santuário do céu, ondeentrou com o sangue da expiação (cf. Hb 9.5-7,11,12,24). Assim comoa madeira da arca (símbolo da humanidade de Cristo) não se misturavacom o ouro (símbolo da divindade de Cristo), assim também as duasnaturezas de Jesus permanecem juntas, formando a nossa arca perfeita.Glória a Jesus!

5.2. AS DUAS NATUREZAS OPERAVAM LADO A LADO NA VIDA DE JESUS

Essa operação prova sempre que Ele era homem verdadeiro e também Deus verdadeiro. Vejamos aqui alguns exemplos:

• Jesus nasceu em toda a humildade (cf. Lc 1.12; 2 Co 8.9, natureza

humana), mas o seu nascimento foi honrado por uma multidão de an jos, que o exaltaram como Messias (cf. Lc 2.9-14, natureza divina).

• Jesus foi batizado como outros seres humanos, sujeitando-se à justiça divina (cf. Mt 3.15, natureza humana), porém Deus falou naquelaocasião: “Este é o meu Filho” (Mt 3.17, natureza divina).

• Jesus foi tentado, como todos os demais homens (cf. Lc 4.1-13; Hb

4.15, natureza humana), mas, tendo Ele vencido, os anjos o serviram(cf. Mt 4.11, natureza divina).• Jesus dormiu de cansaço no barco, apesar da grande tempestade

(cf. Mt 8.24, natureza humana), mas depois levantou-se e repreendeu ovento e as ondas (cf. Mt 8.26, natureza divina). Se Ele tivesse sido sóDeus, jamais ficaria cansado (cf. SI 121.4,5).

• Jesus, cansado de andar, assentou-se junto à fonte para descansar

(cf. Jó 4.6, natureza humana), porém ali Ele descobriu a situação espiritual da mulher, e lhe revelou o caminho da salvação (cf. Jó 4.7-29, natureza divina).

• Diante da morte do seu amigo Lázaro, Jesus chorou (cf. Jó 11.33-35, natureza humana), mas ali orou ao seu Pai, e mandou Lázaro sair dasepultura (cf. Jó 11.32-43, natureza divina).

• No jardim Jesus foi preso por homens ímpios (cf. Jó 18.1-3,12,13,

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C r i s t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d e   C r i s t o

natureza humana). Porém, quando Ele disse: “Sou eu”, todos os soldados caíram por terra (cf. Jó 18.6, natureza divina), e curou a orelha do

servo do sumo sacerdote, que Pedro havia cortado (cf. Lc 22.51, natureza divina).

5.3.  J e s u s , à s  v e z e s , d e i x o u  v o l u n t a r i a m e n t e  d e  f a z e r  u s o  d a s  v i r -

t u d e s  DA NATUREZA DIVINA

Para fazer a vontade de seu Pai e cumprir as Escrituras (cf. Mt 26.54),

 Jesus se sujeitou à limitação humana, que havia aceitado. Por exemplo,não quis chamar 12 legiões de anjos para o livrar (cf. Mt 26.53).

5.4. A DOUTRINA SOBRE AS DUAS NATUREZAS OPERANDO EM UMA 

SÓ PERSONALIDADE

Esse assunto tem sido uma pedra de tropeço da teologia, através dos

séculos. Se olharmos esse assunto unilateralmente, dando destaque só àdivindade de Jesus, então a sua humanidade fica irreal e simulada. Destacando demasiadamente o lado da sua humanidade, a sua condição deDeus verdadeiro fica ofuscada.

6. Os M i s té r i o s de C r i s t o , o U n g i d o

As profecias no Antigo Testamento revelaram, com muitos séculosde antecedência, que Jesus, o Redentor prometido, seria o Ungido deDeus (cf. Sl 2.2; 45.7; 89.20; Is 61.1; Dn 9.25,26), e que Ele ocupariaos ministérios de profeta (cf. Dt 18.15), de sacerdote (cf. SI 110.4; Zc

6.13) e de rei (cf. Sl 110.2; 72.1-19; 2 Sm 7.4-17, etc.). Essas profeciascoincidem com os três ministérios que Deus estabeleceu no tempo doAntigo Testamento. A separação para esses ministérios era através daunção. (Veja profeta: 1 Rs 19.16; sacerdote: Lv 4.3-5; 6.22, e rei: 1 Sm10.1; 16.13.)

Quando Jesus veio, na plenitude dos tempos (cf. Gl 4*4), foi homenageado pelo coro dos anjos como Cristo (cf. Lc 2.11), nome usado

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

577 vezes no Novo Testamento. Simeão (cf. Lc 2.26-30) e Pedro (cf. Jó 1.41; Mt 16.16) o reconheceram como Cristo. A palavra Cristo(grego) significa o mesmo que Messias (hebraico), e ambas, traduzidasem português, significam “o ungido”. Isso mostra que Jesus foi enviadopor Deus e ungido para exercer tudo aquilo que através dos profetashavia sido prometido.

Logo depois de iniciar o seu ministério com cerca de trinta anos deidade, Jesus recebeu revestimento de poder pelo Espírito Santo, que em

forma corpórea veio sobre Ele (cf. Lc 3.22), sendo assim, pela unçãodivina, investido no ministério de profeta (cf. Jó 7.40), sacerdote (cf.Hb 3.1) e rei (cf. Jó 18.37). Jesus podia dizer em verdade: “O Espírito doSenhor é sobre mim, pois me ungiu” (Lc 4.18). Glória a Jesus!

Vamos agora ver Jesus no exercício destes três ministérios.

6.1.  J e s u s   — o P r o f e t a

6.1.1.  J e s u s c h a m o u - s e a si m esm o “P r o f e t a ” ( c f . M t   13.57; 23.37;Lc 13.33)

Muitos outros também o chamaram assim (cf. Mt 21.11; Me 6.15;8.28; Lc 7.16; 24.19; Jó 4.19; 9.17).

6.1.2. C o m o p r o f e t a , J e s u s t r a n s m i ti u a o p o v o a m e n sa g em d e D e u s• Ele falou através da sua vinda ao mundo! Deus falou pelo Filho

(cf. Hb 1.1), isto principalmente a respeito do cumprimento exato detodas as profecias concernentes à vinda do Redentor. (Veja Lc 4.21.)

• Jesus falou pelo seu grande exemplo, através do qual mostrou deque modo Deus quer que os homens vivam (cf. 1 Pe 2.21). Ele abriu o

caminho pelos seus passos (cf. SI 85.13).• Jesus transmitiu, pelo seu ministério profético, a doutrina de Deus.

Veja o sermão da montanha, em Mateus 5— 7. Ele mesmo disse: “Aminha doutrina não é minha, mas daquele que me enviou” (Jó 7.16).

• Jesus também profetizou sobre acontecimentos que ainda hão deacontecer. Vários capítulos nos evangelhos transcrevem estas precio

sas profecias.

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C r i s t o l o g i a - A D o u t r i n a d e  C r i s t o

6.1.3. O DESEMPENHO DO MINISTÉRIO PROFÉTICO

O exercício do ministério profético de Jesus refere-se principalmen

te ao período que vai do começo do seu ministério público até o Gólgota.Entretanto, ainda no céu Ele continua como profeta, porque o “testemunho de Jesus é o espírito de profecia” (Ap 19.10). Ele continua falando por meio da sua igreja, que é o seu corpo (Ef 1.22,23), e através dosdons do Espírito Santo (1 Co 12.7-11), e dos ministérios dados por Ele(Ef 4.11,12) e pela sua santa Palavra.

6 . 2 . J e s u s  — o S u m o   S a c e r d o t e

6 . 2 .1 . O s a c e r d o t e   e t e r n o

Os profetas prediziam que Jesus viria como um sacerdote eterno (cf.Sl 110.4). Quando Ele veio, foi identificado como o sumo sacerdoteprometido (cf. Hb 2.17; 3.1; 4.14,15; 5.6,10; 8.1; 10.21).

6.2.2. S u m o s a c e r d o t e d a o r d e m d e M e l q u is e d e q u e

Que significa a expressão: Jesus, sumo sacerdote conforme a ordem de Melquisedeque (Hb 6.20), em cumprimento da profecia emSalmos 110.4?

• Quem era Melquisedeque? Ele era um crente cananeu, que como Jó havia crido no Deus Altíssimo (cf. Jó 1.8). Ele era rei da cidade deSalém (cf. Hb 7.1). Deus o havia chamado para exercer o sacerdócio(cf. Hb 7.1). Ele vivia no tempo de Abraão (por volta de 1900 a.C.).

• Jesus, como sacerdote conforme a ordem de Melquisedeque, evidencia que o seu sacerdócio era não da Lei, mas sim de uma novadispensação. Conforme aquela dispensação, Jesus jamais poderia ser sa

cerdote, porque estes eram todos da tribo de Levi (cf. Nrn 18.27; 1 Cr23.13), enquanto Jesus era da tribo de Judá (cf. Hb 7.13,14). Assim, Elefoi sacerdote chamado por Deus. “Jurou o Senhor: “Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem de Melquisedeque” (Hb 7.21).

• Jesus, sacerdote conforme a ordem de Melquisedeque, chama atenção para o fato de que Ele, assim como Melquisedeque, era tanto rei

como sacerdote. Assim como Melquisedeque foi chamado “rei de justi

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T e o l o g i a   S i s t e m á t i c a

ça” (Hb 7.2), Jesus também o foi (cf. At 22.14; Jr 23.6; 1 Jó 2.1). Assimcomo Melquisedeque foi chamado “rei de paz” (cf. Hb 7.2), Jesus também o foi (cf. Is 9.6). Nenhum dos sacerdotes levíticos foi sacerdote erei. Mas Jesus era tanto sacerdote como Rei (cf. Zc 6.13).

• O fato de que a genealogia de Melquisedeque não foi citada, nemfoi feita referência ao tempo do seu nascimento nem da sua morte (cf.Hb 7.3), é usado pelo Espírito Santo como uma figura de Cristo, que éde eternidade a eternidade (cf. Sl 90.2; Ap 1.8), e cuja procedência

divina não era conhecida pelo povo. Jesus não precisava ser substituído,como os sacerdotes levíticos; porque eles, pela morte, foram impedidosde permanecer (cf. Hb 7.23), mas Jesus permanece eternamente (cf. Hb7.24), e tem um sacerdócio perpétuo (cf. Hb 7.28).

6.2.3. Q u a i s s ã o o s o f íc i o s d o s a c e r d ó c i o d e J e su s ?

Os encargos do sumo sacerdote no Antigo Testamento são uma verdadeira figura que mostra com exatidão a obra que Jesus, o nosso SumoSacerdote, fez e está fazendo. Vamos agora distinguir três grandes encargos no serviço do sumo sacerdote, que se cumpriram na vida e no ministério de Jesus.

• O sumo sacerdote sacrificava junto ao altar do holocausto. Levavao sacrifício ao pé do altar, onde degolava e sacrificava a vítima (cf. Lv4-24-27; 9.18; Sl 118.27). Isso se cumpriu na vida do nosso Sumo Sacerdote, Mediador e Substituto, quando Ele subiu ao Gólgota, não com umsacrifício de animais, mas com a oferta e sacrifício da sua própria vida,que entregou a Deus em cheiro suave (cf. Ef 5.2). Ele pôs a sua alma porexpiação do pecado (cf. Is 53.10), quando se tomou para nósoCordeiro

de Deus para tirar o pecado do mundo (cf. Jó 1.29; Is 53.7). Esse seusacrifício foi feito uma vez por todas (cf. Rm 6.10). Jamais se repetirá.Essa parte do encargo do nosso Sumo Sacerdote, aqui na terra, está parasempre consumada (cf. Jó 19.30). Glória a Deus para sempre!

• Depois de o sumo sacerdote haver sacrificado a oferta junto aoaltar, tomava o sangue, no dia da grande expiação (uma vez por ano, cf.

Êx 30.10; Hb 9.7), e o levava para dentro do véu, no lugar santíssimo,

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onde era aspergido por cima do propiciatório, entre os dois querubins,fazendo assim a expiação pelos pecados do povo diante de Deus (cf. Lv16.15-17; Êx 25.22; Nm 7.89). O nosso Sumo Sacerdote também entrou no Santíssimo — no céu, com o seu próprio sangue (cf. Hb 9.24), eestá agora ali exercendo continuamente o seu ministério sacerdotal, àdestra de Deus. Os sinais eternos da cruz — as suas santas feridas (cf. Ap5.6) — mostram para sempre que a expiação por Ele feita dura parasempre. Jesus é, assim, o nosso Propiciatório (cf. Rm 3.25), a nossa

propiciação (cf. 1 Jó 2.2). Ele é a garantia do perdão de todos os pecados, para todos que crerem em seu nome.

• O sumo sacerdote, depois de ter levado o sangue para dentro do véu,saía até o povo que estava esperando (cf. Lc 1.21; comp. Êx 28.35), paraabençoá-lo e orar por ele. Assim Jesus, o nosso Sumo Sacerdote, vive parasempre, intercedendo por nós (cf. Hb 7.25) e abençoando aqueles que

receberam a expiação pelo seu sangue. Após ter consumado a redençãona cruz, Deus enviou a promessa do Espírito Santo (cf. Gl 3.13,14).

6.3.  J e s u s   — o R e i

 Jesus chamou-se a si mesmo “Rei” (cf. Jó 18.37), e disse que o Paihavia-lhe destinado o reino (cf. Lc 22.29). Os profetas haviam profetizado que Jesus viria como Rei (cf. SI 2.6-8; 8.6; 110.6; Is 9.7; Jr 23.5).Quando Ele nasceu, foi adorado como Rei (cf. Mt 2.2,11). Antes desubir ao Gólgota, Ele entrou triunfante em Jerusalém, conforme as profecias (cf. Zc 9.9,10; Mt 21.1-11), e foi então aclamado como Rei (cf. Lc19.38). Voltando ao céu, após a sua ressurreição, foi aclamado como oRei da Glória (cf. SI 24.8-10). Graças a Deus!

Após a ressurreição de Jesus, Deus exaltou-o soberanamente (cf. Fp

2.9), e coroou-o de honra e de glória (cf. Hb 2.7), glorificando-o com“aquela glória que tinha” antes que o mundo existisse (cf. Jó 17.5) e queEle havia deixado para ser homem (cf. Fp 2.6-8). Ele foi agora feitoSenhor e Cristo (cf. A t 2.36), Príncipe e Salvador (cf. At 5.31), Juiz dosvivos e dos mortos (cf. At 10.42), e assentou-se à direita de Deus noscéus (cf. Ef 1.20). Deus entregou tudo nas suas mãos (cf. Jó 3.35), e Ele

tem agora todo o poder no céu e na terra (cf. Mt 28.18).

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

Porém, a plenitude desse ministério Jesus mostrará quando voltar aomundo como Rei, para restaurar tudo que os profetas têm predito (cf. At

3.21). Então Ele, como descendente de Davi, se assentará no trono reale estabelecerá o milênio (cf. Lc 1.32,33; Mt 19.28; 25.31). Então a suaquerida Igreja reinará com Ele (cf. 2 Tm 2.12; Ap 20.4), e o seu reinonão terá fim (cf. Is 9.7). Vamos, portanto, orar como Jesus nos ensinou:“Venha o teu Reino” (Mt 6.10).

7. As O b r a s d e Je su s C r i s t o

 Jesus fez muitos sinais e maravilhas (cf. At 10.38; Hb 2.4). Ele curouenfermos (cf. Mt 9.35; 8.16,17), ressuscitou mortos (cf. Lc 7.11-16; Jó11.41-45), acalmou tempestades (cf. Mt 8.24-26) e multiplicou o pão

(cf. Mt 14.13-20). Fez tantos milagres que, se tudo fosse escrito, “nemainda o mundo todo poderia conter os livros que se escrevessem” (Jó21.25). Porém, entre todas as suas obras, a maior continua sendo, parasempre, a sua morte, ressurreição e ascensão.

7 . 1 . A m o r t e  d e  J e s u s

A morte de Jesus tem sido o tema central de eternidade a eternidade. Desde a eternidade, antes da fundação do mundo, a morte de

 Jesus já era o tema central do céu. Deus, que na sua Onisciência previu a queda do homem e as tristes conseqüências da mesma, determinou, no seu grande amor, dar seu Filho unigênito como sacrifíciopelo pecado do povo (cf. Ap 13.8; Ef 1.4; 3.11; 1 Pe 1.19,20). A

graça foi dada já antes dos séculos (cf. Tt 1.9). Também no presentetempo, milhões de salvos no mundo inteiro estão louvando a Deuspelo Cordeiro, que deu a sua vida por eles. A Bíblia revela que também no futuro, através de toda a eternidade, os remidos louvarão aoSenhor, que derramou o seu sangue por eles (cf. Ap 5.9,10; 7.14;15.3). Por isso, digno é o Cordeiro de receber ações de graças para

sempre. Amém!

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7.1.1. A m o r t e  d e  C r i s t o  — o t e m a   pr in c ipa l  d a s  E s c r i t u r a s

“Jesus morreu pelos nossos pecados, segundo as Escrituras” (1 Co 15.3).

A maioria das profecias na Bíblia trata dos “sofrimentos que a Cristohaviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir” (1 Pe 1.11). Desdea primeira profecia, quando Deus falou da “semente da mulher” queesmagaria a cabeça da serpente (cf. Gn 3.15,16), até quando João Batista falou do “Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jó 1.29),vemos Jesus no centro das profecias. Jesus mesmo ensinou aos seus discí

pulos sobre o que dEle se achava em todas as Escrituras (cf. Lc 24.27), edisse então que “convinha que se cumprisse tudo o que de mim estavaescrito na Lei de Moisés, e nos Profetas, e nos Salmos” (Lc 24.44).

Através das profecias podemos conhecer muitos detalhes da mortede Jesus. Já antes de Jesus vir ao mundo era possível, por meio das profecias, levantar uma história quase completa dos acontecimentos relacio

nados à morte de Jesus:

• Antes de morrer, Jesus entraria em Jerusalém, montado em um jumento (cf. Zc 9.9; Mt 21.1-6).

• Jesus seria traído por um discípulo (cf. Sl 41.9; 55.12-14; Me14.10,11), o qual o venderia por trinta moedas (cf. Zc 11.12; Mt 26.15).Após a devolução, esse dinheiro seria usado para a compra do campo deum oleiro (cf. Zc 11.13; Mt 27.5-10). Jesus seria também abandonadopelos demais discípulos (Zc 13.7; Mt 26.31,56).

• Jesus seria caluniado (cf. Sl 69.4,12; Lc 23.5). Tanto gentios como judeus se levantariam contra Ele (cf. Sl 2.1,2; Lc 23.12; At 4.27). Ele,porém, ficaria calado (cf. Is 53.6,7; Mt 26.63; 27.12-14). Seria cuspido(cf. Is 50.6; SI 22.8; Mt 26.67), ferido no rosto (cf. Mq 5.1; Mt 27.30). O

seu parecer ficaria transfigurado (cf. Is 52.14; 53.3; Jó 19.5).• Jesus seria crucificado (cf. Sl 22.1-16; Zc 12.10; Jó 19.18,20-

25; At 3.13-15) junto com os malfeitores (cf. Is 53.12; Mt 27.38). Jesus oraria pelos seus crucificadores (cf. Is 53.12; Lc 23.34). Eleseria blasfemado (cf. Sl 22.8,9; Mt 27.39-44). Vinagre ser-lhe-iaoferecido (cf. Sl 69.12; Mt 27.34). Os seus vestidos seriam reparti

dos e sobre a sua túnica seria lançada sorte (cf. Sl 22.18; Mt 27.35;

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

Lc 23.34). Ele se sentiria abandonado por Deus (cf. SI 22.1; Mt27.46) e, ao morrer, entregaria o seu espírito a Deus (cf. SI 31.5; Lc

23.46). Morto, o seu lado seria traspassado com uma lança (cf. Zc12.10; Jó 19.34), porém os seus ossos não seriam quebrados (cf. SI34.19,20; Jó 19.33,36).

• Jesus seria sepultado entre os ricos (cf. Is 53.9; Mt 27.57-60).

O testemunho uniforme das Escrituras sobre a morte de Jesus desfaz

as doutrinas erradas a esse respeito. Satanás foi derrotado pela morte de Jesus. Por isso Ele procura, através da teologia modernista, desfazer osefeitos poderosos da morte de Cristo. Vejamos algumas consideraçõeserrôneas sobre este assunto:

• A morte de Jesus foi somente a morte de um mártir. Dizem que

 Jesus somente morreu pelas suas idéias, às quais foi fiel e intransigente.Porém, a Bíblia afirma que Jesus morreu dando a sua vida em resgate demuitos (cf. Mt 20.28). Se Ele fosse somente um mártir, outros mártiresmostraram muito mais alegria e disposição para morrer do que Jesus, queaté se sentiu abandonado por Deus (cf. Mt 27.46). Não, Ele sofreu, nãopelas suas idéias, mas porque levou em seu corpo o nosso pecado (cf. 1Pe 2.24).

• Jesus morreu acidentalmente, porque a força dos inimigos era superior. A Bíblia mostra, porém, que Jesus era mais forte do que os seu inimigos. Quando foi preso, todos os soldados caíram por terra, e Jesus podiater-se retirado, sem que alguém o impedisse (cf. Jó 18.5,6). Ele mesmodisse que poderia ter pedido a seu Pai doze legiões de anjos, para a suadefesa (cf. Mt 26.53). Ele contudo não o fez, porque deu a sua vida volun

tariamente (cf. Jó 10.17,18).• Jesus morreu para dar um elevadíssimo exemplo de sujeição, hu

mildade e resignação diante do sofrimento. É bem verdade que Jesus,também na sua morte, foi um exemplo inigualável, mas a sua mortesignificava muito mais. A Bíblia diz que é pelas suas feridas que o pecador é sarado (cf. Is 53.5) e recebe poder para salvação e, como salvo,

receberá graça para seguir o exemplo que Jesus nos deixou (cf. 1 Pe2.21).

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C r i s t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d e  C r i s t o

7 .1 .2 . J e s u s   f o i  a c e i t o   po r   D e u s   c o m o   o   r e p r e s e n t a n t e d e t o d a   a

HUMANIDADE

 Jesus é chamado na Bíblia “o segundo homem” (1 Co 15 . 47 ) ou “oúltimo Adão” (1 Co 15 . 45 ) . Deus determinou que, assim como “por umhomem entrou o pecado no mundo” (Rm 5 . 1 2 ) e “a ofensa, por um só quepecou” (Rm 5 . 1 6 ) , e por um só veio o juízo sobre todos (cf. Rm 5 . 17 , 18 ) ,

e pela desobediência de um só, todos foram feitos pecadores (cf. Rm 5 . 15 ) ,

assim também Deus determinou que por um só, Jesus Cristo, viesse o dom

gratuito (cf. Rm 5 . 1 5 ) e a abundância da graça (cf. Rm 5 . 1 7 ) , e por um atode justiça viesse a graça para justificação da vida (cf. Rm 5 . 1 8 ) , e pelaobediência de um, muitos fossem feitos justos (cf. Rm 5 . 1 9 ) .

Para Deus só existe um Mediador entre Deus e os homens (cf. 1 Tm2 . 5 , 6 ) , um fiador (cf. Hb 7 .22 ;  Jó 16 . 19 ) . Assim como o cordeiro pascal,no Egito, foi degolado em favor de todos os que estavam em uma casa (cf.

Êx 12 . 13 , 23 ) , assim também Jesus, o nosso Cordeiro Pascal (cf. 1 Co 5 .7) ,foi sacrificado por nós (cf. 1 Pe 3 . 1 8 ) . Jesus é assim o nosso substituto, quese apresentou em nosso favor, e morreu em nosso lugar. Glória a Jesus (cf.Rm 5 .6-8 ; 8 .32 ; 14 .5 ; Gl 2 . 20 ; 3 . 13 ; Ef 5.25; 1 Ts 5.10; 1 Tm 2.6 ; Tt 2 . 14 ) .

7 .1 .3 . C o m o   o   n o s s o   s u b s t i t u t o , J e s u s   t o m o u   s o b r e   s i   o s   n o s s o s

PECADOS

Todos os homens estavam debaixo do pecado (cf. Rm 3 . 2 3 ) e, por isso,também debaixo da ira de Deus (cf. Rm 1.18; Ef 5 . 6 ) , marchando para aira futura e para a perdição (cf. Rm 2 .5) . Mas Jesus se manifestou paraaniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo (cf. Hb 9 . 2 8 ) . Para isso foinecessário que levasse em seu corpo os nossos pecados (cf. 1 Pe 2 . 24 ) .

Na lei do sacrifício pelo pecado temos um detalhe que, de modo

maravilhoso, serve de figura para esse assunto. Antes que o sacrifíciofosse degolado junto ao altar, o culpado deveria pôr a sua mão sobre omesmo, confessando os seus pecados, passando assim, simbolicamente,a sua culpa para a vítima (cf. Lv 4 . 4 , 2 4 ) . Exatamente assim aconteceuquando Jesus orava no Getsêmani. Foi-lhe então entregue o cálice quecontinha todo o pecado da humanidade. Com a palavra: “Seja feita a

tua vontade” (cf. Mt 2 6 . 3 9 ; Sl 4 0 . 7 , 8 ) ,  Jesus o aceitou e, desde aquele

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

momento, estavam sobre Ele os nossos pecados (cf. Is 53.4,5; Rm 3.25;1 Pe 2.24). Uma profecia expressa uma palavra do Messias naquele mo-

mento: “Restituí o que não furtei” (Sl 69.4). Que grande amor!Aceitando Jesus essa carga tão pesada, Ele se identificou com o peca

do de tal modo que a Bíblia diz: “Aquele que não conheceu pecado, o fezpecado por nós” (cf. 2 Co 5.21). Assim, Jesus “foi contado com ostransgressores” (Is 53.12) e expulso da sociedade, “padeceu fora da porta” (Hb 13.12).

7.1.4.  J e s u s   m o r r e u   p a r a   l i v r a r   o   h o m e m   d o   p e c a d o   e   d a s   s u a s

CONSEQÜÊNCIAS

 Jesus abriu, pela sua morte na cruz, o caminho para a solução doproblema dos homens em relação ao seu pecado, à sua culpa diante dalei de Deus, e à sentença divina que pairava sobre eles. Vejamos aqui

três expressões, que definem algo que aconteceu quando Jesus sofreu nacruz até o momento quando exclamou: “Está consumado” (Jó 19.30).

• Expiação. A palavra significa remissão da culpa através de pagamento ou cumprimento da pena. Todos os homens pecaram (cf. Rm3.23) e sobre eles pairava a sentença, a morte (cf. Gn 2.17; Rm 2.8, 9,12, etc.). Jesus aceitou essa sentença e, morrendo na cruz pelos pecadores Ele a cumpriu (cf. Hb 2.17). “O castigo que nos traz a paz estavasobre ele” (Is 53.5). “Cristo padeceu uma vez pelos pecados, o justo pelos injustos, para levar-nos a Deus” (1 Pe 3.18). Por isso, Ele foi feridopelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniqüidades (cf. Is 53.5),quando a sua alma se pôs por expiação do pecado (cf. Is 53.10; Dn 9.24)para “remir os que estavam debaixo da lei, a fim de que recebam a ado

ção de filhos” (Gl 4-5).• Redenção. Essa palavra significa recurso capaz de salvar alguém de

uma situação aflitiva. A Bíblia diz: “Nenhum deles, de modo algum,pode remir a seu irmão ou dar a Deus o resgate dele (pois a redenção dasua alma é caríssima, e seus recursos se esgotariam antes)” (Sl 49.7,8).

 Jesus, porém, pagou o maior resgate que jamais foi pago. Ele deu a sua

própria vida em resgate por nós (cf. Mt 20.28), em “preço de redenção”

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(1 Tm 2.6). Não foi com ouro nem prata que fomos resgatados, mas como precioso sangue de Cristo, como de um Cordeiro imaculado e

incontaminado (cf. 1 Pe 1.18,19; Mt 26.28; Lc 24-46,47; Hb 9.22). Assim, Jesus comprou-nos por “bom preço” (1 Co 6.20). Deus pode agora,por causa da morte de Cristo, dizer diante das exigências da Lei e da

 Justiça divina, a respeito de todos os que nEle crerem: “Livra-os, porque já achei o resgate” (cf. Jó 33.24).

• Propiciação. A palavra significa aquilo que propicia, isto é, toma

favorável. O pecado separa o homem de Deus (cf. Is 59.2) e o faz sujeitoà sua ira (cf. Rm 2.4; Ef 2.3), porém Jesus, o nosso Cordeiro, morreupara tirar o pecado (cf. Jó 1.29; 1 Jó 3.5) e, por causa dessa propiciaçãode Jesus (cf. 1 Jó 2.2; 4.10), a ira de Deus se retirou (cf. Is 12.1-3) eaquele que crer em Jesus é livre de toda a sua culpa diante da Lei. Aleluia!

• Propiciatório. A mesma palavra grega hilasterion, que em Romanos

3.25 é traduzida por “propiciação”, é também usada em Hebreus 9.5, eali traduzida por “propiciatório”. Deus propôs a Jesus como “propiciatório”pela fé no seu sangue (cf. Rm 3.25). Essa expressão mostra que opropiciatório no Antigo Testamento era uma figura real da morte deCristo. No lugar santíssimo, no interior do Tabernáculo, estava a arcacom as tábuas da Lei (cf. Êx 25.10-22). A tampa da arca, feita de ouropuro, chamava-se propiciatório (cf. Êx 25.17-21), a qual tinha doisquerubins com as suas asas estendidas sobre a mesma e cujos rostos estavam virados para o propiciatório (cf. Êx 37.9), exatamente para o lugaronde o sumo sacerdote aspergia o sangue do sacrifício, no Dia da Expiação (cf. Lv 16.15). Assim, o sangue simbolicamente cobria a arca ondeestava a Lei contra a qual o povo havia transgredido, como um sinalexterno de perdão que Deus havia concedido por causa do sangue do

sacrifício. Assim, Deus não via mais a iniqüidade, mas sim o sangue!“Não viu iniqüidade em Israel” (Nm 23.21). Por isso disse o salmista:“Bem-aventurado aquele cuja transgressão é perdoada” (SI 32.1).

 Jesus é o nosso propiciatório. Ele entrou no santuário do céu, diante de Deus, com o seu próprio sangue (cf. Hb 9.11,12,24), paragarantir perdão a todos que nEle crerem. Conforme o novo concerto

(cf. Jr 31.33,34; Hb 8.9-13), Deus não se lembra mais dos pecados, e

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T e o l o c i a S i s t e m á t ic a

fez com que os reconciliados se tornassem “povo seu”. Deus concedeu um sinal palpável da sua aprovação a essa propiciação. Na hora

da morte de Jesus, o próprio Deus fez um milagre: o véu do Templo serasgou de alto a baixo (cf. Mt 27.51). Assim, Deus mostrou que Jesushavia aberto um novo e vivo caminho, que Ele nos consagrou pelovéu, isto é, pela sua carne (cf. Hb 10.20). O caminho está agora abertoaté o interior do Santíssimo, onde todos os que crerem poderão seencontrar com o nosso Propiciatório (cf. Rm 3.25), que é Jesus, o

nosso Salvador.

7.1.5.  J e s u s  m o r r e u   p a r a  n o s   r e c o n c i l i a r  c o m  D e u s

Pela sua morte, Jesus não somente nos resgatou da culpa e fez aexpiação e propiciação dos nossos pecados, mas pelo seu sangue também nos reconciliou com Deus (cf. Cl 1.20-23). Éramos inimigos de

Deus, mas fomos reconciliados pela morte de seu Filho (cf. Rm 5.10),e assim chegamos até Ele pelo sangue de Jesus (cf. Ef 2.13). A paredede separação ruiu (cf. Ef 2.14). Jesus, o nosso Mediador (cf. 1 Tm 2.5),nos revestiu da sua justiça (cf. Is 61.10; Ap 19.7,8; 2 Co 5.21), e assimtemos paz com Deus (cf. Rm 5.1). Jesus é o nosso Emanuel, isto é,Deus conosco (cf. Mt 1.23).

Pela morte de Jesus podemos agora viver juntamente com Deus (cf.1 Ts 5.10), e de coração nos sujeitar a Ele como o nosso Senhor (cf.Rm 14.9). Tudo que Deus preparou para os homens (cf. 1 Co 2.9) estáagora ao alcance de todos os que aceitarem o sacrifício de Jesus. Aleluia!

7 .2 . A RESSURREIÇÃO DE JESUS

“Não está aqui, mas ressuscitou” (Lc 24.6).

A doutrina da ressurreição de Jesus é uma das doutrinas básicas daBíblia (cf. 1 Co 15.3,4), e é mencionada 104 vezes no Novo Testamento. “Lembra-te de que Jesus Cristo, que é da descendência de Davi, ressuscitou dos mortos” (2 Tm 2.8).

7.2.1. A RESSURREIÇÃO É PREANUNCIADA

• Foi predita pela palavra profética (cf. Sl 16.10).

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C r i s t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d e  C r i s t o

• O próprio Jesus falava muitas vezes da sua ressurreição (cf. Mt 12.40;

16.21; 17.22,23; Lc 9.22; Jó 2.19-21; 10.17,18).

7.2.2. A RESSURREIÇÃO — UM GRANDE MILAGRE

• O milagre. O mesmo Jesus que foi cravado na cruz e cujo corpomorto foi tirado e envolto em panos (cf. Jó 19.40) e sepultado no sepulcro de José de Arimatéia (cf. Mt 27.59,60), ressuscitou no terceiro dia,deixando o seu sepulcro vazio (cf. Lc 24.1-3). Ele foi visto e reconhecido pelos seus discípulos. Os sinais dos cravos nas suas mãos e da lança noseu lado (cf. Jó 20.27; Lc 24.39) serviram para provar que a sua ressurreição era inteiramente corporal. No momento em que apareceu aosdiscípulos, Jesus afirmou não ser um espírito, mas que era Ele mesmo,que havia ressuscitado (cf. Lc 24.39) com um corpo espiritual (cf. 1 Co15.44), o qual não mais estava sujeito às leis da natureza. Leia João 20.19.

• Foi Deus quem o ressuscitou (cf. At 2.24,32; 10.40; 13.30; Cl 2.12).Quando Deus planejou a salvação por meio de seu Filho, mostrou a suagrande sabedoria (cf. 1 Co 1.24; 3.10). Quando Ele deu o seu Filho paraser o nosso Salvador, mostrou seu grande amor (cf. Jó 3.16). Quando Eleressuscitou a Jesus, mostrou o seu grande poder (cf. Ef 1.19,20). Deusressuscitou a Jesus pelo poder do Espírito Santo (cf. Rm 8.11; 1 Pe 3.18;

Rm 1.4; 1 Co 15.45).

7.2.3. M u i t o s  t ê m  n e g a d o  a  v e r a c i d a d e  d a  r e s s u r r e i ç ã o  d e  Je s u s

Os sacerdotes em Jerusalém foram os primeiros. Quando a notícia daressurreição de Jesus se espalhou, os próprios sacerdotes entenderam que elaera verídica. Se eles não tivessem acreditado, teriam imediatamente instau

rado um inquérito rigoroso, exigindo o corpo de Jesus, para provar a todosque Ele ainda era morto. Mas, em lugar de exigir a punição dos guardas,ofereceram-lhes “muito dinheiro” (Mt 28.12), recomendando-lhes divulgar a seguinte mentira: “Vieram de noite os seus discípulos e, dormindo nós,o furtaram” (Mt 28.13). Essa mentira se espalhou entre os judeus. Com umpouco de raciocínio, os mesmos judeus poderiam ter pensado: “Como foipossível que quatro soldados dormissem ao mesmo tempo e ainda soubessem que foram os discípulos que haviam roubado o corpo de Jesus?”

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

A teologia modernista também nega a ressurreição de Jesus, e procura (através de “explicações”) eliminar qualquer vestígio de milagre desse acontecimento. Eles dizem: “A ressurreição é contra a lei da naturezae, portanto, é impossível”. Vejamos algumas dessas “explicações”:

• Jesus não morreu, mas foi sepultado em estado de coma. Depoisque Ele acordou e recuperou as suas forças, saiu da sepultura, e mostrou-se aos seus discípulos, afirmando que havia ressuscitado. Logo depois

Ele morreu, com febre causada por infecção das feridas, e desapareceu.

Um absurdo como este só é possível entrar na cabeça de um modernista, totalmente destituído do temor de Deus. Ele prova, pelas suasidéias, que a Bíblia é verdadeira quando diz: “A sabedoria deste mundoé loucura” (1 Co 3.19). Essa teoria cai imediatamente diante das provas,

absolutamente verídicas, sobre a morte real de Jesus. O próprio carrasco, o centurião, afirmou diante do governador Pilatos que Jesus haviamorrido (cf. Me 15.44,45). Também os soldados viram que Jesus já eramorto, e para ainda confirmar este fato furaram-lhe o seu lado (cf. Jó19.34). Se Jesus tivesse sido sepultado em estado de coma, como entãoagüentaria, depois de ter acordado, remover a pedra para sair do sepul

cro (cf. Mt 27.66; Me 16.3) e isso sem chamar a atenção da guarda? (Cf.Mt 27.65) E como poderia Ele, ensangüentado, fraquíssimo e meio morto, conseguir convencer os seus discípulos de que havia ressuscitado?

 Jesus não precisava de nada disso, pois ressuscitou pelo poder de Deus.

• Outros afirmam (Renan e Strauss) que Jesus realmente morreu,mas ressuscitou somente na idéia dos seus discípulos. Eles estavam tão

impressionados com a promessa de que Ele haveria de ressuscitar, quecomeçaram a enxergar Jesus em visões, até o ponto de ficarem com umaimpressão tão forte que chegaram à conclusão de que Ele havia ressuscitado. Assim, eles não queriam enganar o mundo com a notícia de que

 Jesus havia ressuscitado, mas a notícia que espalharam era resultado dasua fé auto-sugestionada. Também essa teoria cai por total carência de

lógica e de provas. Não houve nenhum vestígio na atitude dos discípu

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C r i s t o l o g i a   - A D o u t r i n a   d e   C r i s t o

los que desse motivo à auto-sugestão. Pelo contrário, eles não acreditavam na possibilidade da ressurreição (cf. Me 16.11,13). Jesus até os cen

surou por causa da sua incredulidade (cf. Me 16.14). A ressurreição de Jesus foi para eles uma verdadeira surpresa, e as suas dúvidas só desapareceram quando viram o seu Mestre ressuscitado.

• Outros “teólogos” explicam que Jesus realmente foi sepultado no túmulode José de Arimatéia. Porém, por motivo de algumas conveniências, o seucorpo foi depois mudado para um outro sepulcro, de onde Ele, pelo tempo,

normalmente desapareceu. Essa teoria está também totalmente destituídade provas. Como poderia alguém transferir o corpo de Jesus, sem que aguarda o observasse? E por que José de Arimatéia não informou aos apóstolos que ele havia mudado o seu corpo? E como é possível eliminar as provasde tantas pessoas que afirmam ter visto Jesus ressuscitado?

• Ainda há outros que afirmam que Jesus realmente subiu em espíri

to ao céu, e fez com que o seu corpo desaparecesse do sepulcro. DepoisEle se manifestou aos seus discípulos em seu corpo celestial, afirmandoque havia ressuscitado. Essa teoria não merece a nossa atenção, porquetenta apresentar a Jesus como um mentiroso. Jesus mesmo havia faladoda sua ressurreição corporal, mostrando em figura que o mesmo corpoque desceria para o “seio da terra” ressuscitaria (cf. Mt 12.39,40). Outravez Ele falou figuradamente a respeito do seu corpo, dizendo: “Derriba-rei este templo, e em três dias o levantarei” (Jó 2.19-21). Jesus ressuscitou corporalmente e vive hoje e eternamente. Aleluia!

7.2.4. O FATO DA RESSURREIÇÃO DE JESUS É CONFIRMADO COM PROVAS

IRREFUTÁVEIS

“Ressuscitou, verdadeiramente, o Senhor” (Lc 24.34).

Quando alguém afirma que uma coisa aconteceu e encontra outro queo contesta, negando que tal coisa tenha acontecido, então a decisão daquestão está na prova das testemunhas. A ressurreição de Jesus é um fatohistórico, comprovado tanto como qualquer outro fato de importância.

Testemunhas viram Jesus ressuscitado. Lucas escreve em Atos 1.3que Jesus, “depois de ter padecido, se apresentou vivo, com muitas e

infalíveis provas”. Vejamos aqui as testemunhas que de modo harmoni

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oso, simples e sem nenhuma contradição, deram o seu testemunho uni-forme: Jesus ressuscitou!

• Maria Madalena. Quando ela estava junto ao sepulcro vazio, viu Jesus, mas imaginou que era o hortelão. Quando porém Jesus lhe disse:“Maria”, ela o reconheceu (cf. Jó 20.11-18).

• As mulheres que voltavam do sepulcro (cf. Mt 28.9,10).• Pedro. Ouviu-se entre os discípulos a notícia: “Já apareceu a Si

mão” (cf. Lc 24.34; 1 Co 15.5).

• Os dois discípulos a caminho de Emaús. Eram Cleofas e talvezLucas que encontraram Jesus no caminho. Não o conheciam. Mas quandoEle, em sua casa partiu o pão, eles o reconheceram. Era realmente Jesus!(Cf. Lc 24.13-35; Me 16.12,13)

• Os 11 discípulos menos Tomé (cf. Jó 20.19-24).• Os 11 discípulos junto com Tomé (cf. Jó 20.26-29).

• Pedro com mais seis discípulos, os quais haviam ido pescar (cf. Jó21.1-23).• Mais de quinhentos crentes, dos quais muitos ainda viviam quan

do Paulo, no ano 59, escreveu a sua Primeira Epístola aos Coríntios (cf.1 Co 15.6).

• Tiago (cf. 1 Co 15.7), o filho de José e Maria (cf. Me 6.3). Antes damorte de Jesus não era crente, mas agora havia crido em Jesus.

• Os discípulos que foram para Galiléia, conforme o convite que Jesus havia feito antes da sua morte (cf. Mt 26.32) e logo após a suaressurreição (cf. Mt 28.10).

• Os discípulos que assistiram à ascensão de Jesus (cf. Lc 24.50-53;At 1.9-14).

• Paulo (cf. At 9.3-6; 1 Co 9.1). O encontro com Jesus vivo fez do

maior perseguidor o maior apóstolo.

A grande transformação que a ressurreição de Jesus causava navida dos apóstolos prova que eles verdadeiramente estavam convictos de que Jesus vivia. O desespero e desânimo que dominavam todos os seguidores de Cristo após a crucificação deu agora lugar a uma

alegria e ousadia que ninguém mais podia dominar. Por toda parte

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C r i s t o l o g i a  - A D o u t r i n a   d e  C r i s t o

davam testemunho da ressurreição de Jesus (cf. At 2.24-27,32,33;3.15; 4.10,33; 5.30,31, etc.). Se a história da ressurreição não fosseverídica, jamais produziria essa tão grande transformação nas suasvidas.

O uso espontâneo do domingo como o dia de adoração a Deus edescanso semanal prova que os crentes que começaram a se reunir nodomingo para darem glórias por sua ressurreição (cf. 1 Co 16.2; At 20.7),realmente estavam convictos desse fato.

7.2.5. A RESSURREIÇÃO DE JESUS É A BASE DE VÁRIAS DOUTRINAS

IMPORTANTES

• Pela ressurreição, Jesus é declarado Filho de Deus em poder (cf.Rm 1.3,4). Assim, Deus confirmou tanto Jesus como seu Filho quanto aobra que Ele havia realizado.

• A ressurreição de Jesus prova que a sua morte foi expiatória. Jesusera absolutamente sem pecado (cf. Hb 4.15). Por isso, a morte, que veiopelo pecado, jamais poderia vencê-lo. Mas Jesus tomou sobre si os nossos pecados, levando-os para a cruz (cf. 1 Pe 2.24). Quando Ele rendeu oseu espírito, já havia feito a expiação pelos pecados e, assim, entrou namorte, sem nenhum pecado. Dessa maneira a morte não tinha nenhu

ma força para retê-lo (cf. At 2.24) e, assim, ressuscitou, vindo a ser acausa da eterna salvação (cf. Hb 5.9).• A ressurreição é a base da nossa fé em Jesus Cristo (cf. 1 Pe 1.21).

O pecador vivia debaixo do pecado (cf. Ef 2.1,2), sem recursos para selibertar. Deus provou, pela ressurreição de Jesus, que Ele havia cumprido as suas promessas de salvação (cf. At 13.32,37,38). Assim, quando opecador crê em Deus, que o ressuscitou, recebe a salvação (cf. Rm 10.9),experimenta a regeneração (cf. 1 Pe 1.3) e é justificado (cf. Rm 4.25).

• A ressurreição de Jesus é também uma fonte de vitória para o crente. Quando recebe a salvação, ele experimenta o poder da morte deCristo (cf. 2 Co 5.14,15). Mas ele pode também, pela fé, participar dopoder da ressurreição de Jesus (cf. Fp 3.10), isto é, gozar da realidade deque Cristo vive nele (cf. Gl 2.20; Cl 3.4; 1.27). “Porque, se nós, sendo

inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida” (Rm 5.10). Jesus disse: “Eu vivo, e vós vivereis” (Jó 14.19).

• A ressurreição é também a garantia de que Jesus continua como onosso Representante e Sumo Sacerdote diante de Deus. “Quem os condenará? pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o qual está à direita de Deus, e também intercede por nós” (Rm 8.34).

• A ressurreição é uma garantia de que Jesus tem poder para curar osdoentes. O poder da ressurreição vivificou o corpo de Jesus que estava

morto (cf. Rm 8.11). Pela ressurreição, Jesus venceu a própria morte (cf.1 Co 15.54,57). Assim, também Ele pode vencer a doença que leva ohomem à morte (cf. Mt 8.17).

• A ressurreição de Jesus é também a garantia da nossa própria ressurreição (cf. 2 Co 4.14; 1 Co 15.21,22). Pela ressurreição de Jesus foiquebrado o aguilhão da morte (cf. 1 Co 15.55-57). Se cremos que Jesus

morreu e ressuscitou, sabemos também que Deus tomará a trazer comEle aqueles que em Cristo dormem (cf. 1 Ts 4.14). Isso acontecerá nasegunda vinda de Jesus, quando os que morreram em Cristo ressuscitarão primeiro e depois, os que ficarem vivos, serão arrebatados (cf. 1 Ts4.16,17). Glória a Jesus!

7 . 3 . Aa s c e n s ã o

 d e

  Je s u s

“Vendo-o eles, foi elevado às alturas” (At 1.9).

7.3.1. A a s c e n s ã o  d e  J e s u s   f o i   p r e a n u n c i a d a

A palavra profética preanunciou que Jesus, depois de ter descido,também subiria ao alto (cf. Sl 68.18; 47.5; 110.1) e seria recebido emglória (cf. Sl 24-7-10). Jesus também falou várias vezes da sua ascensão.Ele disse: “Vou para aquele que me enviou” (Jó 7.33). “Vou para o Pai”(Jó 14.28; 16.5; 17.11. Veja também Jó 13.33 e 6.62). Jesus disse que seassentaria à direita de Deus (cf. Me 14.62).

7.3.2. A a s c e n s ã o

Foi Deus quem, pelo seu poder, o fez subir (cf. Ef 1.20). Quarenta

dias após a ressurreição (cf. At 1.3), à vista de seus discípulos (cf. Me

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( '.R i s io u x i i A - A D o u t r i n a  n e C r i s i o

16.19; Lc 24.51), enquanto os abençoava (cf. Lc 24.50), Ele subiunuma nuvem (cf. Lc 24.51) e foi recebido em cima (cf. At 1.3) como

o Rei da glória (cf. Sl 24.7-10). Ele subiu como “Filho do homem” (cf.Me 14-62), isto é, com o seu corpo humano glorificado. Glória a Jesus!

7 .3 .3 . J e s u s  n o s  c é u s

 Jesus, ao voltar para o céu, foi coroado de honra e de glória (cf. Hb2.7). Recebeu a glória que possuía antes que o mundo existisse (cf. Jó

17.5), cujo esplendor Ele aniquilou para vir a esta terra (cf. Fp 2.6-8).Ele foi exaltado soberanamente (cf. Fp 2.9). Como se expressou estaexaltação?

• Jesus se assentou à destra de Deus (cf. Me 16.19; At 2.33; 1 Pe3.22; Rm 8.34; Mt 22.43-45; Cl 3.1; Hb 1.3; 8.1; 10.12; 12.2). Ele disse:

“Venci e me assentei com meu Pai no seu trono” (Ap 3.21).• Deus lhe deu poder e domínio sobre todo o principado, poder,potestade e domínio (cf. Ef 1.21), e sujeitou todas as coisas aos seus pés(cf. Ef 1.22).

• Deus lhe deu um nome que é sobre todo o nome (cf. Fp 2.9,10). Omesmo nome “Jesus”, que Ele recebeu quando nasceu como homem (cf.Mt 1.21; Lc 1.31), foi agora elevado para ser sobre todo o nome. Deusligou ao nome de Jesus o poder de toda a obra redentora na cruz. Agoraa salvação é oferecida aos que invocarem o nome de Jesus (cf. At 4.12;Lc 24.47; Rm 10.13).

Quando Jesus subiu, levou “cativo o cativeiro” (cf. Sl 68.18; Ef 4.8).Aqui se fala dos crentes, desde Abel até o tempo de Cristo, os quais

morreram na fé, sem ainda terem recebido a promessa (cf. Hb 11.13).Eles haviam crido em Deus através do sacrifício do pecado. Embora ostais sacrifícios não tirassem o pecado (cf. Hb 9.13; 10.4), Deus, contudo, na sua paciência, os aceitou por conta da remissão que Cristo haveria de fazer na consumação dos tempos (cf. Hb 9.15; Rm 3.25,26). Porisso, até que essa remissão fosse consumada, todos eles estavam cativos

por Satanás na parte do Hades chamada “seio de Abraão” (parte reser

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

vada para os espíritos dos crentes). Mas, quando Jesus consumou a salvação na cruz, resgatou toda a dívida, inclusive a dos tempos do Antigo

Testamento. Assim, aniquilou o que tinha o império da morte, o Diabo(cf. Hb 2.14), e colocou os crentes do Antigo Testamento em pé deigualdade com os do Novo Testamento. Agora Ele os levou para o Paraíso nos céus, também chamado “o terceiro céu” (cf. 2 Co 12.1-3).

Quando Jesus foi elevado, foi constituído cabeça da Igreja (cf. Ef1.22,23). A Igreja é a casa de Deus, a coluna e firmeza da verdade (cf.

1 Tm 3.15). Assim, Jesus, do céu, cuida da sua Igreja. Ele lhe dá os donsdo Espírito Santo (cf. 1 Co 12.7-11). Ele dá também os ministérios (cf.Ef 4.11-13), pelos quais dirige e edifica a sua Igreja. Ele também confirma a palavra que os seus servos falarem em seu nome (cf. Me 16.20; At14-1-3), e dirige-os na evangelização do mundo (cf. Mt 28.18-20; Me16.15). Ele intercede pelos crentes (cf. Hb 7.25; Rm 8.34).

Subindo ao céu, Jesus recebeu do Pai a promessa do Espírito Santo(cf. At 2.32,33). De acordo com a sua promessa, após a sua glorificaçãomandou o Espírito Santo (cf. Jó 7.38,39; 16.7-15; Lc 24-49). Derramouentão o seu poder sobre os discípulos, que no cenáculo buscavam o batismo no Espírito Santo (cf. At 2.1-4). Mas a Palavra de Deus asseguraque essa bênção é para “tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar”(cf. At 2.39).

Na sua ascensão foi confirmada a promessa da sua vinda (cf. At 1.11). Jesus voltará da mesma maneira que subiu ao céu.

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Ç.APTTTÍT O 4

Pn e u m a t o l o g i aA D o u t r i n a   d o   E s p í r i t o   S a n t o

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

1 . I n t r o d u ç ã o

E absolutamente necessário conhecer o que a Bíblia ensina sobre o Espírito Santo. A falta de conhecimento desta doutrina temcausado grande prejuízo espiritual na vida de muitos. Jesus disse:“Errais, não conhecendo as Escrituras, nem o poder de Deus” (Mt22.29). Muitos hoje dizem a respeito do Espírito Santo: “Nós nemainda ouvimos que haja Espírito Santo” (At 19.2). Paulo escreveuacerca dos dons espirituais: “Não quero, irmãos, que sejais ignorantes” (1 Co 12.1). Por que é tão necessário que conheçamos tambémo Espírito Santo?

1 . 1 . P o r q u e  o   E s pír i t o   Sa n t o   é  D e u s

A Palavra de Deus diz: “Conheçamos e prossigamos em conhecer oSenhor” (Os 6.3). Jesus disse que o conhecer a Deus também deve in

cluir o conhecer a Jesus Cristo, a quem Deus enviou (Jó 17.3), e Elefalou do “Espírito Santo que o Pai enviará...” (Jó 14-26). Conhecer aDeus é conhecer toda a Trindade, porque o Pai, o Filho e o EspíritoSanto são um (1 Jó 5.7).

1 . 2 . P o r q u e  e s t a m o s   e m   s u a  d i s p e n s a ç ã o

Devemos aprender a conhecer o Espírito Santo porque vivemos nadispensação do Espírito (cf. 2 Co 3.6-8). Assim como Deus é eterno (cf.SI 90.2) e o Filho é eterno (cf. Jó 1.1), também o Espírito o é (cf. Hb9.14). Ele sempre tem existido ao lado de Deus e do Filho, cooperandona grande obra que Deus tem feito e continua a fazer. Podemos distinguir três diferentes dispensações, nas quais Deus tem operado de modo

diferente em cada uma.

1.2.1. A d i s pe n s a ç ã o   d o  P a i

Em todo o tempo do Antigo Testamento, vemos de modo nítido queo próprio Deus sempre estava à frente de tudo. Sempre lemos: Deusfalou, Deus fez, Deus viu, etc. Ao lado dEle operava também o Filho (cf.

Cl 1.18) e o Espírito Santo (cf. Gn 1.2; 6.3; Ne 9.20).

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Pn e u m a t o l o c i a   A D o u t r i n a  d o   Es pí r i t o  Sa n t onona iipimiiiiii niiií>wiw*MMMWimwtfMMriBM»TiTmTiiM-iiiiiniiiíiiiiTriiiiiiin'i«iiTOimw<rÉMiiw~iPinii'>>rt»wii)ihtiiti' r i

1.2.2. A DISPENSAÇÃO DO FlLHO

Começou quando Jesus se fez homem e apareceu no cenário des

te mundo. Deus então falou pelo Filho (cf. Hb 1.1; Jó 3.2; 14.9etc.). Ele lhe entregou todo o juízo (cf. Jó 5.22) e pôs tudo nas suasmãos (cf. Jó 3.35). Ensinou ao Filho o que devia falar ao mundo(cf. Jó 8.28; 12.50). Na cruz do Calvário, Jesus consumou a obrapara a qual havia sido enviado (cf. Jó 19.30; Hb 2.9), e tornou parao céu (cf. Jó 16.28; 13.3), onde está “à destra de Deus, interceden

do por nós” (cf. Hb 7.25; Rm 8.34). Durante essa dispensação também o Pai opera, porque a Bíblia diz: “Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2 Co 5.19). O Espírito operava com

 Jesus como sendo o poder pelo qual Ele, como homem, podia realizar a sua obra (cf. Hb 9.14).

1.2.3. A DISPENSAÇÃO DO ESPÍRITOComeçou quando Jesus chegou ao céu, após a sua ascensão, e

enviou o Espírito Santo ao mundo (cf. At 2.32,33) para ficarconosco (cf. Jó 14.16), e não como no tempo do Antigo Testamento, quando o Espírito Santo somente se manifestava esporadicamente (cf. 1 Sm 10.10; 16.13; Nrn 11.25; Mq 3.8, etc.). Ele anun

cia as coisas de Deus (cf. Jó 16.15). Nessa dispensação, tanto Deusquanto o Filho operam através do Espírito Santo (cf. At 14.27;21.19; 14.3, etc).

A própria Bíblia focaliza três fases:

• No Antigo Testamento vemos Deus agindo, falando, guiando eoperando.

• Os Evangelhos focalizam Jesus como o Salvador que ensinou ocaminho da salvação e, depois, com a sua vida entregue à morte, ganhou a eterna salvação.

• Nos Atos dos Apóstolos e nas epístolas a atenção é fixada no Espírito Santo, quando Ele é aplicado à obra de Cristo e faz com que a vida

espiritual se aperfeiçoe.

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T e o l o g i a   S i s t e m á t i c a

1 . 3 . P o r q u e   n o s   ú l t i m o s   d i a s   D e u s   d e r r a m a r á   o   E s pí r i t o   Sa n t o

SOBRE TODA A CARNE ( A t   2 . 1 7 )

Embora o Espírito Santo venha operando desde o dia de Pentecostes, apalavra profética prevê um derramamento ainda maior nos últimos tempos.

Quando o apóstolo Pedro, no dia de Pentecostes, explicou o milagredo derramamento do Espírito Santo, disse: “Mas isto é o que foi ditopelo profeta Joel: E nos últimos dias acontecerá, diz Deus, que do meuEspírito derramarei sobre toda a carne” (At 2.16,17).

Enquanto o profeta Joel profetizou: “Derramarei o meu Espírito”,Pedro disse no dia de Pentecostes: “do meu Espírito”, revelando assim oque a palavra profética prevê: um derramamento ainda mais poderoso epleno. E esse derramamento coincide com a restauração de Israel e a suaremissão como povo de Deus (cf. Rm 11.12). Isso acontecerá quandoCristo voltar em glória, para estabelecer o seu reino milenar (cf. Ap

19.11-15; 20.1-4). Então o Espírito Santo operará de modo absoluto epleno e a terra se encherá da glória do Senhor, como as águas cobrem omar (cf. Hc 2.14; Is 11.2; 32.15; 59.19; 44.3; Zc 12.10, etc.).

E uma coisa digna de observar que, exatamente quando o EspíritoSanto, no início do século passado, começou a operar o cumprimentoda profecia sobre a restauração nacional de Israel (cf. Ez 37.4-8), deu-seinício o maior derramamento do Espírito da história da Igreja. Comoresultado desse derramamento, existem hoje dezenas de milhões de crentes pentecostais espalhados pelo mundo inteiro.

Diversas evidências falam que Deus ainda tem muitas bênçãos para oseu povo. Uma renovação espiritual maior está por vir! É, portanto,indispensável conhecer a doutrina sobre o Espírito Santo. Que o estudoaqui apresentado possa aumentar o conhecimento tanto da pessoa do

Espírito Santo como das suas diferentes operações e manifestações!

2 . O E s p í r i t o   S a n t o   É D e u s

O Espírito Santo não é simplesmente uma influência benéfica ou um

poder impessoal. E uma pessoa, assim como Deus e Jesus o são.

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P n e u m a t o l o c i a   - A D o u t r i n a  d o   E s p í r i t o   S a n t o

2 .1 . O E s p í ri to S a n t o é ch a m a d o D e u s (A t  5.3,4) e S e n h o r  

(2 Co 3.18)

Quando Isaías viu a glória de Deus (cf. Is 6.1-3), escreveu: “Ouvi avoz do Senhor,... vai e diz a este povo” (Is 6.8,9). O apóstolo Paulo citouessa mesma palavra e disse: “Bem falou o Espírito Santo a nossos paispelo profeta Isaías dizendo: Vai a este povo” (cf. At 28.25,26). Comisso, Paulo identificou o Espírito Santo com Deus.

2 .2 . O E s pí r it o   S a n t o   f a z   pa r t e  d a   Sa n t ís s im a   T r i n d a d e

Ele é mencionado junto com o Pai e o Filho (cf. Mt 28.19; 2 Co13.13) e a Bíblia afirma que os três são um (1 Jó 5.7). Assim, há “um sóEspírito” (Ef 4-4); “um só Senhor” (Ef 4.5); e “um só Deus e Pai detodos” (Ef 4.6). O Espírito é chamado “Espírito de Deus” (Rm 8.9);“Espírito do Pai” (Mt 10.20); “o Espírito de Cristo” (Rm8.9; 1 Pe 1.11);

“o Espírito de Jesus” (At 16.7), indicando assim que Ele os representa etambém age por Eles; quando o Espírito Santo opera, o Cristo vivo estápresente (Jó 14.18).

2.3. Ao E s p í ri to S a n t o s ã o a t r ib u í d a s o b r a s e x c lu s i v a s d a d iv in

d a d e

Ele tomou parte ativa na criação em geral (cf. SI 104.30), na restauração do mundo após o caos (cf. Gn 1.2) e na criação especial do homem(cf. Jó 33.4). Ele inspirou a Palavra de Deus (cf. 1 Pe 1.11; 2 Pe 1.21).

2.4. Ao E s p í ri to S a n t o s ã o a tr ib u í d a s a s c a r a c t e r í s t i c a s esse n

c i a i s d a d i v i n d a d e

Ele possui eternidade (cf. Hb 9.14), é onisciente (cf. 1 C o 2 . 1 0 , 1 1 ) , 

onipresente (cf. SI 139.7-10) e onipotente (cf. Lc 1.35; 1 Co 12.11).

3 . O E s p í r i t o   S a n t o   É u m a   P e s s o a

^ 3 . 1 . A B í b l ia u s a p ro no m e p e s so a l em r e l a ç ã o a o E s p í ri to S a n t o  

“Quando Ele vier...” (cf. Jó 16.8,13; 14.26).

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T e o l o g i a   S i s t e m á t i c a

3 .2 . A B í b l i a   d á   a o   E s pí r it o   Sa n t o   a t r i b u t o s   d e   pe r s o n a l id a d e  

Ele tem vontade: “O mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindoparticularmente a cada um como quer” (1 Co 12.11; cf. Jó 3.8). Ele temconhecimento: “Ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus”(1 Co 2.11). Ele tem sentimento: “Não entristeçais o Espírito Santo deDeus” (Ef 4.30). Ele ama: “Rogo-vos... pelo amor do Espírito” (Rm 15.30).

3 . 3 . A B í b l i a  a t r i b u i   a o  E s pír i t o   Sa n t o   a t i v i d a d e s   pe s s o a is

“Ele vos ensinará todas as coisas e vos fará Ipmhrar "   (Jó 14.26, grifonosso); “O Espírito benetra  todas as coisas” (1 Co 2 .10 , grifo nosso);“O mesmo Espírito testif ica  com o nosso espírito” (Rm 8.16, grifo nosso); “O Espírito às igrejas” (Ap 2.7; 3.6, grifo nosso). A Bíblia falados que foram “enviados pelo Espírito Santo” (At 13.4, grifo nosso) edos que “são miados pelo Espírito de Deus” (Rm 8 .14 , grifo nosso).

í Í .ZG)3 . 4 . A B í b l i a   d e s c r e v e   a t i t u d e s   d e   h o m e n s   p a r a   c o m   o   E s pír i t o  

Sa n t o

Usando expressões que se usam nas relações entre pessoas: “Ananias,por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses  ao EspíritoSanto?” (At 5.3, grifo nosso); “Se alguém falar  contra o Espírito Santo”

(Mt 12.32, grifo nosso); “... fizer agravo ao Espírito Santo” (Hb 10.29).O Espírito Santo é uma pessoa, é Deus; portanto, sejamos santos comoEle é santo.

4 . O E s p í r i t o S a n t o a t r a v é s d o s s e u s N o m e s

A Bíblia registra vários nomes do Espírito Santo, os quais expressamalgumas das diferentes características que Ele possui. Por meio desses nomes, podemos penetrar no conhecimento sobre a sua natureza e tambémcompreender algo da obra que Ele quer fazer em nós e por nós.

4 . 1 . N o m e s   q u e  e x pr e s s a m  a   n a t u r e z a   d o  E s pír i t o   Sa n t o

4.1.1. E s pír it o  S a n t o   ( c f . E f   1.13)Assim como Deus é santo (cf. 1 Pe 1.16) e Jesus é santo (cf. At 2.27),

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P n e u m a t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d o   E s p í r i t o  S a n t o

também o Espírito o é. Por isso, lemos em Isaías 6.3 a respeito do Deustrês vezes santo: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos”. OEspírito Santo revela a santidade de Deus (cf. Êx 3.5) e transmite aoshomens o poder santificador (cf. Rm 1.4; 2 Ts 2.13).

4.1.2. E s pí r i t o  d a  v e r d a d e   ( c f . Jó 16.13)Assim como Deus é a verdade (cf. Jr 10.10) e Jesus é a verdade (cf. Jó

14-6), também o Espírito o é (cf. 1 Jó 5.6). Ele veio para nos guiar em

toda a verdade (cf. Jó 16.13). Ele revela a verdade sobre Jesus (cf. Jó16.14) e também sobre nós (cf. Sl 51.6; Jó 16.8-10).

4.1.3.  E s pír i t o  d e  a m o r   ( c f . 2 Tm 1.7)Assim como Deus é amor (cf. 1 Jó 4.8) e Jesus é amor (cf. Ef 3.19; Jó

15.13), também o Espírito o é (cf. Rm 15.30). Ele transmite o amor de

Deus aos nossos corações (cf. Rm 5.5).

4.1.4. E s pír i t o   d e  p o d e r   (2 T m   1.7, V e r s ã o  R e v is a d a )

“O poder pertence a Deus” (Sl 62.11). Por meio de Cristo esse poderestá ao alcance dos que crêem (cf. 1 Co 1.24). Por meio do EspíritoSanto esse poder nos é dado (cf. At 1.8), e ficamos em contato com

aquEle que diz: “Eu sou o Senhor que faço todas as coisas” (Is 44.24), epara quem “nada é impossível” (Lc 1.37).

4.1.5. E s p ír it o de s a b e d o r ia e de r e v e l a ç ã o (E f   1.17)A Onisciência do Espírito Santo (cf. 1 Co 2.10,11) é também mani

festada através do seu nome. Ele nos une a Cristo, em quem estão escon

didos todos os tesouros da sabedoria e da ciência (cf. Cl 2.2,3). Jesus foifeito sabedoria por nós (cf. 1 Co 1.30), e pelo Espírito Santo nos é dadoconhecer até as profundezas de Deus (cf. 1 Co 2.10-12).

4 . 2 . N o m e s   q u e  e x pr e s s a m  a  o b r a  d o   E s pí r i t o   S a n t o

A Bíblia diz: “O Espírito ajuda as nossas fraquezas” (Rm 8.26). Ele estácom o povo de Deus para, através dos méritos de Jesus, ajudar-nos em todos ostranses da vida, bem como em tudo que Deus quer que façamos em sua obra.

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P n e u m a t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d o   E s p í r i t o   S a n t o

glória da sua herança nos santos (cf. Ef 1.17,18; Cl 1.27). O Espírito Santofaz abundar a esperança (cf. Rm 15.13) da vinda de Jesus, que é “o apareci

mento da glória do grande Deus e nosso Senhor Jesus Cristo” (Tt 2.13).

4.2.7. C o n s o l a d o r ( c f .  Jó   14.26; 15.26; 16.7)Esse nome expressa que o Espírito Santo transmite aos homens a

consolação da parte de Deus, “o Pai das misericórdias e o Deus de todaconsolação” (2 Co 1.3).

4 . 2 . 8 . E s p í ri to d a pro m e ssa (c f . E f 1 . 1 3 ; At   1 . 4 , 5 )

Esse nome traz aos nossos corações a certeza de que tudo que o EspíritoSanto realiza é oferecido a todos, pois “a promessa vos diz respeito a vós, avossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nossoSenhor, chamar” (At 2.39). Jesus deseja batizar todos com o Espírito Santo,

para que sejam beneficiados com a plenitude das operações do Espírito.

5 . S í m b o l o s   d o   E s p í r i t o   S a n t o

Um símbolo é um tipo, um elemento importante que representa al

guma coisa por semelhança, e sobre ela traz esclarecimentos.

5 . 1 . N a  B í b l i a  e x is t e m   v á r io s   s í m b o l o s   d o  E s pí r i t o   S a n t o

 Jesus usou, no ensino sobre o Espírito Santo, vários símbolos. Elefalou de “rios de água viva” (Jó 7.37-39); disse: “Vim lançar fogo naterra” (Lc 12.49), “O vento assopra onde quer” (Jó 3.8). Falando da suaexperiência com o Espírito Santo, afirmou: “O Espírito do Senhor ésobre mim, pois que me ungiu” (Lc 4.18). Falou ainda da necessidade delevar azeite nas vasilhas (Mt 25.2-4). Quando Jesus foi batizado nas águas,o Espírito Santo desceu sobre Ele em forma corpórea de uma pomba (cf.Lc 3.22; Jó 1.33).

O médico Lucas, autor dos Atos dos Apóstolos, usou, quando escreveu sobre o milagre do Pentecostes, dois símbolos: o vento (cf. At 2.2) e

as “línguas de fogo” (cf. At 2.3).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

O profeta Joel, quando profetizou sobre o derramamento do Espírito, usou como símbolo a chuva (cf. Jl 2.23). Quando o rei Davi

profetizou sobre o derramamento do Espírito Santo na Igreja, o corpode Cristo, usou dois símbolos: “o óleo precioso” e “o orvalho” (cf.SI 133.2,3).

5.2. A FINALIDADE DO USO DOS SÍMBOLOS

Por meio dos símbolos do Espírito Santo podemos focalizar importan

tes detalhes sobre sua pessoa e sua obra. Através desses símbolos vemossalientadas a limitação humana e a absoluta dependência que temos daoperação do Espírito Santo, enxergamos o seu modo de ação, registramosa sua natureza inalterável, sua plenitude e, principalmente, as diferentesmanifestações e maneiras de agir do Espírito sobre a vida de cada um.

O espaço limitado deste livro não permite estudo mais profundo desse assunto maravilhoso. A Bíblia, porém, está aberta para quem desejaestudar mais essa doutrina tão rica.

6 . A s O b r a s   d o   E s p í r i t o   S a n t o

As obras do Espírito Santo provam a sua divindade, assim como asobras que Jesus realizou como homem comprovam que Ele é o Filho deDeus (cf. Jó 5.36; 10.25,38; 14.11). O Espírito Santo sempre opera emconjunto com a Trindade, pois é o ativador de todas as coisas. Vejamos aqui somente algumas dessas obras, pois é inteiramente impossível estudar todas.

6.1. A o b r a  d o  E s pí r i t o  S a n t o  n a   pe s s o a  d e  J e s u s

• O Espírito Santo renovou e vivificou, através dos séculos, a promessa de Deus de enviar o Messias (cf. Gn 3.15; 1 Pe 1.9-11).

• O Espírito Santo operou ativamente na encarnação de Jesus (cf.Lc 1.35; Mt 1.20).

• O Espírito Santo guardou, por meio de uma divina revelação, a

vida de Jesus quando Herodes queria matá-lo (cf. Mt 2.12).

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Pn e u m a t o l o c i a   - A D o u t r i n a  d o  Es pí r i t o  S a n t o

• O Espírito Santo revelou a Simeão que Jesus era o Messias (cf. Lc2.25-29).

• O Espírito Santo revestiu Jesus com poder para que exercesse o seuministério (cf. Lc 3.22), selando-o (cf. Jó 6.27) e ungindo-o (cf. Lc 4-18).Guiou-o (cf. Lc 4-14) e operou maravilhas e sinais por meio dele (cf. Lc5.17; 6.19; Mt 12.28).

• O Espírito Santo operou na vida de Jesus uma renúncia total (cf.Hb 9.14), dando-lhe força para, voluntariamente, se oferecer em sacrifí

cio (cf. Ef 5.2).• O Espírito Santo operou na ressurreição e ascensão de Jesus (cf.

Rm 8.11; Ef 1.20).

6 .2 . O E s pí r i t o   Sa n t o   o pe r a  , a p l i c a n d o   a   o b r a   d e   C r i s t o   p a r a

RESTAURAÇÃO DO HOMEM

Toda a Trindade operou e opera na salvação do homem. Deus Paideu o seu Filho unigênito (cf. Jó 3 .16), e “estava em Cristo, reconciliando o mundo consigo” (cf. 2 Co 5.19). O Filho deu-se a si emsacrifício (cf. Ef 5.2), sendo a causa de eterna salvação (cf. Hb 5.9).O Espírito Santo aplica essa salvação na vida dos homens. Jesus disse: “Há de receber do que é meu e vo-lo há de anunciar” (Jó 16.15).

Assim, o Espírito Santo opera no sentido de que, por meio da salvação, haja uma total restauração de todo o estrago que o pecado causou na vida do homem, seja no seu espírito, na sua alma ou no seucorpo.

6 .2 .1 .0 E s p í ri to S a n t o v i v i f ic a o e s p í r i t o d o h om em

Pelo pecado o homem é separado de Deus (cf. Is 59.2) e o seu espíritoé morto (cf. Ef 2.1-3; Lc 15.32; Cl 2.13), completamente destituído depoder para exercer a função de ser o meio de contato com Deus. O Espírito Santo chama o pecador (cf. Ap 22.1) despertando o seu espírito (cf.Ed 1.1), dando-lhe a certeza da salvação (cf. Rm 8.16), a qual faz comque ele agora clame “Aba, Pai” (Rm 8.15; cf. Gl 4-6). O espírito dohomem, agora iluminado, pode ver a glória de Deus (cf. 2 Co 4-6; Mt

5.8) e experimentar a santificação (cf. 2 Co 3.18).

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T e o l o g i a   S i s t e m á t i c a

6 . 2 . 2 . 0 E s p ír i t o  S a n t o  o p e r a  p a r a  a  s a l v a ç ã o   d a  a l m a

A alma do homem ficou também sob a influência do pecado. O seu

sentimento ficou obscurecido (cf. Ef 4.18), a sua vontade tomou-se má(cf. Jó 3.19), e o seu sentimento angustiado, sem paz (cf. Rm 7.24; Is57.21). Porém, pela lavagem e renovação do Espírito Santo (cf. Tt 3.5)e vivificação da Palavra (cf. Jó 6.63), a sua alma é salva (cf. Tg 5.20). Oseu entendimento ficou esclarecido (cf. 2 Co 4.6), a sua vontade, inclinada a fazer a vontade de Deus (cf. Hb 13.21; Mt 6.10), e o seu senti

mento, cheio de júbilo e alegria (cf. Sl 51.12; Rm 2.10).

6 . 2 .3 . O E s pír i t o  S a n t o  o p e r a  a   r e s t a u r a ç ã o   d o  c o r p o   d o  h o m e m

Ele proporciona a salvação para o corpo. Pelo pecado o corpo ficoucontaminado (cf. Tg 3.6) e se tornou um instrumento de iniqüidade(cf. Rm 6.13). Pela operação do Espírito Santo na regeneração (cf. Jó3.8), o homem se tornou uma nova criatura, e tudo ficou novo (cf.

2 Co 5.17). O corpo não serve mais ao pecado (cf. Rm 6.16,18,19),mas serve ao Senhor no espírito (cf. Fp 3.3), como instrumento de justiça (cf. Rm 6.13).

O Espírito Santo opera, ainda, transmitindo poder para a cura docorpo. Pelo pecado entrou a morte no mundo (cf. Rm 5.12; Gn 3.19), ecom a morte veio a doença e a dor, que constituem o início da morte.

Muitas doenças são originadas pelo pecado (cf. Jó 5.14; Sl 38.1-10; Pv14.30). Jesus levou as nossas enfermidades na cruz (cf. Is 53.4; Mt 8.14-17; 1 Pe 2.24). O Espírito Santo opera transmitindo esse poder para acura das enfermidades, bênção que faz parte da salvação completa!

Quando o Espírito Santo operou no ministério de Jesus, então muitos doentes foram curados (cf. Lc 5.17; 6.19). Aconteceu também nosdias dos apóstolos (cf. At 4.30,31; 5.12-16, etc.). Jesus ainda hoje é o

mesmo (cf. Hb 13.8), e o Espírito Santo também (cf. 1 Co 12.4) e, porisso, opera da mesma maneira também.

6 .3 . O E s pí r i t o   S a n t o   t r a n s m it e   a   n a t u r e z a   d i v i n a   pe l o   f r u t o  

d o  E s pí r i t o

Uma das grandes obras do Espírito Santo é a de transmitir ao

homem toda a plenitude de Deus (cf. Ef 3.16-T9). A natureza per

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P n e u m a t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d o   E s p í r i t o   S a n t o

feita de Deus faz parte dessa plenitude. Pelo fruto do Espírito, essasvirtudes se manifestam na vida do crente.

6.3.1. O f r u t o d o E s p í r i t o é u m a m a n i f e s t a ç ã o d a n a t u r e z a d e  

C r i s t o

O alvo da salvação é restaurar o homem à imagem de Cristo (cf.Rm 8.29; Cl 3.10). Pelo pecado, ele perdeu a glória da imagem deDeus (cf. Rm 3.23), e ficou escravizado debaixo do poder da carne,

isto é, da sua velha natureza, a qual se manifesta pelas “obras da carne”(cf. Gl 5.19-21). A carne afasta o homem da vontade de Deus (cf. Rm8.5-8) e o faz obedecer ao Inimigo (cf. Ef 2.1-3). A salvação faz o homem participante da natureza divina (cf. 2 Pe 1.4), porque Cristo agora é a sua vida (cf. Cl 3.4), e a “sua velha natureza” foi crucificada comCristo, que agora vive nele (cf. Gl 2.20). “O molde” dessa nova vida é

o exemplo que Jesus nos deixou registrado na Bíblia (cf. 1 Pe 2.21; Jó13.15; 1 Jó 2.6; 1 Co 11.1).

O Espírito Santo faz que, por meio do fruto do Espírito, as virtudes deCristo apareçam “para que a vida de Jesus se manifeste também em nos-sos corpos” (cf. 2 Co 4.10), “até que Cristo seja formado em vós” (Gl4.19). A Bíblia mostra que quando há abundância da operação do Espí

rito, então os frutos infalivelmente aparecem (cf. Jr 17.8; SI 1.3). Quando o Espírito Santo glorifica a Jesus (cf. Jó 16.14) na vida do crente e asua comunhão com Ele se tomar mais íntima, então se cumpre a palavrade Jesus: “Quem está em mim, e eu nele, este dá muito fruto” (Jó 15.5).É o fruto do Espírito que então aparece, e a natureza e as virtudes deCristo se reproduzem na vida do crente.

6.3.2. © f r u t o d o E s p ír i t o p ro d u z s a n t i f i c a ç ã o

O Espírito Santo ajuda o crente a entregar-se inteiramente ao Senhor,para assim dominar a sua velha natureza (cf. Gl 5.16,17). O fruto do Espírito se manifesta, então, livremente na sua vida, para que “todo o vossoespírito, e alma, e corpo sejam plenamente conservados irrepreensíveis”(1 Ts 5.23); “Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que

vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai, que está nos céus”

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

(cf. Mt 5.16). É o fruto da santificação que se manifesta (cf. Rm 6.22).Assim, “não são as boas obras que fazem o homem bom, mas o homem

bom faz as boas obras” (Lutero). O SeAhor espera frutos na nossa vida (cf.Ct 6.11; 7.13). Que os tenhamos para lhe oferecer (cf. Ct 4.16).

6 . 3 . 3 . A B íb l ia   f a l a   “d o   f r u t o ” e  n ã o  “d o s   f r u t o s ” d o  E s pír i t o

O fruto do Espírito representa nove diferentes valores. Em Gálatas5.22, encontramos essas nove virtudes: caridade, gozo, paz, longanimidade,

benignidade, bondade, fé, mansidão e temperança, todas elas dentro doffuto do Espírito. O mesmo fato aparece em 1 Coríntios 13.4-8, onde sefala de várias virtudes espirituais, todas vinculadas à caridade. “A caridade é sofredora, é benigna; a caridade não é invejosa; a caridade não tratacom leviandade”, etc. Aqui se esconde uma realidade muito importante.

Todas as virtudes espirituais têm na caridade a sua origem. A Bíblia

diz: “Deus é caridade” (1 Jó 4.8), isto é, a caridade constitui a própriaessência do eterno Deus. Dessa maneira podemos compreender que asvirtudes apresentadas em Gálatas 5.22 e 1 Coríntios 13.4-8 têm, todaselas, a sua origem na caridade. São como uma laranja composta de diferentes gomos, os quais, juntos, formam a laranja. Não se trata de diferentes flores (virtudes) que, juntas, formam um ramalhete, mas de uma sóflor, com nove pétalas distintas e desiguais, mas que constituem uma mesma flor. Assim, o fruto é a caridade, mas as outras virtudes são reflexosdela, isto é, uma caridade de gozo, cheia de paz, com muita longanimidade,bondade e fidelidade; uma caridade cheia de mansidão e benignidade econtrolada com temperança. Graças a Deus!

6 . 3 . 4 . U m a   s ín t e s e   s o b r e   a s   v i r t u d e s   q u e   c o m p õ e m   o   f r u t o   d o  

E s p í r i t o

• Caridade. E a fonte divina de onde manam todas as virtudes espirituais. Deus é caridade (cf. 1 Jó 4.8). Quando Ele ama, há um transborda-mento da sua pessoa (cf. Ef 2.4; 2 Ts 2.16; 2 Co 9.7; Jó 13.1). Nós oamamos porque Ele nos amou primeiro (cf. 1 Jó 4.19). A salvação inflamou a chama do amor (cf. Lc 7.47), que vai aumentando (cf. 1 Ts 3.12;

4-9,10; 2 Ts 1.3). Assim, o amor se toma uma evidência da salvação (cf.

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P n e u m a t o l o c i a   - A D o u t r i n a   d o   E s p í r i t o   S a n t o

1 Jó 3.14; 4.7). Pela operação do Espírito, esse amor aumenta (cf. Rm5.5; Ef 3.16,18,19; 2 Tm 1.7) e aparece como “fruto”, pelo qual amamosa Deus (cf. 1 Pe 1.8). Como a noiva ama o noivo e faz a sua vontade (cf.

 Jr 2.2; Ct 1.4), nós queremos fazer a vontade de Deus (cf. Jó 14-15,23;15.10,14; 1 Jó 5.2,3), para cumprir a lei da liberdade (cf. Tg 1.25; Rm8.4; 13.7-10), agradando a Deus em tudo (cf. 2 Co 5.9; Rm 14.18). Esseamor leva o homem a fazer como Jesus fez (cf. Ef 5.2; Jó 3.16), entregan-do-se a si mesmo a Deus (cf. 1 Jó 3.16; Jó 21.15-17) para salvação dos

pecadores (cf. 2 Co 5.14,15; 1 Co 9.19-23; Rm 10.1,2) e conservaçãodos crentes (cf. 1 Ts 2.8-11; 2 Co 12.15). O amor é um rio que liga asrelações entre os crentes para os aperfeiçoar (cf. Cl 3.14; 2.2; Gl 5.13;Fp 2.4), estreitando o seu relacionamento até com os que são inimigos(cf. Lc 23.34; At 7.60; Lc 6.27-30; Rm 12.20).

• Gozo. Faz parte da perfeição divina. Deus é bem-aventurado (cf.

1 Tm 1.11); Jesus se alegrou (cf. Lc 10.21; Hb 12.2). O Reino de Deusé alegria (cf. Rm 14.17). Essa alegria nasce no crente como uma obrada graça (cf. 2 Co 8.1,2). A salvação traz alegria (cf. At 8.8; 16.34),porque a ira de Deus cessou e os nossos nomes estão escritos no livroda vida (cf. Lc 10.20). O Espírito Santo aumenta esse gozo através dofruto do Espírito (cf. Gl 5.22), porque o gozo e o Espírito Santo andam

 juntos (cf. At 13.52; 1 Ts 1.6; Hb 1.9; Sl 16.11). Permanecendo emcomunhão com Jesus, esse gozo se torna completo (cf. Jó 15.11) econs-titui a base que forma a maravilhosa comunhão entre os crentes (cf.Rm 12.15; 1 Co 12.26).

• Paz•O Reino de Deus é paz (cf. Rm 14.17) porque Deus é “Deus depaz” (Fp 4-9; cf. 2 Ts 3.16). É Ele quem nos dá “a paz de Deus” (cf. Cl3.15). Jesus, o Príncipe da paz (cf. Is 9.6), comprou essa paz na cruz (cf.

Ef 2.14; Cl 1.19,20). Por isto a graça e a paz andam juntas (1 Co 1.3; 2Co 1.2; Tt 1.4). O Espírito Santo faz aumentar essa paz (Rm 8.6; Ef 4.3).A paz pode ser um rio (Is 48.18), e ser multiplicada (1 Pe 1.2; Jd 2), umapaz que excede todo entendimento (Fp 4.7). E pela salvação que a pazentra na vida do crente (Rm 5.1; Mt 11.29; Ef 2.14). Confiando noSenhor (Is 26.3) e andando conforme a Palavra (Gl 6.16), essa paz

permanecerá. A paz dá ao crente condição de viver em paz com todos

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

(1 Ts 5.13; Hb 12.14), pois ele é dominado pela paz (Cl 3.15). A paz naigreja (At 9.31) é um segredo do progresso (SI 122.6,7). A paz faz do

crente um pacificador (Mt 5.9; Pv 15.18; 16.14).• Longanimidade. E possuir “ânimo longo”, apesar das circunstâncias

adversas, em lugar de ter “ânimo precipitado” (Pv 14.29), seu antônimo.Deus é longânimo (cf. Nm 14.18). A Bíblia fala “da longanimidade deDeus” (cf. 2 Pe 3.15; 1 Pe 3.20) e das “riquezas da sua longanimidade”(cf. Rm 2.4). Deus é também chamado “o Deus de paciência” (Rm 15.5).

 Jesus mostrou toda a longanimidade para salvar Saulo (cf. lT m l .l6 ) .Édessa fonte que o Espírito Santo transmite a longanimidade como fruto,pois “o amor de Deus está derramado em nossos corações” (Rm 5.5), e oamor nunca falha (cf. 1 Co 13.8). Essa virtude ajuda o crente tanto nassuas comunicações com os irmãos (cf. Ef 4.2), como no seu serviço (cf.2 Co 6.6; 2 Tm 4.2; Pv 15.18). E uma expressão do domínio próprio (cf.

Pv 16.32) na hora do sofrimento (cf. Rm 12.15). Jesus experimentouisso (cf. 1 Pe 2.21-23). Paulo também era um exemplo (cf. 2 Tm 3.10).• Benignidade. E uma virtude que nos dá condições de tratar os ou

tros com carinho e meiguice. Deus é benigno (cf. Lc 6.35), isto é, abenignidade faz parte da sua própria substância. Por isso a Bíblia fala dasriquezas (cf. Rm 2.4) e da grandeza (cf. SI 5.7) da sua benignidade, quese elevam até os céus (cf. SI 108.4). A Bíblia fala da benignidade de

 Jesus (cf. 2 Co 10.1). E dessa fonte que o Espírito Santo transmite abenignidade como fruto. Lemos em 2 Coríntios 6.6: “Na benignidadeno Espírito Santo”. O Espírito Santo nos quer revestir dessa benignidade (cf. Cl 3.12,13) para uma vitória completa.

