Arte Da Terapia

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    ATLASPSICOA Revista do psiclogo

    N

    MERO03|SETEM

    BRO2007

    ARTETERAPIAO despertar do processo criativo comofonte de prazer, relaxamento das tensese como ponto de encontro dos mundosinterno e externo.

    O que os profissionais tm a dizer?PSICOLOGIA HOSPITALAR | Cncer de Cabea e Pescoo

  • 7/30/2019 Arte Da Terapia

    2/44ATLASPSICOwww.atlaspsico.com.br

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    E

    XPEDIE

    NTE

    ATLASPSICOnmero 03 | setembro 2007

    MATRIA DE CAPA

    Arte TerapiaO uso das artes na psicoterapia

    06

    EDITOR-CHEFE

    Mrcio Roberto Regis | CRP 08/10156

    JORNALISTASRose Santana | 12.182/MGAudea Lima | 972/96/PI

    DIREO DE ARTE | DIAGRAMAOEquipe [email protected] | revista.atlaspsico.com.br

    COMISSO AVALIADORA

    Mrcio Roberto RegisVanderlei Semprebom

    COLABORADORESJosiane Isabel Stroka SantanaGilka CorreiaFabiana Ferreira da SilvaVanderlei SemprebomSamuel AntoszczyszenShirlei Lizak Zolfan

    Giovana Kreuz

    Revista ATLASPSICO uma publicao bimestral. Os artigos publicados so de inteira responsa-bilidade de seus autores.O uso de imagens e trechos dos textos somente podem ser reproduzidos com o consentimentoformal do editor.Fevereiro. 2006 | Reeditado em setembro de 2007 | Brasil Curitiba Paran

    Copyright 2007 - Todos os direitos reservados. All rights reserved.

    16ENTREVISTASexualidade e Adolescncia

    18 PSICOLOGIA E ARQUITETURAEm busca da identificao do ser20 COMPORTAMENTO

    Psicoterapia em grupo

    23 PSICANLISEPsicopatologia e Estruturas Clnicas

    27 PSICOLOGIA INFANTILTDAH Transtorno do Dfcit de Ateno e Hiperatividade31 PSICOLOGIA HOSPITALAR

    Cncer de Cabea e Pescoo O que os profissionais tem a dizer?

    37 EQUIPE MULTIDISCIPLINARPsicologia e Oncologia A Equipe de sade como um todo.

    39 COLUNAAnorexia: a dieta que mata

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    Editorial

    A terceira edio da revista ATLASPSICO, abor-

    da o uso da arte no processo psicoteraputico.

    O autor Vanderlei Semprebom cita o uso da

    arte no processo psicoteraputico , o que pos-

    sibilita o despertar do processo criativo como

    fonte de prazer, relaxamento das tenses e

    como ponto de encontro dos mundos interno

    e externo.

    Alm disso, o texto aborda os aspctos his-

    tricos da arte-terapia e a importncia dessas

    atividades no processo de auto-conhecimento.

    Com a Psicologia Hospitalar, Giovana Kleus

    aborda o Cncer de Cabea e Pescoo e com-

    plementa com uma breve reflexo sobre a equi-

    pe multidisciplinar no contexto hospitalar-on-

    colgico.

    Boa leitura!

    Psiclogo Mrcio Roberto RegisCRP 08/10156

    ARTE TERAPIA

    Para os autores que contribuiram com

    artigos cientficos nas trs primeiras edi-

    es da revista de psicologia ATLASPSI-

    CO, e querem atualizar a LATTES, ape-

    nas acrescentem, entre parenteses ou

    colchetes [reeditado em julho 2007] ou

    [reeditado em agosto de 2007] ou [ree-

    ditado em setembro de 2007], caso seu

    artigo esteja disponvel na 1, 2 ou 3

    edio, respectivamente.

    O site de referncia pode ser:

    www.atlaspsico.com.br ou

    revista.atlaspsico.com.br (sem www no

    incio)

    Equipe ATLASPSICO

    NOTA

    Para visualizar a revista eletrnica dePsicologia ATLASPSICO em pgina duplano Adobe Acrobat, no menu Visualizar,v em Layout da pgina e em seguidaclique em continuo-frente.

    DICAS

    Edio Anterior n 02

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    27 AGOSTO

    DIA DO PSICLOGOA cada comemorao, uma nova luzpara um novo indivduo.

    ATLASPSICOwww.atlaspsico.com.brHomenagem do Portal de Psicologia

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    6/44 Revista de Psicologia ATLASPSICO n 03 | set 2007

    Este artigo apresenta argumentos que demonstram que a arte pode ser um instru-mento teraputico efetivo. Neste sentido, efetuar-se- uma reviso bibliogrfica sobreArte-terapia, capaz de fornecer subsdios tericos para a descrio do uso da arte comoinstrumento da psicoterapia. Constata-se que o homem desde h muito tempo vem fazen-do uso das diversas formas de arte msica, dana, artes plsticas e cnicas procurandosimbolizar e dizer aquilo que no pode ser dito em palavras. Assim, a atividade expressivatem sido utilizada em sua capacidade de conduzir o indivduo a um dilogo com seu mun-do interno, auxiliando na resoluo de problemas e como fonte de auto-conhecimento doindivduo. O uso da arte no processo psicoteraputico possibilita o despertar do processocriativo como fonte de prazer, relaxamento das tenses e como ponto de encontro dosmundos interno e externo. Independente da abordagem terica adotada, importantecompreender que as formas emergem da experincia do indivduo, portanto cabe a estepromover a interpretao dos contedos representados. A Arte-terapia objetiva unir asforas da criatividade e liberdade das artes com as foras de um campo mais racional damente ou intelecto, sendo que a compreenso teraputica da linguagem artstica podeconduzir a experincias significativas e valiosas para a integrao do ser humano.

    O USO DAS ARTES NA PSICOTERAPIAARTE TERAPIA

    MATRIA DE CAPA

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    O homem h milnios vem se utilizando das ar-tes para expressar seus sentimentos, pensamentos,idias, conflitos e percepes e nas ltimas dcadaspesquisadores vm descobrindo as potencialidadesde seu uso para melhorar a sade mental do ser hu-

    mano, desenvolvendo tcnicas para tal, sendo a Arte-terapia a mais conhecida e difundida atualmente.Este mtodo, atravs de recursos artsticos em

    suas diversas tcnicas expressivas, verbais e noverbais, oferece oportunidades de explorao deproblemas e de potencialidades pessoais na bus-ca da harmonia da personalidade, da expresso dacriatividade e do desenvolvimento das potenciali-dades do ser humano. Parte do princpio que a ati-

    vidade criativa aliada ao trabalho de compreensointelectual e emocional facilita o processo evoluti-

    vo da personalidade como um todo, sendo assim

    utilizada com finalidade teraputica.Neste artigo efetuou-se uma pesquisa biblio-grfica a respeito da Arte-terapia. Procurou-se di-

    vidir a presente pesquisa em trs partes, a fim deestabelecer uma melhor compreenso do contextoque atualmente envolve a Arte-terapia.

    Inicialmente apresentar-se- alguns aspectoshistricos do uso das artes na psicoterapia. A se-guir, abordar-se- a importncia do uso das ativi-dades expressivas na estruturao do ser humanoe por fim acrescentar-se- algumas concluses arespeito do assunto.

    ASPECTOS HISTRICOS DA ARTE-TERAPIAO ser humano se utiliza da representao de

    imagens desde os primrdios da humanidade,quando os homens das cavernas faziam desenhosnas paredes, pedras e objetos. As mais antigas for-mas de escrita apresentavam figuras esquemticasde animais, formas geomtricas e diversos objetosdo cotidiano. Estudiosos deduzem que estas escri-tas embrionrias representavam muito mais do queformas de expresso, comunicao e decorao;acreditam que ligavam-se magia e prticas ritu-ais, como por exemplo as caadas.

    Talvez tenham sido as primeiras tentativas dohomem em materializar sons, sensaes, idias edesejos.

    A arte sempre esteve presente no universo hu-mano nas suas mais diferentes manifestaes pls-ticas, rumo integrao do ser atravs da organiza-o emocional, promovendo formas de expresso,comunicao, ritual, liberdade criativa, possibilida-des de cura e harmonia interior em um processo deestimulao de idias.

    CARVALHO (1995) afirma que a arte possibi-lita um contato com a emoo tanto para quem

    cria quanto para quem observa. Esta caracterstica reconhecida desde o teatro grego, onde o pblicoliberava sentimentos catarticamente por diversosnveis de identificao. Desde pocas remotas, asexpresses artsticas correspondem expresso ps-

    quica da comunidade e, particularmente, de cadaindivduo.Segundo CARVALHO (1995) as primeiras pes-

    quisas de que se tem notcia a respeito do uso daarte em conjunto com psiquiatria e psicologia sodo final do sculo XIX, quando em 1876 Max Si-mon, mdico psiquiatra, estudou as obras feitas pordoentes mentais e publicou pesquisas sobre essasmanifestaes artsticas, classificando as patologiassegundo essas produes. Lombroso, advogado cri-minalista, realizou em 1888 estudos sobre os dese-nhos de doentes mentais e fez uma classificao de

    desvios de comportamento, percebendo com isso apossibilidade de aplicao em diagnsticos. No finaldo sculo XIX at incio do XX diversos autores eu-ropeus tiveram interesse em estudar as produesartsticas dos doentes mentais, dentre os quais Ferri,Charcot e Richet; Morselli; Jlio Dantas e Fursac. Em1906, Mohr fez uma comparao entre trabalhosproduzidos por doentes mentais, indivduos normaise grandes artistas, percebendo assim a manifestaode histrias de vida e conflitos pessoais nas artes.Com isso pensou na possibilidade de que os dese-nhos pudessem ser usados como teste, viabilizan-do o estudo da personalidade. Mais tarde diversosautores de testes (Roscharch, Murray-TAT, Szondi)inspiraram-se nestas idias de Mohr, que serviu debase tambm na criao dos testes de inteligncia emotores (Binet-Simon, Goodenough, Bender).

    Prinzhorn estudou as semelhanas entre dese-nhos de doentes mentais e diversas escolas arts-ticas: impressionistas, expressionistas, surrealistas,dadastas, desenhos de primitivistas, entre outros,e publicou em 1910 o seu primeiro trabalho, de-monstrando as manifestaes das expresses arts-ticas normais e patolgicas, publicando em 1922 osegundo trabalho, mais completo.

    J no incio do sculo XX Freud observou queo inconsciente se manifesta por meio de imagense que elas escapam da censura da mente com maisfacilidade do que as palavras, por isso acredita queas obras de arte poderiam transmitir mais direta-mente os seus significados. CARVALHO (1995) citaque Freud no princpio do sculo se dedicou a ana-lisar artistas e suas obras sob a luz da teoria dapsicanlise, fazendo uma anlise profunda das ma-nifestaes inconscientes atravs da leitura dessaobras artsticas.