• Bondade. Deus é a fonte da bondade, porque Ele é bom (cf. Na 1.7;Ed 3.11), e toda dádiva dEle é boa (cf. Tg 1.17). O Espírito Santo trans

mite essa virtude como um fruto, para que cada um, do bom tesouro doseu coração, possa tirar o bem (cf. Lc 6.45). Bamabé foi cheio do Espírito Santo e, por isso, se tomou um homem bom (cf. At 11.24). Ele deixou um brilhante exemplo de como esse fruto se manifesta. O seu coração era aberto para ofertar (cf. At 4.37; 2 Co 8.1-3). Ele viu a graça deDeus em operação (cf. At 11.23) e, por isso, conseguiu ajudar a Saulo

(cf. At 9.26-28; 11.25,26). Todo aquele que possui esse fruto é feliz (cf.

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P n e u m a t o l o g i a   - A D o u t r i n a   d o  Es p Ir i t o   S a n t o

Pv 14.14), pois pode ser uma bênção para outros (cf. Rm 15.14) e atédeixa uma herança para os seus descendentes (cf. Js 44.3), sendo capaz

de sentir o favor de Deus (cf. Pv 12.2). Diante da eternidade será manifestado o fato de que Deus dá valor à bondade (cf. Mt 25.23).

• Fidelidade.  Deus é fiel (cf. 1 Co 1.9; 1 Ts 5.24; 2 Co 1.18) comotambém Jesus o é (cf. Ap 19.11). A sua fidelidade sempre permanece (cf.2 Tm 2.13) na chamada (cf. 1 Co 1.9), no perdão (cf. 1 Jó 1.9), nas tentações (cf. 1 Co 10.13) e na santificação (cf. 1 Ts 5.23,24). Alcançamos

misericórdia para sermos fiéis (cf. 1 Co 7.25). Pela operação do EspíritoSanto essa virtude aparece como fruto que penetra até o nosso espírito(cf. Pv 11.30). Deus busca esse fruto entre o seu povo (cf. Sl 101.6). Afidelidade é uma força nas nossas relações com Deus (cf. 2 Co 11.2) e coma sua Palavra (cf. 1 Tm 4.6; At 5.29; Jó 14.23). A fidelidade é indispensável nas nossas atitudes para com a Igreja (cf. Hb 3.5) e os irmãos (cf. 2 Jó

5,6), e no nosso serviço (cf. 1 Co 4.2; 1 Tm 1.12; At 20.24). Sejamos fiéisaté a morte para alcançarmos a coroa da vida (cf. Ap 2.10).• Mansidão. E uma virtude amorosa, pela qual nos conservamos pa

cíficos, com serenidade e brandura, sem alterações, quando nos confrontamos com coisas desagradáveis. Jesus, como homem, foi manso. ABíblia fala da “mansidão de Cristo” (cf. 2 Co 10.1). Os profetas profetizaram sobre a sua mansidão (cf. Is 53.7; Mt 21.5). Ele se conservavamanso até diante de seu traidor (cf. Mt 26.50), e curou o moço que foienviado para o prender (cf. Lc 22.51). Ele disse: “Aprendei de mim, quesou manso” (cf. Mt 11.29). Ele ensinou mansidão (cf. Lc 6.27-29). OEspírito Santo faz com que a mansidão apareça como fruto, sempre queo amor de Deus é derramado em nossos corações (cf. Rm 5.5). Então, “oespírito de mansidão” se manifesta (cf. 1 Co 4.21). Principalmente os

servos de Deus devem possuir esse fruto (cf. Tg 3.13), revestindo-se demansidão (cf. Cl 3.12), pois é útil no serviço (cf. 2 Tm 2.25; Tt 3.2; Ef4.2; Gl 6.1; 1 Pe 3.15).

• Temperança ou domínio próprio. Serve como “freio” (cf. Tg3.2), quando a nossa própria vontade — ou egoísmo — quer prevalecer em oposiçãoà vontade de Deus. Jesus “morreu por todos, para que os que vivem, não

vivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou” (2

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T e o l o g i a   S i s t e m á t i c a

Co 5.15). Ele mesmo deu exemplo disso, pois “não agradou a si mesmo”(Rm 15.3). O Espírito Santo faz aparecer essa virtude como fruto. Deus

nos deu o espírito de moderação (cf. 2 Tm 1.7), que aparece como umaforça contra a carne (cf. Gl 5.17), fazendo o crente submeter-se à direçãodo Espírito (cf. Gl 5.25). Assim, o crente subjuga o seu corpo (cf. 1 Co9.27) e governa o seu espírito (cf. Pv 16.20), disciplinando o seu coração(cf. Pv 23.12) para andar em Espírito (cf. Gl 5.25). A temperança trazricas bênçãos, pois ajuda o crente a rejeitar o mal (cf. Sl 141-4; Dn 1.8) e

lhe dá domínio próprio para não permitir que algo contra a vontade deDeus o domine (cf. 1 Co 6.12; 10.23). Com isso, o crente de tudo seabstém para alcançar uma coroa incorruptível (cf. 1 Co 9.25).

7 . O B a t i s m o   n o   E s p í r i t o   S a n t o

O Reino de Deus consiste em virtude (cf. 1 Co 4.20), pois é o domínio do Deus Todo-poderoso (cf. Gn 17.1). Deus é a fonte de poder (cf.1 Cr 29.11; Sl 62.11). Quando Deus, para libertar os homens do poderde Satanás (cf. At 26.18) e da potestade das trevas (cf. Cl 1.13), deu oseu Filho unigênito, esse, pela sua vitória na cruz do Gólgota (cf. Cl

2.14,15), foi feito poder de Deus (cf. 1 Co 1.24). O Evangelho, que faladessa salvação, é também poder de Deus (cf. Rm 1.16). Quando alguémaceita a Jesus e crê na sua Palavra, recebe poder para ser feito filho deDeus (cf. Jó 1.12-14). A Bíblia revela que Deus tem preparado para osseus uma bênção de poder, a qual oferece a todos — o batismo no Espírito Santo (cf. Lc 24-48,49; At 1.4,5,8).

7 . 1 . O b a t is m o  n o  E s pí r i t o   S a n t o  é   a  pr o m e s s a  d o   P a i

 Jesus comunicou aos seus discípulos, antes da sua morte, que receberiam poder pelo batismo no Espírito Santo, que o Pai havia de enviar(cf. Jó 14-16,17,26; 15.26; 16.7,13). Por isso é uma bênção chamada “apromessa do Pai” (At 1.4,5; Lc 24.49).

Essa bênção prometida distingue-se da experiência da salvação. De

vemos observar que Jesus ordenou aos seus discípulos que buscassem o

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P n e u m a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d o  E s p Ir i t o  S a n t o

revestimento de poder pelo batismo no Espírito Santo (cf. Lc 24-49).Eles já eram crentes. Todas as vezes que a Bíblia fala sobre o recebimen

to dessa bênção, menciona que os que a receberam eram crentes. Vemosas cinco referências nos Atos:

• Atos 2.1-4 — Todos os discípulos que estavam no cenáculo eramcrentes.

• Atos 8.14,17 — Os que foram batizados no Espírito Santo eram

novos crentes que acabavam de ser batizados nas águas.• Atos 9.17 — Saulo era novo convertido, pois Ananias o chamou

“irmão”.• Atos 10.43-46 — Os que na casa de Cornélio foram batizados no

Espírito Santo eram novos na fé, cujos corações haviam sido purificados(cf. At 15.9).

• Atos 19.1-6 — Os que em Éfeso foram batizados no Espírito Santoeram crentes que antes não conheciam nem a doutrina sobre o batismo naságuas nem sobre o Espírito Santo. Logo depois de terem sido batizados naságuas, Jesus os batizou com o Espírito. Vemos assim que o batismo no Espírito Santo não é uma coisa que automaticamente acompanha a salvação,nem algo que necessariamente acompanha o batismo nas águas (cf. At 8.16;19.5,6; 2.38), mas uma bênção distinta que Deus oferece aos crentes.

A Bíblia usa diferentes nomes sobre essa experiência. Vejamos:

7.1.1. B a tis m o n o E s p í r i t o S a n t o ( c f . M t 3.11; A t 1.5; 11.16)A palavra “batismo” tem o sentido de mergulho, imersão, o que real

mente condiz com a maravilhosa experiência de submergir na plenitude

do Espírito.

7.1.2. S e r c h e io d o E s p í r i t o S a n t o ( c f . A t 2.4; 4.8,31; 9.17)O Espírito Santo já “habita” no crente, mas através do batismo “es

tará nele” (cf. Jó 14.17). E a vida abundante (cf. Jó 10.10) que Jesusprometeu. Todo o templo do Espírito (cf. 1 Co 6.19,20) fica agora ocu

pado. Leia 2 Crônicas 7.1-6.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

7 . 1 .3 . R e c e b e r a u n ç ã o ( c f . 1 J ó 2 .2 0 ,2 7 ; Lc 4 .1 8 ; A t 1 0 .3 8 ;

2 Co 1.21)

Essa expressão nos faz lembrar o ato da consagração dos sacerdotes(cf. Êx 40.13-15), dos profetas (cf. 1 Rs 19.16) e dos reis (cf. 1 Sm 10.1;16.13) através da santa unção (cf. Êx 30.23-33), no período do AntigoTestamento. O crente neotestamentário é sacerdote e rei (cf. 1 Pe 2.9;Ap 1.6), e, para ele, Deus tem preparado uma unção especial: o batismono Espírito Santo (cf. 2 Co 1.20).

7.1.4. R e v e s t im e n t o de p o d e r ( c f . L c 24-49)Essa é a principal finalidade do batismo: o recebimento de poder (cf.

At 1.8). Aqui não se trata de poder intelectual ou físico, mas de poderde Deus. Isso nos faz lembrar o pedido que Eliseu fez a Elias, que lhedesse porção dobrada do seu espírito (cf. 2 Rs 2.9).

7.1.5. S e l o d a p r o m e ss a ( c f .  Jó 6.27; 2 Co 1.22; Ef  1.13; 4.30)A palavra “selo” é aplicada em vários sentidos, que também expli

cam a bênção do batismo no Espírito Santo:

• O selo fala de propriedade. Jesus sela a propriedade que comprou(cf. IC o 6.19,20; Ef 1.13).

• Um documento selado tem o seu valor autenticado. O decreto dasalvação (cf. Ef 4.30) e o valor das promessas divinas estão selados peloEspírito Santo (cf. 2 Co 1.20-22).

• O selo de proteção. Pilatos o usou (cf. Mt 27.66). O rei Dariotambém (cf. Dn 6.17; Ap 7.3 e 9.4). O selo do Espírito Santo é um sinalde proteção por parte daquEle que nos selou (cf. 2 Co 1.22).

• Um anel com sinete é um sinal de autoridade (cf. Gn 41.42; Et8.2; 1 Rs 21.8). Simbolicamente fala da autoridade celestial que o batismo no Espírito Santo proporciona (cf. At 1.8; 4.8,20; 7.51-59).

7.2. A e v i d ê n c i a   d o   b a t is m o  n o  E s pír i t o   Sa n t o

Antes do Pentecostes, o Espírito Santo já havia descido sobre al

guns: João Batista (cf. Lc 1.17), Isabel (cf. Lc 1.41), Zacarias (cf. Lc

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P n e u m a t o l o g i a   - A D o u t r i n a   d o   Es p Ir i t o   S a n t o

1.67), Simeão (cf. Lc 2.25), etc. Porém, em nenhum momento é mencionada uma manifestação especial ligada à experiência.

No dia de Pentecostes, a descida do Espírito Santo foi acompanhadade um sinal externo. A Bíblia diz: “E todos foram cheios do EspíritoSanto e começaram a falar em outras línguas, conforme o Espírito Santolhes concedia que falassem” (At 2.4). Foi realmente um milagre. Embora essas línguas fossem desconhecidas por eles, o povo que os ouviu disse: “Como pois os ouvimos, cada um, na nossa própria língua em que

somos nascidos?” (At 2.8) Havia acontecido aquilo que Jesus dissera:“Falarão novas línguas” (Me 16.17). Alguns procuram explicar esse milagre afirmando que essas “outras línguas” significavam um vocabuláriodestituído de xingamentos ou zombarias, ou seja, uma “linguagem santa”. Mas não foi isso que aconteceu.

O falar em línguas deu aos discípulos a certeza de que haviam recebido

aquilo que o Pai prometera. Todas as outras evidências que acompanharamo batismo no Espírito Santo — alegria, zelo pelas almas, conhecimento daPalavra, etc. — não lhes podiam ter dado tal certeza, porque várias vezesantes do batismo já as haviam experimentado. A mesma evidência continuou a acompanhar todos os que recebiam o batismo no Espírito Santo.Podemos verificar isso observando as referências registradas em Atos:

• Atos 2.4 — Todos falaram línguas.• Atos 8.17 — Todos receberam o sinal, pois Simão viu que “pela

imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo” (At 8.18).• Atos 9.17 — Paulo disse: “Falo mais línguas do que vós todos”

(1 Co 14.18).• Atos 10.45,46 — Todos falaram em línguas na casa de Cornélio.

• Atos 19.6 — Todos falaram em línguas.

O falar em novas línguas não é somente uma evidência, é tambémuma grande bênção. A Bíblia diz: “O que fala em língua estranhaedifica-se a si mesmo” (1 Co 14.4), pois “o que fala em língua estranhanão fala aos homens, senão a Deus” (cf. 1 Co 14.2). Até Pedro falou

do “refrigério pela presença do Senhor” (At 3.20). Aqui se trata do

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

descanso, do refrigério que Deus prometeu (cf. Is 28.11,12). As novaslínguas constituem uma “linha direta” com Deus! Além disso, são umaforça extraordinária para a vida de oração (cf. 1 Co 14.15). O crente,então, ora em espírito (cf. Rm 8.26). O que fala em línguas “dá bem asgraças” (cf. 1 Co 14.17). Devemos observar o ensino bíblico de quefalar línguas não é falar aos homens, senão a Deus (cf. 1 Co 14.2).Porém, se houver interpretação, a Igreja é edificada (cf. 1 Co 14.5,27).

7 . 3 . A FINALIDADE DO BATISMO NO EsPfRITO SANTO

A finalidade principal do batismo no Espírito Santo é o relacionamentode poder. Foi sobre esse poder que Jesus falou antes de deixar os seus discípulos (cf. Lc 24-49). Esse poder era a maior necessidade deles (cf. At 1.8).

O batismo no Espírito Santo solucionou problemas que surgiram navida dos apóstolos com a morte de Jesus:

• O medo que se havia apoderado deles, a ponto de evitarem o público e ficarem atrás de portas fechadas (cf. Jó 20.19,26), desapareceu.

• A fraqueza que se apoderara deles também desapareceu. Receberam uma coragem maravilhosa para resistir às perseguições e proibiçõesque encontraram (cf. At 4.16-21,33; 5.29-33,41,42).

• A inatividade em que se achavam, desde a morte de Jesus, acabou.O Espírito Santo os impulsionou de modo irresistível a evangelizar. Nãocessavam mais (cf. At 4.33; 5.42).

A experiência do batismo no Espírito Santo era absolutamente comumno meio dos crentes no período apostólico. Não era raridade que alguémfosse batizado. No livro de Atos, podemos observar que em todas as ocasiões

em que se fala sobre o recebimento do batismo no Espírito Santo, sempre sediz que todos o receberam (cf. At 2.4; 8.14-17; 9.17; 10.41-46 e 19.1-6).

Pelo exposto fica evidente que o plano de Deus é que todos os crenterecebam o batismo no Espírito Santo, pois Deus prometeu essa bênção a“tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.39). Quando Jesusensinou sobre o recebimento dessa bênção usou uma parábola. Disse

que, assim como um pai dá pão para o seu filho, assim também dará “o

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Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem” (Lc 11.13). Essabênção é tão necessária como o pão! Não pode haver dúvidas sobre avontade de Deus de nos dar o batismo no Espírito Santo.

O batismo no Espírito Santo é a maior necessidade do Cristianismoatual. A maior necessidade de cada homem do mundo é receber Jesuscomo o seu Salvador. Mas a maior necessidade de cada crente é receber obatismo no Espírito Santo e viver nesse poder. E essa bênção pertence atodos os crentes, em todos os tempos. A Bíblia diz: “Porque a promessa

vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantosquantos Deus, nosso Senhor, chamar” (At 2.39). Se no tempo dos apóstolos havia necessidade de receber poder, a situação não mudou em nada:

• A bênção é para todos, pois a Palavra de Deus não mudou! Aspromessas de Deus são válidas para todos os tempos, sejam promessas de

salvação, de perdão ou de resposta às orações. Por isso, está em plenovigor a promessa do batismo no Espírito Santo: “Porque eu, o Senhor,não mudo” (Ml 3.6).

• O batismo no Espírito Santo é para todos, pois os homens de hojesão iguais aos daquele tempo. As suas necessidades, fraquezas e problemas são iguais. Como o batismo no Espírito Santo lhes forneceu ajuda

ontem, ainda hoje ajuda aos que o recebem.• Essa bênção é necessária, pois o poder do maligno também não mudou, nem ficou brando. Pelo contrário, a Bíblia diz que nos últimos dias oInimigo terá “grande ira, sabendo que já tem pouco tempo” (Ap 12.12).Nos tempos do fim, o poder das doutrinas dos demônios aumentará (cf.1 Tm 4.1). Assim como os discípulos, pelo poder do batismo no EspíritoSanto e dos dons espirituais que os acompanhavam, resistiram e vence

ram as forças do mal (cf. At 8.9-12; 18.23; 13.8-12; 16.16-18; 19.13-17),assim os crentes de hoje têm a mesma necessidade de poder.

• Precisamos desse poder hoje, pois os Atos dos Apóstolos e toda ahistória da Igreja afirmam que onde quer que o Espírito Santo tenhasido derramado, aí tem se manifestado despertamento para salvação demuitas almas. É essa necessidade que predomina no nosso tempo. E por

isso que a única solução para hoje é ser cheio do Espírito Santo.

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Pn e u m a t o l o c i a   - A D o u t r i n a  d o   Es p Ir i t o  S a n t o

8.1.2. O QUE SÃO DONS ESPIRITUAIS (CF. 1 Co 12.7,8,11)A palavra “dom” vem do grego charisma,  que significa “um dom

pela graça”. Como o batismo no Espírito Santo é um dom (cf. At2.38), também os dons espirituais são dádivas. Não se trata aqui demera capacidade ou de dotes naturais que tenham sido melhoradosou aperfeiçoados pela operação do Espírito Santo. Não se trata demerecimento humano, mas da manifestação de um milagre. E umadádiva.

8 .2 . A FINALIDADE DA OPERAÇÃO DOS DONS NA IGREJA

Pelo ensino do Novo Testamento vemos a grande importânciaque os dons espirituais representam no plano de Deus (cf. 1 Co12.1). O portador de um dom não o recebe para proveito próprioou para usá-lo quando ou como achar melhor. São dados aos mem

bros do corpo de Cristo para que sejam usados conforme a direçãode Jesus, que é a cabeça da Igreja (cf. 1 Co 12.12,27). Quando osdons são usados desse modo, o poder do Espírito se manifesta naIgreja capacitando-a a cumprir sua alta missão na Terra. Vejamos,agora, a finalidade dos dons e sua manifestação nas diferentes fasesda vida da Igreja.

8.2.1. A I g r e ja é o l u g a r de e d i fic a ç ã o e c r e s c i m e n t o e s p i r it u a l

d os c r e n t e s ( c f . Ef  2.18-22; 4.12,14,15)Todos os dons são para edificação da Igreja (cf. 1 Co 14-3,4,5,12,26)

e para o aperfeiçoamento dos crentes, pois, quando os dons operam,manifestam-se para edificação, exortação e consolação (cf. 1 Co 14.3).Os dons manifestam a presença de Deus na Igreja (cf. 1 Co 14.25) tra

zendo abundância de alegria (cf. Sl 16.11).

8.2.2. A Ig r e j a  é  o  l u g a r  o n d e  o s  m in is t é r io s   e s pir i t u a is  t ê m  a  s u a  

a ç ã o   ( c f . 1 Co 12.28; Ef 4.11)Todos os ministérios têm, através dos dons espirituais, o seu prepa

ro sobrenatural (cf. 1 Co 3.5,6; Ef 1.17-19; Rm 15.18,19; Cl 1.29;

1 Co 12.4-6).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

8.2.3. A I g r e ja é o l u g a r o nd e c a d a c r e n t e , c om o s a c e r d o t e ( c f .

1 Pe  2.9; A p  1.6), tem a s u a fu n ç ã o

“E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente, apóstolos, em segundolugar, profetas, em terceiro, doutores, depois, milagres, depois, dons decurar, socorros, governos, variedades de línguas” (1 Co 12.28). Fica explicado que, assim como o olho precisa de visão, o ouvido de audição ea mão do tato, também cada crente, como membro do corpo de Cristo,precisa do dom de Deus para que possa exercer aquilo que Ele tem deter

minado para cada um (cf. 1 Co 12.11; 14.26; 1 Pe 4.10).

8.2.4. A Ig r e j a  é  o   i n s t r u m e n t o  pr in c ipa l  d e  D e u s   p a r a  a   e v a n g e l i

z a ç ã o  d o  m u n d o

 Jesus deu a ordem de evangelizar (cf. Mt 28.18-20; Me 16.15-20)e disse que a finalidade da vinda do Espírito Santo era receberem

poder para ser testemunhas (cf. At 1.8). Porém Deus proporcionou,como uma preparação divina para o cumprimento dessa tão grandetarefa, os dons espirituais pelos quais Ele mesmo confirma a pregação do Evangelho (cf. At 14.1-3; 4.29,30; 5.12,14; 8.6,7,12; Me 16.20;Hb 2.3,4; At 9.32-42). Pelos dons é manifestada uma sabedoria sobrenatural que convence o pecador (cf. 1 Co 2.1-5), e faz com que

comece a entender o sentido da Palavra de Deus (cf. At 16.14; Lc24.45). Jesus afirmou que é a verdade que nós conhecemos que nosliberta (cf. Jó 8.32). Os dons fazem “os segredos do coração dos infiéis ficarem manifestos, e assim, lançando-se sobre seus rostos, elesadorarão ao Senhor, publicando que “Deus está verdadeiramente entrevós” (1 Co 14.25).

Os dons espirituais constituem um poder sobrenatural, uma autoridade que vence as forças malignas que procuram impor o seu domíniosobre o povo. Principalmente nos últimos tempos, essa força do maltem aumentado (cf. 1 Tm 4.1). A superioridade do Cristianismo diante de todas as outras religiões, filosofias e movimentos demoníacos semanifesta através do poder sobrenatural. Lemos em Atos 8 que emSamaria o mágico Simão fazia as suas artes a ponto de ser considerado

“uma grande personagem” (v. 9). Todavia, quando os dons começaram

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Pn f .u m a t o i .o g i a   ■ A D o u t r i n a   d o   Es p Ir i t o  S a n t o

a se manifestar no ministério de Filipe, concomitantemente com a sua 

pregação, a atenção do povo foi atraída para o lado do Senhor, e mui-

tidões se converteram (cf. At 8.6'8,12,17). O mesmo aconteceu em 

Efeso: o movimento dos exorcistas foi desfeito quando o poder de Deus se manifestou pelos dons, e, assim, Jesus foi grandemente glorificado

(cf. At 19.13-17). Como esses, existem vários outros exemplos. Se oCristianismo de hoje somente se basear no poder de sua própria sabedoria, argumentos e psicologia, vários opositores se acharão com con

dições de combatê-lo. Porém, quando o poder sobrenatural pelos donsse manifesta, então se cumprirá a palavra de Jesus: “As forças do inferno não prevalecerão” (Mt 16.18).

8.2.5. A I g r e j a é t a m b é m a c o l u n a e a f i r m e z a d a v e r d a d e

( c f . 1 T m  3.15)

Essa é uma grande missão que a Igreja deve cumprir para que “agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades” (Ef 3.10). Para isso, a Igreja precisa da infra-estrutura que é a manifestação dos dons espirituais, os quais fazem parte do modelo (cf. 2 Tm 1.13) que devemos reter até que Ele venha (cf.Ap 2.25 e 3.11).

8.2.6. Os DONS SÃO OFERECIDOS À IGREJA

Convém, portanto, que sejam usados na Igreja. Assim, a igreja poderá exercer a sua influência espiritual de modo constante.

• Todos os dons cabem no trabalho da Igreja (At 5.12-16; 6.7,8;14.7-10). Alguns acham que, tendo recebido um dom, toma-se maisconveniente exercê-lo em um trabalho particular, isto é, desvinculadoda Igreja. A Igreja não precisa de nenhum trabalho “especializado” àparte dela, como, por exemplo, um trabalho profético, ou de cura, ou dediscernimento de espíritos e de revelação. Não, mas todos os dons podem e devem funcionar na Igreja, no seu trabalho normal.

• Deus colocou os ministros na direção da Igreja. Os dons são dadosaos membros da Igreja, para que sirvam de ajuda e como uma confirma

ção da parte de Deus para a pregação do Evangelho (cf. Me 16.20).

II )•■

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

Porém, a direção da igreja continua na mão dos ministros, pois ninguém, por possuir um dom espiritual, toma-se “líder da igreja”.

8.3. Os DONS ESPIRITUAIS E O FRUTO DO ESPÍRITO ANDAM JUNTOS

Quando o apóstolo Paulo escreveu aos Coríntios, observou que a irregularidade ali existente no uso dos dons era a falta do fruto do Espíritoentre os crentes. Por isso, intercalou entre os capítulos 12 e 14, onde falaa respeito do uso correto dos dons, um capítulo inteiro — o 13 — , que

contém ensino substancial sobre a evidência maior do fruto do Espírito, acaridade (ou amor, versão revisada da IBB, cf. Gl 5.22). Primeiro enfatizou que o uso de qualquer dom é inútil se não houver caridade (cf. 1 Co13.1-3). Depois descreveu as qualidades da caridade (cf. 1 Co 13.4-8).Com isso, evidenciou que foi exatamente a falta da manifestação do firutodo Espírito, isto é, da caridade, que trouxe problemas no uso dos dons.

8 .3 .1 .0 f r u t o  d o  E s pír i t o  t e m   i n f l u ê n c i a  n o  u s o   d o s   d o n s  

O fruto do Espírito domina o portador do dom. “A caridade é benigna, tudo espera, tudo crê, tudo suporta, não se ensoberbece, não se portacom indecência” (ou conforme a Versão Revisada, “não se porta inconvenientemente”). O amor jamais permite que o uso do dom venha a

produzir confusão (1 Co 13.4-7 e 14.33).O fruto do Espírito também domina os sentimentos. Importa quehaja no homem controle próprio (cf. Pv 16.32). A Bíblia diz: “Como acidade derribada, que não tem muros, assim é o homem que não podeconter o seu espírito” (Pv 25.28). A caridade não é invejosa, não seirrita, não suspeita mal, não trata com leviandade, precipitadamente(cf. 1 Co 13.4,5).

O fruto do Espírito conserva o portador do dom em humildade, pois acaridade “não se ensoberbece” (1 Co 13.4). Um dos maiores perigos quecercam os que usam os dons é a soberba. “O homem é provado pelos louvores” (Pv 27.21). A humildade sempre dá a Jesus toda honra e glória, e nuncafaz o crente procurar o primeiro lugar para si (cf. Mt 18.1; 19.25-28).

O fruto do Espírito impede que os dons sejam usados por interesse

próprio, pois a caridade “não busca os seus interesses” (cf. 1 Co 13.5).

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Pn e u m a t o l o c i a   - A D o u t r i n a   d o   Es p Ir i t o  S a n t o

Isso caracterizou Paulo no uso dos dons (cf. 1 Co 10.33; Rm 12.16; Fp

2.3,4). Foi nesse ponto que o Diabo procurou tentar a Jesus: transformarpedras em pães para saciar a fome. Jesus, porém, nSo aceitou a insinuação de Satanás (cf. Lc 4.1-4).

8 . 3 . 2 . F r u t o d o   E sp ír ito v er su s m atu r id ad e esp i ri tu a l

Quando falta o fruto do Espírito na vida do crente, ele se apresentanum estpdo de imaturidqde^espiritual (cf. 1 Co 3.1-3), e o uso do dom é

prejudicado. Foi isso que o apóstolo reclamou em Corinto: “Não sejaismeninos” (1 Co 14.20). Em que sentido a imaturidade espiritual prejudica os dons? Paulo respondeu (em 1 Co 13.11) aplicando no sentidoespiritual a sua experiência de menino:

• “Quando eu era menino, falava como menino”. Um menino age

rápida e impensadamente. Chora, grita e ri com a mesma facilidade.• “Sentia como menino”. Um menino deixa-se levar pelos seus sen

timentos. As vezes fica zangado, outras sente-se importante e sonha comgrandezas. Gosta mais de doces que de comida.

• “Discorria como menino”. Um menino esquece facilmente de quemaneira deve comportar-se. Às vezes se isola com seus amiguinhos. Nem

sempre quer ouvir os conselhos dos pais.• Paulo findou sua palavra comparativa com a solução do problema,dizendo: “Logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino”. Que bênção! Isso que é necessário na vida de cada crente! Quandoo fruto do Espírito aparece na vida, acompanhando o uso do dom, entãoo dom é usado com maturidade e prudência.

8 . 4 . A P a l a v r a   d e   D e u s   é   a   a u t o r id a d e , o   c ó d i g o   p a r a   o   u s o   d o s  

d o n s

8.4.1. Os d o n s  s ã o   l i m i t a d o s  pe l a   P a l a v r a

A Palavra nos mostra que, no uso dos dons, devemos aprender a “nãoir além do que está escrito” (1 Co 4.6). As manifestações dos dons nãopodem entrar em choque com a Palavra de Deus, porque jamais poderá

haver contradição entre a manifestação do Espírito Santo na Palavra

1( 1/

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

(cf. 2 Pe 1.21) e a sua manifestação pelos dons (cf. 1 Co 12.7). Por isso,cada portador de um dom deve conservar-se como vaso de barro (cf.2 Co 4.7), que, com humildade, aceita a Palavra de Deus, que “é proveitosa para ensinar, para redargüir em justiça, para que o homem de Deusseja perfeitamente instruído para toda a boa obra” (cf. 2 Tm 3.16,17).

8.4.2. Os DONS NÃO SÃO FONTES DE DOUTRINAS

Os dons jamais podem trazer doutrinas ou práticas para a Igreja que não

estejam na Palavra de Deus. A Palavra de Deus é a verdade (cf. Jó 17.17), éperfeita (cf. Sl 19.7-11; 119.96), constitui uma revelação completa e concluída, à qual não é permitido acrescentar coisa alguma, nem dela tirar coisanenhuma (cf. Ap 22.18,19). Paulo era decidido diante dessa exigência:“Ainda que nós mesmos ou um anjo do céu voz anuncie outro evangelhoalém do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gl 1.8). A advertência

paulina e o terrível exemplo registrado em 1 Reis 13, de um profeta caídoque adulterou a Palavra de Deus, servem para todos os tempos!

8.4.3. Os DONS SEMPRE SÃO SEGUNDO A PALAVRA

Quando o uso dos dons em tudo segue a Palavra de Deus, então oEspírito Santo tem liberdade de ação (cf. 2 Co 3.17). Sim, quando cre

mos, “como diz a Escritura, rios de água viva correrão” (Jó 7.38). Naobediência à Palavra de Deus está o segredo do crescimento e do amadurecimento espiritual da Igreja de Deus (cf. At 9.31; 5.32; Gl 5.25).

8.5. A I g r e j a d e h o je d e v e c o r r e r n o s t r i l h o s d o s te m p o s

APOSTÓLICOS

8.5.1. N a d a   p o d e  s u b s t i t u i r  o  v a l o r  d o s   d o n s  n a   Ig r e j a

Muitas coisas melhoraram para a Igreja dos dias de hoje. As construções dos templos são melhores e maiores, existem rádios, coros e bandasà disposição dos pastores. Eles possuem automóvel, literatura à vontade,etc. Porém, nenhuma dessas coisas boas e úteis pode jamais substituir osdons do Espírito. O apelo que Paulo fez a Timóteo é ainda atualíssimo.Ele escreveu: “Não desprezes o dom que há em ti” (1 Tm 4.14). Três

meses antes de morrer, repetiu as mesmas palavras: “...te lembro que

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P n e u m a t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d o  E s p í r i t o  S a n t o

despertes o dom de Deus, que existe em ti” (2 Tm 1.6). É Deus, o grandedoador, que quer despertar a sua Igreja querida a buscar os dons.

8.5.2. O S DONS CONSTITUEM O PODER QUE DEUS RESERVOU PARA A

I g r e j a n o s ú l ti m o s tem p os

Nestes tempos que antecedem à vinda de Jesus, surge o perigo da “apa-rência de piedade, mas negando a eficácia dela” (2 Tm 3.5). E o tempo emque o amor de muitos se esfriará (cf. Mt 24.12), em que a momidão ame

aça (cf. Ap 3.16), no qual o espírito do Anticristo (cf. 1 Jó 2.18; 4.1-3)quer exercer a sua influência sobre a Igreja do Deus vivo. Para que a nossaluta contra o mal não fique desigual, mas equilibrada, precisamos do poder do Espírito Santo através dos dons, que conforme 1 Coríntios 13.10,permanecerão até que venha o que é perfeito, isto é, Jesus. Somente entãoserá aniquilado o que é em parte. Deus assegura a manifestação sobrenatu

ral. Importa que os sinais que Jesus prometeu à sua Igreja apareçam (cf.Me 16.16-18), para que Ele possa confirmar a mensagem da pregação daIgreja com os sinais que a ela devem seguir (cf. Me 16.20).

8.5.3. Os c r e n t e s de h o j e devem s e r o r i e n t a d o s a b u s c a r o s d o n s

Vivemos agora no tempo do derramamento do Espírito Santo (cf. At2.17). E o tempo de buscar a Deus.

• Devemos ensinar sobre a necessidade de buscar os dons. Foi issoque o apóstolo Paulo fez (cf. 1 Co 12.1-31). Insistiu para que os crentesnão fossem ignorantes acerca dos dons, e os ensinou sobre o valor deles(cf. 1 Co 14.12,39). “A fé é pelo ouvir, e o ouvir pela Palavra de Deus”(Rm 10.17). Os dons enriquecem a Igreja (cf. 1 Co 1.5).

• Devemos orientar os crentes a buscarem os dons pela oração (cf. Hc3.1-4; 2 Tm 1.6). Devemos orar buscando os dons conforme a orientaçãoda Bíblia (cf. 1 Co 12.31; 14.1,13,39). Quando o rei Salomão pediu, Deuslhe deu o dom de sabedoria (cf. 1 Rs 3.6-13). Devemos pedir com fé (cf.Tg 1.6; 1 Jó 5.14,15; Me 11.22-24). Devemos ficar, então, na expectativa,esperando o Senhor (cf. SI 27.14; Is 30.18). “Ele a nós virá como chuva”

(Os 6.3). E, quando vier, devemos obedecer-lhe (cf. At 5.32).

1 09

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

8 . 6 . U m a   s í n t e s e   s o b r e  o s   d i f e r e n t e s   d o n s   e s pi r i t u a i s

Os nove dons espirituais manifestam a sabedoria e o poder de Deus.

Assim como Jesus manifestou tanto o poder de Deus (cf. 1 Co 1.24)como a sabedoria de Deus (cf. 1 Co 1.24,30; Cl 2.3-7), assim também oEspírito Santo manifesta isso a nós, sendo chamado de “o espírito desabedoria” (Ef 1.17) e “espírito de poder” (cf. 2 Tm 1.7, Versão Revisada). Podemos subdividir os dons em três grupos distintos:

• Três dons manifestam o poder  de Deus por meio de ações sobrenaturais. São: o dom da fé, os dons de curar e o dom de operação de maravilhas (cf. 1 Co 12.9,10).

• Três dons revelam a sabedoria de Deus, proporcionando um sabersobrenatural. São eles: o dom da palavra de sabedoria, o dom da palavrade ciência e o dom de discernir os espíritos (cf. 1 Co 12.8,10).

• Três dons transmitem a mensagem de Deus, concedendo poder paraum falar sobrenatural. Esses dons são: o dom de profecia, o dom de variedade de línguas e o dom de interpretação de línguas.

• A Bíblia ainda fala de alguns dons complementares sobre os quaisse faz referência em Romanos 12.6-8, 1 Pedro 4-11 e 1 Coríntios 12.28.

8.6.1. O DOM DA PALAVRA DE SABEDORIA (CF. 1 Co 12.8)Esse dom proporciona, pela operação do Espírito Santo, uma com

preensão (cf. Ef 3.4) da profundidade da sabedoria de Deus, ensinando aaplicá-la, seja no trabalho seja nas decisões no serviço do Senhor, e aexpô-la a outros, de modo a ser bem entendida.

• É uma força na evangelização, pois transmite conhecimento da

salvação (cf. Lc 1.77) com palavras que o Espírito Santo ensina (cf.1 Co 2.13), e, assim, convence a consciência (cf. 2 Co 4.2) para ganharas almas (cf. Pv 11.30).

• O dom de sabedoria é uma força na defesa do Evangelho (cf. Fp1.16). Jesus usou esse dom (cf. Mt 22.21,22; 21.23-32), Estêvão também(At 6.10) e vários outros. Deus dá essa sabedoria aos seus servos na hora

exata (cf. Lc 21.15; 12.12; Mt 10.16; Sl 119.98; Pv 24.5; Ec 9.16).

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P n e u m a t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d o   Es p í r i t o  S a n t o

• É uma força também no trabalho da Igreja (cf. 1 Co 12.28; 1 Rs3.9; Pv 24). Com essa sabedoria coloca-se em funcionamento a Igreja(cf. 1 Co 3.10; Rm 12.3,8).

• O dom é também uma coisa maravilhosa para ajudar a resolverproblemas (cf. 1 Rs 3.16-28; Gn 41.26-37,38,39; Dn 2.27-30,46,49; At6.1-7; 15.11-21).

8.6.2.  O DOM DE PALAVRA DA CIÊNCIA

Esse dom consiste em penetração nas profundezas da ciência de Deus(cf. Ef 3.3), pelo qual podemos saber (cf. Ef 1.17-19) e, assim, compreender e conhecer (cf. Ef 3.18,19) aquilo que, pelo entendimento humano, jamais poderíamos alcançar (cf. 1 Co 2.9,10). Enquanto o dom deciência penetra nas profundezas da ciência de Deus, o dom de sabedorianos faz aptos a expô-la com palavras que o Espírito Santo ensina (cf.

1 Co 2.13). Vejamos algumas manifestações deste dom:

• Constitui uma potência no ministério de ensino, pois manifestaaquilo que Deus fez por nós através da sua graça (cf. Tt 2.11), e aj uda oensinador a comunicar “algum dom espiritual” (Rm 1.11), revelando osmistérios de Deus. Vejamos alguns desses mistérios mencionados no Novo

Testamento: o mistério Deus-Cristo (cf. Cl 2.2,3); o mistério da piedade(cf. 1 Tm 3.16); o mistério Cristo em vós (cf. Cl 1.26,27); o mistério dafé (cf. 1 Tm 3.9); o mistério da Igreja (cf. Ef 5.32); o mistério do Evangelho (cf. Ef 6.19); o mistério da sua vontade (cf. Ef 1.9); o mistério doarrebatamento (cf. 1 Co 15.51).

• Esse dom também revela aquilo que está oculto aos olhos do homem (cf. 1 Sm 16.7; Jó 2.24,25; 1.47,48; 4.16-18; 2 Rs 5.27).

• Pelo dom é revelada a ciência sobre assuntos relacionados à vidamaterial (p. ex., Jesus: Mt 17.27; Me 14.15; 11.2,3; Samuel: 1 Sm 9.15-20; 10.21-27; Eliseu: 2 Rs 6.10-12 e Paulo: At 27.10).

8.6.3. O DOM DA FÉ

Esse dom não se refere à fé salvadora (cf. At 16.31), nem ao cres

cimento da fé (cf. 2 Ts 1.3) ou ao reforço à fé que o batismo no

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

Espírito Santo nos dá (cf. 2 Co 4.13), mas consiste em um impulso àfé implantada pela oração do Espírito Santo para executar aquiloque Deus determinou que fizéssemos. Esse dom em ação gera umaatmosfera de fé, que dá a convicção de que agora tudo é possível (cf.

 Jó 11.40-44; Me 9.23). Jesus se referiu a esse dom quando disse: “Aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas” (Jó 14.12). Esse dom é um impulso poderoso à oração da fé (cf. Tg 5.17), pois impõe a certeza de que para Deus tudo é

possível (cf. Lc 1.37; Me 10.27; Mt 19.26; At 27.23,25; Dn 6.23;3.25-28).

8.6.4. Os DONS DE CURAR

A cura do corpo doente pela fé é um fruto da morte de Cristo na cruzdo Calvário (cf. Is 53.4,5; 1 Pe 2.24,25; Mt 8.16,17 e 9.35,36). Os dons de

curar consistem em uma operação do Espírito Santo, pela qual o poder decura que Jesus ganhou é transmitido ao doente de modo abundante, imediato, para a cura completa. Vemos em Atos esse dom em plena atividadeno ministério de vários homens de Deus: Estêvão (cf. At 6.8), Pedro (cf.At 3.6,7; 9.32-43), Filipe (cf. At 8.7) e Paulo (cf. At 14.8-10; 28.8,9).Esse dom não significa uma capacidade de curar quando e como a pessoa

quer, porém é sempre uma transmissão de poder do Espírito Santo. Porisso, é indispensável que o portador do dom esteja ligado a Cristo e siga asua direção. O dom é dado à Igreja e constitui uma confirmação de Deus àpregação da Palavra (cf. Me 16.20; At 14.1-4; 10.38 e 5.11,12). Por essemotivo, Jesus deve sempre ser o único glorificado. Compare, nesse sentido, a atitude de Paulo (cf. At 14.13-15) e de Pedro (cf. At 3.12).

8.6.5. O DOM DE OPERAR MARAVILHAS

Esse dom constitui uma operação do Espírito Santo pela qual é transmitido o poder ilimitado do Deus Todo-poderoso (cf. SI 115.3 e 135.6).

 Jesus possuía esse dom (cf. Mt 8.26; Jó 11.43,44). O mesmo dom se manifestou no ministério de Moisés (cf. Êx 4.17; 7.20,21; 8.5,6,7; 9.10,23-25;10.13-15; 14.21-26 e 17.5-7). Também se manifestou no ministério de

 Josué (Js 3.13-17 e 10.12-14) e no de Paulo (cf. At 13.10,11 e 20.9-12).

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P n e u m a t o l o c i a   - A D o u t r i n a   d o   Es p í r i t o  S a n t o

8 . 6 . 6 . O DOM DE DISCERNIR OS ESPÍRITOS

Por meio desse dom, o Espírito Santo revela que Jesus tem “olhoscomo chama de fogo” (cf. Ap 1.14; Sl 139.1,12). O portador do domrecebe pelo Espírito Santo, como em um laudo, o resultado de umaanálise vinda do laboratório de Deus sobre a qualidade exata do espírito que inspira e opera em determinadas pessoas. Esse dom revela afonte de onde vem a inspiração das profecias e revelações, pois elaspodem vir de inspiração divina (cf. At 15.32; 1 Co 14.3), podem re

presentar o pensamento do coração daquele que as apresenta (cf. Jr14.14; 23.16; Ez 13.2,3) ou podem provir de fonte impura ou contaminada (cf. Ap 2.20-24; Jr 23.13; 2.8; 1 Rs 22.19-24). O dom de discerniros espíritos é útil, pois constitui uma proteção divina, pela qual a Igre

 ja fica guardada de más influências.

8.6.7. O DOM DE PROFECIAProfecia é uma mensagem de Deus dada ao portador do dom por inspi

ração do Espírito Santo. O profeta deve transmiti-la exatamente como arecebeu. Deus disse: “Aquele em quem está a minha palavra, que fale aminha palavra” (Jr 23.28). A atitude daquele que profetiza deve ser: “Apalavra que Deus puser na minha boca, esta falarei” (Nrn 22.38). A men

sagem recebida por inspiração do Espírito Santo não é transmitida mecanicamente, mas fiel e conscientemente, pois “os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas” (1 Co 14.32). No momento em que a profecia étransmitida, não é Deus quem está falando, mas é o homem que está transmitindo o que de Deus recebeu (cf. 1 Co 14-29). Se fosse o próprio Deusque estivesse falando, não haveria necessidade de se julgar a mensagem,como está ordenando que se faça (cf. 1 Ts 5.21; 1 Co 14.29).

A finalidade da profecia é transmitir a mensagem cujo conteúdo éedificação, exortação, consolação e predição de acontecimentos futuros(cf. At 11.27-30 e 21.10,11). Quando o dom de profecia se manifesta noministério da pregação da Palavra, esta se toma uma mensagem atual ecom endereço certo (cf. Ef 4.11; 1 Co 12.28).

O dom é para a Igreja e deve ser usado nela, para que ela receba

edificação. A Bíblia fala de uma limitação no uso (cf. 1 Co 14-29,30,40),

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

que de fato deve ser observada. A profecia não deve ser fonte de cônsul-ta ou meio de obter direção, seja na vida espiritual ou na vida material.

 Jesus é o único mediador entre Deus e os homens. E Ele quem dirige eorienta todos os que o buscam. A finalidade da profecia é outra. Quando o dom de profecia é usado conforme a orientação da Bíblia, traz muitas bênçãos. A Igreja é edificada (cf. 1 Co 14.3) e preparada para a batalha (cf. 1 Co 14.8; Os 12.10,13). O dom transmite temor à Igreja (cf.1 Co 14-24) e faz o povo evitar a corrupção (cf. Pv 29.18).

8 . 6 . 8 . O DOM DE VARIEDADE DE LÍNGUAS E A INTERPRETAÇÃO DE LÍNGUAS

Existe uma diferença entre a língua estranha dada como evidência dobatismo no Espírito Santo e o dom de línguas. A língua recebida comosinal do batismo deve ser utilizada para falarmos somente com Deus (cf.1 Co 14.2-28), e, por isso, ela não precisa de interpretação. Esse sinal é

dado a todos que são batizados no Espírito Santo. Mas o “dom de línguas”não é dado a todos os crentes (cf. 1 Co 12.30). O dom de línguas tem porfinalidade transmitir à Igreja uma mensagem em línguas estranhas, e,por isso, precisa de interpretação para que aquela seja edificada. Essainterpretação é feita pelo dom de interpretação de línguas.

Tanto o dom de línguas como o dom de interpretação de línguas

constituem um milagre, pois nem o que fala nem o que interpreta conhecem a língua que é falada. Trata-se de uma língua verdadeira, seja dehomens ou de anjos (cf. 1 Co 13.1), conforme o Espírito Santo concedeque se fale (cf. At 2.4).

A Bíblia dá orientação bem clara sobre o uso desses dons. Devem serusados em conjunto. Se não houve intérprete, aquele que fala em línguas deve calar-se e falar consigo mesmo e com Deus (cf. 1 Co 14.28).Deve-se também observar o limite no uso de línguas com interpretação(cf. 1 Co 14-26,27), coisa que não existe para os que falarem línguacomo sinal, os quais poderão falar “só com Deus”, tanto quanto Ele lhespermitir (cf. 1 Co 14-18; At 2.4).

Os dois dons, usados conjuntamente, transmitem uma mensagem queeqüivale à profecia (cf. 1 Co 14.5), e constitui um sinal para os não

crentes (cf. 1 Co 14.22).

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Pn e u m a t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d o  E s p í r i t o  S a n t o

9 . 0 E s p í r i t o   S a n t o  O p e r a   t a m b é m   p e l o s  M i n i s t é r i o s

9.1. A s i g n i f ic a ç ã o d o m i n is té r io

A palavra “ministro” (cf. 1 Co 3.5; 4.2; 2 Co 3.6; 6.4) significa umservo de Deus que ocupa um “ministério” (cf. 1 Co 4.1,2; 2 Co 6.3), queé um encargo constituído por Deus, que, da parte de Cristo (cf.2 Co 5.20), funciona na “Igreja do Deus vivo” (1 Tm 3.15). Os minis

tros são os instrumentos pelos quais Jesus, o cabeça da Igreja, executa asua direção sobre ela. Por isso, Ele mesmo reserva-se o direito de indicaras pessoas que têm um chamado para ocupar esses cargos, às quais oferece uma preparação sobrenatural para a função que irão exercer. Tudoisso Jesus faz por meio do Espírito Santo.

A indicação dos ministros deve permanecer nas mãos de Jesus (Ef 4.11).

Há um prejuízo incalculável quando os ministros são escolhidos por preferências humanas, sistemas e organizações, pois assim o ministro não auferea necessária ajuda que acompanha um ministro escolhido pelo Espírito Santo.

9.2. Os MINISTÉRIOS NA DISPENSAÇÃO DA IGREJA

Os ministérios da Palavra de Deus são cinco (Ef 4.11).

9 . 2 . 1 . A p ó s t o l o s

Primeiro encontramos os chamados “apóstolos do Cordeiro”, que eram12, cujos nomes serão gravados nos 12 fundamentos da cidade celestial, anova Jerusalém (cf. Ap 21.14), como reconhecimento divino da grandeimportância que teve o trabalho que realizaram pela pregação de Cristocrucificado (cf. 1 Co 2.1-5), lançando os fundamentos da Igreja de Deus (cf.1 Co 3.10,11; Ef 2.19-22). Houve, no entanto, desde os primeiros tempos,alguns servos de Deus que também eram considerados apóstolos. Entre elespodemos mencionar Bamabé, Silvano e outros. Através da história da Igre

 ja, têm se levantado grandes homens de Deus, verdadeiros apóstolos quefundaram grandes trabalhos em países e regiões. O próprio Deus deu-lhes oselo do apostolado, pois foi Ele mesmo quem os escolheu, permitindo que

no ministério deles aparecessem “os sinais do apostolado” (cf. 2 Co 12.12).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

9 . 2 . 2 . P r o f e t a s

Segundo Atos 1 3 .l e 15 . 32 , os profetas constituíam o ministério da

Palavra de Deus, impulsionado por inspiração profética. Por meio dessainspiração, esse ministério é acompanhado de “edificação, exortação econsolação”, que são evidências da operação do verdadeiro espírito daprofecia (cf. 1 Co 14 . 3 ) . Observamos, assim, que o simples uso do domde profecia não faz de ninguém um profeta, pois profeta é um ministroda Palavra (cf. At 2 1 . 9 , 1 0 ) .

9 . 2 . 3 . E v a n g e l i s t a s

O evangelista é um observador da primeira linha da evangelização. Afunção de um evangelista não é em primeiro lugar a de apascentar. Porém,quando abre trabalhos, ele os dirige e apascenta até entregá-los a um pastor,mas pode acontecer que a mesma pessoa possua mais de um dom ministerial.

9 . 2 . 4 . P a s t o r e s

O pastor é o responsável pela direção e pelo apascentamento do rebanho. E “o anjo da igreja” (Ap 2 . 1 ) . Serve sob a direção do Bom Pastor,a quem pertence a Igreja (cf. 1 Pe 5 . 2 , 4 ) , e deve andar nas suas pisadas(cf. Jr 1 7 . 1 6 ) e sob a sua direção (cf. Jr 3 . 1 5 ) . Cabe ao pastor velar pelasovelhas, como quem tem de dar conta delas (cf. Hb 13.17). E o responsável pela doutrinação da igreja (cf. Hb 13 . 7 ) .

9 . 2 . 5 . D o u t o r e s   ( o u   m e s t r e s , V e r s ã o  R e v is a d a )

Os doutores ou mestres são os ensinadores (cf. 1 Co 12.28) . No tempo dosapóstolos, esse ministério era apoiado pelos dons da palavra de sabedoria eciência (cf. 1 Co 12.8) . O ensinador se dedica ao ensino (cf. Rm 12.7) nas

igrejas (cf. At 13 .1), conforme a ordem de Jesus (cf. Mt 28.19,20; Hb 5.12) .

9 . 3 . O u t r o s   e n c a r g o s   n a   I g r e j a

9 . 3 . 1 . P r e s b í t e r o s ( c f . T t 1 . 5 - 7 ; 1 T m 32 , 5 , 1 ) 

São constituídos pelo Espírito Santo (cf. At 2 0 . 2 8 ) , também chamados “anciãos” (cf. At 11 . 30 ; 15 . 2 , 4 , 6 e 2 0 . 1 7 ) ; e “bispos” (cf. At 2 0 . 2 8 ;

1 Tm 3 . 2 ; Tt 1 . 7 ) , nomes que representam o mesmo encargo. Os

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P n e u m a t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d o   Es p í r i t o  S a n t o

presbíteros em conjunto constituem o “presbitério” (cf. 1 Tm 4.14), formando um corpo de auxiliares imediatos do pastor, com o qual cooperam ativamente no apascentamento do rebanho (cf. At 20.28; 1 Pe 5.2 ;

 Jó 21.15-17). No livro de Atos, os anciãos sempre eram mencionadosapós os apóstolos (cf. At 1 5 . 2 - 6 , 2 2 ) , mostrando que os ministros tinhama direção e eram auxiliados por eles.

9 . 3 . 2 . D i á c o n o s   ( c f . 1 T m  3 . 8 ,1 2 )

Em Atos 6.1-7, temos a relação dos primeiros diáconos no NovoTestamento e uma descrição sobre a sua função e posição. É um encargosob a direção do ministro da igreja (cf. At 6.3), relacionado com osserviços de ordem material e social. A Bíblia faz referência a alguns desses encargos da esfera de ação dos diáconos, como o repartir, o exercermisericórdia (cf. Rm 12.8) e o socorrer (cf. 1 Co 12.28). Conforme o

modelo do Novo Testamento, os diáconos não tomavam parte na administração e direção da igreja, mas, além de fazer serviços materiais esociais, alguns cooperavam na pregação da Palavra, como Estêvão (cf.At 6.8,10) e Filipe (cf. At 6.5; 8.4).

9.4. Q u a l  é   a  o b r a   d o   E s pí r i t o   Sa n t o   n o  m i n i s t é r io ?

Conforme o Novo Testamento, a operação do Espírito Santo é absolutamente indispensável no exercício do ministério. O grande progressoregistrado nos tempos dos apóstolos era o resultado da operação da plenitude do Espírito Santo. A solução dos problemas de hoje está em voltar para os caminhos antigos. Aquele que quiser gozar as vitórias dostempos apostólicos, deve também trilhar os caminhos que eles trilharam.

9.4.1. B a t i s m o  n o  E s pí r i t o : b a s e  d o  m in is t é r io

 Jesus ordenou aos seus apóstolos que não começassem o trabalho antesde receber poder do alto (cf. Lc 24.49; At 1.4,5). A bênção do batismono Espírito Santo é a própria base do exercício de um ministério apostólico. Pelo Espírito Santo podemos entrar no caminho das “boas obras, as

quais Deus preparou para que andássemos nelas” (Ef 2.10).

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

9 . 4 .2 . O E s pír i t o  c o m u n i c a  a   c h a m a d a   d i v in a

O Espírito Santo transmite a chamada divina àqueles a quem Deuschamar (cf. Gl 1.15,16) e revela essa chamada àqueles que têm o encargo de separá-los para o santo ministério (cf. At 13.1-3; 1 Sm 16.1,2). Édessa maneira que Deus dá o ministério à Igreja (cf. Ef 4.11). Quandotudo é feito segundo a direção do Espírito, pode-se dizer que os servos doSenhor foram realmente “enviados pelo Espírito Santo” (At 13.4).

9 .4 .3 .0 E s p í r i t o  c a p a c i t a  o s  c h a m a d o s

O Espírito Santo proporciona a preparação sobrenatural, de acordocom o serviço para o qual Deus chama seus servos. A preparação humana, por melhor que seja, não basta. Moisés possuía toda a ciência dosegípcios (cf. At 7.22). Porém, quando quis executar a missão que sentiano seu coração, foi “visitar os seus irmãos” (cf. At 7.23) confiando ape

nas em si mesmo e fracassou (cf. At 7.29; Êx 2.15). Mas, depois querecebeu a devida preparação da parte de Deus (cf. Êx 4.1-17), teve condições de executar a grande obra para a qual havia sido chamado. Paulo,antes de ter o encontro com Cristo, era cheio de si; porém, depois, diante das necessidades no serviço ministerial, disse: “Não que sejamos capazes, por nós, de pensar alguma coisa, como de nós mesmos; mas anossa capacidade vem de Deus” (2 Co 3.5). A preparação do ministro,conforme o Novo Testamento, é uma obra que o Espírito Santo querfazer (cf. Rm 15.18,19; 1 Co 12.4-6; Hb 2.4). Jesus, como homem, recebeu essa preparação pelo revestimento de poder (cf. Lc 3.22) e pelosdons espirituais (cf. Lc 5.17; 6.19). Os apóstolos Pedro (cf. At 9.34,35;5.11-16), Paulo (cf. At 14.8-10; Ef 3.3-9) e outros, tiveram nessa preparação o segredo das grandes vitórias que alcançaram. O Espírito Santo

transmite o poder e a sabedoria de Deus aos servos do Senhor, em todosos transes dos seus ministérios.

9 . 4 .4 . O E s pír i t o  g u i a   s e u s  s e r v o s

O Espírito Santo opera guiando os servos do Senhor, revelando-lheso plano de Deus (cf. At 10.11-20; 16.9-15). É um privilégio ainda hoje

receber a direção do Espírito Santo na vida e no trabalho cristão.

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P n e u m a t o l o g i a   - A D o u t r i n a   d o   Es p í r i t o  S a n t o

9.4.5.0 E s p ír it o o p e ra a t r a v é s  d o s   s e u s   s e r v o s  

O Espírito Santo opera, usando os servos do Senhor como instrumentos. Ele é o ativador da obra do Senhor. É sempre Deus quem opera(cf. At 15.4,12; 14.27). A mão do Senhor se manifesta (cf. At 11.21;4.30) confirmando sua obra (cf. Me 16.20), porém tanto Deus como

 Jesus agem através do Espírito Santo.

1 0. O E s p í r i t o   S a n t o   O p e r a  n a  R e s s u r r e i ç ã o

Ainda vamos mencionar uma obra importante do Espírito Santo. Omesmo Espírito que sempre operou na vida do crente desde a sua chamada para a salvação, e que guiou, orientou, abençoou, protegeu e ajudou, operará ainda na ressurreição, no dia da vinda do Senhor.

1 0 .1 . O SIGNIFICADO DA RESSURREIÇÃO

Ressurreição é o ressurgimento do corpo e a sua reunificação com oespírito e a alma, que na morte o deixaram (cf. Tg 2.26).

A doutrina da ressurreição faz parte dos primeiros rudimentos dedoutrina (cf. Hb 6.1-4). A ressurreição de Cristo é uma das doutrinas

fundamentais do Cristianismo (cf. 1 Co 15.1-4,16,20). A Bíblia ensinaque haverá ressurreição tanto dos justos como dos injustos (cf. At 24.15;

 Jó 5.28,29; Dn 12.1,2). A ressurreição dos justos é chamada “a primeiraressurreição” (cf. Ap 20.5,6), a qual terá lugar na vinda de Jesus nasnuvens (cf. 1 Ts 4.16). A ressurreição dos ímpios se efetuará mil anosdepois, diante do julgamento no Juízo Final (cf. Ap 20.11-15).

10.2. A o p e r a ç ã o d o E s p í r it o S a n t o n a v i n d a d e Je su s

O milagre da ressurreição é uma operação do Espírito Santo (cf. Rm8.11; 1 Co 6.14; Fp 3.21) e constitui uma manifestação sobreexcelenteda grandeza do poder de Deus (cf. Ef 1.19,20). Acontecerá no momentoem que a trombeta soar, na vinda de Jesus. “Os que morreram em Cristoressuscitarão primeiro” (1 Ts 4.16). Então, as partículas que ficaram quan

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

do o corpo sujeito à corrupção voltou à terra, como o era (cf. Ec 12.7),se levantarão transformadas pelo assopro do Espírito de vida, como umcorpo glorioso e perfeito (cf. 1 Co 15.52,53), que no mesmo momentoserá revestido de imortalidade e incorruptibilidade. Assim, ele será arrebatado e comparecerá diante de Jesus nas nuvens.

No mesmo momento, os crentes que estiverem neste mundo serãotransformados e arrebatados para o encontro com Jesus nos ares. Essaoperação maravilhosa é feita pelo Espírito Santo (cf. Fp 3.21).

O último serviço do Espírito Santo junto aos crentes será quando Ele, no julgamento diante do tribunal de Cristo, operar comofogo, fazendo a avaliação das obras feitas por meio do corpo (cf.1 Co 3.12-15). “O Dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta” (1 Co 3.13).

11. A O p e r a ç ã o d o E s p í r i t o S a n t o E

C o n d i c i o n a l

O Espírito Santo é soberano. Ele opera como o vento, isto é, “assopraonde quer” (Jó 3.8). Aquele que se coloca à inteira disposição do Espíri

to Santo experimentará a sua operação poderosa e irresistível (cf. At6.10). A Bíblia diz: “Operando eu, quem impedirá?” (Is 43.13) Assimaconteceu nos dias dos apóstolos; apesar de os inimigos os perseguirem,procurando impedi-los de agir, o Espírito Santo operava por meio delesde tal maneira que o Evangelho se espalhou vitoriosamente por toda aparte (cf. At 4.33; 5.40-42; 6.7). Quando se trata da operação do Espíri

to na vida do crente, a sua manifestação depende da atitude que elemostrar para com o Espírito Santo. Deus jamais força alguém a aceitá-lo;não arromba a porta de nenhum pecador, mas espera que a pessoa, voluntariamente, o aceite (cf. Ap 3.20; At 16.14; Lc 15.18). Assim também o Espírito Santo opera na vida do crente que lhe dá plena liberdadede ação (cf. 2 Co 3.17). Vamos agora observar como as diferentes atitudes da parte dos homens para com o Espírito têm influência sobre amaneira como Ele se manifesta neles.

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Pn e u m a t o l o c i a  - A D o u t r i n a  d o  E s p í r i t o  S a n t o

1 1 . 1 . A t i t u d e s   n e g a t i v a s   q u e   i m p e d e m   a   o p e r a ç ã o   d o   E s p Ir i t o

S a n t o

11 . 1 . 1 .  R e s i s t i r   a o   E s p ír ito S a n t o ( c f . A t 7 .5 1 )

Aqui se trata de uma atitude oposicionista contra o Espírito, quandoEle fala ao homem (cf. Ne 9.30). Essa atitude caracterizava os religiososno tempo de Estêvão, os quais embora convencidos pelas palavras inspiradas que haviam ouvido, levantaram-se contra ele (cf. At 6.9-15). Talatitude expressa uma rebeldia contra Deus, coisa que entristece o Espíri

to Santo (cf. Is 63.10).

11.1.2. E n t r i s t e c e r o E s p ír i t o S a n t o ( c f . E f 4.30)Cada crente foi comprado por bom preço, tomando-se propriedade de

Deus (cf. 1 Co 6.20; 1 Pe 1.18,19); por isso o Espírito Santo quer domíniototal sobre cada um (cf. Rm 12.1,2; Tg 4-4,5). Porém, quando o crente

deixa que sua came o domine, é levado a cometer faltas: furto (cf. Ef4.28), ira (cf. Ef 4.26,31), etc. Essas faltas entristecem o Espírito Santo(cf. Ef 4.30). Acontecendo isso, importa que o crente imediatamente obtenha o perdão de Jesus (cf. 1 Jó 1.7,9). Então, o Espírito Santo de novotestificará com o espírito dele que tudo está bem (cf. Rm 8.16).

11.1.3.  E x t in g u i r o E s p ír i t o S a n t o ( c f .

1 Ts 5.19)Aqui se trata de uma ação praticada pelos crentes de Tessalônica, aqual ameaçava extinguir o fogo do Espírito Santo no meio deles. Eleshaviam agido de modo exagerado em seu zelo de manter a doutrina correta do uso dos dons, e, por isso, receberam a exortação: “Não extingaiso Espírito”, que ainda em nossos dias continua sendo útil e digna danossa atenção.

11.1.4. B l a sf ê m i a c o n t r a o E s p ír i t o S a n t o ( c f . Mt  12.31 ; H b 10.29)É um pecado diferente dos demais, para o qual não existe perdão.Qual o significado desse pecado? Não se trata de blasfêmia contra a

Palavra de Deus, contra Deus, ou contra qualquer ministro da igreja, poispara tudo isso existe perdão (cf. 1 Tm 1.13-15; Mt 12.32). A blasfêmia

contra o Espírito é um pecado singular. É aquele que os fariseus comete

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

ram quando, com o intuito de afastar o povo de seguir a Jesus, afirmaram

que Ele havia expulsado demônios pelo espírito de Belzebu (cf. Mt 12.24).Foi então que Jesus afirmou que haviam blasfemado contra o Espírito Santo,e que para tal pecado jamais haveria perdão (cf. Mt 12.31,32).

Como se verifica o efeito desse pecado na vida dos que o cometem.7Aquele que comete pecado dessa natureza sofre um afastamento imediato do Espírito Santo em sua vida, o que ocasiona morte espiritual totale irreversível. Tal pessoa jamais sentirá qualquer tipo de remorso ou de

sejo de buscar a Deus. O Espírito Santo jamais o chamará para o arrependimento. Sabemos de pessoas que se abatem preocupadas, chorosas,por acharem que pesa sobre elas esse pecado. Julgam que jamais poderãoser perdoadas. Porém, só o fato de estarem arrependidas, desejosas desalvação ou de perdão, prova que não cometeram pecado contra o Espírito Santo, pois o Espírito as está chamando para o arrependimento.

1 1 . 2 . A t it u d e s p o s itiv a s q ue d ã o p le n a li b e rd a d e à o p e r a ç ã o d o  

E s p í r i t o S a n t o

11.2.1.  P u r e z a d e c o r a ç ã o ( c f . Mt  5.8)A santidade de Deus exige santidade da parte dos crentes (cf. 1 Pe

1.15,16; Hb 12.14). “Serei santificado naqueles que se cheguem a mim

e serei glorificado diante de todo o povo” (Lv 10.3), por isso o crentedeve “andar de acordo” (cf. Am 3.3), pois “o que se ajunta com o Senhor é um mesmo espírito” (1 Co 6.17). A Bíblia tem muitos exemplosnos quais se verifica que a falta de santidade interrompeu o contato como Senhor e com o seu Espírito (cf. Jz 16.19,20; 1 Sm 16.14; Js 7.12). Omistério da fé é guardado na consciência do crente (cf. lTm 3.9). Quandoessa consciência faltar, o crente estará diante do seu próprio naufrágio(cf. 1 Tm 1.18,19). Portanto, devemos conservar os nossos vestidos alvos, e assim, não faltará óleo sobre a nossa cabeça (cf. Ec 9.8).

11.2.2. A o b e d i ê n c i a ( c f . At  5.32)Obediência é uma atitude indispensável à operação do Espírito San

to na vida do crente, pois expressa uma sujeição voluntária diante da

divindade (cf. Rm 6.17). Quando o crente obedece à Palavra do Se

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P n e u m a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d o   Es p í r i t o  S a n t o

nhor, então a divindade faz nele morada (cf. Jó 14.23) e a ele se manifesta (cf. Jó 14.21). Quando o crente obedece ao Senhor em tudo, experimenta a glória de Deus manifestar-se na sua vida. Assim aconteceuquando Moisés obedeceu ao Senhor na construção do Tabernáculo, e aglória de Deus encheu o edifício (cf. Êx 40.16,34,35). Quando, porém,mais tarde, Moisés desobedeceu ao Senhor, não lhe foi permitido levaro povo de Israel à terra de Canaã (cf. Nm 20.12). Portanto, convém crerno Senhor como diz a Escritura, pois assim rios de água viva correrão da

nossa vida (cf. Jó 7.37,38).

11.2.3. A FÉ AGRADÁVEL A DEUS (CF. H b  11.6)Quando uma pessoa crê no Senhor, confiando que aquilo que Deus

prometeu se cumprirá (cf. Rm 4.20,21), então experimenta a ação doEspírito Santo se manifestando para cumprir as promessas de Deus (cf.

 Jó 11.40), pois a sua operação é vinculada à fé (cf. Gl 3.2,5).

11.2.4. H u m i l d a d e : a p e r f e i ç o a m e n t o d o p o d e r d e D e u s  

( c f . 2 Co 12.9)Na fraqueza que a humildade representa, o crente se toma forte (cf.

2 Co 12.10). O tesouro de Deus é dado a “vasos de barro”, pois assim a

excelência do poder sempre será da mão de Deus e não do homem (cf. 2Co 4.7). A mensagem contida em Zacarias 4.6 é válida em todos ostempos. “Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz oSenhor dos Exércitos”. A verdadeira humildade gera uma dependênciaabsoluta da ajuda de Deus. Foi isso que Jesus experimentou quando,como homem, andava aqui (cf. Jó 5.19,30; 8.28; 14.10). A mesma coisaPaulo sentiu (cf. 2 Co 3.5,6). Quando Moisés não quis enquadrar-senessa lei espiritual, mas agiu confiado no seu próprio poder, fracassou(cf. Êx 2.11-15; At 7.25-29). Mas, quando sentiu-se sem recursos próprios, Deus estendeu o seu braço e manifestou o seu poder na vida dolegislador (cf. Êx 3.1-11; 4.10).

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C.A PÍ TT TT O G

A n t r o p o l o g i aA D o u t r i n a   d o   H o m e m

T o d a   r e l i g i ã o   g i r a   e m   t o r n o   d e   d o i s   p ó l o s :

D e u s   e   o   h o m e m   e   s u a s   r e l a ç õ e s   m ú t u a s .

P o r   i s s o   é   i m p o r t a n t e   c o n h e c e r   o   q u e   a   B í b l i a

e n s i n a   s o b r e   D e u s   e   s o b r e   o   h o m e m .

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

1. D e u s   É a  O r i g e m   d o   H o m e m

1 . 1 . A B í b l i a   a f i r m a   q u e  D e u s   c r i o u   o  h o m e m

A Bíblia diz: “E formou o Senhor Deus o homem do pó da terra”(Gn 2.7). Essa afirmativa soberana faz cair por terra todas as teoriasmaterialistas e panteístas que se baseiam em hipóteses e suposiçõesinfundadas. O homem surgiu no cenário deste mundo pela poderosaPalavra de Deus. Jesus falou disso, afirmando: “No princípio, o Cria

dor os fez macho e fêmea” (Mt 19.4), e falou ainda: “Desde o princípioda criação, Deus os fez macho e fêmea” (Me 10.6). Assim, o homemtem Deus como a sua origem, e não é descendente de algum macacodos tempos passados. Graças a Deus! Já apreciamos os detalhes da criação do homem em um estudo anterior. Aqui iremos somente observar que, quando a Bíblia fala da criação do homem, usa a palavra

hebraica Asah, que significa “fazer de coisas que já existem” (cf. Gn1.26; 2.7), porque Deus fez o homem do pó da terra, e a mulher dacostela de Adão. Porém, a Bíblia também usa a palavra Bara, que significa “fazer algo do nada” (cf. Gn 1.27), porque Deus também “criou”no homem um espírito e uma alma (cf. Gn 2.7). Em Isaías 43.7, encontramos essas duas expressões: “Os que criei [bara]  para a minha

glória; eu os formei, sim, eu os fiz [asah]”.

1 .2 . A B í b l i a   a f i r m a   q u e   t o d o s   o s   h o m e n s  pr o c e d e m   d e   A d ã o

Quando Deus criou Adão, “não havia homem para lavrar a terra”(Gn 2.5). Depois que Adão foi criado, Deus disse: “Não é bom que ohomem esteja só” (Gn 2.18). Portanto, Adão é chamado, com razão, “oprimeiro homem” (1 Co 15.45). Quando Eva foi formada, Adão chamou-a assim “porquanto ela era a mãe de todos os viventes” (Gn 3.20).A Bíblia afirma ainda que Deus “de um só fez toda a geração dos homens” (At 17.26). Essas palavras, somadas a outros textos da Bíblia,desfazem totalmente as teorias de que, no princípio, tenha havido homens de outras raças ou de outra procedência, os quais se espalharamsobre o mundo. Outros confundem-se com a expressão “os filhos de Deus”

(Gn 6.2), julgando que aqui se trata de uma espécie humana de outra

1 2 6

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A n t r o p o l o g i a  - A D o u t r i n a  d o  Ho m e m

origem. Porém, nessa passagem fala-se simplesmente dos homens da linhagem de Sete (filho de Adão e Eva, cf. Gn 4.26), os quais creram em

Deus, motivo pelo qual foram chamados “filhos de Deus”. Nós tambémsomos “filhos de Deus” (cf. 1 Jó 3.2). As diferenças que existem entreraças e povos quanto à cor, forma dos rostos e cabelos, não evidenciamoutras origens, pois as mesmas foram produzidas por fatores climáticos eambientais.

2 . O H o m e m   F o i   C r i a d o   à   Im a g e m   e  S e m e l h a n ç a   d e   D e u s

A Bíblia diz: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossasemelhança” (Gn 1.26). Uma coisa tão sublime não se afirma a respeito

de nenhuma outra criatura de Deus. Somente o homem foi criado àsemelhança de Deus, e é considerado como a coroa da criação. Vejamoso que significa ser criado à semelhança da imagem de Deus.

2 .1 . D e u s   pô s   a  e t e r n i d a d e   n o   c o r a ç ã o   d o  h o m e m

Deus, o “Rei eterno” (Jr 10.10), pôs a eternidade no coração do

homem (cf. Ec 3.11, Versão Revisada). A Bíblia diz: “E formou oSenhor Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes ofôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente” (Gn 2.7). Assim,somos da sua geração (cf. At 17.28). Todo homem é, portanto, portador de eternidade dentro de si. A sua alma não pode morrer (cf. Mt10.28), e o seu espírito é incorruptível (cf. 1 Pe 3.4). Somente ocorpo do homem é mortal; porém, ressuscitará um dia (cf. At 24.15;

 Jó 5.28,29).

2 .2 . D e u s   c r i o u   o   h o m e m   c o m  a l m a  e   e s pír i t o

Deus, que é Espírito (cf. Jó 4.24), criou o homem com uma parteespiritual, isto é, com alma e espírito. Essa parte espiritual é invisível eimaterial, conhecida como “o homem interior”, e habita no corpo, que

é “o homem exterior” (cf. 2 Co 4.16).

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

2 . 3 . O HOMEM É UM SER TRÍPLICE

Deus, que é trino, criou o homem como um ser tríplice, isto é, com

posto de corpo, alma e espírito. O Deus trino, isto é, Deus Pai, DeusFilho e Deus Espírito Santo, imprimiu sua semelhança na formação dohomem. Também Jesus, quando se fez homem, recebeu um corpo (cf.Hb 10.5), uma alma (cf. Mt 26.38) e um espírito (cf. Lc 23.46). A Bíbliafala muito dessas três partes do homem (cf. 1 Ts 5.23).

2 .4 . D e u s , q u e  é  p e r f e it o  , c r i o u  o   h o m e m   pe r f e it o

A Palavra de Deus afirma a respeito da criação do homem: “Eisque era muito bom” (Gn 1.31), e ainda: “Deus fez o homem reto”(Ec 7.29). Paulo escreveu que o novo homem é criado por Deus emverdadeira justiça e santidade (cf. Ef 4*23,24). Esse “novo homem” éo crente salvo, que é “a imagem daquele que o criou” (Cl 3.10). O

pecado havia desfigurado essa imagem. Porém, Jesus veio pararestaurá-la. Ele viveu aqui na terra exatamente como Deus queriaque os homens vivessem, tornando-se, assim, o nosso exemplo (cf.Fp 2.5; 1 Pe 2.21). Depois morreu com a finalidade de nos dar poderpara, por meio do novo nascimento, sermos feitos filhos de Deus (cf.

 Jó 1.12,13).

2 .5 . O HOMEM É UM SER MORAL

Deus, a fonte da verdadeira moral, criou o homem com sentimentomoral. A Palavra de Deus afirma: “Eis que o homem é como um de nós,sabendo o bem e o mal” (Gn 3.22). Deus colocou essa ciência dentro doespírito humano, em uma área que é o marco notável do Criador — aconsciência (cf. Rm 2.15). E ela que declara incontestavelmente o ve

redicto sobre a maneira como o homem age.

2 .6 . D e u s   c r i o u   o  h o m e m  u m   s e r   i n t e l i g e n t e

O Deus de entendimento infinito criou o homem como um ser inteligente, em condições de cooperar com o seu Criador. Assim, o homemcooperou com Deus já no jardim do Éden (cf. Gn 2.19). Deus ainda

quer que sejamos os seus cooperadores (cf. 1 Co 3.9).

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A n t r o p o l o g i a  - A D o u t r i n a  d o  H o m e m

2 . 7 . D e u s c r i o u o hom em co m l i v r e - a r b í t r i o

Deus, que criou o mundo conforme a sua vontade (cf. Ap 4.11),

também criou o homem com livre-arbítrio. Assim, o homem possui liberdade de escolha, e, inclusive, tem a liberdade de obedecer ou não (cf.Dt 30.19; Is 56.4; Lc 10.42).

2 .8 . O HOMEM TEM PODER DE DOMÍNIO

Deus, o Supremo Governo, atribuiu ao homem uma posição de do

mínio sobre a criação. Ele disse: “Frutificai, e multiplicai-vos, e enchei aterra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar, e sobre as aves doscéus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra” (Gn 1.28). Depois que o mal havia entrado no mundo, Deus disse: “O pecado jaz àporta, e para ti será o seu desejo, e sobre ele dominarás” (Gn 4.7).

3 . O H o m e m   É C o m p o s t o  d e  C o r p o ,A l m a   e  E s p í r i t o

“Que é o homem?” (SI 8.4) Essa pergunta do salmista tem sido alvode muitas pesquisas, através de todos os tempos, da parte de filósofos,

cientistas, teólogos e outros. Quando o rei Davi meditou sobre esse problema, disse: “Eu te louvarei, porque de um modo terrível e tão maravilhoso fui formado” (SI 139.14). E realmente um assunto interessanteestudar o que a Bíblia ensina a respeito do homem. Podemos definir esubdividir esse assunto de várias maneiras. Assim como o tabemáculono deserto era dividido em três partes, também o homem o é. O pátio do

tabemáculo representa a parte extema e visível do homem, que é o seucorpo; o lugar santo, que não se podia ver de fora, representa a alma, e olugar santíssimo representa o espírito do homem. A Bíblia subdivide ohomem em duas partes: “o homem exterior”, que é o seu corpo, e “ohomem interior”, que é composto da alma e do espírito (cf. 2 Co 4.16;Ef 3.16). A parte exterior do homem é visível e mortal, enquanto a

parte interior é imaterial, invisível e imortal.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

3 .1 . O CORPO DO HOMEM

O corpo do homem foi formado por Deus do pó da terra (cf. Gn

2.7), isto é, da mesma terra que temos hoje sob os nossos pés. Através de análise química, sabemos que o corpo humano consiste devários compostos, como ferro, glicose, sal, carbono, iodo, fósforo,cálcio, etc.

O valor real do corpo está em sua alta finalidade de ser a morada daalma e do espírito do homem (cf. 2 Pe 1.14,15; 2 Co 5.1,4; Jó 14.22;

32.8; Zc 12.1). O corpo humano conserva a vida enquanto o espírito e aalma nele permanecem. Quando o espírito (cf. Ec 12.7; Tg 2.26; Lc8.54,55) e a alma (cf. At 20.9,10; 1 Rs 17.20-22; Gn 35.18) deixam ocorpo, este morre. Por ser um produto feito à semelhança de Deus, ocorpo não será aniquilado, mas ressuscitará (cf. Jó 19.26). Outra afirmação de importância é que o corpo foi determinado para ser templo doEspírito Santo (cf. 1 Co 6.20).

3 .2 . A ALMA DO HOMEM

3.2.1. O HOMEM INTERIOR

A alma, junto com o espírito, formam o “homem interior”, a parteimaterial de todo ser humano. Embora a alma e o espírito estejaminseparavelmente unidos, tanto dentro como fora do corpo, existe uma

diferença entre eles. A Bíblia diz que “a palavra de Deus é viva, e eficaz,e mais penetrante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até àdivisão da alma, e do espírito” (Hb 4.12).

3.2.2. F u n ç ã o   d a   a l m a   e   d o   e s p í r i t o

A alma é a parte que orienta a vida do corpo e estabelece o contato

com o mundo em redor, enquanto o espírito é a parte do homem que lheoferece a possibilidade de relacionamento com Deus.

3.2.3. A a l m a   é   a   s e d e   d o   s e n t i m e n t o

A Bíblia diz: “A minha alma tem sede de Deus” (Sl 42.2); “a minhaalma se alegrará no Senhor” (Sl 35.9); “A minha alma está quebrantada

de desejar os teus juízos” (Sl 119.20). É com a alma que podemos amar a

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 A  n t r o p o l o g i a   - A D o u t r i n a  d o   H o m em

Deus (cf. Mt 22.37). A alma também sente-se aborrecida (cf. 2 Sm 5.8; Jr 14.19; Gn 42.21), ficando triste e amargurada (cf. 2 Rs 4.27).

3.2.4. A INTELIGÊNCIA RESIDE NA ALMA

A alma é a sede do intelecto com todas as suas faculdades: pensamento, entendimento e saber (cf. Sl 139.14; Pv 19.2). A vontade temtambém na alma a sua sede. E a alma que centraliza o querer: “O que asua alma quiser, isso fará” (Jó 23.13). A alma também é o centro do

temperamento, pois nela habita a índole. À alma pertencem tambémos desejos e as paixões em relação à vida natural e física (cf. Lc 12.19;Ap 18.14).

3.2.5. A ALMA DO HOMEM NÃO ESTÁ NO SANGUE

Quando a Bíblia, em Levítico 17.11, afirma: “a alma da carne está no

sangue”, a palavra “alma” está sendo usada como sinônimo de “vida”.Veja em Gênesis 9.4: “A carne, porém, com sua vida, isto é, com seusangue, não comereis”. A idéia de que o sangue significa a alma do homem abre a porta para muitas contradições. Vejamos o texto deApocalipse 6.9,10: “E, havendo aberto o quinto selo, vi debaixo do altaras almas dos que foram mortos por amor da palavra de Deus e por amordo testemunho que deram. E clamavam com grande voz, dizendo: Atéquando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nossosangue dos que habitam sobre a terra?” Se a alma fosse a mesma coisaque o sangue, como então as almas poderiam estar no Paraíso, debaixodo altar, uma vez que o seu sangue havia sido derramado sobre a terra?Está bem claro que o sangue faz parte do corpo, enquanto a alma é aparte imaterial e imortal do homem. Se a alma fosse o sangue, uma trans

fusão sangüínea seria, na realidade, uma transfusão de alma — receberíamos a alma de outra pessoa! Isso é doutrina espírita! Um absurdo!

3.2.6. A ALMA PODE SER SALVA

A Bíblia fala da salvação da alma (cf. Tg 5.20) e pergunta: “Quedaria o homem pelo resgate da sua alma?” (Me 8.37) e: “Que aproveita

ria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?” (Me 8.36)

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T e o l o g i a  Si s t e m á t i c a

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Devemos, portanto, encomendar as nossas almas a Deus, como ao fielCriador, fazendo o bem (cf. 1 Pe 4.19).

3 . 3 . O ESPÍRITO DO HOMEM

3.3.1. O QUE É?

O espírito é a parte invisível do homem que, juntamente com a alma,compõe o “homem interior”. E aquela parte do homem que, como uma

 janela aberta para o céu, lhe dá condições de sentir a realidade de Deus

e da sua Palavra (cf. 1 Co 2.10,12). Eis o que distingue o homem dequalquer outro ser: só ele foi criado à imagem e semelhança de Deus. Oespírito do homem é a sede das suas relações com Deus. “O espírito dohomem é a lâmpada do Senhor” (Pv 20.27, Versão Revisada). Por essemotivo, a Bíblia muitas vezes usa “coração” como sinônimo de “espírito”: “Era um o coração e a alma da multidão dos que criam” (At 4.32).

3.3.2. O NÃO-CRENTE

O espírito do homem não-crente é morto, inativo, isto é, separadode Deus (cf. Ef 2.1-5; Lc 15.24,32; Cl 2.13; 1 Tm 5.6). Ele é dominadopelos seus pecados e concupiscências (cf. Ef 4.17-22; T t 1.15), sem possibilidade de ver a glória de Deus (cf. 2 Co 4-4).

3.3.3. O ESPÍRITO DO HOMEM NO PROCESSO DE SALVAÇÃO

Na salvação, o espírito do homem é vivificado (cf. Ef 2.5; Cl 2.13).Um despertamento começará no seu espírito (cf. Ed 1.1) quando o Espírito Santo o convencer do seu pecado, e da justiça e do juízo de Deus(cf. Jó 16.8-10). Quando o homem aceita a Jesus como Salvador, recebea vida eterna (cf. Rm 6.23) e, então, “o mesmo Espírito testifica com o

nosso espírito que somos filhos de Deus” (Rm 8.16).Agora, “eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). O espírito do homem

vivificado pode, doravante, ver a glória de Deus, pois o véu que antes oimpedia foi tirado (cf. 2 Co 3.16). O seu coração tomou-se limpo e podever a Deus (cf. Mt 5.8), o Invisível (cf. Hb 11.27). A luz resplandece emseu interior, para “iluminação do conhecimento da glória de Deus”. Agora

ele pode comprovar que Deus é bom (cf. Sl 34-8), e com o seu espírito

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A n t r o p o l o g ia  - A Do u t r i n a  d o  Ho m e m

adorar ao Senhor (cf. Jó 4.23) e orar (cf. 1 Co 14.15,16), e o Todo-poderoso dará ao espírito do novo crente a inspiração divina que o fazentendido (cf. Jó 32.8).

Assim, podemos observar com clareza que “o espírito do homem”não significa “o Espírito Santo operando no homem”, mas que esse espírito é um órgão do seu “homem interior”, onde o Espírito Santo opera,fazendo-o ouvir a voz de Deus (cf. At 2.7).

3.3.4. A CONSCIÊNCIA

Uma das faculdades mais importantes do espírito humano é a consciência (cf. Rm 2.15,16), que é uma “janela” existente no homem, pelaqual Deus olha para o seu interior. A consciência é um “espião” de Deusque persegue o homem quando ele peca, mas que lhe fala com uma vozelogiosa quando faz o bem.

4 . O H o m e m   D ia n t e   d a   M o r t e   e   d a  E t e r n i d a d e

O materialismo não aceita a doutrina da Bíblia a respeito de uma vidaapós a morte. A Bíblia diz, porém, que é um prejuízo inestimável o homem

não pensar no seu fim (cf. Lm 1.9), e, por isso, nos ensina a orar: “Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos coração sábio”(cf. SI 90.12; Dt 32.29). Jesus veio para trazer à luz “a vida e a incorrupção”(2T m l.l0 ). Portanto, temos na Bíblia a única fonte que nos dá uma verdadeira luz sobre a vida após a morte. É bem verdade que muitas coisas sobreessa vida não estão reveladas. Porém, “as reveladas são para nós e para osnossos filhos, para sempre” (Dt 29.29). Essas coisas reveladas sobre a vidaalém do véu da carne é que vamos procurar conhecer.

4 .1 . “ AOS HOMENS ESTÁ ORDENADO MORREREM UMA VEZ” (H b   9 . 2 7 )

4.1.1. A MORTE ENTROU NO MUNDO PELO PECADO (CF. Rm 5.12)A morte entrou no mundo no momento em que Deus pronunciou a

sentença sobre o pecado: “Até que tomes à terra; porque dela foste to

mado, porquanto és pó e ao pó tomarás” (Gn 3.19). Assim, a morte

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

atingiu a todos os homens (cf. Rm 5.12). Uma única exceção a essaregra infalível acontecerá na vinda de Jesus — aqueles que estiverempreparados serão transformados e arrebatados (cf. 1 Ts 4.14-17), sendorevestidos de imortalidade (cf. 1 Co 15.53). Desse acontecimento te-mos dois exemplos no Antigo Testamento: Enoque (cf. Gn 5.24; Hb11.5) e Elias (cf. 2 Rs 2.11) — eles não viram a morte.

4.1.2. A CERTEZA DA MORTE FAZ A VIDA INSTÁVEL E PASSAGEIRA

A Bíblia usa várias figuras para mostrar a instabilidade da vida.Meditemos nos seguintes exemplos: a vida é como uma “corrente deágua”, “um sono” ou “uma erva” (cf. Sl 90.5; 103.15; Is 40.6,7; Tg1.10,11); como um “conto ligeiro” (cf. Sl 90.9), “uma sombra” (cf. Sl102.11; 144-4); como “navios veleiros” ou “águia que se lança à comida” (cf. Jó 9.26).

4 .2 . O QUE ACONTECE NA HORA DA MORTE COM O CORPO, A ALMA E O 

ESPÍRITO?

4.2.1. M o r t e   é   s e p a r a ç ã o

A morte significa sempre separação. A Bíblia fala de morte em váriossentidos, mas sempre a separação é o significado principal.

• A morte no sentido espiritual é o estado de uma pessoa que vivesem Deus, cujo espírito está morto, isto é, separado de Deus (cf. Ef 2.1).

• A morte física significa não somente que a pessoa que morreu foiseparada dos seus entes queridos, mas, principalmente, que o seu espírito e a sua alma deixaram o corpo que já morreu (cf. Tg 2.26).

• A Bíblia fala também da “segunda morte” (cf. Ap 2.11; 20.6), que

significa uma eterna separação de Deus.

4.2.2. Q u e   a c o n t e c e   c o m   o   c o r p o   n a   h o r a   d a   m o r t e ?

Com a saída da alma (cf. At 20.9,10; 1 Rs 17.21; Gn 35.18,19) e doespírito (cf. Tg 2.26; Lc 8.54,55; Ec 12.7), o corpo morre e volta ao pó(cf. Ec 12.7; Gn 3.19), ou seja, é sepultado e encontra a corrupção.

Porém, sendo o corpo uma obra de Deus, feito à sua imagem e seme

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A n t r o p o l o g i a   - A D o u t r i n a  d o  H o m e m

lhança (cf. Gn 1.26), não será aniquilado, mas ressuscitará (cf. 1 Co15.35,38) com uma forma imortal (cf. 1 Co 15.53) e espiritual (cf. 1 Co

15.44,46).Quando a Bíblia,-ao falar da morte, usa a palavra “dormir”, refere-se

ao corpo e nunca à alma ou ao espírito (cf. At 13.36; 1 Ts 4.13,15; Mt27.52; 1 Co 11.30; 15.51; Dn 12.2). É o corpo que dorme o sono damorte até a manhã da ressurreição, quando todos ouvirão a voz de Deuse se levantarão dos seus sepulcros (cf. Dn 12.2; Jó 5.28,29; At 24.15).

4.2.3. Q u e   a c o n t e c e   c o m   a   a l m a   e   o   e s p í r i t o   n a   h o r a   d a   m o r t e ?

Quando a Bíblia fala do espírito do homem, jamais se refere ao fôlego (respiração) que se extingue na morte, conforme algumas doutrinasmaterialistas querem afirmar. Com isso querem eles “provar” ainexistência de uma vida real após a morte. Como uma “prova” dessa

sua afirmativa, dizem que a palavra “espírito” ou “alma” simplesmentequer dizer “fôlego”. A Bíblia mostra claramente que “espírito” e “alma”são coisas inteiramente distintas do fôlego do homem. Ela registra: “Assim diz Deus, o Senhor, que criou os céus, e os estendeu, e formou a terrae a tudo quanto produz, que dá a respiração ao povo que nela está e oespírito, aos que andam nela” (Is 42.5), e ainda: “Se ele pusesse o seucoração contra o homem, e recolhesse para si o seu espírito e o seu fôlego” (cf. Jó 34-14). O erro da afirmativa que “espírito”, “alma” e “fôlego”na Bíblia significam a mesma coisa fica patente, de modo palpável edrástico, se na leitura das seguintes passagens for substituída a palavra“alma” pela palavra “fôlego”. Leia e compare, assim, os seguintes textos:Atos 23.8; 1 Coríntios 5.5; Gálatas 6.18; 2 Coríntios 7.1; Mateus 10.28;Lucas 12.19 e Tiago 5.20. Vamos transcrever uma dessas passagens: “Seja

entregue a Satanás para destruição da carne, para que o espírito [substitua por fôlego] seja salvo no Dia do Senhor Jesus” (1 Co 5.5).

A alma e o espírito que deixam o corpo voltam a Deus que os deu(cf. Ec 12.7), isto é, ficam à disposição de Deus para serem encaminhados ao lugar que corresponda à relação que tiveram com o Senhor na hora da morte para ali aguardarem o dia da ressurreição.

Existe uma “casa de ajuntamento” destinada a todos os viventes (cf.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

 Jó 30.23), onde mais que qualquer outro lugar, vê-se “a diferença

entre o justo e o ímpio; entre o que serve a Deus e o que não o serve”(Ml 3.18). Logo, “rendendo o homem o espírito, então, onde está?”(Jó 14.10)

• O espírito-alma do justo irá para o Paraíso (cf. Lc 23.43; 2 Co 5.8),onde gozarão descanso (cf. Ap 14.13), consolação e felicidade (cf. Lc16.23,25). Por esse motivo “é preciosa, à vista do Senhor, a morte dos

seus santos” (cf. Sl 116.15).• Os espíritos dos injustos irão para o Hades, um lugar de tormentos,

onde aguardarão a ressurreição para o julgamento final (cf. Lc 16.22,23;Ap 20.11,12). Esse lugar é de sofrimento e angústia. Foi para lá que foiCoré com os seus companheiros de rebelião, quando a terra se abriu e osengoliu vivos (cf. Nm 16.31-34).

4 . 3 . C o m o   s e r á  o  e s t a d o   i n t e r m e d i á r i o   d o  e s pír i t o  e  d a  a l m a  a p ó s

A MORTE?

4.3.1. Os ESPÍRITOS SÃO IMORTAIS

Existe uma doutrina materialista que prega a aniquilação dos que morreram. Porém, a Bíblia afirma que coisa alguma será aniquilada no homem

que foi criado à imagem de Deus. A alma (cf. Mt 10.28) e o espírito (cf. 1 Pe3.4) jamais morrerão. Quanto ao corpo, pela morte transforma-se em pó(cf. Gn 3.19). Todavia, levantar-se-á do pó na ressurreição para viver eternamente (cf. Dn 12.2). Os defensores daquela doutrina dizem que determinados versículos da Bíblia “provam” as suas afirmativas. Comparemos.

• Afirmam que a palavra grega oltheros (“eterna perdição”), utilizadaem 2 Tessalonicenses 1.9, significa uma real aniquilação; porém, a mesma palavra é empregada em 1 Timóteo 6.9; 1 Tessalonicenses 5.3 e 1Coríntios 5.5, onde não se trata de aniquilação!

• Dizem que a palavra grega analisko  (“se desfará”), empregadaem 2 Tessalonicenses 2.8, significa uma completa aniquilação. Pode-se comparar a mesma palavra em Gálatas 5.15 e Lucas 9.54, onde

não possui esse sentido.

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A n t r o p o l o g ia  - A D o u t r i n a  d o  H o m e m

• Dizem que a palavra grega karego (“aniquilará”), encontrada em 1Tessalonicenses 2.8, significa extinção. Observe que o Anticristo, con

forme esse versículo, é “aniquilado” pelo “esplendor da sua vinda” e lançado no lago de fogo fcf. Ap 19.20). Mas a “aniquilação” dele não significa extinção, uma vez que após mil anos, quando Satanás for lançadono mesmo lago de fogo, ali estará ainda o Anticristo (cf. Ap 20.10), eambos serão atormentados eternamente. “Aniquilado”, nessa passagem,significa “ficar sem efeito, sem ação”. A mesma palavra é também usada

em Hebreus 2.14, Romanos 6.6 e 1 Coríntios 6.13.• Ainda explicam que a palavra apolluns  (“perecer”), em 2

Tessalonicenses 2.10, teria o sentido de “extinção”; porém, a mesmapalavra é usada em Mateus 8.25, Lucas 15.17 e 1 Pedro 1.7.

4.3.2. Os ESPÍRITOS DOS MORTOS TERÃO UMA EXISTÊNCIA REAL E 

CONSCIENTEExistem doutrinas antibíblicas que afirmam que os espíritos dos

mortos se acham em um estado inconsciente, uma espécie de sonoeterno. Porém, a Bíblia mostra que o estado de inconsciência refere-se só ao corpo, pois na sepultura “não há obra, nem indústria, nemciência, nem sabedoria alguma” (Ec 9.10). É por isso que os mortos“não sabem coisa nenhuma” (Ec 9.5). “Mas nós bendiremos ao Senhor, desde agora e para sempre [eternamente]” (Sl 115.18). As almas dos crentes louvarão ao Senhor no Paraíso. Contando a históriado homem rico e Lázaro, Jesus provou que o espírito e a alma decrentes ou de descrentes têm uma existência consciente no estadointermediário entre a morte e a ressurreição (cf. Lc 16.19-31). Convém salientar que essa história não é uma parábola, mas fato verídi

co que Jesus conhecia. Em uma parábola, Jesus não dava nomes aospersonagens. A história de Lázaro e do homem rico é verídica e levanta o véu sobre a existência da morte.

Vejamos os testemunhos de alguns personagens na Bíblia sobre oestado consciente da alma-espírito após a morte:

• Abraão. Deus disse a Abraão: “E tu irás a teus pais em paz; em boa

velhice serás sepultado” (Gn 15.15). Quando Abraão morreu, o seu cor

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T e o l o c i a  Si s t e m á t i c a

po foi sepultado na cova de Macpela (cf. Gn 25.9). Ali não estavam os“pais”, mas somente a esposa que fora sepultada anos antes (cf. Gn 23.19).Foi o seu espírito que entrou na eternidade. Deus afirmou, 330 anosdepois da morte de Abraão, ser “o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e oDeus de Jacó” (Êx 3.15), e 1.500 anos depois, Jesus explicou essa mesmapalavra, acrescentando: “Deus não é Deus de mortos, mas de vivos” (Lc20.38). Abraão ainda existia! Jesus disse que quando os crentes chegarem ao céu, verão Abraão, Isaque e Jacó assentados à mesa do Senhor

(cf. Mt 8.11).• Moisés. Deus disse a Moisés: “E morre no monte, ao qual subirás; e

recolhe-te ao teu povo” (Dt 32.50). No monte Nebo, onde Deus sepultou o corpo de Moisés, não havia “povos” aos quais ele pudesse se recolher. O seu corpo realmente foi sepultado, enquanto o seu espírito entrava na eternidade, em uma existência tão real que, 1.500 anos depois,

manifestou-se a Jesus no monte da transfiguração (cf. Mt 17.3).• Davi. Quando sua criança morreu, Davi afirmou: “Eu irei a ela,

porém ela não voltará para mim” (2 Sm 12.23). Davi tinha certeza deuma vida após a morte.

• Paulo. Ele testifica: “Desejamos, antes, deixar este corpo, para habitar com o Senhor” (2 Co 5.8), para “estar com Cristo, porque isto é

ainda muito melhor” (Fp 1.23).

4.3.3. Os MORTOS NÃO POSSUEM MISSÃO A CUMPRIR EM FAVOR DOS QUE 

HABITAM NA TERRA

Sem exceção, todo o serviço a Deus é feito somente por meio docorpo (cf. 2 Co 5.10). A Bíblia diz: “Bem-aventurados os mortos que,desde agora, morrem no Senhor. Sim, diz o Espírito, para que descansem dos seus trabalhos, e as suas obras os sigam” (Ap 14.13). Coma morte vem a noite, quando ninguém mais pode trabalhar (cf. Jó9.4). Por isso, o apóstolo Paulo julgava mais necessário, por amor aosfilipenses, permanecer vivo, “para proveito vosso e gozo da fé” (Fp1.25). É somente pelo corpo que o crente pode glorificar a Cristo,seja pela vida ou pela morte (cf. Fp 1.20; Jó 21.19). Os espíritos dos

mortos são imateriais e não podem ter contato com a matéria. Eles

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A n t r o p o l o g i a   - A D o u t r i n a  d o  Ho m e m

não podem interceder ou orar pelos que vivem aqui na terra, porqueno céu há somente um mediador (cf. 1 Tm 2.5), e é Ele que interce

de por nós (cf. Hb 7.25; Rm 8.34). Tampouco poderão ser portadoresde recados, ou evangelizar os que permanecem no mundo. O pedidodo homem rico, de que Lázaro fosse enviado para advertir seus irmãos, não foi atendido, pois: “Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos” (Lc 16.29). A única missão que os mortos terão no Paraíso serálouvar a Deus e atender àquilo que Deus lhes ordenar (cf. Ap 5.10;

7.15 e 20.6).

4.3.4. O ESTADO ESPIRITUAL DO HOMEM NÃO SOFRE ALTERAÇÕES APÓS 

A MORTE

Da maneira como o homem entrar na eternidade, assim permanecerá para sempre. Aquele que entrar como crente jamais cairá, e quem não

for crente, jamais salvar-se-á. A Bíblia diz: “Caindo a árvore para o sulou para o norte, no lugar em que a árvore cair, ah ficará” (Ec 11.3). Porque não existe possibilidade para salvação após a morte? Vejamos:

• “Buscai ao Senhor enquanto se pode achar” (Is 55.6), isto é, no“tempo que se chama Hoje” (Hb 3.13). É somente enquanto o homemainda “acompanha com todos os vivos” que há esperança (cf. Ec 9.4). OFilho do Homem tem, na terra, poder para perdoar pecados (cf. Me 2.10)e, por isso, é aqui o tempo aceitável, o dia da salvação (cf. 2 Co 6.2).

• “Aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo, depois disso,o juízo” (Hb 9.27). Quando o pecador estiver no Hades, aguardando aressurreição para a condenação (cf. Lc 16.23; Jó 5.29), jamais poderá sairde lá, pois existe um grande abismo (cf. Lc 16.26) que o separa dos salvos.

• A salvação do pecador após a morte é também impossível porque oEspírito Santo, então, não mais entrará em ação. Para um homem sersalvo nesta vida é indispensável a operação do Espírito Santo (cf. Jó6.44,65), tanto na sua chamada (cf. Ap 22.17) como na sua regeneração (cf. Jó 3.8). Quando o Espírito Santo, após a morte, não mais operar, nenhum pecador sentirá desejo de salvação. Poderá sentir remorso

pelo prejuízo terrível que o pecado lhe causou, porém não desejará a

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T e o l o g i a  S is t e m á t ic a

salvação. O homem rico, no Hades, não pediu perdão, mas somenteágua para refrescar a língua (cf. Lc 16.26). Os perdidos citados emApocalipse 6.16 não pediram salvação, mas que os montes e rochedosos escondessem do rosto daquEle que estava sentado sobre o trono.

• O ensino sobre um “purgatório”, onde as almas não preparadaspodem ser perdoadas através de sofrimentos e castigos atrozes, não temapoio na Bíblia. Como conseqüência dessa doutrina, surge uma outraprática — o esforço de, por meio de votos, missas, orações e esmolas em

favor dos mortos, procurar aliviar as penas do pecador. Porém, o único“lucro” dessa doutrina é aquilo que entra nos cofres daqueles que a promovem. Para os pecadores, nenhum proveito tem. As duas passagensbíblicas que estão sendo usadas para “testificar” tal doutrina nada provam. A primeira encontra-se em 1 Coríntios 3.15: “O tal será salvo,todavia como pelo fogo”. Essa frase refere-se, exclusivamente, à prova

de avaliação das obras que os crentes realizaram por meio do corpo (cf.1 Co 3.12-15; 2 Co 5.10). A segunda está registrada em Lucas 12.59:“Não sairás dali enquanto não pagares o derradeiro ceitil”. Aí é demonstrada a impossibilidade de sair “da prisão”, se a reconciliação não tiversido feita “no caminho”, pois a porta se fechou (cf. Lc 13.24,25).

• A profecia sobre a “restauração de tudo”, conforme Atos 3.21, tem

sido interpretada por alguns como prova de que os pecadores tambémserão “restaurados”. Porém, essa profecia fala “da restauração de tudo,dos quais Deus falou pela boca de todos os seus santos profetas, desde oprincípio” (At 3.21). E profeta nenhum falou de salvação de pecadoresapós a morte; pelo contrário, profetizaram sobre o castigo eterno deles(cf. Ap 20.11-15).

• A expressão “Todo joelho dos que estão nos céus, e na terra, e

debaixo da terra” (Fp 2.10) tem sido usada como uma ”prova” de que hásalvação após a morte para os que estão “debaixo da terra”, pois afirmaque eles confessarão que Jesus é o Cristo. Porém, na Bíblia há muitosexemplos de que um reconhecimento da glória de Deus não é sinal desalvação (cf. Js 7.19; Lc 5.25,26; 23.47; Jó 9.24; Sl 106.12-16).

• E certo manter contato com os espíritos dos mortos? As religiões

pagãs têm procurado manter essa forma de contato. Porém, a Bíblia a

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A n t r o p o l o g i a   - A D o u t r i n a   d o  H o m e m

!TWMnM rinM«*TrHMiii'ri«MiBi iii<iiiitiiiiif m1hiíj1irin ^ Y i r ffiT W r^ ^ ftr

proíbe terminantemente (cf. Êx 22.18; Lv 19.31; 20.6,7; Dt 18.10-12; Is8.19 e 19.3), pois todos os mortos estão sob a responsabilidade de Deus

(cf. Ec 12.7). Jesus tem a chave da morte e do inferno (cf. Ap 1.18).Quando alguém procura contato com o espírito dos mortos é enganadopelo demônio, pois só ele aparece como um espírito de mentira (cf. 1 Rs22.22): imita aquele cujo espírito está sendo invocado, conforme a doutrina dos demônios (cf. 1 Tm 4.1). Essas invocações constituem “asprofundezas de Satanás” (cf. Ap 2.24) e fazem com que os homens crei

am na mentira (cf. 2 Ts 2.11). Foi isso que aconteceu quando o rei Saulprocurou a feiticeira, pedindo que ela chamasse o espírito de Samuel. Odemônio o enganou, fazendo com que cresse que Samuel havia aparecido (cf. 1 Sm 28.10-19), o que não foi verdade. A Bíblia afirma quenenhum encantamento contra Israel tem valor (cf. Nrn 23.23), e afirmaque “Saul não buscou ao Senhor” (cf. 1 Cr 10.14). Se Samuel tivesserealmente aparecido, Saul teria buscado ao Senhor. E ele morreu por terbuscado a feiticeira (cf. 1 Cr 10.13) ao invés do Senhor.

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C . A PT'TT TT O G

H a m a r t i o l o g i aA D o u t r i n a   d o   P e c a d o

P a r a   m e l h o r   c o n h e c i m e n t o   d a   d o u t r i n a   d a

SA LV A Ç Ã O E D A D O U T R I N A D O H O M EM , É N EC ESSÁ R I O

CONHECER O QUE A BÍBLIA ENSINA SOBRE O

PECADO, O MAIOR MAL QUE ENTROU NO MUNDO.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a- - - - - - - o - -s».

1. A O r i g e m   d o   P e c a d o

Filósofos, psicólogos, teólogos, cientistas e muitos outros têm-se ocupado com o mistério da origem do pecado. Os resultados das suas pesquisas diferem muito entre si, mas a Bíblia nos dá uma definição correta!

1.1. A ORIGEM DO PECADO JAMAIS PODE SER DE ÜEUS

Deus é santo (cf. 1 Pe 1.16). “Deus é luz, e não há nele treva nenhuma” (1 Jó 1.5); “Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta”

(Tg 1.13).

1.2. A ORIGEM DO PECADO TAMPOUCO FOI O HOMEM

O homem foi criado à imagem de Deus: “E criou Deus o homem àsua imagem; à imagem de Deus o criou” (Gn 1.27). Foi criado perfeito:“Viu Deus tudo quanto tinha feito, e eis que era muito bom” (Gn 1.31).

A Bíblia diz: “Deus fez ao homem reto” (Ec 7.29). Quando Adão e Evaforam criados, o mal já existia no universo.

1.3. A ORIGEM DO PECADO FOI LÚCIFER, O DlABO

1.3.1.  J e s u s   r e v e l a   a   o r i g e m   d o   p e c a d o

Ele disse: “Ele [Satanás] foi homicida desde o princípio e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele; quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira” (Jó8.44), e também: “O diabo peca desde o princípio” (1 Jó 3.8).

O Diabo era antes um “querubim ungido para proteger” (Ez 28.14).Diz a Palavra de Deus: “No monte santo de Deus estavas, no meio daspedras afogueadas andavas”. Apesar de tudo isso, ele disse em seu coração: “Eu subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o

meu trono, e, no monte da congregação, me assentarei, da banda doslados do Norte. Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14.13,14). Assim nasceu o pecado, como um pensamento no coração de Lúcifer. E esse pensamento ele pôs em ação!Rebelou-se contra Deus, e foi lançado fora do céu (cf. Ez 28.15,16).

 Jesus disse para os seus discípulos que havia visto Satanás, como raio,

cair do céu (cf. Lc 10.18). Desde então, o Diabo tornou-se o adversá-

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Ha m a r t i o l o g i a   - A D o u t r i n a  d o  Pe c a d o

rio de Deus. Satanás (em hebraico, satã) ou Diabo (em grego, diabolos) significa em português: “adversário, acusador”. Ele era Lúcifer, isto é,

“estrela da manhã, filha da alva” (Is 14.12). Mas degenerou-se, tornando-se o príncipe -das trevas (cf. Mt 12.24).

1.3.2. P o r   q u e   D e u s   p e r m i t i u   q u e   L ú c i f e r   c a í s s e ?

Lúcifer possuía livre-arbítrio, coisa que Deus sempre considera. Eleabusou dessa extrema liberdade e sofreu as conseqüências. Pertenceu

aos céus, mas tomou-se o antônimo do bem, o opositor de Deus.

2 . D e   q u e   M a n e i r a  E n t r o u   o   P e c a d o  n o   M u n d o ?

O mal do pecado havia entrado no universo. Porém, o homem viviano paraíso em absoluta inocência, em pleno gozo e perfeita comunhãocom Deus. De que maneira esse quadro tão perfeito foi desfeito? “Porum homem entrou o pecado no mundo” (Rm 5.12). Adão e Eva, por umato de desobediência, conscientemente abriram a porta pela qual o Inimigo entrou e, com ele, todo o mal que trazia.

2 . 1 . A a r m a   q u e   o   I n im ig o   u s o u   f o i   a   t e n t a ç ã o

2.1.1. D e   q u e   m a n e ir a   o   D i a b o   v e i o   p a r a   t e n t a r   o   h o m e m ?

A Bíblia nos relata esse acontecimento de modo detalhado (cf. Gn3.1-24). Essa narração não é, como os materialistas afirmam, uma lenda,nem é, como outros dizem, somente expressão figurativa, sem nenhum

valor real. A Bíblia é sempre a verdade (cf. Jó 17.17). O apóstolo Pauloacreditava no fato descrito em Gênesis 3, pois escreveu sobre ele (cf.2 Co 11.2,3; 1 Tm 2.14). O Diabo veio na forma de uma serpente (cf.Gn 3.1). Ele, como um anjo caído, um ser com corpo imaterial, umespírito, pode manifestar-se de muitas maneiras. Até “se transfigura emanjo de luz” (2 Co 11.14). Até Pedro, certa feita, foi utilizado pelo

Diabo como trampolim no seu ataque contra Jesus (cf. Mt 16.22,23).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

2.1.2. A ESTRATÉGIA DO DlABO

Qual foi a estratégia da “operação tentação”, aplicada contra Adão e

Eva? O Inimigo fez vários ataques, um após outro, até derrubá-los. Vejamos:

• O Diabo procurou, no seu primeiro ataque, despertar dúvida sobrea veracidade da Palavra de Deus. Ele, que é o pai da mentira (cf. Jó8.44), perguntou, torcendo a palavra que Deus havia dito: “E assim queDeus disse: “Não comereis de toda árvore do jardim?” (Gn 3.1) Porém,

Deus havia dito: “De toda árvore do jardim comerás livremente, mas daárvore da ciência do bem e do mal, dela não comerás” (Gn 2.16,17).Quando Eva, na sua réplica, fez referência ao que Deus havia dito sobrea árvore do meio do jardim, o Diabo torceu novamente a palavra: “Certamente não morrereis” (Gn 3.4). A dúvida estava plantada.

• O segundo ataque tinha por alvo colocar em dúvida as intençõesde Deus para com eles, insinuando que Jeová não queria que os homensfossem tão felizes como Ele, pois não gostaria que se tomassem tais quaisEle. O Diabo disse: “Deus sabe que, no dia em que dele comerdes, seabrirão os vossos olhos, e sereis como Deus” (Gn 3.5).

• No terceiro ataque, o Diabo despertou neles a tentação de se igualarem a Deus. Foi exatamente o mesmo pecado que o havia derrubadodo céu (cf. Is 14-14).

• O poder da tentação estava ocupando tanto o entendimentocomo o sentimento de Eva (cf. Gn 3.6). A vontade deles estava sendo conquistada por um desejo ilícito. Só faltava uma coisa — a própria ação. A vontade já contaminada deu o impulso necessário paraque Eva cedesse: ela tomou do fruto, comeu e deu a Adão, que também comeu (cf. Gn 3.6). Uma catástrofe, a maior de todos os tem

pos, havia acontecido.

2.1.3. P o r   q u e   D e u s   p e r m i t i u   q u e   o   h o m e m   f o s s e   t e n t a d o ?

Deus havia criado o homem à sua imagem e semelhança; assim, ohomem possuía livre-arbítrio. Como uma criatura de Deus, estava sujeito a Ele e às suas determinações. Porém, o verdadeiro amor ao Senhor se

manifesta na obediência à sua Palavra (cf. Jó 14.15,23 e 15.14). Com o

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Ha m a r t i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d o  Pe c a d o

livre-arbítrio, o homem podia, voluntariamente, mostrar sua inteira disposição de obedecer a Deus de coração. Com o livre-arbítrio, uma atitu

de dessas não representaria nada. Da mesma forma, sem que houvessetentação, sem que fosse oferecida uma alternativa, o homem não teriatido oportunidade de mostrar que desejava sujeitar-se a Deus em tudo.Assim, Deus permitiu que Adão e Eva fossem tentados, dando-lhes, porém, as possibilidades de vencer.

Deus também permitiu que o seu próprio Filho fosse tentado. Jesus

passou por uma prova muito mais dura (cf. Lc 4.1-13). Deus sabia que oseu Filho, como homem, tinha possibilidade de cair (se não houvesseessa possibilidade, a tentação teria sido apenas uma representação). Porém, Jesus venceu e permaneceu sem pecado (cf. Hb 4.15), tendo voltado do deserto da tentação cheio do Espírito Santo (cf. Lc 4.14). “Aprendeu a obediência, por aquilo que padeceu” (Hb 5.8) e agora pode ajudar

a todos que são tentados (cf. Hb 2.18 e 4.16).

3 . A D e f i n i ç ã o   d o   P e c a d o   à   L u z  

d a   Q u e d a   d o   H o m e m

3 . 1 . O SIGNIFICADO DE PECADOOs diferentes nomes que a Bíblia usa a respeito de pecado expressam

as principais definições sobre o que ele significa, as quais coincidemcom o que aconteceu a Adão e Eva no dia da queda.

3.1.1.   T r a n s g r e s s ã o ( c f . H b 2.2)

Adão caiu em transgressão (cf. 1 Tm 2.14; Rm 5.14), o que significaque ele violou as ordens de Deus, deixando de cumpri-las. Toda transgressão desonra a Deus (cf. Rm 2.23).

3.1.2.   I m p ie d ad e ( c f . R m 1.18; T t 2.12)

Significa uma ação sem piedade, isto é, uma ação sem amor e devoção

às coisas de Deus. Isso realmente caracterizou a atitude de Adão e Eva.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

m m m Êm m m m m m m mm m m»--- 

3.1.3.   I n j u s t i ç a ( c f . Rm  1.18)

 Justiça é um procedimento de acordo com o direito. Quando isso

falta, então se trata de injustiça.

3.1.4. D e s o b e d i ên c ia ( c f . Hb 2.2)Desobediência significa insubmissão ou rebelião, coisa que, diante

de Deus, é como feitiçaria (cf. 1 Sm 15.2). Foi o que Adão e Eva cometeram (cf. Rm 5.19).

3.1.5. I n iq ü i d a d e ( c f . Rm 2.8; 1 Jó 5.17)Significa uma falta de eqüidade, de reconhecimento do direito ou

dos princípios imutáveis da justiça. É algo que promove desordem, equanta desordem o pecado não causou na vida do homem! QuandoLúcifer se rebelou contra Deus, promoveu a eterna desordem. OAnticristo é, por isso, chamado “o iníquo” (cf. 2 Ts 2.8).

3.1.6. E r r a r   o   a l v o

O certo é atirar sem errar o alvo (cf. Jz 20.16). Porém, quando alguém não faz o que é certo, errou o alvo — e isso expressa o que é pecado. Os homens procuravam “atirar” no alvo de se igualarem a Deus, maserraram e ficaram sendo dominados por Satanás.

4. As C o n s e q ü ê n c i a s d o P e c a d o

Analisando os acontecimentos da queda no Éden, podemos focalizaros principais efeitos do pecado.

4 . 1 . O RESULTADO DO PECADO NAS RELAÇÕES ENTRE ÜEUS E O HOMEM

4.1.1. O PECADO INTERROMPEU A COMUNHÃO ENTRE ÜEUS E O HOMEM

Deus convivia com o homem em comunhão e cooperação maravilhosa (cf. Gn 2.18,19). Porém, quando Deus, após a queda, veio ao seuencontro, Adão e Eva esconderam-se entre as árvores do jardim (cf. Gn

3.8). A pergunta de Deus: “Onde estás?” (Gn 3.9), mostra que a atitude

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Ha m a r t i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d o P e c a d o

de Deus para com Adão era agora diferente. A Bíblia diz: “As vossasiniqüidades fazem divisão entre vós e o vosso Deus” (Is 59.2; cf. Pv 15.29;

 Jr 5.25). Assim, devido ao seu pecado, foram expulsos do jardim (cf. Gn3.23,24).

4.1.2. O p e c a d o d e i x o u A d ã o e E v a d e s p id o s d i a n t e d e D e u s  

( c f . Gn  3 .7)

Antes da queda eles também estavam nus (cf. Gn 2.25); porém,

cobertos pela glória da presença de Deus (cf. SI 104.2; 1 Tm 6.16).Quando caíram em pecado, foram destituídos dessa glória (cf. Rm 3.23),e “foram abertos os olhos de ambos, e conheceram que estavam nus”(Gn 3.7). Somente quando somos vestidos pelas vestes da justiça deDeus por Jesus Cristo (cf. Is 61.10), ou noutra expressão, revestidos deCristo (cf. Gl 3.27), é que estamos preparados para nos encontrar comDeus. Aquele que não possuir essas vestes será achado nu (cf. 2 Co5.3; Ap 16.15).

4.1.3. O PECADO TORNA O HOMEM CULPADO DIANTE DE DEUS

Culpa é uma omissão prejudicial, um delito, uma inobservância deuma regra de conduta. Deus perguntou a Eva: “Por que fizeste isso?” (Gn3.13) Aquele que tropeçar em um só ponto torna-se culpado de todos

(cf. Tg 2.10). Assim, “todo o mundo fique sujeito ao juízo de Deus” (Rm3.19, Versão Revisada). ’

4.1.4. O PECADO FAZ O HOMEM FICAR DEBAIXO DA IRA DE D EU S

( c f . Rm 1.1820)

A Bíblia diz: “Por essas coisas vem a ird de Deus” (Ef 5.6; cf. Cl 3.6;

Rm 2.5). Quando há perdão, a ira de Deus se retira (cf. Is 12.1-3), maspermanecerá sobre aqueles que não aceitarem o único meio de perdão— Cristo — que Deus oferece (cf. Jó 3.18).

4.2. Os EFEITOS DO PECADO NA VIDA DO HOMEM

Os prejuízos que o pecado traz para a vida do homem são incalculá

veis. Aqui mencionamos somente uma parte.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

4.2.1. O PECADO FEZ O HOMEM PERDER A SUA TRANQÜILIDADE

Antes que o pecado entrasse no mundo, não existiam angústia, afli

ção, lágrimas, etc. Porém, depois que o homem caiu, foi obrigado a enfrentar “tribulação e angústia” (Rm 2.9).

4.2.2. O PECADO COLOCOU O HOMEM SOB SEU DOMÍNIO

O primeiro pecado alastrou-se e multiplicou-se de tal maneira navida do homem que o profeta Isaías disse: “Desde a planta do pé até à

cabeça não bá nele coisa sã” (Is 1.6). O pecado contaminou o entendimento e a consciência do homem (cf. Tt 1.15; 2 Co 4.4). A suavontade ficou inteiramente sujeita ao mal (cf. Rm 7.19-23): “Todaimaginação dos pensamentos do seu coração era só má continuamente” (Gn 6.5).

4.2.3. P e l o   p e c a d o   o   h o m e m   p e r d e u   a   s u a   p o s i ç ã o   d e   g o v e r n oDeus o colocara o homem para dominar (cf. Gn 1.28); porém, pelo

pecado, tornou-se dominado, não somente pelo pecado, mas tambémpelas coisas criadas (cf. Rm 1.25). Em lugar de ser senhor, tornou-seescravo da cobiça, da inveja, da avareza, etc. (Cf. 1 Tm 6.10; Rm 1.29;1 Tm 6.4). Em lugar de governar sobre o pecado, tornou-se escravodele (cf. Jó 8.34).

4.2.4. O p e c a d o   p r e p a r a   u m a   p l a t a f o r m a   p a r a   o   D i a b o   n a   v i d a

DO HOMEM

Se o crente é vencido pelo tentador, e o pecado entra na sua vida,deixa nela uma plataforma para o Inimigo exercer maior influência.Mas, se resistirmos ao Diabo, ele fugirá de nós (cf. Tg 4-7). Quando,

porém, o homem obedece ao pecado (Rm 6.16), os seus membros setornam sujeitos à imundícia e à maldade (cf. Rm 6.19).

4.2.5. O p e c a d o   s u j e it o u   o   h o m e m   à   m o r t e

Deus disse ao homem no Éden: “No dia em que dela comeres, certamente morrerás” (Gn 2.17). Paulo escreveu que “por um homem entrou

o pecado no mundo, e pelo pecado, a morte” (Rm 5.12). Essa palavra se

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Ha m a r t i o l o g i a   - A D o u t r i n a  d o  Pe c a d o

cumpriu no dia da queda! A morte entrou! Vamos observar que a morteentrou e iniéiou o seu domínio em três sentidos:

• A morte física. Deus disse ao homem no dia da queda: “Comerás o teupão, até que te tomes à terra” (Gn 3.19). Assim, a morte física ou a separação do espírito e alma do corpo (cf. Tg 2.26) começou desde o dia da queda.Deus, já no Éden, falava de dor (cf. Gn 3.16). A doença é o início da morte.

• A morte espiritual. É a separação entre o homem e Deus. Por isso,

a Bíblia fala do homem não-crente como de um “morto” (cf. Lc 15.24,32;Ef 2.1-2). Em Mateus 8.22, Jesus fala desses dois tipos de morte, ou seja,da morte espiritual e da morte física.

• A segunda morte (cf. Ap 20.6). Significa a eterna separação deDeus de todos que, antes da morte física, não aceitaram a salvação. Ébem verdade o que a Bíblia afirma: “O salário do pecado é a morte”

(Rm 6.23).

4.3. As CONSEQÜÊNCIAS DO PECADO NA CONVIVÊNCIA ENTRE OS HOMENS

4 .3 .1 . A CONVIVÊNCIA ENTRE A d ÃO E EVA

O pecado deu logo origem a uma diferença de tratamento nas relações entre Adão e Eva. Em lugar de se responsabilizar pelo seu pecado,Adão lançou a culpa sobre Eva (cf. Gn 3.12) e até sobre Deus, poisdisse: “A mulher que me deste”. O pecado tem sido a origem das desgraças que têm destruído tantos lares.

4.3.2. O PECADO SE ALASTROU NA FAMÍLIA

O primogênito do casal, Caim, matou o seu irmão Abel (cf. Gn 4.8-10). O pecado trouxe em si a semente maldita de todas as brigas, inve

 jas, porfias, guerras, etc. Quanto sangue tem sido derramado sobre a terra desde o primeiro assassinato!

4.3.3. A NATUREZA HUMANA

A própria natureza adâmica é portadora de todos os germes da desuniãoe da discórdia no mundo. A Bíblia fala das obras da carne e menciona, entre

outras: inimizades, iras, pelejas, invejas, dissensões, etc. (cf. Gl 5.19-21).

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- -

T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

4 . 4 . O PECADO GEROU EFEITOS PARA A POSTERIDADE HUMANA

4-4.1. A d ã o   g e r o u   u m   f i l h o   A s u a   i m a g e m   e   s e m e l h a n ç a   ( c f .

Gn   5.3)Notemos que o pecado fez com que a imagem de Deus, com a qual

fomos criados (cf. Gn 1.26,27), fosse coberta pela “semelhança do homem”. Pouco a pouco o homem se degenerou e se tomou mais e maisdistanciado da imagem de Deus. “Todos se extraviaram e juntamente sefizeram inúteis” (Rm 3.12). A imagem de Deus existe em todos os ho

mens; porém, às vezes, está muito coberta (cf. Sl 14.1).

4.4.2. O PECADO ESCRAVIZOU A RAÇA HUMANA

 Jesus disse: “O que é nascido da came é carne” (Jó 3.6). “Carne” éuma expressão bíblica para a natureza adâmica. Já pelo nascimento natural o homem recebe, como uma herança dos seus ancestrais, o pecado

como possibilidade que mais adiante se tornará realidade (cf. Sl 51.5; Jó14.4; 15.14). “Éramos por natureza filhos da ira” (Ef 2.3). A velha natureza tem em si uma inclinação para o mal (cf. Rm 8.5; 7.5-19) e umainsubmissão diante de Deus e da sua Lei (cf. Rm 8.7). A velha natureza,definitivamente, não ama a Deus (cf. Jó 5.42) e sim as trevas (cf. Jó3.19). É uma realidade que “na minha carne, não habita bem algum”(Rm 7.18).

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S o t e r i o l o g i aA D o u t r i n a   d a   S a l v a ç ã o

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

1. In t r o d u ç ã o

A salvação preparada para o mundo perdido nasceu no coração amoroso de Deus. Por isso a multidão salva, vestida de vestes brancas, cantará nos céus: “Salvação ao nosso Deus, que está assentado no trono”(Ap 7.10).

1 . 1 . D e u s é a o rig em d a n o s s a s a l v a ç ã o

No dia da queda do homem, Deus prometeu enviar um Salvador. Ele

disse a respeito da semente da mulher: “Esta te ferirá a cabeça, e tu lheferirás o calcanhar” (Gn 3.15). Na plenitude dos tempos, Deus enviouseu Filho, nascido de mulher (cf. Gl 4.4). A promessa cumpriu-se literalmente, sendo uma expressão do amor divino: “Deus amou o mundode tal maneira que deu o seu Filho unigênito” (Jó 3.16).

“Deus estava em Cristo reconciliando consigo o mundo” (2 Co 5.19).

A morte na cruz foi tremenda tanto para Jesus quanto para Deus. Foi oseu grande amor que pagou o sacrifício, e foi a sua justiça que recebeu opreço de sangue pago por Jesus (cf. Hb 9.24-26). Na cruz foram provadas e mantidas quatro coisas importantes:

• O amor de Deus (cf. Rm 5.8-10).• A sabedoria de Deus que se revelou na cruz (cf. 1 Co 1.18-25),

com uma profundidade insondável (cf. Rm 11.33-35).• O poder de Deus (cf. 1 Co 1.24,25).• A justiça de Deus. Diante dos céus, do inferno e de todo o mundo,

a sua Palavra foi cumprida!

1 . 2 . J e s u s   é   o   ú n i c o   m e i o  d e   s a l v a ç ã o

“E lhe porás o nome de Jesus, porque ele salvará o seu povo dos seuspecados” (Mt 1.21).

1.2.1. O S a l v a d o r   e s pe r a d o

 Jesus foi, desde o seu nascimento, chamado “Salvador” (cf. Lc2.11), porque Ele veio para salvar (cf. Mt 1.21). Quando andava aqui

na terra, vez após outra disse: “A tua fé te salvou” (cf. Lc 7.50; 8.48;

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S o t e r i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

18.42; Mt 9.22; Me 10.52, etc.). Ele veio, realmente, “buscar e salvar o que se1havia perdido” (Lc 19.10).

1 .2 .2 . J e s u s  g a n h o u  a  s a l v a ç ã o  po r  s u a  m o r t e  n a  c r u z

“Havendo por ele feito a paz pelo sangue da sua cruz” (Cl 1.20).“E, pela cruz, reconciliar ambos com Deus” (Ef 2.16). Pois que “pelosangue de Cristo chegastes perto” (Ef 2.13). A “rude cruz se erigiu” ea sua mensagem se tornou eterna. Como uma cruz aponta para várias

direções, isto é, para cima, para baixo e para os lados, assim a mensagem da vitória de Cristo, obtida por Ele na cruz, é dirigida para todosos lados:

• A cruz aponta para baixo. Ela proclama a vitória de Jesus sobre oDiabo. Realmente, a “cabeça da serpente” foi ferida (cf. Gn 3.15). Sata

nás foi despojado da sua posição, quando Jesus triunfou sobre ele (cf. Cl2.14,15). Jesus disse antes da cruz: “Agora, é o juízo deste mundo; agoraserá expulso o príncipe deste mundo” (Jó 12.31).

• A cruz aponta para cima. É a mensagem de Deus dizendo que,agora, o mundo está reconciliado com Ele (cf. 2 Co 5.19), e que a obraque Cristo veio realizar está consumada (cf. Jó 19.30). Agora Deus podeestar conosco, por causa de Jesus. Ele é Emanuel — “Deus conosco” (cf.Mt 1.23).

• A cruz estende os seus braços, como um sinal de PARE! O quedeve parar diante da cruz? A Bíblia diz: “O fim da lei é Cristo para justiça de todo aquele que crê” (Rm 10.4). “A lei nos serviu de aio, para nosconduzir a Cristo” (Gl 3.24). A Lei jamais teve poder para salvar alguém, mas pela cruz entrou “a dispensação da graça de Deus” (Ef 3.2),

pois a “Lei e os Profetas duraram até João; desde então, é anunciado oReino de Deus” (Lc 16.16).

• Os braços da cruz se abrem representando os braços do perdãode Deus. Braços que agora estão abertos para receber a todos (cf. Rm10.21). “Vinde, então, e argüi-me, diz o Senhor; ainda que os vossospecados sejam como a escarlata, eles se tomarão brancos como a neve”

(Is 1.18).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

mmmmmmmmmmmmmmmm '  

1 . 3 . “ E s t e  e v a n g e l h o   d o  R e i n o   s e r á  p r e g a d o  e m   t o d o   o   m u n d o ”

As BOAS NOVAS são também chamadas de “o evangelho da salvação” (Ef 1.13). Jesus disse: “Ide por todo o mundo, pregai o evangelho a toda criatura” (Me 16.15), “ensinai todas as nações” (Mt 28.18,19;cf. Lc 24-47-49), como “testemunhas tanto em Jerusalém como emtoda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Com issoficou mais que provado que essa mensagem atinge a todos os homens!Todo o povo é convidado a buscar a salvação (cf. Is 55.1). Jesus mor

reu por todos (cf. 2 Co 5.14,15; Rm 5.8; 8.34; Rm 14.9). Deuspredestinou Jesus para ser o meio da salvação, e todos os que creremnEle estão, por seus méritos, beneficiados com a eterna salvação (cf.Ef 1.11; 1 Pe 1.20).

1 . 4 . Q u a l   é  o  v e r d a d e i r o   s e n t id o  d a  d o u t r in a  d a  pr e d e s t i n a ç ã o ?

A palavra “predestinação” vem do grego proorizo, e aparece seis vezesno Novo Testamento. Uma vez é traduzida por “ordenou antes” (1 Co2.7), outra por “anteriormente determinado” (At 4.28) e quatro vezespor “predestinar” (Ef 1.5,11; Rm 8.29,30). A palavra “predestinar” significa “destinar por antecipação”. Vejamos o que, segundo a Bíblia, édeterminado por antecipação.

1.4 .1 . Fo m o s   p r e d e s t i n a d o s   e m  J e s u s

Deus predestinou, por antecipação, o plano da nossa salvação, isto é,o meio pelo qual devemos ser salvos. Em Efésios 1.5, está escrito: “E nospredestinou para filhos de adoção por Jesus Cristo”, isto é, Jesus foi dadocomo o sacrifício pela expiação dos nossos pecados desde a eternidade.Assim, a Bíblia diz que Jesus foi morto desde a fundação do mundo (cf.Ap 13.8) e que Cristo, como um cordeiro imaculado e incontaminado,foi conhecido antes da fundação do mundo (1 Pe 1.20).

1.4-2. Fo m o s   p r e d e s t i n a d o s   p a r a  “f i l h o s  d e  a d o ç ã o ”

Deus “nos predestinou para filhos de adoção” (Ef 1.5). Aqui observamos a finalidade da nossa salvação por Jesus — Deus predestinou

que os pecadores fossem, por Jesus, feitos filhos de adoção. Quem ado

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S o t e r i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

ta uma criança, atribui-lhe o direito de um filho próprio, e legitima-opara desfrutar desses direitos.

A Bíblia mostra vários exemplos de adoção de filhos. O patriarca Jacó adotou os dois filhos de José — Efraim e Manassés — como seusfilhos, dando-lhes o mesmo direito que os outros possuíam (cf. Gn 48.5).A filha de Faraó adotou Moisés (cf. Êx 2.10), e Mardoqueu adotou Ester(cf. Et 2.7). Assim, Deus predestinou os que crerem em Jesus para seremadotados como seus filhos, atribuindo-lhes os direitos e a participação

na herança que pertence aos filhos. A Bíblia diz que “somos, logo, herdeiros também, herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo” (Rm 8.17).

A predestinação “para filhos de adoção” (Ef 1.5) refere-se, de acordocom Efésios 1.11,12, a nós, “os que primeiro esperamos em Cristo”. Está,dessa maneira, incontestavelmente definido que a predestinação refere-se aos que esperam em Jesus como o meio da sua salvação, conforme a

“esperança do evangelho” (Cl 1.23), os quais serão agraciados com odom gratuito da salvação (cf. Ef 2.4-9).

1.4.3. P r e d e s t i n a d o s   p a r a   r e f l e t i r  J e s u s

Deus também nos predestinou para sermos “conforme à imagem deseu Filho” (Rm 8.29). Essa palavra nos revela o alvo que devemos alcan

çar pela salvação. Deus quer que todos os que aceitam a Jesus comoSalvador sejam transformados à imagem de seu Filho, o qual é a expressa imagem de Deus (cf. Hb 1.3). Todos aqueles que crêem em Jesus experimentam, através da salvação, o revestimento do novo homem, “quese renova para o conhecimento, segundo a imagem daquele que o criou”(Cl 3.10). Assim, Jesus foi predeterminado por Deus para ser o modelo,a fim de que muitos irmãos, por meio dEle, alcancem a imagem cuja

semelhança Deus, no princípio, criou o homem (cf. Gn 1.27).

1.4.4. A LIBERDADE DE ESCOLHA DO HOMEM

Deus espera que cada homem defina sua posição quanto ao meio desalvação que Ele predestinou.

• Aquele que aceita a Jesus fica grandemente enriquecido, pois:

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

— É salvo porque aceitou a Jesus, o meio predestinado por Deus (cf.Ef 1.5) conforme o seu propósito (cf. Ef 1.11).

— É adotado por filho (cf. Ef 1.5).— A graça de Deus operará nele, para que alcance a imagem de filho

de Deus (cf. Rm 8.29,30).

• Aquele, porém, que não aceita a Jesus, está perdido (cf. Me 16.16; Jó 3.18,19), não porque não estivesse incluído na predestinação de Deus,

mas porque não aceitou o único meio de salvação que Deus oferece (cf.Mt 23.37; Jó 5.40; Mt 22.3; Lc 14-17-24; 19.44; Is 50.2).

1.4.5. P r e d e s t i n a ç ã o   v e r s u s   s a l v a ç ã o

A doutrina da predestinação sempre se refere ao meio da salvação, enunca ao destino eterno de cada pessoa.

• Existe na Bíblia uma “predestinação pessoal” que não se refereao destino eterno de ninguém, mas somente à chamada de Deus paraum serviço no seu Reino. A Bíblia firma que Paulo foi chamado des-de o ventre de sua mãe (cf. Gl 1.15,16). Assim também foi com

 Jeremias (cf. Jr 1.5), João Batista (cf. Lc 1.76), Isaías (cf. Is 49.1) e

outros. Ainda encontramos uma predeterminação a respeito de Israel, quando Deus rejeitou Esaú e escolheu Jacó (cf. Rm 9.11-14). Domesmo modo Israel, como povo, foi eleito para ser uma nação especial de Deus (cf. Rm 9.4 e 11.2-7).

• A alegação doutrinária que afirma ser a predestinação algo quedetermine a salvação para alguns e a perdição para outros, previamentedeterminados, não tem apoio na Bíblia. Pelo contrário, provoca gravescontradições:

— Essa doutrina constitui uma contradição à pessoa de Deus, porquetorce a sua imagem em relação à sua justiça (cf. Gn 18.25), pois assimEle teria predestinado pessoas à perdição antes mesmo que nascessem.Também põe em dúvida o amor ilimitado de Deus (cf. Rm 5.7,8), porque ensina ter Ele destinado pecadores ao inferno sem lhes dar direito

nem oportunidade de arrependimento. Até a veracidade de Deus é pos

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S o t e r i o l o g i a  - A D o u t r in a  d a  S a l v a ç ã o

ta em jogo, pois enquanto Deus diz: “Desejaria eu, de qualquer maneira,a morte do íirlpio? Diz o Senhor J e o v á ; não desejo, antes, que se conver

ta dos seus caminhos e viva?” (Ez 18.23) No entanto, os adeptos dadoutrina da predestinação afirmam que o próprio Deus manda algunspara a perdição, sem lhes dar a mesma oportunidade de salvação quedeu aos “predestinados” ao céu.

— Há também uma flagrante contradição entre a doutrina dapredestinação e a pessoa e a obra de Cristo, pois Jesus afirmou ter dado a

sua vida pelo mundo (cf. Jó 6.51; 3.16). Todavia, conforme essa doutrina, Ele morreu somente pelos “predestinados à salvação”. Está tambémescrito que Ele “pode também salvar perfeitamente os que por ele sechegam a Deus” (Hb 7.25). Porém, também conforme a tal doutrina,

 Jesus somente tem poder para salvar os que forem privilegiados pelapredestinação.

— A contradição atinge também a própria Palavra de Deus, que éa Verdade (cf. Jó 17.17), pois a Bíblia afirma que Deus “quer que todosos homens se salvem” (1 Tm 2.4), que todos são convidados à salvação (cf. Is 55.1; 45.22; Mt 11.28) e que “a graça de Deus se há manifestado, trazendo salvação a todos os homens” (Tt 2.11). Afirma tambémque “para com Deus, não há acepção de pessoas” (Rm 2.11) e que“todos os que nele crêem receberão perdão dos seus pecados” (At

10.43), enquanto aquela doutrina afirma que são exclusivamente ospredestinados à salvação que têm esse direito. A doutrina em apreçotambém desfaz o livre-arbítrio do homem, um dos grandes ensinamentos da Bíblia (cf. Dt 30.19; Js 24.15; 1 Rs 18.21; Sl 119.30,173; Ap22.17). Se alguém fosse predeterminado por Deus quanto ao seu destino, como poderia escolher?!

— A doutrina constitui uma dúvida para os crentes sinceros que, embora tenham recebido a certeza da salvação, ficam em dúvida quanto aserem ou não predestinados para a salvação. O apóstolo Paulo não tinhaesse problema. Ele escreveu: “Eu sei em quem tenho crido e estou certo deque é poderoso para guardar o meu depósito até àquele Dia” (2 Tm 1.12).

— Finalmente, essa doutrina é perigosa para a própria evangeli

zação. Os evangelizadores podem raciocinar que não há necessidade

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T e o l o g i a  S is t e m á t ic a

de evangelização, pois aqueles que Deus predestinou para o céu, Eleé poderoso para salvá-los sem a nossa intervenção, e para aqueles

que Ele predestinou para o inferno, não existem mais recursos: dequalquer maneira estão perdidos! Entretanto, todos são passíveis desalvação. Jesus disse: “Eu sou a porta; se alguém entrar por mim, sal-var-se-á” (Jó 10.9).

1 . 5 . J e s u s   é  o   s i n ô n i m o  d a   s a l v a ç ã o

Quando o velho Simeão tomou Jesus nos braços, disse cheio doEspírito Santo: “Agora, Senhor, podes despedir em paz o teu servo,segundo a tua palavra, pois já os meus olhos viram a tua salvação”(Lc 2.29,30). A Bíblia diz que a salvação está em Cristo Jesus (cf. 2Tm 2.10).

1.5.1. Q u a l i d a d e s   s a l v í f i c a s   d e  J e s u s

• Jesus é a propiciação (cf. 1 Jó 2.1,2). Temos, assim, na própriapessoa de Jesus a propiciação, e não apenas uma doutrina bíblica a seurespeito (cf. 1 Jó 4.10; Rm 5.11; Ef 2.16; Cl 1.22).

• Jesus é o caminho (cf. Jó 14.6).• Jesus é o fundamento (cf. 1 Co 3.11; Ef 2.20,21; 1 Pe 2.4,5; Mt

7.24).• Jesus é a vida (cf. Jó 1.4). Ele é o tronco da vida, do qual os crentes

são as varas que, pelo tronco, participam da raiz e da seiva (cf. Rm 11.17;Cl 3.3,4).

1.5.2. S a l v a ç ã o   é   a   a c e i t a ç ã o   d e  J e s u s

Para ser salvo importa somente vir a Jesus, aceitando-o como o seu

Salvador (cf. Jó 1.12,13; Cl 2.6) e recebendo a sua Palavra como umaparte dEle mesmo (cf. 1 Ts 1.6; 2.13; 1 Tm 1.15). Assim o homem seidentifica com Jesus e com a sua palavra! “Se alguém está em Cristo,nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2Co 5.17). Essa aceitação de Jesus independe de um amplo conhecimento das doutrinas da Bíblia. Aquele que sinceramente crer que Jesus é o

Filho de Deus e o aceitar, experimenta logo o contato com Cristo Vivo,

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S o t e r i o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

e é salvo e identificado com a nova vida (cf. At 8.37; 16.31). Nessecontato com Jesus o crente:

• Fica crucificado com Cristo (cf. Gl 2.20).• Está morto com Cristo (cf. Gl 2.20).• Fica sepultado com Cristo (cf. Rm 6.4).• É vivificado com Cristo (cf. Ef 2.5).• E ressuscitado com Cristo (cf. Cl 3.1).

• Fica disposto até a sofrer com Cristo (cf. Rm 8.17).• Tem a esperança de ser glorificado com Cristo (cf. Rm 8.17).

1.5.3.  J e s u s   é  o   a u t o r   d a   s a l v a ç ã o

A salvação é uma obra exclusiva de Jesus, não sendo possívelalcançá-la pelos nossos méritos. Quando o pecador abre o seu coração

e recebe a Jesus como Salvador, é unido de forma maravilhosa a Ele,entrando na rica experiência da salvação. A doutrina da salvação, queiniciamos com esse estudo, será dividida em três grandes partes, e, emcada uma delas, veremos que Jesus é o personagem central, aquEle quefaz tudo em todos:

• A experiência inicial da salvação.

• Continuação da salvação.• A preservação da salvação.

Que Deus, nesse estudo, abra os nossos olhos para que vejamos asmaravilhas da sua graça, e venhamos a obter o “conhecimento de todo obem que em vós há, por Cristo Jesus” (Fm 1.6).

2 . A S a l v a ç ã o

De todas as palavras empregadas para definir a experiência transformadora que é o encontro do homem com Deus, “salvação” é a mais

usada.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

2 . 1 . 0  QUE SIGNIFICA “ SALVAÇÃO” ?

A palavra “salvação” significa, em primeiro lugar, ser tirado de um

perigo, livrar-se, escapar. A Bíblia fala da salvação como a libertação dotremendo perigo de uma vida sem Deus (cf. At 26.18; Cl 1.13). Tradução da palavra grega soterion,  tem a significação de “tomar ao estadoperfeito”, ou “restaurar o que a queda causou”. A salvação desfaz, assim,as obras do Diabo (cf. 1 Jó 3.8).

2.2. A SALVAÇÃO É UMA EXPRESSÃO DO PODER DE ÜEUS Jesus, o autor da salvação, tem por nome “o Salvador” (cf. Lc

2.11; 2 Tm 1.10). Quando Simeão o viu no templo, disse: “Os meusolhos viram a tua salvação” (Lc 2.30). Jesus é a salvação de Deus,pois, através de sua morte na cruz, ganhou uma eterna salvação (cf.Hb 5.9), sendo-lhe dado “todo o poder no céu e na terra” (Mt 28.18).

Por isso, Jesus tem poder para perdoar (cf. Me 2.10). A todos os queo receberem, Ele lhes dá poder para serem feitos filhos de Deus (cf. Jó 1.11,12).

O Evangelho é o poder de Deus para salvação de todo aquele que crê(cf. Rm 1.16). Os homens estão sendo chamados para sua glória e virtude (cf. 2 Pe 1.3).

O poder do Espírito Santo opera para salvação dos pecadores (cf. Jó16.8,9; Ap 22.17; 1 Ts 1.5).

2.3. O RECEBIMENTO DA SALVAÇÃO

A salvação é um dom de Deus (cf. Ef 2.8; Rm 6.23) concedido por suagraça (cf. Rm 5.15). Não vem pelas obras (cf. Ef 2.8). O Espírito Santo (cf.

 Jó 16.8,9) e aPalavrade Deus (cf. Rm 10.8,14-17) operam o despertamento

no homem, fazendo a sua vontade buscar e aceitar a salvação. “Crer em Jesus” e “receber a salvação” são expressões sinônimas (cf. Jó 1.12,13). A fésalvadora se expressa pela oração a Deus em nome de Jesus. “Todo aqueleque invocar o nome do Senhor será salvo” (At 2.21). “Com a boca se fazconfissão para a salvação” (Rm 10.10). No momento em que a pessoa seentrega a Jesus, com a sua boca começa a confessar sua alegria e gratidão. A

certeza de ser salvo se manifesta (cf. Rm 10.9; Sl 51.12).

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S o t e r i o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

2.4. As BÊNÇÃOS QUE ACOMPANHAM A SALVAÇÃO

Muitas coisas acontecem na vida do homem que recebe a Jesus comoseu Salvador. Vejamos:

• Ele é salvo dos seus pecados (cf. Mt 1.21; Lc 7.50), que lhe sãoperdoados (cf. Lc 7.48; Tg 5.20). A salvação também livra da culpa (cf.Ef 1.7; Cl 1.14) e do poder do pecado (cf. Rm 7.17,20,23,25).

• Ele é salvo do juízo (cf. 1 Tm 5.24; Rm 8.1), da ira de Deus (cf. Rm

5.9) e da morte eterna (cf. Tg 5.20; Ap 20.6).• Ele entra em comunhão com Deus (cf. Ef 2.13,18; Lc 1.74,75),

recebe entrada na sua graça (cf. Rm 5.2) e torna-se cidadão do céu (cf.Ef 2.19).

• Ele é salvo desta geração perversa (cf. At 2.40), isto é, recebeuuma nova posição em relação ao mundo (cf. Fp 2.15).

• Ele é salvo do poder de Satanás (cf. At 26.18; Cl 1.13,14,15; Hb2.14).

• Por ser salvo, ele tem no coração um lugar para o Espírito Santoagir em sua vida (cf. Ef 1.13; 2.16-18).

• A salvação lhe dá viva esperança (cf. 1 Pe 1.3) e direito à glóriaeterna (cf. 2 Tm 2.10; 4.18), e, assim, é salvo da ira de Deus (cf. 1 Ts

1.10; 5.9; 2 Pe 2.9).

2.5.  A SALVAÇÃO ABRANGE A NOSSA VIDA EM TODOS OS SEUS ASPECTOS

“Se alguém está em Cristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo” (2 Co 5.17). A salvação provoca umatransformação total em nossa vida e em nossas relações com Deus, dando-nos uma nova posição no mundo, perante o Inimigo. As experiênciasrecebidas pela salvação se expressam por diferentes nomes, em cada um dosquais se vê um aspecto diferente dessa transformação por que passa o salvo.Vejamos esses nomes:

• Arrependimento, expressa a mudança em nossa consciência, fazendo-nos sentir remorso e tristeza pela vida sem Deus.

• Conversão, expressa a nova atitude para com o mundo.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

• Regeneração, exprime a nossa entrada na nova vida espiritual.• Justificação, significa a nossa nova posição diante da Lei de

Deus.

Todos esses nomes representam uma só e a mesma experiência dasalvação. A diferença entre eles está em que cada nome representa umdetalhe diferente da transformação operada por Deus.

3 . A C e r t e z a   d a   S a l v a ç ã o

Eis a questão: “É possível a um homem, aqui na terra, obter certezada sua salvação?” As respostas são muitas e diferentes. Alguns afirmamque isso não é possível, pois o homem é fraco e jamais se libertará doseu pecado. Outros declaram ser evidência de extremo orgulho alguémdizer que é salvo! Outros mais, ainda, dizem que isso é coisa que só nocéu se saberá, isto é, se lá chegar ou não! A Bíblia, porém, define comexatidão esse assunto, coisa que iremos estudar agora.

3.1. A SALVAÇÃO É PARA TODOS

A Bíblia declara que é possível a qualquer pessoa, aqui na terra, alcançar certeza da sua salvação. Vejamos alguns procedimentos autorizados:

• Jesus afirma que se pode receber essa certeza! Ele disse a Zaqueu:“Hoje, veio a salvação a esta casa” (Lc 19.9); à mulher pecadora afirmou: “A tua fé te salvou; vai-te em paz” (Lc 7.50), e ao malfeitor que se

converteu na cruz: “Hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23.43).• Paulo experimentou essa certeza! Ele disse: “Eu sei em quem

tenho crido e estou certo de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele dia” (2 Tm 1.12). Também afirmou: “O mesmoEspírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (cf.Rm 8.16).

• Pedro também declara que é possível receber essa certeza. Diz o

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S o t e r i o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

apóstolo: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo,que, segundo a sua grande misericórdia, nos gerou de novo” (1 Pe1.3), e também: “A este dão testemunho todos os profetas, de quetodos os que nele crêem receberão o perdão dos pecados pelo seunome” (At 10.43).

• João testifica que é possível obter a certeza: “Amados, agora somosfilhos de Deus” (1 Jó 3.2); “Nós sabemos que passamos da morte para avida” (1 Jó 3.14), e ainda: “Estas coisas vos escrevi, para que saibais quetendes a vida eterna” (1 Jó 5.13).

3 . 2 . Q u a l  é  o   s e g r e d o  d a  m a n i f e s t a ç ã o  d a   c e r t e z a   d a   s a l v a ç ã o ?

3.2.1. A c e r t e z a   n o   í n t i m o   d o   c o r a ç ã o

O próprio Deus encarrega-se de conceder a certeza àqueles que,confiando nEle, aceitam o seu convite. Toda a Trindade está diretamente envolvida na chamada do pecador: Deus (cf. Is 1.18), Jesus (cf.Mt 11.28) e o Espírito Santo (cf. Ap 22.17) dizem “VEM!” Quando opecador vem a Jesus, é recebido (cf. Jó 6.37). Deus, então, como confirmação, envia o seu Espírito ao coração do penitente que começa aclamar: “Aba, Pai” (cf. Gl 4.6), testificando com o nosso espírito quesomos filhos de Deus (cf. Rm 8.16). Assim, a certeza da salvação nasce

dentro do coração!A própria experiência da salvação é tão marcante e revolucioná

ria que, por si própria, gera uma certeza absoluta. Vejamos algumasexpressões que salientam o que significa ser salvo: “Para lhes abriresos olhos e das trevas os converteres à luz e do poder de Satanás aDeus” (At 26.18), e: “Ele nos tirou da potestade das trevas e nos

transportou para o Reino do Filho do seu amor” (Cl 1.13). É impossível ter uma experiência emocionante e penetrante sem que ela deixe em nós uma certeza absoluta de que a experimentamos. Após aexperiência, poderemos dizer, como o moço que Jesus curou de cegueira: “Uma coisa sei, e é que, havendo eu sido cego, agora vejo”(Jó 9.25). Ninguém podia duvidar de que ele tivesse certeza do quelhe acontecera.

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

3.3 . De q u e   m a n e ir a   s e   m a n i f e s t a   a   c e r t e z a   d a   s a l v a ç ã o ?

Existem várias evidências reais da salvação recebida. Podemos falarde evidências internas e externas; porém, todas são aspectos que provam sermos filhos de Deus.

3.3.1. As e v id ê n c ia s in t e r n a s d a s a l v a ç ã o

O testemunho do Espírito em nós evidencia o recebimento da salvação! Já observamos que Deus envia o seu Espírito para testificar na

alma daquele que se converteu (cf. Gl 4.6). Quando Deus escreve nosso nome no Livro da Vida (cf. Lc 10.20), Ele nos manda “o protocolo”pelo testemunho do Espírito Santo (cf. Rm 8.16; 1 Jó 3.24; 4.13).Devemos tomar cuidado para que esse testemunho em nós jamais silencie (cf. Ef 4.30).

O testemunho das Escrituras proporciona uma certeza maravilhosa

em nossos corações. Recebemos o Espírito Santo pela salvação (cf. Rm8.9,16; 1 Jó 3.24) que inspirou a Palavra de Deus (cf. 2 Pe 1.21; 2 Tm3.16). Quando lemos a Bíblia, o Espírito Santo vivifica a Palavra, aplicando-a à nossa experiência, gerando a certeza: “...vos escrevi, para quesaibais que tendes a vida eterna” (cf. 1 Jó 5.13). Através da Palavratomamos conhecimento da verdade, e essa mesma verdade nos liberta,

dando-nos certeza (cf. Jó 8.32).A própria experiência da salvação traz também uma evidência interna: o fato de entrarmos em uma comunhão íntima com Deus (cf.1 Jó 1.3; Ef 2.13; 1 Co 1.9). Por meio dessa comunhão, chegamos àpresença do Senhor, onde há abundância de alegria e delícias perpetuamente (cf. SI 16.11). Essa sensação palpável da presença do Senhor,a paz e a tranqüilidade recebidas, são evidências convincentes de quesomos filhos de Deus.

A extinção do medo da morte e da eternidade, que a salvação proporciona, é uma evidência palpável da salvação. Por que a experiênciada salvação faz cessar o medo da morte?

• Porque para os salvos não existe mais condenação (cf. Rm 8.1;

 Jó 5.24).

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S o t e r i o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

• Porque a morte constitui a porta pela qual chegamos à presença de Jesus (cf. F£ 1.21-23; 2 Co 5.8).

• Porque, pela salvação, o crente recebe uma viva esperança (cf.1 Pe 1.3). Ele é cidadão do céu (cf. Ef 2.19; Hb 12.22,23) e tudo queconcerne às coisas do céu faz vibrar o seu coração de gozo (cf. Rm15.13; 12.12).

3.3.2. As EVIDÊNCIAS EXTERNAS DA SALVAÇÃO

Evidências externas são as que acompanham cada vida transformada. Elas podem ser vistas pelos que “estão de fora” (cf. Cl 4.5; 1 Co 5.12;1 Ts 4.12; 1 Tm 3.7). Quando Saulo se converteu, o povo falava: “Aqueleque já nos perseguiu anuncia, agora, a fé que, antes, destruía” (Gl1.23,24). As evidências externas também são chamadas “frutos do arrependimento” (cf. Mt 3.8). São indispensáveis, pois a Bíblia diz: “Por

seus frutos os conhecereis” (cf. Mt 7.16). Ou seja, aquele que não possuios frutos do arrependimento demonstra que ainda não se arrependeu.Quais são as evidências externas?

• O crente salvo tem uma nova maneira de viver, porque a Bíbliadiz: “Tudo se fez novo” (2 Co 5.17). Ele agora procede com justiça (cf.1 Jó 2.29) e não vive mais dissolutamente (cf. 1 Pe 4.2,3). O crentepode errar, mas não pode viver no erro. A Bíblia diz: “Qualquer quepermanece nele não peca” (1 Jó 3.6), e o “que é nascido de Deus nãocomete pecado” (1 Jó 3.9). Trata-se de uma ação contínua! Se o crente errar, não pode permanecer no erro. Tem que deixar a falha, receberperdão e vencer o mal. Se assim não o fizer, o pecado se assenhoreialevando-o à perda da salvação.

• O que é nascido de Deus guarda a Palavra do Senhor (cf. 1 Jó 2.3-5), pois ela está escrita no seu coração (cf. Hb 8.10). O amor de Deus seexpressa no guardar a sua Palavra (cf. Jó 14.15,21,23).

• O que nasce de novo ama seus irmãos (cf. 1 Jó 3.14; 2.10; 4.7;5.1). Essa evidência é tão séria que a Bíblia afirma: “Aquele quenão ama não conhece a Deus” (1 Jó 4.8) e está em trevas (cf. 1 Jó

2.9,11; 3.15).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

• Outra evidência importante no crente é que ele confessa o nomedo Senhor (cf. 1 Jó 4.15; 2.23). Isso acontece porque o Espírito Santoestá nele e testifica de Jesus no seu coração (cf. 1 Jó 2.20-24). Por isso, ocrente sente prazer e fica impulsionado a confessar o nome do Senhor(cf. Mt 10.32; 1 Jó 4.2).

4 . 0 A r r e p e n d i m e n t o

O arrependimento expressa uma grande transformação no interiordo homem, gerando nele remorso e tristeza pelo mal que praticou, le-vando-o a pedir perdão a Deus e implorando força para viver uma novavida. Arrependimento e conversão constituem uma só experiência, porém exprimem dois lados dela (cf. At 3.19).

4.1 .  A r r e p e n d i m e n t o : t e m a  d a  p r e g a ç ã o  n o  in í c i o  d o  C r i s t i a n i s m o

 João Batista pregou o arrependimento (cf. Mt 3.2). Jesus pregou arrependimento. Os apóstolos pregaram arrependimento (cf. At 2.38), e“Deus anuncia agora a todos os homens, em todo lugar, que se arrependam” (cf. At 17.30).

4 .2 . O ARREPENDIMENTO SURGE COMO RESULTADO DE UM DESPERTAMENTO

4.2.1. A r r e p e n d i m e n t o  — o p e r a d o  pe l o  E s pí r i t o

O Espírito Santo opera o arrependimento, aplicando-o à obra deCristo na vida do homem, convencendo-o do pecado, da justiça de Cristoe do juízo vindouro (cf. Jó 16.8,9). O arrependimento também resultada pregação da Palavra de Deus (cf. Mt 12.41). Quando Deus manifesta-se aos homens, estes sentem-se humilhados, quebrantados e prontosa se arrependerem (cf. Jó 42.5,6).

4.2.2. A r r e p e n d i m e n t o  — a  c o n t r i ç ã o   q u e  s a l v a

O arrependimento opera uma verdadeira reviravolta na vida dohomem. Aquele cuja mente, sentido e vontade estavam totalmente

voltados para o mundo e para o pecado (cf. 2 Co 3.14; Ef 4-17; 1 Tm

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S o t e r i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

6.10), de repente volta-se para Deus. Essa mudança é total, pois abrangetudo em siia vida.

• O seu entendimento, antes obscurecido, sente o mal que praticoue compreende que Deus é o único caminho (cf. 2 Co 4.4). A sua consciência desperta e lembra-lhe o mal que praticou no passado.

• No seu sentimento há agora remorso e tristeza. O arrependimento

traz ao homem uma contrição (cf. 2 Co 7.9), gerando nele uma mudança de atitude. Assim foi com o filho cujo pai solicitou-lhe que fossetrabalhar na sua vinha. Primeiro ele não quis; mas depois, arrependendo-se, foi (cf. Mt 21.28,29).

• Também a vontade fica dominada pelo poder do arrependimento.Ela se volta para Deus, desejando cumprir a sua vontade (cf. 1 Pe 4.2;

Rm 6.17).

4.2.3. A r r e p e n d i m e n t o  — c a n a l   a b e r t o   p a r a   a   g r a ç a

O arrependimento abre agora a porta para a manifestação da féno coração do homem (cf. Rm 10.9): “Arrependei-vos e crede noevangelho” (Me 1.15). A fé não é algo que vem do homem, mas éoperada por Jesus — autor e consumador da fé — , pela Palavra deDeus (cf. Rm 10.17) e pelo Espírito Santo. E indispensável que a fégermine no coração do homem, pois sem fé é impossível agradar aDeus (cf. Hb 11.6). E necessário que aquele que se aproxima de Deuscreia que Ele realmente existe (cf. Hb 11.6). Deus, embora invisívele desconhecido do homem, torna-se real e presente quando a fé éimplantada no coração do penitente. A fé é a prova das coisas que

não se vêem (cf. Hb 11.1)

4.2.4. A r r e p e n d i m e n t o  — o m i l a g r e   d a   f é

Pela fé, o homem arrependido tem um encontro com Deus, encontro que procura um milagre. O penitente é recebido por Deus, que orestaura perdoando-lhe os pecados pelos méritos de Jesus. É realmente

um grande milagre!

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

4 .3 . O QUE ACONTECE NO ENCONTRO ENTRE ÜEUS E O ARREPENDIDO?

4.3.1. A r r e p e n d i m e n t o   é   a   b a s e   d a   r e m i s s ã o   d o s   p e c a d o s   ( c f .

Lc 24.47; A t  5.31)Deus sempre quer perdoar os que confessam os seus pecados e os dei

xam (cf. Pv 28.13; 1 Jó 1.9). Pelo arrependimento, o homem desamarra-se dos seus pecados e dos laços do Diabo (cf. 2 Tm 2.25,26). A Bíbliadiz: “Tu perdoaste a maldade do meu pecado” (Sl 32.5). Os pecados sãoapagados pelo arrependimento (cf. At 3.19).

4.3.2.  A r r e p e n d i m e n t o   p a r a  a   v i d a   ( c f . At 11.18)O arrependimento leva o homem ao encontro com Jesus, aquEle que

é a vida (cf. Jó 14.6). “Quem tem o Filho tem a vida “ (cf. 1 Jó 5.12). Ocrente pode dizer: Cristo é a minha vida (cf. Cl 3.4).

4.3.3.  Ar r e p e n d i m e n t o

 p a r a

 a

 s a l v a ç ã o

  (c f

. 2 Co 7.10)Quando o homem volta-se para Deus, transforma-se pelo poder divino. Tudo é agora novo (cf. 2 Co 5.17). O arrependido passa a buscar ascoisas que são de cima (cf. Cl 3.1-3), aborrecendo o pecado e amando a justiça, sendo ungido por Deus com o óleo da alegria (cf. Hb 1.9).

4 4 . A r r e pe n d i m e n t o   i n c o m pl e t o   n ã o   t r a z   o   r e s u l t a d o   d e s e j a d o

Na Bíblia encontramos vários exemplos de pessoas que, apesar dearrependidas, não alcançaram resultado espiritual, pois o seu arrependimento foi incompleto. Vejamos alguns exemplos:

• Faraó arrependeu-se, porém não deixou o mal (cf. Êx 10.16,17);por isso, não alcançou perdão e sucumbiu.

• Caim arrependeu-se, porém não pediu perdão (cf. Gn 4.13,14);por isso, andou fugitivo.

• Esaú chegou tarde demais, não achando lugar para arrependimento, embora o tenha buscado com lágrimas (cf. Hb 12.17).

• Judas arrependeu-se e até devolveu o prêmio do seu pecado, mas,em lugar de dirigir-se a Jesus, confessou-se aos sacerdotes, enforcando-se

depois (cf. Mt 27.3-5).

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S o t e r i o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

• O fariseu no templo compareceu diante de Deus; porém, não enxergou nem pressentiu pecado em si mesmo. Voltou para casa assim como

veio — sem perdão (cf. Lc 18.11-14).

4.5. Os FRUTOS DO ARREPENDIMENTO (CF. M t 3.8; A t 26.20)• Rompimento total com o pecado (cf. Lc 3.10-14).• Alegria e comunhão com Deus (cf. Lc 15.7-10, 22,25).• Constitui plataforma para o recebimento das bênçãos do Espírito

Santo (cf. At 3.19; 2.38). Aleluia!

4 . 6 . “ A r r e pe n d e t e ! ”

Foi esse o conselho que Jesus deu aos crentes cujas vidas achou emfalta quando escreveu às igrejas da Ásia Menor (cf. Ap 1.11-13). Os deEfeso haviam deixado o seu primeiro amor (cf. Ap 2.4,5); os de Pérgamo

haviam se misturado com o mundo (cf. Ap 2.14-16); os de Tiatira haviamaberto a porta para o fanatismo (cf. Ap 2.20-22); os de Sardes estavamameaçados de morte espiritual (cf. Ap 3.1-3), e os de Laodicéia sofriam demomidão (cf. Ap 3.15-19). A admoestação, porém, foi uma só: “Arrepende-te!” Isso significa que cada um deveria reconhecer, com tristeza, omal apontado por Jesus e o descuido que tiveram. A mesma admoestaçãoo apóstolo Pedro fez quando Simão, um novo convertido em Samaria que

antes era mágico, estava sendo tentado a comprar o poder de Deus pordinheiro (cf. At 8.18-24). Todo aquele que se arrepende alcança misericórdia. Os que não se arrependerem encontrarão as suas faltas naquele diaem que serão julgados conforme as suas obras (cf. Lc 13.3-5; 19.42-44; Mt23.36-38). Deus, portanto, “anuncia agora a todos os homens, em todolugar, que se arrependam, porquanto tem determinado um dia em que

com justiça há de julgar o mundo” (At 17.30,31).

5 . A C o n v e r s ã o

A conversão e o arrependimento andam juntos (cf. At 3.19 e 26.20).

Enquanto o arrependimento se refere à mudança total do sentimento

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T e o l o g i a  S is t e m á t ic a

do homem e à sua nova atitude para com Deus, a conversão expressa anova posição para com o mundo, e representa, nesse sentido, uma mu

dança da situação: o homem que vinha andando no caminho largo paraa perdição, muda repentinamente a direção e passa a andar no caminhoestreito para o céu (cf. Mt 7.13,14; Lc 13.24,25).

5.1. A CONVERSÃO É A PORTA PARA O REINO DE DEUS

A Bíblia diz: “Se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças,

de modo algum entrareis no Reino dos céus” (Mt 18.3). Jesus disse queaqueles que não entram pela porta são ladrões (cf. Jó 10.7-9). A conversãoé indispensável, pois ninguém pode servir a dois senhores (cf. Mt 6.24).

5.2. As QUATRO FASES DA CONVERSÃO

E Deus quem opera a conversão (cf. Lm 5.21; Jr 31.18), mas semprede acordo com a vontade do homem. Estudando a doutrina da conversão, usaremos como modelo a parábola do “filho pródigo”, utilizada por

 Jesus no seu ensino (cf. Lc 15.11-24).

5.2.1. A PRIMEIRA FASE

Despertado pelas tristes e cruéis circunstâncias da terra estranha, o filhopródigo começou a refletir sobre a sua própria situação. Lembrou-se de que

na casa de seu pai tudo era bom e sentiu vivamente a miséria em que vivia(cf. Lc 15.14-17). Foi nessa reflexão que começou a sua conversão. E assimque o Espírito Santo opera quando desperta o homem a refletir e considerara sua situação. A Palavra de Deus também faz o homem reconsiderar os seusatos (cf. Ez 18.27). Por ela, ele começa a pensar, a esquadrinhar (cf. Lm3.40), a considerar (cf. SI 119.59) o seu caminho e os seus atos maus (cf. SI

64-9). Os seus olhos começam a ver coisas que antes não viam. No mundonão tem mais prazer; sente um vazio — é Deus que o chama.

5.2.2. A SEGUNDA FASE

Enquanto o filho pródigo refletia sobre a sua situação em terra estranha,surgiram-lhe pensamentos sobre a necessidade de tomar a seu pai, à casa

patema. Ele começou a meditar sobre as vantagens que teria, caso voltasse.

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S o t e r i o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

No seu pensamento via-se voltando ao pai e pedindo-lhe perdão (cf. Lc15.18). E essa a obra do Espírito Santo para a conversão do pecador. Os seus

pensamentos, que no início estavam só para a miséria em que vivia, começam a elevar-se às coisas de Deus; ele medita na Palavra e nas coisas que decima tem ouvido. Depois de ter esquadrinhado os seus caminhos, um desejocomeça a formar-se nele: “Voltemos para o Senhor” (Lm 3.40).

5.2.3. A TERCEIRA FASE

Essa fase representa a própria decisão. Depois de meditar tanto sobrea sua miséria como sobre a sua necessidade de voltar, o filho pródigoresolveu: “E, levantando-se, foi para seu pai” (Lc 15.20). Agora vira ascostas para a terra estranha, para a sua miséria, e olha o caminho emdireção à casa do pai. Isso que é a conversão! Essa é a decisão a que cadapecador deve chegar. Os pensamentos que durante o tempo do despertamento o dominavam devem, agora, transformar-se em ação! Ação é adecisão que leva à conversão. Isso é possível quando o pecador expressao seu desejo em uma oração a Deus, no nome de Jesus (cf. At 2.21).Então Deus lhe dá o poder para deixar o mundo e voltar para Ele.

5.2.4. A QUARTA FASE

O filho pródigo, ao retomar da terra estranha, encontrou o que é

essencial na conversão: o pai que correu ao seu encontro para perdoá-lo,abraçá-lo, restaurá-lo (cf. Lc 15.20-24). Tudo voltou à normalidade! Essaé a experiência de todos os que se convertem a Deus. Diz a Palavra:“Chegai-vos a Deus, e ele se chegará a vós” (Tg 4.8). E, quando Deuschega, “todas as coisas são possíveis” (Me 10.27). Vejamos o que acontece no encontro do convertido com Deus:

• Todos os seus pecados são perdoados (cf. Me 4.12).• Jesus cura as feridas da alma causadas pelo pecado (cf. Mt 13.15).• Recebe um novo coração (cf. Ez 18.30,31).• O véu que impedia a visão espiritual é tirado (cf. 2 Co 3.16); a

Bíblia diz: “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a

Deus” (Mt 5.8).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

5.3. Os RESULTADOS DA CONVERSÃO

Um novo testemunho (cf. Gl 1.22-24; Mt 5.16; 1 Pe 4.1-4). Novas

bênçãos (cf. At 3.19): os tempos do refrigério chegaram. Tudo aquiloque antes impedia as bênçãos foi tirado pela conversão. Uma nova incumbência: “Quando te converteres, confirma teus irmãos” (Lc 22.32).Um novo alvo: o céu! Os convertidos poderão entrar no Reino de Deus(cf. Mt 18.3; Lc 23.43).

6 . A R e g e n e r a ç ã o

A regeneração expressa a experiência do recebimento da nova vida,da vida eterna. Isso acontece quando o homem se encontra com Deusna busca da salvação. Esse é um assunto profundo que contém ensinos

substanciais.

6.1. O QUE SIGNIFICA A REGENERAÇÃO?

6.1.1. D e f in i ç ã o

Regeneração ou novo nascimento significa o ato sobrenatural em

que o homem é gerado por Deus (cf. 1 Jó 5.18) para ser seu filho (cf. Jó1.12) e participante da natureza divina (cf. 2 Pe 1.4).

6.1.2. É A ENTRADA NO ReINO

O novo nascimento significa a entrada do homem no Reino de Deus(cf. Jó 3.3). Ninguém pode ser contado como cidadão antes de nascer.Do mesmo modo, ninguém pode pertencer ao Reino de Deus antes de

nascer de novo. A Bíblia diz: “O Senhor, ao fazer descrição dos povos,dirá: Este é nascido ali” (Sl 87.6). São os nascidos de novo que são inscritos no Livro da Vida (cf. Lc 10.20).

6.1.3. É UM MILAGRE

Nenhum homem pode, através de suas faculdades mentais (cf. 1 Co

2.14), compreender o novo nascimento. Até Nicodemos, um príncipe

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S o t e r i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

(cf. Jó 3.1) e mestre em Israel (cf. Jó 3.10), não entendeu a significaçãodessa afirmativa. Por isso perguntou a Jesus: “Porventura, pode tomar a

entrar no ventre de sua mãe e nascer?” (Jó 3.4)E por meio de um milagre que o homem passa de um estado inferior,

o terreno, para um estado superior, o celestial! Foi por meio de um milagre (cf. Lc 1.31-35) que Jesus, no seu estado superior no céu, aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de homem (cf. Fp 2.6-8), um estadoinferior, pois foi feito “um pouco menor do que os anjos” (Hb 2.9). E um

verdadeiro milagre quando o homem, pela regeneração, passa de pecador miserável e condenável para cidadão do Reino de Deus, por ter sidotomado uma nova criatura (cf. 2 Co 5.17) que se assentará nos lugarescelestiais em Cristo (cf. Ef 2.6).

O novo nascimento é um milagre porque se trata da vivificação deum homem morto no pecado (cf. Ef 2.1-4; Cl 2.13; 1 Tm 5.6) e separadode Deus pela ignorância e pela dureza de coração (cf. Ef 4.19), que agora, regenerado, ressuscita juntamente com Cristo para uma nova vida(cf. Ef 2.5,6).

Esta experiência aparece na Bíblia sob diferentes nomes:

• Nascer de novo (cf. Jó 3.3).• Nascer da água e do Espírito (cf. Jó 3.6).

• Criado em Jesus Cristo (cf. Ef 4.24; Cl 3.10). “Se alguém está emCristo, nova criatura é: as coisas velhas já passaram; eis que tudo se feznovo” (2 Co 5.17).