    Na dcada de 20, Jung comeou a se utilizarda expresso artstica como parte do tratamento

    MATRIA DE CAPA

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    psicoterpico, acreditando que a criatividade umafuno psquica natural e possui a capacidade deauxiliar na estruturao do indivduo, podendo sera arte usada como componente de cura. Para

    Jung (1985, p. 71) os contedos da obra de arte

    revelam as caractersticas do indivduo que realizaa obra, dizendo que O processo criativo consistenuma ativao inconsciente do arqutipo e numaelaborao e formalizao na obra acabada. Decerto modo a formao da imagem primordial peloartista uma transcrio para a linguagem do pre-sente, dando novamente a cada um a possibilidadede encontrar o acesso s fontes mais profundas da

    vida que, de outro modo, lhe seria negado.JUNG (1985, p. 61; 62) salienta que as idias

    brotam do inconsciente, sendo captadas pela penado autor, o que pode-se compreender atualmente

    como pincel, caneta, lpis, tintas.Existem obras em prosa e verso que nascemtotalmente da inteno e determinao do autor,

    visando a este ou aquele resultado especfico, (...)(existem) obras de arte que saem, por assim dizer,da pena do autor, vindo luz prontas e completas.(...) Essas obras praticamente se impem ao autor,sua mo de certo modo assumida, sua pena es-creve coisas que sua prpria mente v com espanto.(...) Mesmo contra sua vontade tem que reconhe-cer que nisso tudo sempre o seu si-mesmo quefala, que a sua natureza mais ntima que se revelapor si mesma anunciando abertamente aquilo queele nunca teria coragem de falar.

    Este trecho transmite a idia de que os con-tedos que emergem atravs da expresso artsti-ca no tm participao consciente do indivduo,parecendo que a obra vem pronta, acabada. A umprimeiro olhar pode assim parecer, mas isto se devemuitas vezes ao pouco contato que o indivduo temcom seu inconsciente, desconhecendo-se em gran-de parte. Na Psicologia Analtica Jung postula queo si-mesmo representa o ncleo do self, sendoque as imagens que emergem deste centro podemser extremamente integradoras, e ao concretiz-lasatravs das atividades expressivas o indivduo tema oportunidade de obter um maior conhecimen-to delas, percebendo tanto seus aspectos positivoscomo negativos, passando a reconhecer-se em seusdiversos aspectos. No atendimento clnico pedia aosclientes que fizessem desenhos livres, inspirando-se em imagens de sonhos, sentimentos, situaesque sentiam como conflitantes, ou outras fontes deidias e imagens, e a seguir ouvia atentamente oscomentrios do indivduo, utilizando-se da tcnicade associao livre. Ao utilizar-se das duas lingua-gens a expresso artstica e a verbal elas sopotencializadas pois uma auxilia, esclarece e enri-

    quece a outra, facilitando a expresso das emoese a compreenso de seus smbolos e contedos. Apartir da transformao da imagem em palavrasocorre um entendimento cognitivo, capaz de di-recionar os esforos para a mudana e para isso o

    papel do terapeuta fundamental, pois atua comocatalisador deste processo.Margareth NAUMBURG (1966, p. 1) iniciou na

    dcada de 40 a sistematizao da Arte-terapia uti-lizando as artes como complemento ao processopsicoteraputico, valorizando as imagens, a ver-balizao e a relao transferencial do paciente;comenta que os pensamentos e sentimentos fun-damentais do homem derivam do inconsciente efreqentemente exprimem-se melhor em imagensdo que em palavras. Neste mtodo o pacienteque busca o significado de suas obras, auxiliado

    pelo terapeuta.Pode-se observar que tanto Freud, Jung quan-to Naumburg compartilham a idia de que h umamaior facilidade em expressar os contedos simb-licos que surgem do inconsciente atravs das artes,pois a expresso flui melhor atravs de imagens doque por palavras. Este processo pode ser enriqueci-do com a verbalizao a respeito dos sentimentosque ocorrem durante a execuo da obra, possibi-litando ao paciente a compreenso das emoes epensamentos que esto emergindo, o que certa-mente tem grande valor no processo teraputico.

    A Arte-terapia trabalha com o simblico, que uma forma de energia psquica, e esta energia semanifesta atravs de imagens. A energia que estcontida no smbolo vem do inconsciente e, atra-

    vs das tcnicas expressivas, ela trazida para oconsciente e trabalhada. Os smbolos so difceisde verbalizar, pois eles se expressam por analogias,por metforas. Dessa forma, o processo simblicoprecisa da imagem para que os contedos incons-cientes sejam trazidos para o consciente e para issoso usadas a modelagem, a pintura, a colagem ediversas outras tcnicas, visando facilitar a compre-enso do significado do smbolo.

    Atualmente a Arte-terapia busca embasamentoem diversas abordagens tericas e pode ser utili-zada como mtodo teraputico em consultrios,escolas, empresas e outras instituies.

    Possibilita o trabalho com pacientes tanto indi-vidualmente como em grupo, bem como no aten-dimento de famlias e casais e pode ser utilizadacom pacientes de todas as idades.

    CARVALHO (1995) cita que no Brasil dois profis-sionais desenvolveram um grande trabalho com ex-presses artsticas aliadas ao processo teraputico:

    Osrio Csar e Nise da ilveira. Osrio Csar seguidor da abordagem freudiana e em 1923, ainda

    MATRIA DE CAPA

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    estudante, comea a desenvolver estudos sobre aarte dos internos do Hospital Juqueri.

    Em 1925 cria a Escola Livre de Artes Plsticasdo Juqueri, em Franco da Rocha, So Paulo, ondeorganizou em 1948, no Museu de Arte, a 1 Ex-

    posio de Arte. Realizou mais de 50 exposiespara divulgar os trabalhos realizados pelos doentesmentais, procurando afirmar a dignidade humanadesses pacientes e valorizar a tcnica de Artetera-pia.

    Acreditava que o fazer arte j propiciava acura por si por ser uma forma de contato como mundo interno. Considerava que a espontanei-dade era fundamental e reconhecia a existncia deuma criatividade inata, independentemente de suacondio de sade mental, afirmando que muitosdesses pacientes internos poderiam se profissiona-

    lizar, pois produziam o que poderia ser consideradaa autntica arte. Atravs da expresso artstica, opaciente pode produzir imagens que representamseu mundo interior ou exterior, na sua maneira deperceb-lo.

    Nise da Silveira, psiquiatra, realizou um traba-lho pioneiro quando criou as oficinas de trabalho naSeo de Terapia Ocupacional, em 1946, no Centro

    Psiquitrico D. Pedro II, em Engenho de Dentro,Rio de Janeiro e a este respeito comenta:

    Desde 1946, quando retomei o trabalho noCentro Psiquitrico de Engenho de Dentro, noaceitei os tratamentos vigentes na teraputica psi-quitrica. Segui outro caminho, o da teraputicaocupacional, considerado na poca um mtodosubalterno, destinado apenas a distrair ou con-tribuir para a economia hospitalar. Mas a terapu-tica ocupacional tinha para mim outro sentido. Eraintencionalmente diferente daquela empregada, dehbito, nos nossos hospitais. Desde o incio, nossapreocupao foi de natureza terica, isto , a bus-ca de fundamentao cientfica onde firmar umaestrutura que permitisse a prtica da teraputicaocupacional. SILVEIRA (1992, p. 16)

    SILVEIRA (1992, p. 16; 18) aponta vrias difi-culdades para o reconhecimento desta modalidadeteraputica, em contrapartida aos mtodos tradi-cionais de tratamento dos doentes mentais.

    Com a implantao das oficinas, provocou di-versas mudanas no ambiente hospitalar. Era ummtodo que deveria, como condio preliminar,desenvolver-se num ambiente cordial, centrado napersonalidade de um monitor sensvel, que funcio-naria como uma espcie de catalisador.

    Dessa maneira, havendo um ambiente acolhe-dor e com a oportunidade de livre expresso arts-tica e verbal, onde os sintomas encontravam opor-tunidade para se exprimirem livremente. O tumulto

    emocional tomava forma, despotencializava-se ecom isso puderam logo ser observados resultadosclaros do efeito positivo sobre os pacientes.

    A tcnica utilizada na oficina era a liberdade deexpresso, de escolha dos materiais, dos temas, a

    criatividade estava livre para fluir e assim cada umpoderia exprimir seus sentimentos, acompanhadospor algum que estava disponvel e observava masno exercia nenhuma influncia. Em 1952 foi cria-do o Museu de Imagens do Inconsciente, conten-do um acervo onde so conservados e organiza-dos trabalhos de expresso dos internos do Centro

    Psiquitrico. No museu so estudadas as imagensproduzidas pelos pacientes em sua seqncia, e oque inicialmente no tinha lgica, ao serem anali-sadas mais profundamente e em srie, passam a re-

    velar a repetio de motivos e a existncia de uma

    continuidade no fluxo de imagens do inconscienterevelando assim um auto-retrato da vida desses in-divduos e da situao psquica que se encontravano momento da realizao da obra.

    Atravs do estudo de uma srie de obrasde expresso artstica dos esquizofrnicos,SILVEIRA (1992, p. 18) percebeu em muitasdelas vrias semelhanas com temas mticos,afirmando: ... isso porque a peculiarida-de da esquizofrenia reside na e m e r -gncia de contedos arcai- cosque configuram fragmen-tos de narraes mitol-gicas e continua dizendoque essas pesquisas de pa-ralelos histricos tm impor-tncia tanto terica quantoprtica. A tarefa do terapeutaser estabelecer conexes entreas imagens que emergem do in-consciente e a situao emocional

    vivida pelo indivduo.Embasada na teoria de C. G.

    Jung, Nise estudou os mitos e arqu-tipos e comparou-os com as imagensproduzidas pelos pacientes em suasexpresses artsticas, percebendo umagrande semelhana entre eles. Isso ficamuito claro ao se visitar o Museu doInconsciente, onde esto em exposioas obras executadas por pacientes eao lado um referencial do mito que seaproxima daquela imagem. Certamenteesta a prova evidente da existnciado Inconsciente Coletivo, postulado por

    Jung, pois os indivduos que realizaramaquelas obras, em sua maioria, eram muitosimples e no tinham escolaridade, portanto no

    MATRIA DE CAPA

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    teriam acesso a tais informaes sobre mitologia.Segundo CARVALHO (1995, p. 35;36): O tra-

    balho de Nise da Silveira denuncia o tratamentoinjusto e discriminado que exercido sobre de-terminadas pessoas, as quais so impedidas de ter

    uma vida comum, por razes de ordem social eeconmica, agregadas a caractersticas de perso-nalidade. Adoecem, isto , tornam-se pessoas quedesenvolvem outras formas de compreenso e ex-presso de seus significados interiores enquantoseres individuais e sociais. Inserem-se no proces-so do cotidiano da vida de maneira consideradainadequada ou incompreensvel para a maioria dosoutros seres humanos. Muitas vezes a convivnciamtua insuportvel leva internao psiquitrica econseqente estigmatizao, resultando tudo issoem intensa marginalizao, desprezo e abandono.

    Certamente a contribuio mais rica do traba-lho desta autora, em termos de ser humano, se deuno sentido de uma humanizao do ambiente hos-pitalar, difundindo um profundo respeito ao indiv-duo, promovendo o resgate da dignidade daquelespacientes que j tinham sofrido muitas discrimina-es na famlia, na sociedade e nos prprios hospi-tais e clnicas que j haviam passado.

    Esta forma de trabalho foi repassada aos pro-fissionais que realizavam o atendimento aos pa-cientes, e o uso das atividades expressivas possi-bilitou uma liberdade na expresso de emoes eangstias.

    SILVEIRA (1992, p. 17) sugere aos pacientesque tm alta que continuem a realizar as expres-ses artsticas como um meio de manter o equil-brio psquico. Comenta que o tratamento busca areabilitao para dar condies do indivduo retor-nar ao convvio da sociedade e para isso estimu-lava-se neles o fortalecimento do ego e um avanono relacionamento com o meio social, levando-sesempre em considerao suas possibilidades adap-tativas atuais, sendo que muitas vezes ele sai emmelhores condies do que estava antes do surto.

    O trabalho de Nise promove um incentivo,atravs da expresso artstica, para que o pacienteencontre um lugar no mundo, que se sinta parte deum grupo e que, no mnimo, tenha uma vida dignadentro do hospital psiquitrico. Para ela a liberdadee o respeito abrem o caminho para a expresso edesenvolvimento da alma. Afirma que o exerc-cio de mltiplas atividades ocupacionais revela, porinmeros indcios, que o mundo interno de psi-ctico encerra insuspeitas riquezas e as conservamesmo depois de longos anos de doena, contra-riando conceitos estabelecidos SILVEIRA (1981, p.11). O seu principal objetivo ressaltar a grandeimportncia do recurso de fazer arte no processo

    de integrao da personalidade, independente dotempo em que o indivduo se encontra doente,desenvolvendo uma nova maneira de obter con-tato com os esquizofrnicos, deixando de lado asdiscriminaes com que anteriormente eram tra-

    tados esses doentes.Para CARVALHO (1995, p. 37) A experinciade Engenho de Dentro evidencia a possibilidadede uma teraputica ocupacional, bem orientada,entendida nos moldes de terapia expressiva, serum fator de grande ajuda no desenvolvimento dosprocessos de conscincia dos pacientes. Nise pro-duziu um importante campo de pesquisa e trata-mento psicolgico de psicticos.

    O trabalho que ela realizou com os internosno Centro Psiquitrico provou que o mundo dosdoentes mentais pode ser muito rico e as artes

    possibilitam a comunicao travs dos smbolos,sendo constatado que os pacientes ficassem maiscalmos ao conseguir expressar-se, no necessitan-do de altas doses de drogas para mant-los quie-tos. Este um ponto em que Nise no concor-dava, pois acreditava que os mtodos utilizadospara manter os pacientes convenientemente cala-dos e sem causar transtornos deixava-os dopados,amortecidos e paralisados para a vida e para ossentimentos. Ela ia aos ptios para conversar comos internos e convid-los para virem ao atelier ex-perimentar as artes, tendo assim uma participaoespontnea deles.

    IMPORTNCIA DAS ATIVIDADESEXPRESSIVAS

    Como foi visto anteriormente, a expresso fundamental sade psquica do indivduo e asartes podem ser utilizadas para tal, sozinhas ouem conjunto com a psicoterapia.

    O objetivo da psicoterapia o auto-conhe-cimento, ou seja, que o indivduo tenha um co-nhecimento de si prprio, dos seus pensamentos esentimentos, que dessa forma tenha contato comseu mundo interno para conhec-lo e aceit-lo,integrando sua personalidade e a partir disso pos-sa fazer novas aprendizagens e mudanas. Paraisso, a tarefa do terapeuta auxiliar os indivdu-os a se perceberem e se compreenderem melhor,podendo assim fazer as escolhas de maneira maisconsciente, descobrindo seu potencial criativo, re-tomando a espontaneidade e a liberdade de es-colha, tomando em suas prprias mos a direode sua vida, passando assim de agente passivo aagente ativo, descobrindo as ferramentas que es-to dentro de si e aprendendo a utiliz-las.

    MATRIA DE CAPA

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    CARVALHO (1995, p. 24) afirma que: na Arte-terapia o objetivo primordial dautilizao da atividade artstica o favorecimento do processo teraputi-co. (...) a terapia por meio das expresses artsticas reconhece tantoos processos artsticos como as formas, os contedos e asassociaes, como reflexos de desenvolvimento,

    habilidades, personalidade, interesses e pre-ocupaes do paciente. O uso daarte como terapia implica queo processo criativo pode serum meio tanto de reconci-liar conflitos emocionais,como de facilitar aautopercepo eo desenvolvi-mento pes-soal.

    Tanto na arte como nos pro-cessos teraputicos se mani-

    festa a capacidade humana deperceber, figurar e reconfigurarsuas relaes consigo, com osoutros e com o mundo.

    MATRIA DE CAPA

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    12/4412 Revista de Psicologia ATLASPSICO n 03 | set 2007

    Na concepo de CARVALHO (1995, p. 60; 61)uma vida plena e saudvel uma vida criativa eo viver artstico no algo extraordinrio, restritoa algumas pessoas socialmente reconhecidas comoartistas, mas um aspecto intrnseco da humanidade

    do ser humano. Acrescenta ainda que a criativida-de e a sensibilidade so inatas ao ser humano e quepodem ser desenvolvidas nas vivncias e encontrosque a vida proporciona.

    Tanto na arte como nos processos teraputi-cos se manifesta a capacidade humana de perce-ber, figurar e reconfigurar suas relaes consigo,com os outros e com o mundo. O contato como mundo interno e com os indivduos ao redor sed inicialmente pelos sentidos e as palavras vmsomente depois e muitas vezes tardam ou no soencontradas, sendo que com um gesto, um trao,

    uma imagem, isto se torna possvel.Selma CIORNAI (apud CARVALHO, 1995, p.59)tem a seguinte concepo de sade:

    Concebo sade como ligada criatividade,a processos criativos na vida, viso de homemcomo um ser-em-relao, ser-no-mundo, cuja na-tureza peculiar ser criador. Um ser que interagecom quem convive e com o meio que vive, lanan-do mo de seus recursos para poder reconhecer elidar criativamente com os limites que a vida lheimpe, podendo escolher e discriminar contatosque o nutram e enriqueam e evitar os que o pre-

    judicam e so txicos. Ao contatar o mundo queo rodeia, o indivduo convidado pela vida conti-nuamente a viver o novo, a fazer novas escolhas,tomar decises, adentrar mistrios, caminhos des-conhecidos, estabelecer novas relaes e descorti-nar novos horizontes. convidado continuamentea transcender suas prprias experincias e limitesprvios.

    Para HEREK e VALLADARES, (2002, p.1) A ati-vidade expressiva tem um poder de integrao, e fonte de conhecimento de si mesmo. Em termos derelao teraputica, o fazer artstico proporciona,de forma rpida e eficaz, um contato rico, ntimo eprofundo que, dependendo do caso, pode prescin-dir de palavras ou enriquecer com elas.

    Para CARVALHO (1995, p. 18) A linguagemartstica projeta profundamente nossos conflitos,necessidades, aspiraes. A compreenso teraputi-ca dessa linguagem, aliada ao prazer que a criativi-dade pode proporcionar, pode levar a experinciasaltamente significativas e valiosas para a integraodo ser humano.

    Portanto, o uso das artes em suas diversas for-mas de expresso somados com as tcnicas e em-basamentos tericos da psicoterapia podem exercergrandes mudanas no indivduo.

    A Arte-terapia para KEYES (1995, p. 4; 9), um processo de facilitao e agilizao de vida;isso no significa substituir os relacionamentosdo mundo real, mas isso fornece significado paracompreend-lo e para tentar novo comportamen-

    to. (...) O cliente sempre v algum aspecto de seucomportamento de um ponto de vista diferente. AArte-terapia no responde s questes, ela forne-ce um processo de clarificao e aprofundamentodas questes, um alerta de como o indivduo aquie agora participa na criao de suas condies de

    vida, e isto aponta para algumas opes que podemser escolhidas. No h modelos mais claramente vi-sveis para esta tarefa.

    Este um caminho individual. O indivduo deveresgatar partes dele mesmo que no gosta e/ou noquer ver.

    A respeito das artes, GARDNER (1997,p.184;294) comenta:Quando envolvidos com as artes, os indivdu-

    os criam e percebem objetos simblicos que po-dem afetar os outros em vrios nveis. Cada um dossistemas desenvolventes apresenta tanto aspectosprimitivos (estados afetivos elementares, percepotropstica, esquemas motores simples) quanto for-mas mais complexas e integradas (modos e afetossutis, texturas livres de gestalt, padres comporta-mentais hbeis e intrincadas).

    Os objetos artsticos so nicos na medida em queutilizam aspectos e habilidades do indivduo primi-tivos e avanados e na maneira pela qual refletemtambm o indivduo completo, multifacetado.

    Enquanto a interao com objetos fsicos pare-ce requerer principalmente primitivos e o raciocniocientfico enfatiza formas complexas de discrimi-nao e operaes simblicas, as artes possuem apropriedade exclusiva de utilizar ampla e completa-mente todos os sistemas em cada estgio de desen-

    volvimento. Os objetos so tratados como objetose como smbolos; os indivduos so vistos em suasimplicidade e em sua complexidade; os sistemassimblicos so utilizados em suas propriedades for-mais, seus aspectos perceptuais elementares e suasintricadas nuanas, detalhes, referncias e temas.Os percebedores e criadores humanos possuem apropriedade exclusiva de se alternar entre nveis defuncionamento, de regredir e progredir, conformese envolvem com objetos artsticos.

    Eles podem variar intencionalmente sua distn-cia, imerso e postura em relao a apresentaes.

    (...) As artes podem ser consideradas como umprocesso de resoluo de problemas em que a exe-cuo enfatizada; o desenvolvimento artsticoenvolve o domnio de um meio simblico e a edu-cao esttica envolve a orientao dos trs siste-

    MATRIA DE CAPA

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    mas desenvolventes at o domnio abrangente dosmeios simblicos.

    A resoluo artstica de problemas requer a ca-pacidade de capturar vrios modos, afetos e insi-ghts subjetivos dentre de um meio simblico.

    HEREK e VALLADARES (2002, p.1) sugerem queo uso da arte como terapia possibilita a autopercep-o e desenvolvimento do indivduo, alm de ser ummeio prazeroso de relaxamento das tenses.

    O processo de transformao ocorre na intera-o do indivduo com o meio, e a ferramenta prin-cipal a conscientizao do indivduo que ocorreem diversos nveis, dentro de um espao protegido,onde se privilegia a liberdade, espontaneidade ecriatividade, de forma que cada pessoa possa per-ceber sua singularidade a apossar-se dela. Dessaforma, a Arte-terapia permite ao indivduo dialogar

    com seu mundo interno, favorecendo a integraoda personalidade. O uso de recursos artsticos pos-sibilita a transformao de conflitos internos emprodues criativas. Permite ao sujeito contatar aenergia que est congelada no conflito e torn-ladisponvel para a auto-atualizao.