• Sendo de novo gerados (cf. 1 Pe 1.3).• Nascido de Deus (cf. 1 Jó 3.9; 5.18; 4.7); “de Deus é gerado” (1 Jó

5.18); “dele nascido” (1 Jó 2.29).

6 . 2 . C o m o   s e  p r o c e s s a   a   r e g e n e r a ç ã o   d o   h o m e m ?

6 . 2 . 1 . P e l o   b a t i s m o ?

O novo nascimento não é realizado pelo batismo nas águas. Quando Jesus falou de nascer da água e do Espírito (cf. Jó 3.5), referiu-se ao

batismo nas águas, mas usou a palavra “água” como uma figura da opera

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

ção de Deus pela sua Palavra. Veja a expressão em Efésios 5.25,26: “Pelalavagem da água, pela palavra”. Compare com Tito 3.5: “Pela lavagem

da regeneração [é a Palavra de Deus que regenera, cf. 1 Pe 1.23] e darenovação do Espírito Santo”. Quando Pedro fala em sua Primeira Epístola (3.21), diz: “Como uma verdadeira figura, agora vos salva, batismo,não do despojamento da imundícia da carne, mas da indagação de umaboa consciência para com Deus”. Aqui se vê que o batismo é apresentado como uma verdadeira figura, mas o que opera a salvação é a consci

ência que clama a Deus. Na Bíblia observamos que só foram batizadosaqueles que já eram regenerados.

6 . 2 . 2 . P e l a   v o n t a d e   h u m a n a ?

O novo nascimento também não é operado pela “vontade do homem” (cf. Jó 1.13). Aqui se vê que são inúteis todos os esforços, idéias e

sistemas que os homens possam inventar para a sua própria salvação.Existem doutrinas que ensinam autocontrole, meditação e esforços mentais para alcançar um estado superior. Porém nada disso tem valor parafazer o homem nascer de novo. Jesus disse: “nem da vontade da carne,nem da vontade do varão, mas de Deus” (Jó 1.13).

6 . 2 . 3 . S o m e n t e   p e l a   v o n t a d e   d e   D e u s

O novo nascimento é operado pela vontade de Deus (cf. Jó 1.13).E Deus quem realiza a obra, conforme a sua vontade, e isso pelo poderdo Espírito Santo. Toda a Trindade opera na realização do novo nascimento:

• O Espírito Santo é o agente que leva o homem ao novo nascimen

to. Ele faz isso convencendo o homem do pecado, da justiça e do juízo(cf. Jó 16.8,9). Abre-lhe a mente e o entendimento para compreender avontade de Deus (cf. 2 Co 4.6; 1 Tm 2.4), despertando-lhe o desejo deser salvo.

• O Espírito Santo usa como instrumento a Palavra de Deus, a qualvivifíca (cf. Jó 6.63). A Palavra em si tem poder regenerador (cf. 1 Pe

1.23,25; Tg 1.18), pois ela é a palavra da cruz (cf. 1 Co 2.1-5). Por isso,

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S o t e r i o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

a pregação dó Evangelho tem uma grande significação. Paulo disse: “Eu,pelo evangelho, vos gerei em Jesus Cristo!” (1 Co 4.15)

• O Espírito Santo leva o homem à decisão de receber a Jesus, que,pela sua morte e ressurreição (cf. 1 Pe 1.3), ganhou salvação para todos.Quando o homem recebe a Jesus lhe é dado o poder de ser feito filho deDeus (cf. Jó 1.12). O receber a Jesus e a fé são sinônimos (cf. Jó 1.12,13).Quando Jesus quis explicar como essa fé regeneradora se expressa no homem, usou como figura o levantamento da serpente de metal no deserto,

por Moisés (cf. Nrn 21.9; Jó 3.14,15). O ato de alguém olhar para a serpente produzia-lhe cura da mordedura venenosa. Esse olhar correspondeà fé salvadora que leva o homem a aceitar a Jesus como seu Salvador. Pelafé ele recebe o poder que vence o veneno do pecado e traz nova vida parao salvo. O milagre acontece! Os homens nascem de novo! Aleluia!

6 . 3 . Q u e  a c o n t e c e  n a  v i d a  d o  h o m e m  q u a n d o   é   r e g e n e r a d o ? Já observamos que recebemos, pela regeneração, uma nova vida. Ve

 jamos de que maneira essa vida se manifesta e como reage:

6.3.1. P e l o  n o v o  n a s c i m e n t o

Essa nova natureza é Cristo em nós (cf. Cl 3.4). Qualquer que é de

novo gerado, é gerado de “uma herança incorruptível” (1 Pe 1.23), “a suasemente [de Deus] permanece nele” (1 Jó 3.9). O crente nasceu de novopela semente divina e, por isso, é participante da divina natureza (cf. 2 Pe1.4), e também participa da santidade de Deus (cf. Hb 12.10). Cumpre-seo milagre que Ezequiel predisse: “E vos darei um coração novo e poreidentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carnee vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu espírito efarei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis”(Ez 36.26,27). Quando a vara é enxertada na árvore, ela se toma participante, não só da raiz e da seiva (cf. Rm 11.17), mas também da naturezada árvore, o que se verifica na qualidade do fruto que essa vara agoraproduz (cf. Jó 15.1-5). Assim também acontece com aqueles em cujasvidas, pelo novo nascimento, operou a influência divina. Essa influência

os impulsiona a andar nos caminhos do Senhor: “Ou dizeis que a árvore é

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

boa e o seu fruto, bom, ou dizeis que a árvore é má e o seu fruto, mau” (Mt12.33-35). Que milagre! Que maravilha é o novo nascimento! Por meio

dessa operação da graça divina, Deus restaura a imagem da sua semelhança moral no homem, pois para isso o criou (Gn 1.26,27).

6.3.2. A NOVA VIDA EXECUTA UM DOMÍNIO TRANSFORMADOR SOBRE O

HOMEM

Ele, antes, estava escravizado pela própria carne. Agora, pelo novo

nascimento, tomou-se um filho de Deus (cf. Jó 1.12), um ser livre, umsúdito do Reino de Deus (cf. Jó 3.5; Ef 2.19). Tudo aconteceu porque oEspírito Santo agora habita nele (cf. 1 Co 3.16; 6.19; Rm 8.9), e exercedomínio sobre ele de modo total, o que deu origem à transformação dasua personalidade. O homem recebe, pois, pela regeneração, tanto umanova direção sobre sua vida, como poder de Deus para seguir essa direção. O homem regenerado sente que, agora:

• Seu pensamento mudou; ele pensa diferentemente, de conformidade com a vontade de Deus (cf. Cl 3.10; Fp 4.7).

• Seu entendimento se abriu para as coisas de Deus, pois antes nãoas entendia (cf. 1 Co 2.15; 2 Co 4.6) e Deus o renova para o conhecimento (cf. Cl 3.10).

• O seu sentimento registra o gozo pela presença de Deus (cf. SI16.11); agora ele ama a Deus (cf. 1 Jó 4.19) e aos irmãos (cf. 1 Jó 3.14).

• A sua vontade, que antes era escravizada pela came (cf. Ef 2.2,3; Is53.6), conforma-se com a vontade de Deus (cf. Mt 6.10; 1 Pe 1.22; 4.2;At 13.22).

• A sua consciência, agora purificada (cf. Hb 9.14), toma-se sensível à direção de Deus (cf. Rm 2.15).

• Não está mais debaixo da came, mas do Espírito (cf. Rm 8.9). Asua came, a sua velha natureza, não foi aniquilada, pois ele a possuiainda, porém ela está dominada pela nova natureza e foi entregue àmorte (cf. Gl 5.16,17; Rm 8.12,13), a cruz (cf. Gl 2.20).

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S o t e r i o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

i

6.3.3. O NOVO NASCIMENTO PROPORCIONA UMA LAVAGEM DE REGENERA-

ÇÃO ( c f . T t 3.5)

Onde o pecado abundou e manchou a vida do homem, agora transborda a graça manifestada pela regeneração. Há uma lavagem completa,que toma o homem, diante de Deus, “alvo mais do que a neve” (cf. Sl51.7; Is 1.18) e sem mácula (cf. Ef 5.25-27). “Oh! Que precioso sangue,sangue de Jesus!”

6.3.4. O NOVO NASCIMENTO PROPORCIONA UMA ÍNTIMA COMUNHÃO COM

 J e s u s

“Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é avitória que vence o mundo: a nossa fé. Quem é que vence o mundo,senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” (1 Jó 5.4,5) O quenasceu de novo vive e se move em Jesus (cf. At 17.28). Jesus disse:“Estai em mim, e eu, em vós” (Jó 15.4). Por Jesus estar em nós, “o ho

mem velho”, a nossa natureza caída que antes atendia às tentações domundo (cf. Ef 2.2,3), agora está crucificado (cf. Rm 6.8) e despido (cf.Ef 4.22), e assim ficamos livres da lei da morte (cf. Rm 8.2). Cristo estáem nós; é a nossa força (cf. Fp 4.13). Por isso, aquele que é nascido deDeus vence o mundo. Essa transformação interna que a regeneração nosoferece, por Cristo viver em nós, também opera uma transformação ra

dical na nossa vida exterior — não mais nos conformamos com o mundo (cf. Rm 12.2). A Bíblia diz: “Qualquer que é nascido de Deus nãocomete pecado” (1 Jó 3.9). Isso significa que não mais podemos viverem pecado, isto é, continuamente pecando. Se surgir algum problema,se chegarmos a pecar, nossa nova natureza imediatamente nos impulsiona a buscar perdão, restauração, renovação da íntima comunhão com

Deus, que, pelo pecado, ficara interrompida (cf. 1 Jó 2.1,2). Assim poderemos continuar vencendo o mundo. Aleluia!

6.3.5. O NOVO NASCIMENTO PROPORCIONA COMUNHÃO AOS QUE NASCE

RAM DE NOVO (1 JÓ 5.1)O crente agora ama seus irmãos (cf. 1 Jó 3.14; 4.7). Essa é a base da

comunhão que os crentes gozam andando na luz (cf. 1 Jó 1.7). Se não tem

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

amor é porque perdeu o seu “documento”, a sua identidade como crente(cf. 1 Jó 2.11). Aquele que nasceu de novo é herdeiro de Deus e co-her-

deiro de Cristo (cf. Rm 8.16,17), e pode entrar no Reino de Deus (Jó 3.5),onde verá a Jesus, assim como Ele é (1 Co 13.12; 1 Jó 3.1-3). Aleluia!

7 . A J u s t i f i c a ç ã o

A doutrina da justificação é uma das mais importantes da Bíblia.Essa doutrina — a justificação pela fé — foi o grito de libertação quando, no obscuro século XVI, iniciou-se a abençoada Reforma, na qualDeus usou Lutero.

7 . 1 . D e f i n i ç ã o   d a   p a l a v r a   “ j u s t i f i c a ç ã o ”

“Justificação é um ato da graça de Deus, pelo qual Ele imputa à pessoa que crê em Jesus a justiça de Cristo, declarando-a justa”. Deus, na justificação, trata o homem arrependido conforme os méritos da pessoade seu Mediador, Jesus Cristo. Enquanto “regeneração” expressa a novanatureza que o homem recebe pela salvação, justificação se refere à suanova posição jurídica, diante da justiça divina.

7 . 2 . A p o s iç ã o  d o   h o m e m  p e c a d o r  d ia n t e  d a   j u s t i ç a  d e  D e u s

A Bíblia afirma: “Todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus”(Rm 3.23). Todos são culpados (cf. Rm 3.9), ninguém é justo (cf. Rm3.10; Jó 25.4), todos os pecados estão escritos no livro de Deus (cf. Ap20.12) e também registrados na sua consciência (cf. Jr 17.1). Todos estão debaixo da condenação (cf. Rm 3.19; 2.2,3; 1 Tm 5.24). Nenhum

homem tem condições próprias para livrar-se da sua culpa. Adão e Evaprocuraram fazer vestes, mas isso não resolveu o seu problema diante deDeus (cf. Gn 3.7-10). Nem mesmo o sacrifício inventado por Caim foieficiente (cf. Gn 4.3; Is 64.6). Boas obras não justificam o homem diante deDeus (cf. Gl 2.16; Ef 2.8,9). Jesus disse que “se a vossa justiça não exceder ados escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos céus” (Mt

5.20). E a justiça dos fariseus se baseava em obras próprias (cf. Lc 18.14).

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So t e r i o l o g i a  - A D o u t r in a d a S a i v a ç A o

Não existe ser algum em todo o universo que tenha condições de justificar o homem diante de Deus. Por isso todas as religiões, em todo o

mundo, que procuram justificar o homem diante de Deus por obras sãofalhas; não produzem justificação. Diante dessa situação triste edesesperadora, o homem pergunta: “Quem me livrará do corpo destamorte?” (Rm 7.24) e: “Como se justificaria o homem para com Deus?”(Jó 9.2) A Bíblia responde: “Esta é a herança dos servos do Senhor e asua justiça que vem de mim, diz o Senhor” (Is 54.17).

7 . 3 . C r i s t o  é   a   n o s s a   j u s t i ç a

7.3.1. A j u s t i ç a   d e   D e u s   é   p e r f e it a   e   i m u t á v e l

Deus jamais pode usar “dois pesos e duas medidas”. Ele feriria a sua justiça caso perdoasse ao pecador sem um meio eficaz de perdão, porquedisse: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6.23).

7.3.2. D e u s   p r o v i d e n c i o u   u m   s a c r i f í c i o   p e r f e i t o

Deus então, no seu grande amor, providenciou o sacrifício do seupróprio Filho para, por esse ato, satisfazer a justa exigência da justiçadivina (cf. Jó 3.16). Isso foi possível porque:

• Jesus, para ser mediador entre Deus e os homens, tinha de ser ho

mem (cf. Fp 2.6-8; Hb 2.14).• Jesus tinha de tomar sobre si a culpa dos homens. A tremenda

dívida na conta humana diante de Deus tinha de ser transferida para aconta de Jesus. Foi por isso que Jesus se tomou devedor diante da lei deDeus. A Bíblia diz que Ele foi feito pecado por nós (cf. 2 Co 5.21) e atétomou-se maldição por nós (cf. Gl 3.13). Isso aconteceu quando Ele, no

Getsêmani, tomou o cálice que continha a nossa culpa (Lc 22.42).• Jesus morreu cumprindo a sentença que nossos pecados mereci

am. O justo morreu pelos injustos (cf. 1 Pe 3.18). Ele levou as nossastransgressões (cf. Is 53.10,4,5). Aniquilou-se o nosso pecado pelo seusacrifício, o sacrifício de si mesmo (cf. Hb 9.26; Ef 5.2), e proporcionou, assim, condições para a remissão dos nossos pecados e para a nos

sa justificação.

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

7.3.3.  Je s u s t o r n o u - s e a n o s s a j u s t i ç a ( c f . J r 23.6)Ele é a nossa justiça porque tudo o que fez, fez por nós, em nosso

favor, como o nosso substituto diante de Deus e da Lei. A Bíblia diz que“por nossos pecados foi entregue, e ressuscitou para a nossa justificação”(Rm 4.24,25). Quando Jesus verteu o seu sangue nesse sacrifícioinigualável, abriu-se a fonte da graça para a justificação de todo aqueleque nEle crê (Rm 5.9; 1 Pe 1.18,19; Cl 1.20).

7 . 4 . D e u s   s e   t o r n a   j u s t i f ic a d o r   p o r   m e i o   d o   s a c r i f íc i o   d e  C r i s t o

7.4.1.  Je su s m o r r e u p e lo s p e c a d o s d e t o d o o m u n d o ( c f . 1 Jó 2.2)Cumpriu-se, assim, a afirmação de João Batista: “Eis o Cordeiro de

Deus, que tira o pecado do mundo” (Jó 1.29). Na cruz estavam incluídos os pecados de todos os crentes que, no tempo do Antigo Testamento, haviam crido em Deus e oferecido sacrifícios pelos seus peca

dos, conforme o mandado do Senhor. Estes haviam sido perdoados porDeus, mas seus pecados não foram tirados, “porque é impossível que osangue dos touros e dos bodes tire pecados” (Hb 10.4). O perdão quereceberam foi “debitado” na conta de Jesus, sob a paciência de Deus(cf. Rm 3.25), aguardando o verdadeiro sacrifício que Ele, na consumação dos séculos, iria cumprir (cf. Gl 4.4,5). Todos eles morreramsem ver o Prometido (cf. Hb 11.13). Seus espíritos, porém, aguarda

vam no “Seio de Abraão” a remissão prometida. Quando Jesus, na cruzdo Calvário, exclamou: “Está consumado” (Jó 19.30), foi completadatambém a remissão desses pecados. Deus demonstrou assim a sua justiça “pela remissão dos pecados dantes cometidos” (Rm 3.25). Comoresultado dessa remissão, os espíritos dos crentes dos tempos do Antigo Testamento foram levados do “Seio de Abraão” (cf. Lc 16.23) para

o Paraíso (cf. Lc 23.43; Ef 4.8), onde aguardam a ressurreição dos justos na vinda de Jesus (cf. 1 Ts 4.14-17).

7.4.2.  T o d o s o s q u e a g o r a c r ê em “e s t ã o em C r i s t o ” ( c f . R m 8.1;2 Co 5.17)

E é por essa aceitação que são declarados justos, porque Jesus é a sua

 justiça (cf. Jr 23.6). Quando Deus olha para o crente, Ele o vê através da

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S o t e r i o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a  Sa l v a ç ã o

pessoa de Jesus, na qual todos somos feitos justiça de Deus (cf. 2 Co5.21). Pela conta credora de Jesus (que não se esgota) foi feito o paga

mento do nosso débito, que agora já não mais existe. Assim, o crentepode, vestido do manto da justiça de Jesus (cf. Is 61.10), apresentar-sediante de Deus justificado. Aleluia!

7 . 5 . D e   q u e   m a n e i r a   é   j u s t i f i c a d o   o   h o m e m ?

7.5.1. O CAMINHO DA JUSTIFICAÇÃO

A Bíblia mostra o caminho da justificação ao afirmar: “Justificadosgratuitamente pela sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus, aoqual Deus propôs para propiciação pela fé no seu sangue” (Rm 3.24,25).Vemos assim que a justificação é oferecida por Deus pela sua graça(favor imerecido), que Ele agora pode mostrar, por causa da redençãoefetuada por Jesus, que remiu o homem vertendo o seu precioso san

gue. Deus agora apresenta Jesus como o único meio da justificação etodo aquele que crer no seu sangue, isto é, que aceitar o sacrifício feitopor Jesus em seu próprio favor, é justificado, ou seja, declarado justodiante de Deus.

7.5.2. E ss e c a m in h o d a ju s t i f ic a ç ã o é ú n ic o

É único para grandes e pequenos, para ricos e pobres, para dirigentese dirigidos! A todos quantos queiram ser justificados, lhes é impostauma só condição: crer no valor do sangue de Jesus para perdoar e para justificar (cf. Rm 3.25).

7.5.3. E sse c a m in h o n ã o a d m i te v a n g l o r i a

A fé com a qual o homem crê no sangue justificador de Jesus não

constitui nenhum mérito. Representa apenas a aceitação da graça, istoé, do meio que Deus oferece para a nossa justificação (cf. Rm 4.5,21;At 13.39). A fé exclui as obras e, assim, não deixa nenhum lugar paraa jactância (cf. Rm 3.27), pois o homem é justificado pela fé sem obras(cf. Rm 3.28; Gl 2.16). Se a nossa justificação dependesse das obras,ninguém se salvaria, pois nenhum homem conseguiu cumprir a lei.

Assim, permaneceríamos todos debaixo da maldição (cf. Gl 3.10).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

Quando Tiago escreveu “que o homem é justificado pelas obras e nãosomente pela fé” (Tg 2.24) não estava contradizendo Paulo, mas com

pletando o pensamento deste. Tiago mostra que a verdadeira fé sempre é acompanhada pelas obras (que são um resultado da fé) e que a fésem obras é morta. Ainda segundo Tiago, a fé sem obras, conseqüentemente, nada obtém de Deus (cf. Tg 2.14-22). As obras que acompanham a fé são chamadas de “frutos da justiça” (cf. 2 Co 9.10), constituindo-se em evidência de que uma fé viva opera na vida daqueles que

as praticam.

7 . 6 . O s RESULTADOS DA JUSTIFICAÇÃO NA VIDA DO HOMEM

São muitos e maravilhosos os resultados da justificação em nossasvidas. Devemos avançar para que desfrutemos de tudo aquilo que Deuspreparou para os justificados pela sua graça.

7 . 6 . 1 .   “S e n d o , p o is , ju s t i f ic a d o s p e l a f é , te m o s p az c o m D e u s ”

( R m   5 . 1 )

Essa paz não é somente um sentimento agradável de sossego e tranqüilidade, mas é como um estado de “pós-guerra”, quando a beligerância cessa e as relações interrompidas são reatadas. O homem que viveem pecado está separado de Deus (cf. Is 59.2) e debaixo de sua ira (cf. Ef2.3). Quando é declarado justo, entra em um estado de paz com Deus,experimentando harmonia com a divindade, pois passa a ter livre acessoa Deus (cf. Ef 2.18; Rm 5.2).

7.6.2. “T e m o s e n t r a d a p e la fé a e s t a g r a ç a , n a q u a l e s t a m o s

f i rmes” (Rm 5.2)

As bênçãos que acompanham a permanência na graça são grandes.Os crentes crescem na graça (cf. 2 Pe 3.18) e essa se manifesta de muitasmaneiras para o enriquecimento da vida espiritual dos servos do Senhor. Vejamos algumas dessas bênçãos:

• “Nos gloriamos na esperança da glória de Deus” (Rm 5.2). Para os

que são “declarados justos”, Deus concede a alegria de participar da sua

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S o t e r i o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a   S a l v a ç  A o

glória. É uma bênção que eleva os nossos corações às coisas que são decima (cf. Cl 3.1-3; 1 Ts 1.9,10; Tt 2.13).

• “Nos gloriamos nas tribulações” (Rm 5.3). Os sofrimentos que aparecem na vida não abaterão o crente, pois a alegria que Deus lhe deucom a justificação opera nele e é a sua força (cf. Ne 8.10). Em lugar degemer, se alegra, pois para o crente a tribulação produz paciência, experiência e esperança (cf. Rm 5.3-5).

• A graça, na vida do justo, constitui também uma certeza da pre

sença do Espírito Santo que derrama o amor de Deus em seu coração (cf.Rm 5.5). Assim, com a fé e o amor que há em Cristo, a graça transborda(cf. 1 Tm 1.14). E bem verdade que “bênçãos há sobre a cabeça do justo” (Pv 10.6). Assim, “todos nós recebemos também da sua plenitude,com graça sobre graça” (Jó 1.16).

7.6.3. A  JUSTIÇA TORNA O CRENTE OUSADAMENTE INABALÁVEL (CF.R m  8.21-29)

A graça de Deus opera no crente tomando manifestos as seguintesdeclarações da Palavra de Deus:

• “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8.31)• “Aquele que nem mesmo a seu próprio Filho poupou, antes, o en

tregou por todos nós, como nos não dará também com ele todas as coisas?” (Rm 8.32)

• “Quem intentará acusação contra os escolhidos de Deus? E Deusquem os justifica” (Rm 8.33).

• “Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, ou a angústia,ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como

está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte todo o dia: fomosreputados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais do que vencedores, por aquele que nos amou” (Rm 8.35-37).

7.6.4. A  JUSTIÇA É ACOMPANHADA DE FRUTOS (CF. Fp  1.11; Pv 12.17)Isso significa que a justiça é posta em prática e opera na maneira de

viver do crente (cf. Hb 11.33; 1 Jó 2.29; 1 Ts 2.10). As obras justas que

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

o crente pratica estão diante dos olhos do povo (cf. Mt5.16; 1 Pe 2.12,15).Elas são prova de que “Cristo vive em mim” (cf. Gl 2.20; 2 Co 4.10,11).

7.6.5. O CAMINHO DOS JUSTOS É SEMPRE APERFEIÇOADO

“A vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando maise mais até ser dia perfeito” (Pv 4.18), pois aquele que é justificado temum perpétuo fundamento (cf. Pv 10.25) e não se abala (cf. Pv 10.30),pois tem segurança (cf. Is 32.17). O Reino de Deus é justiça (cf. Rm

14-17), pelo que o crente é vestido com o “linho fino” da justiça dossantos (cf. Ap 19.7,8). Por isso o justo alegra-se esperando a vinda de Jesus, que é a nossa justiça (cf. Jr 23.6). E é pelo poderoso sangue doCordeiro, que nos purificou, que entraremos na sua glória (cf. Ap 7.14;22.14) e seremos coroados com a coroa da justiça (cf. 2 Tm 4.8).

8 . A S a n t i f i c a ç ã o

8 . 1 . Q u e s ig n i fic a s a n t if i c a ç ã o ?

Podemos estudar a santificação sob vários aspectos, que, juntos, nos dãouma compreensão mais ampla dessa doutrina que a Bíblia afirma ser a vontade de Deus: “Esta é a vontade de Deus, a vossa santificação” (1 Ts 4.3).

8.1.1. D e f in i ç ã o   d e   s a n t i f i c a ç ã o

Santificação é, em primeiro lugar, a continuação da obra salvadorana vida do crente. A Bíblia afirma: “Aquele que em vós começou a boaobra a aperfeiçoará até o Dia de Jesus Cristo” (Fp 1.6). Essa “boa obra”começou pela salvação, quando recebemos a Jesus como nosso Salvador

(cf. Jó 1.12). Ele entrou na nossa vida (cf. Ap 3.20; Gl 2.20) e nós morremos para o mundo (cf. Cl 3.1-3), ocasião em que nos tomamos participantes de uma nova natureza (cf. 2 Pe 1.4). Afinal, “tudo se fez novo”(2 Co 5.17).

A mesma obra é agora aperfeiçoada pela santificação, através da qualDeus faz com que a nova natureza recebida pela salvação domine a ve

lha natureza, para que a came não receba mais ocasião (cf. Gl 5.13).

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S o t e r i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

Dessa maneira Jesus fica formado em nós (cf. Gl 4.19) e nos tomamosum mesmo espírito com o Senhor (cf. 1 Co 6.17). João Batista se ex

pressou sobre isso: “E necessário que ele cresça e que eu diminua” (Jó3.30). Desta maneira, a vida de Jesus se manifestará em nossa camemortal (cf. 2 Co 4-10,11; Gl 2.19) e isso terá influência santificadora emtoda a nossa maneira de viver (cf. 1 Pe 1.15,16). A nossa vida tomou-seagora distinguidamente honesta (cf. 1 Ts 4.12) e com moral elevada (cf.1 Ts 4.3,4).

8.1.2. Os ASPECTOS DA SANTIFICAÇÃO

O significado da santificação pode ser subdividido em três aspectos:

• A santificação significa uma separação do mal. A Bíblia diz: “Ser-me-eis santos, porque eu, o Senhor, sou santo e separei-vos dos povos,para serdes meus” (Lv 20.26). Paulo destaca esse sentido da santificaçãoquando, na sua carta aos Coríntios, mostra a necessidade de deixarmos omal (cf. 2 Co 6.14-16) e nos apartarmos de tudo o que é imundo (cf.2 Co 6.17), para que possamos ser recebidos como filhos e filhas doSenhor Todo-poderoso (cf. 2 Co 6.18). Nessa separação do mal, o crente resolve, de coração, entregar a Deus tudo o que na sua vida pertenceao pecado e ao mundo para agradar a Deus (cf. 2 Co 7.1; 5.9; Ef 5.10).

Assim, o crente se aparta do mal para fazer o bem (cf. Sl 34.14; 37.27;1 Pe 3.11). Isto é um processo, pois Deus vê essa atitude do crente econtinua purificando-o, libertando-o, aperfeiçoando-o e santificando-ono temor de Deus (cf. 2 Co 7.1). Ele é transformado em sua maneira deviver (cf. 1 Pe 1.15,16). Desta forma, a justiça da lei se cumpre em nós,que não andamos segundo a came, mas segundo o Espírito (cf. Rm 8.4).

O crente agora é “carimbado” pelo sinete da santificação. Esta é a promessa de Jesus ao vencedor: “Escreverei sobre ele o nome do meu Deus”(Ap 3.12).

• A santificação significa também uma separação para Deus. Aquelavida que foi separada do mundo fica agora, pela santificação, entregue aDeus para pertencer a Ele e servi-lo. Jesus disse: “Por eles me santifico a

mim mesmo, para que também eles sejam santificados na verdade” (Jó

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

17.19), isto é, Ele entregou a sua vida pura e perfeita a Deus para servirà causa gloriosa da nossa salvação. Esse aspecto da santificação é muito

importante. As nossas vidas já pertencem a Deus porque fomos comprados por Ele por um bom preço (cf. 1Co 6.19,20; 1 Pe 1.18,19; At 20.28).“Foi para isto que morreu Cristo e tomou a viver; para ser Senhor tantodos mortos como dos vivos” (Rm 14.9) e “para que os que vivem nãovivam mais para si, mas para aquele que por eles morreu e ressuscitou”(2 Co 5.15). Pela santificação o crente se entrega voluntariamente a

Deus (cf. Rm 12.1,2; 2 Co 8.5; Pv 23.26) e dá “a Deus, o que é de Deus”(Mt 22.21), colocando-se à disposição do seu Senhor (cf. Rm 6.19). Elepode falar de coração: “O meu amado é meu, e eu sou dele” (Ct 2.16; cf.At 27.23; Ml 3.17).

• A santificação também significa um revestimento da plenitude deCristo. Os mesmos crentes que foram separados do mundo e entregues a

Deus ficam cheios da plenitude do Senhor (cf. Ef 3.19) e “enriquecidosda plenitude da inteligência, para conhecimento do mistério de Deus— Cristo” (Cl 2.2; cf. Ef 1.23). Quando Moisés consagrou ao Senhor otabemáculo que havia construído conforme o modelo recebido, Deuspermitiu que esse tabernáculo fosse cheio da sua glória (cf. Êx 40.34-36). Deus também deseja agora que nós, pela obra santificadora, recebamos “da sua plenitude, com graça sobre graça” (Jó 1.16). Assim, o crente é transformado “de glória em glória, na mesma imagem, como peloEspírito do Senhor” (2 Co 3.18).

8.1.3. A EXPERIÊNCIA DA SANTIFICAÇÃO

Quanto à experiência da santificação, podemos ainda distinguir trêsaspectos diferentes:

• A santificação posicionai, isto é, a nossa posição como santos emCristo: “O qual para nós foi feito por Deus sabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1.30). A Bíblia afirma: “Eis aqui venho, parafazer, ó Deus, a tua vontade. Tira o primeiro, para estabelecer o segundo.Na qual vontade temos sido santificados pela oblação do corpo de JesusCristo” (Hb 10.9,10). Assim, a nossa santificação é preparada por meio

de Cristo, pelo seu precioso sangue (cf. Hb 13.12).

I R R

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So t e r i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

• A santificação experimental, quando a santificação preparada porCristo é posta em prática pela maneira de viver do crente. Enquanto o

crente, pela justificação, é declarado justo pelos méritos de Jesus (cf. Rm3.24,25), pela santificação é aperfeiçoado em uma experiência progressiva (cf. 2 Co 7.1) e transformado de glória em glória (cf. 2 Co 3.18).Assim, a vida do cristão vai brilhando mais e mais (cf. Pv 4.18) e amadurecendo e se aperfeiçoando.

• A santificação final, que acontecerá quando Jesus vier nas nuvens.

Enquanto o crente vive neste mundo, continua desejando um maioraperfeiçoamento através da santificação. Por isso, ele sempre sente necessidade de buscar mais as coisas que estão mais à frente, prosseguindopara alcançar o alvo (cf. Fp 3.13,14). Quando Jesus se manifestar na suavinda, nós também nos manifestaremos com Ele em glória (cf. Cl 3.4).Então teremos chegado ao final da santificação, “porque assim como é o

veremos” (1 Jó 3.2). Receberemos, assim, “a imagem celestial” (cf. 1 Co15.49), porque Ele “transformará o nosso corpo abatido, para ser conforme o seu corpo glorioso” (Fp 3.21). Diante de tudo isso, só nos restadizer: “Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20)

8 . 2 . C o m o e x p e rim e n ta r a s a n t if i c a ç ã o ?

A Bíblia afirma, categoricamente, que a santificação é obra de Deus.“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo” (1 Ts 5.23). Assimcomo a salvação vem de Deus (cf. Ap 7.10), também a santificação vemdo mesmo Deus que nos deu a Cristo, “o qual para nós foi feito por Deussabedoria, e justiça, e santificação, e redenção” (1 Co 1.30). Importaobservarmos que a santificação, de certa forma, também depende dacooperação do homem, pois é necessário que ele aceite aquilo que Deus

lhe preparou. Por isso a Bíblia também afirma: “O santo continue a santificar-se” (Ap 22.11, Almeida Revista e Atualizada). Vejamos, então,os dois lados da doutrina da santificação.

8.2.1. É D e u s   q u e m   s a n t i f i c a   ( c f . 1 Ts 5.23)No conceito de muitos, a salvação vem de Deus, mas a santificação é

um produto da força de vontade própria e do poder pessoal do crente.

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So t e r i o l o g i a  - A Do u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

maligno” (1 Jó 2.14). Assim, ela ajuda o crente a resistir ao pecado (cf.Sl 119.11; 17.4), tomando-o resistente a todos os ventos de doutrina

(cf. Ef 4.14,15).

8.2.2. A PARTICIPAÇÃO DO HOMEM NA SANTIFICAÇÃO

“O santo continue a santificar-se” (Ap 22.11, Almeida Revista e Atualizada). Em que sentido pode o homem santificar-se? A santificação éuma obra que Deus realiza na vida do crente através do Espírito Santo e

que se aperfeiçoa à medida que o crente a aceita. Na aceitação é registradaa participação do homem na sua santificação. O crente deve aceitar aquilo que Deus quer fazer para santificá-lo: deve separar-se do mundo, entregar-se inteiramente a Deus e buscá-lo em oração, pois Jesus afirmou: “Qualquer que pede recebe; e quem busca acha” (Lc 11.10). E, portanto, pelaoração e pela aceitação que o crente participa da sua santificação: “Pelaoração, [a criatura] é santificada” (1 Tm 4.5). Quando, pois, o crente sente a operação do Espírito Santo e da Palavra de Deus sobre si, pela férecebe a santificação. “Maravilhosas são as tuas obras”! (Sl 139.14)

8 . 3 . Q u a is s ã o a s b ê n ç ã o s q u e a co m p an h am a s a n t if i c a ç ã o ?

As bênçãos da santificação são grandes e palpáveis. Trazem transformação e amadurecimento espiritual à vida do crente, de tal modo que se

pode distinguir a diferença entre os que aceitam a obra santificadora deDeus e os que não a aceitam.

8.3.1. A SANTIFICAÇÃO PROMOVE CRESCIMENTO ESPIRITUAL

A santificação faz com que o crente viva em comunhão íntima com Jesus (cf. Mt 5.8). Aquele cuja vida dá testemunho de agradar a Deus,

também andará com Ele (cf. Hb 11.5; Gl 5.22). Nessa comunhão comDeus há delícias e alegria (cf. Sl 16.11), pois logo que o fermento tiversido tirado, começará a festa (cf. 1 Co 5.8; Pv 15.15). Tudo isso promoveo crescimento espiritual (cf. Sl 84.7; Pv4.18; 2 Co 3.18; Rm 1.17). A faltade santificação extingue o prazer e a alegria espiritual na vida do crente,paralisando o crescimento no Espírito. Devido ao pecado de Miriã, o povo

de Deus ficou parado do deserto (cf. Nrn 12.5,16; Os 10.9).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

8.3.2. A SANTIFICAÇÃO DÃ LUGAR À OPERAÇÃO DO ESPÍRITO SANTO NA  

VIDA DO CRENTE

Pela santificação, a fé toma-se mais forte, pois o “mistério da fé” éguardado em uma pura consciência (cf. 1 Tm 3.9). Isso beneficia a operação do Espírito Santo, porque Ele opera de acordo com a fé: “Aquele,pois, que vos dá o Espírito e que opera maravilhas entre vós o faz pelasobras da lei ou pela pregação da fé?” (Gl 3.5) Foi por isso que Josuérecomendou: “Santificai-vos, porque amanhã fará o Senhor maravilhas

no meio de vós” (Js 3.5). Disse Deus a Moisés: “Vai ao povo e santifica-os hoje e amanhã, e lavem eles as suas vestes e estejam prontos para oterceiro dia; porquanto, no terceiro dia, o Senhor descerá diante dosolhos de todo o povo sobre o monte Sinai” (Êx 19.10,11). A Palavraainda afirma: “O puro de mãos irá crescendo em força” (Jó 17.9) e “Emtodo o tempo sejam alvas as tuas vestes, e nunca falte o óleo sobre a tuacabeça” (Ec 9.8). O que ama a justiça e aborrece a iniqüidade será ungi

do pelo Senhor (cf. Hb 1.9).

8.3.3. A SANTIFICAÇÃO PREPARA O CRENTE PARA SER USADO POR DEUS

Deus usa aquele que se purifica (cf. 2 Tm 2.21,22). “Para que o homem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boa obra”(2 Tm 3.17). Por isso, diz a Palavra de Deus: “Purificai-vos, vós que

levais os utensílios do Senhor” (Is 52.11). Pela santificação, o crentetem a condição de ser um instrumento de Deus diante do povo, poisatravés dela consegue apresentar um bom testemunho (cf. Mt 5.16; 1 Pe2.12) e um verdadeiro adorno (cf. Tt 2.10; 1 Pe 3.4,5), tomando-o considerado por todos (cf. Gn 23.6) e por todos aceito (cf. Rm 14.18; 1 Sm2.26). Aquele que vive em santificação tem autoridade sobre o Diabo e

os demônios (cf. Jó 14.30). A justiça é como uma couraça na luta contraas hostes da maldade (cf. Ef 6.11,12,14). Porém, quando um crente nãobusca santificação, é derrotado na luta contra o mal (cf. Js 7.13).

8.3.4. A SANTIFICAÇÃO PREPARA O CRENTE PARA A VINDA DE JESUS

A Bíblia diz: “Segui a paz com todos e a santificação, sem a qualninguém verá o Senhor” (Hb 12.14). A santificação é a veste espiritual

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So t e r i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

da noiva de Jesus (cf. Ap 19.7,8). Por meio dela somos plenamente conservados irrepreensíveis para a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo (cf. 1

Ts 5.23; 2 Pe 3.14). Com as suas vestes branqueadas, o crente tem direito à árvore da vida, e pode entrar na cidade pelas portas (cf. Ap 22.14).

9 . O C r e s c i m e n t o  E s p i r i t u a l

A doutrina do “crescimento espiritual” faz parte da doutrina da salvação, que, em última análise, demonstra a vida eterna operando navida do crente (cf. 1 Jó 5.11-13). Onde existe vida há também crescimento. Devemos, pois, conhecer a doutrina do crescimento espiritualpara saber de que maneira esse crescimento acontece e quais são os meios que o promovem.

9 . 1 . A B íb l i a   f a l a  d e   c r e s c i m e n t o  e s pi r i t u a l

Assim como crescem os vegetais e os animais, assim também cresce avida espiritual. A Bíblia exorta: “Crescei na graça e conhecimento denosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pe 3.18). Esse crescimentoatinge tudo o que concerne à vida espiritual.

9.1.1. A i m a g e m   d e   C r i s t o   e m   n ó s   d e v e   c r e s c e r

Assim como Jesus, quando menino neste mundo, crescia em sabedoria, estatura e graça para com Deus e os homens (cf. Lc 2.52), assimdeve também crescer a imagem de Cristo que em nós foi implantadapela salvação (cf. Cl 1.27 e 3.4), para que Jesus “seja formado” em nós(cf. Gl 4.19). João Batista disse: “É necessário que ele cresça e que eudiminua” (Jó 3.30).

9.1.2. D e v e m o s c r e s c e r n a g r a ç a ( c f . 2 Pe  3.18)Quando a graça de Deus se manifestou para nós (cf. Tt 2.11), fo

mos salvos (cf. Ef 2.8) e recebemos, pela fé, a entrada nessa graça (cf.Rm 5.2). Devemos agora também crescer na graça, para que mais e

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

mais conheçamos “o Deus de toda a graça” (1 Pe 5.10) e as suas abundantes riquezas (cf. Ef 2.7). Assim, o crente pode fortificar o seu cora

ção pela graça (cf. Hb 13.9) e, com firmeza, permanecer nela (cf. At13.43; Hb 12.28).

9 . 1 . 3 . D e v e m o s   c r e s c e r   n a   f é

Devemos também crescer na fé (cf. 2 Ts 1.3), porque assim tudoque concerne à vida espiritual ou ao nosso trabalho para Deus torna-

se mais eficiente, inclusive a evangelização (cf. 2 Co 10.15).A Bíblia nos exorta a crescer no conhecimento (cf. 2 Pe 3.18) econhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus (cf. 1 Co 2.12).Assim, o crente pode ficar cheio de conhecimento da vontade do Senhor e andar dignamente diante dEle, agradando-lhe em tudo, frutifi-cando em toda aboa obra (cf. Cl 1.9,10; Fp 1.9-11). Quando o conhecimento do crente aumenta, ele não fica orgulhoso, pois sabe que conhecemos somente em parte (cf. 1 Co 13.9). Pelo crescimento espiritual, o crente avança nas coisas que Deus preparou para ele. ComoIsrael ao entrar na terra de Canaã precisava avançar para conquistá-la(cf. Js 18.1-7; 8.1-3), da mesma forma o crente deve crescer espiritualmente para tomar posse da vida eterna (cf. 1 Tm 6.12) e de todas ascoisas que a ela se refiram (cf. Rm 8.17). Devemos crescer em tudo (cf.

Ef 4.15). A vida do verdadeiro cristão se transforma de glória em glória (cf. 2 Co 3.18), prossegue de força em força (cf. Sl 84.7) e a suavereda vai brilhando mais e mais (cf. Pv 4.18). E, depois dele alcançargrandes bênçãos, ainda ouve a promessa: “Coisas maiores do que estasverás”! (Jó 1.50) Em um crescimento normal, o crente cresce paratodos os lados! A árvore cresce em todas as direções, com as raízes se

espalhando à sua volta (cf. Os 14.5). Do mesmo modo o crente deve,espiritualmente falando, crescer nessas direções. Vejamos algo do quea Bíblia ensina:

• O crente deve crescer para baixo. Isto é, deve desenvolver a suavida escondida com Deus. A Bíblia nos dá alguns exemplos nesse sentido (cf. Jr 17.7,8). Lemos que os que confiam no Senhor serão como a

árvore que estende as suas raízes para o ribeiro. Em Jó 8.17, lemos sobre

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So t e r i o l o g i a  - A Do u t r i n a  d a  Sa l v a ç ã o

a árvore que entrelaça suas raízes no pedregal. Em Salmos 92.12, lemosque o crente florescerá como a palmeira, árvore que, muito mais que as

outras, aprofunda as suas raízes na terra. Assim deve o crente crescer,arraigando-se em Cristo (cf. Cl 2.7). Dessa forma, ele consegue o contato contínuo com “a água da vida” (cf. Ap 22.17), assegurando-lhe vidaflorescente em que pode desfrutar as bênçãos “do abismo de baixo” (cf.Gn 49.25). Quando as raízes do crente se firmam em Cristo, que é “apedra” (cf. At 4.11), ele ganha firmeza, resiste nas horas da tempestade

e não é levado por qualquer vento de doutrina (cf. Ef 4.14).• O crente deve também crescer para cima. A Bíblia diz que o crenteflorescerá como a palmeira (cf. Sl 92.12). A palmeira alcança uma alturaconsiderável. Crescer para cima significa que o crente começa a buscar ascoisas que são de cima (cf. Gl 3.1-3) e, assim, fica a sua vida ligada aoslugares celestiais em Cristo (cf. Ef 2.6). Por meio do crescimento paracima, a esperança do crente se aviva. Ele lança a âncora da sua fé além dovéu, local em que Jesus entrou por nós (cf. Hb 6.18-20). Assim, a esperança abunda pela virtude do Espírito Santo (cf. Rm 15.13) e pode o crentegozar das delícias das bênçãos “dos céus em cima” (cf. Gn 49.25).

• O crente deve também crescer para os lados. A Bíblia fala, a respeitode José, que “seus ramos correm sobre o muro” (Gn 49.22), expressando oresultado maravilhoso que obteve pela sua obediência a Deus —- tomou-

se instrumento para a salvação de multidões incalculáveis que pereciamde fome (cf. Gn 50.20; 45.5-8). O apóstolo Paulo disse que o crescimentoda fé cria condições para o avanço na evangelização (cf. 2 Co 10.15,16).Pelo crescimento espiritual, o crente pode ampliar o lugar da sua “tenda”(cf. Is 54.2) e dar fruto até nos anos da sequidão (cf. Jr 17.8).

• É importante que o crescimento espiritual não seja unilateral.

Quando o crente cresce apenas para os lados e se descuida de crescerpara baixo, fica sem estabilidade. Quem não tem raiz, se desvia (cf. Lc8.13). Por outro lado, quando cresce só para cima e se descuida de crescer para baixo, pode se tomar fanático. Quando procura se aprofundarcrescendo somente para baixo e se esquece de crescer para os lados,torna-se um crente fechado, isolado e infmtífero. Deve, pois, crescer

para todos os lados, e isso para honra e glória do nome do Senhor.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

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9.1.4. A FALTA DE CRESCIMENTO GERA PROBLEMAS

Qualquer pai ou mãe se sentiria angustiado e aflito se observasse

que seu filho interrompeu definitivamente seu crescimento. A falta decrescimento espiritual também causa graves problemas na vida da Igreja.O autor da Epístola aos Hebreus revela que a causa da situação aflitivaem que os crentes judeus se encontravam era resultado da falta decrescimento espiritual. Pelo tempo que já haviam se convertido deviam ser mestres, mas eram ainda meninos (cf. Hb 5.11-14). Por isso

tinham sido levados por ventos de doutrinas que assopraram sobre eles(cf. Ef 4-14). A Bíblia diz que aquele que é dominado pela carne continua sendo infantil (cf. 1 Co 3.1-3) — não cresce na vida espiritual econtinua sendo escravo da carne (cf. Gl 5.18-21; Rm 8.7,8). Não compreendendo as coisas de Deus (cf. 1 Co 2.14), tanto o seu falar como oseu sentir e o seu discorrer representam o estado de menino (cf. 1 Co

13.11). A única solução para tais é que cresçam, para assim se tomarem homens. Então deixarão as coisas de meninos (cf. 1 Co 13.11).Mas para ser homem é preciso crescer (cf. 1 Co 16.13).

9.1.5. C o m o   é   po s s í v e l   c r e s c e r   n a   v i d a   e s p i r i t u a l ?

O crescimento natural do homem é encargo da natureza. Uma criança não precisa esforçar-se para crescer: alimentando-se e alternando

períodos de atividade e descanso vai crescendo. O mesmo se dá navida espiritual. Aquele que vive espiritualmente conforme o ensinoda Bíblia, cresce em espírito. Vejamos as coisas que promovem essecrescimento.

• Aquele que permanece em Jesus cresce (cf. Jó 15.4,5). Quando

seguimos a verdade, crescemos em tudo naquEle que é a cabeça — Cristo (cf. Ef 4-15). A Bíblia diz: “Pelo que nem o que planta é alguma coisa,nem o que rega, mas Deus, que dá o crescimento” (1 Co 3.7). Para crescer importa guardar íntima comunhão com Jesus, pois aquele que ensina e pratica idéias próprias, contrárias à Palavra de Deus, não está ligadoà cabeça —: a Cristo —, da qual vem a direção do crescimento. Esse tal

pára de crescer espiritualmente (cf. Gl 2.18,19).

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So t e r i o l o g i a  - A Do u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

• A Palavra de Deus proporciona crescimento. Aquele que recebe o“leite racional”, não falsificado, vai crescendo (cf. 1 Pe 2.2). Jesus man

dou que os seus discípulos ensinassem todas as coisas que Ele havia ordenado (cf. Mt 28.20), pois a Palavra de Deus “é proveitosa para ensinar, para redargüir, para corrigir, para instruir em justiça, para que ohomem de Deus seja perfeito e perfeitamente instruído para toda boaobra” (2 Tm 3.16,17).

• Andar em Espírito (cf. Gl 5.16.25). Essa prática constitui-se em

um verdadeiro fortificante para a vida espiritual (cf. Ef 6.10), porque oEspírito Santo ajuda o crente a vencer a carne (cf. Gl 5.16; Rm 8.13) eproduz o fruto do Espírito (cf. Gl 5.22), evidência de crescimento espiritual. O Espírito Santo guia o crente em toda a verdade (cf. Jó 16.13),inclusive no seu crescimento espiritual.

10. A P r e s e r v a ç ã o d a S a l v a ç ã o

A Bíblia fala sobre as tentações (cf. 1 Co 10.13), sobre o tentador(cf. Mt 4.3) e sobre os tentados (cf. Tg 1.13). Fala também sobre a possibilidade de o crente ter vitória sobre as tentações (cf. Hb 2.18; Rm

8.37). Esse assunto faz parte integral da doutrina da preservação do crentena salvação.

10.1. A TENTAÇÃO É UMA ARMA PODEROSA DO ADVERSÁRIO

10.1.1. A FINALIDADE DA TENTAÇÃO

A tentação é um meio pelo qual Satanás procura instigar o homem ao pecado, seduzindo-o e induzindo-o a fazer o mal. A tentaçãosurge como uma isca e vem acompanhada de laços (cf. 1 Tm 6.9),pelos quais o Inimigo desperta a carne do homem para obedecer aopríncipe das trevas (cf. Ef 2.2,3).

10.1.2. A ORIGEM DA TENTAÇÃO

A origem da tentação é sempre Satanás (cf. Me 1.13; 1 Co 7.5),

motivo por que também é chamado de “tentador” (cf. 1 Ts 3.5). Ele

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

procura, com astúcia, apartar o homem de Deus (cf. 2 Co 11.3; Ef6.11,12). É claro que Deus não pode ser a origem da tentação, “porque

Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta” (Tg 1.13).

10.1.3. P o r   q u e   D e u s   n ã o   i m pe d e   q u e   a   t e n t a ç ã o   v e n h a ?

Deus, que criou o homem com livre-arbítrio, não impede a tentaçãoporque, por meio dela, o homem pode provar que deseja obedecer aDeus de coração. A tentação revela o que está no coração do homem

(cf. Dt 8.2; 2 Cr 32.31). Quando o homem invoca e aceita o socorro de Jesus na hora da tentação (cf. Hb 2.18; 4.15), é aperfeiçoado (cf. Tg 1.2-4) e fica mais capacitado a discernir entre o bem e o mal (cf. Hb 5.14),aprendendo a confiar mais em Deus (cf. Sl 31.1,14,24). Assim, se amarmos a Deus, a tentação contribui para o nosso bem (cf. Rm 8.28).

10.2. A t e n t a ç ã o d e Je su s

O próprio Jesus chegou a ser tentado pelo Diabo! Por que foi Jesustentado?

• Jesus foi tentado para provar que Ele, realmente, era um homemperfeito, sem pecado (cf. Hb 4.15; 2 Co 5.21). Somente assim podia sero Salvador da humanidade.

• Jesus foi tentado para poder ajudar os homens nas tentações (cf.Hb 2.18; 4.16). Nas suas tentações, Jesus tornou-se um exemplo paranós (cf. 1 Pe 2.21). Mostrou que a tentação em si não é pecado, poisembora tentado em tudo, permaneceu sem pecado (cf. Hb 4-15). Mostrou também que o aparecimento da tentação na vida do crente não éum sinal de ser ele um fraco, pois embora Jesus fosse perfeito, foi tenta

do. Mas teve vitória total sobre as tentações. Essa vitória mostra-nos ocaminho para termos vitória sobre as tentações (cf. 1 Co 10.13).

10.2.1. AS TENTAÇÕES QUE JESUS SOFREU REVELAM A ESTRATÉGIA DE

S a t a n á s

Na primeira tentação, o Inimigo procurou instigar Jesus a usar, paraseu próprio proveito, o poder que havia recebido. Jesus realmente pos-

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S o t e r i o l o g i a   - A D o u t r in a  d a  S a l v a ç ã o

suía poder para transformar as pedras em pães, pois mais tarde Ele multiplicou pães do nada (cf. Mt 14.13-21). Mas fez isso para glorificar o Pai

e para dar de comer a homens famintos. Na tentação, recusou o uso doseu poder em benefício próprio. Ao refutar o Diabo, afirmou: “Nem sóde pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus”(Mt 4.4). Essa “palavra da boca de Deus” foi o que faltou, e Jesus nãoqueria fazer um milagre conforme a palavra do Inimigo, mas somenteconforme a vontade de seu Pai (cf. Jó 5.19,30). Ele não aceitou receber

sugestões de Satanás. Por isso venceu.Na segunda tentação, Satanás propôs que Jesus se lançasse do pinácu

lo do templo, local para onde Ele havia sido levado (cf. Mt 4-5-7). Satanás tentou a Jesus para que assumisse os riscos e demonstrasse coragemsaltando de grande altura. Jesus rejeitou a proposta porque não queriaobedecer a Satanás. Com a finalidade de tirar qualquer dúvida sobre sua

proposta, Satanás citou um trecho das Escrituras que falava da proteçãodivina (cf. Sl 91.11,12; Mt 4.4-6). Porém, nessa citação, Satanás omitiu aparte que fala da promessa de Deus de guardar o Filho “em todos os teuscaminhos” (Sl 91.11). Jesus sabia que a promessa de Deus não era paratentar a si próprio, mas para proteção nos caminhos traçados por Ele.

Na última tentação, Satanás foi ainda mais atrevido. Mostrou a Jesus, em um só momento, todos os reinos do mundo e a glória deles, e

disse-lhe: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares” (Mt 4.8,9). ABíblia não revela como foi possível a Satanás mostrar todos os reinosdo mundo a Jesus. Porém, o Diabo prometeu o que não possuía. ABíblia diz: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude” (Sl 24.1). Satanásnão possui nada. Ele somente usurpou o poder que atualmente exerce(cf. 1 Jó 5.19). Além disso, a glória que ele prometeu é por demais

passageira (cf. 1 Pe 1.24; Dn 4.30,31). Jesus rejeitou o domínio e opoder oferecido por Satanás, pois Ele não admitia nenhuma autoridade que não fosse a de Deus. Ele não quis uma coroa sem cruz. Por isso,escolheu o caminho da cruz para que ganhássemos uma coroa de justiça (cf. 2 Tm 4.8). Finalmente, Jesus disse a Satanás: “Vai-te, Satanás...Então, o diabo o deixou” (Mt 4.10,11). A Bíblia diz: “Resisti ao diabo,

e ele fugirá de vós” (Tg 4.7).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

10.3. O CAMINHO DA VITÓRIA SOBRE AS TENTAÇÕES

A Bíblia mostra que o crente tem possibilidade de vencer. Quando

 Jesus escreveu às sete igrejas na Ásia Menor, disse a cada uma delas: “Oque vencer” (cf. Ap 2.7,11). Em Apocalipse 21.7, encontramos: “Quemvencer herdará todas as coisas”. Assim, “em todas estas coisas somosmais do que vencedores, por aquele que nos amou”! (Rm 8.37) Vejamosas condições para o caminho da vitória.

10.3.1. O CRENTE DEVE VIGIAR

A Bíblia diz: “Bem-aventurado aquele que vigia e guarda as suasvestes, para que não ande nu” (Ap 16.15). Embora sejamos salvos etenhamos nossos pés colocados sobre a Rocha (cf. SI 40.2; Mt 7.24,26),devemos reconhecer a nossa inteira dependência de Deus e pedir:“Guardem-me continuamente a tua benignidade e a tua verdade” (SI

40.11). Precisamos vigiar e orar (cf. Mt 25.33; Ef 6.18; 1 Pe 4-7) emtodo o tempo (cf. Lc 21.36), diante dos ataques constantes do Diabo(cf. 1 Pe 5.8). Nosso espírito está pronto, mas nossa carne é fraca (cf.Mt 26.41). Jesus porém prometeu que se o pai da família vigiar porcausa do ladrão, a sua casa não ficará minada (cf. Mt 24.43). Deusajuda ao que vigia.

10.3.2. O CRENTE DEVE TER O PROPÓSITO DE PERMANECER NO SENHOR

(A t   11.23)

Um propósito firme gera firmeza de coração, a qual proporciona poder sobre a vontade própria (cf. 1 Co 7.37). Foi com esse propósito queDaniel ficou firme e fiel a Deus no palácio da Babilônia (cf. Dn 1.8). Foitambém com esse propósito que Rute decidiu não se afastar da sua sogra

Noemi, quando esta pretendia voltar à Terra Prometida (cf. Rt 1.16-18). Esse propósito firme não significa que o crente tem de lutar com oseu próprio poder. A Bíblia diz que Deus cumpre “com poder todo propósito de bondade e obra da fé” (2 Ts 1.11, Almeida Revista e Atualizada). O mesmo Deus que opera o querer, opera também o efetuar (cf. Fp2.13). E Ele quem nos aperfeiçoa para que façamos a sua vontade^ ope

rando em nós o que lhe é agradável (cf. Hb 13.21). Dessa maneira o

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S o t e r i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

crente se toma forte para resistir ao Diabo (cf. Tg 4.7), que assim fugirá.O crente recebe força de Deus para se “enfrear” (cf. SI 39.1) e fugir do

mal (cf. 1 Tm 6.11; 2 Tm 2.22), assim se conservando no caminho doSenhor (cf. 1 Jó 5.18).

10.3.3. O CRENTE DEVE MANTER O MAL À DISTÂNCIA 

Mantendo-se regularmente distante do mal, o crente guarda a suaalma. A Bíblia diz repetidamente: “O que guarda a sua alma, retira-se

para longe dele [do caminho perverso]” (Pv 22.5); “Não te aproximes daportada sua casa [do pecado]” (Pv 5.8); “Passa de largo” (cf. Pv 4.14,15;SI 119.101), pois aquele que passa “pela ma junto à sua esquina” (Pv7.8) se põe em perigo. Quando Pedro seguiu de longe, pôs-se em perigo!(cf. Lc 22.54,55) Por isso é que devemos seguir o Senhor de perto (cf. SI63.8). O crente deve também evitar a companhia daqueles que dão mauexemplo (cf. 1 Co 15.33; Pv 22.24; 20.19; SI 1.1; Js 23.12,13), não devendo se impressionar com a maioria, que prossegue para fazer o mal (cf.Êx 23.2). A Bíblia diz: “O alto caminho dos retos é desviãr-se do mal”(Pv 16.17).

10.3.4- O CRENTE DEVE SOCORRER-SE EM JESUS

O crente deve aceitar o socorro que Jesus oferece aos que estão so

frendo tentação (cf. Hb 2.18). Vejamos algumas maneiras pelas quais Jesus deseja dar-nos a vitória:

• Em primeiro lugar, Jesus ofereceu-se a si mesmo para nos ajudar.Ele disse: “Eis que estou convosco todos os dias” (Mt 28.20). A Bíbliaafirma: “O teu cuidado guardou o meu espírito” (Jó 10.12). Todo aquele

que crê no Filho de Deus, vence o mundo (cf. 1 Jó 5.4,5). Pelo sangue de J esus somos vencedores (cf. Ap 12.11). Mas se o crente for vencido pelatentação e buscar a ajuda de Jesus, Ele vai ao seu encontro e o ajuda areabilitar-se.

• Jesus também quer nos ajudar a usar uma poderosa arma que possuímos, isto é, a Palavra de Deus. Foi essa arma que Ele usou contra o

tentador: “Vai-te, Satanás, porque está escrito” (Mt 4.10). Também po

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

demos vencer pela Palavra de Deus (cf. Sl 119.11,101; 17.4; 1 Jó 2.14).Usemos, pois, a poderosa Palavra (cf. Hb 4.12), que é uma espada aguda

(cf. Ef 6.17) e a vitória será certa!• Jesus ainda prometeu nos dar o Consolador para nos ajudar (cf. Jó

14-26; Rm 8.26). Pelo poder do Espírito Santo podemos obter a vitóriasobre a came (cf. Gl 5.16) e sermos fortificados contra as hostes da maldade (cf. Ef 6.10-12). Aquele que está cheio do Espírito Santo podevencer os dias maus (cf. Ef 5.16,18). Pela unção, podemos ter vitória

sobre o espírito do Anticristo.• Todos esses meios são eficientes na vida do crente que vive em

oração. Jesus vinculou à oração o poder para obter vitória sobre a came.Ele disse: “Vigiai e orai, para que não entreis em tentação” (Mt 26.41).O salmista registrou a sua experiência nesse sentido: “Invocarei o nomedo Senhor, que é digno de louvor, e ficarei livre dos meus inimigos” (Sl

18.3). Que Deus nos ajude e nos guarde na hora da tentação!

1 0 .4 . A PRESERVAÇÃO DA SALVAÇÃO

Esse preceito faz parte da doutrina da salvação. A questão principalé: “O crente permanece para sempre na salvação, ou é possível perder-se, depois de ter sido verdadeiramente salvo?” Diante desse problema,dividem-se as opiniões dos teólogos. Analisemos o assunto.

10.4.1. “U m a   v e z   s a l v o  , p a r a   s e m pr e   s a l v o ”

Alguns teólogos ensinam, com muita convicção, que jamais se perderá aquele que uma vez foi salvo. Quem é crente, o é para sempre.Dizem que, embora o crente seja livre, a natureza da salvação é tãoprofunda que ele jamais abandona a vida cristã! Deus preserva o cren

te em liberdade e também no caminho da salvação: “Uma vez na graça, na graça permanecerá para sempre”. Já no tempo dos apóstoloshavia essa corrente doutrinária. A chamada doutrina dos nicolaítas(cf. Ap 2.6,15) afirmava que a graça de Deus sobre os crentes é tãopoderosa que os atos dos homens, por mais terríveis que sejam, não osafastam dela. Importa salientar que Jesus afirmou que aborrecia tal

doutrina (cf. Ap 2.6,15).

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So t e r i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

10.4.2. A B í b l i a  c o n t r a d i z  a   d o u t r i n a   “u m a   v e z  s a l v o  , p a r a  s e m p r e  

s a l v o ”

A Bíblia exorta o crente a permanecer na graça. Somente o fato de aBíblia exortar o crente a essa permanência constitui prova de que nãoconcorda com a idéia de uma permanência automática, independenteda atitude e do seu procedimento pessoal

• Jesus mandou que os crentes permanecessem. “Se vós permanecerdes

na minha palavra, verdadeiramente, sereis meus discípulos” (Jó 8.31).Aquele que não permanecer em Jesus, como a vara na videira, é lançadofora (cf. Jó 15.1-6).

• Jesus mandou os crentes vigiarem (cf. Me 13.33). Ele disse: “Vigiaie orai, para que não entreis em tentação” (Mt 26.41). E no momento datentação que surge o perigo de o crente se desviar (cf. Lc 8.13). Mas se

ele estiver vigilante, receberá a graça de vencer a carne (cf. Mt 26.41'),achará “escape” (cf. 1 Co 10.13) e vencerá a batalha.• Jesus exortou a igreja em Filadélfia que guardasse o que havia rece

bido. “Guarda o que tens, para que ninguém tome a tua coroa” (Ap3.11). Note que Ele não afirmou: “Você já é salvo e ninguém jamaispoderá tomar a sua coroa”. Mas disse: “Guarda”! O mesmo conselho Eledeu à igreja em Tiatira (cf. Ap 2.25). Aliás, nos dá idêntico conselhoainda hoje.

• A palavra “permanecer” aparece muitas vezes na Bíblia. Os apóstolos aconselhavam sempre os crentes a que permanecessem na fé (cf.At 14-22; 1 Ts 3.2-5) e na graça (cf. At 11.23; 13.43), advertindo-os deque ninguém fosse “faltoso, separando-se da graça de Deus” (Hb 12.15,Almeida Revista e Atualizada). Os que não atenderem a essa exortação

correm o risco de “cair da graça” (cf. Gl 5.4). Os que afirmam que “umavez na graça, sempre na graça” estão induzindo muitos a transformaremem libertinagem a graça de Deus (cf. Jd 4), expondo-os ao perigo dereceberem a graça de Deus em vão (cf. 2 Co 6.1).

• O exemplo do Antigo Testamento. A permanência é explanadaatravés de três exemplos no Antigo Testamento, nos quais Deus

condicionou a manifestação do seu poder protetor à atitude dos homens

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

de permanecerem no lugar determinado por Ele: 1) A salvação pelaaspersão do sangue do cordeiro pascal na noite em que os primogênitos

do Egito foram mortos estava condicionada à obrigação de que ninguémsaísse de casa até que amanhecesse (cf. Êx 12.22,33). 2) A proteçãocontra o vingador do sangue, que a cidade de refúgio proporcionava aohomicida que havia matado alguém por erro (cf. Nm 35.11,22-25), eracondicionada ao dever de permanência na cidade: “Porém, se de alguma maneira o homicida sair dos termos da cidade do seu refúgio, onde se

tinha acolhido, e o vingador do sangue o achar fora dos termos da cidade do seu refúgio, se o vingador do sangue matar o homicida, não seráculpado do sangue” (Nrn 35.26,27). 3) A salvação prometida sob juramento, em nome do Senhor, a Raabe e a sua família, na ocasião daconquista de Jericó por Israel, também era condicionada à obrigação deconservar uma fita de cor escarlate na sua janela e cuidar que ninguém

da família saísse da sua casa, pois para aquele que estivesse fora da portada casa, não haveria proteção (cf. Js 2.12,13,14-20). Observamos, assim, que o ato de ser um crente preservado na salvação não é automático, mas depende da sua atitude de permanência no Senhor.

10.4.3. A B í b l i a   a d v e r t e   o   c r e n t e   c o n t r a   o   p e r i g o   d e   c a i r

Somente essa expressão basta para mostrar a fraqueza da base doutrinária que caracteriza o ensinamento: “Uma vez salvo, para sempre salvo”.

A Bíblia adverte: “Aquele, pois, que cuida estar em pé, olhe que nãocaia” (1 Co 10.12). O autor sagrado escreveu aos j udeus que estavam emperigo de apostatar da fé: “Que ninguém caia no mesmo exemplo dedesobediência” (Hb 4.11; cf. 3.15-19) e incentivou-os a que não fossemcomo aqueles que se retiram para a perdição, mas como os que crêem

para a conservação da alma (cf. Hb 10.39). A Bíblia diz que aquele queendurece o coração virá a cair no mal (cf. Pv 28.14) e que a altivez doespírito precede à queda (cf. Pv 16.18). Assim, observamos que a Bíblia,em lugar de incentivar os crentes a uma segurança absoluta e sem responsabilidade pessoal, os exorta a permanecerem na benignidade de Deus,a fim de que não sejam cortados, como o foram os israelitas que não

permaneceram (cf. Rm 11.20). Por isso, diz a Bíblia: “Examinai-vos a

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So t e r i o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a  S a l v a ç ã o

vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou nãosabeis, quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que

 já estais reprovados” (2 Co 13.5). Existe, para quem não tomar cuidado,a possibilidade de ser reprovado, de ter crido em vão (cf. 1 Co 15.2).

10.4-4. A B í b l i a  a p r e s e n t a  e x e m p l o s   d e  p e s s o a s  q u e  s e  d e s v i a r a m   d a

SALVAÇÃO

Esses exemplos (cf. Hb 4.1,2) constituem uma prova incontestável de

que a doutrina “uma vez salvo, para sempre salvo” não é aprovada na Bíblia.

• Ananias e Safira. Eram crentes, membros da igreja em Jerusaléme sobre eles havia abundante graça (cf. At 4-33). Porém, nela nãopermaneceram, pois permitiram que o amor ao dinheiro os dominasse (cf. 1 Tm 6.10) e entraram no caminho da mentira e da perdição(cf. At 5.1-11).

• Judas lscariotes. Os que sustentam a tese “uma vez salvo, para sempresalvo” afirmam que Judas lscariotes jamais foi salvo. O testemunho daBíblia afirma o contrário. Judas era “um dos doze” (cf. Mt 26.14) e estavaentre aqueles que Jesus chamou e enviou para pregar a Palavra de Deus epara curar os enfermos (cf. Mt 10.4,5,7,8). Ele estava entre aqueles a respeito dos quais Jesus disse: “Desça sobre ela a vossa paz” (Mt 10.13) e “o

Espírito do vosso Pai é que fala em vós” (Mt 10.20). Judas, porém, caiu natentação de roubar as ofertas, pois ele era o tesoureiro (cf. Jó 13.29; 12.6).Assim, abriu a porta para o Inimigo entrar (cf. Lc 22.3) e desviou-se (cf.At 1.25). Desviar-se só é possível a alguém que está no caminho certo. Onome dele foi tirado do livro da vida (cf. SI 69.25-28), um fato que provaque antes estava escrito. Jesus disse: “Não vos escolhi a vós os doze? E um

de vós é um diabo” (“diabo”, em grego, significa “adversário”) (Jó 6.70).• O rei Saul.  Ele recebeu um coração mudado (cf. 1 Sm 10.9), foi

revestido pelo poder do Espírito Santo e até profetizou (cf. 1 Sm 10.10).Mas desobedeceu à Palavra do Senhor (cf. 1 Sm 13.14; 15.19,20). Deus0 rejeitou (cf. 1 Sm 15.23,28) e o Espírito de Deus se retirou dele (cf.1 Sm 16.14). Depois de ter andado por caminhos tortuosos, Saul suici

dou-se na montanha de Gilboa (1 Sm 31.1-4).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

• A esposa de Ló. Ela estava sendo retirada pelos anjos da destruiçãode Sodoma, quando, desobedecendo a Palavra do Senhor, olhou para

trás e foi transformada em uma estátua de sal (cf. Gn 19.26; Lc 17.32).• O tipo do justo desviado. A Bíblia fala de um justo que se desvia e,

confiando na sua justiça, pratica iniqüidade. Então, afirma que não virão em memória todas as suas justiças, mas na iniqüidade que praticou,ele morrerá (cf. Ez 33.13; 18.24).

• O povo israelita no deserto. A  Bíblia relata que Deus, mesmo depois de

ter libertado os israelitas do Egito, não se agradou da maior parte deles, peloque foram prostrados no deserto (cf. 1 Co 10.5). Isso serve de figura para nóse de advertência contra o perigo de cometermos os mesmos pecados queeles praticaram, isto é, cobiça, idolatria, apostasia, prostituição e murmura-ção (cf. 1 Co 10.6-10). Assim, vemos que a permanência na salvação não éautomática, pois aquele que não tomar cuidado pode perder-se.

10.5. A B í b lia d á um a d e fin i çã o c l a r a s ob re a d o u t r in a d a p r e

s e r v a ç ã o DO CRENTE

O Espírito Santo quer, também nessa questão, guiar-nos em toda averdade (cf. Jó 16.13).

10.5.1. G r a ç a   d e   D e u s   e   r e s p o n s a b i l i d a d e   d o   c r e n t e

A Bíblia ensina que a preservação depende tanto do poder de Deuscomo da atitude do crente permanecer em Jesus! Vejamos que tanto oSenhor Jesus Cristo como os apóstolos falaram sobre este assunto.

• Jesus escreveu à igreja em Filadélfia: “Como guardaste a palavra daminha paciência, também eu te guardarei na hora da tentação” (Ap

3.10). Jesus vinculou o seu poder protetor à guarda da sua palavra. Quandose referiu ao seu poder de guardar os crentes — suas ovelhas — , disse:“Ninguém as arrebatará das minhas mãos” e acrescentou: “Ninguém podearrebatá-las das mãos de meu Pai” (Jó 10.28,29). Não existe um poder,nem na terra nem no inferno, capaz de fazer algo contra o poder da mãode Deus e de Jesus. Porém, Jesus advertiu sobre o perigo de o próprio

crente afastar-se dessa proteção. Jesus advertiu seus discípulos, quando

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S o t e r i o l o g i a   - A D o u t r in a d a S a l v a ç ã o

vários dos que haviam crido tomaram atrás e não mais andavam comEle (Jó 6.66): “Quereis vós também retirar-vos?” (Jó 6.67) Vemos que se

um crente, voluntariamente, sair da mão do Senhor, perde a sua salvação. Que Deus nos guarde!

• Paulo escreveu a Timóteo: “Eu sei em quem tenho crido e estoucerto de que é poderoso para guardar o meu depósito até àquele “Dia”(2 T m l.l2 )e continua, na mesma epístola: “Acabei a carreira, guardeiafé” (2Tm 4-7). Paulo referiu-se tanto ao poder guardador de Deus, que

é o fator principal da nossa permanência na fé (cf. Rm 8.35-39; Fp 4.13),como ao fato de haver ele guardado a fé. Por isso, exortou os crentes aguardarem o depósito que lhes havia sido confiado (cf. 1 Tm 6.20; 2 Tm1.14). Diz ainda: “E o mesmo Deus de paz vos santifique” (1 Ts 5.23) eordena: “Conserva-te a ti mesmo puro” (1 Tm 5.22). O crente deveconfiar em Deus (cf. Sl 37.5; 125.1; 2 Co 1.9), mas também ter cuidadode si mesmo (cf. 1 Tm 4.16; At 20.28; Lc 21.34,36; Hb 12.15; 2 Jó 8).

• Paulo escreveu aos efésios. Quando Paulo escreveu aos efésios sobre o ataque de Satanás contra eles, não se expressou: “Já sois salvos e jamais podereis cair!” Pelo contrário, aconselhou-os dizendo: “Fortalecei-vos no Senhor e na força do seu poder. Revesti-vos de toda a armadurade Deus, para que possais estar firmes contra as astutas ciladas do diabo... para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, ficar

firmes” (Ef 6.10,11,13). Nesse conselho, Paulo destacou bem o valorindispensável do poder de Deus, a verdadeira fonte da vitória e da perseverança. Mas ele também salientou a responsabilidade de o crente serevestir daquilo que Deus lhe entregou para a sua defesa espiritual. Asdiferentes partes da armadura de Deus representam aquilo que Jesus dá atodos os que se unem a Ele: cingidos da verdade, e vestidos da couraça

da justiça, e calçados os pés na preparação do evangelho da paz, tomando sobretudo o escudo da fé e o capacete da salvação e a espada doEspirito, que é a Palavra de Deus (cf. Ef 6.13-17). Qualquer crente podereceber isso pela fé em Jesus. Cumpre-se aqui a palavra: “Graças a Deus,que nos dá a vitória por nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 15.57).

• Pedro também escreveu. O apóstolo Pedro também enfatizou ambos

os lados da doutrina da preservação. Ele escreveu: “Mediante a fé, estais

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

guardados na virtude de Deus” (1 Pe 1.5). Ele se refere tanto à virtude deDeus, o principal fator de proteção, como à responsabilidade que tem cada

crente de viver nessa virtude pela fé, pois sem fé essa virtude para nadaaproveita. A Bíblia diz: “A palavra da pregação nada lhes aproveitou, porquanto não estava misturada com a fé naqueles que a ouviram” (Hb 4.1,2).

10.5.2. É NECESSÁRIO TER UM EQUILÍBRIO BÍBLICO NA DOUTRINA DA 

PRESERVAÇÃO

Se houver ênfase somente no poder de Deus como a força que guardao crente, omitindo a própria responsabilidade pessoal de guardar-se domal, abre-se a porta para uma vida espiritual de descuido. Se, por outrolado, houver ênfase somente no esforço do crente de guardar-se, omitindo-se a gloriosa manifestação do poder de Deus como o principal fatorda proteção, abre-se caminho para um verdadeiro fracasso espiritual. ABíblia fala e a experiência confirma: “Não por força, nem por violência,

mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos” (Zc 4.6). O caminhocerto para preservar o crente na salvação é mediante a fé, guardada navirtude de Deus para a salvação já a se revelar no último tempo (cf. 1 Pe1.5). Assim chegaremos lá!

10.5.3. A B í b l i a  m o s t r a  o  c a m i n h o  d o  a r r e p e n d i m e n t o  e  d o  p e r d ã o

Para o crente guardar-se no caminho da salvação, importa que andena luz, como o Senhor na luz está! Então, o sangue de Jesus purifica dequalquer falta que tiver cometido contra Deus (cf. 1 Jó 1.7,9). A atitudenormal é o crente não pecar (1 Jó 2.1; 3.6). Mas, “se alguém pecar,temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o Justo” (1 Jó 2.1).

 Jesus viu graves falhas nas igrejas na Ásia Menor, que constituíam peri

go, ameaça de morte espiritual (cf. Ap 3.1) e perda do castiçal. O próprio Jesus disse que batalharia contra elas (cf. Ap 2.16). Todavia, Jesusnão ensinou às igrejas que “sendo já uma vez salvas estariam salvas parasempre”. Pelo contrário, advertiu àquelas igreja dizendo: “Arrepende-te”! (cf. Ap 2.5,16,21; 3.3,19)

Um crente que vigia e se arrepende de qualquer falta cometida conserva a sua alma lavada no sangue de Jesus e, confiando no poder de Deus,pode permanecer no caminho do Senhor até o fim! Que Deus nos guarde!

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C.APÍTTTTO 8

E c l e s i o l o g i aA D o u t r i n a   d a   I g r e j a

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T e o l o c i a  Si s t e m á t i c a

wmmmMmmmmmmMmmmÊmm' 

1. A O r i g e m   d a   Ig r e j a

Iniciamos aqui um estudo sobre a Igreja do Deus vivo (cf. 1 Tm 3.15).A Igreja é o alvo do grande amor de Jesus Cristo. A Bíblia diz: “Cristoamou a igreja e a si mesmo se entregou por ela” (Ef 5.25).

Para melhor compreensão da doutrina sobre a Igreja, iremos meditarsobre a origem desse organismo sob três aspectos.

1.1. A I g r e j a t e m o r ig e m em D e u s d es de a e t e r n i d a d e1.1.1. A Ig r e j a   n o   c o r a ç ã o   d e   D e u s

Quando Deus, na sua prescíência, previu a queda do homem quehaveria de criar, por seu grande amor concebeu um plano de salvaçãopara esse homem, e isso através do sacrifício do seu Filho amado (cf. Ef1.4,5; 1 Pe 1.19,20). O Filho aceitou o plano divino. É por isso que a

Bíblia diz do “Cordeiro que foi morto desde a fundação do mundo”(Ap 13.8).No seu eterno plano, Deus também determinou as bases e a forma da

comunhão que deveria haver entre os que aceitassem a salvação por Jesus Cristo. Foi então que a Igreja surgiu como um plano embrionáriono coração de Deus. Esse embrião se manteve “oculto em mistério” (cf.1 Co 2.7) desde os séculos dos séculos, até que o Pai, na plenitude dostempos, o quis revelar pelo Espírito Santo (cf. Ef 3.2-6; 1 Co 2.10).

1.1.2. A Ig r e j a   n a   p l e n i t u d e   d o s   t e m p o s

Quando Jesus, na plenitude dos tempos (cf. Gl 4.4), veio e iniciou asua missão, começou a ser revelado aquele mistério de Deus. Os homensque se convertiam pela pregação de Cristo começaram a segui-lo e a “se

congregar em Cristo” (Ef 1.10). De modo natural, formou-se em tornode Jesus um agrupamento que foi o início da Igreja. Jesus falou sobre asua Igreja dizendo: “Sobre esta pedra edificarei a minha igreja” (Mt16.18), referindo-se à confissão de Pedro que havia declarado na sua fé:“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo” (Mt 16.16). O início da igreja foisimples: Jesus era o centro em tudo e só havia uma caixa para atender

aos pobres. Judas era o tesoureiro dessa caixa (cf. Jó 13.29).

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Ec l e s i o l o g i a  - A Do u t r i n a  d a  Ig r e j a

1.1.3. A Ig r e j a   e s t a b e l e c i d a

Somente quando o Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos

e eles foram batizados com poder (cf. At 1.5), é que a Igreja foiestabelecida em autoridade e na forma como Deus havia determinado.O mistério de Deus, guardado desde o princípio dos séculos, estava revelado: a Igreja, órgão de Deus na dispensação do Novo Testamento, havia aparecido em cena.

1 .2 . O PROJETISTA DA IGREJA É ÜEUSNada ficou dependendo de invenções ou de idéias humanas. Tudo

relativo à Igreja já estava incluído no plano divino.

1.2.1. D e u s   f o r n e c e   o   m o d e l o

Sempre que Deus determina que o homem faça algo em cooperaçãoconsigo, fornece o modelo conforme tudo deva ser feito:

• Quando Deus ordenou que Noé construísse a arca, não deixou sob aresponsabilidade do patriarca a escolha do material, do molde e das medidas. Deus determinou tudo, até os menores detalhes (cf. Gn 6.14-16);

• Quando Deus ordenou a Moisés que construísse o Tabernáculo,Ele lhe deu orientações detalhadas acerca de tudo e enfatizou: “Atenta,

pois, que o faças conforme o seu modelo, que te foi mostrado no monte”(Êx 25.40);

• Da mesma maneira, Deus mostrou a Davi o “risco de tudo” para otemplo que Salomão deveria construir (cf. 1 Cr 28.12). Davi então falou aSalomão: “Tudo isso, disse Davi, por escrito me deram a entender por mandado do Senhor, a saber, todas as obras deste risco” (cf. 1 Cr 28.19). Assim,

Deus revelou o modelo da Igreja, o qual Ele havia mantido em oculto. Importa, por isso, fazer tudo conforme esse modelo (cf. 2 Tm 1.13,14).

1.2.2. D e u s   r e v e l o u   o   m o d e l o   d a   Ig r e j a   a t r a v é s   d o   E s p í r i t o   S a n t o

Quando a Igreja, no dia de Pentecostes, se levantou em poder, nãoexistiam livros ou ordens orientando sobre a forma como ela deveria ser

edificada. Jesus ensinou muitas coisas, mas também disse: “Ainda tenho

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T e o l o g i a  Sis t e m á t ic a

muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Mas, quandovier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade” (Jó

16.12,13). Foi isso o que aconteceu. O Espírito Santo tomou a direção detudo, e a igreja apostólica surgiu em pleno funcionamento, com os mistérios em ação, com os dons operando e com um crescimento notável. Dessa maneira, a igreja em Jerusalém tomou-se padrão para todos os tempos.

Os demais detalhes sobre esse mistério foram depois manifestadospela revelação que Paulo escreveu através das suas epístolas (cf. Ef 3.3),

fornecendo, assim, uma doutrina detalhada sobre a maneira como a igrejalocal deve ser edificada e como deve funcionar. Ele podia escrever: “Eurecebi do Senhor o que também vos ensinei” (1 Co 11.23). Foi esseensino que, por toda parte, foi entregue em cada igreja (cf. 1 Co 4.17).

1.2.3. E s p í r i t o   S a n t o  — o e x e c u t o r   d o   p r o j e t o

Quando o Espírito Santo foi derramado no começo do século passado,dando início ao movimento pentecostal, vivificou essa doutrina de maneira impulsionadora. A Palavra de Deus sobre a igreja local se tomouviva e constituiu um modelo que devia ser obedecido. Igrejas se levantaram por todas as partes do mundo, edificadas conforme o modelo inicial.

1 .3 . O PLANO DIVINO DISTINGUE IGREJA UNIVERSAL E IGREJA LOCAL

1.3.1. A Ig r e j a   u n i v e r s a l

A Igreja universal é um organismo espiritual, invisível ao olho humano, composta de todos os que, em todos os tempos e em todos oslugares, possuírem os nomes escritos no Livro da Vida. É “a universalassembléia e igreja dos primogênitos, que estão inscritos nos céus” (Hb12.23). Os crentes do Antigo Testamento, que creram em Deus e foram

aceitos por Ele através do sacrifício de cordeiros, após a morte e a ressurreição de Jesus foram postos em pé de igualdade com os crentes do NovoTestamento (cf. Rm 3.25,26). Eles tomarão parte na primeira ressurreição, quando Jesus vier nas nuvens. Jesus é o líder da Igreja universal.Não existem nela ministérios ou cooperadores: Ele é tudo em todos.Aqueles que permanecem em Jesus dando frutos pertencem à Igreja uni

versal. Se alguém não dá fruto, é cortado (cf. Jó 15.4-6). Todas as igrejas

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Ec l e s i o l o g i a  - A Do u t r i n a  d a  Ig r e j a

locais no mundo pertencem à Igreja universal, mas é possível ser membro de uma igreja local, sem pertencer à Igreja universal.

1.3.2. A IGREJA LOCAL

A igreja local é a forma neotestamentária da comunhão entre oscrentes. E um órgão que Jesus fez levantar através da sua morte (cf. Jó11.52; Ef 2.15,16). Ela é o agrupamento de crentes regenerados e batizadosem água, residentes em uma determinada comunidade, os quais, com o

propósito de obedecer à Palavra de Deus, se reúnem em um organismoespiritual para, sob a direção de um ministro de Deus, servir ao Senhor.Pela Palavra de Deus, sabemos que era possível saber se uma pessoa pertencia ou não à igreja. A Bíblia fala de “alguns da igreja” (At 12.1) e dosque “saíram de nós” (1 Jó 2.19). Assim, toma-se manifesta tanto a retidão dos sinceros (cf. 1 Co 11.19) como o desvario dos errados (cf. 2 Tm

3.9). Quando a Bíblia fala da disciplina na igreja, subentende-se que odisciplinado pertencia à mesma, pois ninguém pode ser desligado de umlocal ao qual não pertencia (cf. Mt 18.17,18).

Na igreja local, todos os membros são iguais em consideração, pois sãoirmãos (cf. Mt 23.8-10). Não existe discriminação de raça nem de posiçãosocial: todos são varas na mesma videira (cf. Jó 15.5). A Bíblia fala sempre

de uma só igreja local em cada lugar: a igreja em Jerusalém (cf. At 8.1),em Antioquia (cf. At 13.1), em Corinto (cf. 1 Co 1.2), em Tessalônica(cf. 1 Ts 1.1) e em Éfeso (cf. Ap 2.1), por exemplo. A igreja local tambémé referida na forma plural, quando se trata das igrejas existentes em determinada região. Assim, as igrejas na Galácia (cf. Gl 1.2), na Judéia, Galiléiae Samaria (cf. At 9.31) e na Macedônia (cf. 2 Co 8.1).

2 . A E s t r u t u r a   d a   Ig r e j a

A Bíblia fala da igreja como “a casa de Deus” (1 Tm 3.15). Isso nosfaz pensar na sua estrutura, sistema que cada construção de valor deve

possuir. Estrutura é um conjunto de partes que se destinam a sustentar a

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

carga. Sem uma estrutura segura, a construção pode cair. A estrutura daIgreja é de grande importância. Vamos observar três coisas que formam

essa estrutura, sem as quais a Igreja não pode ser aquilo que Deus, ogrande projetista, planejou que fosse.