    Quando isso ocorre, o cliente se apossa da li-berdade de existir como ele mesmo, e com possedisso, a pessoa pode lidar com diversas situaesde sua vida, muito mais livre para escolher, criar,responsabilizar-se e satisfazer-se, mesmo em ummeio menos favorvel. Segundo PONCIANO (apud

    HEREK; VALLADARES, 2002, p. 3), tornarse in-divduo, do nosso ponto de vista, significa reali-zar-se em plenitude, significa abandonar o que deestranho existe em ns, procura de eu real. Nosignifica desconhecer, ignorar o mundo, mas, aocontrrio, significa conviver com ele na individua-lidade consciente.

    GARDNER (1997, p. 297) salienta a dificulda-de que muitos adultos apresentam, em contraposi-o liberdade de expresso da criana: A crianabrinca com sua arte enquanto o adulto luta comela. (...) A criana repete com incessante deleitecada novo trabalho, cada novo entendimento, cadanova pincelada. A criana pequena, em geral, pos-sui o estado mental de relaxamento e frescor.

    Para GARDNER (1997, p. 293) o oferecimentode estmulos certos pode evocar uma torrente decriatividade e com muita freqncia os pacientesficam surpreendidos com a sua prpria expresso,com o processo e o produto da sua atividade ar-tstica e o seu trabalho passa a ser visto como umespelho de aspectos anteriormente ocultos, que

    vieram luz da conscincia atravs das atividadesexpressivas.

    HEREK e VALLADARES (2002) sugerem que,para isso, o papel do terapeuta fundamental, pois

    ele estimula a atividade artstica, tem a percepoda obra e dos sentimentos que ela evoca no in-divduo, ouve os comentrios que acompanham oprocesso do fazer artstico, e com os pressupostostericos que o fundamentam, auxilia o paciente a

    enxergar e a compreender os seus prprios pro-cessos, possibilitando assim a descoberta de novoscaminhos, indo ao encontro de si mesmo e promo-

    vendo uma transformao do indivduo.A Arte-terapia auxilia no processo de autoco-

    nhecimento e transformao, oferecendo inmerosmateriais para que o indivduo sinta-se livre na es-colha daquele que mais lhe for apropriado.

    Isso atende a sua singularidade, funciona comoferramenta para despertar e ativar a criatividade e,tambm, para desbloquear e transmitir conscin-cia instrues e informaes oriundas do incons-

    ciente. Essas informaes normalmente so igno-radas, contidas e disfaradas, encobertas e ocultas.Na psique humana as informaes colaboram parao desenvolvimento de toda a dinmica intra-ps-quica, ao serem transportadas conscincia pormeio do processo de Arte-terapia.

    Este processo facilitado pelas modalidadese materiais expressivos diversos, tais como tin-tas, papis, colagens, modelagem, construo,confeco de mscaras, criao de personagense outras infinitas possibilidades criativas. Todospropiciam o surgimento de smbolos indispens-

    veis para que cada indivduo entre em contatocom aspectos a serem entendidos, assimilados ealterados.

    Para COLEMAN (1996, p. 11) um dos objeti-vos da Arte-terapia unir as foras da criatividadee liberdade artstica com as foras de um campomais racional da mente ou intelecto, possibilitandohaver uma pessoa mais saudvel e equilibrada.

    Assim a Arte-terapia facilita o surgimento dematerial inconsciente mais prximo superfcieatravs das imagens e, somado a isso, h ainda oscomentrios falados e/ou escritos quando, durantea participao em atividades expressivas, e aps aconcluso os pacientes complementam a arte compensamentos, emoes e associaes livres que sorelevantes para si.

    A liberdade de escolha inicia com o tipo de ma-terial que se deseja utilizar, a forma com que se vaiconduzir o processo criativo, at a forma final daobra e a interpretao de seu simbolismo.

    No fazer artstico, segundo HEREK e VALLA-DARES (2002, p. 2), a produo comea a ganharmais confiana e a pessoa permanece totalmenteenvolvida em sua experincia, comea a sair deuma energia indiferenciada para uma clara cons-cientizao.

    MATRIA DE CAPA

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    MATRIA DE CAPA

    Na ao, na lida com o material, a pessoa vaipercebendo seu contato com o meio, o que ne-cessrio para conseguir o resultado que ela deseja,e o que est impedindo. A este respeito CARVA-

    LHO (1995, p. 62) comenta que o indivduo comea

    a experienciar uma sensao de completude, poiscomea a entender o seu processo racionalmente,alm de que se encontra em um estado alterado deconscincia, facilitando focalizar o universo inter-no, e complementa dizendo: funciona comum umligar de um canal mais intuitivo, mgico, onde nossurpreendemos com o prprio fazer e o sentido quenele encontramos.

    Neste fazer h um produto, que no processoteraputico vai servir de espelho e fonte de refle-

    xo, de identificao e descoberta. (...) Nestes pro-cessos, sentimentos e experincias tomam concre-tude, onde a conscincia vai se formando no fazer,

    no exerccio de si mesma.Aps a leitura das consideraes dos diversosautores citados, pode-se perceber que o uso das ar-tes no contexto teraputico possibilita ao indivduoa conscientizao de seu mundo interno, atravs darepresentao artstica dos contedos e conflitosque emergem de uma maneira mais simblica, eum contato maior com o mundo externo, obtendouma maior percepo do mundo que o cerca, sen-do de vital importncia a expresso do ser humanoatravs das atividades expressivas.

    Pela Arte-terapia pode-se descobrir novos ca-

    minhos e, principalmente, ir-se ao encontro de simesmo (CARVALHO, 1995, p. 26)

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    CONCLUSESA arte um processo natural, todo indivduo

    um artista e tem um potencial criativo que pode edeve ser desenvolvido. Muitas vezes esse potencial reprimido para que ele se mostre mais adequa-

    do socialmente, mesmo que v contra seus desejose necessidades.As artes proporcionam um prazer e um en-

    contro com emoes tanto para quem faz a obraquanto para quem a observa, sendo que para per-ceb-la necessrio o indivduo deixar ser lavadopelas emoes que ela evoca, tentando olha-la comos olhos de quem a realizou.

    O uso das artes na terapia no tem uma pre-ocupao esttica com a obra, ou seja, o fazerbonito, pois o importante na Arte-terapia o con-tato consigo e com o mundo, despertando o po-

    tencial criativo atravs da arte, retomando a espon-taneidade e a liberdade de escolha, da direo daprpria vida, descobrindo e utilizando suas prpriasferramentas internas. Se a inteno do indivduo a do aperfeioamento artstico, este deve buscarum Arte-educador para desenvolver as diversas tc-nicas em arte.

    BibliografiaCARVALHO, M. M. M. J. de (Coord). A Arte Cura?

    Recursos Artsticos em Psicoterapia. Campinas:Editorial Psy II, 1995.

    COLEMAN, V. D. e FARRIS-DUFRENE, P. M. ArtTherapy e Psychotherapy: Blending Two Thera-peutic Approaches. Washington - DC: Accelera-ted Development, 1996.

    GARDNER, H.; VERONESE, M. A. V. (trad.). AsArtes e o Desenvolvimento Humano: Um Es-tudo Psicolgico Artstico. Porto Alegre: Artes

    Mdicas, 1997.

    HEREK, L.; VALLADARES, N. D.. Arte psicotera-pia: um processo de transformao. 2002. Dis-ponvel em: http://www.artepsicoterapia.com.

    Br/800/framearteterapia.htm. Acesso em: 20 desetembro de 2002.

    JUNG, C. G. O Esprito na Arte e na Cincia.Obras Completas de C. G. Jung, Volume XV. Pe-trpolis: Editora Vozes, 1985.

    KEYES, M. F. Inward Journey Art as Therapy.Illinois: Open Court, 1995.

    NAUMBURG, M. Dinamically Oriented Art The-rapy. New York: Grune and Stratton, 1996.

    SILVEIRA, N. Imagens do Inconsciente. Rio deJaneiro: Alhambra, 1981.

    _____. O Mundo das Imagens. So Paulo: Edi-tora tica S. A., 1992.

    AutoraJosiane Isabel Stroka Santanae-mail: [email protected]

    Formada em Psicologia pela Universidade Tuiutido Paran com nfase em Gestalt, Curitiba; for-mao em Arteterapia; scia especial da Socie-dade Brasileira de Dinmica de Grupos - SBDG(Artigo apresentado como Trabalho de conclu-so do Curso de Psicologia pela UniversidadeTuiuti do Paran - Curitiba/2002)

    MATRIA DE CAPA

    A expresso artstica das imagens e emoespropicia um prazer e um desligar-se do mundo,proporcionando um sentimento de leveza e tran-qilidade.

    Algumas vezes pode ocorrer que os contedos

    que emergem sejam muito pesados, o que fre-qentemente leva o indivduo a refletir sobre essasidias por algum tempo.

    O uso das artes em terapia, por ser a obra de arteum objeto concreto, possibilita que a seqncia decriao deixe claro as fases pelas quais o indivduopassou em seu processo teraputico e a qualquermomento possa reviver e/ou vivenciar sentimentosque necessitem ser reintegrados psique.

    A Arte-terapia proporciona um aumento dacriatividade e espontaneidade, possibilitando o de-senvolvimento do indivduo em todos os seus as-

    pectos.A mudana saudvel s ocorre medida que oindivduo busca seu auto-conhecimento e cresci-mento pessoal.

    Certamente este trabalho no pretende esgotaro assunto, mas pode servir de embasamento parafuturas pesquisas a respeito da Arte-terapia.

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    ENTREVISTA

    Em entrevista para a Revista ATLASPSICO, Gi-lka Correia (CRP 08/755), psicloga clnica, espe-cialista em sexualidade humana, fala sobre a ini-ciao sexual dos jovens. Ressalta a importncia deos parceiros estarem bem informados sobre sexoseguro, DSTs (doenas sexualmente transmissveis)e mtodos contraceptivos.

    Gilka ainda comenta sobre os dilogos entrepais e filhos quando o assunto sexo. Os pais de-

    vem sempre exercer um papel de mediador sobre os

    modismos e comportamentos sexuais incentivadospela mdia.Para finalizar a entrevista, Gilka fala um pouco

    sobre o papel das escolas em relao orientaosexual. Dentro de uma instituio de ensino h ca-rncia de profissionais conscientes, responsveis ecientificamente preparados. Confira a seguir a en-trevista na ntegra.

    ATLASPSICO: Quando um jovem est prepara-do para iniciar sua vida sexual?

    GILKA: Olha, no h um momento preciso.Na gerao dos nossos pais, geralmente, a meninadevia guardar-se virgem para o casamento, o quenem sempre acontecia, mas era a expectativa dasociedade. Ao menino era quase uma obrigaoa iniciao sexual, como prova de virilidade, comprostitutas ou empregadinhas domsticas..., dese-

    jada at pelos pais... como prova de que era ho-mem... Algumas dessas situaes chegaram a sertraumticas para muitos jovens e, principalmente,desprovidas de qualquer vnculo afetivo. Essa situ-ao mudou muito e hoje a iniciao se d entreos namorados ou at entre casais que so somenteamigos. O mais importante o jovem estar cons-ciente das conseqncias do seu comportamento erespeitar o seu parceiro(a) e estar muito bem infor-mado sobre sexo seguro, incluindo contracepo edoenas sexualmente transmissveis.