2 . 1 . A I g r e j a   (ek k l es i a )    d e   D e u s  é  u m   p o v o   t i r a d o  d o  m u n d o

O mais importante na estrutura da Igreja e que lhe dá a razão de ser ede existir é que ela seja realmente constituída de um povo que, de acor

do com as palavras de Jesus, tenha sido tirado do mundo (cf. Jó 15.19).Essa realidade é evidenciada, de modo claro, pela própria palavra que oNovo Testamento usa, em sua língua original (grego), para “igreja” —ekklesia. Essa palavra é composta de duas outras: eh e klesis. Ek significa“para fora”, e klesis,  “chamado”. Ekklesia é  usada no Novo Testamento115 vezes e aparece em três significações distintas, porém sempre tra

tando de algo que é chamado para fora.

• É usada três vezes para expressar uma assembléia de comunidadegrega, tanto legal (cf. At 19.39) como ilegal (cf. At 19.32,40). Na acepçãolegal, os componentes da referida câmara eram chamados do convívioda família e da sociedade para constituírem aquela assembléia.

• E usada duas vezes para designar o Israel de Deus no Antigo Testamento (cf. At 7.38; Hb 2.12), exprimindo, assim, como Deus chamou aIsrael dentre os povos para ser um povo seu (cf. Dt 7.6-8).

• E usada 110 vezes para designar a Igreja do Deus vivo e revelagrandes e importantes verdades sobre essa organização, como um povo“chamado para fora”: Klesis, com relação à Igreja, nos faz pensar na chamada de Jesus aos pecadores perdidos (cf. Mt 9.13; Lc 19.10). Deus cha

ma por sua soberana vocação (cf. Fp 3.14), para comunhão com o seuFilho Jesus Cristo (cf. 1 Co 1.9). Ek  evidencia que por essa chamadafomos tirados das trevas (cf. Cl 1.13), do mundo (cf. Jó 15.19) e dessageração perversa (cf. At 2.40). A finalidade dessa “chamada para fora” éque sejamos o povo de Deus (cf. 2 Co 6.14-18), um povo seu, especial,zeloso de boas obras (cf. Tt 2.14), uma geração eleita, um sacerdócio

real, uma nação santa, um povo adquirido (cf. 1 Pe 2.9).

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Ec l e s i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  Ig r e j a

• Convém salientar que é somente quando a igreja realmente é cons-tituída de “um povo tirado para fora” é que tem o direito de ser chamada

“igreja”, no sentido neotestamentário.

2 . 2 .  J e s u s   é   o   c e n t r o   a b s o l u t o   d a   I g r e j a

Uma outra coisa importantíssima relacionada à estrutura da igreja éque Jesus deve ser o seu centro absoluto. Essa realidade temos expressada em João 1.3, onde está escrito: “Sem ele nada do que foi feito se fez”.

Foi Jesus quem comprou a Igreja com o seu sangue (cf. At 20.28) emorreu para ser o seu Senhor (cf. Rm 14.9). Deus determinou: “Ele é acabeça do corpo da igreja; é o princípio e o primogênito dentre os mortos, para que em tudo tenha a preeminência” (Cl 1.18). A Bíblia usavários símbolos que apontam de modo claro o lugar que Jesus tem e deveter na igreja. Jesus ressuscitado é o mais importante credo da Igreja. E

isso que a distingue de qualquer outro tipo de sociedade ou religião.

2.2.1. A Ig r e j a   c o m o   o   c o r p o   d e   C r i s t o

A Igreja como o corpo de Cristo (cf. Ef 5.22,23) é um organismovivo formado por aqueles que pela salvação receberam uma nova vidaatravés de Jesus (cf. Ef 2.1,5), aquEle que vive em nós (cf. Gl 2.20). Eum corpo cuja cabeça é o próprio Cristo (cf. Ef 1.22,23), que é o Salvador desse mesmo corpo (cf. Ef 5.23). Como um corpo não pode existirsem cabeça, assim também a Igreja não tem nenhuma condição de subsistir sem Cristo, a sua cabeça.

2.2.2. A Ig r e j a   c o m o   u m   t e m p l o

A Igreja como um templo (cf. 1 Co 3.16) constitui um símbolo que

apresenta os crentes como “pedras vivas” (cf. 1 Pe 2.4,5), que sãoedificados sobre o verdadeiro fundamento que é Cristo, o Filho do Deusvivo (cf. Mt 16.18). Ele é a pedra (cf. At 4.11; 1 Pe 2.4) sobre a qualtodos os membros da Igreja, individualmente, estão fundados esobreedificados (cf. Cl 2.7; Ef 2.20), gozando da firmeza e da segurançaque uma rocha proporciona (cf. 1 Pe 2.6,7) aos que sobre ela se edificam

(cf. Mt 7.24). Esse fundamento não pode ser substituído por outro (cf.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

1 Co 3.11), pois quem trocaria um fundamento na rocha por um outrona areia? Todos sabemos que uma casa edificada sobre a areia desmoro

na (cf. Mt 7.26,27).

2.2.3. A Ig r e j a  c o m o  u m   r e b a n h o

A Igreja como um rebanho (cf. At 20.28) é um símbolo que apontapara a necessidade da atuação de Jesus como “o bom Pastor” (Jó 10.11),como “o Sumo Pastor” (1 Pe 5.4), o “grande Pastor das ovelhas” (Hb

13.20), que ajunta as suas ovelhas dispersas e as conduz ao rebanho (cf. Jó 10.16). Sem pastor, as ovelhas se espalham e se dispersam (cf. Mt9.36). Embora Jesus tenha muitos servos escolhidos para cooperaremcom o Bom Pastor no apascentamento das ovelhas (cf. 1 Pe 5.1-3), somente Ele continua sendo a única força unificadora da igreja — o rebanho do Senhor.

2.2.4. A Ig r e j a   c o m o  u m  c a s t i ç a l

A Igreja como um castiçal é um símbolo que o próprio Jesus usou (cf.Ap 2.1). O castiçal usado no Tabemáculo era uma coluna com pedestale uma lâmpada central, de onde saíam seis braços laterais (três de cadalado) com uma lâmpada em cada braço. A coluna com pedestal simboliza Jesus. Ele mesmo disse: “Eu sou a luz do mundo” (Jó 8.12). Os braçosque saem dos lados da coluna representam os crentes, os quais são ligados em Jesus como as varas na videira (cf. Jó 15.1-15). Os “braços” têmem Jesus o seu fundamento (cf. 1 Co3.11). Por estar ligado a Jesus, cadacrente se toma uma luz no mundo (cf. Mt 5.14; Fp 2.15). Esse símboloevidencia que sem Jesus não há nem castiçal nem brilho!

2 . 3 . C a d a   m e m b r o   c o n s t i t u i   u m a   p a r t e   r e s p o n s á v e l   n a   I g r e j a

Quando Deus projetou a Igreja, determinou que cada crente possuísse uma responsabilidade pessoal e definida na execução da grandeobra que a ela foi confiada. Ou seja, uma realidade que fica evidenciada de uma maneira prática quando observamos que Deus deu a cadamembro da Igreja uma missão específica e definida. O apóstolo Paulo

explica isso de modo detalhado em 1 Coríntios 12.12-31. Nenhum

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Ec l e s i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  Ig r e j a

membro do corpo é sem importância, antes todos têm responsabilida-de na execução daquilo que cabe ao corpo fazer. A Bíblia fala, nessesentido, da “justa operação de cada parte” (Ef 4.16).

A Bíblia diz que Deus entregou talentos a cada crente (cf. Mt 25.14-30; Lc 19.13) e manda que “cada um administre aos outros o dom comoo recebeu” (1 Pe 4.10) conforme o plano de Deus. Cada membro estáinvestido de responsabilidade pessoal para tomar parte nas atividades daigreja. Como cada braço do castiçal possuía uma lâmpada, assim tam

bém cada crente é uma luz no mundo (cf. Mt 5.14). A palavra proféticadiz que Deus deu a cada um uma obra para fazer (cf. Me 13.34). Convémobservar que foi porque esse plano de Deus funcionava plenamente naIgreja Primitiva que ela se tomou tão poderosa na evangelização e suamensagem se expandiu velozmente. Todos os membros, naquele tempo,tomavam parte ativa nos trabalhos da comunidade. Vejamos o exemplo

em Jerusalém (cf. At 8.1-3; 11.19,20), em Filipos (cf. Fp 1.5) e emTessalônica (cf. 1 Ts 1.6-9).Para a igreja de hoje, só temos uma palavra a dizer: Esse “é o bom

caminho, e andai por ele!” (Jr 6.16)

3 . O P r o p ó s i t o   d e   D e u s   p a r a   c o m   a   I g r e j a

A Bíblia fala do etemo propósito de Deus a respeito da Igreja (cf. Ef3.11), assunto que é necessário conhecer. Neste capítulo vamos verificar cinco propósitos distintos que Deus deseja realizar por meio da igre ja. Conhecendo esses propósitos e cientes de que Deus, para realizá-los,usa homens salvos como instrumentos, devemos nós também, “com firmeza de coração” (At 11.23), fazer tudo o que estiver ao nosso alcancepara que o propósito divino seja alcançado.

3 . 1 . D e u s   e s c o l h e u   a   I g r e j a   p a r a   s e r   a   s u a   m o r a d a

3.1.1. D e u s   q u e r   h a b i t a r   n o  m e i o   d o s   h o m e n s  

 Já no Antigo Testamento, Deus mandou levantar o Tabernáculo para

habitar com o seu povo (cf. Êx 25.8) e encheu-o com a glória divina (cf.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

Êx 40.34). Também o templo foi levantado com a mesma finalidade (cf.1 Rs 6.11-13), e Deus prometeu que os seus olhos e o seu coração estari-

am ali para sempre (cf. 1 Rs 9.3-5). No Novo Testamento, Deus prometeu fazer da Igreja a sua morada (cf. Ef 2.21,22; 1 Co 3.16). Jesus afirmou, falando da Igreja: “Porque onde estiverem dois ou três reunidosem meu nome, aí estou eu no meio deles” (Mt 18.20; cf. 28.20). Nestadispensação, Ele se manifesta pelo Espírito Santo (cf. 2 Co 3.8; Jó16.14,15). Por isso importa que a Igreja esteja cheia do Espírito Santo

(cf. Ef 5.18; At 2.4).

3.1.2. D e u s   d e s e j a   f a l a r  a o s  h o m e n s

Assim como Ele falou no Tabernáculo (cf. Êx 25.22) e no Templo(cf. 2 Rs 19.15), quer também falar à sua Igreja. A Bíblia diz: “Quemtem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Ap 2.7,11). Se Deus,

no tempo de Moisés, falava por meio do fogo (cf. Dt 4.12), quanto maishoje, quando vivemos na dispensação do Espírito Santo. AtualmenteDeus faz ouvir a sua voz por meio do Espírito Santo, que nos fala pela suaPalavra (cf. 2 Sm 23.2), vivificando-a (cf. Jó 6.63; 2 Co 3.6). Fala-nostambém por meio dos seus ministros (cf. 1 Pe 1.12; Hb 2.3,4; 2 Cr 36.15).0 Espírito Santo comunica-se conosco também através dos dons espirituais, dos quais seis transmitem a sabedoria e a mensagem de Deus (cf.

1 Co 12.8-11).

3 . 2 . A I g r e j a   é   o   l u g a r   o n d e   o   c r e n t e   c u l t u a   a  D e u s

3.2.1. S a c e r d ó c i o  r e a l

Conforme o seu propósito, Deus escolheu a Igreja para que fosse oseu sacerdócio nesta nova dispensação (cf. 1 Pe 2.9; Ap 1.6). Assim

como Deus ordenou, no tempo do Antigo Testamento, que o culto sagrado fosse oficiado pelo sacerdócio levítico (Nm 3.3; Êx 28.3), assimEle entregou, no Novo Testamento, esse ofício à igreja. O apóstolo Pedroescreveu: “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecerdes sacrifícios espirituais, agradáveis a Deus, por Jesus Cristo” (1 Pe 2.5).

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Ec l e s i o l o g i a  - A Do u t r i n a  d a  Ig r e j a

3.2.2. S e m e l h a n ç a s   e n t r e  o  a n t i g o  e  o  n o v o   s a c e r d ó c i o

Existem várias semelhanças entre o sacerdócio da antiga e o da nova

aliança (Hb 7.27):

• Deus ordenou também ao seu sacerdócio nesta dispensação oferecersacrifícios espirituais (cf. 1 Pe 2.5). E verdade que são sacrifícios diferentesdaqueles oferecidos no antigo pacto, que não podiam aperfeiçoar aquelesque os ofereciam (cf. Hb 9.8). No novo pacto, porém, veio Jesus e ofere

ceu o maior e mais perfeito sacrifício quando, pelo Espírito eterno, ofereceu-se a si mesmo, imaculado (cf. Hb 9.11-14; 5.1). A nós, os sacerdotesdo novo pacto, cabe oferecer ao Senhor sacrifícios de louvor por tudoquanto Ele fez e continua fazendo por nós (cf. Hb 13.15; 2 Cr 29.31).

• Devemos também oferecer a Deus os nossos corpos em sacrifíciovivo, santo e agradável a Deus, que é o nosso culto racional (cf. Rm

12.1). Foi esse o sacrifício que os crentes da Macedônia ofereceram aDeus (cf. 2 Co 8.5).• Assim como os sacerdotes do Antigo Testamento orientavam os

que serviam no santuário (cf. Nrn 3.22), também os ministros da igrejasão os encarregados, pelo Senhor, de executarem os trabalhos pelo aperfeiçoamento dos santos para a obra (cf. Ef 4.12).

• O sacerdócio de Deus no novo pacto, que é a Igreja, deve tomar

parte ativa no culto a Deus. O Senhor espera isso, e todo o crente opode fazer. Cada crente deve, portanto: orar a Deus sem cessar (cf. 1 Ts5.17; Rm 12.12; Cl 4.2), usar os dons espirituais na Igreja (cf. 1 Co14-26) e anunciar as virtudes daquEle que nos chamou das trevas para asua luz (cf. 1 Pe 2.9).

3 . 3 . A I g r e j a   é   o   l u g a r   o n d e   o   c r e n t e   é  g u i a d o   à  b o a   d o u t r i n a

Quando Jesus andava aqui na terra, se ocupava, principalmente, comduas coisas: Buscar e salvar o que se havia perdido (cf. Lc 19.10) e guardar os que haviam se convertido (cf. Jó 17.12). Vamos observar queDeus, conforme o seu propósito para com a Igreja, determinou que elafosse o seu instrumento para proporcionar a cada crente o cuidado, a

proteção e a orientação espiritual de que carece.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

Este propósito é evidenciado, de modo nítido, através de dois símbolos aplicados à Igreja: “rebanho” e “lar”.

3.3.1. A Ig r e j a   c o m o   r e b a n h o

A Igreja como rebanho (cf. At 20.28) é designada pelo mesmo símbolo que a Bíblia usa no Antigo Testamento para o povo de Deus (cf. Sl100.3; 95.7; 74.1; 78.52). O Novo Testamento apresenta a Igreja como0 rebanho de Deus, onde Jesus é o Bom Pastor (cf. Jó 10.11) e o Sumo

Pastor do rebanho (cf. 1 Pe 5.4). Jesus mesmo disse: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jó 21.16). O apóstolo Pedro repetiu a mesma ordem paraos servidores da igreja (cf. 1 Pe 5.2). Esse símbolo revela as grandes bênçãos que Deus proporciona a cada membro da igreja, que é o rebanho deDeus.

• O rebanho é levado aos campos verdejantes (cf. Sl 23.2), ilustração do ensino da Palavra de Deus (cf. Mt 4-4). Deus quer proporcionaràs suas ovelhas, por meio do seus servos, “pastos gordos” (Ez 34-14). Poresse motivo, os ministros devem conhecer os bons campos (cf. Jr 23.22)para que o rebanho cresça (cf. Gn 30.27-30).

• O rebanho é também levado às águas tranqüilas (cf. Sl 23.2).Isso nos fala da necessidade que a igreja tem do ensino da Palavra deDeus, para ser levada às bênçãos entregues pelo Espírito (cf. Jó7.38,39) e para que lhe sejam comunicadas as bênçãos de Deus (cf.Rm 1.11,15). Assim, a Palavra de Deus opera fé nos crentes (cf. Rm10.17) e eles são enriquecidos pela operação do Espírito Santo (cf.1 Co 1.5-7).

• O rebanho deve também ser protegido contra os perigos que o

ameaçam, tudo que o Inimigo usa para fazer desanimar ou desviar ocrente do bom caminho. A Bíblia fala de doenças e quebraduras (cf.Ez 34-4,16), de perigos por animais ferozes (cf. 1 Sm 17.34-37), etc. Enesse sentido que os ministros da igreja devem deixar-se gastar paraajudar os que estiverem em má situação espiritual (cf. 2 Co 12.15; 1 Jó3.16). Um bom pastor sempre vai atrás da ovelha perdida (cf. Lc 15.4;

Mt 18.12).

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Ec l e s i o l o g i a   A Do u t r i n a  d a   Ig r e ja- i iiniiii mmiriiiiiniiiiiiiiiiiii

• O rebanho deve também ser guiado: “Guia-me pelas veredas da justiça” (SI 23.3). Aqui se refere às orientações espirituais que Deus, pormeio de seus servos, deseja proporcionar aos membros da igreja.

3.3.2. A I g r e j a c o m o  u m a   f a m íl ia   ( c f . E f 2.19,20)Esse símbolo é realmente maravilhoso e traz para nós um ensino

importante, que revela o que Deus preparou para os crentes atravésda igreja.

Assim como todos os membros de uma família normal gozam de amore comunhão em seu lar, do mesmo modo todo membro da igreja devesentir-se ligado aos outros membros pelo amor de Deus (cf. 1 Jó 1.7;3.14,16,17). Ninguém deve viver só para si, mas também para os outros(cf. 2 Co 5.15), sendo portador de amor fraternal (cf. Hb 13.1; 2 Pe 1.7),tendo cuidado uns dos outros (cf. 1 Co 12.25), chorando com os que

choram e alegrando-se com os que se alegram (cf. 1 Co 12.26). Assimcomo todos os filhos de uma família recebem a educação e a devidaorientação no lar, também a igreja é o lar espiritual onde os membros,indistintamente, recebem os cuidados, a alimentação espiritual e a orientação pela qual poderão amadurecer espiritualmente e crescer mais emais, deixando o estado espiritual de “meninos” (cf. Ef 4.14,15; 1 Co13.11; 1 Pe 2.1,2) e tomando-se “pais na fé” (cf. 1 Co 4.15).

3.4. A I g r e j a  e   o   m i s t é r io   d a  d i s p e n s a ç ã o   d a   g r a ç a   d e  D e u s  

Quando a Bíblia fala do propósito eterno de Deus sobre a igreja ecomo ele foi revelado, diz que se trata de um mistério (cf. Ef 3.3-6) eainda acrescenta em Efésios 5.32: “Grande é este mistério; digo-o, porém, a respeito de Cristo e da igreja”.

3 .4 .1 . O MISTÉRIO REVELADO ATRAVÉS DA IGREJA

Foi um momento emocionante quando Deus revelou o mistério da igre ja. Isso aconteceu quando Jesus, depois de ter consumado a sua obra e aberto a porta da salvação para todos, voltou para o Pai. Ficou então a pergunta:“Quem poderá continuar a obra iniciada por Jesus? Quem fará conhecer

as bênçãos da salvação, que por Cristo foram ganhas para todos?”

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TEOLOCIA 5l S t e m á t i c a

Então Deus revelou o seu propósito, fazendo saber que havia determinado que a igreja fosse o instrumento para a continuação da obra de

Cristo.• A palavra “mistério”, usada na Bíblia com relação à Igreja, re

presenta, segundo a opinião dos eruditos teólogos, um termo familiarque expressa um plano estratégico de guerra, antecipadamente preparado para enfrentar circunstâncias previstas. Todo plano estratégico é secreto e, por isso, conservado lacrado. Quando o perigo pre

visto surge, então o plano secreto é aberto e imediatamente posto emação.

• Foi um momento de grande triunfo quando Deus, no dia de Pentecostes, revelou o mistério da igreja! O fogo de Deus caiu sobre todos eforam cheios do Espírito Santo (cf. At 2.1-4). Então a igreja levantou-se em poder no cenário do mundo, já de posse do mistério revelado de

Deus, e assumiu a missão de continuadora da obra de Cristo na terra.Grande é esse mistério!

3.4.2. Em q u e  c o n s i s t e  o  g r a n d e  m is t é r io ?

O mistério consiste na ação continuadora da obra de Jesus que, embora no céu, a exerce pessoalmente através da igreja. Assim como Jesusexecutou a obra do Pai por meio do corpo físico que Deus lhe prepararaem seu nascimento original (cf. Lc 1.35; Hb 10.5), assim Ele hoje continua a sua obra através do seu corpo místico, que é a igreja. A Bíblia dizque Deus “Sujeitou todas as coisas a seus pés e, sobre todas as coisas, oconstituiu como cabeça da igreja, que é o seu corpo, a plenitude daqueleque cumpre tudo em todos” (Ef 1.22,23). Aleluia! Assim, Jesus está pessoalmente presente na Igreja, pois Ele habita nela (cf. 1 Co 3.16) e vive

em cada um dos seus membros (cf. 1 Co 6.19; Cl 3.3; Gl 2.20). Elebatiza os crentes com o Espírito Santo, glorificando a Jesus em suas vidas (cf. Jó 16.14). Ele mesmo disse: “Eis que eu estou convosco todos osdias” (Mt 28.20). Da mesma maneira como Jesus zelava pela salvaçãodas almas perdidas quando andava aqui no mundo, hoje, por meio doEspírito Santo, Ele inspira e impulsiona a Igreja a levar o Evangelho a

todos os homens (cf. Me 16.15; Mt 28.18-20; At 1.8).

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Ec l e s i o l o g i a   - A D o u t r i n a   d a   Ic r e j a

3.4.3. O MISTÉRIO DA UNIDADE NA DIVERSIDADE

A igreja também é um mistério por ser um organismo que reúne to

dos os crentes em um só corpo (cf. Jó 11.52; 1 Co 12.13), com uma sófinalidade, que é executar a obra de Cristo.

• Na igreja não existe nenhuma distinção entre “judeus” e “gregos”,porque Jesus derrubou a “parede de separação” quando, na sua came,desfez as inimizades e reconciliou, pela cruz, ambos com Deus, em um só

corpo, destruindo com ela as inimizades (cf. Ef 2.14-16).• Não existe na igreja nenhuma forma de discriminação! Não sediferenciam ricos e pobres, escravos e livres, sábios e desprovidos deconhecimento, homens e mulheres, nem qualquer outra forma de discriminação, seja racial ou social, pois todos são um em Cristo (cf. Cl3.11; Rm 10.20; 1 Co 12.13).

• Sendo assim, todos os membros da igreja podem, sem nenhumimpedimento, dedicar-se à execução da maior tarefa de todos os tempos: a evangelização do mundo, continuando a obra que o Mestreiniciou.

3.4.4. O MISTÉRIO DOS DONS MINISTERIAIS

A Igreja é também um mistério porque Deus pôs nela os dons

ministeriais (cf. Ef 4.7-11; 3.7). Convém observar que os ministériosque operam no Novo Testamento são exatamente os mesmos que

 Jesus possuía quando, como verdadeiro homem, trabalhava aqui entre os homens!

Vejamos:

• Jesus era apóstolo (cf. Hb 3.1) e dá apóstolos à igreja (cf. Ef 4.11).• Jesus era profeta (cf. Mt 13.57; 23.37; Lc 13.33) e dá profetas à

igreja (cf. At 13.1).• Jesus era evangelista (cf. Lc 4.18) e dá evangelistas à igreja (cf.

2 Tm 4.5).• Jesus era pastor (cf. Jó 10.11; 1 Pe 5.4) e dá pastores à igreja para

que apascentem suas ovelhas (cf. 1 Pe 5.2; Ef 4 11)-

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

• Jesus era ensinador (cf. Jó 3.2) e dá ensinadores e doutores à igreja(cf. At 13.1).

Quando o Espírito Santo opera em plenitude na vida dos que receberamo dom ministerial (cf. Ef 3.7), o próprio Jesus continua a sua obra através daigreja e dos seus ministros (cf. Me 16.20). Isto é, realmente, um mistério!

3.4.5. O MISTÉRIO DOS DONS ESPIRITUAIS

A Igreja é um mistério porque Deus a enriqueceu com os dons

espirituais (cf. 1 Co 12.7-1; 1.7). Os dons espirituais expressam tanto a sabedoria como o poder de Deus que, de uma maneira plena,operavam na vida e no ministério de Jesus quando Ele andava nestemundo. Hoje Jesus deseja enriquecer a sua igreja com os mesmosdons. Por isso mesmo Ele podia dizer: “Aquele que crê em mim também fará as obras que eu faço e as fará maiores do que estas, porque

eu vou para meu Pai. E tudo quanto pedirdes em meu nome, eu ofarei” (cf. Jó 14.12,13). Quando os dons são usados corretamente naigreja, representam a honra do próprio Jesus. Portanto, importa quetodos os crentes busquem os dons (cf. 1 Co 12.31). Devemos, pois,zelar para que os dons jamais sejam desprezados (cf. 1 Tm 4.14), massempre despertados (cf. 2 Tm 1.6). Assim sendo, Jesus continuará asua obra por meio da sua igreja! Isso é um grande mistério!

3 .4 .6 . O MISTÉRIO DA EXPANSÃO DO EVANGELHO

A Igreja é também um mistério porque é o próprio Jesus quem dirige a expansibilidade do Evangelho. E isso Ele realiza pelo Espírito Santo.

• Jesus quer tomar a dianteira de tudo que concirna ao ministério,

desde a chamada (cf. Gl 1.15; Hb 5.4), a separação (cf. At 13.1-4) e opreparo para o exercício (cf. 2 Co 3.5,6), como também a orientaçãopara o serviço no campo (cf. At 16.6-10) — tudo para maior vitória doEvangelho (cf. At 14-1-3,27).

• Jesus quer dirigir cada crente pessoalmente para que, conforme odom que cada um tenha recebido (cf. 1 Pe 4-10), possa ser um instrumen

to nas mãos de Deus para a salvação de muitas almas (cf. At 11.19,21).

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Ec l e s i o l o g i a   A D o u t r i n a  d a  Ig r e ja«wss*ígmmiEWww**e*Mí*E*iwi**iMiim*88eE

3.4.7. O MISTÉRIO DA DEPENDÊNCIA DE DEUS

O mistério da Igreja se expressa também nisto: ela só funciona en

quanto vivermos e agirmos conforme a vontade de Deus, ou seja, ligados à cabeça, que é Jesus Cristo (cf. Cl 2.19), de onde vem todo o crescimento (cf. Ef 4-16). Aqueles, porém, que não cumprem a vontade deDeus, mas somente os preceitos humanos e a vontade da carne, nãopodem estar diante de Deus (cf. Mt 15.13).

3.4.8. O MISTÉRIO DA PERPETUIDADEA Igreja é um mistério porque permanece através dos tempos. Jesus

disse: “As portas do inferno não prevalecerão contra ela [a Igreja]”(Mt 16.18).

• “Portas do inferno” pode significar a morte (as portas do reino damorte). A morte é uma realidade que atinge tanto ministros como membros. Mas à medida que os pais passarem para a eternidade, seus filhos, osnovos crentes, continuarão a lida (cf. Sl 45.16; 102.28). Graças a Deus!

• Na Bíblia, a palavra “porta” expressa também o lugar onde se elaboram planos e se tomam decisões (veja Gn 19.1). “Portas do inferno”pode, dessa maneira, significar o lugar onde o inimigo da igreja, Satanás, elabora seus planos contra ela. A história da Igreja é um testemu

nho disso. O Inimigo, através dos tempos, tem levantado inimizades,perseguições e ciladas contra a Igreja, mas ela a tudo tem resistido e,após as ondas, tem se levantado renovada e fortificada para continuar aobra aqui na terra. Isso é realmente um grande mistério!

3.4.9. O MISTÉRIO DA HONRA E DA GLÓRIA

Finalmente, a Igreja é um mistério porque, embora muitos trabalhem, só Jesus é honrado. Somente Jesus recebe toda a honra e toda aglória (cf. Ef 3.21). Aqueles que Deus usa na igreja como instrumentosafirmam diante das vitórias alcançadas: “Senhor, tu nos darás a paz, porque tu és o que fizeste em nós todas as nossas obras (Is 26.12). E porcausa desse mistério que a Igreja continua sendo um instrumento que

executa as obras de Cristo sobre a terra.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

3 . 5 . A I g r e j a   é   a   c o l u n a  e   f i r m e z a   d a   v e r d a d e

No seu etemo propósito, Deus também determinou que a Igreja fosse

“a coluna e firmeza da verdade” (1 Tm 3.15):

3.5.1. T o d a  a  o b r a  d e  D e u s  e s t á   f u n d a m e n t a d a   s o b r e  a  v e r d a d e

Deus é a verdade (cf. Jr 10.10), Jesus Cristo é a verdade (cf. Jó 14.6)e o Espírito Santo é o Espírito da verdade (cf. Jó 16.13), que nos guiaráem toda a verdade.

 Jesus entregou aos seus discípulos as palavras da verdade (cf. Jó 17.8)e eles, como ministros da Palavra (cf. Lc 1.2), a entregaram da mesmaforma como a haviam recebido (cf. 1 Co 11.23). Assim, foi pregado portodo o mundo o Evangelho da verdade (cf. Cl 1.5).

3.5.2. A v e r d a d e  d e  D e u s   é  a b s o l u t a

Assim como Deus é eterno (cf. Is 40.28; Sl 45.6), a sua Palavratambém é eterna (cf. Mt 24.35). A Palavra de Deus não pode sofrernenhuma modificação ou alteração por parte de quem quer que seja(cf. Mt 5.18,19; Ap 22.18,19). Ela é o padrão de Deus para todos osmembros da Igreja.

• Existem padrões para todas as medidas: comprimento, peso, tem

po, etc. Isso é um fato mundialmente reconhecido. No planetário deGreenwich, na Inglaterra, há um relógio que indica o tempo paratodo o globo e que é padrão para todo o mundo. Da mesma maneira,há em uma universidade da Europa uma medida padrão e um pesopadrão. De todo o mundo chegam ali pesos e medidas para seremaferidos pelo peso e medida padrões ali existentes. Esses pesos e me

didas, ao receberem a aferição, ficam sendo também consideradospadrões.

• Assim como aqueles pesos e medidas, a Palavra de Deus é opadrão da verdade. A “ciência” deste mundo tem procurado por todos os meios provar que a Bíblia não é a verdade, mas seus esforçostêm sido em vão, pois a Bíblia está firmada como uma rocha bem alta

no meio de um mar turbulento. Quando as ondas do ateísmo, do

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Ec l e s i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  Ig r e j a

modernismo e do gnosticismo se lançam contra ela, se quebram e sedesfazem, porque ela é a rocha que tem permanecido inabalável pe

los séculos dos séculos.

3.5.3. M u i t o s , p o r é m , f r a u d a m  pe s o s  e   m e d i d a s

Assim como existem fraudes com pesos e medidas, da mesma formaalguns procuram mudar a Palavra de Deus. A Bíblia, que condena “abalança enganosa” (cf. Pv 11.1; Mq 6.11), combate com veemência os

que se desviam da verdade (cf. 2 Tm 2.16-18; 4.3,4; Tt 1.11-16).

• Existem doutrinas falsas que procuram desmoralizar a verdade deDeus e têm por finalidade desviar os homens da fé (cf. 1 Tm 6.20,21;1.4,6,7), rejeitando a dominação e vituperando as autoridades (cf. Jd 8).

• Existem também doutrinas carnais que defendem ampla liberdadepara a came e a concupiscência (cf. 1 Tm 6.9; Tt 2 12; 2 Tm 4.3,4; Jr23.16,17; Mq 2.11).

3.5.4. D e u s   c o l o c o u   a   s u a   Ig r e j a   c o m o   a   c o l u n a   e   f i r m e z a   d a  

v e r d a d e

Deus não entregou a defesa e a pregação dessa alta responsabilidade à política ou à cultura, nem tampouco à sociedade, mas escolheu

para essa nobre missão a sua Igreja. A Igreja precisa, em primeiro lugar, manter atitude firme e não ceder diante dos ataques contra a sãdoutrina. Devemos em tudo praticar a verdade, seja em palavras sejaem ações (cf. 1 Co 4-6; 2 Co 1.19). Devemos andar na verdade (2 Jó4). Devemos, a tempo e fora de tempo, ser defensores do Evangelho,assim como o apóstolo Paulo e outros o foram (cf. Fp 1.16; At 24.5).

Ninguém possui em si qualidades naturais pelas quais possa ser umacoluna da verdade. Nada neste mundo, seja dinheiro, posição social,política ou cultura, pode fazer de um homem, ou de uma igreja, coluna. Os fariseus, no tempo de Jesus, possuíam tudo isso, porém Jesusdisse a respeito deles: “Dizem e não praticam” (Mt 23.3). São os vencedores que se tornam colunas. Jesus disse: “A quem vencer, eu o farei

coluna no templo do meu Deus” (Ap 3.12). Trata-se aqui da vitória

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T e o l o g i a  S i s t e m á t ic a

sobre a carne, o mundo e o Diabo. É Deus quem nos faz coluna e quenos fortifica pelo seu Espírito (cf. Sl 75.3), pela força do seu poder (cf.

Ef 6.10). Assim podemos “ficar firmes” (cf. Ef 6.13).A promessa de Jesus está de pé: “Como guardaste a palavra da minha

paciência, também eu te guardarei” (Ap 3.10).

4 . O G o v e r n o   d a   I g r e j a

A revelação dada pelo Espírito Santo sobre o ministério da Igreja(cf. Ef 3.3-5) inclui também um importante ensino sobre o ministérioe as funções no corpo de Cr isto (cf. Ef 3.7 -11). E de muita importânciaque a atuação do ministério esteja sempre de acordo com o propósitode Deus.

4.1. As DIFERENTES FUNÇÕES NA IGREJA

4.1.1. O p a s t o r   ( c f . E f  4-11)Aqui se trata de um ministério dado pelo dom da graça de Deus, pela

operação do seu poder, para atuar no corpo de Cristo (cf. Ef 3.6,7). ABíblia também chama o pastor de “anjo da igreja” (cf. Ap 2.1). Podeacontecer que vários ministros desenvolvam o trabalho na mesma igre

 ja; porém, um deles é o pastor, o responsável, o que preside o trabalho.Esse fato vemos evidenciado naquilo que a Bíblia relata sobre a igrejaem Jerusalém: vários apóstolos estavam atuando; porém, apenas um,Tiago, era o responsável — era ele quem presidia (cf. At 15.4).

4.1.2. O PRESBÍTERO (CF. T t 1.5)

Conforme o ensino apostólico, havia presbíteros em cada igreja (cf. At14.23). Eles foram estabelecidos para que a boa ordem fosse mantida nasigrejas estabelecidas (cf. Tt 1.5). Para essa função utilizava-se, simultaneamente, três títulos: presbítero (cf. Tt 1.5), ancião (cf. At 20.17) e bispo (cf.At 20.28), sem que esses nomes representassem diferença, quer no cargo,quer na responsabilidade — eram apenas sinônimos. Os presbíteros toma

vam parte ativa no apascentamento da igreja (cf. At 20.28) e também no

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- mm

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Ec l e s io l o g ia  - A Do u t r i n a  d a  Ic r e j a

ensino, pois uma das qualidades exigidas do candidato ao presbitério eraque fosse “apto para ensinar” (cf. 1 Tm 3.2). Os presbíteros constituíam umcorpo auxiliar no governo da igreja, sob a presidência do pastor. Convémsalientar que os ministros também se consideravam presbíteros. Escrevendo aos presbíteros, o apóstolo Pedro afirmou ser ele também um presbítero(cf. 1 Pe 5.1), e o apóstolo João considerava-se também ancião (cf. 2 Jó 1)ou presbítero (cf. 3 Jó 1). Apesar de os presbíteros não serem ministros daPalavra, os ministros, necessariamente, eram presbíteros. Assim ficava

distinguida a liderança que lhes fora dada por Deus.

4 .1 .3 .0 d iá c o n o   ( c f . 1 Tm 3.)

 Já no início da atividade da igreja, em Jerusalém, manifestou-se anecessidade de separar alguns homens cheios do Espírito Santo e desabedoria para servirem como diáconos, atendendo assuntos materiais e

sociais (cf. At 6.1-3), aliviando a sobrecarga que estava sobre os ombrosdos ministros, a fim de que estes pudessem dedicar-se à oração e ao ministério da Palavra (cf. At 6.4). Os diáconos não são os responsáveisdiretos nem pelo lado material nem pelo social da igreja, mas são constituídos “sobre este importante negócio” (cf. At 6.3). Assim, eles nãofazem parte propriamente do governo da igreja. Os diáconos, sendo cheiosdo Espírito Santo, podem tomar parte na pregação da Palavra, comofaziam os diáconos Estêvão (cf. At 6.10) e Filipe (cf. At 8.5). O que seespera de um bom diácono é um bom serviço (cf. 1 Tm3.13).

4.2. A FORMA DE GOVERNO DA IGREJA NEOTESTAMENTÁRIA

Existem, entre as nações, várias formas de governo, como tambémexistem vários tipos de governos eclesiásticos nas denominações religi

osas. Qual é, pois, a forma de governo que mais se aproxima daquelautilizada nas igrejas nos dias dos apóstolos?

4.2.1. O GOVERNO DO HOMEM

Nenhuma das formas de governo que comumente conhecemoscorresponde à forma usada no Novo Testamento. Vejamos algumas das

formas mais conhecidas de governo nas nações.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

• Teocracia, uma forma de governo onde o poder emana de Deus(foi usada em Israel em algumas ocasiões).

• Monarquia, uma forma de governo na qual o poder supremo é exercido por um monarca, com ou sem limites.

• Ditadura, uma forma de governo onde o poder concentra-se namão de um indivíduo, arbitrariamente.

• Oligarquia ou aristocracia, uma forma de governo monopolizadapor uma classe privilegiada.

• Democracia, uma forma de governo que baseia-se na soberaniapopular, onde o povo elege os seus governantes por voto livre.

4.2.2. O GOVERNO DO ESPÍRITO

O Espírito Santo criou uma forma de governo para a igreja que reúnetodas as outras formas acima mencionadas.

A igreja tem, em parte, um governo teocrático: Deus é quem reina,quem governa. Jesus é a cabeça da igreja (cf. Ef 1.22) e a Ele somentepertence toda a preeminência (cf. Cl 1.18). Porém, Deus não quis governar a sua igreja sozinho. Ele fez dos seus servos reis e sacerdotes (cf.Ap 1.6). Os seu ministros são constituídos embaixadores que, “da parte de Cristo”, exercem suas atividades (cf. 2 Co 5.20; 1 Co 5.4; Lc10.16; 1 Ts 4.8). Deus os constituiu como seus cooperadores (cf. 1 Co

3.9) e os revestiu de autoridade (cf. Me 13.34). Na igreja em Jerusalém é possível perceber como isso funcionou. Após uma reunião degrande importância, foi dito: “Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós”(At 15.28). Embora existissem profetas presentes nessa reunião (cf.At 15.32) não lhes foi entregue a responsabilidade de solucionar oproblema em pauta, pois isso cabia ao pastor da igreja (cf. At 15.13).

O governo da igreja também inclui, em parte, uma forma de monarquia, pois Deus colocou um “anjo” na igreja (cf. Ap 2.1), que é o pastor,ao qual foi dado uma grande parcela de responsabilidade. Jesus considerou esse “anjo” como o responsável pelo estado espiritual da igreja, comoé possível deduzir de Apocalipse 2.3. Embora seja grande a responsabilidade que pesa sobre o pastor da igreja, tem ele de lembrar que não é

independente. Em primeiro lugar, está sempre sujeito à direção de Deus.

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Ec l e s io l o g ia  - A D o u t r i n a  d a  Ig r e j a

Tem também de ouvir os presbíteros e possuir o apoio da igreja. Observamos isso em Atos 15. Embora a solução do problema estivesse com

Tiago, que era o pastor, este precisava ter o apoio tanto da parte dosanciãos como da igreja (cf. At 15.22). O apóstolo Paulo escreveu à igre ja em Corinto: “Não que tenhamos domínio sobre a vossa fé, mas porque somos cooperadores de vosso gozo” (2 Co 1.24).

O governo da igreja também inclui, em parte, um governo oligárquico,pois ela possui um corpo formado pelos demais ministros e pelos

presbíteros, que cooperam no governo sob a direção do pastor. Esse é umassunto de muita importância. E o Espírito Santo quem constitui bisposna igreja (cf. At 20.28). Devemos, portanto, procurar fazer com que asdiferentes atividades da igreja sejam harmoniosamente distribuídas, deforma que venham a coincidir com os propósitos do Espírito Santo.

Existem dois extremos na maneira de ver a função dos presbíteros.

Alguns não lhes dão nenhum valor, considerando-os como um ornamento no púlpito. Outros, ao contrário, fazem dos presbíteros um colégio fiscal para vigiar o pastor. Outros ainda os consideram como patrõesdo pastor, diante dos quais ele tem de sujeitar-se.

Esses extremos estão errados. Deus concedeu o governo da igreja aopastor, mas este, por sua vez, tem de trabalhar harmoniosamente com ospresbíteros e com toda a igreja. Os presbíteros bem doutrinados sabemdar valor ao seu pastor, e os que são dominados por essa nobre atitudevalorizam o próprio trabalho.

A democracia está também representada no governo da igreja, queem tudo deve ser ouvida. A igreja representa Jesus aqui na terra. Umpastor que ouve a sua igreja demonstra, com isso, estar sob a direção deDeus. Um bom pastor vai na frente, e o rebanho vai após ele e o segue

em sua pegadas (cf. Jó 10.4). A igreja bem doutrinada sabe dar valor aoseu pastor e nele confia. Ela sabe discernir e é capaz de sentir quando opastor está sob a vontade de Deus.

Assim, temos observado que o governo da igreja é um conjunto detodas as formas de governo acima mencionadas, mas não esqueçamos deque quanto mais o Espírito Santo estiver na direção da igreja tanto mais

perfeito e harmônico será esse governo.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

4.3. A v i t ó r i a  d a   I g r e j a  d e p e n d e   d o   l u g a r   o c u p a d o  p o r  D e u s   e m

SUA DIREÇÃO

 Jesus é o cabeça da igreja. Ele deve, incontestavelmente, ter absolutapreeminência em seu governo. Devemos cuidar de que ninguém venhaa repetir, no exercício do governo da igreja, o mesmo que foi dito aonascer Jesus. Então se dizia: “Não havia lugar para eles na estalagem”(Lc 2.7). Se no governo da sua igreja o próprio Jesus não é consultado enem há lugar para que Ele delibere, com certeza a igreja não pode ser

abençoada.

4 . 3 . 1 . J e s u s   é  q u e m  e s c o l h e  o s  g o v e r n a n t e s

 Jesus quer conservar para si o monopólio da escolha daqueles quedevem servir no governo da igreja. Ele mesmo já tem, antecipadamentee desde o ventre, escolhido aqueles que hão de servi-lo na sua obra (cf.

 Jr 1.5; Gl 1.15) e tem até preparado as obras que lhes cabe fazer para queandem nelas (cf. Ef 2.10). Portanto, ninguém deve ser separado paraministro ou presbítero sem que haja plena certeza de que, verdadeiramente, tem sido chamado por Deus. Ninguém pode tomar para si talhonra, senão aquele a quem Deus chamou, como Arão (cf. Hb 5.4).Não está no poder do homem descobrir a chamada, pois só Deus é quema revela. Assim aconteceu quando o profeta Samuel foi enviado paraque ungisse um dos filhos da casa de Jessé como rei sobre Israel. Chegando ali, convocou toda a família. Jessé trouxe perante Samuel todos osseus filhos, menos um. Quando Samuel viu o filho mais velho, Eliabe,pensou logo: “É este”! Porém, o Senhor lhe disse: “Não”. Assim passaram os demais, porém nenhum deles era o escolhido por Deus! Perguntou Samuel: “Acabaram-se os mancebos?” Então foi chamado o mais

novo, Davi, que estava no campo apascentando as ovelhas da família.Quando ele entrou, disse o Senhor: “Este mesmo é”! Então Samuel oungiu (cf. 1 Sm 16.1-13).

É por isso que a Bíblia adverte: “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos” (1 Tm 5.22). A precipitação na separação de um obreiro pode ocasionar que alguém não chamado por Deus seja “consagrado”

para um serviço no qual não achará nenhuma obra previamente prepa

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Ec l e s i o l o g i a  - A Do u t r i n a  d a  Ig r e j a

rada por Deus (cf. Ef 2.10). Além disso, o “consagrado” irá ocupar umlugar que Deus havia reservado para outro que, para isso, havia sido

chamado e preparado. A Bíblia registra tristes exemplos assim. Quandoo rei Saul morreu, Davi, que já havia sido ungido rei, foi aceito pelatribo de Judá (cf. 2 Sm 2.4). Todavia, as outras tribos,- influenciadas pelapolítica de Joabe, não buscaram a direção de Deus, mas empossaram aIsbosete como rei (cf. 2 Sm 2.8,9), e o governo desse homem foi umfracasso que ocasionou uma triste e sangrenta guerra fratricida no país

(cf. 2 Sm 3.1). Quando Isbosete foi morto, o governo de Israel foi entregue a Davi, o rei que Deus havia escolhido (cf. 2 Sm 5.1-3) e que prosperou grandemente (2 Sm 5.10-12).

4.3.2. D ir ig id o s   po r  J e s u s

Os que estão no governo da igreja devem, pelo Espírito Santo, estar

bem entrosados com a direção de Jesus. Se não for assim, se perderá aparte sobrenatural da direção da igreja, e os ministros se tomarão “funcionários religiosos”, exercendo uma função meramente humana. Se emuma massa de construção a parte de areia for muito grande e a de cimento muito pequena, a argamassa resultante se tomará fraca. Assim também acontece com o governo da igreja quando Jesus não é consultadonem ouvido: a parte sobrenatural se toma inexistente.

Quando o apóstolo Paulo resolveu certo problema em Corinto, escreveu: “Em nome de nosso Senhor Jesus Cristo, juntos vós e o meuespírito, pelo poder de nosso Senhor Jesus Cristo” (1 Co 5.4). Destamaneira, o Senhor podia confirmar as obras das mãos de Paulo (cf. Sl90.17), pois os caminhos do apóstolo eram de Cristo (cf. 1 Co 4-17).

A Bíblia recomenda que andemos em Espírito (cf. Gl 5.25). Um

servo do Senhor que no seu trabalho possua uma real direção do Espírito Santo recebe, com isso, uma manifestação sobrenatural em seuministério, coisa que faz com que outros possam sentir que Deus realmente fala por meio desse servo.

Devemos sempre relembrar a grande lição do centuríão de Cafarnaum,registrada em Mateus 8.9. Ele disse: “Eu sou homem sob autoridade e

tenho soldados às minhas ordens”. O ministro é posto, pelo Senhor,

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“sobre os seus servos, para lhes dar a tempo a ração” (Lc 12.42). Porém,o ministro deve continuar sempre sob a autoridade do Senhor Jesus. Ele

nunca se toma autônomo!

4.3.3. G o v e r n o   j u d ic io s o

Um ministro deve, no exercício do seu ministério, realizar somente aquiloque faça parte das suas atribuições. A Bíblia diz: “Cumpre o teu ministério”(2 Tm 4.5), e mais: “Atenta para o ministério que recebeste no Senhor,

para que o cumpras” (Cl 4.17). O ministro jamais deve entrar nas atribuições de um outro ministro, pois isso somente traria prejuízos para a obra.Quando o rei Saul entrou na área do ministério do profeta Samuel e fezaquilo que não lhe cabia fazer, foi destituído (cf. 1 Sm 13.9-14). A mesmacoisa aconteceu com o rei Uzias, quando entrou no templo para acenderincenso, coisa que só cabia aos sacerdotes. Por isso, foi advertido e se indig

nou. Mas, como castigo, surgiu lepra na sua testa (cf. 2 Cr 26.16-19).Sejamos, pois, fiéis no exercício do nosso ministério até o fim (cf.Ap 2.10).

5 . A D i s c i p l i n a   n a   I g r e j a

No modelo de Deus para a igreja, encontramos também a doutrina arespeito da disciplina. Importa conhecer esse assunto, pois trata-se dealgo que o próprio Deus tem determinado.

5.1. O SIGNIFICADO DA DISCIPLINA NA IGREJA

5.1.1. P r in c ípio   d i v i n o

A disciplina na igreja exprime um princípio divino, isto é, afirmaque Deus castiga o pecado.

• Deus, desde o início dos tempos, mostrou-se inteiramente contrário ao pecado. Quando Adão e Eva transgrediram, Deus não permitiu

que permanecessem no Paraíso, pois os expulsou de lá (cf. Gn 3.9-24).

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Ec l e s i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  Ig r e j a

• Nos tempos do Antigo Testamento, Deus forneceu severa orienta'ção sobre as penalidades que deviam ser aplicadas aos que transgredis'

sem as suas leis, mas também falou das bênçãos que acompanhariamaqueles que obedecessem ao Senhor (Dt 28.1-68).

• O mesmo princípio de disciplina domina as ordens de Deus na vidagovernamental. A Bíblia diz que devemos estar sujeitos às ordenaçõeshumanas: “Sujeitai-vos, pois, a toda a ordenação humana por amor doSenhor; quer ao rei, como superior; quer aos governadores, como por ele

enviados para castigo dos malfeitores e para louvor dos que fazem o bem”(cf. 1 Pe 2.13,14; Rm 13.1-3). Na vida militar existem regulamentos bemseveros, utilizados como meios para manter a ordem. Existe também, emnosso país, um código de trânsito pelo qual os infratores são punidos.

• É esse o mesmo princípio divino que surge quando a Bíblia fala dadisciplina na igreja, que é o meio pelo qual Deus quer conservá-la livre

do pecado e da influência do mal (cf. 1 Co 5.13).

5 . 2 . C o m o d ev e s e r f e i t a a d i s c ip l in a n a i g r e j a

Conforme o ensino de Jesus, toda a disciplina na igreja deve sempreter como o alvo principal ganhar o faltoso (cf. Mt 18.15): “Se te ouvir,ganhaste a teu irmão”. Vamos verificar, segundo a orientação de Jesus,os diferentes passos na disciplina.

5.2.1. E x o r t a ç ã o   p a r t i c u l a r

Primeiro deve haver uma exortação pessoal em particular (cf. Mt 18.15).Devemos, com amor e sabedoria, falar ao faltoso com a finalidade dedespertá-lo (cf. 2 Tm 2.25). A Bíblia oferece muitas e maravilhosas instruções nesse sentido (cf. Gl 6.1-3; Rm 15.1; 1 Ts 5.14; 2 Tm 2.24,25). Se

o faltoso atender e se arrepender, então está solucionado o problema.Se, porém, a primeira exortação particular não surtir efeito, então

deve-se exortar mais uma vez o faltoso (Mt 18.16).

5.2.2. E x o r t a ç ã o  pe l a   Ig r e j a

Quando a tentativa de ajudar o faltoso de forma particular não der o

resultado desejado, então é necessário levar o caso ao conhecimento da

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

mmm-~ -----— - - - - - -

igreja, que deve providenciar uma advertência através de uma comissão. Se a pessoa advertida atender à palavra dada pela igreja e se arre

pender, reconciliando-se em seguida, tudo estará solucionado.

5.2.3. A DISCIPLINA DA IGREJA

Quando nem a exortação em particular nem a palavra da igreja surtirem efeito, então o faltoso ficará sujeito à disciplina. Existem duas formas de disciplina a serem aplicadas, conforme a gravidade do caso.

• A suspensão da igreja. É uma forma menos rigorosa, onde o faltosofica sujeito à suspensão de: cargos que ocupe, participação na Santa Ceia,etc. Contudo, ele continua membro da igreja, devendo, como diz a Bíblia, ser admoestado “como irmão” (cf. 2 Ts 3.14,15). Tudo isso com afinalidade de ajudá-lo a despertar e se consertar.

• A exclusão. Quando as outras medidas não surtirem efeito, entãoresta somente o último recurso: a exclusão da igreja. O faltoso é, então, separado da comunhão com a igreja, isto é, não é mais considerado membro, mas “como um gentio e publicano” (cf. Mt 18.17). ABíblia diz que devemos julgar os que estão dentro da igreja (cf. 1 Co5.12). Quando a Bíblia se expressa sobre a disciplina, dizendo que ofaltoso seja “entregue a Satanás para destruição da carne, para que oespírito seja salvo no Dia do Senhor Jesus” (1 Co 5.5), fala simplesmente sobre a realidade que está acontecendo com a exclusão. Ofaltoso, tentado pelo Diabo, escolheu o pecado, rejeitando assim a Jesus. Através da exclusão, a igreja somente executa visivelmente aquilo que ele já interiormente fez quando separou-se de Cristo. Fica ele,agora, separado do corpo de Cristo, lugar protegido contra Satanás

pelos muros da salvação. Que tristeza!

5.2.4. Q u e m   d e v e   s e r  e x c l u í d o ?

A respeito desse delicado aspecto, a Bíblia fala de vários pecadospassíveis de disciplina. Convidamos o leitor a examinar detidamente osseguintes textos: 1 Coríntios 5.11; 2 Timóteo 2.10-11; Tito 1.10,11 e 3

 João 10,11.

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Ec l e s i o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a  Ig r e j a

5.2.5. E x i s t e m   d o i s   e x t r e m o s   n a   m a n e i r a   d e   a p l i c a r   a   d i s c i p l i n a

NA IGREJA

• Alguns são tolerantes com os pecadores na igreja até o ponto deum total relaxamento da disciplina. Os motivos dessa fraqueza podemser vários: alguns não têm pulso para aplicar a disciplina quando se tratade famílias importantes ou quando são seus próprios familiares. Temosum exemplo disso na pessoa do sacerdote Eli (cf. 1 Sm 2.12-17,29).Outros sofreram um declínio na sua atitude de manter a disciplina por

total falta de renovação pessoal. Outros não possuem condições mínimas para isso por completa falta de pureza na própria vida. Outros, ainda, desistem de aplicar medidas drásticas por medo das conseqüências.

 Jesus censurou o anjo da igreja em Tiatira porque ele foi tolerante (cf.Ap 2.20). O apóstolo Paulo exortou severamente a igreja em Corintopor seu relaxamento diante da necessidade de exercer disciplina (cf.

1 Co 5.1-12). A falta de disciplina na igreja comprova sempre um enfraquecimento espiritual dos crentes que perdem, pouco a pouco, a suasensibilidade no discernimento entre o bem e o mal (cf. Hb 5.14).

• O outro extremo é representado por alguns que aplicam a disciplina com muito rigor e com uma dureza exagerada. A Bíblia chama a essesde brutos (cf. Jr 10.21; Ez 34.12), pois a atitude dura testifica que estãoisentos do sentimento de um verdadeiro pastor (cf. Ez 34.8). Muitasvezes a disciplina é aplicada por um simples capricho oriundo de umregime de força humana. Outras vezes aplica-se a disciplina para afastarelementos indesejáveis. O resultado dessas atitudes é sempre triste, poisprejudica a vida de amor e comunhão da igreja, gerando, em seu lugar,um espírito de medo e até de escravidão que começa a dominar o povo.Por causa dessa dureza, vários irmãos estão hoje desnecessariamente fora

do Reino de Deus! Tudo isso, porém, fica arquivado até o dia em quetodos os responsáveis pela disciplina hão de dar conta diante de Deuspelas almas que lhes foram confiadas (cf. Hb 13.17).

• O caminho certo na disciplina da igreja passa entre os extremos.Deve-se aplicar a disciplina, porém, com firmeza e inteira imparcialidade, repassadas de muito amor e mansidão, para assim, ganhar o faltoso,

que é o alvo principal.

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

5.3. P o r  q u e  é  n e c e s s á r i o  a p l i c a r  a  d is c ipl i n a  n a   i g r e ja ?

A Bíblia mostra que grandes bênçãos acompanham a igreja que obe

dece à ordem de Deus, mas fala também das graves conseqüências que aigreja sofrerá se estiver em desobediência à Palavra de Deus e tolerar opecado dentro de si.

5.3.1. I g r e j a : h a b i t a ç ã o   d e  D e u s

E necessário aplicar a disciplina porque Deus quer habitar na igreja (cf. 1

Co 3.16; Ef 2.22). Deus é santo, e, por isso, a igreja deve ser santa (cf. 1 Pe1.15,16). Deus disse a Josué: “Não serei mais convosco, se não desarraigardeso anátema do meio de vós” (Js 7.12). O apóstolo Paulo escreveu à igrejaem Corinto: “Saí do meio deles, e apartai-vos, diz o Senhor; e não toqueisnada imundo, e eu vos receberei; e eu serei para vós Pai, e vós sereis paramim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso” (2 Co 6.17,18).

5.3.2. D i s c i p l i n a : u m a   n e c e s s i d a d e

A disciplina é necessária porque só assim a igreja pode conservar asua peculiaridade.

• A igreja é um povo especial (cf. Tt 2.14) tirado do mundo (cf. Jó15.19). Por isso temos de escolher: ou lançamos o pecado fora da igreja ou

o deixamos em seu interior para pouco a pouco transformá-la para pior,tomando-a igual ao mundo. A Bíblia adverte: “Um pouco de fermento fazlevedar toda a massa” (1 Co 5.6). Por isso está escrito: “Alimpai-vos, pois,do fermento velho, para que sejais uma nova massa, assim como estaissem fermento. Porque Cristo, nossa páscoa, foi sacrificado por nós. Peloque façamos festa, não com fermento velho, nem com o fermento da mal

dade e da malícia, mas com os asmos da sinceridade e da verdade” (1 Co5.7,8). Se não limparmos o joio, ele tomará conta do campo e sufocarátudo o que foi plantado. Convém notar que quando Jesus, utilizando umaparábola, falou: “Deixai crescer ambos juntos até à ceifa” (Mt 13.30), Elenão estava se referindo à igreja, mas ao mundo (cf. Mt 13.38).

• O poder do pecado é muito grande, e a força do mau exemplo atrai

e contamina (1 Co 15.33). Se permitirmos que os membros cujo exem

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T e o l o g i a  Si s t e m á t i c a

dida e restaurada pela igreja! Ela foi restaurada porque o pecado na suavida foi condenado.

Quando, porém, a tolerância com o pecado deixa o faltoso na igreja,isso traz um entristecimento para os justos, enquanto as mãos dos pecadores são reforçadas (cf. Ez 13.22). E o resultado é que os faltosos nãoquerem se arrepender (cf. Jr 23.14).

5 . 4 . A ATITUDE QUE DEVE TER A IGREJA PARA COM OS DISCIPLINADOS

5.4.1. E x c l u s ã o   — a u s ê n c i a   d e   c o m u n h ã oDevemos respeitar a disciplina aplicada pela igreja, pois ela é feita em

nome de Jesus e de acordo com a Palavra de Deus. O próprio Jesus a respeitou. Ele disse: “Tudo o que desligardes na terra será desligado no céu” (cf.Mt 18.18). Ele mesmo se faz presente na ocasião da disciplina (cf. Mt 18.20).

A Bíblia diz que devemos considerar o excluído como gentio ePublicano (cf. Mt 18.17), isto é, devemos reconhecer que ele não maispertence à igreja e que nós não podemos mais ter comunhão com ele.Não devemos, jamais, tomar partido em favor dos excluídos.

5.4.2. E x c l u s ã o   — m a s   c o m   a m o r

Devemos, porém, mostrar amor para com aquele que foi desligado. Jesus nos ensinou a ir após a ovelha perdida (cf. Lc 15.4-6). Essa atitude

tem cooperado para o restabelecimento de muitos.

5.4.3. E x c l u s ã o   — r e s p e it o   m i n i s t e r i a l

As igrejas devem também respeitar, entre si, as resoluções de outrasigrejas e não aceitar nenhum excluído sem que ele primeiro se reconcilie com a sua igreja de origem.

6 . A s O r d e n a n ç a s   d a   I g r e j a

No ensino da Bíblia encontramos as duas ordenanças dadas por Cristo à Igreja. Esse assunto é muito importante, pois faz parte dos primeiros

rudimentos da doutrina de Cristo (cf. Hb 6.1-3).

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Ec l e s i o l o g i a   A Do u t r i n a  d a  Ig r e j a- m m m m immmmmamammimmmmmmmmÊmmmÊmm 

6 . 1 . A SIGNIFICAÇÃO DAS ORDENANÇAS DE CRISTO À IGREJA

6.1.1. O QUE SÃO?

Entende-se por “ordenanças de Cristo” as ordens dadas por Ele à suaIgreja referentes à ministração dos dois ritos sagrados instituídos e ordenados por Cristo, que são o batismo nas águas e a Santa Ceia. Ambosexpressam, simbolicamente e de modo visível, o sepultamento e a ressurreição em Cristo — com relação ao batismo, e a memória de Cristona sua morte — com relação à Santa Ceia.

Os salvos, a quem são ministrados esses ritos, expressam, com a suaaceitação, o seu amor a Cristo e a sua fé na Palavra do Senhor.

As ordens de Jesus sobre o batismo e a Santa Ceia foram dadas demodo muito claro. Jesus disse: “Portanto, ide, ensinai todas as nações,batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo” (Mt 28.19).A respeito da ceia Ele disse: “Tomai, comei, isto é o meu corpo”, e:“Bebei dele todos. Porque isto é o meu sangue” (cf. Mt 26.26-29), eainda: “Fazei isto em memória de mim” (1 Co 11.24). Essas ordenançasnão são meramente símbolos vazios, que nada têm a ver com a nossavida espiritual, como alguns, de doutrina acomodada, proclamam. Antes, a observância delas é indispensável e obrigatória. Por isso, devem,em todos os tempos, ser praticadas pelos crentes.

6 . 1 . 2 . O r d e n a n ç a s  n ã o  s ã o  s a c r a m e n t o s

O batismo e a Santa Ceia são ordenanças, não sacramentos. Existeuma interpretação que atribui ao batismo e à Santa Ceia um valor quasemágico, sendo, por isso, chamados de sacramentos. Essa palavra significa:“Cada um dos sinais sensíveis produtores da graça, instituídos por JesusCristo como auxiliares indispensáveis para a pessoa conseguir a salvação

eterna” (Dicionário Eletrônico  Michaelis,  versão 4-00, São Paulo, 1996).Como podemos verificar, a palavra “sacramento” é definida como sendoalgo que transmita a graça de Deus àqueles a quem for ministrado. Convém observar que essa palavra não é encontrada em nenhum ponto daBíblia, mas é uma expressão criada pelos próprios teólogos. Nem o batismo nem a Santa Ceia são sacramentos, mas sim ordenanças de Deus. Oensino da Bíblia é bem claro no sentido de que nenhum destes dois atos

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transmite a graça de Deus a alguém, pois são ministrados exclusivamenteaos que já foram salvos pela graça de Deus, em Jesus Cristo.

Além disso, convém observar que Deus jamais entregou aos homensmeios visíveis que pudessem ser utilizados por alguém para transmitir agraça divina a outro homem. A graça de Deus vem somente por Cristo,pela fé no seu sangue (cf. Rm 3.24; 5.15; 2 Tm 1.9).

6.2. O BATISMO — UMA ORDENANÇA DE Ü EU S

Embora o ensino da Bíblia sobre o batismo seja bem claro, tem exis-tido, através dos tempos, muita controvérsia teológica sobre essa doutrina. Existem muitas maneiras utilizadas para ministrar o batismo. A finalidade deste estudo é simplesmente observar os pontos principais dadoutrina bíblica sobre o batismo nas águas.

O batismo foi ordenado por Jesus Cristo. Foi Ele quem mandou queos   seus discípulos batizassem (cf. Mt 28.19; Me 16.16). Os discípulossaíram e pregaram por toda a parte, batizando em cumprimento à ordemrecebida (cf. Me 16.20; At 2.41; 8.12; 10.47).

Uma ordem dada pelo Senhor é realmente para ser cumprida (cf. Sl119.4), pois a desobediência significa rejeição do conselho de Deus (cf.Lc 7.29,30). Todo aquele que ama o Senhor prova esse amor obedecendo à sua Palavra (cf. Jó 14-21,23). A salvação nos liberta até das tradi

ções recebidas dos pais (cf. 1 Pe 1.18). Graças a Deus!

6.3.  D e  q u e   m a n e i r a   d e v e   s e r   p r a t i c a d o   o   b a t i s m o ?

O batismo deve ser praticado assim como foi nos dias dos apóstolos.

6.3.1. Q u e m   e r a   a c e i t o   p a r a   b a t i s m o ?

Batizavam-se pessoas que se haviam arrependido (cf. At 2.38), pessoas que de bom grado recebiam a Palavra (cf. At 2.41; 8.12), os quecriam em Jesus (cf. Me 16.16; At 8.12,37; 18.8; 16.33,34), pessoas que

 já eram discípulos (cf. At 19.1-6) e até mesmo crentes já batizados noEspírito Santo (cf. At 9.17,18; 10.47). Observamos, assim, que não existena Bíblia nenhum exemplo de batismo de crianças recém-nascidas. Quan

do se fala de “batismo de famílias” não se altera o que acima foi menci-

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Ec l e s i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  Ig r e j a

onado, pois as famílias sobre cujo batismo a Bíblia fala eram compostasde pessoas já conscientizadas sobre o que faziam. Vejamos a família do

carcereiro: a Bíblia diz que o carcereiro, “na sua crença em Deus, alegrou-se com toda a sua casa” (cf. At 16.34). Na família de Cornéliotodos foram batizados no Espírito Santo antes do batismo nas águas (cf.At 10.44-48). Sobre a família de Estéfanas (cf. 1 Co 1.16), a Bíblia nãoesclarece qual era a situação de cada membro, mas Paulo escreveu arespeito, dizendo que se dedicavam ao “ministério dos santos” (cf. 1 Co

16.15). Sobre o batismo pelos mortos (cf. 1 Co 15.29), trata-se de umaheresia que existia no tempo de Paulo. Quando Paulo defendia a verdade da ressurreição de Cristo contra os que a contestavam, ele mostrou,como um exemplo, que até aqueles que em outros pontos doutrináriosestavam errados, acreditavam na ressurreição.

6 . 3 . 2 . De

 q u e m o d o e r a m b a t i z a d o s o s c r e n t e s n o s d i a s d o s a p ó s t o

l o s ?

Os candidatos eram imersos nas águas. A Bíblia diz sobre o batismodo eunuco: “Desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e obatizou” (At 8.38). Sobre o batismo de Jesus, a Palavra afirma que Ele,depois do seu batismo, “saiu logo da água” (Mt 3.16). Era costume realizarem os batismos em Enom, “porque havia ali muitas águas” (Jó 3.23).Além disso, não existiu o suposto problema (como afirmam os defensores do batismo por aspersão) do múltiplo batismo dos 3.000 convertidosno dia do Pentecostes, em Jerusalém. A Cidade Santa possuía cincograndes reservatórios de água, entre os quais o tanque de Betesda (cf. Jó5.2), que media 110 x 9 x 21 metros!

Todos eram batizados “em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito San

to” (Mt 28.19). Essa ordem de Jesus jamais foi revogada; portanto, ninguém tem o direito de desprezá-la (cf. Mt 5.18,19). Assim, toma-se impossível afirmar, pelo que se lê em Atos 2.38; 8.16; 10.48 e 19.5, que osapóstolos batizavam apenas em nome de Jesus, estando, por isso, a mencionada ordem sem efeito. Essas passagens significam apenas que os discípulos batizavam autorizados por Jesus. Os apóstolos faziam tudo em nome de

 Jesus (cf. Cl 3.17): pregavam (cf. Lc 24-47), curavam (cf. At 3.6,16), ex

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T e o l o g i a  S i s t e m á t ic a

pulsavam demônios (cf. Me 16.17) e disciplinavam (cf. 1 Co 5.9; 2 Ts3.6). Assim, quando batizavam, faziam isso também em nome de Jesus.

Porém, no ato de imergir o candidato, eles o batizavam em nome do Pai,e do Filho, e do Espírito Santo, conforme a ordem dada por Jesus.

6 . 3 . 3 . Q u a n d o   e r a   m i n i s t r a d o   o   b a t i s m o   n o s   d i a s   d o s   a p ó s t o l o s ?

Observemos que nos dias apostólicos o batismo era sempre ministra-do após a experiência da salvação; nunca antes. Ninguém era batizado

para ser salvo, mas porque já era salvo. O batismo é um ato sagrado quesimboliza o sepultamento da nossa velha natureza (cf. Rm 6.3-5). Subentende-se, assim, que somente pode ser sepultado aquele que tenhamorrido (cf. Rm 7.9,10). Também se compreende que, pela lógica, otempo entre a morte e o sepultamento — isto é, o batismo — não deveser muito extenso.

6.4. A SIGNIFICAÇÃO DO BATISMO

6.4.1. É UM SÍMBOLO

O batismo é um símbolo da nossa identificação com a morte, sepultamento e ressurreição de Jesus (cf. Rm 6.3,4). Assim como Jesus morreu, nós também morremos para o mundo (cf. Gl 2.20; Cl 3.3) e somos“sepultados” pelo batismo, para que, juntamente com Ele, venhamos aressuscitar em “novidade de vida” (cf. Rm 6.5; Cl 2.12).

6.4.2. É UMA CONFISSÃO

O batismo é também um ato em que confessamos a nossa fé em Jesus,pois, pela fé, morremos para o mundo para que pertençamos a Jesus (cf.Gl 3.27; 1 Pe 3.18). O batismo se toma para o crente em verdadeiro

limite entre o Reino de Deus e o mundo, como o mar Vermelho foicomo um limite entre a terra da escravidão (o Egito) e o caminho para anova vida (Canaã) (cf. 1 Co 10.2).

6.4.3. É UMA ORDEM

O batismo representa também obediência. Jesus ordenou e nós

queremos obedecer. Jesus é o nosso exemplo em tudo (cf. 1 Pe 2,21;

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Ec l e s i o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a  Ic r e j a

 Jó 13.15) e Ele foi batizado para cumprir toda a justiça de Deus (cf.Mt 3.21). Assim, nós também queremos seguir as suas pisadas (cf.

1 Pe 3.21; SI 85.13).

6.4.4. É UMA BÊNÇÃO

O batismo é o caminho da bênção. E um ato em que Jesus opera navida daquele que se submete a Ele, abençoando-o e confirmando a suafé na Palavra. Não é, como alguns afirmam, um ato mágico que, apenas

pela ministração, traz efeitos para a vida espiritual. A salvação é umdom de Deus (cf. Rm 6.23). Porém, Deus proporciona, pelo batismo,ricas bênçãos que aperfeiçoam a salvação recebida. Vejamos algumasdas bênçãos que o acompanham essa ordenança.

• O batismo agrada a Deus (cf. Mt 3.16,17). É sempre maravilhoso

quando é possível fazer algo que agrada a Deus (cf. Rm 14-18; 2 Co 5.9).• O batismo, por identificar o batizando com Cristo, aprofunda avida espiritual e constitui-se em uma força para a santificação (cf. Gl3.27).

• Por meio do batismo nós nos tomamos membros do corpo de Cristo, que é a sua Igreja (cf. At 2.41,42,47), pois somos batizados em Cristo(cf. Rm 6.3), que é a cabeça da Igreja (cf. Ef 1.22). A Bíblia diz: “nósfomos batizados em um Espírito, formando um corpo” (1 Co 12.13). Issoé uma grande bênção.

• Deus prometeu aos que forem batizados “o dom do Espírito Santo”(cf. At 2.38). Acontece, porém, que muitas vezes os batizandos já sãobatizados no Espírito Santo antes mesmo de serem batizados nas águas.No entanto, quem ainda não o é, pode receber essa promessa.

6.5. A S a n t a   C e i a   — u m a   o r d e n a n ç a   d e   C r i s t o

6 .5 . 1. Q u a n d o fo i e s ta b e l e c id a

A Santa Ceia foi instituída por Jesus na noite em que foi traído (cf.1 Co 11.23). Primeiro Ele celebrou a Páscoa junto com os seus discípulos(cf. Mt 26.26). Nunca antes havia sido comemorada a Páscoa de modo

tão solene e tão histórico como daquela vez, pois estava presente o verda

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T e o l o g i a  Si s t e m á t i c a

deiro Cordeiro de Deus (cf. 1 Jó 1.29), que é “nossa páscoa” (cf. 1 Co 5.7).Depois de cear, Jesus instituiu a ceia (cf. Mt 26.26; Me 14.22), que é umato comemorativo da sua morte. Jesus disse: “Fazei isso em memória demim” (cf. Lc 22.19; 1 Co 11.24). Dessa maneira, a ceia não é simplesmente um rito ou uma cerimônia de pouca significação, mas uma ordem divina que traz maravilhosas bênçãos e que deve ser considerada e mantida.

6.5.2. O q u e   a   S a n t a   C e i a   n ã o   é

Tem havido muita controvérsia sobre a significação da ceia do Senhor. Mencionaremos duas interpretações errôneas.

• Existem os que ensinam que a ceia é um ato que proporciona, demodo automático, perdão dos pecados para aqueles que dela participam.E bem verdade que na ceia comemoramos a morte de Jesus, que nos

trouxe perdão dos pecados (cf. Mt 26.26). Porém, está escrito que os quetomarem parte dela devem fazê-lo dignamente (cf. 1 Co 11.27,28), istoé, devem tomar parte dela já com os seus pecados perdoados. Caso contrário, o ato poderá até trazer para o participante julgamento e condenação (cf. 1 Co 11.29-32).

• Há outros que ensinam a doutrina da transubstanciação do pão e

do vinho, isto é, que após esses elementos terem sido abençoados, sãotransformados automática e miraculosamente, tornando-se em carnee sangue reais de Jesus. Porém, essa doutrina está inteiramente destituída de apoio bíblico. Jesus morreu uma vez por todos (cf. Rm 6.10)e, como ressuscitado, “já não morre” (cf. Rm 6.9). Sendo assim, é umabsurdo ensinar que Jesus, em cada ceia, é novamente crucificado. Pelocontrário, Ele está assentado à destra do Pai (cf. Cl 3.1), mas, peloEspírito Santo, está presente, pessoalmente, abençoando os comun-gantes, mas não no pão e no vinho transformados em Cristo real.

6.5.3. A SIGNIFICAÇÃO DOS DOIS ELEMENTOS NA CEIA: O PÃO E O VINHO

O pão simboliza, conforme a Palavra de Deus, o corpo de Cristo (cf.Mt 26.26). O partir do pão simboliza Jesus, o qual nos foi dado (cf. Lc

22.19) na sua morte, quando foi partido por nós.

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Ec l e s i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  Ig r e j a

O vinho, o “sangue da uva” (cf. Dt 32.14), simboliza o sangue de Jesus quando, na sua morte na cruz, foi derramado para a remissão dos

nossos pecados (cf. Mt 26.28).

6.5.4. S i g n i f i c a ç ã o   d o   pr ó p r io   a t o   d a   S a n t a   C e ia

• A ceia é um ato comemorativo da morte de Jesus. Ela não lembrasomente o sofrimento, mas também a vitória de Jesus. Através da Santa Ceia podemos olhar para trás, lembrando-nos da morte expiatória

do Senhor; olhamos também para o presente, onde verificamos que oGólgota ainda tem poder, pois Cristo ressuscitou e está presente, manifestando a sua graça aos que crêem na mensagem da cruz (cf. 1 Co2.5); e olhamos também para o futuro, onde vemos que o dia da suavinda se aproxima, quando nós haveremos de celebrar a ceia com Eleno Reino dos céus. Segundo a afirmativa de Jesus, podemos considerar

a ceia como um profundo memorial: “Todas as vezes que comerdeseste pão e beberdes este cálice, anunciais a morte do Senhor, até quevenha” (1 Co 11.26).

• A ceia é também um ato de fortificação espiritual. Somos salvos pela fé no sangue de Jesus (cf. Rm 3.25). Na ceia, o crente participa do corpo e do sangue do Senhor (cf. 1 Co 11.27), o que fortificaa sua fé. Na ceia, o crente anuncia a sua fé na morte do Senhor (cf.1 Co 11.26). Diante de Deus, diante de seus irmãos, diante do mundo e até diante de Satanás, o crente testifica, através da sua participação na ceia, que crê de coração em Jesus. A ceia não é, dessa maneira, um ato de tristeza e lamentação, mas de alegria, porque Jesus,cuja morte aí comemoramos, vive e está presente. O poder de Deuspara a cura dos doentes se manifesta na ceia, porque o cálice que

abençoamos simboliza o sangue de Jesus e a Bíblia diz: “Pelas suaspisaduras, fomos sarados” (Is 53.5).

• A ceia é também um ato de comunhão entre os crentes. A nossaunião na igreja está simbolizada na ceia. A Bíblia diz: “Porque nós,sendo muitos, somos um só pão e um só corpo; porque todos participamos do mesmo pão” (1 Co 10.17). Somos um em Cristo através da sua

morte.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

iüwimwsmmmmmmmmmfflmmmm 

• A ceia é também um ato de esperança. Paulo disse que, na ceia,anunciamos a morte do Senhor, até que venha (cf. 1 Co 11.26). Em

cada ceia encontramos também a mensagem de que o dia se aproxima! Jesus virá e então haveremos de participar da grande ceia nos céus (cf.Mt 26.29).

6.5.5. Q u e m   p o d e   p a r t ic ip a r   d a  c e i a ?

A ceia é “a mesa do Senhor” (1 Co 10.21) e, por isso, é o próprio

 Jesus quem determina os participantes da sua mesa.

• Em primeiro lugar, é um ato destinado aos salvos, cuja vida o permite participar da mesa do Senhor (cf. 1 Co 11.27,28).

• A ceia é para os que são batizados nas águas. A ceia é um atoentregue por Cristo à Igreja. Os crentes em Corinto se ajuntavam

para participar desse ato (cf. 1 Co 11.20). A igreja em Jerusalémperseverava no partir do pão (cf. At 2.42). Para pertencer à igreja énecessário ser batizado, pois o batismo é a porta visível desse organismo.

• A ceia é para aqueles que tenham as suas vidas dignas diante deDeus. A Bíblia ordena, quanto aos membros da igreja que vivam empecado, que “com o tal nem ainda comais” (1 Co 5.11). E uma obrigação da igreja julgar os que estão dentro dela (cf. 1 Co 5.12) e exercer adisciplina para que aqueles que não são dignos não participem da ceia,e, assim, a mesa do Senhor continue a ser respeitada.

• Uma pergunta. Judas lscariotes participou ou não da ceia? Conforme Mateus 26.22,23, Marcos 14.18-25 e João 13.26,27, parece que elesomente participou da celebração da Páscoa e depois se retirou. Porém

Lucas 22.22-24 mostra-nos que ele pelo menos estava sentado à mesa,também na ocasião da ceia. Sem responder taxativamente a essa pergunta, queremos afirmar: se Judas chegou a participar da ceia, então eleé uma séria advertência a respeito da maldição que vem sobre os que,em sã consciência, tomam a ceia indignamente, pois logo após a ceia,Satanás entrou em Judas e ele traiu o Mestre, enforcando-se em seguida

(cf. Jó 13.30; Mt 27.3-5; At 1.18).

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Ec l e s i o l o g i a  - A Do u t r i n a  d a  Ig r e j a

Vamos dar glória a Jesus por este ato tão maravilhoso e zelar por ele,para que o Senhor nos ajude no sentido de que a ceia seja sempre um atoque conserve viva em nós a memória da morte e da ressurreição de Cristo, o nosso Salvador!

7 . A s F i n a n ç a s   d a   Ig r e j a

Neste capítulo estudaremos sobre as contribuições e a administração financeira da Igreja Primitiva. Veremos também a orientaçãoque a Bíblia nos dá a esse respeito. Já no Antigo Testamento, foramdadas por Deus detalhadas instruções sobre a responsabilidade dopovo de Deus para com as despesas do culto. No Novo Testamentotemos muitas palavras, tanto de Jesus como dos apóstolos, concer

nentes à maneira como esse importante assunto deve ser tratado naigreja.

7.1. A EXPERIÊNCIA DA SALVAÇÃO PROPORCIONA UM GRANDE PRAZER EM

CONTRIBUIR

7 .1 .1 . P e l a   s a l v a ç ã o   n o s   t o r n a m o s   p a r t i c i p a n t e s   d a   n a t u r e z a  

d i v i n a   (c f . 2 P e   1 .4 )Essa comunhão desperta no crente a vontade de participar também

da responsabilidade financeira da obra de Deus. Vemos isso na pessoade Zaqueu, o publicano. Logo após ter sido salvo, ele quis dar umaparte de seus bens aos pobres (cf. Lc 19.8,9). A mesma graça que operaa salvação na vida do crente (cf. Ef 2.7,8) também desperta nele avontade de contribuir (cf. 2 Co 8.1-5).

7.1.2. A s a l v a ç ã o   l i v r a   o  c r e n t e   d a  a v a r e z a , q u e   é  u m a   f o r m a   d e  

i d o l a t r i a   ( c f . Ef 5.5) Jesus fez uma séria advertência contra a avareza (cf. Lc 12.15),

pecado muito perigoso, pois o dinheiro é a raiz de todos os males(cf. 1 Tm 6.9,10). O dinheiro deve ser o nosso servo, nunca nosso

senhor. Aquele que permite que o dinheiro o domine jamais terá

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

mmmmsimimmMmimm m m mm Mmm-- 

sossego (cf. Ec 5.10). Mas os que crucificam a sua velha naturezacom Cristo (cf. Gl 2.20), livram-se da avareza e, então, têm prazerem contribuir. Convém observar que, quanto mais uma pessoa forsantificada, tanto mais ela gostará de contribuir. Por outro lado,pode-se notar que os avarentos raramente dão um bom testemunhona vida diária.

7 . 2 . C a r a c t e r í s t i c a s   d a s   c o n t r i b u i ç õ e s   n a   I g r e j a  P r im it iv a

A contribuição na Igreja Primitiva não era feita de qualquer maneira, mas seguia um método padrão.

7.2.1. A CONTRIBUIÇÃO e r a   u m a  o r d e n a n ç a

A Bíblia diz: “No primeiro dia da semana” (1 Co 16.2). Assim acontribuição era feita. “Não com tristeza ou por necessidade” (2 Co 9.7),

isto é, não se contribuía só quando havia uma necessidade especial naigreja, mas metódica e regularmente.

7.2.2. A CONTRIBUIÇÃO ABRANGIA “CADA UM” (CF. 1 Co 16.2)Não somente uma parte da igreja contribuía, porém todos. Seria um

prejuízo muito grande um crente ser privado desse privilégio, dessa fonte de bênçãos que é cooperar, contribuindo para o progresso da obra deDeus.

7.2.3. A CONTRIBUIÇÃO ERA VOLUNTÁRIA

“Deram voluntariamente” (2 Co 8.3). Tudo na obra de Deus é feitona base da voluntariedade (cf. Fm 14). Embora reconhecendo que aBíblia realmente ordena sobre a maneira como devemos contribuir

(cf. 1 Co 16.1), isso não nos afasta da voluntariedade. Tudo o queDeus ordena fica escrito nas tábuas do coração do crente (cf. Hb 8.10;Ez 36.26,27), e por esse motivo o crente deseja obedecer (cf. Rm 6.17).

7.2.4. A CONTRIBUIÇÃO ERA PROPORCIONAL

Ou seja, a contribuição era proporcional à prosperidade de cada

um (cf. 1 Co 16.2). Observemos que a contribuição não era uma

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Ec l e s i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  Ig r e j a

taxa fixa, uma mensalidade de sócio, estabelecido por uma diretoria. Ela era algo muito mais completo. Foi o próprio Deus quem, no

princípio, ensinava os seus fiéis a pagarem o dízimo, uma contribuição proporcional à prosperidade de cada um. A Bíblia registraque Abraão pagou o dízimo de tudo (cf. Gn 14-18-20) e também

 Jacó (cf. Gn 28.22) pagou o dízimo. Mais tarde, Deus ordenou queessa prática fosse registrada na Lei (cf. Lv 27.30-32). Também noNovo Testamento a igreja continua a praticar essa forma de contri

buição estabelecida por Deus muito tempo antes da Lei, e o próprio Jesus a ratificou (cf. Mt 23.23) e os apóstolos a ensinaram (cf. 2 Co9.6-11; 1 Co 9.7-14).

O dízimo é algo sublime cujo propósito é segundo a infinita sabedoria divina. Essa forma de contribuição põe o multimilionário e a pessoamais pobre da igreja em pé de igualdade diante de Deus. Pagando osdízimos da sua renda, ambos estão dando a mesma coisa e receberãorecompensa, não pela quantia que ofertaram, mas pela fidelidade emobedecer a Deus.

7.2.5. A CONTRIBUIÇÃO ERA ENTREGUE À IGREJA (CF. 1 Co 16.2)A Bíblia diz: “Trazei todos os dízimos à casa do tesouro” (Ml 3.10). A

casa de Deus é a igreja (cf. 1 Tm 3.15), onde Deus coloca aqueles esco

lhidos por Ele para que administrem também essa parte.

7.2.6. A CONTRIBUIÇÃO DOS CRENTES EM JERUSALÉM É UM EXEMPLO

PARA NÓS

A Bíblia fala que os crentes em Jerusalém vendiam as suas propriedades, e punham o valor delas aos pés dos apóstolos (cf. At 4.36,37; 5.1,2).

Esse procedimento deve ser um exemplo para todos. Convém observarque não havia nenhuma ordem de Deus que os obrigasse a fazer isso (cf.At 5.4). Também não temos exemplo de que isso se repetisse com outrasigrejas. Entendemos que esse caso foi uma direção especial para aquelaigreja. Pouco tempo depois, sobreveio aos crentes dali uma dura perseguição, e todos foram dispersos (cf. At 8.1). Nessa ocasião, os membros

da igreja ali não possuíam qualquer imóvel em Jerusalém, e não houve

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Ec l e s i o l o g i a   A D o u t r i n a  d a   Ig r e ja

- - -- - ~ M M M

7.3.3. A d m i n i s t r a ç ã o   f i n a n c e i r a , a t r i b u i ç ã o   d o s   a p ó s t o l o s

 Já observamos que os dízimos eram trazidos à casa de Deus, que é a

igreja (cf. 1 Tm 3.15). Deus colocou os seus ministros “sobre a sua casa”(cf. Mt 24-45), mas isso não significa que os ministros tenham de ficarcom o dinheiro sob os seus cuidados. Jesus mesmo não cuidava do dinheiro, mas tinha um tesoureiro a quem dava ordens (cf. Jó 13.29). Damesma forma Paulo contava com pessoas escolhidas nas igrejas que oajudavam em sua administração (cf. 2 Co 8.19). O apóstolo zelava pelo

que era honesto (cf. 2 Co 8.21), para que jamais surgisse alguma formade torpe ganância (cf. 1 Pe 5.2). Ele fez tudo para que a sua administração fosse bem aceita pelos crentes (cf. Rm 15.31) e que o povo pudessedar glórias a Deus por ela (cf. 2 Co 9.13).