    ATLASPSICO: Muitas vezes os pais tem medo dechegar no filho e abord-lo sobre o tema. De queforma os pais devem ter uma conversa com seus fi-lhos sobre sexo? De quem deve ser a iniciativa?

    GILKA: O jovem sente quando no h um cli-ma favorvel ao dilogo e se cala. Cabe ento, aospais, desde cedo ir tratando dos assuntos ligados sexualidade, com naturalidade e espontaneidade,

    aproveitando as oportunidades que o dia-a-dia nosoferece, como por exemplo, o comportamentos decelebridades apresentados pela mdia e programasde televiso. Ao comentar sobre esses assuntos po-dero perceber quais so os conceitos e as idiasdo filho(a) sobre comportamento sexual. Devemtambm, estar sempre atentos e prontos para res-ponderem a dvidas. Os pais devem tambm deixarclaro para os filhos qual a sua posio frente aosmodismos e comportamentos sexuais incentivadospela mdia.

    ATLASPSICO: importante essa intervenodos pais na sexualidade do adolescente?

    GILKA: Sim, pois quem mais deseja a felicidadedos filhos se no os pais... A sexualidade faz parteda vida e importante que eles possam confiar ebuscar informao com quem mais os ama..

    ATLASPSICO: Quando saber o momento certo deconversar com o filho sobre sua iniciao sexual?

    GILKA: A hora desde sempre... isto , desdepequena, quando a criana descobre o seu sexo e o

    sexo oposto, as situaes sobre sexualidade devemser tratadas de maneira clara e sempre espontnea.Sexualidade no s relao sexual. A sexualidadefaz parte do ser humano desde o nascimento ata morte, apenas manifesta-se e expressa-se de for-ma diferente nas diversas fases do desenvolvimen-to, com comportamento e prticas diferentes. Masest sempre presente.

    ATLASPSICO: Muitas vezes o adolescente ou aadolescente quer iniciar sua vida sexual com o seucompanheiro. O que ele deve fazer se esse jovem

    no tem um bom dilogo com os pais? A quem eledeve recorrer?GILKA: Se no h um bom relacionamento com

    os pais, esse jovem deve procurar um orientadorseguro, que pode ser um profissional da sade, ummdico ou um psiclogo. Atualmente esses pro-fissionais esto sensibilizados para orientar os jo-

    vens... s vezes um tio(a) ou um amigo mais velho,se for confivel.

    ATLASPSICO: importante a menina procurarum mdico ginecologista e o menino um mdico

    urologista antes da iniciao sexual?

    SEXUALIDADE E ADOLESCNCIAEntrevista com a Psicloga Gilka Correia

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    ENTREVISTA

    ATLASPSICO: Por que importante umprojeto sobre orientao sexual nas escolas e na co-munidade?

    GILKA: Em primeiro lugar, para atender a umarecomendao do MEC, j citada anteriormente.

    Em segundo lugar para cumprir seu papel de edu-cador de maneira integral e plena.

    ATLASPSICO: Por que ainda to difcil falarsobre sexo ou sexualidade em casa e nas escolas?

    GILKA: Porque apesar de estarmos iniciandoum novo sculo ainda temos ranos de moralida-de vitoriana e fechamos enterramos os olhos comoavestruzes, fingindo que no vemos o que ocorreno dia-a-dia. Enquanto os pais e educadores nofazem nada, a mdia encarrega-se de ditar normase valores morais para a nossa juventude.

    ATLASPSICO: Qual a importncia do papel do psi-clogo em instituies de ensino e na comunidade?

    GILKA: O psiclogo deve integrar equipes in-terdisciplinares das instituies de ensino paraorientar sobre as caractersticas psicolgicas decada faixa etria e como lidar com situaes que

    envolvam a sexualidade e outras dvi-das dos adolescentes, como as drogas,por exemplo.

    ATLASPSICO: Quando o sexo torna-se enfadonho para o adolescente?

    GILKA: Quando foi realizado sem oseu livre arbtrio e a devida conscincia eresponsabilidade.

    Gilka Correia (CRP 08/755)

    Filsofa, professora universitria da UFPR, psicloga, especialista em Psicologia Clnica e Hospitalar,sexloga e mestre em Educao.

    [email protected]

    GILKA: Olha, no necessrio ser um m-dico especialista, porque geralmente, no hnenhuma doena presente. O ginecologista indicado como boa fonte de informao paraas meninas, em funo da preveno da gravi-

    dez indesejada.ATLASPSICO: Como o adolescente pode se

    prevenir contra doenas sexualmente transmiss-veis como a aids e ainda a gravidez indesejada?

    GILKA: Mantendo-se sempre muito bem in-formado e utilizando na prtica essas informaes.

    Muitas vezes eles conhecem as doenas e comopreveni-las mas no fazem uso das informaes.O pensamento mgico da adolescncia est semprepresente e s vezes pensam assim: Isso acontececom os outros... nunca vai acontecer comigo...

    ATLASPSICO: Qual o papel das escolas em rela-o sexualidade de seus alunos?

    GILKA: A sexualidade sendo parte inerente vida, a educao sexual deveria estar presente naescola desde o pr-primrio, tratando do assuntode acordo com a compreenso de cada faixa etria.Alis, est preconizada pelo Ministrio da Educa-o, como temas transversais dentro dos Parme-tros Curriculares. Faltam profissionais conscientes,responsveis e cientificamente preparados.

    ATLASPSICO: Como os professores devem pro-ceder diante as dvidas dos alunos?

    GILKA: Da mesma forma que procedem comdvidas de Matemtica, Portugus, Histria e Geo-grafia, desde que dominem o assunto. Se no, en-caminhem para o orientador educacional da escolaou pessoa melhor preparada.

    Enquanto ospais e educadores no fa-zem nada, a mdia encar-

    rega-se de ditar normas evalores morais para a nos-sa juventude.

    O ginecologista indicado como

    boa fonte de informao para asmeninas, em funo da preven-o da gravidez indesejada.

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    PSICOLOGIA E ARQUITETURA

    TODOS INDIVDUOS BUSCAM A SUA IDENTIFICAO, A SUAMARCA PESSOAL, TANTO EM VESTIMENTAS, EM GESTOS,MAS PRINCIPALMENTE, ATRAVS DA CARACTERIZAO DOSEU ESPAO. ESSE ARTIGO VISA DEMONSTRAR A LIGAO

    ENTRE A PERCEPO E CONSTRUO DO AMBIENTE.

    AUTORA: Fabiana Ferreira da Silva | CREA-PR 74675/d

    [email protected]

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    19/441Revista de Psicologia ATLASPSICO n 03 | set 2007

    PERCEPO DOS ESPAOS EM BUSCA DA IDENTIFICAO DO SER

    PSICOLOGIA E ARQUITETURA

    A primeira, ou umas das primeiras atitudesdo homem nmade para tornarse sedentrio, foia busca da moradia fixa. A busca por um espaoseu, onde pudesse criar a sua famlia, plantar o seualimento e criar os seus animais. Isso deu uma ca-racterstica ao homem: ser o nico animal capaz demodificar a paisagem em que vive. Cada modifica-o que o homem faz em seu espao, uma ten-tativa de molda-lo aos seus desejos, criando algo sua imagem e semelhana.

    muito comum reconhecermos vilas, ou cida-des, pelo tipo de suas habitaes, pelo seu paisa-gismo, pelos seus detalhes culturais que transpare-cem na arquitetura.

    Entretanto, essa identificao no ocorre ape-nas no coletivo das cidades, mas ocorre principal-mente na individualidade, ou seja na prpria resi-dncia.

    Quando o individuo se apropria do seu local,assim como os nossos ancestrais, ele demarca o seuterritrio, tornando-o um universo nico, que re-

    vela quem ele e como se posiciona diante desseespao, que o protege e acolhe. Por esse motivo,quando um cliente vai a um escritrio de arquite-tura, ele apenas quer que o arquiteto coloque nopapel o seu sonho, no se preocupando se o estiloda casa ser art noveau, barroco, clssico, gti-co. muito comum, arquitetos se desentenderemcom os seus clientes e no prosseguirem o projeto,por acharem que as idias do proprietrio so de-sapropriadas e ultrapassadas. Ou a pior hiptese,o cliente acaba cedendo presso do arquiteto, econstri a sua casa no estilo modernista, venden-do-a depois, por no conseguir morar no local.

    O indivduo primeiro percebe o ambiente, e de-pois, atravs dos sentidos, consegue dizer se sentebem ou no.

    PSICOLOGIA EARQUITETURAA relao ambiente construdo comporta-mento humano, muito forte, por isso necess-

    rio que antes do projeto ser concebido, haja umaleitura da personalidade do cliente, uma percepodo ambiente que ele considera ideal. A percepotorna-se ....fator de relevncia para anlise do am-biente em fruio, indicando e dimensionando seusaspectos qualitativos, de categorias tipolgicas, in-cidncia e relaes, alertando sobre as demandase anseios de melhoria, tendo em vista a evoluo,atualizao e as projees futuras (...), avaliaoque procede segundo seu alcance de conhecimentopara uso tambm de seu alcance no saber e na cul-tura prpria (Monzglio, 1990, pp.33)

    Essa percepo tem muito mais de psicologia,do que de arquitetura propriamente dita: saber oshbitos da famlia, quantos moram na casa, quaisseus hobbies, qual cor preferida. Em cada objetoescolhido, em cada cor, em cada material, tudo temsua simbolizao inserida na significao produzi-da pelos sentidos. O indivduo primeiro percebe oambiente, e depois, atravs dos sentidos, conseguedizer se sente bem ou no. O homem e suas ex-tenses constituem um sistema inter-relacionado.

    um erro agir como se homens fossem uma coisae sua casa, suas cidades, sua tecnologia, ou sualngua, fossem algo diferente.

    (E. Hall, 1996, pp. 166). Sendo assim, o edif-cio, a casa, deixa de ser avaliado apenas como algoconstrudo, e passa a ser encarado como um espaovivencial, que ser ocupado por pessoas.

    Alm do que, o contato direto do indivduo como objeto, torna-o um crtico severo. Por isso, desde oprojeto at a escolha dos acabamentos, o arquitetotem que ser psiclogo, pois extremamente ne-cessrio que conhea os sentidos dessa subjetividadeindividual que est construindo em tijolos.

    por Fabiana Ferreira da Silva | Arquiteta e Urbanista

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    COMPORTAMENTO

    Longe de ser apenas uma reunio de pessoasque falam de seus problemas, a terapia de grupo muito mais que isso. Amplamente praticada e em-pregada em grande nmero de situaes por seraltamente flexvel, pode ser adaptada a uma varie-dade de ambientes, tempo e objetivos. Tem sido,com sucesso, utilizada em vasta gama de interven-es na rea da sade; a ttulo de exemplo: progra-mas de combate ao tabagismo, doenas crnicascomo LER (Leses por Esforos Repetitivos), DORT

    (Distrbios Osteomosculares Relacionados ao Tra-balho), obesidade, alcoolismo etc. dentre outras,estas so algumas modalidades mais comumenteconhecidas que se beneficiam e muito com traba-lho em grupo que inclui a integrao de uma basepedaggica e/ou andraggica combinadas com in-teraes interpessoais. Em geral esses programasincluem alm da base orgnica dos quadros queperturbam a sade, tambm a base social e psico-lgica, as quais so consideradas por contriburem eficcia, destes importantes programas, e o fazemde sobremaneira.

    Uma modalidade que se destaca na forma deinterveno grupal a psicoterapia em grupo, quereconhecidamente contribui com profcuos prsti-mos aos que dela se valem. Em seus primrdios, erautilizada para tratar indivduos neurticos apenas.Atualmente, uma dose de profundidade teraputica bastante admitida em grupos de desenvolvimen-to para pessoas que desejam obter um plus emsuas vidas, despertando habilidades latentes. Mes-mo porque o talento humano para aprofundar-seem direo a cura de si, to incomensurvel que,em muitos grupos de treinamento ou desenvolvi-mento, o facilitador precisa observar at que ponto treinamento e desenvolvimento e a partir de queponto ser teraputico, para evitar confluncias,especialmente nos grupos de longa durao.

    importante elucidar que por grupo teraputi-co entende-se qualquer grupo voltado para o trata-mento de desequilbrios orgnicos, psicolgicos ouambos, e cuja coordenao seja conduzida por pro-fissionais devidamente inscritos em seus respectivosconselhos fiscais da sua rea como: enfermeiros, fi-siologistas, mdicos, nutricionistas, psiclogos, etc.para estes grupos so admitidos procedimentos detratamentos que incluam recursos como medicaoe implementos.

    Psicoterapia em grupoComo grupo psicoteraputico, todavia, entende-

    se a aplicao de tcnicas psicolgicas diretivas (argu-mentao, orientao) e no-diretivas (ampliao daconscincia) para o tratamento que no utiliza medi-cao ou algum equipamento de qualquer espcie.

    A maior utilizao da psicoterapia em grupotem sido nos ambientes intra-institucionais, sobre-tudo no setor pblico, como hospitais e clnicas,para tratar doenas especficas e tambm como umimportante recurso, inclusive devido economia.

    Todavia, hoje se estende para alm, perpassando asmargens destas instituies sendo aplicada por or-ganizaes que trabalham com o desenvolvimentohumano tambm nos setores privado (programasde preveno) e no-governamentais (programasde desenvolvimento e assistncia).

    A dedicao crescente utilizao das prticaspsicoteraputicas sob configurao de grupo se d,segundo importantes tericos (Zmerman e Osrio,1997; Kaplan e Sadock, 1996; Vinogradov e Yalon,1989; Fonseca. 1988; Kadis, 1976; Speier, 1968),devido a recursos nicos dessa configurao pro-porcionados pela interao social, pela sua eficciacomprovada e pela viabilidade econmica.

    A configurao de grupo tem uma importanteinfluncia na forma de se estabelecer s interaesentre as pessoas. O grupo em si, desde o ncleofamiliar, um dos mais importantes fatores no de-senvolvimento psicolgico do indivduo.

    Esta configurao facilita em muito a reediode experincias anteriores na formao do parti-cipante e de sua socializao, um dos fatores quemais contribuem na terapia psicolgica aplicadaem grupo, atravs da qual, relacionamentos inter-pessoais so estimulados, gerando grande efeito nareedio dos vnculos e apegos e papis mais adap-tativos. O grupo proporciona um ambiente frtil aexperincias emocionais corretivas frente presen-a dos outros membros, que esto como agentesde auxlio e apoio, da mesma forma estimula o de-senvolvimento das habilidades sociais, mediante arelao horizontal, na qual o psiclogo facilitadorprocura estimular as interaes entre os participan-tes. Neste campo frtil antigos padres no funcio-nais de comportamento de cada um se evidenciam,havendo rica possibilidade de serem reorganizadosde maneira a engendrar solues mais funcionaisna vida de cada participante.

    por Vanderlei Semprebom

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    21/4421Revista de Psicologia ATLASPSICO n 03 | set 2007

    COMPORTAMENTO

    A interao entre os participantes tem um pa-pel crucial, unicamente possvel na configuraode grupo, e um importante reforo ao sucesso daterapia individual, uma vez que em qualquer abor-dagem teraputica individual, o padro de relacio-

    namento paciente e terapeuta est configurado naforma de dade, deste modo h uma perda das pos-sibilidades que a interao grupal traz em seu bojo.

    Em grupo, a variao do padro de relacionamento muito mais ampla, visto que, diante de qualquerao do participante, ele mesmo fica sujeito a v-rios padres de reao como feedbacks que ocorremcontinuamente; assim, cada outro participante secoloca como uma inesgotvel fonte de possibilida-des. Os freqentes feedbacks tornam mais eviden-te para si mesmo a influncia de suas aes nestemeio, bem como as conseqncias destas aes ad-

    vindas das reaes do outros, impelindo para maiorautoconscincia e auto-responsabilidade.A maior parte dos terapeutas grupais conside-

    ram bastante feliz a recomendao da terapia in-dividual em conjunto com a terapia de grupo, se-

    jam ambas sincrnicas ou mesmo em intervalos depermuta, ora uma ora outra, em funo de que umnvel maior e insight tm conduzido os participan-tes que fazem ou que j fizeram acompanhamentoindividual a resultados mais producentes que aque-les participantes que ignoram essa recomendao.

    No entanto, na terapia de grupo o leque de pos-sibilidade de vivncias muito mais amplo do quena terapia individual, fornecendo ao paciente todauma viabilidade de experimentao em ambienteseguro, que permitir desenvolver e ampliar o re-pertrio pessoal de comportamentos, incorporandoessas novas aes e reaes na sua vida cotidiana.

    Este fato reflexo do carter de universalidadedas vivncias na psicoterapia grupal.

    A interao ainda permite contnuos testes derealidade mediante a validao consensual; isto sed porque, o indivduo percebe a realidade de umamaneira idiossincrtica e, em grupo, grande par-te da percepo continuamente tornada pblica,podendo ser conformada ou no, o que ecoa emmudanas para forma mais objetiva de perceber arealidade.

    Outra vantagem que mediante a interao,cada indivduo tem acesso histria do outro, ecom freqncia se mobiliza a oferecer ajuda con-tando de si, contando de como enfrenta proble-mas semelhantes; esta iniciativa, estimulada peloterapeuta como facilitador do processo grupal, trazaos indivduos que participam, um sentimento deutilidade e altrusmo. As pessoas se identificamcom histrias contadas pelos outros, o que encon-tra ressonncia em suas emoes, possibilitando-as

    perceber seus problemas por outros ngulos e visu-alizar novas sadas para suas dificuldades.

    Os especialistas atribuem o sucesso da terapiaem grupo a inmeros fatores, os principais so:

    a instalao da esperana;

    a universalidade versus a sensao de isola-mento;

    a troca de informaes;

    o altrusmo, atravs do qual apoio e reas-seguramento so oferecidos pelo grupo aosseus componentes;

    vasta possibilidade de reedio das expe-rincias insatisfatrias da clula social - afamlia;

    a compreenso e aceitao por parte dogrupo das suas dificuldades;

    a aprendizagem interpessoal ao experimen-tar as relaes no grupo;

    a vivncia e compartilhamento de emoesfortes e significativas, atravs da qual, cadaum desenvolve uma viso mais objetiva deseu prprio comportamento e do impactoque este tem nas suas relaes ou no seuproblema especfico.

    Ainda que as necessidades psicolgicas de cadaum sejam diferentes e os problemas sejam singu-lares, justamente a configurao grupal que per-mite uma srie de mecanismos teraputicos de mu-dana e estmulos.

    Os mecanismos grupais que favorecem os resul-tados em terapia psicolgica em grupo incluem ospressupostos bsicos de Bion (1970): dependncia,contra-dependncia (luta-funga), e incluso afeti-

    va. Tais pressupostos esto sempre presentes emtodos os grupos. Os ganhos teraputicos atravsda conscientizao desses pressupostos so clara-mente observados durante o processo contnuo daterapia grupal, em que o indivduo parte de umaposio de vtima, para uma posio mais partici-pativa e responsvel por seus resultados pessoais.

    Habitualmente a terapia se d com um grupopequeno de pessoas que se rene sob a coorde-nao de um psicoterapeuta e freqentemente umco-terapeuta, especializados, em local reservado epor um perodo curto de tempo. Mas tambm pode

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    22/4422 Revista de Psicologia ATLASPSICO n 03 | set 2007

    COMPORTAMENTO

    ser mais extensas, efetuadas sob a forma de imer-so ou maratonas, circunstncia esta que pode du-rar dias. Em todo caso, trata-se de sesses de grupopsicologicamente orientadas, um espao onde cadaum tem a oportunidade de interagir, encontrando

    soluo e alvio para seu problema especfico ousofrimentos. Tal estrutura, exclusiva dessa formade interveno, torna possvel o uso de tcnicas,muito especficas, conduzindo cada participante aatingir seus objetivos teraputicos com o mximoaproveitamento da ao conjunta e respeitando oslimites de cada um. Entre as tcnicas da psicotera-pia aplicada em grupo est, por exemplo, o enfo-que no presente, onde so considerados as expe-rincias passadas e os objetivos, todavia, com seusignificado no atual momento existencial dos indi-

    vduos participantes. Este processo facilita o acesso

    a estmulos motivacionais que estejam conduzindoa aes ineficazes quanto ao resultado e soluespretendidas pelo participante, permitindo perceber

    1. KADIS, Asya L.. e cosl. (1976) Psicoteria de grupo. So Paulo. Ibarsa.

    2. KAPLAN, Harold I., SADOCK, Benjamim J. (1996) Compndio de psicoterapia de grupo. PortoAlegre. Artmed.

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    7. ZIMERMAN, David E.; OSRIO, Luiz Carlos, e cols. Como trabalhamos com grupos. (1997) PortoAlegre. Artemes.

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    AUTOR:Vanderlei SemprebomPsiclogo CRP 08/08860, graduado em Psicologia pela Universidade Tuiuti do Paran. Ps-gradua-o em Psicologia Cognitiva e Comportamental.

    Email: [email protected]: www.psicosinergia.com.br

    esse padro errtico enquanto ele ocorre e subs-titu-lo por um padro mais efetivo de compor-tamento.

    Com a interveno de um terapeuta bem pre-parado, a abordagem grupal, que continuamente

    rev o comportamento no grupo em tempo real,facilita a conscientizao do processo de desenvol-vimento em cada participante, consoante com oprocesso grupal. Uma imagem distorcida se faz daterapia psicolgica proveniente do medo da expo-sio na configurao grupal, contudo, no h oque temer, em tais grupos, o coordenador terapeu-ta, bem preparado, ao mesmo tempo em que esti-mula a abertura, cuida para que cada participanteno se exponha alm do limite que preserva suaintegridade pessoal. Quando furtivamente algumaexposio desmedida, para mais ou para menos

    vier a ocorrer, o prprio grupo d continncia e asdiretrizes do quanto est capacitado para solicitare tolerar no tocante abertura.