7.3.4. O a p ó s t o l o   P a u l o   e s t i m u l o u   a s   i g r e j a s   a   c o n t r i b u í r e m

É muito instrutivo ler no Novo Testamento sobre as diferentes maneiras que Paulo utilizava para estimular as igrejas a contribuírem:

• Paulo comunicava aos irmãos a alegria com que as igrejas em outros lugares contribuíam (cf. 2 Co 8.1-5), e como eles davam essas contribuições com alegria (cf. 2 Co 8.7).

• Paulo mostrava Jesus como o nosso exemplo (cf. 1 Pe 2.21) tambémnesse assunto, pois Ele, que era rico, se fez pobre por nós (cf. 2 Co 8.9).

• Paulo ensinava que o Senhor pode nos dirigir também na contribuição, e assim o crente pode dar “segundo propôs no seu coração”(2 Co 9.7).

• Paulo queria que a própria igreja participasse dos planos administrativos (cf. 2 Co 8.10,11). A igreja sempre é estimulada quando tomaconhecimento daquilo que se pretende realizar.

• Paulo tomava cuidado para que sempre houvesse muita prudênciana administração. Dessa forma, fazia tudo para evitar desperdício (cf.2 Co 8.13; 11.9).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

8 . A I g r e j a   s ó   P o d e r á   C u m p r i r  a   s u a  

Fi n a l i d a d e

 pe l o

  Po d e r

 d o

  Es p í r i t o

  Sa n t o

Prosseguiremos nosso estudo meditando sobre o fato de que somentepelo poder do Espírito Santo a Igreja pode cumprir a finalidade para aqual Deus a destinou antes da fundação do mundo. Essa visão dominava o apóstolo Paulo em seu ministério. Quando ele apresentava a metade trabalho dada por Deus (cf. Cl 1.24-28), dizia: “E para isto também

trabalho, combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente” (Cl 1.29). Estudemos, então, esse assunto sob quatroaspectos:

• O Espírito Santo dá à Igreja pleno poder para cumprir a sua finalidade na terra.

• É pelo poder do Espírito que a Igreja se toma vencedora sobre tudoaquilo que se levanta contra ela.

• É pelo poder do Espírito Santo que a Igreja alcança a união total, oque a toma eficaz.

• O poder do Espírito Santo faz da Igreja um poderoso instrumento

para a evangelização.

8 . 1 . 0 E s pí r i t o   Sa n t o  d á  à   I g r e ja  p l e n o  p o d e r  p a r a   c u m p r ir  a   s u a

FINALIDADE NA TERRA

A Igreja é de Deus, porém, ela é composta de homens que, embora salvos por Jesus, são limitados. Sobre cada membro cumpre-se literalmente a palavra de Jesus: “Sem mim nada podereis fazer” (Jó

15.5). Somente Jesus pode fortalecer cada membro da igreja. A Bíblia diz: “Posso todas as coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.13).A mensagem de Zacarias 4.6 continua em pleno vigor: “Não por força, nem por violência, mas pelo meu Espírito, diz o Senhor dos Exércitos”.

Vamos observar, portanto, que Deus vinculou toda a ação eficiente

da igreja à operação do Espírito Santo nela.

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E c l e s io l o g i a - A D o u t r in a d a I g r e ja  ■ —

8.1.1. A DISPENSAÇÃO DA IGREJA E A DO ESPÍRITO SANTO COINCIDEM

E muito importante observar o fato de que a dispensação da Igreja

iniciou-se no dia de Pentecostes, quando o Espírito Santo foi derramadopara ficar para sempre (cf. Jó 14.16). Iniciou-se então a dispensação doEspírito Santo, a qual é chamada de “ministério do Espírito” (cf. 2 Co3.5-8). Isso evidencia claramente que o pleno funcionamento da igrejaestá inteiramente vinculado à operação do Espírito Santo nela. O Espírito Santo faz da Igreja a sua morada (cf. 1 Co 3.16). Quando os discípu

los foram cheios do Espírito (cf. At 2.4), a igreja se levantou em poder(cf. At 2.14) e o Espírito Santo empossou aqueles que Deus havia escolhido para ficar à frente da igreja (cf. Ef 4.11; At 13.1-3; 20.28), distribuindo os dons espirituais conforme sua vontade (cf. 1 Co 12.11).

A Bíblia revela que Jesus usa a igreja segundo o poder que nela opera(cf. Ef 3.20). Quanto mais o poder de Deus opera na igreja, tanto maio

res são as condições para que ela seja usada por Jesus.

8 . 1 . 2 . 0 E s pír i t o  S a n t o  c o n s c i e n t i z a  a   Ig r e j a  s o b r e  a   s u a  po s iç ã o  

e m  C r i s t o

Essa é uma das grandes incumbências do Espírito Santo, pois Jesus dissea respeito dEle: “Ele me glorificará” (Jó 16.14). A Igreja é um “povo adquirido” (cf. 1 Pe 2.9), pois foi comprada pelo sangue de Cristo (cf. At 20.28),sendo, por isso, alvo do grande amor de Jesus (cf. Ef 5.2,25; Ap 1.6).

 Jesus também se identifica com a Igreja, pois ela é o seu corpo (cf. Ef1.23) do qual os crentes são membros (cf. 1 Co 12.27; Ef 5.30), sendoEle mesmo a sua cabeça (cf. Ef 1.22). Todos os membros possuem a novavida — Cristo (cf. Cl 3.4) — , e têm, dessa maneira, em si a sua semente(cf. 1 Jó 3.9). Ele também se responsabiliza por ela e por tudo que a ela

concirna. Qualquer ataque contra a igreja é feito diretamente contra apessoa de Jesus (cf. At 9.4).

8 . 1 .3 . O E s pí r i t o   S a n t o  q u e r   t o r n a r  a   Ig r e j a   p o d e r o s a   e   f o r t e

Quando o Espírito Santo enche a igreja com o seu poder, então a presença de Jesus nela se toma eficaz e real (cf. Mt 28.20; 18.20; Jó 14.16). Pelo

poder operante de Deus, a força, a capacidade e as grandezas humanas desa

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

parecem ou ficam em segundo plano, e cada crente se toma um instrumento nas mãos do Senhor. Então a coisa principal para o progresso da obra de

Deus deixa de ser o possuir ou não os instrumentos, cultura ou sabedoriahumana, pois o Espírito Santo é quem dá a todos (sábios ou não) a capacidade que vem dos céus (cf. 2 Co 3.5). A Bíblia diz que “Deus escolheu ascoisas fracas deste mundo para confundir as fortes” (1 Co 1.27).

Quando é assim, o progresso não depende apenas dos números na igreja,isto é, se ela é grande ou pequena, mas do poder de Deus, pois é o Senhor

quem confirma a obra de seus servos, feita conforme a sua vontade (cf. Me16.20). A Bíblia diz: “Para com o Senhor nenhum impedimento há de livrar com muitos ou com poucos” (1 Sm 14.6). Jesus disse: “Não temas, ópequeno rebanho, porque a vosso Pai agradou dar-vos o Reino” (Lc 12.32).

8 . 2 . P e l o   p o d e r   d o   E s pír i t o   Sa n t o  , a   I g r e j a   s e   t o r n a   v e n c e d o r a

SOBRE TUDO QUE SE LEVANTA CONTRA ELAQuando Jesus falou, pela primeira vez, a respeito da igreja, Ele disse:

“Sobre esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno nãoprevalecerão contra ela” (Mt 16.18). Ele fez menção das “portas do inferno”, o que nos faz pensar no lugar onde Satanás, o inimigo capital daIgreja, elabora os seus planos de ataque contra ela. Junto às portas dacidade era o local onde, antigamente, os juizes debatiam os seus problemas e tomavam deliberações (cf. Am 5.15; Dt 16.18; Rt 4.1,2). Os planos do Diabo, elaborados nas “portas do inferno”, sempre têm por alvoroubar, matar e destruir (cf. Jó 10.10). A verdadeira vitória sobre tudoisso foi a afirmação de Jesus no mesmo versículo: “Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância”.

Vamos agora observar como o Espírito Santo ajuda a Igreja a vencer

todos os ataques do Inimigo. Vamos ver três diferentes armas que Satanás usa contra o povo de Deus:

8 .2 .1 .0 I n i m i g o  u s a   c o n t r a  a   Ig r e j a  a r m a s   c o m o   a   v i o l ê n c i a , a

PERSEGUIÇÃO E AS RESTRIÇÕES

Essas armas foram freqüentemente usadas contra a Igreja Primitiva

(cf. At 4.3, 17; 5.17,18; 7.57-60; 8.1-3; 9.1,2), e através dos séculos o

2 5 6

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Ec l e s i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  Ig r e j a

Diabo tem continuado a usá-las. A história da igreja revela o rio desangue e de lágrimas que, em todos os tempos, têm jorrado em várias

partes do mundo pelas infames perseguições contra o povo de Deus. Atéem nossos dias verificam-se, em várias partes do mundo, as mais sangrentas e cruéis perseguições e torturas contra os crentes. A palavra profética revela que essa arma do Inimigo ainda fará muitos crentes sofrerem (cf. Jó 16.1-3; Ap 6.10,11).

A Igreja Primitiva se tomou plenamente vencedora pelo poder do

Espírito Santo (cf. At 4.31) e não somente se conservou fiel ao Senhorcomo ainda conseguiu disseminar o Evangelho, apesar das perseguiçõese das restrições (cf. At 8.1-8; 11.19,20; Ap 2.13). Assim, o Espírito Santo tem ajudado os fiéis através dos séculos, e o sangue dos mártires, umasemente poderosa, tem operado o crescimento da igreja.

8 . 2 . 2 . S a t a n á s   a t a c a  a   Ig r e j a   c o m   a  a r m a  d o   f i n g i m e n t oEle vem muitas vezes transfigurado em um anjo (cf. 2 Co 11.14),

vestido de amigo, fazendo elogios e querendo fazer alianças. O beijo de Judas ainda hoje se repete (cf. Lc 22.47,48). Essa arma foi usada pelosinimigos do povo de Deus, quando se reedificava o Templo e o muro de

 Jerusalém. Diziam: “Deixai-nos edificar convosco” (Ed 4.2) e“Congreguemo-nos juntamente” (Ne 6.2). Jesus fez uma advertênciasobre isso. Ele disse: “Ai de vós quando todos os homens falarem bem devós, porque assim faziam seus pais aos falsos profetas” (Lc 6.26).

Temos um exemplo desse tipo de ataque na história da Grécia antiga. A Grécia estava em guerra contra os troianos, e apesar de conseguirem sitiar a cidade de Tróia por longo tempo, não haviam conseguidovencer esse povo valoroso. Eles então inventaram uma outra forma de

ataque, muito mais perigosa que todas as armas até então usadas. Fizeram um grande cavalo de madeira com rodas e ofereceram de presenteaos troianos, como reconhecimento por sua superioridade militar. Opresente foi entregue por uma comissão de destaque e recebido pelostroianos com júbilo e alegria. Toda a cidade estava em festa, com o cavalo na praça principal. Os gregos se retiraram com os seus navios, en

quanto os troianos festejavam a vitória.

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

Porém, no meio da noite, quando todos dormiam, os soldados queestavam no interior do cavalo pularam para fora e abriram as portas da

cidade. As tropas gregas, que haviam retomado, entraram e tomaramTróia de assalto, sem que os troianos tivessem possibilidade de defesa.

O que os inimigos não conseguiram com violência, fizeram com asarmas do elogio e da amizade fingida. Que Deus nos guarde, pois todocuidado é pouco!

Porém, o mesmo Espírito Santo que fez o profeta Eliseu descobrir os

planos estratégicos dos inimigos (cf. 2 Rs 6.8-12) é o que ainda hojerevela ao seu povo os ardis de Satanás (cf. 2 Co 2.11). A Bíblia diz: “Tu,pelos teus mandamentos, me fazes mais sábio do que meus inimigos” (Sl119.98) e “Melhor é a sabedoria do que as armas de guerra” (Ec 9.18).

8 . 2 .3 . O In im i g o  u s a  n o s   s e u s   a t a q u e s   a   a r m a   d a   “m i s t u r a ”

E uma arma muito perigosa. Muitos crentes que não vigiaram já foram abatidos por ela. Já no Antigo Testamento, Deus advertiu seriamente ao seu povo Israel no sentido de que tomasse cuidado para não seachegar aos povos gentílicos, para que não viesse a aprender as obrasdeles e se desviasse de Deus (cf. Êx 34.12-16; Js 23.12,13).

No Novo Testamento, observamos como o Inimigo usava a mesma armacontra as igrejas, e como os apóstolos procuravam alertar os crentes sobreesse perigo. O apóstolo Paulo escreveu à igreja em Corinto sobre o assunto,expondo que é totalmente inconcebível que haja qualquer forma de uniãoentre a luz e as trevas, ou alguma concórdia entre Cristo e Belial (cf. 2 Co6.14-18). O apóstolo Tiago escreveu: “Qualquer que quiser ser amigo domundo constitui-se inimigo de Deus” (Tg 4-4), e o apóstolo João disse: “Sealguém ama o mundo, o amor do Pai não está nele” (cf. 1 Jó 2.15).

Em sua carta à igreja de Pérgamo, Jesus adverte sobre o perigo mortalda “mistura”. Através da doutrina de Balaão, os crentes daquela igrejaforam levados a entrar em comunhão com festas pagãs, pois essa doutrina afirmava que a graça de Deus é tão forte que o homem pode unir-seao mundo, sem que isso venha a prejudicar as suas relações com Deus. Oresultado foi um desastre. Aquela igreja que sofreu tanto no início, que

suportou lutas e perseguições (cf. Ap 2.13) e tirou muitos da idolatria

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Ec l e s i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  Ig r e j a

em uma cidade que era um verdadeiro centro de paganismo, começou aregredir. O paganismo entrou na igreja (cf. Ap 2.14) e os crentes fica

ram em oposição à vontade de Deus (cf. Ap 2.15).Conforme a palavra profética, é essa arma — a “mistura” — que o

Inimigo usará nos tempos que antecederão a vinda de Jesus. Foi assimque aconteceu nos dias de Noé (cf. Gn 6.1-6), pois Jesus disse: “E, comoaconteceu nos dias de Noé, assim também será nos dias do Filho doHomem” (Lc 17.26). Precisamos, portanto, vigiar e orar para que não

fiquemos carregados das coisas que nos venham impedir de estar de pédiante do Filho do Homem, quando da sua vinda (cf. Lc 21.34,36).

O Espírito Santo quer proporcionar vitória à Igreja do Senhor. Elenos dá poder para pisarmos escorpiões e serpentes (cf. Lc 10.19) e aindahoje desfaz as armas do Inimigo (cf. Is 54.17). Quando o Espírito Santonos fortalece com a força do seu poder, podemos ficar “firmes contra as

astutas ciladas do diabo” (Ef 6.11) e “resistir no dia mau e, havendofeito tudo, ficar firmes” (cf. Ef 6.13). Graças a Deus!

8 . 3 . P e l o   p o d e r   d o   E s p í r i t o   S a n t o   a   I g r e j a   a l c a n ç a   u m a   u n i ã o

TÃO REAL QUE A TORNA FORTE

8.3.1. Ig r e j a   — u m   c o r p o

A Igreja é uma unidade na qual todos os membros, pela operação doEspírito Santo, são formados em um corpo (cf. 1 Co 12.13). Eles se tornaram membros de um organismo vivo, o corpo místico de Cristo (cf.Rm 12.5). Todos são pedras vivas do mesmo edifício (cf. 1 Pe 2.4,5) eovelhas do mesmo rebanho (cf. Sl 79.13; 1 Pe 5.2,3). Três coisas importantes proporcionam a união entre os crentes:

• A nova vida que unifica. Todos os crentes são, pelo novo nascimento, portadores de uma nova vida espiritual (cf. 1 Pe 1.3), pois receberam uma nova natureza (cf. 2 Pe 1.4) cuja estrutura é o amor (cf. 1 Jó4.15,18). Esse amor é o vínculo da perfeição (cf. Cl 3.14), fazendo comque os crentes se amem uns aos outros (cf. 1 Jó 3.14).

• A Palavra de Deus é também um fato unificante. Jesus afirmou que

orava por aqueles que, pela sua Palavra, haveriam de crer nEle, para que

*e«259

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

todos fossem um (cf. Jó 17.20,21). Aquele que crê na Palavra experimenta união com todos aqueles que guardam os preceitos do Senhor(cf. SI 119.63). É por isso que a Bíblia fala de “uma só fé” (cf. Ef 4.4,5),pela qual chegamos à unidade (cf. Ef 4.13).

• Deus proporciona aos crentes o fruto do Espírito (cf. Gl 5.22). Essefruto do Espírito faz com que se manifestem diferentes qualidades danatureza divina na vida dos crentes, como “caridade, gozo, paz,longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança”, que

são elementos unificantes. O Espírito Santo também opera renovando eaperfeiçoando o amor no coração dos crentes (cf. Rm 5.5). Quando oEspírito enche os crentes com o seu poder, tornam-se eles uma só alma eum só coração (cf. At 4.32). A união dos crentes faz com que eles nãomais vivam para si, mas para os outros (cf. 2 Co 5.15; Rm 15.2; 1 Co10.24), a ponto de darem a sua vida uns pelos outros (cf. Jó 3.16).

8 .3 . 2 . O In im i g o   p r o c u r a   a t a c a r   e   d e s f a z e r   e s s a   u n i ã o

A Bíblia revela diferentes tipos de obstáculos que o Inimigo lançoucontra a Igreja Primitiva com o objetivo de prejudicar a união nelareinante. Quando Paulo falava aos anciãos da igreja de Efeso sobre oataque à união, afirmou: “Vigiai, lembrando-vos de que, durante trêsanos, não cessei, noite e dia, de admoestar, com lágrimas, a cada um devós” (At 20.31). Paulo estava realmente disposto a pagar um preçobem alto, com sacrifício próprio, para conservar a união entre os irmãos.

Para que, em nossos dias, possamos vigiar e combater as desuniõesque apareçam, vamos conhecer alguns obstáculos com que o Diabo perturbou a Igreja Primitiva para prejudicar a união. Observemos também

como o Espírito Santo proporcionou vitória ao povo de Deus ali.

• A murmuração foi o primeiro obstáculo que o Inimigo introduziupara trazer desarmonia à Igreja Primitiva (cf. At 6.1). A murmuraçãosurgida na igreja de Jerusalém podia ter trazido conseqüências ainda maisgraves. No entanto, o Espírito Santo deu a Pedro uma orientação valio

sa, pela qual ele convocou a igreja e lhe propôs que fossem escolhidos

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Ec l e s i o l o g i a  - A Do u t r i n a  d a  Ig r e j a

sete diáconos. Foi pela cooperação desses diáconos que as causas da mur-muração foram eliminadas (cf. At 6.2-6) e a união na igreja prosseguiu(cf. At 6.7). Graças a Deus!

• A discórdia doutrinária foi um outro tipo de embaraço pelo qual oInimigo chegou a ameaçar a união da Igreja Primitiva (cf. At 15.1).Aconteceu porque uma parte dos crentes que antes da sua conversão eraconstituída de judeus praticantes de todos os ritos da lei, queriam agoraobrigar os demais, que antes eram gentios, a cumprirem as normas do

 judaísmo. Isso causou tal perturbação que se tomou uma ameaça terrível à paz na igreja, ameaçando dividi-la em duas facções. Porém, o Espírito Santo operou maravilhosamente: todos os envolvidos na questão sereuniram em Jerusalém, com a igreja e seus ministros. Por iluminaçãodo Espírito, a Palavra de Deus trouxe luz à questão (cf. At 15.13-21), e oresultado foi maravilhoso. Podia-se dizer: “Pareceu bem ao Espírito San

to e a nós” (cf. At 15.28), e: “alegraram-se pela exortação” (cf. At 15.31).A harmonia continuou!

• O espírito de partidarismo era uma outra forma de empecilho queo Inimigo usava contra a união da igreja. Os crentes chegaram a serdominados por esse espírito, querendo escolher seus ministros por purasimpatia pessoal. Diziam: “Eu sou de Paulo, e eu, de Apoio, e eu, de

Cefas” (1 Co 1.10,12). Que perigo tremendo! Mas também aqui o Espírito Santo deu orientação adequada aos ministros da igreja, os quaisfizeram com que os crentes compreendessem que um ministro é simplesmente um servo de Deus, de quem haviam recebido a Palavra e crido(cf. 1 Co 3.4). A única pessoa unificante é Jesus, e Ele jamais pode serdividido (cf. 1 Co 1.13). Com essa importante definição aquele grandeperigo foi dissipado. Graças a Deus! Essa lição traz um precioso ensino

também para os nossos dias.• O fanatismo foi uma barreira perigosa que o Inimigo procurou le

vantar na igreja de Colossos. Surgiram pessoas procurando promover a simesmas por meio de supostas revelações e visões de anjos (cf. Cl 2.18),através das quais procuravam enganar (cf. Cl 2.4), tomando os demaiscrentes prisioneiros (cf. Cl 2.8), dominando-os ao seu bel-prazer, sob pre

texto de santidade (cf. Cl 2.18). O mesmo perigo ameaçava também a

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T e o l o g i a  S is t e m á t ic a

igreja de Tiatira, onde uma parte dos crentes fiéis se sentiram tristes einjuriados por causa desses fanáticos (cf. Ap 2.24). Paulo deu à igreja de

Colossos maravilhosas instruções a respeito disso. Ele recomendou queninguém se deixasse dominar por esses desviados da sã doutrina, pois osque assim faziam não estavam ligados à cabeça (cf. Cl 2.19), Cristo.

• A raiz de amargura foi um mal altamente perigoso e prejudicial quesurgiu no meio dos crentes, motivo por que o apóstolo lançou uma advertência muito séria (cf. Hb 12.15), pois quando essa raiz brota, põe em

perigo a união na igreja. A raiz de amargura atinge as pessoas que, naslutas da vida, melindram-se por qualquer coisa. Em lugar de entregarema Deus tudo o que gera ferida, eles deixam que tais coisas venham aproduzir distúrbios na alma e causar perturbações que provocam a contaminação de muitos. O Espírito Santo jamais permite, em hipótese alguma, que alguém mantenha em seu coração uma raiz de amargura. Ele

sempre nos orienta a perdoar (cf. Cl 3.13; 1 Pe 4.8) e a entregar tudo aDeus (cf. 1 Pe 5.7; Sl 55.22), o qual nos liberta e faz com que possamosprosseguir de cabeça erguida (cf. Sl 110.7).

• Os crentes carnais também se tornam um perigo para a união naigreja. Quando um crente deixa de viver em renovação, não permanecendo na cruz (cf. Gl 2.20), a sua velha natureza começa a se aniquilare as obras da carne se manifestam em sua vida (cf. Gl 5.19-21). Podemos notar que as obras da carne causam um esfriamento, uma perturbação à união, mas o Espírito Santo combate sempre a carne (cf. Gl5.17). Ele quer ajudar os crentes que são tentados, renovando-os ereconduzindo-os à cruz. O Espírito Santo, então, faz com que o frutodo Espírito de novo se manifeste nas suas vidas, e a união se efetivecom a igreja e com Deus.

• As pessoas que atraem os discípulos após si (cf. At 20.30) representam um perigo muito grande para a união na igreja, pois causam divisões(cf. Jd 19). Esse tipo de gente é realmente uma casta perigosa. São pessoas mal intencionadas que, em lugar de pensarem na união da igreja,procuram fazer de si mesmas “líderes”, para mais tarde ajuntarem emtorno deles um grupo. Absalão (cf. 1 Sm 15.1-6) e Coré (cf. Nm 16.1-

50) são exemplos que continuam vivos para nós, como um sinal verme

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Ec l e s i o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a  Ig r e j a

lho de advertência, alertando a todos do perigo que é ingressar no cami-nho que eles trilharam. A Bíblia diz: “Se alguém destruir o templo deDeus, Deus o destruirá” (1 Co 3.17), e: “Não toqueis nos meus ungidos”(SI 105.15). Sejamos, pois, zelosos com a querida igreja do Senhor, fazendo tudo para “guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef4.3). Amém.

8 . 3 . 3 . A UNIÃO REPRESENTA UMA FORÇA EXTRAORDINÁRIA NA IGREJA

A igreja jamais poderá ser dividida, pois “o que Deus ajuntou, nãosepare o homem” (Mt 19.6). A igreja é um corpo vivo, e um corpo vivonão pode ser dividido nem cortado (cf. 1 Co 1.13). Mesmo os carrascosromanos que crucificaram Jesus respeitaram o seu corpo, não o cortando(cf. Jó 19.33-36). A Bíblia diz que os que promovem dissensões na igrejanão servem a Deus (cf. Rm 16.18), mas ao Inimigo. Importa, portanto,

para a conservação da união na igreja, que seja aplicada a disciplina aosque ameaçam essa união, que é parte integrante da própria igreja. Issodeve ser feito no tempo próprio e com muito amor e sabedoria. Com adisciplina, toma-se possível conservar a união na igreja.

A igreja unida é, realmente, uma poderosa força. A união entre osmembros traz conforto e suavidade para todos (cf. SI 133.1,2). Quandoos crentes vivem em união, o mundo começa a compreender o testemunho de Jesus (cf. Jó 17.23). A união é também uma ajuda maravilhosana vida dos crentes, pois é por meio dela que os membros mostram cuidado uns para com os outros (cf. 1 Co 12.25): “Consideremo-nos unsaos outros, para nos estimularmos à caridade e às boas obras” (Hb 10.24).

O Espírito Santo é o principal promotor e defensor da união entre oscrentes. Ele faz de cada crente um pacificador (cf. Mt 5.9), e ajuda a

cada um a guardar a unidade do Espírito (cf. Ef 4.3).

8 . 4 . 0 E s p í ri to S a n t o f a z d a I g r e j a um po d er os o in s t r u m e n t o p a r a a

EVANGELIZAÇÃO

Quando o Espírito Santo foi derramado no dia de Pentecostes e a igre ja se levantou com poder, ela foi então conduzida pelo Espírito Santo a

uma eficiente e dinâmica evangelização. A mudança na vida dos discípu

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

mmm mmm m iÊmmm mmm mm--  

los foi total. Desde a prisão de Jesus até o dia de Pentecostes, eles, commedo dos judeus, estavam com as portas cerradas (cf. Jó 20.19), totalmente isolados do povo. A sua atividade espiritual havia cessado. Porém, depois, cheios do Espírito Santo, foram impulsionados a testificar de Jesus, e0 fizeram com tanto poder que já na primeira arrancada conseguiram ganhar 3.000 pessoas. O Espírito Santo os guiou continuamente, de tal maneira que a evangelização foi ainda mais intensa, até o ponto de seus inimigos dizerem: “Eis que enchestes Jerusalém dessa vossa doutrina” (At

5.28). Tudo isso foi uma operação do Espírito Santo. Glória a Jesus!Iremos agora observar que é somente pela operação do Espírito que a

igreja pode cumprir o plano de Deus. O Espírito Santo é a forçaimpulsionadora, sem a qual a igreja jamais poderá cumprir a sua finalidade. Vejamos de que maneira o Espírito opera para tomar a igreja eficaz.

8 . 4 .1 . O E s p í r i t o   S a n t o   q u e r   c o n s c i e n t i z a r   c a d a   c r e n t e   d e   q u e  D e u s   o   d e s e j a  u s a r   c o m o   u m   i n s t r u m e n t o

A igreja é um corpo do qual os crentes são os membros e Jesus é acabeça (cf. 1 Co 12.12,27; Ef 1.20-23). Da mesma forma como em umcorpo físico, cada membro tem a sua destinação dada pelo Criador, assim também cada membro da igreja tem a sua função no corpo de Cris

to. Deus não somente deu uma função distinta a cada crente, mas também um dom que corresponde àquilo que Ele determinou para cadamembro (cf. 1 Pe 4.10; Mt 25.14,15; Lc 19.11-13). Deus conta com acooperação de cada membro. A Bíblia fala que o “auxílio de todas as

 juntas, segundo a justa operação de cada parte, faz o aumento do corpo,para sua edificação em amor” (cf. Ef 4.16; Cl 2.19). A igreja só alcançaa sua eficiência completa quando todos os membros estão em plena atividade dentro do plano de Deus.

Cada crente recebe de Deus a chamada para servir, tendo já umapartícula de sua experiência na salvação. A Bíblia afirma que fomossalvos para servir (cf. 1 Ts 1.9), que nossas consciências foram purificadasdas obras mortas para servirmos ao Deus vivo (cf. Hb 9.14), e que, sendolibertos do pecado, fomos feitos “servos da justiça” (cf. Rm 6.18). Em

1 Pedro 2.9, lemos que somos um sacerdócio real constituído para anun

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Ec a  - AD o u t r in a d a I g r e ja

ciar as virtudes daquEle que nos chamou. Dessa maneira, o crente nãoprecisa esperar que Deus lhe dê uma chamada especial para servi-lo,

pois ele já a possui. O crente precisa somente compreender isso e começar a obedecer ao Senhor.

Essa realidade funcionava plenamente na Igreja Primitiva, pois todos os crentes ali cooperavam ativamente na obra. Podemos verificarisso nas seguintes igrejas: em Jerusalém (cf. At 8.1-4; 11.19-23), emFilipos (cf. Fp 1.5) e em Tessalônica (cf. 1 Ts 1.7-9). Na igreja de Efeso,

o dinamismo chegou a tal ponto que “todos os que habitavam na Ásiaouviram a Palavra do Senhor Jesus” (At 19.10). Graças a Deus!

8 .4 .2 .0 E s p í r i t o  S a n t o  q u e r  c o n d u z i r  c a d a  c r e n t e  a  o c u p a r  o  s e u

LUGAR NO PLANO DE DEUS

• O Espírito Santo quer encher cada crente com o seu poder. Jesus

disse antes de subir ao céu: “Recebereis a virtude do Espírito Santo, quehá de vir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas” (At 1.8). O Espírito Santo é dado para proporcionar poder no serviço do Senhor. O EspíritoSanto habilita a igreja a falar com toda a ousadia (cf. At 4.31; Ez 2.1,2;3.14). O crente é simplesmente um vaso de barro (cf. 2 Co 4.7) — aexcelência do poder é de Deus, que capacita o crente para o serviço. Obatismo no Espírito Santo é também uma plataforma de operação paraos dons espirituais, pois é através deles que Jesus deseja manifestar o seupoder e a sua sabedoria (cf. 1 Co 12.7-11). Sem esse poder, a igreja jamais alcança a sua eficiência completa.

• O Espírito Santo faz com que as qualidades espirituais de que a Bíbliafala se manifestem na vida do crente. Ele o enche com amor (cf. Rm 5.5), eo amor o constrange e o impulsiona ao serviço (cf. 2 Co 5.14). Ele enche o

crente com alegria (cf. At 13.52; Rm 14.17;G15.22),oqualéuma força (cf.Ne 8.10) e uma chave excelente para o serviço (cf. Sl 100.2). O EspíritoSanto também dá a sabedoria (cf. Ef 1.17), a qual proporciona ao crentecondições de realizar o serviço espiritual com a capacidade dada por Deus(cf. 2 Co 3.5,6), pois a sabedoria é excelente para dirigir (cf. Ec 10.10).

• O Espírito Santo desperta no crente a vontade de servir ao Senhor.

Muitos hoje em dia estão ociosos, porque dormem diante da sua respon

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

sabilidade. O despertamento de Deus faz despertar a nossa vontade, eentão começamos a pedir: “Seja feita a tua vontade!” (Mt 6.10) O Espí

rito deseja, no tempo que ainda resta, que vivamos conforme a vontadede Deus (cf. 1 Pe 4.2). Jesus disse: “Se alguém quiser fazer a vontade dele[de Deus], conhecerá se ela é de Deus ou se eu falo de mim mesmo” (Jó7.17). Deus que em nós opera o querer, opera também o efetuar (cf. Fp2.13), pois “aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até aoDia de Jesus Cristo” (Fp 1.6).

• O Espírito Santo faz com que o crente sinta o desejo de se entregarinteiramente ao serviço do Senhor, colocando toda a sua vida à disposição de Deus. A nossa vida foi comprada por Jesus (cf. 1 Co 6.19,20),mas Deus espera que nós, voluntariamente, venhamos a entregá-la aEle. A Bíblia diz: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, queapresenteis o vosso corpo em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus,

que é o vosso culto racional” (Rm 12.1). Assim fizeram os crentes naMacedônia (2 Co 8.5). Aquele que deseja ser um instrumento na mãode Deus deve entregar-se em suas mãos (At 11.21; Ap 1.6,20) e dizer detodo o seu coração: “Eis-me aqui, envia-me a mim!” (Is 6.8)

8 . 4 . 3 . 0 E s p í r i t o   S a n t o  u s a  t o d o  a q u e l e  q u e   s e  p u s e r  à  d i s po s iç ã o  

d e  D e u s

Quando o crente se sente despertado com relação à vontade de Deuspara a sua vida e está inteiramente entregue a Deus, deve, de coração(cf. Rm 6.17), tomar a atitude de obedecer toda a direção do EspíritoSanto. Convém observar que toda a operação do Espírito Santo na vidado homem é condicionada a uma inteira obediência (cf. At 5.32). ABíblia diz que devemos andar em Espírito (cf. Gl 5.25). Isso significa

andar de acordo (cf. Am 3.3) com o Espírito Santo. Todo o nosso serdeve estar inclinado à vontade de Deus, para que andemos nos seuscaminhos (cf. 1 Rs 8.58; 1 Cr 29.18).

Para os que assim andarem, a direção do Espírito Santo começará amanifestar-se, orientando-os a um trabalho frutífero na igreja. Vejamos algumas maneiras pelas quais o Espírito Santo manifesta a sua

direção:

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Ec l e s i o l o g i a   - A Do u t r i n a  d a  Ig r e i a

• Ele orienta os crentes através do ministério da igreja, o qual foidado por Deus para “o aperfeiçoamento dos santos” (Ef 4.12). Quantas

vezes Deus tem revelado uma direção importantíssima para o serviço demuitos crentes na igreja, através do ministério.

• O Espírito Santo também fala diretamente aos crentes pela renovação. Ele faz o crente experimentar “a boa, agradável e perfeita vontade deDeus” (Rm 12.2). Convém observar que o Espírito Santo sempre orienta ocrente para uma atividade que o conserva vinculado à igreja, e nunca para

uma coisa particular, desligada da igreja, pois o Espírito Santo sempre nosguia conforme a Palavra de Deus, que Ele mesmo inspirou (cf. 2 Pe 1.21).

8.4.4. A Ig r e j a  P r i m i t iv a  f o i  o r i e n t a d a  e  d i r i g i d a  pe l o  E s p í r i t o  S a n t o

Podemos também ver como a Igreja Primitiva conseguiu cumprir a tarefa que Deus lhe determinou na evangelização. Quando Jesus se despediu

dos seus discípulos, disse: “Recebereis a virtude do Espírito Santo, que há devir sobre vós; e ser-me-eis testemunhas tanto em Jerusalém como em toda a Judéia e Samaria e até aos confins da terra” (At 1.8). Jesus apresentou oprograma que Ele mesmo havia determinado para a igreja, porém devemosobservar que foi somente pela virtude do Espírito Santo que os crentes daIgreja Primitiva puderam realizá-lo. Vejamos de que maneira os apóstoloscumpriram esse programa dentro de um tempo muito curto.

• “Em Jerusalém” foi o lugar onde deviam começar. Eles começarame realmente veio um grande despertamento. Multidões se converteram(cf. At 4-4; 5.14; 6.7). Pela operação do Espírito Santo, o poder de Deusse manifestava de tal maneira que muitos milagres foram realizados. Osdons espirituais estavam em plena operação e grandes multidões se con

verteram (cf. At 5.16).• “Em toda a Judéia e Samaria”. Foi pela perseguição que os discípulos

foram dispersos pelas terras da Judéia e Samaria (cf. At 8.1). O trabalhoespalhou-se por toda a parte (cf. At 8.1-4). Um grande despertamentosacudiu Samaria (cf. At 8.5-18), onde foi estabelecido um trabalho sólido. Pouco tempo depois se falava das igrejas da Judéia, Galiléia e Samaria,

que prosperavam e se multiplicavam em número de membros (cf. At 9.31).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

— >- - - ~ - - m- 

• “Até aos confins da terra”. Vejamos como, pela operação do EspíritoSanto, em pouco tempo várias partes do mundo receberam o Evangelho.

A África, terra distante de Jerusalém, recebeu a Palavra. Foi pela obediência à direção do Espírito Santo que Filipe foi ao caminho que levava aGaza, que “estava deserto” (At 8.26). Ali se encontrou com o eunuco daEtiópia, que se converteu e foi batizado. Ao voltar para a África, ele tor-nou-se um instrumento poderosíssimo para levantar um grande trabalhodurante o tempo dos apóstolos. Antioquia, a capital da colônia romana

na Síria, recebeu o Evangelho por meio dos crentes dispersos de Jerusalém(cf. At 11.19,20). Um grande despertamento veio e uma poderosa igrejase levantou, a qual se tomou um instrumento para enviar missionáriospara outras terras e dinamizar mais ainda a evangelização (cf. At 11.21-26; 13.1-5). A Europa recebeu o Evangelho também pela obediência dosservos do Senhor à direção do Espírito Santo que os chamou para lá (cf.

At 16.9-12). Chegando à Europa, pregaram a Palavra ali e, apesar de grandes perseguições, levantaram-se grandes igrejas em várias cidades importantes, como Filipos, Tessalônica, Corinto, Roma, e outras.

8.4.5. O PROGRAMA DE EVANGELIZAÇÃO QUE O ESPÍRITO SANTO REVELOU

AOS APÓSTOLOS NÃO MUDOU!

E esse mesmo programa que a igreja atual deve executar. Nós temosas mesmas condições que os apóstolos de cumpri-lo, porque Jesus é omesmo (cf. Hb 13.8). A maior necessidade de nossos dias é, portanto,que a igreja inteira esteja cheia do Espírito Santo, e que todos tenham assuas vidas no altar (cf. Rm 12.1; Hb 13.10) para uma obediência à direção divina. O Espírito Santo quer renovar a nossa confiança no poderda Palavra de Deus e na operação dos dons espirituais!

Não adianta inventar novos caminhos: a Bíblia diz: “Perguntai pelasveredas antigas, qual é o bom caminho, e andai por ele” (Jr 6.16). Todosnós acreditamos que o caminho que a primeira igreja trilhou é o bomcaminho. Jesus quer ainda usar a sua igreja. Que todos possam, impulsionados pela visão celestial sobre esse caminho, continuar a obra de evangelização até o final! E que todos, então, possam dizer: “Não fui desobe

diente à visão celestial” (At 26.19).

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C. A pf TT II O D

A n g e l o l o g i aA D o u t r i n a   d o s   A n j o s

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T e o l o g i a  S is t e m á t ic a

1 . I n t r o d u ç ã o

Diante do estudo sobre os anjos, convém lembrar que a Bíblia é afonte que nos dá conhecimento sobre essa importante doutrina. O Antigo Testamento menciona os anjos 108 vezes, enquanto o Novo Testamento fala 165 vezes sobre eles. A doutrina da Bíblia sobre esse assuntoé bem clara. Deus, o grande Criador que a todos dá a vida e a respiração(cf. At 17.25), criou na terra três formas distintas de vida, isto é, a vida

vegetal, a vida animal e a vida humana, e criou também os anjos, comvida eterna, para habitarem nos céus.

Todos os crentes sempre acreditaram na existência dos anjos. No tempodos primeiros cristãos, na era apostólica, os anjos eram personagens bemconhecidos e algo muito natural, pois apareciam com freqüência. Mas, comoos saduceus dos dias de Jesus não acreditavam na realidade dos anjos (cf. At

23.8), também em nossos dias muitos não crêem que eles sejam uma realidade. Os espíritas ensinam que os anjos são apenas um grau de perfeição queas almas dos homens poderão alcançar através de supostas reencamações.Enquanto isso, há outros que dão muita ênfase aos anjos, preocupando-secom “visões” e rendendo culto a eles (cf. Cl 2.18). Tudo isso nos faz ver ovalor do conhecimento a respeito do ensino bíblico sobre os anjos.

Esse importante assunto iremos estudar em duas partes distintas. Primeiramente meditaremos sobre os anjos de Deus e a missão deles tantonos céus como na terra. Na segunda parte estudaremos a rebelião deLúcifer, o querubim ungido, contra Deus, e como ele, junto com os an

 jos que o acompanharam, foram expulsos do céu. Veremos também comoSatanás, assistido por incontáveis demônios, se apresenta como o adversário capital de Deus e de toda a humanidade, e como, no final, seráderrotado e lançado na perdição eterna.

2 . D i f e r e n t e s   C a t e g o r i a s   d e   A n j o s

A Bíblia revela que existe entre os anjos celestes uma ordem hierárquica, uma relação de subordinação entre as diferentes categorias. Em

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A n g e l o l o g i a  - A Do u t r i n a  d o s  A n j o s

Colossenses 1.16, menciona-se essa graduação em ordem decrescente:tronos, dominações, principados e potestades, enquanto em Efésios 1.21,a mesma graduação é mencionada em ordem crescente: principados,poderes, potestades e domínios.

A graduação de autoridade entre os anjos corresponde às suas diferentes funções no céu. Alguns anjos desempenham funções de granderesponsabilidade junto ao trono de Deus, cooperando na administraçãodivina. Outros são encarregados de serviços na administração de Deus

quanto ao atendimento aos homens no mundo inteiro, servindo a “favor daqueles que herdarão a salvação” (cf. Hb 1.14). Vejamos, pois, alguns graus diferentes entre os anjos.

2.1. Os 24 a n c i ã o s

 Junto ao trono de Deus encontramos um grupo de seres angelicais da

mais elevada função celestial (cf. Ap 4.4-10; 6.5-14; 7.11-13; 11.6; 14*3;19.4), chamado de “os vinte e quatro anciãos”. Deus os encarregou derepresentarem a igreja de Deus de todos os tempos. Dessa maneira, 12anciãos representam a igreja do Antigo Testamento (as 12 tribos de Israel), enquanto outros 12 representam a igreja do Novo Testamento (os 12apóstolos do Cordeiro). Isso se registra conforme a visão do apóstolo João

na cidade celestial chamada nova Jerusalém, onde os nomes das 12 tribosde Israel estão gravados nas 12 portas da cidade (cf. Ap 21.12), e os 12apóstolos do Cordeiro nos 12 fundamentos dessa cidade (cf. Ap 21.14). ABíblia não revela a sua função, porém informa que eles têm vestidos brancos, com coroas de ouro sobre as suas cabeças (cf. Ap 4-4), e permanecemsempre diante do trono de Deus (cf. Ap 4-4), cantando louvores ao Cordeiro pela salvação que Ele ganhou com o seu sangue (cf. Ap 5.8-13).

2.2. Os QUERUBINS

São também anjos de elevada graduação e chamados “querubins daglÓTia” (Hb 9.5).

2.2.1. A IMPORTÂNCIA DOS QUERUBINS

A grande importância dos querubins no conceito divino pode ser

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

observada no fato de que Deus ordenou que fossem fabricados doisquerubins de ouro para fazerem parte do propiciatório, acima da arca

(cf. Êx 25.19), o lugar mais sagrado do culto divino no Antigo Testamento. Deus também mandou que fossem bordados querubins, em obra-prima, sobre o véu (cf. Êx 26.31), bem como nas cortinas do Tabernáculo(cf. Êx 26.1).

2.2.2. Q u e r u b in s   d e   a l t a   c a t e g o r i a

Entre os querubins, destacam-se os quatro seres viventes (cf. Ap 4.6-9), considerados como querubins de alta categoria (cf. Ez 10.20), poissempre se acham ao redor do trono de Deus e do Cordeiro (cf. Ap 4.6).Esses seres celestiais estão cheios de olhos por diante e por detrás (cf. Ap4-6,9). O profeta Ezequiel também teve uma visão desses querubins, relatada nos capítulos de 1 a 10 de seu livro.

2 . 2 . 3 . Q u e r u b in s   n a   a d m i n i s t r a ç ã o   d i v i n a

Os querubins ocupam um posto de grande responsabilidade na administração divina, junto ao trono de Deus. A Bíblia diz que Deus estáentronizado entre os querubins (cf. Sl 99.1; 80.1; Is 37.16; 2 Rs 19.15;2 Sm 6.2). Quando a Bíblia fala de “tronos” em Colossenses 1.16, refere-se certamente aos querubins. Quando Deus se movimenta, Ele o faz

figurativamente por meio dos querubins (cf. Sl 18.10). A Bíblia diz queDeus “montou num querubim, e voou” (cf. 2 Sm 22.11, Versão Revisada da Imprensa Bíblica Brasileira).

O grande número de olhos dos seres viventes fala da capacidade quetêm de ver à frente, atrás e dos lados, figurando, assim, a Onisciência deDeus. Tudo que acontece em qualquer parte do mundo, esses olhos vêem,

e no mesmo momento Deus recebe deles o relatório de tudo.

2.3. Os SERAFINS

Os serafins são também anjos de alta graduação. A Bíblia faz menção deles uma só vez (cf. Is 6.1-6). O seu nome indica a sua alta patente. Os serafins têm três pares de asas. Com duas cobrem o rosto em

reverência diante de Deus, e com duas cobrem os pés, para que as suas

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A n g e l o l o g i a  - A D o u t r i n a  d o s  A n j o s

próprias obras não apareçam, e com duas voam. Eles sempre clamamuns aos outros: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos”!

2.4. Os ARCANJOS

Os arcanjos são anjos chefes, revestidos por Deus de autoridade sobre outros anjos. A Bíblia, que chama os anjos de “o exército de Deus”(cf. SI 148.2), fala também do “príncipe do exército do Senhor” (cf. Js5.14; Is 55.4). Existem diferentes escalões de anjos, conforme as suas

funções. Quando a Bíblia fala dos “principados” (cf. Cl 1.16), refere-se,certamente, aos arcanjos. Alguns deles se destacam, de maneira que têmo seu nome revelado na Bíblia.

2.4.1. O a r c a n j o M i g u e l ( c f .  Jd  9)

Miguel, cujo nome traduzido do hebraico significa “quem é seme

lhante a Deus”, é um arcanjo, também chamado “um dos primeiros príncipes” (Dn 10.13-21). Miguel está investido da missão especial de proteger o povo de Israel (cf. Dn 12.1). Quando Israel estava prestes a cumprir a profecia sobre a sua volta do cativeiro de Babilônia (cf. Dn 9.2),os príncipes dos demônios queriam a todo custo impedir essa vitória (cf.Dn 10.13). Miguel, então, lutou contra eles, garantindo a volta. Vemosem Apocalipse 12 Miguel empenhado em uma luta contra o dragão eseus anjos, os quais não puderam prevalecer contra ele, mas foram precipitados na terra (cf. Ap 12.7-9).

2.4.2. O a r c a n j o   G a b r i e l

Gabriel é o nome de um outro arcanjo que possui uma grande e elevadaposição no céu. Várias vezes a Bíblia registra o nome dele como um emissá

rio especial de Deus para levar importantes e relevantes mensagens. Gabriellevou a resposta de Deus a Daniel, a qual continha uma revelação paraaquele tempo e também é uma chave para a compreensão da palavra profética (cf. Dn 8.16; 9.21-27). Gabriel foi o portador da mensagem a Zacariassobre o nascimento de João Batista, o precursor de Jesus (cf. Lc 1.11-13,19). Foi também ele quem trouxe a grandiosa mensagem para a virgem

Maria, de que ela haveria de dar à luz o Filho de Deus (cf. Lc 1.26-35).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

2.4.3. O u t r o s   a r c a n j o s

Existem outros arcanjos mencionados com destaque, como o anjo a

quem foi dada a chave do abismo (cf. Ap 9.1), o anjo das águas (cf. Ap16.5), o anjo que tem poder sobre o fogo (cf. Ap 14.18) e aquele anjoque João presenciou na sua visão e que tinha grande poder, pois a terrafoi iluminada com a sua glória (cf. Ap 18.1).

2.5. Os ANJOS COMUNS — OS EXÉRCITOS DE ÜEUS

O número dos anjos graduados é muito inferior ao dos anjos comuns,que são incontáveis. São eles o exército celestial que sempre está de pédiante do trono do Senhor, à sua direita e à sua esquerda (cf. 2 Cr 18.18).A Bíblia diz: “Porventura tem número os seus exércitos?” (Jó 25.3) ABíblia sempre os apresenta em grande número. Jesus falou que poderiapedir ao Pai e Ele lhe enviaria mais de 12 legiões (72.000) de anjos! (cf.

Mt 26.53) Quando Deus ajudou Eliseu contra o exército dos sírios, apareceram tantos anjos que todo o monte estava cheio de cavalos e decarros (cf. 2 Rs 6.17). Hebreus 12.22 fala de “muitos milhares de anjos”.

3 . A O r i g e m , a  N a t u r e z a   e  o  C a r á t e r   d o s  

A n j o s

3.1. A ORIGEM DOS ANJOS

Os anjos são seres celestiais que Deus criou no princípio, antes dacatástrofe que tomou a terra sem forma e vazia (cf. Gn 1.2; Jó 38.7). ABíblia diz: “Nele [Jesus] foram criadas todas as coisas que há nos céus e

na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejamprincipados, sejam potestades; tudo foi criado por ele e para ele” (Cl1.16), e: “Sem ele nada do que foi feito se fez” (Jó 1.3). Os anjos foramcriados pela Palavra de Deus (cf. Sl 33.6). “Mandou, e logo foram criados” (Sl 148.2,5). Os anjos são chamados “o exército de Deus” (Sl 33.6;148.2). A Bíblia diz: “Tu só és Senhor, tu fizeste o céu, o céu dos céus e

todo o seu exército” (Ne 9.6).

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A n g e l o l o g i a  - A Do u t r i n a  d o s  A n j o s

Os anjos são criados e não gerados. Deus criou cada anjo individualmente. Quando Daniel, por volta do ano 534 a.C., mencionou o número dosanjos que ele presenciou em sua visão, disse que eram “milhares de milhares” e “milhões de milhões” (cf. Dn 7.10). E quando o apóstolo João, maisde 500 anos depois, contemplou os anjos em uma visão, revelou o númerodeles também como “milhões de milhões e milhares de milhares” (Ap 5.11).

3.2. A NATUREZA DOS ANJOS

3.2.1. Os ANJOS SÃO SERES ESPIRITUAIS

Os anjos foram criados com um corpo espiritual. “Há também corpoespiritual” (1 Co 15.44). Quando se fala dos homens, diz-se que são “carne” (cf. Gn 6.3; Jó 3.6). Os anjos não possuem um corpo material, mas umcorpo espiritual que é acompanhado de luz e de glória celestial (cf. Sl104.4; Ez 1.13). Por isso, são chamados “filhos de Deus” (cf. Jó 1.6; 38.7).

3.2.2. Os ANJOS SÃO IMORTAIS

Os anjos são imortais (cf. Lc 20.36) e nunca deixarão de existir. Elestambém não crescem e não envelhecem, pois foram criados já num estado perfeito. Convém observar que o aspecto do anjo que apareceu nosepulcro de Jesus era o de um jovem (cf. Me 16.5), embora tenham umaexistência de milhares de anos.

3.2.3. Os ANJOS SÃO INVISÍVEIS

Por não possuírem um corpo material, toma-se impossível aos homens enxergar os anjos. Eles, porém, podem manifestar-se de forma visível (cf. Mt 28.2-6; At 11.11; Gn 18.1; Lc 1.11). Quando eles se manifestam, movimentam-se com rapidez (cf. Jz 13.20; 6.21; Dn 9.21). Eles

sobem e descem sobre a terra (cf. Gn 28.12; Jó 1.51). Quando aparecem, podem comer e beber, embora não tenham necessidade disso, fazendo-o como uma expressão de comunhão (cf. Gn 18.8).

3.2.4. Os ANJOS NÃO TÊM SEXO

 Jesus disse: “Quando ressuscitarem dos mortos, não casarão, nem se

darão em casamento, mas serão como os anjos nos céus” (Me 12.25).

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T e o l o g i a  S is t e m á t ic a

Com isso fica provado que as “explicações” afirmando que os “filhos deDeus” que “entraram às filhas dos homens” (cf. Gn 6.1-5) eram anjos

são realmente erradas, pois os anjos não se casam. A referida passagemfaz menção do casamento misto que houve entre as filhas da linhagemde Caim que se uniram com os filhos da linhagem de Sete, coisa quedesagradou profundamente a Deus.

3.3. O CARÁTER DOS ANJOS

• Os anjos são santos e puros (cf. At 10.22; Me 8.38; Ap 14.10). Elessão cercados da glória de Deus (cf. Lc 9.26) e, quando se manifestam,aparecem sempre com algo de glória celestial (cf. Lc 2.9).

• Os anjos são inteiramente sujeitos a Deus e a Cristo (cf. Ef 1.22,23;1 Pe 3.22). Na sua completa submissão a Deus, eles servem como “espíritosministradores, enviados para servir a favor dos que hão de herdar a salva

ção” (cf. Hb 1.14; Dn 8.16,17). Os anjos se dedicam a adorar a Deus e acantar-lhe louvores (cf. Ap 5.9-14; Sl 148.2; 103.21; Lc 2.13,14). São reverentes, pois a Bíblia nos diz que os serafins clamavam uns aos outros: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos; toda a terra está cheia da suaglória” (Is 6.3). Enquanto faziam isso, com duas asas voavam, com duascobriam o rosto em reverência, e com duas cobriam os seus pés (cf. Is 6.2).A Bíblia declara: “O exército dos céus te adora” (Ne 9.6). Os anjos nãoaceitam para si nenhuma forma de louvor ou de adoração (cf. Ap 19.10;22.8,9), pois sabem que só Deus deve ser adorado (cf. Ap 22.10). Por isso,todo tipo de culto a anjos é totalmente errado (cf. Cl 2.18). Os anjos usamuma língua própria, que a Bíblia chama “a língua dos anjos” (cf. 1 Co 13.1).

• Os anjos possuem autoconsciência. Eles conhecem a autoridadeque Deus lhes delegou. O arcanjo Gabriel disse: “Eu sou Gabriel, que

assisto diante de Deus” (Lc 1.19).• Os anjos possuem também autodeterminação. Eles têm livre-arbí-

trio. Assim como Jesus foi provado, os anjos também o foram. QuandoLúcifer se rebelou nos céus, muitos anjos “não guardaram o seu principado, mas deixaram a sua própria habitação” (Jd 6). Um grande númerode anjos escolheu mostrar a sua inteira fidelidade na submissão a Deus e

por isso são chamados “anjos eleitos” (cf. 1 Tm 5.21).

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A n g e l o l o g i a  - A D o u t r i n a  d o s  A n j o s

• Os anjos são sábios (cf. 2 Sm 14.20), mais que os homens, porémnão são oniscientes. Eles não conheciam os planos eternos de Deus a

nós revelados (cf. Ef 3.9), nem conhecem o mistério da salvação (cf.1 Pe 1.12). Os anjos não conhecem as coisas de Deus, pois só o EspíritoSanto as conhece (cf. 1 Co 2.11), nem sabem o que está no coração dohomem, o que só Deus conhece (cf. 1 Rs 8.39).

• Os anjos são poderosos, magníficos em poder (cf. Sl 103.20). Elessão maiores do que os homens na força e no poder (cf. 2 Pe 2.11). Po

rém, o poder que eles possuem lhes é delegado por Deus (cf. 2 Ts 1.7;2 Sm 24.16; Ap 18.1,21), e o utilizam cumprindo as ordens recebidas.

• Os anjos têm emoções. Eles podem alegrar-se (cf. Lc 15.10).• Os anjos têm a sua habitação nos céus. A Bíblia diz: “Anjo do céu”

(cf. Lc 22.43; Mt 18.10). Eles sempre vêem a face de Deus e fazem aguarda das portas do céu (cf. Ap 21.12).

4. O A n j o d a F a c e d o S e n h o r

Entre os anjos de diferentes graus de grandeza de que o Antigo Testamento nos fala, havia um que se destacava de todos os outros. Ele tinha

também um nome diferente, porque era chamado “O Anjo [não um anjoqualquer] da sua presença” (cf. Is 63.9). Esse “Anjo” se chamava a si mesmo “Deus”. Convém observar que o anjo que bradou a Abraão, depois deele ter-se mostrado disposto a sacrificar Isaque (cf. Gn 22.1-18), disse de simesmo: “Por mim mesmo, jurei, diz o Senhor” (cf. Gn 22.16). Também oanjo que falava com Jacó, dando-lhe ordem de tomar à terra da sua paren-tela (cf. Gn 31.11), disse: “Eu sou o Deus de Betel” (cf. Gn 31.13; 28.13;48.16). Observe também que o anjo de Oséias 12.4 — o mesmo varãocom quem Jacó lutou (cf. Gn 32.24), e quem lhe disse: “Lutaste com Deus”(Gn 32.28), e Jacó respondeu: “Tenho visto a Deus face a face” (cf. Gn32.30) — era um ser com características divinas. E também o anjo queapareceu a Moisés na sarça que ardia no deserto (cf. Êx 3.2), o qual disse:“Eu sou o Deus de teu pai” (cf. Êx 3.6). Todos esses não eram senão o

Anjo do Senhor. O mesmo vemos com o anjo que apareceu a Gideão (cf.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

 Jz 6.12), a respeito do qual se diz: “Então, o Senhor olhou para ele” (cf. Jz6.14), e: “O Senhor lhe disse” (cf. Jz 6.16).

Convém ainda observar que enquanto os anjos não aceitam nenhumaforma de adoração dirigida a eles, só Deus deve ser adorado (cf. Ap 22.8,9).O anjo que apareceu a Manoá (cf. Jz 13.3), cujo nome era maravilhoso (cf.

 Jz 13.18; Is 9.6), aceitou adoração e subiu na chama do sacrifício, motivopor que Manoá disse: “Temos visto a Deus” (cf. Jz 13.22). Mencionemosainda os três anjos que apareceram a Abraão (Gn 18.1,2), pois um deles era

o Senhor, uma vez que a Bíblia diz: “E disse o Senhor a Abraão” (cf. Gn18.13,17). Quando terminou a palestra entre os dois, diz a Bíblia: “E foi-se oSenhor, quando acabou de falar a Abraão” (cf. Gn 18.33). Finalmente,observamos o que Deus disse a respeito do “anjo” que ele havia prometidoenviar para guiar Israel pelo deserto (cf. Êx 33.2): “O meu nome está nele”,exortando o povo para em tudo obedecer-lhe (cf. Êx 23.21).

Todos esses personagens, e mais outros, mostram que esse Anjo da

presença do Senhor (cf. Is 63.9) não é um dos anjos criados, mas representa uma manifestação da segunda pessoa da Santa Trindade em suapreexistência, antes da “plenitude dos tempos” (cf. Gl 4.4), quando Ele“se fez came e habitou entre nós” (cf. Jó 1.14). Por isso, no Novo Testamento não se fala mais nesse “Anjo”, porque “aquele que se manifestouem came” (cf. 1 Tm 3.16) já havia vindo. Aleluia!

5 . A G r a n d e   M i s s ã o   d o s   A n j o s

Cada anjo da grande multidão de seres celestiais que está nos céustem uma função dada por Deus. Como já observamos, estão alguns inte

grados na administração divina junto ao trono de Deus, enquanto outros ficam à disposição do Senhor para executarem as suas ordens noatendimento aos que hão de herdar a salvação (cf. Hb 1.14; SI 103.20).

5.1. O QUE OS ANJOS NÃO FAZEM

E uma coisa muito importante conhecer a doutrina bíblica sobre os

anjos, pois isso nos dá condições de evitar ensinamentos errados, que se

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A n g e l o l o g i a  - A D o u t r i n a  d o s  A n j o s

baseiam em supostas visões de anjos (cf. Cl 2.18,23). Vejamos, portanto, algumas coisas que os anjos não fazem.

5.1.1. Os ANJOS NÃO SÃO INDEPENDENTES

Os anjos não agem por conta própria, mas executam sempre asordens do Senhor. O arcanjo Gabriel disse: “Eu sou Gabriel, que as-sisto diante de Deus, e fui enviado a falar-te e dar-te estas alegresnovas” (Lc 1.19). Todos os anjos estão sujeitos ao Senhor Jesus (cf. 1

Pe 3.22).

5.1.2. O S ANJOS REVERENCIAM A PALAVRA DE DEUS

Os anjos não desrespeitam a Palavra do Senhor (cf. Sl 103.20). Éinteiramente impossível que um anjo do céu venha apresentar uma palavra contra a Palavra do Senhor. Por isso o apóstolo Paulo podia dizer

afirmativamente: “Ainda que um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” (Gl 1.8). Foipor desconhecer essa doutrina que um jovem profeta foi enganado porum profeta idoso e desviado que mentiu, dizendo que um anjo lhe haviaaparecido, mudando a ordem que o moço recebera do Senhor (cf. 1 Rs13.18). O crédulo profeta pagou caro por ter dado ouvidos à supostamensagem de um anjo, pois foi morto por um leão (cf. 1 Rs 13.26).Ainda hoje o Diabo brama como um leão (cf. 1 Pe 5.8), usando essesfalsos profetas que querem dominar os crentes por meio de supostos contatos com anjos. Que Deus nos guarde!

5.1.3. Os ANJOS NÃO SÃO DOUTRINADORES

Os anjos não se ocupam de assuntos doutrinários. A atribuição deles é

outra! A Bíblia diz que os anjos não conheciam os planos de Deus queestavam nEle desde a eternidade (cf. Ef 3.9,10), e que os anjos desejam bematentar para o mistério da salvação (cf. 1 Pe 1.12). Eles também não conhecem o dia e a hora da vinda de Jesus (cf. Mt 24.36). É por isso que os pretensosprestadores de “culto” aos anjos (cf. Cl 2.18), que procuram introduzir doutrinas novas, não merecem nenhuma atenção, uma vez que expressam, con

forme diz a Bíblia, somente a sua carnal compreensão (cf. Cl 2.18).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

5.1.4. Os ANJOS NÃO SÃO MEDIADORES

Finalmente, os anjos jamais assumem a posição de mediadores entre

Deus e o homem, pois só existe “um só mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo, homem” (1 Tm 2.5). Ninguém deve, portanto, orara um anjo ou adorá-lo, pois ele não aceitaria isso, sendo a adoração aoutro qualquer ser que não Deus contrário ao mais sagrado ensino daBíblia: “Adora a Deus” (cf. Ap 22.9).

5 . 2 . O SERVIÇO DOS ANJOS NO TEMPO DO ANTIGO TESTAMENTOA primeira vez que Deus usou um anjo para executar um serviço naterra foi quando enviou dois querubins, a fim de guardar o caminho paraa árvore da vida (cf. Gn 3.24). Desde então, temos muitos exemplos deque Deus usou anjos. Vejamos alguns deles, no tempo do Antigo Testamento.

5.2.1. Os ANJOS ERAM PORTADORES DE MENSAGENS DIVINAS

Foi um anjo que guiou a Eliézer, que foi à terra dos parentes de Abraãobuscar uma noiva para Isaque (cf. Gn 24-40). Foi um anjo que transmitiu a Elias a ordem de levar uma mensagem ao rei de Samaria (cf. 2 Rs1.3). Deus enviou um anjo com uma mensagem a Daniel (cf. Dn 8.19;9.21-23; 10.10-21). Deus entregou a Lei a Moisés por meio de um anjo

(cf. At 7.53; Gl 3.19). Quando Jacó voltou para Canaã, “encontram-noos anjos de Deus” (Gn 32.1,2).

5.2.2. OS ANJOS OFERECIAM AJUDA EM HORAS DE ANGÚSTIAS E DE DIFI

CULDADES

 Jacó, no fim de sua vida, falou sobre isso, dizendo: “O Anjo que me

livrou de todo o mal” (Gn 48.16). Quando Elias fugiu por causa da ameaça de Jezabel, foi confortado por um anjo (cf. 1 Rs 19.5). Quando Danielfoi lançado na cova dos leões, Deus mandou um anjo que fechou a bocadas feras (cf. Dn 6.22). Quando Balaão estava no caminho da desobediência, Deus enviou um anjo para impedi-lo de fazer o mal (cf. Nrn 22.22).Dois anjos pegaram Ló e sua família pelas mãos, para salvá-los da des

truição de Sodoma (cf. Gn 19.15,16).

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5.2.3. Os ANJOS AJUDARAM O POVO DE DEUS NOS PERIGOS DE GUERRA

Quando os assírios queriam destruir Judá, no tempo do rei Ezequias,Deus mandou um anjo que feriu no arraial dos inimigos 185 mil homens(cf. 2 Rs 19.35; Is 37.36; 2 Cr 32.21). A Bíblia diz que “o anjo do Senhoracampa-se ao redor dos que o temem, e os livra” (Sl 34.7) e faz com queos inimigos fujam (cf. Sl 35.5).

5.2.4. Os ANJOS EXECUTAVAM OS CASTIGOS DE ÜEUS

Foi um anjo que executou o castigo oriundo de o rei Davi haverdesobedecido ao Senhor (cf. 2 Sm 24.16), e também o castigo sofridopor Nabucodonosor pelo seu orgulho foi executado por um anjo, umvigia, um santo, que desceu do céu para isso (cf. Dn 4.23-33).

5 .3 . O SERVIÇO DOS ANJOS NA VIDA DE JESUS

Para Jesus vir a este mundo e tomar a forma de servo (cf. Fp 2.7),teve de deixar os céus, a habitação dos anjos, e fazer-se, por um pouco detempo, menor do que os anjos (cf. Hb 2.7). Os anjos, porém, acompanharam-no e o serviram durante todo o tempo em que Ele esteve aquina terra. Vejamos o que a Bíblia nos ensina sobre isso.

• Foi um anjo que revelou a Maria que ela seria a mãe do Salvador (cf. Lc1.28-36). José, o noivo que já havia resolvido deixar Maria secretamente, foiinstruído por um anjo (cf. Mt 1.19-21), e fez o que ele ordenou (cf. Mt 1.24).

• Os anjos se fizeram presentes na noite em que Jesus nasceu (cf. Lc2.10-14), e a escuridão se encheu de louvores a Deus.

• Quando Herodes resolveu matar as crianças em Belém, um anjorevelou isso a José, dando-lhe ordem de fugir para o Egito (cf. Mt 2.13-18). Quando o perigo passou, um anjo fez com que José, Maria e Jesusvoltassem do Egito (cf. Mt 2.19-23).

• Quando Jesus foi tentado pelo Diabo e o venceu, os anjos apareceram para o servir (Mt 4-11 )•

• Jesus disse a Natanael que ele veria os anjos subirem e desceremsobre o Filho do Homem (cf. Jó 1.51).

• No Getsêmani, quando Jesus orava na maior angústia, veio um

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I W S W M M M I B W M K i i W '

anjo para o confortar (cf. Lc 22.43). Jesus disse que poderia pedir aoPai, e o Pai lhe daria mais de 12 legiões de anjos (cf. Mt 26.53).Porém, Jesus não pediu, pois Ele havia se entregado para morrer pornós. Aleluia!

• Mas quando Jesus estava pendurado na cruz, não apareceu anjoalgum: Jesus sofreu sozinho, e as trevas cobriram a terra. Jesus exclamou:“Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?” (Mt 27.46)

• Quando Jesus ressuscitou, apareceram anjos (cf. Mt 28.1-6; Me

16.5-7; Lc 24.4; Jó 20.12).• Na ascensão de Jesus manifestaram-se dois anjos (cf. At 1.11) e,

quando Ele, triunfante, entrou no céu, foi recebido pela multidão dosanjos: “Levantai, ó portas, as vossas cabeças; levantai-vos, ó entradaseternas, e entrará o Rei da Glória” (Sl 24-7). Graças a Deus!

5.4. O SERVIÇO DOS ANJOS NO TEMPO DOS APÓSTOLOSOs anjos de Deus também estão presentes na Igreja Primitiva. Os

crentes cheios do Espírito Santo oravam, e os anjos apareciam, salvando os santos dos perigos em que se achavam.

Quando os líderes religiosos lançaram os apóstolos na prisão, veioum anjo, abriu as portas e, tirando-os para fora, disse: “Ide, apresentai-

vos no templo e dizei ao povo todas as palavras desta vida” (At 5.20).Quando Herodes mandou matar Tiago, e prendeu e encarcerou Pedro,querendo apresentá-lo ao povo, veio ao apóstolo um anjo na noiteanterior ao dia em que Herodes pensava matá-lo, e despertou o prisioneiro, cujas cadeias caíram-lhe das mãos. Passaram a primeira e asegunda guarda, e a porta se abriu por si mesma, e Pedro ficou livre(cf. At 12.2-11).

Quando Paulo estava no navio como prisioneiro, juntamente com276 pessoas, entre as quais algumas também prisioneiras, sofrendo operigo de naufrágio, apareceu-lhe um anjo com a mensagem de livramento, dizendo que ninguém perderia a vida (cf. At 27.22-25).Paulo disse aos seus acompanhantes: “Esta mesma noite, o anjo deDeus, de quem eu sou e a quem sirvo, esteve comigo” (At 27.23).

Coisa maravilhosa!

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A n g e l o l o g i a  - A D o u t r i n a  d o s  A n i o s

5.5. Os ANJOS COOPERAM NA OBRA EVANGELIZADORA

Os anjos não são encarregados de pregar o Evangelho, mas cooperam

de muitas maneiras. Disso temos vários exemplos no livro dos Atos dosApóstolos.

Foi um anjo que transmitiu a ordem de Deus a Filipe, para que ele fosseao caminho que descia de Jerusalém para Gaza (cf. At 8.26). Filipe foi eencontrou o eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes (cf.At 8.27), que, após salvo e batizado (At 8.34-39), voltou para a sua terra,

tomando-se ali um instmmento para um dos maiores despertamentos dosdias apostólicos.

Foi um anjo que se manifestou a Cornélio, ordenando-lhe que chamasse a Pedro, para que este lhe falasse palavras pelas quais ele se salvaria(cf. At 10.1-7; 11.13,14). Os anjos estão interessados na salvação dos pecadores, e se alegram quando um deles se arrepende (cf. Lc 15.7-10).

Foi um anjo que executou o castigo de Deus sobre Herodes, um dosmaiores inimigos da Igreja Primitiva (cf. At 12.19-23).

5.6.  A n j o s — e s p ír ito s m in i s tr a d o r es

Os anjos são espíritos ministradores, enviados para servir os quehão de herdar a salvação (cf. Hb 1.14). Estão, assim, à disposição deDeus para servirem a nós, os crentes, pois eles se acampam ao redordos que temem a Deus, para os livrar (cf. SI 34*7). Deus dá aos anjosordens a nosso respeito, para que nos guardem em todos os nossos caminhos (cf. SI 91.11).

• A Bíblia revela que os anjos, nos céus, estão integrados no atendimento às orações que sobem da terra (cf. Ap 8.1-5). E uma coisa maravilhosa!

• Jesus falou dos pequeninos, que no céu possuem anjos que os guardam (cf. Mt 18.10). A Bíblia fala pouco sobre isso, mas se crermos emDeus, Ele então usa, para a nossa proteção, todos os meios que acharconvenientes.

• Quando um crente morre, os anjos acompanham a sua alma e o seuespírito, que deixam o corpo, conduzindo-os ao Paraíso (cf. Lc 16.22).

Glória a Jesus!

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T e o l o c i a  S i s t e m á t i c a

5 . 7 . O SERVIÇO DOS ANJOS NOS ÚLTIMOS ACONTECIMENTOS

• Na vinda de Jesus nas nuvens para arrebatar a Igreja, os anjos, com

o Senhor à frente, estarão presentes (cf. 1 Ts 4.16).• Quando o povo salvo entrar no céu, os anjos estarão presentes,

assim como receberam a Jesus quando voltou da terra para os céus (cf. Sl24.7-10). Jesus, então, confessará os crentes, não somente diante de seuPai, mas também diante dos anjos de Deus (cf. Lc 12.8).

• Os anjos serão os instrumentos na execução dos juízos de Deusdurante a Grande Tribulação, após a vinda de Jesus (cf. Ap 7.1,2;8.6,7,8,10,12; 9.1,13; 15.1). Um anjo lançará Satanás à terra (cf. Ap12.9).

• Quando Jesus vier em glória, após a Grande Tribulação, os anjosestarão com Ele (cf. 2 Ts 1.7,8). Um anjo então prenderá Satanás e oamarrará por mil anos, lançando-o no abismo (cf. Ap 20.1-3). Tambémno julgamento das nações, que se dará quando Jesus vier em glória, osanjos estarão a serviço de Deus (cf. Mt 25.31).

• No Juízo Final, os anjos estarão em atividade (cf. Dn 7.10).

• Por toda a eternidade, os salvos estarão rodeados dos santos anjos,e todos juntos louvarão e glorificarão ao Senhor Deus e ao Cordeiro,

que nos comprou pelo seu sangue (cf. Ap 5.8-14).

6 . A Q u e d a d e L ú c i f e r n o Céu

Prosseguindo o estudo a respeito dos anjos, passaremos a meditar so

bre os maus anjos, e o seu príncipe, Satanás, o qual era um poderosoquerubim, com o nome de Lúcifer, que se rebelou contra Deus e foiprecipitado do céu.

Estudaremos esse assunto sob quatro aspectos: 1) A queda de Lúcifere dos anjos que o seguiram; 2) a organização hierárquica de Satanás edos demônios; 3) os métodos de ação de Jesus sobre Satanás, e 4) a

vitória de Jesus sobre Satanás.

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A n g e l o l o g i a  - A D o u t r i n a  d o s  A n j o s■mmmémmmmf flsmmmmmm fflmmsmm immmmMWMm 

A queda de Lúcifer foi a maior catástrofe de todos os tempos, e foi acausa original de todos os males.

6 . 1 . L ú c i f e r   e r a  u m   q u e r u b i m   d e  g r a n d e   r e s p o n s a b i l i d a d e  

Lúcifer era, como todos os anjos, um ser criado (cf. Ez 28.13,15). Eleera um querubim. O seu nome traduzido significa “estrela da manhã”(cf. Is 14-12). A Bíblia diz que era um querubim da guarda (Ez 28.14,Almeida Revista e Atualizada), colocado sobre o mundo em sua criação

original, pois está escrito: “Estavas no Éden” (Ez 28.13).Embora rodeado de toda a glória e de pedras preciosas, de ouro e de

ornamentos, e sendo perfeito em seus caminhos (cf. Ez 28.15), nasceuem seu coração um sentimento de insatisfação. Pensamentos estranhosformaram-se no seu íntimo e transformaram-se em ambição crescente:“Eu subirei ao céu, e, acima das estrelas de Deus, exaltarei o meu trono,

e, no monte da congregação, me assentarei, da banda dos lados do Norte. Subirei acima das mais altas nuvens e serei semelhante ao Altíssimo”(Is 14-13,14). Esse plano se ia formando, ajudado pelo livre-arbítrio deLúcifer e, pouco a pouco, o seu pensamento transformou-se em vontade, e a vontade em ação. Então, a maior catástrofe de todos os temposaconteceu: Lúcifer se rebelou contra o próprio Deus!

6 .2 . D e u s   m a n t e v e   a   s u a   p o s iç ã o   d e   s a n t i d a d e   e  d e   s o b e r a n i a  

Lúcifer foi lançado fora do monte santo (cf. Ez 28.16) e precipitadopara o mais profundo dos abismos (cf. Is 14.15). Jesus disse: “Eu viaSatanás, como raio, cair do céu” (Lc 10.18). Sendo lançado fora do céu,Satanás ficou nos lugares celestiais (cf. Ef 6.12), isto é, abaixo da morada de Deus e acima da região que chamamos firmamento ou atmosferaterrestre, onde se estabeleceu.

6 .3 . L ú c i f e r  — t r a n s f o r m a d o   e m   S a t a n á s

Quando o pecado entrou no coração de Lúcifer e ele foi lançado forado céu, experimentou uma total transformação. Após ter sido umquerubim perfeito, tomou-se a personalidade mais perversa e caída quese possa imaginar, autor de todo o pecado e a fonte de todo o mal.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

6.3.1. O ADVERSÁRIO

A inimizade de Satanás contra Deus é evidenciada pelo seu nome.

Satanás tem o nome de “o inimigo” (cf. Lc 10.19). Seu nome mostraque a sua inimizade é total. Também o nome Satanás (Hebr. Satã)significa “adversário”. E o nome Diabo (grego diábolos) significa “acusador”.

6.3.2. S u a   n a t u r e z a   p e r v e r s a

A natureza perversa de Satanás é evidenciada pelos seus nomes.

• A crueldade de Satanás pode ser vista nos seguintes nomes: “leão”(cf. 1 Pe 5.8), “dragão” (cf. Is 27.1), “Abadom” (Hebraico) ou “Apoliom”(grego), que significa “destruidor” (cf. Ap 9.11), “homicida” (cf. Jó 8.44),“antiga serpente” (cf. Ap 20.2).

• O engano, a falsidade e a astúcia se vêem nos seguintes nomes: “omentiroso” (cf. 1 Jó 2.22), “o pai da mentira” (cf. Jó 8.44), “a antigaserpente” (cf. Ap 20.2; 2 Co 11.3), “o tentador” (cf. Mt 4.3), “o ladrão”(cf. Jó 10.10), “o acusador” (cf. Ap 12.10).

• A força e a maldade é evidenciada pelo nome “valente” (cf. Mt 12.29).

• A impureza de Satanás se evidencia nos seguinte nomes: “Belzebu”(cf. Lc 11.15), nome de um deus dos filisteus, cujo nome significa “senhor das moscas” ou “senhor do esterco”, nome que os judeus usavamcomo designação de Satanás, e “Belial” (cf. 2 Co 6.15), que significa“mau”, “maldoso”, “malvado”, “ordinário”, “sem valor”.6 . 4 . N a r e v o l t a   d e   Sa t a n á s , m u i t o s   a n j o s   o   a c o m pa n h a r a m

De acordo com Apocalipse 12.4, foi uma terça parte dos anjos que sedeixaram enganar por Lúcifer. Eles não guardaram o seu principado edeixarou a sua habitação (cf. Jd 6; 2 Pe 2.4), foram contaminados peloexemplo e pelas mentiras de Satanás, que é o pai de toda a mentira (cf.

 Jó 8.44) e, conseqüentemente, foram expulsos do céu. Deus não os perdoou, mas os reservou na escuridão e em prisões eternas até o juízo da

quele Dia (Jd 6; 2 Pe 2.4).

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A n g e l o l o g i a  - A D o u t r i n a  d o s  A n j o s

6.5. Os DEMÔNIOS

A Bíblia também fala com freqüência da existência de demônios.

6.5.1. Q u e m   s ã o   o s   d e m ô n i o s

Os demônios são seres espirituais, imateriais e invisíveis. Eles têmpersonalidade (cf. Mt 12.43), isto é, têm vontade própria (cf. Mt 12.44)e faculdades intelectuais (cf. Mt 12.45). Também reconhecem a divindade de Jesus (cf. Me 5.9; Mt 8.24). Eles são inumeráveis (cf. Me 5.9).

A natureza deles é idêntica à de Satanás, o seu príncipe (Mt 12.24).São imundos (cf. Me 5.9) e violentos (cf. Me 9.2-5). Assim como Satanás é o pai da mentira, eles também se apresentam como “espíritos damentira” (1 Rs 22.21,22) e estão em absoluta oposição a Deus e à suaobra (cf. Ef 6.12). Estão de tal forma identificados com Satanás quequando os demônios são expulsos de alguém, diz-se que Satanás foi ex

pulso (cf. Mt 12.26).

6.5.2. A ORIGEM DOS DEMÔNIOS

Alguns acreditam que os demônios são anjos que acompanharamSatanás em sua rebelião contra Deus. Uma parte deles foi lançada naescuridão, aguardando o julgamento, enquanto outra parte, sob o nome

de demônios, estão servindo a Satanás, o seu príncipe (cf. Mt 12.24). Osque assim pensam apoiam a sua opinião em Mateus 25.41.

Outros acham que não se deve confundir demônios com os anjoscaídos, mencionados em 2 Pedro 2.4 e Judas 6, porque de acordo comAtos 23.8,9, existe uma diferença entre anjos e espíritos. Os espíritos,provavelmente nos acontecimentos associados à queda de Satanás, tor

naram-se maus, isto é, demônios.A conclusão a que chegamos é que a própria Bíblia não define de

uma maneira clara a origem dos demônios. Por isso não convémdogmatizar sobre um assunto que a própria Palavra deixou no santuáriodas coisas não reveladas (cf. Dt 29.29). Basta conhecer a realidade daexistência desses inimigos de Deus e a inteira possibilidade de vitória

sobre eles pelo poder do sangue de Jesus!

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TEOLOGIA SlSTEMATICAS È S S   íM 

7 . A O r g a n i z a ç ã o   S a t â n i c a

Satanás, para afirmar o seu reinado maligno, tem como finalidade aluta contra Deus e suas criaturas. Ele procura em tudo imitar o que é deDeus e, para isso, organizou, em ordem hierárquica, os anjos que o acompanharam, assim como estão organizados os anjos celestes.

7.1.  S a t a n á s   s e   f e z  p r í n c ip e  d o   r e i n o   ( c f . Mt 12.24)

Ele, que antes de ser expulso do céu era um querubim da guarda (cf.Ez 28.14), pois habitava no Éden, queria continuar com domínio sobre o mundo e foi chamado “príncipe deste mundo” (cf. Jó 14.30;16.11). Ele, que queria ser semelhante ao Altíssimo (cf. Is 14-14), échamado o “deus deste século” (cf. 2 Co 4.4). Ele é o príncipe dosdemônios (cf. Mt 12.24) e das potestades do ar (cf. Ef 2.2), pois tem o

seu quartel-general nos lugares celestiais (cf. Ef 2.2), de onde podeatingir o mundo todo.

7.2. Os DEMÔNIOS ESTÃO ORGANIZADOS MILITARMENTE

7.2.1. Os PRÍNCIPES DA TERRA

Alguns demônios são chefes de grandes regiões, ou de países, e por

isso são chamados como tendo autoridade sobre esses lugares. Em Daniel10.13,21, chamam-se “o príncipe da Pérsia” e “o príncipe da Grécia”.Certamente o Diabo tem encarregado demônios graduados para lideraras forças malignas em cada país ou região. São os tais que, em Efésios6.12, são chamados principados.

7.2.2. As HOSTES DA MALDADE

Os demônios estão organizados em hostes espirituais da maldade(cf. Ef 6.12) e em legiões de demônios (cf. Me 5.9,15). Essas formações têm como seus chefes os “príncipes das trevas” (cf. Ef 6.10-12).

7.'2.3. A TRINDADE SATÂNICA

Na luta final, no tempo da Grande Tribulação, Satanás, imitando a

Santíssima Trindade, fará a sua própria trindade, da qual ele mesmo é o

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A n g e l o l o g i a  - A Do u t r i n a  d o s  A n j o s« g ímmtwMmmmfmmmwmMmBfômmmmmffimst 

antideus, a besta é o Anticristo e o falso profeta é o antiespírito (cf. Ap13.2-13). Porém, quando for estabelecida essa tríade, já estará próximo

o fim de seu reinado.

8 . O s M é t o d o s d e L u t a d e S a t a n á s

e d o s D e m ô n io s

A Bíblia declara, falando a respeito do nosso inimigo Satanás: “Nãoignoramos os seus ardis” (2 Co 2.11). Vejamos alguns dos métodos donosso inimigo, na sua luta contra Deus e contra a humanidade.

8 . 1 . Sa t a n á s   a t a c a   c o m   v i o l ê n c i a  n o   c o m b a t e

Desde que Caim matou Abel por este ser justo (cf. 1 Jó 3.12), Satanás tem, em todo o tempo, usado como arma a violência: perseguições,prisões e mortes. O sangue dos mártires tem jorrado até mesmo em nomeda religião. Satanás inspirou o “Santo Ofício” (Inquisição) na Espanha,na França e em outros países, e através dele matou multidões de crentes.Sobre tudo isso disse Jesus: “Sê fiel até a morte, e dar-te-ei a coroa davida” (cf. Ap 2.10).

8 . 2 . Sa t a n á s   u s a   o   e n g a n o  e   o   l a ç o   m a l i g n o   c o m o   a r m a s

A Bíblia fala dos que caem em laços do Diabo (cf. 1 Tm 3.7; 6.9;2 Tm 2.26; Sl 124.7; 91.3). Às vezes o Inimigo muda a aparência paraenganar (cf. 2 Tm 3.5). Uma das suas armas é procurar fazer que o crente estabeleça um acordo com as trevas (cf. 2 Co 6.14-16). Por meio de

falsas promessas (cf. 2 Pe 2-19) procura enganar os simples, e, para isso,cega-lhes a vista (cf. 2 Co 4.3,4).

8 . 3 . O In im i go u s a c o m o a r m a tam bém s e d u ç õ e s e   t e n t a ç õ e s  

Satanás procurou despertar Adão e Eva para a mesma tentação que ohavia derrubado do céu, isto é, a vontade de se tomar semelhante a

Deus (cf. Is 14-14; Gn 3.5). Ele procurou derrubar o próprio Jesus pela

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

tentação, porém foi vencido pelo Mestre (cf. Mt 4.1-11). Assim, todossão tentados (cf. 1 Jó 2.15,16). Ananias e Safira foram tentados (cf. At

5.1-11) e caíram.

8.4. I m i t a ç õ e s   s ã o   a r m a s   pe r ig o s a s   q u e  o   In im ig o  u s a

Sempre que Deus opera, o Inimigo se faz presente e quer, por meio deimitações, desfazer a força sobrenatural do Todo-Poderoso, colocandoem dúvida a operação de Deus. Assim ele fez quando Moisés estava ope

rando milagres em nome de Deus, diante de Faraó (cf. Êx 7.17; 8.18;9.11; 2 Tm 3.8). Porém, quando o poder de Deus se tomou pleno, essastentativas foram desfeitas (cf. Êx 7.12; 8.19).

Do mesmo modo como Satanás enganou Eva através da serpente(cf. 1 Tm 2.14), simulando conhecimento da Palavra de Deus e dizendo: “É assim que Deus disse?” e “certamente não morrereis” (cf. Gn

3.3,4), assim ele continua ainda hoje. Satanás veste-se de teólogo e“ensina” que a Bíblia não é a Palavra de Deus e que Jesus não é o Filhode Deus. Ele vem disfarçado de colportor e afirma, nas portas das casas, que não existe nem ressurreição nem castigo eterno. São os modernistas, os testemunhas-de-jeová, os mórmons, os espíritas e muitosoutros que Satanás usa para imitar a mensagem da Bíblia com a intenção de enganar as almas que não sabem distinguir o falso do verdadeiro. Existem centenas de milhões que foram enganados por meio dedoutrinas pagãs.

O Inimigo procura também introduzir imitações até no uso dos donsespirituais. Se alguém não dá glória a Deus quando é usado, o Inimigoprocura logo seduzir um “profeta” para o uso indevido da profecia, dodom de línguas com interpretação. E, dessa maneira, surgem falsos pro

fetas (cf. Mt 24-24). O Inimigo introduz também falsos milagres (cf. Mt24.24; 2 Ts 2.10), bem como o espírito de adivinhação (cf. Ez 13.6), defalsidade (cf. Mq 2.11), de impureza (cf. Zc 13.2) e de mentira (cf. 1 Rs22.22); tudo isso para enganar o povo e pôr em descrédito a manifestação do Espírito Santo.

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A vitória encherá os céus com júbilo, e por toda a eternidade seouvirá o “Aleluia!” ao Cordeiro, que nos comprou pelo seu sangue.

Amém!

T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

mm mmmmmmmmmMmmmm»- ...................................  - ..................- ................

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  r.APÍTITTO 10

E s c a t o l o g i a

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T e o l o g i a  S is t e m á t ic a

1. A P a l a v r a   P r o f é t i c a

O estudo sobre os acontecimentos das últimas coisas, também chamado “escatologia” (eschatos — últimos + logos — tratado), é uma dasgrandes doutrinas bíblicas, um assunto riquíssimo.

1.1. A PALAVRA PROFÉTICA CONSTITUI UMA REVELAÇÃO DE ÜEUS SOBRE

O FUTURO

Deus é onisciente, e pela palavra profética participa aos homens algo

sobre os tempos e estações que Ele mesmo estabeleceu pelo seu própriopoder (cf. At 1.7). Essas revelações proféticas de Deus são como “a história antecipada”, pois revelam “as coisas que em breve hão de acontecer” (cf. Ap 22.6).

1 . 1 . 1 . In s pi r a d a   p e l o   E s p í r i t o

A palavra profética é, assim como toda a Bíblia, inspirada pelo Espírito Santo (cf. 2 Pe 1.21). O próprio Jesus falou muito sobre os acontecimentos no futuro, às vezes usando parábolas (cf. Lc 17.24; Mt 25.1-13; 14-19). Outras vezes falando abertamente, sem usar parábolas (cf. Jó16.29; Jó 14.1-3). O seu precioso ensino foi registrado pelos apóstolossob inspiração do Espírito Santo.

O Espírito Santo tem, através dos tempos, falado pelos profetas epelos apóstolos sobre as coisas que estão por vir. Embora nem sempreentendessem aquilo que profetizavam (cf. 1 Pe 1.9-12), escreveram sempre sob a inspiração do Espírito Santo (cf. Me 12.36; 2 Sm 23.3; Hb 3.7;At 3.21; 28.23). É por isso que temos hoje a riqueza das palavras proféticas, que constituem um código divino sobre o futuro.

1.1.2. P a l a v r a   p r o f é t i c a  — r e v e l a ç ã o   s o b r e   o   f u t u r o

A palavra profética é a única fonte de conhecimento real sobre ofuturo. O conhecimento do futuro pertence somente a Deus, que o vêcomo se fosse hoje, pois a Bíblia diz que “um dia para o Senhor é comomil anos, e mil anos, como um dia” (cf. 2 Pe 3.8; Sl 90.4). Todos oshomens são limitados! Nenhum de nós consegue ver nem o que sucede

rá no dia de amanhã, pois existe um véu impenetrável, que impede a

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Es c a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

visão do futuro. Porém, por meio da palavra profética, podemos conhecer algo sobre as coisas do futuro.

• Os que crêem em Deus e na sua Palavra não dão valor nem atenção às afirmativas de futurólogos, adivinhadores, astrólogos, cartomantes e outros que vaticinam e fazem prognósticos sobre o futuro, pois osseus pensamentos e a sua ciência vêm ora de fontes humanas, ora dainfluência de espíritos de feitiçaria e de magia. Por isso, as suas explica

ções e afirmativas não merecem segurança nem confiança.• A palavra profética, por ser inspirada pelo Espírito Santo, é uma reve

lação perfeita e completa, da qual nada se pode tirar, ou à qual nada se podeacrescentar (cf. Ap 22.18,19; Dt 4.2; 12.32; Pv 30.6). Convém salientarque as mensagens por meio do dom de profecia, ou do dom de línguastrazidas à igreja, ainda que às vezes contenham revelações sobre aconteci

mentos futuros, não se podem equiparar à palavra divinamente inspiradada Bíblia e nem servem de base para doutrinas, mas se destinam, de acordo com a Bíblia, à “edificação, exortação e consolação” (cf. 1 Co 14.3).

• Para alguém obter segurança no estudo sobre os acontecimentosdos últimos tempos, seja para base de suas próprias opiniões seja paraensino, é imprescindível “não ir além do que está escrito” (cf. 1 Co 4.6).Todas as coisas que Deus revelou na palavra profética “são para nós epara nossos filhos” (cf. Dt 29.29). Porém, existem coisas que Deus nãorevelou — essas “são para o Senhor, nosso Deus” (cf. Dt 29.29). Sendoassim, não convém procurar explicar as coisas que a Bíblia não revela,aquilo de que Jesus disse: “Não vos pertence saber” (cf. At 1.7). Devemos sempre nos basear no que diz a Palavra de Deus.

1.2. A PALAVRA PROFÉTICA PODE SER SUBDIVIDIDA SEGUNDO VÁRIOS

ASPECTOS

1.2.1. D i v i s ã o   d a s   p r o f e c i a s

Dentre as milhares de profecias da Bíblia, destacam-se três grupos.

• Profecias sobre a Pessoa e obra de Jesus. O Antigo Testamento é reple

to de profecias que relatam minuciosamente os acontecimentos da vida, da

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

asa® »-

morte e da ressurreição de jesus. Existem ainda profecias sobre a “glória quese lhes havia de seguir” (cf. 1 Pe 1.11), que estão prestes a se cumprirem.

• Profecias sobre o povo de Israel. Existem centenas de profecias sobreIsrael, que abrangem todos os acontecimentos principais da sua história.Há profecias sobre o país do seu nascimento, sobre a saída do Egito e aentrada em Canaã, sobre as vitórias e derrotas, sobre o exílio para a Assíriae para a Babilônia, sobre a dispersão do povo entre as nações e sobre o seuretomo à Palestina, e também sobre a restauração de Israel no milênio. E

o cumprimento das profecias sobre Israel até o presente constitui uma dasprovas incontestáveis da veracidade da Bíblia e da sua inspiração divina.

• Profecias sobre a seqüência dos últimos acontecimentos. Essas sãoa base da escatologia, que iremos estudar neste capítulo.

1.2.2. D i v i s ã o   d a s   p r o f e c i a s   q u a n t o   a o   s e u   c u m p r i m e n t o

• Profecias que já se cumpriram. Uma grande parte das profeciasda Bíblia já se cumpriu. A primeira profecia encontra-se em Gênesis3.15, e foi cumprida em parte quando Jesus morreu no Calvário. Ocumprimento total e perfeito será quando Satanás tiver sido lançadono inferno (cf. Ap 20.10). Através dos séculos cumprem-se as profecias, porque “O Senhor, o Deus dos santos profetas” (cf. Ap 22.6),disse: “Eu velo sobre a minha palavra para a cumprir” (cf. Jr 1.12;Rm 9.28; Js 21.45; At 3.17,18).

• Profecias cujo cumprimento será no futuro. São esses os acontecimentos dos últimos tempos e do fim do mundo, que é o assunto destecapítulo. Podemos distinguir algumas delas. Uma parte da palavra profética é chamada de “os sinais dos tempos”. Esses sinais significam fatos

profeticamente preditos, e que ao acontecerem, provarão que outrosacontecimentos também preditos estão por acontecer. Vários desses sinais, que provam que a vinda de Jesus está às portas, já se cumpriram, eoutros cumprem-se aos nossos olhos.

• Profecias sobre a vinda de Jesus. Profecias sobre o primeiro grandeacontecimento do futuro, a vinda de Jesus nas nuvens, são muitas e ma

ravilhosas. O cumprimento delas é iminente.

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Es c a t o l o g i a   - A Do u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o is a s

• Profecias sobre o Anticristo. As profecias sobre a grande aflição esobre o reinado do Anticristo com o falso profeta nos dão uma ampla

visão dos tempos difíceis que hão de vir.

• Profecias sobre o estabelecimento do Milênio. As profecias sobre avolta de Cristo em esplendor com a Igreja glorificada para vencer oAnticristo e estabelecer o Milênio são maravilhosas.

• Profecias finais. Finalmente temos as profecias sobre o fim do mun

do, a ressurreição dos mortos e o julgamento final diante do trono branco, seguidos da eternidade.

Todas essas profecias terão o seu literal cumprimento, com a mesmaexatidão que tiveram as que já se cumpriram.

1.2.3. En s i n o s  s o b r e  o s  ú l t i m o s  a c o n t e c i m e n t o s : q u a t r o  g r u p o s

• O que irá acontecer. Sob esse título estudam-se “as coisas queem breve hão de acontecer” (Ap 22.6), e isso por ordem cronológica.

• Quando serão essas coisas (cf. Lc 21.7). Neste grupo estuda-se sobre os “sinais dos tempos”, pelos quais podemos ver que “se vai aproxi

mando aquele Dia” (Hb 10.25). Esses sinais, porém, jamais fixam a data“daquele dia e hora” (Mt 24-36), pois Deus a reservou exclusivamentepara si, isto é, para a Santíssima Trindade.

• Como acontecerão essas coisas. Jesus ocupou-se muito, no seu ensino sobre os últimos tempos, de falar acerca de como seria o dia do

Filho do Homem (cf. Lc 17.24-27). Nesse grupo estuda-se sobre a maneira como os diferentes acontecimentos, profeticamente preditos, irãoacontecer.

• Quem subirá (cf. Sl 15.3; 24.3). Trata-se aqui do quarto grupo,que, aliás, deve ser o mais importante, pois nele estudamos o que a palavra profética fala acerca da maneira de nos prepararmos para subir com

 Jesus na sua vinda.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

1.3. A PALAVRA DOS PROFETAS É “ COMO A UMA LUZ QUE ALUMIA”

(2 P e   1 . 1 9 )

1.3.1. A PALAVRA PROFÉTICA ILUMINA-NOS QUANDO NOS ADVERTE

Existem diferentes tipos de luzes de advertência, seja no tráfego,seja diante de perigos. Assim, a palavra profética chama nossa atençãopara as coisas que estão por acontecer. Ela diz a todos: “E já hora dedespertarmos do sono” (Rm 13.11) e afirma que devemos tomar asprovidências necessárias para que nos preparemos, porque “a noite é

passada, e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas evistamo-nos das armas da luz” (Rm 13.12). A própria Bíblia salientaque “bem fazeis em estar atentos [à palavra dos profetas], como a umaluz que alumia” (2 Pe 1.19) e registra que nos devemos lembrar daspalavras que foram ditas pelos santos profetas (cf. 2 Pe 3.2). A Escritura afirma: “Bem-aventurado aquele que lê, e os que ouvem as palavras

desta profecia, e guardam as coisas que nela estão escritas; porque otempo está próximo” (Ap 1.3).

1.3.2. A PALAVRA PROFÉTICA ILUMINA AS TREVAS

Importa que todos pressintam que estamos diante de grandes acontecimentos, e que, apesar das trevas que dominam estes dias, existe pos

sibilidade para que todos sejamos vencedores (cf. Rm 8.37). A palavraprofética nos ilumina, mostrando Jesus derramando do seu Espírito sobre toda a carne (cf. At 2.17) e dando poder “a tantos quantos Deus,nosso Senhor, chamar” (cf. At 2.39). Esses poderão dizer: “Posso todasas coisas naquele que me fortalece” (Fp 4.13).

1.3.3. A PALAVRA PROFÉTICA ILUMINA NOSSA ESPERANÇA

Todos os salvos receberam pela salvação uma “viva esperança” (cf. 1Pe 1.3). Essa esperança abrange as coisas “que Deus preparou para osque o amam” (cf. 1 Co 2.9), seja para esta vida, seja para a vida pós-ressurreição, quando veremos a Jesus como Ele realmente é (cf. 1 Jó3.2), e alcançaremos “as riquezas da glória da sua herança nos santos”(cf. Ef 1.18). Quando a luz dessa esperança nos alumia, podemos ale

grar-nos na esperança (cf. Rm 12.12).

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Es c a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a s  Úl t i m a s  C o i s a s

1.3.4. A PALAVRA PROFÉTICA ILUMINA NOSSA MENTE

Quando isso acontece, ela nos mostra o quanto é iminente a vinda de Jesus. Assim como nos aeroportos se acendem luzes na pista de aterrissagempara o avião que está chegando, assim também a luz da profecia ilumina ofuturo, mostrando que tudo está pronto para Jesus descer nas nuvens. Na luzdessa palavra profética, nós dizemos: “Ora, vem, Senhor Jesus!” (Ap 22.20)

2 . A P r o f e c i a -c h a v e

2.1. As SETENTA SEMANAS DE ÜANIEL

Entre todas as profecias, há uma que se destaca das demais, pois elaconstitui um código para percepção tanto da seqüência, segundo a qualos últimos acontecimentos se desenrolarão, como sobre aquilo que no

futuro irá acontecer aos três grupos de pessoas em que a Bíblia divide ahumanidade, isto é, judeus, gregos (que representam todos os povos não- judeus) e a Igreja de Deus (cf. 1 Co 10.32).

Trata-se da profecia sobre as setenta semanas, que foram determinadas por Deus para execução e conclusão do seu plano para com o seupovo e a Cidade Santa (cf. Dn 9.24-27). Essa profecia foi transmitida a

Daniel pelo próprio Deus, através do arcanjo Gabriel (cf. Dn 9.21-23).

2.1.1. O SIGNIFICADO DA EXPRESSÃO “SETENTA SEMANAS”

Trata-se de setenta semanas onde cada “dia” representa um ano. Assim, podemos calcular setenta semanas vezes sete dias, isto é, 490 diasrepresentando 490 anos, período em que Deus determinou executar o

seguinte plano sobre Israel e sobre a Cidade Santa: extinguir a transgressão, dar fim aos pecados, expiar a iniqüidade, trazer a justiça eterna,selar a visão e a profecia e ungir o santo dos santos (cf. Dn 9.24).

2.1.2. A PROFECIA SUBDIVIDE AS SETENTA SEMANAS EM TRÊS PARTES

DISTINTAS

A primeira parte compreende “sete semanas”, isto é, sete semanas de

sete dias, ou 49 anos (cf. Dn 9.25), e destaca com clareza o começo da

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

contagem dessas “semanas”: “Desde a saída da ordem para restaurar epara edificar Jerusalém”, ou seja, 14 de março do ano 445 a.C. (cf. Ne

2.4-9). Daquela data até à conclusão do trabalho (cf. Ne 6.15) passaram-se realmente 49 anos.

A segunda etapa compreende “sessenta e duas semanas”, isto é, 62semanas de sete dias, ou 434 anos, tempo que vai da restauração de

 Jerusalém ao advento do Messias, o Príncipe (cf. Dn 9.25). É realmenteimpressionante observar que desde a data do decreto para a restauração

de Jerusalém até à data da entrada triunfal de Jesus em Jerusalém (cf. Mt21.1-10) passaram-se, exatamente, 69 “semanas”, ou seja, 69 semanasde sete dias, que são 483 anos. Que maravilha!

A terceira parte compreende a última semana, isto é, a septuagésimasemana, sobre a qual a profecia diz: “Ele firmará um concerto commuitos por uma semana; e, na metade da semana, fará cessar o sacrifí

cio e a oferta de manjares; e sobre a asa das abominações virá o assola-dor” (Dn 9.27). Comparando essa expressão com a palavra de Jesus,quando profetizava sobre esses acontecimentos (cf. Mt 24.15,21), ficaprovado que a septuagésima semana, sem dúvida, representa o tempoda grande aflição.

2 . 1 . 3 . O PERÍODO EM BRANCO ENTRE O FIM DA SEXAGÉSIMA NONA E O 

COMEÇO DA SEPTUAGÉSIMA SEMANA É CHAMADO “ A DISPENSAÇÃO

d a   Ig r e j a ”

A contagem das setenta semanas parou. Já observamos que no fimdas 69 primeiras semanas, cumpriu-se a profecia sobre o Messias, quando Jesus entrou triunfalmente em Jerusalém. Diz a profecia: “Depois dassessenta e duas semanas, será tirado o Messias e não será mais [a crucifi

cação e ascensão de Jesus]; e o povo do príncipe, que há de vir, destruiráa cidade e o santuário, e o seu fim será com uma inundação [a destruiçãode Jerusalém no ano 70 d.C.]; e até ao fim haverá guerra; estão determinadas assolações” (Dn 9.26).

Observemos que aqui não se fala mais da septuagésima semana. Porém, a profecia revela que chegado o fim, começará essa septuagésima

semana, que é a Grande Tribulação, porque diz: “Ele firmará um concer

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Es c a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

to com muitos por uma semana [o Anticristo fará um concerto com os judeus]” (Dn 9.27).

Porque parou a contagem da sexagésima nona semana, a profecia revela que “será tirado o Messias e não será mais” (cf. Dn 9.26). Isso aconteceu quando Israel rejeitou a Jesus, entregando-o aos gentios para ser crucificado, ocasião em que clamaram: “O seu sangue caia sobre nós e sobrenossos filhos” (Mt 27.25). Esse foi o motivo por que Deus rejeitou a Israel,seu povo especial (cf. Êx 19.5,6; Dt 7.6; 14-2; 26.18). Depois que Deus

rejeitou a Israel, interrompeu-se a contagem dos 490 anos, porque as setenta semanas “estão determinadas sobre o teu povo [Israel]” (cf. Dn 9.24).

O intervalo entre a sexagésima nona e a septuagésima semana é chamado “A Dispensação da Igreja”. Quando Israel foi rejeitado, quebradoda Oliveira, Deus fez enxertar nela a Igreja, como um “zambujeiro” (cf.Rm 11.17-21). Dessa maneira iniciou-se a presente dispensação, em que

a Igreja é a representante de Deus no mundo, “um povo seu especial,zeloso de boas obras” (cf. Tt 2.14), pela qual Deus faz conhecer a suamultiforme sabedoria (cf. Ef 3.10).

A duração dessa dispensação é desconhecida, pois ela permaneceráaté a vinda de Jesus nas nuvens, e “daquele Dia e hora ninguém sabe”(cf. Mt 24-36). Uma coisa porém é certa: enquanto a Igreja permanecerna terra, o Anticristo não pode se manifestar. A Bíblia diz: “Porque já omistério da injustiça opera; somente há um que, agora, resiste até que domeio seja tirado; e, então, será revelado o iníquo [o Anticristo], a quemo Senhor desfará pelo assopro da sua boca e aniquilará pelo esplendor dasua vinda” (2 Ts 2.7,8).

2.1.4. U m  re su m o d o s p r in c ip a is a c o n t e c i m e n t o s c o n f o r m e a

PROFECIA DAS SETENTA SEMANAS

• Vivemos atualmente no período intermediário entre a sexagésimanona e a septuagésima semana, que é a Dispensação da Igreja, e quedurará até a vinda de Jesus.

• Com o arrebatamento da Igreja, iniciar-se-á a septuagésima semana, a Grande Tribulação, quando o Anticristo “firmará um concerto

com muitos por uma semana” (cf. Dn 9.27).

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TEOLO GIA SISTEMA TICA 

• Depois, na metade da septuagésima semana (três anos e meio), oAnticristo violará o concerto, pois “fará cessar o sacrifício e a oferta de

manjares” (cf. Dn 9.27).• No fim da septuagésima semana, Cristo virá em glória e então

ocorrerá a consumação, “e o que está determinado será derramado sobreo assolador” (cf. Dn 9.27). O Anticristo será aniquilado e lançado nolago de fogo (cf. Ap 19.20).

• Quando Cristo vier em glória, Israel então olhará para Ele e se

arrependerá (cf. Zc 12.10), sendo salvo em um só dia (cf. Is 66.8; Rm11.25,26). O que Deus determinara para o seu povo, após as setentasemanas, então se cumprirá: “a justiça eterna” chegará a Israel (cf. Dn9.24). A nação estará completamente restaurada e entrará no Milêniopara receber aquilo que Deus preparou para o seu povo.

3 . S i n a i s   d o s   T e m p o s

A palavra profética contém sinais evidentes de que a segunda vindade Jesus, o principal acontecimento dos últimos tempos, está às portas!

3.1. O QUE SÃOos “ s in a is   d o s   t e m po s ” ?

“Sinais dos tempos” são fatos profeticamente preditos que, quandoacontecem, constituem prova de que outras profecias já aconteceramou estão para acontecer. Nós temos vários exemplos desses sinais naPalavra de Deus (cf. 1 Sm 10.3-7; Is 7.14; Lc 2.12; Jó 2.18-23).

A palavra profética contém sinais que, quando confirmados, pro

vam que a vinda de Jesus está às portas. Quando os discípulos perguntaram a Jesus que sinais se mostrariam da sua vinda e do fim do mundo(cf. Mt 24.3), o Mestre lhes falou de certos sinais, dos quais podemosdeduzir o seguinte:

• Existem sinais reais, pelos quais é possível determinar que “o Filhodo Homem já está às portas” (cf. Me 13.29; Lc 21.31). Por meio deles

podemos conhecer “o tempo” (cf. Rm 13.11), ver “que se vai aproxi

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mando aquele Dia” (cf. Hb 10.25) e que “já está próximo o fim de todasas coisas” (cf. 1 Pe 4-7). Os que atenciosamente estão observando os

sinais podem saber “õ que houve de noite” e conhecer que “vem a manhã, e, também a noite” (cf. Is 21.11,12).

• Embora os sinais mostrem que “o dia está próximo”, jamais se poderá estabelecer com exatidão o retomo de Jesus, pois “daquele Dia ehora, ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Filho, senãoo Pai” (Me 13.32; Mt 24.36). Quando Jesus pronunciou essas palavras,

nem Ele sabia o dia do seu retomo, uma vez que, a fim de ser “semelhante aos homens”, aniquilou-se a si mesmo e despiu-se da sua glória celestial(cf. Fp 2.5-8). Mas após a sua morte e ressurreição, foi glorificado com aglória que tinha antes que o mundo existisse (cf. Jó 17.5; Fp 2.9,10). Epor esse motivo que agora Ele sabe o dia em que virá buscar a sua Noiva.E esse dia está bem próximo (cf. Fp 4.5). Aleluia!

3 . 2 . D i f e r e n t e s   g r u po s   d e   “ s i n a i s   d o s   t e m po s ”

Podemos dividir os sinais dos tempos em vários grupos. Jesus disse: “Quando virdes acontecer essas coisas, sabei que o Reino de Deusestá perto” (Lc 21.31). Devemos, pois, olhar com atenção para ossinais!

3.2.1. S i n a i s   e m   c i m a   n o  c é u

Assim como houve sinais no firmamento quando Jesus veio pela primeira vez (cf. Mt 2.2), também haverá sinais importantes no Sol, naLua e nas estrelas antes da segunda vinda do Senhor (cf. At 2.19; Lc21.11; Jl 2.30,31), além de coisas extraordinárias no firmamento, quetêm sido vistas por muitas pessoas em diferentes partes do mundo, in

clusive aqui no Brasil. E como se Deus quisesse fazer soar os sinos dodespertamento para o mundo.

3.2.2. S i n a i s   e m   b a i x o  n a   t e r r a

Assim como a terra reagiu quando Jesus morreu (cf. Mt 27.51), também ocorrerão sinais “em baixo na terra” (cf. At 2.19) antes da segunda

vinda de Jesus (cf. Rm 8.22-25). Vejamos alguns deles.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t ic a

m m w m m m m m m m im m m im m im m ---

• Terremotos (cf. Lc 2 1 . 1 1 ) . Esse sinal continua a manifestar-se emvárias partes do mundo. Se compararmos estatisticamente o número de

terremotos ocorridos, veremos que do nascimento de Jesus até o ano de1 9 0 0 , aconteceram menos terremotos do que entre 1901 e 1 9 0 8 . Toma-se real, em nossos dias, a profecia de Isaías 2 4 . 1 9 .

• Fomes (cf. Lc 2 1 . 1 1 ; Ap 6 . 8 ) . Secas, catástrofes e outras causas têmmotivado fome em várias partes do mundo. Desde o início do séculopassado o mundo tem presenciado períodos de fome na Rússia, na Chi

na, na índia e em outros países, onde dezenas e dezenas de milhares devidas têm sido ceifadas. Carestia e escassez de víveres fazem parte dafotografia profética dos últimos tempos (cf. Ap 6 . 5 , 6 ) .

• Pestilências (cf. Lc 2 1 . 1 1 ) . Os jornais mostram que doenças incuráveis têm ceifado a vida de milhões de pessoas todos os anos. O cânceraté o momento não tem solução clínica. A AIDS tem dizimado

impiedosamente homens, mulheres e crianças em todas as classes sociais. Novas bactérias letais são detectadas com uma freqüência assustadora. O cólera, a febre tifóide, a meningite e a peste bubônica se disseminam cada vez mais. Com relação à peste, existe uma observação interessante em Apocalipse 6.8, onde se fala das causas de mortes nos últimos tempos. Uma delas é “com as feras da terra”. No original grego, apalavra traduzida por “fera” é qhriwn.  Essa palavra é um substantivogenitivo, neutro, plural e encontra-se no diminutivo — “pequenas feras”. Isso certamente se refere aos ratos que são causadores da peste bubônica. Conforme dados da OMS (Organização Mundial de Saúde, organismo da ONU), o aumento dos ratos em todo o mundo, nos últimosquarenta anos, tem sido de seiscentos por cento. Como exemplo, citemos o fato de que na índia, em 1 9 1 9 , existiam cerca de oito milhões de

ratos, e no ano de 1965 , quatro bilhões e oitocentos milhões!

3 . 2 . 3 . S i n a i s n a  v id a r e l i g i o s a

A Palavra de Deus nos tem oferecido uma fotografia profética do quehaverá entre os povos ao se aproximar a vinda de Jesus. Sejamos vigilantes para que possamos conhecer esses pormenores. Existem vários sinais

quanto à atitude dos povos para com Deus e a sua Palavra. Vejamos.

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Es c a t o l o g i a  - A D o u t r in a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

• Perseguições (cf. Lc 21.12; Mt 24.9,10). Em vários países, o ateísmotem promovido perseguições contra os crentes em Jesus. O número demártires tem aumentado durante os últimos sessenta anos. Em outrospaíses têm ocorrido perseguições provocadas por um espírito nacionalista: acusam os crentes de terem abandonado a religião tradicional (e àsvezes oficial) do país, para abraçarem a religião dos brancos, dos capitalistas, dos estrangeiros, etc. Em Apocalipse 6.9-11, lemos a respeito dosque ainda haviam de ser mortos pelo nome de Jesus. Que todos nós

sejamos fiéis até a morte! (cf. Ap 2.10)• Ecumenismo. Jamais, em toda a história da Igreja, houve um movi

mento de âmbito mundial como o ecumenismo, que tem a finalidade deunir, em um só corpo, a igreja católica e todas as denominações evangélicas, independente de princípios doutrinários. E sabemos que isso seráuma realidade logo após o arrebatamento, ocasião em que o falso profeta

fará com que “a terra e os que nela habitam adorem a primeira besta”(cf. Ap 13.12). Esse movimento não passa de uma torre de Babel moderna, que carece de fundamento aprovado por Deus (cf. Gn 11.1-9). Aunião que Jesus anunciou é diferente — é idêntica à união existenteentre o Pai e o Filho, ou seja, uma vida espiritual inteiramente submissaà vontade de Deus (cf. Jó 17.21). Essa é a união que almejamos.

• Falsas doutrinas. Com referência a esse sinal, mencionaremos trêsmodalidades, embora existam inúmeras outras: a) Falsos cristos (cf. Mt24.5; Lc 21.8). Esses sempre existiram, e ainda existem em várias partesdo mundo, inclusive aqui no Brasil; b) Teologias modernistas, segundoas quais uns negam o Pai (cf. Jd 4; 1 Jó 2.18-22), e outros negam o Filhoe sua divindade (cf. 1 Jó 2.22,23; 4.3; 2 Jó 7). Essas teologias são simplesmente manifestações do espírito do anticristo, o espírito da mentira que

procura penetrar até no terreno da verdade revelada — a Palavra de Deus(cf. 2 Ts 2.3,7,10,11); c) Falsos ensinamentos, que levam à apostasia (cf. 1Tm 4.1-3). É um sinal importante a existência de tantas doutrinas erradas, que, como um rio maléfico, espalham-se pelo mundo inteiro.

• Escarnecedores  (cf. 2 Pe 3.3-5). A blasfêmia é uma característicabásica de um grande número de pessoas ao redor do mundo, tanto igno

rantes quanto eruditos. A Bíblia registra isso como um sinal.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

3.2.4. S i n a i s   n a   v i d a   s o c i a l

Uma vida preenchida apenas por preocupações de ordem materialfoi um dos sinais mencionados por Jesus. Ele disse: “E, como aconteceunos dias de Noé, assim será também nos dias do Filho do Homem. Comiam, bebiam, casavam e davam-se em casamento” (cf. Lc 17.26-28).O Senhor menciona que a tônica desse tempo era comer, beber, casar edar-se em casamento. Coisas em si lícitas, mas que ocupavam todo otempo na vida das pessoas daquela época. Assim é também com a atual

humanidade! Ninguém tem tempo para dedicar-se ao serviço de Deus:“Serviram mais à criatura do que o Criador” (Rm 1.25). O grande errodo rico lavrador repete-se ainda boje (cf. Lc 12.16-21).

Quando Tiago falou a respeito da vinda de Jesus, mostrou que o dese jo de “entesourar para os últimos dias” deixa em graves problemas salariais os trabalhadores (cf. Tg 5.1-6). O injusto acúmulo de riquezas em

detrimento do bem-estar social do trabalhador também é um sinal dos“últimos tempos”.O aumento extraordinário da criminalidade é um significativo sinal

(cf. Mt 24-12; 2 Tm 3.1-4). A estatística mundial de criminalidade mostraque o aumento da violência é espantoso, e que o número de jovensincluídos nos registros policiais cresce assustadoramente. Quando nocapítulo 22 do livro de Apocalipse são mencionados os que ficarão deresto na vinda do Senhor, vemos entre eles os chamados “feiticeiros”(cf. Ap 22.15). A palavra traduzida é o termo grego  pharmakeia,  quesignifica os que são encantados por drogas. Isso é um sinal importante,pois um dos maiores problemas do nosso tempo, em várias partes domundo, é o uso de diferentes tipos de drogas (entorpecentes).

O grande avanço tecnológico também é um sinal (cf. Dn 12.4). Não

se pode negar que as conquistas no terreno da tecnologia têm sido importantíssimas nos últimos quarenta anos, fato nunca antes alcançado.

3.2.5. S i n a i s  n a  v i d a   m o r a l

A horrenda imoralidade atual caracteriza, também, os últimos tempos. Jesus disse: “Como também da mesma maneira aconteceu nos dias

de Ló: comiam, bebiam, compravam, vendiam, plantavam e edificavam.

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Es c a t o l o g i a  - A D o u t r in a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

Mas, no dia em que Ló saiu de Sodoma, choveu do céu fogo e enxofre,consumindo a todos. Assim será no dia em que o Filho do Homem se

há de manifestar” (Lc 17.28-30). Quando, em Gênesis 19, lemos comoera a vida naqueles dias, observamos como a imoralidade dominava oshomens de todos os bairros da cidade de Sodoma, e tanto os jovensquanto os velhos agiam de uma maneira desenfreada. Não é isso o quese vê em nossos dias? Um enxurrada de propaganda sobre liberdadesexual tem invadido a televisão, o rádio, as revistas, os livros e os cine

mas e, em vários países, surge sob a forma de ensino obrigatório nosestabelecimentos escolares. E uma ameaça para todos. Essas normas epráticas desprezíveis procuram derrubar os alicerces do matrimônio eos padrões elementares da tradicional moralidade. É um sinal alarmante,que demonstra estarmos vivendo nos últimos tempos (cf. 2 Tm 3.1-4).

 Jesus vem muito breve. Guardemos alvas nossas vestes nupciais (cf.

Ap 19.6-8).

3 . 2 . 6 . O GRANDE SINAL DA VINDA DE JESU S: O POVO DE ISRAEL

Israel ocupa lugar de destaque na palavra profética. Existem profecias sobre o nascimento do povo israelita (cf. Gn 12.1-3) e sobre a terraque Deus havia de lhe dar (cf. Gn 15.17-21). Também há profecias sobre a sua permanência como escravos no Egito (cf. Gn 15.13,14), sobrea sua libertação (cf. Êx 3.8-10) e sobre a conquista de Canaã (cf. Js 1.3-6). Deus também falou pelos profetas que, se Israel não obedecesse à suaPalavra, seria expulso da Terra Prometida, e espalhado entre as nações(cf. Dt 4.23-28; Lv 26.14,15,31-35). O cumprimento final dessas profecias aconteceu no ano 70 d.C., conforme predissera Jesus em Lucas 21.24.Israel realmente foi disperso e espalhado por todo o mundo.

Agora, porém, queremos meditar nas profecias que falam da volta deIsrael à sua terra, a Palestina. Existe um grande número de profeciassobre esse fato. É um assunto muito agradável, pois o cumprimento dasprofecias sobre a restauração de Israel e sobre a volta dos judeus à Palestina é vinculado ao cumprimento da palavra profética sobre a vinda de

 Jesus. É o Deus dos santos profetas quem vela sobre a sua Palavra para a

cumprir (cf. Jr 1.12).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

S ■=-- *

Deus prometeu tornar a ajuntar Israel dentre as nações, e trazê-lo àterra de seus pais (cf. Dt 30.1-6). Isso acontecerá “no derradeiro fim”

(cf. Jr 31.17), quando Israel, “no fim de dias”, tornará ao Senhor e ouvirá a sua voz (cf. Dt 4.30). Deus então há de ajuntá-los do meio dos povos(cf. Ez 11.17) e congregá-los de todos os países (cf. Ez 36.23; 37.21).

A restauração dos judeus pode ser dividida em duas partes distintas: a restauração nacional e a restauração espiritual. A primeira significa a volta de Israel à sua terra, para tornar-se uma nação indepen

dente, respeitada e temida pelos povos (cf. Zc 12.1-3). E esse acontecimento que constitui o brotamento da figueira, que é o grande indício da vinda de Jesus. A segunda, a restauração espiritual, se dará apósa Igreja ser arrebatada, e a plenitude dos gentios tiver iniciado (cf. Rm11.25,26), ou seja, no fim da Grande Tribulação, quando Jesus voltarem glória (cf. 2 Ts 1.10).

O grande milagre — a volta dos judeus à Palestina — já aconteceudiante dos olhos desta geração. Aquele povo que vivia espalhado entre as nações (cf. Lc 21.23), sem possuir um líder ou uma organizaçãomundial que olhasse para os seus interesses já se encontra na Palestina, como uma nação organizada e independente. Glória a Jesus! E omaior milagre da história dos povos, e representa a mais forte evidência da veracidade da Palavra de Deus. E, antes de tudo, é o maior sinalda vinda de Jesus.

Vejamos agora algumas datas da história desses últimos anos que serelacionam com o cumprimento das profecias sobre a restauração nacional de Israel.

• 1897 — E realizado o I Congresso Mundial Sionista, em Basiléia,Suíça, onde foi aprovado o programa para a formação do novo Estado de

Israel. As bases desse programa foram lançadas em 1896 pelo escritor judeu-húngaro Theodor Herzl, em seu livro O Estado Judeu: “Todos devem, por todos os meios, trabalhar para que a Palestina, por meio deuma decisão de justiça, seja considerada como o lar nacional dos judeus”. A figueira estava começando a verdejar!

• 1917 — A Palestina, já no final da I Guerra Mundial, foi liberta do

domínio do Império Turco-otomano pelas tropas britânicas, sendo ocu-

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Es c a t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s■ü w m   - - •' -- -s- - w - w -s

pada pelo Reino Unido. A vitória foi completada quando o generalAleenby entrou triunfalmente em Jerusalém. A Palestina foi então, de

acordo com a Declaração Balfour, assinada pelo chanceler britânicoArthur Balfour, transformada em uma colônia britânica, onde os judeusreceberam certa autonomia.

• 1948 — O ano dourado da moderna história dos judeus. Nesse anoos judeus, aproveitando o fim do tempo do mandato britânico sobre aPalestina, que ocorreria em 15 de maio de 1948, proclamaram a sua

independência nacional na véspera. Em 14 de maio de 1948 é proclamado o Estado de Israel, que tem David Ben-Gurion como primeiro-ministro. Foi a primeira vez, desde o ano 606 a.C. (após 2.554 anos),que os judeus se tomaram uma nação totalmente independente. Passaram a possuir uma pátria, embora uma pequena parte, inclusive a metade de Jerusalém, ainda permanecesse sob domínio árabe.

• 1967 — Ano que eclodiu a chamada “Guerra dos Seis Dias”,quando 11 nações árabes decidiram expulsar os judeus da Palestina.Embora fossem os agressores numericamente superiores aos judeus, oSenhor ajudou o seu povo, que, em seis dias, conseguiu vencer os inimigos e conquistar a parte da Palestina que estava com os árabes — oSinai, a Faixa de Gaza, a Cisjordânia, as Colinas de Golã, na Síria, e,inclusive, a zona oriental de Jerusalém — , que agora, com exceção daárea onde estão edificadas as duas mesquitas muçulmanas, ficou também sob o domínio dos judeus. A figueira realmente está brotando!

 Jesus vem breve!

A volta de Israel à Palestina constitui o cumprimento exato da profecia a respeito do “vale de ossos secos” (cf. Ez 37.1-14). Observemos os

detalhes desta maravilhosa visão.

• “Um vale que estava cheio de ossos... mui numerosos... sequíssimos”(cf. Ez 37.1,2).

• Esses ossos, conforme a interpretação da própria Bíblia, significavam “toda a casa de Israel” (cf. Ez 37.2-11). Os judeus experimentaram

uma existência de dispersão no meio do vale (o mundo), e eles mesmos

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

afirmaram, no seu desespero e miséria: “Os nossos ossos se secaram, epereceu a nossa esperança; nós estamos cortados” (Ez 37.11).

• “Profetiza sobre estes ossos e dize-lhes: Ossos secos, ouvi a palavrado Senhor” (Ez 37.4). Essa expressão refere-se à operação do EspíritoSanto, que despertou entre os judeus de todo o mundo um desejo deretomar à sua terra.

• “E houve um ruído, enquanto eu profetizava” (Ez 37.7). Esse “ruído” representa o grande movimento sionista iniciado em 1896, quando

os judeus conceberam os planos para a volta à Palestina. Foi um ruído deesperança. Esse movimento chegou a um ponto tal, que os judeus começaram a usar, como saudação de despedida, a expressão: “No ano quevem, em Jerusalém!”

• “E eis que se fez um reboliço, e os ossos se juntaram, cada osso aoseu osso” (Ez 37.7). O cumprimento literal dessa parte da profecia se deu

quando os ossos secos (os judeus) se uniram para formarem um corponacional no ano de 1948, um país independente!• “Vieram nervos sobre eles, e cresceu a came, e estendeu-se a pele

sobre eles por cima” (Ez 37.8). Essa palavra representa o progresso singular que tem caracterizado Israel após a sua independência nacional. Esseprogresso verifica-se em quase todas as áreas: tecnológica, educacional,cultural, industrial, comercial, agrícola e militar. O corpo revivificado deIsrael tomou-se realmente bonito e robusto!

• “Mas não havia neles espírito” (Ez 37.8). Essa parte mostra que,apesar de toda a bondade do Senhor para com Israel, este povo, contudo, continua no seu endurecimento espiritual.

• “Profetiza ao espírito, profetiza, ó filho do homem, e dize aoespírito: Assim diz o Senhor Jeová: vem dos quatro ventos, ó espíri

to, e assopra sobre estes mortos, para que vivam” (Ez 37.9). Essa parte final da profecia fala da restauração espiritual de Israel, que acontecerá no final da Grande Tribulação, quando Jesus voltar em glória.Naquela ocasião todos se converterão em um só dia (cf. Zc 12.10;Rm 11.25,26).

Vivemos em um tempo em que todas as profecias sobre Israel estão se

cumprindo. Vejamos, finalmente, mais algumas.

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Es c a t o l o g i a  - A Do u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

• A profecia em Ezequiel 37.16-22, a respeito da reunificação das 12tribos de Israel, também caminha para o seu cumprimento. O próprio

Espírito Santo zela para que se cumpra. Na comemoração dos dez anosde independência, houve um desfile de tropas em Jerusalém, onde marcharam 12 grupos distintos, representando, cada um, uma das doze tribos de Israel. A Bíblia diz: “E deles farei uma nação na terra, nos montesde Israel” (Ez 37.22).

• O ódio implacável das nações que cercam Israel é também predito

pela palavra profética. No capítulo 83 do livro de Salmos, existem expressões sobre planos e insultos que os inimigos lançavam sobre Israelque são perfeitamente atuais, especialmente os versos 2 a 5 e o 12. Maso mesmo salmo profetiza sobre as vitórias que Deus tem dado e continuadando a Israel contra seus agressores (vv. 9-11, 13-18). A Palavra deDeus é verdadeira!

• A profecia também diz que Israel como nação independente experimentará uma posição de muito respeito diante das nações em redor, eque será “uma pedra pesada para todos os povos” (Zc 12.3). Os judeussabem onde está a sua força. Diz a profecia: “Os chefes de Judá dirão noseu coração: A minha força são os habitantes de Jerusalém e o Senhordos Exércitos, seu Deus” (Zc 12.5).

Todas essas profecias são um aviso muito sério para todos: a figueira já brotou e o verão está chegando! Importa esperá-lo e estar preparado.

3.2.7. A SITUAÇÃO POLÍTICA ENTRE AS NAÇÕES — UM IMPORTANTE

SINAL!

 Já estudamos a advertência de Jesus: “Olhai para a figueira” (Lc

21.29) e sabemos que esta é um símbolo do povo de Israel. Mas, nomesmo versículo, também está escrito: “E para todas as árvores”. Aquiestão representadas as demais nações. A Bíblia indica a existência demuitos fatos entre outras nações que constituem um sinal da iminentevinda de Jesus.

Os últimos tempos serão um época de pactos e de blocos entre as

nações. As profecias falam dessa realidade, que se cumprirá durante a

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

m m m m m m m m m m m m m s g m * ■

Grande Tribulação. Vivemos, portanto, em dias de “ensaio” e de preparação. O espírito do anticristo já opera (cf. 1 Jó 4-3). A Palavra de Deusdemonstra que serão constituídos três importantes blocos de nações:

• O remanescente do antigo Império Romano. Em Apocalipse 13.1-8, vemos que o bloco do poder político que sustentará o Anticristo durante seu domínio na Grande Tribulação é simbolizado por uma bestacom sete cabeças e dez chifres. O próprio Senhor deu a interpretação

dessa visão, dizendo que as sete cabeças representam sete reinados, dosquais cinco já passaram (os domínios egípcio, assírio, babilônico, medo-persa e greco-macedônio), um estava no poder (o Império Romano), eum último, que se manifestará no final dos tempos. Nesse tempo, existirão dez reis (líderes), simbolizados pelos dez chifres, que governarão juntamente com a besta (cf. Ap 17.12).

Essa notável visão do apóstolo João na ilha de Patmos foi uma confirmação das duas visões que o profeta Daniel experimentou setecentosanos antes. Na primeira visão, Daniel presenciou a mesma visão queteve Nabucodonosor sobre a estátua de diferentes materiais (cf. Dn2.19,31-33). Ele então viu que, antes de chegar o reino que jamais poderá ser destruído (o Milênio), haverá um agrupamento de dez reis, re

presentados pelos dez dedos da estátua (cf. Dn 2.41-44). O mesmo fatoDaniel observou na visão sobre as quatro feras, representando os reinosmundiais. O quarto animal possuía dez chifres, os quais representavamdez reis que se levantarão no fim dos tempos (cf. Dn 7.23-26).

A formação de agrupamentos de nações nos últimos dias, segundo asprofecias acima mencionadas, já está acontecendo. Nas décadas recentes temos visto como a política internacional trabalha unindo nações

através de pactos e alianças exatamente como consta das profecias escritas há milênios. Já existem o Tratado do Atlântico Norte, o MercadoComum Sul-Americano (Mercosul), e a mais poderosa e assustadoraunião atual — a Comunidade Européia. Tudo isso é um aviso daquEleque há de vir!

• A Federação Russa. A situação da antiga União das Repúblicas

Socialistas Soviéticas (Rússia) — hoje Federação Russa — também cum

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Es c a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a s  Úl t i m a s  C o is a s

pre as profecias. Possuímos, em Ezequiel 38, uma notável profecia acer

ca de Gogue, príncipe da terra de Magogue, e da aliança que ele farácom muitos povos (v. 6). A maioria dos intérpretes da Bíblia concordaem que essa passagem refere-se à Federação Russa, que apesar de debilitada pela elevada inflação, recessão, desemprego e crescimento do crime organizado, devido à transição do comunismo para o capitalismo,tem experimentado um fortalecimento da extrema-direita. O partidopolítico da Federação Russa que defende o neofacismo e o anti-semitismo,

liderado por Vladimir Jirinovski, obteve esmagadora vitória no parlamento russo, nas eleições legislativas de dezembro de 1993, e tem crescido significativamente até aqui. Ninguém ousa subestimar o poderiopolítico, econômico e militar da nova Federação Russa.

• Os povos do Oriente. Lemos em Apocalipse 16.12 acerca dos reis doOriente que se manifestarão e ganharão importância nos últimos dias.

A China continental era uma nação de pequena importância há poucasdécadas. Atualmente é uma das potências de maior destaque, ultrapassando as taxas de crescimento econômico e tecnológico dos chamados“Tigres Asiáticos” (Coréia do Sul, Formosa [Taiwan], Hong Kong,Cingapura, Tailândia, Indonésia e Malásia). Segundo a palavra profética, as nações orientais estarão unidas e desempenharão um papel de

relevo nos últimos dias.• Guerras e rumores de guerras (cf. Mt 24.6,7; Me 13.7,8; Lc 21.9,10).Desde os primórdios sempre ocorreram guerras, revoluções e rumores deguerras. Mas é uma verdade incontestável que, ultimamente, esses acontecimentos têm ganhado alcance cada vez maior. Basta lembrar as duasgrandes guerras mundiais. Hoje existe uma inquietação generalizada emtodo o mundo. As coisas que acontecerão durante a grande aflição avizinham-se em todo o globo: Jesus vem breve! A corrida armamentista eas armas nucleares também são um terrível sinal dos tempos. Quando aprimeira bomba atômica foi lançada sobre Hiroshima, em 1945, no Japão, morreram instantaneamente oitenta mil pessoas, e aproximadamente setenta mil morreram pouco depois! Desde então, tomou-se claro que a ciência havia colocado terríveis recursos destrutivos nas mãos

dos homens. Mas as experiências científicas prosseguiram. No ano de

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T e o l o g i a  S is t e m á t ic a

1954 foram realizados testes com a nova bomba de hidrogênio no Oceano Pacífico. Concluiu-se, então, que o poder de destruição dessa bomba era 600 a 700 vezes maior do que aquela lançada sobre Hiroshima.Chegamos ao tempo a respeito do qual escreveu Lucas no capítulo 21,versículo 26 de seu evangelho: “Os poderes do céu serão abalados”. Oapóstolo Pedro também registrou profeticamente: “Os elementos, ardendo, se desfarão” (2 Pe 3.10).

Pelo fato de existirem essas poderosas forças destmidoras, temos facilidade de compreender as profecias a respeito dos acontecimentos dramáticos do julgamento de Deus, descritos no Apocalipse: “Houve saraiva efogo misturado com sangue, e foram lançados na terra, que foi queimadana sua terça parte; queimou-se a terça parte das árvores e toda a erva verdefoi queimada” (Ap 8.7); “Por estas três pragas foi morta a terça parte dos

homens, isto é, pelo fogo, pela fumaça e pelo enxofre” (Ap 9.18); “E foi oprimeiro e derramou a sua taça sobre a terra, e fez-se uma chaga má emaligna nos homens” (Ap 16.2) “E o quarto anjo derramou a sua taçasobre o sol, e foi-lhe permitido que abrasasse os homens com fogo” (Ap16.8); “E sobre os homens caiu do céu uma grande saraiva, pedras do pesode um talento” (Ap 16.21). Essas expressões coincidem com os efeitos de

uma explosão nuclear. O que é necessário para a destruição que acontecerá no tempo das sete trombetas e das sete taças das últimas pragas já estáarmazenado nos arsenais das grandes potências. Porém, antes que comecea Grande Tribulação, virá Jesus! Aquele dia já está muito próximo. Aangústia já se apoderou das nações (cf. Lc 21.25,26; Sf 1.14-18). A noivade Jesus vê em tudo isso um sinal da vinda do Noivo.

3.2.8. S in a i s  e n t r e  o   p o v o   d e   D e u s

Finalmente, vamos mencionar ainda um importante sinal dos tempos. A palavra profética divide em dois grupos distintos aqueles queconfessarão o nome de Deus nos últimos tempos: os que se dizem crentes (crentes nominais) e os que realmente são crentes (crentes de fato).Foi Jesus quem nos revelou isso de uma maneira clara, na sua parábola

sobre as dez virgens. Ele disse: “Então, o Reino dos céus será semelhante

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Es c a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do

esposo. E cinco delas eram prudentes, e cinco, loucas” (Mt 25.1,2). Foia atitude pessoal de cada uma, diante da necessidade de ter o azeite, quepermitiu classificá-las ou de prudentes ou de loucas.

Outras profecias revelam que existirão atitudes diversas no meio doscrentes, também diante de outras realidades espirituais. Aqui estamosdiante de um fato inconfundível. A linha divisória passa junto a todocrente, e cada um olhe, vigie e observe qual a sua atitude pessoal para

com Deus.Perceberemos adiante quatro realidades espirituais capazes de intro

duzir os crentes ou no grupo dos prudentes ou no grupo dos insensatos.Uma coisa, porém, é certa: esses grupos já existem!

• Diferentes atitudes com relação à santificação. A palavra profética fala

disso. Lemos em Apocalipse 22.10,11: “Próximo está o tempo. Quem éinjusto faça injustiça ainda; quem está sujo suje-se ainda; e quem é justofaça justiça ainda; e quem é santo seja santificado ainda”. Encontramosesses dois grupos entre os crentes atuais. O primeiro grupo pratica uma religião que não exige nenhum afastamento do crente em relação ao pecado eao mundo. A palavra-chave desse grupo, diante do mundo e do pecado, é:

“Não faz mal” (Ml 1.8). Tudo para eles é lícito, pois afirmam: “Afinal decontas, vivemos no século XXI!” O segundo grupo procura uma vida desantificação que abrange o espírito, a alma e o corpo (cf. 1 Ts 5.23). Procuram purificar a si mesmos “como também ele é puro” (1 Jó 3.3). A respeitodestes, a palavra profética diz: “Já a sua esposa se aprontou” (cf. Ap 19.7,8).

• Diferentes atitudes com relação à obra do Espírito Santo. A  paráboladas dez virgens é muito ilustrativa nesse particular. Já observamos que adiferença entre elas era somente com relação ao azeite. Todos sabemosque, na Bíblia, o azeite é um símbolo da obra do Espírito Santo. A Palavra de Deus sustenta a necessidade de cada crente experimentar a obrado Espírito Santo em sua vida, pois “se alguém não tem o Espírito deCristo, esse tal não é dele” (Rm 8.9). A verdadeira salvação é uma obrado Espírito Santo (cf. Jó 3.6; Rm 8.2), e o próprio Espírito testifica no

coração do crente que ele é filho de Deus (cf. Rm 8.16). Uma vida san

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tificada significa andar na direção do Espírito (cf. Rm 8 . 4 , 1 4 ; Gl 5 . 1 6 -

1 8 , 2 5 ) . O batismo no Espírito Santo significa o recebimento da plenitude do Espírito (cf. Jó 14 . 17 ; Ef 1 . 13 ) . Tudo isso nos faz entender que oazeite na parábola das dez virgens refere-se à obra do Espírito Santo, enão à experiência do batismo no Espírito Santo. Se o azeite simbolizasseo batismo no Espírito Santo, então seria esta bênção a condição e agarantia para o crente entrar nos céus. Porém, a Bíblia nos ensina que openhor é o sangue de Jesus, e é somente esse sangue que nos dá entrada

no céu (cf. Ap 5 . 9 ; 7 . 1 4 ; 2 2 . 1 4 ) . Por isso, o azeite simboliza a obra doEspírito Santo. Nestes últimos dias existem muitos que só têm aparência de temor de Deus. A palavra profética diz que nos últimos dias existirão homens com aparência de piedade, mas que negam a eficácia dela(cf. 2 Tm 3 . 1 , 5 ) . Outros, porém, buscam o azeite do Espírito, para conservar acesas as lâmpadas no seu coração (cf. Pv 2 0 . 2 7 ) . Eles querem

depender da direção do Espírito. O extraordinário derramamento depoder que se verifica em muitos lugares é, portanto, um maravilhososinal dos tempos (cf. At 2 . 1 7 ) . Estejamos entre os que buscam a direçãodo Espírito Santo para a vida, e não entre os que não querem saber davontade do Espírito, mas seguem as suas próprias vaidades. Importa quecada um se coloque no lado certo, com relação à obra do Espírito Santo.

• Diferentes atitudes com relação à Palavra de Deus. A palavra profética revela que quando chegar a “última hora” (cf. 1 J o 2 . 1 8 ) o  espírito doanticristo operará, introduzindo doutrinas perigosas (cf. 1  Jó 2 . 2 1 - 2 4 ;

4 . 1 -4 ) . “O Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarãoalguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores” ( 1 Tm 4 . 1 ) e seguindo os “clamores vãos e profanos e [as] oposições da falsamente chamadaciência; a qual professando-a alguns, se desviaram da fé” (1 Tm 6 . 2 0 , 2 1 ) .

Eis aqui a linha divisória! Alguns mantêm uma atitude relaxada dianteda Palavra de Deus, desviando os seus ouvidos da verdade, voltando àsfábulas (cf. 2 Tm 4 . 4 ) . Cuidado! Toda desobediência à Palavra de Deusé perigosa! Outros, felizmente, escolhem obedecer à Palavra e observá-la (cf. Ap 3 . 10 ; 2 Tm 1 . 1 3 , 1 4 ) . Aos que guardam a Palavra, Jesus disseque também Ele o guardará na hora da tribulação que há de vir sobre o

mundo (cf. Ap 3 . 1 0 ) .

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Es c a t o l o g ia  - A Do u t r i n a  d a s  Úl t i m a s  C o i s a s

• Diferentes atitudes na maneira de servir a Deus.  Jesus revelou, poruma parábola profética (cf. Mt 24.45-51), que nos últimos tempos exis

tirão duas qualidades de servos: alguns serão “bons e fiéis” no serviço na“casa do Senhor” e, por isso, serão bem-aventurados quando o seu Senhor vier. Outros começarão a “espancar os seus conservos” e, em lugarde cuidar do trabalho do Senhor, passarão “a comer, e a beber com osbêbados” (Mt 24-49). Tudo isso porque não estão apercebidos de que avinda de Jesus está às portas (cf. Mt 24-48). O arrebatamento para estes

será uma amarga decepção (cf. Mt 24.50,51).

4 . O A r r e b a t a m e n t o   d a   Ig r e j a

Conforme observamos nos pontos anteriores, os sinais dos tempos

afirmam com unanimidade: Jesus vem muito breve. Porém, um dia dir-se-á no mundo: Jesus já veio! Portanto, meditemos agora sobre o queacontecerá por ocasião do arrebatamento da Igreja.

4 . 1 . Q u e   s ig n i f i c a   a   e x p r e s s ã o   “ s e g u n d a   v i n d a   d e  J e s u s ” ?

Significa que o mesmo Jesus que se manifestou primeiro em cum

primento às profecias e que nasceu da virgem, viveu em perfeição,morreu pelos pecados do mundo, ressuscitou e ascendeu ao céu, háde voltar uma segunda vez, ainda em cumprimento às profecias, pararessuscitar e levar todos quantos morreram salvos, bem como aqueles que, estando vivos, estiverem preparados, como ensina a Palavrade Deus.

É preciso deixar bem claro que a segunda vinda de Jesus ocorrerá em

duas fases distintas. Na primeira fase, como mencionamos acima, haverá o arrebatamento da Igreja. Jesus voltará invisível aos olhos do mundo, detendo-se nas nuvens, e, em um abrir e fechar de olhos, arrebatarápara si todos os santos. Isso ocorrerá antes da Grande Tribulação. Asegunda fase da vinda do Senhor acontecerá sete anos mais tarde, já nofim da Grande Tribulação. Dessa vez Ele voltará em grande poder e gló

ria, visível aos olhos de todos e acompanhado dos santos que foram arre

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

batados. Virá, então, para salvar e restaurar o povo de Israel, destruir oAnticristo, amarrar o Diabo e governar a terra por mil anos.

E muito importante discernir bem entre essas duas fases para que seentenda mais facilmente as profecias acerca do assunto. Nesse estudoveremos apenas a primeira fase. Mais adiante comentaremos detalhadamente a segunda.

4.2. A PROMESSA ACERCA DA SEGUNDA VINDA DE JESUS ESTÁ FIRME

Muitos duvidam das promessas (cf. 2 Pe 3.3) imaginando que Jesusdemorará muito para voltar (cf. Mt 24.48), ou ignoram mesmo tudosobre o arrebatamento (cf. Mt 24.37-39). Dizem eles: “Há paz e segurança” (1 Ts 5.3). Mas a Palavra de Deus é clara e inconfundível.

4 . 2 . 1 . J e s u s  v o l t a r á  p e s s o a l m e n t e

Está escrito que Jesus, “oferecendo-se uma vez, para tirar os pecadosde muitos, aparecerá segunda vez, sem pecado, aos que o esperam parasalvação” (Hb 9.28). Tão real e tão pessoal como foi a primeira apariçãode Jesus será também sua segunda manifestação. Não se trata, portanto,de uma linguagem figurada, querendo significar que Jesus voltará pormeio de um derramamento de poder ou de um despertamento.

4 . 2 . 2 . J e s u s   v o l t a r á  b a s e a d o  n a   Pa l a v r a

Essa doutrina tem raízes profundas na palavra profética. A primeiravinda de Jesus estava predita em seus mínimos detalhes nas Escrituras, etudo se cumpriu. Da mesma maneira, a segunda vinda está predita naPalavra de Deus e tudo há de cumprir-se: “O céu e a terra passarão, masas minhas palavras não hão de passar” (Mt 24.35).

4 . 2 .3 . O A n t i g o  T e s t a m e n t o   f a l a   d a  v i n d a   d e  J e s u s

As profecias mencionam, principalmente, a segunda fase da vinda doSenhor, desde a primeira profecia a respeito, que foi a de Enoque (cf. Jd14,15). Muitas outras falam desse evento: Daniel 2.44-46; Zacarias 14.1-7;Isaías 11.4-6 e Daniel 7.13,14. Lemos em Isaías 26.19,20 acerca da ressur

reição que se dará quando Cristo vier nas nuvens para buscar sua Noiva!

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Es c a t o l o g i a  - A Do u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o is a s

4.2.4.  J e s u s   t e s t i f i c o u   s o b r e   s e u   r e t o r n o

 Jesus falou muito acerca da sua vinda (cf. Mt 22.30; 24-36-51; 25.1-13; Me 12.25; 13.32-37; Lc 14.14; 17.24; 21.36; Jó 5.25,28,29; 6.39,40;14.1,3,24). Jesus foi crucificado porque falou da sua vinda sobre as nuvens (cf. Mt 26.64).

4.2.5. Os a p ó s t o l o s   t a m b é m   t e s t i f i c a r a m

Os apóstolos escreveram sobre este assunto (cf. 1 Co 1.8; 6.14;

11.26; Fp 3.20,21; Cl 3.4; 1 Ts 1.10; 2.19; 4.13-18; 2 Ts 1.7; 1 Pe1.5,7; 1 Jó 2.28; Tg 5.7,8).

4 . 3 . C o m o   J e s u s   v i r á

4.3.1. O d ia   e   a   h o r a   n i n g u é m   c o n h e c e   ( c f . Mt 24.42; 25.13; Me13.32)

 Jesus virá como vem o ladrão, e ninguém pode prever o momento deum assalto (cf. Mt 24-43,44). Jesus diz expressamente que nem os anjossabem o momento, embora venham em sua companhia (cf. Mt 24.36).

Deus sabe qual o dia e a hora que estão determinados (cf. Zc 14.7).Foi Deus quem determinou a época (cf. At 1.7). Já afirmamos que,hoje, Jesus também sabe o dia e a hora, ainda que não o soubessequando esteve no mundo, pois estava, então, despido da glóriacelestial (cf. Mt 24-36). Após sua ressurreição vitoriosa, Ele recebeude volta a sua glória (cf. Jó 17.4; Fp 2.9). A seu tempo Deus revelaráo Senhor Jesus (cf. 1 Tm 6.13-16). Por isso, ninguém deve se precipitar, tentando descobrir aquilo que Deus nos ocultou (cf. Dt 29.29).

4.3.2. C r o n o l o g i a   d a   v i n d a  d e  J e s u s

• Jesus voltará quando o tempo da Igreja na terra se extinguir.

• Jesus voltará quando chegar a plenitude dos gentios (cf. Rm 11.25).

• Jesus voltará quando houver terminado a sexagésima nona semanados judeus, segundo foi revelado a Daniel (cf. Dn 9.24-27). Naquele diase iniciará a septuagésima semana dos anos para o povo judeu — que é a

Grande Tribulação.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

m m m m m m m m m ièm m m m Ê im m -

• A volta de Jesus é chamada de: “Dia de Cristo” (Fp 1.10; 2.16),“Dia do Senhor Jesus” (2 Co 1.14) e “Dia de Jesus Cristo” (Fp 1.6).

4 . 4 .  J e s u s   v e m  — o q u e  a c o n t e c e r á  n o   c é u ?

Deus Pai proclamará no céu que o momento chegou. Há cerca dedois mil anos, o Pai teria dito ao Filho: “Hoje chegou o dia de desceresao mundo e nasceres como homem, a fim de salvar a humanidade”.Naquele dia o Pai dirá ao Filho: “Cumpriram-se os dias. Vai e traze para

o céu a tua Noiva”. Aleluia!Certamente haverá um grande movimento no céu. Os anjos, que

antes não sabiam o dia, começarão a preparar a recepção para a grandemultidão de remidos. Que festa! Quando Jesus voltou ao céu, após consumar a sua obra redentora na terra, houve uma grande festa. Ele entrouno céu com o seu próprio sangue (cf. Hb 9.12). Lemos no livro de Sal

mos, capítulo 24, versos de 7 a 10 sobre a sua recepção. Mas, agora, osanjos preparam a festa da recepção dos que se aprontaram, pelo sanguede Jesus. Que dia glorioso!

4 . 4 . 1 . J e s u s   s e  p r e p a r a   p a r a   d e s c e r

Desde há muito tempo Ele esperou esse momento. Em sua oraçãosacerdotal, Jesus pediu ao Pai que aqueles que lhe foram dados pudessemestar com Ele (cf. Jó 17.24). Foi essa alegria que o sustentou quando,voluntariamente, se ofereceu para morrer na cruz (cf. Hb 12.2). Entãopoderá ver “o fruto do trabalho e do sofrimento da sua alma e ficarásatisfeito” (cf. Is 53.11). Poderá também dizer à sua querida Noiva: “Entra no gozo do teu senhor” (cf. Mt 25.21-23).

4-4.2. Os a n jo s p re p ar am -s e p a r a a c o m p a n h a r J es u s ( c f . 1 Ts 4.16)Os anjos têm acompanhado, com grande interesse, as coisas per

tencentes à salvação. Anjos subiram e desceram sobre o Filho doHomem (cf. Jó 1.51). Um anjo anunciou à virgem Maria que em seuventre o Filho de Deus seria feito carne (cf. Lc 1.26-35). Um anjoanimou José a receber Maria por sua mulher (cf. Mt 1.20). Os anjos

se manifestaram quando Jesus nasceu (cf. Lc 2.9-15) e quando sua

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Es c a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

vida corria perigo (cf. Mt 2 . 1 3 - 1 9 ) . Anjos serviram a Jesus após atentação no deserto (cf. Me 4 . 1 1 ) , e o assistiram quando lutou por

nós no jardim do Getsêmani (cf. Lc 2 2 . 4 3 ) . Estiveram presentes naressurreição (cf. Mt 2 8 . 2 - 7 ) e na ascensão de Jesus (cf. At 1 . 1 1 ) . Elesservem aos santos, pois foram enviados a servir aos que hão de herdar a salvação (cf. Hb 1 . 1 4 ) . Alegram-se pela conversão dos pecadores (cf. Lc 1 5 . 7 , 1 0 ) e acompanham a vida e o trabalho dos salvos naterra (cf. At 5 . 1 9 , 2 0 ; 1 2 . 7 , 1 1 ) . Também serviram aos santos na hora

da morte (cf. Lc 1 6 . 2 2 ) . E, pois, natural que tenham alegria em acompanhar Jesus para receber os salvos ao entrarem na glória (cf. 1 Ts4 . 1 7 ; Mt 1 6 . 2 7 ) .

4 . 4 .3 . O E s pí r i t o   s e  p r e p a r a  p a r a  a g i r

O grande milagre que se dará na vinda de Jesus será pelo poder do

Espírito. Em todos os tempos, o Espírito operou juntamente com oPai e com o Filho. O Espírito esteve presente na criação (cf. Gn1 . 2 ) . O Espírito operou no nascimento de Jesus (cf. Lc 1 . 3 5 ) . Revestiu de poder o Filho do Homem (cf. Mt 3 . 1 6 , 1 7 ) e operou por meiodEle (cf. Mt 1 2 . 2 8 ) . Foi o Espírito quem levou Jesus ao sacrifício (cf.Hb 9 . 1 4 ) , e foi Ele quem o fez ressuscitar e ascender ao céu (cf. Rm8 . 1 1 ; Ef 1 . 1 9 , 2 0 ) . Finalmente, será pelo poder do Espírito Santo quese fará a ressurreição e o arrebatamento dos salvos (cf. Rm 8 .11 ; 1 Co6 . 1 4 ) . Aleluia!

4 . 4 . 4 . A TROMBETA DE DEUS RESSOARÁ (CF. 1 Ts 4-16; 1 Co 1 5 . 5 2 )

Que instante abençoado! Nos dias do Antigo Testamento, Deus determinara que se fizessem duas trombetas de prata, que seriam usadas

tanto para reunir o povo como para alertá-lo para a partida (cf. Nrn1 0 . 1 - 7 ) . Naquele dia tocará do céu a trombeta de Deus, como sinal deque devemos partir daqui, deste mundo, e reunir-nos em glória celestial!Essa trombeta de Deus não faz parte de nenhuma das sete trombetas do

 juízo, que serão tocadas no tempo dos três “ais” (cf. Ap 8 . 1 3 ; 1 1 . 1 5 ) . Elaé uma trombeta de bênção, cujo som convocará a Noiva de Jesus para a

festa eterna no céu.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

4 . 5 . J e s u s   v e m  — O q u e   a c o n t e c e r á   n a   t e r r a ?

O motivo dessa vinda de Jesus é levar para o céu todos os salvos.Naquele momento, a maior parte dos salvos já terá dormido no Senhor,enquanto outros ainda estarão vivos. Ao som da trombeta de Deus, oEspírito Santo começará a agir. Primeiro despertará da morte os quedormem e depois arrebatará os salvos que estiverem na terra.

4.5.1. Os MORTOS RESSUSCITARÃO prim eiro ( c f . 1 Ts 4.16)

Aqui chegamos a um dos maiores milagres do universo — a ressurreição.

Para os materialistas e ateus, a ressurreição é uma fantasia. Não crêem por não encontrarem explicação para tal maravilha. Porém, a salvação não se baseia, efetivamente, na compreensão do homem natural,mas na fé. E por meio da fé compreendemos essas verdades gloriosas.

A ressurreição significa que o homem morto tomará a existir e aviver fisicamente por meio de uma nova união entre o espírito e o corpoque foram separados no momento da morte. Para os que morreram emCristo esse milagre se realizará no dia da vinda de Jesus.

• No momento da morte, o espírito e a alma deixam o corpo. O

corpo, assim morto, voltou ao pó do qual fora formado (cf. Gn 3.18;Ec 12.7). O corpo se desfez na terra, porque a matéria está sujeita àcorrupção. O espírito e a alma que deixaram o corpo são “depositados”no lugar que lhes foi preparado, para aguardarem a ressurreição. Nesselugar, chamado Paraíso, permanecem inteiramente lúcidos e conscientes (cf. Lc 23.43; 2 Co 12.2). O Paraíso, ou Terceiro Céu, é um lugarperto de Jesus (cf. Fp 1.23) e junto ao altar de Deus (cf. Ap 6.9). Osque morreram sem Cristo são guardados no hades (cf. Lc 16.23), ondesofrem e se angustiam, enquanto aguardam a ressurreição para a condenação.

• A Palavra de Deus diz que todos hão de ressuscitar (cf. 1 Co 15.22).Tanto justos como injustos irão ressuscitar (cf. Dn 12.2; Jó 5.28,29).Primeiro ressuscitarão os justos, na vinda de Jesus. Os maus também

ressuscitarão para o juízo, mas após o governo milenar de Jesus.

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Es c a t o l o g i a  - A Do u t r i n a  d a s  Úl t i m a s  C o i s a s

• A ressurreição é um grande milagre. Quando Jesus vier, todos ossantos ressuscitarão, em um só momento. Como isso será possível? A Palavra de Deus nos dá a resposta. Segundo as Escrituras, o sepultamento docorpo morto é comparado a uma semeadura (cf. 1 Co 15.35,36) e o corpo,em si, a um grão de trigo. Jesus diz que se o grão morrer, dá muito fruto (cf.

 Jó 12.24). Depois que o corpo se desfaz pela corrupção, é guardado porséculos como se fosse uma semente, e Deus sabe onde se encontra essasemente. Quando tocar a trombeta, o Espírito operará com o seu poder

sobrenatural, dando vida àquele germe e fazendo ressuscitar o corpo glorificado em um só momento (cf. Rm 8.11). Porém, não será o mesmo corpoque foi sepultado, mas sim o seu fruto. Terá a mesma personalidade, osmesmos traços de caráter, mas será perfeito. Foi semeado em fraqueza, masressuscitará com vigor. Foi semeado em humilhação, mas ressuscitará emglória. Foi semeado em corrupção, mas ressuscitara incorruptível (cf. 1 Co

15.42,43). A morte não terá mais domínio sobre esse corpo glorificado(cf. 1 Co 15.53,57). No novo corpo que surgirá da ressurreição, o espíritonão estará mais sujeito ao corpo, e sim o corpo ao espírito. Por isso se diz“corpo espiritual” (cf. 1 Co 15.44). Será um corpo semelhante ao de Jesusapós a sua ressurreição (cf. Fp 3.21; 1 Jó 3.2). Nenhuma fraqueza, nenhuma imperfeição, mas um corpo de glória e de poder (cf. 2 Co 5.1-4).

Concomitantemente, o espírito imortal do homem entrará nesse novocorpo, nesse tabemáculo espiritual, e será arrebatado ao encontro do Senhor nos ares. Que momento glorioso! Quanta alegria e quanto júbilo!Os salvos brilharão como o Sol (cf. Dn 12.3), porque após longa esperaencontrar-se-ão, finalmente, com o seu Salvador. Glória a Jesus!

4.5.2. “D e p o i s  n ó s , o s  q u e  f i c a r m o s  v i v o s , s e r e m o s  a r r e b a t a d o s ” 

(1 Ts 4.17)Ao soar a trombeta de Deus, no mesmo instante em que a ressurrei

ção dos mortos estiver acontecendo ocorrerá outro grande milagre comos que estiverem vivendo como verdadeiros cristãos. Eles não são domundo, embora vivam no mundo (cf. Jó 17.14,17). Eles não somenteesperam Jesus; têm também as suas lâmpadas acesas (cf. Mt 25.10; Lc

12.35,36). O que acontecerá?

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

• Todos serão transformados. O corpo mortal, através da operaçãodireta do Espírito Santo, será revestido do mesmo corpo glorioso que

 Jesus recebeu após a sua ressurreição (cf. Fp 3.20,21). Paulo possuía essaviva esperança. Ele escreveu a respeito do arrebatamento: “Nem todosdormiremos, mas todos seremos transformados” (1 Co 15.51). Simultaneamente com a ressurreição dos mortos acontecerá a transformaçãodos vivos, quando o corruptível se transformará em incorruptível, e oque é mortal se revestirá de imortalidade (cf. 1 Co 15.53). Paulo deseja

va ser revestido, para que o mortal fosse absorvido (cf. 2 Co 5.4). Temosuma vaga demonstração disso quando o corpo mortal de Jesus foi transfigurado. A vida do espírito, que estava sujeita à matéria, ficou, por ummomento, livre do seu domínio, e o corpo de Jesus resplandeceu (cf. Mt17.2). Assim será no arrebatamento. Nós seremos semelhantes a Ele (cf.1 Jó 3.2). Teremos alcançado o alvo para o qual Deus nos predestinou,

isto é, desenvolver a imagem de seu Filho. Através da renovação contínua em nossa vida cristã, foi essa experiência mantida, mas sujeita àlimitação humana. Quando Jesus vier, seremos inteiramente semelhantes em glória e em perfeição. Que dia glorioso!

• Todos seremos arrebatados. No momento em que a transformaçãoocorrer, teremos vencido a matéria. Então, será o espírito que reinará so

bre o corpo. Juntamente com os ressuscitados, subiremos ao encontro doSenhor nos ares (cf. 1 Ts 4.17). Aqui a morte nos mantém separados, maslá estaremos reunidos para sempre à Igreja de Cristo (cf. Cl 3.4). No Antigo Testamento encontramos dois exemplos do arrebatamento. Enoque,que andava com Deus e recebeu testemunho de que agradava a Deus, foitrasladado e não viu a morte (cf. Hb 11.5; Gn 5.21-25). Elias, o profeta dofogo, foi antecipadamente avisado e esperava a sua trasladação. Um dia,um redemoinho o levou, sem que morresse (cf. 2 Rs 2.9-11). Da mesmamaneira acontecerá com o povo de Deus, no dia da vinda de Jesus. Elevirá e levará todos os que estiverem preparados! O arrebatamento significa que seremos tirados deste mundo, onde reina a imperfeição e o pecado,e levados para onde Jesus está. Aqui há muitas igrejas em muitos lugares,mas ali seremos a Igreja Universal: bilhões e bilhões de salvos, de todos os

tempos, encherão as nuvens. Como as gotas de orvalho são arrebatadas e

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Es c a t o l o g i a  - A Do u t r i n a  d a s  Úl t i m a s  C o i s a s

desaparecem no ar quando o Sol se levanta, assim será com as almas purasquando o Sol da Justiça aparecer (cf. Ml 4.2; Is 26.19).

• Tudo isso acontecerá em um momento! Tanto a ressurreição comoo arrebatamento serão em um abrir e fechar de olhos, pelo poder deDeus (cf. Fp 3.21). Poder de Deus significa “extrair à força”, “arrancarrepentinamente”, “em um movimento rápido, tirar para si”. Com essemesmo sentido é o texto de Atos 23.10, onde lemos que Paulo foi tirado“do meio deles”. O povo de Deus será tirado rapidamente deste mundo

de horror. Assim, é necessário que sempre estejamos preparados, pois nodia do Senhor não haverá oportunidade de reconciliação.

• Quem será arrebatado na vinda de Jesus? A pergunta é séria, massimples. Quem vai para o altar com o Noivo? A noiva, naturalmente!Quem é a noiva de Cristo? Paulo escreveu que tinha preparado a Igreja,para apresentá-la como uma virgem a seu marido, a saber, Cristo, e que

ria adverti-la para que tomasse cuidado de não perder a sua simplicidade(cf. 2 Co 11.2,3). Essa noiva está vestida da justiça dos santos (cf. Ap19.7,8). Sem vestes apropriadas, ninguém entra nas bodas do Cordeiro(cf. Mt 22.11). Quem possui essas vestes deve guardá-las, para que nãosejam manchadas nem fiquem com rugas (cf. Ef 5.27), mas conservadasem santidade, “sem a qual ninguém verá o Senhor” (Hb 12.14).

A Noiva deve também esperar a Jesus com a sua lâmpada acesa, oque significa ter o Espírito Santo dominando sua vida. Quem assim nãoestiver não é de Cristo (cf. Rm 8.9). E pelo Espírito que temos vida, poispor Ele nascemos de novo e dEle recebemos testemunho de que somosfilhos de Deus (cf. Rm 8.16). Para ajudar-nos a viver essa “vida comabundância” (cf. Jó 10.10), Ele nos deu a promessa do batismo no Espí

rito Santo, pelo qual o Espírito opera em nós' em plenitude. Busquemosessa gloriosa promessa (cf. At 2.18,39)! Jesus virá para levar para a glória os que são seus (cf. 1 Co 15.23).

4 .6 . O QUE ACONTECERÁ NAS NUVENS QUANDO JESUS VIER?

Ao soar a trombeta, Jesus descerá às nuvens e lá encontrará a sua

Igreja, que vem subindo com rapidez da terra. Então haverá o encontro

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T e o l o g i a  S is t e m á t ic a

mais feliz do universo: Jesus e o povo que Ele salvou com o seu sangue.Quando Ele ainda estava no mundo, pressentia esse gozo e agora se ale

grará por completo (cf. Is 53.11). Também os salvos que nEle se alegravam com gozo inefável verão como Ele é, face a face (cf. 1 Jó 3.2). Oslimpos de coração verão a Deus, e, pelo sangue de Jesus, poderão chegarperto (cf. Mt 5.8; Ef 2.13).

O encontro nas nuvens é figurado pelo encontro entre Rebeca e Isaque.Ela vinha de atravessar o deserto, uma viagem penosa. Era noiva, embora

nunca tivesse visto a Isaque. Finalmente enxergou um homem andandopelos campos. Perguntou a Eliézer: “Quem é aquele varão?” A resposta doservo: “Este é meu senhor”. Rebeca cobriu-se e eles então se encontraram(cf. Gn 24-65-67). Momento santo e perfeito, quando a Igreja há de en-contrar-se com Jesus, seu querido e esperado Salvador!

E essa bênção não será passageira, como muitas vezes o são as bênçãos na

terra. Nós estaremos para sempre com o Senhor (cf. 1 Ts 4.17). O momentoque Jesus pedira a seu Pai, que os que Ele havia salvo estivessem com Elepara que vissem a sua glória, finalmente terá chegado (cf. Jó 17.24). Queglória perfeita! Que bênção completa! Ora, vem, Senhor Jesus!

5 . O T r i b u n a l   d e  C r i s t o

Neste ponto iremos meditar sobre o que acontecerá logo após o encontro entre Jesus e a sua Igreja, nas nuvens (cf. 1 Ts 4.17), no “Dia deCristo” (cf. Fp 1.6). O povo arrebatado, já com seus corpos glorificados,comparecerá perante o tribunal de Cristo (cf. 2 Co 5.10; 1 Co 1.8), para

que as suas obras realizadas no corpo como crentes sejam provadas, a fimde que recebam ou não o galardão. Aqui não se trata do julgamento dotrono branco, pois este acontecerá logo após o Milênio (cf. Ap 20.11-15).

5 . 1 . O QUE DIZ A PALAVRA DE DEUS SOBRE O TRIBUNAL DE CRISTO?

5 . 1 . 1 . Q u a n d o   t e r á   l u g a r   e s s e  j u l g a m e n t o  ?

Acontecerá no dia em que Jesus vier. Vindo Ele, trará consigo galardão(cf. Ap 22.12). Paulo disse que “naquele dia” receberia “a coroa da jus

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Es c a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a s  Úl t i m a s  C o i s a s

tiça” (cf. 2 Tm 4.8). Pedro escreveu que, quando aparecer o Sumo Pastor, a coroa da glória lhe será dada (cf. 1 Pe 5.4). Esse julgamento serárealizado em um lugar determinado pelo Senhor, mas não nos foi revelado ainda pela sua Palavra.

5.1.2. Q u e m   s e r á   j u l g a d o  a l i?

Paulo escreve que “todos devemos comparecer ante o tribunal deCristo, para que cada um receba segundo o que tiver feito por meio do

corpo, ou bem ou mal” (2 Co 5.10), referindo-se tanto aos que ressuscitarem como aos que forem arrebatados no momento da vinda de

 Jesus (cf. 2 Co 5.8). Ali, cada um dará conta de si mesmo (cf. Rm14.10-12).

5.1.3. O QUE SERÁ JULGADO?

• Não serão nossos pecados, pois daquilo que Jesus perdoou não serecorda jamais (cf. Hb 8.12; 10.17). Se acontecer qualquer pecado nomomento do arrebatamento, será um impedimento para subir, pois alinão entrará “coisa alguma que contamine” (Ap 21.27). A Noiva de

 Jesus é pura, sem mancha nem ruga (cf. Ef 5.27), trajada de vestes brancas (cf. Ap 19.7,8).

• Não haverá ali um julgamento que exija castigo, pois a Bíblia dizque aquele que crer não entrará em condenação (cf. Jó 5.24; Rm 8.1).Como filhos de Deus, receberam vida e, por isso, entrarão na glória.Como servos de Deus, receberão galardão.

• Nesse julgamento serão provadas as obras que os salvos realizaramcomo tais, a fim de que sejam aprovadas. As obras receberão galardão(cf. 1 Co 3.14,8).

5.1.4. Q u e m   s e r á  o   j u i z ?

O juiz será o próprio Jesus, o nosso querido Salvador (cf. 2 Tm 4.8).Deus lhe entregou todo o juízo (cf. Jó 5.22). Por isso, esse julgamento échamado de tribunal de Cristo (cf. 2 Co 5.10; Rm 14.10). Será assistidopelo Espírito Santo, que operará como um fogo, através do qual o resul

tado aprovado há de aparecer (cf. 1 Co 3.13; At 2.4).

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T e o l o g i a  S is t e m á t ic a

5.1.5. C o m o   s e r á   f e i t o  o   j u l g a m e n t o ?

A Palavra de Deus nos mostra que as obras realizadas pelos salvos pormeio do corpo aparecerão com o valor e qualidade que possuem peranteo Senhor, conforme registrado em 1 Coríntios 3.12-15, que retrata o

 julgamento ante o tribunal de Cristo. As obras dos salvos aparecerão naforma de diferentes materiais. Tudo passará pelo fogo para ser provado.Aqui não se trata, então, da aparência externa, de propaganda nem delouvor próprio ou aplausos de outros. Não. O valor perante Deus está

relacionado com a fidelidade, a obediência, o amor, a abnegação e ahumildade com que as obras foram feitas. Aqueles que aqui procuram asua própria glória já receberam o seu galardão, e nada lhes sobra paraaquele grande dia (cf. Mt 6.2,5,16). Vejamos, portanto, os diferentesmateriais que o Espírito Santo utilizará para mostrar a maneira como oSenhor vê a obra dos crentes.

• Ouro. Simboliza as coisas de procedência divina, as coisas celestiais(cf. Jó 22.23-25; Ap 22.18-21; 3.18; Ml 3.3), assim como é a Palavra deDeus (cf. Sl 119.10,11). As obras figuradas em ouro significam obrasfeitas em Deus (cf. Jó 3.21) ou conforme a sua Palavra (cf. 1 Co 4.6).

• Prata.  O material usado no pagamento da redenção dosprimogênitos simboliza a redenção de Cristo (cf. Êx 30.11-16; 26.25).As obras figuradas em prata significam que foram feitas pela fé emCristo, e não através da força natural do homem. Paulo disse que trabalhava pela graça de Deus (cf. 1 Co 15.10). Prata simboliza, conseqüentemente, o espírito de conciliação que tanto caracterizou Jesus(cf. Lc 23.34). Esse é o espírito que deve dominar todos quantos sirvam ao Senhor (cf. Me 11.25; Gn 45.15; 2 Tm 4.16), pois sem este

sentimento nobre, mesmo grandes obras realizadas poderão perder oseu valor (cf. Me 11.25; Mt 18.35).

• Pedras preciosas. Simbolizam o Espírito Santo dado pelo Senhorcomo um adorno à sua Noiva (cf. Jó 17.22), pois antigamente os noivosadornavam as noivas com jóias (cf. Ez 16.11-14; Gn 24.22,53; Ct 1.10,11;4.9). As obras figuradas por pedras preciosas significam que são feitas

pelo poder do Espírito Santo (cf. Rm 15.19; Fp 3.3; Cl 1.29).

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Es c a t o l o g i a  - A Do u t r i n a  d a s  Úl t i m a s  C o i s a s

Observe, portanto, que nesse julgamento a Trindade está presente,simbolizada por ouro, prata e pedras preciosas, operando ativamente nasobras que, dessa maneira, terão valor perante Deus. Onde a operação deDeus falta, há obras assemelhadas a materiais fracos, que representam otrabalho meramente humano.

• Madeira. Simboliza as coisas humanas, pois cresce de “si mesma”.Existem obras que qualquer pecador pode fazer (cf. Lc 6.32-34). Sansão,sem o poder de Deus, não podia apresentar nada de valor sobrenatural

(cf. Jz 16.17,19 e 21). Só lhe restava operar segundo os homens (cf.1 Co 3.3).

• Feno. Simboliza tudo que carece de renovação. É triste viver etrabalhar sem receber renovação, pois também não receberá galardão.Quem somente trabalha por costume alcançará resultado negativo notribunal de Cristo.

• Palha.  Significa a instabilidade, pois é muito fraca (cf. Ef 4.14).“Que tem a palha com o trigo?”, diz o Senhor (cf. Jr 23.28). Palha falatambém de escravidão: foi palha que os israelitas tiveram de colher noEgito (cf. Êx 5.7). Devemos, portanto, servir a Deus na liberdade doEspírito, e não em uma escravidão imposta por nós mesmos ou por outros.

No julgamento ante o tribunal de Cristo todos comparecerão perante o Senhor, que os conhece, assim como também as suas obras. O Espírito Santo se manifestará como um fogo que fará queimar tudo que nãotiver valor eterno, enquanto tudo que foi feito conforme a vontade doSenhor permanecerá e servirá como base do galardão que Jesus dará.

5.2. O QUE SERÁ SUBMETIDO À PROVA ANTE O TRIBUNAL

5.2.1. As NOSSAS VIDAS COMO CRENTES SERÃO PROVADAS

Tomar-se-á evidente a maneira como edificamos a nossa vida espiritual em Jesus. Aquele que crê nEle, tendo-o como fundamento paratoda sua vida, tem a vida eterna (cf. Mt 7.24,25; 1 Jó 5.12), mas somente aquele que sobre este fundamento edificar a sua vida receberá galardão.É possível ser salvo e perder o galardão (cf. 1 Co 3.15). Por isso, “veja

cada um como edifica sobre ele” (1 Co 3.10). Os que aqui vivem com os

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T e o l o g i a  S is t e m á t ic a

seus corpos entregues a Deus como sacrifício vivo compreenderam avontade de Deus e edificaram conforme ela (cf. Rm 12.1,2). Essa obediência e a inteira vontade de ser-lhe agradável serão lembrados ante o tribunal de Cristo (cf. 2 Co 5.9,10; Rm 14.9,10). Ali se constatará a diferença entre semear na carne e semear no Espírito (cf. Gl 6.6,8; Rm 2.6).