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    PSICANLISE

    Este artigo se prope abordar as vrias facetasque esto por trs da definio das psicopatologiase das estruturas clnicas. Para isso comearei abor-dando as definies de psicopatologia, suas vriaslinhas de pensamento e a definio de estrutura,tentando abarcar uma definio mais extensa equalitativa possvel para demonstrar a dimenso dapalavra estrutura, para da podermos falar de doen-as psquicas. Por fim, abordar-se- rapidamente adefinio de normalidade e conseqentemente ou

    juntamente a constituio bio-psico-scio-culturaldo sujeito, enfatizando o item psquico, onde seratratado a importncia da linguagem na constitui-o do sujeito e conseqentemente a importnciada mesma na formao das psicopatologias.

    Podemos definir psicopatologia como o ramoda cincia que trata da natureza essencial da do-ena mental, suas causas, mudanas estruturais efuncionais associadas a ela e suas formas de mani-festaes. um conhecimento que se esfora porser sistemtico, elucidativo e desmitificante.

    A psicopatologia tem boa parte de suas razesna tradio mdica, que propiciou, nos dois lti-mos sculos, a observao prolongada e cuidadosade um grande nmero de doentes mentais.

    Em uma outra vertente a psicopatologia se nu-tre de uma concepo humanista, que sempre viu aalienao mental no phatos do sofrimento mentalextremo, uma possibilidade excepcionalmente ricade reconhecimento de dimenses humanas, que semo fenmeno doena mental permaneceriam desco-nhecidas. Como alega Jaspers (1913, p.123): nossotema o homem todo em sua enfermidade.

    Durante a pequena histria das cincias dostranstornos mentais, uma das caractersticas da

    PSICOPATOLOGIA EESTRUTURAS CLINICAS

    psicopatologia a multiplicidade de abordagens ereferncias tericas. Nessas diversidades de expli-caes surgiram vrias correntes, como: a psicopa-tologia descritiva (preocupa-se em descrever as ex-perincias subjetivas e tambm o comportamentoresultante durante a doena mental.

    Ela no arrisca explicaes para tais experi-ncias ou comportamentos, nem comenta sobre aetiologia ou o processo de desenvolvimento. Con-siste de duas partes distintas: a observao do com-portamento e a avaliao emptica da experinciasubjetiva), a psicopatologia dinmica (interessa ocontedo de vivncia, os moviemntos internos dosafetos, desejos temerosos do indivduo, sua expe-rincia particular, pessoal), mdica (trabalha comuma noo de homem centrada no corpo, no serbiolgico como espcie natural e universal), exis-tencial (o doente e visto principalmente como exis-tncia nica, singular, que fundamentalmentehistrico e humano), comportamental-cognitivista(o homem visto como um conjunto de compor-tamentos observveis, verificveis, regulados porestmulos especficos e gerais, bem como por certasleis e determinantes do aprendizado), psicanalti-ca (o homem determinado, dominado por foras,desejos e conflitos inconscientes inscritos na suapsique e os sintomas e sndromes so consideradosformas de expresso de conflitos, predominante-mente inconscientes, de desejos que no podemser realizados, de temores a que o indivduo notem acesso), categorial (acredita que as alteraesnos doentes psquicos podem ser compreendidasna forma que estes vivenciam o mundo interior,

    vivncia de espao, do temppo, da materialidadee da causalidade), biolgica (enfatiza os aspectos

    Um fenmeno sempre biolgico em suas razes e so-cial em sua extenso final. Mas ns no devemos esque-

    cer, tambm, de que, entre esses dois, ele mental.Jean Piaget

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    24/442 Revista de Psicologia ATLASPSICO n 03 | set 2007

    PSICANLISE

    cerebrais, neuroqumicos ou neurofisiolgicos dasdoenas e sintomas mentais), sociocultural ( nessecontexto de normas, valores e smbolos cultural-mente construdos que os sintomas recebem seusignificado e, portanto, poderiam ser precisamente

    estudados e tratados), dentre tantas outras.Ao desenrolar o processo de compreenso daspsicopatologias a noo de estrutura psquica mister uma clarificao do conceito de estruturapsquica. Estrutura, em psicopatologia, correspon-de quilo que, em um estado psquico mrbido ouno, constitudo por elementos metapsicolgicosprofundos e fundamentais da personalidade, fi-

    xados em um conjunto estvel e definitivo. Assimtambm Freud pensava que, quando o psiquismoindividual houvesse atingido um grau de organi-zao equivalente a uma cristalizao definitiva,

    segundo linhas de fora (e de fraquezas) interiorescomplexas e originais, a seguir no haveria maisvariao possvel: em caso de ruptura do equilbrioanterior, um sujeito de estrutura psictica apenaspoder desenvolver uma psicose, e um sujeito deestrutura neurtica, somente uma neurose.

    elementar que no basta esta simples definiopara esgotarmos o conceito de estrutura de persona-lidade, mas ser mantida esta definio como basede pensamento afim de que defina-se o arcabouodo artigo. imprescindvel que ao falar de estruturasde personalidade e de psicopatologia, pode-se clari-ficar ainda mais a noo de psicopatologia.

    O conceito de normalidade em psicopatologia uma questo de grande controvrsia.

    Obviamente quando se trata de casos extre-mos, cujas alteraes comportamentais e mentaisso de intensidade acentuada e longa durao, odelineamento das fronteiras entre o normal e opatolgico no to problemtico. Entretanto hmuitos casos limtrofes nos quais a delimitao en-tre comportamentos e formas de sentir normais epatolgicas bastante difcil. Nesses casos o con-ceito de normalidade em sade mental ganha espe-cial relevncia. Na tentativa de definir normalidadealgumas palavras so usadas comumente, mas deum modo inconsistente; portanto, apesar de saber-mos o que pretendemos dizer com elas, somos in-capazes de supor que outras pessoas a utilizam damesma maneira. Duas dessas palavras so normal esaudvel. Em uma discusso sobre a doena men-tal elas ocorrem to frequentemente que devemser examinadas brevemente antes de uma excur-so adicional psicopatologia. A palavra noraml usada corretamente no mnimo em quatro sentidos(Moebray, Rodger e Mellor, 1979).

    Estes consistem das nosrmas de valor, estatisti-ca, individual e tipolgica. O termo noraml passa

    a ser usado indevidamente quando sibstitui injusti-ficadamente as palavras usual ou usualmente.

    A norma de valor tem como seu conceito denormalidade. Assim, a afirmao normal terdentes perfeitos est usando a palavra normal em

    sentido de valor- na prtica, a maioria das pessoastem, no mnimo, algum problema com dentes.A norma estatstica, naturalmente, usado

    preferencialmente que a palavra retm no voca-bulrio cientfico. O anormal considerado aqueleque fica fora dafaixa mdia. Se um ingls normalmede 1m80cm, ter 1m60cm ou 1m90cm estatis-ticamente anormal.

    A norma individual o nvel consistente defuncionamento que o indivduo mantm ao lon-go do tempo. Aps um leso cerebral, uma pes-soa pode experimentar um declnio na inteligncia,

    que certamente uma deteriorizao de seu nvelindividual prvio, mas tal diminuio pode no re-presentar qualquer anormalidade estatstica (porexemplo uma diminuio no QI de 125 para 105).

    A anormalidade tipolgica um termo necessa-rio para descrever a situao em que uma condio considerada como normal em todos os trs signi-ficados anteriormente citados e, contudo representaanormalidade, talvez mesmo uma doena. O exem-plo dado por Mowbray e colaboradores a doenainfecciosa pinta. As manchas cutneas causadas poresta doena so altamente valorizadas pelos ndiosda America do Sul, a tal ponto que os que no tmesta doena so excludos da tribo. Assim, possuir adoena considerado normal em sentido de valor,estatstico e individual, e ainda assim patolgico.

    No entanto, para darmos uma viso simplifi-cada do conceito de psicopatologia poderamospropor o conceito de normalidade alegando que o

    verdadeiro sadio no simplesmente algum quese declare como tal, nem sobretudo um doente quese ignora, mas um sujeito que conserve em si tan-tas fixaes conflituais como tantas outras pessoas,e que no tenha encontrado em seu caminho difi-culdades para suplant-las. Ao contrrio, na anor-malidade o sujeito, no sendo to flexvel em suasnecessidades pulsionais, apresenta, tanto no planosocial como no pessoal, comportamentos anormaisat mesmo em circunstncias normais.

    Exposto algumas definies do conceito denormalidade podemos abordar agora a constituiobio-psico-socio-cultural do sujeito.

    Biologicamente, podemos comear relatando agrande influncia que a gentica humana apontapara os distrbios mentais. O grande avano da ci-ncia gentica tem proporcionado analisar mais deperto o que mesmo Freud declarou: que por trs detoda patologia h sempre algo de biolgico.

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    25/4425Revista de Psicologia ATLASPSICO n 03 | set 2007

    PSICANLISE

    Indo alm, sabemos que para manifestar qual-quer questo mental, precisamos de uma regio ce-rebral onde possam ocorrer as sinapses, e para queo comportamento seja sustentado, enfim, precisa-mos de um centro material, corporal. Mas devido

    a complexidade do crebro, ainda no somos ca-pazes de localizar exatamente qual regio cerebraldesenvolve qual funo neurolgica, ou disfunoneurolgica.

    Socialmente, certos acontecimentos na vidado sujeito podem desencadearem psicopatologias,desde a morte de uma pessoa querida, at mesmoum fato considerado o mais banal possvel, masque para o sujeito ter grande relevncia para de-senvolver seus sintomas. Sabemos tambm queo ncleo de toda atividade social, a famlia, temgrande importncia na formao do carter e da

    estrutura mental do sujeito, e que dela pode resul-tar uma srie de eventos psquicos a partir de umhistrico familiar mal sucedido. Uma famlia, porexemplo, que no tenha proporcionado ambientepara que os estgios do desenvolvimento humano,fossem bem desenvolvidos, com certeza contribuirem grande parcela para que o sujeito desenvolvauma personalidade desestruturada.

    Podemos tomar como exemplo concreto a uni-versalidade do complexo de dipo, que dependede figuras parentais para que a castrao venha aocorrer. Na falta dessas figuras, o sujeito ter gran-de chance de desenvolver algum distrbio mental.

    Por fim, ainda dentro do critrio social, o fa-tor econmico. Estudos feitos dentro de diversascamadas sociais, pela prpria Organizao Mun-dial de Sade (OMS) aponta para a constatao doimpacto da economia nos transtornos mentais ecomportamentais. Em 1993, quando a Escola deSade Pblica de Harvard, juntamente com a OMSe o Banco Mundial, investigaram a Carga Global de

    Doena (CGD). Quando parados de usar medidasepidemolgicas que se limitam a medir mortalida-de devido a uma enfermidade e comeado a medircoisas mais complexas, como a incapacidade, estesclculos fizeram o Banco Mundial e a OMS veremque as enfermidades que nunca haviam sido men-cionadas como prioritrias tinham uma carga deincapacidade terrvel, segundo essa pesquisa umaem cada quatro famlias tem um membro que sofrede trasntornos mentais e comportamentais devidoao desmembramento das famlias, em grande parteest relacionada com o fator econmico, que im-pele, muitas pessoas a tomarem atitudes, que indi-retamente atingem o mago da questo psicopa-tolgica.

    Culturalmente falando, temos questes maisabrangentes. A poca em que Freud tratou das

    doenas mentais, no mesma em que vivemoshoje. Aspectos contemporneos, poderamos dizerps-modernos, contribuem fortemente para umanova viso da psicopatologia. Os sintomas no somais os mesmos. O psique delinea-se conforme a

    mudana dos valores. Entra a questes ticas, queejetam novos contedos em nosso super-ego, e emnosso Id, contrabalanando o modo como os dois

    vo atuar em nosso ego. Nesse tpico encontramosvrios autores (Merleau-Ponty, M. (1945);

    Tatossian, A. (2001); Strauss, J. & CarpenterJr, W. (1981), Matsumoto, D. (1997), Marsella, A.& Yamada, A. M. (2000); Kleinmam, A. & Good, B.(1985); Sloan, T. (1996), que remetem grande per-centual dos transtornos mentais ao fator cultural.

    Para completar a explicao da constituio dosujeito, e os critrios de formao de carter, im-

    prescindvel que seja tomado o carter psquico daconstituio do sujeito. Traando paralelos entre apsicanlise e filosofia analtica, tomar-se a forma-o psquica atravs da linguagem com estrutura-dora mental.

    Segundo Condillac (1750), em seu livro A L-gica as lnguas fazem nossos conhecimentos, nos-sas opinies, nossos preconceitos, e por que noacrescentarmos a estruturao mental num geral.

    Lacan coloca que o inconsciente o discurso dosoutros. Para que um discurso ocorra, precisamosda linguagem e suas significaes, precisamos dacadeia de significantes que vo constituir esse dis-curso que permeia a nossa mente.

    Lacan (1949) d uma extraordinria impor-tncia ao aspecto estruturalista da linguagem, demodo que para ele a palavra tem tanto ou mais

    valor do que a imagem visual, a ponto de declararque o ser humano est inserido em universo de lin-guagem.

    A imagem significada e ressignificada pelapalavra. Uma criana identifica-se com a represen-tao e o afeto com que o adulto significativo cele-bra ou desqualifica algum trao, valor ou atividadedo filho. Assim, a linguagem determina o sentido egera as estruturas da mente. Ao mesmo tempo emque a linguagem estruturante do inconsciente,esse tambm estruturado como uma linguagem.

    A unidade fundamental da palavra o signoque est composto por uma imagem acstica, quese constitui como significante, e por conceito, quedetermina o significado, sendo que o importanteda estrutura lingustica o lugar que cada signoocupa nessa estrutura, bem como a relao de cadaum dos signos com os demais signos, nessa relaotemos a metfora e a metonmia.

    O psiquismo funciona como uma cadeia de sig-nificantes, de tal sorte que por meio de deslizes

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    PSICANLISE

    (deslocamento, condensao e simbolizao) um significante remetido a um outro, de um modo quepermite comparar esse processo com o de uma decifrao de uma carta enigmtica. Nessa decifraoentra, e com grande importncia, a interpretao analtica, seja tomada no entendimento de Condillac,enquanto mtodo ou sistema de pensamento, ou em Freud, enquanto anlise do inconsciente. Assim,atravs do discurso do paciente podemos detectar de qual estrutura est constituda a sua psique: neu-

    rtica, psictica ou perversa.Com a anlise das exposies de Lacan e filsofos da linguagem, tais como: Wittgenstein, Saussure,Derrida, Frege, Moore, Pierce, no podemos negar a importncia que a linguagem tem na constituiopsquica do sujeito. Somos humanos, normais ou doentes porque falamos, e fazemos das nossas pa-lavras, nossas aes.

    A psicopatologia e as estruturas mentais no podem ser tomadas em ticas restritas e egostas para fun-damentar uma explicao, crucial a relevncia dos vrios parmetros da cincia da mente, pois assim comoo humano em suas diferentes projees de humano, a cincia da mente deve manifestar-se por igual

    BibliografiaBARLOW, David H. Transtornos Psicolgicos. 2 edio. Porto Alegre: ArtMed, 1999.CAMPELL, Robert. Dicionrio de Psiquiatria. So Paulo: Martins Fontes. 1986.CONDILLAC, Etienne Bonnot. Tratado dos Sistemas. In: Coleo Os Pensadores. So Paulo: Abril Cul-tural, 1979._________. Lgica. In: Coleo os Pensadores. So Paulo: Abril Cultural, 1979.

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    AUTORSAMUEL ANTOSZCZYSZEN

    Bacharel em Psicologia e psiclogo pela Universidade Tuiuti do Paran. Hoje reside nos Estados Unidos.e-mail: [email protected]

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    27/442Revista de Psicologia ATLASPSICO n 03 | set 2007

    PSICOLOGIA INFANTIL

    Transtorno do Dficit de Ateno e Hiperatividade

    Nestes ltimos tempos uma das principais causas de encaminha-mento de crianas para atendimento psicolgico, pr que, segundopais, professores, familiares, elas apresentam um baixo rendimento es-colar, e explicam isso falando que so crianas preguiosas, dif-ceis, irrequietas, esto sempre no mundo da lua, agressiva e elesno sabem mais como lidar com elas.

    Ento, comeam a se perguntar: O que significam tais comporta-mentos? O que os causam? O que isto est acarretando no processoensinoaprendizagem? O que pais, professores podem estar fazendo prestas crianas? Como o psiclogo pode estar ajudando? Necessitaria deajuda de outros profissionais? So estas e outras questes que estareitentando responder neste trabalho e que poder ajudar a todos enten-der um pouco mais estes comportamentos.

    Assim meu objetivo neste trabalho falar sobre TDAH Transtornode Dficit de Ateno/Hiperatividade, suas caractersticas, implicaes,os critrios para diagnstico e pr fim uma orientao para pais, profes-sores de como ajudar essas crianas no contexto familiar e escolar.

    Muitas so as referncias de mdicos que j pr volta de 1890 tra-balhavam com pessoas que apresentavam danos cerebrais e sintomas dedesateno, impacincia e inquietao, bem como sujeitos retardadossem histria de trauma.

    Pensou-se que crianas que manifestavam sintomas de inquietao,desateno e impacincia, eram crianas com inabilidade de internalizarregras e limites e denominaram este problema como defeito na condutamoral.

    Comeou tambm a associar essas alteraes comportamentais,principalmente a hiperatividade, com leses do sistema nervoso centrale ser definido como um distrbio neurolgico vinculado a uma lesocerebral.

    Mais tarde passou-se a definir esta sndrome sob uma perspectivamais funcional, dando nfase caracterizao da hiperatividade comosndrome de conduta e a atividade motora excessiva como sintoma pri-mordial.

    TDAH

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    PSICOLOGIA INFANTIL

    Em 1980, a partir de diversas investigaes, foidenominado de Distrbio do Dficit de Ateno,ressaltando os aspectos cognitivos, principalmenteo dficit de ateno e a falta de autocontrole ouimpulsividade.

    Em 1994, o DSM-IV, Manual Diagnstico e Es-tatstico das Doenas Mentais passou a denominarcomo Transtorno de Dficit de Ateno/Hiperati-

    vidade usando como critrio de diagnstico doisgrupos de sintomas:

    a) Desatenob) Hiperatividade/impulsividade

    O Transtorno de Dficit de Ateno/Hiperativi-dade TDAH, atinge cerca de 3% a 5% das crianasem todo o mundo. H maior incidncia do trans-

    torno hiperativo em crianas do sexo masculino.Os sintomas comeam a aparecer a partir dos trsou quatro anos de idade, mas so mais evidentes nossete ou oito anos, quando a criana tende a entrarem uma idade escolar que a exige mais,apresentandotantas dificuldades quanto s crianas que comea-ram a t-los antes dessa idade.

    H uma tendncia mais moderna de estender olimite de incio dos sintomas um pouco mais, atpor volta dos 12 anos. Se um adolescente que nun-ca teve sintomas de desateno, hiperatividade ouimpulsividade apresentar esses sintomas aps a pu-berdade, no podemos dizer que a causa TDAH.

    Quando diagnosticado o TDAH, os pais come-am a lembrar que apesar de uma gravidez tranqi-

    la e de um parto que transcorrera sem problemas, acriana era um beb que chorava muito, que dor-mia pouco e bastante agitado. A caracterstica es-sencial do Transtorno de Dficit de Ateno/Hipe-ratividade um padro persistente de desateno

    e/ou Hiperatividade, mais freqente e severo doque aquele tipicamente observado em indivduosem nvel equivalente de desenvolvimento.

    O TDAH como escrito anteriormente caracteri-za-se por dois grupos de sintomas:

    a) desatenob) Hiperatividade e impulsividade

    O TDAH pode variar amplamente na diversidadede sua manifestao e sintomas. Na maioria das ve-zes, esto presentes nas crianas e adolescentes v-

    rios desses sintomas citados a cima, mas no todos.Pesquisas recentes tm mostrado que so ne-cessrios pelo menos seis sintomas de desatenoe/ou seis dos de hiperatividade/impulsividade paraque se possa pensar na possibilidade do diagnsti-co de TDAH.

    Para se considerar que algum desses sintomaslistados anteriormente est presente importanteque ele acontea freqentemente, isto , persistindopor pelo menos seis meses, em grau mal adaptativoe inconsistente com o nvel de desenvolvimento.

    Algum prejuzo devido aos sintomas deve estarpresente em pelo menos dois contextos (por ex.,em casa e na escola ou trabalho).

    DO GRUPO DE DESATENO FAZEM PARTEOS SEGUINTES SINTOMAS:

    1. No prestar ateno a detalhes ou come-ter erros por descuido

    2. Ter dificuldades para concentrar-se emtarefas e/ou jogos

    3. No prestar ateno no que lhe dito(estar no mundo da lua)

    4. Ter dificuldade em seguir regras e instru-es e/ou no terminar o que comea

    5. Ser desorganizado com as tarefas emateriais.

    6. Evita atividades que exijam um esforomental continuado

    7. Perde coisas importantes8. Distrai-se facilmente com coisas que no

    tem nada a ver com o que est fazendo9. Esquece compromissos e tarefas

    DO GRUPO HIPERATIVIDADE/IMPULSIVIDADEFAZEM PARTE OS SEGUINTES SINTOMAS:

    1. Ficar remexendo as mos e/ou os psquando sentado

    2. No para sentado por muito tempo3. Pula, corre, excessivamente em situa-

    es inadequadas, ou tem uma sensaointerna de inquietude (Ter o bicho car-pinteiro por dentro)

    4. Ser muito barulhento para jogar oudivertir-se

    5. Ser muito agitado (mil por hora, ouum foguete)

    6. Falar demais7. Responder s perguntas antes de terem

    sido terminadas8. Ter dificuldade de esperar a vez9. Intrometer-se em conversas ou jogos

    dos outros.

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    Deve haver claras evidncias de interfernciano funcionamento social, acadmico ou ocupacio-nal apropriado em termos evolutivos. A perturba-o no ocorre exclusivamente durante o curso deum Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, Es-

    quizofrenia ou outro Transtorno Psictico e no