5.2.2. A NOSSA MANEIRA DE VIVER E AGIR DE ACORDO COM A PALAVRA

d e   D e u s

Isso entrará também na prova. Deus nos deu sua Palavra como regrade ação, para que agíssemos do modo como Ele determinou (cf. Rm6.17; Gl 6.18). E essa regra não deve ser desrespeitada, mas observada(cf. Sl 119.4). Os que obedecem a Palavra de Deus expressam, com isso,o seu amor para com Deus (cf. Jó 14.21; 1 Jó 2.5). Do mesmo modocomo o Senhor antigamente fez a sua glória encher o Tabernáculo —

como confirmação de que havia sido levantado conforme o modelo queEle entregara (cf. Êx 40.16,34) — , assim Ele reconhece aqueles queguardam a sua Palavra (cf. Ap 3.10; Jó 14.23). Mas o que não estiveredificado de acordo com a Palavra de Deus tem natureza meramentehumana — será queimado naquele dia!

5.2.3. A FORMA DE TRATARMOS NOSSOS IRMÃOS TAMBÉM SERÁ SUBMETIDAÀ PROVA

Quando o apóstolo Paulo escreveu a respeito do tribunal de Cristo,perguntou no mesmo versículo: “Mas tu, por que julgas teu irmão?”(Rm 1410) Mais à frente ele continua: “Antes, seja o vosso propósitonão pôr tropeço ou escândalo ao irmão” (Rm 14.13). Jesus está tãoligado aos seus que sente o que estamos fazendo a eles. O bem ou o malque fazemos a qualquer irmão reflete na pessoa de Jesus (cf. 1 Co 8.12;Mt 25.40,45; At 9.4,5). Se isso estivesse bem vivo no coração de todos, muitos crentes de hoje seriam mais amorosos. Alguns são culpados, pela sua dureza, da perdição daqueles com quem se relacionaram.Ainda que esses que assim procedem sejam salvos pelo perdão de Jesus, o procedimento deles influirá no que diz respeito ao galardão. Mas

aqueles que se sacrificaram para ajudar seus irmãos alcançarão miseri

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córdia (cf. 2 Tm 1.18; Ef 6.7; Cl 3.23; Lc 14.14). Você que ama a Jesus,mostre esse amor para com Ele também no trato com seus irmãos!

5.2.4. S e r ã o   j u l g a d a s  a s  n o s s a s  o b r a s  f e i t a s  n o  s e r v i ç o  a o  M e s t r e

Os que serviram ao Senhor serão honrados por Ele (cf. Jó 12.26; Pv27.18). Então, ante o tribunal de Cristo, aparecerá tudo que tem sidofeito por Jesus, a fim de receberem galardão (cf. 1 Tm 5.25).

• Deus tem um plano que preparou para cada homem (cf. Ef 2.10).

Os que procurarem seguir esse plano acharão sempre obras já preparadaspara realizar e serão uma grande bênção. O seu fruto permanecerá (cf. Jó15.16). Mas aqueles que não consideram o plano de Deus e andam nosseus próprios propósitos estão em perigo de “correr com incerteza” e“bater no ar” (cf. 1 Co 9.26). Trabalham muito, mas produzem pouco ounada. O fogo que há de operar no tribunal de Cristo manifestará tudo:

ali será patente o que cada um podia ter realizado se tivesse obedecidoao Senhor.

• Deus tem dado talentos a todos: a uns, poucos, a outros, mais (cf.Mt 25.14,20; Lc 19.11-27). No tribunal de Cristo, o Senhor ajustarácontas conosco, para saber o que cada um ganhou “negociando”. Ponhamos os nossos talentos (possibilidades) em ação, para que assim pos

samos ganhar alguma coisa para o Reino de Deus.• No tribunal de Cristo, os pastores hão de dar conta do rebanhoque lhes foi confiado. É emocionante pensar que naquele dia nós veremos, à luz da eternidade, a maneira como servimos a igreja. Aquelesque pelo seu serviço e sacrifício próprio foram usados por Deus paraconservação do rebanho resplandecerão quando aparecer o Sumo Pastor (cf. 1 Pe 5.4). Eles têm, através de sua mansidão, conseguido ganhar até os que resistem (cf. 2 Tm 2.24,26), e podem se alegrar, poisnenhum se perdeu. O próprio Jesus mencionou na sua oração que “nenhum deles se perdeu” (Jó 17.12), e Paulo alegrou-se porque não tinhanas suas mãos o sangue de nenhum dos membros da igreja de Efeso (cf.At 20.26). Como será trágico para o crente lembrar-se, naquele dia,que foi pela sua dureza ou imprudência que alguma ovelha do Senhor

se perdeu!

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Também os que possuírem um cargo de confiança no Reino deDeus, seja na escola dominical seja entre os pobres ou doentes, etc.,hão de apreciar a sua obra. Deus os chamará para dar-lhes galardão(cf. Mt 20.8). Naquele dia os fiéis resplandecerão. Mas, também anegligência e o descuido no serviço da causa de Cristo serão revelados naquele dia, para nossa decepção.

• O esforço para ganhar os perdidos terá um lugar destacado ante o

tribunal de Cristo. Quando o apóstolo Paulo escreveu a respeito desse julgamento, disse: “Assim que, sabendo o temor que se deve ao Senhor,persuadimos os homens à fé” (2 Co 5.11). Todos os crentes possuem aincumbência de ser atalaias, que da parte do Senhor advertem o pecador do seu mau caminho (cf. Ez 33.17; Pv 24.11,12). Os que se descuidam nesse sentido verão, naquele dia, que os pecadores pereceram por

causa dos seus descuidos. O sangue será requerido daqueles que não cumpriram o dever de atalaias (cf. Ez 33.8; 3.18). Porém, aqueles que anunciaram a salvação aos pecadores resplandecerão com a coroa dos ganhadores de almas (cf. 1 Ts 2.19,20; 2 Co 1.14; Jó 4.34), e encontrarão aliaqueles que foram conduzidos à Cristo graças ao seu serviço (cf. Lc 16.9).Que dia maravilhoso! Ante o tribunal de Cristo serão conhecidos os

guerreiros desconhecidos! Quantos existem que prestaram um grandeserviço ao Reino de Deus, mas não chegaram a ser conhecidos ou foramesquecidos (cf. Et 6.1 -10). Muitos brilharam em sua vida de testemunhoe nas suas obras e, com isso, ganharam muitos para Jesus (cf. Mt 5.16; Fp2.15; 1 Pe 2.12). Muitos fizeram um grande trabalho, através das suasorações e intercessões, que foi decisivo para a obra de Deus. Eles sustentaram as mãos de muitos obreiros. Deus, que conhece tanto as oraçõescomo os jejuns feitos em oculto, os recompensará publicamente (cf. Mt6.6,18). Lembremos que o Senhor nunca esquece o que é feito em favorde um profeta (cf. Mt 10.41,42). Também aqueles que contribuíram coma suas generosas ofertas, muitas vezes em prova de tribulação (cf. 2 Co8.1-5), hão de receber naquele dia o seu galardão. Se o rei Davi procurourecompensar aqueles que o sustentaram nos dias de angústia (cf.

2 Sm 19.31,33), quanto mais não fará o Rei dos reis com aqueles que aqui

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E s c a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

sustentaram a sua obra com ofertas e dízimos (cf. 1 Tm 6.17,19; Lc 8.3;21.1,3). Chegará o momento de receber tudo com juros (cf. Mt 6.20).

5.3. O RESULTADO DO JULGAMENTO ANTE O TRIBUNAL DE CRISTO 

Depois que o fogo provar as obras que os crentes fizeram no corpo, sósobrará aquilo que o Senhor tiver aprovado. Esse julgamento pode assemelhar-se a uma pesagem. O Senhor pesará todas as nossas obras (cf.1 Sm 2.3; Pv 16.2). Tudo o que for meramente humano será achado em

falta (cf. Dn 5.27). Apenas as coisas que tiverem valor perante o Senhorterão peso certo.

5.3.1.  A q u e l e s c u j a s o b r a s p e rm a n ec e r e m r e c e b e r ã o g a l a r d ã o

( c f . 1 Co 3.14) Jesus trará o galardão quando vier nas nuvens (cf. Ap 22.12). Os

ganhadores de almas receberão as suas coroas (cf. 1 Ts 2.19,20; 2 Co1.14). Os fiéis do Senhor receberão a coroa de glória (cf. 1 Pe 5.4; 2 Tm4.8; 1 Co 9.24,25). Os que foram fiéis, mesmo nas horas difíceis, receberão a coroa da vida (cf. Ap 2.10). Que glória se manifestará naquelegrande dia! (cf. Dn 12.3; Mt 13.43) Então confirmaremos o que a Palavra de Deus diz sobre diferentes graus de glória no céu (cf. 1 Co 15.40,42).O Senhor pronunciará: “Bem está, servo bom e fiel” (cf. Mt 25.21).

5.3.2. As OBRAS QUEIMADAS

Aqueles cujas obras se queimaram pelo fogo da prova verão o quepoderiam ter feito se na terra tivessem dedicado mais de si ao serviço doSenhor. Entretanto estarão alegres, pois, como salvos pelo sangue de

 Jesus, entrarão na glória, embora tenham perdido o galardão pela pró

pria negligência (cf. 1 Co 3.14,15). Vemos, portanto, que é possíveltanto perder como receber o galardão (Pv. 24.20; Cl 3.24; Ap 22.12).

5.4. P o d e m o s  n o s   pr e pa r a r  p a r a  o   j u l g a m e n t o   a n t e  o   t r i b u n a l  d e  

C r i s t o

Podemos com toda certeza. Quando a Palavra de Deus fala do jul

gamento ante o tribunal de Cristo, exorta-nos a temer ao Senhor (cf.

3 3 3

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

2 Co 5.10,11). Temos visto que é o Espírito Santo quem vai executar aprova. Mas o mesmo Espírito está hoje entre nós. Podemos, portanto,

pedir a Ele que o seu fogo queime tudo da nossa vida que o Senhor possanão aprovar.

Como um estudante que se esforça e se prepara para uma boa provana escola, assim obtendo boas notas, do mesmo modo podemos melhorar o nosso resultado “naquele dia”, se permitirmos que o EspíritoSanto, desde já, nos inspire no serviço (cf. Rm 12.11) e na remissão do

tempo (cf. Ef 5.16,18). Paulo procurava ter cuidado na maneira comocorria, para que não perdesse a sua coroa (cf. 1 Co 9.22-27). Fazendoassim, o Espírito Santo nos ajudará a esperar “aquele dia” com confiança (cf. 1 Jó 4.17), sem que sejamos confundidos (cf. 1 Jó 2.28), paraque nos apresentemos irrepreensíveis (cf. 1 Co 1.8).

 Jesus vem em breve! Procuremos, portanto, viver e servir de maneira

que “aquele dia” possa nos trazer glória e alegria, segundo a graça infinita do Senhor Jesus.

6 . As B o d a s d o C o r d e i r o

Neste ponto veremos o que irá acontecer quando Jesus, com sua Igreja já glorificada e coroada, entrar nos céus. Que dia maravilhoso!

6.1.  J e s u s  e n t r a   c o m   s u a  N o i v a   n o   c é u

A alegria inexplicável que os santos arrebatados sentirão no encontro com o maravilhoso Salvador será aumentada ao entrarem com Jesus

nos céus, lugar que Ele lhes preparou (cf. Jó 14.1,3).

6.1.1. A  J e r u s a l é m   c e l e s t i a l

A Jerusalém celestial (cf. Hb 12.22), a cidade cujo construtor é Deus(cf. Hb 11.10), receberá a Noiva do Cordeiro. Quando Jesus entrar nocéu com o povo salvo, as multidões de anjos — milhões de milhões emilhares de milhares (cf. Ap 5.11) — , certamente os receberão com

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E s c a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

cânticos. Ao retomar o Rei da Glória ao céu, receberá grande recepção(cf. Sl 24.8,9). Esse Rei da Glória é Jesus! A Bíblia nos revela algo sobre

o cântico dos anjos (cf. Ap 5.11,12). João viu um anjo cantando juntocom os anciãos (cf. Ap 5.9,10). Os salvos cantarão também (cf. Ap5.9,10). O cântico será como o ruído de muitas águas. Cantarão o cânticode Moisés e o do Cordeiro (cf. Ap 15.3,4). Como é maravilhoso saberque esse é o mesmo cântico que já começamos a entoar em nossos corações! (cf. Ef 5.19; Cl 3.16) Quanto mais o Espírito Santo nos abençoa,

mais forte sentimos esse cântico em nós. A Bíblia diz que devemos cantar com o espírito (cf. 1 Co 14.15). Cantemos aqui com entusiasmo,pois em breve cantaremos lá!

6 . 2 .   Je su s a p r e s e n t a s u a N o i v a d i a n t e d o t r o n o d e D e us

Muitas vezes, enquanto esteve aqui na terra, Jesus prometeu apre

sentar os seus fiéis ao Pai e confessá-los diante dEle (cf. Mt 10.32; Lc12.8). Ele mandou escrever à igreja de Sardes: “O que vencer será vestido de vestes brancas, e de maneira nenhuma riscarei o seu nome dolivro da vida; e confessarei o seu nome diante de meu Pai e diante dosseus anjos” (Ap 3.5). Com as bodas do Cordeiro chegará esse momento.

 Junto com Jesus, a multidão glorificada e lavada no seu sangue entrará perante o trono de Deus. Será o próprio Jesus quem apresentará ossantos. Ele dirá: “Pai, aqui estão aqueles pelos quais eu morri. Eles confessaram o meu nome na terra. Eles foram fiéis à minha Palavra”. Ossantíssimos olhos do Todo-Poderoso contemplarão os salvos, todos elesex-pecadores, mas agora irrepreensíveis e santos (cf. Cl 1.22; 1 Ts 3.13),sem mácula, ruga ou coisa semelhante (cf. Ef 5.27). Por isso Jesus osapresentará com alegria diante da glória do Pai (cf. Jd 24). O Pai eterno

se alegrará. Ele verá na Noiva de Cristo o seu particular tesouro (cf. Ml3.17). Ela estará perante o trono de Deus, porque o Pai deu o seu Filho eesse deu-se a si mesmo para redenção das nossas almas.

6 . 3 . A REALIZAÇÃO DAS BODAS DO CORDEIRO

No processo da vinda de Jesus, o ponto culminante será, sem dúvida,

a santa cerimônia que a Palavra de Deus chama de “bodas do Cordeiro”

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

(cf. Ap 19.7). Está escrito: “Já a sua esposa se aprontou” (cf. Ap 19.7).Depois da grande festa ela é chamada “a esposa, a mulher do Cordeiro”(cf. Ap 21.9).

6.3.1. O QUE SIGNIFICA A EXPRESSÃO: “A NOIVA DO CORDEIRO”?

Essa expressão figurada mostra o que acontece quando uma alma entraem aliança com Jesus através da salvação, para ser-lhe fiel, para pertencer inteiramente a Ele e para aguardar a sua vinda, a fim de estar parasempre com Ele. Nós o amamos, embora não o tenhamos visto aindapessoalmente (cf. 1 Pe 1.8). Somos como Rebeca, noiva de Isaque, desde o momento em que afirmou: “Irei” (cf. Gn 24-58). Pertencemos aopovo chamado “Noiva de Jesus” desde o feliz momento em que fomos,pela fé, lavados no seu precioso sangue. Temos dentro de nós a esperança de que Ele virá nos buscar e nos levar para a sua glória.

6.3.2. Q u e m   p e r t e n c e  à  N o i v a   d e   C r i s t o ?

Será somente a Igreja de Cristo? Não. A ela pertencem os crentes detodas as épocas, desde o justo Abel. Todos os que morreram com fé nossacrifícios que cobriam o pecado, instituídos no Antigo Testamento (cf.SI 32.1) e, por isso, tiveram seus pecados lavados no sangue de Jesusquando Ele morreu na cruz. Com esse ato, os crentes do Antigo Testamento ficaram em igualdade de condições com os crentes da dispensaçãoda Graça. O Senhor, na sua ressurreição, conduziu-os do “Seio de Abraão”ao Paraíso (cf. Ef 4.7-9). Assim, juntamente com a Igreja, formam todosum só corpo, o de Cristo, que aguarda a segunda vinda de Jesus.

6.3.3. O q u e  c a r a c t e r i z a   h o j e   a  N o i v a   d e  C r i s t o ?

Materialmente falando, uma noiva distingue-se de longe! Muitascoisas identificam a Noiva de Cristo: ela o ama (cf. Jó 14.21), lhe é fiel(cf. 2 Co 11.2,3), pertence só a Ele, não entregando o seu amor ao mundo (cf. Jó 15.17-19; Mt 6.24), pois sabe que a amizade do mundo é inimizade contra Deus (cf. Tg 4.4). A Noiva de Cristo rejeita as ofertas do

mundo (cf. Gn 39.9). Ela quer ser fiel até à morte (cf. Ap 2.10; Mt

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E s c a t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

24-13; Rm 8.35,39) e espera o seu Noivo (cf. 2 Tm 4.8), pois na salvação existe a substância da esperança (cf. Tt 2.13; Fp 3.20).

6.3.4. A c o m u n h ã o   d a  N o i v a  c o m   o   s e u  N o i v o

Quando Jesus vier, a nossa comunhão com Ele, como Noiva que somos, será elevada a uma união eterna e perfeita. Por isso, essa união échamada de “bodas”. A Noiva e o Noivo passarão a morar juntos portoda a eternidade. A Bíblia não nos revela detalhes sobre tão grandiosafesta. Não podemos imaginar de que maneira será realizada, pois não hásemelhança entre um casamento na terra e as bodas do Cordeiro. Umacoisa porém é certa: nossa posição como glorificados ao lado de Jesusserá conhecida e proclamada. Que dia feliz! Breve virá esse dia! Sejamosfiéis até o fim! Aleluia!

6.4. A GRANDE CEIA NOS CÉUS

A Bíblia revela, ainda que com poucos detalhes, que haverá umagrande ceia nos céus, e que Jesus, pessoalmente, há de servir aos salvossentados à mesa junto com Abraão, Isaque e Jacó (cf. Lc 12.35,37; 22.30;13.28,29). Quando Ele instituiu a Santa Ceia, disse que não beberiamais neste mundo do fruto da videira, até o dia em que o bebesse denovo no Reino de seu Pai (cf. Mt 26.29; Me 14.25).

Haverá alguma semelhança entre a Ceia do Senhor aqui e aquelagrande ceia? A Bíblia não nos revela detalhes, mas sabemos que noscéus haverá um cântico de louvor pelo sangue que foi derramado (cf.Ap 5.9; 7.14). Jesus, que nos há de servir, terá em suas mãos os sinais doscravos que o feriram (cf. Ap 5.6).

7 . A G r a n d e   T r i b u l a ç ã o

Logo que Jesus tiver arrebatado a sua Igreja, começará no mundo a

Grande Tribulação. A Palavra de Deus fala muito sobre este assunto.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

7.1. O QUE SIGNIFICA A GRANDE TRIBULAÇÃO?

7.1.1. P e r í o d o   d e   s o f r i m e n t o

A Grande Tribulação será um período de sofrimento, de proporçõesainda desconhecidas, que há de se abater sobre o mundo (cf. Ap 7.14).Esse tempo é também conhecido pelos seguintes nomes: a grande aflição (cf. Mt 24.21), a grande angústia (cf. Dn 12.1) e a angústia de Jacó(cf. Jr 30.7). A angústia afligirá os povos em proporções tais que superará todo o sofrimento que o mundo até então tiver experimentado (cf. Lc

21.24-26). A Palavra de Deus usa as mais fortes expressões ao falar dessetempo: “Aquele é um dia de indignação, dia de angústia e de ânsia, diade alvoroço e de desolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens ede densas trevas” (Sf 1.15).

7.1.2. O DIA DA VINGANÇA

A Grande Tribulação é também chamada de “dia da vingança” (cf. Is63.1 -4). Quando Jesus visitou a sinagoga de sua cidade natal, foi convidado a fazer a leitura das Escrituras. Abrindo o livro, achou a passagem deIsaías 61.1-3, que fala do ministério do Messias na terra. Ao chegar àexpressão “anunciar o ano aceitável do Senhor”, parou, ainda que no meiode uma frase, e fechou o livro, dizendo: “Hoje, se cumpriu esta Escrituraem vossos ouvidos” (cf. Lc 4.21). As palavras omitidas daquela frase foram “e o dia da vingança do nosso Deus” (cf. Is 61.2). Aquele dia nãohavia ainda chegado. Todavia, a Grande Tribulação será uma realidade.Que significa, então, essa vingança? Os povos rejeitaram ao Senhor e àsua Palavra, seguindo o Diabo. Na Grande Tribulação, Deus os entregaráao “senhor” que escolheram, isto é, “lhes enviará a operação do erro, paraque creiam a mentira” (cf. 2 Ts 2.10,11). A Grande Tribulação será, dessa

maneira, um tempo em que a força de Satanás triunfará sobre o mundo,experimentando, como resultado, a maior catástrofe do universo.

7.1.3. A i r a   d o   S e n h o r

A Grande Tribulação será um tempo em que a ira do Senhor há de serevelar aos habitantes do mundo. A Palavra de Deus fala muito a respei

to da ira de Deus sobre o pecado (cf. Rm 1.18). Nos últimos tempos,

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Es c a t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

quando a medida do pecado estiver cheia, derramar-se-á a ira de Deus,conforme a previsão da palavra profética. Por isso, esse tempo é chama

do de “a ira futura”, “o dia da ira”, “grande dia da sua ira” e “a ira doCordeiro”. Lemos como os anjos do Senhor derramarão as taças, dandode beber aos povos o vinho da ira de Deus (Ap 16.1-21). Do mesmomodo como o Senhor abriu as janelas dos céus derramando chuvas sobre a terra durante o juízo nos dias de Noé (cf. Gn 7.11), assim tambémtomará a fazer (cf. Is 24.18). Os sete selos com os castigos que os acom

panham serão abertos (cf. Ap 6.1-17). Juízos de Deus soarão sobre omundo. Então, o próprio Senhor há de pisar “o lagar do vinho do furore da ira do Deus Todo-poderoso” (cf. Ap 19.15). Ai da terra, quando aira de Deus vier sobre ela!

7 . 2 . O t e m po  d a   G r a n d e   T r i b u l a ç ã o

7.2.1. A s e p t u a g é s im a   s e m a n aA Grande Tribulação será na septuagésima semana da visão proféti

ca de Daniel (cf. Dn 9.24-27). Temos visto, nos estudos anteriores, queDeus tinha determinado setenta semanas para completar a sua obra entre o seu povo, os judeus (cf. Dn 7.15-27). Quando estes, ao fim dasexagésima nona semana crucificaram seu Messias, a contagem do tempo foi interrompida, e o relógio da dispensação dos judeus parou (cf. Dn9.25,26). Então começou o “tempo dos gentios”, como um parênteseentre a sexagésima nona e a septuagésima semana. Esse tempo dos gentios finda com a entrada da plenitude dos gentios (cf. Rm 11.25), com avinda de Jesus nas nuvens. Então começará a septuagésima semana, queé a Grande Tribulação, pois então o Anticristo se manifestará (cf. Dn9.27). Desse mesmo versículo compreendemos também que a Grande

Tribulação durará somente sete anos.

7 . 2 . 2 .  A v i n d a   d e  J e s u s  n a s   n u v e n s

A Grande Tribulação começa com a vinda de Jesus nas nuvens.Esse fato nos dá base para afirmar que a Igreja de Jesus não estará naterra durante a Grande Tribulação. A Palavra de Deus fala do “princí

pio das dores” (cf. Mt 24.8), isto é, de acontecimentos dolorosos que

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

precederão a Grande Tribulação. Desses, a Igreja participa. Cremosque já estamos vivendo esses dias, em várias partes do mundo. Porém,

da “Grande Tribulação” a Igreja não participará, pois então Jesus já aterá arrebatado do mundo. Aleluia! Vejamos alguns motivos pelos quaisnós cremos que a Igreja não participará da Grande Tribulação.

• A Grande Tribulação é o tempo da ira de Deus. Para os salvos, a irade Deus já passou (cf. Is 12.1). Jesus levou o nosso pecado, de modo que

para nós cessou o motivo da ira de Deus (cf. Jó 1.29). Para os que estãoem Cristo Jesus não há mais condenação (cf. Rm 8.1). A Palavra deDeus diz que nós seremos salvos da “ira futura” (cf. 1 Ts 1.10), e queDeus não nos destinou à ira, mas à aquisição da salvação (cf. 1 Ts 5.9,10).

• A Grande Tribulação é figurada como “a noite” (cf. 1 Ts 5.4-6).Mas a mesma passagem diz que os crentes não são da noite, mas filhos

do dia, filhos da luz. Nós, portanto, não esperamos o Anticristo, mas aCristo. Nós não esperamos a Grande Tribulação, “a noite”, mas a vindade Jesus (cf. 2 Pe 1.19; Ap 21.1).

• A Palavra de Deus nos dá a promessa de escapar dessas coisas (cf.Lc 21.36). Lemos em Isaías 57.1 que o “justo é levado antes do mal”.Graças a Deus!

• As figuras proféticas nos mostram que os crentes serão salvos daGrande Tribulação. A Palavra de Deus diz que, assim como foi nos diasde Noé e de Ló, assim será nos dias do Filho do Homem (cf. Mt 24.37-44; Lc 17.26,30). Ambos os acontecimentos mostram que a Igreja seráarrebatada antes da tribulação, antes do grande juízo de Deus, pois assimaconteceu também com Noé antes do Dilúvio (cf. Gn 7.1), e com Ló

antes de Sodoma ser destruída (cf. Gn 19.22). Graças a Deus! Antes daGrande Tribulação, Jesus levará a Igreja para si.

• A Palavra de Deus mostra claramente que a Igreja é o impedimento para a manifestação do Anticristo. Só depois que ela tiver sido tiradaé que ele poderá se manifestar (cf. 2 Ts 2.7,8). Temos uma boa ilustraçãodisso no que aconteceu com Israel ao passar o Jordão a seco. Enquanto

os sacerdotes com a arca punham seus pés no leito do rio Jordão, a água

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Es c a t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

tomou-se como um muro, permitindo que o povo passasse a seco para ooutro lado. Porém, logo que os sacerdotes subiram do meio do Jordão, as

águas voltaram ao seu lugar (cf. Js 4.18). Quando a Igreja tiver sidotirada do mundo, então as águas da Grande Tribulação serão derramadas sobre ele.

7 . 3 . Sa t a n á s , o   A n t i c r i s t o   e   o   f a l s o  p r o f e t a

Essa trindade satânica é a causa visível dos terríveis sofrimentos na

Grande Tribulação, que será, de um modo especial, um tempo sob odomínio de demônios. Vejamos o que a Palavra de Deus diz sobre esteassunto.

7 .3 .1 . O GOVERNO DE SATANÁS

Satanás e o dragão dominarão de modo completo a terra durante a

Grande Tribulação. Já vimos que Deus, nesse tempo, entregará a Satanás os homens que o escolheram e serviram. O acusador será então precipitado dos lugares celestiais, onde tem sido o seu quartel-general (cf.Ef 6.12), à terra, onde terá o seu campo de ação junto com os exércitosde demônios (cf. Ap 12.9; 9.1,3). Por isso o anjo, com grande voz, clama: “Ai dos que habitam na terra e no mar! Porque o diabo desceu a vóse tem grande ira, sabendo que já tem pouco tempo” (Ap 12.12). Dragãoé um nome usado somente no livro de Apocalipse para designar o Diabo(cf. Ap 12.9). Esse mesmo dragão mostra-nos seu verdadeiro caráter. Nasua ira, ele procurará usar todos os meios para combater a Deus, e chegará ao ponto de procurar imitar o Senhor na manifestação de uma trindade. Ele formará para si essa trindade satânica, através da qual procurarádominar o mundo. Ele, que é o grande adversário de Deus (o nome Sa

tanás vem da palavra hebraica satan, que traduzida é “adversário”), faz-se, dessa maneira, um antideus e dá o seu poder a um que a Bíblia chama“Anticristo” (a besta), além de lhe oferecer um cooperador cuja missãoserá levar os povos a aceitarem o Anticristo. Esse cooperador é chamadode “falso profeta”, que dessa maneira será transformado em umconcentrador de aflições. Os homens hão de passar por sofrimentos tre

mendos, como jamais terão experimentado.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

7 . 3 .2 . O A n t i c r i s t o

O Anticristo será um homem comum, nascido de mulher. João o viu

subir do mar (cf. Ap 13.1), isto é, do meio do povo (cf. Ap 17.15; Is17.12,13). Ele estará vestido de poder e preparo demoníaco de proporções jamais vistas (cf. Ap 13.2,4; 16.13,14). O poder satânico que farádo Anticristo um “super-homem” já está operando no mundo, e é conhecido como o “espírito do anticristo” (cf. 1 Jó 4.3; 2.18). Esse poderdominará totalmente a pessoa do Anticristo, e será o segredo da sua

influência tremenda sobre a humanidade. Os diferentes nomes doAnticristo mostram quem ele será e qual o seu caráter. Ele é chamado naBíblia de “a besta” (cf. Ap 13.1), o “homem do pecado”, o “filho daperdição” (cf. 2 Ts 2.3), o “anticristo (cf. 1 Jó 4.3) e o “assolador” (cf.Dn 9.27; Mt 24.15). É a pessoa que corresponde à “ponta que tinhaolhos”, na visão de Daniel (cf. Dn 7.8,20,25). Ele será extremamente

inteligente, motivo porque conquistará a admiração do mundo (cf. Ap13.2). Será o maior de todos os demagogos, pois seu governo será caracterizado por uma boca para proferir grandes coisas (cf. Ap 13.3; Dn7.7,8,11,25). Terá muita autoridade e poderio (cf. Ap 13.2). Será umconcentrador de todo o mal que tem havido na terra. O ódio de Caimcontra seu justo irmão (cf. Gn 4*4,8), a ganância e sagacidade de Balaãopara seduzir a Israel (cf. Nrn 31.16) e a blasfêmia de Golias contra Deus

e seu exército (cf. 1 Sm 17.8,11) terão, na pessoa do Anticristo, a suapersonificação satânica. A situação do mundo, de profunda aflição esem fé em Deus, fará com que o Anticristo seja recebido como a verdadeira solução para os problemas globais. Ele será a segurança personificada, a mão firme de que o mundo necessita. A Bíblia nos revela o modoque ele usará para ser aceito pelos homens. Meditemos com atenção na

profundidade satânica que a seguinte expressão bíblica nos revela: “A essecuja vinda é segundo a eficácia de Satanás, com todo o poder, e sinais, eprodígios de mentira, e com todo engano da injustiça para os que perecem, porque não receberam o amor da verdade para se salvarem. E, porisso, Deus lhes enviará a operação do erro, para que creiam a mentira”(1 Ts 2.9,10). O mundo deixar-se-á enganar e tomará voluntariamente o

sinal da besta em suas testas e a adorará. Que profundidade de aflição!

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E s c a t o l o g i a   - A D o u t r i n a   d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

7.3.3. O FALSO PROFETA

Satanás sabe que o Espírito Santo, a terceira pessoa da Trindade, équem glorifica a Jesus. Portanto, dará ao Anticristo também um cooperadorque o glorifique, a fim de que seja bem aceito pelo povo. Esse cooperadorserá o falso profeta. O falso profeta será também um homem comum. ABíblia diz que João o viu “subir da terra” (cf. Ap 13.11), o que significa quenascerá como os demais homens (cf. Dn 7.17). A Palavra de Deus também usa, a respeito do falso profeta, um pronome pessoal (cf. Ap 16.13), e

diz que ele recebeu a mesma preparação diabólica do Anticristo. A missãodo falso profeta não é apresentar-se a si mesmo, mas, apelando para osentimento religioso dos homens, fazer com que eles adorem o Anticristo.Por isso está escrito que ele tem chifres como os de um cordeiro, mas falacomo o dragão (cf. Ap 13.13). Para impressionar os povos, o falso profetaconstmirá uma grande imagem da besta e ainda fará com que essa imagem

fale (cf. Ap 13.14,15). O falso profeta não somente procura enganar oshomens para que adorem o Anticristo, mas introduz leis que obriguemtodos os povos a adorá-lo. Obrigará todos a receberem um sinal na mão ouna testa, como testemunho de que aceitam o Anticristo (quem não possuir esse sinal não poderá vender nem comprar, cf. Ap 13.16,17; 14.9), efará morrer os que não adorarem a imagem da besta.

7.3.4. E s s a   t r i n d a d e   s a t â n i c a   t r a r á   a o s   h o m e n s   s o f r i m e n t o s

HORRÍVEIS

A propaganda, no regime de lavagem cerebral, fará o povo aceitarunanimemente todas as leis e as orientações do Anticristo. Os homens,de certo modo, tomar-se-ão endemoninhados (cf. Mt 12.45). No entanto, a Noiva de Cristo, a Igreja, já terá sido tirada da terra nessa época, o

que significa que não haverá mais impedimento para a operação do mal.O mundo se tomará um campo de combate de demônios. A anarquia serátotal. Ai da terra, quando o senhor que ela escolheu dominar seus termos!

7 . 4 . O q u e   a c o n t e c e r á   d u r a n t e  a   G r a n d e   T r i b u l a ç ã o ?

• A Grande Tribulação será caracterizada por um tempo de grande

aflição sobre a humanidade.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

 W W W » « W W ® « B » W W « S »

• A Palavra de Deus mostra que acontecerão grandes catástrofes ecalamidades no mundo. Quando os juízos de Deus sobrevieram a Faraó,ocorreram vários tipos de pragas pela própria natureza (cf. Êx 8.10).Assim será na Grande Tribulação: terremotos, trovões, sinais no Sol, naLua e nas estrelas, etc., coisas que trarão sobre o mundo aflições aindanão conhecidas (cf. Ap 6.12,15; 8.5;11.12,13,19). Tudo isso originarácarestia, pobreza e fome sobre o mundo (cf. Ap 6.5,6).

• A Palavra de Deus mostra que a Grande Tribulação também será

caracterizada por grandes sofrimentos através de guerras e armas tremendas. Estamos já presenciando a apresentação do cavalo vermelho— a guerra (cf. Ap 6.4), acompanhado pelo cavalo amarelo — a morte (cf. Ap 6.8). Cavaleiros munidos de armas tremendas aparecerãocomo gafanhotos, espalhando morte e sofrimento onde chegarem (cf.Ap 9.3,12). Lendo com atenção as visões proféticas de João sobre isso,

tudo indica que ele vislumbrou as bombas atômicas e de hidrogênioem ação, pois o modo como descreve as manifestações coincide com oque ocorre em uma explosão nuclear. Ele escreve: “Houve saraiva efogo misturado com sangue, e foram lançados na terra, que foi queimada na sua terça parte” (Ap 8.7); “Foi lançada no mar uma coisa comoum grande monte ardendo em fogo” (Ap 8.8); “Caiu do céu uma gran

de estrela, ardendo como uma tocha, e caiu sobre a terça parte dos riose sobre as fontes das águas” (Ap 8.10). Ele viu, ainda, cavalos em número de duzentos milhões e “a cabeça dos cavalos era como cabeça deleão; e de sua boca saía fogo, e fumaça, e enxofre” (cf. Ap 9.16,17),referindo-se, certamente, às terríveis armas e carros de combate quehão de surgir. Os demônios sairão para congregar os povos para o grande combate (cf. Ap 16.12,14). Quanto sofrimento haverá sobre o mundo!

• Na Grande Tribulação haverá perseguição religiosa como nuncaantes. O Anticristo e o falso profeta jurarão combater a Deus. Esse já erao propósito de Satanás quando foi derrubado (cf. Is 14-13,14; Ez 28.2,6).O Anticristo se assentará no templo de Jerusalém, dizendo-se Deus (cf.2 Ts 2.4), e receberá adoração (cf. Ap 13.12). Com todos os meios ao

seu alcance fará guerra a Deus (cf. Ap 19.19; Dn 7.25; 11.36).

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Es c a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

• O Anticristo, por intermédio do falso profeta, enganará os homens.Haverá um caos e um fracasso total da doutrina (cf. 2 Ts 2.3). O falsoprofeta engodará os sentimentos religiosos da humanidade, para que adorem o Anticristo (cf. Ap 13.14). Por estar revestido do poder de mentirae de engano (cf. 2 Ts 2.10,11), realizará milagres e sinais de mentira, como fim de levar à prática do mal todos que não encheram seus corações deamor à verdade (cf. Ap 13.14,15). As massas o acompanharão.

• O falso profeta obrigará os homens a tomarem sobre si o sinal da

besta, que possivelmente será um código de identificação permanenteque substituirá todos os documentos e cartões de crédito do indivíduo. Eos homens estarão de tal modo condicionados pelo falso profeta queaceitarão de boa vontade esse sinal (cf. Ap 13.16). Essa identificaçãosignificará uma total e permanente sujeição ao Anticristo. A Palavra deDeus adverte severamente os homens dos castigos terríveis reservados

para os que aceitarem o sinal da besta (cf. Ap 14.9,12). Mas a Bíblia nosinforma que, apesar das ameaças, a quase totalidade dos homens aceitará tal sinal (cf. Ap 13.8). Os homens ficarão como que endemoninhados(cf. Mt 12.45).

• Depois começará uma guerra contra todos aqueles que não aceitaram o sinal da besta. A Bíblia revela que grandes multidões, por causa

do nome de Jesus, recusarão esse sinal. Contra esses, o Anticristo faráuma campanha de destruição total, e os vencerá (cf. Ap 13.7), matando-os (cf. Ap 13.15; Dn 7.21,25; 8.24). Ele tentará extinguir da terra aPalavra de Deus (cf. Am 8.11,12). Porém, apesar de toda essa pressãooficial, muitos não terão amor à sua vida, resistindo ao Anticristo até ofim (cf. Ap 12.11). Nisso estará a vitória: seus nomes estarão no livro davida (cf. Ap 13.8; Dn 12.1). Embora sejam mortos pela besta, sairão

vitoriosos sobre ela (cf. Ap 15.2).• Surge então a pergunta: “Alguém será salvo na Grande Tribula

ção?” Se a pergunta fosse: “Haverá salvação após a morte?” Então a resposta seria clara e definitiva: “Não, de forma alguma!” Somente sobre aterra Jesus perdoa pecados (cf. Me 2.10). No além não haverá possibilidade de modificação (cf. Lc 16.26). Mas quando tratamos da possibili

dade de alguém ser salvo durante a Grande Tribulação devemos con

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

cluir que o dia da graça não termina com o arrebatamento da Igreja, mascom o fim da Grande Tribulação. Lemos em Apocalipse 6.9,11 acerca

dos mártires sob o altar, que morreram por amor à Palavra de Deus!Esses morreram durante a Grande Tribulação, pois de outra maneirateriam ressuscitado na vinda de Jesus. Lemos em Apocalipse 7.11,14sobre a multidão que veio da Grande Tribulação, e cujas vestes forambranqueadas no sangue do Cordeiro. Em Apocalipse 20.4, lemos acercadaqueles que, durante a Grande Tribulação, recusaram tomar sobre si o

sinal da besta, por causa do testemunho de Jesus, e que por isso forammortos. No fim daquele período, porém, ressuscitarão e poderão reinarcom Cristo por mil anos. As promessas de Deus e o poder do sangue de

 Jesus não se alteraram! Quem invocar o nome do Senhor será salvo!Mas o preço será a morte! Por isso está escrito em Apocalipse 6.11 que onúmero dos mártires ainda não está completo. Os que hoje aceitam a

 Jesus, poderão subir com Ele em sua vinda. Mas os que não o fizeremhoje correm o grave perigo de se contaminarem com as massas e seremmortos, ainda que resistam ao Diabo! Por isso o dia da salvação é hoje.

• A Grande Tribulação será uma ditadura universal e cruel doAnticristo. A base política de seu regime será uma aliança de dez nações, dentro dos limites do antigo Império Romano. Na profecia deDaniel lemos sobre os dedos dos pés da grande estátua, que representama base da política do governo dos últimos dias. Esse governo será vencido pela pedra atirada sem mãos (cf. Dn 2.41,45). A mesma profecia estárepresentada em uma outra figura, a da besta com dez chifres. Esses chifres representam dez reis que se levantarão contra o Deus Todo-podero-so, mas que serão por Ele vencidos (cf. Dn 7.7,8,19,27). Quando comparamos essas profecias com as palavras de Apocalipse 13.1,2 e 17.11,13,

vemos sempre a mesma coisa, isto é, uma aliança de dez reis, sob o domínio final do Anticristo. Haverá armamento de qualidade e em quantidade como nunca antes. Está escrito: “Quem é semelhante à besta? Quempoderá batalhar contra ela?” (Ap 13.4) Isso nos dá a entender que existirão outros blocos políticos. Temos a aliança dos países do Norte, ondegovernará o príncipe de Gogue e Magogue (Ez 38.2). As palavras

“Meseque” e “Tubal” são nomes que se referem à Federação Russa, com

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E s c a t o l o g i a - A D o u t r i n a   d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

a qual muitas nações estarão em aliança (cf. Ez 38.5,7,9,22). Temos ainda o bloco dos “reis do Oriente” (cf. Ap 16.12), que já em nossos dias é

uma potência mundial de primeira ordem. Ai do mundo! Esses blocos,durante o tenebroso reinado do Anticristo, se defrontarão em combateem um banho de sangue como nunca houve antes.

7.5. OS SOFRIMENTOS DE ISRAEL DURANTE A GRANDE TRIBULAÇÃO

7.5.1. A ALIANÇA COM ISRAEL

Quando o Anticristo se manifestar, fará aliança com Israel por seteanos (cf. Dn 9.27). Será certamente um pacto de não-agressão, que daráa Israel inteira liberdade de construir o Templo e de adorar a Deus. Éterrível observar como Israel, que primeiro rejeitou o Messias, o Salvador (cf. Jó 1.11), agora recebe o Anticristo e faz aliança com ele (cf. Jó5.43). Deixar-se-ão enganar por causa da aparente tranqüilidade exis

tente (cf. Dn 8.25). Como sofrerão os judeus por causa dessa aliança!Pagarão caro por terem feito um pacto com o Diabo! Após três anos emeio, o Anticristo romperá a aliança com os judeus (cf. Dn 9.27). Eleatacará Jerusalém, tomará o Templo e o profanará (cf. 2 Ts 2.3,4; Dn8.13). O próprio Jesus predisse esse acontecimento (cf. Mt 24.15,24).Os judeus serão proibidos de realizar seus cultos.

7.5.2. I s r a e l  e m   f u g a

Quando Jesus fala desses acontecimentos, aconselha os judeus a fugirem para as montanhas (cf. Mt 24.16). As profecias têm muito a dizeracerca dessa fuga. Ela está revelada também em Apocalipse 12, ondevemos o dragão perseguindo a mulher cujo vestido era o Sol e em cujospés estava a Lua, e que tinha estrelas em sua coroa (cf. Ap 12.1). Segun

do Gênesis 37.9,11, essa mulher parece ser Israel, ali representado peloSol, pela Lua e pelas estrelas. Ademais, Israel é muitas vezes representado por uma mulher (cf. Is 54-1,6; Jr 3.1,14; Os 2.14,23). Essa mulherfugirá para um lugar que Deus lhe preparou (cf. Ap 12.6). Deus, quecuidou do povo de Israel durante a jornada de quarenta anos através dodeserto, também o socorrerá quando fugir do Anticristo. Em Isaías 16.1,9,

lemos acerca da fuga causada pelo “destruidor”, pelo “homem violento”

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

e pelo “opressor”. Certamente essa profecia descreve a fuga de Israel porcausa do Anticristo. Vemos que Israel fugirá para Moabe (cf. Is 16.4).

Em Daniel 11.40,41, nem Moabe nem Edom serão conquistados peloAnticristo, porque ele ouvirá um rumor longe que o atrairá para outrasbatalhas (cf. Dn 11.44). Em Salmos 60.8, está escrito que “sobre Edomlançarei o meu sapato”, uma expressão que traduz posse e domínio (cf.Rt 4-7,9). Parece-nos que Deus não deixou o Anticristo apossar-se desselugar, porque deverá servir de refúgio aos judeus (cf. Ap 12.6). Edom e

Moabe correspondem à atual Jordânia. Jesus disse aos judeus que deveriam fugir para os montes (cf. Mt 24.16), e em Apocalipse 12.6, lemosque a mulher fugiu para o deserto. Esse lugar, do qual a Bíblia fala emIsaías 16.1,4, é uma terra seca e montanhosa. Talvez ali se localizem as“câmaras” para as quais os judeus fugirão, enquanto a ira de Deus varrera terra (cf. Is 26.20).

7.5.3. O A r m a g e d o m

O Anticristo reunirá todos os exércitos da terra para a batalha emArmagedom. Os demônios incitarão os homens a desejarem a guerra(cf. Ap 16.13,14). Armagedom é o mesmo campo de batalha de Megido(cf. Zc 12.11). Naquele vale, muitas batalhas já se realizaram atravésdos tempos. O povo de Israel é como uma pedra de tropeço e de escân

dalo para todos os povos (cf. Zc 12.2,3). Os homens se ajuntarão para odestruir. A terça parte dos judeus morrerá (cf. Zc 13.8), as mulheresserão desonradas e profanadas (cf. Zc 14.2) e muitos do povo serão levados cativos. A cidade de Jerusalém estará perto de ser destruída. EmArmagedom a batalha será extremamente sangrenta, e o sangue dosmortos será tanto que encherá o vale até à boca dos cavalos (cf. Ap

14.20). Quanto sofrimento!

8 . A V o l t a   d e   J e s u s   e m   G l ó r i a

 Jesus voltará em glória no fim da Grande Tribulação. Já vimos

como Jesus voltará sobre as nuvens para buscar e arrebatar para si a

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Es c a t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

sua Igreja. E dissemos que essa será a primeira fase de sua segundavinda. Agora, meditemos sobre a segunda fase dessa vinda, quandoEle voltará em glória, visível aos olhos de todos os homens, paracriar justiça na terra.

8.1.  J e s u s   v o l t a r á   e m   g l ó r i a   j u n t a m e n t e   c o m   a   s u a   I g r e j a   g l o

RIFICADA

Vimos, anteriormente, como exércitos de milhões de homens se

defrontarão no vale do Armagedom, e como Israel estará prestes aser derrotado diante dos ataques do Anticristo a Jerusalém. Nessemomento ocorrerá um milagre: nas nuvens do céu aparecerá um exército de muitos milhões, vestidos de branco e cavalgando cavalos brancos. A frente desse exército vindo do céu estará um que é mais glorioso que todos: Jesus (cf. Ap 19.11-16), o Rei dos reis e Senhor dos

senhores. Chegou o momento de Deus revelar ao mundo o bem-aventurado e único poderoso Senhor (cf. 1 Tm 6.15). Jesus voltará visível aos olhos de toda a humanidade (cf. Ap 1.7). A Bíblia diz que Eleporá os pés sobre o monte das Oliveiras, e esse monte, por meio deterremoto, se fenderá em dois (cf. Zc 14.3,4), e todos verão asobreexcelente glória do Senhor (cf. 2 Ts 1.7-10; Tt 2.13; Mt 16.27).

Esse é o sinal do Filho do Homem (cf. Mt 24.30). A sua Igreja estaráao lado de Jesus, pois os salvos, ao lado do seu Senhor, participarãoda vitória total de Jesus.

8 .2 . O QUE ACONTECERÁ AOS JUDEUS NA VINDA DE JESUS EM GLÓRIA?

No momento da volta triunfal de Jesus, os judeus estarão no augede sua maior aflição. Mas quando Jesus se manifestar em glória, também o Espírito Santo de Deus estará presente (cf. Zc 12.10). O Espírito sempre glorificou a Jesus (cf. Jó 16.14). Todo o povo de Israel,em um só momento, reconhecerá Jesus como o Messias a quem aguardavam, mas que já viera e fora por eles rejeitado. No entanto, reconhecerão seus pecados e chorarão, certamente com um enorme pesode consciência por terem feito aliança com o Anticristo. Mas o Espí

rito revelará aos judeus a fonte de purificação que se abriu também

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

para eles (cf. Zc 13.1,2). O Senhor os purificará por meio do sanguede Jesus (cf. Ez 36.24-27; Jr 50.20). E assim se cumprirá a segundaparte da profecia de Ezequiel 37, quando o espírito entrou nos corposmortos, e estes se puseram de pé, um exército extremamente grande(cf. Ez 37.10). O povo de Israel, que já recuperou sua vida nacional,receberá então a vida espiritual, sendo salvos em um só dia (cf. Is66.7,8). O Senhor fará com eles uma nova aliança (cf. Hb 8.8-10;10.16.17). Será um tempo de refrigério (cf. At 3.19-21): todo o Isra

el creu e foi salvo (cf. Rm 11.26,27; Is 4.3,4; Os 3.5). Então os judeusdirão acerca de Jesus: “Bendito o que vem em nome do Senhor” (cf.Mt 23.39).

8 . 3 . J e s u s   v e n c e r á   o   A n t i c r i s t o   e   s e u s   e x é r c i t o s

Quando o Anticristo vir Jesus e o exército celestial vindo ao seu

encontro, todos em cavalos brancos, se encherá de ódio e furor econvocará os seus exércitos para combater contra Jesus (cf. Ap 19.19).

 Jesus aceitará esse desafio (cf. Ap 17.14). Então se cumprirá a primeira profecia da Bíblia acerca dos acontecimentos dos últimos dias,pois Enoque, o sétimo depois de Adão, viu a Jesus chegando commilhares de santos para fazer justiça e castigar os ímpios (cf. Jd 14,15).

Chegou o momento em que o império universal do Anticristo seráesmiuçado pela pedra cortada sem mãos (cf. Dn 2.44,45). E essa pedra é Jesus (cf. At 4.12). Esse será o dia da vitória do Messias sobreaqueles que se levantaram contra Ele (cf. Sl 2.1-12). O Senhor sairácontra o Anticristo como um fogo, e os seus carros como uma tempestade (cf. Is 66.15,16). Ele brandirá a sua foice (cf. Jl 3.13; Ap14.17.18). Ele vem para limpar a sua eira (cf. Mq 4.12,13; Mt 3.12;

Sl 110.5,6).A vinda de Jesus em glória é chamada de “Dia do Senhor”. E esse dia

terá chegado (cf. Jl 1.15; 3.14; Am 5.20), sendo ele terrível (cf. Ml 4.5).Então seus adversários serão castigados (cf. Is 26.21). Ele pisará o lagarda sua ira (cf. Is 63.1-6). As forças da natureza se levantarão contra oAnticristo e seus aliados (cf. Ez 38.20). E, pela presença do Senhor, os

exércitos deles perderão sua organização e ordem, e voltarão suas espa

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E s c a t o l o g i a   - A D o u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

das uns contra os outros (cf. Zc 14.13; Ez 38.21). Gases venenosos farãoapodrecer seus olhos nas órbitas (cf. Zc 14-12). O sangue será tanto que

alcançará a boca dos cavalos (cf. Ap 14.20). Uma repentina destruiçãochegará sobre o mundo, pois diante de Jesus toda a resistência será inútil(cf. 1 Ts 5.3; 2 Ts 1.8).

8 . 3 .1 . O A n t i c r i s t o   e  o   f a l s o  p r o f e t a   s e r ã o   p r e s o s

Eles serão trazidos vivos à presença de Jesus. Ele os condenará su

mária e imediatamente. E a sentença, a morte eterna, será logo executada. O inferno abrirá as suas portas e esses dois homens, o Anticristoe o falso profeta, que se fizeram instrumentos de Satanás, serão lançados no lago de fogo, que foi preparado para o Diabo e seus anjos (cf.Ap 19.20; Mt 25.41).

8.3.2. S a t a n á s  — o d r a g ã o  — t a m b é m   s e r á   p r e s o

Será um anjo que cumprirá a ordem divina de prisão. Ele trará namão a chave do abismo (que Jesus tirou do próprio Diabo, cf. Ap 1.18;9.1) e uma cadeia (cf. Ap 20.1,2). Então Satanás será preso e encarcerado no poço do abismo, e ali ficará por mil anos (cf. Ap 20.3). Que grande vitória! O povo de Deus estará presente nesse grande dia, cumprin

do-se a profecia de Romanos 16.20.

8 . 3 .3 . O c o m b a t e   s e   e n c e r r a r á  n o  v a l e   d e  A r m a g e d o m

O sol da justiça já terá raiado (cf. Ml 4.1-3) e toda a humanidadereconhecerá que Jesus é o Senhor (cf. Fp 2.11). Os pecadores clamarãoaos montes: “Caí sobre nós e escondei-nos do rosto daquele que está

assentado sobre o trono e da ira do Cordeiro” (cf. Ap 6.15-17). Então osabutres dos céus se ajuntarão para comer a carne dos reis e dos poderosos(cf. Ap 19.17,18; Ez 39.17-20). Israel trabalhará para limpar a sua terrae sepultar os mortos, um trabalho que levará sete meses (cf. Ez 39.12-16). Tomarão uma presa abundante (cf. Ez 39.10), mas todas as armasserão destruídas (cf. Is 2.4; Mq 4.3). Os sobreviventes da luta voltarãopara suas terras, sabendo que Deus operou e pelejou por seu povo.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

8.4. O  JULGAMENTO DAS NAÇÕES

Antes de Jesus assumir o seu principado e iniciar o seu governomilenar, Ele julgará as nações. Lemos a esse respeito, sob a forma deuma parábola profética, no sermão de Jesus em Mateus 25.31-46. Esse

 julgamento não deve ser confundido com o Juízo Final diante do trono branco, que terá lugar após o Milênio (cf. Ap 20.11-15). Acerca do julgamento das nações a Bíblia fala pouco.

8.4.1. O TEMPO DESSE JULGAMENTO

 Jesus disse que o tempo do julgamento das nações será na sua vindaem glória (cf. Mt 25.31). Depois que o exército do Anticristo for vencido, Jesus se assentará no seu trono de glória. Isso se dará no lugar que aBíblia chama “vale de Jeosafá” (cf. Jl 3.12,14). Jesus agora é rei, pois naparábola está escrito: “O rei lhes dirá” (cf. Mt 25.34-40).

8.4.2. Q u e m   s e r á   j u l g a d o   d ia n t e   d e s s e   t r i b u n a l ?

Está escrito que todas as nações estarão nele reunidas (cf. Mt 24.32).Somente no julgamento final, diante do trono branco, é que responderão isolados, pelos pecados cometidos individualmente(cf. 1 Co 4.5).Mas no julgamento das nações a humanidade será julgada de modo co

letivo. Possivelmente virão à presença de Jesus as autoridades constituídas de cada nação.

8 .4 .3 .0 QUE SERÁ  j u l g a d o   n e s s e  t r i b u n a l ?

No julgamento final, diante do trono branco, serão julgados os pecados que se acharem escritos nos livros (cf. Ap 20.12). Porém, no

 julgamento das nações não se tratarão de pecados individuais, mas do

modo de tratar os menores irmãos de Jesus (cf. Mt 25.40,45). Isso serefere, certamente, aos judeus, que são os irmãos de Jesus segundo acarne (cf. Rm 8.5; Jó 1.11). Vimos, em estudos anteriores, como os

 judeus foram espalhados por toda a terra. Foram perseguidos, humilhados, hostilizados e assassinados! A Bíblia diz que Deus sabe quemtratou mal o seu povo (cf. Jl 3.3,6,7; Ez 25.6,7; Sf 1.8-18; Ob 9,15).

Deus sabe que a oposição aos judeus foi, na verdade, oposição a Ele

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Es c a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

próprio (cf. 2 Rs 18.22,32-35; 19.22,23). Quando Abraão representava a nação israelita, Deus prometeu abençoar os que o abençoassem, e

amaldiçoar os que o amaldiçoassem (cf. Gn 12.3). Isso Deus nuncaesqueceu. E essa promessa será levada à presença de Jesus, no tribunalque julgará as nações.

8.4.4. A SENTENÇA DESSE TRIBUNAL

A Bíblia não revela com detalhes a sentença que essa corte de justiça

dará. Parece que decretará bênção ou maldição sobre as nações. Após acatástrofe de Armagedom e do caos generalizado sobre todo o mundo,quando mais de um terço da humanidade terá perecido na guerra, éevidente uma reorganização total das nações e seus limites no mapa político mundial. Certamente as nações que tiverem tratado bem os judeus terão posição de destaque entre as demais, enquanto a maldição

estará sobre as que os tiverem maltratado. A Bíblia fala de reinos queforam esmiuçados (cf. Dn 2.44). E provável que o tribunal das naçõespromova ou confirme essas mudanças e modificações pelas quais a humanidade passará.

8.4.5. O CUMPRIMENTO DAS SENTENÇAS

As sentenças de condenação de morte eterna ou de absolvição paragozo eterno de que fala a parábola em Mateus 25.46, sem falta terão oseu cumprimento. Cada nação pagará pelos seus feitos e sofrerá as conseqüências de suas obras. Todavia, não se sabe se as sentenças de condenação eterna que forem pronunciadas no tribunal das nações serãoexecutadas imediatamente ou só no julgamento final, diante do tronobranco (cf. Ap 20.11-15). Sabemos que não haverá ninguém no infer

no, quando o Anticristo e o falso profeta forem ali lançados (cf. Ap19.20). Quando Satanás for também lançado no mesmo lugar, mil anosmais tarde, somente o Anticristo e o falso profeta estarão nessa prisão,e ninguém mais foi para lá enviado (cf. Ap 20.11). Concluímos, então, que os condenados no tribunal das nações, governantes que responderão por crimes de responsabilidade, não terão suas sentenças exe

cutadas imediatamente, mas no julgamento final, quando a trindade

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T e o l o g i a   S i s t e m á t i c a

satânica receberá toda a condenação (cf. Ap 20.15). A perspectivaprofética permite-nos dissociar datas. Quando Jesus fala acerca da res

surreição dos justos e dos injustos, em João 5.28,29, Ele fala desse fatocomo um acontecimento único, embora decorressem mil anos entreum e outro acontecimento.

8.5. A RESSURREIÇÃO DOS MÁRTIRES DA GRANDE TRIBULAÇÃO

Multidões de pessoas, durante a Grande Tribulação, negar-se-ão a

adorar a besta ou sua imagem, bem como aceitar o seu sinal. Permanecerão firmes no testemunho de Jesus e da Palavra de Deus, e, por isso,serão todos assassinados. Que banho de sangue! Nunca, em todos ostempos, correu tanto sangue por causa do amor a Jesus. Porém, apesarde morrerem martirizados, sairão vencedores (cf. Ap 15.2). Vencerampor não se curvarem à besta. Venceram porque pelo seu testemunho

obtiveram a salvação. À poderosa voz de Jesus, todos ressuscitarão (cf. Jó 5.28). Ressuscitarão com corpos glorificados. Que grande alegriapara esses será ver a Jesus e contemplar a grande multidão de salvosque foram arrebatados sobre as nuvens na vinda de Cristo! Então essesmártires se unirão à igreja glorificada que desceu do céu com Jesus e,

 juntos, governarão a terra por mil anos, sob a direção do Senhor.A Grande Tribulação terá terminado. Israel estará salvo. Todos se

esforçarão para apagar os rastos e as ruínas da grande catástrofe mundial.As nações sofrerão as amargas conseqüências do regime do Anticristo.Mas, nesse tempo, mais de uma terça parte da humanidade terá perecido! Jesus e sua Igreja governarão o mundo e reconstruirão as nações. OMilênio estará às portas.

9 . O M i l ê n i o

Um dos pontos altos da profecia é, sem dúvida, o Milênio. É umassunto controvertido sobre as profecias acerca dos acontecimentos dosúltimos dias. Exatamente por isso o nosso interesse por ele aumenta ao

examinarmos as Escrituras.

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Es c a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a s  Úl t i m a s  C o is a s

9.1.  O QUE SIGNIFICA “ MlLÊNIO” ?

O Milênio é um período de mil anos em que Jesus, juntamente com

a sua Igreja glorificada, governará a terra. Esse governo não será alegóri-co nem simbólico, mas real, concreto e visível (cf. Ap 20.4,6). Teráinício no fim da Grande Tribulação, quando o Anticristo e o falso profeta tiverem sido vencidos, e Satanás estiver preso, mas depois que Jesustiver julgado as nações. Os diferentes nomes aplicados ao Milênio fazem-nos compreender o significado desse período:

• Mil anos (cf. Ap 20.4,6), expressão que define a extensão do tempo.

• Regeneração da terra (cf. Mt 19.27,28), mostra-nos a origem donovo tempo de bênçãos para o mundo.

• “Consolação de Israel” e “redenção de Israel” (cf. Lc 2.25,38), faladaquilo que Israel esperava: a plenitude da manifestação do Messias.

• Reino de Cristo e de Deus (cf. Ef 5.5), revela-nos como governantesDeus e Cristo, que receberá o poder e o reino de Deus, seu Pai (cf. Lc1.32,33; Dn 7.13,14; Is 9.6,7).

• Dispensação da plenitude dos tempos (cf. Ef 1.10), mostra-nos queo “Milênio” será o último dos grandes períodos históricos, antes do raiarda eternidade.

9.2. As PROFECIAS FALAM DE UM PERÍODO LITERAL DE MIL ANOS

Muitos têm procurado atribuir sentido alegórico e figurado à palavraMilênio, mas a Bíblia fala do reinado de mil anos como coisa literal,semelhante a qualquer outro estado político. Se esse reinado de mil anosnão fosse real haveria contradições na Bíblia. Vejamos quatro profecias

cuja interpretação só tem sentido pela existência de um reinado universal, no qual Jesus e a sua Igreja governarão a terra em sentido real.

9.2.1.  J e s u s  — g o v e r n a d o r   d o   m u n d o

As profecias falam de um tempo em que Jesus governará a terra(cf. Lc 1.32,33; Jr 30.9,11; Zc 14.9; Ml 1.11; Os 3.4,5; Dn 2.44,45;

7.12,14; Ez 34.24; 37.24,28; Is 2.2,4; 9.6,7; Mq 4.7; 1 Co 15.25).

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T e o l o g i a  Si s t e m á t ic a

Nenhuma delas cumpriu-se na primeira vinda de Jesus. Elas podemsomente ser entendidas como um futuro reinado literal de Jesus so

bre a terra. Lemos ainda em Salmos 22.1,21 a profecia acerca dosofrimento e da morte de Jesus, e nos versículos 22 e 31 acerca do seutriunfo sobre as nações.

9.2.2. A s c e n s ã o   e  g r a n d e z a   d e   I s r a e l

As profecias falam de um tempo de glória e grandeza para Israel (cf.

Is 60.1,22; 62.8,12; 14.1,2; At 1.6,7; Am 9.11,15). Desde que Israel (asdez tribos) perdeu sua independência, em 721 a.C., e Judá em 588 a.C.,a nação não a recuperou senão em 14 de maio de 1948, quando se estabeleceu como Estado soberano. O período de grandeza e de glória que asprofecias prometem não chegou ainda, mas terá cumprimento literaldurante o reinado de mil anos.

9.2.3.  J e r u s a l é m  — c a p i t a l   d o   m u n d o

As profecias falam de um tempo em que Jerusalém será a capital domundo inteiro (cf. Mq 4.8,13; Sf 3.13,20; Is 2.3,5; 60.1,3; 66.20; Zc14-16,19). Essa predição ainda não se cumpriu, mas terá seu cumprimento durante o Milênio, quando Jesus estabelecer Jerusalém como capital do mundo.

9.2.4. R e i n a d o   d a   Ig r e j a

As profecias falam do reinado da Igreja com Jesus. Está escrito quesomos reis e sacerdotes e que reinaremos (cf. Ap 1.6; 5.10; 11.15), etambém se diz que reinaremos com Cristo sobre as nações (cf. Ap2.26,27). A Bíblia fala que herdaremos o Reino (cf. 1 Co 6.9,10; Hb

12.28; Lc 12.31,32), e que reinaremos com Cristo (cf. 2 Tm 2.12; 1 Co6.2,4). Daniel experimentou uma visão em que os santos recebiam oreino e o domínio (cf. Dn 7.18,27). O salmista, falando do domínio de

 Jesus sobre as nações, acrescenta: “Esta honra, tê-la-ão todos os santos”(cf. SI 149.9). Em nenhuma das fases de sua existência a Igreja viu cumprida essa promessa. Mas sabemos que se cumprirá durante o Milênio,

ao pé da letra.

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Es c a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a s  Úl t i m a s  C o i s a s■m m   - -í '■«. -s.- « - - ~

9.3. As CIRCUNSTÂNCIAS FAVORÁVEIS AO ESTABELECIMENTO DO MlLÊNIO

Motivos que levam Jesus, a quem hoje pregamos como Salvador e

que é rejeitado pela grande maioria, a tornar-se governante do mundo.

9.3.1. A CONVERSÃO RADICAL DO POVO JUDEU O LIGARÁ A JESUS

 Já vimos que os judeus sofrerão pavorosamente quando o Anticristoatacar Jerusalém e que, durante a aflição, verão descer das nuvens o Messias glorificado, a quem invocarão e por quem serão salvos em um só dia

(cf. Zc 12.10,12). Verão em Jesus o Salvador e o Rei Celestial que venceráo Anticristo e as nações que estão atacando a Cidade Santa. Verão aquEleque tem todo o poder no céu e na terra, seja espiritual, político ou militar.E evidente que os judeus aceitarão a Jesus como rei e governante, porque,pelas Escrituras, esperam a glória do Messias nesse Milênio.

9.3.2. As NAÇÕES ACEITARÃO A JESUS COMO GOVERNANTE UNIVERSAL Jesus iniciará seu governo ao encerrar-se a maior catástrofe da histó

ria. Os que estiverem vivos terão na lembrança a recente batalha doArmagedom, pois testemunharam a morte da terça parte da humanidade, presenciaram a guerra nuclear destruir as grandes metrópoles e viram os povos arruinados.

As nações restantes lembrarão com pav.or o domínio do Anticristosobre a terra. Compreenderão que o próprio Diabo foi o grandeinspirador de todos aqueles males. Saberão da importante vitória de

 Jesus sobre a besta e o falso profeta, que foram lançados no lago defogo e de enxofre. Serão testemunhas do grande poder de Jesus. Certamente a humanidade sentirá, então, que o governo de Jesus traz benefícios a todos. O julgamento das nações terá terminado. Os sobrevi

ventes receberão bênçãos (cf. Mt 25.31,46), pelo modo como trataram os “menores irmãos de Jesus”. Serão testemunhas da autoridade eda justiça do Senhor e o desejarão para governante. O Diabo (cf. Ap20.1,2), aquele que poderia semear revolta e resistência contra o governo de Jesus, estará preso. Não haverá obstáculo para o Senhor. Comtoda liberdade e com o consentimento dos homens, Jesus governará

sobre a terra.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

9.4. C o m o   s e r á  o   G o v e r n o  M i l e n a r  d e   J e s u s   n a   t e r r a ?

Será uma teocracia (governo de Deus), na expressão completa dapalavra.

9.4.1. O GOVERNO DE JESUS

O Senhor governará os povos por intermédio daqueles que Ele nomear para cargos administrativos. Das pessoas que então viverem, Jesusnomeará algumas para exercerem cargos administrativos. Essas recebe

rão instruções diretamente do Senhor. Quando Isaías descreveu a glóriado Milênio, falou da coluna de fogo e da nuvem (cf. Is 4.4,5). Isso émuito significativo, pois foi pela coluna de fogo e pela nuvem que Deus,literalmente, guiou o seu povo através do deserto. Deus dava ordens aMoisés e a Arão, e esses as executavam (cf. Êx 13.21; 14.19; Nrn 9.15-23; 12.5,9). Por isso está escrito: “Guiaste o teu povo, como a um reba

nho, pela mão de Moisés e de Arão” (Sl 77.20). Assim também será ogoverno de Jesus.

9.4.2.  J e r u s a lé m s e rá a c a p i ta l d a t e r r a (c f . Is  2.2,3; 60.3; Jr  3.17)Os dirigentes das nações, nomeados por Jesus, irão a Jerusalém para

aprender a vontade do Senhor (cf. Is 2.3,4; Zc 8.21-23; 14.16-20; Jr

31.6; 50.5). Haverá ali reuniões importantes, onde o Senhor determinará como o mundo deve ser administrado.

9.4.3.  J e s u s   j u l g a r á   p e s s o a l m e n t e  a s   q u e s t õ e s   m a is   i m p o r t a n t e s

Sendo Rei, a sua glória causará respeito e acatamento. A justiça seráa base de seu trono (cf. Sl 72.1-12; 98.1-4,6; Is 11.3-9; Mq 4.3). As leisprocederão dEle, pois é legislador (cf. Tg 4.12), e a condenação para ospecadores dEle também sairá (cf. Is 65.20).

9.5. A INCUMBÊNCIA DA IGREJA DURANTE A GRANDE TRIBULAÇÃO

 Já vimos como a Igreja será arrebatada com Jesus, na primeira fase desua segunda vinda, e como acompanhará o Senhor quando, glorificado,voltar à terra para vencer o Anticristo (cf. Ap 19.11-21). No mesmo

momento ocorrerá a ressurreição dos mártires da Grande Tribulação (cf.

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Es c a t o l o g i a   A D o u t r i n a  d a s  Úl t i m a s  C o i s a s

~ v - - - ~ - - i - —

Ap 20.4), que se reunirão à Igreja glorificada. São esses que reinarãocom Cristo por mil anos (cf. Ap 20.4).

9.5.1. E s s e s   m o r a r ã o  n a  n o v a  J e r u s a l é m   ( c f . A p  21.1-26)A nova Jerusalém é uma cidade celestial cujo comprimento, lar

gura e altura são iguais (cf. Ap 21.16). E cercada de um muro de jaspe, e seus fundamentos são de pedras preciosas (cf. Ap 21.17-20).As portas da cidade são pérolas puras (cf. Ap 21.21) e a própria cida

de é de ouro puro, como cristal transparente. Ela é chamada “SantaCidade” (cf. Ap 21.2) ou “a mulher do Cordeiro” (cf. Ap 21.9-10),porque é a morada dos remidos de todos os tempos. É também chamada: “Nova Jerusalém” (cf. Ap 21.2), “a santa Jerusalém” (cf. Ap21.10), “a Jerusalém celestial” (Hb 12.22). Uma voz do céu chamoua cidade de “tabemáculo de Deus” (cf. Ap 21.3). Essa cidade virá

descendo do céu e parará no ar, sobre a Jerusalém terrestre (cf. Ap21.2). Os remidos terão nela a sua morada, com seus movimentossemelhantes aos de Jesus após a sua ressurreição (cf. Fp 3.21; 1 Co15.40; Jó 20.19-26; Lc 24.15,31).

9.5.2. Os 12 a p ó s t o l o s o c u p a r ã o p o s iç ã o de d e s ta q u e (Mt  19.27,28; 

Lc 22.30)

Terão a incumbência especial de levar as palavras de Jesus à 12 tribosde Israel que, no Milênio, estarão reunidas na Palestina.

9.5.3. Os SANTOS REUNIR-SE-ÃO COM CRISTO

 Jesus será o Rei, mas os salvos também são reis (cf. Ap 1.6) e certamente velarão pelo cumprimento das ordens de Jesus na terra. E pro

vável que aqui se apliquem as palavras de Jesus acerca da atribuição deadministrar de cinco a dez cidades, conferida aos servos fiéis (cf. Lc19.17-19).

9.6. AS CARACTERÍSTICAS DO MlLÊNIO

Será um tempo de extrema felicidade. Jesus governará e o Diabo es

tará preso. Atualmente, parece acontecer o contrário (cf. Mt 27.2).

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

mMmmmsm&mmmmmmmmimis 

9.6.1. OS HOMENS GOZARÃO BÊNÇÃOS RIQUÍSSIMAS NA VIDA MATERIAL

Existirão condições favoráveis à abolição do álcool, dos entorpecen

tes e do fumo, que causam danos à saúde. Isso fará com que os homensalcancem idade avançada, o que era comum no início da criação (cf. Is65.20,23; Zc 8.3,4). As bênçãos de Deus operarão saúde para os povos(cf. Is 35.5,6; Ml 4.2; Jr 33.10-16).

9.6.2. O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO E ECONÔMICO SERÁ SURPREEN

DENTEHaverá um tempo de reconstrução como nunca houve na terra. Não

existirão administradores desonestos no governo de Jesus (cf. Is 58,12;61.4; Ez 36.8,12,33,38). As possibilidades de aquisição da casa própriaserão ampliadas (cf. Mq 4-4; Is 65.21,22). O bem-estar social alcançaráprogressivamente a todos (cf. Sl 72.1,7; 1.3,6; Is 32.15,20; Am 9.13,16;

Zc 1.17; 3.10). Também a tecnologia será posta a serviço do bem comum. Atualmente, o objetivo da ciência é a guerra, o aperfeiçoamentobélico. Porém, no Milênio a ciência estará a serviço da paz e do bem.Em Isaías 35.8, lemos acerca da construção de uma importante rodovia,que certamente não será a única. Cremos que muitas rodovias modernasserão construídas em direção a Jerusalém.

9 . 6 . 3 .  A PRÓPRIA NATUREZA FLORESCERÁ NO MlLÊNIO

A vegetação estará liberta da maldição do dia da queda (cf. Gn 3.17,19).Toda a criação será liberta da escravidão (cf. Rm 8.18,22) e a terra seráfértil, de modo que os lugares secos se tomarão em jardins verdejantes (cf.Sl 67.6; Jl 2.19,24; 3.18; Am 9.13; Ez 34.26,27; 36.35; Is 30.23,25; 33.20,21;35.1,2; 41.18; 51.3; 55.12). A profecia fala de um rio que sairá de Jerusalém

(cf. Zc 14-8; Ez 47.1,12; Jl 3.18; Sl 46.5; Is 35.6). Esse não é tratado comdetalhes na Bíblia, de modo que nos limitaremos a crer no cumprimento daprofecia. Suas águas tomarão férteis as terras limítrofes. Até a fauna seráalcançada pelas bênçãos do Milênio. Uma vez abolida a maldição original,nenhum animal causará dano ao homem (cf. Is 11.9). As feras conviverãocom o homem (cf. Is 11.6,7,8; 65.25; Ez 34.25; Os 2.18; Is 35.9). Os homens

estarão livres dos insetos. Como será maravilhoso para a humanidade!

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Es c a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

9.6.4- No PLANO POLÍTICO HAVERÁ PAZ E COMPREENSÃO COMO NUNCA

ANTESO povo judeu, em cuja terra será centralizada a administração uni-

versai de Jesus, terá alcançado a glória nas profecias. Quando Jesus vierem glória, dará ordens aos seus anjos, para que ajuntem todos os judeusdos quatro cantos da terra, para os trazer à Palestina, para que ali setomem, de fato, uma única nação (cf. Me 13.26,27; Ez 39.25,28; Is11.11,16; 14.1,2; 43.1,6; Mq 4.6,7; Ez 37.19,22). A Palestina terá todo oterritório que Deus prometeu a Abraão (cf. Gn 15.14,18; Jr 32.41,44).Os judeus alcançarão também a paz e o sossego que atualmente lhes étão difícil conseguir (cf. Zc 10.10,11; Ez 36.15; Jr 16.15). Viverão a plenitude da promessa feita a Abraão: “Em ti serão benditas todas as famílias da terra” (cf. Gn 12.3). Serão cabeça entre as nações (cf. Dt 28.13).Não haverá guerras, nem armas, nem serviço militar (cf. Is 2.4; Zc 9.10;

Mq 4.3; Sl 46.9,11). Cumprir-se-á o cântico dos anjos na noite de Natal: “Paz na terra” (Lc 2.14). Haverá completa harmonia entre as nações(cf. Is 11.13). Nenhuma forma de mentira condicionará as relações internacionais (cf. Sf 3.9). Os povos viverão felizes (cf. Is 66.18,19), e aglória de Deus habitará na terra (cf. Sl 85.9; 97).

9 . 7 . Sa t a n á s   s e r á   s o l t o  d a   s u a  pr is ã o  n o  f i m  d o  M i l ê n i o

9.7.1. O MOTIVO

Os milhões de cidadãos do Milênio nunca foram provados, porqueSatanás esteve amarrado no abismo por mil anos (cf. Ap 20.2,3). Todosos homens, desde o casal no Éden até o próprio Jesus, como homem,foram provados por Satanás (cf. Gn 3.1-6; Mt 4.1-7; Tg 1.13-16). Por

isso, devem também os homens do Milênio ser provados por Satanásquando for solto da sua prisão.

9.7.2. S a t a n á s   c o n t i n u a r á   o  m e s m o

Quando Satanás for solto, após os mil anos, poderá ser verificado quea prisão não modificou a sua natureza. Também será possível verificarque a velha natureza do homem também não foi mudada no Milênio,

um tempo de paz e felicidade que o mundo gozou sob o governo de Jesus.

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

wmmMmmmmmmmmmimsmmm

Assim, os homens se deixarão enganar por Satanás: uma multidão, cujonúmero é como a areia do mar, se ajuntará para batalhar contra o arraialdos santos (Jerusalém, cf. Ap 20.8,9).

9.7.3. T e r m i n a r á  a   p a c iê n c i a   d o   S e n h o r

Mas o fogo do juízo de Deus descerá sobre eles. Jesus não terá maispaciência, nem haverá mais oportunidade para arrependimento. Todosos que se levantarem contra o Senhor morrerão e serão lançados no

hades, a fim de ali aguardarem a ressurreição para o julgamento final.Satanás será preso e lançado no inferno, onde já estão o Anticristo e ofalso profeta (cf. Ap 19.20), e para todo o sempre serão atormentados(cf. Rm 16.20). Que vitória maravilhosa!

9.7.4. A VITÓRIA FINAL

Dessa maneira o Milênio findará com vitória. Muitos milhões jamaisse deixarão enganar. Todos os que se levantaram contra Jesus serão vencidos e julgados. Satanás foi totalmente vencido e lançado no lago defogo. Jesus, o Rei dos reis é o Eterno Vencedor.

10. O J u l g a m e n t o F i n a l — O Juízo d oG r a n d e T r o n o B r a n c o

Após esse juízo, a humanidade inteira entrará na eternidade, permanecendo os homens na situação determinada pelo modo como cada umviveu diante de Deus nesse mundo. Para que todas as coisas sejam feitas

às claras, e para que não possam existir dúvidas, serão todos chamados acomparecer diante do trono branco, para ouvirem pessoalmente da bocado grande Juiz a palavra decisiva.

10.1. No FIM DOS TEMPOS HAVERÁ UM GRANDE JULGAMENTO

As profecias do Antigo Testamento falam desse julgamento (cf. Dn

7.11; SI 9.7,8; SI 50.1-6; Is 1.27,28). Jesus anunciou um juízo vindouro

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Es c a t o l o g i a  - A D o u t r i n a  d a s  Ú l t i m a s  C o i s a s

(cf. Mt 10.15; 16.27; Jó 5.25-29; 12.48). Os apóstolos também anunciaram o julgamento vindouro (cf. Hb 9.27; Rm 2.16). Paulo afirmou que

a ressurreição de Jesus é a garantia de que o julgamento se realizará (cf.At 17.25-31).

A Bíblia diz que esse julgamento será “no fim” (cf. 1 Co 15.24).Será após o Milênio, quando a última revolta de Satanás tiver sidoesmagada (cf. Ap 20.10,11). Esse dia já está determinado por Deus (cf.Rm 2.4).

10.2. O Juiz d e s s e   j u l g a m e n t o

Deus é Juiz (cf. Rm 2.16). Mas Ele entregou ao Filho todo o juízo(cf. Jó 5.22,27; At 10.42; 17.31; 2 Tm 4.1). Assim, o mesmo Jesusque foi o Salvador dos homens e que na terra tinha poder para perdoar pecados (cf. Me 2.10), será Juiz. Aqui Jesus afirmou: “Vinde a

mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (cf.Mt 11.28), e também: “Nem eu também te condeno” (cf. Jó 8.11),porque Ele fora dado por Deus como propiciação pelos nossos pecados (cf. Rm 3.25). Mas, nesse último dia, Jesus estará pronto para julgar (cf. 1 Pe 4.5).

Como assistente nesse julgamento, Jesus terá a seu lado a Igrejaglorificada (cf. 1 Co 6.2,3), que estará à sua disposição.

10.3. A RESSURREIÇÃO DOS MORTOS

 Jesus disse que todos os que estiverem nos sepulcros ouvirão a vozdo Filho do Homem (cf. Jó 5.28). A ressurreição será em duas fasesdistintas.

10.3.1. “A MORTE E O INFERNO DERAM OS MORTOS QUE NELES HAVIA”

( c f . A p 20.13)

Os sepulcros se abrirão, e os mortos ressuscitarão. Assim como oscorpos mortos dos santos foram ressuscitados na vinda de Jesus (cf. 1 Ts4.16-18), também ressuscitarão todos os ímpios que morreram em seuspecados (cf. At 24.15; Jó 5.29). Enquanto viviam na terra, serviram ao

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

pecado (cf. Rm 6.13,16,19,21). Agora esses ímpios ressuscitarão em umcorpo imperecível, mas carregado de pecado. Também os corpos dos

salvos, que morreram durante o Milênio, ressuscitarão nesse momento.Mas estes sim, com um corpo de glória. O hades deu os mortos que nelehavia (cf. Ap 20.13). Os espíritos dos ímpios estão no hades, aguardamdo a ressurreição para condenação. Diante da convocação de Jesus, oSupremo Juiz, esses espíritos deixarão o hades para se unirem aos seuscorpos ressuscitados, em uma ressurreição para vergonha e desprezo eter

nos (cf. Dn 12.2). Suas consciências estarão recordando todos os malesque praticaram enquanto viviam na terra.

10.3.2. Q u e m   c o m p a r e c e r á   d ia n t e   d o   t r o n o   b r a n c o ?

Todos os ímpios que morreram, do princípio da criação até o final doMilênio, ressuscitarão naquele dia, e todos comparecerão diante do tro

no branco. Ali estarão Caim, Judas Iscariotes, Pôncio Pilatos, Herodes etodos os outros pecadores que morreram. Também aqueles que durantea Grande Tribulação tomaram sobre si o sinal da besta, e ainda os queacompanharam Satanás na última revolta, no fim do Milênio. Todosesses ressuscitarão e comparecerão diante do tribunal. Também comparecerão todos os salvos que morreram durante o Milênio. Todos os queestiverem vivos ainda, no fim do Milênio, quer salvos, quer ímpios, também comparecerão. Certamente irão morrer para depois ressuscitar, mascremos que receberão corpos imperecíveis, para vida ou para morte, assim como os salvos receberam corpos glorificados na vinda de Jesus. Emum dado momento, aquilo que é passageiro deixará de existir: surgirá aeternidade, pois a carne e o sangue não podem herdar o Reino de Deus(cf. 1 Co 15.25-54). Os anjos caídos serão convocados para receber o

seu julgamento. Uns estiveram presos (cf. Jd 6; 2 Pe 2.4), outros soltosservindo ao Diabo, mas todos serão julgados.

10.3.3. T o d o s   c o m p a r e c e r ã o   d ia n t e   d o  g r a n d e   t r o n o   b r a n c o

Será uma visão majestosa e muito imponente. A terra e o céufugirão da presença desse trono, e o trono não poderá ser construído

sobre a terra (cf. Ap 20.11). Provavelmente será instalado em algum

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T e o l o g i a  S i s t e m á t i c a

obras”, onde estão registradas as obras dos homens, segundo o seu procedimento na terra (cf. Ap 20.12), ou no “livro da vida”.

• O livro das obras. A lei, segundo a qual todos serão julgados, é aPalavra de Deus. O Senhor Jesus é o legislador e o Juiz (cf. Tg 4-12).Tudo o que os homens fizeram violando a Palavra foi registrado nolivro das obras. A Bíblia diz que até as palavras ociosas que os homenspronunciarem estarão registradas, para que no dia do juízo se exijaprestação de contas por cada uma delas (cf. Mt 12.36,37). Tudo está

gravado, nada foi esquecido (cf. Jó 34.11; Pv 24.12; Is 59.18; Jr 17.10;Ez 7.3,27; 16.59). Todas as más obras virão à luz como uma acusaçãoaos seus autores. Os que buscaram o perdão de Jesus enquanto viviamna terra tiveram seus pecados e suas maldades riscadas do livro dasobras, pois está escrito: “De seus pecados e de suas prevaricações nãome lembrarei mais” (cf. Hb 8.12). Mas os que tiverem seus nomes es

critos no livro das obras recusaram o perdão e, por isso, serão julgadospelas obras que praticaram.• O livro da vida. É o registro de todos os que aceitaram a Jesus como

Salvador, e por meio dEle receberam a vida eterna (cf. Jó 3.16,36; Lc10.20; Dn 12.2; Fp 4.3; Êx 32.32,33; Ap 3.5; 13.8). Diante do trono branco estarão multidões incalculáveis que, durante o Milênio, creram em

 Jesus, foram fiéis e permaneceram até o fim. Quando Satanás rebelou-secontra Jesus pela última vez, esses não o acompanharam e, agora, estãodiante do trono branco sabendo que seus nomes estão no livro da vida.

10.5.2. O Juiz g l o r i o s o   m a n i f e s t a r - s e -á   n o   r e s p l e n d o r   d e   s u a

GLÓRIA

Seu brilho impregnará todos os que estiverem diante dEle, pois está

escrito que seus olhos são como chamas de fogo, que tudo manifestam(cf. Ap 1.14; Dn 7.9,10). Quando Isaías se viu na presença de Deus, nosantuário, sentiu o peso do seu pecado (cf. Is 6.5-8) através da visão.Quanto mais quando Jesus trouxer todas as coisas à luz, e quando todosestiverem na sua presença pessoalmente! (cf. 1 Co 4.5) Tudo será descoberto (cf. Hb 4-13; Rm 2.16). Ninguém escapará do juízo (cf. 1 Tm

5.24,25; Lc 8.17; 12.2; Ec 12.14).

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8/10/2019 Bergstén

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T e o l o g i a  Si s t e m á t i c a

^ « M t t É W r

sangue de Jesus, para que possamos evitar o pecado que leva à perdição,e a fim de que, permanecendo salvos, possamos salvar outros pelo poder

do Evangelho.Aqueles cujos nomes estiverem escritos no livro da vida serão convi

dados a entrar no céu. Que momento glorioso! O poder do sangue de Jesus é muito grande. Quando recebemos purificação no sangue, o poder é tal que até na presença de Deus podemos permanecer de pé. Aleluia!

Acabamos de estudar escatologicamente o último ato que se realiza

rá neste mundo. Findo o julgamento do grande trono branco, a humanidade entrará na eternidade propriamente dita. Os condenados, que têmexistência eterna, permanecerão no lugar que Deus preparou para o Diabo e seus anjos, longe da face divina. Os salvos, que têm vida eterna,estarão no céu que para eles foi preparado por Deus. O tempo deixará deexistir: a eternidade começará. Os remidos cantarão para sempre o seu

louvor e a sua gratidão para com aquEle que os comprou com o seupróprio sangue.Amigo leitor, você e eu precisamos nos conservar em Jesus para que

possamos cantar juntos aqueles hinos, para todo o sempre. Amém!